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Atualidades Prof. Cássio Albernaz

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Primeiros lugares do último concurso da CEF

Alunos da Casa aprovados em todo o Brasil

Confira a lista completa dos aprovados da CEF:

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Clique no link:

Ana Carolina Possionato ‒ Bacabal ‒ MA Raphael Santos Correa Silva ‒ Aracajú ‒ SE André Felipe Alves das Chagas do Rosário ‒ Cascavel ‒ PB Francion Pereira dos Santos ‒ Patos ‒ PBFabíola Brito Feitosa ‒ Itabuna ‒ BA Jeová Enderson Costa Bento ‒ Teresina ‒ PI

NORDESTE

CENTRO-OESTE

Marlon Mattos Pereira ‒ Santarém ‒ PA Roberta Degliomeni ‒ Cruzeiro do Sul ‒ ACJessica Moreno ‒ Ji-Paraná ‒ ROPerliane Maria Silva de Araujo ‒ Castanhal ‒ PA

NORTE

Manuela Schleder Reinheimer ‒ Caxias do Sul ‒ RSRodrigo Kirinus de Moura ‒ Uruguaiana ‒ RSPaulo Emanuel Prestes de Lima ‒ Santo Angelo ‒ RS Marcus Vinícius L. Giacobbo ‒ Porto Alegre ‒ RSDiogo Larrosa Furlan ‒ Maringá ‒ PR

SUL

SUDESTE

Marlon Damasceno dos Santos ‒ Osasco ‒ SPRodrigo Dantas Moriglia ‒ Jundiaí ‒ SPAlex Ianace ‒ São Paulo ‒ SPAlan Henrique Sabino Duarte ‒ Ourinhos ‒ SP

Pedro Moreira Reis ‒ Uruaçu ‒ GO Marco Aurélio Drigo ‒ Itumbiara ‒ GO

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Mais de 800 alunos aprovados no último concurso em todo o Brasil.

Alunos aprovados em TODAS as microrregiões do país.

Mais de 150 alunos aprovados entre as 10 primeiras colocações.

Não deixe de acessar:

Confira os alunos da Casa aprovados em outros concursos:

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Atualidades

Caixa Econômica Federal 2014

O que é uma prova de Atualidades?

Corriqueiramente, concurseiros dos mais diversos níveis se deparam com essa pergunta e a resposta não é tão óbvia quanto parece ser. A origem dessa confusão começa no conteúdo dos próprios programas de provas das diferentes instituições organizadoras. As bancas organizadoras possuem diferentes compreensões sobre o que vem a ser uma prova de Atualidades. Portanto, a aprovação na prova de Atualidades começa por uma leitura atenta do edital de prova e do seu conteúdo programático.

Apesar das dificuldades e das desconfianças que se possa ter com relação a este conteúdo existem alguns terrenos seguros nos quais podemos nos debruçar. Para desvendar esses “nós” devemos definir algumas prioridades. Inicialmente, é possível entender atualidades como o domínio global de tópicos atuais e relevantes. Nesse sentido, domínio global significa saber situar e se situar frente aos temas, algo diferente de “colecionar” e “decorar” fatos da atualidade. A relevância de tais tópicos se dá em função da “agenda” de debates do momento e do conteúdo programático do concurso que se vai realizar. Ou seja, nem tudo interessa para uma prova de Atualidades.

Numa prova séria e bem feita de Atualidades (e pasmem elas existem!), o mundo das celebridades, o vai e vem do mercado futebolístico, o cotidiano do noticiário policial, etc., têm pouco valor como conteúdo de prova. Assim, os fatos só passam a ser conteúdos de prova quando possuem valor histórico, sociológico, e político para compreensão da realidade presente e dos seus principais desafios.

Dessa forma, o conteúdo de prova refere-se as “atualidades” e seus fatos através de um desencadeamento global de conhecimentos e noções que se relacionam ao contexto nacional e ao internacional. Portanto, tal conteúdo tem como característica fundamental a interpretação do fenômeno histórico político e social a partir de seus diferentes tópicos: política econômica; política ambiental; política internacional; política educacional; política tecnológica; políticas públicas; política energética; política governamental; aspectos da sociedade; bem como o desencadeamento de relações entre esses conteúdos e os fatos da atualidade.

Desde já, chama-se a atenção para o fato de que o conteúdo de Atualidades é muito diferente de outros conteúdos. Não existem fórmulas, macetes, atalhos, “musiquinhas”, ou qualquer outro estratagema capaz de preparar um aluno para tal empreitada. O que existe é interesse e leitura. O que esse material oferece então é o direcionamento para a prova. As chaves de interpretação, modos de pensar e de relacionar os conteúdos serão fornecidos em aula. Assim, colocamos à disposição textos e comentários para informação e reflexão prévia sobre os principais tópicos de Atualidades.

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Por que estudar Atualidades?

Para além da resposta óbvia: – para passar no concurso! O conteúdo de atualidades é hoje um diferencial em tempos de concursos tão disputados, pois as médias de acertos são elevadas nas matérias mais tradicionais, como Português, Direitos, etc., os acertos no conteúdo de Atualidades podem lançar o candidato posições à frente. Esse argumento ganha maior peso porque a maioria dos concurseiros não sabe o que estudar e nem como estudar.

Para além desse fato, saber refletir sobre atualidades é um ato de conscientização política e social, engajamento, e cidadania, por isso muitos concursos públicos exigem esse conhecimento de forma orientada.

Dessa forma, pergunto aos concursandos: Por que não estudar atualidades?

Bons estudos!

Cássio Albernaz

Conteúdo do Último Edital:

Tópicos atuais e relevantes nas seguintes áreas: Política, Economia, Sociedade, Educação, Segurança, Tecnologia, Energia, Relações Internacionais, Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade socioambiental e ecologia, e suas vinculações históricas.

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Clipping de Notícias:

Os textos aqui apresentados são referências de temas atuais que podem ser abordados para a prova de Atualidades

POLÍTICA

LEI DA FICHA LIMPA PASSA NO SUPREMO

Ficha Limpa é Constitucional e já vale para eleições, diz Supremo

O Estado de S. Paulo – 17/02/2012

Depois de quase dois anos e 11 sessões de julgamento, a Lei da Ficha Limpa foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e será aplicada integralmente já nas eleições deste ano. Pela decisão, a lei de iniciativa popular atingirá também atos e crimes praticados antes da sanção da norma, em 2010. A partir das eleições de 2012, não poderão se candidatar políticos condenados por órgãos judiciais colegiados por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e contra o patrimônio público, improbidade administrativa, corrupção eleitoral ou compra de voto, entre outros, mesmo que ainda possam recorrer da condenação. Também estarão impedidos de disputar as eleições aqueles que renunciaram aos mandatos para fugir de processos de cassação por quebra de decoro, como fizeram, por exemplo, Joaquim Roriz (PSC-DF), Paulo Rocha (PT-PA), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Detentores de cargos na administração pública condenados por órgão colegiado em processos de abuso de poder político ou econômico, ou que tiverem suas contas rejeitadas, também serão barrados. Pelo texto da lei aprovado pelo Congresso e mantido pelo STF, aqueles que forem condenados por órgãos colegiados permanecem inelegíveis a partir dessa condenação até oito anos depois do cumprimento da pena. Esse prazo, conforme os ministros, pode superar em vários anos o que está previsto na lei. Se um político for condenado a cinco anos de prisão por órgão colegiado, por exemplo, já estará imediatamente inelegível e continuará assim mesmo se recorrer da sentença em liberdade, até a decisão em última instância. Se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmar a pena de cinco anos, o político ficará inelegível durante o período de reclusão. Quando deixar a cadeia, terá início o prazo de oito anos de inelegibilidade previsto pela Ficha Limpa. Depurado. "Uma pessoa que desfila pela passarela quase inteira do Código Penal, ou da Lei de Improbidade Administrativa, pode se apresentar como candidato?", indagou o ministro Carlos Ayres Britto. Ele explicou que a palavra candidato significa depurado, limpo. O ministro disse que a Constituição tinha de ser dura no combate à improbidade porque o Brasil não tem uma história boa nesse campo.

Atualidades

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"A nossa tradição é péssima em matéria de respeito ao erário", disse Ayres Britto. "Essa lei é fruto do cansaço, da saturação do povo com os maus tratos infligidos à coisa pública." Por terem de analisar todos os artigos da lei, o julgamento teve diversos placares. Por 6 votos a 5, os ministros julgaram que a Ficha Limpa vale para fatos ocorridos antes da sanção da lei, em 2010. De acordo com Gilmar Mendes, julgar constitucional a lei para atingir casos já ocorridos seria abrir uma porta para que o Congresso aprove legislações casuísticas para atingir pessoas determinadas com base no que fizeram no passado. "Não há limites para esse modelo. Isso é um convite para mais ações arbitrárias", afirmou. Além dele, votaram contra a retroatividade os ministros Celso de Mello, Marco Aurélio Mello e Cezar Peluso. Por 7 votos a 4, o Supremo julgou constitucional barrar candidatos condenados por órgãos colegiados. Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e Cezar Peluso consideram que, nesses pontos, a Ficha Limpa viola o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes de condenação definitiva. Por 6 votos a 5, os ministros julgaram não ser exagerado o prazo fixado na lei para que permaneça inelegível o político condenado por órgão colegiado – oito anos a contar do fim do cumprimento da pena. Cinco ministros defendiam que o prazo começasse a contar da condenação pelo órgão colegiado. Assim, quando a pena fosse cumprida, o político poderia se candidatar. Desde 2010, o STF tentava concluir o julgamento da aplicação e da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa. Em 2011, com a posse de Luiz Fux, foi decidido que a norma só valeria a partir das eleições de 2012. A chegada de Rosa Weber no fim do ano passado deixou o STF novamente com 11 ministros e, assim, permitiu a conclusão do julgamento de constitucionalidade da lei.

STF CONDENA SENADOR, MAS NÃO TIRA MANDATO

Supremo condena senador por fraude

Correio Braziliense – 09/08/2013

Pela primeira vez na história, o Supremo julgou e condenou um senador. Ivo Cassol (PP-RO) foi considerado culpado no crime de fraude a licitação e punido com 4,8 anos de prisão em regime semiaberto. Mas, em vez de determinar a perda automática do cargo eletivo, como fez no caso do mensalão, o tribunal reviu o entendimento e deixou para o Senado a decisão de cassá-lo ou não. A mudança de posição do STF se deve à entrada em cena dos dois últimos ministros nomeados por Dilma: Teori Zavascki e Roberto Barroso. Foi o voto dos dois que fez o placar anterior, de 5 a 4, mudar para 6 a 4 (Luiz Fux não participou dessa decisão). A expectativa é de que o novo entendimento interfira também no julgamento dos recursos dos réus do mensalão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ontem, por 10 votos a zero, o senador Ivo Cassol (PP-RO) a 4 anos, 8 meses e 26 dias de prisão em regime semiaberto e multa de R$ 201,8 mil pelo crime de fraude em licitações. O delito foi cometido entre 1998 e 2002, quando o parlamentar exercia o cargo de prefeito da cidade de Rolim de Moura, em Rondônia. O congressista ficará em liberdade até o julgamento de eventuais recursos que poderá protocolar na própria Suprema Corte. Os ministros definiram que caberá ao Senado deliberar sobre a perda do mandato de Cassol, decisão que deve interferir no caso dos réus detentores de cargo eletivo condenados no julgamento do mensalão.

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Na Ação Penal 470, o STF havia determinado por cinco votos a quatro a perda do mandato dos parlamentares condenados, cabendo ao Congresso apenas cumprir a ordem. No entanto, diante da chegada de dois novos ministros à Corte, o entendimento acabou modificado ontem. Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso consideram que cabe ao Legislativo definir se cassará ou não o mandato do congressista. Ambos foram decisivos para a formação do placar de seis a quatro — Luiz Fux, que é contrário a essa corrente, não participou do julgamento de Ivo Cassol, pois já havia atuado no processo quando ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O presidente do STF, Joaquim Barbosa, alertou para a possibilidade de ocorrer a "incoerência" de um parlamentar que perdeu os direitos políticos e condenado ao semiaberto — regime no qual é permitido trabalhar durante o dia — exercer o mandato no Congresso até as 18h e depois ter que se recolher no estabelecimento próprio para o cumprimento da pena. "Pune-se mais gravemente quem exerce responsabilidade maior, essa deve ser a regra. Quanto mais elevada a responsabilidade, maior deve ser a punição, e não o contrário", afirmou Barbosa. Luís Roberto Barroso ponderou, no entanto, que a Constituição é clara quanto à prerrogativa exclusiva do Legislativo para decretar a perda do mandato de parlamentares. "Eu lamento que tenha essa disposição, mas ela está aqui. Comungo da perplexidade de Vossa Excelência, mas a Constituição não é o que eu quero, é o que eu posso fazer dela", disse. No julgamento, iniciado na quarta-feira e concluído ontem à noite, Ivo Cassol e os outros oito réus do processo acabaram absolvidos da acusação de formação de quadrilha. Já por fraude, além do senador foram condenados a 4 anos e 9 meses de prisão Salomão da Silveira e Erodi Antonio Matt, que eram respectivamente presidente e vice-presidente da Comissão de Licitações de Rolim de Moura. A sessão de ontem acabou presidida pelo vice-presidente Ricardo Lewandowski até a chegada, já no fim da tarde, de Barbosa ao plenário. Ele acompanhou a maior parte do julgamento de seu gabinete por ter sentido dores na coluna. O julgamento foi concluído menos de 10 dias antes do prazo em que os crimes prescreveriam: 17 de agosto.

"Conluio"

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o esquema criminoso consistia no fracionamento ilegal de licitação de obras e serviços de modo que somente empresas envolvidas no "conluio" disputavam o procedimento. Relatora do processo, a ministra Cármen Lúcia destacou que houve a intenção de fraudar 12 licitações durante o período em que Cassol comandou a Prefeitura de Rolim de Moura. O STF definiu que não houve formação de quadrilha, uma vez que não se comprovou a reunião de mais de três acusados para a prática dos crimes. "O fato é que houve direcionamento das empresas pelo município de Rolim de Moura", frisou o revisor da ação, Dias Toffoli. Ricardo Lewandowski acrescentou. "Ocorreu, a meu ver, um conluio entre a administração do município e as empresas que participavam das licitações", afirmou. Em nota, Ivo Cassol diz que continuará exercendo o mandato, que termina em 31 de janeiro de 2019. "Sou inocente e vou recorrer em liberdade da sentença que fui condenado! Não houve direcionamento às empresas beneficiadas e muito menos fracionamento dos processos licitatórios conforme denúncia contra mim apresentada", destacou o parlamentar, primeiro senador condenado na história do STF. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ontem, por 10 votos a zero, o senador Ivo Cassol (PP-RO) a 4 anos, 8 meses e 26 dias de prisão em regime semiaberto e multa de R$ 201,8 mil pelo crime de fraude em licitações. O delito foi cometido entre 1998 e 2002, quando

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o parlamentar exercia o cargo de prefeito da cidade de Rolim de Moura, em Rondônia. O congressista ficará em liberdade até o julgamento de eventuais recursos que poderá protocolar na própria Suprema Corte. Os ministros definiram que caberá ao Senado deliberar sobre a perda do mandato de Cassol, decisão que deve interferir no caso dos réus detentores de cargo eletivo condenados no julgamento do mensalão. Na Ação Penal 470, o STF havia determinado por cinco votos a quatro a perda do mandato dos parlamentares condenados, cabendo ao Congresso apenas cumprir a ordem. No entanto, diante da chegada de dois novos ministros à Corte, o entendimento acabou modificado ontem. Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso consideram que cabe ao Legislativo definir se cassará ou não o mandato do congressista. Ambos foram decisivos para a formação do placar de seis a quatro — Luiz Fux, que é contrário a essa corrente, não participou do julgamento de Ivo Cassol, pois já havia atuado no processo quando ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O presidente do STF, Joaquim Barbosa, alertou para a possibilidade de ocorrer a "incoerência" de um parlamentar que perdeu os direitos políticos e condenado ao semiaberto — regime no qual é permitido trabalhar durante o dia — exercer o mandato no Congresso até as 18h e depois ter que se recolher no estabelecimento próprio para o cumprimento da pena. "Pune-se mais gravemente quem exerce responsabilidade maior, essa deve ser a regra. Quanto mais elevada a responsabilidade, maior deve ser a punição, e não o contrário", afirmou Barbosa. Luís Roberto Barroso ponderou, no entanto, que a Constituição é clara quanto à prerrogativa exclusiva do Legislativo para decretar a perda do mandato de parlamentares. "Eu lamento que tenha essa disposição, mas ela está aqui. Comungo da perplexidade de Vossa Excelência, mas a Constituição não é o que eu quero, é o que eu posso fazer dela", disse. No julgamento, iniciado na quarta-feira e concluído ontem à noite, Ivo Cassol e os outros oito réus do processo acabaram absolvidos da acusação de formação de quadrilha. Já por fraude, além do senador foram condenados a 4 anos e 9 meses de prisão Salomão da Silveira e Erodi Antonio Matt, que eram respectivamente presidente e vice-presidente da Comissão de Licitações de Rolim de Moura. A sessão de ontem acabou presidida pelo vice-presidente Ricardo Lewandowski até a chegada, já no fim da tarde, de Barbosa ao plenário. Ele acompanhou a maior parte do julgamento de seu gabinete por ter sentido dores na coluna. O julgamento foi concluído menos de 10 dias antes do prazo em que os crimes prescreveriam: 17 de agosto.

"Conluio"

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o esquema criminoso consistia no fracionamento ilegal de licitação de obras e serviços de modo que somente empresas envolvidas no "conluio" disputavam o procedimento. Relatora do processo, a ministra Cármen Lúcia destacou que houve a intenção de fraudar 12 licitações durante o período em que Cassol comandou a Prefeitura de Rolim de Moura. O STF definiu que não houve formação de quadrilha, uma vez que não se comprovou a reunião de mais de três acusados para a prática dos crimes. "O fato é que houve direcionamento das empresas pelo município de Rolim de Moura", frisou o revisor da ação, Dias Toffoli. Ricardo Lewandowski acrescentou. "Ocorreu, a meu ver, um conluio entre a administração do município e as empresas que participavam das licitações", afirmou. Em nota, Ivo Cassol diz que continuará exercendo o mandato, que termina em 31 de janeiro de 2019. "Sou inocente e vou recorrer em liberdade da sentença que fui condenado! Não

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houve direcionamento às empresas beneficiadas e muito menos fracionamento dos processos licitatórios conforme denúncia contra mim apresentada", destacou o parlamentar, primeiro senador condenado na história do STF.

APÓS LIVRAR DONADON, CÂMARA QUER VOTO ABERTO EM CASSAÇÕES

Após livrar Donadon, câmara agora quer abrir votos em caso de cassação

O Estado de S. Paulo – 30/08/2013

Objetivo é evitar que episódio se repita no julgamento de condenados no mensalão

Ao não cassar o mandato do deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), que está preso por ter sido condenado no STF, a Câmara colocará em votação proposta que acaba como voto secreto para esse tipo de decisão. O objetivo é evitar que o episódio se repita no caso dos condenados no mensalão. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), espera concluir o trâmite da proposta em outubro. No Senado, a articulação é para uma regra que torne automática a perda de mandato em caso de condenação criminal. O fim do segredo em processos de cassação foi aprovado pelo Senado e tramita na Câmara. O PT foi o partido que mais teve deputados que faltaram à votação de Donadon. Entre os ausentes estão os quatro condenados no mensalão: João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP), Pedro Henry (PP-MT) e José Genoino (PT-SP), de licença médica.

Na tentativa de minimizar os danos de imagem após manter o mandato do deputado preso por peculato e formação de quadrilha Natan Donadon (sem partido-RO) líderes da Câmara prometem colocar em votação a proposta que acaba com o voto secreto nesse tipo de decisão. A ideia é que a nova regra esteja valendo quando os condenados no julgamento do mensalão tiverem seus casos analisados em plenário. Anteontem, os deputados livraram Donadon da cassação em votação secreta. Ele acabou afastado pelo fato de estar cumprindo pena num presídio em Brasília. Almir Lando (PMDB-RO), seu suplente, assumiu ontem já defendendo o fim da votação secreta em caso de cassações. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que espera concluir o trâmite da proposta do voto aberto em outubro. No Senado, a articulação é para uma regra que tome automática a perda de mandato em caso de condenação criminal em sentença definitiva. O fim do segredo em processos de cassação foi aprovado pelo Senado em uma proposta de Alvaro Dias (PSDB-PR) e tramita em comissão especial na Câmara. Alves diz que há acordo entre os líderes para a matéria, apesar de a matéria andar ainda a passos lentos. aSe aprovar a do Alvaro Dias sem alteração, mantendo na íntegra, e a ideia é essa, daria para fazer a promulgação e os próximos processos na Casa já seriam assim (comvotação aberta). Daria para fazer em outubro", disse Alves, segundo quem nenhum novo caso de cassação será levado de novo a plenário até que o projeto de abertura da votação seja concretizado. Quatro deputados foram condenados no julgamento do mensalão. O Supremo determinou a perda de mandato imediata, mas a Câmara aguardava o final da; análise dos recursos afim de colo-! car os casos em plenário. Agora, além do fim dos recursos, os condenados terão de esperar a aprovação do projeto. DEM, PPS e PSB anunciaram obstrução em plenário até que a proposta seja votada como forma de pressão para acelerar a tramitação. O prazo na comissão especial é de 10 a 40 sessões e só uma foi realizada até agora.

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Precedente» Nos bastidores, petistas admitiam ontem que, ao livrar Donadon, a Câmara poderia criar um precedente para livrar, também, os condenados no mensalão. Após receber aliados em seu gabinete, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR) disse a colegas antes da votação que seria alto o número de faltantes e de abstenções, o que se confirmou depois. Vargas diz ter votado a favor da cassação. No Senado, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que já teve o mandato salvo duas vezes em votações secretas, preferiu apontar como solução a proposta que determina a perda automática do mandato em casos de condenação criminal definitiva. Marcou para 10 de setembro a votação em plenário da chama-: da aPEC dos Mensaleiros", proposta do senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE). Calheiros avaliou, porém, que a absolvição em si não desgasta o Congresso. "Acho que não desgasta porque precisamos ter respostas prontas, rápidas, céleres e eficazes. E a resposta neste caso é a PEC porque a sociedade não tolera mais essa situação. Não dá mais" afirmou Calheiros.

Parlamentares buscam brechas para anular sessão

Na tentativa de anular a sessão que absolveu Natan Donadon (sem partido-RO), dois deputados questionaram à Mesa Diretora 0 fato de o colega ter votado na sessão que decidiu seu futuro. Simplício Araújo (PP8-MA) e Amauri Teixeira (PT-BA) argumentam que a participação do colega em seu próprio julgamento viola o regimento da Câmara. A Secretaria-Geral da Mesa su tenta que não houve irregularidades. Pelo regimento, ÍÈé vedado 0 acolhimento do voto do deputado representado". Durante a sessão, 0 presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que não computaria o voto. Também na tentativa de reverter a decisão, 0 líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), protocolou mandado de segurança no Supremo pedindo que a sessão seja anulada por erros regimentais. 0 PPS disse que irá ao STF. As chances.de as ações prosperarem, porém, são baixas.

A GUERRA DE MARINA PELA REDE

A segunda batalha de Marina no TSE

Correio Braziliense – 13/08/2013

Além de validar 500 mil assinaturas – até agora tem 189 mil – a ex-senadora precisa enfrentar os prazos apertados do TSE para a criação do partido Mesmo se validar as assinaturas nos cartórios eleitorais, Marina enfrentará um longo processo no tribunal para a criação da Rede. Entre a apresentação do pedido e a votação em plenário, tramitação leva pelo menos um mês A 53 dias do prazo final para que o partido de Marina Silva seja criado em tempo hábil de participar das eleições de 2014, a ex-senadora corre contra o relógio para conseguir validar pelo menos 500 mil das 800 mil assinaturas que a Rede coletou. A certificação dos apoios pelos cartórios e pelos tribunais regionais eleitorais (TREs), porém, é apenas a primeira de duas batalhas que a pré-candidata ao Palácio do Planalto terá de enfrentar: a segunda será travada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que costuma levar mais de um mês desde a apresentação do pedido de registro até a análise do processo de criação da sigla em plenário.

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O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Marco Aurélio Mello alerta que a checagem das assinaturas é “algo de vulto”, que precisa seguir uma série de requisitos. “Há listagens para conferir. É preciso checar se os apoiamentos existem. Não se pode pretender criar um partido da noite para o dia. Há formalidades legais inafastáveis”, afirmou o ministro, que acumula funções no TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF). Porta-voz no Distrito Federal da Rede, André Lima descarta a possibilidade de o partido sofrer com o pouco tempo de tramitação no TSE. Segundo ele, a Rede Sustentabilidade está livre de impugnações, já que contou, principalmente, com o apoio da militância. “Nós contamos com uma gente que quer se reencantar com a política e que acredita na democracia”, destacou. Segundo ele, as pesquisas eleitorais que apontaram o aumento da popularidade de Marina Silva motivam ainda mais a Rede seguir à risca a legislação para que o partido seja registrado a tempo. “É de conhecimento de todos que a população quer a opção da Rede nas eleições de 2014.” Na legalização do PSD, em 2011, o TSE levou um mês e quatro dias para analisar o registro. O partido havia entrado com o pedido em 23 de agosto e sua criação acabou aprovada em 27 de setembro, 10 dias antes do prazo final, que, naquela ocasião, vencia em 7 de outubro. O partido, fundado pelo ex-prefeito paulista Gilberto Kassab, sofreu quatro pedidos de impugnação no TSE, que acusavam irregularidades na coleta das assinaturas e ausência de documentos exigidos pelo órgão. Os pedidos foram apresentados pelo Democratas (DEM), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada do Brasil (PSPB) e por Lúcio Quadros Vieira Lima, que se qualificou como cidadão interessado.

Audiência

Em 2013, o prazo encerra mais cedo, em 5 de outubro, exatamente um ano antes do primeiro turno das eleições de 2014. Se o processo do partido de Marina caminhar no TSE com a mesma velocidade que o do PSD, ela teria somente mais duas semanas para entrar com o pedido de registro. Esse procedimento, no entanto, só poderá ser feito quando pelo menos nove TREs tiverem certificado as assinaturas, totalizando 500 mil apoios. Até ontem, somente 189 mil haviam sido validadas. Afim de cobrar agilidade dos cartórios eleitorais para validarem as assinaturas e remeterem as listagens aos TREs, Marina Silva pediu uma audiência com a corregedora-geral Eleitoral, Laurita Vaz, que deve marcar o encontro para esta semana. Um integrante do TSE ouvido pela reportagem observa que o procedimento dos cartórios é trabalhoso. Na avaliação dele, não há como afirmar se haverá tempo hábil para que a Rede seja criada antes de 5 de outubro. O ministro alerta que se houver impugnações contra a criação da legenda, o TSE precisará de um tempo ainda maior, uma vez que há abertura de prazos e a necessidade de o tribunal consultar o Ministério Público antes da votação no plenário. Além do PSD, o PPL conseguiu registro em 2011. A legenda obteve o aval do TSE apenas três dias antes do prazo final, em 4 de outubro daquele ano, um mês e 10 dias depois de entrar com o pedido. O PEN não teve a mesma sorte. Depois de entrar com a papelada no TSE em 21 de setembro de 2011, a sigla viu o plenário rejeitar a sua criação imediata, o que levou a agremiação a receber o registro somente nove meses depois. Outro problema da Rede seria a rejeição de 23% das assinaturas nos cartórios. Segundo André Lima, a Justiça estaria tendo dificuldades para conhecer assinaturas de jovens com menos de 18 anos e idosos que deixaram de votar nas últimas eleições. “Eles avaliam o canhoto das últimas eleições e não o título de eleitor”, explicou.

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Confira o passo a passo necessário para a criação de um partido » A legenda precisa apresentar cerca de 500 mil assinaturas de apoio válidas, o equivalente a 0,5% do total dos votos dados para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições » As assinaturas são verificadas pelos cartórios eleitorais e encaminhadas para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) » Antes de entrar com o pedido de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sigla precisa da certificação das assinaturas de pelo menos nove TREs. A resolução que disciplina a criação de partidos estabelece que as assinaturas sejam coletadas em pelo menos um terço dos estados brasileiros e atinjam ao menos 0,1% dos eleitores de cada uma dessas nove unidades da Federação » Em posse das certificações de pelo menos nove TREs e com a quantidade mínima nacional de assinaturas, a legenda entra com o pedido de registro junto ao TSE » No prazo de até 48 horas após a apresentação do pedido, o processo deve ser distribuído a um relator » Caberá a qualquer interessado impugnar, no prazo de três dias, contados da publicação do edital, o pedido de registro. Havendo impugnação do Ministério Público ou de outro partido, será aberta vista ao requerente para contestar no mesmo prazo» A Procuradoria-Geral Eleitoral deverá se manifestar em três dias antes de o processo ser liberado para o relator, que não tem prazo para apresentar em mesa para julgamento o pedido de registro. Quando não há impugnação, o processo segue imediatamente para a análise do relator » Para que o partido esteja apto a participar das eleições de 2014, é necessário que o registro seja aprovado pelo plenário do TSE antes de 5 de outubro de 2013 (um ano antes do pleito). Esta também é a data-limite para um político se filiar a uma sigla, caso queira disputar as eleições do ano que vem

Outros casos

Veja quanto tempo os últimos partidos criados no país precisaram desde o pedido de registro até a decisão do TSE:

PSD

Pedido protocolado em 23 de agosto de 2011 e deferido em 27 de setembro do mesmo ano

PPL

Pedido protocolado em 24 de agosto de 2011 e deferido em 4 de outubro daquele ano

PEN*

Pedido protocolado em 21 de setembro de 2011 e deferido em 19 de junho de 2012

* O pedido do PEN chegou a ser levado a julgamento em 6 de outubro de 2011, mas havia falhas no processo de coleta das assinaturas. Os ministros então converteram o processo em diligências para que fossem sanadas, o que ocorreu somente em 2012.

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ACREDITE SE QUISER: CÂMARA DERRUBA VOTO SECRETO POR UNANIMIDADE

Agora só falta o Senado

O Globo – 04/09/2013

Depois de sete anos, Câmara aprova, em segundo turno, fim do voto secreto Brasília – Seis dias após salvar o mandato do deputado-presidiário Natan Donadon (sem partido-RO) em uma votação secreta, a Câmara dos Deputados tentou dar ontem uma satisfação à sociedade e aprovou, em segundo turno, por unanimidade, com 452 votos favoráveis, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 349, que põe fim ao voto secreto para todas as decisões tomadas em sessões plenárias do Parlamento. A votação em primeiro turno aconteceu há sete anos, e o texto segue agora para o Senado, onde a tramitação deve demorar, no mínimo, um mês. Se aprovado pelos senadores, todos os futuros processos de cassação de mandato parlamentar terão o voto aberto dos seus colegas. A decisão de pôr a medida em votação partiu do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ainda pela manhã, ele chegou à Casa informando que pautaria a proposta na sessão da noite e que informaria aos líderes sua decisão. Henrique estava emparedado pela decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que na segunda-feira suspendeu a decisão da Câmara que não cassou o mandato de Donadon. — Esta Casa marcou um passo ao reencontro da democracia — afirmou o presidente, à noite, ao proclamar o resultado da sessão em que apenas ele não votou. Apesar da aprovação da medida, existe na oposição o temor de que o Senado demore na discussão da proposta, e ela acabe não sendo votada. O receio aumentou diante da afirmação do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), na tribuna, informando que, após a aprovação da PEC 349, seu partido não aceitaria votar a PEC 196, que prevê o voto aberto apenas na cassação de mandato de parlamentares. — Não vamos fazer o papel de votar duas PECs, sendo a segunda mais restrita. Não vou enganar a opinião pública — afirmou Cunha. Apesar de ser mais restrita, a PEC 196 já passou pelo Senado, já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e agora aguarda discussão e votação em comissão especial, e depois no plenário, em dois turnos. Pelas contas de Henrique Alves, em duas semanas, a PEC 196 poderá ser pautada para o plenário e, caso aprovada, entrará em vigor imediatamente. Desconfiado, o líder da minoria na Câmara, Nilson Leitão (PSDB-MT), disse, durante a sessão, que os partidos de oposição exigirão a votação da PEC já aprovada pelo Senado, que servirá como garantia caso os senadores demorem a analisar a proposta aprovada ontem pela Câmara: — Isso é o jogo do Planalto. Vamos exigir a votação da PEC 196. Porque votar apenas a PEC 349 é "me engana que eu gosto". Porque sabe-se lá quando vai votar lá (no Senado). Antes da votação final pelos deputados, à noite, o presidente do Senado, Renan Calheiros (DEM-AL), gerando mais desconfianças, disse que a Câmara deveria ter priorizado a medida mais restrita (já aprovada pelo Senado) para só depois partir para a mais ampla, que deverá suscitar debates: — Nós já aprovamos a proposta há mais de um ano. O fundamental seria votar essa matéria primeiro. Ela seria promulgada em oito dias. E, depois, nós a ampliaríamos. A proposta votada ontem sofre restrições mesmo entre os parlamentares que defendem o fim do voto secreto para cassações de mandato. Isso porque a PEC abre o voto dos parlamentares em situações delicadas, como apreciação de vetos presidenciais e indicações de ministros do Supremo e do procurador-geral da República, o que pode gerar, na visão deles, o risco de sofrerem retaliações por parte do governo e de autoridades do Judiciário. Ainda durante a reunião de líderes na Câmara, a avaliação final foi que o Senado terá a oportunidade de fazer alterações na PEC. Em plenário, muitos deputados diziam que não era possível votar ontem contra a PEC do Voto Aberto, mesmo convencidos de que ficarão expostos em algumas situações, como na apreciação dos

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vetos presidenciais. — Curiosamente, alguns colegas passavam entre as bancadas fazendo comício contra, dizendo que estávamos dando um tiro no pé — contou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). Muitos usaram a tribuna para justificar por que estiveram ausentes na votação da semana passada. Ontem, dos quatro deputados condenados no caso do mensalão, apenas Pedro Henry (PP-MT) sentou-se no fundo do plenário e votou. Já Valdemar Costa Neto (PR-SP) apenas registrou sua presença ainda cedo. O petista João Paulo Cunha (SP) não registrou presença, e José Genoino (PT-SP) está de licença médica. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), defensor do voto aberto em qualquer situação, ponderou: — O parlamentar vai pensar duas vezes se fica bem com o governo, contra sua consciência e contra a sociedade, ou se fica bem com seu eleitor. É um teste à nossa independência. Ontem, integrantes da Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto, criada em 2011, fizeram um ato em favor da PEC pelos corredores da Câmara e terminaram com a abertura, no plenário, de uma enorme faixa amarela e preta com o slogan "Voto aberto Já". O próprio Henrique Alves posou para fotos ao lado deles afirmando que seria uma "sessão histórica". Durante a sessão, Alves foi criticado por alguns deputados, como Sílvio Costa (PTB-PE), sugerindo que ele "estava jogando para a plateia". Mas, ao iniciar a sessão de ontem, o presidente foi taxativo: — Esta Casa não pode vacilar. O Brasil espera uma resposta que não pode demorar deste Parlamento. Vi esta Casa se agachar, se levantar, mas não vi um desgaste maior a essa Casa, à sua credibilidade do que o ocorrido na noite fatídica da quarta-feira. O mea culpa é de todos nós. A comissão especial que analisa a PEC 196 se reuniu ontem, mas ainda precisa cumprir prazos para que ela seja levada ao plenário, o que deve ocorrer no dia 24 de setembro. Integrante da comissão, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) reclamou da decisão de privilegiar a PEC 349: — O mais rápido é votar a PEC 196. É a resposta que a sociedade quer. Na semana passada, no caso Donadon, quebraram o vaso. O vaso quebrou, agora não adianta querer colar.

A JUSTIÇA TARDA: STF MANTÉM IMPUNIDADE DE MENSALEIROS ATÉ 2014

Punição adiada

O Globo – 19/09/2013

Celso de Mello reabre julgamento, e Fux é o novo relator. Decano diz que sentimento das ruas não pode se sobrepor à lei e que recurso assegura direito de defesa. STF reconhece direito a novo julgamento para 12 réus; Dirceu pode sair do regime fechado -BRASÍLIA- Doze dos 25 réus condenados no processo do mensalão ganharam ontem o direito a um novo julgamento — entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal (STF) admitiu a possibilidade de analisar os embargos infringentes, um recurso que permite o reexame de provas e a absolvição em crimes cuja condenação contou com ao menos quatro votos a favor do réu. O voto de Minerva foi dado pelo ministro Celso de Mello, o mais antigo na Corte, que disse rejeitar a pressão das ruas sobre o Supremo. Como há prazos para os advogados entrarem com os recursos e o Ministério Público Federal se pronunciar, qualquer punição aos mensaleiros pode ficar apenas para 2014. O ministro Luiz Fux substituirá o presidente Joaquim Barbosa na relatoria dos recursos. O tribunal deu prazo de 30 dias para os réus entrarem com os infringentes, a contar da publicação no Diário da Justiça do acórdão referente aos embargos declaratórios, recursos cujo julgamento foi encerrado no último dia 5. A expectativa é que o tribunal leve cerca de 15 dias para publicar o acórdão, mas, pelo regimento, a publicação poderá ocorrer até o início de novembro. Acórdão publicado, e esgotado o prazo dos réus, a Procuradoria Geral da República ganha outros 15

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dias para se manifestar. Na hipótese célere, os prazos encerrariam em meados de novembro, e Fux elaboraria seu voto imediatamente depois. Em outro cenário, os prazos terminariam em 19 de dezembro, último dia do ano antes das férias do tribunal, inviabilizando o desfecho do caso este ano. EXECUÇÃO DE PENAS FSCA SUSPENSA Em razão do adiamento da conclusão do processo, a execução das penas dos 12 condenados que têm direito ao embargo infringente ficará suspensa. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, contudo, não mencionou na sessão de ontem como ficará a situação dos outros 13 réus que não têm direito aos recursos. A prisão deles deve ser discutida em plenário quando o tribunal publicar o acórdão. Se ficar decidido que o grupo não pode mais entrar com nenhum tipo de recurso, as penas deverão ser executadas imediatamente. Apontado como chefe da quadrilha do mensalão, Dirceu pode ter sua pena, atualmente em dez anos e dez meses, diminuída para sete anos e 11 meses, deixando de cumprir a pena em regime inicialmente fechado e passando ao regime semiaberto. No ano passado, Dirceu foi condenado por formação de quadrilha por seis votos a quatro. Por outro lacjd, não há como revisar a pena de corrupção ativa, crime pelo qual Dirceu foi con denado por oito votos a dois. Além de Dirceu, sete réus condenados por formação de quadrilha tiveram pelo menos quatro votos pela absolvição: o ex-presidente do PT José Genoino; o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; o operador do esquema, Marcos Valério, e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Crisüano Paz; e os ex-executivos do Banco Rural Ká-tia Rabello e José Roberto Salgado. Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério, foi condenada pelo crime, mas não cumprirá pena porque houve prescrição. Esses réus têm chance de serem absolvidos do crime de formação de quadrilha. Isso porque a formação da Corte mudou em relação ao ano passado, com a substituição de dois integrantes. Recentemente, o STF absolveu o senador Ivo Cassol (PP-RO) da acusação de formação de quadrilha, mudando a jurisprudência do tribunal. Se o mesmo ocorrer na ação penal 470, Delúbio Soares também vai para o semiaberto. Outros três condenados poderão questionar a pena por lavagem de dinheiro: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP); o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu; e o doleiro Breno Fischberg. No caso dos dois últimos réus, eles foram condenados apenas por lavagem. Ou seja, em tese, podem ser totalmente absolvidos depois do julgamento dos embargos infringentes. No caso de Cunha, se ele for absolvido será preso em regime semiaberto, não no fechado, como decidiu o tribunal no ano passado. Na semana passada, a votação sobre a legitimidade ou não do recurso foi interrompida com cinco votos a cinco. O voto de desempate foi dado ontem pelo mais antigo integrante da Corte, Celso de Mello. Ele defendeu os infringentes como garantia de um processo justo aos réus. E esclareceu que a Corte deve agir com correção jurídica, e não para atender os desejos das ruas. — Tenho para mim que ainda subsistem, no âmbito do STF, nas ações penais originárias, os embargos infringentes — arrematou o decano. Por duas horas, o ministro sustentou que os infringentes estão previstos no Regimento Interno, de 1980, que tem força de lei. E lembrou que a Lei 8.038, de 1990, que disciplinou recursos judiciais no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), não tratou dos infringentes, mas também não os baniu do regimento. Celso de Mello afirmou que, ao silenciar sobre esse tipo de recurso, a lei de 1990 criou uma ""típica lacuna intencional" para manter a validade do regimento do Supremo. O ministro acrescentou que apenas o Congresso pode extinguir a possibilidade de embargos infringentes para ação penal no STF. E argumentou que não há outro tribunal ao qual se possa recorrer de condenação do STF. Daí a importância dos embargos infringentes. — No STF, não há uma instância de superposição, e isso é grave. Por isso mesmo que o STF, no Regimento Interno, sabiamente construiu um modelo recursal que permite a possibilidade de controle jurisdicional de suas próprias decisões, porque não há outro órgão do Poder Judiciário ao qual a parte supostamente lesada possa se dirigir — explicou.

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Sob polêmica, Congresso promulga PEC que acaba com voto secreto para cassação

O Congresso promulgou no começo da tarde desta quinta-feira (28) a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba com o voto secreto nos processos de cassações de mandatos e em votação de vetos presidenciais, mas a falta de clareza no texto da proposta pode evitar que a medida seja de fato colocada em prática. Por se tratar de uma PEC, o texto não precisa ser sancionado pela presidente da República e, após promulgado, já está em vigor. Os presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assinaram a emenda constitucional 76/2013 que "abole a votação secreta nos casos de perda de mandato e de apreciação de veto presidencial", mas não prevê de forma expressa que o voto terá de ser aberto.

Caso Donadon

Em 28 de outubro de 2013, em votação secreta, a Câmara manteve o mandato de Natan Donadon (ex-PMDB-RO), condenado pelo Supremo. Com quórum de menos de 410 deputados, 233 votaram a favor de sua cassação, 131 contra e houve 41 abstenções. Para cassá-lo, eram necessários 257 votos, o que representa a metade do total de deputados mais um voto.

O deputado foi acusado de participação em desvio de cerca de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia em simulação de contratos de publicidade.

Henrique Alves lembrou que a PEC é uma resposta às reivindicações da população que foi às ruas nos protestos do mês de junho deste ano. "Ao aprovar o voto aberto, o Congresso caminha ao encontro dos legítimos anseios na nossa gente. Não há mais espaço na política para o obscurantismo. Que cada um assuma suas posições legítimas e busque em cada eleição a aprovação popular", declarou. "O Brasil está mudando, e as instituições precisam acompanhar as mudanças sobre pena de verem afetada a sua credibilidade", afirmou Renan Calheiros. Ele explicou que a Constituição determina, como regra geral, o voto aberto no Legislativo, mas prevê algumas exceções. "A intenção é garantir, em questões específicas, que ele [o parlamentar] decida de acordo com sua consciência a salvo de pressões políticas e de governos", disse. "Alguns votos secretos estão intrinsecamente associados às garantias de liberdade e da democracia", acrescentou. A PEC que havia sido aprovada por unanimidade na Câmara também previa a abertura do voto para indicações de autoridades (como embaixadores e diretores de agências públicas) e eleições das mesas diretoras das duas Casas, mas a maioria dos senadores rejeitou essa parte do texto. "Não houve vencedores ou derrotados na longa sessão de terça-feira. Gnahou o Brasil como um todo. Avalio que o Parlamento passa por um histórico processo de amadurecimento, de aproximação com a sociedade", disse Calheiros. O caso Donadon foi o que inspirou a Câmara a votar a PEC do Voto Aberto, projeto que foi ao Senado, que a aprovou em segundo turno.

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Conflito com regimentos internos

Parlamentares temem que, na falta de uma determinação clara na Constituição, seja adotada a regra dos regimentos internos da Câmara e do Senado, que estabelece que a votação deve ser secreta em casos de cassação de mandato. "Se não remetermos ou não promulgarmos um texto que não provoque nenhuma dúvida de interpretação, vamos nos sujeitar, primeiro de tudo, a questionamentos da opinião pública e, depois, àquilo que o Senado votou. A consciência do voto do Senado poderá estar sub judice de interpretações", afirmou ontem o senador José Agripino (DEM-RN). Segundo os senadores Wellington Dias (PT-PI) e Paulo Paim (PT-SP), a regra geral é que o voto seja aberto e de que casos de voto secreto devem estar expressos. O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) sugeriu que o regimento interno do Senado seja modificado, o que evitaria qualquer dúvida quanto ao assunto.

PEC do voto aberto é promulgada

• Constituição supera regimento, diz Renan sobre voto aberto

• Renan defende manutenção de voto secreto em alguns casos no Legislativo

Antes da sessão de promulgação, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), minimizou a polêmica. "A Constituição prepondera sobre qualquer regimento, não há dúvida sobre isso. Ela é a lei maior do país. Fundamental que tenhamos voto aberto para cassação e para apreciação de vetos. São conquistas que temos que comemorar. O regimento não vai revogar a Constituição." Ele lembrou que uma reforma nas regras internas do Senado está sendo discutida na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania).

Aprovação da PEC no Senado

Em uma sessão tumultada, o plenário do Senado aprovou com mudanças em segundo turno na terça-feira a PEC que acaba com o voto secreto no Legislativo. O texto-base da PEC, de autoria do ex-deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP), que a propôs em 2001, foi aprovado por 58 votos a favor, quatro votos contra e nenhuma abstenção. A matéria estabelece que serão abertas as votações de cassações de mandatos parlamentares e de vetos presidenciais. A proposta de por fim ao voto secreto ganhou força no Congresso após a sessão em que a Câmara, no final do mês de agosto deste ano, manteve o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 13 anos de prisão por peculato e formação de quadrilha. Na opinião de especialistas, o voto aberto poderia ter evitado esse resultado.

Cassação de mensaleiros

Com a promulgação da PEC, quatro deputados condenados no julgamento do mensalão devem ter os seus processos de cassação examinados em sessões abertas. Foram condenados os deputados José Genoino (PT-SP), que ainda pode ser beneficiado por um pedido de aposentadoria, Valdemar Costa Neto (PR-SP), Pedro Henry (PP-MT) e João Paulo Cunha (PT-SP).

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Na quarta-feira (27), o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que, com a promulgação da PEC, o caminho para a abertura de processos de cassação fica aberto e que a Mesa da Câmara vai discutir "caso a caso" o que ocorrerá com os quatro deputados.

