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2ª Fase Civil Curso FORUM RIO DE JANEIRO PROFESSORES: Roberto Figueiredo (BA), Haroldo Lourenço (RJ),Pedro Barretto (BA) & Jerônimo Soares (RJ) É com imensa satisfação que o Curso Fórum, sob a Coordenação do Procurador do Estado e Mestre pela Universidade Federal da Bahia, Professor Roberto Figueiredo, apresenta o Novo Curso de Direito e Processo Civil para 2 Fase do Exame de Ordem. De maneira inédita no mercado carioca serão oferecidas mais de 70 horas exclusivamente presenciais com professores dos mais diversos Estados da Federação! Inicialmente, serão apresentadas aulas exclusivas de Direito Material Civil e aulas exclusivas de Direito Processual. Após, uma Oficina de Peças, com prática processual. Simulados, monitoria às tardes, contato pessoal e direto com a coordenação: o Curso Fórum quer a sua aprovação. Confira! CRONOGRAMA DAS AULAS PROFESSOR ROBERTO FIGUEIREDO AULA 1: TEMA: Apresentação do Curso. Introdução ao Direito Civil e ao Direito do Consumidor. A Constitucionalização do Direito Civil e os Direitos da Personalidade. A personalidade: conceito, aquisição e teorias explicativas. Capacidade de fato e de direito. Capacidade Processual. Maioridade e Emancipação. A Morte e seus Efeitos no Direito Material e Processual Civil. AULA 2: TEMA: A desconsideração da pessoa jurídica. Dicas sobre a teoria do domicílio: importância para o Processo Civil (fixação da competência processual). Família e Sucessões. AULA 3: TEMA: Obrigações, Contratos e Responsabilidade Civil. AULA 4: OFICINA DE PEÇAS: Alimentos, inventário, apelação, agravo e embargos de declaração. PROFESSOR HAROLDO LOURENÇO AULA 5: TEMA: Petição Inicial no procedimento ordinário. AULA 6: TEMA: Petição Inicial no procedimento sumário e nos procedimentos especiais: possessórias, petitórias, alimentos e investigação de paternidade. AULA 7: TEMA: Resposta do Réu: contestação, reconvenção e exceções.

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É com imensa satisfação que o Curso Fórum, sob a Coordenação do Procurador do Estado e Mestre pela Universidade Federal da Bahia, Professor Roberto Figueiredo, apresenta o Novo Curso de Direito e Processo Civil para 2 Fase do Exame de Ordem. De maneira inédita no mercado carioca serão oferecidas mais de 70 horas exclusivamente presenciais com professores dos mais diversos Estados da Federação! Inicialmente, serão apresentadas aulas exclusivas de Direito Material Civil e aulas exclusivas de Direito Processual. Após, uma Oficina de Peças, com prática processual. Simulados, monitoria às tardes, contato pessoal e direto com a coordenação: o Curso Fórum quer a sua aprovação. Confira!

CRONOGRAMA DAS AULAS � PROFESSOR ROBERTO FIGUEIREDO AULA 1: TEMA: Apresentação do Curso. Introdução ao Direito Civil e ao Direito do Consumidor. A Constitucionalização do Direito Civil e os Direitos da Personalidade. A personalidade: conceito, aquisição e teorias explicativas. Capacidade de fato e de direito. Capacidade Processual. Maioridade e Emancipação. A Morte e seus Efeitos no Direito Material e Processual Civil. AULA 2: TEMA: A desconsideração da pessoa jurídica. Dicas sobre a teoria do domicílio: importância para o Processo Civil (fixação da competência processual). Família e Sucessões. AULA 3: TEMA: Obrigações, Contratos e Responsabilidade Civil. AULA 4: OFICINA DE PEÇAS: Alimentos, inventário, apelação, agravo e embargos de declaração. � PROFESSOR HAROLDO LOURENÇO AULA 5: TEMA: Petição Inicial no procedimento ordinário. AULA 6: TEMA: Petição Inicial no procedimento sumário e nos procedimentos especiais: possessórias, petitórias, alimentos e investigação de paternidade. AULA 7: TEMA: Resposta do Réu: contestação, reconvenção e exceções.

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AULA 8: TEMA: Intervenção de Terceiro. AULA 9: TEMA: Recursos (Teoria Geral). � PROFESSOR PEDRO BARRETO. AULA 10: TEMA: Recursos no Direito-Civil Constitucional: Recurso Especial, Extraordinário e Reclamação. � PROFESSOR JERONIMO SOARES AULA 11: TEMA: Embargos infringentes e recursos nos Juizados Especiais. Cumprimento de sentença e execução extrajudicial. AULA 12: TEMA: Execução. Teoria Geral. Liquidação. Execução provisória. Defesas do executado. AULA 13: TEMA: Ações Locatícias e Inquilinato. Mandado de segurança. AULA 14: TEMA: Práticas e Peças Processuais. AULA 15: TEMA: Práticas e Peças Processuais. AULA 16: TEMA: Questões TGP.

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1. CONCEITO, OBJETO E FINALIDADE

É um conjunto e regras que tem por objetivo disciplinar as outras normas, nos planos da existência, validade, e eficácia. O objeto da LICC ao contrário das leis em geral, é a outra lei (plano da existência, validade e eficácia destas). As leis em geral têm por objeto as pessoas e as relações humanas.

2. BASE LEGAL

Decreto-Lei 4.567/42. Lei Complementar 95/98. Lei Complementar 107/01.

3. VACATIO LEGIS

É lapso temporal entre a publicação da lei e o início da sua vigência, passando a ter obrigatoriedade. Salvo expressa disposição em contrário, é de 45 dias no território brasileiro e de 03 meses fora do território nacional. Havendo disposição em lei sobre a data de início de sua vigência, esta previsão será válida.

CONTAGEM DO PRAZO DA VACATIO LEGIS: o primeiro dia

(publicação) e o último são contados, se iniciando a vigência no dia seguinte. Assim, o dia da publicação é contado. Ex: se a Lei é publicada no dia 02 de março tendo como prazo de vacatio 15 dias, ela entrará em vigor no dia 17 de março de 2010.

Caso haja alteração, republicação, da norma durante a vacatio legis, o prazo será interrompido e sua contagem sua contagem recomeçará do zero, a partir da republicação. Sendo a mudança posterior ao vacatio legis haverá novo processo legislativo, com publicação de uma nova lei (com um novo número). Na alteração durante a vacatio legis, será a mesma lei.

4. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS

I – OBRIGATORIEDADE: ninguém pode se descumprir a lei alegando o desconhecimento da mesma. Isso não obstrui, contudo, a alegação do erro de direito (art. 139, inciso III, CC), haja vista que este princípio não é absoluto, sendo mitigado em algumas situações.

II – CONTINUIDADE: apenas uma nova lei pode revogar uma lei antiga. Usos e costumes não revogam lei.

Ab-rogação: revogação absoluta da lei. Derrogação: revogação parcial da lei.

A revogação pode ser expressa ou tácita, na primeira a lei nova prevê expressamente a revogação da antiga.

Critérios para identificar uma revogação tácita:

a) Cronológico (Lex Novalis): a lei nova tende a revogar a lei antiga; b) Hirárquico (Lex superioris): a lei hierarquicamente superior tende a

revogar a inferior; c) Especialidade: (Lex especialis): a lei geral não revoga a lei especial e

esta não revoga aquela.

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Antinomia jurídica aparente: ocorre quando a ambigüidade/incoerência é

solucionada com os critérios supracitados. Pode ser de primeiro (o uso de apenas um critério soluciona), segundo (o uso de dois critérios soluciona) e terceiro grau (o uso de três critérios soluciona).

Antinomia jurídica real: se dá quando a incoerência entre leis não se soluciona com o uso dos três critérios.

III – NO LIQUET (arts. 4º e 126 do CC): o magistrado não pode deixar de solucionar a lide alegando obscuridade, lacuna ou ambigüidade da lei. O juiz deve fazê-lo com base na primeira fonte do direito, a lei.

A decisão não pode ser feita com base na equidade, exceto nos casos previstos em lei (art. 127 do CC). As exceções estão previstas no art. 1.109 do CPC (ex: jurisdição voluntária), no artigo 20, §§ 3º e 4, do CPC, no artigo 412 e 431 do CC...na falta da lei, com base no art. 4º da LICC, deve ser utilizada a analogia, os usos e costumes e os princípios gerais do direito, nesta ordem.

REVISÃO TERMINOLÓGICA

1. REPRISTINAÇÃO

É a restauração de lei revogada por revogação da lei revogadora. A repristinação não pode ser tácita, logo, precisa de expressa previsão legal. É admitida no direito, desde que ocorre expressamente.

2. EXEQUATUR

É a execução ou a homologação de sentença estrangeira no Brasil. Vide artigo 12, § 2º da LICC. O Juízo competente para conhecer da exequatur no Brasil é o STJ.

3. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MODERADA

O Brasil, em relação à aplicação da lei no espaço, adota o princípio da territorialidade moderada (vide, por exemplo, o artigo 7º, caput, da LICC).

4. IRRETROATIVIDADE DA LEI CIVIL

A lei civil não retroage, pois vigora em nosso sistema o princípio da irretroatividade. Portanto, ao contrário do Direito Penal, por exemplo, a lei civil não retroagirá nem mesmo para beneficiar, de modo que ficarão sempre preservados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e acabado e a coisa julgado.

A exceção a essa regra é a retroatividade motivada da lei civil. Ex: retroatividade da lei 8009/90 que prevê a impenhorabilidade do bem de família, a teor da súmula 205 do STJ.

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PERSONALIDADE

1. CONCEITO

Aptidão para contrair direitos e deveres na ordem jurídica. Basta ser pessoa (física ou jurídica) para adquirir a personalidade jurídica. É o pressuposto dos demais direitos (Orlando Gomes). É a qualidade de ser pessoa.

2. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE

I – PESSOA FÍSICA (ART. 2º): a personalidade da pessoa física é adquirida com o nascimento com vida (teoria natalista). O nascituro não tem personalidade, entretanto, tem direitos protegidos, como o direito à vida e o direito aos alimentos gravídicos (Lei 11.804/08).

II – PESSOA JURÍDICA (art. 45): o registro marca a aquisição da pessoa jurídica. O fato de funcionar sem registro não gera a existência da personalidade jurídica, mas sim a existência de mera sociedade de fato, que também deterá responsabilidade civil, ilimitada e solidária de seus sócios.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único - Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

CAPACIDADE

1. DE DIREITO (ARTS. 1º E 2º DO CC) Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Todo ser humano tem capacidade de direito, personalidade, mas nem todos têm capacidade de fato, ou seja, de exercer sozinhos, de praticar autonomamente os atos da vida civil. 2. CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO.

Significa a capacidade de exerce pessoalmente os atos da vida civil.

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3. ABSOLUTAMENTE INCAPAZ (ART. 3º DO CC)

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

O ato praticado por absolutamente incapaz é nulo, não se convalidando com o tempo (artigos 166, inciso I e 169, do Código Civil).

4. RELATIVAMENTE INCAPAZES (ART. 4º)

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único - A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Importante notar que o adulto não pode alegar a incapacidade relativa da outra parte para, com isto, beneficiar-se (artigo 105, Código Civil), assim como o relativamente incapaz que dolosamente oculta a sua idade não poderá se beneficiar da própria torpeza para, posteriormente, invalidade o ato (artigo 180, Código Civil).

ATENÇÃO: o surdo-mudo é capaz, exceto se não conseguir expressar sua vontade. O índio submete-se ao Estatuto do Índio e ao Estatuto da FUNAI, desde que seja silvícola.

O ato praticado pelo relativamente incapaz é anulável. O prazo decadencial para se postular a anulabilidade é de quatro anos, nos termos do artigo 178 do Código Civil. Trancorrido este prazo, o ato será convalidado a teor do princípio da conservação do negócio jurídico.

As hipóteses de ato anulável são, basicamente, aquelas previstas no artigo 171 do Código Civil, ou seja, quando praticado por relativamente incapaz, ou quando houver defeito do negócio jurídico.

Teoria do ato-fato jurídico : admite-se que certos atos praticados por absolutamente incapazes sejam válidos, haja vista que são aceitos na sociedade e não geram grande impacto/prejuízo. Exemplifique-se com uma criança que celebra compra e venda de merenda escolar. O ato, em tese, seria nulo. Contudo, pela teoria do ato-fato jurídico, admite-se a validade do mesmo.

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5. PLANOS DA EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO JURÍDICO

EXISTÊNCIA VALIDADE EFICÁCIA

SUJEITO SUJEITO CAPAZ ONEROSIDADE

EXCESSIVA

OBJETO OBJETO LÍCITO,

POSSÍVEL,

DETERMINADO OU

DETERMINÁVEL

REGIME DE BENS,

DANOS MORAIS,

MATERIAIS,

ESTÉTICOS.

FORMA FORMA PRESCRITA

OU NÃO PROIBIDA

JUROS, CORREÇÃO

MONETÁRIA,

CLÁUSULA PENAL

VONTADE AUSÊNCIA DE

DEFEITO DO

NEGÓCIO JURÍDICO,

SIMULAÇÃO OU

FRAUDE A LEI

IMPERATIVA

TODOS OS DEMAIS

EFEITOS, OU SEJA,

TUDO O QUE GERAR

EFEITOS DO NEGÓCIO

JURÍDICO

A doutrina estuda o plano da existência. Contudo, a legislação cível inicia-se pelo plano da validade, a teor do artigo 104 do Código Civil:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Os defeitos do negócio jurídico são: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Segundo o artigo 2.035 do CC para saber se o negócio jurídico é válido, deve-se aplicar a lei da data da celebração. Quando à eficácia, deve ser observada a lei da época do efeito.

Não há rol taxativo de eficácia, sendo esta definida por exclusão.

6. MAIORIDADE X EMANCIPAÇÃO

Emancipação e maioridade não se confundem. Tanto é assim que o emancipado continua menor de idade, inimputável penal, não autorizado, por exemplo, a obter habilitação para o trânsito.

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Súmula 358 do STJ: a maioridade não cancela automaticamente o dever

de pagar alimentos, de modo que somente uma decisão judicial poderia gerar esta situação jurídica nova (de cancelamento/exoneração).

A emancipação gera a capacidade de exercer os atos da vida civil, mas não a maioridade. A emancipação é irrevogável e irretratável.

I – EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: tem forma de escritura pública e o menor tem que ter, no mínimo, 16 anos. Ocorre quando há comum acordo dos pais.

A emancipação voluntária não extingue a responsabilidade objetiva e solidária dos pais prevista nos artigos 932 e 933 do Código Civil, pois se trata a hipótese de norma cogente.

II – EMANCIPAÇÃO JUDICIAL: ocorre nos casos em que não há acordo entre os pais e na tutela (suprir a falta do poder familiar para menores não emancipados). Nesse caso, o pedido de emancipação deve ser judicialmente. Idade mínima: 16 anos.

III – EMANCIPAÇÃO LEGAL: decorre de determinação legal. A emancipação legal não se preocupa com idade mínima ou forma., devendo ser atendidos apenas os requisitos fáticos (ex: casamento, cargo público efetivo). Nessa espécie de emancipação há extinção da responsabilidade objetiva e solidária dos pais.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

7. MORTE (ARTS. 6º A 8º, 426 E 1.784 DO CC)

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

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Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único - A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

A morte extingue os direitos intuito personae e as obrigações da mesma natureza (personalíssimas). Entretanto, os direitos transmissíveis não são extintos com o óbito.

A morte pode ser natural (há corpo, certidão de óbito) ou ficta. A morte ficta pode ser com declaração de ausência ou sem declaração de ausência.

O artigo 8º prevê a comoriência, que consiste na presunção de morte simultânea quando não for possível verificar quem morreu primeiro.

O artigo 426 prevê a nulidade dos pactos sucessórios relativos à herança de pessoa viva, de modo que são estes vedados pelo ordenamento jurídico.

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

O art. 1.784 prevê a saisine, que corresponde à transferência automática da herança com a morte (abertura da duscessão):

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Na morte ficta, a declaração é feita pelo magistrado e não há declaração de óbito, havendo assim necessidade de um processo judicial. É necessário o desaparecimento da pessoa e a aplicação de todas as diligências possíveis na busca.

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DIREITOS DA PERSONALIDADE

ARTS. 11 A 21 DO CC/02

1. CARACTERÍSTICAS

a) Indisponibilidade;

b) Impenhorabilidade;

c) Intransferíveis;

d) Incessíveis;

e) Imprescritíveis;

f) Incompensáveis;

g) Inatos;

h) Intuito personae.

i) Irrenunciáveis.

O art. 11 diz que o exercício dos direitos da personalidade não pode sofrer limitação voluntária. Entretanto, extraordinariamente, isto é possível (ex: reality show reduz a privacidade voluntariamente) desde que aconteça de modo temporário, não violente a dignidade humana, os usos e costumes, nem acarrete abuso do direito.

Portanto, a doutrina e o STJ estabelecem critérios para a limitação, quais sejam:

a) Temporariamente; b) Não represente abuso de direito; c) Não confronte os usos e os costumes. d) Não atinja a dignidade humana.

2. TUTELAS INIBITÓRIAS

Os direitos de personalidade são tutelados por obrigações de fazer. Quando as tutelas inibitórias não são possíveis, deve haver a tutela indenizatória. Assim, as inibitórias são preferíveis.

Tutela dos direitos da personalidade do morto (artigo 12, parágrafo único, CC): o cônjuge ou qualquer parente em linha reta, colateral até o 4º grau, tem legitimidade para requerer a tutela dos direitos de personalidade do falecido. É a legitimidade ativa ad causam. O pleito é em nome próprio, mas versa dobre direito alheio, sendo exceção ao art. 6º do CPC.

O art. 20, parágrafo único, do CC prevê a limitação dos legitimados da

tutela do de cujus nos casos de direito de imagem. Nessa situação, só são legitimados os cônjuges, os ascendentes e os descendentes.

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ATENÇÃO! Estes preceitos só se aplicam ao cônjuge, não se admitindo,

portanto, à união estável.

Dano moral in re ipsa é o dano moral objetivo, não havendo necessidade de comprovar sua real existência.

3. TUTELAS DO CORPO (ARTS. 13/15)

É proibido ato de disposição do próprio corpo, salvo disposição médica, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os costumes.

É possibilitada, com objetivo científico ou altruístico, a disposição do

próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, entretanto, essa disposição tem que ser a título gratuito.

O art. 15 prevê que ninguém será obrigado a se submeter a tratamento

médico ou cirurgia quando não houver risco de vida.

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

4. TUTELA DO NOME (arts. 16/19)

Nome é o gênero. O primeiro nome, também chamado de prenome, e o sobrenome, também chamado de patronímico ou apelido de família, são espécies.

NOME = PRIMEIRO NOME (PRENOME) + SOBRENOME (PATRONÍMICO)

O primeiro nome pode ser alterado pelo indivíduo entre os 18 e 19 anos,

já o sobrenome não pode ser alterado. A exceção a essa vedação se dá em poucos casos previstos em lei (ex: vítima ou testemunha de crime, estrangeiro com sobrenome de difícil pronúncia, chacota, etc...).

Pseudônimo: pode ser utilizado e registrado, desde que em atividade

lícita (ex: Xuxa, Pelé). Agnome (filho, neto, júnior) também é protegido. Pseudônimo e agnome também fazem parte do nome, logo, são

protegidos. 5. TUTELA À IMAGEM

Tanto a imagem-retrato quando a imagem-atributo são tuteladas pelo ordenamento jurídico. Dano estético é dano a imagem-retrato, a imagem física (corpórea). A imagem-atributo é aquela atribuída à pessoa pela comunidade, sendo imaterial.

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A imagem-atributo é tutelada pelo dano moral.

PESSOA JURÍDICA

1. INTRODUÇÃO

A personalidade da pessoa jurídica é adquirida com o registro no órgão competente.

A pessoa jurídica é uma reunião de coisas (fundação) ou pessoas

(associação ou sociedade), podendo esta última ser com fim econômico (sociedade) ou não (associação).

PESSOAS JURÍDICAS MAIS SOLICITADAS EM PROVAS DA OAB

REUNIÃO DE COISAS REUNIÃO DE PESSOAS

FUNDAÇÃO ASSOCIAÇÃO E SOCIEDADE

As pessoas jurídicas com fins econômicos podem ou não ter fins lucrativos, sendo a com fim lucrativo denominada sociedade (S/A, comandita simples etc). A sociedade sem fim lucrativo é denominada civil, simples ou liberal (ex: escritório de advocacia, cooperativa etc).

Súmula 227 do STJ: pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

2. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

É diferente da despersonalização, que tem efeito erga omnes, haja vista que esta tira a personalidade da pessoa jurídica, sendo definitiva. A desconsideração é provisória, sobrestando a existência apenas no caso concreto e específico, tendo efeitos inter partes. Após adentrar o patrimônio dos sócios e realizar o crédito, a PJ é reconsiderada.

A desconsideração não pode ser feita ex oficio, sendo necessário

requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir. A desconsideração só pode ocorrer quando houver desvio de finalidade

ou confusão patrimonial. A desconsideração só pode ir até o limite da responsabilidade do sócio

na administração. É possível a desconsideração sucessiva de pessoas jurídicas, bem como

a inversa (adentrar o patrimônio da PJ por dívida do sócio como pessoa física). A inversa já foi admitida pelo STJ.

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3. ASSOCIAÇÕES (ARTS. 53/61)

As associações não podem ter fins econômicos, sendo união de pessoas que se organizam para fins não econômicos.

Não há hierarquia, nem direitos recíprocos entre os associados, a teor do

art. 55, salvo disposição estatutária em sentido contrário. A qualidade de associado, salvo disposição em contrário no estatuto, é

intransmissível, se extinguindo com a morte. Assim, não é possível é possível transferir por contrato inter vivos ou sucessão.

Não é possível a exclusão do associado sem justa causa,

imotivadamente (art. 57). É necessária a instauração do procedimento administrativo, garantindo ao associado os direitos à ampla defesa e ao devido processo administrativo. O estatuto deve prever os termos desse procedimento.

As associações têm legitimidade ativa para ajuizar usucapião coletiva e

ação civil pública. Ninguém é obrigado a se associar ou se manter associado. EXTINÇÃO DA ASSOCIAÇÃO: quando a sociedade é extinta, o

remanescente do seu patrimônio líquido é destinado à entidade sem fins econômicos designada no estatuto ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição de fins idênticos ou semelhantes (art. 61).

Antes dessa transferência, deverá vender seus bens e ratear o valor para

pagar aos associados o que eles investiram (proporcionalmente). Quorum deliberativo: maioria simples.

4. FUNDAÇÃO I - FINALIDADES: a fundação deve ter finalidade religiosa, assistencial,

cultural ou moral (art. 62). Com base no art. 67, é defeso à fundação alterar a finalidade

originariamente estabelecida. II – CRIAÇÃO: 1ª FASE: instituição por testamento (causa mortis) ou escritura pública

(inter vivos), não podendo ser por simples contrato. 2ª FASE: elaboração do estatuto no prazo de 180 dias, ou o MP o fará.

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3ª FASE: encaminhar ao MP para aprovação. Caso não aprove, o juiz

poderá suprir, mas, se aprovar, irá para registro. 4ª FASE: registro no órgão competente. III - EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO: Na fundação não haverá rateio de valores com sua extinção. Extinta a

fundação, seu patrimônio será incorporado a outra fundação (determinada pelo juiz) com igual ou semelhante fim, salvo disposição em contrário no estatuto.

Quorum de deliberação da assembléia: 2/3 (art. 67, I). O curador das fundações é o Ministério Público, conforme disposto no

art. 66 do CC. Caso a fundação se estenda por mais de um estado, o MP de cada uma deles velará pela parte que lhe couber.

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. §1º (Dispositivo declarado inconstitucional por força da ADI 2794/06)16 § 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.

DOMICÍLIO

1. TERMINOLOGIAS

Domicílio não se confunde com residência. O domicílio é, em regra, mais amplo que a residência. O domicílio é composto por dois elementos: a residência (objetivo) e o animus de permanecer (subjetivo). Extraordinariamente, pode haver domicílio sem residência (ex: o domicílio do andarilho é o local onde este se encontrar.

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.

Habitação: é um direito real e uso gratuito do imóvel.

Moradia: direito constitucional social, que se caracteriza, por exemplo, pela impenhorabilidade.

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2. TEORIA DO DOMICÍLIO PLURAL E ALTERAÇÃO DE DOMICÍ LIO

A pessoa pode ter mais de um domicílio, sejam estes civis ou

profissionais, sendo considerado qualquer um deles. É a teoria do domicílio plural.

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único - Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

É possível alterar o domicílio com a mudança da residência e do animus,

mas a simples alteração da residência não altera, por si só, o domicílio. A alteração de domicílio pode ser expressa ou tácita (ex: informação de mudança de endereço para recebimento de contas).

Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único - A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

3. DOMICÍLIO OBRIGATÓRIO

O domicílio da PJ de direito privado é o lugar onde funcionar a sua diretoria, salvo disposição em contrário no estatuto. As pessoas jurídicas de direito público terão domicílio conforme disposto no art. 75 do CC.

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no

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tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

Algumas pessoas têm domicílio obrigatório, quais sejam: o incapaz (dos

pais, do representante ou do assistente), o servidor público (lugar em que exercer suas funções), militar (onde servir), militar da Marinha ou Aeronáutica (sede do comando a que estiver diretamente subordinado, marítimo (onde navio estiver matriculado), o preso (onde cumprir sentença).

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único - O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

Marítimo não se confunde com marinheiro. O marítimo é o empregado (celetista), já o marinheiro é o militar (estatutário). O marítimo tem domicílio onde estiver matriculado o navio e o marinheiro onde estiver a sede do seu comando direto.

O incapaz tem domicílio onde estiver seu representante ou assistente. O preso tem domicílio no local onde cumprir a pena.

4. DOMICÍLIO CONTRATUAL

O domicílio contratual trata da possibilidade de as partes convencionarem o foro, é o denominado foro de eleição, e está previsto no art. 78 do CC.

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

ATENÇÃO! Há possibilidade de o juiz, de ofício, declarar a nulidade da

cláusula de eleição de foro nos contratos de adesão, a teor do artigo 112 do CPC. De acordo com o art. 114, o juiz só pode declinar a competência relativa até a citação, seja por iniciativa da parte ou de ofício. Assim, caso não ocorra antes da citação, prorroga-se a competência.

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BENS JURÍDICOS

1. CONCEITO

É a cristalização de um valor, podendo ser corpóreo ou incorpóreo, móvel ou imóvel.

2. BENS MÓVEIS E IMÓVEIS

A sucessão aberta é bem imóvel, assim como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

A energia elétrica dotada de valor econômico é bem móvel.

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84 . Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

O acessório segue a sorte do principal, logo, a telha retirada de uma

casa para depois ser recolocada é bem imóvel. Entretanto, a comprada é bem móvel, enquanto não for empregada, não perde a característica de móvel. Não deixa de ser imóvel a edificação que, separada do solo sem perder sua unidade, for removida para outro lugar.

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3. UNIVERSALIDADE E PERTENÇAS

A universalidade pode ser: a) De fato: consiste na pluralidade de bens singulares que, pertencendo

à mesma pessoa, tenham destinação unitária em razão da vontade desta(ex: rebanho, biblioteca);

b) De direito: é a lei que torna o bem indivisível, coletivizando bens que,

em tese seriam divisíveis (ex: massa falida, herança).

Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único - Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas

PERTENÇAS: bens que, não sendo parte integrante, se destinam, de

modo duradouro, ao uso, serviço, ou aformoseamento de outro. Os negócios jurídicos referentes aos bens principais não abrangem as pertenças, salvo disposição legal, convenção sãs partes ou circunstâncias do caso.

BENFEITORIA: é um produto artificial, construído pelo ser humano. As

benfeitorias seguem a sorte do bem principal (princípio da gravitação). Não são consideradas benfeitorias os melhoramentos e acréscimos não decorrentes da vontade do proprietário, possuidor ou detentor. Pode ser de três tipos:

a) Voluptuárias: para mero deleito e não aumentam o uso do bem,

apesar de torná-lo mais agradável e de maior valor; b) Úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem; c) Necessárias: precisam ser feitas para conservar o bem ou evitar que

estes se deteriorem. FRUTO: o fruto é natural.

Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.

