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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE APOSTILA DE BIOSSEGURANÇA Prof. Paulo Pineda

Apostila Biossegurança

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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEAPOSTILA DE BIOSSEGURANÇAA INFLUÊNCIA DE FATORES DE PERSONALIDADE E DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE SAÚDEWilma Costa SOUZA1 Angela Maria Monteiro da SILVA2INTRODUÇÃO O estudo dos fatores que levam ao estresse e a influência do mesmo na gênese das doenças em geral tem recebido grande ênfase por parte dos pesquisadores. Entretanto, a investigação do trabalho como fator desencadeante do estress

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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

APOSTILA DE BIOSSEGURANÇA

Prof. Paulo Pineda

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A INFLUÊNCIA DE FATORES DE PERSONALIDADE E DE

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO BURNOUT EM

PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Wilma Costa SOUZA1

Angela Maria Monteiro da SILVA2

INTRODUÇÃO O estudo dos fatores que levam ao estresse e a influência do mesmo na gênese das

doenças em geral tem recebido grande ênfase por parte dos pesquisadores. Entretanto, a investigação do trabalho como fator desencadeante do estresse só mais recentemente tem recebido atenção.

Dentre os diversos modelos de estresse ocupacional, optou - se no presente estudo pelo modelo do Burnout, conforme desenvolvido por Maslach & Jackson (Maslach, 1976). A síndrome atinge principalmente profissionais que atuam na área de ciências humanas tais como enfermeiros, fisioterapeutas, médicos e assistentes sociais, caracterizando-se por uma reação de estresse crônico (Reinhold, 1996).

A síndrome do burnout talvez possa oferecer uma explicação para as dificuldades percebidas na relação profissional de saúde - paciente, dificuldades estas que, ao mesmo tempo em que não contribuem para a recuperação dos doentes, podem levar ao sentimento de grande insatisfação com o trabalho muitas vezes referido pelos profissionais. Na síndrome do burnout é descrita a dificuldade do profissional em lidar com as emoções de seus pacientes levando-o a tratá-los de forma impessoal e desumanizada (Maslach, 1976). Neste caso, o profissional de saúde pode utilizar-se de estratégias negativas para enfrentar a situação, distanciando-se de seus pacientes e passando a encará-los como algo totalmente destituído de qualidades humanas.

O burnout parece acometer pessoas altamente motivadas e dedicadas, observando-se nos profissionais acometidos uma queda na performance que influi na qualidade dos serviços prestados. A síndrome se correlaciona com insônia, aumento do uso de álcool e drogas, problemas no casamento e na família (Maslach & Schaufeli, 1993).

A síndrome do Burnout foi inicialmente descrita em 1974 por Frendenberg (França,1987). O termo pode ser traduzido como aquilo que deixou de funcionar por exaustão de energia e foi usado pelo autor para designar uma resposta dos indivíduos ao estresse ocupacional. Ainda na década de 70, Maslach & Jackson passaram a investigar a síndrome, desenvolvendo cientificamente um modelo de burnout. Os autores também elaboraram o Maslach Burnout Inventory para medir a síndrome, sendo este instrumento atualmente usado na maioria das pesquisas sobre o tema (Maslach & Schaufeli, 1993). Schaufeli, Maslach & Marek (1993) conceituam o burnout como síndrome de exaustão, despersonalização e baixa realização pessoal com o trabalho, que pode ocorrer com indivíduos que trabalham para pessoas, especialmente para as que têm algum tipo de problema. A exaustão refere-se ao sentimento de sobrecarga emocional e de esgotamento e é a dimensão que mais se aproxima de uma variável de estresse. A despersonalização, por outro lado, constitui um novo constructo que não aparece diretamente na literatura sobre o estresse (Cox, Kuk & Leiter, 1993). O profissional afetado pelo burnout, não é mais capaz de lidar com as emoções das pessoas que atende e começa a tratá-las de forma desumanizada (Maslach,1976). A terceira dimensão proposta pela autora é a da baixa realização pessoal com o trabalho que se expressa através da tendência do indivíduo a se avaliar negativamente em relação a seu desempenho.

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A síndrome, então, constitui-se em um modelo multidimensional onde a ocorrência de um componente pode precipitar o desenvolvimento dos outros dois (Golembiewsky, Scherb & Boudreau, 1993) ou pode ocorrer que os componentes se desenvolvam ao mesmo tempo, visto tratarem-se de reações a diferentes aspectos do ambiente de trabalho como afirma Leiter (1993).

É característico na síndrome um sentimento de desilusão e frustração que ocorre em pessoas que possuíam grandes expectativas em relação às suas carreiras. É resultado, então, de um processo de desilusão onde o trabalhador percebe que não consegue retirar de seu trabalho um sentido, um significado existencial (Pines, 1993).

Entre as características de personalidade que favorecem o desenvolvimento do burnout destacam-se a motivação, o entusiasmo, a dedicação ao trabalho e a tendência ao perfeccionismo (Squires & Livesley, 1984). Segundo França (1987), os profissionais atingidos pela síndrome são pessoas que mergulham fundo em seu trabalho, não sabem dizer não, se ocupam com várias coisas ao mesmo tempo e têm compulsão para o trabalho, retirando dele grande parte de sua satisfação pessoal. Paradoxalmente, estas características são as mais valorizadas pelos departamentos de seleção de pessoal. O profissional que não mede sacrifícios pela empresa e tem grande necessidade de vencer e ser reconhecido, dificilmente relaxa e se, além disso, mostra pouca habilidade para lidar com o estresse em situações interpessoais pode ser levado ao burnout (Reinhold, 1996).

Dentre os critérios diagnósticos do burnout destacam-se um estado geral de fadiga acompanhado de perda da auto-estima resultante de um sentimento de incompetência profissional e insatisfação com o trabalho (Maslach & Schaufeli, 1993). Os mesmos autores apontam como principal indicador uma diminuição significativa da performance no trabalho.

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BIOSSEGURANÇA

DEFINIÇÃO

Biossegurança é um conjunto de procedimentos, ações, técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. TIPOS DE RISCO (Portaria do Ministério do Trabalho, MT no. 3214, de 08/06/78)

1. Riscos de Acidentes 2. Riscos Ergonômicos 3. Riscos Físicos 4. Riscos Químicos 5. Riscos Biológicos RISCOS DE ACIDENTES

Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc. RISCOS FÍSICOS

Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultra-som, materiais cortantes e ponteagudos, etc. Ruídos

As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazo provocar sérios prejuízos à saúde. Dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão manifestar-se imediatamente ou gradualmente.

Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional. O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando:

- fadiga nervosa; - alterações mentais: perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar idéias; - hipertensão; - modificação do ritmo cardíaco; - modificação do calibre dos vasos sanguíneos; - modificação do ritmo respiratório; - perturbações gastrointestinais; - diminuição da visão noturna; - dificuldade na percepção de cores.

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Além destas conseqüências, o ruído atinge também o aparelho auditivo causando a

perda temporária ou definitiva da audição. Para evitar ou diminuir os danos provocados pelo ruído no local de trabalho, podem

ser adotadas as seguintes medidas: – Medidas de proteção coletiva: enclausuramento da máquina produtora de ruído;

isolamento de ruído. – Medida de proteção individual: fornecimento de equipamento de proteção individual

(EPI) (no caso, protetor auricular). O EPI deve ser fornecido na impossibilidade de eliminar o ruído ou como medida complementar.

– Medidas médicas: exames audiométricos periódicos, afastamento do local de trabalho, revezamento.

– Medidas educacionais: orientação para o uso correto do EPI, campanha de conscientização.

– Medidas administrativas: tornar obrigatório o uso do EPI: controlar seu uso. Vibrações

Na indústria é comum o uso de máquinas e equipamentos que produzem vibrações, as quais podem ser nocivas ao trabalhador.

As vibrações podem ser:

Localizadas - (em certas partes do corpo). São provocadas por ferramentas manuais, elétricas e pneumáticas. Conseqüências: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços; osteoporose (perda de substância óssea).

Generalizadas - (ou do corpo inteiro). As lesões ocorrem com os operadores de grandes máquinas, como os motoristas de caminhões, ônibus e tratores. Conseqüências: Lesões na coluna vertebral; dores lombares. Para evitar ou diminuir as conseqüências das vibrações é recomendado o

revezamento dos trabalhadores expostos aos riscos (menor tempo de exposição). Radiações

São formas de energia que se transmitem por ondas eletromagnéticas. A absorção das radiações pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões. Podem ser classificadas em dois grupos:

Radiações ionizantes - Os operadores de raios-X e radioterapia estão freqüentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar o organismo ou se manifestar nos descendentes das pessoas expostas.

Radiações não ionizantes - São radiações não ionizantes a radiação infravermelha, proveniente de operação em fornos , ou de solda oxiacetilênica, radiação ultravioleta como a gerada por operações em solda elétrica, ou ainda raios laser, microondas, etc.

Seus efeitos são perturbações visuais (conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões

na pele, etc. Para que haja o controle da ação das radiações para o trabalhador é preciso que se

tome:

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Medidas de proteção coletiva: isolamento da fonte de radiação (ex: biombo protetor para operação em solda), enclausuramento da fonte de radiação (ex: pisos e paredes revestidas de chumbo em salas de raio-x).

Medidas de proteção individual: fornecimento de EPI adequado ao risco (ex: avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador , óculos para operadores de forno).

Medida administrativa: (ex: dosímetro de bolso para técnicos de raio-x).

Medida médica: exames periódicos. Temperaturas Extremas - Efeitos

- desidratação, erupção da pele, câimbras, fadiga física, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios e insolação.

- feridas, rachaduras e necrose na pele, congelamento, agravamento de

doenças reumáticas, predisposição para acidentes e predisposição para doenças das vias respiratórias.

CUIDADOS EM TEMPERATURAS EXTREMAS: - proteção coletiva: ventilação local exaustora com a função de retirar o calor e gases dos ambientes, isolamento das fontes de calor/frio. - proteção individual: fornecimento de EPI (ex: avental, bota, capuz, luvas especiais para trabalhar no frio). Pressões Anormais

Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão atmosférica a que normalmente estamos expostos.

– Baixas pressões: são as que se situam abaixo da pressão atmosférica normal e

ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes. No Brasil, são raros os trabalhadores expostos a este risco.

– Altas pressões: são as que se situam acima da pressão atmosférica normal. Ocorrem em trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Ex: caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios, e represas onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e barragens. A exposição a pressões anormais, pode causar a ruptura do tímpano quando o

aumento de pressão for brusco e a liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sangüíneos e morte.

Por ser uma atividade de alto risco, exige legislação específica (NR-15) a ser obedecida. Umidade

As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcadas, com umidades excessivas, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, são situações insalubres e devem ter a atenção dos prevencionistas por meio de verificações realizadas nesses locais para estudar a implantação de medida de controle.

CALOR

FRIO

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A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras.

Para o controle da exposição do trabalhador à umidade podem ser tomadas medidas de proteção coletiva (como o estudo de modificações no processo do trabalho, colocação de estrados de madeira, ralos para escoamento) e medidas de proteção individual (como o fornecimento do EPI - luvas de borracha, botas, avental para trabalhadores em galvanoplastia, cozinha, limpeza etc). 4. RISCOS QUÍMICOS

Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Movimento do produto químico no organismo: o Absorção - é a seqüência à penetração do agente químico no organismo e

sua passagem ao sistema circulatório. o Distribuição - o agente percorre, pela corrente sangüínea, os órgãos do

corpo. o Fixação ou acumulação - armazenamento do agente nos tecidos dos órgãos

onde ele exerça, ou não, atuação. o Eliminação - saída do agente químico do organismo.

Rotulagem de substâncias químicas: O rótulo deve conter a identificação completa do produto químico (nome, fórmula,

concentração, etc.) e riscos que apresenta: símbolo e palavra indicativa de risco (corrosivo, tóxico, explosivo, inflamável, irritante, nocivo), palavras convencionais de advertência (perigo, cuidado, atenção) e frases convencionais de medidas preventivas quanto ao risco (mantenha afastado do calor, perigo se inalado, etc.)

Quando um produto for acondicionado fora de sua embalagem original, deverá ser identificado através dos seguintes dados mínimos:

– nome do produto e concentração – data do envasamento ou diluição – identificação dos riscos

Um sistema de classificação de substâncias químicas quanto às respectivas

periculosidade ou nocividade é um importante mecanismo para o estabelecimento de prioridades de avaliação, tratamento e comunicação de riscos.

No contexto de classificação de substâncias perigosas, o perigo esta relacionado

com a capacidade de uma substância de causar danos e o grau dessa capacidade depende de suas propriedades intrínsecas.

Sistema de classificação de substâncias químicas quanto a periculosidade ou

nocividade: – Estabelece critérios e procedimentos para classificar as substâncias ou

misturas em classes de perigos / escalas de gradação da periculosidade e mecanismos de comunicação de perigos / riscos.

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– Não se aplica a substâncias ou produtos cuja exposição é intencional (ex. alimentos, remédios, cosméticos)

– Não existe “substância não perigosa”. Existe substância não classificada de acordo com os critérios adotados. Para elas usa-se regras gerais de prevenção e não é necessário cuidados especiais nem comunicação de perigos (rotulagem, fichas de segurança, etc.)