(Com informações da Agência Senado)

CÂMARA DERRUBA A PEC 37; DILMA RECUA DE CONSTITUINTE

Aposta no plebiscito

Autor(es): Luiza Damé

O Globo – 26/06/2013

Mudança de rumo. Dilma em reunião no Palácio do Planalto com o vice Temer, ministros e representantes da OAB e do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral: presidente quer plebiscito a tempo de mudanças valerem para 2014 Oposição das classes política e jurídica faz Dilma desistir de Constituinte exclusiva

O Brasil nas ruas

BRASÍLIA

Depois da forte reação do meio jurídico e dos políticos, a presidente Dilma Rousseff desistiu da proposta de convocação da Constituinte específica para fazer a reforma política, mas decidiu investir no plebiscito para garantir a participação popular na definição das propostas. Ao longo do dia, Dilma recebeu os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado, que apresentaram objeções à Constituinte, mas deram aval ao plebiscito. O vice Michel Temer, que participou desses encontros, também se colocou contra a Constituinte específica. No começo da noite, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que vem participando da articulação política do governo, anunciou que a presidente vai ouvir os líderes dos partidos governistas e da oposição para fechar o modelo da consulta popular. O governo também vai procurar a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, para levantar prazos e providências necessários à realização do plebiscito. Depois dessas consultas, Dilma vai mandar mensagem ao Congresso propondo a realização do plebiscito a tempo de as mudanças valerem para as eleições de 2014. - A reforma é um tema que temos perseguido há algum tempo, fundamental para melhorar a qualidade da representação política do país, para ser mais permeável às aspirações populares. Então será realizado um plebiscito – disse Mercadante.

Da rua às urnas

Segundo o ministro, na reunião com o comando do Congresso, Henrique Alves disse que a reação da Câmara foi contrária à Constituinte específica. Já Renan afirmou que o Senado não colocou fortes resistências. O ministro disse que não houve recuo do governo, mas uma constatação de que não haveria tempo hábil para convocar uma Assembleia Constituinte e aprovar as mudanças políticas para as eleições de outubro de 2014.

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- O instrumento que temos que viabiliza o entendimento é o plebiscito. O povo tem consciência, sabe o que quer, sabe o que reformar. Esse é o recado das ruas, e as urnas vão ter de se encontrar com as ruas. Para isso, temos de fazer a reforma política e não queremos postergar essa agenda. A convergência possível é o plebiscito, que permite ao povo participar – argumentou Mercadante. A Constituinte específica, que foi anunciada pela presidente na reunião com governadores e prefeitos das capitais, provocou um vai e vem no Planalto. Logo depois de se reunir com Dilma, no fim da manhã de ontem, o presidente da OAB anunciou que ela havia recuado e abraçado a proposta da OAB – que defende a realização da reforma política através de plebiscito. - O governo sai convencido de que uma proposta de Constituinte não é o mais adequado, que atrasa o processo. O plebiscito deve ser convocado para que a população diga diretamente qual reforma política ela quer – disse o presidente da ordem. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que participou da reunião com a OAB, acudiu para desmentir a informação. O ministro afirmou que não houve recuo algum do governo. Segundo Cardozo, Dilma apenas ouviu e gostou da proposta da OAB. - Isso é inegavelmente algo interessante, que deve ser discutido. O governo não encampou nem deixou de encampar. Apenas estou falando que é uma proposta interessante, que apresenta uma solução que não necessitaria de mudança na Constituição – afirmou o ministro da Justiça. Após a primeira entrevista, Cardozo voltou a falar com os jornalistas para insistir que não houve recuo do governo. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) também divulgou nota, reforçando a posição do ministro. - Eu respondi umas cinco vezes que não havia recuo. A ideia de um plebiscito é uma das premissas fundamentais nossas. Não dá para dizer que eu disse que vamos recuar. Ao contrário, estamos reafirmando a necessidade de um plebiscito. Nós achamos que a reforma política exige um plebiscito. Isso está virando uma confusão. Em momento algum, eu disse que haveria recuo no plebiscito. O que eu disse foi que a ordem apresentou uma proposta que se harmonizava com as nossas premissas. E, portanto, passava a ser vista por nós como interessante, na medida em que ela harmonizava e não exigia mudança constitucional. Também disse que não fechamos em nenhuma proposta – afirmou o ministro.

Dilma fará mais consultas

Na nota, a Secom diz que a presidente recebeu a proposta da OAB e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, considerou-a "uma importante contribuição", mas não tomou qualquer decisão e deixou claro que ouvirá outras entidades sobre reforma política. No encontro, segundo a Secom, a presidente "reiterou a relevância de uma ampla consulta popular por meio de um plebiscito". Tanto Cardozo como Mercadante disseram que a presidente não defendeu assembleia constituinte, mas processo constituinte. - A presidente ontem (anteontem) falou em processo constituinte específico. Ela não defendeu uma tese. Há várias maneiras de se fazer um processo constituinte específico. Uma delas seria uma assembleia constituinte específica, como muitos defendem. A outra forma seria, através do plebiscito, colocar questões que balizassem o processo constituinte específico feito pelo Congresso – argumentou Cardozo.

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- Se formos fazer um procedimento que vai atrasar ainda mais o processo, não é prioridade. Por isso, a presidente, em nenhum momento, falou de assembleia constituinte. Ela falou em um plebiscito para instituir um processo constituinte específico para fins da reforma política. Ou seja, foco – disse Aloizio Mercadante. O governo fez um estudo sobre as possibilidades de reforma política e chegou a dois caminhos: plebiscito deli berativo e assembleia constituinte reformadora. No plebiscito – que prevaleceu – o eleitor vai responder a questões básicas sobre, por exemplo, lista aberta ou fechada; sistema proporcional (que funciona hoje) ou majoritário (o chamado distritão); e financiamento público ou financiamento privado ou financiamento público e de pessoa física com limite de doação para as campanhas. Na avaliação do Planalto, esses três pontos podem ser mudados por uma consulta popular. O plebiscito seria precedido de uma campanha didática da Justiça Eleitoral sobre cada um dos temas abordados e organizaria a defesa partidária da consulta.

SEM APOIO, DILMA DESISTE DE CONSTITUINTE PARA REFORMA POLÍTICA

Dilma abandona ideia de constituinte e agora quer plebiscito sobre reforma

Autor(es): Tânia Monteiro Vera Rosa Rafael Moraes Moura

O Estado de S. Paulo – 26/06/2013

Presidente decidiu enviar ao Congresso só proposta de plebiscito com pontos específicos, como financiamento público de campanha

Um dia depois de sugerir uma Assembleia Constituinte específica para votar a reforma política, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a recuar. Sem apoio do vice Michel Temer (PMDB) e criticada por integrantes da base aliada, Dilma decidiu enviar ao Congresso apenas uma mensagem propondo a convocação de um plebiscito, em 45 dias, com pontos específicos sobre como deve ser feita a reforma política, mas sem Constituinte. Entre as perguntas que devem ser submetidas ao crivo da consulta popular, estão o financiamento público de campanha e o voto em lista. Ontem, ao receber os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL),Dilma afirmou que o importante, para o governo, é que a reforma política seja votada até outubro. O Planalto quer que as novas medidas possam valer para as eleições de 2014, quando Dilma concorrerá a um segundo mandato.

Vinte e quatro horas após sugerir uma Assembleia Constituinte específica para votar a reforma política, em reunião com 27governadores e 26 prefeitos, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a recuar. Sem apoio do vice-presidente, Michel Temer, e criti-cadaaté mesmo por integrantes de sua base aliada, Dilma decidiu enviar ao Congresso apenas mensagem propondo a convocação de um plebiscito, em 45 dias, com pontos específicos sobre como deve ser feita a reforma política, mas sem recorrer ao expediente da Constituinte. Entre as perguntas que devem ser submetidas ao crivo da consulta popular estão o financiamento público de campanha e o voto em lista. Na noite de ontem, ao receber em seu gabinete os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dilma afirmou que o importante, para o governo, é que a reforma política seja votada até outubro. O Planalto quer que as novas medidas possam valer para as eleições de outubro de 2014. As perguntas do plebiscito serão definidas nos próximos dias num debate

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com o Congresso. A presidente também recebeu ontem o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa e discutiu sobre a reforma. "Não temos tempo hábil para realizar uma Constituinte", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que tem atuado como articulador político do Planalto. "Foi por isso que a presidente falou em plebiscito popular, para que se estabeleça um processo constituinte específico para a reforma política. Não vamos postergar esse processo. As urnas vão ter de se encontrar com as ruas." Mercadante disse que o governo vai consultar a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carmen Lúcia, para definir qual o prazo limite para a realização do plebiscito. Para dar uma resposta rápida aos protestos de rua dos últimos dias – que puseram em xeque o modo tradicional de fazer política – o que Dilma quer, agora, é abraçar uma causa popular, como a do plebiscito. Na avaliação do Planalto, ao defender a consulta ao povo e empunhar novamente a bandeira contra a corrupção Dilma pode se recuperar do desgaste político. Críticas. A presidente deixou de lado a ideia da Constituinte exclusiva diante das fortes reações contrárias no Congresso e após ouvir conselhos de Temer. Parlamentares aliados e pe-tistas se queixaram de não terem sido ouvidos por Dilma antes do lançamento da proposta. O maior receio dos parlamentares era que a convocação de uma Constituinte nesse formato – composta por "notáveis" de fora do Congresso – reduzisse o poder e ainfluênciados partidos, aprovando temas contrários a seus interesses. "A Câmara não aceita reforma política via Constituinte específica", disse Alves a Dilma, nanoite de ontem. "Nós não podemos descambar para as tentativas de suprimir a liberdade de expressão", afirmou Renan.

Para Temer, a Constituinte é inviável por "razão singela". "Trata-se de algo que significa o rompimento da ordem jurídica, porque nunca será exclusiva e sempre abarcará uma porção de temas", advertiu o vice, professor de direito constitucional. Mal-estar. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, causou mal-estar no Planalto ao anunciar, após encontro com a presidente, que Dilma desistira da proposta de Constituinte exclusiva. Coelho disse ajornalistas ter apresentado à presidente um projeto de reforma que mexia em "pontos cruciais", sem necessidade de reformar a Constituição. Defensor da proposta de As-sembleiaConstituinte, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, passou o dia ontem dando entrevistas e argumentou que Dilma "não recuou" da proposta de Constituinte. A Presidência chegou até a divulgar nota após a reunião da OAB, dizendo que não havia decisão tomada. "O fundamental é que o povo seja consultado neste processo", disse Cardozo. Ele acrescentou que o governo analisava várias sugestões, inclusive a da OAB. "A presidente falou de processo constituinte específico, não falou de Constituinte", justificou. "Estamos reafirmando a necessidade de plebiscito."

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GLOSSÁRIO

Constituinte

Uma Constituinte é convocada para redigir ou reformar a Constituição. Isso foi feito para elaborar a Constituição de 1988, por exemplo. Não se prevê, no entanto, a convocação de Constituinte específica para um único tema, como a proposta feita por Dilma em relação à reforma política.

Plebiscito

É uma consulta popular que ocorre por meio de votação secreta e direta com o objetivo de criar uma lei. Cabe ao Congresso propor um plebiscito e a medida deve ser aprovada tanto na Câmara quanto no Senado. Depois, o projeto é enviado ao Tribunal Superior Eleitoral, que irá definir as regras da consulta.

Referendo

Segue a mesma lógica do plebiscito, mas tem o objetivo de aprovar ou rejeitar uma lei que já foi criada.

Apoio da OAB

O presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho, sugeriu a Dilma, em reunião ontem, 3 perguntas para o plebiscito: sobre financiamento, modelo de eleição e uso da internet na campanha.

DILMA PROPÕE CONSTITUINTE E CRIA POLÊMICA COM CONGRESSO E STF

A cartada de Dilma

O Globo – 25/06/2013

Numa tentativa de responder aos protestos nas ruas do país, a presidente Dilma Rousseff reuniu ontem os 27 governadores e 26 prefeitos de capitais, no Palácio do Planalto, e propôs um pacto nacional em torno de cinco pontos: responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, educação e transporte público. A proposta mais polêmica, que causou reações no Congresso e no STF, é a realização de um plebiscito para convocar uma Constituinte específica para fazer a reforma política. Dilma também cobrou punição mais dura contra a corrupção, que seria transformada em crime hediondo. Para ministros do Supremo Tribunal Federal e constitucionalistas, a ideia de Constituinte específica para a reforma política é inconstitucional, pois, se ela fosse criada, estariam abertas as portas para a mudança de toda a Constituição. Mesmo aliados do Planalto, que não veem ilegalidade na proposta, argumentam que ela seria inadequada, por avançar em atribuições dos parlamentares. O projeto do plebiscito será encaminhado ao Congresso neste semestre, mas ainda será elaborado pelo Planalto, em parceria com governadores e prefeitos. Com relação à mobilidade urbana, bandeira que desencadeou a onda de manifestações, Dilma prometeu liberar R$ 50 bilhões para o setor de transportes e ampliar as desonerações da União dos impostos sobre óleo diesel

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Presidente propõe pacto nacional e plebiscito sobre Constituinte para reforma política

Catarina Alencastro

Luiza Damé

Na mira das ruas. Antonio Anastasia, Miriam Belchior, Eduardo Campos, Aloizio Mercadante, Roseana Sarney, José Eduardo Cardozo e Jaques Wagner assistem a discurso de Dilma

O BRASIL NAS RUAS

BRASÍLIA Para tentar dar uma resposta aos protestos que avançam pelo país, a presidente Dilma Rousseff reuniu ontem os 27 governadores e 26 prefeitos de capitais, no Palácio do Planalto, e propôs um pacto nacional em torno de cinco pontos que vêm sendo expostos pelas manifestações de ruas. Os pactos são pela responsabilidade fiscal, pela reforma política, pela saúde, pela educação e pelo transporte público, mas todas as propostas nessas áreas ainda serão definidas em grupos de trabalho formados por representantes das três esferas de governo. A principal proposta defendida pela presidente foi o debate sobre a realização de plebiscito para convocar uma Constituinte específica para fazer a reforma política. Proposta essa que provocou as mais fortes reações negativas tanto no mundo político como no jurídico. Entre os políticos, a impressão majoritária, principalmente entre os da oposição, é que essa é uma prerrogativa exclusiva do Congresso. Entre os juristas, o entendimento é de que não se pode fazer uma Constituinte para discutir um único tema. - Quero, neste momento, propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita. O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está – disse Dilma, na abertura da primeira reunião da presidente com os 27 governadores e 26 prefeitos de capital. Amanhã, Dilma recebe o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, seguindo o roteiro de que vai conversar com todos os poderes.

Datas para o plebiscito

Ao final da reunião, o ex-senador e ministro da Educação, Aloizio Mercadante, explicou que a proposta do plebiscito será encaminhada ao Congresso neste semestre, mas ainda será elaborada pelo Planalto, em parceria com governadores e prefeitos. O ministro falou até em datas possíveis para a realização: 7 de setembro e 15 de novembro deste ano – o que é praticamente impossível, já que o plebiscito ainda precisa ser aprovado pelo Congresso, e depois a campanha e eleição serem organizadas pela Justiça Eleitoral, o que normalmente leva meses. O governo defende a Constituinte exclusiva, segundo Mercadante, porque facilita o processo de votação, já que não exige quorum qualificado de três quintos da Câmara e do Senado, em dois turnos, para aprovar as mudanças previstas nessa Constituinte. A presidente disse que a reforma política "já entrou e saiu da pauta" e defendeu a ampliação da participação popular. - Em última instância, quem vai resolver é o Congresso, que tem mandato para isso. Quem marca data, quem autoriza o plebiscito é o Congresso – esclareceu Mercadante ao final da reunião, quando as reações já eram conhecidas.

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Dentro do que ela chamou de pacto pela reforma política, a presidente sugere que haja uma nova classificação para a corrupção, equiparando-a ao crime hediondo, com punições bem mais severas do que as atuais. - Devemos também dar prioridade ao combate à corrupção, de forma ainda mais contundente do que já vem sendo feito em todas as esferas. Nesse sentido, uma iniciativa fundamental é uma nova legislação que classifique a corrupção dolosa como equivalente a crime hediondo, com penas severas, muito mais severas. Com relação à mobilidade urbana, bandeira que desencadeou a onda de protestos pelo país, Dilma prometeu ampliar as desonerações da União dos impostos PIS/Cofins para o diesel e disse que investirá mais R$ 50 bilhões, dinheiro que virá do Tesouro Nacional, do Orçamento da União e de financiamentos, em obras de mobilidade urbana, com prioridade para metrôs. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, disse após a reunião que o governo vai acelerar a aplicação de outros R$ 88,9 bilhões, já previstos no Orçamento da União, em obras urbanas.Dilma quer ampliar a participação do povo nas decisões do setor, criando o Conselho Nacional do Transporte Público, com votos da sociedade civil e de usuários de ônibus e metrôs.

Recado para entidades médicas

O terceiro pacto, pela saúde pública, prevê a contratação de médicos estrangeiros como medida emergencial e construção de hospitais e unidades de saúde básica, além da abertura de 11,4 mil novas vagas para cursos de graduação de médicos e mais de 12,4 mil para médicos residentes. E mandou um recado para as entidades médicas, que criticam a contratação de estrangeiros: - Não se trata, nem de longe, de uma medida hostil ou desrespeitosa aos nossos profissionais. Trata-se de uma ação emergencial, localizada, tendo em vista a grande dificuldade que estamos enfrentando de encontrar médicos em número suficiente ou com disposição para trabalhar nas áreas mais remotas do país ou nas zonas mais pobres das nossas grandes cidades. Sempre ofereceremos primeiro aos médicos brasileiros as vagas a serem preenchidas. Já o pacote educacional anunciado tem como ponto principal a destinação de 100% dos royalties do petróleo para o setor, proposta que depende da aprovação do Congresso. Dilma disse também que haverá investimentos na formação de educadores e mais escolas, da creche aos ensinos profissionalizante e superior. Quando anunciou o pacto pela responsabilidade fiscal, o primeiro da lista, Dilma não apresentou qualquer medida concreta, apenas disse que o combate à inflação e a estabilidade econômica são um "pacto perene" de todos. - Junto com a população, podemos resolver grandes problemas. Não há por que ficarmos inertes, acomodados ou divididos. Por isso eu trago propostas concretas e disposição política para construirmos pelo menos cinco pactos em favor do Brasil – discursou Dilma. Prefeitos e governadores que estiveram com a presidente demonstraram preocupação com as manifestações, e o sentimento geral é que virão novos protestos. Alguns estavam preocupados com o resultado da reunião e não queriam criar uma expectativa muito grande na sociedade, com medo de mais protestos. Todos se sentiram atingidos pelas manifestações. Falaram cinco governadores – Geraldo Alckmin (SP), Eduardo Campos (PE), Raimundo Colombo (SC), Omar Aziz (AM) e André Puccinelli (MS) -e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. Houve críticas ao Judiciário, que interfere na execução de obras e projetos, por meio de liminares, e judicializa a saúde, aos órgãos de controle e ao Ministério Público.

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OS CINCO PACTOS PROPOSTOS POR DILMA

1º PACTO – Pela responsabilidade fiscal, para garantir estabilidade da economia e o controle da inflação. Seria um pacto perene entre todos os entes da Federação.

2º PACTO – Construção de ampla e profunda reforma política, por meio de uma Constituinte específica para fazer mudanças no sistema político. Combater a corrupção de forma mais contundente e aprovar nova legislação para classificar o crime de corrupção como hediondo, com penas mais severas.

3º PACTO – Pela saúde pública, com contratação de médicos estrangeiros como medida emergencial; construção de novas unidades de saúde básica e abertura até 2017 de 11.447 novas vagas para graduação em Medicina e 12.376 vagas em residência.

4º PACTO – Mobilidade urbana e transporte. Ampliar as desonerações da União (Pis/Cofins) para óleo diesel. Tem que ter a contrapartida dos estados e municípios. Promessa de mais R$ 50 bilhões em investimentos para obras de mobilidade urbana, com prioridade para metrôs.

5º PACTO – Da educação pública, com investimentos na formação de educadores e mais escolas da creche aos ensinos profissionalizante e superior. Aprovar 100% dos royalties do petróleo e 50% dos roylaties do pré-sal para educação — dos recursos da União, dos estados e dos municípios.

DILMA PROPÕE CINCO PACTOS PARA ATENDER À VOZ DAS RUAS

Dilma sugere constituinte para reforma política

Autor(es): Por Ribamar Oliveira, Bruno Peres, Maíra Magro e Caio Junqueira | De Brasília

Valor Econômico – 25/06/2013

Em resposta às manifestações que varrem o país, a presidente da República, Dilma Roussef, reuniu ontem os 27 governadores e 26 prefeitos das capitais a quem anunciou sua disposição de propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de uma Constituinte específica para fazer a reforma política. Destacou, também, a necessidade de uma nova legislação que classifique a corrupção dolosa como crime hediondo. Ambas as iniciativas dependem de aprovação do Congresso. Do governo federal, ela prometeu novas desonerações para transportes públicos. Apesar de, recentemente, o Ministério da Fazenda ter comunicado o fim do ciclo das desonerações de impostos, Dilma disse que vai estender a redução do PIS/Cofins sobre o óleo diesel dos ônibus e a energia elétrica consumida por metrôs e trens e, também, destinar mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana. Reunida ontem por três horas com os 27 governadores e os prefeitos das capitais, a presidente Dilma Rousseff defendeu a convocação de um plebiscito popular que autorize a convocação de uma Constituinte específica para uma ampla e profunda reforma política. Ao mesmo tempo, propôs a aprovação de uma lei que classifique a corrupção como crime hediondo, com penas muito mais severas, e anunciou sua decisão de ampliar a desoneração do PIS e da Cofins que incide sobre o óleo diesel usado pelos ônibus e sobre a energia elétrica utilizada pelos trens e metrôs, com o objetivo de baratear as tarifas. A presidente informou também que decidiu destinar mais R$ 50 bilhões para os investimentos em mobilidade urbana, mas não especificou se serão mais financiamentos ou se haverá também recursos orçamentários.

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Em sua apresentação inicial, Dilma disse que todos sabem que são incontáveis as dificuldades para resolver os problemas que estão sendo apontados pela população que foi às ruas, nas recentes manifestações por todo o país. "Eu mesmo tenho enfrentado, desde que assumi a Presidência, inúmeras barreiras, mas a energia que vem das ruas é maior do que qualquer obstáculo", afirmou. "As ruas estão nos dizendo que o país quer serviços públicos de qualidade, quer mecanismos mais eficientes de combate à corrupção que assegurem o bom uso do dinheiro público, quer uma representação política permeável à sociedade onde, como já disse antes, o cidadão e não o poder econômico esteja em primeiro lugar", observou. Para resolver os problemas apontados pela população, a presidente propôs aos governadores e prefeitos cinco pactos. O primeiro deles é pela responsabilidade fiscal para garantir a estabilidade da economia e o controle da inflação. Mas nem Dilma e nem os ministros que falaram sobre a proposta após a reunião esclareceram em torno de que meta fiscal será definido esse pacto. Atualmente, os mercados reclamam uma política fiscal menos expansionista, que colabore com a política monetária do Banco Central no controle da inflação. O segundo pacto proposto por Dilma diz respeito à construção de uma ampla e profunda reforma política. A presidente lembrou que "esse tema já entrou e saiu da pauta do país por várias vezes" e que "é necessário que nós tenhamos a iniciativa de romper o impasse". Para ela, esse passo só poderá ser dado por meio de uma Constituinte específica. Para convocá-la, Dilma propôs a realização de um plebiscito. "O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está." Após a reunião, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, explicou que o plebiscito é necessário porque será ele que "vai delegar o mandato popular" aos constituintes. Ele informou que o governo encaminhará uma proposta de convocação do plebiscito ao Congresso Nacional e que ele poderá ser realizado, por exemplo, no dia 7 de setembro ou 15 de novembro. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que Dilma deverá fazer uma reunião, ainda nesta semana, com os presidentes do Legislativo para discutir a questão. "Os governadores e prefeitos concordaram com a presidente que a reforma política é fundamental e é sobre isso que o governo vai conversar com o Poder Legislativo", afirmou. Deputados e senadores querem incluir na Constituinte, também, a reforma tributária. O pacto político prevê também a aprovação de uma lei que classifique a corrupção dolosa como equivalente a crime hediondo, com penas muito mais severas. O terceiro pacto é em torno da saúde. "Quero propor aos senhores e às senhoras acelerar os investimentos já contratados em hospitais, UPAs e unidades básicas de saúde" disse Dilma. Ela sugeriu ampliar também a adesão dos hospitais filantrópicos ao programa que troca dívidas por mais atendimento e incentivar a ida de médicos para as cidades e regiões que mais precisam. "Quando não houver a disponibilidade de médicos brasileiros, contrataremos profissionais estrangeiros", afirmou. Segundo ela, o Brasil continua sendo um dos países do mundo que menos emprega médicos estrangeiros, apenas 1,79% do total, contra 25% nos Estados Unidos. O objetivo do quarto pacto, segundo Dilma, "é dar um salto de qualidade no transporte público nas grandes cidades". Para isso, ela decidiu ampliar a desoneração tributária federal, que havia sido negada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Agora, o governo vai reduzir o PIS e a Cofins do diesel usado pelos ônibus e da energia elétrica usada por trens e ônibus. Haverá mais R$ 50 bilhões em programas de transportes. O quinto pacto será em torno da educação. A presidente pretende destinar 100% dos royalties do petróleo para a educação e 50% dos recursos do pré-sal, a serem recebidos pelas prefeituras, pelo governo federal, e pelos municípios. "Confio que os senhores congressistas aprovarão esse projeto que tramita no Legislativo com urgência constitucional", afirmou.

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ECONOMIA

INVESTIMENTO BRASILEIRO NO EXTERIOR AUMENTA 60%

Empresas brasileiras ampliam investimento direto no exterior

Valor Econômico – 29/07/2013

De janeiro a junho, as empresas com sede no Brasil fizeram investimentos diretos no exterior de US$ 11,3 bilhões. Esse valor, que representa um aumento de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, mostra que as companhias brasileiras retomaram o processo de internacionalização que, após uma onda em 2010 e 2011, havia perdido fôlego ao longo de 2012. A expansão dos negócios brasileiros no exterior decorre, em parte, do cenário interno mais morno, que desestimula investimentos, e de problemas de competitividade no país, como a inflação e os custos.

O Brasil passou a ser neste ano uma importante fonte de investimentos feitos por montadoras de veículos e fabricantes de autopeças no exterior. Só no primeiro semestre, quase US$ 1 bilhão saíram do país com essa finalidade, valor recorde, mas ainda inferior às remessas de lucros às matrizes no período, de US$ 1,5 bilhão. São recursos direcionados a aportes de capital adicionais em subsidiárias, aquisições ou criação de novos negócios. Esses investimentos do setor foram os maiores da indústria de transformação no semestre e se aproximam dos realizados pela indústria petroleira, a que mais investe fora do país, com US$ 1,1 bilhão.

Com um cenário interno mais morno e várias barreiras de competitividade no país, como a inflação e o aumento dos custos, as empresas brasileiras aproveitam para expandir os negócios no exterior. É o que apontam os dados mais recentes do Banco Central (BC) relativos aos investimentos brasileiros diretos no exterior. A parte desse montante destinada ao aumento de capital em outros países – aplicações feitas na criação, ampliação ou aquisição de novos negócios – teve aumento de 60,6% no primeiro semestre de 2013 ante o mesmo período em 2012. Até junho as empresas com sede no Brasil investiram US$ 11,3 bilhões em novos negócios no exterior, retomando um processo de internacionalização que, após uma leva de expansão em 2010 e 2011, havia perdido fôlego no ano passado. "Várias razões têm levado as empresas brasileiras a buscarem espaço fora", diz Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). "Pode ser um mercado que já está saturado no Brasil, pode ser para estar mais próximo da matéria-prima, ou então para buscar em outros países expertise que não temos aqui." É o que acontece, por exemplo, com o setor de tecnologia da informação, diz Lima, citando o exemplo da Stefanini, empresa brasileira de tecnologia que fez diversas aquisições internacionais desde 2009, focadas principalmente no mercado dos Estados Unidos. O setor tem pouco peso na balança comercial, mas seu tamanho triplicou em 2013: os investimentos das companhias nacionais de TI em outros países passaram de US$ 11 milhões no primeiro semestre de 2012 para R$ 32 milhões nos seis primeiros meses deste ano. "É natural imaginar brasileiros investindo no exterior", diz Fábio Silveira, analista da GO Associados. "O risco do país piorou sob a ótica internacional, passa por piora doméstica, por período de inflação alta. Tudo isso estimula o investidor a pôr mais dinheiro lá fora."

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Isso não significa, porém, que esteja ocorrendo um desinvestimento no país e uma fuga do capital para outras regiões. "Os investimentos internos desaceleraram, mas não estão caindo", destaca Lima. Ele lembra que o nível de internacionalização das empresas brasileiras é ainda muito pequeno, mesmo se comparado a outros países emergentes. Entre 2011 e 2012, enquanto os emergentes aumentaram a sua participação no bolo total de investidores externos de 25,2% para 30,6% – os Brics passaram de 12,9% para 15,5% -, o Brasil perdeu espaço, com queda de US$ 3 bilhões no total de capitais aplicados fora do país, segundo dados da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). "A internacionalização é um caminho que vem sendo trilhado por todos os emergentes, e aqueles que não fizerem terão dificuldades em competir mais à frente. E o Brasil ainda faz pouco", afirma Lima.

AGRONEGÓCIO PUXA CRESCIMENTO DO PIB

Agronegócio deve garantir metade da expansão do PIB

Autor(es): Márcia De Chiara

O Estado de S. Paulo – 23/09/2013

O agronegócio responderá por quase metade do crescimento da economia este ano. O bom resultado é puxado pela soja: em 2014, o Brasil passará os EUA como maior produtor Na safra 2014, que começa a ser plantada, o Brasil deve superar os EUA e virar o maior produtor e exportador mundial de soja Quase a metade da expansão da economia deste ano virá do agronegócio, que tem como carro-chefe a soja..Com recordes seguidos de produção, o grão deve levar o País a uma posição inédita* Na safra 2014, que começa a ser plantada este mês, o Brasil poderá ser o maior produtor e exportador mundial de soja, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Projetava-se essa mudança, de o Brasil superar os EUA, ainda em 2013, mas isso não ocorreu. A produção brasileira esperada de 88 milhões de toneladas de soja para 2014 deve superar a safra dos EUA, de 85,7 milhões de toneladas, que está em fase final e foi afetada pela seca. Do crescimento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo mercado para este ano, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC) mais recente, um pouco mais de um ponto porcentual virá da agroindústria, calcula o diretor de pesquisa da consultoria GO Associados, Fabio Silveira. Nas suas projeções, ele considerou o PIB do agronegócio de 2012 em R$ 989 bilhões e a estimativa de crescimento para o setor de 5% para este ano, ambos os dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Se as estimativas de crescimento se confirmarem, o PIB do agronegócio deve somar R$ 1,038 trilhão em 2013, 23% de toda a riqueza no País. A cifra inclui os segmentos antes e depois da porteira", ressalta Adriana Ferreira Silva, economista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que calcula o PIB do agronegócio para a CNA. Isso significa que a cadeia da agroindústria considera não só os produtos primários da agricultura e da pecuária, mas também toda a riqueza criada no processamento e na distribuição, além do desempenho da indústria de insumos.

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O agronegócio está puxando não só a indústria de alimentos, mas também a de bens de capital. Na minha avaliação, o agronegócio pode neste ano tracionar a economia mais do que o varejo", diz o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri, que acompanha de perto o consumo. Enquanto a indústria patina. A produtividade da soja no Mato Grosso é de 3,1 quilos por hectare, enquanto nos EUA é Inferior a 3 quilos. A vantagem é anulada pelo alto custo de logística. O varejo desacelera, as evidências da força do agronegócio para tracionar outros setores da economia já aparecem nas vendas de insumos. "Se não houver nenhum imprevisto até dezembro, as vendas de tratores de rodas neste ano serão recordes", afirma o diretor de Vendas da Agrale, Flávio Crosa. Surpresa» Ele conta que 2012 já tinha sido um ano bom para a agricultura e foram vendidos no mercado 56 mil tratores de rodas, que são para o agronegócio. Para este ano, a estimativa inicial era vender 54 mil máquinas. Mas até agosto foram comercializados 44,9 mil unidades, segundo a Anfavea. A perspectiva agora é que o ano feche com 60 mil tratores comercializados. "Não imaginávamos que uma demanda tão forte assim." Além da capitalização dos" produtores, Crosa cita a manutenção até dezembro do Programa BNDES de Sustentação do Investiment (PSI) como fator de impulso às vendas. A história se repete no fertilizante. Em 2012, foram vendidas 29,5 milhões de toneladas. Consultorias projetam para este ano 30,5 milhões de toneladas. Até agosto alta foi de 5,5%. "Teremos mais um recorde", prevê o diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho.

BRASIL GRANDE: PAÍS VOLTA A TER MAIOR TAXA DE JURO REAL DO MUNDO

Inflação caI, e BC eleva juro

Autor(es): Gabriela Valente e Roberta Scrivano

O Globo – 10/10/2013

IPCA recua para 5,86%, mas Selic sobe para 9,5%. Brasil volta a ter a maior taxa real do mundo

No mesmo dia em que a inflação medida pelo IPCA em 12 meses recuou para 5,86%, patamar abaixo de 6% pela primeira vez este ano, o Banco Central (BC) decidiu aumentar os juros pela quinta vez seguida. Atento aos riscos de os índices de preços continuarem num patamar alto em 2014 — ano eleitoral — o BC elevou a taxa básica (Selic) de 9% para 9,5% ao ano. Com a medida, o país volta a ter o juro real mais alto do mundo, de 3,5%, segundo levantamento do economista Jason Vieira, à frente de Chile e China. Desde abril do ano passado, o país não ocupava o primeiro lugar na listagem. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) foi tomada depois de o governo começar a ajustar o discurso político para justificar o abandono da bandeira dos juros baixos. A cúpula do BC também indicou que a taxa pode subir mais e deixou o caminho aberto para a Selic voltar à casa dos dois dígitos ainda neste ano. Essa foi a leitura feita pelos economistas do mercado financeiro do comunicado publicado após a reunião. O texto enxuto foi exatamente o mesmo divulgado nos três encontros anteriores do comitê. Nele, os diretores do BC afirmam que a decisão mira no controle de preços no ano que vem.

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"O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano" diz a nota. Para os economistas, esse é um sinal de que o Palácio do Planalto diminuiu a interferência no trabalho do Banco Central por entender que a inflação alta pode representar um perigo político ainda maior do que a fragilidade do crescimento. — O discurso político está sendo ajustado de olho nas eleições de 2014. Vão deixar claro que elevar os juros para dois dígitos não é retrocesso, mas uma ação conjuntural para manter conquistas — frisou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Para o economista-chefe da Asset Votorantim, Fernando Fix, é cedo para mudar o cenário original: juros básicos em 9,75% ao ano no fim de 2013. Essa é a aposta da maioria dos analistas. — Não seria recomendável declarar vitória (no combate à inflação) neste período — disse. Segundo analistas, havia argumentos para indicar que os juros não continuariam a subir no mesmo ritmo. A economia não voltou a crescer na velocidade desejada. O dólar caiu e pressionará menos a inflação no Juturo, e a incerteza em razão do possível calote da dívida dos EUA embaralha de vez as previsões. De outro lado, o BC tem dito que o mais importante é ancorar expectativas de consumidores e empresários. E as apostas para a inflação no ano que vem são altas. O próprio BC espera que o IPCA feche o ano em 5,8%. E projeta taxa de 5,7% para 2014. A meta anual é de 4,5% com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais. — É um desafio muito grande entrar no ano que vem corn previsão de inflação alta e uma i pressão forte que vem dos preços administrados — ponderou o ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall. FiRJAN E FIESP CRITICAM DECISÃO O economista referiu-se ao prometido aumento de gasolina e às perspectivas de alta de tarifas de trans-j portes. Nas projeções de Kawall, o BC deve começar 2014 com mais altas de juros. Ele aposta em dois aumentos de 0,25 ponto percentual nas duas primeiras reuniões do Copom. Com isso, a Selic chegaria a 10,5% ao ano. A ata da reunião de agosto já indicava maior preocupação com a inflação. Vários trechos destacavam seus efeitos na economia: aumento de riscos, depressão de investimentos, encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos e deterioração da confiança de empresários. Além disso, ressaltava que inflação alta subtrai poder de compra de salários e de transferências, diminui o consumo, reduz o potencial de crescimento da economia e geração de empregos e de renda. Entidades empresariais e sindicais criticaram a decisão do BC. Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) a alta foi equivocada e o ciclo de aperto monetário deve ser encerrado. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), avalia que o novo aumento prejudica um momento propício à retomada da atividade econômica, — É hora de baixar os juros e aumentar o investimento público em concessões, para voltarmos a crescer — disse Sk.

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ENTENDA A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL

Conheça os cinco pontos que ajudam a explicar a turbulência nos mercados financeiros

Danielle Assalve, iG São Paulo

O problema da dívida em países na zona do euro “está assustando o mundo”, nas palavras do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Embora esteja no foco das atenções dos investidores, a turbulência na Europa é apenas parte da crise econômica mundial . Permanecem no radar o elevado nível de endividamento público americano, a fragilidade das instituições financeiras em diversos países e os claros sinais de desaceleração da economia mundial.O iG conversou com especialistas em economia internacional e selecionou cinco pontos fundamentais para entender a crise. Veja a seguir:

1 – Mais do mesmo

“Na verdade, não estamos vivendo uma nova crise mundial. A crise é a mesma que teve início em 2008, estamos só em uma nova fase”, afirma Antonio Zoratto Sanvicente, professor do Insper. Naquele ano foi deflagrada a crise das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos, com a quebra do banco Lehman Brothers. Basicamente, os problemas começaram porque as instituições financeiras emprestaram dinheiro demais para quem não podia pagar. Isso levou à falência de bancos e à intervenção governamental para evitar o colapso do sistema financeiro e uma recessão mais aguda. Ao injetar recursos em bancos e até em empresas, no entanto, os governos aumentaram seus gastos, em um momento em que a economia mundial seguia encolhendo. O resultado não poderia ser outro: aprofundamento do déficit público, que em muitos países já era bastante elevado. Na Grécia, por exemplo, a crise de 2008 ajudou a exacerbar os desequilíbrios fiscais que o país já apresentava desde sua entrada na zona do euro, diz o economista Raphael Martello, da Tendências Consultoria.

2 – Europa endividada

Faz quase dois anos que a crise da dívida soberana em países da União Europeia tem sido discutida nos mercados financeiros. Mas foi nos últimos meses que o problema veio à tona com mais intensidade e se tornou um dos maiores desafios que o bloco já enfrentou desde a adoção do euro em 2002. Além da Grécia, países como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha sofrem os efeitos do endividamento descontrolado e buscam apoio financeiro da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional. Para receber ajuda, no entanto, precisam adotar medidas de “austeridade fiscal” que, na prática, significam enxugar os gastos públicos, por meio do corte de benefícios sociais e empregos, por exemplo, e elevar a arrecadação por meio de impostos. O problema é que essas medidas deprimem ainda mais a economia e geram descontentamento, greves e manifestações. Nas últimas semanas, os movimentos populares têm se intensificado especialmente na Grécia.

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Em meio ao clima de instabilidade e discussão até mesmo sobre a manutenção desses países na zona do euro, o parlamento alemão aprovou a ampliação do fundo de socorro europeu para um total de 440 bilhões de euros.

3 – Enquanto isso, nos Estados Unidos

O déficit público americano já vinha crescendo vertiginosamente nos anos 2000, respondendo em parte aos gastos exorbitantes com a guerra do Iraque, em 2003, e às perdas causadas pelo furacão Katrina, em 2005. “Já existia um problema estrutural, mas com a crise em 2008 o governo injetou muito recurso nos bancos e empresas e isso levou a um sério aprofundamento do déficit”, afirma Martello. O resultado é que a dívida saiu de controle. Nos últimos meses, essa situação criou a necessidade de elevar o limite de endividamento público do país, para evitar que fosse decretado um calote. Isso levou a um prolongado embate político entre democratas e republicanos, que gerou enorme estresse nos mercados financeiros e levou a agência de classificação de risco S&P a rebaixar a nota de crédito americana no começo de agosto. Para piorar o cenário, os números revisados do PIB americano no primeiro e segundo trimestre apontam para desaceleração da economia, que também enfrenta altos índices de desemprego. Enquanto isso, a disputa política segue firme nos Estados Unidos, desta vez em torno da aprovação de um pacote proposto por Obama para estimular a geração de empregos no país. Na avaliação do professor José Márcio Camargo, da PUC-RJ, “a proposta do presidente Barack Obama de desoneração de impostos deve passar no Congresso americano, mas o aumento de gastos em infraestrutura para estimular a economia não deve ter aprovação da maioria. A briga entre políticos, que reprovam os programas de incentivo financeiro, e o Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, pode comprometer a independência da instituição.”

4 – Bancos em risco

A fragilidade do sistema financeiro na Europa e Estados Unidos continua a tirar o sono dos investidores. Se em 2008 os bancos, principalmente americanos, sofreram com a exposição a hipotecas de alto risco, desta vez, instituições de ambos os lados do Atlântico sentem os efeitos da exposição a títulos da dívida soberana de países europeus. É o caso dos bancos franceses, bastante expostos a títulos públicos da Grécia – país que busca com urgência nova parcela de resgate para evitar o calote. Alguns estudos tentam estimar o volume total de recursos que seria necessário para recapitalizar os bancos europeus em caso de um default da Grécia ou mesmo de outros países, como Portugal. Mas economistas afirmam que não é possível saber exatamente o tamanho do rombo, pois além dos títulos públicos, os bancos também estão expostos a seguros contra a dívida. Por não ser negociado em mercado formal, ninguém sabe ao certo quanto os bancos perderiam com esses seguros.

5 – Mundo em desaceleração

Se há alguns meses a inflação mundial era a principal preocupação de líderes e analistas de mercado, hoje o tema que domina as conversas é a desaceleração da economia global.

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Em um relatório recente, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou para evidente desaceleração da atividade econômica em praticamente todos os países. E o Brasil não está imune. Pelo contrário, é a nação que mostra os sinais mais claros de esfriamento da atividade, segundo a OCDE. Na avaliação do Banco Central brasileiro, “observa-se moderação do ritmo de atividade” do País, mas a economia “ainda continuará sendo favorecida pela demanda interna". No cenário internacional, a autoridade monetária vê "possibilidade elevada de recessão" em alguns países devido à crise global, "em especial nas economias maduras".

SAIBA MAIS SOBRE A CRISE NA EUROPA E ENTENDA QUEM SÃO OS “PIIGS”

Cinco países altamente endividados estão no centro da maior turbulência econômica na região desde a Segunda Guerra

Ilton Caldeira, iG São Paulo

A crise da dívida que afeta a Europa tem reflexos não só no continente, mas em várias outras partes do mundo, inclusive no Brasil , em um cenário internacional onde as relações econômicas e financeiras estão cada vez mais interligadas. Mas as fragilidades causadas pelos altos déficits , que ocorrem quando um país gasta mais do que arrecada, são mais latentes e concentradas em cinco países da região que adotou o euro como moeda única: Portugal , Irlanda , Itália , Grécia e Espanha , batizados de “Piigs”, uma sigla depreciativa criada com a junção das letras iniciais do nome de cada nação, em inglês, e cuja sonoridade se assemelha com a palavra “porcos”, no mesmo idioma. O alto risco de um calote nesses países é considerado pelos especialistas como a maior ameaça à economia da União Europeia desde a Segunda Guerra Mundial. Esse cenário de medo e incertezas tem levado a indagações sobre a real viabilidade futura da união monetária , com reflexos nas principais bolsas de valores do mundo , que sofrem com as constantes quedas e fortes oscilações ao sabor dos acontecimentos de curto prazo. O motivo de tanta tensão é a dificuldade que alguns países vêm enfrentando para conseguir empréstimos e refinanciar suas dívidas públicas. Essa capacidade de se refinanciar acontece porque existe um grande desequilíbrio fiscal, com a arrecadação dos governos em queda e os gastos em alta. A União Europeia , sob a liderança da Alemanha , a maior economia do bloco, tem buscado saídas para a crise, mas a falta de medidas concretas e de grande impacto tem contribuído ainda mais com clima de incerteza. O resultado dessa falta de ação na vida das pessoas comuns pode ser percebida com a queda de vários governos na Europa. A crise econômica já derrubou dez chefes de governo desde 2009, sendo que o último a cair foi o do primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero derrotado nas eleições parlamentares de 20 de novembro. Eleitores insatisfeitos com as respostas dadas pelos governos para a crise foram às urnas e mudaram o comando de países como Irlanda, Portugal e Espanha. Na Grécia e na Itália, os premiês, também sob forte pressão, renunciaram a seus mandatos.

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O sentimento de reprovação às soluções propostas para debelar a crise também pode ser notado nas manifestações de movimentos como o "Indignados" , que tem protestado em diversas cidades da Europa contra as distorções geradas por um mundo financeiro com instrumentos de fiscalização comprovadamente falhos em muitos casos.

Veja a seguir alguns pontos para entender a crise que afeta a Europa e os “Piigs”

Portugal

Portugal enfrenta uma taxa de desemprego superior a 12% e uma economia em contração . O recém empossado primeiro-ministro Pedro Passos Coelho terá que implantar reformas fiscais e sociais amplas e urgentes, incluindo mais medidas de austeridade para restaurar a saúde fiscal do país e encorajar o crescimento econômico. Os termos do acordo de ajuda financeira acertado com a União Europeia e credores incluem aumento dos impostos, congelamento de aposentadorias e cortes nos benefícios dos funcionários. O novo governo terá que implementar o pacote econômico que prevê uma ajuda financeira de 78 bilhões de euros ao país. Diferentemente de outros países, não houve qualquer estouro de bolha em Portugal. O que houve foi um processo gradual de perda de competitividade, com o aumento dos salários e redução das tarifas de exportações de baixo valor da Ásia para a Europa. Com o baixo crescimento econômico, o governo tem tido dificuldade para obter a arrecadação necessária para arcar com os gastos públicos crescentes, em parte por causa de uma sucessão de projetos, incluindo melhorias no setor de transportes, com o objetivo de aumentar a competitividade portuguesa. Quando estourou a crise financeira global, em setembro de 2008, Portugal passou a enfrentar problemas com sua dívida pública, que ficou cada vez mais difícil de ser financiada.

Irlanda

A República da Irlanda foi uma das maiores casos de sucesso recente na Europa, nos anos pré-crise. Tanto que devido a esse fato o país foi apelidado de "Tigre Celta". Mas esse crescimento econômico era dependente de uma frágil bolha imobiliária que ruiu em 2008. O país foi do boom ao desastre financeiro em um período de apenas três anos. O preço dos imóveis caiu rapidamente cerca de 60% e os empréstimos de risco, concedidos principalmente para as construtoras, se acumularam nas carteiras dos principais bancos. Para ajudar as principais instituições financeiras e evitar um colapso em todo o sistema foi necessário um aporte emergencial de 45 bilhões de euros, mais de R$ 100 bilhões, o que aprofundou ainda mais o já elevado déficit no orçamento do governo irlandês. As finanças do país também estão sendo afetadas pela queda na arrecadação de impostos. À medida que a economia se retrai, cresce o desemprego e aumentam os temores de que o país esteja à beira de uma volta à recessão. O país já adotou uma série de programas de austeridade desde o início da crise da dívida, mas o governo terá de fazer muito mais nos próximos anos para cumprir as difíceis metas estabelecidas pela União Europeia (UE), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), que são credores do país. Em 7 de novembro, a União Europeia fez uma emissão de bônus dez anos no valor de 3 bilhões de euros destinados ao programa de assistência financeira à Irlanda. A operação foi

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realizada por meio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), com vencimento dos títulos em 4 de fevereiro de 2022 e rentabilidade de 3,6%.