4. BENS PÚBLICOS (ARTS. 98/103)

a) De uso comum: bens públicos afetados ao uso geral do povo (ex: mar, praças, meio ambiente ecologicamente equilibrado);

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b) De uso especial: afetados à serviço público (ex: sede de um órgão); c) Dominicais: desafetados, não tendo uma destinação específica. Os bens afetados podem ser desafetados, basta que seja retirada a sua

destinação. Cabe ressaltar que o desuso não gera a desafetação. Os bens desafetados podem ser afetados, basta que se dê uma destinação a estes.

Os bens dominiais são desafetados, sendo de propriedade do erário,

mas não são destinadas a nenhum fim específico (ex: terra devoluta). Os bens especiais e de uso comum não podem ser alienados, apenas os

dominicais, desde que haja autorização específica. Caso um bem de uso comum ou uso especial seja desafetado, perdendo assim sua destinação e se tornando desafetado, poderá ser alienado.

O uso dos bens públicos pode, em regra, ser tarifado, com base no art.

103 do CC.

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Os bens públicos não são suscetíveis de usucapião.

FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO

1. FATO JURÍDICO É tudo aquilo que for relevante para o direito, que acarrete

conseqüências jurídicas. O fato jurídico pode ser: a) Ilícito (arts. 186 e 187); b) Lícito: o fato jurídico lícito pode ser dependente ou independente da

vontade humana para acontecer. Os que independem da vontade humana se dividem em naturais

(maioridade, morte) e extraordinários (caso fortuito, força maior). Os que dependem da vontade humana se dividem em ato jurídico, negócio jurídico e ato-fato jurídico.

O ato jurídico propriamente dito (em sentido estrito) depende da vontade

humana, porém, não há possibilidade de negociação de condições, devendo o sujeito aderir ou não (ex: concurso público).

No negócio jurídico há a possibilidade de negociação das condições, havendo autodeterminação da vontade.

Ato-fato jurídico é aquele celebrado por incapaz, mas que se considera válido por não gerar grandes repercussões e ser aceito pela sociedade.

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2. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO

É possível declarar a nulidade da simulação, mas conservar o negócio

jurídico que possa ser recategorizado, ou seja, se o negócio jurídico nulo contiver requisitos de outro negócio jurídico, subsistirá este quando o fim que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

O art. 12 prevê a hipótese de ratificação de negócios jurídicos nulos ou

anuláveis ao dispor que estes podem ser confirmados pelas partes.

3. PRINCÍPIO DA FORMA LIVRE

A validade da declaração da vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei exigir. Nessa hipótese, a forma poderá ser escrito ou solene (ex: necessidade de escritura pública). Caso a forma solene não seja atendida haverá a nulidade do ato.

4. INTERPRETAÇÕES DO NEGÓCIO JURÍDICO

O silêncio importa a anuência, mas apenas quando as circunstâncias ou usos o autorizarem e não for necessária a declaração expressa de vontade. Ou seja, em regra, quem cala não consente.

Deve-se atender a real intenção das partes, valendo esta mais do que o

que está consubstanciado no papel. Na declaração de vontade, observa-se de fato a vontade das partes e não a interpretação literal.

A renúncia deve ser interpretada de forma restritiva, entretanto,

excepcionalmente, pode haver renúncia tácita (ex: renúncia à prescrição de dívida). Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os

usos e costumes do lugar da celebração.

5. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

AUTO-CONTRATO (art. 117): é um negócio jurídico anulável, em regra. Esse tipo de contrato só é válido com a autorização expressa na

procuração ou autorização legal. O prazo para anular é de 02 anos, de acordo com o art. 179 do CC.

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Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único - Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

6. PRAZOS

O art. 179 estabelece que, quando a lei dispuser sobre ato anulável e não estabelecer prazo para pleitear anulação, este será de dois anos.

O art. 178 prevê o prazo de 04 anos (prazo decadencial) para pleitear a

anulação do negócio jurídico quando houver defeito do negócio ou ato de incapaz.

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

7. ELEMENTOS ACIDENTAIS I – CONDIÇÃO: FUTURO + INCERTO – “SE”. A condição pode ser

suspensiva, quando o negócio jurídico fica pendente, ou resolutiva, na qual o negócio jurídico é extinto.

II – TERMO: FUTURO + CERTEZA – “QUANDO”. III – ENCARGO: FUTURO + ÔNUS – “DESDE QUE”. Na condição suspensiva, o direito não é adquirido de imediato, ao passo

que os demais elementos acidentais geram direito adquirido.

8. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (anulabilidade do a to)

I – ERRO: é um vício no consentimento da pessoa, sendo uma visão distorcida da realidade, e um pressuposto negativo de validade.

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Erro e ignorância são tratados da mesma forma pela legislação,

entretanto, não são a mesma coisa. A ignorância é o total desconhecimento e também é um pressuposto negativo de validade.

Erro escusável: erro perdoável, que qualquer pessoa com diligência

normal poderia incorrer. Erro grosseiro: quase ninguém cometeria, logo, não gera a anulabilidade do negócio. Excepcionalmente, o STJ entende que isso deve ser analisado no caso concreto, assim, tendo em vista os princípios da confiança e da boa-fé, o negócio poderá ser anulado por erro grosseiro.

O erro, para gerar a anulabilidade do ato, precisa ser substancial (interferir diretamente na realização do negócio), logo, o erro acidental não gera a anulabilidade, mas apenas o direito a indenização (no máximo).

O erro pode ser de direito (art. 139 do CC, III), gerando anulabilidade. O

erro de cálculo só enseja a sua correção. Erro não se confunde com vício redibitório, tendo em vista que o primeiro é um problema interno (na pessoa) e o segundo é um problema na coisa.

ESPÉCIES DE ERRO: a) Erro do negócio: b) Erro de pessoa: c) Erro de direito: anula o negócio desde que não implique em

resistência à norma. d) Erro de cálculo: não interfere no negócio e não gera anulabilidade. A exposição da vontade por pessoa interposta gera as mesmas

conseqüências da manifestação direta. II – DOLO: o dolo precisa ser substancial para gerar a anulabilidade, ou

seja, o dolo precisa ser imprescindível para a realização do negócio. O dolo absorve o erro, haja vista que leva, dolosamente, a pessoa a incorrer em erro.

O dolo incidental gera, no máximo, indenização, posto que sem ele o

negócio seria realizado de qualquer forma. O dolo pode ser comissivo ou omissivo. O dolo omissivo é diferente da

reserva mental, posto que esta não é punível, haja vista que é interior. A única hipótese de a reserva legal gerar conseqüências ocorre quando o destinatário tinha conhecimento dela.

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

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O dolo de terceiro pode ou não anular o negócio jurídico. Esse tipo de

dolo anulará o negócio quando a pessoa tinha conhecimento do dolo ou dele se aproveitou.

III – COAÇÃO: A coação pode ser vis absoluta, que ocorre quando há

agressão, retirando totalmente a vontade do indivíduo, gerando a inexistência do ato e não a anulabilidade.

A coação vis compulsiva ocorre quando a vontade é viciada por questões

morais, religiosas etc. Não é física ou absoluta e gera anulabilidade. A coação gera fundado temor de dano iminente e considerável à pessoa,

sua família ou seus bens. Precisa ser substancial. A coação pode ser direta – na pessoa – ou indireta – na família. O simples temor reverencial não gera anulabilidade, assim como o

exercício regular do direito. IV – ESTADO DE PERIGO: o estado de perigo é subjetivo, tendo o

sujeito conhecimento da situação e gera omissão excessivamente onerosa. Logo, pressupõe o conhecimento de quem aproveita. Assim, há dolo de aproveitamento. A desproporcionalidade das prestações deve ser analisada com base nos valores vigentes à época do negócio

. O art. 157, parágrafo 2º, também se aplica ao estado de perigo por

entendimento doutrinário manso e pacífico. V – LESÃO: o critério é objetivo, não importando a existência de dolo de

aproveitamento, mas a apenas a prestação desproporcional. Assim, na lesão, basta que haja o desequilíbrio entre prestação e contraprestação.

A lesão é pressuposto de validade e deve ser analisada com base no

tempo da celebração, ao passo que a onerosidade, ao passo que a onerosidade é pressuposto de eficácia (não gera anulabilidade), sendo superveniente.

VI – FRAUDE CONTRA CREDORES: Ação pauliana (ou revocatória) é

própria da fraude contra credores e tem por objetivo anular o negócio jurídico realizado entre o devedor insolvente e terceiro. É uma espécie de ação ordinária.

O indivíduo precisa ser credor de dívida líquida, certa e exigível

(vencida). Caso o negócio gere insolvência, será anulável, caso não gere, o

negócio será válido.

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Não há necessidade do concilium fraudis, ou seja, as partes não

precisam ter se unido com objetivo de fraudar. O bem protegido na fraude contra credores é o patrimônio do devedor, já

na fraude à execução, o bem protegido é o regular andamento do processo. A fraude a lei imperativa (gera nulidade e não anulabilidade), que também é pressuposto de validade, ocorre quando há afronta a lei de ordem pública.

FRAUDE À EXECUÇÃO: A fraude à execução pode ser inibida de ofício

pelo juiz e ocorre durante o processo, após a citação do devedor. AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO Tal ação é imprescritível e não se convalida com o decurso do tempo

(art. 169 do CC). A nulidade absoluta gera efeitos erga omnes, ou seja, se estende a todos. Assim, a nulidade absoluta pode ser alegada por qualquer interessado ou pelo MP, quando lhe couber intervir. A nulidade absoluta pode ser declarada de ofício pelo magistrado, não podendo este supri-la.

AÇÃO DE ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

São decadenciais, sendo o prazo de, em regra, 04 anos (art. 179 do CC)

para relativamente incapazes e defeitos do negócio jurídico. Excepcionalmente, o prazo será de 02 anos (art. 179 do CC) ou prazo específico previsto esparsamente em lei (ex: art. 119).

A anulação tem efeito inter partes e não pode ser declarada de ofício

pelo juiz. Enquanto a sentença não transitar em julgado, a anulabilidade não gera efeitos (art. 177). Só podem alegar os interessados e só aproveita quem alegar.

AÇÕES CONDENATÓRIAS

As ações condenatórias não se confundem com as supracitadas e têm

por objetivo uma obrigação. Prescrevem nos prazos previstos entre os artigos 205 e 206 do CC.

Com a lesão, que nasce da violação de direito, nasce a pretensão de

reparação (art.189). A regra geral é a do art. 205, que é de 10 anos, e o art. 206 prevê os prazos específicos. Tudo que estiver fora desses artigos é prazo decadencial.

DIREITOS REAIS

1. RELAÇÃO REAL Ao contrário da relação obrigacional, que se refere às pessoas, gerando

efeitos inter partes, o direito real incide sobre as coisas e tem efeito erga omnes.Os direitos reais são tipificados no CC (números clausus - art. 1.225 do CC), dotados de publicidade (que se dá através do registro).

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Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;23 XII - a concessão de direito real de uso.24

Assim, são características dos direitos reais: a) Incide sobre coisas; b) Efeito erga omnes; c) Tipificados ( números clausus – art. 1225 do CC); d) Registro; e) Publicidade (se dá através do registro). Entre as relações de direito pessoal e direito real, existem as figuras

híbridas, que mesclam características de ambas (ex: obrigação com eficácia real tem registro e publicidade; obrigações propter rem ou ambulatórias não aderem a pessoas, mas sim a coisa).

Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;23 XII - a concessão de direito real de uso.24

2. POSSE Apesar de não estar na lista do art. 1.225, a posse está no rol de direitos

reais. Posse é um direito autônomo, diferente de propriedade, e representa/expõe o direito de propriedade.

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De acordo com a teoria clássica de Savigny, que é subjetiva, para ser

considerado possuidor é necessário juntar dois elementos, quais sejam: animus (de ter o bem) e corpus (o próprio bem). Com base nessa teoria, aquele que tem o corpus, mas não o animus é o detentor. Posse = corpus + animus.

Após, surgiu a teoria de Ihering, que é objetiva, que defende que para ter

a posse, basta que se tenho o corpus, ou seja, basta que a pessoa esteja com o objeto para ser considerado possuidor. Essa é a teoria adotada pelo direito brasileiro, o que se depreende do art. 1.196 do CC. Para Iehring, a detenção (fâmulo da posse) só existe quando prevista em lei e, nessa situação não corre a posse, ou seja, não pode justificar uso capião. POSSE = CORPUS.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único - Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

I – CLASSIFICAÇÕES DA POSSE.

A) DIRETA OU INDIRETA : A posse pode ser direta, quando a pessoa está diretamente ligada ao bem, ou indireta, quando a pessoa está juridicamente/indiretamente ligada ao bem. Todo proprietário tem, necessariamente, a posse indireta. Só existe uma posse direta, mas podem existir mais de uma posse indireta.

B) BOA-FÉ E MÁ-FÉ: A posse também se classifica em de boa-fé, que é adquirida sem que se tenha conhecimento dos vícios, e de má-fé, ocorre quando o possuidor tem conhecimento do vício. A citação transforma o possuidor de boa-fé em possuidor de má-fé.

C) NOVA E VELHA : A posse também pode ser classificada, quanto ao seu tempo, em posse nova (adquirida ou perdida a menos de um ano e um dia) ou posse velha (perdida ou adquirida a mais de ano e um dia). Isso reflete na esfera processual, posto que, havendo posse nova, haverá o direito a liminar possessória (em benefício do possuidor indireto) e na posse velha não há esse direito. A usucapião é uma punição do sistema ao possuidor (indireto) inerte, sendo a perda propriedade em razão da inércia. Prescrição aquisitiva é sinônimo de usucapião, posto que se adquire em razão do decurso do tempo em inércia.

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D) JUSTA E INJUSTA : A posse pode ser justa ou injusta, sendo a

primeira adquirida dentro dos ditames legais (através de um contrato) e a segunda adquirida através de violência, clandestinidade (escondida) ou precariedade (há quebra da confiança jurídica). A posse precária não convalesce, ou seja, não há prazo de detenção até se iniciar a posse, se iniciando ela no primeiro dia da quebra de confiança jurídica. Enquanto durar a clandestinidade, ou seja, enquanto o proprietário não toma conhecimento, e a violência não há posse, mas sim detenção, logo, não se conta prazo possessório para usucapião.

II - POSSE E BENFEITORIAS. A benfeitoria é todo acréscimo feito no bem principal que vise conservar

(necessárias), melhorar (úteis) ou aformosear (voluptuárias). Todas essas benfeitorias se submetem ao princípio da gravitação, posto que se vinculam ao bem principal. Essa classificação da benfeitoria deve ser analisada com base no caso concreto, não havendo conceitos objetivos (ex: piscina em clube de natação é necessária, mas numa casa é voluptuária).

O possuidor de boa-fé tem direito a indenização e retenção em

decorrência das benfeitorias úteis e necessárias, mas, no caso das benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé poderá levantá-las, desde que não estrague o bem principal (ex: quadros). Quanto ao possuidor de má-fé, este só será indenizado pelas benfeitorias necessárias e não terá direito de retenção. A indenização do possuidor de boa-fé é o valor atual da benfeitoria, ou seja, se esta foi feita em 2008, a indenização será feita com base no valor de 2010. No caso do possuidor de má-fé, a indenização será feita com base no valor da época ou do atual, o que fica a escolha do indenizador.

III – POSSE, FRUTOS E PRODUTOS.

Fruto é todo bem acessório que, quando retirado do bem principal, não afeta a substância deste. Os frutos podem ser naturais (surgem sem intervenção humana), industriais (surgem por intervenção humana) e civis (surgem do rendimento – ex: alugueres, renda de poupança). Os frutos podem ser: pendentes (ainda vinculados ao bem principal), percebidos (desvinculado ao bem principal), percipiendo (ainda vinculado ao principal, mas já está estragado), estante (fruto desvinculado, colhido, mas está guardado) e consumido (desvinculado e consumido). O produto é todo bem acessório que, quando retirado do bem principal, afeta sua substância.

O possuidor de boa-fé fica com os frutos percebidos, os frutos estantes e não indeniza os percipiendos. Caso o possuidor seja de má-fé, deverá devolver ou indenizar os percebidos e os estantes e indeniza os percipiendos.

Os frutos colhidos por antecipação deverão ser indenizáveis pelo possuidor de boa-fé ao tempo em que este se transformar em de má-fé.

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Os frutos civis são colhidos dia-a-dia, independentemente do período e

da data de pagamento estabelecidos. Logo, o possuidor de boa-fé, ao passar a ser de má-fé, ficará com os frutos colhidos enquanto durar a boa-fé.

2.1. INTERDITOS POSSESSÓRIOS

O interdito possessório pode ser de três espécies: reintegração possessória, manutenção de posse e interdito proibitório. O interdito possessório é gênero do qual o proibitório é espécie.

Os interditos possessórios são fungíveis, ou seja, caso se proponha um interdito proibitório e se inicie a turbação, o juiz julgará como se fosse uma reintegração possessória, não sendo necessária uma nova ação.

A ação possessória tem caráter dúplice, haja vista que aceita pedido contraposto.

Nos interditos possessórios não se faz necessária a autorização do cônjuge, ao contrário das demais ações reais. Por isso, alguns autores entendem que a posse não é direito real, entretanto, esse não é o entendimento majoritário.

ATENÇÃO!!! A ação de imissão na posse não existe no CPC, tendo sido extinta, entretanto, é utilizada até hoje. Essa ação não faz parte dos interditos possessórios, logo, não é fungível, não é ação dúplice e precisa da autorização do cônjuge. A imissão na posse deve ser utilizada quando o proprietário não tem, e nunca teve, a posse do bem e visa obtê-la.

I – ESBULHO: ocorre quando a pessoa foi expulsa da sua posse. Nesse caso, a medida processual cabível será a reintegração possessória.

II – TURBAÇÃO: ocorre quando a pessoa tem sua posse limitada, sendo cabível a ação de manutenção da posse.

III – AMEAÇA: quando o possuidor é ameaçado na sua posse deve ser

intentada a ação de interdito proibitório (diferente de possessório). 3. USUCAPIÃO

É necessário que haja autorização do cônjuge e a citação de todos os usucapiandos (e seus cônjuges) pelo usucapiente (autor da ação). É preciso que seja intimada também a Fazenda Pública e a participação do Ministério Público.

A usucapião extraordinária é a mais genérica, logo, é subsidiária.

Atos emulativos são aqueles que causam dano e não trazem qualquer benefício.

A propriedade do solo, de acordo com a art. 1.230, não abrange as jazidas, as minas, os recursos arqueológicos, petróleo, cataratas etc. Por isso há indenização (royaltes) pela exploração de petróleo ao estado produtor.

Justo título é o documento hábil a transferir a propriedade caso não seja viciada.

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EXTRAORDI

NÁRIA

ORDINÁRI

A

ESP.

RURAL

ESPECIAL

URBANO

ESP.

URBANA

COLETIV

A

POSSE

MANSA E

PACÍFICA

X

X

X

X

X

ESPAÇO

DE TEMPO

15 ANOS

FUNÇÃO

SOCIAL: 10

ANOS

10 ANOS

FUNÇÃO

SOCIAL:

05 ANOS

CINCO

ANOS

CINCO

ANOS

CINCO

ANOS

BOA-FÉ E

JUSTO

TÍTULO

NÃO

PRECISA

X

NÃO

PRECISA

NÃO

PRECISA

NÃO

PRECISA

ÁREA

NÃO HÁ

ESPECIFIC

AÇÃO.

NÃO HÁ

ESPECIFI

CAÇÃO.

50

HECTARE

S

- DE 250

METROS

QUADRAD

OS

+ DE 250

METROS

QUADRA

DOS

FUNÇÃO

SOCIAL

INTERFERE

NO PRAZO.

INTERFER

E NO

PRAZO

NECESSÁ

RIA

NECESSÁR

IA

NECESSÁ

RIA

ZONA NÃO HÁ

ESPECIFIC

AÇÃO

NÃO HÁ

ESPECIFI

CA-ÇÃO

RURAL

URBANA

URBANA

PROIBIÇÕ

ES

-----------------

------------

NÃO

PODE

SER

PROPRIE

TÁ-RIO DE

OUTRO

IMÓVEL

NÃO PODE

SER

PROPRIET

ÁRIO DE

OUTRO

IMÓVEL

NÃO

PODE

SER

PROPRIE

TÁRIO DE

OUTRO

IMÓVEL

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Na modalidade de bens móveis, só existem duas possibilidades de usucapião, quais sejam: ordinária e extraordinária. Os requisitos são os mesmos, entretanto, na extraordinária o tempo será de cinco anos e a ordinária em três anos.

O bem móvel furtado ou roubado pode ser adquirido por usucapião na modalidade extraordinária se não houver a notícia crime.

3. PROPRIEDADE

O direito de propriedade é exclusivo, ou seja, cada bem só pode ter um direito de propriedade. Entretanto, esse direito de propriedade pode ser exercido por mais de uma pessoa.

O direito de propriedade abrange os direitos de uso, gozo, disposição e reaver, mas estes podem ser dispostos pelo proprietário, sendo a propriedade elástica.

O direito de propriedade é inerente ao bem, aderindo este, o que gera o jus persequandi ou direito de seqüela, que o direito que o proprietário tem de perseguir o bem.

Assim, o direito de propriedade tem as seguintes características:

a) Elástico: possibilidade de repartir os direitos em relação ao bem; b) Exclusivo; c) Inerente; d) Eterno: uma vez inserido, continua vinculado ao bem até que alguém

pratique uma conduta ativa. Assim, não se perde a propriedade pelo desuso.

A aquisição da propriedade de imóveis deve ser feita através de registro no cartório de imóveis, só ocorrendo a transferência da propriedade a partir desse momento. Assim, o registro tem natureza jurídica constitutiva.

O art. 108 do CC afirma que, para imóveis com valor inferior a 30 salários

mínimos é dispensada a realização de escritura pública, podendo ser apenas um contrato particular, o que não dispensa o registro, que é sempre necessário para a propriedade.

NEGOCIAÇÃO � ESCRITURA PÚBLICA �REGISTRO�PROPRIEDADE

A escritura pública é um contrato feito pelo tabelião, pelo poder público.

O registro gera presunção relativa de propriedade, ou seja, se admite prova em contrário. Entretanto, há o registro torrens, que gera presunção absoluta, haja vista que é um procedimento judicial e não realizado apenas no cartório, só sendo registrada a sentença neste (esse registro gera presunção absoluta. O sistema torrens só se aplica aos territórios rurais. Assim, é correto afirmar que existe presunção absoluta de propriedade.

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Na aquisição de propriedade por usucapião o registro tem efeitos

meramente declaratórios, posto que a sentença já terá constituído o direito.

I - MATRÍCULA ≠ REGISTRO ≠ AVERBAÇÃO

MATRÍCULA: certidão de nascimento do imóvel, sendo o número originário do imóvel. Cada imóvel tem apenas uma matrícula, mas cada vez que este mudar de titularidade, haverá um novo REGISTRO. A AVERBAÇÃO é um acréscimo que se faz ao registro e serve especificar o imóvel, tendo por objetivo descrevê-lo e diferenciá-lo dos demais. Quando houver uma alteração no imóvel, esta deverá ser averbada (ex: puxadinho).

II – SUPERFÍCIE SOLO CEDIT: tudo o que está em cima do solo é de propriedade do dono do solo. Entretanto, surgiu o direito de superfície, que consiste na possibilidade de o proprietário do solo ceder sua superfície para construção de propriedade de outra pessoa. Precisa ser por escrito e registrado, haja vista que é uma exceção ao que costuma a acontecer. O direito de superfície sempre é temporal, ou seja, precisa haver determinação de um tempo específico de duração do contrato. Essa cessão da superfície pode ser onerosa ou gratuita, havendo, no primeiro caso, o recebimento do solarium (valor percebido em retribuição à cessão da superfície). O direito de superfície não é algo pessoal, incide sobre o bem, logo, é transferido para os herdeiros, só sendo este extinto pelo término do prazo, desvio de finalidade e desapropriação. Caso o proprietário do solo decida vendê-lo deverá ser observado o direito de preferência.

III – DESCOBERTA: ocorre quando uma pessoa perde o bem e outra o encontra. Acontecendo a descoberta, deve ser procurado o dono e, caso não o encontre, deve ser entregue à autoridade competente. Essa autoridade expedirá edital por 60 dias. Após esse prazo, se o dono não se manifestar, o bem passa a ser de propriedade pública e irá parta hasta pública. D valor arrecadado pelo hasta pública será dado 5% do valor à pessoa que achou, sendo esse valor chamado de achádego. Caso esse achádego não seja pago, haverá direito de retenção. Essa é uma hipótese de aquisição da propriedade.

IV - ACESSÃO NATURAL: pode se dar em razão da formação de ilhas, aluvião, avulsão e abandono de álveo. A acessão é uma forma de aquisição de propriedade e todas as suas hipóteses ocorrem em decorrência da atividade natural de um rio.

O aluvião ocorre com o acúmulo gradativo e imperceptível de uma porção de terra à propriedade. A doutrina divide o aluvião em própria (rio vem trazendo detritos e os acumulando) e imprópria (rio vai desviando seu nível, assoreando e descobrindo a área de terra e não acumulando detritos). Esse é lento, ao passo que a avulsão é violenta.

O avulsão ocorre por conta de uma violenta tromba de água que muda o trajeto do rio, gerando o ganho de propriedade em uma margem e a perda em outra. Nesse caso, o proprietário que ganhou, para adquirir a propriedade sobre a nova porção de terra, indenizará o que perdeu área.

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Álveo é o fundo do rio, logo, abandono de álveo ocorre quando o rio

abandona um trajeto, trocando seu rumo e deixando o antigo abandonado.

III – ABANDONO: res derelictae é a coisa abandonada e a res nullius é a coisa sem dono. Ocupar é colocar o direito de propriedade em bem que não possui direito de propriedade. Aquisição de bem móvel.

IV – ACHADO DE TESOURO: é uma forma de aquisição da propriedade móvel. Ocorre quando a pessoa acha coisa antiga de valor da qual não se tem notícia de quem é o dono. Caso a descoberta ocorra por acaso, 50% será de quem achou e 50% do dono do terreno. Já se houve objetivo de buscar o tesouro, o dono do terreno será dono de tudo. Na hipótese de contratação para buscar tesouro, ao encontrá-lo, irá todo para o dono do terreno. 3.1. PERDA DA PROPRIEDADE

I – ALIENAÇÃO: é forma de transferência da propriedade. II – ABANDONO: ato de se desfazer da coisa; III – RENÚNCIA: pessoa abre mão do exercício do direito de

propriedade, precisando ser por escrito e registrada (erga omnes). A renúncia é irreversível.

IV – PERECIMENTO: deixando de existir a coisa, não haverá mais a

propriedade. V – DESAPROPRIAÇÃO.

OBSERVAÇÃO: O direito de vizinhança é o uso anormal da propriedade que afeta segurança, saúde ou sossego. Não gera necessidade de propriedades contiguas, haja vista que tem coisas que afetam não só quem está na unidade contigua, mas sim os arredores. No direito de vizinhança a responsabilidade civil é objetiva. Para abrir uma janela, é preciso que seja observada uma distância de 1,5 metros para o muro do vizinho, mas caso a janela seja perpendicular essa distância será de 0,75 metros. O STF editou uma súmula para essas janelas, preservando assim a privacidade. Caso isso não seja obedecido deve ser proposta uma ação de nunciação de obra nova, que tem por objetivo construções em andamento, posto que, caso já esteja encerrada, será uma ação demolitória.

Passagem forçada é uma obrigação legal de tolerância de passagem de um imóvel para o outro em razão de encravamento. Nesse caso, será obrigada a autorização de passagem, mas é cabível indenização. Isso ocorre para o encravamento físico, mas já está sendo admitido para encravamento funcional. O CC trata de encravamento na aspecto físico, mas a doutrina e jurisprudência já aceitam a utilização da passagem forçada para encravamento funcional.

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Difere de servidão de passagem em: a) passagem forçada é determinação legal, ao passo que

servidão é decorrente de acordo entre as partes; b) passagem forçada ocorre quando há encravamento, ao

passo que na servidão de passagem não precisa de encravamento;

c) na passagem forçada há necessidade, ao passo que na servidão há a utilidade;

d) passagem forçada cessa com o fim do encravamento, ao passo que a servidão de passagem ao, só por vontade das partes.

