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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Niquelândia Curso Superior de Tecnologia em Mineração Disciplina: Avaliação Econômica de Minerais 1 - INTRODUÇÃO São abordadas nesta apostila, as informações básicas sobre a elaboração de projetos e as técnicas mais adequadas às avaliações econômicas de empreendimentos de mineração. Pretende-se que os alunos tenham noção das técnicas empregadas na elaboração e avaliação econômica de projetos de mineração e perceba a importância desta fase que precede a implantação de um empreendimento mineral. No que se refere às técnicas de elaboração de um projeto, serão abordados: aspectos gerais do projeto; engenharia do projeto; mercado; avaliação de custo e de receita. Dando mais suporte à tomada de decisão, também será abordado sobre a contabilização dos dados econômico- financeiro. Essas informações servem de base à montagem do fluxo de caixa e à avaliação econômica do empreendimento. É necessário enfatizar que, por mais bem elaborados que tenham sido a pesquisa e os projetos de lavra e beneficiamento, todo esforço de uma equipe técnica poderá ser desperdiçado se não houver uma competente avaliação econômica que assegure, com uma margem de risco aceitável, a viabilidade econômica do empreendimento. Os investimentos em mineração se caracterizam pela limitação de sua vida útil; uma vez extraído todo o minério economicamente explorável existente na jazida, é forçoso o encerramento das operações. Impõe-se, assim, que durante a vida útil da mina o investidor receba de volta o capital aplicado, acrescido de remuneração compatível com os riscos do negócio.

Apostila - Avaliação Economica

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Avaliação econômica no setor da Mineração

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁSUnidade Universitária de Niquelândia

Curso Superior de Tecnologia em MineraçãoDisciplina: Avaliação Econômica de Minerais

1 - INTRODUÇÃO

São abordadas nesta apostila, as informações básicas sobre a elaboração de projetos e as técnicas

mais adequadas às avaliações econômicas de empreendimentos de mineração.

Pretende-se que os alunos tenham noção das técnicas empregadas na elaboração e avaliação

econômica de projetos de mineração e perceba a importância desta fase que precede a implantação de um

empreendimento mineral. No que se refere às técnicas de elaboração de um projeto, serão abordados:

aspectos gerais do projeto; engenharia do projeto; mercado; avaliação de custo e de receita. Dando mais

suporte à tomada de decisão, também será abordado sobre a contabilização dos dados econômico-financeiro.

Essas informações servem de base à montagem do fluxo de caixa e à avaliação econômica do

empreendimento.

É necessário enfatizar que, por mais bem elaborados que tenham sido a pesquisa e os projetos de

lavra e beneficiamento, todo esforço de uma equipe técnica poderá ser desperdiçado se não houver uma

competente avaliação econômica que assegure, com uma margem de risco aceitável, a viabilidade

econômica do empreendimento.

Os investimentos em mineração se caracterizam pela limitação de sua vida útil; uma vez extraído

todo o minério economicamente explorável existente na jazida, é forçoso o encerramento das operações.

Impõe-se, assim, que durante a vida útil da mina o investidor receba de volta o capital aplicado, acrescido de

remuneração compatível com os riscos do negócio.

No caso da mineração, em particular, essa análise se reveste da mais alta relevância, tendo em vista

as características específicas desse tipo de empreendimento: localização quase sempre próxima ao depósito

mineral e, na maioria das vezes, distante dos centros urbanos; uso intensivo de capital e longo prazo de

maturação; dimensionamento e processo de beneficiamento específico para cada depósito mineral; limitação

na disponibilidade do bem mineral, face ao caráter não-renovável das reservas minerais.

Esses aspectos, inerentes ao setor mineral, fazem com que a decisão de investir seja respaldada em

análise econômica detalhada, a partir de projetos bem elaborados, objetivando minimizar os riscos do

empreendimento.

As conseqüências decorrentes de falhas na elaboração do projeto e em sua avaliação econômica

podem acarretar grandes prejuízos financeiros e, em alguns casos, resultam na inviabilidade do

empreendimento.

Portanto, planejar bem e elaborar um projeto baseado em técnicas comprovadamente eficazes faz

toda a diferença num empreendimento de mineração, o que o levará ao sucesso ou ao fracasso. O fracasso de

um empreendimento mineral é algo extremamente ruim, pois há toda uma cadeia de partes envolvidas (meio

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ambiente, comunidades nativas, governos etc) que também serão afetadas, o que potencializa, sob maneira,

as conseqüências.

2 - ASPECTOS GERAIS DO PROJETO

Normalmente um projeto é apresentado em uma seqüência que se ajusta à maior parte dos casos

sendo constituído de: um resumo, um texto propriamente dito e o apêndice com os anexos.

O resumo deve conter uma exposição sucinta sobre os principais dados e circunstâncias que

envolvem o empreendimento.O apêndice deve conter, em forma de anexos, as informações que, por sua

natureza, não se incluem no texto.

Na elaboração de um projeto de mineração é necessário mencionar, no que refere à empresa, seus

dados gerais, tais como, nome, endereço, registros, além dos dados dos principais acionistas. É muito

importante caracterizar perfeitamente a capacidade empresarial, tanto do ponto de vista administrativo como

técnico. Devem ser explicadas as relações com outras empresas ou grupos, assim como as estruturas do

capital social.

Antes de apresentar questões específicas a respeito dos diversos pontos de um projeto industrial,

devem ser comentados os aspectos gerais da iniciativa, que abrangem sua situação na comunidade, país ou

região beneficiada com o mesmo.

Ao mencionar a natureza geral da iniciativa, é preciso assinalar a origem e motivos que causaram a

decisão de executá-la, assim como uma resenha histórica de seu desenvolvimento. Devem ser apresentados

comentários sobre a atividade em questão no país, sua relação com outros setores da economia local ou

regional e sua importância para a comunidade. Devem constar, brevemente, os produtos que se fabricarão na

indústria e explicada a origem das matérias-primas e outros insumos.

Nas novas indústrias, deve ser sublinhada a classe de consumidores que vai utilizar o produto e

determinar qual a concorrência. Na ampliação de indústrias existentes, explicar a produção anterior, a

capacidade instalada, a concorrência e motivos principais pelos quais se julga acertado fazer a ampliação.

3 - MERCADO

Em termos gerais, o objetivo do estudo de mercado relativo a um projeto é definir, para um

determinado período, quem vai comprar o produto, em que quantidade, a qual preço, quais os concorrentes e

qual a parcela do mercado que caberá a cada concorrente.

Um erro grave, no estudo do mercado e de difícil correção, constitui uma das causas mais freqüentes

dos fracassos de projetos.

O estudo de mercado apresenta características próprias; tais como: especificações requeridas pelos

consumidores; análise da oferta diante dos projetos existentes e em implementação; demanda reprimida pela

inexistência de matéria-prima no país, ou pela sua disponibilidade insuficiente; influência do local onde se

encontra a jazida, seja pela sua posição geográfica, sejam pelos recursos de infra-estrutura e transporte;

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influência da política governamental e da legislação sobre a comercialização (ex. contingenciamento de

preços e/ou importação), preços de venda e utilização dos produtos minerais; meios de transporte e custo de

frete; existência de estoques reguladores.

Trata-se, portanto, de atividade bastante especializada que exige para seu desempenho satisfatório

um perfeito conhecimento do assunto e da matéria-prima em pauta, bem como a disponibilidade de banco de

dados contendo toda a multiplicidade de informações necessárias.

O estudo de mercado deve evidenciar a aceitabilidade dos produtos, quanto à sua qualidade

(composição química e física). Se for possível a prévia assinatura de acordos comerciais ou mesmo de

contratos a longo prazo, os preços e quantidades estarão previamente estabelecidos, o que elimina

importante parcela de incerteza do projeto.

4 - ENGENHARIA DO PROJETO

Refere-se à definição de premissas do projeto, elaboração de projeto conceitual, básico,

detalhamento, implantação e posta em marcha, com a participação de engenheiros de diferentes

especialidades. Aqui são feitas referências à fase técnica do estudo, comentando-se os aspectos básicos a

serem considerados quanto à engenharia, tais como: localização; reservas e capacidade de produção; ensaios

e pesquisas preliminares; seleção do processo de produção; especificação dos equipamentos e montagens;

edificações; projetos complementares de engenharia; escala de produção e localização.

4.1 - Ensaios e Pesquisas Preliminares

Todo projeto de engenharia mineral exige, em maior ou menor grau, uma quantidade de ensaios e

pesquisas preliminares que determinam muitas das decisões adotadas no curso do estudo. Esses ensaios

abrangem questões de natureza várias: provas de resistência do terreno para a construção civil; investigações

metalúrgicas para o tratamento de minerais e caracterização tecnológica dos produtos, entre outras, de

acordo com a natureza do projeto.

4.2 - Seleção e Prescrição do Processo de Produção

Em muitos casos, o projeto não apresenta problemas especiais quanto ao processo ou sistema de

produção. Em outros, porém, encerram complexidades e alternativas que conviria explicar com as soluções

oferecidas e relacionadas às pesquisas feitas previamente. A descrição do processo poderá ser facilitada com

a ajuda de fluxogramas que contribuirão para uma melhor apresentação e clareza.

4.3 - Especificação de Equipamentos

Quanto aos equipamentos, é necessário distinguir as duas etapas do processo de seleção: escolha e

especificação dos equipamentos; seleção entre os vários equipamentos dentro do tipo escolhido, a fim de

decidir entre as propostas.

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No estudo do projeto interessa especialmente a seleção do tipo de equipamento, na qual influirão

muito a eficiência do processo, a escala de produção e o índice de mecanização, fatores estreitamente

relacionados entre si. Pode ocorrer que um determinado grau de mecanização seja aplicável apenas a um

certo volume mínimo de produção.

4.4 - Edificações

A distribuição dos equipamentos dentro dos prédios industriais ou em outros pontos da usina suscita

a consideração de questões semelhantes àquelas já descritas, tanto no que se refere ao rendimento e

possibilidade de ampliação da produção como à circulação dos materiais. É necessário prever, desde o

início, espaços para a ampliação da fábrica, para a possível adoção de novas tecnologias. Esta questão deve

ser considerada com maior ou menor detalhe, segundo os tipos de projetos.

4.5 - Projetos Complementares de Engenharia

Referem-se às previsões relativas às instalações adicionais, destinadas a proporcionar determinados

serviços necessários à produção ou pessoal ocupado no projeto. Os exemplos mais claros seriam as obras

complementares de água potável e industrial ou destinadas ao escoamento de águas residuais, implantar

usinas de energia elétrica, gasodutos ou entroncamentos de transporte, construção de acampamentos e casas,

escritórios de administração e outros prédios para o bem-estar da população.

4.6 - Escala de Produção e Localização

A escala de produção e localização dos projetos industriais tem íntima relação com os aspectos

referentes aos mercados e aos custos de produção.

No estudo de projetos industriais, a escala de produção corresponde à sua capacidade de produzir

durante um determinado período de funcionamento. Esta escala, geralmente, se refere à capacidade nominal

da instalação, levando-se em conta os critérios pré-estabelecidos de eficiência da usina, regime de trabalho,

escoamento da produção entre outros.

A escala mínima de produção de um projeto é aquela em que, abaixo de certos limites, os custos

unitários elevam-se rapidamente, devido à participação dos custos fixos. Não se deve, pois, adotar uma

posição fixa a respeito da escala mínima de um determinado projeto. É importante, porém, que esse seja

elaborado tendo em vista uma ampliação posterior.

O problema da localização de uma indústria pode constituir uma questão de maior ou menor

complexidade, segundo a natureza específica do projeto e está intimamente relacionado com o estudo de

mercado, com os custos de produção e com outras partes do projeto. A localização ideal de uma indústria,

logicamente, será a que permita maiores lucros para o investidor. A usina de beneficiamento do minério

seria mais convenientemente localizada em área de melhor infra-estrutura, por questões relativas à

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disponibilidade de combustível, energia, hospital, escola, moradia etc. Na mineração, no entanto, a

localização do empreendimento fica condicionada ao local da jazida.

A política de isenções e benefícios fiscais em favor das diversas localizações em estudo, o clima, a

facilidade de serviços administrativos, bancários etc, são fatores que, por maior ou menor importância, não

devem ser esquecidos.