Itália

O agravamento da situação da economia italiana tem colocado em dúvida as soluções propostas até agora pela União Europeia para a crise. A Itália possui uma dívida de 1,9 trilhão de euros, muito maior que a de Grécia, Irlanda e Portugal juntos. A quebra da Itália , terceira maior economia do bloco, que representa cerca de 20% da União Europeia, poderia abalar seriamente a estrutura do euro. Para blindar a Itália, os líderes europeus decidiram em outubro ampliar o Fundo de Estabilidade Financeira (FEEF) para 1 trilhão de euros, mediante um mecanismo que estimule a compra da dívida dos países mais frágeis, oferecendo uma garantia de 20% sobre perdas eventuais. Diante da gravidade da situação, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, nomeou em 13 de novembro o economista e ex-comissário da União Europeia Mario Monti como primeiro-ministro do país, em substituição a Silvio Berlusconi , que ocupou o cargo por cerca de dez anos, e passava por uma crise de credibilidade após se envolver em sucessivos escândalos, além de ter seu nome associado em denúncias de corrupção. Monti te como função principal implementar o plano de austeridade aprovado em 12 de novembro pelo parlamento italiano. O pacote contém medidas duras para cortar 59,8 bilhões de euros e equilibrar o orçamento do país até 2014. Entre as medidas estão o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de 20% para 21%, congelamento dos salários de servidores até 2014, aumento da idade mínima de aposentadoria para as trabalhadoras do setor privado, de 60 anos em 2014 para 65 em 2026, maior rigidez na aplicação das leis contra evasão fiscal, além de um imposto especial para o setor de energia.

Grécia

A Grécia foi uma das maiores beneficiadas com a de adesão ao euro em 2001. Mas o governo grego foi incapaz de gerir a expansão dos gastos públicos que dispararam de forma desordenada. Nesse período, os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Agora, a Grécia é o país de maior evidência no grupo de devedores da União Europeia. O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida está muito acima do limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade do bloco assinado pelo país para fazer parte do euro. A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando a economia cada vez mais exposta aos riscos da crescente dívida. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos, deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito que veio à tona em setembro de 2008. Apesar da ajuda da União Europeia, a Grécia segue em dificuldades. Em meados de 2011, foi aprovado um segundo pacote de ajuda, de cerca de 109 bilhões de euros, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de bancos do setor privado. Um programa de recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões de euros vindos de instituições financeiras não estatais, chegando a cerca de 50 bilhões de euros apenas a contribuição dos credores privados.

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Diante das pressões, tanto internas como da comunidade financeira internacional, no início de novembro o primeiro-ministro grego George Papandreou aceitou renunciar ao cargo para que fosse montado um governo de coalizão no país. Após uma longa negociação entre os partidos governistas e de oposição, o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas Papademos foi nomeado em 10 de novembro o novo primeiro-ministro do governo de união nacional na Grécia, com a missão de restaurar a confiança do mercado financeiro e estabilizar a situação econômica do país.

Espanha

Com a taxa de desemprego mais alta entre os países industrializadas (22% da população ativa), ameaça de resgate financeiro e risco crescente de recessão, a Espanha vive sua pior crise em mais de quatro décadas. A fragilidade econômica vem causando uma rápida mudança social na Espanha, empurrando de volta para a pobreza pessoas que vinham ascendendo economicamente. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de um em cada cinco espanhóis, (21% da população), ou cerca de 10 milhões de pessoas, era classificado como pobre em julho, e analistas estimam que este índice chegue a 22% até o fim do ano. Em 1991, o índice era de 14%. Uma em cada quatro famílias no país não tem dinheiro suficiente para saldar as dívidas no fim de cada mês. Essas estatísticas recentes contrastam com o perfil de um país que até seis anos atrás criava cerca de 500 mil empregos por ano e que em uma década de crescimento contínuo importou 5 milhões de imigrantes. Algumas medidas para tentar ajustar o país ao momento de baixo crescimento como congelamento de pensões, aumento na idade de aposentadoria, que passou dos 65 para 67 anos, corte de 5% nos salários do funcionalismo, aumento de impostos, entre outras, foram decretadas nos últimos meses. Mas essas decisões acabaram com a popularidade dos políticos socialistas, que chegaram ao poder em 2004, num momento de expansão econômica impulsionada pelo que, no futuro, se transformaria em uma bolha imobiliária. A forte expansão do setor da construção na Espanha fez com que o PIB do país crescesse mais de 60% nos últimos 15 anos. Entre 1994 e 2007, os imóveis tiveram uma valorização de mais 170%. Após a realização de eleições parlamentares em 20 de novembro e sob o comando do novo primeiro-ministro Mariano Rajoy , de perfil conservador, a Espanha deve ter pela frente períodos de mais ajustes fiscais, com cortes de gastos do governo e crescimento mais lento.

Perspectivas para a economia mundial melhoram em 2013

Valor Econômico – 02/01/2013

Se existem perspectivas mais animadoras para a economia global em 2013, elas se devem especialmente ao fato de os bancos centrais corajosos estarem conduzindo os destinos dos países desenvolvidos. Desde 2008, quando uma pavorosa recessão ameaçou o mundo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e, depois, o Banco Central Europeu (BCE) conseguiram evitar a quebra generalizada de bancos dos dois lados do Atlântico e falências de países, no caso da zona do euro. Conseguir afastar os piores perigos, nessas circunstâncias, já seria uma façanha. Fazê-lo sem poder contar com o poderoso auxílio das políticas fiscais – e até remando contra as consequências delas, em certo sentido – é admirável. Durante os últimos cinco anos o mundo desenvolvido foi regido por juros reais próximos do zero, quando não negativos. Isso por si só colocou notáveis desafios para as autoridades monetárias, pois

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o remédio foi insuficiente para evitar o colapso de economias inteiras. Os EUA conseguiram navegar relativamente bem após forte recessão nos últimos meses de 2008 e início de 2009, graças ao ativismo de Ben Bernanke, um estudioso atento da Grande Depressão. O Fed fez o que nunca tinha feito: comprar títulos privados, aceitar garantias que seriam rechaçadas em tempos normais e inchar seu balanço em mais de US$ 1 trilhão. O Tesouro americano entrou no capital de fortalezas bancárias, como o Citibank. Os grandes bancos levaram uma surra, mas nenhum deles faliu depois da desastrosa derrocada do Lehman Brothers. O epicentro da crise se deslocou para a zona do euro desde 2010 e lá permanece. A Grécia quebrou e ameaçou levar a união monetária junto consigo. Os títulos soberanos, considerados os mais seguros, tornaram-se papéis podres diante da montanha de déficit público acumulada por Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e outros países, em grande parte para evitar uma catástrofe financeira provocada pela ganância e irresponsabilidade dos bancos. Em 2012, a falência combinada de Estados e instituições financeiras esteve prestes a se concretizar. Os líderes europeus agiram com reticências e tardiamente, deixando um vácuo que foi preenchido pela ação do Banco Central Europeu. O bloco monetário foi duas vezes salvo por Mario Draghi, presidente do BCE. Em um dos picos da crise, no fim de 2011, Draghi tomou a dianteira ao dar financiamento ilimitado por três anos, a custo simbólico, para todos os bancos que dele necessitassem. Afastado provisoriamente o risco imediato de quebra bancária generalizada, o outro lado do pêndulo da crise se moveu. O custo de financiamento de países como Itália e Espanha, terceira e quarta maiores economias da zona do euro, foi para a lua. De novo, Draghi, navegando na estreita linha permitida pelos tratados da União Europeia, anunciou a compra dos títulos dos países sob sufoco no mercado secundário, desde que se submetessem aos planos de austeridade da Comissão Europeia, FMI e BCE. Imediatamente o preço exigido pelos investidores para sustentar a rolagem da dívida dos Estados declinou e hoje está significativamente abaixo do pico de 2011 – e, o que é mais curioso, sem que o BCE tenha de fato feito compras maciças de títulos soberanos e Espanha e Itália tenham pedido socorro formalmente. A compra de títulos soberanos foi uma alternativa levantada desde o início da crise do euro e só foi tomada, ainda assim, com a união monetária à beira do precipício. Além disso, os líderes europeus finalmente se convenceram de que deveriam salvar a Grécia e manter a unidade da zona do euro. Aceitaram que seu fundo de estabilização fosse usado para sanear bancos em dificuldades e concordaram em criar uma supervisão bancária única para os grandes bancos, a cargo do BCE. Problemas de fundo do bloco monetário subsistem, como a necessidade de coordenação das políticas fiscais, envolvendo significativa perda de soberania dos Estados membros. Mas o BCE conseguiu finalmente comprar tempo e deter a escalada fatal da crise. A zona do euro continuará em recessão ao longo de 2013 e uma recuperação econômica plena demorará anos. Se os EUA domarem o abismo fiscal como tudo indica, a China melhorar um pouco sua performance e os demais emergentes se recuperarem, como dão sinais de fazê-lo, o drama europeu, que apavorou os mercados nos últimos anos, se tornará administrável. Por isso, 2013 pode ser o ano que marcará o começo do fim da crise global.

Perspectivas da economia chinesa

Autor(es): Caio Megale e Artur Manoel Passos

Valor Econômico – 08/05/2012

O Brasil teve avanços importantes nos últimos 15 anos. O tripé de política econômica – inflação controlada, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal – trouxe credibilidade ao país, reduzindo o custo de captação externo. Reformas, que mudaram as instituições, geraram

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crescimento e atraíram novos investimentos externos diretos. Ficaram para trás os antigos problemas recorrentes no balanço de pagamentos que faziam o Brasil ficar sobressaltado a cada crise externa. Hoje a dívida externa brasileira não existe e as exportações cresceram muito. Uma parte do sucesso nas contas externas deve-se ao expressivo ganho nos termos de troca. A China teve um papel importante nesse processo. A forte demanda por commodities foi decisiva na elevação dos preços desses produtos no mercado internacional, explicando boa parte deste ganho nos termos de troca. Entender a dinâmica da economia chinesa passou a ser, portanto, fundamental para o Brasil. Como ela se comportará nos próximos anos? O governo chinês dá sinais de estar comprometido com reformas que modifiquem seu modelo de crescimento. O país deve crescer menos, porém de forma mais sustentável. Ao mesmo tempo, os sinais apontam para um ritmo lento de ajustes, seguindo o gradualismo que marcou o país nas últimas décadas. Estudo sugere que não há espaço para que o investimento continue crescendo mais rápido do que o PIB, sob pena de surgirem projetos de qualidade duvidosa. O consumo, por sua vez, deverá ganhar espaço na demanda doméstica. Em 2007, o premiê Wen Jiabao afirmou que o crescimento chinês é "instável, desbalanceado, descoordenado e insustentável", e desde então o governo vem buscando um rebalanceamento. O último plano quinquenal (2011-2015) reafirma esse diagnóstico e aponta o caminho. Do lado da demanda, o objetivo é fortalecer o consumo doméstico. Do lado oferta, o plano prevê o aumento da participação do setor terciário no Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o governo almeja aumentar o valor agregado das manufaturas e a liberar gradualmente a conta financeira do balanço de pagamentos. A crise de 2008/2009 interrompeu temporariamente o processo. Em resposta à queda nas exportações, o governo expandiu os investimentos, principalmente em infraestrutura e no setor imobiliário. Como consequência, a participação dos investimentos no PIB chegou a quase 50%. A dívida dos governos locais aumentou cerca de 17% do PIB em 2008 para 26% em 2010. Aumentou a incerteza em relação ao pagamento dos empréstimos bancários que financiaram essa expansão, embora o governo tenha espaço para absorver eventuais perdas e prevenir uma crise bancária. Passada a crise, o rebalanceamento induzido pelo governo foi retomado. Os investimentos ainda crescem mais do que o PIB, mas vêm desacelerando. O superávit na conta corrente do balanço de pagamentos declinou de 10% do PIB em 2007 para menos de 3% em 2011, em parte resultado do aumento da demanda doméstica e da apreciação da taxa de câmbio – embora o baixo crescimento cíclico nos países desenvolvidos também tenha contribuído no ajuste. As reformas devem continuar. A recente redução da meta de crescimento de 8,0% para 7,5% em 2012 indica disposição do governo em aceitar um crescimento menor, necessário para viabilizar uma evolução mais sustentável à frente (cabe lembrar, contudo, que o crescimento efetivo costuma ser maior do que a meta). A estrutura tributária deve voltar a ser ajustada em 2012, aumentando a renda disponível das famílias. Ao mesmo tempo, o governo já elevou duas vezes os preços de gasolina e diesel e prometeu ajustes nos mecanismos que regulam preços de eletricidade e de combustíveis. No setor financeiro, foi anunciado um programa piloto na cidade de Wenzhou que vai viabilizar uma participação maior do setor privado. Apesar da preocupação com os mecanismos de financiamento fora do balanço dos bancos, estes podem ser vistos como um passo na

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direção da desregulamentação das taxas para os depósitos e empréstimos, desde que estejam sob um arcabouço regulatório bem desenhado. Por fim, os aumentos da largura da banda de flutuação diária do yuan em relação à taxa de referência e do programa de investimento em ativos domésticos para investidores qualificados, ambos anunciados em abril, vão na direção de diminuir as restrições nos fluxos de capital. Esses fatores devem levar a uma lenta redução das taxas de crescimento do PIB. A equipe de economistas do Itaú publicou um estudo tentando medir o crescimento potencial das principais regiões do mundo (1). Para a China, o estudo sugere que não há espaço para que o investimento continue crescendo mais rápido do que o PIB, sob pena de surgirem projetos de qualidade duvidosa, como os que apareceram durante a retomada pós-crise de 2008. O consumo, por sua vez, deverá ganhar espaço na demanda doméstica. O cenário do Itaú prevê uma diminuição do crescimento potencial a um valor entre 6,5% e 7,0% no final desta década. O crescimento menor decorre da desaceleração dos investimentos e de fatores demográficos (força de trabalho crescendo menos). Além disso, há uma tendência de relocação da mão de obra: a migração do campo para a cidade continuará, mas os trabalhadores irão cada vez mais para o setor de serviços, que é menos produtivo. Em suma, a China continuará avançando, contribuindo para o crescimento mundial e para a demanda por commodities. Mas o ritmo será mais moderado, em resposta a medidas governamentais para rebalancear a economia. Este é um cenário ainda favorável para o Brasil, mas que traz desafios. Ganham importância reformas estruturais que acelerem a produtividade da economia e abram espaço para aumentar os investimentos em infraestrutura. Desta forma, reduziremos ainda mais a dependência do ambiente internacional. Afinal, os ventos externos favoráveis não devem ser tão forte como nos últimos 10 anos.

(1) Itaú Macro Latam 2020 (março de 2012). Disponível em bit.ly/Macro_Latam_2020

Caio Megale e Artur Manoel Passos são economistas do Itaú Unibanco.

Sucesso dos Brics gerou proliferação de acrônimos econômicos

Nos últimos tempos, noticiário econômico e internacional vê cada vez mais novas siglas como Pigs, Civets, Carbs, Cement ou Cassh.

BBC

Os Brics podem salvar os Pigs? Talvez com a ajuda dos Cement. Com isso, Civets, Mints, Mist, Carbs e Cassh poderão continuar crescendo. No rastro do sucesso do acrônimo Bric, cunhado há dez anos pelo economista-chefe do banco Goldman Sachs, uma série de novos acrônimos vem aparecendo para denominar grupos de países com algo em comum, seja para a felicidade da mídia, que pode usá-los para simplificar conceitos e economizar espaço, seja para simplesmente 'vender' os países aos investidores internacionais. Novos acrônimos e siglas vêm sendo apresentados com cada vez mais frequência no noticiário econômico ou internacional. Além dos "filhotes" dos Brics, há a proliferação dos já tradicionais agrupamentos G (G2, G4, G5, G7, G8, G20, G77 etc...). Quando Jim O'Neill, do Goldman Sachs, criou os Bric, sua intenção era identificar o grupo dos quatro países de grandes dimensões com crescimento econômico acelerado (Brasil, Rússia,

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Índia e China) nos quais seus clientes poderiam investir com perspectivas de grandes ganhos futuros. O sucesso do acrônimo, que se utiliza também do trocadilho em inglês com brick (tijolo), numa referência aos blocos de construção do crescimento global, gerou não só uma atenção global maior sobre os países como levou-os a institucionalizá-lo, com reuniões de cúpula periódicas e mecanismos de consultas diplomáticas para a discussão de posições comuns. No rastro, também popularizou o nome de O'Neill.

Siglas fáceis

Uma pesquisa acadêmica citada recentemente pelo diário "The Wall Street Journal" mostra que siglas fáceis de serem lembradas podem ajudar a vender investimentos. O estudo, publicado em 2006, mostrou que as ações cujas siglas formavam sons de palavras comuns reconhecíveis se valorizaram 8,5% a mais em comparação com as demais. Isso explica em grande parte a proliferação das siglas. O próprio acrônimo Bric já ganhou variações, com Brics (com a inclusão recente da África do Sul ao grupo institucionalizado) ou Brick (com a inclusão da Coreia do Sul, como defendem alguns analistas). Desde o ano passado, com o agravamento da crise da dívida nos países da Europa, parte da mídia passou a se referir aos países em dificuldades como Pigs (porcos, em inglês). Fazem parte do grupo Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. Com a contaminação da Itália pela crise, a sigla ganhou um novo I e gerou os Piigs. Compreensivelmente e diferentemente dos Brics, porém, nem os Pigs ou os Piigs se assumem como tal nem há um "pai" declarado do acrônimo. A maioria dos acrônimos que apareceram nos últimos tempos tem sentido positivo. Os Civets (nome em inglês dos cervos almiscareiros) reúnem Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul. O acrônimo foi criado pela Economist Intelligence Unit (EIU), o braço de pesquisas da revista "The Economist", para agrupar países emergentes com economias dinâmicas e diversificadas e com populações jovens. Os Civets são de alguma maneira complementares aos Brics, da mesma maneira que o grupo Cement (cimento em inglês, num trocadilho que envolve também os tijolos Brics). O Cement (Countries in Emerging Markets Excluded by New Terminology, ou Países nos Mercados Emergentes Excluídos pela Nova Terminologia) foi criado pelos críticos dos Brics que afirmam que o crescimento do grupo depende diretamente do crescimento dos demais países emergentes. Para eles, sem cimento os tijolos não servem para nada. Outra adição recente ao rol dos acrônimos econômicos é o Carbs (abreviação em inglês para carboidratos), que reúne Canadá, Austrália, Rússia, Brasil e África do Sul. O acrônimo foi cunhado pelo Citigroup, que em um relatório publicado neste mês chamado Carbs make you strong (Carbos deixam você forte) argumentou que os cinco países têm economias e moedas particularmente sensíveis às variações nos preços das commodities. Outros acrônimos criados nos últimos anos incluem, entre outros, Eagles (Emerging and Growth Leading Economies), Mints (Malásia, Indonésia, Nova Zelândia, Tailândia e Cingapura), Mist (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia) e Cassh (Canadá, Austrália, Cingapura, Suíça e Hong Kong). A lista não para de crescer. Em alguns casos, porém, quando a lógica do agrupamento dos países não combina com a cunhagem de um acrônimo, outras soluções são necessárias, como no caso dos Next-11 (Próximos 11).

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O grupo, criado também pelo pai dos Bric, Jim O'Neill, inclui os países em que ele vê potencial para se juntar às maiores economias do século 21 – Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Coreia do Sul, Turquia e Vietnã. Ganha um prêmio quem conseguir criar um acrônimo simples com as iniciais desses países.

CRISE FINANCEIRA AMERICANA

Entenda a crise financeira que atinge a economia dos EUA

da Folha Online

A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência. O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano. Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais). As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco. Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos. Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito). Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis. Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo,

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desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas. No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.

Financiadoras

Em setembro do ano passado, o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito 'subprime' (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano. Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America. Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns têm anunciado perdas bilionários e prejuízos decorrentes da crise. Entre as vítimas mais recentes da crise estão as duas maiores empresas hipotecárias americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Consideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, "tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de nosso país e no restante do globo", no dia 7 deste mês foi anunciada uma ajuda de até US$ 200 bilhões. As duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac). Menos sorte teve o Lehman Brothers: o governo não disponibilizou ajuda como a que foi destinada às duas hipotecárias. O banco previu na semana passada um prejuízo de US$ 3,9 bilhões e chegou a anunciar uma reestruturação. Antes disso, o banco já havia mantido conversas com o KDB (Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, na sigla em inglês) em busca de vender uma parte sua, mas a negociação terminou sem acordo. O Bank of America e o Barclays também recuaram, depois que ficou claro que o governo não iria dar suporte à compra do Lehman. Restou ao banco entregar à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York um pedido de proteção sob o "Capítulo 11", capítulo da legislação americana que regulamenta falências e concordatas.

Combate

Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia --o que faz crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo--, o presidente americano, George W. Bush, sancionou em fevereiro um pacote de estímulo que incluiu o envio de cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos. O pacote estipulou uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais

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por filho. Quem não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, teve direito a cheques de US$ 300.

OBAMA TOMA POSSE E BUSCA ACORDO CONTRA CRISE FISCAL

Obama toma posse em busca de diálogo com oposição e dá alargada para 2016

Autor(es): Denise Chrispim Marin

O Estado de S. Paulo – 21/01/2013

Barack Obama tomou posse oficialmente ontem como presidente dos Estados Unidos, depois de uma cerimônia simples na Casa Branca. Hoje ele presta juramento público perante o Congresso e começa, na prática, seu segundo governo com o desafio de melhorar o diálogo com a oposição republicana e evitar o nó fiscal. Outro tema econômico urgente será a discussão sobre os cortes de gastos públicos até 2022. O democrata tenta preservar os programas sociais que os republicanos pretendem enxugar. Ao mesmo tempo, foi dada a largada para a sua sucessão, em 2016. Ontem, o juramento do vice-presidente, Joe Biden, teve mais visibilidade que o do próprio Obama Celebração discreta. Em seu segundo mandato, democrata persegue acordo com republicanos no Congresso para evitar nó fiscal que tornaria inviáveis seus programas sociais e colocaria em risco o triunfo de seu partido nas próximas eleições presidenciais O presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, iniciou ontem seu segundo e último mandato em uma cerimônia simples na Casa Branca. Hoje, no Congresso, fará seu juramento público. Terminados os festejos, amanhã, terá o desafio de melhorar o complicado diálogo com a oposição republicana, para evitar o nó fiscal que levaria ao fracasso de seu segundo governo. Ao mesmo tempo, dará a largada para sua sucessão, na eleição de 2016. Apenas a família, 12 convidados, 1 assessor e o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, diante de quem jurou cumprir a Constituição, assistiram ao juramento de ontem, no Salão Azul da Casa Branca. Não houve discursos nem acenos ao público. "Bom trabalho", disse a filha caçula, Sasha, de 11 anos, ao referir-se aos últimos quatro anos. "Sim, fiz bom trabalho", respondeu Obama. O juramento do vice-presidente, Joe Biden, teve mais visibilidade e audiência de políticos e estrategistas de peso, entre os quais David Axelrod, a deputada Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara, e a presidente do Partido Democrata, Debbie Schultz. Sua ambição de concorrer na eleição de 2016 foi reforçada no fim da campanha de 2012 e, em seguida, na negociação do acordo tributário, no fim de dezembro, e ao compilar o pacote de controle de armas. Biden tem 70 anos. "Podemos começar a fazer os cálculos políticos do número de delegados (para o Colégio Eleitoral) necessários para a escolha do candidato democrata. Posso ver um monte de delegados aqui", afirmou à imprensa a estrategista democrata Donna Brazile, presidente na cerimônia no Observatório Naval, em Washington. Obama já perdeu em seu gabinete uma potencial sucessora e concorrente de Biden nas primárias democratas de 2016, Hillary Clinton, ex-primeira-dama e ex-senadora. Hillary promete descansar, depois de quatro anos na liderança do Departamento de Estado e de viagens a mais de cem países. Apesar de sua recente internação por uma trombose e de seus 65 anos, ela é tida como uma candidata capaz de obter consenso no partido.

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Democrata mais apagado, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, também é apontado como potencial candidato. Manobras políticas de curto prazo terão certamente impacto no jogo eleitoral de 2016. Obama terminou seu mandato com pobre qualidade de diálogo com a oposição republicana, ainda amarrada pelos radicais do Tea Party. A Casa Branca está em ne-gociação com o Congresso sobre dois temas econômicos de suma importância para a sociedade americana e para o restante de sua gestão e também sobre sua política para controle de armas. Obama deverá conseguir do Congresso autorização para elevar o limite de endividamento federal antes de meados de fevereiro, quando o atual teto de US$ 16,4 trilhões será alcançado. Portanto, tende a se livrar do risco momentâneo de ser obrigado a declarar a suspensão de pagamentos da dívida, fornecedores, servidores e militares pela primeira vez na história americana. Os efeitos previstos dessa atitude vergonhosa para qualquer governo – como a pressão para o aumento dos juros para o consumidor e o investidor, em prejuízo do consumo e o emprego – serão contornados. Mas Obama ainda está ameaçado de ter seu governo e a sociedade americana periodicamente expostos a esse mesmo risco. A bancada democrata na Câmara insiste em aumentar o teto da dívida por apenas três meses e resiste em dar ao presidente o poder para aumentar esse limite quando necessário. Trata-se de uma espécie de torniquete sobre o governo Obama, com poder de limitar o poder de barganha da Casa Branca em outros projetos de seu interesse, como a Reforma da Imigração, a regulamentação das reformas da Saúde e de Wall Street e o fim da guerra do Afeganistão. Em outro tema econômico urgente, o acordo com o Congresso sobre os cortes de gastos públicos até 2022, Obama tenta preservar os gastos com programas sociais da ansiedade republicana em vê-los enxugados. A discussão se complica pelo alto grau de polarização ideológica dos dois partidos, percebido desde o início de 2011, e pela baixa tolerância de Obama a fazer concessões. A sociedade americana sofrerá com qualquer escolha final ou com a ausência de um acordo. Os programas de saúde gratuita para os americanos pobres serão alvo de cortes de gastos públicos a partir de 2013, assim como as aposentadorias e pensões da Previdência Social. Despesas com a Defesa não serão poupadas – e isso significará restrições na estratégia americana na guerra do Afeganistão, em futuras ações militares dos EUA no exterior e nas contratações de empresas do setor. Mesmo dentro do país, já há planos para o fechamento de bases, com repercussão desastrosa para as econo-mias locais. O peso desses cortes e seus de efeitos dependerá do acordo a ser firmado até 28 de fevereiro. Se não houver consenso, o governo de Obama será obrigado a reduzir em US$ 100 bilhões os gastos públicos apenas neste ano, sobretudo nas áreas social e de defesa. Entre 2014 e 2022, outros US$ 446 bilhões serão podados. A retração do ritmo de recuperação econômica do país, será inevitável

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CRISE FINANCEIRA EUROPÉIA

Entenda a crise da Grécia e suas possíveis consequências

País tem pesadas dívidas e vem recebendo ajuda externa.

Papandreou chegou a pedir referendo sobre ajuda financeira, mas recuou.

Do G1,

A Grécia tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes de ajuste e ajuda financeira externa, o futuro da Grécia ainda é incerto. O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a maior relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade assinado pelo país para fazer parte do euro. A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008. O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida.

Ajuda e protestos

Em abril de 2010, após intensa pressão externa, o governo grego aceitou um primeiro pacote de ajuda dos países europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 110 bilhões de euros ao longo de três anos. Em contrapartida, o governo grego aprova um plano de austeridade fiscal que inclui alta no imposto de valor agregado (IVA), um aumento de 10% nos impostos de combustíveis, álcool e tabaco, além de uma redução de salários no setor público, o que sofre forte rejeição da população. Apesar da ajuda, a Grécia segue com problemas. Em meados de 2011, foi aprovado um segundo pacote de ajuda, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do setor privado. A contribuição do setor privado foi estimada em 37 bilhões de euros. Um programa de recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões de euros vindos do setor privado, chegando a cerca de 50 bilhões de euros. Em outubro, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a dívida da Grécia, eliminando o último obstáculo para um ambicioso plano de resposta à crise. Com o plano, a dívida grega terá um alívio de 100 bilhões de euros após a aceitação, pela maior parte dos bancos, de uma redução superior a 50% do valor dos títulos da dívida. No mesmo mês, o país enfrentou violentos protestos nas ruas. A população se revoltou contra um novo plano de cortes, previdência e mais impostos, demissões de funcionários públicos e redução de salários no setor privado, pré-requisito estabelecido pela União Europeia e pelo FMI para liberar uma nova parcela do plano de resgate, de 8 bilhões de euros Manifestantes entram em confronto com a polícia em Atenas (Foto: Reuters)

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Muitos servidores públicos acreditam que a crise foi criada por forças externas, como especuladores internacionais e banqueiros da Europa central. Os dois maiores sindicatos do país classificaram as medidas de austeridade como “antipopulares” e “bárbaras”.

Plebiscito e turbulências no mercado

Em 1º de novembro, o então primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, provocou novas turbulências nos mercados e na zona do euro ao anunciar que convocaria um referendo sobre o novo pacote de ajuda da União Europeia, perguntando aos eleitores se querem adotá-lo ou não. A expectativa do premiê era que o plebiscito “validasse” as medidas de austeridade necessárias para receber a ajuda financeira. Uma pesquisa, no entanto, mostrou que aproximadamente 60% dos gregos enxergam a cúpula dos líderes europeus, que acertaram um novo pacote de ajuda de 130 bilhões de euros, como negativa ou provavelmente negativa. A convocação de plebiscito enfrentou rejeição da oposição e dos membros do próprio partido de Papandreou. Com isso, o governo ficou enfraquecido, e Papandreu terminou deixando o cargo, sendo substituído por Lucas Papademos.

Calote

Como membro da zona do euro, a Grécia enfrenta pressão dos demais membros para colocar suas contas em ordem e evitar a declaração de moratória – o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida. No caso da Grécia, isso traria enormes dificuldades. As taxas de juros pagas pelos governos da zona do euro têm sido mantidas baixas ante a presunção de que a UE e o Banco Central Europeu proveriam assistência a países da região, justamente para evitar calotes. Uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custos para empréstimos tomados pelos países menores da UE, sendo que alguns deles já sofrem para manter seus pagamentos em dia. Se Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos que lhes emprestaram dinheiro seriam afetados, o que elevaria a demanda por fundos do Banco Central Europeu. Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal não seguirão o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecerá com a Espanha, que só tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos crescentes. A economia espanhola equivale à soma das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difícil para a UE estruturar, caso seja necessário, um pacote de resgate para um país dessa dimensão.

(Com informações da Reuters, France Presse e BBC)

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O que a Grécia significa

Autor(es): agência o globo: Paul Krugman

O Globo – 13/03/2012

Então a Grécia deu oficialmente o calote nos credores privados. Foi um calote "ordeiro", negociado ao invés de simplesmente anunciado, o que suponho seja bom. Ainda assim, a história está longe de acabar. Mesmo com esse alívio em sua dívida, a Grécia – como outras nações europeias forçadas a impor austeridade numa economia deprimida – parece condenada a muitos anos mais de sofrimento. Esta é uma fábula digna de ser contada. Nos últimos dois anos, a história da Grécia tem sido, segundo um recente texto sobre economia política, "interpretada como uma parábola sobre os riscos de irresponsabilidade fiscal". Não passa um dia sem que, nos EUA, algum político ou comentarista entoe, com um ar de grande sabedoria, que é preciso cortar gastos do governo imediatamente, ou vamos acabar como a Grécia, Grécia eu lhes digo. Apenas para usar um exemplo recente, quando Mitch Daniels, governador de Indiana, apresentou a resposta republicana ao discurso do presidente Obama sobre o Estado da União, insistiu que "estamos a uma pequena distância de Grécia, Espanha e outros países europeus que hoje enfrentam a catástrofe econômica". Ninguém aparentemente lhe disse que a Espanha tinha baixo déficit governamental e superávit orçamentário às vésperas da crise; o país está em apuros devido aos excessos do setor privado, não do setor público. Mas o que a experiência da Grécia de fato mostra é que se incorrer em déficits em tempos de fartura pode criar problemas – o que é o caso da Grécia, embora não o da Espanha – tentar eliminar déficits quando você já está em apuros é uma receita para depressão. Hoje em dia, depressões econômicas induzidas por políticas de austeridade são visíveis em toda a periferia europeia. A Grécia é o pior caso, com o desemprego escalando para 20% e os serviços públicos, incluindo o setor de saúde, entrando em colapso. Mas a Irlanda, que fez tudo o que queria o pessoal da austeridade, também está em terrível estado, com o desemprego perto dos 15% e o PIB em queda de dois dígitos. Portugal e Espanha estão em situação crítica também. Impor austeridade numa crise não inflige apenas grande sofrimento. Há evidência crescente de que é autodestrutivo mesmo em termos puramente fiscais, pois a combinação de receitas em queda devido à economia deprimida e perspectivas de longo prazo piores reduz a confiança do mercado e torna a carga da dívida futura mais difícil de carregar. Deve-se perguntar como países que estão sistematicamente negando um futuro a sua juventude – o desemprego entre jovens na Irlanda, que costumava ser menor do que nos EUA, é agora de quase 30%, chegando perto dos 50% na Grécia – conseguirão crescimento suficiente para pagar o serviço da dívida. Não é isso o que devia ter acontecido. Há dois anos, quando muitos começaram a pedir um giro do estímulo para a austeridade, prometeram grandes vantagens em troca do sofrimento. "A ideia que medidas de austeridade possam trazer estagnação é incorreta", declarou, em junho de 2010, Jean-Claude Trichet, então presidente do Banco Central Europeu. Ele insistiu que, ao invés disso, a disciplina fiscal inspiraria confiança, e isso levaria ao crescimento econômico. Cada ligeira melhora de um indicador de uma economia em austeridade era aclamada como prova de que essa política funciona. A austeridade irlandesa foi proclamada uma história de sucesso, não uma vez, mas duas – a primeira no verão de 2020 e de novo no último outono; em cada vez a suposta boa notícia rapidamente se evaporou.

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Pode-se perguntar que alternativa países como Grécia e Irlanda tinham, e a resposta é que não tinham e não têm boas alternativas a não ser deixar o euro, um passo extremo que, realisticamente, seus líderes não podem dar até que todas as outras opções tenham falhado – um estado de coisas tal que, se me perguntarem, diria que a Grécia dele se aproxima rapidamente. A Alemanha e o Banco Central Europeu poderiam ter agido para tornar esse passo extremo menos necessário, tanto ao exigir menos austeridade quanto ao fazer mais para impulsionar a economia europeia como um todo. Mas o principal ponto é que os EUA de fato têm uma alternativa: temos nossa própria moeda e podemos tomar empréstimos a prazos longos e a juros historicamente baixos; então, não necessitamos entrar numa espiral descendente de austeridade e contração econômica. Então, é tempo de parar de invocar a Grécia como um exemplo de cautela diante do perigo dos déficits; de um ponto de vista americano, a Grécia deveria, ao contrário, ser vista como exemplo dos perigos de tentar reduzir o déficit rapidamente demais, enquanto a economia ainda está profundamente deprimida. (E sim, a despeito de algumas boas notícias ultimamente, nossa economia ainda está profundamente deprimida.) Se você quer saber quem está realmente tentando transformar os EUA em Grécia, não são os que defendem mais estímulos à economia; são os partidários de que imitemos a austeridade ao estilo grego, embora não enfrentemos constrangimentos de crédito ao estilo grego, e assim mergulhemos numa depressão ao estilo grego.

G-20: Posição da Grécia no cenário de crise expõe divisão e vulnerabilidade da União Europeia

Ao abrir-se a reunião do G-20, em Cannes, sob a presidência da França, os países da zona do euro e da UE (União Europeia) apresentam-se divididos e vulneráveis às pressões dos Estados Unidos e dos Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China. Vulnerabilidade que decorre, em grande parte, da posição da Grécia no cenário de crise. Obtido na madrugada do dia 27 de outubro, depois de muitas reuniões técnicas e de intervenções diretas da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy, o acordo sobre a zona euro e a dívida grega foi saudado como uma etapa importante da construção europeia. Apenas alguns dias depois, tudo parece rolar por água abaixo com a decisão de George Papandreou, o primeiro ministro socialista grego, de submeter o acordo a um referendo nacional. Sem data certa – a imprensa grega diz que o voto popular será provavelmente realizado em janeiro –, o anúncio do referendo já provocou uma queda nas bolsas e gerou novas tensões na UE. Segundo este acordo, em troca de severas restrições orçamentárias controladas pela UE, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu, a Grécia obteria um abatimento de 50% em sua dívida com os bancos europeus e novos empréstimos da União Europeia. Alvo de protestos em seu país, Papandreou resolveu transferir para o eleitorado grego a responsabilidade pelo acordo que endossou em Bruxelas na quinta feira passada. Questionada por deputados de sua própria legenda, a atitude do primeiro-ministro ameaça novamente a moeda única europeia. A notícia surpreendeu e irritou os outros governos europeus, já que nada levava a crer que Papandreou fizesse esta altíssima aposta política. De

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fato, uma sondagem recente indicou que 60% dos gregos desaprovam o acordo de Bruxelas. O primeiro-ministro grego pensa que poderá virar o jogo eleitoral e obter uma maioria favorável ao acordo no referendo do mês de janeiro. Mas os especialistas observam que a Grécia tem pouca experiência em referendos e que, num escrutínio de um só turno que exige maioria absoluta, a vitória de Papandreou não será fácil. Como declarou ao “Financial Times” uma alta fonte da UE, o anúncio do referendo foi “como um raio num céu azul”. No meio tempo, interveio a notícia da falência da corretora americana MF Global, causada por seus investimentos nos títulos das dívidas da Bélgica, Itália, Irlanda e Portugal. Mencionada de maneira discreta, a hipótese de uma exclusão da Grécia da zona euro é agora tema de discussão entre as lideranças europeias. Depois de o presidente Sarkozy declarar que o acordo europeu para a adesão de Atenas ao euro, realizado no final dos anos 1990, havia sido “um erro”, um editorial do jornal Le Monde afirma que o anúncio do referendo grego “leva a questionar a presença da Grécia na zona euro”. Nestas circunstâncias, as dissensões entre os países membros da zona euro aparecem à luz dia. Não se restringindo à Grécia. Numa conferência de imprensa no fim de semana, ao ser interrogado sobre a credibilidade do plano italiano de contenção de despesas públicas, o presidente Sarkozy sorriu ironicamente. Foi o que bastou para surgir uma crise política entre Paris e Roma, com o ministro italiano dos negócios estrangeiros, Franco Frattini, acusando a França de atiçar “um ataque dos especuladores” contra a Itália.

10 anos de Brics

A força dos emergentes

Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se referir a quatro países de economias em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam, nos próximos anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais. O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um dos maiores símbolos da nova economia globalizada. Neste quadro, os países emergentes ganharam maior projeção política e econômica, desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7 (formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão). Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências anuais. Em abril do ano passado, a África do Sul foi admitida no grupo, adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a ser Brics. No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez anos, os países do Bric apresentaram crescimento além da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brics corresponda a 22% do PIB mundial; e que, em 2027, ultrapasse as economias do G7. A China é o “gigante” do grupo. A abertura da economia chinesa, mediante um conjunto de reformas, tornou o país a segunda maior economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos e ultrapassando Japão e países da Europa. A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que compõem o grupo. O PIB chinês, em 2010, foi de US$ 5,8 trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de todas as outras – Brasil (US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul (US$ 364 bilhões).

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Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio ambiente e política, alvos da pressão internacional.

Brasil

A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva, que dificilmente seria alcançada de outro modo e em um curto período. Como resultado, o país tem hoje representação nas principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20. O Brasil entrou no grupo em razão do crescimento econômico, ocorrido principalmente a partir de 2005. Esse crescimento foi possível por causa do controle da inflação, com a implantação do Plano Real, em 1994, e o aumento das exportações para países como China, principal parceiro comercial, a partir de 2001. Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o aumento do crédito para empresas e consumidores. O setor privado contratou mais gente, gerando mais empregos, e houve aumento de salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros migrassem das classes D e E para a C, a classe média. Contribuíam também, para isso, programas sociais como o Bolsa Família. Assim, mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de varejo.

Desigualdade

Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na última década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, mesmo assim, a distância entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os países emergentes. A desigualdade é medida pelo índice Gini, que caiu de 0,61 para 0,55 entre 1993 e 2008 (quanto menor o valor, melhor o índice). Nos demais países do Brics, houve aumento. Mesmo assim, o Gini do Brasil é o maior entre eles e o dobro da média dos países ricos: no Brasil, 10% dos mais ricos ganham 50 vezes mais do que os 10% mais pobres. Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em relação ao trimestre anterior, apontou a desaceleração da economia. Para sair da estagnação, o governo terá que fazer reformas, inclusive no sistema de tributação, para estimular o investimento por parte do setor privado.

A Venezuela e o Mercosul

Renata Giraldi e Mariana Tokarnia – Repórteres da Agência Brasil

Os chanceleres do Mercosul conseguiram hoje (6) fechar uma série de negociações para garantir que, em 5 de abril de 2013, a Venezuela terá atendido às principais exigências para ser integrada de forma plena ao bloco. Até lá, um terço dos produtos venezuelanos estarão dentro da nomenclatura e das normas do Mercosul. Os ministros anunciaram também que, paralelamente, o Mercosul buscará o chamado fortalecimento produtivo, para incentivar o desenvolvimento do comércio e da economia na região.

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Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o fortalecimento produtivo se refere a incrementar a capacidade tecnológica e adotar medidas que incentivem a competitividade industrial e leve ao desenvolvimento do comércio estratégico. “A reunião foi muito produtiva e estamos avançando de forma acelerada”, disse ele. Patriota acrescentou ainda que, durante as discussões que ocorreram hoje, no Conselho do Mercado Comum (CMC), foi definido o Sistema Integrado do Mercosul (SIM) que se refere à implementação de ações que incentivem o intercâmbio de estudantes em nível superior – graduação e pós-graduação na região. Também foram discutidas a ampliação do Programa Ciência sem Fronteiras, a aproximação do setor privado com os órgãos públicos, a rede de agricultura familiar e a realização da Cúpula Social. As reuniões do CMC foram divididas em duas etapas – pela manhã, com chanceleres e embaixadores, e à tarde, com os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais da região. Os chanceleres adiaram a retomada da reunião, na parte da tarde, para irem ao velório do arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, que foi homenageado pelo grupo na primeira etapa de reuniões. Os ministros e embaixadores saíram juntos do Palácio Itamaraty em direção ao Palácio do Planalto – onde o arquiteto está sendo velado.

O que a crise da União Europeia ensina ao Mercosul?

IPEA

Marco Aurélio Weissheimer – de Porto Alegre

A integração entre nações é, essencialmente, um projeto político. Não há acordo comercial que dê conta de superar as contradições provocadas pelas desigualdades entre povos e nações. “Fazer a Europa é fazer a paz”, gostava de repetir o francês Jean Monnet (1888-1979), um dos precursores da união continental. Os conflitos sociais que voltaram a tomar as ruas de diversas cidades europeias atualizam o pensamento do político francês e lançam uma alerta para os construtores da integração social, política e econômica na América do Sul Nos últimos meses, multiplicam- -se os diagnósticos pessimistas a respeito do futuro do euro, da União Europeia e do processo de integração continental. Os efeitos avassaladores da crise econômico-financeira de 2008 jogaram países como Grécia, Islândia, Irlanda, Portugal e Espanha à beira de um precipício que ameaça dissolver direitos sociais e trabalhistas que marcam a história do Estado de Bem-Estar Social europeu. A Grécia já tinha situação fiscal deteriorada antes da crise. No caso da Irlanda, a queda de receita decorrente da crise e os gastos realizados para atenuar seu impacto no sistema bancário e no nível de emprego transformaram a crise privada em uma crise das finanças públicas. Em Portugal e na Espanha, que vinham tendo desempenho econômico mais fraco que a média européia, a situação se agrava. Um conjunto de turbulências domésticas espalhou-se pelo continente, no bojo da união monetária. A crise econômica vem acompanhada de notícias que compõem um cenário quase surreal. No dia 10 de junho, por exemplo, a Comissão Europeia cortou quase 80% da ajuda alimentar para os pobres, reduzindo o programa de ajuda alimentar de 500 milhões de euros para 113 milhões de euros. A Federação Europeia dos Bancos Alimentares e organizações de ajuda humanitária advertiram que essa medida pode agravar o problema da fome no continente. Cerca de 43 milhões de pessoas enfrentam hoje o risco de pobreza alimentar no território

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europeu. Elas não conseguem pagar uma refeição adequada a cada dois dias. Uma realidade incompatível com o projeto de integração no velho continente. LIÇÕES DA TUBURLÊNCIA Considerado o mais avançado processo de unidade entre países da história, o projeto da União Europeia está em crise e os seus problemas estão sendo acompanhados com atenção por lideranças envolvidas em outros processos de integração no mundo. Aqui na América do Sul, uma pergunta adquire crescente importância: o que a crise europeia tem a ensinar aos países do Mercosul que, em março, completou vinte anos? Na tentativa de responder tal questão é preciso, obviamente, levar em conta as importantes diferenças existentes entre os processos europeu e latino- -americano. Apesar das diferenças, há um importante elemento em comum: a conjuntura político-econômica mundial e suas crises não deixam nenhum continente ileso. Há muitos tópicos semelhantes e, mesmo nas diferenças, há formas de responder a esses problemas que podem ser mais ou menos eficazes. Professor na Universidade de Harvard e Prêmio Nobel de Economia em 1998, Amartya Sen, advertiu, em um recente artigo publicado no jornal inglês The Guardian, que está em jogo na Europa não apenas o euro, mas a própria ideia de democracia. O economista resume assim o perigo que estaria rondando o Velho Mundo: “A Europa liderou o mundo no que diz respeito à prática da democracia. É, portanto, preocupante que os perigos para a governabilidade democrática de hoje, que entram pela porta traseira das prioridades financeiras, não recebam a atenção que merecem”. AMEAÇA DAS AGÊNCIAS DE RISCO A Grécia, assinala Amartya Sen, ilustra o perigo de permitir que agências de classificação de risco dominem o terreno político. O economista chama a atenção para a temeridade de se submeter processos e práticas políticas constitutivas da democracia à lógica do sistema financeiro internacional: “Há questões de fundo que devem ser enfrentadas a respeito de como o governo democrático da Europa pode ser minado pelo papel enormemente aumentado das instituições financeiras e das agências de classificação de riscos, que hoje se apropriaram de certas partes do terreno político da Europa. Deter a marginalização da tradição democrática na Europa envolve uma urgência que é difícil de exagerar.” O Prêmio Nobel de Economia aponta ainda uma lição da crise atual que deveria ser levada em conta em outros processos de integração pelo mundo. Para eles, os países do euro entraram eu uma situação complicada na direção de uma moeda única, sem promover uma maior integração política e econômica. Ele resume: “A pressa em inaugurar uma casa que estava em construção acabou resultando numa receita desastrosa. Obrigou-se a incorporar à maravilhosa ideia de uma Europa democrática unida um precário programa de incoerente fusão financeira”. IRONIAS HISTÓRICAS A história costuma ser rica em paradoxos e ironias. A crise que atinge gravemente hoje diversos países europeus fornece novos exemplos. Durante aproximadamente duas décadas, entre os anos 1980 e 1990, diversos países da América Latina aplicaram os pacotes de austeridade propostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outras instituições financeiras como solução para superar recorrentes crises econômicas. Esses pacotes trouxeram consigo políticas de privatizações, de demissão de funcionários públicos, de arrocho salarial. A guinada progressista na região, a partir dos anos 2000 deu-se, em larga medida, como uma reação aos efeitos perversos dessas políticas. Agora, são os gregos, portugueses, espanhóis, italianos e irlandeses, entre outras nacionalidades europeias, que começam a conviver com tais políticas.