Classes de perigos – Substâncias ou misturas: Inflamáveis

São substâncias que podem pegar fogo na presença de uma fonte de ignição (chama, faísca, eletricidade estática, etc.)

Podem ser: • Facilmente Inflamável

CLASSIFICAÇÃO: Determinados peróxidos orgânicos; líquidos com pontos de inflamação inferior a 21ºC, substâncias sólidas que são fáceis de inflamar, de continuar queimando por si só; liberam substâncias facilmente inflamáveis por ação da umidade. PRECAUÇÃO: evitar contato como ar, a formação de misturas inflamáveis gás-ar e manter afastadas de fontes de ignição.

• Extremamente Inflamável CLASSIFICAÇÃO: Líquidos com ponto de inflamação inferior a 0ºC e o ponto máximo de ebulição 35ºC; gases, misturas de gases (que estão presentes em forma líquida) que com ar e a pressão normal podem se inflamar facilmente. PRECAUÇÕES: manter longe de chamas abertas e fontes de ignição.

Explosivo São substâncias ou misturas que apresentam riscos de explosão sob o efeito de

uma chama, do calor, de um golpe ou fricção. Exemplos:

− TNT - trinitrotolueno − Ácido pícrico − Nitrocelulose − Pólvora negra − Pólvora branca

PRECAUÇÕES: evitar atrito, choque, formação de faísca e ação do calor. Comburente ou Oxidante

São substâncias que, em caso de incêndio, aumentam a violência da reação e favorecem a propagação rápida do fogo. Podem provocar incêndios espontâneos quando em contato com materiais combustíveis. O incêndio pode ser favorecido e dificultado a sua extinção.

Exemplos: − Oxigênio − Ácido nítrico − Água oxigenada concentrada (ex. 30 vol)

PRECAUÇÕES: evitar qualquer contato com substâncias combustíveis. Corrosivo

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Produtos químicos que destroem o tecido vivo, bem como vestuário, por contato. Exemplo: Ácido Sulfúrico Concentrado

PRECAUÇÕES: não inalar os vapores e evitar o contato com a pele, os olhos e vestuário. Nocivas ou perigosas para o meio ambiente

Podem causar danos à flora, fauna, população humana ou degradar o ambiente quando lançados no ar, solo ou águas.

Exemplos: − Solventes clorados − CFCs − ácidos fortes − cianeto de sódio.

Tóxicas e muito tóxicas

Podem provocar danos graves à saúde ou provocar a morte. Inalação, ingestão ou absorção através da pele, provoca danos à saúde. Muito tóxicas são substâncias que, mesmo em doses muito pequenas, podem

provocar danos graves ou mesmo a morte. Exemplo: trióxido de arsênico. Exemplos - tóxicas: − metanol − amoníaco − benzeno. PRECAUÇÕES: evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.

Nocivas

São substâncias que podem causar danos à saúde mas em geral não provocam danos sérios imediatos. Somente em doses muito altas podem provocar a morte. (o que é difícil no ambiente de trabalho).

A exposição repetida e prolongada pode provocar danos sérios à saúde. Exemplos: Tolueno e outros solventes PRECAUÇÕES: evitar qualquer contato com o corpo humano, observar cuidados

especiais com produtos cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.

Segurança na manipulação de produtos químicos Não fumar, comer, beber ou aplicar maquiagem nos locais onde se manipulam

substâncias químicas. Nunca pipetar com a boca. Não se utilizar do olfato para identificar produtos químicos. Não deixar os frascos de produtos voláteis abertos. Usar as capelas de exaustão, as câmaras de fluxo laminar e outros equipamentos

de proteção coletiva sempre que a natureza dos reagentes ou produtos químicos assim o exija.

Usar os equipamentos de proteção individual quando os meios de proteção coletiva não forem suficientes para reduzir a exposição ocupacional aos níveis desejados: luvas, máscaras, óculos, roupa protetora, etc.

Identificar os rejeitos produzidos. Cuidar para que não ocorra a mistura de produtos incompatíveis durante a lavagem

de vidrarias;

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Cuidar para não misturar substâncias incompatíveis durante a segregação de resíduos para descarte;

Antes de realizar uma reação química com produtos desconhecidos consultar a lista de substâncias incompatíveis e fazer um experimento com quantidades reduzidas e condições adicionais de segurança.

RISCOS BIOLÓGICOS

Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros.

Classificação de risco biológico: Os agentes de risco biológico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por

ordem crescente de risco, classificados segundo os seguintes critérios: – Patogenicidade para o homem. – Virulência. – Modos de transmissão – Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes. – Disponibilidade de tratamento eficaz. – Endemicidade.

Classe de risco 1

O risco individual e para a comunidade é ausente ou muito baixo, ou seja, são agentes biológicos que têm baixa probabilidade de provocar infecções no homem ou em animais. Exemplo: Bacillus subtilis Classe de risco 2

O risco individual é moderado e para a comunidade é baixo. São agentes biológicos que podem provocar infecções, porém, dispõe-se de medidas terapêuticas e profiláticas eficientes, sendo o risco de propagação limitado. Exemplos: Vírus da Febre Amarela e Schistosoma mansoni. Classe de risco 3

O risco individual é alto e para a comunidade é limitado. O patógeno pode provocar infecções no homem e nos animais graves, podendo se propagar de indivíduo para indivíduo, porém existem medidas terapêuticas e de profilaxia. Exemplos: Vírus da Encefalite Equina Venezuelana e Mycobacterium tuberculosis. Classe de risco 4

O risco individual e para a comunidade é elevado. São agentes biológicos que representam sério risco para o homem e para os animais, sendo altamente patogênicos, de fácil propagação, não existindo medidas profiláticas ou terapêuticas. Exemplos: Vírus Marburg e Vírus Ebola.

• Resumindo... – NB 1- Agentes que não causam doenças – NB 2- Agentes associados a doenças humanas

(profilaxia e terapia eficientes) – NB 3- Agentes exóticos associados à doenças humanas com

potencial para transmissão via aerossol

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(profilaxia e terapias limitadas) – NB 4- Agentes letais (humanos/ambiente)

(sem profilaxia ou terapia)

Níveis de Biossegurança

Os níveis de biossegurança representam as condições nas quais os

microorganismos podem ser manuseados com segurança. O diretor do laboratório é o

responsável pela avaliação dos riscos e pela aplicação adequada dos níveis de

biossegurança recomendados.

Nível de Biossegurança 1

Neste nível as práticas, o equipamento e o projeto das instalações são apropriados

para o treinamento educacional secundário ou para o treinamento de técnicos, e de

professores, de técnicas laboratoriais.

O nível de biossegurança 1 representa um nível básico de contenção, portanto, não

é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial e

a adoção de boas práticas laboratoriais.

Neste tipo de laboratório podem ser manipulados microorganismos da Classe de

risco 1, ou seja, organismos que não causem doença ao homem ou animal.

Classe de Risco 1 - o risco individual e p/ a comunidade é ausente, ou seja, são

microorganismos que tem baixa probabilidade de provocar infecções no homem ou em

animais.

Ex.: Bacillus subtilis,Lactobacillus,Micrococos

No nível de biossegurança 1 práticas padrão de biossegurança devem ser adotadas:

– Reduzir derramamentos e aerossóis

– Descontaminação diária da superfície de trabalho

– Descontaminação do lixo

– Manter programa controle de insetos/roedores

Além destas práticas, algumas barreiras secundárias também são necessárias:

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• Laboratório com porta

• Pias para lavar as mãos

• Superfícies fáceis de limpar

• Bancos impermeáveis à água

• Mobiliário resistente

• Janelas fechadas e com telas protetoras

• Construção normal, sem ventilação especial

Nível de Biossegurança 2

O nível de biossegurança 2 aplica-se a laboratórios onde são manipulados

microorganismos da classe de risco 2, ou seja, patógenos que causam doença ao homem

ou aos animais, mas que não consistem em sério risco, a quem o manipula em condições

de contenção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente. Neste nível as

exposições laboratoriais podem causar infecção, mas a existência de medidas eficazes de

tratamento e prevenção limitam o risco, sendo o risco de disseminação bastante limitado.

As práticas, os equipamentos, a planta e a construção das instalações são

aplicáveis aos laboratórios clínico ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico e

laboratórios escolas. Além da adoção das boas práticas, para a manipulação segura

destes patógenos torna-se necessário o uso de barreiras físicas primárias (cabine de

segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e

organização do laboratório).

O Nível de Biossegurança 2 é adequado para qualquer trabalho que envolva sangue

humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas primárias onde a

presença de um agente infeccioso pode ser desconhecido.

Os perigos primários em relação aos funcionários que trabalham com esses agentes

estão relacionados com acidentes percutâneos, exposições da membrana mucosa ou com

a ingestão de materiais infecciosos. Deve-se tomar um extremo cuidado com agulhas

contaminadas ou com instrumentos cortantes.

Além das barreiras exigidas para o NB1, neste nível também é necessário adotar:

• Cabine de segurança instalada

• Iluminação adequada e lava-olhos disponível

• Ar do Laboratório não deve circular em outras áreas

• Acesso restrito durante o trabalho

Page 13: Apostila Biossegurança

• Disponibilidade de autoclave

• Localização separada de área pública

• Ventilação bi-direcional

Nível de Biossegurança 3

O nível de biossegurança 3 aplica-se a laboratórios onde são manipulados

microorganismos da classe de risco 3, ou seja, patógenos que geralmente causam

doenças graves ao homem ou aos animais e podem representar um sério risco a quem o

manipula. Também podem representar um risco se disseminado na comunidade, mas

usualmente existem medidas de tratamento e de prevenção. O Mycobacterium

tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii são exemplos de

microorganismos determinados para este nível.

Os riscos primários causados aos trabalhadores que lidam com estes agentes

incluem a auto-inoculação, a ingestão e a exposição aos aerossóis infecciosos.

No Nível de Biossegurança 3 as barreiras primárias e secundárias são de extrema

importância para a proteção dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente contra a

exposição aos aerossóis potencialmente infecciosos. Por exemplo, todas as manipulações

laboratoriais deverão ser realizadas em uma CSB (Cabine de Segurança Biológica) ou em

um outro equipamento de contenção como uma câmara hermética de geração de

aerossóis.

Para este nível de contenção são requeridos, além dos itens referidos no nível 2,

desenho e construção laboratoriais especiais:

– Prédio separado ou em zona isolada

– Dupla porta de entrada

– Escoamento do ar interno direcionado

– Passagem de ar única

– 10 a 12 trocas de ar/ hora

As barreiras secundárias para esse nível incluem:

• Acesso controlado ao laboratório

• Proteger equipamentos geradores de aerossol

• Ante-sala do Laboratório, fechada

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• Paredes, pisos e tetos resistentes à água e ser de fácil descontaminação

• Todo material de trabalho colocado dentro da capela de segurança

• Tubos de aspiração a vácuo protegidos com desinfetante líquido ou filtro.

Nível de Biossegurança 4

O nível de biossegurança 4 aplica-se a laboratórios onde são manipulados

microorganismos da classe de risco 4, ou seja, patógenos que representam grande

ameaça para o ser humano e para aos animais, representando grande risco a quem o

manipula e tendo grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro.

Normalmente não existem medidas preventivas e de tratamento para esses agentes.

Os riscos primários aos trabalhadores que manuseiam agentes do Nível de

Biossegurança 4 incluem a exposição respiratória aos aerossóis infecciosos, exposição da

membrana mucosa e/ou da pele lesionada as gotículas infecciosas e a auto-inoculação.

Todas as manipulações de materiais de diagnóstico potencialmente infecciosos,

substâncias isoladas e animais naturalmente ou experimentalmente infectados apresentam

um alto risco de exposição e infecção aos funcionários de laboratório, à comunidade e ao

meio ambiente.

Recomenda-se que os laboratórios de nível de Biossegurança 4, ou de contenção

máxima, só funcionem sob o controle direto das autoridades sanitárias, além disso, dada a

grande complexidade do trabalho, a equipe do laboratório deverá ter um treinamento

específico e completo direcionado para a manipulação de agentes infecciosos

extremamente perigosos e deverá ser capaz de entender as funções da contenção

primária e secundária, das práticas padrões específicas, do equipamento de contenção e

das características do planejamento do laboratório. É necessário a elaboração de um

manual de trabalho pormenorizado; este deve ser testado previamente através de

exercícios de treinamento. Os trabalhadores devem ser supervisionados por profissionais

altamente competentes, treinados e com vasta experiência no manuseio dos agentes

manuseados, além dos procedimentos de segurança específicos.

O completo isolamento dos trabalhadores de laboratórios em relação os materiais

infecciosos aerossolizados é realizado primariamente em cabines de segurança biológica

Classe III ou com um macacão individual suprido com pressão de ar positivo. A

descontaminação de todo líquido (até água de banho) e resíduos sólidos eliminados

através de produtos químicos ou vapor em temperaturas elevadas também é obrigatória.