OBSERVAÇÃO: AÇÃO DE DANO INFECTO se refere à possibilidade de sofrer danos em razão de ruína de uma obra ou imóvel. 4. DIREITOS REAIS EM COISA ALHEIA

I – USUFRUTO: cede bem a outrem e essa pessoa pode usar e colher os frutos. É personalíssimo, ou seja, se encerra com a morte do usufrutuário. É temporário, ou seja, só existe durante a vida de pessoa, tendo caráter vitalício e não eterno. Pode não ser vitalício.

Quando se trata de pessoa jurídica, o prazo máximo do usufruto é de 30

anos. II – USO: ocorre quando alguém cede apenas o direito de uso para

outrem, não sendo possível fruir. No uso, em tese, não pode perceber fruto, entretanto, caso estes sejam necessários para a sobrevivência, pode.

III – HABITAÇÃO: concessão exclusiva do direito de habitar e é sempre

gratuita.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA (ARTS. 189/211)

1. PRESCRIÇÃO

A prescrição extingue a pretensão, que é a vontade de submeter outra pessoa a uma determinada conduta (obrigação de dar, fazer ou se abster). A pretensão pode ser resistida, surgindo assim a lide.

INÉRCIA+ DECURSO DO TEMPO + PRETENSÃO = PRESCRIÇÃO

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A pretensão surge com a violação de um direito e se extingue pela

prescrição, nos prazos dos arts. 205 e 206 do CC (fora desses artigos, tudo é decadência.

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

Teoria da actio nata: com a lesão nasce a pretensão. Assim, se a

pretensão não for exercida nos prazos previstos nos arts. 205 a 206 haverá a prescrição. O prazo maior da prescrição é de 10 anos.

No art. 206 os prazos prescricionais aumentam de acordo com o parágrafo:

I – 01 ANO: pretensão dos hospedeiros etc; II – 02 ANOS: alimentos (é o único com prescrição de 02 anos); III – 03 ANOS: reparação civil; IV – 04 ANOS: tutela (é o único com prazo prescricional de 04 anos); V – 05 ANOS: honorários de profissionais liberais.

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art. 206. Prescreve: § 1º Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

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§ 3º Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5º Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

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Em tendo o pedido um pedido a natureza obrigacional condenatório,

haverá prescrição. Os prazos prescricionais não podem ser alterados pela vontade das

partes (art. 192 do CC), tendo em vista que as partes são proibidas de aumentá-los ou diminuí-los.

Entretanto, pode haver renúncia, expressa ou tácita, à prescrição (ex: pagamento de dívida prescrita), desde que esta esteja consumada.

A prescrição é matéria de ordem pública, logo, pode ser alegada pelas partes ou reconhecida de ofício (art. 219, p. 5º, do CPC – caso não se trate de direito patrimonial) a qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 193).

II – IMPEDIMENTO DO PRAZO CONSTITUCIONAL: nesse caso, o

prazo nem começa a contar. São três as causas (temas) de impedimento e de suspensão:

a) Família: não corre prazo prescricional entre marido e mulher na

vigência casamento, bem como entre tutor e tutelado e pais e filhos não emancipados (relações de subordinação). Ou seja, nas relações de família a contagem do prazo nem se inicia;

b) Interesse público: contra o militar, defendendo sua pátria, não corre prazo prescricional, bem como contra o servidor público que está fora do país a serviço do Estado;

c) Actio nata: a contagem do prazo de prescrição não corre enquanto não houver a lesão (ex: vencimento da dívida). Pendente a cláusula suspensiva, não corre o prazo prescricional. Pendendo (antes do trânsito em julgado) a ação de evicção, não corre o prazo prescricional, surgindo apenas o direito de regresso do evicto com a sentença condenatória transitada em julgado.

Evicção é a perda da coisa por decisão judicial transitada em julgado. O

art. 448 prevê que é possível alterar para mais ou para menos ou até excluir a responsabilidade pela evicção (ex: compra de relógio roubado).

Não corre prescrição contra absolutamente incapaz (art. 198, I), entretanto, corre contra o relativamente incapaz, que têm direito de regresso (art. 195). A favor dos absolutamente e relativamente corre prazo prescricional.

Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

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III – SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL: nessa situação, o

prazo se inicia e é parado, recomeçando a contar de onde parou. Ocorre quando há crime também, havendo pendência de processo penal.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

IV – INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL: o prazo começa a

contar, entretanto, é interrompido e recomeça do zero. O prazo prescricional só pode ser interrompido uma única vez. O art. 202 prevêem as hipóteses de suspensão.

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único - A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros, não

os beneficiando ou prejudicando, tendo em vista que a prescrição é um ato intuito personae. O contrário só ocorre se houver solidariedade.

2. DECADÊNCIA (arts. 207 a 211 do CC)

A decadência destrói o direito potestativo, que é o direito-poder, direito auto-executável, direito que não se submete a qualquer tipo de resistência de ninguém (ex: renunciar cargo público). O prazo decadencial não se interrompe e não se prorroga (se terminar no domingo, não se estende para a segunda).

INÉRCIA + DECURSO DE TEMPO + DIREITO POTESTATIVO = DECADÊNCIA

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

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I – LEGAL E CONVENCIONAL: Existe decadência legal e decadência

convencional (ex: prazo maior de garantia do que o previsto no CDC). A renúncia à decadência legal é nula. A decadência contratual é renunciável. O magistrado é proibido de declarar a decadência convencional de ofício, mas as partes podem alegá-la a qualquer tempo.

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

Súmula 85: a lesão de trato sucessivo se renova com o tempo. As ações decadenciais normalmente têm natureza constitutiva ou

desconstitutiva (anulatória). As ações declaratórias são imprescritíveis e não se submetem à decadência.

II – ABSOLUTAMENTE E RELATIVAMENTE INCAPAZ: a decadência

não corre contra o absolutamente incapaz, mas corre contra o relativamente incapaz. A favor destes, a decadência corre (art. 208 do CC).

OBRIGAÇÕES (ART. 233 A 420 DO CC)

1. CONCEITO

É uma obrigação prestacional de caráter patrimonial, tendo em vista que se manifesta através de uma relação subjetiva entre dois ou mais sujeitos, que são vinculados por um nexo denominado de prestação. A prestação tem como objeto um dar, fazer ou não fazer. O inadimplemento dessa relação jurídica é resolvido patrimonialmente, mediante a penhora de bens do inadimplente. 2. OBRIGAÇÃO DE DAR

I – COISA CERTA: II – COISA INCERTA:

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

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Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

III - PERECIMENTO ANTES DA ENTREGA:

Isto ocorre apenas na hipótese de obrigação de dar coisa certa não na de entregar coisa incerta, posto que o gênero não perece. Nessa situação deve-se verificar se houve culpa.

Houve culpa?

a) Não, logo, a coisa perece em face do seu dono (res perit domini). b) Sim, logo, há necessidade de indenização por perdas e danos. IV - VALORIZAÇÃO DA ENTREGA: o art. 237 determina que, havendo

valorização do bem antes da tradição, há obrigação de pagar a diferença, sob pena de desfazimento do negócio.

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único - Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

V – FRUTOS: devem ser observadas três hipóteses: a) Fruto pendente: será do credor, tendo em vista que o acessório segue

a sorte do principal. b) Fruto naturalmente colhido: nesse caso, os frutos serão do devedor

(vendedor), tendo em vista que o acessório não segue a sorte do principal, logo, como ainda não houve a tradição, o fruto naturalmente colhido será do devedor (vendedor).

c) Fruto precipitado: ocorre quando o fruto é precipitadamente colhido logo, nessa situação, o fruto será do credor (comprador). Isso ocorre, posto que o colhimento antecipado do fruto é ato ilícito.

3. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, SOLIDÁRIAS E INDIVISÍVE IS

I – ALTERNATIVAS: o objeto da prestação é alternativo, tendo o devedor a possibilidade de escolher entre uma prestação e a outra, salvo disposição em contrário. O fenômeno da concentração consiste na escolha. Caso uma das alternativas pereça, a obrigação continuará, subsistindo a outra obrigação. Caso as duas alternativas pereçam sem culpa, haverá a aplicação do res perti domini. Entretanto, se as duas perecerem por culpa, haverá indenização por perdas e danos.

A obrigação alternativa por perdas e danos pode ser sucessiva, protraída no tempo, logo, nesse caso, é possível a renovação da escolha a cada renovação da obrigação.

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Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

II – SOLIDÁRIA: A solidariedade não se presume, precisando ser prevista em lei ou da

vontade das partes. A solidariedade pode ser ativa, passiva ou mista. A solidariedade trata do elemento subjetivo da obrigação. Nesse caso, quem recebe ou paga o valor total divide, se sub-roga. A solidariedade se mantém nas perdas e danos, entretanto, a indivisibilidade se perde na conversão em perdas e danos.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

III – INDIVISIBILIDADE: Neste caso, o que importa é o elemento objetivo da obrigação, o seu

objetivo. Assim, não importa quantos são os sujeitos. Logo, deve-se verificar se a prestação é divisível ou indivisível.

A solidariedade se mantém nas perdas e danos, entretanto, a indivisibilidade se perde na conversão em perdas e danos.

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.

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4. PAGAMENTO

I – QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS – conceito mais amplo que devedor): qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, independentemente de autorização do devedor. Um terceiro não interessado também pode pagar, mas, nesse caso, deve ser em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste (autorização do devedor).

O terceiro interessado, assim como o devedor, pode se utilizar de

consignação em pagamento, além de se sub-rogar (substituir tudo) na dívida. O terceiro não interessado não se sub-rogará, tendo direito apenas ao reembolso.

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único - Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

II – A QUEM SE DEVE PAGAR (ACCIPIENS): Credor ou representante legal do credor. O credor putativo é o credor

aparente e o pagamento a este é válido, com base da teoria da aparência e na boa-fé.

III – ONDE SE DEVE PAGAR: DÍVIDA QUERABLE x DÍVIDA PORTABLE Dívida querable é dívida exigível no domicílio do devedor. A regra geral é

que a dívida é paga no domicílio do devedor. Assim, a exceção à regra geral é a dívida portable, que é exigível mesmo fora do domicílio do devedor, situação em que o devedor porta a dívida e a paga no domicílio do credor. Quando se modifica o local do pagamento reiteradamente, há renúncia tácita do cumprimento do previsto no contrato, não podendo posteriormente as partes reinvidicarem que o pagamento seja feito no domicílio do devedor.

Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

IV – QUANTO SE DEVE PAGAR: a partir do vencimento. As obrigações

tendem a ser instantâneas e, nesse caso, o pagamento será pago no momento.

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V – COMO PAGAR: paga-se em moeda nacional.

5. MORA, CLÁUSULA PENAL E ARRAS

Quem está em mora (inadimplemento parcial, atraso no cumprimento), está presumidamente em culpa. Quem está presumidamente em culpa não pode alegar caso fortuito e força maior (excludentes da responsabilidade civil).

Cláusula penal (arts. 412 e 413): a cominação imposta na cláusula penal

não pode ultrapassar o valor da obrigação principal. O juiz pode, de ofício, rever o valor da cláusula penal. A cláusula penal pode ser compensatória (quando os contratantes estipulam o valor das perdas e danos nessa cláusula – não pode ser cumulada com o pedido de perdas e danos) ou punitiva (previsão de multa, punição, para o inadimplente – pode ser cumulada com o pedido de perdas e danos). A cláusula penal é fixada no contrato, ao passo que multa diária é fixada pelo juiz.

Arras (ou sinal): é a mesma coisa da cláusula penal, porém, vem antes

do negócio jurídico. Assim, ocorre antes da celebração do negócio, sendo pago em adiantamento um sinal. As arras podem ser com arrependimento, ou seja, caso a pessoa se arrependa, o sinal ficará com o contratante, havendo assim o arras compensatório (não sendo cobradas as perdas e danos). Em não havendo a possibilidade de arrependimento, haverá um arras sem arrependimento, que equivale ao início de um pagamento, assim, nesse caso, haverá a retenção do arras, mas as perdas e danos. O arras tem que estar expresso.

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

1. PRINCÍPIOS SOCIAIS

Os princípios sociais limitam os liberais. I - FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS (ART. 421): A liberdade de

contratar será exercida nos limites da função social dos contratos. Assim, esse princípio limita a liberdade.

II – PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (ART. 422): é uma conduta que

não se preocupa com a intenção, sendo uma conduta objetvimanete esperada.

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

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III – PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL: deve haver um

equilíbrio, uma proporção, entre prestação e contraprestação. 2. PRINCÍPIOS LIBERAIS

I – FORÇA OBRIGATÓRIA: os contratos têm força obrigatória, fazendo o contrato lei entre as partes, visando a segurança jurídica do contrato. Assim, o contrato obriga, mas precisam ser obedecidos os princípios sociais.

II – AUTONOMIA PRIVADA: para ter contrato é preciso que tenha

vontade. III – CONSENSUALISMO: duas ou mais vontades para iniciar o contrato. IV – RELATIVIZAÇÃO DOS EFEITOS: o contrato obriga quem o assina.

3. CONTRATO DE ADESÃO

Nesse contrato não pode haver renúncia antecipada do aderente a direito resultante do negócio jurídico (art. 424) e, caso isso ocorra, será nula. As cláusulas ambíguas ou contraditórias devem ser interpretadas da forma mais favorável ao aderente (art. 423).

O juiz pode, de ofício, desconsiderar o foro de eleição eleito no contrato

de adesão, sendo nula essa cláusula (artigo 112, parágrao único, do CPC). Entretanto, cabe destacar que esta nulidade só pode ser declarada de ofício ou alegada pelas partes até a citação, sob pena de prorrogação da competência (art. 114 do CPC), havendo assim um sistema híbrido de nulidade.

4. FORMAÇÃO DO CONTRATO

I – SUJEITOS DA PROPOSTA: os sujeitos da proposta são o proponente (policitante) e o aceitante (oblato).

II – PROPOSTA: A proposta do contrato obriga o proponente, se o

contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias.

A proposta pode ser presencial (imediata, online) ou não presenciale. Na

proposta presencial não pode haver o arrependimento, sendo imediata. Entretanto, a proposta entre ausentes comporta o arrependimento, desde que este seja eficaz (tem que chegar antes ou no mesmo momento da aceitação). A proposta por telefone é tida como propostas entre presentes (código civil), logo, não pode haver arrependimento, não se confundindo com o direito do consumidor. No CDC há hipossuficiência do consumidor, logo, caberá arrependimento, inclusive desmotivado, no prazo de 07 dias (art. 49 do CDC).

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A oferta ao público do direito civil (ex: anúncio de jornal) não se confunde

com a do direito do consumidor (ex: anúncio da Ricardo Eletro). Na oferta ao público do direito civil, pode haver arrependimento, desde que, desde o momento da oferta, haja o registro da faculdade de arrependimento (art. 429).

III – PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO X ESTIPULAÇÃO EM

FAVOR DE TERCEIROS: Promessa de fato de terceiro ocorre quando alguém promete que um

terceiro irá fazer algo (ex: Jesus promete que Ivete Sangalo vai tocar). Nessa situação, a promessa não obriga o terceiro, exceto quando o terceiro ratifica a promessa (promitente se desobriga). Assim, a regra é que se obriga é o promitente (art. 439).

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único - Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

A estipulação em favor de terceiro ocorre, por exemplo, no seguro em

favor de um terceiro (beneficiário).

5. EVICÇÃO X VÍCIO REDIBITÓRIO

I – EVICÇÃO: Evicção é a perda da coisa por decisão judicial ou administrativa transitada em julgado. Pode acontecer evicção por hasta pública, cabendo direito de regresso contra o Estado.

É possível diminuir, aumentar ou excluir o direito de regresso, a

responsabilidade pela evicção (art. 448). II – VÍCIO REDIBITÓRIO: Vício redibitório é o vício oculto inerente à

coisa, no bem. Não se confunde com o erro, posto que neste o erro é interno, estando

na cabeça da pessoa, ao passo que no vício redibitótio o vício está na coisa. A ação utilizada no vício redibitório é a ação edilícia. Essa ação pode ser

para trocar o bem ou receber um abatimento do valor.

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6. LESÃO (ART. 157) X ONEROSIDADE EXCESSIVA (ART. 4 78)

Lesão é um defeito do negócio jurídico, logo é um pressuposto de validade e gera a anulabilidade do negócio. O prazo decadencial para anular o negócio é de 04 anos. A lesão ocorre com o nascimento do negócio.

Na onerosidade excessiva (plano da eficácia) o negócio é válido, entretanto, ocorre o desequilíbrio superveniente (plano da eficácia). Nessa situação, o negócio é válido, mas poderá ser resolvido por superveniência de onerosidade excessiva, superveniência de ilegalidade.

Isto não se confunde com a teoria da imprevisão, estando essa fora do

contrato. O Brasil adotou a teoria da onersoridade excessiva.

7. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

I – RESCISÃO: a rescisão é sinônimo de invalidade, nulidade do negócio, logo, é para os negócios nulos ou anuláveis.

II – RESOLUÇÃO: é motivada e há presença de um ilícito, logo, só pode

ser unilateral e se manifesta pela denúncia cheia. No inadimplemento há a resolução. Exemplo: onerosidade excessiva.

III – RESILIÇÃO: a resilição é imotivada e pode ser unilateral ou bilateral

(distrato). A resilição unilateral também é chamada de denúncia vazia, posto que é imotivada.

RESPONSABILIDADE CIVIL

1. POR ATO PRÓPRIO (ART. 927, CC)

A regra é a responsabilidade subjetiva (precisa apurar culpa), salvo se for atividade de risco ou por força de lei específica.

2. POR ATO DE TERCEIRO (ART. 932 e 933, CC)

Nessa situação, há responsabilidade objetiva e solidária.

O incapaz (absoluta ou relativamente) responde civilmente, mas sua responsabilidade é subsidiária a dos seus representantes e condicionada a ausência de patrimônio suficiente do devedor principal, dos pais (art. 928). Essa responsabilidade civil é independente da responsabilidade criminal (art. 935). Só há interferência do julgamento criminal quando a vara criminal disser que não há autoria ou não há existência do crime.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

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III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

3. POR FATO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA

I – FATO DA COISA (ART. 937): responsabilidade objetiva pelos danos causados por coisas caídas e atiradas.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

II – FATO DO ANIMAL (ART. 936): terá responsabilidade tanto o

proprietário quanto o possuidor.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

DIREITO FAMÍLIA

1. CASAMENTO (artigos 1.511 e seguintes)

I – CAPACIDADE NUBIL (arts. 1.517 a 1.520): a idade mínima para casar é 16 anos. Cabe destacar que, entre os 16 e os 18 anos (relativamente incapaz), a pessoa precisa de autorização dos seus pais para casar (assistência). Essa autorização pode ser suprida pelo juiz. Essa autorização concedida pelos pais é retratável até a data do casamento.

Na hipótese de gravidez, é possível que, extraordinariamente, uma menor de 16 anos case, devendo haver autorização do magistrado, que analisará o caso concreto e verificará se é cabível. Tendo em vista que o adultério não é mais crime, não cabe mais o casamento de menor de 14 para evitar a imposição de pena criminal.

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II – HABILITAÇÃO: é um procedimento administrativo, feito pelo oficial

de registro, que é a autoridade máxima competente. O oficial defere ou não o pedido administrativo de casamento, mas caso, haja impugnação, a habilitação será submetida ao juiz.

O procedimento de habilitação serve para verificar se há ou não

impedimento ao casamento (art. 1.521), obstáculo intransponível, ou causa suspensiva. O casamento de pessoas impedidas é nulo (nulidade absoluta).

Os IMPEDIMENTOS do casamento se aplicam à união estável.

São hipóteses de impedimento: a) Parentesco: excepcionalmente, é possível casar com tia ou sobrinha

se dois médicos atestarem que não há problema biológico; b) Bigamia (é crime): o único impedimento do casamento que não se

aplica a união estável, desde que haja separação de fato. Caso não haja a separação de fato, haverá o concubinato (adultério é instantâneo, ao passo que concubinato é estável). Não é possível o concubinato consentido. Não é possível doação do cônjuge adúltero em face da concubina (ato anulável pelo outro cônjuge ou pelos herdeiros, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal – art. 550). Não é possível deixar testamento beneficiando a concubina (art. 1801, III, CC). Concubina não tem direito a receber indenização por serviços domésticos prestados, posto que dar a concubina indenização é reconhecer um direito subjetivo a esta que nem o cônjuge ou o companheiro têm. Os únicos direitos da concubina são: bens comprados pelo cônjuge e a concubina são rateados entre os dois, tendo em vista o esforço comum (Súmula 380 do STF).

c) Homicídio: é um impedimento de ordem moral. Nesse caso, a pessoa tem que ter sido condenada e não apenas denunciada (ex: João matou Carlos, marido de Maria. João não pode se casar com Maria).

Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.

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Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.

O casamento, quando houver CAUSA SUSPENSIVA (transponível), é válido, mas é submetido apenas ao regime da separação obrigatória. São causas suspensivas (art. 1.523):

Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único - É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

III – ESPÉCIES DE CASAMENTO, TESTEMUNHAS E MOMENTO DO

REGISTRO: a) CASAMENTO CIVIL: o casamento pode ser civil e, nesse caso, é

gratuito. Duas testemunhas; b) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITO CIVIL: 04 testemunhas; c) CASAMENTO POR PROCURAÇÃO; d) CASAMENTO POR MOLÉSTIA GRAVE: 02 testemunhas; e) CASAMENTO EM RISCO DE MORTE: 06 testemunhas; f) CASAMENTO PUTATIVO (casamento aparente, ou seja, nulo, mas

com aparência de verdade): 02 testemunhas. Produz efeitos, até a sentença, para o cônjuge de boa-fé e para os filhos.

Em regra, o casamento precisa ter duas testemunhas (para o casal e não

para cada um), bem como o testamento. As exceções a essa regra são: (i) quando a pessoa não sabe ou não pode escrever, serão necessárias 04 testemunhas; (ii) no casamento em prédio particular (igreja, salão de festas etc) são necessárias 04 testemunhas; (iii) no casamento com risco de morte (não dá tempo de fazer habilitação etc) de um dos cônjuges são necessárias 06 testemunhas (art. 1540).

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Caso o casamento ocorra no cartório, o registro ocorrerá logo após a

celebração. Caso o casamento ocorra fora do cartório, o registro deverá ocorrer no prazo do casamento, no prazo da procuração e da habilitação. No casamento religioso com efeito civil, o prazo para registro é de 90 dias. O prazo de validade da procuração e da habilitação também é de 90 dias.

III – REGIME DE BENS: a) ALTERABILIDADE (art. 1.639, p. 2º): é possível alterar o regime de

bens durante o casamento. Entretanto, no regime de separação obrigatória, essa alteração só será possível se cessar a causa suspensiva.

O pedido para alterar o regime é direcionado ao magistrado, deve ser

feito por ambos os cônjuges e não pode prejudicar terceiros. É facultado aos cônjuges que casaram na vigência do CC/16 alterar o regime.

b) VENIA CONJUGAL (art. 1.647): em algumas situações é necessário

que haja a autorização do cônjuge para praticar ato da vida civil. Isso não ocorre quando for regime de separação absoluta de bens. O desrespeito a venia conjugal gera a anulação do ato, sendo facultado ao cônjuge pleitear a anulação do ato no prazo de 02 anos.

STJ – Súmula 332: a prestação de fiança de um cônjuge sem a outorga

do outro, acarreta a ineficácia da fiança (da garantia), mas mantém o negócio principal é mantido (exceção à regra de anulação).

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único - São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único - A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.

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c) COMUNHÃO PARCIAL (art. 1.659): é o regime que é imposto pela

norma quando ninguém escolhe o regime de bem ou quando o pacto antenupcial (escritura pública que só gera efeitos com o casamento) é nulo.

Por esse regime, os bens anteriores ao casamento se comunicam, ao

passo que os posteriores se comunicam. Os frutos se comunicam. Assim, tudo comunica, com exceção do previsto do art. 1.659:

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em subrogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

d) REGIME DA SEPARAÇÃO ABSOLUTA : a separação absoluta pode ser obrigatória (ex: maior de 60 anos) ou convencional (pacto antenupcial). Nessa situação, nada comunica, exceto os bens comprados com o esforço comum (Súmula 377 do STF). A idéia da incomunicabilidade se prorroga para o direito hereditário, assim, se um dos cônjuges morre, a herança fica toda para os herdeiros.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de sessenta anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

d) DIVÓRCIO (EC 66/2010): o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio (art. 226, p. 6º, da CF). Assim, são objetivos da EC/66: não existe mais a separação e extinguir os prazos para o divórcio. Assim, a separação foi extinta e não existe mais prazo para o divórcio. Não existe mais divórcio direto ou indireto.

Tendo em vista a irretroatividade e a segurança jurídica, as pessoas que já estão separadas judicialmente continuam separadas judicialmente, tendo que esperar correr o prazo para fazer o divórcio. Nos processos de separação que estão em curso, tendo em vista que esta não existe mais, é preciso que haja aditamento do pedido (para divórcio), sob pena de extinção do feito por perda do objeto.

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O divórcio pode ser extrajudicial (é administrativo) ou judicial (consensual

ou litigioso). O divórcio extrajudicial (por escritura pública) ocorre quando não há litígio e incapaz envolvido, situação em que é feito em um tabelionato. É possível o divórcio extrajudicial com patrocínio da Defensoria Pública. No divórcio extrajudicial pode ser feita a partilha de bens. Situações em que não é possível o divórcio extrajudicial: (i) incapaz envolvido; (ii) segredo de justiça; (iii) não ter litígio.

Havendo incapaz, é necessária a intervenção do MP, logo, precisa ser em juízo.

ALIMENTOS

1. DISPOSIÇÕES GERAIS

São reciprocamente devidos entre ascendente, descendente e colateral até segundo grau, além da esposa/marido e companheiro(a).

Não havendo nenhum desses sujeitos, o alimento não pode ser cobrado ninguém, tendo em vista que são cobrados dentro do princípio da proximidade. Com base nesse princípio, há um benefício de ordem, sendo os alimentos cobrados inicialmente aos ascendentes (pais, avós e bisavós), depois descendentes (filho, neto e bisneto) e, após, dos irmãos.

Assim, não se pode cobrar dos avós antes de cobrar dos pais. Existe

solidariedade no mesmo grau (pai e mãe, avô e avó) e subsidiariedade nos diversos graus (pai e avô).

Deve-se atender ao binômio: necessidade x capacidade.

A obrigação de prestar alimentos é intuito personae, logo, se extinguirá com a morte do credor dos alimentos. O casamento e a união estável do credor também extinguem a obrigação alimentar. A maioridade do credor, por si só, não extingue a obrigação alimentar automaticamente, só se extinguindo esta se o magistrado fixar a extinção (Súmula 358 do STJ).

Até os 24 anos de idade, milita uma presunção favorável ao credor de

alimentos, de necessitá-los. Após os 24 anos, essa presunção de necessidade de alimentos deixa de existir, precisando haver comprovação da necessidade do crédito alimentar.

A morte do devedor de alimentos não extingue o débito alimentar, posto que, com base no instituto da saisine, a morte gera a transferência imediata aos herdeiros.

Caso o cônjuge adúltero vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condição de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los.

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Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único - Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.

Pode o marido contestar os filhos nascidos de sua mulher, sendo prevista assim a ação negatória de paternidade (art. 1.601). Compete privativamente ao cônjuge ajuizar essa ação e esta é imprescritível. Entretanto, ajuizada a ação, os herdeiros podem dar seguimento a ação.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Parágrafo único - Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.

2. ALIMENTOS GRAVÍDICOS

O credor do alimento gravídico é o nascituro, mas a autora da ação é a gestante, que o faz em nome do nascituro. O prazo para contestar o pedido de alimento gravídico é de 05 dias (contado da juntada do mandado).

Caso a criança venha a nascer no curso do processo judicial de alimentos gravídicos, o processo será convertido, de ofício, em pensão alimentícia.

É possível a prisão civil pelo não pagamento de pensão alimentícia. Caso

haja dívida de muitos meses dessa pensão, o devedor poderá pagar três meses (se não tiver condições de pagar tudo) e, nessa situação, não será realizada a prisão, sendo os demais meses cobrados em ação de execução por quantia certa. Esses três meses são contados retroativamente a partir do protocolo da execução, bem como as que sucederem (Súmula 309 do STJ). 3. ALIMENTOS PROVISIONAIS E PROVISÓRIOS

Na lei de alimentos, que tem um rito especial, a liminar concedida fixa os alimentos provisórios. Os demais são provisionais, sendo esta a regra geral (ex: liminar no procedimento de ação ordinária, reconhecimento de paternidade etc).