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Na avaliação de Antonio Lassance, professor de Ciência Política e pesquisador do Ipea, no momento atual, o Mercosul reúne mais razões de otimismo que os demais blocos: “A União Europeia, sob crise aguda, vive um de seus piores momentos. O North America Free Trade Agreement (Nafta) acentuou os problemas da economia mexicana, e os Estados Unidos patinam para superar a recessão. A Ásia Pacific Economic Cooperation (Apec), além de muito heterogênea e pouco institucionalizada, pouco avançou diante da competição entre seus países, que disputam muitas vezes o mesmo espaço”. “A crise mostrou a falência dos modelos neoliberais tanto em nossos países como nos desenvolvidos. As regras financeiras devem permitir espaço para os desenvolvimentos nacionais e o mesmo deve acontecer com as regras sobre comércio e meio ambiente” CASO EXEMPLAR Lassance cita um estudo de Charles Kupchan, especialista em Relações Internacionais da Universidade de Georgetown, que destaca a arquitetura política e institucional do Mercosul como um caso exemplar. Kupchan dedica parte de seu livro How Enemies Become Friends (Princeton University, 2010) ao processo de reaproximação entre Brasil e Argentina, nos anos 1980, que acabou atraindo, na década seguinte, o Paraguai e o Uruguai. Trata-se de um caso, segundo Kupchan, de antigos inimigos que conseguiram se entender e passaram a se tratar como atores confiáveis. A Europa, certamente, não é inexperiente neste ponto. Após duas grandes guerras, para não falar de outros longos e sangrentos conflitos passados, nações que foram inimigas de morte conseguiram fazer avançar um processo de integração política e econômica. Mas as fragilidades que aparecem agora mostram que essa é uma condição necessária, mas não suficiente, para um processo de integração dar certo. Neste aspecto, Kupchan ecoa uma posição de Amartya Sen: a economia deve ficar subordinada à política e não o contrário. A mão invisível do liberalismo é incapaz de produzir a arquitetura de um processo de integração, destaca Lassance: “Ela deve ser induzida por projetos nacionais e tudo deve começar com um dos atores, em geral o de maior peso, dispondo- -se a fazer concessões. É a diplomacia que impulsiona a economia, e não o contrário. Ela constrói o ambiente que produz saldos comerciais e financeiros positivos no longo prazo, facilita a inserção de empresas e enraíza a interdependência econômica”. “NÃO REPETIR ERROS DOS IMPÉRIOS” Em entrevista ao jornal argentino Página/12, o Alto Representante do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães, defendeu essa posição, destacando que o Brasil não vai “repetir os erros dos impérios”. Maior país em extensão territorial e população e principal economia da região, o País, assegurou Guimarães, quer associar-se e cooperar com seus dez vizinhos e com outros países em desenvolvimento, segundo uma lógica que não é exclusivamente econômica: “Temos interesses em comum com os países mais pobres, os países em desenvolvimento, para mudar as regras do mundo. A crise que vivemos mostrou a falência dos modelos neoliberais tanto em nossos países como nos desenvolvidos. As regras financeiras devem permitir espaço para os desenvolvimentos nacionais e o mesmo deve acontecer com as regras sobre comércio e meio ambiente.” Esse é, justamente, o problema que a União Europeia enfrenta hoje, conforme a advertência de Amartya Sen: as regras financeiras não só não vem permitindo espaço para os desenvolvimentos nacionais, como vem solapando os próprios espaços de soberania política. E um processo de integração regional é entre outras coisas, uma construção política e institucional que tem o desafio de integrar diferentes espaços de soberania nacional.

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REJEIÇÃO DA ALCA O processo de integração sul-americano é muito mais jovem que o europeu e pode tentar evitar o caminho da subordinação a uma determinada lógica econômica. Samuel Pinheiro Guimarães integrou um governo que, em conjunto com a Argentina e outros países, rejeitou o modelo da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) defendido pelos Estados Unidos. “Nós não quisemos a Alca, em 2005, não somente por razões comerciais. A Alca era uma política econômica completa, que envolvia comércio, investimentos, negócios e propriedade intelectual”, observa o ex-secretário geral do Itamaraty. A rejeição do projeto dos EUA veio acompanhada da implementação de diferentes movimentos de integração regional: além do Mercosul, do Pacto Andino e de outras alianças regionais, surgiram a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da América, integrada hoje por Venezuela, Cuba, Bolívia, República Dominicana, Nicarágua, Equador, San Vicente e Granadinas, Antigua e Barbuda) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas, formada pelos doze países da América do Sul). Esses movimentos expressam a diversidade política e econômica da região e, até aqui, não se revelaram excludentes. Pelo contrário, o objetivo é que sejam complementares. “A Unasul é um modo de manter próximos países que, comercialmente, optaram por outras políticas. É bom que todos integremos o Conselho Sul-Americano de Defesa”, disse Pinheiro Guimarães ao jornal Página/12. POLÍTICA SOBERANA A posição do Brasil será fundamental para determinar as possibilidades de êxito dessa articulação de diferentes movimentos integracionistas. No prefácio ao livro Relações Brasil-Estados Unidos no contexto da globalização: rivalidade emergente, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, o Alto Representante do Mercosul resume assim a “receita” brasileira para que isso se torne realidade:“(Desenvolvemos) uma política altiva, ativa, soberana, não intervencionista, não impositiva, não hegemônica, que luta pela paz e pela cooperação política, econômica e social, em especial com os países vizinhos e irmãos sul-americanos, começando pelos países sócios do Brasil no Mercosul, um destino comum que nos une, com os países da costa ocidental da África, também nossos vizinhos, e com países semelhantes: com mega-populações, mega-territoriais, mega-diversos, mega-ambientais, megaenergéticos, mega-subdesenvolvidos, mega-desiguais. Nossos verdadeiros aliados são nossos vizinhos, daqui e de ultramar, com os quais nosso destino político e econômico está definitivamente entrelaçado, e nossos semelhantes, os grandes Estados da periferia”. Essa dimensão política do Mercosul e de outros espaços de integração ainda está engatinhando. O Parlamento do Mercosul está em processo de formação. A Venezuela aguarda decisão do Congresso paraguaio para ser admitida como membro pleno do Mercosul e o Brasil promulgou no início de julho o decreto que estabelece a adesão do país a Unasul. O fortalecimento desses espaços políticos e institucionais constitui uma condição fundamental para enfrentar desafios e problemas estruturais do bloco, tais como as assimetrias entre os países que compõem o Mercosul, o problema das tarifas aduaneiras e a perspectiva da adoção de uma moeda comum no futuro. CRESCIMENTO ECONÔMICO No terreno estritamente comercial o desempenho do bloco é positivo. A economia do Mercosul cresceu 8% em 2010, superando todas as outras uniões aduaneiras ou associações de livro comércio do mundo. Após vinte anos de Mercosul, houve também um aumento significativo do intercâmbio comercial, que passou de US$ 4,5 bilhões em 1991 para US$ 45 bilhões em 2010. Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, a expectativa para 2011 é superar a casa dos US$ 50 bilhões. “O intercâmbio comercial cresceu mil por cento”, acrescentou o subsecretário-geral para América do Sul,

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Central e Caribe, embaixador Antônio José Simões. Segundo ele, esse desempenho é superior ao de outros acordos de livre comércio, como o assinado há sete anos por Chile e Estados Unidos. EXPANSÃO COMERCIAL Ao anunciar esses projetos de expansão, em 28 de junho, durante a 41ª Cúpula do bloco, no Paraguai, Antonio Patriota rebateu as críticas de que o Mercosul perdeu força e não conseguiu transformar-se em um verdadeiro projeto de integração política, econômica e comercial, como a União Europeia. Patriota lembrou a crise vivida hoje pela União Europeia e o fato de o Mercosul ter superado, em crescimento, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Ex-presidente do Parlamento do Mercosul, o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) defende essa estratégia de expansão, assinalando que as exportações extrazona (para terceiros Estados) do bloco sul-americano aumentaram 200% entre 2002 e 2008, bem acima da média de crescimento do comércio mundial, que foi de 147%. No mesmo período, acrescenta o parlamentar brasileiro, as exportações dentro do bloco aumentaram 300% e os investimentos diretos subiram de aproximadamente US$ 15 bilhões, em 2003, para US$ 57 bilhões, em 2008. E essa elevação de investimentos, destaca o Dr. Rosinha, ocorreu sem recurso a privatizações, tal como aconteceu nas décadas de 1980 e 1990 na América Latina. O futuro do Mercosul, assim como o seu nascimento há vinte anos, tem um olhar ligado ao destino da União Europeia. O bloco sulamericano foi concebido para ser um verdadeiro mercado comum, por meio da constituição de uma união aduaneira, mediante a Tarifa Externa Comum. A Declaração de Assunção estabelece, no seu artigo 1°, que a adoção de uma tarifa externa comum e de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados são dimensões essenciais e constitutivas do processo de integração. Mas a integração que o Mercosul busca não se esgota aí, propondo também a livre circulação de pessoas, a harmonização das legislações, a constituição de instituições supranacionais, de um Parlamento sul-americano e a formação de uma cidadania comum. LIMITAÇÃO EUROPEIAS Esse é, em linhas gerais, o modelo que inspirou também a criação da União Europeia que hoje se encontra em uma encruzilhada. A incorporação de países com economias mais frágeis, as dificuldades colocadas pela unidade monetária resultante da criação do euro e a limitação da capacidade de os Estados definirem suas políticas econômicas internamente trazem desafios cuja solução passa, inevitavelmente, pela esfera política. Na avaliação do economista Michael Hudson, pesquisador na Universidade do Missouri e presidente do Institute for the Study of Long-Term Economic Trends (Islet), o que está em jogo na crise atual da UE é se a Grécia, a Irlanda, Espanha, Portugal e o resto da Europa terminarão por destruir a agenda de um reformismo democrático e derivar para uma oligarquia financeira. Repetindo a preocupação de Amartya Sen com o futuro da democracia europeia, Hudson afirma:

“O objetivo financeiro é evitar os parlamentos para exigir um ‘consenso’ que dê prioridade aos credores estrangeiros a custo do conjunto da economia. Exige-se dos parlamentos que abdiquem de seu poder político legislativo. O significado do ‘mercado livre’, neste momento, é planificação central nas mãos dos banqueiros centrais. Essa é a nova via rumo à servidão pela dívida a que estão levando os ‘mercados livres’ financeirizados: mercados ‘livres’ para que os privatizadores cobrem preços monopolistas por serviços básicos ‘livres’ de regulações de preços e de regulações antioligopólicas, ‘livres’ de limitações ao crédito para proteger os devedores e, sobretudo, ‘livres’ de interferências por parte dos parlamentos eleitos”.

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A concentração do poder político nas mãos do setor financeiro ameaça o projeto de integração europeia, do ponto de vista da continuidade da construção de uma comunidade democrática no velho continente. As limitações políticas são gritantes e crescentes, aponta ainda Hudson: “O Banco Central Europeu não tem atrás de si nenhum governo eleito que possa arrecadar impostos. A Constituição da UE proíbe ao BCE o resgate de governos. E os artigos do acordo com o FMI proíbem também que esta ofereça apoio fiscal aos déficits orçamentários nacionais”. UNIR PESSOAS A crise atual da União Europeia atualiza as palavras de um de seus principais defensores, o francês Jean Monnet. Como consultor de alto nível do governo francês, Monnet foi o principal inspirador da Declaração Schuman, de 9 de maio de 1950, que levou à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, considerada o ato fundador da União Europeia. Monnet tinha claro que o projeto de unificação não podia se limitar à esfera econômica. Sua frase que resume esse espírito é bem conhecida. “Mais do que coligar Estados, importa unir os homens”. Talvez seja essa uma das principais lições que a experiência da União Europeia pode trazer ao Mercosul e aos demais movimentos e processos de integração na América do Sul. A integração entre nações é, essencialmente, um projeto político. Não há acordo comercial que dê conta de superar as contradições provocadas pelas desigualdades entre povos e nações (e intra povos e nações). “Fazer a Europa é fazer a paz”, gostava de repetir Monnet. Os conflitos sociais que voltaram a tomar as ruas de diversas cidades europeias atualizam o pensamento do político francês e lançam uma alerta para os construtores da integração na América do Sul: o principal objetivo estratégico de um processo de integração é buscar a paz, a solidariedade e a harmonia entre os povos e não meramente aumentar a balança comercial deste ou daquele país, deste ou daquele bloco regional. Ao presenciar diretamente o que está acontecendo na Europa, o Mercosul tem a chance de não repetir esses erros.

INDÚSTRIA ATRASADA, ECONOMIA ENIGMÁTICA

Publicado em Carta Capital

Por Mario Osava, da IPS

A indústria é o órgão enfermo da economia do Brasil. A produção do setor caiu 2,7% em 2012, apesar dos estímulos recebidos do governo, contrariando indicadores relacionados, como a forte expansão do comércio varejista e o desemprego em seu nível mínimo histórico. O enigma de uma economia paralisada, mas com sintomas de crescimento excessivo para as potencialidades do país, incluindo escassez da mão de obra e inflação em alta, parece ter sido revelado segundo várias explicações apresentadas. Algumas causas com as quais lidam os economistas seriam uma queda na quantidade de jovens que se incorporam ao mercado de trabalho e o excesso de estoques acumulados. A redução da atividade manufatureira é o que mais preocupa o governo de Dilma Rousseff e os operadores econômicos, porque acentua uma tendência e coloca em xeque o futuro do país. A desindustrialização, há anos reconhecida por empresários do setor e poucos economistas, agora está difícil de ser negada. As expectativas repousam nas projeções de melhorias para este ano. Mas os baixos investimentos refletidos no retrocesso de 11,8% na produção de bens de capital em 2012 e o auge inflacionário, que pode provocar medidas do Banco Central para conter a demanda, não permitem esperar que a recuperação tenha o vigor pretendido.

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Os resultados no fechamento de 2012 foram “uma ducha fria”, frustrando esperanças de retomar o crescimento e indicando que na indústria brasileira “a crise é mais profunda”, não apenas um efeito conjuntural devido aos graves problemas da economia global, afirmou Julio de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O Brasil “não acompanhou a evolução industrial do mundo” nos últimos 20 anos, como fizeram China, Coreia do Sul e Índia. Assim, sem desenvolver setores mais dinâmicos, como o eletrônico e o farmacêutico, tampouco avançou suficientemente em inovações tecnológicas, disse Almeida à IPS. Além disso, há cerca de 15 anos, a indústria e alguns “serviços organizados” sofrem um acúmulo de custos, sejam logísticos, financeiros ou energéticos, que reduzem sua competitividade. Agravando tudo, os salários aumentaram nos últimos cinco anos muito acima da produtividade. Somente no ano passado, cresceram, em média, 5,8%, enquanto o rendimento caiu 0,8%, segundo o Iedi. É possível sobreviver sendo pouco competitivo se a economia mundial crescer em um bom ritmo, mas os problemas apareceram com a crise iniciada em 2008 nos Estados Unidos e que depois se espalhou especialmente para a Europa, que “estreitou o mercado industrial” no mundo e colocou o mercado interno brasileiro sob intensa disputa, observou Almeida. Apesar de tudo, este economista acredita que este ano pode haver uma recuperação, graças às medidas governamentais que baratearam a eletricidade e reduziram tributos para alguns setores industriais, além de baixar juros, estabilizar a taxa de câmbio e anunciar fortes investimentos em infraestrutura de transporte. Porém, será necessário aumentar a produtividade com fortes investimentos em inovações tecnológicas, especialmente porque o Brasil tem “uma indústria avantajada”, ressaltou. De fato, a indústria da velha geração metal-mecânica, especialmente a automobilística, é predominante no país, com um peso crescente. Com uma longa cadeia produtiva, incluindo peças de automóveis e máquinas agrícolas, o segmento de veículos representava 21% do produto industrial em 2011, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Essa participação duplicou nos últimos 20 anos, enquanto a indústria de transformação, em seu conjunto, transitou o caminho inverso em sua contribuição para o produto interno do país, caindo para 14,6% em 2011. Ou seja, a importância do automóvel para a economia brasileira continua crescendo. Por isso, a principal medida do governo para atenuar os efeitos recessivos da crise financeira internacional de 2008 foi reduzir impostos sobre os veículos a partir de dezembro daquele ano, após três meses de abrupta queda nas vendas. É uma fórmula repetida em outras crises. O petróleo e o aço também continuam sendo elementos fundamentais do esforço brasileiro para reverter a desindustrialização. Agora se busca recuperar a indústria naval, aproveitando o petróleo descoberto debaixo da camada de sal no leito do Oceano Atlântico, perto da costa brasileira. Para impulsionar a produção nacional foi criada uma legislação que exige componentes variáveis e crescentes de origem nacional, que podem chegar a até 70% do total da construção de cada navio, plataforma, sonda e demais equipamentos destinados à atividade petroleira. Todo esse esforço, baseado em intervenções do Estado, como estímulos tributários ou financeiros a setores escolhidos e medidas consideradas protecionistas, incluindo barreiras aduaneiras e a imposição de muito conteúdo nacional em produtos como automóveis, além dos navios petroleiros, provoca a rejeição por parte de muitos analistas de correntes liberais, com forte audiência entre os operadores e os meios de comunicação especializados em economia.

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A desindustrialização não é necessariamente uma “doença”, já que “a indústria vai mal, mas o Brasil vai muito bem”, com muito emprego e salários elevados, resumiu o economista Edmar Bacha, em entrevistas realizadas no ano passado ao anunciar o livro coletivo que organizou sob o título O futuro da indústria no Brasil, publicado este mês. Em sua análise, o setor manufatureiro brasileiro perdeu competitividade principalmente pela explosão salarial que elevou custos. A média salarial no Brasil, em dólares, cresceu 14,4% ao ano entre 2006 e 2011, um recorde mundial longe de ser ameaçado por Austrália, que aparece em segundo lugar com 9%, segundo os coautores do livro, Beny Parnes e Gabriel Hartung. Bacha, que participou de governos anteriores que implantaram políticas econômicas mais liberais, afirmou que a competitividade não se constrói com protecionismos, mas com maior abertura comercial, que permita a integração com as cadeias produtivas internacionais. O México é apresentado como um exemplo disso. Ampliando o olhar dos especialistas, a única coincidência sobre as causas da perda de capacidade industrial é a falta de competitividade. Há divisões tanto na interpretação de suas origens como em seu significado e remédios, segundo o lugar onde se detém cada observador. Os analistas vinculados ao setor primário, por exemplo, questionam a primazia atribuída à indústria como promotora do progresso e da inovação. Argumentam que a agricultura agrega hoje muita tecnologia e muito conhecimento, incorporando pesquisa científica e mecanização. Mas no governo brasileiro se destacam os “desenvolvimentistas”, começando pela presidente Dilma Rousseff. Por isso é irônico que a queda da indústria se acentue enquanto o país é administrado por dirigentes que priorizam o setor e que, para recuperar sua competitividade, adotaram medidas acusadas de serem extremamente intervencionistas pelos partidários de soluções de mercado.

NÃO HÁ DESINFLAÇÃO GRÁTIS

Autor(es): Ilan Goldfajn

O Estado de S. Paulo – 02/04/2013

Está ficando claro que o governo quer combater a inflação via desonerações tributárias, pelo menos parcialmente. Para alguns, é a solução ideal. A redução dos impostos leva a uma queda de preços que alivia a inflação, economizando altas exageradas de juros (e seus efeitos colaterais sobre a atividade, o emprego e o salário). Ao mesmo tempo se ataca a elevadíssima carga tributária, um problema estrutural no Brasil. Parece um almoço grátis, contrariando a máxima de que isso não existe em economia. Infelizmente, não é o caso. Vejamos por quê. Para começar, as desonerações não são de graça nas contas públicas. Sem uma compensação via corte de gastos do governo ou aumento de outros impostos, as desonerações reduzem o superávit primário, como tem sido o caso recentemente. O superávit primário, quê já atingiu acima de 4% do produto interno bruto (PIB) no passado, caminha para ficar pouco abaixo de 2% este ano, e em direção a 1% no ano que vem. Mesmo com o benefício de juros menores, a relação dívida-PIB começaria a subir no médio prazo se mantida essa política. A estabilidade da relação dívida-PIB (ou melhor, a sua queda) é uma das razões por que a meta de superávit primário tem sido considerada um dos pilares da política macroeconômica. A essencial redução da carga tributária, para ser sustentável e benéfica para a economia, deve ser calcada na queda dos gastos públicos. O espírito da Lei de

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Responsabilidade Fiscal requeria exatamente isto: que fossem especificadas compensações para quedas permanentes de receita. Na contramão, neste ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias permite que as desonerações sejam abatidas da meta (além dos já tradicionais abatimentos do PAC), tornando a meta de superávit primário de 3,1%, na prática, uma meta de 1,9% do PIB. A redução da carga tributária baseada em piora fiscal tende a ser temporária, já que em algum momento será necessário fazer um ajuste fiscal (isto é, corte de gastos ou volta da carga tributária) para restabelecer a estabilidade da dívida pública no médio prazo e a responsabilidade fiscal. Mas ter custo fiscal não é necessariamente ruim, desde que os benefícios das desonerações sejam palpáveis. Infelizmente, no combate à inflação os benefícios percebidos das desonerações no curto prazo não se estendem no longo prazo. A queda do superávit primário equivale a uma política expansionista, que gera aumento da demanda e pressiona a inflação. Afinal, corte de impostos é um clássico instrumento de incentivo ao consumo: quanto mais repassado ao consumidor, maior o incentivo. Mas não falta consumo no Brasil. Seu crescimento tem sistematicamente excedido a expansão do PIB, principalmente nos últimos dois anos. O Banco Central tem reconhecido nos seus documentos oficiais que o crescimento do PIB tem sofrido de problemas de oferta. Ou seja, o crescimento tem sido limitado pela produção, não pela falta de incentivo ao consumo (ou demanda em geral). Um sinal dessa limitação é que crescentemente a demanda está sendo satisfeita com importações, o que tem piorado sistematicamente a conta corrente no balanço de pagamentos (já alcançando um déficit de quase de 3% do PIB, de um superávit de 2% no passado não tão distante). Esse descompasso entre o crescimento da oferta e demanda é a raiz da parte mais resistente da inflação. Para além dos choques de commodities e dos aumentos de preços temporários de alimentos (devidos a efeitos climáticos) ocorridos, está ficando claro que a inflação se está estabelecendo num patamar mais alto. Um bom termômetro desse fenômeno é a inflação de serviços, que resiste à queda e se mantém em tomo de 8% ao ano. Ao estimular o consumo, a política de desonerações agrava o descompasso entre a oferta e a demanda e alimenta a inflação no médio prazo. Poder-se-ia argumentar que reduzir impostos estimula a oferta (aumenta a produção), já que reduz os custos das empresas. De fato, se as desonerações tivessem focado nos custos das empresas, e não nos consumidores, o impacto seria diferente. Com custos menores as empresas produziriam mais. No entanto, as desonerações estão sendo direcionadas aos consumidores. Há uma pressão para o repasse integral dos benefícios aos preços, o que auxilia na inflação de curto prazo, mas não auxilia restabelecer a competitividade das empresas. Sem mexer na competitividade das empresas dificilmente haverá incentivo a maior produção e investimento. A política de desonerações incentiva o consumo, mas não o investimento, na contramão da necessidade atual da economia brasileira. O peculiar dessa política é que os efeitos no curto prazo são contrários aos efeitos permanentes na inflação. Enquanto no curto prazo a queda dos impostos tende a reduzir os preços e a gerar um alívio temporário, o impacto permanente é de mais inflação. E quanto maior o repasse do benefício tributário pelas- empresas aos preços, maior será o incentivo ao consumo. Ou seja, quanto mais bem-sucedida a política sobre a inflação no curto prazo, mais difícil será segurar a inflação no médio prazo. Há um certo consenso tio País sobre os objetivos para a economia. É necessário combater a inflação, reduzir a carga tributária e o custo das empresas e incentivar a produção e o

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investimento. Mas o diabo está no desenho das políticas. As desonerações tributárias, se repassadas aos preços, aliviam a inflação no curto prazo, mas a pioram no longo prazo, já que incentivam o consumo, e não o investimento. Desonerações focadas nas empresas, financiadas por cortes de gastos públicos, teriam efeito benéfico no longo prazo. Da mesma forma, inúmeras reformas que atacam a complexidade de produzir no País, com impacto direto na produtividade, poderiam incentivar o crescimento no Brasil e, simultaneamente, combater a inflação de forma permanente.

INFLAÇÃO EM ALTA, CRESCIMENTO PÍFIO

Autor(es): ROSANA HESSEL » VICTOR MARTINS

Correio Braziliense – 29/03/2013

Banco Central admite que vai seguir a cartilha de Dilma e protelar ao máximo a elevação dos juros para estimular a retomada da atividade produtiva. Pelas suas projeções, o IPCA deste ano será de 5,7% e o Produto Interno Bruto terá incremento de 3,1% O Banco Central deixou bem claro ontem que é a presidente Dilma Rousseff quem determina o rumo da política monetária. Durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, sinalizou que vai tolerar a continuidade da alta dos preços até que a economia se recupere. Para o diretor de Política Econômica do órgão, Carlos Hamilton Araújo, porém, há um único remédio eficaz para conter a alta inflação: a taxa básica de juros (Selic). Diante das incertezas no mercado interno e externo, o BC indicou que deve esperar mais um pouco para tomar qualquer decisão. Na visão dos analistas, esse prazo pode acabar em maio, quando a maioria do mercado espera aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, de 7,25% para 7,50% ao ano. “No momento, a nossa percepção de inflação é maior que a média. Isso, em parte, se deve a aumentos grandes, e com frequência elevada, de itens que são muito visíveis. Alimentos e combustíveis são os principais pontos. E quando os aumentos de preços estão concentrados nesses itens, a percepção da população é de que há mais inflação do que o índice de preços aponta”, justificou Hamilton. Ao explicar sobre as armas necessárias para conter a alta do custo de vida, o diretor do BC falou em “remédios ruins” que podem ser usados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e citou o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1940-45 e 1951-55). “Tem várias coisas que podem ser feitas. Consta que, em certa oportunidade, Churchill disse que democracia é o pior sistema de governo com exceção de todos os outros. Para combater a inflação, a taxa de juros é o pior remédio à exclusão de todos os demais”, afirmou Carlos Hamilton. “Agora, sobre o que vai ser feito, especificamente, o Copom vai se reunir, e isso é uma decisão do Comitê”, completou. Na avaliação do economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, com essa afirmação, o BC sinalizou que vai obedecer à presidente Dilma, apesar de não concordar. “Esse comentário vai em direção oposta ao que a presidente disse. Neste momento, o melhor é focar no combate da inflação e menos na retomada do crescimento. E os juros são, realmente, a ferramenta mais eficiente para conter a alta de preços”, destacou. Na última quarta-feira, em Durban, na África do Sul, Dilma afirmou que “não concorda com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico”. Diante da péssima repercussão entre os investidores, a presidente disse que sua fala foi “manipulada” pela imprensa e pelo mercado.

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Abandono

No relatório divulgado ontem, o BC elevou a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano de 4,8% para 5,7%. Em 2014, prevê alta de 5,3%. Com isso, o governo Dilma Rousseff será marcado por um período de forte inflação e de crescimento pífio, com o Produto Interno Bruto (PIB) apontando média de crescimento anual de 2,55%. Nas contas do BC, o avanço do PIB em 2013 será de apenas 3,1%, depois de 2,7% em 2011 e de 0,9% no ano passado. Essa combinação nada confortável, de fraca atividade e custo de vida elevado, mostra que a autoridade monetária praticamente abandonou o compromisso de levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA acumulado em 12 meses, por sinal, baterá em 6,7% no segundo trimestre deste ano, rompendo o teto da meta, de 6,5%. Na visão do economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, o relatório de 100 páginas do BC confirma parte das declarações da presidente Dilma em Durban. “O texto diz que o país tem um problema de crescimento e de choque de oferta. Enquanto tivermos esse quadro, com a economia patinando, o Banco Central não deverá tomar medidas mais firmes, como o aumento de juros”, disse. “Para que os juros não subam agora, o Ministério da Fazenda vai ajudar no controle da inflação com mais desonerações”, completou. A seu ver, a alta da Selic, se vier, começará apenas em agosto, chegando a 8,5% ao ano em dezembro. “A visão que tenho é de que há um risco inflacionário muito alto. O BC precisar agir, mas o risco de a economia não crescer é alto”, afirmou.

DUAS PERGUNTAS PARA

SERGIO VALE, economista-chefe da MB Associados

O Banco Central vem demorando para aumentar a taxa básica de juros (Selic), mesmo com a inflação se mantendo em um nível preocupante, o que pode custar caro ao país mais à frente. É o que ressalta o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. No entender dele, isso só demonstra que a autoridade monetária está confortável em trabalhar com uma meta inflacionária informal de 5,5% e não de 4,5% ao ano, como foi definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Com esta previsão de 5,7% de inflação em 2013 de crescimento de 3,1%, o BC deixa a entender que não deverá elevar os juros como deveria? Ao anunciar projeção de inflação de 5,7% para este ano, o Banco Central deixa a percepção é de que está atrasado para subir a taxa Selic. Esse atraso apenas aumenta as expectativas não apenas para 2013, mas para os anos seguintes, pois sinaliza que a instituição está confortável com níveis próximos de 5,5%. Esse número está na cabeça de todo mundo como a verdadeira meta de inflação hoje. O perigo de atrasar ainda mais a decisão de aumentar os juros é a meta de inflação subir mais um pouco, para 6%. Qual o fator do relatório de inflação que o senhor considera mais preocupante e que poderá espantar os investidores? O fato de a expectativa de inflação ter subido quase um ponto percentual de um relatório para o outro e o BC praticamente não mudar o tom. Pelo contrário, a autoridade monetária continua insistindo que a inflação tende a passar logo, que são problemas que não vão ocorrer mais, como câmbio, aumento forte de salários e de alimentos. O problema é que os pontos relevantes foram praticamente deixados de lado. Um indicador importante, como a difusão (total de produtos e serviços com preços remarcados), que está em mais de 75%, foi praticamente relevado às traças no documento.

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ECONOMIA: EM MARCHA LENTA, BRASIL PERDE POSTO DE SEXTA ECONOMIA MUNDIAL

José Renato Salatiel

UOL

Guido Mantega, ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, ocupou o mesmo cargo, bem como o de ministro do Planejamento no governo Lula Em um ano de crescimento em ritmo lento, o Brasil perdeu para o Reino Unido o sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. O desaquecimento da economia brasileira é resultado da crise internacional, que afetou os Estados Unidos e a União Europeia. Nas últimas décadas, a estabilidade econômica fez com que o Brasil fosse um dos países que mais subissem no ranking das maiores economias mundiais. Em meio à crise que atingiu as nações europeias, o país ultrapassou a Itália e se tornou a sétima maior economia em 2010. No final do ano passado, superou o Reino Unido e assumiu a 6a posição do ranking, liderado por Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França. Este ano, porém, a queda do PIB (Produto Interno Bruto) e a desvalorização do real perante o dólar causaram a queda de colocação. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), que elabora a lista, somente em 2016 o Brasil poderá reassumir o posto ocupado pelos britânicos, em razão, principalmente, da taxa de câmbio. Isso acontece porque o levantamento é feito com base no PIB nominal – a soma de todas as riquezas de um país – convertido em dólar. O real tem hoje uma desvalorização aproximada de 12% em relação ao dólar, enquanto a libra esterlina (moeda inglesa), atingiu uma valorização de quase 4%. A desaceleração da economia foi outro fator preponderante para o rebaixamento. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontaram, em novembro, um aumento de apenas 0,6% da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período no ano anterior. O fraco desempenho fez com que o mercado revisse as projeções iniciais de crescimento de 4,5% para somente 1,2% este ano, índice inferior ao de muitos países europeus em crise e abaixo da média de 3,1% estimada para a América Latina. Tal situação foi provocada pela recessão na Europa e desaceleração econômica nos Estados Unidos e na China, cujos efeitos atingiram o setor de produção e os investimentos na indústria brasileira. Nos países desenvolvidos, a crise gera desemprego, reduz o consumo e diminui o valor de commodities (produtos em estado bruto, como café e petróleo), o que gera impactos nas exportações brasileiras e na produção nacional. Os investimentos, por sua vez, também são reduzidos, pois esses países em dificuldades financeiras precisam redirecionar recursos para cobrir os prejuízos nas contas domésticas. Para 2013, o Governo Federal e o Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) projetam um crescimento econômico de 4%, enquanto analistas do mercado financeiro, mais cautelosos, apontam 3,4%. Mas isso dependerá da melhoria na economia internacional.

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Zona do Euro

As expectativas para a economia mundial em 2013, no entanto, não são das melhores. A Europa e os Estados Unidos devem continuar em lenta recuperação de suas finanças, segundo analistas. Em 2012, a Zona do Euro, formada por 17 países que adotaram a moeda única, entrou oficialmente em recessão econômica. Este termo significa que houve uma retração na atividade econômica, com queda na produção, maiores taxas de desemprego e perda do poder aquisitivo da classe média. Há um consenso de que uma economia entra em recessão após dois trimestres seguidos de redução no PIB. Foi o que aconteceu na Europa, que registrou no terceiro trimestre deste ano uma queda de 0,1%, seguindo a tendência do segundo trimestre, que apresentou contração de 0,2% na economia. A recessão na Zona do Euro foi causada pela crise das dívidas públicas. Os gastos públicos dos países europeus, que já eram altos antes da crise de 2008, tornaram-se insustentáveis quando os governos tiveram que “injetar” trilhões de dólares no mercado para evitar a falência dos bancos. Depois, para equilibrar as contas, tiveram que apelar para pacotes econômicos que incluíram o corte de benefícios sociais e aumento de impostos. As indústrias tiveram que demitir, aumentando o número de desempregados. Agora, se as contas não forem balanceadas, a dívida pública de metade dos 27 países que compõem a União Europeia (UE) será o correspondente a 60% do PIB dessas nações em 2014, segundo um relatório divulgado recentemente por especialistas da Comissão Europeia.

Emergentes

Já nos Estados Unidos, que ainda sentem o efeito da crise, democratas e republicanos tentam chegar a um acordo para evitar o abismo fiscal no primeiro dia de 2013. Abismo fiscal é uma série de medidas previstas, como cortes de gastos e de tributos, que, caso sejam efetivadas, podem levar o país a um novo período de recessão. Nesse cenário global, os chamados emergentes, que ganharam destaque ao continuarem crescendo em meio à crise de 2008, agora também passam por dificuldades. É o caso, além do Brasil, da China, que terá em 2012 o pior desempenho em três anos – aumento de 7,4% no PIB, a metade de três décadas atrás, mas ainda excepcional se comparado ao de outros países. Entender essas mudanças na economia mundial é importante porque elas influenciam movimentos políticos que, por sua vez, geram transformações sociais.

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SOCIEDADE

Brasil fica em 84ª em ranking de desenvolvimento humano

Brasil ocupa a 84ª posição no ranking do IDH 2011 (Índice de Desenvolvimento Humano), em uma lista que traz 187 países. O Brasil avançou uma posição em relação ao ano passado e tem desenvolvimento humano considerado alto, segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O IDH considera basicamente três aspectos: saúde, educação e renda. Para o Brasil, foram levados em conta os seguintes dados: 7,2 anos médios de estudo, 13,8 anos esperados de escolaridade, além de expectativa de vida de 73,5 anos. Em relação ao rendimento, foi registrada uma Renda Nacional Bruta per capita de US$ 10.162 (ajustados pelo poder de compra). O IDH varia de 0 a 1 --quanto mais próximo a 1, melhor a posição do país no índice. Considerando a evolução do Brasil ao longo do tempo, o valor passou de 0,549 (em 1980) para 0,665 (em 2000), chegando neste ano ao patamar de 0,718.

Tuca Vieira/Folhapress

Embora se enquadre na categoria de país com desenvolvimento humano elevado, o Brasil fica atrás de dez países da América Latina. Na região, apenas Chile e Argentina têm desenvolvimento humano considerado muito elevado.

TOPO DO RANKING

No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar a 1ª posição da lista, seguida por Austrália e Holanda. Os Estados Unidos ficaram em 4º lugar. Todos esses países têm desenvolvimento humano considerado muito elevado, de acordo com o relatório apresentado pelo Pnud. Na Noruega, por exemplo, a média de escolaridade é de 12,6 anos, enquanto no Brasil essa taxa fica em 7,2 anos. Todos os dez últimos colocados no ranking estão na África. A República Democrática do Congo ocupa a última posição (187ª), com o menor índice de desenvolvimento humano, seguida por Niger e Burundi. Nos últimos anos, cerca de 3 milhões de pessoas morreram vítimas da guerra na República Democrática do Congo, onde a esperança de vida ao nascer é de apenas 48,4 anos, segundo o relatório do Pnud.

AJUSTE

Desde o ano passado, o Pnud divulga também o IDH-D (o IDH ajustado à desigualdade). Esse índice contabiliza a desigualdade na distribuição de renda, educação e saúde. Alguns países têm pontos "descontados", como é o caso do Brasil. O IDH do Brasil neste ano é 0,718, enquanto o índice ajustado à desigualdade fica em 0,519. Outro índice divulgado pelo relatório é o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero), que se baseia em três pilares (saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica). No cálculo, são considerados dados como a mortalidade materna e a taxa de participação no mercado de trabalho. Numa lista de 146 países, o Brasil ficou com a 80ª posição do IDG. Um dos aspectos que pesou foi o fato de o Brasil, segundo o relatório, ter apenas 9,6% dos assentos parlamentares ocupados por mulheres.

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Classe C passou a ser maioria da população brasileira em 2011, mostra pesquisa

22/03/2012

Marli Moreira

Repórter da Agência Brasil

No ano passado, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, deixando as classes D e E para fazer parte da classe C. Além disso, 230 mil pessoas saíram da classe C e entraram para as classes mais ricas (A e B). A maior da parte da população (54%) fazia parte da classe C em 2011, uma mudança em relação ao verificado em 2005, quando a maioria (51%) estava na classe D/E. Um total de 22% dos brasileiros está no perfil da classe A/B, o que também representa um aumento em comparação ao constatado em 2005, quando a taxa era 15%. É o que mostra a sétima edição da pesquisa Observador Brasil 2012, feita pela empresa Cetelem BGN, do Grupo BNP Paribas, em parceria com o instituto Ipsos Publics Affairs. O levantamento indica ainda que a capacidade de consumo do brasileiro aumentou. A renda disponível, ou o montante de sobra dos ganhos, descontando-se as despesas, subiu de R$ 368, em 2010, para R$ 449, em 2011, uma alta de pouco mais de 20%. Na classe C, houve um aumento de 50% (de R$ 243 para R$ 363). Enquanto a renda média familiar das classes A/B e D/E ficaram estáveis, na classe C cresceu quase 8%. Mas a pesquisa mostra que em todas as classes houve um aumento da renda disponível, que ultrapassou R$ 1 mil, entre os mais ricos. “O aumento da renda disponível em todas as classes sociais indica que houve maior contenção de gastos”, destaca a equipe técnica responsável pela pesquisa.

Censo 2010: Síntese dos principais resultados

O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. O rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento1, ficou em R$ 1.202. Na área rural, o valor representou menos da metade (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento das mulheres (R$ 983) alcançou cerca de 71% do valor dos homens (R$ 1.392), percentual que variou entre as regiões. A taxa de analfabetismo, que foi de 9,6% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, caiu em relação a 2000 (13,6%). A maior redução ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, mas ainda havia, em 2010, 671 mil crianças desse grupo não alfabetizadas (3,9% contra 7,3% em 2000). Entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao passo que na classe que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%. Apesar de a infraestrutura de saneamento básico ter apresentado melhorias entre 2000 e 2010, mesmo nas regiões menos desenvolvidas, estas não foram suficientes para diminuir as desigualdades regionais no acesso às condições adequadas. A região Sudeste se destacou na cobertura dos três serviços (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), ao passo que o Norte e o Nordeste, apesar dos avanços, estão distantes dos patamares da primeira. Um exemplo é o abastecimento de água por rede geral, que atingiu 90,3% dos

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domicílios do Sudeste, bem acima dos 54,5% na região Norte. O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou uma população branca inferior a 50%. Ao investigar a possibilidade de haver mais de uma pessoa considerada responsável pelo domicílio, observou-se que cerca de 1/3 deles tinha mais de um responsável. Nos demais, o homem foi apontado como único responsável em 61,3% das unidades domésticas. A mulher mostrou-se mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição. Além destes, os resultados do Universo do Censo Demográfico 2010 apresentam dados sobre crescimento e composição da população, unidades domésticas, óbitos, registro de nascimento, entre outros. As informações, coletadas em todos os 57.324.167 domicílios, estão disponíveis para todos os níveis territoriais, inclusive os bairros de todos os municípios do país. A exceção fica por conta das informações sobre rendimento que, por serem ainda preliminares, não estão sendo divulgadas para níveis geográficos mais desagregados.

Brasileiros residem em 193 países estrangeiros

O número estimado de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645 mil em 193 países do mundo em 2010, sendo 264.743 mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%); 60% dos emigrantes tinham entre 20 e 34 anos de idade em 2010. Este resultado não inclui os domicílios em que todas as pessoas podem ter emigrado e aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem ter falecido. O principal destino era os Estados Unidos (23,8%), seguido de Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%), que, juntos, receberam 70,0% dos emigrantes brasileiros. A origem de 49% deles é a região Sudeste, especialmente São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%), respectivamente primeiro e segundo estados do país de onde saíram mais pessoas (106.099 e 82.749, respectivamente). Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%). O Japão é o segundo país que mais recebe os emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente 20,1% e 15,3%. Portugal surge como segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro (9,1%) e em Minas Gerais (20,9%). As pessoas que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da federação, o que permite inferir que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha. Goiás foi o estado de origem da maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes), seguido de Rondônia (4,98 por mil), Espírito Santo (4,71 por mil) e Paraná (4,39 por mil). Sobrália, São Geraldo da Piedade e Fernandes Tourinho, todas em Minas Gerais, foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 emigrantes por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente). Entre as capitais, Rio Branco (AC) destaca-se com uma proporção de 12,82 emigrantes por mil habitantes, estando em 42º lugar no ranking nacional. Em seguida, Macapá (AP), com 4,30 por mil (37ª posição), Boa Vista, com 3,42 por mil (38ª posição), e Brasília, com 2,89 por mil (41ª posição).

Censo contabiliza 133,4 mortes de homens para cada 100 óbitos de mulheres

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Em 2010, o Censo também introduziu a investigação sobre a ocorrência de óbitos de pessoas que haviam residido como moradores do domicílio. Entre agosto de 2009 e julho de 2010 foram contabilizados 1.034.418 óbitos, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). O maior número de óbitos masculinos resultou numa razão de sexo de 133,4 mortes de homens para cada grupo de 100 óbitos do sexo feminino. A maior sobremortalidade masculina foi em Rondônia, 165,7 óbitos de homens para 100 mortes de mulheres, fruto de dois fatores: uma maior participação masculina na população total (razão de sexo para a população total de 103,4 homens para cada grupo de 100 mulheres, a segunda mais elevada do país) e uma maior mortalidade da população masculina em relação à feminina. Já a menor razão de óbitos pertenceu ao Rio de Janeiro, 116,7 falecimentos masculinos para cada grupo de 100 femininos. Esse fato pode ser explicado por ser o estado com a menor participação de homens na população total, 47,7%. A sobremortalidade masculina ocorre em quase todos os grupos de idade, principalmente entre 20 a 24 anos de idade, 420 óbitos de homens para cada 100 de mulheres. Neste grupo, 80,8% do total de óbitos (32.008) pertenceram à população masculina. A partir desta faixa etária, este indicador começa a declinar até atingir no grupo de 100 anos ou mais, o valor mais baixo, 43,3 óbitos de homens para cada 100 óbitos de mulheres. Aos 81 anos o número de óbitos da população feminina já começa a superar o da masculina, em função de um maior contingente de mulheres. Valores elevados também foram encontrados nos grupos de 15 a 19 anos (350 homens para cada 100 mulheres) e de 25 a 29 anos (348 homens para cada 100 mulheres). Isso se deve ao alto número de óbitos por causas externas ou violentas, como homicídios e acidentes de trânsito, que atingem mais a população masculina. Na faixa de 20 a 24 anos, o menor valor pertence ao Amapá, 260 óbitos masculinos para cada grupo de 100 mortes da população feminina. No outro extremo, Alagoas apresenta a relação de 798 óbitos de homens para cada 100 mulheres mortas. Com exceção de Maranhão (397,7 homens para cada 100 mulheres) e Piauí (391,7 homens para cada 100 mulheres), todos os demais estados da região Nordeste estavam acima da média nacional (419,6 homens para cada 100 mulheres). Na região Centro-Oeste, somente Goiás (421,7 homens para cada 100 mulheres) se encontrava acima dessa média. Na Sudeste, os estados do Rio de Janeiro (476,7 homens para cada 100 mulheres) e Espírito Santo (466,9 homens para cada 100 mulheres) apresentaram razões acima da encontrada para o Brasil.

3,4% dos óbitos são de crianças menores de um ano e 43,9% são de idosos

No Brasil, 3,4% dos óbitos ocorreram antes do primeiro ano de vida. Esse valor, segundo as Estatísticas do Registro Civil de 1980, era de 23,3%, um declínio de 85,4% em 30 anos. A menor participação foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido do Rio de Janeiro (2,3%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%). No outro extremo, Amazonas (8,5%), Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%). Todos os estados das regiões Sudeste e Sul estão abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%) e Goiás (3,4%). O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em 2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Roraima possui a mais baixa participação, 30,4%, seguido do Amapá (31,9%) e Pará (34,3%). As

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maiores participações foram encontradas no Rio Grande do Norte (50,2%), Paraíba (48,8%) e Rio Grande do Sul (48,4%).

Participação nos óbitos na faixa de 1 a 4 anos é 118,9% maior na área rural

Os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos. As maiores diferenças são observadas até os 15 anos. Enquanto na área urbana o grupo de menores de 1 ano concentra 3,1% do total de óbitos, na área rural este percentual é de 5,4%. A maior diferença foi encontrada no grupo de 1 a 4 anos, onde o percentual da área rural (1,6%) foi mais que o dobro do da área urbana (0,7%). Em contraste com a área urbana, a participação dos óbitos de menores de 1 ano em relação à população total, na área rural, assume valores bem significativos no Amazonas (16,0%), Amapá (15,0%), Acre (12,6%), Pará (11,1%) e Maranhão (10,2), os únicos que apresentaram percentuais acima de 10%.

Idade média é de 31,3 anos para homens e 32,9 para mulheres

Em 2010, a idade média da população foi de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para as mulheres. A maior diferença foi no Rio de Janeiro, 2,5 anos em favor das mulheres. As idades médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6), seguidas do Centro-Oeste (31,0), Nordeste (30,7) e Norte (27,5). Sete estados possuíam idade média acima da nacional: Rio Grande do Sul (34,9 anos), Rio de Janeiro (34,5), São Paulo (33,6), Minas Gerais (33,3), Santa Catarina (33,0), Paraná (32,9) e Espírito Santo (32,4). A menor encontrava-se no Amapá, 25,9 anos.