Page 15: Apostila Biossegurança

A instalação do Nível de Biossegurança 4 é geralmente construída em um prédio

separado ou em uma zona completamente isolada com uma complexa e especializada

ventilação e sistemas de gerenciamento de lixo que evitem uma liberação de agentes

viáveis no meio ambiente. Desta forma as principais barreiras secundárias adotadas são:

• Prédio separado ou em zona isolada

• Dupla porta de entrada

• Escoamento interno do ar uni direcional

• Passagem de ar individual

• Sistemas aperfeiçoados para suprimento, exaustão de ar, formação de vácuo e

descontaminação

• Equipamentos geradores de aerossóis fechados hermeticamente

• Obrigatório utilizar autoclave de dupla porta

• Ante-Sala de entrada fechada

• Abertura e fechamento de portas eletronicamente programado

• Sistema seguro de comunicação do Laboratório

• Manter ligados a geradores, os equipamentos responsáveis pelo insuflamento de ar

e abertura de portas.

O diretor do laboratório é primariamente e especificamente responsável pela

operação segura do laboratório. O conhecimento e julgamento dele/dela são críticos para a

avaliação dos riscos e para a aplicação adequada destas recomendações. O nível de

biossegurança recomendado representa as condições sob as quais o agente pode ser

manipulado com segurança. As características especiais dos agentes utilizados, o

treinamento e experiência dos empregados e a natureza da função do laboratório poderão

posteriormente influenciar o diretor quanto à aplicação destas recomendações.

Page 16: Apostila Biossegurança

RISCO BIOLÓGICO SISTEMA DE PRECAUÇÕES UNIVERSAIS

As precauções universais publicadas inicialmente pelo Centers for Disease Control

recomendam o uso de medidas de barreira, todas as vezes que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções e/ou fluidos corpóreos, independente do conhecimento do diagnóstico ou status sorológico do paciente.

Visando reduzir o risco de transmissão de microorganismos, a partir de fontes conhecidas ou não, em serviços de saúde, propôs-se a utilização de novas medidas, chamadas precauções padrão (PP). As PP incluem o uso de barreiras, de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e devem ser aplicadas toda vez que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções e/ou fluidos corpóreos, de pele não-íntegra e mucosa com exceção do suor.

Mais recentemente, o Conselho Consultivo de Práticas de Controle de Infecção Hospitalar do CDC/EUA, publicou um guia revisado mais claro e conciso sobre isolamento, que defende um sistema de precauções em duas etapas (Figura 1).

A primeira etapa é o Sistema de PRECAUÇÕES PADRÃO OU BÁSICAS, que

utiliza as características principais das PRECAUÇÕES UNIVERSAIS e aplica-se a todos os pacientes, independente do seu diagnóstico ou status sorológico.

A segunda etapa de precauções é para pacientes com infecção conhecida ou suspeita, que exijam mais que o padrão, para prevenir disseminação exógena da infecção. Três precauções baseadas na transmissão são propostas: precauções contra aerossóis, gotículas e contato.

As precauções contra aerossóis são previstas para reduzir o risco de exposição e infecção pela rota de transmissão aérea, por meio de microgotículas aerodispersas, inferiores a 5 micra, provenientes de gotículas desidratadas que podem permanecer em suspensão no ar por longos períodos de tempo, contendo agente infeccioso viável.

Os microorganismos transportados desta forma podem ser dispersos para longe, pelas correntes de ar podendo ser inalados por um hospedeiro susceptível, dentro do mesmo quarto ou em locais situados a longa distância do paciente-fonte (dependendo dos

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fatores ambientais), podendo alcançar até os alvéolos do hospedeiro. Por este motivo, indica-se circulação do ar e ventilação especial para prevenir esta forma de transmissão.

Dentro desta categoria incluem-se os agentes etiológicos da: tuberculose, varicela (catapora) e do sarampo. Nas precauções para aerossóis deve-se utilizar proteção respiratória do tipo respirador.

As precauções contra gotículas reduzem a disseminação de patógenos maiores que 5 micra, a partir de um indivíduo infectado, podendo alcançar as membranas mucosas do nariz, boca ou conjuntiva de um hospedeiro susceptível. As gotículas originam-se de um indivíduo fonte, sobretudo durante a tosse, o espirro, a conversação, e em certos procedimentos, tais como a aspiração ou a broncoscopia.

A transmissão de gotículas (maiores que 5 micra), requerem um contato próximo, entre o indivíduo e o receptor, visto que, tais gotículas não permanecem suspensas no ar e geralmente se depositam em superfícies a uma curta distância. Daí a importância de ressaltarmos a necessidade da limpeza concorrente e terminal.

Uma vez que as gotículas não permanecem em suspensão, não é necessário promover a circulação do ar ou ter ventilação especial para prevenir a sua transmissão. Esse tipo de precaução aplica-se a qualquer paciente com suspeita de infecção por patógenos como: Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis.

As precauções contra contato representam o modo mais importante e freqüente de evitar a transmissão de infecções hospitalares e estão divididas em dois subgrupos: contato direto e contato indireto.

Contato direto: esse tipo de transmissão envolve o contato pele a pele e a transferência física, proveniente de indivíduo infectado ou colonizado por microorganismos para um hospedeiro suscetível.

Esta transmissão pode ocorrer quando o profissional da saúde realiza a mudança de decúbito, a higienização ou ao executar procedimentos que exijam contato físico, como também, entre dois pacientes, por exemplo, pelo contato com as mãos.

Contato indireto: envolve a transmissão para um hospedeiro susceptível intermediado por objetos contaminados, usualmente inanimados, tais como: instrumentos contaminados, agulhas, roupas ou mãos contaminadas, ou ainda, luvas que não são trocadas entre os procedimentos.

São exemplos de doenças transmitidas por contato: as gastroenterites, o impetigo, a pediculose, a escabiose, o herpes simples e a furunculose.

PPrreeccaauuççõõeess UUnniivveerrssaaiiss –– CCuuiiddaaddooss BBáássiiccooss:: LIMPEZA - Processo de remoção de sujidades, mediante a aplicação de energias

química, mecânica ou térmica, num determinado período de tempo.

DESINFECÇÃO - Processo aplicado às superfícies inertes, que elimina microorganismos na forma vegetativa, não garantindo a eliminação total dos esporos bacterianos. Pode ser realizada por meio de processos químicos ou físicos.

ESTERILIZAÇÃO - Processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive os esporulados, mediante a aplicação de agentes físicos, químicos ou ambos.

PPrreeccaauuççõõeess UUnniivveerrssaaiiss –– HHiiggiieenniizzaaççããoo ddaass MMããooss

Lavagem das mãos Higienização das mãos

Page 18: Apostila Biossegurança

• água e sabão comum • promove a remoção mecânica de

sujidades e microorganismos presentes na pele

• lavagem das mãos + anti-séptico • remoção mecânica de sujidades e de

microrganismos + redução na carga microbiana

As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a

assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados.

As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas

utilizando-se: água e sabão, preparação alcoólica e anti-séptico. A utilização de um determinado produto depende das indicações descritas abaixo:

USO DE ÁGUA E SABÃO • Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais. • Ao iniciar o turno de trabalho. • Após ir ao banheiro. • Antes e depois das refeições. •Antes de preparo de alimentos. •Antes de preparo e manipulação de medicamentos. • Nas situações descritas a seguir para preparação alcoólica. USO DE PREPARAÇÃO ALCOÓLICA Indicação: Higienizar as mãos com preparação alcoólica quando estas não estiverem visivelmente sujas, em todas as situações descritas a seguir: - Antes do contato com o paciente: Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplos: exames físicos (determinação do pulso, da pressão arterial, da temperatura corporal); contato físico direto (aplicação de massagem, realização de higiene corporal); e gestos de cortesia e conforto. - Após contato com o paciente: Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do próprio paciente. - Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos Invasivos Objetivo: proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplos: contato com membranas mucosas (administração de medicamentos pelas vias oftálmica e nasal); com pele não intacta (realização de curativos, aplicação de injeções); e com dispositivos invasivos (cateteres intravasculares e urinários, tubo endotraqueal). - Após risco de exposição a fluidos corporais: Objetivo: proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes. USO DE ANTI-SÉPTICOS Estes produtos associam detergentes com anti-sépticos e se destinam à higienização anti-séptica das mãos e degermação da pele. • Nos casos de precaução de contato recomendados para pacientes portadores de microrganismos multirresistentes.

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• Nos casos de surtos. • No pré-operatório, antes de qualquer procedimento cirúrgico (indicado para toda equipe cirúrgica). • Antes da realização de procedimentos invasivos. Exemplos: inserção de cateter intravascular central, punções, drenagens de cavidades, instalação de diálise, pequenas suturas, endoscopias e outros.

ITENS BÁSICOS PARA HIGIENIZAÇÃO DE MÃOS - Sabonete: Nos serviços de saúde, recomenda-se o uso de sabão líquido, tipo refil, devido ao menor risco de contaminação do produto. Este insumo está regulamentado pela resolução ANVS n. 481, de 23 de setembro de 1999. - Agentes Anti-sépticos: São substâncias aplicadas à pele para reduzir o número de agentes da microbiota transitória e residente. Entre os principais anti-sépticos utilizados para a higienização das mãos, destacam-se: Álcoois, Clorexidina, Compostos de iodo, Iodóforos e Triclosan. - Papel Toalha: O papel-toalha deve ser suave, possuir boa propriedade de secagem, ser esteticamente aceitável e não liberar partículas. Na utilização do papel-toalha, deve-se dar preferência aos papéis em bloco, que possibilitam o uso individual, folha a folha. No processo de higienização das mãos, não é indicado o uso de secadores elétricos, uma vez que raramente o tempo necessário para a secagem é obedecido, além de haver dificuldade no seu acionamento. Eles podem, ainda, carrear microrganismos. O acionamento manual de certos modelos de aparelho também pode permitir a recontaminação das mãos. - Lavatórios ou pias: devem possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das mãos quando do fechamento da água. No lavabo cirúrgico, o acionamento e o fechamento devem ocorrer com cotovelo, pé, joelho ou célula fotoelétrica. - Lixeira: junto aos lavatórios e às pias, deve sempre existir recipiente para o acondicionamento do material utilizado na secagem das mãos. Este recipiente deve ser de fácil limpeza, não sendo necessária a existência de tampa. No caso de se optar por mantê-lo tampado, o recipiente deverá ter tampa articulada com acionamento de abertura sem utilização das mãos. - Anti-séptico: para os ambientes que executem procedimentos invasivos, cuidados a pacientes críticos ou que a equipe de assistência tenha contato direto com feridas, deve existir, além do sabão já citado, provisão de anti-séptico junto às torneiras de higienização das mãos.

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AACCIIDDEENNTTEESS CCOOMM MMAATTEERRIIAALL BBIIOOLLÓÓGGIICCOO

Os riscos biológicos envolvendo os profissionais da saúde são também do interesse da saúde do trabalhador. Todo e qualquer acidente ocorrido com o profissional da saúde durante o desempenho de sua atividade profissional constitui-se em acidente de trabalho e deve também ser tratado como tal. Isto porque os acidentes de trabalho relacionam-se diretamente aos ambientes, às condições e à organização do trabalho e são, em princípio, eventos previsíveis e passíveis de prevenção. De outro modo, dele decorrem direitos de caráter previdenciário aos trabalhadores acidentados.

Deste modo, à notificação do acidente biológico ao SINABIO (Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos), sobrepõe-se a sua notificação ao SIVAT (Sistema de Vigilância de Acidentes de Trabalho) e aos Institutos de Previdência de acordo com o vínculo empregatício do trabalhador: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social; DSS -Departamento de Saúde do Servidor; DPME- Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo, etc...). O SIVAT registra o acidente de trabalho, independentemente do vínculo trabalhista do profissional.

Estão expostos a riscos biológicos todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, além de visitantes e outros profissionais que estejam ocasionalmente nestes serviços.

O risco de exposição varia de acordo com a categoria profissional, a atividade

realizada ou o setor de atuação nos serviços de saúde. São considerados de alto risco: profissionais de área cirúrgica, de emergência, odontólogos, estudantes, estagiários ou pessoal da limpeza.

A exposição a material biológico (sangue ou outros líquidos orgânicos

potencialmente contaminados), pode resultar em infecção por patógenos como o vírus da

EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO Contato de mucosas, pele não íntegra ou acidente percutâneo com sangue ou

qualquer outro material biológico potencialmente infectante.

DEVEM SER CONSIDERADOS FLUIDOS BIOLÓGICOS DE RISCO: Sangue, líquido orgânico contendo sangue e líquidos orgânicos potencialmente

infectantes: sêmen, secreção vaginal, liquor, líquido sinovial, peritonial, pericárdico e amniótico. Suor, lágrima, fezes, urina, vômitos, secreções nasais e saliva (exceto em

ambiente odontológico) são líquidos biológicos SEM risco de transmissão ocupacional do HIV. Nestes casos, a quimioprofilaxia e o acompanhamento sorológico NÃO são

recomendados. A presença de sangue nestes líquidos torna-os infectantes.

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imunodeficiência humana (HIV) e os vírus das hepatites B e C e, este capítulo pretende abordar medidas profiláticas relacionadas à prevenção destes patógenos.

Os acidentes ocorrem habitualmente através de picadas com agulhas, ferimentos com material ou instrumentos cortantes (acidentes percutâneos), contato direto da mucosa ocular, nasal, oral e pele não íntegra com sangue ou materiais orgânicos contaminados.

O risco desses acidentes resultarem em infecção é variável, e está associado ao tipo de acidente, ao tamanho da lesão, à presença e ao volume de sangue envolvido no acidente, à quantidade de vírus no sangue do paciente fonte (carga viral) e à utilização de profilaxia específica (para o HIV com medicamentos anti-retrovirais e para a hepatite B com vacinação pré- exposição ou administração de imunoglobulina específica pós-exposição).