4. FILIAÇÃO E PARENTESCO

Os filhos dentro do casamento, são presumidamente do cônjuge. Existem quatro formas de reconhecer filhos fora do casamento:

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a) Registro no termo de nascimento: essa é a forma ideal e geral,

podendo o filho ser registrado normalmente; b) Escritura pública: reconhecer, perante o tabelião, um filho fora do

casamento; c) Termo nos autos de processo judicial: é possível reconhecer filho fora

do casamento por termos nos autos de processo judicial. Pode ser no processo de reconhecimento de paternidade ou em qualquer outro processo;

d) Testamento: é possível reconhecer a paternidade no testamento. É possível reconhecer filho ainda não nascido. É possível reconhecer

filho morto fora do casamento, desde que este tenha deixado descendentes (art. 1.609).

O filho havido fora do casamento não pode ir morar na casa dos

cônjuges sem o consentimento do cônjuge traído. O filho havido fora do casamento tem que concordar com o

reconhecimento, podendo impugnar o reconhecimento de filiação no prazo de 04 anos contados da maioridade ou emancipação.

Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.

O filho concebido nos 180 dias após iniciada a convivência conjugal presume-se concebido na constância do casamento, bem como os nascidos nos 300 dias subseqüentes à dissolução da sociedade conjugal. Isso não se aplica na união estável. Há presunção é júris tantum (relativa), logo, pode haver prova em contrário.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga (mesmo material genético do homem e da mulher, do casal), mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.

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Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos

por fecundação artificial homóloga (mesmo material genético do casal), sendo presumidamente filhos do casal, ainda que falecido o marido. O mesmo ocorre na inseminação artificial heteróloga, desde que tenha havido prévia autorização escrita do marido (sob pena de haver adultério casto). Há presunção é júris tantum (relativa), logo, pode haver prova em contrário. Impotência para coito não ilide a presunção, mas a impotência para fecundar (impotência generandi), em regra, ilide. Não basta o adultério feminino para ilidir a presunção.

Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade. Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.

SUCESSÕES 1. TERMINOLOGIAS

I – SAISINE (art. 1.784): É a transferência imediata da propriedade dos bens do de cujus aos

herdeiros (qualquer um), desde a data do óbito. É uma ficção jurídica, posto que não pode haver propriedade sem dono.

II – SUCESSÃO LEGÍTIMA OU TESTAMENTÁRIO: A sucessão legítima é sem testamento e tem por sujeito os herdeiros

legítimos. Os herdeiros legítimos integram a sucessão legítima, sendo aqueles indicados no art. 1.829 (descendente, ascendente, cônjuge e colateral – nessa ordem).

O meio irmão tem meio herança (metade do que o irmão bilateral), ao

passo que o irmão germânico (bilateral) tem a herança completa. O filho da concubina é tratado pela lei como os demais.

Caso não se tenha descendente, ascendente, cônjuge e colateral, a herança vai para os sobrinhos, na falta dos sobrinhos vai para tios, na falta dos tios vai para o primo e na falta do primo vai para o município.

Os herdeiros testamentários são os que decorrem de sucessão testamentária.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

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II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.

III – LEGÍTIMA:

50% do patrimônio que é indisponível, sendo destinados obrigatoriamente aos herdeiros necessários (art. 1.845 – descendentes, ascendentes e o cônjuge – companheiro não). Todo herdeiro necessário é sucessor legítimo, mas nem todo sucessor legítimo é herdeiro necessário (ex: colateral). O limite da capacidade de testar é a existência de herdeiro necessário.

IV - HERANÇA JACENTE X HERANÇA VACANTE

Na jacência há uma situação de dúvida, ao passo que na vacância há certeza. Assim, na herança jacente, não se sabe se existem herdeiros, ao passo que na vacância há certeza de que não existem herdeiros.

Na herança jacente, esta é absorvida pelo Estado, que determinará a publicação de edital para verificar a existência de herdeiros. Em não havendo apresentação de herdeiros no prazo de um ano, a jacência será convertida em vacância, e a herança irá para o Município.

O município tem 05 anos de propriedade resolúvel, logo, se aparecer

herdeiro necessário (colateral não) nesse prazo, a herança passará para este. Passados os 05 anos sem o comparecimento de herdeiro necessário, a propriedade será definitiva.

I – INDIGNIDADE X DESERDAÇÃO:

Ambas constituem penas civis, logo, se submetem à exigência do contraditório, da ampla defesa e do trânsito em julgado. Assim, caso não seja ajuizada a ação de indignidade e deserção (são legitimados os herdeiros que se beneficiam da herança ou o MP, se houver incapaz indevido) no prazo decadencial de 04 anos não ocorrerão. Por serem penas, não ultrapassam a pessoa do réu. A deserdação (art. 1962 – hipóteses de deserdação além da testamentária) pressupõe testamento e acaba com a legítima dos herdeiros necessários, ao passo que a ilegitimidade decorre de lei e alcança todos os herdeiros.

A indignidade decorre da lei e é pra qualquer tipo de herdeiro. A deserdação decorre do testamento e é exclusivamente para herdeiro necessário, excluindo esta da herança. As pessoas indignas ou deserdadas perdem toda a herança.

2. ART. 1.829, I , CF – ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁR IA

A meação não se confunde com a herança, quem tem meação não tem herança. A meação se refere a metade do patrimônio construído no matrimônio sob o regime de bens. O meeiro pode ou não receber herança.

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O cônjuge, em certos casos, concorre com os descendentes,

dependendo isso do regime de bens. Só concorre na participação final dos aquestos ou se for casado no regime da comunhão parcial e, durante o casamento, forem adquiridos bens.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

DIREITO CIVIL 39

Vicente propôs, contra Hélder, ação de conhecimento pelo rito ordinário para a cobrança da quantia de R$ 125.000,00. O pedido foi julgado procedente e, após o exaurimento das vias recursais, a decisão transitou em julgado. Vicente, então, ingressou com pedido de cumprimento da sentença, o que ensejou a penhora de bem imóvel de propriedade do executado, avaliado em R$ 150.000,00. Intimado da penhora, Hélder ingressou, no prazo legal, com impugnação ao requerimento do cumprimento da sentença, sob a alegação de novação. A impugnação foi recebida no efeito suspensivo e, após regular processamento, foi julgado totalmente procedente o pedido do impugnante, extinguindo-se a execução. A referida decisão foi publicada, no órgão oficial, em uma quinta-feira, no dia 6 de setembro do ano de 200X. Considerando a situação hipotética acima apresentada, na condição de advogado(a) contratado(a) por Vicente, elabore a peça processual cabível à defesa dos interesses de seu cliente. Se necessário, acrescente os dados eventualmente ausentes da situação hipotética, guardada a respectiva pertinência técnica. Date a peça no último dia do respectivo prazo. Questão 1

Paulo ingressou com pedido de isenção do pagamento de matrícula correspondente ao primeiro semestre do curso de direito ministrado pela universidade pública estadual em que estuda. No requerimento, Paulo asseverou ser descabida a referida cobrança, ressaltando o teor do enunciado da Súmula Vinculante n.º 12 do STF. O coordenador do curso indeferiu o pedido, aludindo que o requerente poderia interpor, junto ao conselho universitário, recurso administrativo, cabível, na espécie. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, se Paulo poderá propor reclamação constitucional sob o fundamento de afronta a autoridade de decisão do STF, de acordo com o art. 102, inciso I, alínea l, da Constituição Federal.

Questão 2

André constituiu, como mandatário, seu irmão caçula, de 17 anos de idade, a fim de que ele procedesse à venda de um automóvel, tendo o referido mandatário realizado, desacompanhado de assistente, negócio jurídico em nome de André.

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Em face dessa situação hipotética, discorra acerca da capacidade, como mandatário, do irmão de André, explicando se é válido o negócio jurídico realizado por ele, inclusive, em relação aos direitos de terceiros.

Questão 3

Em virtude de acidente de trânsito ocorrido em 20/3/2006, Sandro ficou com graves sequelas físicas. Na ação penal proposta pelo Ministério Público, Armando, o causador do acidente, foi condenado à pena privativa de liberdade correspondente a um ano de detenção, tendo a sentença penal transitado em julgado em 5/4/2009. Nessa situação, o que Sandro deve fazer para tentar obter de Armando, já condenado na justiça criminal, a reparação civil por danos materiais? Justifique a resposta com base nas disposições pertinentes do Código de Processo Civil. Questão 4 Marcos emprestou uma casa de praia de sua propriedade a Fábio, seu amigo de infância, para ele passar as férias de verão com a família. As chaves da casa foram entregues a Fábio no início das férias, ficando acertada a restituição do bem imóvel após trinta dias. Escoado o prazo ajustado, Fábio se recusou a devolver o bem sob o argumento de que ele deveria ser reembolsado das despesas feitas com o uso e o gozo da casa, tendo direito de retenção. Marcos tentou amigavelmente a restituição do bem, não tendo obtido êxito. Nessa situação hipotética, que espécie de negócio jurídico foi realizada entre Marcos e Fábio? Justifique sua resposta, indicando a medida judicial cabível para assegurar a pretensão de Marcos e a responsabilidade de Fábio pela mora, conforme as disposições do Código Civil e do Código de Processo Civil.

Questão 5

Proposta ação de execução por quantia certa fundada em título extrajudicial, o devedor opôs embargos à execução, tendo o juiz os rejeitado liminarmente, sob o argumento de intempestividade. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação, a medida judicial cabível bem como seus efeitos.

DIREITO CIVIL 38

Marta, aos seis anos de idade, sofreu sérios danos estéticos ao receber a terceira dose da vacina antirrábica fornecida pelo Estado. Quando Marta estava com treze anos de idade, ajuizou, representada por sua mãe, ação de indenização em face do Estado, alegando que a má prestação de serviço médico em hospital público lhe teria deixado graves sequelas. Ela pediu indenização no valor de R$ 50.000,00 a título de danos materiais e outra no valor de R$ 40.000,00 a título de danos morais, e fez juntar aos autos comprovantes das despesas decorrentes do tratamento. Em contestação, a Fazenda Pública estadual alegou ocorrência de prescrição, com base no disposto no art. 1.º do Decreto n.º 20.910/1932, o qual estabelece que as dívidas passivas do Estado prescrevem em cinco anos, contados da data do ato ou do fato de que se originaram. Como entre a data do fato e o ajuizamento da demanda transcorreram sete anos, teria ocorrido a prescrição. Em primeiro grau de jurisdição, foram realizados perícia e demais atos probatórios, tendo todos atestado a ocorrência do dano e do nexo de causalidade. No entanto, ao proferir sentença, a

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autoridade julgadora acolheu a alegação de prescrição e julgou extinto o processo nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Marta, redija a peça processual cabível, abordando todos os aspectos de direito processual e material necessários à defesa de sua cliente.

Questão 1

Jaqueline requereu inventário, sob a modalidade de arrolamento de bens, em decorrência do falecimento de seu esposo, com quem era casada em regime de comunhão universal de bens. A autoridade julgadora determinou a juntada aos autos da habilitação e a representação de todos os herdeiros descendentes, tendo em vista a informação de que da união teriam nascido três filhos. Contra a referida decisão insurgiu-se a viúva, alegando que o fato de ter sido casada com o falecido, em regime de comunhão universal de bens, implicaria a exclusão de seus filhos da sucessão, de acordo com o art. 1.829, I, do Código Civil. Considerando essa situação hipotética, discorra, com base no Código Civil de 2002, a respeito dos direitos da viúva na referida sucessão, especificando se o fato de ter sido casada em regime de comunhão universal de bens exclui os descendentes da sucessão.

Questão 2

Antônio submeteu-se a uma angioplastia, no curso da qual, em caráter de emergência, tornou-se necessária a realização de procedimento para implantação de dispositivo necessário ao funcionamento da circulação cardiovascular. Em contato com a seguradora de saúde, sua esposa, Ana, obteve a informação de que seria indispensável a assinatura de termo aditivo ao contrato inicial para que o procedimento estivesse sujeito a cobertura. Em face dessa situação, Ana assinou o aludido aditivo, aceitando as condições impostas pela seguradora, inclusive no tocante ao valor da prestação mensal, o qual seria bem superior àquele que vinha sendo pago. Entretanto, mesmo após a referida assinatura, a empresa recusou-se a cobrir as despesas pertinentes ao procedimento. Em virtude disso, Antônio e Ana ingressaram com ação, sob o rito ordinário, contra a empresa de seguro saúde, visando à obtenção de tutela jurisdicional que declarasse a nulidade do termo aditivo ao contrato assinado com a empresa e o respectivo reembolso dos valores pagos pelo segurado. A propositura da ação fundou-se no argumento de que os fatos caracterizariam estado de perigo. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. Nos fatos apresentados, estão presentes os requisitos para que se configure estado de perigo? É possível a declaração de nulidade do negócio jurídico sob o fundamento de ocorrência do estado de perigo?

Questão 3

Julgado, a ressarcir os danos materiais e morais sofridos por José, de 25 anos de idade, em razão da perda dos movimentos das pernas e dos pés (incapacidade permanente, no grau de 100%) provocada por acidente de trânsito ocorrido no ano de 1991. A condenação consistiu no pagamento de prestação alimentícia no valor correspondente a três salários mínimos mensais até que José venha a completar 65 anos de idade. No ano de 2007, mãe e filho ingressaram com ação de exoneração

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do encargo com pedido sucessivo de revisão de prestação de alimentos, sob o exclusivo fundamento de que José não teria mais necessidade do recebimento do aludido valor mensal, por estar recebendo remuneração por trabalhos desenvolvidos em uma empresa. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. De acordo com os dispositivos legais aplicáveis à espécie e com a jurisprudência, somente a melhoria da situação econômica da vítima constitui elemento suficiente para autorizar a redução da prestação estabelecida na sentença? É possível a alteração da coisa julgada material quando a sentença de mérito prevê obrigação consistente em prestação continuada? Questão 4

Renata, em razão de transação realizada com Carla e firmada por seus respectivos advogados, comprometeu-se a entregar a esta, em 29/2/2009, um apartamento de dois quartos ou uma casa de um quarto com varanda, no mesmo bairro. Não houve acordo quanto a quem caberia a escolha do objeto. Dez dias antes da data avençada para o cumprimento da prestação, Carla ainda estava em dúvida sobre qual seria o melhor imóvel, enquanto Renata, que fizera pesquisa nas imobiliárias da localidade, verificou que o valor de mercado do apartamento prometido lhe seria mais vantajoso. Em face dessa situação hipotética e com vistas à solução do impasse e ao cumprimento da obrigação, indique, com a devida fundamentação legal, a natureza jurídica da obrigação contraída e a medida judicial cabível para Carla ver satisfeita a obrigação, caso Renata deixe de cumpri-la.

Questão 5

Em contrato de empreitada mista, o dono de uma obra verificou que o preço dos materiais empregados na execução dos serviços sofrera significativa queda no mercado, o que acarretou redução, no valor total da obra, superior a 12% do que fora convencionado pelas partes. Diante disso, pleiteou ao empreiteiro a revisão do preço original, de modo a garantir abatimento correspondente à redução verificada. Em resposta a tal pedido, o empreiteiro argumentou que não seria possível qualquer revisão porque a queda no preço dos materiais resultara de fenômeno sazonal e, portanto, não se apresentava como motivo imprevisível capaz de justificar o requerimento. Inconformado com a resposta, o dono da obra procurou escritório de advocacia para se informar a respeito da possibilidade de pleitear o abatimento pretendido. Nessa situação hipotética, o dono da obra tem garantia legal para pleitear o abatimento pretendido frente ao argumento apresentado pelo empreiteiro? Justifique sua resposta com base no Código Civil.

DIREITO CIVIL 37

Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de indenização por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, Gustavo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos.

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Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que Gustavo fora atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia. Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos. Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando Leonardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. A sentença foi publicada em 12/1/2009. Após uma semana, Leonardo, não se conformando com a sentença, procurou advogado. Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Leonardo, elabore a peça processual cabível para a defesa dos interesses de seu cliente.

Questão 1

Proferida sentença condenatória em desfavor de uma instituição bancária, a parte vencedora procurou o advogado que contratara para que promovesse o cumprimento da sentença, o qual constatou, ao avaliar o processo, que a sentença era ilíquida porque os dados necessários ao cálculo da importância devida estavam em poder do banco condenado. Nessa situação hipotética, qual seria a solução indicada? Fundamente sua resposta de acordo com a disciplina legal da matéria.

Questão 2

Mariana, que trabalha com grupos de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica, casou-se, após três meses de namoro, com pessoa que conhecera na faculdade. Passados quatro meses da celebração do casamento, nada perturbava a vida harmoniosa do casal, até que Mariana soube que seu marido já havia sido condenado por lesões corporais graves causadas a uma antiga namorada bem como tramitavam, contra ele, duas ações penais em que era acusado da prática de estupro e atentado violento ao pudor contra a mesma pessoa. Em razão desse fato, Mariana pretende pôr fim a seu casamento. Em face dessa situação hipotética, indique a solução jurídica adequada à pretensão de Mariana, destacando não só o direito material aplicável à espécie como também o meio adequado de encaminhamento do pedido a ser realizado. Questão 3

Rogério, em razão da necessidade de custear tratamento médico, no exterior, para o filho que contraíra grave enfermidade, vendeu a Jorge um apartamento de dois quartos, por R$ 200 mil, enquanto seu valor de mercado correspondia a R$ 400 mil.

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Jorge não tinha conhecimento da situação de necessidade do alienante e dela não se aproveitara, mas Rogério, após dois meses, com a melhora do filho, refletiu sobre o negócio e, sentindo-se prejudicado, procurou escritório de advocacia para se informar acerca da validade do negócio. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Rogério, esclareça, com o devido fundamento jurídico, se existe algum vício no negócio celebrado e indique a solução mais adequada para proteger os interesses de seu cliente.

Questão 4

Marta, microempresária, utilizou os serviços de uma oficina mecânica para reparar o veículo de sua confeitaria, o qual havia parado de funcionar durante uma entrega de bolos. Entre os fatos que a levaram a escolher aquela oficina, estava a oferta de um veículo da própria oficina para transportar os bolos até seu destino. No curso da viagem, o condutor do veículo oferecido pela oficina, por não ter observado a distância de segurança, colidiu-o contra a traseira de veículo que seguia à sua frente. Marta, então, requereu do dono da oficina a indenização correspondente à destruição dos bolos, cujo valor final apurado correspondeu a R$ 1.500,00. O dono da oficina, contudo, negou-se a indenizar os danos, ao argumento de que, em transporte gratuito, o transportador só responderia em caso de dolo ou culpa grave, situação que não se configurara, dada a culpa leve do motorista. Em face dessa negativa, Marta procurou escritório de advocacia para obter informações a respeito de seus direitos à reparação de danos. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Marta, discuta o argumento utilizado pelo dono da oficina para eximir-se da responsabilidade e indique, se for o caso, a via judicial adequada e o juízo competente para o encaminhamento do pedido de reparação de danos.

Questão 5

Teresa, em 10/11/2008, celebrou com Artur contrato, registrado no cartório competente, no qual ela prometia vender a ele seu veículo, ano 2004, na primeira semana de janeiro de 2009, sem estipulação de direito de retratação. O interesse de Artur em adquirir o veículo deveu-se à quantidade ínfima de quilômetros rodados, cerca de 1.000 por ano. Ficou acertado que Artur pagaria a Teresa o preço constante na tabela FIPE. Entretanto, na data avençada para cumprimento da obrigação, Teresa comunicou a Artur que a promessa de vender o veículo devia-se à sua intenção de adquirir um carro novo, o que ela desistira de fazer, e, por isso, o contrato estaria desfeito. Inconformado com a decisão de Teresa, Artur procurou escritório de advocacia para informar-se acerca de seus direitos. Considerando essa situação hipotética, especifique, com a devida fundamentação, o negócio jurídico celebrado entre Artur e Teresa e indique as providências que podem ser adotadas para cumprimento do contrato.

DIREITO CIVIL 36

Mauro, pedreiro, domiciliado em Salvador – BA, caminhava por uma rua de Recife – PE quando foi atingido por um aparelho de ar-condicionado manejado, de forma imprudente, por Paulo, comerciante e proprietário de um armarinho. Encaminhado a um hospital particular, Mauro faleceu após estar internado por um dia. Sua família,

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profundamente abalada pela perda trágica do parente, deslocou-se até Recife – PE e transportou o corpo para Salvador – BA, local do sepultamento. O falecido deixou viúva e um filho menor impúbere. Sabe-se, ainda, que Mauro tinha 35 anos de idade, era responsável pelo sustento da família e conseguia obter renda média mensal de R$ 800,00 como pedreiro. Sabe-se, também, que os gastos hospitalares somaram R$ 3.000,00 e os gastos com transporte do corpo e funeral somaram R$ 2.000,00. Após o laudo da perícia técnica apontar como causa da morte o traumatismo craniano decorrente da queda do aparelho de ar-condicionado e o inquérito policial indiciar Paulo como autor de homicídio culposo, a viúva e o filho procuraram um advogado para buscar em juízo o direito à indenização pelos danos decorrentes da morte de Mauro. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) procurado(a) pela família de Mauro, a petição inicial da ação judicial adequada ao caso, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes.

Questão 1

Antônio é filho reconhecido de Laura com Roberto, que faleceu e deixou outros três filhos tidos com Catarina, sua esposa. Sendo filho de uma união extraconjugal desconhecida dos demais irmãos, Antônio viu seu nome omitido das primeiras declarações realizadas pelo inventariante já nomeado para o inventário dos bens de seu pai. Antônio sabe que a partilha ainda não foi julgada e já obteve informação de que seus demais irmãos pretendem discutir a sua condição de herdeiro. Em face dessa situação hipotética, aponte a solução processual adequada ao problema da omissão do nome de Antônio nas primeiras declarações do inventário de seu pai até que se decida a questão posta, discriminando o modo de encaminhar a solução e indicando os dispositivos pertinentes no Código Civil e no Código de Processo Civil.

Questão 2

Laura propôs, na Comarca de Cabo Frio – RJ, ação contra Rafael, na qual pretende ver decretada a separação judicial do casal e partilhados os bens amealhados durante o convívio conjugal. Devidamente citado, Rafael ofereceu contestação ao pedido de Laura. Contudo, no prazo que lhe foi conferido para apresentação de réplica, Laura apresentou pedido que visava o deslocamento da competência para julgamento da lide para a Comarca de Campina Grande – PB. Sustentou seu intento na alegação de que passara a residir nessa cidade e que a competência para julgar a ação de separação dos cônjuges é do foro da residência da mulher, sendo necessário o julgamento da ação no local onde reside a parte presumidamente mais fraca. Considerando essa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. < O caso implica competência absoluta ou relativa? < É possível o acolhimento do pedido de Laura, quanto ao deslocamento da competência, segundo o Código de Processo Civil?

Questão 3

Amauri deve R$ 1.000,00 a Márcio e se encontra em mora. Reunidos para resolver o problema, Márcio aceitou como pagamento da dívida a transferência de uma nota

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promissória em que Amauri figurava como beneficiário de promessa de pagamento no valor de R$ 1.200,00 feita por Artur, comerciante conhecido na praça. Com o vencimento do referido título de crédito, Márcio procurou receber o seu crédito de Artur, momento em que tomou ciência da condição de insolvência em que este vivia já há muitos anos, razão pela qual acabou sem conseguir receber o valor pretendido e voltou a cobrar a dívida de Amauri. Em face da situação hipotética acima apresentada, identifique o tipo de operação firmada entre Amauri e Márcio assim como seus efeitos jurídicos, esclarecendo se subsiste a obrigação de Amauri. Fundamente sua resposta conforme as normas aplicáveis do Código Civil e do Código de Processo Civil, se houver.

Questão 4

Três amigos, Fredson, Ricardo e Alberto adquiriram juntos uma chácara em conhecido balneário e nela construíram uma casa com três suítes para usufruírem momentos de lazer. Construíram, também, uma piscina, uma churrasqueira e uma quadra de tênis. Acertaram, então, que o local serviria para diversão durante os finais de semana, feriados e férias e que cada um arcaria com um terço dos custos de manutenção do imóvel, o que tem sido devidamente cumprido. Ricardo e Alberto, por motivos profissionais, precisaram passar quinze meses em outro país, parando de utilizar o bem, e, ao retornarem, descobriram que Fredson estava alugando o imóvel, tendo imitido na posse o locatário no momento da celebração do negócio jurídico, um mês após Ricardo e Alberto se ausentarem. Ao procurarem Fredson para obter explicações, este narrou que tem alugado o imóvel com o objetivo de obter dinheiro para pagar a sua parte na manutenção do bem, uma vez que tem passado por dificuldades financeiras. Considerando a situação hipotética apresentada, identifique a natureza da relação mantida entre Fredson, Ricardo e Alberto, explique se a atitude de Fredson encontra amparo nas disposições do Código Civil e indique a providência que Ricardo e Alberto podem adotar para a defesa de seus direitos.

Questão 5

Rodrigo, colecionador de automóveis antigos, vendeu a seu amigo Felipe um dos veículos de sua coleção, estabelecendo, no entanto, que, no caso de o adquirente pretender vender o bem, este deveria ser primeiramente oferecido ao atual vendedor. Passados dois meses do negócio, Patrícia se interessou pelo automóvel e, desconhecendo quaisquer das condições estabelecidas entre original proprietário e Felipe, adquiriu o bem e pagou o preço ajustado, realizando todos os trâmites administrativos necessários ao registro junto ao órgão de trânsito. Concretizado o negócio, Rodrigo tomou conhecimento da sua existência e, tendo a sua disposição a mesma quantia paga por Patrícia, pretende reaver o bem com base na condição que ajustara com Felipe. Em face dessa situação hipotética, assumindo a posição de advogado(a) procurado(a) por Rodrigo, identifique a natureza do ajuste celebrado entre Rodrigo e Felipe, esclarecendo qual seria o comportamento adequado à preservação dos direitos de seu cliente, conforme as disposições pertinentes do Código de Civil e do Código de Processo Civil.

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DIREITO CIVIL 35

Márcia, vendedora domiciliada na cidade de São Paulo – SP, alega ter engravidado após relacionamento amoroso exclusivo com Pedro, representante de vendas de empresa sediada em Porto Alegre – RS. Em 5/10/2002, nasceu João, filho de Márcia. Pedro manteve o referido relacionamento com Márcia até o quinto mês da gravidez, custeou despesas da criança em algumas oportunidades, além de ter proporcionado ajuda financeira eventual e estado, também, nas três primeiras festas de aniversário de João, tendo sido, inclusive, fotografado, nessas ocasiões, com o menino, seu suposto filho, no colo. No entanto, Pedro se nega a reconhecer a paternidade ao argumento de que tem dúvidas acerca da fidelidade da mãe, já que ele chegava a ficar um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento que tivera com Márcia. Sabe-se, ainda, acerca de Pedro, que seu o salário bruto, com as comissões recebidas, chega a R$ 5.000,00 mensais, bem como que arca com o sustento de uma filha, estudante de 22 anos, e que não tem domicílio fixo em razão de sua profissão demandar deslocamentos constantes entre São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS. Márcia, que já esgotou as possibilidades de manter entendimento com Pedro, ganha, no presente momento, cerca de dois salários mínimos. As despesas mensais de João totalizam R$ 1.000,00. Diante da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Márcia, a ação judicial que seja adequada aos interesses de João, abordando todos os aspectos de direitos material e processual pertinentes.

Questão 1

José foi aprovado em vestibular de instituição particular de ensino superior e, após efetuar a matrícula, recebeu notificação de decisão administrativa que indeferira seu pedido, ao argumento de que não estaria devidamente comprovada a conclusão do ensino médio. Em razão disso, ajuizou ação adequada, alegando estar apto a freqüentar as aulas por já ter concluído o ensino médio. Juntou à inicial os originais das declarações de conclusão do ensino médio já apresentadas à ré. Na sua defesa, a instituição de ensino superior alegou que o indeferimento da inscrição não ocorrera por eventual defeito das declarações, mas pela ausência dos históricos escolares, os quais são documentos necessários à comprovação da conclusão do ensino médio. O juiz condutor do feito conferiu a José a possibilidade de apresentar réplica à contestação, e José informou a seu advogado que não havia conseguido apresentar os históricos escolares porque estes lhe foram negados pela instituição na qual completara o ensino médio. Considerando a situação hipotética apresentada, diante da necessidade de trazer aos autos as informações constantes do histórico escolar, apresente a solução processual adequada ao problema da retenção desse documento pela instituição de ensino médio, discriminando o modo de encaminhar tal solução, com base nos dispositivos pertinentes do Código de Processo Civil.