5 - AVALIAÇÃO DE CUSTO

Os investimentos e a avaliação de custos na mineração se caracterizam pela limitação da vida útil da

mina; uma vez extraído todo minério economicamente explotável existente, é forçoso o encerramento das

operações. Impõe-se assim, que durante a vida útil da mina, o investidor tenha ressarcido o capital aplicado,

acrescido de remuneração compatível com os riscos do empreendimento. Assim, a avaliação de custo de

uma jazida se baseia em estimativas de grandezas econômicas, a saber: vida útil da mina, obtida com base na

reserva de minério existente; custos iniciais, vida útil dos equipamentos, instalações e substituições dos

mesmos; custos anuais de produção, transporte, administração e comercialização; custos para reabilitação da

área lavrada, ao fim da vida útil da mina; capital de giro; condições de financiamentos que possam ser

obtidos para a instalação inicial da mina; despesas de administração correspondentes ao ciclo de produção e

beneficiamento.

5.1 - Custos de Administração

Os custos de administração incluem todos os salários do pessoal de engenharia e de administração,

material consumido, aluguéis de escritórios, luz, comunicações, despesas de viagem, treinamento de pessoal

e seguros. Incluem, ainda, despesas médicas e hospitalares, de educação e de recreação do pessoal.

5.2 - Custos de Comercialização

Os custos de comercialização compreendem os salários do pessoal de marketing e de vendas,

despesas de viagem, despesas com propaganda e comissões de intermediários; estas últimas costumam ser

expressivas no caso das exportações.

5.3 - Capital de Giro

O capital de giro pode ser uma importante parcela do capital total, necessário para um novo projeto.

É necessário estimá-lo cuidadosamente, não só calculando sua componente inicial, como os acréscimos

necessários ao longo do tempo, principalmente quando são previstos aumentos futuros no nível das

operações. O capital de giro deve cobrir as seguintes parcelas: estoque de minério nas minas, valorizado

pelos respectivos custos de produção e beneficiamento, não incluindo depreciação, amortização ou exaustão

em tais custos; estoques de minério em trânsito para os mercados, valorizados pelos custos de produção e

beneficiamento, acrescidos dos tributos e do frete, inclusive o estoque regulador no porto de embarque, no

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caso de exportações; despesas de administração correspondentes ao ciclo de produção e beneficiamento,

transporte e embarque; almoxarifados de materiais e peças sobressalentes, a preços de aquisição; recursos

financeiros disponíveis em caixa e em bancos; custo das mercadorias vendidas a prazo; contas a pagar,

relativas aos materiais e serviços adquiridos para pagamento a prazo.

5.4 - A Importância do Capital de Giro

Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem

(girar). Existe a expressão "Capital em Giro", que seriam os bens efetivamente em uso.

O Capital de Giro é aquele recurso que auto financia a atividade principal de uma empresa, ou seja, é o

capital necessário para continuar a adquirir os bens que serão revendidos no volume que o seu mercado

consome, e continuar a obter a sua principal fonte de renda perenemente.

Como exemplo, um mercado consumidor absorve um produto mensalmente o valor de 1,2 milhão de

reais, a empresa adquire estas mercadorias por 1 milhão e as revende por 1,2 milhão, atendendo plenamente

esse mercado. Depois, separa os 200 mil de lucro e readquire novas mercadorias pelos mesmos 1 milhão de

reais, fazendo isso sucessivamente durante a sua vida. O seu Capital de Giro é de 1 milhão de reais.

Se um empresário desviar recursos do seu Capital de Giro para, digamos, adquirir imobilizados, logo

irá comprar menos mercadorias e, obviamente, vender bem menos, diminuindo seu fluxo de caixa e vendo a

sua empresa mergulhar em dificuldades financeiras para honrar com seus compromissos. O Capital de Giro

deve ser intocável, pois é ele a sua maior fonte de renda.

Em geral de 50 a 60% do total dos ativos de uma empresa representam a fatia correspondente a este

capital, mormente mercadorias e dinheiro. Além de sua participação sobre o total dos ativos da empresa, o

capital de giro exige um esforço para ser gerido pelo administrador financeiro maior do que aquele requerido

pelo capital fixo.

O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado constantemente, pois está sofrendo o

impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela empresa de forma contínua.

As dificuldades relativas ao capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos

seguintes fatores:

- Redução de vendas

- Crescimento da inadimplência

- Aumento das despesas financeiras

- Aumento de custos

O Capital de Giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. O Capital de Giro diminui

quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo permanente (aumento dos imobilizados).

Todavia, esses investimentos são, em geral, realizados através de "Autofinanciamento" (empréstimos

a longo prazo, aumento do capital em dinheiro e lucros líquidos) que por sua vez, aumentam o Capital de

Giro (aumento das fontes permanentes) compensando, aproximadamente, a diminuição provocada pelos

novos investimentos. O Capital de Giro pode ser negativo. Neste caso, as aplicações permanentes são

maiores do que as fontes permanentes, significando que a empresa financia parte de seu ativo permanente

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com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se

desenvolver, desde que sua necessidade de Capital de Giro seja, também negativa.

Em Contabilidade, existe o Capital de Giro Circulante (CGC), também conhecido como Capital

Circulante Líquido (CCL), que seria a diferença do Ativo Circulante (AC) e do Passivo Circulante (PC),

grupos de contas do Balanço Patrimonial.

Assim, em contabilidade, tem-se: CCL = CGC = AC – PC Esse índice é decomposto na

Demonstração conhecida legalmente como Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, fonte de

valiosos dados econômicos acerca da informação contábil. Essa Demonstração (que antes da lei das S/A

também já foi chamada de Demonstração de Fundos), pode ser combinada com a Demonstração de Fluxo de

Caixa, acrescentado-se informações financeiras de uso gerencial.

Os conceitos financeiros e contábeis provieram de pontos clássicos da Economia. O Capital

circulante, sob essa abordagem, é um conceito criado como o oposto do Capital Fixo. Adam Smith e

principalmente David Ricardo, foram os primeiros a estudar essa matéria de uma forma científica, própria da

Ciência Econômica.

5.5 - Custos de Produção

Os custos de produção devem ser detalhadamente estimados e desdobrados em seus principais

componentes: pessoal, material, peças sobressalentes, impostos e taxas, energia elétrica, aluguéis, serviços

contratados etc. Devem também ser listados separadamente por fase dos serviços: extração, transporte

interno, beneficiamento do minério, estocagem, manuseio e carregamento. Convém, ainda, separar os custos

de operação daqueles de manutenção, constituindo estes últimos parcela significativa, ao contrário do que

ocorre nas indústrias de transformação, em que tais custos são secundários.

Os custos de pessoal devem incluir os acréscimos decorrentes da legislação trabalhista, de

responsabilidade do empregador, bem como previsões para substituições de empregados em férias,

acidentados, doentes, em repouso semanal etc. É importante pré-estabelecer quantos turnos de trabalho serão

adotados. O consumo de materiais deve ser previsto por fase dos serviços, sendo os principais itens

(reagentes, combustíveis, lubrificantes, correias transportadoras etc), indicados e especificados.

5.6 - Custos de Transporte

No caso de transporte ferroviário, um acordo tarifário especial pode ser obtido com reduções

substanciais de preço, em relação às tarifas oficiais. Na hipótese de transporte rodoviário, os preços podem

ser obtidos mediante entendimentos com os transportadores.

5.7 - Investimentos Iniciais

Os custos de capital só podem ser estimados após fixada a taxa de produção anual, bem como,

determinada a tecnologia de lavra e beneficiamento dos minérios e elaborado um anteprojeto das instalações

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e dos equipamentos a serem utilizados. Uma lista detalhada de custos deve incluir: custos dos estudos

técnicos e econômicos e dos projetos de engenharia; custos pré-operacionais (correspondentes à fase inicial

de produção, quando a qualidade dos produtos ainda está em testes); transporte e instalação dos

equipamentos de mineração; instalações gerais (oficinas, escritórios, residências, escolas, hospitais,

recreação etc); caminhões e outros materiais gastos, quando o transporte rodoviário da mina ao destino for

feito pelo minerador.

5.8 - Substituições de Equipamentos

Os equipamentos e instalações de uma empresa de mineração constituem um complexo, cujas partes

têm vidas úteis diferentes. Normalmente os prédios e instalações fixas têm vida igual ou superior à vida da

mina, apresentando ainda boas condições de utilização quando todo o minério economicamente explotável

estiver exaurido; assim, não há em geral qualquer substituição de tais parcelas do ativo fixo. Já com as

máquinas, equipamentos e instalações móveis ocorre o oposto: em regra é necessário substituí-las ao longo

da explotação da jazida e os custos dessas substituições constituem significativos desembolsos que devem

ser incluídos no fluxo de caixa.

6 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO ECONÔMICA

A decisão de implantação de um empreendimento mineral é, sem dúvida, o momento mais crítico na

estrutura de planejamento da empresa de mineração.

Outras decisões são tomadas durante as fases de exploração (pesquisa mineral) e desenvolvimento

(detalhamento da pesquisa mineral visando à lavra) do depósito mineral. No entanto, nenhuma requer um

volume de investimento financeiro tão grande quanto o necessário ao processo produtivo.

Isto não significa que as fases antes da produção não sejam importantes. Tanto na exploração como no

desenvolvimento, cada momento de decisão sobre a continuidade ou não do projeto deve ser precedido de

uma análise técnico-econômica. Este procedimento permite que um projeto que não apresente condições de

economicidade no momento de sua análise, em uma das fases preliminares, seja descartado ou interrompido

para nova avaliação no futuro, certamente em condições favoráveis.

A análise econômica tem a função de indicar, por meio de técnicas específicas, os parâmetros de

economicidade que permitam a decisão de se investir ou não em determinado projeto. Essas técnicas de

avaliação se completam, não havendo um modelo único que atenda às inúmeras questões formuladas para a

tomada de decisões.

Para a análise dessas técnicas, se faz necessário, inicialmente, a montagem de um fluxo de caixa

(apresentado nas próximas seções) representativo de todo o projeto, abrangendo toda a vida do

empreendimento, limitado a cerca de 30 anos, por razões técnicas a serem esclarecidas adiante.

Com base no fluxo de caixa são calculados os indicadores econômicos, mediante a aplicação das várias

técnicas de avaliação econômica, que dão suporte à análise econômica.

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Se a análise econômica do projeto apresenta resultados favoráveis à sua implantação, o minério

lavrado na mina, durante a vida útil do empreendimento, deve gerar receitas suficientes para atender as

seguintes necessidades: custo de aquisição da propriedade e dos direitos minerários (quando for o caso) ou o

pagamento de dízimos ou royalties ao proprietário da terra onde se situa a jazida; os custos de

desenvolvimento da mina, em sua fase pré-operacional: decapeamento, abertura de frente de lavra,

sondagens para detalhamento do corpo mineralizado e abertura de galerias e poços, quando se tratar de lavra

subterrânea; a aquisição de máquinas e equipamentos de lavra, usina de tratamento de minério e demais

instalações (depósitos, almoxarifados, escritórios, pátios de estocagem etc); os custos operacionais

(suprimentos e materiais para lavra, custos de tratamento, salários e benefícios, despesas administrativas,

impostos e taxas diversas); uma taxa de retorno aceitável para o capital investido e mais alguma

compensação (acima da taxa de atratividade) pelos riscos e incertezas a serem assumidos com a execução do

empreendimento.

7 - FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO

Entende-se como fluxo de caixa a diferença entre as entradas e as saídas de caixa, associada a um

projeto ou empreendimento, durante um determinado período de tempo. Para efeito de avaliação econômica,

é normalmente utilizado como unidade de tempo o período de um ano.

Portanto, a composição e o cálculo do fluxo de caixa deverão ser procedidos para cada ano da vida útil do

projeto, de acordo com a seguinte equação: Fluxo De Caixa = Entrada De Caixa - Saída De Caixa.

7.1 - Composição do Fluxo de Caixa

Apesar do fluxo de caixa corresponder, geralmente, ao período de um ano do empreendimento, é

comum se chamar de “fluxo de caixa do projeto” ao conjunto de fluxos que englobam toda a vida do

empreendimento e, então, aplicar as técnicas de avaliação econômica.

Cada período do fluxo de caixa pode apresentar resultados positivos ou negativos. Geralmente nos

projetos de implantação, os períodos iniciais podem ser negativos, pois é fase de investimentos e maturação

(amadurecimento). Assim que se iniciam as vendas, os fluxos são geralmente positivos, embora possam

ocorrer períodos negativos nos casos de expansão do projeto, modificação e substituição de equipamentos

ou instalação de aparelhos para controle ambiental.