As exposições que podem trazer riscos de transmissão ocupacional do HIV e dos vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV) são definidas como:

Exposições percutâneas – lesões provocadas por instrumentos perfurantes e cortantes (p.ex. agulhas, bisturi, vidrarias);

Exposições em mucosas – p.ex. quando há respingos na face envolvendo olho, nariz, boca ou genitália;

Exposições cutâneas (pele não-íntegra) – p.ex. contato com pele com dermatite ou feridas abertas;

Mordeduras humanas – consideradas como exposição de risco quando envolverem a presença de sangue, devendo ser avaliadas tanto para o indivíduo que provocou a lesão quanto àquele que tenha sido exposto.

Precauções básicas ou precauções padrão são normatizações que visam reduzir a exposição aos materiais biológicos. Essas medidas devem ser utilizadas na manipulação de artigos médico-hospitalares e na assistência a todos os pacientes, independente do diagnóstico definido ou presumido de doença infecciosa (HIV/aids, hepatites B e C):

– Equipamento de Proteção Individual • Luvas – possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções com mucosas ou pele não íntegra • Máscaras, Gorros e Óculos de proteção – possibilidade de respingo de sangue ou outros fluidos corpóreos nas mucosas da boca, nariz e olhos • Capotes – possibilidade de contato com material biológico • Botas – proteção dos pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante.

– Manipulação e descarte de material pérfurocortante

VACINAÇÃO PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE: A vacinação é prevenção de algumas doenças infecciosas de possível transmissão

em unidades de saúde (hepatite B, sarampo, influenza, caxumba, rubéola). A vacinação adequada de profissionais da saúde diminui o risco de aquisição destas

doenças, por diminuir o número de susceptíveis a doenças imunopreveníveis e deveria ser realizada previamente ao ingresso destes profissionais em sua prática.

As recomendações do calendário de vacinação para profissionais de saúde (recomendações da associação Brasileira de imunizações (sBim) – 2009) levam em consideração os riscos ocupacionais específicos desta atividade. São considerados

A melhor profilaxia para a exposição ocupacional continua sendo o respeito às normas de biossegurança.

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profissionais da área da saúde: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, patologistas e técnicos de patologia, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, pessoal de apoio, manutenção e limpeza de ambientes hospitalares, maqueiros, motoristas de ambulância, técnicos de RX e outros profissionais que freqüentam assiduamente os serviços de saúde, tais como representantes da indústria farmacêutica.

ORIENTAÇÕES EM CASOS DE ACIDENTES BIOLÓGICOS 1. Ocorrido o acidente devem ser adotados os seguintes cuidados gerais:

a- Lavagem com água corrente e sabão (acidente percutâneo); b- Lavagem com água corrente e soro fisiológico (acidente de mucosa); c- Não espremer a lesão.

2. Se possível, identificar o paciente-fonte. Se este for identificado, providenciar sua autorização para a coleta de sangue e testagem anti-HIV, Hepatite B e Hepatite C. 3. Com ou sem identificação do paciente-fonte, comunicar à chefia imediata, que preencherá a Ficha de Notificação de Acidentes Biológicos com Profissionais da Saúde e, encaminhar o trabalhador acidentado, com a Ficha de notificação, para a unidade de referência ou para o atendimento na própria unidade, quando esta dispuser de condições para tais cuidados. 4. Atendimento Médico em Unidade DST/AIDS ou HSPM onde será completado o preenchimento da Ficha de Notificação de Acidentes Biológicos e adotadas medidas quimioprofiláticas adequadas. 5. Nos períodos noturnos, feriados e finais de semana, o primeiro atendimento será prestado nos Hospitais e Prontos-Socorros da região. 6. Medidas específicas da profilaxia medicamentosa para o HIV:

a- Avaliar a indicação de medicamentos anti-retrovirais, conforme Fluxograma de Orientação Quimioprofilática Anti-retroviral Após Exposição Ocupacional (Anexo 3).

b- O tempo ideal de início da administração de drogas anti-retrovirais é de até 2 horas, devendo ser iniciado no máximo até 72 horas após o acidente.

c- Duração da quimioprofilaxia: 4 semanas. d- Os Prontos-Socorros deverão fornecer as medicações em quantidades suficientes

para suprir até o 1º dia útil subseqüente ao acidente, quando o acidentado deverá comparecer a uma Unidade de DST/AIDS para fornecimento dos medicamentos de acompanhamento.

7. O acidentado será acompanhado ambulatorialmente do ponto de vista clínico e será submetido a sorologia para HIV, Hepatite B e C por um período de 6 meses. Quando for o caso, serão adotadas medidas de imunização.

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RESUMO NR 6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI

- Equipamento de Proteção Individual – EPI: todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. - O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e, c) para atender a situações de emergência. - Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade. - Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado, recomendar o EPI dequado à proteção do trabalhador. - Cabe ao empregador quanto ao EPI:

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, comunicar ao MTE

qualquer irregularidade observada. g) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou

sistema eletrônico. - Cabe ao empregado quanto ao EPI:

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a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

- Cabe ao fabricante e ao importador

a) cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

b) solicitar a emissão do CA; c) solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado pelo

órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho; d) requerer novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento

aprovado; e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao

Certificado de Aprovação - CA; f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA; g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos; h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua

utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso; i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO, quando

for o caso. - Certificado de Aprovação – CA: para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade:

a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO;

b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do SINMETRO, quando for o caso;

c) de 2 (dois) anos, para os EPI desenvolvidos até a data da publicação desta Norma, quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação, podendo ser renovado até 2007, quando se expirarão os prazos concedidos; e,

d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos ensaios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação.

- Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA. - Cabe ao órgão regional do MTE:

a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI; b) recolher amostras de EPI; e,

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c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo descumprimento desta NR.

Referência: NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI (Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978) LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS EM SERVIÇOS

DE SAÚDE E LABORATÓRIOS

Francelina Helena Alvarenga Lima e Silva, M. Sc.

Núcleo de Biossegurança/DSSA-ENSP- Fiocruz

JALECOS Protegem a parte superior e inferior do corpo, isto é os braços, tronco, abdômen e parte

superior das pernas. Devem ser de mangas longas, usadas sempre fechados sobre as vestimentas pessoais (não usá-lo diretamente sobre o corpo), confeccionados em tecido de algodão (mistura poliéster-algodão é inflamável), impermeabilizados ou não, devem ser descontaminados antes de serem lavados. Os jalecos descartáveis devem ser resistentes e impermeáveis. Auxiliam na prevenção da contaminação de origem biológica, química e radioativa, além da exposição direta a sangue, fluídos corpóreos, borrifos, salpicos e derramamentos de origens diversas (LIMA E SILVA, 1998). AVENTAIS

Os aventais podem ser usados sobre ou sob os jalecos. Quando usados nos trabalhos que envolvem produtos químicos são confeccionados em Cloreto de Polivinila (PVC), em Kevler® quando utilizados com altos níveis de calor, de borracha onde há manipulação de grandes volumes de soluções e durante lavagem e limpeza de vidrarias, equipamentos e instalações (GUIMARÃES, 2005). LUVAS

São utilizadas como barreira de proteção, prevenindo a contaminação das mãos do trabalhador de serviços de saúde e de laboratório ao manipular material contaminado. As luvas reduzem a possibilidade dos microorganismos presentes nas mãos do trabalhador sejam transmitidas aos pacientes durante procedimentos invasivos ou quando pele não intacta, tecidos e mucosas possam ser tocadas. Diminuem o risco de que mãos contaminadas por microorganismos de um paciente ou fomite contaminem outros pacientes, o trabalho executado, equipamentos e instalações. A utilização de luvas não exclui o ato da lavagem das mãos (LIMA e SILVA, 1998).

Protegem o trabalhador dos riscos biológicos, químicos e físicos como, por exemplo, queimaduras químicas por substâncias corrosivas, inflamáveis, irritantes; calor (fornos e muflas) ou frio (materiais congelados e em Nitrogênio líquido) extremos; mordidas cortes e arranhões provocados por animais; choques elétricos; manuseio de culturas microbiológicas, materiais biológicos (sangue, tecidos infectados etc); operações com objetos perfurocortantes e materiais abrasivos ou escoriantes; material radioativo. As luvas protegem contra dermatites acarretadas pela exposição repetida a pequenas concentrações de substâncias químicas (GUIMARÃES, 2005).

As luvas devem ser confeccionadas com material resistente e maleável, anatômicas, devem ter baixa permeabilidade e compatibilizadas com as substâncias manipuladas (SKRABA, 2004). Alguns trabalhadores são alérgicos as luvas de borracha natural ou látex ou,

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também, ao talco utilizado em seu interior. Estes trabalhadores deverão utilizar luvas de Vinil, PVC ou Nitrílicas. LUVAS DE LÁTEX

Protegem o trabalhador dos materiais potencialmente infectantes como: sangue, secreções, excreções, culturas de microrganismos, animais de laboratório etc. são divididas em estéreis as luvas cirúrgicas e não estéreis as luvas de procedimento, descartáveis ou não. LUVAS PARA O MANUSEIO DE PRODUTOS QUÍMICOS

Podem ser confeccionadas em: borracha natural (Látex), Butíl, Neoprene®, Cloreto de Polivinila (PVC), Acetato de Polivinila (PVA), Viton® (MC GILL, 2005). O tipo de luva usado durante o processo de trabalho deverá corresponder à substância química a ser manipulada, por exemplo, luvas de PVC para o manuseio de drogas citostáticas (LIMA e SILVA, 1998). LUVAS DE PROTEÇÃO AO CALOR

Para os trabalhos com autoclaves, fornos e muflas recomendam-se o uso de luvas de lã ou tecido resistente revestida de material isolante térmico. Para trabalhos que envolvem o manuseio a altas temperaturas, por exemplo, acima de 350o C luvas Zetex®; abaixo de 350º C luvas Kevlar® ; acima de 100º C luvas de couro curtido com sais de cromo (MC GILL, 2005). LUVAS DE PROTEÇÃO AO FRIO

Na manipulação de artefatos e componentes em baixa temperatura utilizam-se luvas de algodão, lã, couro, náilon impermeabilizado, borracha revestida internamente com fibras naturais ou sintéticas. Deve ter cano longo para maior proteção. ÓCULOS DE SEGURANÇA

Protegem os olhos do trabalhador de borrifos, salpicos, gotas e impactos decorrentes da manipulação de substâncias que causam risco químico (irritantes, corrosivas etc.), risco biológico (sangue, material infectante etc.) e, risco físico (radiações UV e infravermelho etc.). Podem ter vedação lateral, hastes ajustáveis, cinta de fixação. As lentes devem ser confeccionadas em material transparente, resistente e que não provoque distorção, podem ser de policarbonato, resina orgânica, cristal de vidro, além de receber tratamento com substâncias antiembaçantes, anti-risco e, resistentes aos produtos químicos (SKRABA, 2004). MÁSCARAS FACIAIS OU PROTETORES FACIAIS

Utilizados como proteção da face e dos olhos em relação aos riscos de impacto de fragmentos sólidos, partículas quentes ou frias, poeiras, líquidos e vapores, assim como radiações não ionizantes. Resguardam a face dos respingos de substâncias de risco químico como, por exemplo, substâncias corrosivas, irritantes e tóxicas; gotículas de culturas de microorganismos ou outros materiais biológicos. Protegem contra estilhaços de metal e vidro ou outro tipo de projeteis. São confeccionadas em materiais como: propionato, acetato e policarbonato simples ou recobertos com substâncias metalizadas para absorção de radiações. (SKRABA, 2004) EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (RESPIRADORES OU MÁSCARAS)

São utilizados quando se manipula substâncias de risco químico ou biológico, em emergências (derramamentos e fugas de gases). Podem ser descartáveis ou exigir manutenção. Os respiradores mais utilizados são: de adução de ar (fornecem ar ao usuário independente do ar ambiente), purificador de ar (purificam o ar ambiente antes de ser inalado pelo usuário); respiradores semifaciais (máscaras descartáveis, respiradores com ou sem válvulas para poeiras, fumos e névoas), respiradores semi faciais com manutenção (com cartucho químico ou filtro mecânico), respiradores faciais de peça inteira (protegem o sistema

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respiratório, os olhos e a face do usuário) (MC GILL, 2005). Em serviços de saúde e laboratórios onde se manipula microrganismos de classe de risco biológico 3 como, por exemplo, o M. tuberculosis recomenda-se o uso de respirador purificador de ar semifacial N-95 (com eficiência mínima de filtração de 95% de partículas de até 0,3 μm) ou respiradores purificadores de ar motorizados com filtros de alta eficiência (filtros HEPA). Na preparação de drogas citotóxicas, quando não há disponibilidade da Cabine de Segurança Biológica/CSB, deve-se utilizar respirador para proteção contra material particulado (pó ou névoa) do tipo que utiliza filtro mecânico P2 ou P3 (classificação brasileiro-européia) ou respirador purificador de ar semifacial N-95. (BOLETIM, s/d) Existem máscaras de fuga utilizadas para evasão de ambientes onde possa ocorrer fuga de contaminantes tóxicos, vapores e gases combinados ou não com aerossóis. PROTEÇÃO AURICULAR Os protetores auriculares são do tipo concha ou de inserção. A sua utilização está indicada em situações onde o ruído excessivo pode causar perda da audição do trabalhador.Os controles dos níveis de ruído em laboratório são regidos pela NBR nº 10152/ABNT, que estabelece limite de 60 decibéis para uma condição de conforto durante a jornada de trabalho. As normas estabelecidas pela OSHA nos EUA, o nível de ruído é de 85 decibéis por uma jornada de trabalho de oito horas. (GUIMARÃES, 2005)

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TOUCAS OU GORROS Nos ambientes de serviços de saúde, laboratoriais e biotérios, os cabelos,

principalmente, os longos devem permanecer presos para evitar acidentes e contaminações por microorganismos, poeiras e ectoparasitos em suspensão. Os cabelos dos trabalhadores, também podem contaminar ambientes limpos ou estéreis ou contaminar pacientes e o produto do trabalho, por este motivo as toucas ou gorros devem ser usados. Devem ser confeccionados em tecido que permita a aeração dos cabelos e do couro cabeludo. Podem ser descartáveis ou reutilizáveis. PROTETORES PARA OS MEMBROS INFERIORES

Os membros inferiores devem estar protegidos por calçados fechados durante o trabalho em serviços de saúde e laboratórios. Evitam acidentes que envolvem derramamento e salpicos de substâncias de risco químicos e biológicos, impactos, perfurocortantes, queimaduras, choques, calor, frio, eletricidade etc. Os trabalhadores não devem expor os artelhos, o uso de sandálias ou sapatos de tecido é proibido na área de trabalho. O calçado deverá ser ajustado ao tipo de atividade desenvolvida como: botas de segurança em couro, botas de PVC, botinas e outros calçados de cano curto ou longo, com biqueira de reforço e solado antiderrapante. Sapatilhas ou pró-pés descartáveis ou reutilizáveis são, geralmente, usadas em áreas estéreis tanto em hospitais, laboratórios, biotérios e na indústria.