A idade média da população urbana era de 27,1 anos em 1991, atingindo 32,3 anos em 2010, um acréscimo de 5,2 anos. Na área rural, este valor, que era de 24,8 anos em 1991, alcançou 30,6 anos em 2010. Os diferenciais das idades médias segundo a situação do domicílio diminuíram de 2,3 anos em favor da área urbana para 1,7 ano em 2010. O maior aumento entre 1991 e 2010 se deu na área rural da região Sul: 7,5 anos, onde a idade média passou de 27,4 para 34,9 anos. O Rio Grande do Sul apresentou a maior idade média da população rural, 37,2 anos, o Amazonas teve a menor, 24,0 anos. Goiás apresentou o maior incremento na idade média na área rural entre 1991 e 2010, passando de 25,7 anos para 33,6 anos (7,8 anos).

Diminui pela primeira vez o número de pessoas que se declararam brancas

Dos cerca de 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos (de 6,2% para 7,6%) e pardos (de 38,5% para 43,1%).

Cerca de 30% da população indígena de até 10 anos não tem registro de nascimento

O Censo 2010 mostra que 98,1% das crianças com até 10 anos eram registradas em cartório. Dentre os menores de 1 ano de idade, a cobertura do registro civil de nascimento foi de 93,8%, elevando-se para 97,1% para as pessoas com 1 ano completo e aumentando, consecutivamente, para as demais idades. A pesquisa considerou a existência de registro público feito em cartório, a Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

A região Norte foi a que teve as menores proporções de pessoas com o registro de nascimento por grupo etário. Entre os menores de 1 ano, 82,4% tinham registro civil de nascimento, número inferior ao da região Nordeste (91,2%). Em ambas, o percentual ficou

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abaixo do observado em todo o país (93,8%). A região Sul teve o melhor resultado, com 98,1%. Nessa faixa etária, as menores proporções foram no Acre (83,1%), Maranhão (83,0%), Pará (80,6%), Roraima (80,2%) e Amazonas (79,0%). No Amazonas (87,9%) e em Roraima (85,5%), mesmo entre as crianças com 1 ano completo, o percentual das que tinham registro civil foi significativamente inferior à média do país (97,1%).

Era menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais iguais ou superiores a 98,0%, a proporção entre os indígenas foi de 67,8%. Para os menores de 1 ano, as proporções nas regiões Centro-Oeste (41,5%) e Norte (50,4%) são inferiores aos demais grupos, todos acima de 80%.

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais cai de 13,6% para 9,6% entre 2000 e 2010

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para 9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres.

Regionalmente, as maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.

No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas classes de mais de ¼ a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e 10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais.

3,9% das crianças de 10 a 14 anos ainda não estavam alfabetizadas em 2010

Na faixa de 10 a 14 anos, havia, em 2010, 671 mil crianças não alfabetizadas (3,9%). Em 2000, este contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total. No período intercensitário, a proporção diminuiu de 9,1% para 5,0%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino. A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural.

Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.

Distribuição de rendimento permanece desigual

Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento foi R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).

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Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806), 56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00), que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste.

A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total e a dos 10% com os mais baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7% do total. O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais elevado que o da rural (0,453). A distribuição das pessoas de 10 anos ou mais por classes de rendimento mostrou que, na área rural, os percentuais de pessoas nas classes sem rendimento (45,4%) e até um salário mínimo (15,2%) foram maiores que os da urbana (35,6% e 4,8%, respectivamente). Já a parcela que ganhava mais de cinco salários mínimos mensais ficou em 1,0% na área rural e 6,0% na urbana. Os percentuais da parcela feminina foram maiores que os da masculina nas classes sem rendimento (43,1% e 30,8%), até ½ salário mínimo (8,0% e 4,6%) e até 1 salário mínimo (21,5% e 20,8%). O percentual de pessoas sem rendimento na população de 10 anos ou mais de idade foi mais elevado nas regiões Norte (45,4%) e Nordeste (42,3%) e mais baixo na Sul (29,9%), ficando próximos os da Sudeste (35,1%) e Centro-Oeste (34,8%). Quanto ao contingente que recebia mais de cinco salários mínimos mensais, os percentuais das regiões Nordeste (2,6%) e Norte (3,1%) ficaram em patamar nitidamente inferior ao das demais. O indicador alcançou 6,1%, na região Sul; 6,7%, na Sudeste; e 7,3%, na Centro-Oeste.Média de moradores por domicílio diminui conforme a renda aumenta

O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765). O maior distanciamento entre os rendimentos médios domiciliares das áreas urbana e rural foi o da região Nordeste (R$ 2.018 contra R$ 910) e o menor, da Sul (R$ 2.577 contra R$ 1.622). Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$ 2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354). Do conjunto dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, os 10% com os rendimentos mais altos detiveram 42,8% do total, e os 10% com os menores, 1,3%. Os 50% com os menores rendimentos ficaram com 16,0% do total. O rendimento médio mensal domiciliar dos 10% com os maiores rendimentos foi R$ 9.501 e dos 10% com os menores, R$ 295. O Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal dos domicílios com rendimento domiciliar foi de 0,536. Ele foi mais baixo na região Sul (0,480) e mais alto no Nordeste (0,555). Em todas as regiões, o Índice de Gini da área urbana foi sensivelmente mais alto que o da rural.

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A comparação das distribuições dos domicílios por classes de rendimento mensal domiciliar per capita mostrou que a concentração dos domicílios rurais nas classes sem rendimento (7,2%), até 1/8 do salário mínimo (13,1%), até ¼ do salário mínimo (14,5%) e até ½ salário mínimo (24,0%) foi substancialmente maior que a dos urbanos (3,8%, 2,1%, 5,5% e 16,1%, respectivamente). No agregado destas classes, encontravam-se 27,6% dos domicílios urbanos e 58,8% dos rurais. Por outro lado, 11,8% dos domicílios urbanos tinham rendimento domiciliar per capita de mais de três salários mínimos, enquanto que para os rurais esse percentual ficou em 1,7%. O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes ficou em 3,3. Nos domicílios com rendimento, esta média mostrou declínio com o aumento do rendimento domiciliar per capita. Na classe de até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores foi de 4,9 e na de mais de 10 salários mínimos atingiu 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.

38,7% dos responsáveis pelas unidades domésticas são mulheres

Segundo o Censo 2010, havia no Brasil cerca de 57 milhões de unidades domésticas, com um número médio de 3,3 moradores cada uma. Do total de indivíduos investigados, 30,2% eram responsáveis pela unidade doméstica. Desses, 61,3% eram homens (35 milhões) e 38,7%, mulheres (22 milhões). A maioria dos responsáveis (62,4%) tinha acima de 40 anos de idade. A distribuição do total de unidades domésticas pelos diferentes tipos de constituição mostra que, em 2010, 65,3% eram formadas por responsável e cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (37,5 milhões de unidades). O Censo 2010 abriu a possibilidade de registro de cônjuge ou companheiro de mesmo sexo do responsável, o que se verificou em algo em torno de 60.000 unidades domésticas no país, 0,1% do total. Entre as unidades domésticas compostas por responsável e cônjuge, em 68,3% havia pelo menos um filho do responsável e do cônjuge (44,6% do total de unidades domésticas). Já os tipos constituídos por pelo menos um filho somente do responsável ou ao menos um filho somente do cônjuge (enteado do responsável) corresponderam, respectivamente, a 4,8% e 3,6% do total de unidades domésticas. Na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%), um contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma convivência inter-geracional no interior das unidades domésticas. O Censo 2010 também investigou a possibilidade de haver mais de uma pessoa responsável pela unidade doméstica. Em caso afirmativo, foi solicitado que se elegesse uma delas para o preenchimento dos dados de relação de parentesco dos demais membros da unidade doméstica. No Brasil, cerca de 1/3 das unidades domésticas tinha mais de um responsável. Ao se segmentar por sexo, o homem aparece de forma mais recorrente como a pessoa responsável pela unidade doméstica (37,7%). A mulher, por sua vez, é mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição.

Domicílios próprios predominam nas áreas urbana e rural

O Censo 2010 mostra um Brasil com predomínio de domicílios particulares permanentes (99,8%) do tipo casa (86,9%) e apartamento (10,7%). Dependendo da localização, há distinções marcantes na sua forma de ocupação. Entre os urbanos, predominam os próprios (72,6%) e os alugados (20,9%). Nas áreas rurais, apesar de a maioria dos domicílios serem próprios (77,6%), há um percentual significativo de cedidos (18,7%).

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Rede geral de abastecimento de água avança mais na zona rural

No Brasil, 82,9% dos domicílios eram atendidos por rede geral de abastecimento de água em 2010, um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação a 2000. Na área urbana, o percentual passou de 89,8% para 91,9%, ao passo que na rural, subiu de 18,1% para 27,8%. Este avanço ocorreu em todas as regiões, embora de forma desigual. Sudeste e Sul continuaram sendo, em 2010, as regiões que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água (90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com o Norte (54,5%) e Nordeste (76,6%) que, apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos. A expansão da rede geral de abastecimento de água se deu de forma significativa em direção às áreas rurais. No Sul, a proporção de domicílios rurais com abastecimento por rede passou de 18,2% em 2000 para 30,4% em 2010. No Nordeste, o crescimento foi ainda maior (18,7% e 34,9%, respectivamente). A região Norte, com a menor proporção (54,5%), teve um aumento proporcional mais acelerado na área rural do que na urbana: no rural foi um aumento de 7,9 pontos percentuais e de 3,7 pontos percentuais no urbano.

Esgotamento sanitário adequado cai na região Norte

Entre 2000 e 2010, a proporção de domicílios cobertos por rede geral de esgoto ou fossa séptica (consideradas alternativas adequadas e esgotamento sanitário) passou de 62,2% para 67,1% em todo o país. O mesmo se deu em quatro das cinco regiões, com exceção da Norte, onde o aumento de 2,0 pontos percentuais na área rural (de 6,4% em 2000 para 8,4% em 2010) não foi suficiente para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas (de 46,7% para 40,6%). O Sudeste continuou sendo a região com as melhores condições, passando de uma cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010. Segue-se a região Sul, que passou de 63,8% para 71,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10%. A despeito da melhoria das condições de esgotamento sanitário, o Centro-Oeste tinha pouco mais da metade de seus domicílios com saneamento adequado (51,5%) e o Norte (32,8%) e Nordeste (45,2%) apresentaram patamares ainda mais baixos. Nessas regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento tanto para domicílios urbanos quanto rurais.

Lixo é queimado em 58% dos domicílios rurais

Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos, passando de 79,0% em 2000 para 87,4% em 2010, em todo o país. A cobertura mais abrangente se encontrava no Sudeste (95%), seguida do Sul (91,6%) e do Centro-Oeste (89,7%). Norte (74,3%) e Nordeste (75,0%%), que tinham menores coberturas (57,7% e 60,6%), apresentaram os maiores crescimentos em dez anos, de 16,6 e 14,4 pontos percentuais respectivamente. Nas áreas urbanas o serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% no Norte a 99,3% no Sul. Nas áreas rurais, o serviço se ampliou na comparação com 2000, passando de 13,3% para 26,0%, em média. Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras em 2010, principalmente nas áreas rurais, porém, a dificuldade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais adotada pelos moradores dessas regiões. Essa alternativa cresceu em torno de 10 pontos percentuais, passando de 48,2% em 2000 para 58,1% em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno baldio, que em 2000 era adotada por moradores de 20,8% dos domicílios rurais, reduziu para 9,1% em 2010.

Energia elétrica chega a 97,8% dos domicílios

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Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a maior cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com forte presença no Brasil rural (89,7%). Com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas 61,5% dos domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição, as demais regiões apresentaram uma cobertura acima de 90%, variando de 90,5% no Centro-Oeste rural a 99,5% nas áreas urbanas da região Sul. Em 2010 havia 1,3% de domicílios sem energia elétrica, com maior incidência nas áreas rurais do país (7,4%). A situação extrema era a da região Norte, onde 24,1% dos domicílios rurais não possuíam energia elétrica, seguida das áreas rurais do Nordeste (7,4%) e do Centro-Oeste (6,8%).

_______________1 Os dados utilizados para gerar os resultados de rendimento são preliminares, pois ainda não foram submetidos a todos os processos de crítica e imputação previstos para a apuração do Censo Demográfico 2010

Mais Médicos começa hoje em 13% das cidades

Brasileiros em 454 cidades dão início ao Mais Médicos

O Estado de S. Paulo – 02/09/2013

O desembarque de brasileiros em 454 cidades marca hoje a estreia de fato do programa Mais Médicos. A chegada atenderá à demanda de apenas 13% dos municípios que se inscreveram na primeira etapa da iniciativa. Profissionais desembarcam hoje nos municípios contemplados na primeira fase do programa; Ceará receberá maior contingente O desembarque de brasileiros em 454 cidades hoje marca a estreia de fato do Mais Médicos, programa lançado em julho pelo governo federal para ampliar a oferta de profissionais em áreas consideradas prioritárias. Achegada atenderá à demanda de apenas 13% dos municípios que se inscreveram na primeira etapa da iniciativa. A timidez da estreia é ainda mais marcante nos Estados do Norte, Amapá, por exemplo, deterá receber três médicos brasileiros. Acre e Roraima, por sua vez, ficam, cada um, com nove profissionais. Ceará é o Estado que vai receber maior contingente: 106 médicos, seguido da Bahia, com 103. Na primeira fase do programa, 3.511 cidades requisitaram 15.460 profissionais para trabalhar no atendimento de saúde local. A resposta ao convite foi pequena: 1.096 médicos brasileiros e outros 282 estrangeiros. Há ainda 4 mil cubanos, recrutados por meio de um acordo firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Desse convênio, 400 já desembarcaram no País. Os demais são esperados até dezembro. Na sexta-feira, uma nova etapa de inscrições, tanto de médicos quanto de cidades interessadas em participar do programa, foi concluída. O novo balanço, com números de novas cidades e candidatos às vagas, deverá ser divulgado hoje. A ideia é fazer chamamentos mensais até que a demanda seja totalmente atendida.

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Pelas regras do Mais Médicos, a prefeitura é obrigada a manter a quantidade de profissionais existente anteriormente. Bolsistas do programa só podem ser incluídos para expandir a capacidade de atendimento. O controle é feito por meio do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. No sistema, constam os dados dos médicos que atuam nos municípios. São as prefeituras que devem arcar com a alimentação e a moradia dos bolsistas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse estar convicto de que a acolhida dos profissionais nas cidades hoje será bem diferente da chegada dos cubanos ao País, na semana passada. “Estou certo de que eles serão muito bem recebidos pela população, Há um anseio pela chegada deles”, disse. A primeira onda é formada por médicos brasileiros. Para tentar aplacar as críticas de entidades de classe, o Mais Médicos deu prioridade para profissionais do País. Em uma segunda etapa, inscreveram-se brasileiros e estrangeiros com diplomas obtidos no exterior. A terceira fase – e a responsável pela maior parte do efetivo de profissionais – é fruto do convênio feito com a Opas. Embora o acordo entre a Opas e o governo brasileiro tenha sido anunciado há duas semanas, médicos cubanos há pelo menos seis meses se preparam para trabalhar no Brasil. Desde o início do ano, profissionais em várias regiões de Cuba recebem aulas de português e sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), com professores destacados pelo governo brasileiro. O material didático usado é o mesmo adotado no curso de três semanas dado para estrangeiros. Reação truculenta. O risco de o ritmo de adesão de médicos de outras nacionalidades cair ainda mais por causa dos protestos da semana passada foi descanado por Padilha. “Foi uma reação truculenta, uma postura isolada que não representa o sentimento de milhões de brasileiros”, disse.

Negros terão 20% das vagas em concursos

Dilma quer 20% de vagas de concursos para negros

Correio Braziliense – 06/11/2013

O governo reservará 20% das vagas em concursos públicos federais para negros. A presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou ontem, durante abertura da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que encaminhará ao Congresso Nacional um projeto de lei que cria as cotas para afrodescendentes nos quadros do funcionalismo, além de uma mensagem de urgência que trancará a pauta da Câmara dos Deputados. Em discurso, Dilma avaliou que a iniciativa tem imenso potencial transformador e pediu um amplo debate. Ela também cobrou celeridade dos parlamentares. "O projeto da lei das cotas no serviço público institui um percentual mínimo. E é mais um exemplo para os outros entes da federação, estados e municípios, e também dos demais poderes, Legislativo e Judiciário", ressaltou a presidente. Ela comentou que o projeto deve estimular um processo de reformulação nos quadros do governo e no setor privado. "Nós queremos, com essa medida, iniciar a mudança na composição racial da administração pública federal, tornando-a representativa da composição brasileira. Esperamos também incentivar medidas similares a empresas", completou. Para Mamede Said Maia Filho, professor de direito administrativo da Universidade de Brasília (UnB), a criação de cotas para negros como política temporária para superar desigualdades é

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interessante. Mas ele destacou que o processo precisa ser avaliado e monitorado pelo governo para que seja encerrado na medida em que os abismos forem superados. Um dos fundadores da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) e presidente do Grupo Vestcon, Ernani Pimentel, avaliou a decisão de Dilma como "jogada eleitoral". Ele disse não haver nenhuma racionalidade nessa medida, uma vez que a segregação no país se dá pela falta de condições financeiras. "Quem não tem dinheiro deixa de se preparar bem para poder competir porque a educação no Brasil é mais cara. Não é o negro que tem que ser beneficiado. Há muitos afrodescentens ricos. Os pobres, sim, precisam ser favorecidos", detalhou. Pimentel sugeriu que o governo crie bolsas de estudo para que parte da população possa ter acesso a ensino de qualidade na hora de se preparar os concursos. Somente entre agosto e outubro de 2013, o Ministério do Planejamento confirmou concursos para seis instituições públicas, que reúnem 2,8 mil vagas e devem acontecer até junho. A estimativa da pasta é de que mais de 47 mil pessoas ingressem no Executivo no próximo ano. O Projeto da Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2014 prevê que, desse número, 42.353 são cargos vagos e novos, e 4.759, para substituição de terceirizados. (Colaborou Daniela Garcia) false false true Dilma quer 20% de vagas de concursos para negros Presidente encaminhará projeto de lei ao Congresso propondo cotas a fim de aumentar a diversidade étnica na administração federal. No entender dela, estados, municípios, Judiciário, Legislativo e empresas privadas deveriam fazer o mesmo.

Retrato da desigualdade

Favela tem muito acesso a bens e pouco a empregos

O Estado de S. Paulo – 07/11/2013

11,4 milhões de pessoas moram em favelas

O pescador Edmilson Batista mora há 22 anos com a família na beira de represa no Jardim Gaivota, zona sul de São Paulo. Pesquisa do IBGE mostra que em áreas pobres do País não faltam TVs ou celulares, mas os moradores não conseguem trabalho fixo nem estudar. SP tem o maior número de pessoas em favelas

Estudo mostra que não faltam TVs e celulares em área pobre, mas é baixo número de morador com curso superior e carteira assinada Retrato da desigualdade brasileira, a pesquisa "Aglomerados Subnormais – Informações Territoriais" apontou que a maioria dos moradores das áreas mais pobres do Brasil tem TV e telefone celular, mas está muito mais longe da universidade e do trabalho formal do que os habitantes da cidade formal. O trabalho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela um País de pronunciado abismo social, com 11.425.644 pessoas morando nesses bairros construídos à margem das regras do planejamento urbano – em sua maioria, nas popularmente conhecidas favelas. Muitos vivem em áreas marcadas pela precariedade e pelo risco: 11.149 moradias estão fincadas em aterros sanitários, lixões e áreas contaminadas, 27.478 casas estão nas imediações de linhas de alta tensão, 4.198 domicílios perto de oleodutos e gasodutos, 618.955 construções penduradas em encostas. Para fins de pesquisa, um aglomerado subnormal é definido pelo IBGE como "uma área ocupada irregularmente por certo número de domicílios, caracterizada, em diversos graus, por limitada oferta de serviços urbanos e irregularidade no padrão urbanístico".

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Espécie de mapa das coletividades precárias e/ou à margem dos serviços públicos do Brasil – favelas, mocambos, loteamentos -, o estudo toma por base o Censo 2010 e aponta, naquele ano, 3.224.529 domicílios particulares nessas regiões à margem da cidade formal. Em seu trabalho, os pesquisadores se depararam com extremas proximidades e desigualdades de acesso a bens e serviços na comparação entre as áreas de aglomerados e as outras regiões das grandes cidades brasileiras. Segundo o instituto, nas duas regiões das cidades pesquisadas quase 100% dos domicílios brasileiros possuíam televisão: 96,7% nos aglomerados e 98,2% nas demais regiões. E mais de 53,9% das residências nas ocupações informais tinham apenas telefone celular, ante 34,8% no restante formalizado dos municípios. O acesso dos pobres a simoo-los da modernidade contrasta fortemente com os apenas 1,4% dos habitantes dos aglomerados com curso superior completo (14,7% nos demais) e os 27,8% de moradores dos subnormais sem carteira de trabalho assinada (20,5% no restante das cidades). "Não são cidades que se contradizem", explicou o técnico do IBGE Maurício Gonçalves e Silva. "O processo é um só e é altamente coerente o que acontece ali, diante da dinâmica do próprio País e de formação de cada uma dessas cidades." Desenvolvimento. A pesquisa constatou que 77% dos domicílios das áreas de moradia informal, precária, pobre e/ou com serviços precários ficavam, em 2010, em Regiões Metropolitanas com mais de 2 milhões e habitantes. O IBGE descobriu ainda que 59,4% da população de aglomerados estava em cinco Regiões Metropolitanas: São Paulo (18,9%), Rio (14,9%), Belém (9,9%), Salvador (8,2%) e Recife (7,5%). Oui-ros 13,7% acumulam-se em outras quatro: Belo Horizonte (4,3%), Fortaleza (3,8%), Grande São Luís (2,8%) e Manaus (2,8%). Essas nove regiões abrigam 73,1% da população de áreas informais identificadas na pesquisa. Em seu levantamento, o IBGE constatou que a imagem da favela carioca pendurada em uma elevação não é o perfil majoritário desse tipo de área no País. A pesquisa constatou que 1.692.567 (52,5%) dos domicílios em aglomerados subnormais do País estava em áreas planas; 862.990 (2 6,8%) em aclive/ declive moderado; e apenas 68.972 (20,7%) em aclive/declive acentuado. Curiosamente, foi na Região Metropolitana de São Paulo que os pesquisadores do IBGE encontraram mais domicílios em áreas com predomínio de aclive/declive acentuado (166.030). Em seguida, veio a de Salvador (137.283). A Região Metropolitana do Rio é apenas a terceira nesse quesito, com 103.750.

Os que nem trabalham nem estudam

Jovens sem trabalho e fora da escola são 1,5 milhão

Autor(es): Por Alessandra Saraiva | Do Rio

Valor Econômico – 09/08/2013

Cerca de 1,5 milhão de jovens entre 19 a 24 anos, concentrados nas faixas mais pobres da população brasileira, não trabalham, não estudam, nem procuram emprego – e o número de pessoas que se encaixam nesse perfil cresce. É o que mostra estudo feito por Joana Monteiro, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, batizado de "Os Nem-Nem-Nem: exploração inicial sobre um fenômeno pouco estudado". O levantamento, baseado na Pesquisa

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Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, mostra que o grupo de jovens desalentados (exclui donas de casa com filhos) já representava 10% da população nessa faixa etária. Com pouca escolaridade e baixa renda, eles podem elevar o desemprego se buscarem trabalho após os 24 anos ou serem permanentemente dependentes do governo.Cerca de 1,5 milhão de brasileiros entre 19 a 24 anos, concentrados nas faixas mais pobres da população e excluindo donas de casa e mulheres com filhos, nem trabalham, nem estudam e nem procuram emprego e esse perfil tem crescido dentro do total da população jovem do país. É o que mostra o estudo "Os Nem-Nem-Nem: Exploração Inicial Sobre um Fenômeno Pouco Estudado", da pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Joana Monteiro. Para a especialista, o avanço desse perfil preocupa. A maioria desses jovens, com parcela significativa de baixa escolarização, podem ajudar a elevar o desemprego, caso decidam tentar a sorte no mercado de trabalho, após os 24 anos. "A baixa qualificação limita muito o tipo de trabalho que podem conseguir." Além disso, o fato de pertencerem a famílias mais pobres, com pouca capacidade de sustentá-los, eleva a probabilidade de se tornarem dependentes do governo, avalia a especialista. Do total de 1,5 milhão, em torno de 46% podem ser considerados pobres, pois vivem em domicílios que estão entre os 40% mais pobres na distribuição de renda, segundo cálculos de Joana. O recorte por faixa etária a partir de 19 anos é proposital, visto ser difícil encontrar jovens abaixo de 18 anos fora da escola, tendo em vista o avanço da escolaridade entre os brasileiros na última década, bem como a legislação envolvida em manter os jovens na escola, até essa idade. O recorte por faixa etária a partir de 19 anos é proposital, visto ser difícil encontrar jovens abaixo de 18 anos fora da escola, tendo em vista o avanço da escolaridade entre os brasileiros na última década, bem como a legislação envolvida em manter os jovens na escola, até essa idade. O levantamento, que trabalhou basicamente dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, esses jovens desalentados, excluindo donas de casa e mulheres com filhos, já representavam 10% da população total de jovens nessa faixa etária em 2011 – um avanço em relação a 2006, quando a fatia era de 8%. "Nem mesmo a melhora nos indicadores de emprego, com aumento de vagas e de renda, estimulou a entrada desse jovem no mercado de trabalho", diz a pesquisadora da FGV. O nome da pesquisa vem daqueles que "nem trabalham, nem estudam, nem procuram emprego", explicou Joana, usando expressão "nem-nem" que já vem sendo utilizada por economistas para delimitar jovens que não trabalham nem estudam. Excluir donas de casa e mulheres com filhos, que também não trabalham, não estudam e nem procuram emprego, torna mais claro o possível impacto desse cenário no mercado de trabalho futuro, afirma Joana. A economista informou que, com a inclusão de donas de casa com filhos, essa fatia de "nem-nem-nem" na população entre 19 e 24 anos pularia para 17% dessa faixa etária – em torno de quatro milhões de pessoas. No entanto, Joana observou que há probabilidade menor de que mulheres donas de casa com filhos, que não procuram vagas, conduzirem a um impacto negativo no emprego. Isso porque é relativamente baixa a perspectiva de que essa mulher vá procurar trabalho, em futuro próximo, porque já cuida da casa e dos filhos.

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O mesmo não se pode dizer dos jovens desalentados sem filhos. Desses 1,5 milhão de jovens, 20% tinham menos de cinco anos de escolaridade – a maior fatia entre as faixas de estudo delimitadas. Ela considerou que, em um segundo momento, esses jovens podem se converter em adultos em busca de uma vaga. Mas a baixa qualificação tornaria difícil um lugar na população ocupada. Na prática, seriam mais pessoas em busca de trabalho, sem encontrar, impulsionando indicadores de desocupação. Outro aspecto estudado por Joana é o ambiente domiciliar que permite esse jovem não trabalhar, não estudar e não procurar emprego. Ela admitiu que jovens de baixa escolaridade têm chance muito maior de serem inativos, quando estão em domicílios cuja renda conta com forte presença de benefícios sociais, como programas de transferência de renda. Mas essa não pode ser considerada a única explicação, frisou. "Impossível dizer se recebimento de benefícios sociais é causa ou consequência da inatividade", afirmou. Para ela, o fenômeno não é puramente econômico. A figura protetora da mãe brasileira, disposta a sustentar os filhos até mais tarde, ajudaria na formação do cenário, segundo Joana. "Incentivar a entrada dos "nem-nem-nem" na população economicamente ativa está longe de ser trabalho fácil. O grupo não responde às condições do mercado de trabalho. É possível que essa parcela entre 8% e 10% [sem donas de casa e mulheres com filhos] seja um nível normal de inatividade", disse.

Retratos do Brasil: Sobe desemprego entre os jovens

Jovens na rua. No olho da rua

O Globo – 25/07/2013

Enquanto a desocupação ficou em 6% no país, segundo o IBGE, a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos subiu de 14,6% para 15,3% em junho. O índice é ainda maior nas regiões metropolitanas de Salvador e Recife.

Desemprego em junho sobe para 15,3% no grupo de 16 a 24 anos

Reflexos do Pibinho

Protagonistas de boa parte dos grandes eventos que varrem o país – as manifestações nas ruas, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude – os jovens também estão no centro das estatísticas nada positivas do desemprego: eles são as principais vítimas da demora na retomada da economia e do esfriamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre os que têm de 16 a 24 anos, subiu de 14,6% para 15,3% em junho, mais do que o dobro dos 6% registrados para a média de todas as idades, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. O contingente de jovens desempregados atingiu 579.974 pessoas, o equivalente a sete Maracanãs lotados. Andressa Cristina Amaral, de 21 anos, engrossa, desde anteontem, esse "público" do desemprego. Após dois anos e meio trabalhando como vendedora em uma loja na Tijuca, resolveu pedir demissão, com outros quatro colegas, por se sentir explorada pelo patrão. Com o Ensino Médio completo, a jovem, que é mãe solteira de uma menina de 2 anos, está em busca de uma oportunidade como assistente administrativa, mas sabe que a falta de um diploma de graduação e a pouca experiência na área são barreiras.

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- Sempre pedem alguém que seja formado ou esteja cursando faculdade. A experiência é outro problema. Já perdi uma oportunidade porque pediam seis meses de experiência, mas eu só trabalhei três meses na função – conta ela, que sonha cursar faculdade de Administração. Apesar da ajuda dos pais e da pensão alimentícia paga pelo pai da criança, Andressa teme passar muito tempo desempregada. Em 2011, amargou cinco meses sem trabalho. - Naquela época, eu trabalhava em uma loja, pelo programa Jovem Aprendiz. Fui mandada embora um mês depois que a Vitória nasceu. Por um lado foi bom porque fiquei cuidando da minha filha, mas eu precisava trabalhar.cenário é pior no nordeste A situação de Francisco Ponce, também de 21 anos, é mais complicada. Ele não concluiu o Ensino Médio e está há dois anos em busca do primeiro emprego com carteira assinada. Mora com os pais em Belford Roxo e, além da baixa escolaridade, diz que o local de moradia é outra desvantagem. - Já fiz várias entrevistas. Quando perguntam a escolaridade, me descartam. Ano passado, surgiu uma oportunidade, mas não pude aceitar porque eles não queriam pagar o transporte. Moro longe... Para ajudar com as contas da casa, faz bicos trabalhando em obras e em um lava-jato. Olhando para o futuro, promete voltar a estudar e concluir o Ensino Médio, a fim de aumentar suas chances. A falta de experiência e de qualificação costumam explicar o porquê de os jovens estarem sujeitos tradicionalmente a taxas mais elevadas de desocupação. O cenário que aponta alta do desemprego pega primeiro esse grupo, o primeiro na fila dos cortes. - A dificuldade de inserção em um cenário conturbado fica ainda mais difícil para eles. Os jovens são mais inexperientes e mais fáceis de descartar – afirma o gerente da Pesquisa Mensal do Emprego, do IBGE, Cimar Azeredo. Enquanto a taxa de desemprego na média do país subiu pela primeira vez neste ano em junho, para os jovens ela já teve três avanços em 2013. A situação é mais complicada para os que vivem na região Nordeste. Em Salvador, a desocupação chegou a 18,5% e em Recife, a 17,6%. São Paulo tem uma taxa de 16,6% e o Rio, de 15,4%. Belo Horizonte e Porto Alegre são as regiões com taxas menores entre os jovens: 10,5% e 10%, respectivamente. O ritmo de deterioração do emprego também é maior entre os que têm entre 16 e 24 anos. O desemprego subiu 1,4 ponto percentual em junho em relação ao mesmo mês do ano passado para adolescentes e jovens. Na média de todas as idades, a alta foi de 0,1 ponto percentual. O que a alta taxa de desemprego não explica é se os jovens estão se dedicando mais aos estudos ou se engrossam as fileiras dos chamados "nem nem", aqueles que nem trabalham, nem estudam. - É preciso investir em uma série de políticas públicas ligadas à educação e à formação técnica mais qualificada para esses jovens – afirma a economista Ana Lucia Barbosa, do Ipea.pessimismo com o Segundo semestre No total das seis regiões pesquisadas pelo IBGE, a alta da desocupação – de 5,8% em maio para 6% em junho – fez com que boa parte de consultorias e bancos passasse a esperar por novas altas na taxa de desemprego no segundo semestre, época em que, tradicionalmente, o mercado de trabalho é mais vigoroso por causa das encomendas das festas de fim de ano.

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Corroída pela inflação, a renda do trabalhador brasileiro registrou a quarta queda consecutiva. Caiu 0,2% em relação a maio. Já na comparação com junho do ano passado, houve elevação de 0,8%. A Rosenberg & Associados revisou de 5,5% para 5,7% a previsão para o desemprego este ano. A economista-chefe da consultoria, Thais Marzola Zara, vê com preocupação a estabilidade da massa salarial real e o recuo de 3,3% na ocupação do setor industrial no mês passado. - Como a economia está demorando a se recuperar, a confiança dos agentes está em queda. Fica difícil ver isso refletido em uma melhora do mercado de trabalho.

EDUCAÇÃO

Inep aponta gastos com inadimplentes

Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil

Dos cerca de 7,1 milhões de candidatos que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013, 5,05 milhões fizeram a prova nesse final de semana. O gasto com os cerca de 2 milhões que não compareceram à prova é aproximadamente R$ 58 milhões. O número corresponde a 58% do custo de R$ 49,86 por candidato. A porcentagem é estimada pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Claudio Costa. Costa explica que custos com a correção da redação ou com o transporte são mantidos independentemente do número de candidatos que fazem o exame. Há desperdício com a impressão das provas e a contratação de pessoas para trabalhar no Enem. A taxa de abstenção tem se mantido ao longo dos últimos anos. No ano passado, o percentual dos alunos que não fizeram a prova foi 27,9% – dos 5,6 milhões inscritos, 4,17 milhões compareceram. No entanto, com o aumento do número de candidatos a cada ano, o número total de faltosos também aumenta, levando a mais gastos. "Isso representa um custo para o país e estamos trabalhando para reduzi-lo", diz. Costa explica que possíveis medidas punitivas aos candidatos que não comparecerem à prova esbarram na lei. Se o candidato for de baixa renda não é possível cobrar a taxa de inscrição. No caso, do Enem, egressos do ensino médio em escola pública também não pagam. "Se o estudante não comparece a um exame e está dentro desse perfil, eu não posso cobrar dele a taxa no exame seguinte. Está na nossa pauta, estamos analisando para ter uma medida estruturante, mas essa medida exige alterações legais". Independente do número de pessoas que não compareceu ao local de prova, o que é arrecadado com o exame não é o suficiente para pagá-lo. Neste ano, mais de 65% foram isentos da taxa de R$ 35. O ministro Aloizio Mercadante disse em diversas ocasiões que, ainda assim, o Enem é mais barato que vestibulares convencionais. Além disso, ele estima, que o exame leve a uma economia de R$ 5 milhões por instituição que adere ao Enem como forma de seleção. Para Costa, o Enem consolidou-se no país como um exame de acesso ao ensino superior e políticas públicas, como intercâmbio acadêmico pelo Ciência sem Fronteiras, financiamento estudantil e acesso ao ensino técnico. "O Brasil decidiu que o Enem é importante. Vemos isso pelo número de inscrições maior a cada ano", diz. No ano passado e neste ano, não houve vazamentos de questões ou de gabaritos. Com mais segurança, o Inep volta-se para outras

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questões. "Temos que ter mais diálogo com o ensino médio, mais discussões pedagógicas, isso tem que ser feito para o Brasil caminhar cada vez mais". O gabarito do Enem será publicado até o dia 30 no site do Inep. O resultado final deverá ser divulgado na primeira semana de janeiro. Somente no ano que vem, as escolas de ensino médio receberão os resultados do desempenho dos alunos. Segundo o presidente, até dezembro deste ano, os centros de ensino receberão os resultados de 2012. "Isso é fundamental e faz parte do diálogo com as escolas. Elas vão ter todo o mapa dos estudantes em cada uma das áreas de conhecimento e na redação. Com o mapa, a escola vai ver as potencialidades e planejar uma intervenção pedagógica para melhorar o terceiro ano e fazer uma reflexão do ensino médio", diz Costa.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br Publicado em: 29/10/2013

Enem reproduz desigualdades brasileiras

ENEM reflete desigualdades comuns no país

Autor(es): Fabio Vasconcelos

O Globo – 21/10/2013

Análise de dados mostra que a nota da redação está diretamente ligada à renda familiar dos candidatos Criado para democratizar o acesso ao ensino superior no país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não conseguiu se esquivar das desigualdades do Brasil. Uma análise do banco de dados do Ministério da Educação (MEC), realizada pelo GLOBO, mostra que a prova vem refletindo as conhecidas diferenças socioeconômicas do país. O levantamento deixa evidente que o desempenho dos participantes está ligado a sua renda. Quanto melhor a situação financeira e de escolaridade familiar, maior é a nota do candidato na redação, principal prova do disputado processo de seleção do MEC. Para chegar a essa conclusão, o jornal analisou informações de 3,87 milhões de candidatos do Enem 2011 que responderam ao questionário socioeconômico no ato da inscrição e que fizeram a prova de redação naquele ano. Esses dados são os mais recentes disponíveis em relação ao exame que se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil. Neste fim de semana, acontece a próxima edição do exame, que tem 7,1 milhões de inscritos. Ao comparar renda familiar e desempenho na redação, prova que tem o maior peso no exame, percebeu-se um aumento contínuo da nota junto com a situação financeira e a escolaridade dos pais. Enquanto a nota média entre aqueles com renda de até um salário mínimo foi de 460 pontos, o grupo com renda acima de 15 salários chegou a 642 pontos. Diferença de 40%. Na comparação entre as unidades da federação, essa disparidade é mais ampla no Piauí, onde a diferença entre a menor e a maior médias é de 50%. Santa Catarina e Amapá são os que apresentam menor discrepância: 27%. — O Enem reproduz brutalmente as nossas desigualdades, e outros estudos que consideraram outras variáveis sociais chegaram às mesmas conclusões. O pobre não é burro, mas ele participa de um concurso com jovens que têm acesso a experiências educacionais muito mais ricas. Nesse Números sentido, a sociedade não se dá conta de que vivemos uma

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situação de maior concurso público avaliadas segundo a rede do país de ensino, as diferenças persistem. Em 2011, cerca de 1,4 milhão de alunos que fizeram a redação do Enem estavam no ensino médio. A nota média entre os candidatos de escolas estaduais (78% desse universo) foi de 486 pontos. A rede municipal alcançou 498. Já a média entre os colégios privados chegou a 612, pouco abaixo do ensino federal, com 623. A porcentagem de alunos de escolas federais no Enem, porém, está em 1,8%. O baixo desempenho nas redes estadual e municipal é explicado também pela renda das famílias. Cerca de 80% dos estudantes das escolas estaduais e municipais que fizeram o Enem 2011 afirmaram ter renda de até dois salários mínimos. Na rede federal, esse percentual cai para 55%, e na privada é de apenas 30%. Também há muita discrepância quando se comparam notas entre alunos de baixa e alta renda dentro da mesma rede de ensino. Nas escolas municipais, a média entre alunos com renda de até um salário é de 433 pontos, enquanto entre os de renda de mais de 15 salários é de 553 (diferença de 28%). Na rede estadual, as notas vão de 443 a 562 (27%). Na federal, de 550 a 689 (25%). E na particular, de 539 a 652 (21%).

DESISTÊNCIA MAIOR NA REDE ESTADUAL

O coordenador de projetos da Fundação Le-mann, Ernesto Martins Faria, explica que jovens de famílias com poucos recursos vivem em condições desfavoráveis que afetam o aprendizado, como, por exemplo, espaço inadequado em casa para se dedicar aos estudos, baixo acesso a livros e até mesmo um vocabulário pouco diversificado utilizado pelos pais. Para Faria, a relação entre desempenho na redação e renda familiar, contudo, deve ser vista com cautela quando se trata de alunos da rede federal. — O patamar das notas dos alunos de baixa renda é bem mais baixo nas redes públicas estadual e municipal. Esses alunos têm um background extraescolar mais desfavorável. Alunos da rede particular provavelmente têm pais mais engajados, e o gasto Com educação privada, apesar da baixa renda familiar, ilustra isso. Já entre os alunos da rede federal, alguns devem ter passado por processos seletivos que são feitos em certas escolas. Para alunos que passam por processos seletivos a renda não é uma boa ilustração do background ou das oportunidades educacionais — afirma Faria. Com poucos recursos e enfrentando situações por vezes desfavoráveis, boa parte dos alunos da rede pública desiste no meio do concurso. Pelos dados analisados pelo jornal, quanto menor a renda familiar, menor é a probabilidade de os alunos participarem da redação, aplicada no segundo dia de provas. A desistência entre os alunos na rede municipal chegou a 24%, seguida da estadual, com 19,7%. Nas escolas federais, a desistência foi de apenas 6%, patamar muito próximo da rede privada (5%). — Esses dados revelam algo que merece uma maior atenção do poder público. O Enem gera um incentivo à participação dos alunos, porque eles querem o ensino superior. Quem faz a redação está envolvido com essa perspectiva. A desistência maior entre alunos da rede pública indica, a meu ver, uma falta de perspectiva dos alunos. Eles pensam que não poderão ser aprovados ou, caso sejam, pensam em como poderão se manter financeiramente no ensino superior. Isso tudo tem a ver com as políticas que podem ser criadas para permitir que esses jovens se dediquem aos estudos ou possam se manter durante a faculdade — observa Faria.

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FALTA DE PROFESSORES PREJUDICA ESTUDANTE

Aluna do Colégio Estadual João Alfredo, Rayane Florêncio, de 17 anos, vai fazer o Enem este ano. A moradora do bairro de Jacaré, na Zona Norte, ficou sem professor de química durante meses, e está sem professor de geografia devido à greve de profissionais da categoria nas redes estadual e municipal do Rio. Para correr atrás, entrou num cursinho pré-vestibular comunitário. — Gostaria de estar num colégio particular para não ter esses problemas, mas não teria como pagar — conta a aluna, filha de um caminhoneiro e uma dona de casa, cujo sonho é estudar Letras na UFF. — Tenho um pouco de medo. Sei que a prova vai cobrar coisas que não aprendi.

Até agosto, Rayane trabalhava numa pizzaria à noite, para ter seu próprio dinheiro, mas isso atrapalhava demais sua preparação. — Tinha a escola pela manhã e, depois, o cursinho das 13h às 18h. Saía correndo para o trabalho, onde ficava até meia-noite. Era cansativo. Abri mão do trabalho para focar no Enem — desabafa. No estudo feito pelo GLOBO, também foram comparadas as médias por estados. Como a participação no Enem é voluntária, os dados servem apenas para ilustrar o desempenho dos alunos que fizeram as provas, e não para explicar disparidades socieconômicas nos estados como um todo. No Piauí, onde a discrepância entre as notas de alunos com baixa e alta renda chega a 50%, os estudantes de famílias que vivem com até um salário mínimo tiveram média da redação de 450 pontos, enquanto os com renda acima de 15 salários alcançaram 676. Em Mato Grosso do Sul, a disparidade foi de 46%. As menores diferenças foram no Amapá e em Santa Catarina (ambos com 27%), seguido de São Paulo (33%). O impacto da situação socioeconômica no rendimento dos alunos foi analisado pelo doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) Rodrigo Travitzki. Na pesquisa, feita para defesa da sua tese este ano, ele comparou a média das escolas no Enem e concluiu que mais de 80% das variações são explicadas por fatores que não podem ser controlados pelas escolas, como renda e escolaridade familiar. — Esse dado revela que a educação de um país não pode ser muito melhor que o país. As escolas sozinhas não resolvem. Precisamos melhorar as escolas, mas precisamos também reduzir nossas desigualdades. Minha tese procurou discutir esse tema, porque não adianta focar no ranking das melhores escolas do Enem. Acaba virando marketing das escolas, quando sabemos que elas, sozinhas, pouco podem fazer. Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela aplicação do Enem, Luiz Cláudio Costa reconhece que o exame, por si só, não vai melhorar os rumos da educação. Ele sabe das discrepâncias entre as notas de alunos de baixa e alta renda familiar. — Educação é maratona. É preciso transformar toda uma realidade. Nossa história é de exclusão, e o Brasil vem mudando isso, colocando jovens nas escolas. O Enem, assim como as cotas, é uma ferramenta no processo. Antigamente, dois ou três vestibulares influenciavam muito no ensino, e só dialogavam com escolas particulares. O Enem promove diálogo com a escola pública. Mas não é uma mudança rápida

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Enade: 30% dos cursos reprovados

Reprovação de 30%

O Globo – 08/10/2013

instituições privadas de ensino superior respondem por 92% das piores notas

-Brasília- Quase um em cada três cursos de graduação que participaram do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) no ano passado recebeu conceito 1 ou 2, o que eqüivale à reprovação, na escala que vai até 5. Balanço divul-j gado ontem pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que 30% dos cursos em todo o país obtiveram conceitos 1 ou 2. Esse percentual chegou a 36% nas faculdades de Administração e 33%, nas de Direito. Ao todo, fizeram a prova 536 mil formandos em 17 áreas do conhecimento.O Enade avaliou estudantes de 6.306 cursos, atribuindo o conceito insuficiente a 1.887 deles, dos quais 149 no Rio de Janeiro. O resultado do exame por si só, porém, não basta para que o MEC tome providências em relação a essas faculdades. Elas só sofrerão sanções, como suspensão de vestibulares, se forem reprovadas no chamado Conceito Preliminar de Cursos (CPC), no qual a nota do Enade tem peso de 55%.O CPC, que considera também a infraestrutura das faculdades e o corpo docente, será divulgado em novembro. Nesse caso, cursos que tiraram conceito 1 ou 2 serão considerados reprovados pelo MEC. No Enade, porém, o ministério classifica as notas 1 e 2 como insuficientes.As instituições particulares de ensino, que respondem por 73% das matrículas no país, foram responsáveis por 91,7% das piores notas no Ena-de. De 1.887 conceitos 1 e 2, nada menos do que 1.731 foram obtidos por cursos privados. As públicas ficaram com 156 conceitos insuficientes.— No ensino superior, em geral, o ensino público continua bem melhor do que o privado — disse o ministro Aloizio Mercadante.