Estão relacionadas, a seguir, as entradas e saídas de um fluxo de caixa típico de um empreendimento

mineral.

ENTRADAS: receita pela venda de minério, concentrado, metal ou outro tipo de produto mineral; valor

recuperado pela venda de equipamentos usados; retorno do capital de giro no fim da vida útil do

empreendimento; outras receitas não operacionais.

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SAÍDAS: despesas com aquisição de direitos minerários, royalties ou arrendamentos; despesas com

desenvolvimento da lavra (preparação para início da produção); investimentos para implantação da mina e

usina de tratamento (máquinas, equipamentos, obras de engenharia etc); investimento de capital de giro

(recursos para fazer face aos estoques e despesas em geral, principalmente na fase inicial de operação);

custos operacionais de lavra e tratamento (matérias-primas, água, energia, manutenção de máquinas e

equipamentos, salários, encargos sociais, despesas administrativas etc); impostos sobre a renda e circulação

de mercadorias, compensação financeira, COFINS, taxas e outros tributos.

7.2 - Cálculo do Fluxo de Caixa

Conforme definido anteriormente, o fluxo de caixa corresponde à diferença entre as entradas e saídas

de caixa que, de maneira resumida, podem ser relacionadas e calculadas conforme indicado a seguir:

1. Investimentos

Capital Fixo

Obras de Engenharia

Pesquisa e Desenvolvimento

Capital de Giro

2. Receitas

Operacionais (provenientes do objeto de exploração da empresa)

Não Operacionais (provenientes de transações atípicas ou extraordinárias)

3. Taxas e Tributos Sobre o Faturamento

4. Custos Operacionais

5. Renda Líquida (5=2-3-4)

6. Depreciação/Amortização

7. Renda Tributável (7=5-6)

8. Contribuição Sobre o Lucro (8=7 x Alíquota)

9. Imposto de Renda (9=7 x Alíquota)

10. Lucro Após o Imposto de Renda (10=5-8-9)

11. Fluxo de Caixa (11=10+6-1)

Existindo a possibilidade de financiamento devem ser considerados, no cálculo do fluxo de caixa, os

seguintes pontos: subtrair da Renda Líquida (5) as despesas com os juros incidentes sobre o saldo devedor

do financiamento — a Renda Tributável (7), portanto, contempla a diferença referente aos juros; adicionar

ao Lucro Após o Imposto de Renda (10), o valor do financiamento e subtrair as parcelas correspondentes às

amortizações.

Page 11: Apostila - Avaliação Economica

As estimativas de fluxo de caixa devem incluir todos os dados econômicos associados a um projeto,

durante toda sua vida útil, iniciando no momento de sua implantação e estendendo-se pelos períodos futuros.

Os fluxos de caixa para os anos mais recentes são mais importantes economicamente do que os dos períodos

futuros a 10, 15 ou mais anos, devido ao valor do dinheiro no tempo. Por esta razão, não é recomendável a

elaboração de fluxos de caixa para períodos superiores a 30 anos, considerando os valores equivalentes, em

relação ao ano de início da implantação do projeto, passam a ser desprezíveis, por se aproximarem de zero.

7.3 - Estimativa de Preço

O preço é, sem dúvida, o dado mais relevante em uma avaliação econômica. É, ao mesmo tempo, a

variável mais complexa de ser estimada, salvo raras exceções, como nos casos em que a oferta é atomizada,

o bem mineral é abundante e o preço praticado no mercado já alcançou uma relativa estabilidade, exemplo:

minério de ferro. Mesmo assim, a entrada em operação de uma grande mina pode provocar desequilíbrio

entre a oferta e a demanda e, conseqüentemente, alteração no preço.

Para a maioria dos minerais metálicos, o que se verifica, com freqüência, é a instabilidade de seus

preços, o que faz com que a previsão dos mesmos se torne muito difícil. Os minerais não metálicos

apresentam, em geral, preços mais estáveis, mesmo assim sujeitos a flutuações bruscas, principalmente para

aqueles que são comercializados em nível internacional. Portanto, face ao grande significado do preço do

bem mineral na análise econômica do projeto, essa variável deve ser objeto de um estudo específico bastante

profundo, sob pena de se obter resultados na análise econômica não compatíveis com a realidade. Qualquer

desvio no preço esperado pode mudar consideravelmente o resultado da análise. Um preço superestimado

pode indicar uma taxa de retorno favorável para um projeto que, na verdade, é duvidoso; de forma

semelhante, um preço subestimado pode provocar a rejeição de um projeto que, a rigor, é um bom

investimento e, portanto, está se perdendo uma oportunidade lucrativa.

Nos casos em que a produção prevista para um projeto seja pequena e, com certeza, não deverá

provocar desequilíbrio da oferta versus demanda no mercado, a estimativa de preço pode ser projetada com

base na tendência de preços do passado. Essa projeção é baseada na expectativa de que as condições do

passado persistirão no futuro e, desta forma, estão sendo ignoradas possíveis mudanças em tecnologia,

gosto, nível de renda e outras variáveis exógenas (externas). Se faz necessário, portanto, atenção especial a

esses fatores, quando da elaboração da estimativa de preços futuros.

Outro método para a estimativa de preços é a aplicação de análise de regressão, onde são

considerados os fatores que influenciam a oferta e a demanda dos bens minerais. A identificação do volume

de reservas e dos correspondentes custos de produção observados em outras empresas, associada à projeção

de demanda, ajuda a projetar o preço mínimo que poderá ocorrer a um determinado bem mineral. Esses

métodos são complexos e requerem a participação de profissionais especializados.

Deve ser reafirmado, portanto, que a estimativa de preço é um problema de solução complexa.

Muitas empresas possuem especialistas exclusivamente dedicados a esta questão e ainda contratam

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consultores externos para que possam ser obtidas as estimativas menos tendenciosas possíveis. É comum

trabalhar com uma faixa de preços, ao invés de um preço fixo.

7.4 - Definição do Nível de Produção

O nível de produção de um projeto de mineração está intimamente associado ao mercado e ao

volume de reservas recuperáveis na jazida. Com relação ao mercado, haverá três hipóteses para definição do

nível de produção: o mercado está saturado e não há possibilidade para a entrada de novos fornecedores; o

mercado existe, todavia, mas é limitado a um determinado nível de produção; o mercado não oferece

restrição ao nível de produção máxima que poderá ser ofertado pelo empreendimento. Neste último caso,

deverá ser cuidadosamente analisado se a não restrição é valida para toda a vida útil do empreendimento.

No que se refere às reservas recuperáveis, ou seja, a fração do depósito mineral que pode ser lavrada

economicamente, esta varia em função da composição física e química do minério, do método de lavra a ser

usado e da habilidade da empresa em produzir o bem mineral a um custo que possa ser comercializado com

lucratividade.

Dos fatores assinalados, merece atenção especial aquele que é intrínseco ao depósito mineral, que é

sua composição mineralógica. Neste particular, as reservas recuperáveis devem ser apresentadas de forma

parametrizada em relação aos teores. A seleção do tamanho ótimo da mina é baseada na combinação entre o

nível de produção (tonelagem de minério) e o teor de corte (cut off grade).

Portanto, mesmo assumindo que o mercado absorverá toda a produção da mina, haverá, tecnicamente, várias

alternativas do teor de corte e nível de produção a serem examinadas, para que se possa alcançar a

combinação ótima para o desenvolvimento da mina.

Cada alternativa deverá ser avaliada separadamente e a melhor delas deve ser implementada, a

menos que haja outra alternativa de investimento, em área diferente, mais interessante para a empresa.

Definido o nível de produção e o teor de corte do minério, as instalações de beneficiamento e

processamento podem ser dimensionadas adequadamente. O objetivo principal deste procedimento é ter um

alto nível de aproveitamento da capacidade instalada, com o mínimo de capital investido.

De outro modo, as instalações devem permitir alguma flexibilidade a mudanças no mercado, nos

custos, nas características do produto ou nas políticas governamentais (tais como tributação, restrições a

importação, legislação ambiental, recuperação de áreas degradadas etc).

7.5 - Estimativa da Receita

Definido o nível de produção e o preço unitário de cada bem a ser produzido, a estimativa da receita

é obtida mediante a simples multiplicação entre a quantidade de venda anual prevista e o preço estimado.

No entanto, algumas precauções devem ser tomadas: o preço considerado deve ser Free on Board

(mina ou usina de tratamento) e a quantidade deve ser a prevista para a venda (e não a previsão de

Page 13: Apostila - Avaliação Economica

produção). Portanto, deverá ser diminuído do preço de venda previsto, os custos de transporte até o destino −

entrega ao comprador, ponto de venda ou local de embarque, conforme o caso.

O objetivo do avaliador consiste em fazer a estimativa da receita líquida das vendas, deve-se levar

em conta os prêmios e as multas devidas às variações de teor metálico, granulometria etc, em relação aos

padrões estabelecidos, aos quais correspondem os preços básicos contratuais. Outras receitas não

decorrentes da venda dos produtos, como prestação de serviços a terceiros, venda de energia elétrica

produzida etc, devem ser também estimadas, quando for o caso.

7.6 - Síntese do Fluxo de Caixa

Os dados de entradas e saídas do fluxo de caixa (descritos anteriormente), após calculados para cada

ano, representam valores que só serão efetivados no decorrer da vida útil do empreendimento. Dessa forma,

a avaliação econômica dos resultados alcançados deverá levar em consideração essa realidade, mediante a

utilização do conceito de valor do dinheiro no tempo.

7.7 - Fluxo de Caixa como Instrumento Gerencial

Antes de prosseguir, um alerta: o mecanismo do fluxo de caixa é bastante simples, mas nenhum

sistema de informações pode funcionar sem que os dados relevantes sejam constantemente atualizados nele.

Da mesma forma, o sistema não tem qualquer utilidade se os dados não forem analisados periodicamente, e

se a organização não tiver confiança neles. Em outras palavras: se não for haver compromisso em manter o

fluxo de caixa sempre atualizado, pode ser melhor nem mesmo se dar ao trabalho de tentar implementá-lo.

Outro aspecto a ser levado em conta é o das dependências: o Fluxo de Caixa precisa de dados que

nascem em um bom método de controle de contas a pagar, contas a receber, acompanhamento de saldos de

aplicações bancárias, faturamento, despesas, etc. Antes de se preocupar com sistemas agregadores, como o

Fluxo de Caixa, você precisa dar atenção a estes outros métodos de coleta de dados específicos. E isto tem

vantagens adicionais, como levar a um melhor acompanhamento das suas posições em relação a clientes,

fornecedores, taxas públicas, etc.

7.8 - Modelo de Fluxo de Caixa

A planilha a seguir é um exemplo, com valores completamente “chutados”, de um fluxo de caixa

com periodicidade semanal e itens bastante simplificados.

Page 14: Apostila - Avaliação Economica

Quadro 1 – Exemplo de Fluxo de Caixa Simples.

DEZEMBRO 2011

Semana 1 Semana 2

Previsto Realizado Previsto Realizado

Saldo inicial 10.000,00 11.000,00 12.420,00 11.580,00

Ent

rada

s

Vendas à vista 8.000,00 7.000,00 8.000,00 7.580,00

Cheque Pré-Datado 2.500,00 2.000,00 8.000,00 9.000,00

A receber 4.500,00 5.000,00 6.500,00 5.000,00

Outros 900,00 900,00 620,00 570,00

Total de Entradas 15.900,00 14.900,00 23.120,00 22.150,00

Saí

das

Fornecedores 1.200,00 900,00 950,00 1.050,00

Água e Luz 280,00 320,00 300,00 260,00

Telefone e Internet 450,00 550,00 450,00 350,00

Combustível 450,00 300,00 400,00 320,00

Taxas Bancárias 80,00 120,00 80,00 110,00

Materiais de Consumo 200,00 280,00 200,00 120,00

Compras e Equipamentos 1.200,00 1.800,00 250,00 900,00

Pró-Labore 4.000,00 4.000,00 0,00 1.200,00

Impostos e Taxas 4.500,00 4.500,00 200,00 200,00

Aluguel e Condomínios 1.000,00 1.000,00 0,00 0,00

Outras Despesas 120,00 550,00 120,00 400,00

Total de Saídas 13.480,00 14.320,00 2.950,00 4.910,00

Saldo Operacional 2.420,00 580,00 20.170,00 17.240,00

Saldo Final 12.420,00 11.580,00 32.590,00 28.820,00

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Note que para cada um dos períodos há duas colunas: uma dos valores previstos, e outra dos

realizados. A segunda coluna, naturalmente, só pode ser preenchida quando o período acabar.