DISPOSITIVOS DE PIPETAGEM

São dispositivos de borracha (pêra de borracha), pipetadores automáticos e elétricos, etc. Evita o risco de acidente através da ingestão de substâncias contendo agentes de risco biológico, químico ou radioativo, visto que a ação de pipetar com a boca é um risco a integridade física e a saúde do trabalhador. (LIMA e SILVA, 1998)

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA

Os Equipamentos de Proteção Coletiva EPC auxiliam na segurança do trabalhador dos serviços de saúde e laboratórios, na proteção ambiental e também na proteção do produto ou pesquisa desenvolvida. A correta seleção, uso e manutenção do equipamento de segurança permitem ao trabalhador da área de saúde a contenção apropriada contra os inúmeros riscos aos quais está envolvido no seu dia a dia.

AUTOCLAVES

Gera a esterilização de equipamentos termorresistentes e insumos através de calor úmido (vapor) e pressão. Sua instalação é obrigatória no interior dos laboratórios NB-3 e NB-4, sendo que no laboratório NB-4 é obrigatório à instalação de autoclave de porta dupla. Nos laboratórios NB-2 e NB-1 e serviços de saúde é obrigatório que a autoclave esteja no edifício onde os mesmos estão instalados. O monitoramento deve ser feito com registro de pressão e temperatura a cada ciclo de esterilização, testes biológicos com o Bacillus stearothermophylus, fita termorresistente em todos os materiais. (LIMA e SILVA, in press)

FORNO PASTEUR Opera em superfícies que não são penetradas pelo calor úmido. É um processo

demorado pode ser usado em vidraria, metal, etc. O monitoramento exige registro de temperatura nas esterilizações, testes biológicos com o Bacillus stearothermophylus, fita termorresistente em todos os materiais. (LIMA e SILVA, in press) CHUVEIRO DE EMERGÊNCIA

Page 29: Apostila Biossegurança

Chuveiro de aproximadamente 30cm de diâmetro, acionado por alavancas de mão, cotovelo ou pé. A localização deve ser de fácil acesso e ter um programa de manutenção constante. (LIMA e SILVA, 1998) LAVA OLHOS

Dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão acoplados a uma bacia metálica. O angulo do jato de água deve ser corretamente direcionamento para a lavagem ocular. Pode ser acoplado ao chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular (LIMA e SILVA, 1998). MICROINCINERADORES

Dispositivo elétrico ou a gás utilizado para flambar alças microbiológicas ou instrumento perfurocortante no interior da Cabine de Segurança Biológica (LIMA e SILVA, 1998). SINALIZAÇÃO LABORATORIAL

É um conjunto de símbolos com formas e cores diferenciados que indicam sinalização de: aviso, interdição, obrigação, segurança e prevenção de incêndio. Os símbolos de aviso incluem o símbolo de Risco Biológico, Risco Químico, Risco Radioativo e outros. (LIMA e SILVA, in press) OUTROS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA

Chuveiro químico para laboratório NB-4, extintor de incêndio, mangueira de incêndio, sprinkle, luz ultravioleta, anteparo para microscópio de imunofluorescência, anteparo de acrílico para radiosótopos, indicadores de esterilidade usados em autoclaves e outros (LIMA e SILVA, 1998). MÓDULO DE FLUXO LAMINAR DE AR

São áreas de trabalho, portáteis, limitadas por cortina de PVC flexível ou outro material rígido transparente. O fluxo de ar é geralmente perpendicular ao piso (Módulo de Fluxo Vertical de Ar), também é encontrado como módulo horizontal. É versátil, uma vez que pode ser acoplado em seqüência, sem afetar a instalação física da construção. O sistema pode ser sustentado por pés fixos, com rodas ou ainda, pendurado na laje (LIMA e SILVA, 1996). CABINE PARA HISTOLOGIA

Construída em aço inoxidável com exaustão para o exterior do ambiente laboratorial através de duto. É específica para preparações histológicas (LIMA e SILVA, 1998). CABINE DE SEGURANÇA QUÍMICA

Cabine construída de forma aerodinâmica cujo fluxo de ar ambiental não causa turbulências e correntes, assim reduzindo o perigo de inalação e contaminação do operador e do ambiente quando da manipulação de substâncias químicas que liberam vapore e gases tóxicos, irritantes, corrosivos etc. O duto de exaustão deve ser projetado de maneira a conduzir os vapores para parte externa da instalação, preferencialmente, no telhado. Deve ter filtro químico acoplado a saída do duto (LIMA e SILVA, 1998). CABINES DE SEGURANÇA BIOLÓGICA (CSB)

O princípio fundamental é a proteção do operador, do ambiente e do experimento através de fluxo laminar de ar, filtrado por filtro absoluto ou filtro HEPA.

Page 30: Apostila Biossegurança

Mapa de risco

O mapa de risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Tais fatores se originam nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos, instalações, suprimentos, e nos espaços de trabalho, onde ocorrem as transformações) e da forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, turnos de trabalho, postura de trabalho, treinamento etc.)

O mapeamento de risco surgiu na Itália no final da década de 60 e no início da década de 70, através do movimento sindical que, na época, desenvolveu um modelo próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos trabalhadores, o conhecido “Modelo Operário Italiano”. Tal modelo tinha como premissas a formação de grupos homogêneos, a experiência ou subjetividade operária, a validação consensual e a não-delegação, possibilitando assim a participação dos trabalhadores nas ações de planejamento e controle da saúde nos locais de trabalho, não delegando tais funções aos técnicos e valorizando a experiência e o conhecimento operário existente.

O mapa de risco se disseminou por todo o mundo, chegando ao Brasil na década de 80. Existem duas versões de sua divulgação:

A primeira atribui às áreas acadêmica e sindical, através de David Capistrano e outros estudiosos e o Diesat (Departamento Intersindical de Estudos de Saúde e Ambiente de Trabalho);

A segunda atribui à Fundacentro (Fundação Jorge Duplat Figueiredo de Segurança e Medicina no Trabalho). Hoje o método é utilizado pelo INST (Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador da

CUT. O mapa de risco é de grande utilidade para:

• conscientização e informação dos trabalhadores através da fácil visualização dos riscos existentes na empresa. • reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na empresa. • possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

Dentre os objetivos do Mapa de Riscos estão: a) reunir informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho do estabelecimento; b) possibilitar a troca e divulgação de informações entre os servidores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. IMPLANTAÇÃO DO MAPA DE RISCOS

Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e

emprego, a elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

O Mapa de Riscos é a representação gráfica dos riscos de acidentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, devendo ser afixado em locais

Page 31: Apostila Biossegurança

acessíveis e de fácil visualização no ambiente de trabalho, com a finalidade de informar e orientar todos os que ali atuam e outros que, eventualmente, transitem pelo local.

De acordo com a Portaria nº 25, o Mapa de Riscos deve ser elaborado pela CIPA, com a participação dos trabalhadores envolvidos no processo produtivo e com a orientação do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) do estabelecimento, quando houver. É considerada indispensável à colaboração das pessoas expostas ao risco.

Os riscos deverão ser representados em planta baixa ou esboço do local de trabalho (croqui) e os tipos de riscos relacionados em tabelas próprias, anexas à referida portaria.

Posteriormente os mapas deverão ser afixados em locais visíveis em todas as seções para o conhecimento dos trabalhadores, permanecendo no local até uma nova gestão da Cipa, quando então os mesmos deverão ser refeitos.

O Mapa de Risco é construído sobre a planta baixa do ambiente ou da empresa, onde os riscos devem estar identificados pela cor e tamanho dos círculos conforme descritos nas tabelas abaixo:

No mapa os riscos são indicados por círculos coloridos de três tamanhos

diferentes de acordo com o grau de risco apresentado :

Para elaborar o Mapa de Risco ETAPAS DE ELABORAÇÃO

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado: - os servidores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada de trabalho; - os instrumentos e materiais de trabalho; - as atividades exercidas; - o ambiente. b) identificar os riscos existentes no local analisado; c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: - medidas de proteção coletiva; - medidas de organização do trabalho; - medidas de proteção individual; - medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer, etc.. d) identificar os indicadores de saúde: - queixas mais freqüentes e comuns entre os servidores expostos aos mesmos riscos; - acidentes de trabalho ocorridos; - doenças profissionais diagnosticadas;

Page 32: Apostila Biossegurança

- causas mais freqüentes de ausência ao trabalho. e) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local; f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout do órgão, indicando através de círculos: - o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada; - o número de trabalhadores expostos ao risco; - a especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico; ou ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo); - a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos. Exemplo de Mapa de Risco:

Page 33: Apostila Biossegurança

Gerenciamento de Resíduos e Vigilância Sanitária ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004

Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

O Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, publicado

inicialmente por meio da RDC ANVISA nº. 33 de 25 de fevereiro de 2003, submete-se agora a um processo

de harmonização das normas federais dos Ministérios do Meio Ambiente por meio do Conselho Nacional de

Meio Ambiente/CONAMA e da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA referentes

ao gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).

Este Regulamento aplica-se a todos os geradores de Resíduos de Serviços de Saúde-RSS.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e

implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a

produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,

visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente.

O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos

materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.

Todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS,

baseado nas características dos resíduos gerados e em sua classificação, estabelecendo as diretrizes de

manejo dos RSS.

O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e

disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis

por estas etapas.

O manejo dos RSS é entendido como a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra

estabelecimento, desde a geração até a disposição final, incluindo as seguintes etapas:

SEGREGAÇÃO - Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com

as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.

ACONDICIONAMENTO - Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes

que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de

acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo.

o Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de material resistente a

ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9191/2000 da ABNT, respeitados os

limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.

Page 34: Apostila Biossegurança

o Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente à punctura,

ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com

cantos arredondados e ser resistente ao tombamento.

o Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de parto não

necessitam de tampa para vedação.

o Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material

compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada

e vedante.

IDENTIFICAÇÃO - Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos

contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.

o A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta

interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo, e nos locais de

armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos,

cores e frases, atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT, além

de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco específico de cada

grupo de resíduos:

Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo E

Símbolo de substância infectante

Símbolo de risco associado ao nome da substancia química e

frases de risco

Símbolo internacional de

presença de radiação ionizante

Símbolo dos materiais recicláveis

Símbolo de substância infectante acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE

o A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte poderá ser feita

por adesivos, desde que seja garantida a resistência destes aos processos normais de

manuseio dos sacos e recipientes.

TRANSPORTE INTERNO - Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local

destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de

apresentação para a coleta.

o O transporte interno de resíduos deve ser realizado atendendo roteiro previamente definido e

em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos,

períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades. Deve ser feito

separadamente de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada grupo

de resíduos.

o Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável,

impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas

arredondados, e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles

contidos, de acordo com este Regulamento Técnico. Devem ser providos de rodas revestidas

de material que reduza o ruído. Os recipientes com mais de 400 L de capacidade devem

possuir válvula de dreno no fundo. O uso de recipientes desprovidos de rodas deve observar

os limites de carga permitidos para o transporte pelos trabalhadores, conforme normas

reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego.