PARTICULARES ATACAM FÓRMULA DE AVALIAÇÃO

Já o integrante do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, Paulo Cardim, atacou o governo, criticando o uso do Enade como instrumento de avaliação, já que as notas individuais dos estudantes não são divulgadas. Para Cardim, os alunos não têm motivação na hora de fazer a prova. Ele criticou o sistema de avaliação do ensino superior, afirmando que o CPC não tem amparo legal e serve para o ministério executar uma tarefa para a qual não tem fôlego, que seria enviar comissões de avaliação in loco para avaliar todas as instituições de ensino do país.— Governo nenhum, do PT nem do PSDB, prioriza a Educação. É na base da improvisação.0 Enade e o Provão têm 18 anos e há 18 anos o setor de ensino superior particular pede que a lei seja cumprida — disse Cardim.O Enade foi criado em 2004 para substituir o antigo Provão. O exame sofreu modificações e atualmente é feito pelos estudantes que estão concluindo o curso de graduação. A nota de cada curso corresponde à média dos alunos.No estado do Rio, os 149 cursos que tiraram as notas mais baixas correspondem a 36% de conceitos nas instituições fluminenses submetidas ao teste. O Rio foi o segundo estado com maior número absoluto de "reprovações" no Enade, atrás de São Paulo, onde 542 cursos receberam notas 1 ou 2. O Paraná ficou em terceiro, com 142 cursos nessa situação, seguido

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por Minas Gerais (140) e Bahia (99). Considerando-se apenas as piores notas (conceito 1), São Paulo teve 46, o maior número do país, e o Rio, 11, o segundo pior resultado, igual a Mato Grosso do Sul.No outro extremo, 24% dos cursos avaliados no pais tiraram conceitos 4 e 5. A maior parte ficou com 3 (44%), que é considerado suficiente pelo MEC. Para Mercadante, "houve melhora significativa" No caso da nota máxima 5, apenas 5% das faculdades atingiram esse patamar, o equivalente a 339 cursos. A exemplo do que ocorreu no total de faculdades com desempenho insuficiente, o estado de São Paulo também lidera o ranking de maior número absoluto de cursos com nota 5: 84, seguido por Minas (45), Rio Grande do Sul (44), Paraná (27) e Rio de Janeiro (15), que aparece na quinta posição empatado com Santa Catarina.

N0 NORDESTE, SÓ PUBLICIDADE LIDERA RANKING

Em 2012, o Enade avaliou estudantes de 17 áreas do conhecimento. Uma análise dos dez cursos com notas mais altas em cada área — portanto, 170 faculdades — revela que somente oito são do Rio. E nenhuma delas lidera o respectivo ranking nacional. Das 17 áreas do conhecimento submetidas ao Enade no ano passado, só seis tinham cursos do Rio entre os dez melhores do país: administração, economia, relações internacionais, tecnologia em gestão de recursos humanos, tecnologia em processos gerenciais e turismo. No caso de relações internacionais, porém, os dois cursos do Rio classificados entre os dez melhores tiraram nota 4 e não 5 no Enade, uma vez que nem todos os dez melhores do país nessa área alcançaram o conceito máximo. Entre as 17 áreas avaliadas, publicidade e propaganda foi a única em que um curso do Nordeste, da Universidade Estadual do Piauí, lidera o ranking nacional. Nenhum curso do Rio aparece na primeira posição em nenhuma das áreas. O Rio Grande do Sul lidera com cinco primeiros lugares, seguido por São Paulo (4), Minas (3), Paraná (3) e Santa Catarina (1). Majoritárias entre os cursos com piores notas, as faculdades particulares são maioria também entre as que tiraram nota máxima. Dos 339 cursos com conceito 5,191 (56%) são privadas e 148 (44%), públicas. As 17 áreas avaliadas pelo Enade em 2012 foram: Administração, Ciências Contábeis, Economia, Design, Direito, Jornalismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda, Relações Internacionais, Secretariado-Executivo, além de Tecnologia em gestão de recursos humanos, Tecnologia em gestão financeira, entre outros.

ANÁLISE DOS CURSOS A CADA TRÊS ANOS

As diferentes áreas do conhecimento são avaliadas a cada três anos. Para um curso participar do Enade, é preciso que já tenha uma turma prestes a se formar. Dos 6.306 cursos inscritos, efetivamente 6.195 receberam notas. Os demais 111 ficaram na categoria sem conceito. Pela metodologia adotada pelo MEC, sempre haverá cursos com notas de 1 a 5 no Enade, já que as notas são atribuídas mediante comparação do desempenho dos alunos que acertam mais e menos questões no teste. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (ínep), Luiz Cláudio Costa, isso ocorreria mesmo que todas as faculdades do país tivessem o nível de aprendizagem da Universidade Harvard, símbolo de excelência nos Estados Unidos. — Mas, no Brasil, na fase em que estamos, (os conceitos) 1 e 2 são deficientes — explicou Luiz Cláudio.

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IDH municipal avança em 20 anos; educação ainda é desafio

IDHM avança 47%, mas ‘freia’ na Educação

O Estado de S. Paulo – 30/07/2013

Em 20 anos, o índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um país dominado por municípios que não chegavam a alcançar um desenvolvimento médio – mais de 80% eram classificados, em 1991, como de índice muito baixo – o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. No entanto, apesar de um avanço de 128%, o índice de educação continua sendo apenas médio.

Em 20 anos, o índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um país dominado por municípios que não chegavam a alcançar um desenvolvimento médio – mais de 80% eram classificados, em 1991, como de índice muito baixo – o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. No entanto, apesar de um avanço de 128%, o índice de educação continua sendo apenas médio. Em 20 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um País dominado por municípios que não conseguiam nem mesmo alcançar um desenvolvimento médio – mais de 80% eram classificados, em 1991, como muito baixo -o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. As boas notícias, no entanto, poderiam ter sido ainda melhores se o País tivesse começado a resolver antes o seu maior gargalo, a Educação. Dos três índices que compõe o IDHM, é esse que puxa a maior parte dos municípios para baixo. Apesar de um avanço de 128%, o IDHM de Educação continua sendo apenas médio. O avanço é inegável. O mapa da evolução dos IDHMs mostra que, em 1991, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o Brasil não apenas tinha um perfil muito ruim, era também extremamente desigual, com as poucas cidades mais desenvolvidas concentradas totalmente no Sul e Sudeste. Os dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais. Estão nas Regiões Norte e Nordeste as cidades que tiveram o maior crescimento do IDH- como Mateiros (TO), que alcançou 0,607, um IDH médio, mas 0,326 pontos maior do que há 20 anos. É na Educação que as disparidades mostram sua força. Apenas cinco cidades alcançaram um IDHM acima de 0,800, muito alto, em Educação. Nenhum dos Estados chegou lá. Os melhores, Distrito Federal e São Paulo, foram classificados como Alto IDHM. Mais de 90% dos municípios do Norte e Nordeste têm índices baixos ou muito baixos, enquanto no Sul e Sudeste mais da metade das cidades têm números nas faixas média e alta. A comparação entre Águas de São Pedro (SP), a cidade com melhor IDHM de Educação do País, e Melgaço (PA), com o pior IDHM, tanto geral quanto em Educação, é um exemplo dos extremos do País. Em Melgaço, a 290 quilômetros de Belém, chega-se apenas de helicóptero ou barco, em uma viagem que pode durar 8 horas. Dos seus 24 mil habitantes, apenas 12,3% dos adultos têm o ensino fundamental completo. Entre crianças de 5 e 6 anos, 59% estão na escola, mas só 5% dos jovens de 18 a 20 anos completaram o ensino médio. Águas de São Pedro, a 187 quilômetros da capital paulista, tem 100% das crianças na escola e 75% dos jovens terminaram o ensino médio. Em 1991, mesmo considerando os critérios educacionais mais rígidos do IDHM atuais, o município já era o 12.0 melhor do País. Melgaço, era o 97.° pior, o que mostra que melhorou menos do que poderia.

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A Educação é onde os municípios brasileiros estão mais longe de alcançar o IDH absoluto, 1. Os números mostram que o País melhorou mais no fluxo escolar – mais crianças estão na escola e na idade correta -, mas mantém um estoque alto de adultos com escolaridade baixa e, mais grave, parece ainda estar criando jovens sem estudo. A população de crianças de5e 6 anos que frequentam a escola atinge mais de 90%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental. Entre 18 e 20,41% concluíram o ensino médio. Em 15% das cidades brasileiras menos de 20% da população terminou o ensino fundamental.Análises. "O que pesa mais é o estoque de pessoas com pouca formação na população adulta. Se você olhar com atenção, verá que nas pontas, acima dos 15 anos, os indicadores já não são tão bons quanto nos anos iniciais", disse Maria Luiza Marques, coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil pela Fundação João Pinheiro, uma das entidades organizadoras. O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Marcelo Néri, considera o avanço na Educação "muito interessante". "A Educação é a mãe de todas as políticas, mas é difícil de mudar, porque tem uma herança muito grande para resolver. A Educação é a base de tudo e hoje está no topo das prioridades. Mudou a cabeça dos brasileiros."

SEGURANÇA

SÃO PAULO – RIGOR EXTREMO

Autor(es): Lino Rodrigues, Leonardo Guandeline e Germano Oliveira

O Globo – 09/10/2013

Grupo formado por promotores e policiais vai acelerar ações contra detidos em manifestações São Paulo- O governo paulista endureceu contra o vandalismo depois que um protesto, na noite de segunda-feira, no Centro da capital, terminou com a destruição de agências bancárias, postos de gasolina, lojas e um carro da Polícia Civil. Presos durante o quebra-quebra, o pintor Humberto Caporalli, de 24 anos, e a estudante Luana Bernardo Lopes, de 19, foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional (LSN), promulgada no regime militar. Com eles, a polícia diz ter encontrado uma mochila com explosivos e bombas de gás lacrimogêneo. Ainda na bolsa, havia : uma câmera com fotos feitas durante o protesto. Segundo a acusação, os dois aparecem nas imagens atacando um posto de gasolina e um carro da polícia. As fotos serão usadas como provas. Os jovens vão responder pelo artigo 15 da lei, de abril de 1983 (governo Figueiredo), que prevê pena de três a dez anos de prisão e trata da prática de "sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragens, depósitos e outras instalações congêneres" Luana é estudante de artes na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e Humberto, além de pintor, diz que é artista. I Em outra frente, o governador Geraldo Alck-min autorizou a PM a usar novamente balas de borracha para reprimir vandalismo. Em junho passado, elas haviam sido proibidas, após denúncias de abusos. Para tentar acelerar o trâmite jurídico contra os detidos, será formado um grupo com promotores, policiais civis e militares.

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— A polícia está agindo e vai agir com rigor I na defesa da lei, na proteção das pessoas. É preciso separar manifestação legítima, em | que a polícia protege os manifestantes para i que eles possam exercer sua liberdade de expressão, e vandalismo, depredação. Isso é inaceitável — afirmou o governador. Além de enquadrados na LSN, Humberto e Luana vão responder por dano qualificado, incitação ao crime, formação de quadrilha, porte ilegal de explosivos e crime contra o meio ambiente (por causa de pichações em prédios e equipamentos públicos). Segundo a polícia, o pintor se identifica no Facebook como Humberto Badema. Durante o protesto, outras quatro pessoas, incluindo um menor, foram detidas. Os três maiores serão indiciados por roubo e formação de quadrilha. O delegado Antônio Luis Tuckumantel, titular do 3y Distrito Policial, afirmou que a prisão de Humberto e Luana vai servir de exemplo a outros que quiserem agir da mesma forma. Segundo ele, gravações na câmera apreendida com o casal mostram que os dois fazem parte de um grupo que usa o mesmo apelido de Humberto — Badema — para trocar mensagens e combinar ataques: — Estamos identificando todos os que pertencem a esse grupo criminoso.

ESPECIALISTAS: CÓDIGO PENAL É MAIS ADEQUADO

Daniel Biral, de um grupo de advogados ativistas que acompanham os manifestantes presos, pedirá a liberdade provisória deles: — É um exagero utilizar uma lei da época da ditadura para criminalizar jovens que estavam numa manifestação legítima. O fato de criminalizar manifestantes é uma demonstração clara de que o Estado não respeita seus cidadãos. Segundo ele, a bomba encontrada na mochila do casal já havia sido detonada e jogada pelos policiais contra os manifestantes. Os jovens admitem que picharam muros, mas negam ter participado do ataque a um carro da polícia e a um posto de gasolina. Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, o uso do Código Penal é mais adequado que o da LSN. Segundo o advogado criminalista Euro Bento Maciel Filho, da PUC-SP, enquanto a Lei de Segurança Nacional pode punir os baderneiros com penas de três a dez anos de prisão, o Código Penal prevê de seis meses a três anos. — Com até três anos, o sujeito condenado não vai para a cadeia e responde em liberdade. Já com a Lei de Segurança Nacional, o cidadão fica preso em regime fechado — disse. O jurista Dalmo Dallari entende que o Código Penal é mais adequado para enfrentar os manifestantes responsáveis por atos de vandalismo: — A Lei de Segurança Nacional só podèria ser usada em três situações: quando expõe a perigo a integridade territorial e a soberania nacional, o regime democrático ou quando atinge os chefes dos poderes da União. Em nenhum desses casos, os black blocs se enquadram.

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VIOLÊNCIA POLICIAL: INQUÉRITO CULPA PMS POR TORTURA E MORTE DE AMARILDO

TORTURADO ATÉ A MORTE

O Globo – 03/10/2013

Quando atravessou o portão vermelho que dá acesso à UPP da Rocinha, na noite de 14 de julho, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza estava apreensivo com o que lhe parecia uma detenção injusta, mas não sabia que aquele momento selaria o seu destino e, de certa forma, o da cúpula policial na Rocinha. Com a conclusão do inquérito que indiciou, por crimes de tortura .seguida de morte e ocultação de cadáver, dez policiais militares (entre eles, dois oficiais), o caso Amarildo tornou-se, na opinião de autoridades e especialistas que atuam na área de direitos humanos, um divisor de águas, um recado à tropa de que a prática de tortura não será mais tolerada. Portador de epilepsia, Amarildo, segundo o promotor de Justiça Homero das Neves, foi vítima de sessão de tortura dentro do contêiner da unidade policial da comunidade. Testemunhas ouvidas no inquérito dizem que, ali, vítimas recebiam choques elétricos e asfixia com saco plástico. Foram dois meses de investigação para se chegar ao que teria sido a origem do crime. Amarildo morreu por métodos violentos — e alheios a qualquer técnica de interrogatório — para extrair a confissão de uma suspeita. De acordo com Neves, os policiais queriam saber se Amarildo era churrasqueiro de traficantes e fazia pequenos serviços para eles. Uma denúncia anônima indicava ainda que ele poderia ter informações sobre onde ficava o paiol do tráfico. O desfecho repercutiu em Brasília, e a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, elogiou ontem a ação da polícia: — O indiciamento de policiais realizado a partir do inquérito no Rio, no caso Amarildo, indica um amadurecimento das instituições, porque acena com a possibilidade de que agentes do Estado, se vierem a realizar violações de direitos humanos, não ficarão à margem de serem responsabilizados. Entre os policiais indiciados pelos delegados Rivaldo Barbosa e Ellen Souto, que chefiaram as investigações, estão o major Edson Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e o tenente Luiz Filipe de Medeiros. O promotor adianta que todos serão denunciados à Justiça e que as penas pelos dois crimes podem chegar a 30 anos de prisão, Ele disse que pelo menos outras três testemunhas disseram que um dos contêineres da UPP era frequentemente usado como sala de tortura. O inquérito não descobriu para onde foi levado o corpo de Amarildo. Os PMs deverão ter as prisões preventivas pedidas já que teriam ameaçado e tentado subornar testemunhas. Além disso, na 15ª DP (Gávea), são apuradas outras denúncias de tortura na Operação Paz Armada, em que várias pessoas da Rocinha foram presas. A Corregedoria de Polícia Civil também investiga desvio de conduta já que, inicialmente, houve sérias divergências entre o delegado titular da 15^ DP, Orlando Zaccone, e o seu ex-adjunto, Ruschester Marreiros. Este último chegou a pedir a prisão da mulher de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva. Na Corregedoria da PM e na Auditoria Militar, há inquéritos sobre o seqüestro de Amarildo e o desvio de recursos da UPP. Conforme O GLOBO revelou anteontem, o major Edson Santos é suspeito de ter desviado dinheiro doado mensalmente por uma empresa de telefonia para o serviço de moto-táxi. Os recursos teriam sido usados para subornar testemunhas, como dois ex-

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moradores incluídos no Programa de Proteção à Testemunha. Ontem, Rivaldo Barbosa não deu detalhes da investigação, mas observou que ela envolveu vários órgãos da segurança pública: — Estamos convictos das conclusões do inquérito. Os policiais negam as acusações, afirmando terem liberado Amarildo. Para a sobrinha do ajudante de pedreiro, Michelle Lacerda, o caso é emblemático para os moradores pobres da cidade: — Servirá para que os policiais entendam que nas comunidades moram seres humanos. Segundo o coordenador de Direitos Humanos do MP, procurador Márcio Mothé, a corporação errou ao demorar a afastar o major Edson Santos do comando da UPP. — O caso merece punição exemplar, para que a tropa se conscientize de que tortura não é um método válido — disse.

A vergonhosa escalada dos estupros no Brasil

Estupros superam os casos de assassinato

Correio Braziliense – 05/11/2013

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela o aumento expressivo de casos de violência sexual. E mostra que as políticas para o setor, na maioria dos estados, ignoram a importância de se investir em inteligência

RENATA MARIZ

Uma das estatísticas mais preocupantes que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentará hoje, no lançamento da 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, é o número de estupros em 2012, que superou homicídios dolosos (com intenção de matar). Foram 50.617 casos de violência sexual, que representam 26,1 estupros por grupo de 100 mil habitantes — aumento de 18,1% em relação a 2011, que teve 22,1 casos por grupo de 100 mil pessoas. No caso dos assassinatos, foram feitos 47,1 mil registros. O fórum não antecipou os números de estupros por unidade da Federação, apenas divulgou alguns exemplos para ilustrar o resultado da pesquisa. Roraima, com 52,2 casos por 100 mil habitantes, Rondônia (49/100 mil) e Santa Catarina (45,8/100 mil) foram os estados com maior número de ocorrências de violência sexual. Paraíba (8,8/100 mil) , Rio Grande do Norte (9,9/100 mil) e Minas Gerais (10,1/100 mil) registraram os menores índices. No Distrito Federal, com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública de janeiro a setembro de 2012, o número de estupros também cresceu significativamente: foram registrados 745 casos no período, contra 567 nos três primeiros trimestres de 2011, aumento de 31,4%. Ceilândia, Planaltina, Taguatinga e Plano Piloto lideraram a estatística no período. No quesito mortalidade violenta, o Brasil registrou aumento na taxa: de 22,5 homicídios por 100 mil habitantes para 24,3, um avanço de 7,8%. Alagoas continua no topo da lista dos assassinatos, com 58,2 mortes por 100 mil habitantes. Mas houve um recuo importante em relação a 2011, de 21,9%. Quem mais reduziu taxa de mortes, entretanto, foi o Espírito Santo, estado marcado pela violência. Lá, os homicídios atingiram 41,1 por grupo de 100 mil habitantes, em 2011. Ano passado, a taxa diminui 33%, passando para 27,5 mortes a cada 100 mil habitantes. Na outra

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ponta, o Amapá registrou o maior incremento na proporção de homicídios, saindo de 3,4 por 100 mil habitantes, em 2011, para 9,9 em 2012. Um avanço de 193,9%. O estudo ressalta, porém, que o Amapá é do grupo de estados com sistema ruim de informações, que prejudica o levantamento de dados.

Inteligência pobre

Independentemente do local, a cada crise na segurança pública o discurso das autoridades é sempre o mesmo. Coloca-se na mesa a necessidade de as ações policiais se basearem em dados de inteligência e troca de informações. Só que, na prática, essas duas áreas, consideradas fundamentais para o combate à violência, recebem uma atenção mínima das autoridades. Só 1,4% dos R$ 61,1 bilhões investidos pelos estados na segurança foram canalizados para tais setores. Na média, cada unidade da Federação gastou, em estruturas de informação e inteligência, R$ 27,62 milhões, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No ranking dos estados que menos atenção deram a esse tipo de investimento estão Rio de Janeiro, com apenas R$ 19 mil liberados, Goiás (R$ 26,9 mil) e Santa Catarina (R$129,5 mil). No outro extremo, com aportes recorde de recursos, vêm São Paulo, com R$ 273,2 milhões, Mato Grosso do Sul (R$ 89 milhões) e Minas Gerais (R$ 76,1 milhões). Ex-investigador da Polícia Civil de São Paulo, doutor em crime organizado pela Universidade de São Paulo (USP) e consultor em inteligência e análise criminal, Guaracy Mingardi ressalta que o maior problema brasileiro, na área, é a falta de integração entre as forças de segurança. “Polícia Militar e Polícia Civil, de um mesmo estado, não conversam. Quando a troca de informações se faz necessária entre unidades da Federação, a coisa se complica ainda mais”, afirma Mingardi, que é membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Colaborou Vinicius Doria

ENERGIA E TECNOLOGIA

Fórum Mundial de Ciência e o desenvolvimento sustentável global

Autor(es): Helena Nader

Correio Braziliense – 26/11/2013

"A complexidade crescente de grandes desafios para a humanidade requer que a comunidade científica internacional assuma novos papéis, pois cada vez mais o mundo é moldado pela ciência e tecnologia, que devem ser considerados e assumidos como legado comum da humanidade." A assertiva aparentemente utópica em um mundo desigual, consta da Declaração de Budapeste do Fórum Mundial de Ciência (FMC) de 2011 sobre o tema nova era para a ciência global. O evento bienal que reúne academias e sociedades científicas de todo o planeta tem vez neste ano no Rio de Janeiro, entre os dias 24 e 27 de novembro, e carrega o ineditismo de ser realizado pela primeira vez fora da cidade de Budapeste. O tema deste 6º fórum, Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global, resulta de extensa agenda de debates, trabalhos e propostas apresentados durante os encontros anteriores, que tiveram origem na Conferência Mundial de Ciência, organizada pela Unesco em Budapeste em 1999. No último fórum, em 2011, os participantes debateram e deliberaram sobre temas cruciais para determinar o futuro da humanidade e o papel da ciência.

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Entre eles destacamos a questão da ética na pesquisa e na inovação, a necessidade de ampliar e fortalecer o diálogo com a sociedade sobre as implicações morais e éticas da ciência e da tecnologia, a implantação de políticas científicas colaborativas entre os países, o fortalecimento e a ampliação das capacidades científicas, sobretudo de mulheres (bandeira atual da Unesco), e a elaboração de políticas nacionais e internacionais que facilitem a equidade e a participação nos avanços da ciência e da tecnologia. Não é pouca coisa. Tanto que o tema central do evento propõe um foco de todas essas questões, amalgamadas no problema específico do desenvolvimento sustentável global, presente hoje, ainda que em graus díspares, nas agendas de empreendimentos sociais, econômicos e políticos de todos os países. Como ramificações, os participantes se dedicarão a debates sobre as desigualdades como barreiras para o desenvolvimento global, a aplicação do conhecimento científico e tecnológico na preservação dos recursos naturais, as políticas públicas dedicadas à área, a educação em engenharia. Muitos dos tópicos serão debatidos com a participação de cientistas vencedores do Prêmio Nobel, convidados para o evento. Estamos nos preparando há mais de um ano. O Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), coordenador local do fórum, em parceria com as principais organizações brasileiras representativas de ciência e tecnologia, realizou sete encontros preparatórios nas principais cidades do país — o primeiro deles em agosto do ano passado, em São Paulo — para promover ampla discussão nacional sobre o tema central do FMC. O resultado foi consolidado em um documento a ser apresentado durante o fórum. O fato de o Brasil ser escolhido para realizar pela primeira vez o FMC fora da Hungria significa que nossa ciência atingiu maturidade, significa credibilidade dos cientistas brasileiros. O evento será também oportunidade para mostrar o avanço da ciência feita no Brasil. Nossa produção científica cresceu muito nas últimas décadas e hoje somos responsáveis por 2,7% do total mundial, o que nos coloca na 14ª posição. Contudo, apesar da colocação entre as oito maiores economias do mundo, o Brasil é o quarto país com maior desigualdade da América Latina. O Fórum Mundial de Ciência do Rio de Janeiro não ficará alheio aos problemas causados pelas desigualdades. Nossa expectativa é que o encontro notável de cientistas, representantes de organizações internacionais, academias, legisladores e meios de comunicação apresentem propostas de soluções concretas para os desafios urgentes que a humanidade enfrenta em todo o planeta.HELENA B. NADER Biomédica, professora titular da Escola Paulista de Medicina, é presidente da SBPC

O efeito Fukushima

As avaliações de que o desastre de Fukushima decretaria uma forte queda da produção de energia termonuclear têm sido rapidamente confirmadas. Desde meados de maio o governo japonês anunciou a desativação de 34 reatores, o que deixará apenas 20 em funcionamento. Na segunda-feira, o governo da Alemanha avisou que até 2022 deverá desativar todas as suas 17 usinas nucleares. Foi o primeiro governo de país altamente industrializado que decidiu dispensar completamente a utilização desse tipo de energia. Outros governos da Europa, como os da Suíça, Itália, Bélgica e Polônia, também vão pelo mesmo caminho. E o governo dos Estados Unidos também adiou a construção de dois reatores.

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São três tipos diferentes de pressões pelo abandono dos programas de energia de fonte nuclear. O primeiro deles é o seu alto nível de risco, associado a questões técnicas não equacionadas. Ainda que a probabilidade de um acidente sério seja relativamente baixa, uma vez acontecido, é de controle muito difícil. As indenizações à população que vive próxima de um sinistro grave são tão altas que podem quebrar uma companhia energética, como acontece com a Tepco, a concessionária do complexo de Fukushima. Além disso, não está adequadamente resolvido o problema do armazenamento do lixo nuclear. O segundo tipo de pressão é a questão econômica propriamente dita. Os três maiores acidentes nucleares (Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979; Chernobyl, na Ucrânia, em 1986; e Fukushima, no Japão, em março deste ano) mostraram que o funcionamento das usinas atômicas com nível satisfatório de segurança só pode ser obtido com enormes investimentos e altos custos de produção que, na prática, o tornam proibitivo. A desativação de reatores e o abandono (ou o adiamento) de novos projetos são, por si só, fatores de aumento de custos, na medida em que reduzem a escala de produção de equipamentos para usinas nucleares. Há, também, a questão política relacionada com a nova tendência de desvalorização das áreas e das propriedades adjacentes a qualquer usina nuclear. Essa nova atitude crítica global em relação à energia atômica terá duas importantes consequências: o aumento da utilização de fontes fósseis (petróleo, gás e carvão mineral), o que, por sua vez, concorrerá para o aumento da demanda e dos preços; e o concurso cada vez maior da energia renovável, hoje considerada alternativa (energias eólica e solar e bioenergia). A energia no Brasil segue excessivamente tributada. E isso é parte de uma política vacilante, dúbia e destituída de marcos regulatórios que incentivem investimentos. Não há sinal do já anunciado reexame das condições de segurança dos reatores nucleares do País nem da redução dos altíssimos subsídios (perto de R$ 6 bilhões por ano). O grande potencial de

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obtenção de energia do bagaço de cana, por exemplo, não tem regras mínimas que assegurem investimentos. E os novos projetos hidrelétricos caminham a esmo, por falta de poder de decisão e de gerenciamento. O desastre de Fukushima apontou uma direção. Falta saber até que ponto o governo brasileiro irá aprender com ele.

"Controle em Fukushima é insuficiente", diz físico do Greenpeace

Cerca de 300 toneladas de água altamente radioativa vazaram de um tanque de armazenamento na usina nuclear. Segundo Heinz Smital, falta de monitoramento adequado na área de risco complica situação. A operadora Tepco, responsável pela usina de Fukushima, encontrou nesta quinta-feira (22/08) novos focos de radiação perto dos tanques de armazenamento de água contaminada. A descoberta elevou os temores de novos vazamentos, já elevados desde a véspera, quando foi anunciado que 300 toneladas de água radioativa haviam vazado nos últimos dias. Para Heinz Smital, físico nuclear e especialista do Greenpeace da Alemanha, há uma falha sistemática de vigilância na usina. Em entrevista à DW, ele diz que a queda no nível de água radioativa nos tanques deveria ter sido detectada bem mais cedo. É necessário um maior monitoramento dessas centenas de tanques, cada um com mil toneladas de líquido altamente radioativo. O controle ainda é insuficiente", afirma. DW: O vazamento radioativo das últimas semanas foi considerado o maior desde a catástrofe com os reatores de Fukushima, em março de 2011. Qual é a real seriedade do incidente?Heinz Smital: É um incidente grave e que poderia ter sido evitado. Em princípio, o importante era manter a água em tanques de aço. O vazamento só foi descoberto depois que o nível da água diminuiu em metros dentro do tanque. Isso mostra que o monitoramento foi totalmente inadequado.

O que deveria ser feito?

Seria preciso aumentar a vigilância. O líquido é altamente radioativo, e uma queda no nível de água deveria ter sido detectada bem mais cedo, e não depois de uma grande quantidade ter desaparecido. Pelas contas, foram cerca de 300 toneladas, e a radiação é de 80 milhões de becquerel por litro – um nível muito elevado.

O que significa esse valor para uma pessoa?

Essa é uma dose direta que foi medida em 100 millisieverts por hora perto da água vazada. Uma pessoa aguentaria por pouco tempo essas condições. O limite normal para a população é de 1 milisievert por ano – no caso de trabalhadores de usinas, 20 millisieverts. Isto significa que uma pessoa receberia uma dose muito elevada em uma hora, mas que só suportaria cerca de cinco minutos no local. Segundo a autoridade reguladora nuclear japonesa, os níveis de radiação fora da usina em Fukushima estão inalterados.

Qual a credibilidade desta declaração?

A água provavelmente se infiltrou no solo, mas provavelmente há também fluxos de águas subterrâneas. Isso significa que a radiação fora da usina aumentará cada vez mais com o tempo. O que não se pode esquecer é que, mesmo que tenha vazado muita radiação, a maior parte

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ainda continua nos reatores. Apenas uma pequena porcentagem foi libertada. E caso aumente a quantidade de água subterrânea, pode ser que estas fontes alcancem distâncias mais longas.

Qual a probabilidade de a água contaminada chegar ao Pacífico?

Sempre houve sinais de que radioatividade é descarregada no mar. A Tepco ainda tentou negar o fato, embora existam evidências. Há algumas semanas, a Tepco acabou admitindo que, há dois anos, cerca de 300 toneladas de líquido altamente radioativo são descarregadas no mar todos os dias. A partir do momento em que a substância foi depositada no mar, ela se espalhou. No entanto, o efeito de distribuição não foi tão grande como esperado. Nos anos 50 e 70 havia a esperança de que resíduos nucleares se diluiriam de tal maneira que não haveria mais perigo de contaminação. Mas isso não é verdade. Por meio de correntes oceânicas e pela absorção feita por plantas e pelo plâncton, a radioatividade pode aumentar. Ainda de acordo com a Tepco, o conteúdo do tanque danificado será bombeado para tanques intactos. Além disso, o solo radioativo e água vazada devem ser removidos.

Isso é o suficiente?

Esta é a medida a ser tomada, se não se sabe a origem do vazamento. Mas, no geral, é necessário um maior monitoramento dessas centenas de tanques, cada um com mil toneladas de líquido altamente radioativo. O controle ainda é insuficiente. Desde o início, a gestão da crise financeira e a política de informação da Tepco e do governo japonês receberam críticas pesadas.

O acidente pode servir como lição para o Japão?

Enquanto o foco for ativar novos reatores, a experiência nuclear, que está em atividade no momento no Japão, continuará a ser utilizada incorretamente. O governo vai continuar tentado minimizar a gravidade da situação em Fukushima. Mas os fatos vão voltar a aparecer. É uma situação muito difícil, que deve ser encarada de outra forma.

Banco Mundial e ONU descartam investir em energia nuclear

O Banco Mundial e as Nações Unidas fizeram um chamado nesta quarta-feira para arrecadar bilhões de dólares para fornecer eletricidade aos países mais pobres, mas descartaram investir em energia nuclear. "Nós não trabalhamos com energia nuclear", disse o presidente do BM, Jim Yong Kim que, junto com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, delineou os esforços para garantir que todas as pessoas tenham acesso à eletricidade até 2030. Kim disse a jornalistas que faltam entre US$ 600 bilhões e US$ 800 bilhões ao ano para alcançar o objetivo da campanha de fornecer acesso universal à eletricidade, dobrar a eficiência energética e a proporção das energias renováveis na matriz energética até 2030. Em alguns países, apenas 10% da população tem eletricidade. Até agora, a campanha conseguiu a promessa de US$ 1 bilhão de um fundo de desenvolvimento da OPEP, US$ 500 milhões do americano Bank of America e US$ 325 milhões da Noruega. Kim disse que a entidade que chefia prepara planos energéticos para 42 países, que estarão prontos em junho, mas não incluem a energia atômica. "A energia nuclear é um tema extremamente polêmico em alguns países", disse Kim.

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O grupo do Banco Mundial não dá apoio à energia nuclear. Pensamos que é um tema muito complicado que cada país continua debatendo", acrescentou.

Transição energética custará à Europa centenas de bilhões de euros

A transição energética demandará investimentos da ordem de centenas de bilhões de euros de Alemanha, Reino Unido e Espanha nas próximas décadas, estimou um estudo publicado nesta segunda-feira pela escola francesa de altos estudos HEC Paris e a consultoria global Kurt Salmon. "A constatação é implacável: nossos países vão precisar de centenas de bilhões de euros de financiamento ao curso das duas próximas décadas para atender a seus objetivos de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa", destacou o estudo. Os três países analisados responderam, sozinhos, por 40% do consumo de petróleo na União Europeia em 2012. Cada um adotou trajetórias diferentes para reduzir a dependência de suas economias em energias fósseis emissoras de CO2. A conta deverá ser mais alta na Alemanha, que começou a abandonar a energia nuclear e estuda "um novo modelo de crescimento econômico", favorecendo as energias renováveis. Serão necessários até 400 bilhões de euros para financiar a transição, sem que o impacto sobre o emprego possa ser quantificado com precisão, afirmaram os autores do estudo. "Isto corresponde a um terço dos esforços feitos para a reunificação da Alemanha (com custo de 1,3 trilhão de euros)", destacaram, evocando particularmente como caminhos de financiamento o aumento do preço no atacado da eletricidade e da tonelada de CO2. Em 2050, a conta poderia, inclusive, chegar a 580 bilhões de euros. O Reino Unido fez a escolha inversa: sua estratégia de descarbonização se traduz pelo relançamento de seu programa nuclear, como demonstra o acordo concluído no fim de outubro com a gigante francesa EDF para a construção de dois reatores EPR. O objetivo é, sobretudo, melhorar a produtividade do setor elétrico no país para reforçar sua competitividade, destacou o estudo. As necessidades de investimento são estimadas em 200 bilhões de euros até 2050, dos quais 130 bilhões de euros para a reestruturação do setor elétrico até 2030. Por fim, na Espanha, constatou-se o fracasso da transição energética iniciada nos anos 2000 em razão de um déficit tarifário induzido por um forte nível de suporte público às energias renováveis e não ao seu financiamento inicial pelo consumidor privado. Sendo assim, o país faz frente a uma dívida acumulada de 26 bilhões de euros de seu setor elétrico entre 2005 e 2013. "Segundo os indícios, não deve haver ali o relançamento da transição energética na Espanha sem uma verdadeira reforma estrutural do setor elétrico e o saneamento das finanças públicas", escreveram os autores do estudo.

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Bolívia quer retornar ao Mercosul

Renata Giraldi* – Repórter da Agência Brasil

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que aguarda que Brasil e Paraguai aprovem o ingresso como membro pleno do seu país no Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Venezuela). Segundo Morales, a expectativa é abrir um espaço para o debate sobre a complementação comercial e não à disputa entre os integrantes do bloco. “Oxalá em breve esteja pronta a aprovação pelo Paraguai e Brasil para a Bolívia ser membro pleno e integrado a um comércio como é o Mercosul”, disse Morales. Segundo ele, os parlamentos da Venezuela e da Argentina aprovaram o ingresso da Bolívia. Morales destacou que o ingresso da Bolívia no Mercosul é importante porque o país estará integrado de forma plena a um comércio de investimentos e integração regional. O Mercosul estabelece livre circulação de bens e serviços entre os países do bloco, além do estabelecimento de uma tarifa comum. Em dezembro, a Venezuela passou a fazer parte como membro pleno do Mercosul. O processo de inclusão da Venezuela no Mercosul levou seis anos, começou em 2006 e terminou em julho. Atualmente o Equador, o Suriname e a Guiana negociam para se tornar membros plenos do bloco. As negociações estão adiantadas com o Equador, já foram feitas duas etapas de consultas informais entre especialistas do bloco e equatorianos. O Mercosul é formado pelo Brasil, pela Argentina, pelo Uruguai, pela Venezuela e pelo Paraguai. O Chile, o Equador, a Colômbia, o Peru e a Bolívia estão no grupo como países associados. Com os venezuelanos, o Mercosul passa a contar, segundo dados de 2012, com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,32 trilhões. A população chega a 275 milhões de habitantes.

*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI.

Fonte: Agência Brasil (EBC) Publicado em: 13/09/2013

PACTO COM IRÃ DÁ A OBAMA MAIOR TRIUNFO DIPLOMÁTICO

Irã aceita limitar programa nuclear e Obama celebra vitória diplomática

Autor(es): Cláudia Trevisan

O Estado de S. Paulo – 25/11/2013

Aliados dos EUA na região criticam pacto assinado em Genebra; acordo prevê congelamento do processamento de urânio a mais de 5% WASHINGTON – O presidente americano, Barack Obama, conseguiu neste domingo, 24, sua mais expressiva vitória diplomática no cargo ao alcançar um acordo para frear o avanço do programa nuclear iraniano. O pacto foi assinado em Genebra pelo secretário de Estado americano, John Kerry, e pelos representantes de Irã, China, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha e França.

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O Irã aceitou limitar durante seis meses o seu programa nuclear em troca da suspensão parcial de sanções que estrangularam sua economia. Nesse prazo, os negociadores tentarão chegar a pacto definitivo, que garanta o caráter pacífico de suas atividades de enriquecimento de urânio e permita o fim de todas as sanções aplicadas à república islâmica. Teerã se comprometeu a não enriquecer urânio a mais de 5% e a neutralizar todo seu estoque de urânio enriquecido a quase 20%, patamar acima do qual o combustível pode ser usado na produção de armas. O país também aceitou se submeter à supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Principal elemento que levou a França a resistiu a um acordo no início do mês, o reator de Arak terá suas atividades suspensas – o local poderia produzir plutônio. Em troca, os EUA aceitaram suspender sanções no valor de US$ 6 bilhões a US$ 7 bilhões ao longo dos próximos seis meses. O governo americano apresentou o acordo fechado em Genebra como o mais importante avanço em torno do programa iraniano desde 2003, quando houve a primeira tentativa de limitar sua expansão. As conversas foram concluídas pouco depois das 3h do domingo em Genebra (meia-noite, no horário de Brasília). Em Washington, Obama fez um pronunciamento no qual atribuiu o sucesso das negociações ao impacto das sanções econômicas e à “abertura para diplomacia” trazida pela eleição de Hassan Rohani como novo presidente do Irã, em junho. A obtenção de um saída pacífica para a questão nuclear iraniana é uma prioridade de Obama desde que ele chegou ao poder, em 2009. O acordo representa uma rara vitória de sua política externa, abalada pelas revelações de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), a errática atuação em relação à Síria – e a insegurança que ela gerou entre aliados americanos no Oriente Médio – e divergências com o Afeganistão em torno de um pacto militar para permanência de tropas americanas no país depois de 2014. “A diplomacia abriu um novo caminho na direção de um mundo que é mais seguro – um futuro no qual nós podemos verificar que o programa nuclear iraniano é pacífico e não pode construir uma arma nuclear”, declarou Obama. A determinação dos EUA de negociar com o Irã afetou o relacionamento do país com seu principal aliado na região, Israel, que se uniu a nações árabes na condenação do acordo. Para eles, o pacto dará fôlego à república islâmica para continuar a avançar na construção da bomba atômica – Teerã nega que esse seja o objetivo e sustenta que o programa tem fins pacíficos. Na tarde de domingo, Obama telefonou para Netanyahu e reafirmou o comprometimento americano com Israel. O presidente reconheceu também em seu discurso a existência de “boas razões” para o ceticismo do país em relação ao Irã. “Como presidente e comandante em chefe, farei o que for necessário para impedir o Irã de obter armas nucleares”, afirmou. “Mas tenho uma profunda responsabilidade de tentar resolver nossas diferenças pacificamente, em vez de me precipitar na direção de um conflito”, justificou. O pacto é apenas o primeiro passo na direção do desfecho desejado pelos EUA: congelar as atividades das usinas do país e dar tempo aos negociadores para buscarem uma solução de longo prazo. O documento afirma que o eventual novo pacto deverá entrar em vigor no prazo máximo de um ano. O acordo poderá ser prorrogado depois de seis meses se houver concordância dos sete países envolvidos em sua negociação.

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MERKEL DIZ QUE OS EUA GRAMPEARAM SEU CELULAR

Merkel cobra Obama ao ser informada de que teve seu celular grampeado

O Estado de S. Paulo – 24/10/2013

A chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou ontem para o presidente americano, Barack Obama, exigindo explicações após saber que seu celular pessoal teria sido grampeado pela inteligência dos EUA. Obama assegurou à líder alemã que suas comunicações não estão sendo espionadas Pouco após receber informações de que a inteligência americana teria grampeado seu celular pessoal, a chanceler alemã, Angela Merkel, ligou ontem para o presidente Barack Obama exigindo esclarecimentos. Obama assegurou a Merkel que os EUA não estão espionando suas comunicações, sem dar garantias de que o telefone da líder alemã não tenha, no passado, sido alvo de interceptações. A chanceler pediu "imediatas e abrangentes" explicações sobre as atividades da Agência de Segurança Nacional (NSA) contra a Alemanha, segundo um comunicado do governo de Berlim. "(Merkel) deixou claro que vê essas práticas, caso sejam comprovadas, como completamente inaceitáveis e as condena de forma inequívoca." O desgaste entre Berlim e Washington é mais um capítulo da crise desencadeada pelas revelações do ex-agente americano Edward Snowden, que expôs detalhes sobre o aparato de inteligência eletrônica que NSA opera em escala global, mesmo contra aliados americanos. No dia anterior, ao receber o em Paris o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, o presidente François Hollande havia cobrado explicações sobre notícias publicadas pelo jornal Le Monde de que missões diplomáticas e sistemas informáticos do governo da França tinham sido alvo dos espiões americanos. Hollande quer que esses escândalos constem da agenda da cúpula do Conse-lho Europeu, que será realizada hoje. México e Brasil também já se irritaram com a espionagem de Washington. A revista alemã Der Spiegel havia publicado informações sobre as práticas de espionagem eletrônica dos EUA contraaAle- manha. No entanto, as informações de que o telefone pessoal da chanceler estaria grampeado partiram do próprio governo alemão. Segundo a Spiegel, Merkel está levando "muito a sério" essas informações. O governo alemão disse estar mantendo reuniões de alto nível nos últimos dias com representantes da Casa Branca para discutir o caso.Revés. Em mais um sinal do estrago provocado pelas denúncias, deputados europeus aprovaram ontem um texto recomendando que o bloco amplie garantias de privacidade digital e suspenda um acordo pelo qual a inteligência americana tem acesso a uma base de dados com " informações financeiras da Eu-ropa. O tratado entre Washington e Bruxelas oficialmente tem por objetivo investigar movi-mentações de dinheiro de suspeitos de terrorismo, rastreando o chamado código Swift-usado normalmente em transferências internacionais. Mas, segundo a maioria dos integrantes do braço legislativo da União Europeia, há provas de que o governo j americano coletou informações desvinculadas da luta anti- terror. A decisão do Parlamento Europeu não tem poder vinculante – ou seja, resume-se a uma reco-mendação aos 37 governos do bloco. A Comissão Europeia, equivalente ao poder executivo da UE, disse ainda estar aguardando garantias dos EUA e negou que suspenderá, nos próximos dias, O acordo. / REUTERS e AP

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BRASIL OFERECE PRESIDÊNCIA PARA PARAGUAI VOLTAR AO MERCOSUL

Brasil oferece a Paraguai presidência do Mercosul para reintegrá-lo ao bloco

Autor(es): Lisandra Paraguassu

O Estado de S. Paulo – 01/10/2013

A presidente Dilma Rousseff propôs ao colega Horacio Cartes que o Paraguai assuma a presidência temporária do Mercosul a partir de dezembro, como forma de o país retomar ao bloco antes do fim do ano. O objetivo é que Cartes apresente a proposta em seu país sem que pareça que está recuando politicamente. Segundo um diplomata brasileiro com acesso às negociações, o gesto "pegou muito bem" entre os paraguaios.

Oferta. Plano é persuadir demais sócios regionais a aceitar um acordo que tornaria mais fácil a tarefa do presidente Horacio Cartes -que ontem esteve com Dilma Rousseff em Brasília – de convencer setores da política doméstica que resistem à reincorporação do país

Brasília

O Brasil ofereceu ao presidente do Paraguai, Horacio Cartes, a presidência temporária do Mercosul a partir de dezembro como forma de o país retomar ao bloco antes do fim do ano» A proposta, apresentada pela presidente Dilma Rousseff ontem, durante a visita de Estado, tem como objetivo oferecer ao paraguaio um gesto político que possa apresentar ao seu país sem que seu retomo pareça um recuo político. Um ministro próximo a Cartes afirmou ontem que está sendo organizado o retomo do Paraguai ao bloco antes do final do ano, para que em dezembro o país possa já assumir a presidência, durante reunião em Caracas, na Venezuela. Segundo ele, o gesto do bloco pode parecer simbólico, mas é importante para o presidente paraguaio apresentar ao seu público interno. O governo brasileiro sabe disso e tem se esforçado para apresentar um pacote palatável a Cartes. Em Paramaribo, durante a reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Dilma tomou para si a tarefa de reaproximar Venezuela e Paraguai e reunir Cartes e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Foi quando Maduro prometeu também a indicação de um novo embaixador para Assunção o mais breve possível – outro gesto que agradou a Cartes. De acordo com um diplomata brasileiro com acesso às negociações, o gesto de Dilma, de negociar a aproximação, "pegou muito bem" entre os paraguaios.