As linhas são muito importantes e estão divididas em blocos. Vamos analisar uma a uma:

7.8.1 - Saldo Inicial

Page 15: Apostila - Avaliação Economica

É o valor disponível no início do período, correspondendo ao dinheiro que está “na gaveta”, ou no

bolso, somado aos saldos das contas correntes disponíveis para saque. No fluxo de caixa, não são

considerados nos saldos os valores que estejam imobilizados, ou os que estejam em aplicações consideradas

indisponíveis para saque no período.

7.8.2 - Bloco de Entradas

Nele constam as diversas categorias de entrada de dinheiro em caixa ao longo do período. Vendas à

vista, cheques pré-datados que se tornem disponíveis ao longo do período, créditos de contas a receber

(exemplo: depósitos de clientes referentes a transações realizadas anteriormente), ou o que for.

7.8.3 - Total de Entradas

É a soma simples do bloco Entrada, corresponde, basicamente, ao dinheiro novo que entrou em caixa

ao longo do período.

7.8.4 - Bloco de Saídas

Aqui vão as diversas categorias nas quais você realiza pagamentos. Energia, telefone, manutenção de

veículo, equipamentos, material de escritório, aluguel, condomínio, impostos, etc. Um aspecto essencial

deste bloco é a inclusão do pró-labore, que no caso de um fluxo de caixa individual, corresponde ao dinheiro

do empreendimento que é retirado para uso pessoal do empreendedor, como se fosse o seu salário –

idealmente em parcelas fixas e periódicas, e sempre registradas.

7.8.5 - Total de Saídas

É a soma simples do bloco Saídas, corresponde, basicamente, ao dinheiro que saiu do caixa ao longo

do período.

7.8.6 - Saldo Operacional

Corresponde ao Total Entradas menos o Total Saídas. É, portanto, o saldo de caixa referente

exclusivamente ao período, sem considerar o saldo anterior que estava disponível. Pode, eventualmente, ser

negativo – por exemplo, na data do pagamento do IPTU -, mas uma seqüência de saldos operacionais

negativos sucessivos é sempre um grande sinal de alerta.

7.8.7 - Saldo Final

É a soma do Saldo Inicial com o Saldo Operacional, considerando os respectivos sinais, caso algum

seja negativo. Basicamente, é o dinheiro que restou em caixa ao final do período, e é imediatamente

transcrito como o saldo inicial do período seguinte.

Page 16: Apostila - Avaliação Economica

Certamente você deve ter percebido que não há nada de complicado na construção desta planilha –

embora a obtenção dos dados em si possa ser trabalhosa e exija vários controles e acompanhamentos

adicionais.

E estas análises são exatamente o objetivo de se realizar o fluxo de caixa como descrito acima. Se

você tiver um bom método de controle, é possível começar a preencher as colunas de “Previsto” com grande

antecedência, e detectar a necessidade de realizar liquidações, ou a possibilidade de oferecer maiores prazos

aos clientes, por exemplo, de forma antecipada.

Olhando para os números mencionados no modelo de fluxo de caixa da planilha acima, rapidamente

identificamos algumas situações que demandariam correção: na segunda semana aconteceu uma retirada de

pró-labore completamente imprevista, por exemplo. E os saldos iniciais de caixa são verdadeiramente

astronômicos em um país de taxas de juros tão elevadas como as nossas: este dinheiro deveria ser aplicado,

de forma a render juros, deixando disponível em caixa apenas o suficiente para realizar o giro das atividades,

com uma pequena folga.

Claro que a diferença entre previsto e realizado vai acabar demonstrando quanto você conhece o seu

negócio, e quanto o seu mercado é estável ou previsível. Ao longo do tempo, você certamente vai conseguir

aproximar cada vez mais o previsto e o realizado.

7.9 - Recomendações Adicionais

Organizar e manter o fluxo de caixa dá trabalho, mas é recompensador. Você precisa ser sistemático

e lembrar de alimentar as planilhas no início de cada novo período. Especialmente, você precisa estar

disposto a manter atualizadas, com a antecedência que for possível, as colunas de valores previstos, e

analisá-las sempre que necessário, para de fato poder colher o principal fruto desta ferramenta: a

possibilidade de prever com maior precisão quando haverá sobra e quando haverá falta de dinheiro em

caixa.

A análise antecipada também permite tomar as providências necessárias para que haja

disponibilidade de caixa nas datas de vencimento de impostos, taxas, prestações, financiamentos e outros

desembolsos com data certa, que incorrem em multas e juros caso atrasem.

Se o seu mercado for sazonal, leve isto em conta nas suas previsões, pois freqüentemente os custos fixos

(que ocorrem mesmo na baixa temporada) acabam sendo um grande vilão, e o faturamento da alta

temporada precisa conseguir sobrepujá-los.

Quem poupa tem, e jamais se deve contar com o ovo antes de o mesmo ser adequadamente expelido

pelo galináceo. Excessos de caixa devem ser aplicados, como vimos acima, mas é necessário haver uma

margem de segurança que permita garantir o giro da empresa e também algum imprevisto. Não tenha

excesso de caixa, mas também não imobilize demais, ficando à mercê de qualquer cliente que deixe de pagar

uma fatura.

Page 17: Apostila - Avaliação Economica

Agora é com você! Adapte o que aprendemos sobre Fluxo de Caixa à sua realidade, e tenha um controle

muito mais apurado sobre as suas finanças pessoais ou empresariais.

8 - VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

O valor do dinheiro no tempo é o conceito segundo o qual uma unidade monetária no momento atual

tem um valor superior ao de uma unidade monetária em qualquer momento no futuro. É por esse motivo que

um investidor só se dispõe a adiar o recebimento de um montante que lhe é devido hoje se houver uma

recompensa por este atraso no pagamento futuro. Esta recompensa é que representa o valor do dinheiro no

tempo; não havendo a recompensa, o investidor, em condições normais, não aceita adiar o recebimento.

A recompensa pelo adiamento de um pagamento é medida mediante uma taxa de juros, utilizada para

calcular valores futuros ou atualizar valores passados. Esta taxa é conhecida como taxa de desconto ou taxa

mínima de atratividade (aceita pelo investidor), usada nos fluxos de caixa dos projetos para que se possa

calcular o valor equivalente de cada fluxo em uma mesma data e, com isto, permitir a avaliação global do

projeto ou, ainda, a comparação entre diferentes projetos.

É a taxa de desconto que calcula o valor do dinheiro no tempo. Considerando-se uma taxa de

desconto fixa, quanto maior for o período para se recuperar um determinado valor, maior será o montante

futuro equivalente a este valor. Devido ao fato de uma determinada quantia apresentar valores diferentes ao

longo do tempo, não se deve comparar quantias em momentos diferentes sem que seja feito o devido

desconto ou a devida capitalização desses valores, trazendo-se para um mesmo momento no tempo (presente

ou futuro). Isto significa dizer que não se deve comparar quantias em momentos diferentes sem que seja

levado em consideração o valor do dinheiro no tempo. A aplicação desse conceito será notada quando forem

apresentadas as técnicas de análise econômica que se baseiam no fluxo de caixa descontado e, portanto,

consideram o valor do dinheiro no tempo.

O valor do dinheiro no tempo não deve ser confundido com a inflação. Mesmo na hipótese de

inflação igual a zero, o valor do dinheiro no tempo continua existindo e deve ser avaliado

independentemente da inflação, que é o aumento no nível de preços. A inflação deve ser considerada à parte,

principalmente pelo fato de que suas taxas de crescimento, tanto em termos pretéritos como futuros,

costumam ser variáveis ao longo do tempo. No caso do valor do dinheiro no tempo é considerada, em geral,

uma taxa fixa.

9 - TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA

As técnicas de avaliação econômica são utilizadas para converter os dados estimados para um projeto

em indicadores econômicos que permitam avaliar sua rentabilidade, seu risco e a comparação com outras

alternativas de investimento. Com este objetivo se faz necessário, inicialmente, a montagem do fluxo de

caixa do projeto, com base no qual são calculados os indicadores econômicos mais relevantes para a análise

e tomada de decisão pretendidas.

Page 18: Apostila - Avaliação Economica

Os indicadores econômicos utilizados na avaliação econômica de projetos podem ser divididos em

dois grupos. O primeiro grupo de indicadores engloba os métodos baseados no fluxo de caixa simples e o

segundo grupo trata dos métodos baseados no fluxo de caixa descontado, ou seja, considera o valor do

dinheiro no tempo.

9.1 - Métodos Baseados no Fluxo de Caixa Simples

Os métodos simples dão alguns indicadores econômicos sobre o projeto e servem como subsídios à

avaliação econômica. No entanto, por não usarem o conceito do valor do dinheiro no tempo, seus resultados

são deficientes, não devendo servir de base para a tomada de decisões econômicas. A seguir são

relacionados os métodos simples.

Taxa Média de Retorno.

Período de Recuperação do Investimento.

Relação Benefício-Custo.

9.1.1 - Taxa Média de Retorno - TMR

Este método é obtido pela relação entre a média anual das entradas líquidas de caixa e o valor

absoluto do investimento na fase pré-operacional.

A seguir, são apresentados os resultados dos fluxos de caixa de duas alternativas de investimento (A

e B), cujos valores estão expressos em unidades monetárias.

Resultados dos fluxos de caixa de duas alternativas de investimentos de (A e B).

FLUXOS DE CAIXA R$

Fase Ano Alternativa A Alternativa B

Pré-operacional 0 -100 -200

Operacional 1 +40 +70

“ 2 +40 +70

“ 3 +40 +70

“ 4 +40 +70

“ 5 +40 +70

Total - +100 +150

Tem se, portanto:

TMRA = [(5 x 40) : 5 ] : 100 = 0,40 ou 40% a.a.

TMRB = [(5 x 70) : 5 ] : 200 = 0,35 ou 35% a.a.

De acordo com os resultados obtidos, a alternativa A se apresenta mais atrativa que a alternativa B, pois:

TMRA > TMRB.

Page 19: Apostila - Avaliação Economica

O método da TMR (Taxa Média de Retorno) é derivado do método da Taxa de Retorno Contábil

(TRC) que, embora seja calculado de forma semelhante, usa a média anual dos lucros contábeis, ao invés da

média anual das entradas líquidas de caixa. A TRC, portanto, despreza o conceito de fluxo de caixa e, por

isso, é menos significativa que a TMR.

9.1.2 - Período de Recuperação do Investimento - PRI

O Período de Recuperação do Investimento (PRI), também conhecido como payback, é o método

utilizado para se calcular o tempo (geralmente em anos) necessário, a partir do início da operação de um

empreendimento, para que seu investimento seja totalmente recuperado.

O cálculo do PRI é procedido de forma simples, mediante a soma aritmética dos fluxos de caixa

líquidos no período operacional, até que o resultado seja igual ou superior ao montante do investimento

inicial. Usando-se os mesmos dados para cálculo da Taxa Média de Retorno, temos:

Tabela 1 – Cálculo do Período de Recuperação do Investimento.

ANO

ALTERNATIVA A ALTERNATIVA B

FCA FCA ACUM. FCA FCA ACUM.

0 (100) (100) (200) (200)

1 40 (60) 70 (130)

2 40 (20) 70 (60)

3 40 20 70 10

4 40 60 70 80

5 40 100 70 150

Fonte: Internet – www.cetem.gov.br. Acesso em 5/3/11.

Legenda: FC = Fluxo de Caixa; FCAcum = Fluxo de Caixa Acumulado.

Conforme se verifica, no caso da Alternativa A o investimento será totalmente recuperado durante o

terceiro ano de operação do empreendimento; por interpolação, conclui-se que o PRI é de 2 anos e 6 meses.

Por analogia, a Alternativa B tem um PRI de 2 anos e 10 meses, aproximadamente.

Na comparação entre as duas alternativas fica caracterizado que a Alternativa A tem um PRI menor

que o da Alternativa B. No entanto, do ponto de vista da empresa, as duas alternativas podem ser

consideradas satisfatórias, desde que a organização se contente com um PRI ≤ 3 anos, por exemplo.