Page 35: Apostila Biossegurança

ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO - Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os

resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro

do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à

apresentação para coleta externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição

direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de

acondicionamento.

o O armazenamento temporário poderá ser dispensado nos casos em que a distância entre o

ponto de geração e o armazenamento externo justifiquem.

o A sala para guarda de recipientes de transporte interno de resíduos deve ter pisos e paredes

lisas e laváveis, sendo o piso ainda resistente ao tráfego dos recipientes coletores. Deve

possuir ponto de iluminação artificial e área suficiente para armazenar, no mínimo, dois

recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de armazenamento externo.

Quando a sala for exclusiva para o armazenamento de resíduos, deve estar identificada como

“SALA DE RESÍDUOS”.

o A sala para o armazenamento temporário pode ser compartilhada com a sala de utilidades.

Neste caso, a sala deverá dispor de área exclusiva de no mínimo 2 m2, para armazenar, dois

recipientes coletores para posterior traslado até a área de armazenamento externo.

o No armazenamento temporário não é permitida a retirada dos sacos de resíduos de dentro

dos recipientes ali estacionados.

o Os resíduos de fácil putrefação que venham a ser coletados por período superior a 24 horas

de seu armazenamento, devem ser conservados sob refrigeração, e quando não for possível,

serem submetidos a outro método de conservação.

o O armazenamento de resíduos químicos deve atender à NBR 12235 da ABNT

TRATAMENTO - Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as

características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação,

de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio

estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de

segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas

para tratamento de resíduos de serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de

acordo com a Resolução CONAMA nº. 237/1997 e são passíveis de fiscalização e de controle pelos

órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.

ARMAZENAMENTO EXTERNO - Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da

etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores.

o O armazenamento externo, denominado de abrigo de resíduos, deve ser construído em

ambiente exclusivo, com acesso externo facilitado à coleta, possuindo, no mínimo, 01

ambiente separado para atender o armazenamento de recipientes de resíduos do Grupo A

juntamente com o Grupo E e 01 ambiente para o Grupo D. O abrigo deve ser identificado e

restrito aos funcionários do gerenciamento de resíduos, ter fácil acesso para os recipientes de

transporte e para os veículos coletores. Os recipientes de transporte interno não podem

transitar pela via pública externa à edificação para terem acesso ao abrigo de resíduos.

o O trajeto para o traslado de resíduos desde a geração até o armazenamento externo deve

permitir livre acesso dos recipientes coletores de resíduos, possuir piso com revestimento

resistente à abrasão, superfície plana, regular, antiderrapante e rampa, quando necessária,

com inclinação de acordo com a RDC ANVISA nº. 50/2002.

o Identificação na porta com o símbolo de acordo com o tipo de resíduo armazenado;

o Ter localização tal que não abra diretamente para a área de permanência de pessoas e,

circulação de público, dando-se preferência a locais de fácil acesso à coleta externa e próxima

a áreas de guarda de material de limpeza ou expurgo.

Page 36: Apostila Biossegurança

COLETA E TRANSPORTE EXTERNOS -Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos

(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que

garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da

população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza

urbana. o A coleta e transporte externos dos resíduos de serviços de saúde devem ser realizados de

acordo com as normas NBR 12.810 e NBR 14652 da ABNT.

DISPOSIÇÃO FINAL - Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental

de acordo com a Resolução CONAMA nº.237/97.

GRUPOS DE RESÍDUOS E MANEJO INDICADO

GRUPO A:

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem

apresentar risco de infecção. São divididos em 5 subgrupos:

A1

- Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os

hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação

genética.

- Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco

de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.

- Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta.

- Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais

resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

o MANEJO DE RSS

- Devem ser submetidos a tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser

validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana

A2

- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de

experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais

suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação,

que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

o MANEJO DE RSS

Page 37: Apostila Biossegurança

Os resíduos do Grupo A2 devem ser submetidos a processo de tratamento com redução de carga

microbiana compatível com nível III de inativação e devem ser encaminhados para: - aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de resíduos dos serviços de

saúde, - sepultamento em cemitério de animais

A3

- Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor

que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não

tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.

o MANEJO DE RSS

Após o registro no local de geração, devem ser encaminhados para:

I - Sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do Município, do Estado ou do Distrito Federal ou;

II - Tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado para esse fim.

A4

- Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.

- Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar

e de pesquisa, entre outros similares.

- Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem

apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja

desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

- Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.

- Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

- Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica.

- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a

processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações.

- Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

o MANEJO DE RSS

Estes resíduos podem ser dispostos, sem tratamento prévio, em local devidamente licenciado para

disposição final de RSS.

A5

- Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais

resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com

príons.

Page 38: Apostila Biossegurança

o MANEJO DE RSS

Devem sempre ser encaminhados a sistema de incineração, de acordo com o definido na RDC ANVISA nº

305/2002.

GRUPO B

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio

ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

- Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores;

digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos

Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.

- Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para

laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.

- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).

- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas

- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

o MANEJO DE RSS

Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou disposição final

específicos.

Resíduos químicos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para disposição final em aterros.

Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante.

Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em recipientes de material rígido, adequados para cada

tipo de substância química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu estado físico.

GRUPO C

Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em

quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a

reutilização é imprópria ou não prevista.

Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes

de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-

6.05.

o MANEJO DE RSS

Page 39: Apostila Biossegurança

Os rejeitos radioativos devem ser segregados de acordo com a natureza física do material e do

radionuclídeo presente, e o tempo necessário para atingir o limite de eliminação, em conformidade com a norma NE - 6.05 da CNEN. Os rejeitos radioativos não podem ser considerados resíduos até que seja

decorrido o tempo de decaimento necessário ao atingimento do limite de eliminação.

Os rejeitos radioativos sólidos devem ser acondicionados em recipientes de material rígido, forrados

internamente com saco plástico resistente e identificados.

Os rejeitos radioativos líquidos devem ser acondicionados em frascos de até dois litros ou em bombonas de material compatível com o líquido armazenado, sempre que possível de plástico, resistentes,

rígidos e estanques, com tampa rosqueada, vedante, acomodados em bandejas de material inquebrável e com profundidade suficiente para conter, com a devida margem de segurança, o volume total do rejeito, e

identificados.

GRUPO D

Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente,

podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

- papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não

classificados como A1;

- sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

- resto alimentar de refeitório;

- resíduos provenientes das áreas administrativas;

- resíduos de varrição, flores, podas e jardins

- resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde

o MANEJO DE RSS

Devem ser acondicionados de acordo com as orientações dos serviços locais de limpeza urbana,

utilizando-se sacos impermeáveis, contidos em recipientes e receber identificação adequada.

Para os resíduos do Grupo D, destinados à reciclagem ou reutilização, a identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes

nomeações, baseadas na Resolução CONAMA nº. 275/2001, e símbolos de tipo de material reciclável.

GRUPO E

Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes,

ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos

capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no

laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

o MANEJO DE RSS

Devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em

recipientes estanques, rígidos, com tampa, devidamente identificados, sendo expressamente proibido o

esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser

Page 40: Apostila Biossegurança

desprezadas juntamente com as seringas, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada

manualmente.

O volume dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária deste tipo de

resíduo.

Os recipientes devem estar identificados com símbolo internacional de risco biológico, acrescido da

inscrição de “PERFUROCORTANTE” e os riscos adicionais, químico ou radiológico.

Os resíduos perfurocortantes contaminados com agente biológico Classe de Risco 4, microrganismos com

relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne

epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido, devem ser

submetidos a tratamento, utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser validados para a

obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com Nível III de

Inativação Microbiana

Page 41: Apostila Biossegurança

Uso de Animais em Pesquisa

A utilização de animais para fins experimentais já preocupava os filósofos dos

séculos XVII e XVIII. No século XX, surgiram várias correntes filosóficas em defesa da causa animal defendendo que:

§ as espécies sensíveis têm status moral, § as diferenças entre humanos e animais não são tais que justifiquem a forma como os

tratamos, § esse status exige que reformulemos nossos costumes.

Atualmente, as pesquisas em animais têm como propósitos a geração de

conhecimento que seja transponível aos seres humanos, caso das pesquisas nas fases pré-clínicas ou básicas, ou, ainda a pesquisa como fim, na qual é estudado o animal e suas características.

De acordo com a Resolução Normativa nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que regulamenta as ações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e a rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) coordenadas pelo CONEP (sistema CEPs-CONEP), item III que trata dos Aspectos Éticos da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, sub-item III-3, letra B, a pesquisa em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos deverá estar fundamentada na experimentação prévia realizada em laboratórios, animais ou em outros fatos científicos. O mesmo CNS publicou, em 20 de setembro de 2004, a Resolução RDC nº 219, determinando que as pesquisas clínicas no Brasil com medicamentos e produtos para a saúde, com a finalidade de futuro registro devem, também, ser submetidas à avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dados pré-clínicos e de estudos clínicos de fases anteriores ao protocolo devem ser apresentados para dar subsídio à esta avaliação. Portanto, as pesquisas em modelos animais fundamentam as pesquisas clínicas. Sem pesquisa pré-clinica, não há a realização de ensaio clínico, não havendo, conseqüentemente, nem a aprovação nem a liberação de novos medicamentos e produtos para a saúde em nosso país.

Há rigor na avaliação de protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos. E como deve ser feita a avaliação de projetos de pesquisas que utilizem animais não-humanos?

Os membros dos CEPs ao avaliarem projetos de pesquisa que envolvam o uso de modelos animais, devem ser tão rigorosos quanto durante a análise de projetos com seres humanos. Um projeto eticamente adequado deve:

§ ser gerador de conhecimento, esta é a sua justificativa básica, sua finalidade; § ser exeqüível. Para avaliar este quesito tem-se que atentar para a metodologia

empregada. As avaliações metodológicas e éticas são indissociáveis, já que projetos com erros metodológicos darão resultados pouco confiáveis, sendo condenáveis do ponto de vista ético; e,

§ ter relevância, sendo a relevância o valor agregado, ou seja, os dados obtidos devem ser passíveis de transposição aos seres humanos. Regulamentação das Pesquisas em Animais no Brasil

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A primeira Lei que regulamentou a utilização de animais em pesquisa no mundo foi publicada em 1876, no Reino Unido. Quase 60 anos depois, em 10 de julho de 1934, Getúlio Vargas, publica no Brasil o Decreto Lei nº 24.645, regulamentado posteriormente pelo Decreto Lei nº 3.688 de 3 de outubro de 1941. Esta lei determina que todos os animais existentes no país são tutelados pelo estado e penaliza quem aplicar ou fizer aplicar maus tratos aos animais. No art. 3º, apresenta 31 incisos, que conceituam o que são maus tratos aos animais. Com relação à pesquisa científica o inciso IV determina que é considerado maus tratos “golpear, ferir ou mutilar voluntariamente qualquer órgão ou tecido, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo do animal e exigidas para defesa do homem, ou no interesse da ciência.” Ainda é importante ressaltar que: praticar ato de abuso e crueldade; manter animais em locais anti-higiênicos, que impeçam a respiração, movimentos e descanso ou os privem de água e luz; abandonar animal doente ou ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar a ele tudo o que humanitariamente se possa prover; não dar morte rápida, livre de sofrimento prolongado a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não; e encerrar os animais em número tal que não lhes seja possível mover-se livremente ou deixá-los sem água ou comida, são caracterizados atos de maus tratos aos animais.

Na Inglaterra, em 1959 o zoólogo William Russell e o microbiologista Rex Burch publicaram a obra “The Principles of Humam Experimental Tecnique”, estabelecendo princípios orientadores ao uso de animais na pesquisa, conhecidos como o princípio dos “3Rs”: “Reduce”, “Replace” e “Refine”. “Reduce” (redução) determina que os pesquisadores devem utilizar o mínimo de animais em um experimento. Para isto, deve-se adotar um bom modelo estatístico, utilizar ratos provenientes de colônias geneticamente homogêneas mantidas em biotérios em condições adequados e com pessoal treinado. “Refine” (refinamento) orienta para o emprego de métodos adequados de analgesia, sedação e eutanásia, com o propósito de reduzir a dor e desconforto, evitando ao máximo o estresse e distress dos animais de experimentação. “Replace” (substituição) orienta para ao uso de métodos alternativos, sempre que possível.

Em 27 de janeiro de 1978 foi proclamada em assembléia da UNESCO, em Bruxelas, a Declaração Universal do Direito dos Animais. O art. 8º determina que “a experimentação animal, que implica um sofrimento físico, é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra” e, que “as técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas.”

Em 1988, o Brasil têm a sua nova Constituição Federal. No Capítulo VI, que trata do Meio Ambiente, o art. 225, inciso VII, incumbe ao Poder Público “proteger a fauna e flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, pratiquem a extinção de espécies ou submetam animais à crueldade.”

A Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, a Lei de Crimes Ambientais, regulamentada pelo Decreto Lei nº 3.179/99, no seu art. 32 determina pena de detenção de três meses a um ano e multa, para aqueles que praticarem ato de abuso, maus-tratos, ferirem ou mutilarem animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Incorrendo nesta mesma pena quem realizar experiência dolorosa ou crueldade em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

Em 1995, foi apresentado à Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias, o Projeto de Lei (PL) nº 1.153-A, de autoria do Deputado Sérgio Arouca), que regulamenta o inciso VII, do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, dispondo sobre a utilização de animais em atividade de ensino, pesquisa e experimentação e dá outras providências.