A intenção brasileira, no entanto, ainda está em negociação com o restante dos membros do Mercosul. A tendência da Venezuela, hoje presidente do bloco, é não reclamar. Os venezuelanos, principal causa de atrito com o Paraguai, querem resolver logo o problema de sua entrada no Mercosul e ainda precisam da aprovação do Congresso paraguaio, que Cartes terá de negociar em casa. Os uruguaios podem resistir, mas não devem impedir um acordo. O maior problema pode ser a Argentina, que perderia a vez de presidir o bloco para o Paraguai. Ontem, durante a primeira visita de Estado de Cartes ao Brasil, Dilma fez questão de repetir várias vezes a importância da volta do Paraguai ao bloco. "O Paraguai está em processo de volta ao Mercosul, tem o tempo deles, está no processo deles de retorno. O Brasil tem todo o interesse nessa volta e também no fato de que a nossa relação bilateral, como vocês podem ver, nós mantivemos intacta", afirmou, após terminar o encontro com Cartes. Por sua vez, o paraguaio Cartes reafirmou o interesse nas relações com os vizinhos, especialmente o Brasil,

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mas não mencionou o Mercosul durante o encontro com Dilma. "Sabemos que temos atrativos para uma integração física", disse Cartes, em relação a projetos conjuntos com o Brasil "O Paraguai não quer esmola nem favores, mas sim quer sentar-se à mesa grande." Mais tarde, no Senado, Cartes disse que pretende ver o Paraguai de volta ao bloco "o mais rápido possível". A presidência do Mercosul foi definida na formação do bloco, há 22 anos. É rotativa, a cada seis meses, e em ordem alfabética: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai – e agora Venezuela. A única quebra ocorreu em 2012, com a suspensão do Paraguai, em razão do processo sumário, de 24 horas, que resultou no impeachment do presidente Fernando Lugo. No entender dos membros do bloco, a destituição feriu a Cláusula Democrática do Mercosul./Colaborou T.M

ACENOS ENTRE IRÃ E EUA

Rouhani pede que Obama não ceda à "pressão de míopes"

O Globo – 25/09/2013

Presidente do Irã defende acordo nuclear; e americano acena com diálogo

Nova YORK- Logo pela manhã, o presidente americano, Barack Obama, citou em seu pronunciamento de 40 minutos a "humildade" aprendida com as guerras de Iraque e Afeganistão para justificar a escolha pelas vias diplomáticas no Irã. E num dos discursos mais esperados desta Assembleia Geral da ONU, o novo chefe de Estado do Irã alimentou as expectativas de negociação. Mesmo tendo rejeitado a oferta da Casa Branca de um encontro com Obama, Hassan Rouhani fez sua estreia no púlpito das Nações Unidas com promessas de moderação, abertura e "cooperação responsável" para uma nova diplomada intemadonal — e para resolver o impasse nuclear. Ele surpreendeu ao mencionar Obama nominalmente e disse esperar que o presidente americano não ceda às pressões contrárias para alavancar o diálogo entre os dois países. Essa referên-da parecia ser um recado velado a Israel, que promete manter sobre Obama o lobby para uma política severa quanto a Teerã. — Eu ouvi atentamente o discurso do presidente Obama hoje na Assembleia Geral. Espero que eles se abstenham de seguir os interesses míopes de grupos de pressão belicista para que possamos chegar a um meio de gerir nossas diferenças. Nós esperamos ouvir uma voz consistente de Washington — afirmou. A delegação israelense fora instruída pelo premier Benjamin Netanyahu a boicotar a aparição do iraniano, Rouhani conclamou os países-membros da ONU a participarem de um esforço coletivo intitulado "Mundo contra a violência e o extremismo" Mas também não poupou críticas duras, embora elegantes, aos EUA. — A ameaça iraniana serviu de desculpa para justificar crimes nas últimas três décadas: Armar Saddam Hussein com armas químicas e estabelecer a al-Qaeda no Afeganistão... — lembrou ele, garantindo que "o Irã não representa ameaça ao mundo ou à região"

DRIBLE NO ALMOÇO DE BAN

Como de costume em seu país, o presidente iraniano abriu o discurso com um pedido de clemência a Deus. Falou numa era de medo da guerra e esperança pela escolha do diálogo. E

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não poupou críticas ao unilateralismo dos EUA, criticando, mais uma vez, uma "mentalidade bipolar de Guerra Fria" — Os esforços de redesenhar as fronteiras políticas são extremamente perigosos e provocativos. O centro do poder do mundo é hegemônico. Relegar o Sul à periferia provocou um monólogo nas relações internacionais — criticou Rouhani. Conforme vinha anunciando nas últimas semanas, o presidente reafirmou estar pronto para negociar sobre o programa nuclear que, assegurou, tem fins pacíficos. — É uma oportunidade única. A República Islâmica do Irã acredita que todos os desafios podem ser resolvidos com sucesso, inclusive a questão nuclear. Mais cedo, Rouhani faltou ao almoço oferecido aos chefes de Estado pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon. Seria essa a 1 maior chance de um encontro, ainda que casual, com Obama — seria o primeiro entre líderes americano e iraniano em 36 anos. Segundo a rede iraniana , Press TV a ausência se justificpelo fato de o anfitrião servir vi-! nho aos convidados — bebida alcoólica cujo consumo é proibido aos muçulmanos.

UMA NOVA DOUTRINA OBAMA

A polêmica sobre o cardápio não se confirmou. Mas, horas depois, fontes da Casa Branca revelaram ter feito uma oferta de encontro com Obama à dele- i gação do Irã. Os iranianos declinaram o convite, alegando que i "questões políticas internas" tornavam "complicado" tal encontro. Houve, porém, uma reunião do iraniano com o presidente francês, François HoÜande. Por sua vez, o presidente americano também tentou usar a ONU para apresentar mudanças. Segundo ele, os EUA não vão mais agir sozinhos para buscar seus interesses vitais, mas estarão prontos para usar a forçai incitar a comunidade intemacional a agir. Foi o que fez com a Síria e o que pretende fazer no Oriente Médio até o fim de seu governo, garantiu Obama. Síria e Irã dominaram o discurso. Sobre o primeiro, o presidente disse ser um "insulto"! duvidar dos crimes de guerra cometidos pelo regime def Bashar al-Assad. E sobre o segundo, ressaltou ter ordenado ao secretário de Estado John-Kerry buscar um acordo. — O caminho diplomático deve ser testado — afirmou, antes de fazer a ressalva — As palavras conciliatórias terão; que estar em linha com ações! transparentes e verificáveis. Apesar de frustrarem quem apostava num aperto de mão,! Obama e Rouhani ainda podem, esperar avanços amanhã. É quando os chanceleres de EUA e Irã estarão frente a frente num primeiro encontro sobre as negociações nucleares com o grupo chamado P5+1, formado pelas cinco potências do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha, sob o comando da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. "Temos uma oportunidade histórica de resolver a questão nuclear" escreveu no Twitter o chanceler do Irã, Javad Zarif.

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DILMA ATACA ESPIONAGEM E, NA ONU, PROPÕE REGRA PARA WEB

Dilma ataca espionagem e faz balanço de seu governo na Assembleia da ONU

Autor(es): Tânia Monteiro Claudia Trevisan

O Estado de S. Paulo – 25/09/2013

Presidente apresentou seu ‘protesto’ e tentou mobilizar os países por uma governança da internet

Em duro discurso na abertura da 68ª Assembleia da ONU, a presidente Dilma Rousseff expressou sua “indignação” e “repúdio” à espionagem norte-americana ao governo, a empresas e a cidadãos do País e do mundo. Ela voltou a apresentar seu “protesto” e a “exigir” dos EUA “explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão”. Também tentou mobilizar os demais países no sentido de que sejam criadas regras para governança e uso da internet. O objetivo da fala foi apresentar queixa ao mundo e despertar um sentimento nacionalista no Brasil. O Palácio do Planalto avalia que a população aprovou a forma como foi repudiada a espionagem. Em rápida menção ao tema, Barack Obama disse que “começou a rever” os mecanismos de inteligência. A presidente Dilma Rousseff fez um contundente discurso na abertura da 68° Assembleia da ONU no qual expressou "indignação" e "repúdio" à espionagem feita pela inteligência americana ao seu governo, a empresas e cidadãos do Brasil e do mundo* Ela voltou a apresentar "seu protesto" e a "exigir" do governo dos EUA "explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão". A fala de Dilma não teve apenas Barack Obama como alvo – o presidente americano, inclusive, nem estava presente na sede da Organização das Nações Unidas em NovaYork enquanto ela discursava. O Palácio do Planalto já identificou a boa aceitação, no País, de seu posicionamento diante do tema, incluindo a decisão de cancelar a viagem que faria a Washington em outubro. Portanto, a fala também se dirigia ao público brasileiro. A presidente aproveitou a tribuna internacional para fazer um balanço de seu governo. Foi quando, mais uma vez, dirigiu- se ao público interno. Fez menções aos protestos que se iniciaram em junho – e derrubaram sua popularidade -, afirmando que o governo brasileiro não só "não reprimiu" a voz das ruas, mas a ouviu e compreendeu. "Ouvimos e compreendemos porque nós viemos das ruas", disse. "A rua é o nosso chão, a nossa base", completou. A presidente lembrou que "passada a fase mais aguda da crise, a situação da economia mundial continua frágil com níveis de desemprego inaceitáveis", mas ressalvou que o Brasil "está recuperando o crescimento, apesar do impacto da crise internacional nos últimos anos". Pouco antes, falou do combate à pobreza, à fome e à desigualdade promovido por seu governo, com a ampliação do Bolsa Família, que ajudou a proporcionar redução drástica da mortalidade infantil. Marco civil» A maior parte do discurso na ONU foi usada para falar da espionagem americana e da tentativa de mobilizar os demais países no sentido de que seja criado um "marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas que garantam, a proteção dos dados que por ela trafegam". Dilma pediu que "o espaço cibernético não seja usado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países".

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Por três vezes, declarou que a espionagem feita pela inteligência americana é "um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis". Defendeu também a necessidade de um marco civil multilateral para proteger a internet das intromissões alheias. Depois de declarar que "as tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser o novo campo de batalha entre os Estados", salientou que "este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra, por meio de espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países". Por isso, pediu que a ONU "desempenhasse papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias". Obama chegou no final do discurso de Dilma. Ele falou em seguida e dedicou uma pequena parte de seu discurso à espionagem. Satisfeita» Dilma deixou o plenário da ONU satisfeita com o tom adotado. Tanto que dispensou o comboio oficial que a aguardava e saiu a pé pelas ruas de Nova York, em busca de um restau-rante para almoçar com seus principais auxiliares e sua filha, Paula, que a acompanha na viagem. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, resumiu o espírito da comitiva. "O Obama falou assim, meio como o senhor da guerra, e ela falou mais de uma agenda mais social", disse.

Recado explícito»

"Imiscuir-se dessa forma (espionagem) na vida de outros países fere o direito internacional"

"O aproveitamento do pleno potencial da internet passa por uma regulação responsável, que garanta liberdade de expressão, segurança e respeito a direitos humanos"

Dilma Rousseff

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

NA MIRA DOS ESTADOS UNIDOS – DILMA FOI ALVO DIRETO DA ESPIONAGEM AMERICANA

EUA espionam Dilma

O Globo – 02/09/2013

NSA monitorou telefone e e-mails da presidente A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) monitorou o conteúdo de telefonemas, e-mails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff e de um número ainda indefinido de “assessores-chave” do governo brasileiro. Além de Duma, também foram espionados pelos americanos nos últimos meses o presidente do México, Enrique Peña Nieto, — quando ele era apenas candidato ao cargo — e nove membros de sua equipe. As informações foram reveladas ontem pelo “Fantástico’ que teve acesso a uma apresentação feita dentro da própria NSA, em junho de 2012, em caráter confidencial. O documento é mais um dos que foram repassados ao jornalista britânico Glenn Greenwald por Edward Snowden, técnico que trabalhou na agência e que hoje está asilado na Rússia. Ontem à noite, ao tomar conhecimento da reportagem, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, classificou a espionagem como um fato “gravíssimo” e afirmou que, se confirmado o

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monitoramento das comunicações da presidente Dilma e de seus assessores, o episódio terá sido uma “clara violação à soberania” brasileira. Cardozo antecipou ainda que fará um pedido formal de explicações aos Estados Unidos e que o tema será levado à Organização das Nações Unidas (ONU). — Se forem confirmados os fatos da reportagem, eles devem ser considerados gravíssimos, caracterizarão uma clara violação à soberania brasileira — disse o ministro. — Isso foge completamente ao padrão de confiança esperado de uma parceria estratégica, como é a dos Estados Unidos com o Brasil. Diante desses fatos, vamos exigir explicações formais ao governo americano, o Itamaraty convocará o embaixador dos Estados Unidos para dar explicações e vamos levar o assunto a todos os fóruns competentes da ONU. A apresentação em que a presidente Dilma Rousseff e o presidente Enrique Peña Nieto são citados e aparecem até em fotos tem um total de 24 slides e não traz nenhum exemplo de e-mail ou ligação da governante brasileira. O título é “Intelligency filtering your data: Brazil and Mexico case studies” (inteligência filtrando informação: os estudos de caso do Brasil e do México’ numa tradução livre), e sua classificação indica que o documento só pode ser lido pelos países que integram o grupo batizado pela NSA como “five eyes’ São eles: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Cana- dá e Nova Zelândia. Nesse mesmo documento, que data de junho de 2012, a NSA explica com grande precisão de detalhes e desenhos como espiona os telefonemas, e-mails e mensagens de celular dos dois líderes latino-americanos. Ao final, congratula-se de ter tido “sucesso” na empreitada. Segundo o jornalista Glenn Greenwald, que recebeu os documentos de Snowden e colaborou com a reportagem do “Fantástico’ a apresentação de slides deixa claro que o primeiro passo da NSA é identificar seus alvos, seus números de telefone e seus endereços de e-mail. Depois, usando pelo menos três programas de computador — o Cimbri, Mainway e Dishfire ( este capaz de procurar uma palavra-chave numa imensidão de dados) —, a agência filtra as comunicações que devem merecer mais atenção. Para ilustrar esse processamento de dados, a apresentação traz a imagem de duas mensagens de celular. A primeira delas, capturada numa comunicação travada entre dois colaboradores do então candidato Enrique Pefla Nieto, ele aparece citado pela sigla EPN ( as primeiras letras de seu nome). A segunda, extraída do celular do próprio Pefia Nieto, traz uma revelação: o nome daquele que viria a ser anunciado, dias mais tarde, como coordena- dor de comunicação social do governo. Nessa parte do documento, lê-se, no alto do slide, o número 85.489. Para Greenwald, o número poderia significar o total de mensagens interceptadas pela NSA no entorno de Peña Nieto. O dado não foi comprovado. Ao trazer à tona o estudo de caso do Brasil, a apresentação da NSA é clara. Seu objetivo é “aumentar o entendimento dos métodos de comunicação” de Dilma Rousseff e de seus “assessores-chave’ No slide que vem logo em seguida, a agência mostra, sem revelar nomes, a teia de relacionamentos da presidente e como esses indivíduos se relacionam entre si, Segundo a interpretação de Greenwald, essa é uma forma de os Estados Unidos identifica-rem os principais interlocutores do governo brasi1eiro E, segundo revela o documento obtido pelo “Fantástico’ o esforço tem dado resultado. Na conclusão da apresentação sobre o caso Brasil, a NSA destaca que “foi possível aplicar essas técnicas com sucesso contra alvos importantes’ inclusive contra os brasileiros e mexicanos que costumam proteger tecnicamente suas comunicações (os chamados “OPSEC-savvy’ em inglês). o ministro José Eduardo Cardozo preferiu não adiantar que providências seriam tomadas caso as denúncias reveladas ontem sejam confirmadas, mas avançou na crítica: — Isso (a espionagem) atinge não só o Brasil, mas a soberania de vários países que pode ter sido violada de forma absolutamente contrária ao que estabelece o direito internacional — destacou ele. — Não pode haver uma coleta indiscriminada de dados no Brasil sem a determinação do Poder Judiciário. Representei o Brasil em Washington em reuniões sobre o assunto, e propusemos um protocolo de entendimento que visasse a assegurar a soberania internacional, apenas permitindo a interceptação de dados

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com ordem judicial, mas os Estados Unidos não aceitaram o acordo, dizendo que não iam faze-lo nem com o Brasil nem com outro país. ‘AMIGO, INIMIGO OU PROBLEMA? Mas o interesse da NSA pelos brasileiros não se esgota aí. Um segundo documento revelado ontem à noite indica que os Estados Unidos ainda têm dúvidas quanto à sua avaliação do Brasil. Em um dos slides do powerpoint intitulado “Identifying challenges for the future” (“Identificando desafios para o futuro”), que também foi repassado a Greenwald por Snowden, a Agência de Segurança Nacional se faz uma pergunta: “Amigos, inimigos ou problemas?’ Logo abaixo faz uma lista de países que merecem observação. O Brasil encabeça o ranking composto ainda por Egito, Índia, Irã, México, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Turquia e lêmen, Classificada pela sigla “FOUO” (“for official use only” ou “exclusivo para uso oficial), a apresentação tem 18 slides e pretende levar a agência a fazer uma reflexão sobre o período que vai de 2014 a 2019. O documento também classificado como confidencial e disponibilizado apenas para os “five eyes’ países com quem a NSA diz “trocar informações de forma frequente’ No terceiro e último documento repassado por Greenwald ao “Fantástico a maior agência de segurança do mundo revela que mantém uma equipe responsável por monitorar questões comerciais em treze países da Europa e em “parceiros estratégicos” mundo a fora. Na lista da 151 estão Brasil, México, Japão, Bélgica, França, Alemanha, Itália e Espanha. Segundo o documento, são nações que têm em comum o fato de serem importantes para a economia americana e para as “questões de defesa’ Essa divisão especializada da NSA também daria ao órgão “informações sobre as atividades militares e de inteligência” desses países.

ESPIONAGEM NA PETROBRÁS TEM INTERESSE ECONÔMICO, DIZ DILMA

Dilma diz que espionagem na petrobrás expõe motivações econômicas dos EUA

Autor(es): Vera Rosa Tânia Monteiro

O Estado de S. Paulo – 10/09/2013

Para presidente, denúncia de monitoramento da empresa é "tão grave" quanto violação de seus e-mails

A presidente Dilma Rousseff disse que, "se confirmada" a espionagem na rede de computadores da Petrobrás pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, os motivos teriam sido "interesses econômicos e estratégicos". Dilma afirmou que o monitoramento da Petrobrás "é tão grave quanto" a violação de suas correspondências. Há quatro dias, ela ouviu de Barack Obama que a tentativa de monitorar as comunicações brasileiras "só traz custo". Desde que foram divulgados documentos apontando que a NSA havia espionado e-mails de Dilma e de assessores, o governo suspeitava que os alvos eram as reservas do pré-sal. O ministro Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) e a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice, terão reunião esta semana para tratar do tema. A presidente Dilma Rousseff classificou a suspeita de espionagem na rede de computadores da Petrobrás como uma prática movida por "interesses econômicos e estratégicos". A violação teria sido feita pela Agência Nacional de Segurança (MSA) dos EUA. Dilma condenou a atitude em. nota divulgada ontem, quatro dias -após ter ouvido do colega americano Barack Obama que a tentativa de monitorar as comunicações brasileiras "só traz custo". Na nota oficial, a presidente afirmou que a Petrobrás não representa ameaça à segurança de qualquer pais, mas, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio

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brasileiro. Desde quando vieram à tona documentos secretos apontando que a NSA havia monitorado e-mails de Dilma e de seus principais assessores, no início do mês, o governo já desconfiava de que os alvos da espionagem eram as reservas do pré-sal. "Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos", escreveu a presidente na nota. "Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas". A jornalistas, Dilma afirmou que o monitoramento da Petrobrás "é tão grave quanto" a violação de suas correspondências. A reportagem que apontou a Petrobrás como alvo foi exibida no domingo pelo Fantástico, da TV Globo. Custo-benefício. Antes de divulgar a nota oficial, Dilma relatou a ministros e parlamentares com quem se reuniu ontem, no Palácio do Planalto, a conversa mantida com Obama, em São Petersburgo (Rússia), na noite de quinta-feira. Os dois se encontraram na cúpula do G-20. Obama prometeu tomar providências. Ele disse, conforme relatos de auxiliares de Dilma, não haver qualquer benefício que justificasse tal procedimento porque os EUA investem na boa relação com o Brasil. Foi nesse momento que americano mencionou que a violação das comunicações brasileiros só teria custos para os EUA. Dilma disse ao colega que abordará o assunto em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) , em Nova York, no próximo dia 24. Ao que tudo indica, a presidente ainda não tinha detalhes sobre a suspeita de espionagem na rede da Petrobrás quando conversou com Obama. Mesmo assim, já estava certa de que havia interesses econômicos por trás do monitoramento. O governo brasileiro decidiu enviar missões a países da Europa para verificar como eles se protegem da bisbilhotagem. Na conversa com Obama, Dilma disse que o rastreamento das comunicações no Brasil não se enquadraria em nenhum princípio de segurança. Afirmou que o combate ao terrorismo não pode violar a soberania nacional. O americano concordou. "Para um país parceiro, vocês colocam a relação bilateral numa situação muito difícil", argumentou a presidente. Por escrito. O mesmo tom foi adotado ontem na nota oficial "Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobrás, maior empresa brasileira", diz a nota. "O governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, à nossa soberania e aos nossos interesses econômicos", completa a nota de Dilma.

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DILMA CANCELA ENVIO DE EQUIPE DE ASSESSORES A WASHINGTON

Dilma cancela envio de equipe aos EUA

Autor(es): Lisandra Paraguassu Tânia Monteiro

O Estado de S. Paulo – 05/09/2013

A presidente Dilma Rousseff mandou cancelar a viagem da equipe precursora – agentes de segurança, diplomatas e cerimonial – para Washington, onde seriam iniciados os preparativos da sua visita aos EUA, em outubro. A suspensão é mais um sinal de que Dilma está revendo o convite de Barack Obama por causa da espionagem sofrida pelo governo brasileiro, apesar de não ter havido nenhuma conversa formal sobre o assunto. A presidente Dilma Rousseff mandou cancelar o envio da equipe que embarcaria no próximo sábado para Washington para preparar sua visita de Estado em outubro. A suspensão ocorre após Dilma ameaçar, nos bastidores, recusar o convite do presidente Barack Obama por causa das suspeitas de espionagem sofrida pelo governo brasileiro. A equipe precursora, formada por agentes de segurança, diplomatas e cerimonial da Presidência, faz o primeiro reconhecimento para a visita, analisando questões de logística, hospedagem, transporte, rotas e instalações em geral – e também a agenda prevista e os acordos que podem ser assinados. Normalmente, a antecedência não é tão grande, mas a viagem era tratada como especial por questões de segurança. O suspensão da equipe precursora não significa que a viagem está já cancelada – há tempo suficiente para remarcá-la, já que a visita acontece apenas em 23 de outubro -, mas é uma demonstração, para o governo americano, do nível de desagrado no Palácio do Planalto. A irritação da presidente com a revelação de que ela pode ter tido mensagens eletrônicas monitoradas continua grande, a ponto dela estar, segundo assessores, sem disposição de conversar com Obama em São Petersburgo, onde ambos participam da reunião do G20. De acordo com um assessor, Dilma informou que, para que a presidente fosse convencida da importância de confirmar a viagem era preciso, por exemplo, que os EUA pedissem desculpas pelas espionagens, se retratassem e assegurassem que não vão mais fazer isso – o que é bastante improvável que aconteça, dado os sinais negativos do governo Obama até agora. A decisão definitiva sobre o cancelamento deverá aguardar que os americanos apresentem suas novas justificativas dessa vez, exigidas por escrito. Setores do governo ainda defendem a viagem, mas Dilma espera uma resposta bastante diferente da recebida até agora. "Frustrante" e "decepcionante" foram os adjetivos usados pelo governo brasileiro para descrever o resultado da recente missão política do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que ouviu apenas "nãos" e vagas promessas de um grupo de trabalho entre os dois países proposta não aceita pelo Brasil.

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DILMA COBRA EXPLICAÇÕES E AMEAÇA ADIAR VISITA AOS EUA

Viagem aos EUA corre risco

Autor(es): CHIco DE Gois

O Globo – 03/09/2013

Para decidir como agir, Dilma exige de americanos resposta por escrito sobre denúncia de espionagem BRASÍLIA- O governo brasileiro classificou como violação à soberania a espionagem que os Estados Unidos fizeram de telefonemas, e-mails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff e de seus auxiliares, conforme revelou no domingo o programa “Fantástico da TV Globo A presidente convocou ontem cedo uma reunião de emergência com ministros, e o Itamaraty cobrou do embaixador americano, Thomas Shannon, explicações por escrito de seu governo. Em resposta à espionagem americana, Duma poderá até mesmo suspender o encontro oficial com o presidente Barack Obama marcado para outubro, em Washington, mas isso dependerá das explicações que o governo dos EUA der sobre o caso. Em entrevista o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disseram que o Brasil quer uma resposta do governo americano ainda esta semana e que o país está disposto a levar o assunto a debate em foros internacionais. Apesar da indignação expressada pelo governo brasileiro, por enquanto nenhuma medida concreta foi anunciada. Perguntado sobre a viagem a Washington, Figueiredo disse que não trataria do assunto. Ele afirmou que a reação brasileira dependerá das respostas que serão enviadas pelos Estados Unidos. — o tipo de reação dependerá do tipo de resposta. Por isso queremos uma resposta formal, por escrito, para que seja avaliada e, a partir daí, vamos ver qual será o tipo de reação que adotaremos — disse o chanceler. Dilma não falou publicamente sobre o assunto mas, indignada com a situação, realmente cogita suspender a viagem aos Estados Unidos. Mas os dois ministros ressaltaram várias vezes que é preciso esperar a manifestação dos EUA antes de adotar alguma ação. — Do nosso ponto de vista, isso (a espionagem) representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária para a parceria estratégica entre os dois países. O governo brasileiro quer prontas explicações formais, por escrito, sobre fatos revelados na reportagem — disse Figueiredo. De acordo com o chanceler, a conversa com Shannon foi franca e direta. Ele disse ter deixado claro que o governo brasileiro considera inadmissível e inaceitável o que vê como uma violação à soberania nacional. — Na conversa, ele (Shannon) entendeu o que foi dito, porque foi dito em termos muito claros. Muitas vezes, pensa-se que diplomacia é explicar as coisas de formas sinuosas. Não é. Quando as coisas têm de ser ditas de forma muita claras, são ditas. Ele tomou nota de tudo o que eu disse. Hoje (ontem) é feriado nos Estados Unidos, mas ele se comprometeu a entrar em contato com a Casa Branca ainda hoje (ontem) para narrar nossa conversa, para que eles nos enviem por escrito as informações formais que o caso requer — disse Figueiredo. — Quero que o governo americano dê as explicações. Não necessariamente o embaixador. Ele transmitiu o que o Brasil quer dos Estados Unidos. Cardozo disse que, se as informações veiculadas anteontem pelo “Fantástico” forem verdadeiras, o Brasil vai levar a questão a foros internacionais. — Se confirmados os fatos, isso revelaria uma situação inaceitável e inadmissível à nossa soberania. Quando a interceptação de dados se dá não para investigar ilícitos, mas numa dimensão política e empresarial, a situação fica, sem sombra de dúvida, muito mais séria. Eles nos disseram, textualmente, que não faziam interceptações para finalidades políticas e econômicas para empresas americanas. Não tivemos nenhuma resposta conclusiva. Vamos aguardar as explicações. Participaram da reunião com Dilma alem de Cardozo e Figueiredo, os ministros da Defesa, Celso Amorin, e das Comunicações, Paulo

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Bernardo. O ministro da Justiça lembrou que esteve nos Estados Unidos na semana passada e se reuniu com o vice-presidente, Joe Biden. Na ocasião, Cardozo apresentou uma proposta de compartilhamento de dados com os americanos para questões envolvendo suspeitas de ilícitos, mas Biden disse que não faria um acordo dessa natureza nem com o Brasil nem com qualquer outro país. Na conversa, segundo Cardozo, o vice-presidente americano negou que seu governo interceptasse telefonemas ou de mensagens de cidadãos brasileiros. TRÊS PROGRAMAS DE RASTREAMENTO Em julho, O GLOBO informou que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, sigla em inglês) espionou cidadãos brasileiros na última década. Segundo documentos coletados pelo ex-técnico da agência Edward Snowden, telefonemas e e-mails foram rastreados por meio de, pelo menos, três programas. O Brasil aparece com destaque em mapas da NSA, como alvo importante no tráfego de telefonia e dados, ao lado de países como China, Rússia, Irã e Paquistão. O secretário de Estado, John Kerry, quando esteve no país no mês passado, em visita oficial, negou que os EUA tenham acessado o conteúdo de dados de comunicações brasileira De acordo com Kerry, seu país atua em ações preventivas para evitar ataques terroristas. Ele disse que seu governo age como os dos demais países, recolhendo informações. Figueiredo disse que o Brasil discutirá o tema com outras nações. Apesar de, segundo o “Fantástico’ o México também ter sido alvo da espionagem, o chanceler brasileiro não conversou ainda com seu colega mexicano. — Vamos conversar com parceiros tanto de países desenvolvidos quanto dos Brics (que inclui Rússia, India, China e África do Sul) para avaliar como eles se protegem desse tipo de situação e quais ações conjuntas podem ser tomadas para lidar com um tema grave como este. ( Colaborou Catarina Alencastro).

CRISE NO ITAMARATY – APOIO DE DIPLOMATA A FUGA DE BOLIVIANO DERRUBA PATRIOTA

Fuga derruba patriota

O Globo – 27/08/2013

Chanceler troca de cargo com o embaixador na ONU, Luiz Alberto Figueiredo, após crise aberta por operação que trouxe senador boliviano para o Brasil BRASÍLIA A operação que trouxe para o Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, sem que o governo da Bolívia concedesse um salvo-conduto, custou o cargo do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. A demissão do chanceler foi anunciada ontem à noite pelo Palácio do Planalto. No lugar dele, assumirá o atual embaixador brasileiro na ONU, Luiz Alberto Figueiredo. Oficialmente, Patriota pediu demissão num encontro com a presidente Dilma Rousseff ontem à noite. Mas foi a presidente quem pediu para o diplomata deixar o posto depois de ficar irritada com o caso Roger Molina. "A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão do ministro Antonio de Aguiar Patriota, e indicou o representante do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, para ser o novo ministro das Relações Exteriores. A presidente agradeceu a dedicação e o empenho do ministro Patriota nos mais de dois anos que permaneceu no cargo e anunciou a sua indicação para a Missão do Brasil na ONU", diz a nota divulgada pelo Palácio do Planalto. A operação foi vista pelo Palácio do Planalto como um verdadeiro desastre, contaram pessoas próximas a Dilma. Patriota já vinha enfrentando uma série de desgastes com a presidente, e o episódio envolvendo o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia, foi considerado uma quebra de hierarquia, de confiança e, principalmente, do princípio internacional do asilo. Um auxiliar da presidente disse que isso era inaceitável e não havia como o comandante – no caso Patriota – deixar de

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responder pela operação. – O Patriota é um excelente diplomata, mas não foi um bom ministro – comentou um subordinado da presidente. irritação no planalto Dilma só foi informada de que o senador boliviano, de oposição ao presidente Evo Morales, havia fugido para o Brasil com o auxílio de um diplomata brasileiro quando ele já havia cruzado a fronteira. Ao saber que a alegação para a retirada do político era que sua saúde corria graves riscos, a presidente pediu para verificar que cuidados médicos haviam sido providenciados quando ele chegou no Brasil. A resposta foi a de que ele não fora levado a nenhum hospital ou médico. A irritação no Palácio ficou ainda maior com Pinto Molina dando entrevistas sem aparentar qualquer fragilidade de saúde. A operação de retirada do senador boliviano, condenado por corrupção em seu país, também foi considerada altamente temerária e arriscada. Como não aconteceu nada mais grave no trajeto, afirmou um assessor da presidente, ficou parecendo que a fuga foi muito bem calculada. Mas o risco foi imenso. – Imagina o que aconteceria se o comboio fosse atacado no meio da estrada e o senador fugisse ou fosse sequestrado – acrescentou o assessor. Outro ponto que deixou o Palácio do Planalto desconfiado foi o fato de a operação ter sido realizada num período em que o posto de embaixador do Brasil na Bolívia está desocupado. O ex-embaixador Marcel Biato está indo para Estocolmo, na Suécia, e seu substituto, Raymundo Santos Rocha Magno, ainda aguarda formalidades burocráticas da Bolívia para assumir o posto. A ordem da Presidência é para que todo o caso seja investigado. Um processo administrativo disciplinar (PAD) será aberto para apurar as responsabilidades. Sobre a situação de Patriota, auxiliares de Dilma afirmam que a atuação do agora ex-chanceler deixou a presidente insatisfeita em algumas ocasiões. Mais recentemente, no episódio envolvendo a detenção por policiais britânicos do brasileiro David Miranda – companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, autor de reportagens que divulgaram documentos secretos americanos – por quase nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, a expectativa do Palácio era de que o Ministério das Relações Exteriores reagisse de forma mais contundente. O tom utilizado foi considerado diplomático, mas exageradamente ameno. O governo esperava uma posição mais afirmativa para o Brasil por parte do Itamaraty. O caso envolvendo a Bolívia neste fim de semana trouxe novos constrangimentos internos, comprometendo a escala de comando do ministério e sua subordinação à Presidência, assim como a comunicação entre o Itamaraty e o Palácio do Planalto; e externos, com a imagem do país afetada por cobranças públicas do governo boliviano de descumprimento de acordos internacionais. comissão ouve pinto molina Roger Pinto Molina está abrigado na casa do advogado Fernando Tibúrcio em Brasília. Ontem, ele apareceu por três vezes na porta da residência e posou para fotógrafos. O boliviano recusou-se a responder perguntas sobre seus planos; limitou-se a dizer "amo o Brasil" ao ser abordado por jornalistas. Segundo Tibúrcio, não há risco de o senador ser deportado ou extraditado: – Só (será extraditado) se acontecer uma coisa heterodoxa, que acho que não tem o menor sentido – disse. – Ele é um asilado político. Foi concedido asilo a ele. A mesma situação que tem o (ex-técnico da CIA Edward) Snowden na Rússia e o (fundador do WikiLeaks, Julian) Assange no Equador, é a mesma dele. Pinto Molina pediu refúgio político no Brasil ao chegar em Corumbá (MS), no domingo. Ele já tinha status de asilado político desde junho do ano passado, mas decidiu melhorar as condições de permanência no país. O refugiado político tem direto a trabalhar e a recorrer à rede pública de saúde. O asilo é concedido pela presidente da República ou pelo Itamaraty, e depende de aprovação do Comitê Nacional para os Refugiados, vinculado ao Ministério da Justiça. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado vai ouvir o senador boliviano hoje. A ideia é convidar todas as partes envolvidas no caso, incluindo representantes do governo da Bolívia. Integrantes do colegiado defenderam o ato do diplomata Eduardo Saboia, que tomou a decisão de retirar o político da embaixada brasileira. Apenas a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)criticou a ação, alegando que houve quebra de

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hierarquia e que Molina seria condenado se fosse "de esquerda". Os senadores que defenderam a atitude de Saboia, que são maioria, alegam que ele tomou a decisão que o governo brasileiro deveria ter tomado há tempos, já que Roger Molina estava há 455 dias em situação precária na embaixada. Para esses parlamentares, o diplomata agiu com base em preceitos humanitários e, por isso, não deve ser retaliado pelo Itamaraty, que anunciou abertura de inquérito para apurar as circunstâncias da operação. Em nota, eles afirmaram que tomarão medidas administrativas e disciplinares em relação ao caso. – A presidente da República devia saber da situação penosa em que vivia o senador boliviano, porque também já foi perseguida, presa e até torturada. Não podemos aceitar esses desatinos que vêm ocorrendo na América Latina – afirmou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), vice-presidente da CRE. A senadora Ana Amélia (PP-RS), também integrante da comissão, a atitude do diplomata se justificou por se tratar de "circunstâncias da extrema gravidade do risco de vida do senador boliviano". Ela defendeu também o apoio dado pelo presidente da CRE, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). – Entre manchar com sangue de um senador nas circunstâncias que estavam se apresentando e uma atitude humanitária, que foi decisão do diplomata, a atitude sensata tomada por ele, o presidente da CRE tomou a decisão correta – disse a senadora. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), sustenta que Eduardo Saboia agiu de acordo com a Constituição, em defesa da dignidade da pessoa humana. O senador afirmou que a CRE acompanhará de perto os desdobramentos do inquérito no Itamaraty para evitar que o diplomata sofre retaliações. – Este diplomata brasileiro agiu de acordo com a consciência universal, não com regulamentos. Uma pessoa perseguida por suas ideias, atuação política, merece asilo – declarou o senador.

AJUDA EM FUGA DE RIVAL DE EVO IRRITA BOLÍVIA E ITAMARATY

FUGA DE OPOSITOR DE EVO COM AJUDA BRASILEIRA IRRITA ITAMARATY E BOLÍVIA

Autor(es): Lissandra Paraguassu

O Estado de S. Paulo – 26/08/2013

Político boliviano não tinha autorização para deixar missão brasileira e foi retirado do país em ação secreta

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e o governo boliviano mostraram-se irritados com a ação que retirou da Embaixada do Brasil em La Paz o senador Roger Pinto, que acusa o presidente Evo Morales de assédio judicial. Pinto estava na missão do Brasil, que lhe concedeu asilo, desde maio de 2012, mas a Bolívia se recusava a autorizá-lo a viajar. Na sexta-feira, ele foi retirado da embaixada num veículo diplomático, escoltado por militares brasileiros. Após 22 horas de viagem, ele chegou ao Brasil no sábado. O Itamaraty emitiu nota anunciando que investigará a ação e convocou o encarregado de negócios da embaixada para esclarecimentos. Patriota uma viagem à Finlândia. A Bolívia anunciou que pedirá a extradição do senador. A fuga do senador boliviano Roger Pinto da Embaixada do Brasil em La Paz para Brasília, na noite de sábado, irritou ontem o Itamaraty e o governo da Bolívia. O Ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota, que abrirá um inquérito para apurar as circunstâncias nas quais o opositor do presidente Evo Morales chegou ao País, A chancelaria boliviana declarou o político fugitivo da Justiça e acionou a Interpol. O senador foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata

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foi chamado ontem de volta a Brasília pelo Itamaraty, que, aparentemente, não tinha conhecimento da operação. De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) d o Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Pinto viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com. placas consulares, e acompanhado de Sabóia e de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular – no caso, Sabóia. Ao fim de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, incluindo os da fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá, mas não tinha como, levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e outras autoridade, sem sucesso. Então, consegui um avião. Fui buscá-lo para levá-lo para Brasília", contou Ferraço. Pinto está desde a madrugada de sábado na casado senador bra sileiro e dará uma entrevista na CRE amanhã. Ferraço afirma que Sabóia contou a ele que vinha conversando havia algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que a situação estava se tornando inadministrável. O senador estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando", disse. "Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que, se tivesse uma oportunidade, resolveria. Nao sei se o governo acreditou. Conforme o relato de Ferraço, a iniciativa do diplomata foi "ousada e corajosa". Na quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o ministro Antonio Patriota – que cancelou ontem uma viagem para a Finlândia em razão da fuga do boliviano – afirmou que a libertação do senador estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. No início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso. Surpresa. Na Bolívia, a chancelaria do país acionou a Interpol, mas ministros de Evo disseram que o caso não afeta a relação bilateral. "A fuga converte o senhor Pinto em fugitivo da Justiça boliviana. Por isso, serão ativadas todas as ações legais correspondentes ao caso, tanto no direito internacional quanto em convênios bilaterais", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia. Segundo o ministro de Interior, Carlos Romero, o status de fugitivo da Justiça foi dado porque o senador saiu do país sem passar por um posto de controle migratório. "Por meio da polícia boliviana, o governo acionou a Interpol, não só porque há um pedido de prisão contra ele, mas porque nao há registro de saída da Bolívia." O senador, de 53 anos, refugiou-se em maio do ano passado na representação diplomática, Ele alega ser vítima de perseguição política por parte do governo, que o acusa de corrupção. Ele recebeu asilo diplomático do governo brasileiro, mas, sem um salvo-conduto do governo de seu país, não podia deixar a missão brasileira em La Paz. / COM EFE, REUTERS e AFP

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MASSACRE E ESTADO DE EMERGÊNCIA: O FIM DA PRIMAVERA NO EGITO

Como na era Mubarak

O Globo – 15/08/2013

Governo indicado por militares massacra quase 300 partidários de presidente islamista deposto, traz de volta estado de emergência e retoma, na prática, lei marcial vigente na ditadura

Desespero. No acampamento pró-Mursi montado na mesquita de Rabaa al-Adawiya , no Cairo, uma mulher tenta impedir o avanço de um trator e proteger um ferido: além de bombas de gás, munição viva causou mortos e feridos

Força. Com apoio do Exército, tropas da polícia de choque se preparam para invadir mesquita em Rabaa Adawiya

CAIRO

Ao fim de um dia de horror que terminou com pelo menos 278 mortos, dois mil feridos, baixas no governo, um decreto de estado de emergência pelo período de um mês e a imposição de um toque de recolher nas ruas, foi uma declaração do ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, o alvo da maior preocupação dos egípcios. O primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawy, defendeu a sangrenta ofensiva contra dois acampamentos de civis islamistas que defendiam a restituição do presidente deposto Mohamed Mursi ao poder. Mas Ibrahim fez a única promessa que arrepia igualmente a laicos e religiosos no Egito: a volta da estabilidade da ditadura de Hosni Mubarak. - Eu prometo que assim que as condições se estabilizarem, que as ruas se estabilizarem, assim que possível, a segurança vai ser restaurada nesta nação como era antes de 25 de janeiro de 2011 – afirmou o ministro do Interior, referindo-se à data que deflagrou a revolução contra a virulenta ditadura do homem que governou o Egito por 29 anos. A declaração foi vista como sinal da confiança renovada num aparato de segurança cuja brutalidade foi um dos maiores combustíveis da Primavera Árabe no Egito. E, depois de seis semanas de impasse político no país, o ataque de ontem contra os acampamentos da Praça Nahda e da mesquita Rabaa al-Adawiya – com blindados, tanques, disparos de rifles automáticos e gás lacrimogêneo – parece ter enterrado de vez qualquer esperança de um acordo político de reconciliação nacional, capaz de incorporar os islamistas partidários de Mursi ao novo governo interino apontado pelas Forças Armadas. Ao contrário. Trata-se do mais claro indício de que o velho Estado policial do Egito está ressurgindo com força e desafiando manifestantes e políticos liberais no Gabinete – como o Nobel da Paz e vice-presidente Mohammed ElBaradei, que renunciou ontem em repúdio à violência. Além de provocar uma grave crise de segurança e confiança, o ataque despertou condenações internacionais e pôs o Egito mais próximo de uma guerra civil alimentada por islamistas furiosos com o sequestro do poder que conquistaram nas urnas. Levou de volta à quase estaca zero a revolução que se desenrolava desde 2011. E boa parte da culpa, alegam alguns analistas, é da liderança laica do país. - Esta é a consequência de apoiar um golpe militar. Eles foram ingênuos. Eles têm sido ativos na adoração ao Exército, então por que mudar de ideia e se mostrar surpresos quando o general Abdel Fattah al-Sissi (o chefe das Forças Armadas) conduz a situação a seu curso militar

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natural? – questionou o analista político Shadi Hamid, do Centro Doha da Brookings Institution. – Agora não se pode mais falar de transição. O Egito assiste a uma nova era da revolução.

OCIDENTE PRESSIONOU PARA EVITAR OFENSIVA

A confusão nas ruas e o ultraje público e internacional diante do banho de sangue promovido ontem ainda não permitem avaliar com clareza o tamanho do retrocesso político no país. Por ora, dois fatores remetem, de fato, à odiada era Mubarak: o estabelecimento de um toque de recolher, previsto para vigorar até a manhã de hoje em 11 das 27 províncias do Egito e a volta do estado de emergência, que, na prática, equivale à retomada da odiada lei marcial da ditadura. Para milhares, o estado de exceção é uma das lembranças mais contestadas da era Mubarak por permitir prisões sem mandado, autorizar a interceptação de comunicações e proibir manifestações públicas. Os militares, porém, garantem que a medida é temporária, tendo previsão de duração de um mês. - Nós achamos que as coisas chegaram a um ponto em que nenhum Estado com respeito próprio pode aceitar. Fomos forçados a intervir. Instruímos o Ministério do Interior a tomar todas as medidas para restabelecer a ordem, mas dentro da lei. As Forças Armadas observaram os mais altos graus de contenção – disse o premier Hazem el-Beblawy. – Se Deus quiser, vamos continuar. Vamos construir nosso Estado, civil e democrático. Uma ofensiva contra os acampamentos vinha rachando o Gabinete formado pelos militares. Segundo fontes diplomáticas, logo após o fim do Ramadã, na semana passada, tanto Estados Unidos quanto União Europeia (UE) enviaram mensagens ao general Sissi e a ElBaradei insistindo na necessidade de uma solução negociada para a crise política no país. - Tínhamos um plano político sobre a mesa que tinha sido aceito pela Irmandade Muçulmana. Eles podiam ter estudado esta opção, por isso, tudo o que aconteceu ontem foi desnecessário – lamentou o enviado da UE ao Egito, Bernardino Leon.

MILITARES FORAM ELEITOS GOVERNADORES

Os planos do general Sissi também são uma incógnita, embora ele já tenha dito não ter interesse num cargo político. Apesar de ter nomeado um presidente, um primeiro-ministro, um vice-presidente e todo um Gabinete, é ele a cara do governo. É ele o homem xingado nas ruas. - Ele não só agiu (no golpe) ao ouvir as manifestações nas ruas contra Mursi como conseguiu recrutar o apoio de várias figuras públicas e políticos em manobras muito espertas – notou o professor de Ciência Política Mustapha Kamel Al-Sayyid, da Universidade do Cairo. A Irmandade Muçulmana promete manter a luta contra o atual governo, mas não se sabe como. Tampouco está claro se as imagens da violência brutal das forças de segurança contra os islamistas serão capazes de sensibilizar os setores laicos da oposição, favoráveis ao golpe que destituiu Mursi em 3 de julho passado. O que observadores apontam são indícios de intolerância e a sombra do velho autoritarismo característico da era Mubarak. Um dia antes da ofensiva contra os dissidentes, o governo interino fizera uma nomeação em massa de 25 governadores de províncias para substituir os titulares – islamistas – indicados por Mursi. Entre os novos governadores há nada menos que 19 generais, sendo 17 do Exército e dois da polícia. Entre os outros seis, civis, destacam-se dois ex-juízes leais a Mubarak e, na província mais importante do país, o Cairo, foi nomeado Galal Mostafa Saed, um velho amigo pessoal do ditador deposto e figura proeminente do antigo Partido Democrático Nacional de Mubarak.

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Paraguai denuncia Mercosul diante de 157 países na OMC

Paraguai ataca Brasil na OMC por suspensão no Mercosul

Valor Econômico – 27/06/2013

O Paraguai resolveu denunciar sua suspensão do Mercosul diante dos demais 157 países-membros da OMC durante o exame da política comercial do Brasil, surpreendendo a diplomacia brasileira. O Valor apurou que a delegação do Paraguai partiu para o ataque já na segunda-feira, acusando de "ilegal" a medida adotada pelo bloco, o que significaria que todas as decisões tomadas depois do episódio não têm efeito.

Para o governo do Paraguai, a adesão da Venezuela às elevações de tarifas no Mercosul não são legítimas. O governo brasileiro reagiu ontem – o diretor do departamento econômico do Itamaraty, Paulo Estivallet de Mesquita, disse que a suspensão do Paraguai no Mercosul foi adotada por unanimidade pelos presidentes "depois da ruptura da ordem democrática" naquele país.

O Paraguai resolveu denunciar sua suspensão no Mercosul diante dos demais 157 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante o exame da política comercial do Brasil, ilustrando o racha no bloco e surpreendendo a diplomacia brasileira. O Valor apurou que a delegação do Paraguai partiu para o ataque já na segunda-feira, acusando de "ilegal" a medida adotada pelo bloco, o que significaria que todas as decisões que foram tomadas depois do episódio não teriam efeito.