À semelhança da TMR, o PRI não considera o valor do dinheiro no tempo, embora dê ênfase ao

tempo, no sentido de determinar com que rapidez o investimento pode ser recuperado. Portanto, o PRI é

bastante útil nos casos em que o risco de perda do investimento é uma função do tempo. Nesses casos,

quanto menor for o PRI, menor será o risco de perda do investimento. Este aspecto é muito importante na

análise de projetos sujeitos a uma rápida obsolescência e nos casos de risco político, onde o grau de

incerteza em relação ao futuro é muito alto.

Page 20: Apostila - Avaliação Economica

9.1.3 - Relação Benefício-Custo - RBC

O método da Relação Benefício-Custo (RBC), também conhecido como Relação Benefício-Custo

Não-Descontados, corresponde à relação entre as entradas líquidas de caixa (benefícios) e as saídas líquidas

de caixa (custos). A RBC mede, portanto, o retorno em relação ao investimento, sem considerar o valor do

dinheiro no tempo. Com base no exemplo anterior, tem-se:

RBCA = 5 x 40 u.m = 2,00 u.m.

100

RBCA = 5 x 70 u.m = 1,75 u.m.

200

Os resultados alcançados indicam que para cada unidade monetária ($ u.m.) investida haverá um

retorno de 2,0 u.m. na alternativa A e de 1,75 u.m. na alternativa B. Naturalmente, do ponto de vista da RBC

a alternativa A é mais atraente que a alternativa B. No entanto, ambas as alternativas indicam que o retorno é

superior ao investimento.

De acordo com a RBC, a alternativa pode ser aceita sempre que a RBC ≥ 1,0 e deve ser descartada

sempre que a RBC < 1,0, caso em que o capital recuperado é inferior ao investimento.

9.2 - Vantagens e Desvantagens dos Métodos de Avaliação Econômica

Conforme abordado, os métodos de avaliação classificados como simples (TMR, PRI e RBC)

apresentam como vantagem principal a facilidade de cálculo e como maior desvantagem o fato de não

considerarem o valor do dinheiro no tempo. Dessa forma, apesar desses métodos servirem como subsídios

para a tomada de decisão em projetos individuais, eles se tornam inadequados nas análises em que se faz

necessária a escolha entre alternativas.

Tabela 2 - Resultados obtidos para as alternativas A e B em termos de TMR, PRI e RBC.

MÉTODO ALTERNATIVA – A ALTERNATIVA - B

Taxa Média de Retorno – TMR 40% 35%

Período de Recuperação do Investimento – PRI 2 anos e 6 mseses 2 anos e 10 meses

Relação Benefício Custo – RBC 2,00 u.m. 1,75 u.m.

Fonte: www.cetem.org.br. Acesso em 5/3/11.

No caso do método da Taxa Média de Retorno - TMR, o retorno na fase operacional é considerado

em termos médios e os investimentos na fase pré-operacional não são relacionados ao tempo decorrido na

implantação do projeto. Assim, pode-se ter projetos com o mesmo investimento inicial, mas com diferenças

na distribuição do retorno, gerando o mesmo resultado. Ou, ainda, projetos com o mesmo investimento

inicial, aplicado em períodos de tempo diferentes, apresentando resultados semelhantes.

Page 21: Apostila - Avaliação Economica

O método do período de recuperação do investimento - PRI é o mais simples de calcular e de mais

fácil entendimento, tendo papel relevante no caso de indústrias que apresentam freqüentes mudanças

tecnológicas. Tem como desvantagem, além de não considerar o valor do dinheiro no tempo, o fato de

ignorar o retorno após o período de recuperação do investimento. Por esses motivos, o PRI não apresenta

uma indicação de rentabilidade satisfatória. Há casos em que o projeto com menor período de recuperação é

o mais rentável, mas nem sempre ocorre este comportamento. O uso isolado do PRI pode conduzir à

aceitação de projetos com curto período de recuperação e baixa rentabilidade ou à rejeição de projetos com

período de recuperação longo e alta rentabilidade.

O método da Relação Benefício-Custo - RBC é pouco usado e também não considera o valor do

dinheiro no tempo. Apresenta como vantagem, em relação ao PRI, o fato de considerar toda a vida do

empreendimento.

Os métodos baseados no fluxo de caixa descontado (VAL – Valor Líquido Atual, RVAL – Razão do

Valor Atual Líquido, RBCD – Relação Custo Benefício Descontado, VAE – Valor Anual Equivalente e TIR

– Taxa Interna de Retorno), ou seja, os que consideram o valor do dinheiro no tempo, embora superiores aos

métodos simples, também não são perfeitos. Na maioria dos casos, eles são usados de forma complementar,

principalmente quando se deseja escolher entre alternativas mutuamente excludentes. Esses métodos têm a

vantagem de considerar em seus cálculos toda a vida do empreendimento, bem como as variações nos

investimentos e retornos ao longo do tempo.

Em síntese, os métodos que utilizam o fluxo de caixa descontado permitem uma melhor avaliação

sobre a atratividade do investimento por considerarem o custo de capital. No entanto, embora

complementares aos métodos simples, essas técnicas não esgotam o processo de análise econômica. Nos

casos de projetos de mineração que envolvem altos investimentos financeiros, se fazem necessárias as

análises de sensibilidade e de risco, objetivando avaliar as incertezas e seus possíveis impactos nos projetos.

10 - ANÁLISES DE SENSIBILIDADE E DE RISCOS

O objetivo da análise de sensibilidade é identificar os parâmetros críticos de um projeto, que, ao

sofrerem variações, poderão alterar, significativamente, sua economicidade. A análise de sensibilidade

permite estimar, portanto, os efeitos nas medidas de avaliação econômica (VAL, RVAL, TIR, etc.), ao se

alterar, para mais ou para menos, parâmetros intrínsecos do projeto de mineração, tais como: teor do

minério, custos operacionais e preço de venda do produto mineral. No momento em que são identificadas as

variáveis críticas de um projeto, elas passam a ser objeto de atenção especial por parte do responsável pela

decisão de sua implantação.

A análise de risco tem o objetivo de avaliar o risco associado aos resultados econômicos esperados

para um determinado projeto e, conseqüentemente, a probabilidade de sucesso ou insucesso, se o projeto for

implantado. Nos casos dos projetos de mineração, onde o nível de incerteza é elevado, a análise de risco é

Page 22: Apostila - Avaliação Economica

procedida mediante a incorporação da possibilidade de ocorrência de diferentes valores para cada um dos

parâmetros identificados como críticos através da análise de sensibilidade.

Finalmente, os resultados obtidos com as técnicas de avaliação econômica, associados a uma

apreciação dos fatores intangíveis, são os ingredientes que permitem decidir sobre a oportunidade de

implantação de um determinado projeto. A não utilização das técnicas aqui abordadas torna o processo

decisório altamente vulnerável com relação ao sucesso econômico do projeto, principalmente quando se

trata de empreendimento de mineração, onde o nível de incerteza é, em geral, muito elevado.

10.1 – Características da Mineração e seus Reflexos no Direito Minerário, por Wiliam Freire

Mineração é a atividade destinada a pesquisar, descobrir e transformar os recursos minerais em

benefícios econômicos e sociais. Possui características que a diferencia das demais atividades produtivas,

impondo exegese (interpretação) especial na aplicação do Direito Minerário.

As características que dão à atividade mineral atributos especiais são:

10.1.1 – Rigidez Locacional

Rgidez locacional significa que o empreendedor não pode escolher livremente o local onde exercer

sua atividade produtiva, porque as minas devem ser lavradas onde a natrueza as colocou. Isso faz com que

legislador tenha que criar marcos regulatórios especiais para a mineração. A sociedade, dependente dos bens

minerais, deve propiciar condições para o desenvolvimento deles.

O empreendedor não escolhe a comunidade, o ambiente político, o ambiente geográfico onde deseja se

instalar.

Exemplo interessante é a atividade mineral em Áreas de Preservação Permanente. Nenhum

minerador por vontade própria, deseja ter uma jazida nesse espaço territorial ambientalmente protegido. Mas

a realidade é que vários minérios se concentram predominantemente em APPs.

10.1.2 – Vultuosos Investimentos com Alto Risco e Longo Prazo de Maturação

A atividade mineral caracteriza-se por vultosos investimentos, longo prazo de maturação e alto risco.

Do requerimento de Pesquisa até a Portaria de Lavra, num projeto médio, por exemplo, há um intervalo de

dez anos de investimentos contínuos com fluxo de caixa negativo. De cada cem Requerimentos de Pesquisa,

cerca de três se transformam em minas. Daí a necessidade de se criarem formas de atraca de investimentos,

seja por meio de incentivos fiscais ou estruturas jurídicas que minimizem o risco do empreendimento.

O modelo constitucional brasileiro é bastante interessante e conveniente para a União. A União

detém domínio dos recursos e das jazidas minerais, assegurando o seu controle estratégico. Entretanto, todo

investimento e risco são privados. Daí a necessidade de criarem-se leis minerarias, ambientais tributárias que

estimulem os investimentos e dêem segurança para os empreendedores. Em razão disso, é que se diz, com

Page 23: Apostila - Avaliação Economica

razão, que o minerador que se propõe a investir e arriscar é alçado à condição de colaborador privilegiado da

União.

10.1.3 – Sociedade Altamente Dependente de Recursos Minerais

Neste início de Século XXI, são conhecidas mais de trezentas espécies de minérios. Sua necessidade

para a sociedade moderna é indiscutível. O homem comum não tem sequer idéia de quão dependente dos

bens minerais a sociedade é, e quais são as utilidades deles no seu cotidiano.

10.1.4 – A Mineração Necessariamente Utiliza Recursos Naturais

Não há mineração, por sua própria característica, sem intervenção nos recursos naturais. Se, neste

Século XXI, vive-se numa sociedade altamente dependente dos recursos minerais, há necessidade de que o

sistema jurídico crie condições para o seu exercício. Portanto, há que utilizar o Licenciamento Ambiental

com inteligência, buscando sua essência: não impedir o empreendimento, mas servir de instrumento para

criar condições de sua existência com sustentabilidade ambiental.

10.1.5 – A Mineração é uma Indústria Cíclica e Globalizada

Por ser uma indústria cíclica, depende dos fluxos de crescimento globais. Se um determinado país

decide guardar seu minério, a demanda mundial certamente será suprida por outro país, onde serão gerados

os empregos e as rendas para sua população.

10.1.6 – A Mineração não Define o Preço de seus Produtos

A mineração não define seus preços. A maioria absoluta dos minérios são commodities, com preço

fixado de forma global pelos mercados.

10.1.7 – A Mineração Enfrenta Riscos Específicos

A mineração enfrenta riscos específicos dos quais não se pode desvencilhar em razão da rigidez

locacional. Uma fábrica comum pode ser instalada em qualquer município, de norte a sul do país. A

mineração ocorre onde a natureza colocou a mina.

10.1.8 – A Mineração Contribui para Evitar o Êxodo para as Capitais

Em razão da rigidez locacional, a mineração contribui para fixar o homem no interior do Brasil e

constitui fator decisivo e seguro para o desenvolvimento regional.

Essas características especiais da mineração fizeram com que a legislação mineral, em nível mundial

criasse condições para o exercício da atividade.

Page 24: Apostila - Avaliação Economica

A atividade mineral foi considerada de utilidade pública pelo Decreto-Lei 3.365/41, que também tem

afirmação na resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 369/06. Está ladeada com

atividades essenciais ao funcionamento do Estado e para o bem-estar da sociedade.

Ainda que não haja disposição legal expressa, a atividade mineral pode ser considerada de utilidade

pública pelo modelo adotado pelo Constituinte trazendo para o setor privado todo o encargo e o risco dos

investimentos.

A mineração, com todos os atributos de utilidade para o desenvolvimento nacional, contém o que se

pode denominar o elemento essencial do conceito de utilidade pública, intuitivo por sua facilidade de

compreensão, que é a sua importância econômica e estratégica para a satisfação dos interesses da sociedade.

A atividade mineral vai além da dimensão de atividade econômica privada para alçar uma esfera de interesse

coletivo.

Não há como, portanto, interpretar o Direito Minerário e aplicá-lo sem levar em consideração as

características da mineração, as quais a destacam e distinguem-na dos demais seguimentos empresariais.