Questão 2

Laura e Rafael dissolveram a sociedade empresarial da qual eram os únicos sócios, constando do acordo de divisão dos bens que o imóvel pertencente à extinta pessoa jurídica seria partilhado na proporção de 60% e 40%, respectivamente, em razão de os bens restantes terem sido atribuídos exclusivamente a Rafael. Entretanto, desde a homologação do acordo, o imóvel, sem qualquer alteração, está na posse de Rafael,

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que tem se demonstrado irredutível quanto à possibilidade de vender sua parte do bem ou viabilizar qualquer outra forma de garantir a Laura o direito que lhe cabe. Assevere-se, ainda, que o imóvel não comporta divisão cômoda, não possui benfeitorias, e que Laura também tem o interesse de adquirir o bem para si. Diante dessa situação hipotética, apresente a solução processual possível para o problema de Laura, inclusive, quanto ao seu intento de adquirir a parte de Rafael e ter a integralidade do bem.

Questão 3

Amanda, concubina de Paulo, recebeu deste, em 10 de dezembro de 2006, um veículo em doação, e, agora, diante da morte de Paulo e de Fernanda, esposa deste, durante as férias que eles passavam, juntos, em maio de 2008, teme que os irmãos de Fernanda, únicos herdeiros do casal, busquem de algum modo questionar a validade da doação e recuperar o bem, já que a doação ocorreu durante o período da relação adúltera mantida com o falecido. Com base nas disposições do Código Civil, esclareça se existe a possibilidade de os herdeiros de Paulo e Fernanda invalidarem o contrato que transferiu o veículo a Amanda.

Questão 4

Márcio, José e Pedro, proprietários de partes ideais iguais de um barco de pesca, venderam o bem para Maria, receberam o preço ajustado pelo negócio e assinaram um contrato de compra e venda no qual se obrigavam a entregar o bem até o início da temporada de pesca da lagosta no litoral cearense, isso sob pena de multa no valor de R$ 3.000,00. Entretanto, próximo à data da entrega do barco, José resolveu utilizá-lo e o danificou, de modo que só conseguiu cumprir a obrigação de entrega do bem com um mês de atraso. Maria, inconformada com o ocorrido, cobrou dos três vendedores o pagamento da cláusula penal estipulada. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) consultado(a) por Márcio acerca da cobrança da cláusula penal, apresente a orientação adequada a respeito do pagamento devido em razão da mora causada por José, com base no que dispõe o Código Civil.

Questão 5

Luís, aproveitando-se da situação econômica notoriamente difícil vivida por sua vizinha Ana, que não tinha patrimônio suficiente para pagar todas as dívidas que contraíra, acertou, com ela, a compra do automóvel de Ana, por R$ 19.500,00, sabendo que o valor de mercado do veículo chegava a R$ 20.000,00. Realizada a tradição e ajustado o pagamento para dali a 10 dias, Luís, acreditando ter feito bom negócio, contou o ocorrido a um amigo, que o alertou acerca da possível invalidade do negócio. Preocupado, Luís resolveu consultar um advogado para obter maiores detalhes acerca da validade do negócio e da possibilidade de preservá-lo, caso fosse inválido, já que ainda não pagara o preço ajustado. Diante da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Luís, exponha a solução adequada ao caso, esclarecendo, com base no que dispõe o Código Civil, a possibilidade, ou não, da validade do negócio e de preservá-lo diante da disponibilidade do valor ajustado.

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DIREITO CIVIL 34

Em 05/1/2007, Antônio adquiriu de João o veículo VW Gol, ano/modelo 2006, placa XX 0000, pelo valor de R$ 20.000,00, tendo efetuado o pagamento da compra à vista. No mês seguinte à aquisição, Antônio efetuou a transferência do veículo junto ao DETRAN de sua cidade, tendo pago, além da respectiva taxa, multas por violação às normas de trânsito, no valor de R$ 2.000,00. No dia 29/11/2007, o veículo foi apreendido por ordem do delegado de polícia, por ter sido objeto de furto na cidade de São Paulo. Todas as tentativas para solução amigável quanto ao ressarcimento restaram frustradas, notadamente em virtude de João ter transferido sua residência para o Rio de Janeiro, no endereço constante da consulta feita junto ao órgão estadual de trânsito. Diante da situação hipotética apresentada, proponha, na qualidade de advogado constituído por Antônio, a medida judicial que entender cabível para a proteção dos interesses de seu cliente, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes e atentando para todos os requisitos legais exigíveis.

Questão 1

Carlos e Cláudia celebraram, mediante instrumento particular, contrato de promessa de compra e venda de imóvel, obrigando-se o promitente vendedor e a promitente compradora à celebração do contrato definitivo no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as partes ajustaram em R$ 300.000,00 e que deveria ser pago em três parcelas iguais, mensais e sucessivas. Do instrumento constou cláusula de irretratabilidade e irrevogabilidade. Tendo Cláudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou a outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque celebrado por instrumento particular e, não, por escritura pública, e que, além disso, tinha o direito de se arrepender. Considerando essa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado de Cláudia, texto argumentativo acerca dos fundamentos invocados por Carlos para se recusar à celebração do contrato definitivo.

Questão 2

Dora, em virtude do falecimento de seu marido, Pedro, pretende renunciar à meação e transferir aos filhos do casal a propriedade do imóvel que serve de moradia para a família, adquirido na constância do casamento. Diante dessa situação hipotética, redija um texto dissertativo acerca da meação do cônjuge sobrevivente e sobre a possibilidade de sua renúncia nos próprios autos do inventário da herança do cônjuge falecido.

Questão 3

José é autor de ação de execução por quantia certa, fundada em título extrajudicial, contra Cleusa, devedora solvente. Depois do regular trâmite do processo, com a penhora de bem imóvel de propriedade da devedora, os embargos opostos pela executada foram julgados improcedentes. Em face da situação hipotética acima, redija um texto argumentativo, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

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< requisitos para a atribuição de efeito suspensivo ao recurso interposto da sentença que julga improcedentes os embargos do executado; < possibilidade, ou não, da realização de hasta pública do bem penhorado na pendência do julgamento desse recurso.

Questão 4

Maria, que é casada com João desde 10/11/1971, sob o regime de comunhão universal de bens, sem pacto antenupcial, deixou o lar conjugal alegando que sofria agressões por parte do marido. Após a separação de fato do casal, Maria começou a temer que João desviasse recursos e dilapidasse o patrimônio, visto que ele detinha quase todo o acervo patrimonial partilhável, composto por bens imóveis, bens móveis que guarnecem a residência do casal, jóias, dinheiro, aplicações em contas bancárias e veículos registrados em nome de João. Considerando a situação hipotética acima, redija um texto argumentativo, indicando a ação cabível para a preservação dos bens sobre os quais incide a meação de Maria.

Questão 5

Joel e Marta faleceram em um acidente automobilístico, não tendo sido possível supor ou provar qual deles faleceu primeiro. Casados pelo regime da comunhão parcial de bens, Joel e Marta, que não tinham descendentes, deixaram os seguintes bens a inventariar: um imóvel residencial de propriedade do casal, no valor de R$ 150.000,00, e um apartamento de propriedade exclusiva de Marta, no valor de R$ 80.000,00. Os pais de Joel estão vivos e Marta tem como parentes, ainda vivos, a mãe, a avó materna e duas irmãs. Considerando a situação hipotética acima e diante do fato de que os parentes dos falecidos, todos maiores e capazes, pretendem a abertura do inventário pelo rito do arrolamento sumário, redija, na condição de advogado constituído, um texto argumentativo acerca da sucessão de Joel e Marta, apresentando esboço da partilha amigável dos dois bens imóveis.

DIREITO CIVIL 33

Camões teve que se submeter a uma cirurgia de emergência, para colocar quatro stents em seu coração. A situação era de vida ou morte e a cirurgia foi salvadora. Quando ainda estava em recuperação, a Casa de Saúde onde ocorreu a operação cobrou-lhe pelos serviços 100 mil reais. Camões, então, informou que era conveniado de um plano de saúde da seguradora Seubem Ltda. O contrato de Camões com a Seubem Ltda. era bem antigo, com mais de três décadas. Nele, constava expressamente que o seguro ajustado era amplo, cobrindo qualquer emergência. Contudo, não existia referência expressa à colocação do stent, até porque, no momento em que o contrato fora celebrado, ainda não havia essa tecnologia. Como a seguradora não arcou com a conta da operação, a Casa de Saúde propôs ação contra Camões, cobrando a totalidade dos gastos. A citação de Camões foi juntada aos autos em 28/9/2007 e, apenas então, ele procurou os serviços de um advogado. Redija a contestação de Camões, indicando a sua tempestividade, bem como levando em conta que, com a negativa da seguradora, Camões sofreu abalo moral, que, inclusive, atrapalhou a sua regular convalescença.

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Questão 1

Adamastor morreu em São Paulo, embora fosse domiciliado no Rio. Deixou a mulher, que vive no Paraná, e cinco filhos, cada um de uma relação distinta, residentes no Maranhão. Para surpresa de todos, descobriu-se que Adamastor tinha um testamento, no qual deixava todos os seus bens para uma amante argentina, que estava grávida dele. Considerando essa situação, responda, sempre indicando a norma incidente: < onde deve ser aberto o inventário de Adamastor? < pode a amante argentina receber o disposto no testamento? < como deve ser feita a sucessão de Adamastor?

Questão 2

Guilherme prometeu vender uma fazenda para João Pedro, ajustando-se que a transferência do bem deveria dar-se um ano após a celebração do contrato. Antes desse prazo, contudo, contrariando qualquer possível previsão, descobre-se petróleo na área, o que a torna incrivelmente mais valiosa. Nessa situação, o que pode Guilherme fazer? E se a fazenda já fosse mais valiosa no momento do negócio, mas ajustou-se valor ínfimo de venda, que medida Guilherme poderia, então, adotar? Responda fundamentadamente às perguntas.

Questão 3

Esaú e Jacó, dois irmãos, são condôminos num imóvel, embora Jacó viva sozinho nele há mais de duas décadas. Esaú, a rigor, nem sequer voltou ao imóvel depois que se desentendeu violentamente com seu irmão, há muitos anos. Esaú vende sua parte do bem para terceiro, sem nada avisar ao irmão. Este terceiro, por sua vez, alegando ser co-proprietário, tenta invadir o imóvel. Jacó procura seus serviços de advogado. O que você recomenda que ele faça? Responda fundamentadamente.

Questão 4

Ivo, aos 29 anos de idade, era aluno regularmente inscrito no curso de judô de uma importante agremiação atlética localizada no Rio de Janeiro. Em uma das aulas, enquanto treinava com outro colega, foi derrubado e, na queda, esbarrou no professor, que também treinava com outro aluno e não percebeu a aproximação de Ivo. O professor, desequilibrando-se, também foi ao solo, mas caiu em cima de Ivo, o que determinou a fratura de duas vértebras deste último, acarretando-lhe uma tetraplegia irreversível. Saliente-se que o professor é um profissional muito respeitado, tendo já acompanhado, em diversas ocasiões, a seleção brasileira de judô. Ivo agora deseja mover ação em face da agremiação atlética, pleiteando a reparação dos danos morais e materiais sofridos. O que você lhe diria, na qualidade de seu advogado? Fundamente sua resposta.

Questão 5

Maria, jovem estudante de Direito, aproveitando a onda de calor que marcou o último verão carioca, resolveu praticar topless na praia da Barra da Tijuca. Enquanto tomava seu banho de sol, foi fotografada inúmeras vezes por um repórter de um importante jornal de circulação nacional. No dia seguinte ao evento, uma das fotos foi estampada na primeira página do jornal e era acompanhada por uma legenda que

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informava o fato de "os termômetros terem registrado 40º (quarenta graus centígrados) no último final de semana". Maria já procurou a direção do órgão de imprensa, mas este informou que exerceu seu direito à informação, constitucionalmente garantido, e que não houve ofensa a nenhum direito de Maria. Esta última procura então alguma orientação jurídica. O que você lhe diria, na qualidade de advogado? Fundamente.

DIREITO CIVIL 32

Paulo Castro (brasileiro, solteiro, administrador de empresas, CPF 000.000.001-00) e Sílvia Brandão (brasileira, solteira, secretária, CPF 222.222.222-22) mantiveram união estável entre janeiro de 2000 e abril de 2005, quando decidiram separar-se. O período de convivência não foi antecedido de qualquer convenção sobre o regime de bens dos companheiros. Como não haviam adquirido quaisquer bens durante aquele período, e como Sílvia, ao tempo da separação, se achasse desempregada, Paulo anuiu à permanência de Sílvia, por tempo indeterminado, no imóvel que até então servira de residência aos companheiros, situado no Rio de Janeiro, na Rua Ministro Viveiros de Castro, n.º 57, ap. 301, Copacabana. Tal imóvel fora adquirido por Paulo, mediante pagamento integral do preço, no ano de 1997. Paulo retirou-se do imóvel, passando a morar em outro, tomado por ele em locação, situado, no mesmo bairro, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, n.º 245, ap. 501. Passados dois anos do fim da união estável, Paulo promoveu a notificação extrajudicial de sua ex-companheira, exigindo-lhe a desocupação, no prazo de quinze dias, do imóvel situado na Rua Ministro Viveiros de Castro. A notificação foi efetivamente recebida por Sílvia em 2/5/2007. O prazo concedido na notificação extrajudicial já se expirou, sem que Sílvia tenha deixado o imóvel, e Paulo deseja propor a ação judicial cabível para reaver o bem. Diante da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado constituído por Paulo, redija a petição inicial da ação a ser ajuizada pelo seu cliente.

Questão 1

Em 10/5/2004, Pedro estava dirigindo seu automóvel, de forma prudente, quando sofreu violenta batida de um outro veículo, cujo motorista avançara o sinal e que, além disso, se encontrava em velocidade incompatível com o prescrito nas leis de trânsito para aquele local. Posteriormente, apurou-se que o motorista imprudente apresentava alto teor alcoólico no sangue. Em conseqüência do acidente, Pedro sofreu sérias lesões nos braços e pernas e teve de ser removido em ambulância do Corpo de Bombeiros para o hospital mais próximo. Entretanto, no percurso para o hospital, a ambulância que transportava Pedro envolveu-se em grave acidente, tendo sido abalroada por ônibus da Viação Viaje Bem Ltda., que trafegava em alta velocidade e que, conforme apurado posteriormente, estava sem sistema de freios. Em conseqüência desse último acidente, Pedro faleceu, na própria ambulância, de traumatismo craniano. Você, como advogado, foi procurado em seu escritório, em 16/5/2007, pela família de Pedro (viúva com filhos absolutamente incapazes), que busca obter reparação pelos danos materiais e morais sofridos. O que você diria aos familiares da vítima? Fundamente.

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Questão 2

João casou-se com Maria em 1992, sob o regime da separação total de bens, instituído em pacto antenupcial válido. O casal teve dois filhos: José e Madalena. João morreu em outubro de 2006, ab intestado, deixando um patrimônio líquido no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). A propósito da situação hipotética acima, responda, de maneira fundamentada, aos seguintes questionamentos: - Qual é a fração do quinhão de cada herdeiro? - Se a relação entre João e Maria fosse de união estável, haveria alguma diferença na partilha dos bens do de cujus? Em caso positivo, qual seria a fração do patrimônio atribuída a cada herdeiro?

Questão 3

Carlos moveu ação de indenização de danos materiais e morais contra Antônio. A sentença, após exaustiva instrução probatória, julgou procedente o pedido quanto aos danos morais e, quanto aos danos materiais, concedeu apenas indenização dos danos emergentes, mas não dos alegados lucros cessantes, por entender que estes não haviam sido provados. Carlos e Antônio apelaram, mas o tribunal de justiça, por unanimidade, manteve integralmente a sentença. Na parte da motivação referente ao recurso de Carlos, o tribunal manifestou o entendimento de que os afirmados lucros cessantes efetivamente não restaram demonstrados. Carlos, então, interpôs recurso especial desse acórdão unânime, alegando violação ao art. 186 do novo Código Civil. Com referência à situação hipotética acima, responda, de maneira fundamentada, aos seguintes questionamentos: - Embora reconhecendo a falta de prova dos alegados lucros cessantes, poderia ter o tribunal condenado Antônio ao respectivo pagamento, determinando que aquela prova, até ali considerada ausente, se fizesse em liquidação de sentença? - O recurso interposto por Carlos deve ser admitido?

Questão 4

No curso de processo de ação de cobrança de dívida contratual, o réu postulou a produção de prova pericial, argumentando que ela se destinava a demonstrar que os valores cobrados pelo autor não estavam de acordo com o contrato firmado pelas partes. O juiz de primeiro grau indeferiu a produção da prova postulada, denominando tal decisão de sentença. Inconformado com o indeferimento da prova cuja produção requerera, o réu interpôs recurso de apelação no último dia do prazo previsto na lei para a interposição desse recurso. Acerca da situação hipotética acima, responda, de modo fundamentado, ao seguinte questionamento: à luz do requisito genérico de admissibilidade dos recursos consistente no cabimento, pode o tribunal conhecer do recurso interposto?

Questão 5

Em ação indenizatória proposta por paciente que permanecera, durante alguns dias, internado no Centro de Terapia Intensiva do Hospital X, e que alegava ter ali contraído infecção hospitalar de natureza grave, a sociedade mantenedora daquele estabelecimento hospitalar se defendeu, alegando que: (a) o percentual de infecção hospitalar, naquele Hospital X, é inferior ao percentual tolerado em estabelecimentos do mesmo porte e de características semelhantes, de acordo com portaria do Ministério da Saúde; (b) o Hospital X mantém, durante as 24 horas do dia, avançado

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sistema de controle de infecções hospitalares. Realizada prova pericial, o perito do juízo formulou as seguintes conclusões: (a) que ambas as alegações da ré correspondiam à verdade; (b) que, a despeito disso, era provável que a infecção contraída pelo autor tivesse efetivamente ocorrido durante sua permanência no Hospital X. Na situação hipotética acima descrita, aberta vista às partes para a apresentação de razões finais por escrito, o que você, na qualidade de advogado do autor, diria acerca das conclusões do laudo pericial?

DIREITO CIVIL 31

Mario dos Santos (brasileiro, solteiro, engenheiro, domiciliado e residente, na cidade do Rio de Janeiro, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, n.º 1000, apto. 608, inscrito no CPF sob o n.º 000.000.001-00) adquiriu em estabelecimento comercial da Vende Tudo Ltda. (sociedade estabelecida, na cidade de Petrópolis, RJ, na Rua Imperial, n.º 10 e inscrita no CNPJ sob o n.º 123/0001-00) um aquecedor elétrico, fabricado por ABC Produtos Elétricos e Eletrônicos S/A (sociedade estabelecida na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, na Avenida Desembargador Amaro Martins de Almeida, n.º 271, e inscrita no CNPJ sob o n.º 456/0001-00). Em virtude de um defeito de fabricação, o aquecedor elétrico explodiu, provocando incêndio em pequena casa que Mário tem na cidade de Petrópolis (RJ). Em decorrência da explosão, além dos danos causados ao imóvel, Mário sofreu ferimentos nas mãos e no rosto, ficando parcialmente desfigurado e impossibilitado de desenvolver suas atividades profissionais pelo prazo de 6(seis) meses. Você, como advogado, foi procurado por Mário, que lhe expõe os fatos, acrescentando que não tem, neste momento, como saber qual o exato montante dos prejuízos sofridos em razão da parcial destruição do imóvel de Petrópolis, e que tão pouco pode precisar, de antemão, o que deixou de ganhar no período de cessação de suas atividades profissionais, por ser engenheiro que trabalha como profissional liberal. Redija a petição inicial da ação que, a seu ver, deve ser proposta, nas circunstâncias descritas. A petição - a ser assinada pelo advogado José Pinheiro (OAB/RJ 002), com escritório, na cidade do Rio de Janeiro, na Rua da Ajuda, n.º 20, Sala 801 - deverá justificar, explicitamente, a escolha do foro a seu ver competente.

Questão 1

Antônio Camargo, empregado da empresa XYZ Indústria e Comércio S.A., exercia, nos últimos três anos, cargo administrativo de diretor comercial nessa empresa, sem qualquer subordinação jurídica, já que eleito por decisão de assembléia. Ao ser despedido sem justa causa, após 10 anos de trabalho para essa empresa, entendeu que o cálculo de sua indenização compensatória era inferior ao devido, porquanto a empresa empregadora não depositara os 40% devidos sobre o FGTS, relativamente ao período em que exerceu o cargo de direção na XYZ Indústria e Comércio S.A. De fato, comprovou-se que não houve nenhum recolhimento de valores à conta do FGTS de Antônio Camargo no período em que este exerceu o cargo de diretor. Com base nesses dados, fundamente a atitude da empresa.

Questão 2

Uma empresa teve um automóvel penhorado por um oficial de justiça, em cumprimento ao mandado de execução expedido por Vara do Trabalho, em 12/3/2007. O gerente da empresa assinou o verso do termo de penhora como fiel

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depositário no próprio dia 12/3/2007, sendo que o mandado é juntado aos autos com o termo de penhora em 30/3/2007 (uma sexta-feira). O advogado da empresa opôs embargos à execução no dia 6/4/2007 (uma sexta- feira). No entanto, os embargos não foram conhecidos, tendo o Juízo declarado sua intempestividade. Considerando as informações prestadas na situação hipotética acima, responda se está correta a declaração do juíz quanto à intempestividade dos embargos à execução. Justifique sua resposta.

Questão 3

A estabilidade provisória assegurada atua como fator de limitação temporária ao direito potestativo de resilição contratual e visa propiciar a seu destinatário, em última análise, o exercício de direitos fundamentais. Dessa forma, mesmo havendo extinção da empresa, entende-se, para qualquer hipótese de estabilidade provisória, não se deva excluir essa proteção legal. Alice Monteiro de Barros. Curso de Direito do Trabalho. 2.ª ed., São Paulo: Ltr, p. 958 (com adaptações). Considerando o texto acima como motivador inicial, redija, fundamentadamente, um texto em que examine o instituto da estabilidade provisória à luz da extinção do estabelecimento.

Questão 4

A lei é omissa quanto à remuneração do trabalho dominical, mas a Justiça do Trabalho aqui fez as vezes de legislador: o TST emitiu o Enunciado 146, segundo o qual "o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro". (...) Uma lei (sic) que limita o comércio aos domingos, dias em que as pessoas têm tempo para fazer compras. Edward Amadeo. Opinião. In: Valor Econômico, 18/4/2007, A-17. Considerando o texto acima, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos: a) É correta a afirmação de que "a lei é omissa quanto à remuneração do trabalho dominical"? b) Quais são as referências legais para o funcionamento do comércio aos domingos e o que elas preceituam?

Questão 5

Um reclamante ajuizou reclamação trabalhista, com pedido de antecipação da tutela, postulando a sua reintegração no emprego, em razão de ter sido eleito dirigente sindical, conforme era do conhecimento da empresa. O juiz, ao analisar a petição inicial, entendeu estarem presentes os requisitos do art. 273 do CPC e deferiu a antecipação da tutela, antes mesmo de citar o réu. Quando o réu foi intimado da decisão, impetrou mandado de segurança visando à sua cassação, com pedido de liminar. No entanto, a liminar foi indeferida, uma vez que o juiz entendeu não estarem presentes o perigo da demora e a fumaça do bom direito. Considerando essa situação hipotética, redija de forma fundamentada, um texto em que aborde o remédio precessual cabível contra a decisão que indeferiu a liminar e o prazo para sua interposição. Esclareça, ainda, se há previsão legal específica que determina ao juiz do trabalho a concessão de medida liminar para se reintegrar dirigente sindical despedido pelo empregador.

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DIREITO CIVIL 30

FELIX SOARES, brasileiro, solteiro, médico, carteira de identidade 002/IFP, CPF: 52437, com endereço à Rua das Flores, nº 424/casa, Bangu, na qualidade de fiador de contrato de locação, foi citado para a ação de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrança, proposta por MENERVAL FAGUNDES, que tem curso na 1ª Vara Cível Regional de Bangu (Processo 2006.0028). Predita ação, que tem também no pólo passivo o locatário (AIRTON GOMES), foi proposta com base no inadimplemento de contrato de locação residencial do apartamento 202, sito à Av. das Camélias nº 20, Bangu, celebrado pelo prazo de 30 (trinta) meses e que se encontra por prazo indeterminado desde agosto/2001, tendo em vista que não houve qualquer manifestação das partes. Da análise dos fatos e documentos se depreende que o locatário deixou de pagar os últimos 42 (quarenta e dois) meses de aluguéis, embora esteja honrando com os demais encargos locatícios. Sobre o valor total dos alugueres em atraso (R$ 21.000,00), o locador está pleiteando a incidência de multa de 10% (não prevista no contrato), juros de 6% a.m., além da respectiva correção monetária. Sabe-se que, no contrato de locação consta cláusula de que o fiador responde solidariamente e como principal pagador por todos os débitos locatícios, até que ocorra a efetiva entrega das chaves do imóvel. Diante de tal situação, elabore a pertinente defesa de FELIX, bem representando o cliente, face à toda situação fático/jurídica acima exposta. ADVOGADO: RENATO MEDEIROS - OAB/RJ: 1.000 ESCRITÓRIO: Av. Santos, nº 10/1001, Bangu/RJ Questão 1

Eduardo Quartarone encontra-se na iminência de ser despejado, fato este desconhecido por sua mulher e seus dois filhos, que com ele convivem. Ao confidenciar sua imensa angústia a seu amigo Guilherme D'Aguiar, este oferece a Eduardo, mediante contrato de locação, imóvel de sua propriedade. O referido imóvel possui, no mercado, o valor locatício de R$ 300,00 (trezentos reais), mas Guilherme, sabedor da situação de emergência de eduardo, deste cobra a quantia mensal de R$ 900,00 (novecentos reais). Depois de quatro meses no imóvel, Eduardo, em conversa com o seu vizinho Flávio Valle, descobre, enfim, a desproporção entre o imóvel e o valor cobrado por Guilherme a título de locação. Superados os riscos de ver sua família desabrigada, Eduardo decide procurar um advogado. Na qualidade de advogado de Eduardo Quartarone, responda: pode Eduardo anular o contrato de locação, mesmo passados quatro meses de uso do imóvel? Fundamente sua resposta.

Questão 2

Que providências devem ser tomadas em uma operação de compra e venda imobiliária, em que o vendedor é ascendente do comprador, visando evitar futuras alegações de anulabilidade do negócio entabulado? Fundamente.

Questão 3

Crasso construiu uma casa em imóvel de propriedade de Pompeu, inobstante soubesse quem era o dono do imóvel. Considerando que a referida edificação tem valor muito superior ao do terreno, diga a quem ela pertence e se há direito à indenização. Fundamente.

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Questão 4

Júlio Nogueira, solteiro, morreu em 17 de junho de 2006, ab intestato, deixando patrimônio e, apenas, parentes na linha colateral. Analise fundamentando e justificando, a sucessão de Júlio Nogueira, sabendo: - Carla, mãe de Marina, é sua irmã bilateral; - Clotilde, mãe de Mirtes e avó de Francisco, é sua irmã bilateral; - Clotilde e Francisco morreram em acidente automobilístico em 10/05/2005; - Carolina, mãe de Miriam, é sua irmã unilateral; faleceu em 18 de abril de 2006; - Celso, pai de Moema e avô de Felipe, é seu irmão unilateral; Celso e Moema morreram em acidente aéreo em 13/02/2006; - Custódio, casado com Júlia, é seu irmão unilateral.

Questão 5

Jorge Souza, 63 anos de idade, solteiro, deseja casar com Marina da silva, 45 anos, mãe de Diego e Rodrigo. Casaram em 15 de dezembro de 2005, na Igreja XYZ, no Rio de Janeiro, casamento esse puramente religioso. Em maio de 2006, decidiram dar à sua união os efeitos da lei civil. Analise, fundamentando e justificando sua resposta: - A possibilidade de serem concedidos ao casal os efeitos de casamento civil, constituindo-se, assim, uma família legítima; - De ser tal união regida pelo Regime da Comunhão Universal de Bens; - A necessidade de uma celebração por um Juiz de Paz; - A possibilidade de Jorge de Souza adotar Diego e Rodrigo, sem que Marina deixe de constar como mãe dos menores.