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Em 1997, cria-se, por meio do Poder Executivo, o PL nº 3.964, que foi apensado ao PL nº 1.153-A/95. Em 25 de junho de 2003, obteve-se aprovação da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) e, em 21 de dezembro de 2006, aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). O projeto continua tramitando na Câmara de Deputados.

O Capítulo II, do PL nº 1.153-A/95 (apenso o PL nº 3.964/97), trata dos Cuidados Gerais com os Animais e diz o art. 4º “todo animal utilizado ou destinado a ser utilizado num experimento deve beneficiar-se de abrigo, ambiente adequado, um mínimo de liberdade de movimentos, alimentação, água e cuidados necessários à sua saúde e ao seu bem-estar, na forma do regulamento.”

Ainda, com relação ao PL nº 1.153-A/95 (apenso o PL nº 3.964/97), cabe ressaltar o Capítulo III, que trata Dos Experimentos. Segundo o art. 5º “A utilização de animais em atividades de ensino, pesquisa e experimentação condiciona-se aos seguintes princípios: I - tratamento de respeito ao animal, independentemente de sua utilidade para o homem; II - restrição a experimentos relevantes e a situações em que inexistam, comprovadamente, técnicas que dispensem a utilização de animais e possam obter resultados satisfatórios para os fins pretendidos; III - adequação da espécie, do número de animais utilizados e do tempo de duração de cada experimento ao mínimo indispensável para obtenção de dados representativos; IV - utilização de métodos que reduzam ao mínimo os sofrimentos e as lesões causados aos animais; V - realização do trabalho por profissionais legalmente habilitados; VI - adoção de normas de segurança recomendadas internacionalmente; VII - planejamento e execução dos experimentos de forma a evitar ou, nessa impossibilidade, minimizar a dor e o sofrimento dos animais; VIII - assunção de que animais sentem dor de maneira similar aos seres humanos.

O art. 6º trata da utilização de métodos alternativos, ficando “proibida a utilização de animal em qualquer experimento para o qual seja possível utilizar outro método cientificamente adequado.” O § 2º determina que “o número de animais utilizados e o tempo de duração de um experimento devem ser os mínimos indispensáveis para produzir o resultado conclusivo.”

O art. 7º diz que os experimentos que possam causar dor ou angústia devem desenvolver-se sob sedação, analgesia ou anestesia adequadas. Segundo o § 1º aqueles experimentos cujo objetivo seja o estudo dos processos relacionados à dor e à angústia condicionam-se a autorização específica da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA). Esta comissão deve ser instituída pelas Instituições que desenvolvem ensino, pesquisa ou experimentação, bem como criem ou comercializem animais com essas finalidades. O § 2º veda o uso de bloqueadores neuromusculares ou relaxantes musculares em substituição a substâncias sedativas, analgésicas ou anestésicas. E o § 3º diz que “se, durante o experimento, o animal apresentar sinais de dor ou sofrimento intensos a despeito de anestesia ou analgesia, a dor deve ser imediatamente aliviada e, se isso não for possível, o animal deve ser sacrificado por métodos humanitários.

O art. 8º determina o destino dado ao animal ao encerrar-se o experimento, se ele deve ser mantido vivo ou sacrificado por métodos humanitários. A eutanásia deve ser cometida quando o animal não tiver condições de recuperar a saúde completa ou possa apresentar dor ou sofrimento intensos.

De acordo com o art. 9º “é vedada a reutilização de um animal já utilizado num experimento que lhe tenha causado sofrimento ou dores violentas ou permanentes, independentemente de se ter recorrido a anestesia ou analgesia.”

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O art. 10 recomenda que as práticas de ensino devem, sempre que possível, ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de experimentos didáticos com animais.

O art. 11. determina que “todo experimento deve ser realizado ou supervisionado por profissional de nível superior, graduado ou pós-graduado na área biomédica, vinculado a instituição credenciada pelo CONCEA.” O CONCEA vem a ser o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, presidido pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente.

É importante aqui destacar o papel do COBEA na questão da Ciência de Animais de Laboratório. Em 1991 o COBEA criou os Princípios Éticos na Experimentação Animal, que têm orientado diversos pesquisadores preocupados com o bem-estar animal. Em 2003, o COBEA, juntamente com a Association for Assesment and Accreditation of Laboratory Animal Care (AAALAC) publicou o “Manual sobre Cuidados e Usos de Animais de Laboratório”. Outra publicação importante, apoiada pelo COBEA (divulgada últimas Reuniões Anuais da FeSBE) partiu do Departamento de Psicobiologia, da Escola Paulista de Medicina, em 2005, os “Princípios Éticos e Práticos do Uso de Animais de Experimentação”.

Uso de animais em pesquisa X Ética

Como em qualquer investigação científica, o mérito de experimentos com animais depende da rígida adesão ao método científico. Esta adesão determinará a reprodutibilidade e a confiabilidade dos resultados, chave para todo o bom experimento (Claude Bernard, 1865).

Mesmo que os padrões culturais do século XXI possam estar distantes daqueles vivenciados por Claude Bernard, no que diz respeito ao comportamento ético na experimentação animal, suas idéias apontam para uma preocupação bastante precoce com a utilização de métodos que garantam resultados confiáveis na investigação científica.

A exigência de rigor científico na pesquisa é a melhor forma de trabalhar de forma ética, uma vez que melhora a qualidade dos resultados. Resultados com menor variabilidade diminuem o número de animais necessários para finalizar um experimento, e, portanto, o sofrimento animal. Baseado nesta premissa, o passo seguinte será estabelecer de que forma pode-se implementar maior rigor científico em determinado método de pesquisa, a fim de garantir tanto a credibilidade dos resultados, como a desejada redução do número de animais utilizados.

Sabe-se da importância de manusear adequadamente e cuidar dos aspectos sanitários para garantir a saúde e o bem estar dos animais, e assim minimizar seu estresse. No entanto, na prática diária da pesquisa, muitas vezes esquece-se que são os detalhes que determinam o sucesso ou o fracasso do nosso trabalho. Não raro pesquisadores e professores manifestam espanto com a variabilidade dos resultados ou até a grande diferença encontrada em comparação ao que já está na literatura. Dessa forma, a pergunta que precisa ser respondida é: o que se pode fazer para aderir rigidamente ao método científico, que inclui o tratamento adequado aos animais, e assim diminuir a variabilidade dos resultados?

A primeira atitude é aumentar o controle sobre as etapas dos procedimentos. O pesquisador ou o professor certamente irá manusear o animal, talvez anestesiá-lo para algum procedimento cirúrgico ou ensaio de pesquisa e/ou ensino. Em outros casos, a eutanásia poderá ser necessária. É extremamente importante ressaltar que esses

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procedimentos são utilizados somente quando não há outra forma de chegar a uma conclusão que contribua para minimizar, no futuro, o próprio sofrimento animal e de seres humanos.

Dessa forma, a geração de resultados relevantes e confiáveis para salvar vidas, deve basear-se em tratamento que proporcione ao animal redução do estresse e melhoria da sua condição fisiológica. Estudos demonstram que o simples fato da freqüência cardíaca (FC) estar aumentada, independentemente da atividade nervosa simpática, aumenta o estresse oxidativo cardíaco e ativa proteínas quinases mitogênicas, causando hipertrofia e fibrose do músculo cardíaco.

A conduta ética é uma necessidade especialmente nas avaliações que levam em consideração todos os ângulos da discussão. Um dos aspectos que deve ser considerado é a saúde animal. Segundo o Committee on Infectious Disease of Mice and Rats, a maioria das infecções naturais com organismos patogênicos em ratos e camundongos, são subclínicas e, portanto, não detectáveis pela simples observação. Ainda segundo este Comitê, estas infecções subclínicas induzem a aberrações nos resultados das pesquisas. Procedimentos sépticos previnem o aparecimento de infecções e não apenas o aparecimento de doenças clinicamente observáveis.

Vários estudos deixam claro que, uma vez sendo o transporte e o manuseio dos animais inevitáveis, devemos garantir a eles no mínimo ambiente limpo e silencioso, manuseio gentil e alimentação adequada. Essa conduta garantirá uma diminuição do estresse e de alterações, visíveis ou não, capazes de interferir no resultado dos procedimentos. Neste sentido, a adoção de medidas que promovam o bem estar animal passa a representar não apenas uma opção, mas uma necessidade, tanto em sala de aula como nos laboratórios que almejem contribuir com o avanço da ciência. Os problemas éticos verificados em alguns países em desenvolvimento estão relacionados à equivocada percepção de que animais não têm sensibilidade. É preciso que todos aqueles que trabalham com pesquisa básica observem os animais que escolheram para realizar seus estudos.

Se assim o fizerem, terão a certeza de que animais, assim como seres humanos, reagem da mesma forma a estímulos. Aliás, é exatamente esta semelhança na sensibilidade que possibilita a sua participação em estudos que contribuem para a compreensão da fisiopatologia do organismo humano.

Além disso, não se pode deixar influenciar por sentimentos extremos. Nem o uso indiscriminado de seres vivos em ensino e pesquisa deve ser permitido, nem devemos eliminar sua participação nesses estudos. É fundamental que o conhecimento profundo sobre a fisiopatologia da espécie em estudo determine as regras de conduta a serem adotadas no futuro, e que os cuidados técnicos/éticos utilizados determinem a credibilidade da equipe. Ser ético no tratamento com animais não é uma opção, mas sim uma obrigação daqueles que desejam fazer ciência. Somente esses professores/pesquisadores devem ter a permissão para utilizarem seres vivos em seus estudos, porque ser ético é também ser conhecedor.

Essas informações demonstram a importância de controlarmos todas as etapas do experimento. Quantos animais serão mantidos por caixa e a freqüência com que as caixas-moradia serão limpas, qual a melhor ração e não simplesmente a de menor custo, qual anestésico é o melhor para o animal e para o estudo, quais os cuidados pré e pós-operatórios serão adotados, qual o analgésico será preconizado para reduzir a dor, entre muitos outros cuidados que devemos ter para atender ao protocolo experimental e às normas éticas.

Deve-se utilizar seres vivos somente nos casos em que o resultado gerado seja fundamental para salvar muito mais vidas do que aquelas que estão sendo finalizadas

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durante os estudos. Somente meios éticos podem justificar fins que salvam vidas. Se as pesquisas forem interrompidas, milhões de pessoas continuarão a morrer de AIDS, câncer, hipertensão, gripe, entre muitas outras doenças que ainda não temos a cura e outras que ainda estão por vir, resultado do ritmo frenético e o confinamento que o mundo de hoje está nos impondo. Como reconhecimento à contribuição silenciosa de milhares de seres vivos, o mínimo que se espera da classe científica é uma atitude ética em relação aos animais que, mesmo desprovidos da possibilidade de manifestação ativa, tenham sua sensibilidade respeitada durante os procedimentos a que são submetidos. Por fim, é preciso agradecer a todos que contribuíram para o avanço do conhecimento e com isso permitiram salvar a vida de muitos seres queridos, humanos e não humanos.

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Biotérios

Biotérios são instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a servir como reagentes biológicos em diversos tipos de ensaios controlados, para atender as necessidades dos programas de pesquisa, ensino, produção e controle de qualidade nas áreas biomédicas, ciências humanas e tecnológicas segundo a finalidade da instituição. Os animais criados serão usados como reativos biológicos. Portanto a sua pureza deverá ser fiscalizada ainda dentro do biotério, de forma a apresentar reações uniformes propiciando a repetibilidade e a reprodutibilidade de resultados experimentais.

É necessário estabelecer requisitos quanto à organização funcional, espacial e construtiva que permitam a criação ou a experimentação animal dentro de padrões de higiene, assepsia e segurança necessários à obtenção ou utilização de diferentes espécies animais segundo seu padrão sanitário. TIPOS DE BIOTÉRIOS

Um dos pontos a ser analisado para a instalação de um biotério é a localização, que está diretamente relacionada à sua finalidade. A localização deverá apresentar certas características tais como, facilidade de estacionamento, local para carga e descarga de animais e suprimentos.

Existem 3 tipos de biotérios: · Biotério de experimentação: onde os animais ficarão alojados durante um

determinado período experimental. · Biotério de criação: apresenta os animais matrizes para os experimentos · Biotério de produção: apresenta os animais em acasalamento para aumentar a

prole

Atualmente, os critérios na pesquisa científica exigem animais com padrão sanitário conhecido o que tem contribuído para que instituições nacionais invistam na melhoria de seus biotérios. A padronização microbiológica tem diminuído o número de animais usados pela redução das variações dentro e entre os grupos de testes, contribuindo, portanto, para o bem estar e a saúde dos animais de laboratório, reduzindo os riscos para a saúde humana devido a zoonoses. Assim, há uma tendência de se utilizar animais de laboratório de acordo com os seguintes padrões sanitários:

· animais convencionais: criados em biotérios que não possuem barreiras sanitárias adequadas para impedir introdução de microrganismos. São usualmente criados em sistemas de gaiolas abertas e em condições de livre acesso, estando, por isso, sempre sujeitos a novas infecções.

· animais livres de microrganismos patogênicos específicos: são isentos de organismos patogênicos definidos que causam doenças clínicas ou subclínicas ou, ainda, potencialmente patogênicos a uma determinada espécie animal. Esse padrão de saúde dependerá de uma lista individual de exclusão de microrganismo. Estes animais são mantidos em biotérios com eficientes barreiras sanitárias ou são alojados em equipamentos que lhes garantam seu padrão microbiológico. Sua microbiota é controlada, de forma que alberguem somente agentes não patogênicos à espécie.