Texto publicado no jornal Estado de Minas, em 20 de junho de 2009.

11 - DECISÕES GERENCIAIS DE INVESTIMENTOS EM CONDIÇÕES DE RISCO

Apresentamos, a seguir, outras abordagens como análise de sensibilidade, simulação e análise de

árvore de decisão, que tentam lidar com incertezas e complexidades, além do mais, contam com a

possibilidade de tomadas de decisões posteriores que podem ser feitas pelos gerentes das empresas e têm o

objetivo de ajudá-los a entender melhor a estrutura da decisão do investimento.

11.1 - Análise de Sensibilidade

A análise de sensibilidade é uma abordagem comportamental de avaliação do risco que revela em

quanto o resultado econômico, medido pelo VPL, de um investimento se modificará diante de alterações em

variáveis estimadas dos fluxos de caixa. Esta metodologia é útil para se ter uma noção da variabilidade do

retorno em resposta as mudanças na variável principal.

A análise de sensibilidade, também é muito útil na identificação de variáveis cruciais que poderiam

contribuir mais para o risco de investimentos. Também, indica o quanto a estimativa de uma variável pode

ser ruim antes que o investimento se torne inaceitável.

Para Assaf Neto (2003, p. 334) a análise de sensibilidade é uma metodologia de avaliação de risco

que revela em quanto o resultado econômico (VPL) de um investimento se modificará diante de alterações

em variáveis estimadas dos fluxos de caixa.

A tabela a seguir apresenta um exemplo de análise de sensibilidade, que mostra o volume de vendas e a taxa

de câmbio como as variáveis de maior influência sobre o VPL do projeto.

Page 25: Apostila - Avaliação Economica

Tabela 3 – Modelo de uma análise de sensibilidade.

Variável Valor Presente Líquido (VPL) em Milhões de Reais

VPL Pessimista VPL Mais Provável VPL Otimista

Volume de Vendas

Minério de Ferro

-10 10 20

Preço Médio do

Minério

8 10 12

Custo Unitário de

Produção

0 10 12

Taxa de Câmbio

(US$/R$)

-8 10 16

Fonte: Internet – Dissertação de Mestrado (Gerisval Alves Pessoa), FGV, 2006. Acesso em 5/3/11.

11.2 – Árvore de Decisão

Uma árvore de decisão é um instrumento de apoio à tomada de decisão que consiste numa

representação gráfica das alternativas disponíveis geradas a partir de uma decisão inicial. Uma das grandes

vantagens de uma árvore de decisão é a possibilidade de transformação/decomposição de um problema

complexo em diversos sub-problemas mais simples. De uma forma recursiva, os novos sub-problemas

identificados voltam a ser decompostos em sub-problemas ainda mais simples.

Para efetuar a representação gráfica da árvore de decisão são geralmente usadas linhas para

identificar a decisão (por exemplo "sim" ou "não") e nós para identificar as questões sobre as quais se deve

decidir. Cada um dos ramos formador por linhas e nós termina numa espécie de folha que identifica a

consequência mais provável da sequência de decisões tomadas.

Além da gestão, as árvores de decisão são também muito utilizadas noutras áreas, com especial

destaque para a criação de algoritmos informáticos.

Page 26: Apostila - Avaliação Economica

Figura 1 – Exemplo de árvore para tomada de decisão.

Fonte: Internet - www.google.com.br/images. Acesso em 6/3/11.

12 – CONTABILIDADE – CONTROLE DO PATRIMÔNIO DOS EMPREENDIMENTOS DE

MINERAÇÃO

A Contabilidade é a ciência que tem como objeto de estudo o patrimônio (conjunto de bens, direitos

e obrigações, mensuráveis em dinheiro, pertencentes a uma pessoa física ou jurídica) das entidades, seus

fenômenos e variações, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de

natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira.

O nome deriva do uso das contas contábeis. De acordo com a doutrina oficial brasileira (organizada

pelo Conselho Federal de Contabilidade), a contabilidade é uma ciência social, da mesma forma que a

economia e a administração. No Brasil, os profissionais de contabilidade são chamados de contabilistas.

Aqueles que concluem os cursos de nível superior de Ciências Contábeis recebem o diploma de bacharel em

ciências contábeis (Contador). Existe também o título técnico de contabilidade aos que têm formação de

nível médio/técnico.

A contabilidade, quando praticada com fundamentação técnica em uma empresa, tem função bastante

relevante para a gestão do patrimônio de uma organização. O fracasso de muitos projetos está relacionado à

Page 27: Apostila - Avaliação Economica

má gestão do patrimônio da empresa, o que, por tabela, é a não utilização das técnicas contábeis

adequadamente.

12.1 - Balanço Patrimonial – Origens e Aplicações de Recursos

Ao observar um Balanço Patrimonial, você pode visualizar o total de recursos que a empresa obteve

e que estão à sua disposição. O lado do Passivo mostra onde a empresa conseguiu esses recursos; o lado do

Ativo, onde ela aplicou os referidos recursos.

12.1.1 - Passivo – Origem dos Recursos

Os recursos totais que estão à disposição da empresa podem originar-se de duas fontes:

A - Recursos de Terceiros – correspondem às obrigações, isto é, são recursos de terceiros que a empresa

utiliza no seu giro normal. Esses recursos, por sua vez, provêm de duas fontes:

AI - Débitos de funcionamento (débito no sentido de dívida) – obrigações que surgem em decorrência da

gestão normal da empresa, como as obrigações a fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas e

outras.

AII - Débitos de financiamento – recursos obtidos pela empresa junto a terceiros em forma de empréstimos.

B - Recursos próprios – também podem provir de duas fontes:

BI - Proprietários ou sócios – parcela do capital social que foi investida na empresa pelo titular ou pelos

sócios.

BII - Giro normal – acréscimos ocorridos no Patrimônio Líquido em decorrência da gestão normal da

empresa. Esses acréscimos são obtidos pelos lucros, que poderão estar representados na conta Lucros

Acumulados ou em contas de Reservas.

12.1.2 - Ativo – Aplicação dos Recursos

O lado do Ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos que tem à sua disposição, constituindo-se nos

bens e direitos da organização, conforme exemplo a seguir:

Quadro 2 – Exemplo de Balanço Patrimonial.

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE CIRCULANTE

   DISPONÍVEL    Fornecedores

     Caixa    Obrigações Fiscais

     Bancos c/ movimento    Obrigações Sociais e Trabalhistas

     Bancos c/ aplicação    Outras Contas a pagar

   CRÉDITOS

     Duplicatas a receber EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

     (-)Duplicatas descontadas    Fornecedores a pagar

Page 28: Apostila - Avaliação Economica

     Adiantamentos a fornecedores    Empréstimos bancários

     Adiantamentos a empregados    Outras Contas a pagar

     Adiantamentos a sócios

     Impostos a recuperar RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS

     Outras contas a receber    Aluguéis Ativos a vencer

   ESTOQUES    Outras receitas a vencer

     Mercadorias

     Matérias primas PATRIMÔNIO LÍQUIDO

     Produtos acabados    Capital Social

   DESPESAS DO EXERCÍCIO

SEGUINTE   Lucro do Exercício

     Prêmios de Seguros a apropriar    Lucros Acumulados

     Juros Passivos a apropriar    (-) Prejuízos acumulados

   Reservas de Lucros

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO    Reserva Legal

     Empréstimos a sócios

     Investimentos temporários a longo prazo =

     Despesas antecipadas

     Outras contas a receber           =

PERMANENTE                     =

   INVESTIMENTOS

     Participações permanentes em outras

empresas                              =

     Participações em fundos de

investimentos

     Outros investimentos                                         =

   IMOBILIZADO

     Imóveis                                                   =

     Móveis e Utensílios

     Maquinários                                                             =

     Veículos

     Equipamentos de informática                                                                       =

Page 29: Apostila - Avaliação Economica

     Instalações

     Construção em andamento                                                                                 =

     Terrenos

     (-) Depreciação acumulada                                                                                        =

   DIFERIDO

     Despesas pré-operacionais

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

Fonte: Internet – www.contabilizando.com.br. Acesso em 5/3/11.

12.1.3 - Equação Patrimonial

O gráfico em “T”, também utilizado para representar a situação patrimonial de uma empresa,

denomina-se Balanço Patrimonial.

Balanço lembra balança de dois pratos. Para refletir situação normal, os dois pratos da balança precisam

estar em equilíbrio. Como ocorre com a balança, o balanço também precisa estar em equilíbrio. Para o

Balanço Patrimonial refletir adequadamente a situação financeira da entidade, o total do lado do Ativo

deverá ser igual ao total do lado do Passivo.

Entretanto, nem sempre a soma do ativo é igual à soma do passivo. Para equilibrar, a diferença entre

o Ativo e o Passivo, Situação Líquida, será colocada no lado do Passivo.

Quadro 3 – Exemplo de equação patrimonial.

EQUAÇÃO PATRIMONIAL

Page 30: Apostila - Avaliação Economica

ATIVO PASSIVO

TOTAL TOTAL

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

12.2 - Depreciação

Consiste em considerar, como despesa ou custo do período, uma parte do valor gasto na compra dos

bens de uso da empresa. Os bens materiais, corpóreos ou tangíveis classificados no Ativo Imobilizado são

necessários para que a empresa possa desenvolver suas atividades.

A Legislação Tributária, constante do Regulamento do Imposto de Renda, disciplina esse assunto

determinando as contas sujeitas à depreciação e fixando prazos, métodos, taxas, critérios etc.

Tabela 4 – Alguns exemplos de contas que são depreciadas.

CONTAS PRAZOS ADMITIDOS TAXAS

Computadores e Periféricos 5 anos 20% a.a.

Edifícios e Benfeitorias 25 anos 4% a.a.

Page 31: Apostila - Avaliação Economica

Motociclos 4 anos 35% a.a.

Móveis e Utensílios e Instalações 10 anos 10% a.a.

Veículos de Passageiros e Cargas 5 anos 20% a.a.

Fonte: Legislação Tributária.

12.2.1 - Momento de Depreciação

A depreciação pode ser calculada mensalmente ou no final do ano, por ocasião da apuração do

Resultado do Exercício. Para se calcular o valor da quota de depreciação, basta aplicar a taxa sobre o valor

do bem a ser depreciado.

12.3 - Amortização

É um processo semelhante à depreciação realizado no final de cada período (normalmente no final de

cada mês ou por ocasião do levantamento do Balanço Patrimonial), com o fim de considerar como custo,

despesa ou encargo do período parte do valor gasto com bens, direitos ou despesas que contribuirão para a

formação do resultado de mais de um exercício. Esses gastos considerados bens imateriais, são

contabilizados em contas do Ativo Imobilizado ou do Ativo Diferido.

12.3.1 - Exemplos de Bens Amortizáveis

A - Benfeitorias em bens de terceiros.

B - Edificações em terrenos públicos cedidos, que deverão retornar ao poder concedente no final do prazo da

concessão sem indenização etc.

C – Custo de Projetos Técnicos.

D – Despesas Pré-Operacionais, pré-industriais, de organização, reorganização, reestruturação ou

remodelação de empresas.

E – Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos.

12.3.2 – Exemplos de Direitos Amortizáveis

A - Patentes de invenção.

B - Direitos autorais.

C - Autorizações ou concessões.

D - Valor de direitos contratuais de exploração de florestas etc.

A amortização é calculada pela quota anual de amortização, que será fixada tendo em vista:

A - O número de anos restantes de existência do direito.

B - O número de períodos em que deverão ser usufruídos os benefícios decorrentes das despesas registradas

no Ativo Diferido.

Page 32: Apostila - Avaliação Economica

As leis (Regulamento do Imposto de Rende e 6.404/76) estipulam como prazos mínimos e máximos 5 e 10

anos, respectivamente, para a amortização de bens e direitos.

12.4 - Diferença entre Depreciação e Amortização

Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil

(NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado), ou seja, o registro da redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda

de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e

em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação não cessa quando o

ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o ativo esteja totalmente depreciado.

Já a amortização consiste na alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo

da sua vida útil, ou seja, o reconhecimento da perda do valor do ativo ao longo do tempo.

A principal distinção entre esses dois encargos é que, enquanto a depreciação incide sobre os bens

físicos (corpóreos), a amortização relaciona-se com a diminuição de valor dos direitos (ou despesas

diferidas) com prazo limitado (legal ou contratualmente).