DIREITO CIVIL 2010.1

Júlia ajuizou ação sob o rito ordinário, distribuída à 34.ª Vara de Família de São Paulo – SP, com o objetivo de ver declarada a existência de união estável que alega ter mantido, de 1989 a 2005, com Jonas, já falecido. Arrolou a autora, no polo passivo da lide, o nome dos herdeiros de Jonas, que, devidamente citados, apresentaram contestação no prazo legal. Preliminarmente, os réus alegaram que: < o pedido seria juridicamente impossível, sob o argumento de que Jonas, apesar de não viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, mãe dos réus, quando falecera, algo que inviabilizaria a declaração da união estável, por ser inaceitável admiti-la com pessoa casada; a autora não teria interesse de agir, sob o argumento de que Jonas não deixara pensão de qualquer origem, sendo inútil a ela a simples declaração; o pedido encontraria óbice na coisa julgada, sob o fundamento de que, em oportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os réus, ação possessória na qual, alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse de imóvel pertencente ao último, tendo sido o julgamento dessa ação desfavorável a ela, sob a fundamentação de que não teria ocorrido a união estável; haveria litispendência, sob o argumento de que já tramitava, na 1.ª Vara de Órfãos e Sucessões de São Paulo – SP, ação de inventário dos bens deixados pelo falecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer tema relativo a interesse do espólio, visto que o juízo do inventário atrai os processos em que o espólio é réu. No mérito, os réus aduziram que Jonas era homem dado a vários relacionamentos e, apesar de ter convivido com a autora sob o mesmo teto, tinha uma namorada em

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cidade vizinha, com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana, no período da tarde. Considerando as matérias suscitadas na defesa, o juiz conferiu à autora, mediante intimação feita em 21/9/20XX (segunda-feira), prazo para manifestação. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Júlia, redija a peça processual cabível em face das alegações apresentadas na contestação. Date o documento no último dia de prazo.

Questão 1

Paula ajuizou, contra Luciana, ação de rescisão de contrato de locação, requerendo a condenação da ré ao pagamento de aluguéis atrasados e multa contratual, com base no art. 62, I e II, b, da Lei n.º 8.245/1991, tendo o juiz da 1.ª Vara Cível de Florianópolis julgado improcedente o pedido. Ao apreciar a apelação interposta por Paula, o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, por unanimidade, proveu o pedido de reforma, para decretar a rescisão do contrato de locação e determinar o pagamento dos aluguéis atrasados, e, por maioria de votos, deu provimento à apelação para condenar a ré na multa contratual. Acrescente-se que a decisão não padece de qualquer vício. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a medida judicial cabível para a defesa dos interesses de Luciana, a ser exercida no prazo de quinze dias, contados da publicação do acórdão, declinando a pretensão a ser deduzida.

Questão 2

Cristina, solteira, comerciante, sem filhos, ajuizou ação de reivindicação de determinado imóvel contra Fábio, divorciado, servidor público, pai de duas filhas — Leila, com dezenove anos de idade, e Lúcia, com vinte e um anos de idade. Apresentada a contestação, ocorreu o falecimento de Fábio. Nessa situação hipotética, que atitude deverá adotar o(a) advogado(a) de Fábio? Fundamente sua resposta.

Questão 3

Pablo sagrou-se vencedor em demanda ajuizada contra a fazenda pública, que foi condenada a pagar-lhe o valor de R$ 200.000,00, a título de indenização. Ao requerer a execução do julgado, o advogado de Pablo juntou aos autos o contrato de prestação de serviços e pediu que do valor devido ao seu cliente fosse descontado o percentual de 15% atinente aos honorários contratados, com a expedição de dois precatórios. O juiz indeferiu o pedido, por meio da seguinte decisão interlocutória: “Vistos (...) Indefiro a expedição de precatório relativo aos honorários contratuais, que deverão ser executados por meios próprios. Expeça-se precatório quanto ao crédito do autor e quanto aos honorários da sucumbência.” Em face dessa situação hipotética, informe a medida judicial adequada para impugnar a decisão do juiz, apresente os fundamentos de direito que respaldam a pretensão de expedição de precatório em separado para pagamento dos honorários contratados e indique a única hipótese de indeferimento do pagamento vindicado.

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Questão 4

Sueli, pessoa solteira e sem filhos, adquiriu, mediante financiamento, móveis em uma grande loja de departamentos. Paga em dia a última parcela do financiamento, Sueli faleceu, vítima de acidente automobilístico. Seu pai, Lúcio, viúvo, passou a receber cobrança da referida loja contra Sueli. Sabedor da retidão do caráter da filha, Lúcio procurou e achou os comprovantes de pagamento e quitação da dívida e os levou até a loja. Contudo, tempos depois, recebeu a comunicação de que o nome de Sueli havia sido indevidamente negativado. Em face dessa situação hipotética, indique, de forma fundamentada, a providência judicial que deverá ser tomada para a compensação do prejuízo sofrido, assim como a legitimação para tanto.

Questão 5

Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabível(is) e a(s) pretensão(ões) que pode(m) ser(em) deduzida(s), a parte legítima para figurar no polo passivo da demanda e o prazo para ajuizamento.

DIREITO CIVIL 2009.3

Ercília, ao parar diante de faixa de pedestre, na cidade de Patos de Minas – MG, teve seu veículo abalroado pelo automóvel conduzido por Otávio e, em razão do acidente, teve sua perna direita amputada. Por esse motivo, propôs, contra Otávio, ação de conhecimento pelo procedimento sumário, pleiteando indenização, no valor de R$ 10.000,00, pelos danos materiais suportados, referentes a despesas hospitalares e gastos com remédios, e indenização por danos morais, no valor de R$ 50.000,00, pela amputação sofrida. O processo foi distribuído para o juízo da 3.ª Vara Cível de Patos de Minas – MG. Em contestação, Otávio postulou a extinção do processo sem resolução de mérito, sob o argumento de que Ercília propusera, havia um ano, ação idêntica perante a 2.ª Vara Cível de Patos de Minas – MG. Relatou Otávio que o referido processo aguardava apresentação de réplica. Na peça de defesa, Otávio requereu, também, que Ercília fosse condenada a lhe pagar indenização pelos prejuízos que suportou, sob a alegação de que ela teria parado o veículo, indevidamente, diante da faixa de pedestre, visto que, segundo relatou, não havia qualquer pessoa aguardando para atravessar a via. Otávio requereu, ainda, a produção de prova testemunhal. Após a apresentação de réplica, o juiz proferiu sentença, julgando antecipadamente a lide, por entender que a matéria controvertida era exclusivamente de direito. Rejeitou o pedido de extinção do processo sem resolução de mérito e afirmou que o réu deveria ter formulado seu pleito indenizatório por meio de reconvenção, e não, na contestação apresentada. Ao final, julgou procedentes todos os pedidos

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apresentados na petição inicial, condenando o réu ao pagamento de R$ 15.000,00 a título de honorários advocatícios. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Otávio, redija a peça processual cabível, abordando todas as questões processuais e de direito material necessárias à defesa de seu cliente. Considere que a sentença tenha sido publicada em 30/4/2009 (quinta-feira), sendo o dia 1.º de maio feriado nacional. A data da peça processual deve corresponder ao último dia do prazo para sua apresentação. Questão 1 Lurdes ajuizou ação, visando obter de Rosa a compensação por danos morais que esta lhe teria causado quando a destratou publicamente. Após a instrução processual, o juiz prolatou sentença, condenando Rosa a pagar a quantia de R$ 50 mil a Lurdes. Não houve apelação e a sentença transitou em julgado, tendo Lurdes promovido a execução do título. Intimada, Rosa apresentou impugnação, recebida no efeito suspensivo. O advogado de Lurdes terminou perdendo o prazo para recorrer dessa decisão. Nessa situação hipotética, é possível a Lurdes prosseguir na execução? Justifique sua resposta.

Questão 2

Cristine ajuizou contra Suzana ação para ver declarada a sua titularidade sobre veículo que a ré afirmava pertencer-lhe. Devidamente citada, Suzana ofereceu contestação, juntando documentos que, segundo ela, provavam que o veículo era de sua propriedade, e requereu, ainda, prova testemunhal. O juiz, por meio de decisão interlocutória, manteve a posse do bem com Suzana. No curso do processo, Suzana vendeu o bem a uma colega de trabalho, Carla, sem, no entanto, avisá-la da ação movida por Cristine. Nessa situação hipotética, que medida judicial pode ser ajuizada em favor de Carla para defender a propriedade do bem em juízo, considerando-se já proferida sentença favorável à autora? Justifique sua resposta.

Questão 3

A correta atribuição de valor à causa é de grande relevância para o desenvolvimento regular do processo, interferindo em todas as suas fases e em institutos, como competência, rito processual, honorários de sucumbência, multas, custas processuais. Com base nesse postulado, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos. < Para as ações que têm conteúdo econômico imediato, qual a regra geral de atribuição de valor à causa? < Se a causa não tem valor patrimonial aferível, como deve ser preenchido pelo autor o requisito previsto no art. 282, V, do CPC? < Como o réu pode insurgir-se contra a incorreta atribuição de valor à causa pelo autor? < Pode o juiz, de ofício, conhecer de irregularidades referentes ao valor da causa?

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PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2009.2

Vicente propôs, contra Hélder, ação de conhecimento pelo rito ordinário para a cobrança da quantia de R$ 125.000,00. O pedido foi julgado procedente e, após o exaurimento das vias recursais, a decisão transitou em julgado. Vicente, então, ingressou com pedido de cumprimento da sentença, o que ensejou a penhora de bem imóvel de propriedade do executado, avaliado em R$ 150.000,00. Intimado da penhora, Hélder ingressou, no prazo legal, com impugnação ao requerimento do cumprimento da sentença, sob a alegação de novação. A impugnação foi recebida no efeito suspensivo e, após regular processamento, foi julgado totalmente procedente o pedido do impugnante, extinguindo-se a execução. A referida decisão foi publicada, no órgão oficial, em uma quinta-feira, no dia 6 de setembro do ano de 200X. Considerando a situação hipotética acima apresentada, na condição de advogado(a) contratado(a) por Vicente, elabore a peça processual cabível à defesa dos interesses de seu cliente. Se necessário, acrescente os dados eventualmente ausentes da situação hipotética, guardada a respectiva pertinência técnica. Date a peça no último dia do respectivo prazo.

Questão 1

Paulo ingressou com pedido de isenção do pagamento de matrícula correspondente ao primeiro semestre do curso de direito ministrado pela universidade pública estadual em que estuda. No requerimento, Paulo asseverou ser descabida a referida cobrança, ressaltando o teor do enunciado da Súmula Vinculante n.º 12 do STF. O coordenador do curso indeferiu o pedido, aludindo que o requerente poderia interpor, junto ao conselho universitário, recurso administrativo, cabível, na espécie. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, se Paulo poderá propor reclamação constitucional sob o fundamento de afronta a autoridade de decisão do STF, de acordo com o art. 102, inciso I, alínea l, da Constituição Federal.

Questão 2

André constituiu, como mandatário, seu irmão caçula, de 17 anos de idade, a fim de que ele procedesse à venda de um automóvel, tendo o referido mandatário realizado, desacompanhado de assistente, negócio jurídico em nome de André. Em face dessa situação hipotética, discorra acerca da capacidade, como mandatário, do irmão de André, explicando se é válido o negócio jurídico realizado por ele, inclusive, em relação aos direitos de terceiros. QUESTÃO 3 Em virtude de acidente de trânsito ocorrido em 20/3/2006, Sandro ficou com graves sequelas físicas. Na ação penal proposta pelo Ministério Público, Armando, o causador do acidente, foi condenado à pena privativa de liberdade correspondente a um ano de detenção, tendo a sentença penal transitado em julgado em 5/4/2009. Nessa situação, o que Sandro deve fazer para tentar obter de Armando, já condenado na justiça criminal, a reparação civil por danos materiais? Justifique a resposta com base nas disposições pertinentes do Código de Processo Civil.

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PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2009.1

Marta, aos seis anos de idade, sofreu sérios danos estéticos ao receber a terceira dose da vacina antirrábica fornecida pelo Estado. Quando Marta estava com treze anos de idade, ajuizou, representada por sua mãe, ação de indenização em face do Estado, alegando que a má prestação de serviço médico em hospital público lhe teria deixado graves sequelas. Ela pediu indenização no valor de R$ 50.000,00 a título de danos materiais e outra no valor de R$ 40.000,00 a título de danos morais, e fez juntar aos autos comprovantes das despesas decorrentes do tratamento. Em contestação, a Fazenda Pública estadual alegou ocorrência de prescrição, com base no disposto no art. 1.º do Decreto n.º 20.910/1932, o qual estabelece que as dívidas passivas do Estado prescrevem em cinco anos, contados da data do ato ou do fato de que se originaram. Como entre a data do fato e o ajuizamento da demanda transcorreram sete anos, teria ocorrido a prescrição. Em primeiro grau de jurisdição, foram realizados perícia e demais atos probatórios, tendo todos atestado a ocorrência do dano e do nexo de causalidade. No entanto, ao proferir sentença, a autoridade julgadora acolheu a alegação de prescrição e julgou extinto o processo nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Marta, redija a peça processual cabível, abordando todos os aspectos de direito processual e material necessários à defesa de sua cliente.

Questão 1

Jaqueline requereu inventário, sob a modalidade de arrolamento de bens, em decorrência do falecimento de seu esposo, com quem era casada em regime de comunhão universal de bens. A autoridade julgadora determinou a juntada aos autos da habilitação e a representação de todos os herdeiros descendentes, tendo em vista a informação de que da união teriam nascido três filhos. Contra a referida decisão insurgiu-se a viúva, alegando que o fato de ter sido casada com o falecido, em regime de comunhão universal de bens, implicaria a exclusão de seus filhos da sucessão, de acordo com o art. 1.829, I, do Código Civil. Considerando essa situação hipotética, discorra, com base no Código Civil de 2002, a respeito dos direitos da viúva na referida sucessão, especificando se o fato de ter sido casada em regime de comunhão universal de bens exclui os descendentes da sucessão.

Questão 2

Antônio submeteu-se a uma angioplastia, no curso da qual, em caráter de emergência, tornou-se necessária a realização de procedimento para implantação de dispositivo necessário ao funcionamento da circulação cardiovascular. Em contato com a seguradora de saúde, sua esposa, Ana, obteve a informação de que seria indispensável a assinatura de termo aditivo ao contrato inicial para que o procedimento estivesse sujeito a cobertura. Em face dessa situação, Ana assinou o aludido aditivo, aceitando as condições impostas pela seguradora, inclusive no tocante ao valor da prestação mensal, o qual seria bem superior àquele que vinha sendo pago. Entretanto, mesmo após a referida assinatura, a empresa recusou-se a cobrir as despesas pertinentes ao procedimento. Em virtude disso, Antônio e Ana ingressaram com ação, sob o rito ordinário, contra a empresa de seguro saúde, visando à

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obtenção de tutela jurisdicional que declarasse a nulidade do termo aditivo ao contrato assinado com a empresa e o respectivo reembolso dos valores pagos pelo segurado. A propositura da ação fundou-se no argumento de que os fatos caracterizariam estado de perigo. Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. < Nos fatos apresentados, estão presentes os requisitos para que se configure estado de perigo? < É possível a declaração de nulidade do negócio jurídico sob o fundamento de ocorrência do estado de perigo?

Questão 3 Maria e seu filho, Joaquim, foram condenados, por sentença judicial transitada em julgado, a ressarcir os danos materiais e morais sofridos por José, de 25 anos de idade, em razão da perda dos movimentos das pernas e dos pés (incapacidade permanente, no grau de 100%) provocada por acidente de trânsito ocorrido no ano de 1991. A condenação consistiu no pagamento de prestação alimentícia no valor correspondente a três salários mínimos mensais até que José venha a completar 65 anos de idade. No ano de 2007, mãe e filho ingressaram com ação de exoneração do encargo com pedido sucessivo de revisão de prestação de alimentos, sob o exclusivo fundamento de que José não teria mais necessidade do recebimento do aludido valor mensal, por estar recebendo remuneração por trabalhos desenvolvidos em uma empresa. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. < De acordo com os dispositivos legais aplicáveis à espécie e com a jurisprudência, somente a melhoria da situação econômica da vítima constitui elemento suficiente para autorizar a redução da prestação estabelecida na sentença? < É possível a alteração da coisa julgada material quando a sentença de mérito prevê obrigação consistente em prestação continuada?

PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2008.3

Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de indenização por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, Gustavo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que Gustavo fora atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia. Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos.

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Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando Leonardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. A sentença foi publicada em 12/1/2009. Após uma semana, Leonardo, não se conformando com a sentença, procurou advogado. Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Leonardo, elabore a peça processual cabível para a defesa dos interesses de seu cliente.

Questão 1

Proferida sentença condenatória em desfavor de uma instituição bancária, a parte vencedora procurou o advogado que contratara para que promovesse o cumprimento da sentença, o qual constatou, ao avaliar o processo, que a sentença era ilíquida porque os dados necessários ao cálculo da importância devida estavam em poder do banco condenado. Nessa situação hipotética, qual seria a solução indicada? Fundamente sua resposta de acordo com a disciplina legal da matéria.

Questão 2

Mariana, que trabalha com grupos de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica, casou-se, após três meses de namoro, com pessoa que conhecera na faculdade. Passados quatro meses da celebração do casamento, nada perturbava a vida harmoniosa do casal, até que Mariana soube que seu marido já havia sido condenado por lesões corporais graves causadas a uma antiga namorada bem como tramitavam, contra ele, duas ações penais em que era acusado da prática de estupro e atentado violento ao pudor contra a mesma pessoa. Em razão desse fato, Mariana pretende pôr fim a seu casamento. Em face dessa situação hipotética, indique a solução jurídica adequada à pretensão de Mariana, destacando não só o direito material aplicável à espécie como também o meio adequado de encaminhamento do pedido a ser realizado.

Questão 3

Rogério, em razão da necessidade de custear tratamento médico, no exterior, para o filho que contraíra grave enfermidade, vendeu a Jorge um apartamento de dois quartos, por R$ 200 mil, enquanto seu valor de mercado correspondia a R$ 400 mil. Jorge não tinha conhecimento da situação de necessidade do alienante e dela não se aproveitara, mas Rogério, após dois meses, com a melhora do filho, refletiu sobre o negócio e, sentindo-se prejudicado, procurou escritório de advocacia para se informar acerca da validade do negócio.

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Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Rogério, esclareça, com o devido fundamento jurídico, se existe algum vício no negócio celebrado e indique a solução mais adequada para proteger os interesses de seu cliente.

Questão 4

Marta, microempresária, utilizou os serviços de uma oficina mecânica para reparar o veículo de sua confeitaria, o qual havia parado de funcionar durante uma entrega de bolos. Entre os fatos que a levaram a escolher aquela oficina, estava a oferta de um veículo da própria oficina para transportar os bolos até seu destino. No curso da viagem, o condutor do veículo oferecido pela oficina, por não ter observado a distância de segurança, colidiu-o contra a traseira de veículo que seguia à sua frente. Marta, então, requereu do dono da oficina a indenização correspondente à destruição dos bolos, cujo valor final apurado correspondeu a R$ 1.500,00. O dono da oficina, contudo, negou-se a indenizar os danos, ao argumento de que, em transporte gratuito, o transportador só responderia em caso de dolo ou culpa grave, situação que não se configurara, dada a culpa leve do motorista. Em face dessa negativa, Marta procurou escritório de advocacia para obter informações a respeito de seus direitos à reparação de danos. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Marta, discuta o argumento utilizado pelo dono da oficina para eximir-se da responsabilidade e indique, se for o caso, a via judicial adequada e o juízo competente para o encaminhamento do pedido de reparação de danos.

Questão 5

Teresa, em 10/11/2008, celebrou com Artur contrato, registrado no cartório competente, no qual ela prometia vender a ele seu veículo, ano 2004, na primeira semana de janeiro de 2009, sem estipulação de direito de retratação. O interesse de Artur em adquirir o veículo deveu-se à quantidade ínfima de quilômetros rodados, cerca de 1.000 por ano. Ficou acertado que Artur pagaria a Teresa o preço constante na tabela FIPE. Entretanto, na data avençada para cumprimento da obrigação, Teresa comunicou a Artur que a promessa de vender o veículo devia-se à sua intenção de adquirir um carro novo, o que ela desistira de fazer, e, por isso, o contrato estaria desfeito. Inconformado com a decisão de Teresa, Artur procurou escritório de advocacia para informar-se acerca de seus direitos. Considerando essa situação hipotética, especifique, com a devida fundamentação, o negócio jurídico celebrado entre Artur e Teresa e indique as providências que podem ser adotadas para cumprimento do contrato.

PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2008.2

Mauro, pedreiro, domiciliado em Salvador – BA, caminhava por uma rua de Recife – PE quando foi atingido por um aparelho de ar-condicionado manejado, de forma imprudente, por Paulo, comerciante e proprietário de um armarinho. Encaminhado a um hospital particular, Mauro faleceu após estar internado por um dia. Sua família, profundamente abalada pela perda trágica do parente, deslocou-se até Recife – PE e transportou o corpo para Salvador – BA, local dosepultamento. O falecido deixou

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viúva e um filho menor impúbere. Sabe-se, ainda, que Mauro tinha 35 anos de idade, era responsável pelo sustento da família e conseguia obter renda média mensal de R$ 800,00 como pedreiro. Sabe-se, também, que os gastos hospitalares somaram R$ 3.000,00 e os gastos com transporte do corpo e funeral somaram R$ 2.000,00. Após o laudo da perícia técnica apontar como causa da morte o traumatismo craniano decorrente da queda do aparelho de ar-condicionado e o inquérito policial indiciar Paulo como autor de homicídio culposo, a viúva e o filho procuraram um advogado para buscar em juízo o direito à indenização pelos danos decorrentes da morte de Mauro. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) procurado(a) pela família de Mauro, a petição inicial da ação judicial adequada ao caso, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes.

Questão 1

Antônio é filho reconhecido de Laura com Roberto, que faleceu e deixou outros três filhos tidos com Catarina, sua esposa. Sendo filho de uma união extraconjugal desconhecida dos demais irmãos, Antônio viu seu nome omitido das primeiras declarações realizadas pelo inventariante já nomeado para o inventário dos bens de seu pai. Antônio sabe que a partilha ainda não foi julgada e já obteve informação de que seus demais irmãos pretendem discutir a sua condição de herdeiro. Em face dessa situação hipotética, aponte a solução processual adequada ao problema da omissão do nome de Antônio nas primeiras declarações do inventário de seu pai até que se decida a questão posta, discriminando o modo de encaminhar a solução e indicando os dispositivos pertinentes no Código Civil e no Código de Processo Civil.

Questão 2

Laura propôs, na Comarca de Cabo Frio – RJ, ação contra Rafael, na qual pretende ver decretada a separação judicial do casal e partilhados os bens amealhados durante o convívio conjugal. Devidamente citado, Rafael ofereceu contestação ao pedido de Laura. Contudo, no prazo que lhe foi conferido para apresentação de réplica, Laura apresentou pedido que visava o deslocamento da competência para julgamento da lide para a Comarca de Campina Grande – PB. Sustentou seu intento na alegação de que passara a residir nessa cidade e que a competência para julgar a ação de separação dos cônjuges é do foro da residência da mulher, sendo necessário o julgamento da ação no local onde reside a parte presumidamente mais fraca. Considerando essa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. < O caso implica competência absoluta ou relativa? < É possível o acolhimento do pedido de Laura, quanto ao deslocamento da competência, segundo o Código de Processo Civil?

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Questão 3

Amauri deve R$ 1.000,00 a Márcio e se encontra em mora. Reunidos para resolver o problema, Márcio aceitou como pagamento da dívida a transferência de uma nota promissória em que Amauri figurava como beneficiário de promessa de pagamento no valor de R$ 1.200,00 feita por Artur, comerciante conhecido na praça. Com o vencimento do referido título de crédito, Márcio procurou receber o seu crédito de Artur, momento em que tomou ciência da condição de insolvência em que este vivia já há muitos anos, razão pela qual acabou sem conseguir receber o valor pretendido e voltou a cobrar a dívida de Amauri. Em face da situação hipotética acima apresentada, identifique o tipo de operação firmada entre Amauri e Márcio assim como seus efeitos jurídicos, esclarecendo se subsiste a obrigação de Amauri. Fundamente sua resposta conforme as normas aplicáveis do Código Civil e do Código de Processo Civil, se houver.

Questão 4

Três amigos, Fredson, Ricardo e Alberto adquiriram juntos uma chácara em conhecido balneário e nela construíram uma casa com três suítes para usufruírem momentos de lazer. Construíram, também, uma piscina, uma churrasqueira e uma quadra de tênis. Acertaram, então, que o local serviria para diversão durante os finais de semana, feriados e férias e que cada um arcaria com um terço dos custos de manutenção do imóvel, o que tem sido devidamente cumprido. Ricardo e Alberto, por motivos profissionais, precisaram passar quinze meses em outro país, parando de utilizar o bem, e, ao retornarem, descobriram que Fredson estava alugando o imóvel, tendo imitido na posse o locatário no momento da celebração do negócio jurídico, um mês após Ricardo e Alberto se ausentarem. Ao procurarem Fredson para obter explicações, este narrou que tem alugado o imóvel com o objetivo de obter dinheiro para pagar a sua parte na manutenção do bem, uma vez que tem passado por dificuldades financeiras. Considerando a situação hipotética apresentada, identifique a natureza da relação mantida entre Fredson, Ricardo e Alberto, explique se a atitude de Fredson encontra amparo nas disposições do Código Civil e indique a providência que Ricardo e Alberto podem adotar para a defesa de seus direitos.

Questão 5

Rodrigo, colecionador de automóveis antigos, vendeu a seu amigo Felipe um dos veículos de sua coleção, estabelecendo, no entanto, que, no caso de o adquirente pretender vender o bem, este deveria ser primeiramente oferecido ao atual vendedor. Passados dois meses do negócio, Patrícia se interessou pelo automóvel e, desconhecendo quaisquer das condições estabelecidas entre original proprietário e Felipe, adquiriu o bem e pagou o preço ajustado, realizando todos os trâmites administrativos necessários ao registro junto ao órgão de trânsito. Concretizado o negócio, Rodrigo tomou conhecimento da sua existência e, tendo a sua disposição a mesma quantia paga por Patrícia, pretende reaver o bem com base na condição que ajustara com Felipe. Em face dessa situação hipotética, assumindo a posição de advogado(a) procurado(a) por Rodrigo, identifique a natureza do ajuste celebrado

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entre Rodrigo e Felipe, esclarecendo qual seria o comportamento adequado à preservação dos direitos de seu cliente, conforme as disposições pertinentes do Código de Civil e do Código de Processo Civil.

PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2008.1

Márcia, vendedora domiciliada na cidade de São Paulo – SP, alega ter engravidado após relacionamento amoroso exclusivo com Pedro, representante de vendas de empresa sediada em Porto Alegre – RS. Em 5/10/2002, nasceu João, filho de Márcia. Pedro manteve o referido relacionamento com Márcia até o quinto mês da gravidez, custeou despesas da criança em algumas oportunidades, além de ter proporcionado ajuda financeira eventual e estado, também, nas três primeiras festas de aniversário de João, tendo sido, inclusive, fotografado, nessas ocasiões, com o menino, seu suposto filho, no colo. No entanto, Pedro se nega a reconhecer a paternidade ao argumento de que tem dúvidas acerca da fidelidade da mãe, já que ele chegava a ficar um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento que tivera com Márcia. Sabe-se, ainda, acerca de Pedro, que seu o salário bruto, com as comissões recebidas, chega a R$ 5.000,00 mensais, bem como que arca com o sustento de uma filha, estudante de 22 anos, e que não tem domicílio fixo em razão de sua profissão demandar deslocamentos constantes entre São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS. Márcia, que já esgotou as possibilidades de manter entendimento com Pedro, ganha, no presente momento, cerca de dois salários mínimos. As despesas mensais de João totalizam R$ 1.000,00. Diante da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Márcia, a ação judicial que seja adequada aos interesses de João, abordando todos os aspectos de direitos material e processual pertinentes.