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· animais axênicos: são derivados por histerectomia, criados e mantidos em isoladores com técnicas para animais livres de microrganismos e livres de todas as formas associadas de vida.

· animais gnotobióticos: criados e mantidos como os animais axênicos, porém presentam alguma forma de vida adicional. Essas podem ser poucas em números e não patogênicas.

· animais com microbiota definida associada: são animais axênicos os quais foram intencionalmente associados com um ou mais microrganismos.

· animais mantidos em barreiras: são animais originalmente flora definida que foram removidos dos isoladores e alojados em biotério com barreiras sanitárias. Assim, os animais são repetidamente testados para monitorar a presença desses microorganismos deliberadamente inoculados e a presença de organismos acidentalmente adquiridos.

· animais monitorados: alojados em sistema de barreira de baixa segurança e que, por monitoramento periódico, revelam-se livres da maioria de patógenos. Outros não patogenos associados são desconhecidos.

A qualidade sanitária em um biotério é imprescindível para seu funcionamento

regularizado. O risco de introdução de uma infecção em colônias de roedores é sempre muito alto no recebimento de novos animais. O recebimento inadvertido de um único animal infectado pode causar uma doença epidêmica acarretando perda de tempo e de dados de pesquisa, já que a eliminação da contaminação de um patógeno no biotério é um processo custoso e demorado.

A ocorrência de enfermidades nos animais residentes pode ser evitada por precauções que devem ser tomadas na origem dos animais. Assim, a qualidade começa com a definição do padrão microbiológico e parasitário do animal. O ideal é que os biotérios de criação possuam, em suas instalações, barreiras sanitárias e programas de vigilância de saúde que certifiquem que suas colônias são livres de patógenos específicos e quais microrganismos são monitorados.

Na interpretação do padrão microbiológico dos animais de laboratório, porém, infecção não é sinônimo de doença. A infecção simplesmente indica a presença do microrganismo, que pode ser patogênico, oportunista ou comensal, sendo os dois últimos mais numerosos. Poucos microrganismos, encontrados hoje em animais de laboratório, determinam manifestações clínicas. O pesquisador deve entender que as doenças provocadas por microrganismos nem sempre expressam manifestações clínicas e mesmo assim, podem interferir nos resultados do experimento. Portanto, animais considerados saudáveis podem ser inadequados para pesquisas devido a falhas de avaliação dos sinais clínicos locais, sistêmicos ou comportamentais, causados pela presença de vírus, bactérias e parasitos que possam estar infectando ou parasitando o animal. Muitas infecções em roedores são subclínicas e modificações nos resultados de pesquisas ocorrem por infecções naturais com ausência de manifestações clínicas.

Para assegurar os padrões microbiológicos dos animais e do ambiente do biotério a quarentena cumpre um papel de relevância em situações em que o padrão microbiológico de novos animais pode acarretar danos à saúde dos outros residentes, e dos indivíduos envolvidos no ambiente do biotério. Dessa forma a quarentena consiste na manutenção de animais recém-adquiridos em instalações isoladas até que se determine o estado de saúde e, possivelmente, o perfil microbiológico destes. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

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Devemos considerar que a condição sanitária dos animais é determinada não

somente pela origem destes, mas também pelo meio ambiente em que estão vivendo, afetando diretamente suas respostas biológicas, fisiológicas e comportamentais. Sendo assim, os biotérios devem ser projetados a atender as recomendações para a criação ou manutenção de animais e para minimizar os efeitos do meio ambiente nas variáveis do animal. Um bom programa de gerenciamento deve incluir instalação, ambiente e cuidados que permitam ao animal crescer, desenvolver, reproduzir, manter boa saúde, ter bem-estar e minimizar as variações que podem afetar resultados de pesquisa.

O microambiente diz respeito ao espaço físico imediatamente próximo ao animal, ou seja, a gaiola, com parâmetros próprios para temperatura, umidade relativa, composição de gases e partículas do ar. Os componentes mais importantes, a nível do micro-ambiente, são os materiais usados na confecção de gaiolas, o projeto da gaiola, a distribuição espacial das gaiolas e o material da cama. As correntes convectivas, provocadas pelo calor dos animais, associadas ao número de animais por gaiola, de gaiola por estante e de gaiolas por sala, são fatores que poderão contribuir para a contaminação cruzada. O movimento de ar resultante em cada sala depende da interação entre as correntes de ar que se originam das gaiolas com animais, de outras fontes de calor (equipamentos, lâmpadas e janelas), de movimento, bem como do próprio sistema de insuflamento e de exaustão.

O macroambiente, por sua vez, refere-se ao ambiente físico secundário – como, por exemplo, a sala, o estábulo ou hábitat externo. Embora ambos estejam relacionados, o ambiente na gaiola pode ser bem diferente do secundário e sofre influência pelo desenho dos dois ambientes. Os fatores físicos ambientais que mais influenciam as respostas biológicas dos animais são a temperatura, a umidade relativa, a ventilação, a intensidade de luz, o fotoperíodo, os ruídos, os gases e as substâncias particuladas. INSTALAÇÃO DE BIOTÉRIOS E BIOSSEGURANÇA

Biotérios de experimentação devem ser construídos próximos à laboratórios de pesquisa. Assim, deverão ser previstos espaços para a instalação de barreiras sanitárias de proteção, tanto para o trabalhador quanto para o meio ambiente.

Preconiza-se a instalação do biotério de criação em áreas isoladas, distantes de centros urbanos, em locais onde possa ser mais facilmente evitada uma introdução de fatores ambientais desfavoráveis, assegurando-se do cumprimento das normas adequadas de transporte dos animais.

Os biotérios podem ser implantados de duas formas: pavilhonar ou em bloco único. O sistema pavilhonar possui áreas destinadas aos animais independentes da área de controle de serviços. Nas áreas dos animais encontram-se os equipamentos mecânicos, bem como o depósito de ração e suprimentos. Nas áreas de serviço encontram-se a recepção dos suprimentos, escritórios e equipamentos para lavagem e desinfecção. Esta forma é bastante favorecida por limitar o acesso. Os animais são facilmente separados por espécie e por categoria, em edificações específicas, contendo anexos comuns. Além disto, a construção pavilhonar facilita a expansão quando necessária. Porém, para este tipo de edificação, são elevados os custos de construção e de manutenção. Os espaços de apoio comuns deverão estar localizados centralmente em relação às áreas de produção a fim de que sejam facilitados os fluxos operacionais.

O sistema de construção em bloco único está disposto num só piso, situado ao nível térreo, para facilitar o controle sanitário, as rotinas de trabalho, o acesso de pessoal, de

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suprimentos e a evacuação de lixo. Neste tipo de implantação os acessos ao biotério se dão através de barreiras. São independentes dos acessos às outras áreas ocupadas. Pode possuir um único corredor ou um sistema de dois corredores. No sistema mais simples, que constitui o biotério convencional, a circulação de pessoas, material limpo, lixo contaminado e de outros materiais, são feitos através de um único corredor, o que pode propiciar contaminação. Neste tipo o acesso e a saída das salas são separados, ou seja, passam a ocorrer por dois corredores independentes, havendo, portanto, maior nível de contenção. Este biotério possui melhor padrão sanitário, porém, requer maior área física. Temos dois corredores separados. O primeiro, denominado corredor de acesso (de distribuição ou corredor “limpo”), é destinado ao tráfego de pessoal técnico e de material a ser enviado às salas. O segundo, denominado corredor de retorno (corredor “contaminado” ou “sujo”) é destinado à saída de todos os materiais a serem encaminhados à esterilização, lavagem e incineração. O manejo de animais oferece aos humanos, basicamente, dois tipos de risco: o de infecção e o traumático. Os animais podem excretar microrganismos nas fezes, urina, saliva ou aerolizá-los, originando, conseqüentemente, infecções, alergias e outros problemas. Existe ainda a possibilidade de inoculação de patógenos por mordeduras ou arranhaduras, assim como a transmissão direta, por contato com o animal, seu sangue ou tecidos coletados em necrópsias e autópsias, e indireta, por inalação de poeira originada das gaiolas e camas dos animais. Considerando, ainda, que animais infectados podem apresentar infecções subclínicas, não apresentando os sintomas da doença, todos os animais deverão ser considerados potencialmente infectados. Além disto, é bom lembrar que, geralmente, as infecções naturais oferecem maior risco que as induzidas. Isto porque não são geralmente sintomáticas e não serão detectadas antes das primeiras manifestações.

Quanto às medidas específicas de segurança para experimentação animal com agentes perigosos, deve ser dada especial atenção aos procedimentos sobre cuidados e alojamento de animais, armazenamento de agentes de risco e prevenção contra perigos causados por esses agentes, dosagem e administração de medicamentos, manuseio de tecidos e fluidos corporais, eliminação de excretas e carcaças e proteção pessoal. Exige-se o emprego de equipamento de segurança específico, bem como o seu manejo adequado, além de práticas seguras. Em suma, para uma segurança eficaz, é necessário pessoal treinado e que siga rigorosamente a aplicação das normas de proteção contra riscos (NIH, 2002). No Manual de Biossegurança de Laboratório, deve constar diretrizes para a experimentação animal que sumarizam as recomendações de outros guias e recomendações nacionais e estrangeiras.

A biossegurança é demonstrada mediante a determinação dos níveis de contenção física, de seus requisitos e da utilização de procedimentos de boas práticas laboratoriais, que são objetos da derivação dos julgamentos dos pesquisadores baseados no conhecimento atual e que têm por objetivo o desenvolvimento de um trabalho seguro. Os níveis de contenção física são classificados em quatro classes de risco.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), define, em sua norma n°NIT-DICLA-028, de setembro de 2003 - “Critérios para o credenciamento de laboratórios de ensaios segundo os princípios BPL (Boas Práticas de Laboratório)”, ou seja, reúne diretrizes para a concretização de um sistema da qualidade que abranja o processo organizacional e as condições em que estudos são planejados, gerenciados, desenvolvidos, monitorados, registrados, arquivados e relatados. A proposta destes princípios de BPL é, portanto, promover o desenvolvimento da qualidade dos dados de testes e capacitar um instrumento diretivo que assegure a saudável abordagem gerencial, incluindo conduta, informação e arquivamento dos estudos de laboratório.

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No Brasil, as BPL (recomendadas pela legislação ambiental do IBAMA) aplicam-se, obrigatoriamente, aos laboratórios que trabalham nas áreas de toxicologia, ecotoxicologia e ecossistemas. As diretrizes e os princípios das BPL foram publicados pela primeira vez pelo Inmetro em 1995. Atualmente, são aplicados os critérios contidos na Norma Inmetro Nº NIT-DICLA-028, baseados em documentos originais da OECD. BARREIRAS PRIMÁRIAS EM BIOTÉRIOS - Caixas ventiladas: Estas caixas podem ser: caixas com filtros no topo, caixas de isolamento e cubículos para isolamento de caixas. - Cabines de Segurança Biológica: Estes tipos de equipamentos têm como objetivo principal conter quaisquer aerossóis gerados durante os ensaios com animais, tais como: necrópsias de animais infectados, manuseio de fluidos ou tecidos; ovos de animais infectados; inoculação intranasal de animais e manipulação de altas concentrações ou grandes volumes de material infeccioso. - Sistema de contenção animal de ar limpo: Este é um sistema de contenção parcial. Necessita de equipamentos de proteção individual para os técnicos. Previne a propagação de infecções entre os animais nos cubículos adjacentes. Minimiza tanto as infecções cruzadas dentro dos cubículos quanto a exposição dos animais aos contaminantes do ar da sala. Caixas convencionais são mantidas em cubículos com frente aberta, colocados verticalmente dos dois lados da sala. O ar insuflado passa por filtros absolutos (HEPA), de cima para baixo, por entre as passagens dos cubículos, e é retirado de dentro das caixas sendo exaurido pela parte inferior dos cubículos. O ar é recirculado através de filtros HEPA (23). - Autoclaves: Os métodos mais eficazes de esterilização de materiais oriundos dos laboratórios de experimentação animal são aqueles que utilizam a aplicação de calor úmido por pressão. Para a execução destas atividades são utilizadas três tipos de autoclaves: com deslocamento por gravidade, à vácuo e do tipo panela de pressão aquecida com combustível. - Incineradores: A incineração é um método útil para o descarte dos resíduos dos laboratórios de experimentação animal. Este processo só será indicado em substituição ao da autoclavação nos casos de existência de um incinerador sob o controle do próprio laboratório e se houver a existência de câmara secundária de combustão. São desenhadas de forma a permitir ótima combustão e o mínimo de emissão de poluentes no ar. Os resíduos são incinerados na câmara primária, onde a temperatura atinge pelo menos 800ºC. Os gases combustíveis e partículas que deixam a câmara primária são totalmente oxidados na câmara secundária por adição de calor onde a temperatura deve atingir no mínimo 1000ºC. Os materiais que se destinam à incineração, mesmo após serem autoclavados, devem ser transportados até o incinerador, dentro de sacos plásticos fechados totalmente, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo mesmo se virados para baixo. Os sacos contendo os resíduos deverão ser enviados dentro de um recipiente fechado e com tampa. As lixeiras para resíduos deste tipo deverão ser providas de tampas.