12.5 - Exaustão

É um processo semelhante à depreciação e à amortização, porém aplicado sobre as contas que

registram recursos naturais (minerais ou vegetais).

A Legislação Tributária, através do Regulamento do Imposto de Renda, disciplina o assunto, determinando

as contas sujeitas à exaustão e fixando prazos, taxas, critérios etc.

A quota de exaustão será determinada de acordo com os princípios de depreciação, com base no custo de

aquisição ou prospecção dos recursos minerais explorados.

O montante da quota de exaustão será determinado tendo em vista o volume da produção no período e sua

relação com a possança conhecida da mina, ou em função do prazo de concessão. Não há exaustão para

recursos naturais inesgotáveis ou de exaurimento indeterminado.

A quota de exaustão dos recursos florestais destinados a corte terá como base de cálculo o valor original das

florestas, corrigido monetariamente.

Para efeito de cálculo, apurar-se-á, inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados

ou a quantidade de árvores extraídas durante o período representa em relação ao volume ou à quantidade de

árvores que no início do período compunham a floresta.

12.6 - Plano de Contas

É o conjunto de contas, previamente estabelecido, para orientar a execução da contabilidade de uma

empresa.

Page 33: Apostila - Avaliação Economica

O plano de contas é estruturado de forma ordenada e leva em consideração algumas características

fundamentais, tais como: tamanho da empresa, ramo de atividade que a empresa opera, sistema contábil

(equipamentos contábeis), interesses dos usuários etc.

12.6.1 – Plano de Contas – Estrutura

O Plano de Contas normalmente é composto de cinco grupos:

1 – Ativo – Contas Devedoras.

2 – Passivo – Contas Credoras.

3 – Despesas – Contas Devedoras.

4 – Receitas – Contas Credoras.

5 – Apuração de Resultado.

Estes grupos por sua vez também se dividem em subgrupos, os quais passaremos a analisar:

12.6.1.1 – Ativo

A – Circulante – Bens e direitos realizáveis num prazo inferior a 365 dias.

B – Realizável a Longo Prazo – Bens e direitos realizáveis num prazo superior a 365 dias.

C – Permanente – Investimentos e bens destinados à manutenção da atividade.

O ativo representa a parte positiva do patrimônio, a fonte de investimentos, as aplicações de recursos

(bens e direitos).

12.6.1.2 – Passivo

A – Circulante – Obrigações exigíveis num prazo inferior a 365 dias.

B – Exigível a Longo Prazo – Obrigações exigíveis num prazo superior a 365 dias.

C – Resultado de Exercícios Futuros – Resultados antecipados.

D – Patrimônio Líquido – Capitais próprios.

O passivo representa a parte negativa do patrimônio, a fonte de financiamentos, as origens dos

recursos (obrigações).

12.6.1.3 – Despesas

A – Com Vendas

B – Administrativas

C – Financeiras

D – Despesas não Operacionais

Despesas: Todo gasto despendido na manutenção da atividade da empresa.

 12.6.1.4 – Receitas

A – Vendas

Page 34: Apostila - Avaliação Economica

B – Prestação de Serviços

C – Financeiras

D – Receitas não Operacionais

Receitas: Todo valor obtido decorrente da venda dos produtos e serviços de sua atividade.

12.6.1.5 – Apuração de Resultado do Exercício - ARE

A apuração do resultado é saber se houve lucro ou prejuízo ao final de um período, faz-se através de

uma conta especial denominada Apuração do Resultado do Exercício – ARE, para ela devem ser

transferidos os saldos de todas as contas de resultados.

Encerram-se as contas de receita, transferindo seus saldos credores para crédito da conta Apuração

do Resultado do Exercício, e as contas de despesas, transferindo seus saldos devedores para débito da conta

Apuração do Resultado do Exercício.

A conta Apuração do Resultado do Exercício deve ser encerrada também, seu saldo será transferido

para uma conta patrimonial denominada Lucros ou Prejuízos Acumulados.

12.6.2 – Modelo de um Plano de Contas para Empresas Industriais

1 - ATIVO

1.1 - CIRCULANTE

1.1.1 – Disponível

1.1.1.001 – Caixa

1.1.1.002 - Bancos Conta Movimento

1.1.1.003 - Aplicações de Liquidez Imediata

1.1.2 - Realizações

1.1.2.001 – Clientes

1.1.2.002 - ( - ) Duplicatas Descontadas

1.1.2.003 - ICMS a Recuperar 

1.1.2.004 - IPI a Recuperar 

1.1.2.005 - Despesas do Exercício Seguinte

1.1.2.006 - ( - ) Provisão para Devedores Duvidosos

1.1.3 – Estoques

1.1.3.001 - Estoque de Produtos Acabados

1.1.3.002 - Estoque de Produtos em Elaboração

1.1.3.003 - Estoque de Matérias-primas 

1.1.3.004 - Estoque de Materiais Secundários

1.1.3.005 - Estoque de Materiais de Embalagem

Page 35: Apostila - Avaliação Economica

1.1.3.006 – Estoque de Subprodutos

1.1.3.007 - (-) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado

1.2 - ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

1.2.1 – Realizações

1.2.1.001 - Títulos a Receber

 1.3 - ATIVO PERMANENTE

1.3.1 – Investimentos

1.3.1.001 - Participações em Outras Cias

1.3.1.002 - Imóveis para Renda

1.3.2 – Imobilizado

1.3.2.001 - Equipamentos de Informática

1.3.2.002 - Imóveis 

1.3.2.003 – Instalações

1.3.2.004 - Máquinas e Equipamentos Industriais

1.3.2.005 - Móveis e Utensílios

1.3.2.006 – Veículos

1.3.2.007 - (-) Depreciação Acumulada

1.3.3 – Diferido

1.3.3.001 - Despesas Pré-Operacionais

1.3.3.002 - (-) Amortização Acumulada

2 - PASSIVO 

2.1 - CIRCULANTE

2.1.1 – Obrigações

2.1.1.001 – Fornecedores

2.1.1.002 - Aluguéis a Pagar

2.1.1.003 - Empréstimos a Pagar

2.1.1.004 - ICMS a Recolher

2.1.1.005 - IPI a Recolher

2.1.1.006 - IRR Fonte a Recolher

2.1.1.007 - Contribuições Previdenciárias a Recolher 

2.1.1.008 - FGTS a Recolher

Page 36: Apostila - Avaliação Economica

2.1.1.009 - Honorários da Diretoria a Pagar

2.1.1.010 - Salários a Pagar

2.1.1.011 - Dividendos a pagar

2.1.1.012 - Outras Obrigações a Pagar

2.2 - EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

2.2.1 – Obrigações

2.2.1.001 - Financiamentos a Pagar

2.3 - RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

2.3.1 - Resultados Futuros

2.3.1.001 - Receitas de Exercícios Futuros 

2.3.1.002 - ( - ) Custos e Despesas

2.4 - PATRIMÔNIO LÍQUIDO

2.4.1 – Capital

2.4.1.001 – Capital Social

2.4.1.002 - ( - ) Capital a Realizar

2.4.2 - Reservas de Capital

2.4.2.001 - Ágio na Emissão de Ações

2.4.3 - Reservas de Reavaliação

2.4.3.001 - Reavaliação do Permanente

2.4.4 - Reservas de Lucros

2.4.4.001 - Reserva Legal

2.4.5 - Lucros ou Prejuízos Acumulados

2.4.5.001 - Lucros Acumulados

2.4.5.002 - ( - ) Prejuízos Acumulados

 3 - DESPESAS

 3.3 - DESPESAS OPERACIONAIS

3.3.1 - Despesas com Vendas

Page 37: Apostila - Avaliação Economica

3.3.1.001 - Comissões sobre Vendas

3.3.1.006 - Fretes e Carretos

3.3.1.007 - Material de Embalagem

3.3.1.008 - Propaganda e Publicidade

3.3.1.009 - Despesas c/ Devedores Duvidosos 

3.3.2 - Despesas Administrativas

3.3.2.001 - Aluguel 

3.3.2.002 - Energia Elétrica

3.3.2.003 - Água 

3.3.2.004 - Correios 

3.3.2.005 – Depreciação

3.3.2.006 - Fretes e Carretos

3.3.2.007 - Material de Expediente

3.3.2.008 - Prêmios de Seguro

3.3.2.009 – Comunicações

3.3.2.010 - Impostos e Taxas

3.3.2.011 - Serviços de Terceiros

3.3.2.012 - Multas Fiscais

3.3.2.013 – Salários

3.3.2.014 - Honorários da Diretoria

3.3.2.015 - Décimo Terceiro Salário

3.3.2.016 - Encargos Sociais

3.3.2.017 – Férias

3.3.3 - Despesas Financeiras

3.3.3.001 - Despesas Bancárias

3.3.3.002 - Juros Passivos

3.3.3.003 - Descontos Concedidos

3.3.4 - Outras Despesas Operacionais

3.3.4.001 - Prejuízo de Participação em outras Cias 

3.3.4.002 - Despesas Eventuais

3.4 - DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

3.4.1 - Perdas não Operacionais

Page 38: Apostila - Avaliação Economica

3.4.1.001 - Perdas na Alienação de Bens

4 - CUSTOS

4.1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO

4.1.1 - Produtos em Elaboração 

4.1.1.001 - Produto em Elaboração – A

4.1.1.002 - Produto em Elaboração – B

4.1.1.003 - Produto em Elaboração – C

4.1.2 - Materiais 

4.1.2.001 - Matéria-prima

4.1.2.002 - Materiais Secundários 

4.1.2.003 - Materiais de Embalagem

4.1.3 - Mão de Obra Direta 

4.1.3.001 – Salários

4.1.3.002 - Encargos Sociais

4.1.3.003 - Décimo Terceiro Salário

4.1.3.004 – Férias

4.1.3.005 - Seguro Acidentes do Trabalho

4.1.3.006 - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

4.1.3.006 - Lanches e Refeições 

4.1.3.007 - Outros Gastos com Pessoal

4.1.4 - Mão de Obra Indireta 

4.1.4.001 – Salários

4.1.4.002 - Encargos Sociais

4.1.4.003 - Décimo Terceiro Salário

4.1.4.004 – Férias

4.1.4.005 - Seguro Acidentes do Trabalho 

4.1.4.006 - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

4.1.4.007 - Lanches e Refeições 

4.1.4.008 - Outros Gastos com Pessoal

4.1.5 - Gastos Gerais de Fabricação

4.1.5.001 - Energia Elétrica

Page 39: Apostila - Avaliação Economica

4.1.5.002 - Aluguéis 

4.1.5.003 – Depreciação

4.1.5.004 - Prêmios de Seguro

4.1.5.005 - Serviços de Terceiros

4.1.5.006 - Comunicações 

4.1.5.007 - Água 

4.1.5.008 - Conservação e Manutenção

4.1.5.009 - Combustíveis e Lubrificantes

4.1.5.010 - Materiais de Expediente

4.1.5.011 - Materiais de Limpeza

4.1.5.012 - Materiais Diversos

5 - RECEITAS 

5.1 - RECEITAS OPERACIONAIS

5.1.1 - Receitas de Vendas

5.1.1.001 - Venda de Produtos

5.1.1.002 - ( - ) Vendas Anuladas

5.1.1.003 - ( - ) ICMS sobre Vendas

5.1.1.004 - ( - ) PIS sobre Faturamento

5.1.2 - Receitas Financeiras

5.1.2.001 - Rendimentos de Aplicações Financeiras

5.1.2.002 - Descontos Obtidos

5.1.2.003 - Juros Ativos

5.1.3 - Outras Receitas Operacionais

5.1.3.001 - Lucros de Participações em Outras Cias

5.1.3.002 - Receitas Eventuais

5.2 - RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

5.2.1 - Ganhos não Operacionais

5.2.1.001 - Ganho na Alienação de Bens

6 - CONTAS DE APURAÇÃO DE RESULTADOS 

6.1 - APURAÇÃO DE RESULTADO

6.1.1 - Apuração de Resultado

Page 40: Apostila - Avaliação Economica

6.1.1.001 - Custo dos Produtos Vendidos (CPV)

6.1.1.002 - Resultado com Vendas de Produtos (RVP)

6.1.1.003 - Apuração do Resultado do Exercício (ARE)

Assim como o construtor precisa de uma planta para fazer uma casa, o gestor de uma empresa precisa do

Plano de Contas para gerir eficazmente o patrimônio da empresa.