Questão 1

José foi aprovado em vestibular de instituição particular de ensino superior e, após efetuar a matrícula, recebeu notificação de decisão administrativa que indeferira seu pedido, ao argumento de que não estaria devidamente comprovada a conclusão do ensino médio. Em razão disso, ajuizou ação adequada, alegando estar apto a freqüentar as aulas por já ter concluído o ensino médio. Juntou à inicial os originais das declarações de conclusão do ensino médio já apresentadas à ré. Na sua defesa, a instituição de ensino superior alegou que o indeferimento da inscrição não ocorrera por eventual defeito das declarações, mas pela ausência dos históricos escolares, os quais são documentos necessários à comprovação da conclusão do ensino médio. O juiz condutor do feito conferiu a José a possibilidade de apresentar réplica à contestação, e José informou a seu advogado que não havia conseguido apresentar os históricos escolares porque estes lhe foram negados pela instituição na qual completara o ensino médio. Considerando a situação hipotética apresentada, diante da necessidade de trazer aos autos as informações constantes do histórico escolar, apresente a solução processual adequada ao problema da retenção desse documento pela instituição de ensino médio, discriminando o modo de encaminhar tal solução, com base nos dispositivos pertinentes do Código de Processo Civil.

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Questão 2

Laura e Rafael dissolveram a sociedade empresarial da qual eram os únicos sócios, constando do acordo de divisão dos bens que o imóvel pertencente à extinta pessoa jurídica seria partilhado na proporção de 60% e 40%, respectivamente, em razão de os bens restantes terem sido atribuídos exclusivamente a Rafael. Entretanto, desde a homologação do acordo, o imóvel, sem qualquer alteração, está na posse de Rafael, que tem se demonstrado irredutível quanto à possibilidade de vender sua parte do bem ou viabilizar qualquer outra forma de garantir a Laura o direito que lhe cabe. Assevere-se, ainda, que o imóvel não comporta divisão cômoda, não possui benfeitorias, e que Laura também tem o interesse de adquirir o bem para si. Diante dessa situação hipotética, apresente a solução processual possível para o problema de Laura, inclusive, quanto ao seu intento de adquirir a parte de Rafael e ter a integralidade do bem.

Questão 3

Amanda, concubina de Paulo, recebeu deste, em 10 de dezembro de 2006, um veículo em doação, e, agora, diante da morte de Paulo e de Fernanda, esposa deste, durante as férias que eles passavam, juntos, em maio de 2008, teme que os irmãos de Fernanda, únicos herdeiros do casal, busquem de algum modo questionar a validade da doação e recuperar o bem, já que a doação ocorreu durante o período da relação adúltera mantida com o falecido. Com base nas disposições do Código Civil, esclareça se existe a possibilidade de os herdeiros de Paulo e Fernanda invalidarem o contrato que transferiu o veículo a Amanda.

Questão 4

Márcio, José e Pedro, proprietários de partes ideais iguais de um barco de pesca, venderam o bem para Maria, receberam o preço ajustado pelo negócio e assinaram um contrato de compra e venda no qual se obrigavam a entregar o bem até o início da temporada de pesca da lagosta no litoral cearense, isso sob pena de multa no valor de R$ 3.000,00. Entretanto, próximo à data da entrega do barco, José resolveu utilizá-lo e o danificou, de modo que só conseguiu cumprir a obrigação de entrega do bem com um mês de atraso. Maria, inconformada com o ocorrido, cobrou dos três vendedores o pagamento da cláusula penal estipulada. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) consultado(a) por Márcio acerca da cobrança da cláusula penal, apresente a orientação adequada a respeito do pagamento devido em razão da mora causada por José, com base no que dispõe o Código Civil.

Questão 5

Luís, aproveitando-se da situação econômica notoriamente difícil vivida por sua vizinha Ana, que não tinha patrimônio suficiente para pagar todas as dívidas que contraíra, acertou, com ela, a compra do automóvel de Ana, por R$ 19.500,00, sabendo que o valor de mercado do veículo chegava a R$ 20.000,00. Realizada a tradição e ajustado o pagamento para dali a 10 dias, Luís, acreditando ter feito bom

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negócio, contou o ocorrido a um amigo, que o alertou acerca da possível invalidade do negócio. Preocupado, Luís resolveu consultar um advogado para obter maiores detalhes acerca da validade do negócio e da possibilidade de preservá-lo, caso fosse inválido, já que ainda não pagara o preço ajustado. Diante da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Luís, exponha a solução adequada ao caso, esclarecendo, com base no que dispõe o Código Civil, a possibilidade, ou não, da validade do negócio e de preservá-lo diante da disponibilidade do valor ajustado.

PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2007.3

Em 05/1/2007, Antônio adquiriu de João o veículo VW Gol, ano/modelo 2006, placa XX 0000, pelo valor de R$ 20.000,00, tendo efetuado o pagamento da compra à vista. No mês seguinte à aquisição, Antônio efetuou a transferência do veículo junto ao DETRAN de sua cidade, tendo pago, além da respectiva taxa, multas por violação às normas de trânsito, no valor de R$ 2.000,00. No dia 29/11/2007, o veículo foi apreendido por ordem do delegado de polícia, por ter sido objeto de furto na cidade de São Paulo. Todas as tentativas para solução amigável quanto ao ressarcimento restaram frustradas, notadamente em virtude de João ter transferido sua residência para o Rio de Janeiro, no endereço constante da consulta feita junto ao órgão estadual de trânsito. Diante da situação hipotética apresentada, proponha, na qualidade de advogado constituído por Antônio, a medida judicial que entender cabível para a proteção dos interesses de seu cliente, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes e atentando para todos os requisitos legais exigíveis.

Questão 1

Carlos e Cláudia celebraram, mediante instrumento particular, contrato de promessa de compra e venda de imóvel, obrigando-se o promitente vendedor e a promitente compradora à celebração do contrato definitivo no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as partes ajustaram em R$ 300.000,00 e que deveria ser pago em três parcelas iguais, mensais e sucessivas. Do instrumento constou cláusula de irretratabilidade e irrevogabilidade. Tendo Cláudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou a outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque celebrado por instrumento particular e, não, por escritura pública, e que, além disso, tinha o direito de se arrepender. Considerando essa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado de Cláudia, texto argumentativo acerca dos fundamentos invocados por Carlos para se recusar à celebração do contrato definitivo.

Questão 2

Dora, em virtude do falecimento de seu marido, Pedro, pretende renunciar à meação e transferir aos filhos do casal a propriedade do imóvel que serve de moradia para a família, adquirido na constância do casamento.

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Diante dessa situação hipotética, redija um texto dissertativo acerca da meação do cônjuge sobrevivente e sobre a possibilidade de sua renúncia nos próprios autos do inventário da herança do cônjuge falecido.

Questão 3

José é autor de ação de execução por quantia certa, fundada em título extrajudicial, contra Cleusa, devedora solvente. Depois do regular trâmite do processo, com a penhora de bem imóvel de propriedade da devedora, os embargos opostos pela executada foram julgados improcedentes. Em face da situação hipotética acima, redija um texto argumentativo, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: < requisitos para a atribuição de efeito suspensivo ao recurso interposto da sentença que julga improcedentes os embargos do executado; < possibilidade, ou não, da realização de hasta pública do bem penhorado na pendência do julgamento desse recurso.

Questão 4

Maria, que é casada com João desde 10/11/1971, sob o regime de comunhão universal de bens, sem pacto antenupcial, deixou o lar conjugal alegando que sofria agressões por parte do marido. Após a separação de fato do casal, Maria começou a temer que João desviasse recursos e dilapidasse o patrimônio, visto que ele detinha quase todo o acervo patrimonial partilhável, composto por bens imóveis, bens móveis que guarnecem a residência do casal, jóias, dinheiro, aplicações em contas bancárias e veículos registrados em nome de João. Considerando a situação hipotética acima, redija um texto argumentativo, indicando a ação cabível para a preservação dos bens sobre os quais incide a meação de Maria.

Questão 5

Joel e Marta faleceram em um acidente automobilístico, não tendo sido possível supor ou provar qual deles faleceu primeiro. Casados pelo regime da comunhão parcial de bens, Joel e Marta, que não tinham descendentes, deixaram os seguintes bens a inventariar: um imóvel residencial de propriedade do casal, no valor de R$ 150.000,00, e um apartamento de propriedade exclusiva de Marta, no valor de R$ 80.000,00. Os pais de Joel estão vivos e Marta tem como parentes, ainda vivos, a mãe, a avó materna e duas irmãs. Considerando a situação hipotética acima e diante do fato de que os parentes dos falecidos, todos maiores e capazes, pretendem a abertura do inventário pelo rito do arrolamento sumário, redija, na condição de advogado constituído, um texto argumentativo acerca da sucessão de Joel e Marta, apresentando esboço da partilha amigável dos dois bens imóveis.

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PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2007.2

Fernanda e Josiana se conheceram no ano de 1998. Nessa época, Fernanda era professora e Josiana, aluna, no curso de direito. Em março de 1999, elas iniciaram relacionamento afetivo e, em outubro de 1999, resolveram morar juntas. Josiana, então, foi morar no apartamento em que Fernanda residia. Inicialmente, mesmo contra a vontade de Josiana, o relacionamento não foi assumido publicamente, pois Fernanda argumentava que tal revelação poderia trazer conseqüências nefastas para ambas, no âmbito familiar, profissional e social. A relação afetiva foi se tornando duradoura e, havendo ânimo de perpetuá-la, no ano de 2002, Fernanda e Josiana resolveram, de comum acordo, continuar a convivência em um apartamento mais espaçoso. Para isso, adquiriram um imóvel ao preço de R$ 190.000,00, que foi mobiliado com esforço comum, ao custo de R$ 38.000,00. Além disso, adquiriram, também, o automóvel marca CPC, modelo F-1, ano 2001, avaliado em R$ 25.000,00, para uso partilhado. Com o passar do tempo, tendo o relacionamento ficado intolerável para Josiana, esta decidiu deixar de conviver com Fernanda. Com base nessa situação hipotética, elabore, de forma fundamentada, a petição inicial da ação judicial cabível para a defesa dos interesses pessoais e(ou) patrimoniais de Josiana, considerando a peremptória discordância de Fernanda em pôr termo ao relacionamento. (Os dados ou elementos fáticos ausentes na situação hipotética apresentada que sejam imprescindíveis ao desenvolvimento da peça devem ser complementados, respeitada a pertinência fático-jurídica.)

Questão 1

João, em sede de ação de alienação judicial de coisa comum, foi citado por edital e não apresentou resposta no prazo legal. Acerca dessa situação hipotética, discorra, fundamentadamente, quanto à possibilidade de o juiz decretar a revelia de João e aos eventuais efeitos dessa medida.

Questão 2

Eduardo venceu ação de cobrança proposta contra Sílvio, tendo por objeto o pagamento da quantia de R$ 10.000,00, mais verba honorária no valor de R$ 1.500,00, além do ressarcimento de despesas processuais de R$ 500,00, cuja demanda tramitou perante a 1.ª Vara Cível da Comarca de Uberaba – MG. Entretanto, Eduardo, ante a inadimplência de Sílvio, pretendendo obter a satisfação do crédito, deseja que tal procedimento judicial seja processado perante Vara Cível da Comarca de Marabá – PA. Com relação a essa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Eduardo, redija um texto que informe ao seu cliente quais são os requisitos legais exigidos para que o procedimento do cumprimento da sentença seja acolhido no juízo cível da comarca de Marabá.

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Questão 3

Josivaldo, maior, capaz, propôs ação de cobrança perante a vara do juizado especial cível da comarca de Montes Claros – MG, contra Carlos, maior, capaz, tendo por objeto a condenação deste ao pagamento da quantia de R$ 25.000,00. O juiz, entretanto, de plano, deixou de receber o pedido sob o fundamento de que o valor da causa excede 40 salários mínimos, situação ofensiva ao disposto no art. 3.º, inciso I, da Lei n.º 9.099/1995. Inconformado, Josivaldo pretende interpor recurso inominado. No que se refere a essa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) de Josivaldo, discorra quanto aos eventuais fundamentos fáticos e jurídicos que possam sustentar o juízo de reforma da sentença recorrida.

Questão 4

Pedro, menor impúbere, representado por Sílvia, sua genitora, firmou com José, seu pai, no dia 1.º de dezembro de 2006, acordo extrajudicial submetido à homologação perante o órgão competente do Ministério Público, em que José se obrigara a pagar a Pedro a quantia mensal de R$ 380,00, a título de pensão alimentícia. Porém, José se encontra inadimplente com as prestações de junho a setembro de 2007. Considerando essa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Sílvia, redija um texto fundamentado que informe a sua cliente sobre a possibilidade fática e jurídica de o juiz decretar a prisão civil de José ante o inadimplemento deste frente à referida obrigação alimentar.

Questão 5

No tocante à classificação quanto ao conteúdo (ou efeito) da sentença definitiva de procedência do pedido, discorra sobre a distinção entre a ação declaratória incidental, quando proposta pelo réu, e a ação de reconvenção.

PEÇA PROFISSIONAL OAB BA 2007.1

José, brasileiro, por intermédio da Administradora de Imóveis Maranhão Ltda., sociedade civil, representada por Aluísio, contratou a locação da loja 10, da Quadra 100, lote 12, integrante do Condomínio Bosque Piauí, de propriedade de Eduardo, maior, relativamente incapaz, assistido por sua curadora Antônia. O pacto locatício fora instituído por meio de instrumento particular firmado pelo locador, seu curador, bem como pelo locatário e seus fiadores, Genésio e Clotilde, pessoas de reconhecida idoneidade financeiro-patrimonial e suficientemente qualificadas na citada avença. A vigência do pacto locatício mediava do dia 1.º de setembro de 2006 ao dia 31 de agosto de 2008. Colhe-se da avença que o locatário assumira a obrigação líquida e certa de pagar ao locador dispêndio mensal de R$ 3.550,00, a título de aluguel, assim como ao ressarcimento das despesas ordinárias de condomínio, pactuadas no valor de R$ 900,00 por mês, além do imposto sobre a propriedade territorial urbana (IPTU) e da taxa de limpeza urbana (TLP), no valor mensal de R$ 500,00. Ademais, em caso de descumprimento das obrigações pactuadas por qualquer das partes, incidirá multa de 10% sobre todo o valor inadimplido. Ocorre, entretanto, que Pedro, síndico do Condomínio Bosque Piauí, alega a existência de débito de quotas ordinárias de condomínio da loja locada (loja 10), no valor de R$ 9.000,00, relativas ao período de junho/2006 a abril/2007, além dos

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acréscimos relativos a correção monetária (R$ 50,00), multa moratória (R$ 180,00) e juros (R$ 120,00). O representante legal do condomínio ressalta que expediu tempestivamente notificação epistolar endereçada ao devedor, para o fim de cientificar-lhe do aludido inadimplemento, porém este se quedou inerte quanto ao adimplemento das suas obrigações legais. Considerando a situação hipotética apresentada, elabore a peça processual cabível, visto que o(a) lesado(a) pretende, em sede judicial, acionar o(a) devedor(a) remisso(a), visando ao recebimento das quotas condominiais em atraso, além dos consectários legais, convencionais e(ou) contratuais cabíveis. Os dados fáticos ou legais ausentes da situação hipotética, se essenciais, deverão ser complementados pelo examinando, observando-se a respectiva pertinência fático-legal.

Questão 1

Fernanda Bentes Silva propôs ação de separação litigiosa em desfavor do seu marido Roberto Silva, em que a autora postula tão-somente a decretação judicial da separação dos cônjuges, bem como a expedição de mandado para a sua averbação no respectivo Cartório de Registro de Pessoas Naturais. Requereu, igualmente, a antecipação dos efeitos da tutela de mérito, com fundamento no art. 273, caput e inciso I do CPC. Na condição de advogado consultado sobre o assunto, informe sobre a viabilidade jurídica de o juiz deferir a tutela de mérito antecipada pleiteada ou se, frente ao princípio de fungibilidade, cabe o deferimento de tutela cautelar, nos termos do art. 273, § 7.º do CPC.

Questão 2

Indique, informando o(s) dispositivos(s) legal(is), juízo e foro competentes para conhecer dos pedidos de liquidação e do cumprimento da obrigação de pagar quantia, ambos fundados em sentença penal condenatória prolatada por autoridade judicial de Portugal, e homologada pelo órgão competente do STJ, sendo o devedor pessoa maior de dezoito anos e absolutamente incapaz.

Questão 3

José, brasileiro, maior, capaz, produziu danos materiais no valor de R$ 2.500,00 em prédio rústico de propriedade da empresa Potiguar Fomentos S.A. No entanto, José recusa-se terminantemente a pagar tais danos, razão pela qual não há outra forma senão o ajuizamento, por parte da empresa lesada, de tutela judicial com finalidade de recompor o desfalque patrimonial suportado. Na qualidade de advogado dessa empresa, indique a espécie da tutela judicial cabível, bem como nomeie o procedimento ou o rito próprio à espécie. Informe o(s) dispositivo(s) legal(is) em que se fundamenta a sua resposta.

Questão 4

Pércio Acreano presta alimentos no valor mensal de R$ 600,00 a Jocélio Acreano Júnior, com 14 anos de idade, conforme termo de acordo firmado entre as partes e

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referendado pelo órgão da Defensoria Pública. Pércio contudo, pretende reduzir essa verba alimentícia para o valor de R$ 300,00 mensais, sob o fundamento de ter sofrido redução em seus rendimentos, em razão da dispensa da função comissionada até então exercida, bem como de o alimentando ter passado a perceber bolsa de estágio no valor de um salário-mínimo. No entanto, Joana, representante legal de Júnior, discorda dessa redução, sob a justificativa de que as despesas de mantença do representado também sofreram igual incremento. Na qualidade de advogado consultado por Pércio sobre esse tema, responda, fundamentadamente, às seguintes questões. 1. Qual é a espécie de tutela cabível e adequada para se pleitear, em sede judicial, a pretensão almejada por Pércio? 2. Qual o valor da causa?

Questão 5

Paulo contratou a locação de um apartamento de propriedade de Carlos. Intervieram como fiadores José e Márcio, todos qualificados no instrumento do respectivo pacto locatício, oportunidade em que renunciaram expressamente ao benefício de ordem na forma da lei civil. No momento, Paulo encontra-se inadimplente com suas obrigações locatícias relativas às três últimas prestações, motivo pelo qual o advogado de Carlos ajuizou demanda judicial abraçando pedidos de despejo e cobrança de aluguéis, proposta apenas em desfavor de José. Na qualidade de advogado contratado por José, forneça, de maneira fundamentada, as seguintes informações. 1. Informe sobre a possibilidade jurídica de se proceder à ampliação subjetiva no pólo passivo da relação jurídico-processual instaurada por Carlos. 2. Se for o caso, aponte o instituto processual adequado e a(s) pessoa(s) legitimada(s) para compor(em) tal ampliação, levando-se em consideração as vinculações de ordem legal e contratual. 1) João alugou um apartamento para José por 30 meses. A partir do sexto mês de contrato José não mais pagou o aluguel. Após inúmeros contatos telefônicos e via AR para que pague o débito ou desocupe o imóvel, João decidiu lhe procurar, informando que pretende ingressar em juízo buscando o despejo de José e o pagamento dos débitos. Informou que no contrato de locação consta como fiador Marcos. Todos são domiciliados no município do Rio de Janeiro. Na qualidade de advogado de João, redija a peça adequada para tutelar seus direitos. 2) João da Silva, domiciliado no município do Rio de Janeiro, é proprietário de uma casa de veraneio no município de Saquarema, local que freqüente no mínimo duas vezes ao ano, uma na época do carnaval (entre fevereiro e março) e outra no natal.

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Neste ano de 2010, João, como de costume, foi no carnaval (março) e querendo fazer uma grande festa para amigos e familiares viajou para Saquarema no mês de novembro para arrumar a casa. Ao chegar à sua propriedade, verificou que uma árvore que ficava na propriedade vizinha caiu e destruiu parte do telhado de sua casa. Ato contínuo, João foi buscar satisfação com o vizinho, lá encontrando Lúcio, o qual informou que, apesar de lá residir, era apenas um caseiro e que já informara ao patrão, seu Geraldo do ocorrido. João não querendo saber de quem era a culpa, ingressou em juízo contra Lúcio, pleiteando a condenação deste em danos materiais pela avaria em seu imóvel. Lúcio lhe procura, narrando o fato acima e dizendo que é apenas um caseiro, cumprindo ordens do seu Geraldo e que não contribuiu em nada para o ocorrido. Na qualidade de advogado de Lúcio, redija a(s) peça(s) específica(s) para a defesa de seu cliente.

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QUESTÕES PARA ELABORAÇÃO DE PETIÇÃO INICIAL 1) José da Silva firmou contrato de compra e venda de automóvel de marca X com Loja de Automóveis Ltda. Convencionaram as partes o pagamento da seguinte forma: sinal de 50% e mais 10 prestações fixas e sucessivas no valor de R$ 5.000,00, todas a serem pagas em dinheiro na sede da contratada no bairro do Centro, Rio de Janeiro, RJ. O bem seria entregue no momento do pagamento da primeira prestação, que teve como data de vencimento acertada o dia 26/10/2010. Ocorre que, na referida data a contratada recusou-se em receber a primeira prestação, bem como em entregar o automóvel, sob o fundamento que por ser o bem importado, em razão do aumento do dólar o valor anteriormente acordado não lhe traria lucros suficientes. Condicionou a entrega do bem à repactuação do contrato e conseqüente aumento das prestações. Cabe mencionar que o automóvel seria utilizado por José para o trabalho, uma vez que é taxista e contando com a entrega no dia 26/10/2010 já começou a pagar a mensalidade de determinada cooperativa. Você foi procurado por José para solucionar seu caso. Como seu advogado, redija a peça processual adequada. Ao final apenas coloque: “Local, data, advogado”. 2) José da Silva, marceneiro, foi contratado por João Soares para reparar janelas e portas de seu imóvel, tendo sido firmado contrato entre as partes e acertado que ao final do serviço seria paga a quantia de R$ 1.000,00, em espécie, no local da prestação do serviço, no bairro da Barra da Tijuca. Ocorre que João Soares negou-se a pagar o valor, alegando estar insatisfeito com o serviço prestado. Você foi procurado por José para solucionar seu caso. Como seu advogado, redija a peça processual adequada. Ao final apenas coloque: “Local, data, advogado”. João da Silva teve sua casa de veraneio em Saquarema esbulhada por Marcos na data de 1 de Janeiro de 2010. No dia 20/10/2010 (quarta-feira) João procurou um advogado em Saquarema para defender seus direitos, o qual ingressou em juízo no dia 22/10/2010 (sexta-feira) com ação de manutenção da posse com pedido de liminar. A referida ação, apesar de devidamente instruída com os documentos necessários, e dos fatos narrados ser possível prestar a tutela jurisdicional que João necessitava, o Juízo da Primeira Vara Cível de Saquarema indeferiu a petição inicial com base no art. 295, inciso V. João, insatisfeito com seu advogado, lhe procura no intuito de solucionar seu problema. A decisão de indeferimento foi proferida no dia 04/11/2010 (quinta-feira). João é domiciliado no município do Rio de Janeiro. Redija peça processual adequada.

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MODELO DE CAUTELAR DE ARRESTO EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO. Lojas de Bugigangas Ltda., (qualificação), através de seu advogado, vem perante Vossa Excelência, com base nos artigos 796 c/c 800 c/c 801 c/c 813, inciso II do CPC, ajuizar ação cautelar de arresto, com medida liminar, em face de João da Silva, (qualificação). Inicialmente, requer a parte autora sejam as futuras publicações feitas em nome do patrono do autor que subscreve a presente, conforme dados contidos na procuração anexa.

Dos fatos Narrar o ocorrido.

Da fundamentação jurídica Trata-se de ação cautelar de arresto, preparatória para ação principal de execução, a ser intentada no prazo legal do artigo 806 do CPC. Com base no exposto acima, verifica-se que o réu além de não ter cumprido com sua obrigação contratual, qual seja, pagamento da duplicata, ainda está dilapidando seu patrimônio, bem como com sua mudança de domicílio sem qualquer comunicação aos seus credores, apenas reforça a necessidade da presente medida cautelar. Os atos do réu atraem a possibilidade da medida de arresto no intuito de assegurar a efetividade da ação de execução de título extrajudicial (585 CPC), uma vez que, dilapidando todo o seu patrimônio, não restarão bens a garantir futura penhora. Resta configurada a hipótese de arresto, com base no artigo 813, inciso II do CPC. Os requisitos legais do artigo 814 para o deferimento do arresto também estão preenchidos, quais sejam: duplicata vencida em anexo (prova literal da dívida líquida e certa) e venda do imóvel em que o réu residia (justificação do inciso II do artigo 813 do CPC), conforme relatado supra nos fatos. Ante a situação apresentada, em preenchidos os requisitos para a concessão do arresto de bens do réu, tantos quanto forem necessários para a garantia do pagamento da duplicata, percebe-se a necessidade de deferimento de medida liminar, uma vez que até a decisão final na presente medida cautelar já terá o demandado esvaziado seu patrimônio. Assim, requer o deferimento de medida liminar, sem a oitiva prévia do réu, para que sejam arrestados bens necessários para garantir o débito do demandado, com base nos artigos 797 e 804 do CPC. Caso não entenda este MM. Juízo preenchidos os requisitos do artigo 814, desde já oferece em anexo rol de testemunhas que comprovam o intento do réu de se ausentar e dilapidar seu patrimônio, para fins de atendimento dos artigos 804 e 815 do CPC.

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Dos pedidos Diante do exposto, requer a V. Exª: 1) o deferimento da medida liminar de arresto na forma dos artigos 797 e 804 do CPC; 2) a citação do réu na forma dos artigos 802 e 803 do CPC; 3) a confirmação da liminar em sentença e conseqüente deferimento final da medida cautelar de arresto; 4) que, em sendo julgado procedente a ação de execução de título extrajudicial, determine-se a penhora dos bens arrestados, consoante artigo 818 do CPC; 5) caso o MM. Juízo entenda necessário, prontifica-se o requerente a prestar caução real ou fidejussória, ex vi do disposto nos artigos 804 e 816; (isto não é necessário) 6) o pagamento de honorários advocatícios na forma da lei.

Das provas Protesta pelos seguintes meios de prova: documental e testemunhal.

Do valor da causa

Dá-se a causa valor de R$ .... Termos que pede deferimento. Local, data. Advogado

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MODELO DE CONSIGNATÓRIA CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE F AZER EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO. José da Silva, (qualificação), através de seu advogado, vem perante Vossa Excelência ajuizar Ação de consignação em pagamento cumulada com obrigação de fazer (cumprimento de contrato), à luz do rito ordinário previsto no artigo 292 §2º do CPC, em face de Loja de Automóveis Ltda., qualificação. Inicialmente, requer a parte autora sejam as futuras publicações feitas em nome do patrono do autor que subscreve a presente, conforme dados contidos na procuração anexa.

Dos fatos Narrar o ocorrido.

Da fundamentação jurídica Com base no exposto acima, verifica-se que o réu injustamente não cumpriu sua obrigação contratual, não respeitando as regras (ou princípios) basilares dos contratos, a saber: a boa-fé, a função social do contrato e o pacta sunt servanda. Restam, portanto, violados os artigos 421 e 422 do CC. O contrato foi firmado sem qualquer vício, estando observados os artigos 481 e 482 do CC. O argumento do réu para negar o cumprimento é infundado e denota fato previsível: a oscilação do dólar. Tanto que se o dólar tivesse uma queda súbita, ao autor recairia o ônus de pagar por um valor que não condiz com o valor atual do carro. O réu ao negar-se em receber a prestação e cumprir sua contraprestação acabou descumprindo o enunciado do artigo 394, restando em mora com o autor. Todavia, por ser o contrato bilateral e comutativo, não apenas o réu possui obrigação a cumprir, tendo o autor dever de pagamento a honrar. Buscando evitar que também fique em mora e atraia para si a aplicação dos artigos 389 e 395 do CC, vem o autor, à luz dos artigos 334 e seguintes do CC, combinados com os artigos 890 e seguintes do CPC, proceder à consignação em pagamento de todas as prestações (artigo 892 do CPC). Em sendo julgada procedente a consignatória, o autor terá cumprido sua parte no contrato, em respeito ao artigo 476 do CC. Desta forma, à luz dos artigos 461 e 461-A do CPC combinados com o artigo 475 do CC, deve o réu proceder à entrega do automóvel no prazo fixado por este MM. Juízo, o que ora se requer. Com o deferimento da consignatória e com a entrega do veículo, as partes terão cumprido com o contratado.