Para o atual governo do Paraguai, tanto a adesão da Venezuela como as elevações de tarifas no Mercosul não têm legitimidade, já que as medidas não foram tomadas pela unanimidade dos membros do bloco. Nas perguntas submetidas ao Brasil, o Paraguai também só quis saber sobre como o Brasil justificava a decisão do Mercosul de suspendê-lo. O governo brasileiro reagiu ontem, por intermédio do diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, embora ressalvando que a questão não tinha nada a ver com as regras da OMC, ou com o exame da política comercial brasileira. O Brasil explicou no plenário da OMC que a suspensão do Paraguai no Mercosul foi adotada por unanimidade pelos presidentes, "depois da ruptura da ordem democrática" naquele país. Disse que a intenção não foi interferir em questões internas do vizinho, e sim dar uma resposta ao pleno funcionamento das instituições democráticas no bloco do Cone Sul, e que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) tomou a mesma decisão. Segundo o Brasil, apesar da suspensão, a cooperação com o Paraguai permaneceu "totalmente operacional", para não afetar o povo paraguaio. As exportações paraguaias para o Brasil totalizaram US$ 1 bilhão em 2012, alta de mais de 35% em relação a 2011. O Brasil passou a ser destino de 21% das exportações paraguaias em 2012. Em 2011, as vendas para o mercado brasileiro representavam 14%. Depois da explicação brasileira, o representante do Paraguai pediu a palavra para insistir na "ilegalidade" das ações no Mercosul sem sua participação, citando o artigo 20 do Tratado de Assunção, que criou o bloco e estabelece que as adesões, por exemplo, têm que ser aprovadas por unanimidade. O governo paraguaio reclama que não só ficou de fora, como o protocolo de adesão da Venezuela entrou em vigor sem que tenha sido efetuado o depósito, junto ao Paraguai, de todos os instrumentos de ratificação necessários para isso.

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Durante a eleição para diretor-geral da OMC, o atual governo no Paraguai chegou a despachar um representante a Genebra para votar contra o candidato brasileiro Roberto Azevêdo e a favor do candidato mexicano. Apesar disso, o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, toma posse em agosto, e a expectativa, inclusive na União Europeia, é que o país volte a integrar o Mercosul e que as negociações birregionais sejam reativadas. Por sua vez, o Canadá, que discute com o bloco a possibilidade de um acordo de livre comércio, usou também o exame do Brasil na OMC para manifestar sua "preocupação com o que parecem crescentes divisões no Mercosul sobre a futura direção do bloco". Para o Canadá, a questão é como essas divisões vão afetar a capacidade do bloco de engajar compromissos com terceiros países. Embora sem mencionar nenhum país, a mensagem canadense tem a Argentina como alvo, vista como um complicador para negociações de abertura comercial. Outras fontes mencionam que, no outro extremo, o Uruguai mostra-se disposto a um acordo em todas as direções. "Confiamos que o Brasil possa encorajar e promover políticas no Mercosul, que ajudarão a estimular oportunidades econômicas", afirmou o representante canadense Jonathan Fried. Em seu relatório aos parceiros na OMC, o Brasil afirmou que o reforço e desenvolvimento do Mercosul continuarão a ser um componente importante da estratégia comercial do país. Para Brasília, a recente adesão da Venezuela, as perspectivas de expansão futura, possibilidade de 3ampliar acordos comerciais existentes na região e a conclusão de novos acordos com outros países "contribuem para promover a integração e o desenvolvimento, para vantagem de todos na região". Na semana passada, de passagem por Genebra, a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, sugeriu que o governo brasileiro deveria abandonar a "âncora" do Mercosul e buscar novos acordos comerciais fora do bloco. "O Brasil está ficando para trás", argumentou ela, lembrando iniciativas como os acordos comerciais acertados por Chile, Colômbia, México e Peru com a União Europeia e a negociação UE-Estados Unidos.

Desenvolvimento SustentávelResponsabilidade Socioambiental e Ecologia

DESMATAMENTO É MAIOR EM 'ÁREAS DE PROTEÇÃO’

GOVERNO ADMITE FALTA DE FISCALIZAÇÃO

Derrubada mais que dobrou; ministério admite falha de fiscalização

Criadas para preservar e conter a destruição de florestas, as áreas de proteção e de conservação declaradas pelo governo são alvo de grande devastação, assim como as terras indígenas. Em 132 Unidades de Conservação observadas pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento mais do que dobrou entre 2000 e 2010, passando de 5.036 para 11.463 quilômetros quadrados – aumento de 127,6%. Nessas regiões, a maior parte na Amazônia Legal, o desmate é feito aos poucos, e o estrago só é detectado quando alcança grandes proporções. O Brasil tem hoje 310 Unidades de Conservação, que ocupam 75 milhões

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de hectares – ou 8,5% de todo o território nacional. O Instituto Chico Mendes, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, admite que a fiscalização é deficiente.

Unidades de Conservação são ameaçadas por grileiros, fazendeiros e ocupações

O Brasil tem atualmente 310 Unidades de Conservação (UC), que ocupam hoje 75 milhões de hectares, o equivalente a 8,5% do território nacional. Só nos últimos três anos, 6,168 milhões de hectares foram declarados como UC, dos quais 5,8 milhões estão na área da Amazônia Legal. Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, admite que o controle dessas áreas, criadas para preservar a biodiversidade, é difícil e requer tempo de implementação. - O tempo de assinar um decreto e o tempo de implementar uma Unidade de Conservação são muito diferentes – diz Mello, acrescentando que o ICMBio foi criado apenas em 2007 justamente com o objetivo de implantar efetivamente os diferentes modelos de conservação. Há dois tipos de unidades. As protegidas não podem ser exploradas e devem ser usadas para ecoturismo, pesquisa e educação ambiental. Nas demais, é possível explorar a natureza, mas de forma controlada, em pequena quantidade. É esse controle que ainda é incipiente no país, conforme demonstram os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). - Precisamos de fiscalização mais intensa, implementar planos de manejo e promover a regularização fundiária – afirma Mello. Nos últimos três anos, o Instituto Chico Mendes elaborou 60 planos de manejo, e outros cem estão sendo construídos, afirma ele. De acordo com Mello, justamente por serem criadas por decreto, quando o instituto chega ao local das Unidades de Conservação constata que já há ali uma ocupação, seja por grileiros, grandes fazendeiros ou simplesmente comunidades que moram no local há anos. A saída, acrescenta, é promover a regularização fundiária dessas áreas, o que nem sempre ocorre. Um dos exemplos de área de conflito é a Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, onde uma força-tarefa de 170 pessoas, incluindo Ibama e Força Nacional, está agindo para impedir o trabalho de madeireiras ilegais. - A reserva se sobrepõe à área indígena, e ainda há de posseiros a grandes fazendeiros. Em áreas como essa, o nível de implementação é muito difícil – diz Mello. Ele admite problemas também na Reserva Extrativista Chico Mendes. Segundo Mello, parte da reserva foi ocupada por criadores de gado. Por isso, foi criado um grupo de trabalho, envolvendo os seringueiros, para discutir a nova ocupação. - Não vai ser num estalar de dedos que vamos sair de um passivo ambiental elevado. Mas garanto que, para preservar, mesmo com todos os problemas, é melhor criar uma Unidade de Conservação do que não criar. Sem elas, a situação seria muito pior – afirma.

Meio Ambiente

Entenda a polêmica envolvendo o novo Código Florestal

O Congresso chegou a um impasse na votação do projeto de lei que altera o Código Florestal brasileiro. Os ruralistas defendem as alterações propostas pelo governo, que irão beneficiar os pequenos agricultores, enquanto os ambientalistas temem o risco de prejuízos ao meio ambiente.

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O Projeto de Lei no 1.876/99, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), tramita há 12 anos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi aprovado em julho do ano passado por uma comissão especial e colocado em pauta para ser votado no último dia 12 de maio. Porém, prevendo uma derrota, a bancada governista retirou o projeto de pauta, que agora não tem prazo definido para voltar ao plenário. O Código Florestal reúne um conjunto de leis que visam à preservação de florestas, como limites para exploração da vegetação nativa e a definição da chamada Amazônia Legal (área que compreende nove Estados brasileiros). O primeiro código data de 1934 e o atual (Lei no 4.771), de 1965. O documento adquiriu maior importância nos últimos anos por conta das questões ambientais. Ao mesmo tempo, precisa ser atualizado para se adequar à realidade socioeconômica do Brasil. Estima-se que 90% dos produtores rurais estejam em situação irregular no país, pois não seguiram as especificações do código de 1965. Eles plantam e desmatam em locais proibidos pela legislação. É o caso, por exemplo, de plantações de uvas e café nas encostas de morros e de arroz em várzeas, em diversas regiões do país. Para regularizar a condição dessas famílias, o novo Código Florestal propõe, entre outras mudanças, a flexibilização das regras de plantio à margem de rios e de reflorestamento. Os ambientalistas, no entanto, contestam o projeto. Segundo eles, haverá incentivo ao desmatamento e impactos no ecossistema. O desafio será equacionar a necessidade de aumentar a produtividade agrícola no país e, ao mesmo tempo, garantir a preservação ambiental.

Pontos de discórdia

Entre os principais pontos polêmicos do novo Código Florestal estão os referentes às APPs (Áreas de Preservação Permanente), à Reserva Legal (RL) e à "anistia" para produtores rurais. Áreas de Preservação Permanente são aquelas de vegetação nativa que protege rios da erosão, como matas ciliares e a encosta de morros. O Código Florestal de 1965 determina duas faixas mínimas de 30 metros de vegetação à margem de rios e córregos de até 10 metros de largura. A reforma estabelece uma faixa menor, de 15 metros, para cursos d'água de 5 metros de largura, e exclui as APPs de morros para alguns cultivos. Entidades ambientalistas reclamam que a mudança, caso aprovada, aumentará o perigo de assoreamento e afetará a fauna local (peixes e anfíbios), além de incentivar a ocupação irregular dos morros, inclusive em áreas urbanas. Já os ruralistas acreditam que a alteração vai ajudar pequenos produtores, que terão mais espaço para a lavoura. Um segundo ponto diz respeito à Reserva Legal, que são trechos de mata situados dentro de propriedades rurais que não podem ser desmatados. Cerca de 83 milhões de hectares estão irregulares no Brasil, segundo a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). A lei determina que todo dono de terreno na zona rural deve manter a vegetação nativa em proporções que variam de acordo com o bioma de cada região. Na Amazônia é de 80%, no cerrado, 35%, e nas demais regiões, 20%.

Anistia

O projeto exclui a obrigatoriedade para pequenos proprietários (donos de terras com até quatro módulos fiscais, ou, aproximadamente, de 20 a 400 hectares) de recuperarem áreas

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que foram desmatadas para plantio ou criação de gado. Para os médios e grandes proprietários são mantidos os porcentuais, com a diferença de que eles poderão escolher a área da RL a ser preservada. O dono de uma fazenda em Mato Grosso, por exemplo, poderia comprar terras com vegetação natural em Minas para atender aos requisitos da lei. Para a oposição, há pelo menos dois problemas. Fazendeiros podem dividir suas propriedades em lotes menores, registrados em nome de familiares, para ficarem isentos da obrigação de reflorestamento. E, caso possam comprar reservas em terrenos sem interesse para a agricultura, poderão criar "bolsões" de terras áridas. A bancada ruralista, ao contrário, acredita que a medida vai favorecer produtores que não têm condições de fazer reflorestamento. O terceiro ponto de discórdia diz respeito à anistia para quem desmatou, tanto em Áreas de Preservação Permanente quanto em Reserva Legal. O Código Florestal prevê que serão multados proprietários que desmataram em qualquer época. O texto em debate isenta os produtores de multas aplicadas até 22 de julho de 2008 – data em que entrou em vigor o decreto regulamentando a Lei de Crimes Ambientais. Os contrários à proposta acham que a anistia criará precedente que irá estimular a exploração predatória das florestas.

Desmatamento na Amazônia aumenta

Da Agência Brasil

O desmatamento na Amazônia subiu 28% segundo números do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes) e do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Os dados apresentados hoje (14), pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, são equivalentes ao período de agosto de 2012 a julho de 2013 e mostram que a área desmatada foi 5.843 quilômetros quadrados. Apesar do aumento, a ministra assegurou que essa é a “segunda menor taxa de desmatamento já registrada em toda a história” desde que o monitoramento começou a ser feito pelo Inpe. Entre os estados que mais desmataram estão Mato Grosso (52%) e Roraima (49%). Quando o cálculo é feito em quilômetros os estados que lideram o ranking de desmatamento são o Pará, com 2.379 quilômetros quadrados, e Mato Grosso, com 1.149 quilômetros quadrados. Izabella também confirmou que retornará mais cedo da Conferência Mundial do Clima, em Varsóvia, na Polônia, para participar de uma reunião com todos secretários estaduais de meio ambiente da Região Amazônica, onde cobrará explicações sobre os desmatamentos em cada estado.

Fonte: Agência Brasil (EBC) Publicado em: 18/11/2013

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Devastação da Amazônia deve crescer 20% este ano

Desmatamento em alta

Autor(es): Danilo Fariello

O Globo – 12/11/2013

Governo prevê que devastação na Amazônia Legal, em um ano, tenha aumentado até 20%

BRASÍLIA – Após quatro anos em queda, o desmatamento na Amazônia Legal deverá voltar a crescer este ano, principalmente puxado pela derrubada da floresta em grandes áreas do Pará e do sul do Amazonas, onde havia uma trajetória de redução da devastação há anos. A área ambiental do governo ainda não possui os cálculos fechados sobre o período de agosto de 2012 a julho deste ano — quando se encerra o ano-base para o cálculo —, mas prevê um aumento de até 20% da área devastada em relação ao período anterior, quando se chegou a uma mínima histórica desde 1988, com supressão de apenas 4,57 mil quilômetros quadrados da floresta. O número oficial deverá ser anunciado até o fim deste mês. Apesar da provável alta, o volume de área devastada não deverá superar a marca de 2011, quando foram desmatados 6,41 mil quilômetros quadrados, e ficará certamente abaixo da média dos anos anteriores a 2008. É essa redução estrutural na área desmatada por ano que deverá ser divulgada pelo governo Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral do próximo ano, em que o tema ambiental deverá voltar à pauta com a participação de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, ao lado do governador Eduardo Campos (PSB-PE). A previsão de aumento do desmatamento tem base, principalmente, na apuração feita por satélite (do sistema Deter) que indicou um aumento de 35% nas áreas com problemas, de 2012 para 2013. O número oficial a ser divulgado (com base no sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), porém, é mais abrangente.

ONG FALA EM AVANÇO DE 92% NA DEVASTAÇÃO

A ONG Imazon, que também analisa dados de satélites, denuncia que, de um ano-base para o outro, a área devastada avançou 92% — muito acima das estimativas oficiais, portanto. Mas esse percentual de aumento é descartado pelo governo federal. Como forma de mostrar que a ação contra o desmatamento permanece na ordem do dia, o governo federal deverá mostrar em breve os esforços que têm sido feitos por Ibama, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública para identificar as motivações para a ampliação da devastação em grandes áreas. No ano passado, os autos de infração do Ibama somaram R$ 1,6 bilhão em ações contra desmatamento, valor que subiu ainda mais este ano. O governo também tem usado a inteligência policial e da fiscalização para conter máfias que acabam reduzindo o impacto das ações de contenção do avanço do desmatamento. Neste ano, por exemplo, a superintendência regional do Ibama em Barra do Garça, em Mato Grosso, teve afastados todos os seus servidores após denúncias de envolvimento em irregularidades que colaboravam para o avanço do desmatamento.

GOVERNO DIZ QUE HÁ SERVIDORES ENVOLVIDOS

Segundo fontes do próprio governo federal, ou- tros servidores do governo estariam vendendo o “desembargo” de áreas que já haviam sido em- bargadas pelo órgão ambiental federal, e por is- 50 estão sob investigação. — Esperamos que possa haver algum tipo de

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oscilação natural. O que meu pessoal no campo me diz é que voltaram a ocorrer no Pará grandes desmatamentos, em áreas acima de mil hectares, onde não havia mais — admitiu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Segundo ela, por isso também as ações do governo federal têm sido mais ostensivas, principalmente nos eixos que envolvem o trajeto da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) e também no eixo da rodovia Transgarimpeira, no Pará. Apesar da indicação ruim dos números desse último ano, as primeiras impressões do próprio Deter já são positivas para o novo período de análise que se iniciou em agosto, segundo Francisco Oliveira, diretor de Políticas para Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente. No trimestre, o volume de área sob risco caiu 24%, segundo ele. — Com esse indicativo de redução, já estamos voltando para o patamar de antes, em sinal positivo para se chegar à meta de 2020, que pode até ser antecipada — disse Oliveira. A meta do governo exibida na apresentação do balanço do ano passado era de uma redução média de 4% ao ano até 2020, quando se pretende reduzir a área de desmatamento a menos de 4 mil quilômetros quadrados por ano. Segundo Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, aumentou em 2013 o chamado desmatamento especulativo, que ocorre nessas áreas de fronteiras novas no oeste do Pará e no sudeste do Amazonas, onde o governo está melhorando a infraestrutura de estradas.

DEVASTAÇÃO MAIOR EM ÁREAS DE CONSERVAÇÃO

Além disso, segundo Veríssimo, também há maior devastação em unidades de conservação ambiental, como Floresta Nacional do Jamanxim (PA). Ele aponta ainda um outro possível motivo para o aumento da devastação: as mudanças no Código Florestal aprovadas pelo Congresso. - O Código Florestal sinalizou para alguns agentes que a lei se acomoda à realidade, que depois de um tempo eles podem ser anistiados, embora o texto em si não aponte, nem o governo tenha indicado isso. Em 2004, o governo lançou plano de combate ao desmatamento; depois, um segundo plano entre fim de 2007 e início de 2008, quando houve um repique do desmatamento, que assustou o governo, lembra Veríssimo. - De lá para cá, o escopo do combate tem sido mantido, mas, se o desmatamento, defato subir, está claro que o governo vai ter que fechar todas as torneiras para evitar especulação com áreas de fronteira agrícola.

LEILÃO DE LIBRA PÕE PETROBRAS DIANTE DE SEU MAIOR DESAFIO

Petrobras será testada até o limite com Libra

Correio Braziliense – 23/10/2013

Especialistas vão monitorar, com lupa, números da estatal, que vem sofrendo diante do congelamento dos preços dos combustíveis e do elevado endividamento. Ontem, depois da euforia, as ações caíram. Dilma diz que manterá o sistema de partilha

SÍLVIO RIBAS

Um dia depois do leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal dentro das regras da partilha, os olhos de analistas e investidores se voltaram para a capacidade de a Petrobras

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responder ao seu maior desafio. Como operadora legal da área e sócia majoritária do consórcio vencedor, com 40%, a estatal terá de redobrar os esforços para conciliar as atuais dificuldades de caixa e o seu elevado endividamento com o atual plano de investimentos e a participação no novo projeto, que custará US$ 80 bilhões até 2024. O sintoma da emergente preocupação veio da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Após a euforia da véspera, com o anúncio da parceria entre a Petrobras e as europeias Shell e Total, quando as ações da estatal subiram mais de 5%, ontem, os papéis preferenciais recuaram 1,6% e os ordinários (com direito a votos), 1%. As indefinições em torno da política de reajuste de combustíveis, que têm minado os cofres da empresa, e os compromissos mais urgentes da empreitada na maior reserva petrolífera do país começaram a ser colocadas na mesa. Até então, valia o otimismo com a composição do grupo vencedor no leilão de Libra, que revela apoio à liderança técnica da petroleira brasileira, e alívio com a redução da presença chinesa, representada pelas estatais CNPC e CNOOC. Apesar do ágio zero resultante da ausência de competição, especialistas consideraram favorável à Petrobras a vitória com o lance mínimo de 41,65% em óleo excedente que terá de ser entregue à União. Para a presidente da Petrobras, Graça Foster, houve uma solução “bastante razoável” para o leilão de Libra. “Ficamos muito satisfeitos”, assinalou. Em relação ao grupo do qual a estatal faz parte, disse “que as estratégias vão se afinando, grupos entram, grupos saem. O que é mais incrível é a complementaridade das competências. Foi fantástico, algo de que eu não abriria mão”, enfatizou

Superavit primário

A primeira pressão direcionada contra a estratégia da empresa, depois da ressaca com as notícias de segunda-feira, veio da dúvida sobre a sua engenharia financeira para depositar, até o fim de novembro, os R$ 6 bilhões equivalentes a sua parcela dos R$ 15 bilhões do bônus de assinatura do contrato de partilha. Esses recursos são esperados, desesperadamente, pelo governo federal para engordar o minguado superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) deste ano. “A companhia não terá dificuldade em cumprir a sua parte, tendo feito o lance que analisou estar condizente com as suas possibilidades. O governo também não está cogitando fazer aporte do Tesouro na empresa. Se for o caso, o mercado está aberto para fazer novos empréstimos a ela”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Para ele, a Petrobras terá condições de suportar o peso das despesas no desenvolvimento de Libra até 2019, quando a extração começará a ressarcir os investimentos. Em reforço, o diretor de Gás da Petrobras, Alcides Santoro, declarou que o desembolso para a aquisição da jazida recorde na Bacia de Santos (RJ) não vai reduzir o apetite da estatal pela próxima rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP), envolvendo a exploração de gás em terra firme e também a programada para o mês que vem. “O interesse no certame está mantido, não diminuiu em nada. Avaliamos o custo e o uso de gás e isso faz parte da nossa estratégia para a 12ª rodada”, resumiu. Em menor grau de receio, o mercado também acompanha os desdobramentos jurídicos do leilão de Libra. A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que a Justiça ainda precisa analisar quatro ações, de um total de 27 que questionam a privatização do pré-sal. Na avaliação de advogados, apesar de não terem sido concedidas liminares para suspender a disputa, ainda há risco de anulação.

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O diretor da ANP Helder Queiroz avisou que o próximo leilão do pré-sal deve ter mais de uma área em oferta e os blocos serão de porte menor que o de Libra. A recomendação da agência é de que não haja nenhum outro leilão na área onde se acredita existir grandes reservas de petróleo, no prazo de dois anos, dada a demanda de investimentos em Libra. “Não há nenhum outro Libra conhecido. Mas, com o estado de informação que temos hoje, a tendência é de que num próximo leilão surjam maior número de oportunidades de menor porte e de risco variado”, avaliou.

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Questões

1. (12273) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

O Brasil quer uma relação comercial mais estratégica com a China. Em visita à China, a presidenta Dilma Rousseff vai defender que os dois países construam uma relação de sociedade, em vez do atual modelo de balcão de negócios.

Sobre as relações Brasil e China avalie:

a) O Brasil leva considerada vantagem nas trocas entre os países já que exportamos principalmente produtos industrializados enquanto importamos produtos básicos.

b) Os principais produtos exportados para a China são minério de ferro e soja, enquanto importamos principalmente produtos industrializados.

c) O Brasil vem mantendo postura crítica com relação aos direitos humanos, como no caso das execuções dos uigures da região separatista de Xinjiang.

d) O Brasil é o maior parceiro econômico da China e vice-versa.

e) A democracia limitada é motivo de cerceamento das relações comerciais entre os países.

2. (12299) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | SOCIEDADE

Assinale a alternativa correta a respeito da situação de infraestrutura existente hoje no país.

a) O sistema portuário brasileiro, segundo recente estudo realizado pelo Banco Mundial, está entre os 10 melhores do mundo.

b) A malha ferroviária hoje existente cobre toda a extensão do território nacional e tem maior densidade nos Estados do Amazonas e Pará.

c) Com a inauguração da usina de Belo Monte prevista para o final deste ano, o Brasil garante autonomia no fornecimento de energia elétrica para os próximos 5 anos.

d) Com baixo índice de poupança, o Brasil precisa expandir as fontes de financiamento de longo prazo, visando ao suporte dos investimentos previstos para infraestrutura.

e) O sistema de licenciamento ambiental hoje instalado permite a emissão de licenças ambientais em curto prazo de tempo, desde que atendidas todas as exigências documentais por parte das empresas responsáveis pelos empreendimentos.

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3. (12324) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

O primeiro semestre de 2011 foi marcado por mudanças significativas no que se refere a direitos individuais no Brasil. A esse respeito, julgue o item seguinte.

A presidenta da República determinou que fosse suspensa, após rejeição por segmentos da sociedade e pelo Congresso Nacional, a veiculação de conjunto de peças referentes à diversidade sexual, produzido por encomenda do Ministério da Educação.

( ) Certo ( ) Errado

4. (12302) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA

Sabe-se que, de todos os países considerados emergentes no cenário econômico mundial contemporâneo, um deles apresenta excepcionais taxas anuais de crescimento e mercado consumidor em expansão, até mesmo por tratar-se da maior população do planeta. Assinale a opção que identifica esse país.

a) Indonésiab) Brasilc) Japãod) Noruegae) China

5. (12303) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

O Oriente Médio continua sendo uma das mais tensas regiões do mundo. Uma questão que se arrasta no tempo e que foi levada formalmente à Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011, é a que se refere à efetiva criação - e ao pleno

reconhecimento como tal pela ONU - do Estado do(a)

a) Iraque.b) Irã.c) Palestina.d) Líbano.e) Jordânia.

6. (12339) ATUALIDADES | CONSULPLAN | PREFEITURA DE SANTA MARIA MADALENA/RJ | 2010

ASSUNTOS: POLÍTICA

As vésperas de mais um período eleitoral no Brasil, muito tem se falado sobre um Projeto de Lei que se originou da iniciativa popular e que objetiva tornar mais rígidos os critérios de inelegibilidade, ou seja, de quem não pode se candidatar. Esse projeto surgiu através da "Campanha Ficha Limpa", lançada em 2008, pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e pretende, em sua redação original, apresentada ao Congresso Nacional:

I. Que pessoas condenadas em primeira ou única instância ou com denúncia recebida por um tribunal - no caso de políticos com foro privilegiado - em virtude de crimes graves como racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas não alcancem cargos eletivos no Brasil.

II. Tornar inelegíveis por vinte anos, parlamentares que renunciaram ao cargo para evitar abertura de processo por quebra de decoro ou por desrespeito à Constituição, a fim de fugir de possíveis punições.

III. Que pessoas condenadas em representações por compra de votos ou uso eleitoral da máquina administrativa fiquem impossibilitadas de participar de processo eleitoral no Brasil.

IV. Tornar mais rápidos os processos judiciais sobre abuso de poder nas eleições, fazendo com que as decisões sejam executadas

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imediatamente, inviabilizando qualquer possibilidade de recursos.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I, IIb) III, IVc) I, IIId) II, IVe) I, IV

7. (12274) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Conselho de Segurança debate pleito palestino a Estado-membro da ONU

O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou um debate sobre a decisão dos palestinos de pleitear o status de Estado-membro da ONU. Os palestinos culpam o fracasso no processo de paz com Israel, patrocinado pelos Estados Unidos, por sua decisão de tentar ingressar unilateralmente na ONU. A iniciativa palestina tem o apoio dos países árabes, mas os Estados Unidos - que têm poder de veto no CS - e Israel pediram a eles que voltem à mesa de negociações.

Fonte: BBC Brasil, 26 de julho de 2011

Sobre o tema são feitas as seguintes alternativas:

I - Para a Palestina se tornar de fato um país reconhecido como independente é necessária a desocupação imediata da Faixa de Gaza. Com a entrega total da Cisjordânia, Israel espera melhorar as relações com os árabes, ainda mais agora com o anúncio de entrega de toda Jerusalém aos palestinos.

II - Outra evidência da Palestina não ser reconhecida como país independente é o fato de não integrar os quadros da FIFA, a federação internacional de futebol.

III - No Conselho de Segurança da ONU EUA e Israel podem usar o poder de veto para impedir a entrada da Palestina, portanto a tendência é de que isso ocorra, pela natural rivalidades entre estes Estados.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I e IIb) I, II e IIIc) II e IIId) Todas estão corretase) Todas estão incorretas

8. (12298) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

As características marcantes do atual estágio da economia mundial, comumente chamado de globalização, incluem a:

a) capacidade de produção ainda limitada em face dos baixos índices de desenvolvimento científico e tecnológico.

b) vigorosa regulamentação da economia e estímulo à presença cada vez maior do Estado na direção de empresas.

c) tendência ao protecionismo como forma de reduzir a presença dos países mais ricos no comércio internacional.

d) concentração das cadeias produtivas em países economicamente mais sólidos, apesar dos custos de produção maiores.

e) crescente interdependência entre os atores econômicos mundiais, como governos, empresas e movimentos sociais.

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9. (12340) ATUALIDADES | CONSULPLAN | PREFEITURA DE SANTA MARIA MADALENA/RJ | 2010

ASSUNTOS: POLÍTICA

O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, negou nesta quinta-feira (22/04/2010) que exista risco de uma bolha de ativos no país e que a maior economia da América Latina tenha superaquecido, e sinalizou que, caso fosse assim, tomaria medidas adequadas. Sobre os desequilíbrios cambiais globais, Mantega afirmou que não é bom que o real aumente frente ao dólar e ao iuan. O ministro sustentou que a inflação brasileira se encontra sob controle e que este ano ficará entre 4,5 e 5,5 por cento.

(Reuters http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE63L0FS20100422)

Com relação ao termo "bolha de ativos", utilizado no texto acima, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) Uma bolha econômica pode ocorrer quando o preço de um ativo aumenta bem mais do que seu valor real.

( ) Bolhas podem ser desencadeadas por fenômenos inexplicáveis (modismos ou manias) ou provocadas por ações manipuladoras de indivíduos ou empresas.

( ) A suposição de uma bolha econômica significa que o próximo comprador pague um preço ainda mais baixo pelo ativo.

A sequência está correta em:

a) F, V, Fb) V, V, Vc V, V, Fd) F, F, Fe) V, F, V

10. (12304) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

Sobre as políticas indigenistas oficiais e as políticas reivindicatórias dos grupos indígenas, no Brasil e em outros países da América do Sul, como o Peru e Bolívia, assinale a alternativa correta.

a) As lideranças indígenas tiveram atuação muito maior até a década de 1960, perdendo terreno com o discurso ambiental e o reconhecimento de sua inferioridade numérica e social. Os grupos indígenas da América não aparecem mais como atores sociais e ativistas.

b) Os grupos indígenas sul-americanos reivindicam, principalmente, a assimilação das tribos à sociedade moderna e à cultura hegemônica, com maior participação no mercado de trabalho e na vida urbana.

c) Na Amazônia, as ações ambientalistas entram em confronto com os interesses dos grupos indígenas, pois a conservação de grandes áreas de floresta depende, basicamente, da retirada dos seringueiros e dos grupos indígenas que vivem das atividades extrativas vegetais.

d) As organizações não governamentais de apoio aos grupos indígenas atuam no sentido de eliminar as diferenças raciais e religiosas, inserindo o índio na sociedade moderna. Esse trabalho ficou bem claro na ação da religiosa americana Dorothy Stang, assassinada por trabalhadores sem-terra que se opunham à ação da organização não governamental.

e) No Brasil, grupos indígenas procuram assegurar seus direitos propondo modificações nas legislações indigenistas oficiais visando consolidar a posse de seus territórios e a manutenção da identidade cultural dos grupos.

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11. (12296) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Presente nos meios de comunicação mundiais, desde janeiro de 2011, a expressão Primavera Árabe, que ganhou notoriedade e passou a fazer parte do vocabulário geopolítico contemporâneo, identifica

a) a vitória dos árabes na guerra contra a existência do Estado de Israel.

b) o esforço da juventude iraniana para derrubar o regime dos aiatolás.

c) o movimento contestatório a regimes autoritários em países árabes.

d) o apoio dos fundamentalistas à expansão violenta do islamismo.

e) o esforço árabe coletivo para tornar laicos os governos de seus países.

12. (12322) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | MEIO AMBIENTE | POLÍTICA

A controversa reforma no Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional, foi, finalmente, votada no dia 25/5/2011 na Câmara dos Deputados. A respeito desse assunto, julgue o item a seguir.

( F ) No projeto do Código Florestal aprovado, foi abolida a exigência de reserva legal nas propriedades rurais, independentemente do tamanho delas.

( ) Certo ( ) Errado

13. (12294) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Depois de longo processo de maturação, a União Europeia (UE) foi criada e é hoje o maior bloco econômico mundial. Entre os problemas evidenciados pela atual crise que envolve a UE, um dos mais graves é o que atinge países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda, caracterizado pela existência de significativos déficits orçamentários. Em suma, esse tipo de déficit pode ser entendido como a:

a) exportação sempre superior à importação, que gera desequilíbrio.

b) diferença entre o que o país gasta (mais) e o que ele arrecada (menos).

c) excessiva valorização do euro ante o dólar, que leva à inflação.

d) recusa do país em aceitar as normas gerais da UE, enfraquecendo-a.

e) ampliação descontrolada do número de desempregados no país.

14. (12313) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

"A reorganização política mundial e suas transformações impostas após a Guerra Fria vêm incentivando os países a se congregarem em blocos econômicos objetivando tornar a economia dos participantes mais competitiva no cenário globalizado em que vivemos hoje." Sobre o tema, NÃO é correto afirmar que:

a) No Mercosul, os países membros praticam entre si a livre circulação total de bens e serviços, além de incentivos conjuntos ao desenvolvimento e integração educacional e cultural.

b) A Área de Livre Comércio das Américas - Alca - é uma proposta norte-americana que envolve todos os países

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da América, com exceção de Cuba, mas que ainda não se concretizou.

c) A União Europeia foi criada pelo Tratado de Roma, em 1957, mas somente na década de 1990 passou a utilizar sua moeda própria, o Euro, dispondo de instituições como o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, entre outros.

d) A Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico - APEC - formou um imenso mercado internacional composto por países da Ásia, América e Oceania, como Japão, EUA e Austrália.

e) O Acordo de Livre Comércio Norte-Americano (Nafta) congrega os três países da região - Canadá, EUA e México - tendo sido criado na década de 1990, com o objetivo de reduzir tarifas entre os países membros.

15. (12301) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | MEIO AMBIENTE

Fenômeno natural, o efeito estufa tem-se intensificado pela ação do homem, o que acarreta sérias consequências para o meio ambiente. Uma dessas consequências mais conhecidas é

a) o desmatamento descontrolado.b) a intensificação das queimadas.c) o aquecimento global.d) a ampliação das geleiras.e) a poluição dos mares e oceanos.

16. (12321) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | MEIO AMBIENTE | POLÍTICA

A controversa reforma no Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional, foi, finalmente, votada no dia 25/5/2011 na Câmara dos Deputados. A respeito desse assunto, julgue o item a seguir.

Na votação do Código Florestal, foi rejeitada a emenda que liberava as plantações e os pastos formados em áreas de preservação permanentes antes de julho de 2008, decisão que desagradou os ruralistas.

( ) Certo ( ) Errado

17. (12297) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A Al Qaeda, organização que se notabilizou pelos ataques de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos da América, caracteriza-se

a) pela ação violenta impulsionada pela religião e dirigida exclusivamente contra países ocidentais.

b) pelo emprego esporádico da violência para fins religiosos, sem conotações políticas ou ideológicas.

c) pelo uso seletivo da violência para atingir seus objetivos econômicos, procurando poupar alvos civis

d) pela prática sistemática de violência de forma indiscriminada, materializada em diversos atentados.

e) pela forma de resistência às imposições culturais do Ocidente, internacionalmente legitimada.

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18. (12314) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

"A economia brasileira está entrando em uma fase na qual o investimento direto no exterior (IDE) será, possivelmente, um dos motores do dinamismo de seu desenvolvimento. [...] Internacionalizar operações significa, para uma empresa, participar ativamente, como global player, de uma complexa trama de relações com fornecedores, clientes e competidores internacionais."

(Coutinho, Luciano, eet ali. O investimento no exterior como alavanca dinamizadora da economia brasileira, 2009.)

A internacionalização das empresas de um país é, em geral, resultado de um processo de amadurecimento de determinadas condições de desenvolvimento de seu sistema empresarial. Entre elas estão:

I. as condições de competitividade produtiva, comercial e tecnológica dos setores/cadeias em que se originaram as empresas candidatas à internacionalização;

II. a consolidação ou a concentração econômica alcançadas pelos setores/cadeias, que refletem a obtenção e fruição de economias de escalas empresariais;

III. as condições de rentabilidade operacional e de financiamento que podem ser capturadas pelas empresas líderes a partir de determinantes macroeconômicos;

IV. as condições de amadurecimento institucional, como as práticas de governança e gestão e a qualidade das estratégias empresariais.

Analise os itens acima e assinale:

a) se somente os itens I e II estiverem corretos.

b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.

c) se somente os itens II, III e IV estiverem corretos.

d) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.

e) se todos os itens estiverem corretos.

19. (12283) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | SOCIEDADE

A 20ª edição do Relatório de Desenvolvimento Humano faz um balanço sobre as últimas décadas e identifica tendências na evolução do IDH. Sobre o Brasil são feitas as seguintes afirmações:

I. O Brasil vem melhorando e ganhando posições no que diz respeito ao combate a pobreza e na redução das desigualdades sociais.

II. A proporção de pobres no país vem caindo assim como também as classes A e B.

III. Crescimento econômico não basta para reduzir a pobreza.

Está correto o que consta APENAS em

a) I e IIb) I e IIIc) II e IIId) Todas estão incorretase) Todas estão corretas

20. (12309) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: EDUCAÇÃO | POLÍTICA | SOCIEDADE

O Brasil subiu quatro posições no ranking global de bem-estar das populações em 2010. Saltou da 77ª para a 73ª colocação. A escalada brasileira de quatro posições obtida em 2009 foi o melhor desempenho no ranking, segundo o Programa das Nações

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Unidas para o Desenvolvimento - Pnud. Os dados do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH - refletem o país de 2009 para a maioria dos indicadores e poderíamos estar em melhor posição caso tivesse havido avanços em todos os setores avaliados pela ONU. Neste caso, o setor que pode ter impedido uma melhor colocação para o país foi:

a) renda per capita.b) escolaridade.c) esperança de vida.d) saneamento básico.e) acesso à internet.

21. (12311) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

São motivos para as manifestações no Egito, exceto:

a) altos índices de desempregob) autoritarismo do governoc) níveis elevados de corrupçãod) falta de moradia, inflação, falta

de liberdade de expressão e más condições de vida.

e) Baixo investimento na educação promovendo o alto índice de analfabetismo.

22. (12282) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

A pobreza extrema caiu significativamente no mundo e até 2015 deverá afetar 15% da população mundial, abaixo do objetivo inicial de 23% fixado pela Organização das Nações Unidas (ONU), segundo um relatório do organismo divulgado. Tal avanço aconteceu principalmente graças a progressos feitos por potências emergentes, em particular China e Índia, cujo indicador de pobreza cairá para 5% e 22%, respectivamente, nos próximos

quatro anos. Os dados foram anunciados no relatório anual de monitoramento dos Objetivos do Milênio (OMD) da ONU.

(Adaptado da Revista Veja)

Sobre a notícia são feitas as seguintes afirmações

I. Mesmo com a recente redução da miséria, o Brasil, em relação à América Latina, está atrás de países como o Chile, Argentina, Uruguai e México.

II. Com relação ao IDH, entre os emergentes o Brasil está bem a frente da China e da Índia.

III. A taxa de extrema pobreza na Índia caiu, mas o número de miseráveis cresceu. Essa aparente contradição se deve à alta taxa de natalidade que aumenta constantemente.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I e IIb) II e IIIc) I e IIId) Todas estão corretase) Nenhuma está correta.

23. (12305) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Durante um encontro realizado em abril deste ano, os representantes dos países membros do Brics anunciaram a intenção de implementar transações comerciais em moeda local. Isso significa que:

a) Os países membros pretendem criar uma moeda própria única para realizar suas transações comerciais.

b) Assim como foi criado o euro na Europa, os países integrantes do Brics pretendem criar uma moeda própria para todos os emergentes.

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c) Brasil, Rússia, Índia e China querem efetuar suas transações comerciais sem a intermediação do dólar ou do euro.

d) Um novo mercado comum se inicia com a criação de uma organização formada pelas maiores economias do mundo.

e) Os integrantes do grupo - Brasil, Rússia, Índia e China - vão negociar internacionalmente, tomando como base apenas suas próprias moedas.

24. (12295) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | SOCIEDADE

Desaceleração anti-inflação. Para quem acompanha o noticiário econômico não chegou a ser surpresa. Os números oficiais indicam que a economia parou de crescer no terceiro trimestre de 2011.

Carta Capital. Política, Economia e Cultura, ano 17, n. 676, 14 dez. 2011, p. 23.

No período indicado, a situação da economia brasileira decorre, diretamente, do seguinte fator:

a) incremento dos gastos públicosb) recuo do consumo das famíliasc) entraves diplomáticos com a Chinad) estabilização política na Zona do Euroe) elevação geral do preço das

commodities

25. (12323) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | MEIO AMBIENTE | POLÍTICA

A controversa reforma no Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional, foi, finalmente, votada no dia 25/5/2011 na Câmara dos Deputados. A respeito desse assunto, julgue o item a seguir.

Juntamente com o Código Florestal, foi aprovada emenda que proíbe os estados, os municípios e o Distrito Federal de legislarem a respeito de meio ambiente.

( ) Certo ( ) Errado

26. (12276) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a rede global de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, presente em 166 países. Seu mandato central é o combate à pobreza.

Sobre o tema são feitas as seguintes afirmações:

I. A expectativa de vida está diretamente relacionada aos direitos básicos da população, como o saneamento básico que reduz a mortalidade infantil e os bons serviços de saúde que estendem os anos de vida.

II. Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos e para isso contribuíram as campanhas de vacinação e a melhora no acesso a serviços de saúde.

III. Algumas regiões do Brasil ainda carecem de segurança, saneamento, alimentação e assistência médica, já que esses fatores reduzem a longevidade de estratos da sociedade.

IV. O Brasil tem implementado nos últimos anos políticas bem-sucedidas para diminuir a desigualdade social, principalmente por meio de transferência de renda e proteção social.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I, II, IIIb) III e IVc) I, III e IVd) II e IIIe) Todas estão corretas

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27. (12325) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

O primeiro semestre de 2011 foi marcado por mudanças significativas no que se refere a direitos individuais no Brasil. A esse respeito, julgue o item seguinte.

Em razão da pressão de grupos políticos e de direitos humanos, o governo federal, desde maio de 2011, passou a submeter previamente ao Congresso Nacional toda campanha institucional relacionada à moral e aos bons costumes da sociedade.

( ) Certo ( ) Errado

28. (12326) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: POLÍTICA | SOCIEDADE

O primeiro semestre de 2011 foi marcado por mudanças significativas no que se refere a direitos individuais no Brasil. A esse respeito, julgue o item seguinte.

O Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável de casais formados por pessoas do mesmo sexo, mas deixou clara a impossibilidade de casamento civil entre essas pessoas.

( ) Certo ( ) Errado

29. (12275) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Especialistas acreditam em acordo para aumento do teto da dívida dos EUA

Bolsas de valores em queda no mundo inteiro e o dólar com desvalorização mais acentuada dão a tônica da apreensão que tomou conta dos mercados por causa do impasse da dívida norte-americana, que

é US$ 14,3 trilhões. Mas, de modo geral, quem acompanha as finanças mundiais acredita que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o Congresso chegarão a um acordo para o aumento da dívida.

Fonte: JB online, 2 de agosto de 2011

Sobre a crise econômica são feitas as seguintes alternativas:

I - A economia norte-americana preocupa e o risco de moratória da maior potência planetária assombra o mundo. O impacto seria ainda turbinado pelo delicado momento que atravessam as outras economias desenvolvidas, como a Europa, que vive uma crise de confiança e endividamento e o Japão com os problemas vividos pós-terremoto e tsunami.

II - Com a discussão da possibilidade do calote americano, se coloca em dúvida um modelo de sociedade de mercado, de respeito aos direitos adquiridos.

III - A tendência é o aumento do fluxo de capitais para países emergentes, como o Brasil. Esse cenário deve se manter enquanto houver um forte descompasso entre o crescimento desses emergentes e a estagnação das nações mais ricas.

IV - Entre os mercados emergentes, a América Latina desponta como principal pólo de atração de recursos para investimentos estrangeiros diretos, deixando na segunda posição a Ásia.

Está correto o que consta APENAS em:

a) I, III e IVb) II, III e IVc) I, II e IIId) III e IVe) II e IV

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30. (12317) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | ENERGIA

Com base nos gráficos anteriores, assinale a alternativa correta.

a) Analisando-se apenas as fontes renováveis de energia, é correto afirmar que o Brasil possui uma matriz energética mais danosa ao meio ambiente do que o planeta como um todo.

b) A recente inauguração de diversas usinas hidrelétricas no interior do Norte e do Nordeste do Brasil, com aproveitamento das excepcionais condições naturais, é um fator determinante para o aumento verificado na competitividade industrial brasileira nos mercados globais.

c) Clima, relevo, extensão territorial e disponibilidade hídrica são fatores que favorecem o Brasil na obtenção da energia de origem hidráulica. Por outro lado, nenhum desses fatores favorece a China, que utiliza excessivamente o carvão mineral, altamente danoso ao meio ambiente.

d) No Brasil, a agricultura energética tem contribuído significativamente para a grande participação das energias obtidas a partir da biomassa no consumo energético total do país.

e) O Distrito Federal é autossuficiente em energia hidrelétrica.

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31. (12308) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Os principais líderes mundiais estiveram reunidos em Seul, capital da Coreia do Sul, durante a segunda semana de novembro, para debaterem problemas relacionados à economia mundial, principalmente a questão cambial, já que a prática chinesa de manter a sua moeda desvalorizada artificialmente é considerada uma prática desleal pelas demais nações. Devido à prática cambial chinesa, o comércio internacional está sendo marcado por:

a) oferta de produtos chineses a preços menores que o de seus concorrentes.

b) intervenção da Organização Mundial do Comércio em todas as negociações.

c) queda no volume de vendas, por conta da valorização da moeda norte-americana.

d) medidas protecionistas contra os produtos chineses, lideradas pelos japoneses.

e) negociações bilaterais entre os chineses e aqueles interessados em seus produtos.

32. (12278) ATUALIDADES | A CASA DAS QUESTÕES | A CASA DAS QUESTÕES | 2013

ASSUNTOS: ECONOMIA | POLÍTICA | RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A crise financeira mundial, que atingiu o auge em setembro de 2008, agravou os problemas financeiros de alguns países da UE (União Europeia). Os governos, para diminuir os impactos da crise, ajudaram os setores mais críticos da economia com pacotes bilionários, que evitariam perdas de empregos e atenuariam os efeitos negativos das turbulências no setor financeiro. Com tantos pacotes de ajuda, a arrecadação destes governos diminuiu e eles ficaram mais endividados.

(Adaptado do site G1)

Recentemente um acrônimo ficou conhecido por definir os principais países europeus em crise, a alternativa correta é

a) BRICSb) OPEPc) PIIGSd) STUPIDSe) UNASUL

Gabarito:1. (12273) B 2. (12299) D 3. (12324) Certo 4. (12302) E 5. (12303) C 6. (12339) C 7. (12274) E8. (12298) E 9. (12340) C 10. (12304) E 11. (12296) C 12. (12322) Errado 13. (12294) B14. (12313) A 15. (12301) C 16. (12321) Errado 17. (12297) D 18. (12314) E 19. (12283) B20. (12309) B 21. (12311) E 22. (12282) D 23. (12305) C 24. (12295) B 25. (12323) Errado26. (12276) E 27. (12325) Errado 28. (12326) Errado 29. (12275) C 30. (12317) D31. (12308) A 32. (12278) C

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Para ver a explicação do professor sobre as questões, acesse o link a seguir ou baixe um leitor QR Code em seu celular e fotografe o código.

http://acasadasquestoes.com.br/prova-imprimir.php?prova=44717