12.7 – Demonstração do Resultado do Exercício – DRE

O artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), instituiu a

Demonstração do Resultado do Exercício. A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo

principal apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações

realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses.

12.7.1 – Exemplo de Apuração do Resultado do Exercício

A seguir, mostramos em um exemplo, como é apurado o resultado do exercício em um determinado

período contábil.

Figura 2 – Exemplo de Apuração do Resultado do Exercício – ARE.

Fonte: Internet – www.portalcontabil.com.br. Acesso em 7/3/11.

Analisando a demonstração acima, podemos fazer algumas perguntas, a fim de se obter a análise das

informações contábeis demonstradas.

Page 41: Apostila - Avaliação Economica

Antes é importante lembrar que o Balanço Patrimonial é dividido em dois lados, um (o lado

esquerdo) mostra o ativo, e o outro, (o lado direito) mostra o Passivo e o Patrimônio Liquido. Esses últimos,

Passivo e Patrimônio Liquido, são totalmente diferentes um do outro: o Passivo mostra a dívida que a

empresa tem com outras pessoas que não são os sócios, já o Patrimônio Liquido mostra a dívida que a

empresa tem com os sócios. Eles só ficam do mesmo lado, porém não se misturam.

 

12.7.2 – Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Vendas de Produtos

Vendas de Mercadorias

Prestação de Serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devoluções de Vendas

Abatimentos

Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas

= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) CUSTOS DAS VENDAS

Custo dos Produtos Vendidos

Custo das Mercadorias

Custo dos Serviços Prestados

= RESULTADO OPERACIONAL BRUT

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Vendas

Despesas Administrativas

(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS

Despesas Financeiras

(-) Receitas Financeiras

Variações Monetárias e Cambiais Passivas

(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas

OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

Resultado da Equivalência Patrimonial

Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante

(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante

= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

E SOBRE O LUCRO

(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro

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= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES

(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência

e Previdência para Empregados

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

13 – MINERAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O conceito de sustentabilidade vem se espalhando cada vez mais no meio corporativo. Os números

podem provar os investimentos e o empenho crescente das empresas em questões de ordem ambiental e

social. Entretanto, mesmo com a melhor aceitação hoje do conceito, o desenvolvimento sustentável passa

por um momento crucial. O desafio é trazer para o movimento um grande número de empresas que ainda

não absorveu as noções de sustentabilidade em seus processos de produção.

Obstáculo maior a transpor está em tornar realidade efetiva as medidas socioambientais que estão

sendo propostas para a equalização de questões de grande complexidade que conformam as agendas

ambientais e sociais. Conduzir os negócios atendendo às exigências da competitividade local e global, ao

mesmo tempo contemplando conceitos de sustentabilidade, representa hoje um dos grandes desafios do setor

empresarial comprometido com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável.

13.1 – Cenários e Desafios

Na realidade, o melhor dos cenários apontaria para o fato de que meio ambiente e responsabilidade

social deveriam deixar de ser responsabilidade para se tornarem oportunidades. Os exemplos se multiplicam.

Hoje em dia, até mesmo a tomada de empréstimo por uma empresa junto à instituição financeira, sofre

influência direta de suas práticas e políticas de sustentabilidade, uma vez que a disponibilização de créditos

“politicamente corretos” está em alta.

Cada vez mais os bancos dificultam ou até mesmo negam empréstimos a quem prejudica o meio

ambiente ou não mantém uma boa relação com os empregados e premiam com linhas mais incentivadas,

empresas que apresentam boa performance em projetos ambientais e de responsabilidade social.

Assim, grandes bancos nacionais têm buscado adequar suas políticas de crédito a este novo contexto,

abraçando causas que outrora eram exclusividade de organizações não-governamentais. A verdade é que as

noções de crédito responsável derivam mesmo da atuação das ONGs, a partir do momento em que elas

descobriram que não era suficiente apenas vigiar as grandes empresas, sem destacar uma especial atenção

para quem as financiava. Assim, os bancos passaram a ser alvos especiais de suas ações.

13.2 – A Importância dos Indicadores Sociais e Ambientais para as Empresas

Bons indicadores sociais e ambientais desempenham papel estratégico especialmente no caso de

empresas com atuação transnacional. No Brasil, setores tradicionais que apresentam bom desempenho na

Page 43: Apostila - Avaliação Economica

balança comercial, como o agrícola e de mineração, tendem a ser mais cobrados, justamente por causa de

sua maior inserção no mercado internacional, uma vez que seus processos produtivos são caracterizados por

interações mais intensas entre meio ambiente e sociedade, muitas vezes conflituosas, conformando situações

que poderiam gerar potenciais barreiras alfandegárias e não alfandegárias, impostas em razão da

sustentabilidade ou não dos processos produtivos.

Há que se considerar também que os investidores passam a analisar as contingências ambientais e

sociais impostas às empresas como fatores de risco a serem embutidos nas operações, o que fatalmente faz

elevar ou cair o rating de investimentos nessas empresas.

13.3 – O Brasil e a Sustentabilidade

Apesar de o Brasil ocupar uma posição de destaque no campo da responsabilidade corporativa, como

aponta os dados da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria - CNI, publicados em abril/2006, dando

conta que 76% das empresas do setor já operam sistemas de gestão ambiental, e que também destas 35%

destinaram investimentos a proteção ambiental em 2005, a verdade é que, infelizmente, um grande número

de empresas ainda vê a responsabilidade corporativa com a simples publicação de um balanço social ou

como a visita guiada de alguns estudantes em seus pátios.

Mais do que nunca, o momento se mostra oportuno para uma ampla revisão de toda a estratégia

corporativa no País. Algumas fases como o da ecoeficiência nos processos produtivos já ficaram para trás,

sendo encarada hoje como obrigação básica de toda a empresa. Os desafios hoje são mais complexos,

exigindo a integração de ações sociais, econômicas e de meio ambiente nas estratégias corporativas de cada

empresa. Tal desafio ganha contornos mais agudos quando se analisa que, passados mais de 20 anos desde a

inauguração do conceito de desenvolvimento sustentável, as tendências de degradação ambiental e

enfraquecimento do tecido social ainda continuam acentuadas.

13.4 – Os Avanços Alcançados pela Indústria de Mineração em Sustentabilidade

A indústria da mineração vem mostrando avanços importantes no campo da ampliação da

sustentabilidade de seus processos produtivos e da expansão de suas ações de responsabilidade social.

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM promoveu um grande evento em Belém/PA,

focado na discussão da responsabilidade social e ambiental da atividade na Amazônia. Contudo, muito ainda

precisa ser feito, sendo este apenas o primeiro passo de um novo contorno que se busca atingir na indústria

de mineração na Amazônia. Ganha corpo também no setor a adoção de abordagens ambientais inovadoras,

como o mapeamento de emissões de carbono, a substituição de processos produtivos por outros de maior

expressão ambiental e social, a adoção e patrocínio de unidades de conservação pelas empresas, implantação

de conceitos de parceria público-privada para gestão ambiental integrada, dentre muitos outros.

13.5 – Gestão Responsável Transcende a Dicotomia Capital e Trabalho

Page 44: Apostila - Avaliação Economica

Neste novo contexto de gestão mais responsável, associada à busca de uma atuação mais responsável

das empresas de mineração, amplia-se a compreensão de que o impacto da atuação dessas corporações

transcende, em muito, a simples e imediata relação entre capital e trabalho. Mais que isto, as empresas se

consolidam como vetores do desenvolvimento econômico e social, assumindo cada vez mais um papel que

outrora era do Estado, de indutor e modelador da economia local, regional e mesmo nacional.

São múltiplos os exemplos que emergem no setor de mineração de atuação responsável, que

comprovam que vale a pena investir em responsabilidade social. Dentre esses, merece destaque o recente

trabalho de mobilização liderado pela Embu S/A Engenharia e Comércio, tradicional empresa de agregados

para a construção civil de São Paulo, que está contribuindo para tornar realidade a implantação do Parque

Estadual Fazenda Tizo, localizado na confluência da Rodovia Raposo Tavares com o Rodoanel, que já está

preservando 130ha de Mata Atlântica da melhor qualidade em plena Grande São Paulo, além de lançar as

bases para um modelo de gestão compartilhada entre o setor produtivo e o poder público, para a gestão de

unidades de conservação.

13.6 – Praticar a Sustentabilidade é um Caminho sem Volta

Não há como pensar o futuro da mineração no Brasil dissociado da noção de sustentabilidade

ambiental e social. As tendências apontam para o fato que a empresa que não adequar seus conceitos e

visões nesses campos estará fadada a deixar o mercado no médio e longo prazo. As sociedades evoluem e as

contingências ambientais e sociais se ampliam diariamente. Neste ponto ganha destaque a atuação de uma

instituição como o IBRAM, que tem por estratégia de atuação antever as tendências, antecipar-se aos fatos,

construir capitais coletivos e ordenar a visão do setor. O desafio é grande, especialmente porque a errática e

a imprevisibilidade das coisas são fortes no nosso país, mas perfeitamente possível.

Fonte: Internet – WWW.ibram.org.br. Acesso em 7/3/11.

15- GLOSSÁRIO

15.1 - Debêntures

Debêntures são valores mobiliários emitidos pelas sociedades anônimas, representativas de

empréstimos contraídos pelas mesmas, cada título dando, ao debenturista, idênticos direitos de crédito contra

as sociedades, estabelecidos na escritura de emissão.

15.2 – Capital Social

O capital social, financeiramente ou contabilmente conceituando, é a parcela do patrimônio líquido

de uma empresa ou entidade oriunda de investimento na forma de ações (se for sociedade anônima) ou

quotas (se for uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada) efetuado na companhia pelos

proprietários ou acionistas, o qual abrange não somente as parcelas entregues pelos acionistas, mas também

os valores obtidos pela empresa e que, por decisão dos acionistas ou proprietários, são incorporados no

capital social.

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15.3 – Commodities

Commodity é um termo de língua inglesa que, como o seu plural commodities, significa mercadoria.

É utilizado nas transações comerciais de produtos de origem primária nas bolsas de mercadorias.

Usada como referência aos produtos de base em estado bruto (matérias-primas) ou com pequeno grau de

industrialização, de qualidade quase uniforme, produzidos em grandes quantidades e por diferentes

produtores. Estes produtos "in natura", cultivados (soft commodity) ou de extração mineral (hard

commodity), podem ser estocados por determinado período sem perda significativa de qualidade.

O que torna os produtos de base muito importantes na economia é o fato de que, embora sejam

mercadorias primárias, possuem cotação e "negociabilidade" globais; portanto, as oscilações nas cotações

destes produtos de base têm impacto significativo nos fluxos financeiros mundiais, podendo causar perdas a

agentes econômicos e até mesmo a países. O mercado de derivativos surgiu como uma proteção aos agentes

econômicos contra perdas provocadas pela volatilidade nas cotações dos produtos de base.

15.4 – Royalties

Royalty ou royaltie é uma palavra de origem inglesa derivada da palavra "royal" que significa aquilo

que pertence ou é relativo ao Rei, monarca ou nobre, podendo ser usada também para se referir á realeza ou

nobreza. Seu plural é royalties.

Na antiguidade, royalties eram os valores pagos por terceiros ao rei ou nobre, como compensação

pela extração de recursos naturais existentes em suas terras, como madeira, água, recursos minerais ou

outros recursos naturais, incluindo, muitas vezes, a caça e pesca, ou ainda, pelo uso de bens de propriedade

do rei, como pontes ou moinhos.

17 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Gilson Ezequiel; ANDRADE, José Guedes de - Elaboração e Avaliação Econômica de

Projetos de Mineração, Ministério da Ciência e Tecnologia – Centro de Tecnologia Mineral – CETEM,

Edição do Livro de Tratamento de Minérios, Capítulo 20 – Dezembro-2004.

Internet – site www.berbel.pro.br/planodecontas.htm. Acesso em 7/3/11.

Internet – site www.cetem.gov.br. Acesso em 5/3/11.

Internet - site Guia SEBRAE SP. Acesso em 2009.

Internet – site www.juliobattisti.com.br. Acesso em 7/3/11.

Internet – site www.portaldecontabilidade.com.br. Acesso em 7/3/11.