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Todavia, em razão da mora do réu, prejuízos foram acarretados ao autor. Conforme narrado, o autor confiante do cumprimento pelo réu do contrato na data fixada iniciou o pagamento da cooperativa em que trabalharia como taxista (documento anexo). Além disto, com a não entrega do veículo, o autor deixou de auferir renda. Assim, com base no artigo 402 do CC, deve o réu ser condenado no pagamento do que o autor despendeu, bem como no que deixou de ganhar, o que ora se requer.

Dos pedidos Diante do exposto, requer a V. Exª: 1) o deferimento da consignação em pagamento na forma dos artigos 893, inciso I e 892 do CPC; 2) a citação do réu na forma dos artigos 893, inciso II e 319 do CPC; 3) em comprovado a adimplemento pelo autor da sua parte, a condenação do réu para que proceda a entrega do veículo, à luz dos artigos 461 e 461-A do CPC; 4) a condenação do réu pelos prejuízos causados ao autor, à luz do artigo 402 do CC; 5) o pagamento de honorários advocatícios na forma da lei.

Das provas Protesta pelo seguinte meio de prova: documental.

Do valor da causa

Dá-se a causa valor de R$ .... Termos que pede deferimento. Local, data. Advogado

Modelo de Peças: As peças abaixo redigidas têm a finalidade de demonstrar ao aluno

como deve ser elaborada a argumentação, a construção de idéias, bem como de verificar a

formatação de uma peça envolvendo o direito material. Porém, lembrar que há limitação de

linhas para a prova da OAB.

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PETIÇÃO INICIAL – RITO COMUM ORDINÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VAR A CÍVEL... DO

FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA,

ESTADO DO PARANÁ.

CIDADÃO “X”, brasileiro, divorciado, comerciante, portador da cédula de

identidade com RG n.º..., inscrito no CPF/MF sob o n.º..., residente e domiciliado em

Curitiba, à Rua..., nº..., por seu procurador judicial..., procuração em anexo, com

endereço profissional à Rua..., n.º..., onde recebe intimações, vem perante Vossa

Excelência, com fulcro no artigo 4.º do Código de Processo Civil, pelo procedimento

comum ordinário, propor AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL

CUMULADA COM INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO P OR DANOS

MORAIS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de BANCO “Y”,

pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ/MF sob o n.º..., com sede nesta

Capital, à Rua.., nº..., pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

1. RELATO DOS FATOS

Em 10 de janeiro do corrente ano, o Requerente teve seus documentos

subtraídos, lavrando Boletim de Ocorrência junto ao 89.º Distrito Policial, conforme

documento anexo.

Em meados de julho, dirigiu-se o Requerente ao Supermercado ZZZ, como de

costume, a fim de efetuar compras mediante pagamento com cartão de crédito. Após

ter separado as mercadorias que desejava, foi impedido de realizar a compra por

funcionários da loja sob a alegação de que o seu nome estava inscrito no cadastro

de determinado órgão de proteção ao crédito.

Desconhecendo qualquer débito em seu nome que poderia causar tal

restrição creditícia, o Requerente procurou maiores informações sobre o registro de

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débito, tomando ciência de que a instituição financeira ora Requerida havia

realizado tal apontamento indicando débito com relação a determinado contrato de

conta corrente.

Porém, o Requerente, além de nunca ter negligenciado nenhuma de suas

obrigações, não realizou negócio jurídico com o Requerido.

A fim de esclarecer a situação, o Requerente procurou a empresa Requerida,

a qual o informou que havia sido aberta conta corrente em seu nome em fevereiro

deste ano, com a emissão de vários cheques sem provisão de fundos.

O Requerido negou-se a entregar ou mostrar as cópias dos documentos

utilizados para a abertura do referido contrato de conta corrente, bem como a minuta

assinada deste. Porém, disponibilizou microfilmagem de um dos cheques emitidos,

em anexo, pela qual se constata a falsificação grosseira da assinatura do

Requerente.

Outrossim, o Requerido informou que não seria possível tomar qualquer

atitude no sentido de excluir o nome do Requerente dos cadastros de órgãos de

proteção de crédito, vez que inexistia prova inequívoca de que a conta corrente foi

aberta por meio de fraude.

Ressalte-se que tal recusa gerou inúmeras situações constrangedoras e

prejuízos ao Requerente, vez que é comerciante e necessita de crédito para realizar

compras a prazo e honrar com os demais compromissos financeiros.

Diante do exposto, não resta opção ao Requerente senão buscar a tutela de

seus direitos junto ao Poder Judiciário a fim de reparar os danos sofridos e evitar

maiores prejuízos de ordem moral e patrimonial.

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2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA DEMANDA

2.1 Da Responsabilidade Civil

Diante da situação fática exposta, denota-se que o Requerido, ao exercer

suas atividades sem o menor zelo e segurança devidas, atingiu o Requerente em

seu patrimônio e, principalmente, em sua moral.

É cediço que a mera inscrição indevida do nome de um indivíduo em

cadastros de órgãos de restrição de crédito já configura motivo suficiente para a

indenização por danos morais, conforme entendimento pacífico na jurisprudência.

No caso em tela, além da inscrição indevida, fato este que por si só autoriza a

responsabilização por danos morais, há ainda que se atentar às situações

humilhantes pelas quais passou o Requerente em estabelecimentos comerciais e a

restrição de crédito perante seus fornecedores, de maneira que estes passaram a

negar-se a realizar venda a prazo.

Inconteste, portanto, a dor, o sofrimento e a angústia do Requerente ao ter

sua credibilidade e sua integridade pessoal abaladas, além dos demais transtornos

sofridos no âmbito de suas atividades laborais.

Em atenção ao disposto nos artigos 186 e 927 do Código Civil, verifica-se que

a responsabilidade civil configura-se mediante a obrigação de indenizar daquele que

causou violação de direito alheio mediante omissão ou atitude negligente ou

imprudente.

Tal obrigação de indenizar resta inegável quando presentes todos os seus

requisitos, quais sejam: ato ilícito, dano indenizável, nexo causal entre estes e culpa.

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Em assim sendo, passa-se a comprovar a configuração dos elementos que ensejam

a responsabilidade civil por parte do Requerido diante dos danos causados

injustamente ao Requerente.

2. 2. Do Dano Moral

A Constituição Federal assegura a indenização por dano moral quando da

ofensa à honra e imagem da pessoa como direito fundamental, este elencado no

artigo 5.º, inciso X.

O dano moral resta configurado quando da ofensa injusta, vindo a causar

constrangimento, abalo psicológico e gravame à honra da pessoa.

Em análise ao caso em tela, vislumbra-se que o Requerente teve sua honra

perante terceiros manchada, sofrendo abalo de crédito e transtornos decorrentes de

situação para a qual não contribuiu.

Note-se que, em momento algum, o Requerente veio a agir de modo a

justificar os danos sofridos, vez que nunca negligenciou suas obrigações perante

terceiros. A única mácula registrada em seu nome é justamente a realizada pelo

Requerido, em conseqüência de atitude ilícita própria, ao celebrar contrato com

terceiro estranho sem tomar as devidas precauções para garantir, no mínimo, a

identidade deste.

De tal modo, inolvidável o dano moral sofrido pelo Requerente, este

decorrente unicamente dos atos do Requerido.

2. 3. Do ato ilícito e negligente praticado pela R equerida

A empresa ora Requerida é atuante no mercado há mais de trinta anos,

possuindo incontáveis clientes em todo o país. Justamente por tal razão, é de se

esperar que empresa de tal porte tenha o mínimo de requisitos de segurança e

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possua empregados instruídos para a celebração de seus contratos, a fim de evitar

fraudes.

Porém, conforme se verificou no caso em tela, foi possível a terceiro,

mediante cédula de identidade e CPF, assim como indicação de endereço aleatório,

presume-se, a celebração de contrato, o qual veio a gerar inúmeros prejuízos ao

Requerente.

Causa surpresa que os funcionários do Requerido não sejam instruídos para

conferir, no mínimo, a foto e a assinatura constantes nos documentos apresentados

a fim da celebração de um contrato. Não obstante a fraude tenha sido realizada por

terceiros de má-fé, não se exime de responsabilidade do Requerido, vez que

responsável diretamente pelo contrato celebrado de maneira ilícita.

Ora, a atuação do Requerido exige funcionários capacitados para a

identificação de tais fraudes, sob pena de tornar sua atividade inviável pela

fragilidade mediante a atuação de estelionatários.

Evidenciada a atitude negligente, portanto culposa, por parte do Requerido e,

conseqüentemente, o ato ilícito cometido, passa-se à análise do último pressuposto

da responsabilidade civil, qual seja, o nexo de causalidade.

2. 4. Do nexo de causalidade

Por ora, cabe fazer menção e relação direta entre o ato negligente do

Requerido e os danos suportados pelo Requerente.

Note-se que o Requerente nunca manteve relações jurídicas com o

Requerido, o que impossibilitaria totalmente a inscrição do nome daquele por débitos

pendentes.

Melhor sorte não resta ao Requerido em se comprovando a situação de fraude

realizada com os dados do Requerente, evidenciando-se a atitude negligente pela

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falta de cuidados ao celebrar contratos de prestação de serviços, conforme

fartamente versado em momento anterior.

Vislumbra-se que todos os danos suportados pelo Requerente tiveram

decorrência direta da atitude culposa por parte do Requerido.

Tal assertiva é de fácil comprovação, visto que se o Requerido tivesse tomado

as devidas cautelas ao realizar contrato creditício, teria se apercebido de que se

tratava de terceiro de má-fé utilizando-se indevidamente dos dados documentais do

Requerente.

Se assim tivesse agido o Requerido, o Requerente não viria a ter seu nome

registrado nos cadastros de órgãos de proteção de crédito e não viria a sofrer os

prejuízos e as situações constrangedoras anteriormente relatados.

Portanto, verifica-se a presença de todos os elementos caracterizadores da

responsabilidade civil, de maneira que é inconteste o dever do Requerido de

indenizar o Requerente pelos danos suportados.

2. 5. Do quantum indenizatório

Demonstrada a responsabilidade civil por parte do Requerido, passa-se à

análise do quantum debeatur, o qual deve demonstrar-se o mais próximo possível a

recompensar o Requerente dos danos sofridos pelas situações constrangedoras de

falta de crédito e ofensa à honra.

É cediço que inexiste fórmula ou técnica exata para fixar o montante de

indenização por danos morais, mesmo porque a honra e os constrangimentos

suportados não são passíveis de aferição econômica.

Porém, a jurisprudência toma alguns parâmetros a fim de auxiliar na fixação

do quantum, como a situação econômica das partes envolvidas, a extensão e

duração do dano.

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Observando o caso em tela, denota-se que o Requerido possui condição

econômica altamente considerável. Tal fator é extremamente relevante, à medida

que o montante fixado deve ser significativo o bastante para servir como coibição à

empresa para que tome as devidas precauções no sentido de evitar situações

análogas.

Em contrapartida, sabe-se que o valor também não deve ser tão elevado a

ponto de importar em enriquecimento sem causa ao Requerente.

Em análise à situação em tela, verifica-se que o Requerente não apresentou

qualquer espécie de culpa concorrente para a realização do dano, sendo que seu

nome foi negativado de maneira totalmente indevida.

Desta sorte, verifica-se que os danos causados ao Requerente foram bastante

consideráveis e tiveram duração por um longo período, conforme verifica-se pelos

resultados das consultas elaboradas ao SERASA, documentos que instruem a

presente petição.

A fixação do montante indenizatório é de competência exclusiva do

magistrado presidente do processo, utilizando-se dos princípios de proporcionalidade

e razoabilidade, além do bom senso pertinente às suas funções e dos valores tidos

como parâmetro pelos Tribunais.

Tendo em vista os valores utilizados como parâmetro pelos eminentes

julgadores do Tribunal de Justiça deste Estado, indica-se, a título de mera sugestão,

o valor de R$... como quantum indenizatório aferível á presente demanda.

3. DA NULIDADE DO CONTRATO CELEBRADO EM NOME DO

REQUERENTE - INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA

Diante do relato da presente demanda, presume-se que o Requerente foi

vítima, além da atitude culposa da Requerida, também de fraude perpetrada por

terceiro de má-fé.

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Portanto, o contrato celebrado em nome do Requerente com o Requerido é

eivado de vício insanável, ensejador de sua nulidade absoluta, assim como da

nulidade de seus efeitos.

Desta feita, faz-se clara a nulidade do contrato ora entabulado, devendo o

mesmo ser desconsiderado de pleno direito, assim como, reconhecendo a

inexistência de qualquer dívida oriunda deste em nome do Requerente.

4. DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA

Note-se que o Requerente, ainda que não tenha concorrido de maneira

alguma para a ocorrência dos danos que suportou, ainda convive com os efeitos dos

mesmos.

A fim de coibir o mais breve possível a restrição de crédito perpetrada ao

Requerente de maneira indevida, requer-se a antecipação parcial dos efeitos da

tutela, no sentido de que o nome deste seja excluído dos cadastros dos órgãos de

restrição de crédito.

Em atenção aos fatos da demanda, nota-se a presença dos elementos

indispensáveis à concessão da antecipação de tutela, nos termos do art. 273 caput e

inciso I do CPC, uma vez que há prova inequívoca da verossimilhança das

alegações e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ao

Requerente.

A verossimilhança das alegações pode ser constatada pelo fato de que o

Requerente nunca sequer manteve relações jurídicas com o Requerido, sendo vítima

de fraude de terceiros e da falta de cautela por parte deste na prestação de seus

serviços. fraude esta que, inclusive, decorre de falsificação grosseira da

assinatura do Requerente.

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Não se pode chegar a outra conclusão senão a de que o Requerente está

buscando a tutela do Poder Judiciário para desfazer situação de clara fraude e

prejuízo injusto, sendo o seu direito presumível pelas argumentações esposadas.

Por outro espectro, em se tratando do “perigo da demora”, há de se ressaltar o

fato de que o Requerente ainda está sofrendo os efeitos da injusta negativação de

seu nome junto a órgãos de restrição de crédito.

O perigo na demora da tutela jurisdicional está justamente na extensão

temporal do dano injusto, o qual, além de impossibilitar o Requerente de obter

crédito em qualquer estabelecimento comercial, também importa em prejuízo ao

desenvolvimento das atividades comerciais que possui em seu nome.

Diante do exposto, requer-se a antecipação dos efeitos da tutela, nos moldes

do artigo 273 do Código de Processo Civil, a fim de que sejam oficiados os órgãos de

proteção ao crédito, em especial SERASA e SCPC para que promovam a exclusão

imediata do nome do Requerente de seus cadastros.

Caso Vossa Excelência entenda que a determinação da exclusão da restrição

de crédito em nome do Requerente não deva ser dirigida diretamente aos órgãos

citados mas sim à empresa Requerida, requer-se a fixação de multa cominatória

diária no caso do não cumprimento imediato da ordem, nos termos do art. 273, § 3º,

cumulado com o art. 461, § 4º, ambos do CPC.

5. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Os pólos da relação processual formada pela presente demanda são

ocupados por pessoas díspares com relação à capacidade de produção de prova,

denotando-se a hipossuficiência do Requerente com relação ao Requerido.

E isso porque o Requerido é a único que possui os dados cadastrais e

documentos que foram utilizados para a celebração dos contratos fraudulentos em

nome do Requerente.

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Desta forma, resta o Requerente impossibilitado de comprovar que não

celebrou os contratos sobre os quais versam nesta lide, vez que importa em prova

negativa de fato.

Justifica-se, portanto, o pedido de que seja determinado ao Requerido que

junte aos autos toda a documentação utilizada para a celebração dos contratos de

que trata a presente lide, principalmente o termo de adesão devidamente

assinado .

Além disso, corroborada a hipossuficiência do Requerente, denota-se a

verossimilhança das alegações trazidas, sendo que a clareza dos fatos permite, ante

cognição sumária, à conclusão do direito do Requerente.

De tal forma, restam presentes os elementos que autorizam à inversão do

ônus da prova, conforme preconiza o artigo 6.º, VIII, da Lei n.º 8.078/90, de maneira

a não prejudicar o Requerente diante da retenção de informações necessárias ao

deslinde da presente demanda pelo Requerido.

6. DOS PEDIDOS

Face aos argumentos fáticos e de direito ora esposados, pleiteia o

Requerente:

1. concessão de tutela antecipada parcial, nos termos do artigo 273 do CPC,

no sentido de que sejam oficiados os órgãos de restrição de crédito, em especial

SERASA e SCPC, a fim de que promovam a exclusão do nome do Requerente de

seus cadastros;

2. caso Vossa Excelência entenda que o cumprimento da tutela antecipada

concedida seja de responsabilidade do Requerido, já que este realizou o registro

indevido em nome do Requerente, requer-se a fixação de multa cominatória diária,

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nos moldes do artigo 461, § 4º, do Código de Processo Civil, em caso de não

observância de tal ordem, a partir da juntada do AR de citação aos autos;

3. ao final, seja dada procedência ao pedido para que seja: (a) determinada a

exclusão, em definitivo, do nome do Requerente dos cadastros restritivos de crédito;

(b) condenado o Requerido ao pagamento de indenização por danos morais em

montante a ser fixado pelo magistrado presidente do processo, entendendo que o

quantum não deva ser inferior a R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais); (c) declarada a

nulidade do contrato celebrado entre o Requerido e terceiro de má-fé em nome do

Requerente sem o seu conhecimento ou autirização, mediante fraude; e (d)

reconhecida a inexistência de qualquer dívida do Requerente com relação ao

Requerido, como conseqüência da nulidade do contrato fraudado entre as partes;

4. inversão do ônus da prova, em atenção ao disposto no artigo 6º, VIII, do

CDC, diante da situação de hipossuficiência do Requerente e da verossimilhança do

direito deste em face das argumentações ora trazidas;

5. determinação de que o Requerido junte aos autos toda a documentação

utilizada para a celebração do contrato ora em análise, principalmente o termo do

contrato de adesão devidamente assinado, a fim de possibilitar a instrução

probatória;

6. condenação do Requerido ao pagamento das custas processuais, bem

como honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos do art. 20 do CPC.

7. DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, finalmente requer-se:

1. A citação do Requerido para, querendo, oferecer resposta em 15 (quinze)

dias, nos termos do artigo 297 do CPC, sob pena de reputarem-se como verdadeiros

os fatos aduzidos na presente petição;

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2. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos,

especialmente documental, caso haja conhecimento posterior de documento que

possa vir a elucidar o feito, e pericial grafotécnica;

3. Ainda em sede de provas, requer-se desde já que sejam oficiados os

órgãos de restrição ao crédito, principalmente SERASA e SCPC, a fim de que

informem os períodos nos quais o nome do Requerente permaneceu registrado em

seus cadastros.

Dá-se à causa o valor de R$...

Termos em que

Pede deferimento.

Local..., Data...

ADVOGADO

OAB N.º

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PETIÇÃO INICIAL – RITO ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO

FORO REGIONAL DE SÃO JOSE DOS PINHAIS DA COMARCA DA REGIÃO

METROPOLITANA DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ

DANIEL DE SOUZA PEREIRA , brasileiro, solteiro, comerciante, portador da

Carteira de Identidade RG n. 6.000.000-1, inscrito no CPF/MF sob o n. 000.000.000-

33, residente e domiciliado na Rua das Rosas, n. 100, São Jose dos Pinhais,

Paraná, vem, respeitosamente, por intermédio de seu procurador JOSE BRASIL,

inscrito na OAB/PR sob o n. 2005 (procuração em anexo), com escritório profissional

na Rua 1, Casa 1, São Jose dos Pinhais, onde recebe intimações, perante Vossa

Excelência, propor, com fulcro nos artigos 920 e seguintes do Código de Processo

Civil, pelo rito especial, MANUTENÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR, em

face de MARIO DO NASCIMENTO, brasileiro, solteiro, comerciante, portador da

Carteira de Identidade RG n. 1.120.000-1, inscrito no CPF/MF sob o n. 000.055.333-

33, residente e domiciliado na Rua das Floreadas, n. 9, São Jose dos Pinhais,

Paraná, pelas razões de fato e fundamentos de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

Daniel de Souza Pereira, ora Requerente, é legítimo possuidor e proprietário

do terreno urbano de 1.000 metros quadrados nesta cidade de São José dos

Pinhais/PR. Trata-se do lote ..., da quadra ..., do loteamento denominado ..., com

...metros de frente e .... metros de fundos, tudo conforme comprovante de registro do

referido imóvel juntado à exordial.

Na ocasião em que adquiriu o imóvel, o Requerente providenciou que o

mesmo fosse cercado visando posterior construção de um sítio. Apesar da

impossibilidade financeira de iniciar a obra, vem efetuando constante manutenção no

terreno e verificações periódicas sobre o mesmo (em anexo fotografias do local e

notas fiscais de produtos e serviços utilizados para a manutenção).

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Todavia, em um final de semana, o Requerente notou que a cerca de arame

que faz divisa com o sítio de seu vizinho Mário do Nascimento, ora Requerido, foi

deslocada cinco metros para dentro de seu terreno, reduzindo sua área.

Diante da reclamação do Requerente, o Requerido retornou a cerca ao devido

lugar. Ocorre que, aproveitando-se que o primeiro encontrava-se viajando, em 20 de

agosto de 2005, o Requerido avisa um funcionário do Requerente, o qual

encontrava-se limpando o terreno, que iria deslocar, novamente, a cerca, mantendo-

a nessa posição pelo período de 8 (oito) meses, para o fim de usar aquela faixa de

terra para passagem de suas cabeças de gado. E, assim, diariamente, vem o

Requerido deslocando a cerca para a passagem de seu gado e, ao final do dia,

retornando-a para a posição originária.

Passados mais de dois meses, o Requerido recusa-se a cessar sua conduta

ilegítima, e, inclusive, em razão do constante deslocamento, vem provocando

estragos à cerca (documentos em anexo).

Restando infrutíferas as tentativas de solução pacífica do presente conflito,

não restou opção ao Requerente senão propor a presente demanda com o fim de

restabelecer o seu exercício da posse plena da área turbada.

DO PROCEDIMENTO ESPECIAL

A presente medida está sendo intentada dentro de ano e dia conforme

estabelece o artigo 924 do Código de Processo Civil, devendo, portanto, seguir o

procedimento especial.

DA POSSE

De acordo com o artigo 1.196 do Código Civil, é considerado possuidor aquele

que exerce de fato alguns dos poderes inerentes à propriedade.

No presente caso, o Requerente, além de contar com a propriedade, é

legitimo possuidor da área turbada, vez que exerce sobre a mesma os poderes

inerentes à propriedade, seja tanto a elementos objetivos, em decorrência de atos de

constante manutenção em todo o terreno, de verificações periódicas e, inclusive, por

manter referida área devidamente cercada, seja quanto ao elemento subjetivo, haja

vista sua intenção de construir no local um sitio.

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Ocorre que, diariamente, a cerca de arame que faz divisa com o sítio do

Requerido é deslocada, por este, cinco metros para dentro do terreno do Requerente

a fim de permitir a passagem de gado do Requerido, sendo somente ao final de cada

dia providenciado o retorno à posição originaria.

Verifica-se, portanto, que, embora turbada, o Requerente é legitimo possuidor

da área e ainda mantém a posse sobre a mesma.

DA TURBAÇÃO

Turbação é todo ato ilícito de moléstia à posse legítima de outrem. Implica na

perda de alguns dos poderes fáticos sobre determinada coisa, trata-se de agressão

material à posse.

O Requerido, ao modificar o local da cerca e invadir de forma forçada e não

permitida durante grande parte do dia área do Requerente, desde 20 de agosto de

2005, pratica turbação na posse de seu legitimo possuidor.

Assim, evidenciada a turbação por parte do Requerido e a respectiva data, em

atenção ao disposto no artigo 1.210 do Código Civil, requer-se a manutenção da

posse em favor do Requerente.

DOS DANOS CAUSADOS

O direito do Requerente, todavia, não se limita apenas à manutenção de sua

posse sobre a área reclamada, havendo ainda, nos exatos termos dos artigos 927,

caput, do Código Civil e 921, inciso I, do Código de Processo Civil, direito à

reparação dos danos causados em decorrência da turbação, que, no presente caso,

corresponde a estragos causados na cerca de sua propriedade (em anexo

fotografias comprovando os estragos e cópia de três orçamentos realizados a fim de

efetuar os devidos reparos).

DA COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA

O artigo 921 do Código de Processo Civil, ainda, em seu inciso II, autoriza o

Requerente a cumular ao pedido possessório, cominação de pena para o caso de

nova turbação ou esbulho.

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Assim sendo, ante ao receio de ser novamente molestado em sua posse, vez

que o Requerido assegurou que a turbação perduraria pelo período de 8 (oito)

meses, requer-se à Vossa Excelência fixação de pena cominatória para o caso de o

Requerido desrespeitar novamente a posse do Requerente.

DA LIMINAR

Ocorrida a turbação há menos de ano e dia e estando a inicial devidamente

instruída, as normas previstas nos artigos 924 e 928 do Código de Processo Civil

asseguram e impõem a manutenção liminar na posse.

É justamente esta a situação dos autos, vez que ficou demonstrada que a

turbação ocorre a menos de ano e dia, bem como resta caracterizada: a) a posse do

Requerente sobre a área requisitada; b) a turbação praticada pelo Requerido; c) a

data da turbação da posse; e, d) continuação da posse, embora turbada.

Dessa forma, evidenciada a presença de seus requisitos legais, faz-se

legitimo ao Requerente pleitear, liminarmente, a plena manutenção na posse de sua

propriedade.

DA FUNGIBILIDADE DAS ACÕES POSSESSÓRIAS

Conforme devidamente explanado, no presente caso ocorreu a turbação da

posse do Requerente, razão pela pleiteia-se sua manutenção. Todavia, caso Vossa

Excelência assim não entenda, em atenção ao principio da fungibilidade das ações

possessória, requer-se que a presente demanda seja recebida como Reintegração

de Posse ou Interdito Proibitório, segundo melhor lhe pareça.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Em face do exposto, requer-se:

1. Seja expedido mandado liminar de manutenção de posse da área invadida,

inaudita altera pars, como determina o artigo 928 do Código de Processo Civil;

2. Caso, porém, Vossa Excelência entenda necessária, seja designada

audiência de justificação prévia, para a produção de prova initio litis;

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3. Citação do Requerido para, querendo, apresentar contestação, após

deferida a liminar, ou para comparecer, se for o caso, à audiência de justificação

prévia, segundo artigo 930 do CPC;

4. Ao final, seja julgado procedente o pedido para o Requerente ter garantida

a manutenção de sua posse;

5. Condenação do Requerido em perdas e danos correspondente ao

montante de R$ , bem como em pena cominatória, em caso de nova turbação ou

esbulho, nos termos do artigo 921 do Código de Processo Civil;

6. Condenação do Requerido ao pagamento das custas processuais e

honorários advocatícios, conforme artigo 20 do CPC;

7. Para provar o alegado, a produção de prova documental, testemunhal,

pericial e depoimento pessoal do Requerido.

Dá a presente causa o valor de R$...

Termos em que,

Pede deferimento.

Local... Data...

Advogado

OAB

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PETIÇÃO INICIAL – RITO COMUM SUMÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ _ VARA CÍVEL

DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE

CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ.

RM TRANSPORTES LTDA. – ME , pessoa jurídica de direito privado, inscrita

no CNPJ sob o nº 22.222.222/2222-22, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, na

Rua Jamaica, nº 1, vem, respeitosamente, por intermédio de seu procurador Iguaçu

Paranaense, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº

2004, com escritório profissional na Rua Paraguai, nº 1, Curitiba/PR (procuração em

anexo), onde recebe intimações, propor, com fulcro nos artigos 275 e seguintes do

Código de Processo Civil, pelo procedimento sumário:

RESSARCIMENTO POR DANOS CAUSADOS EM ACIDENTE DE VEÍ CULO DE

VIA TERRESTRE COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face da CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A. , pessoa

jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.333.333/3333-33, com sede

em São José dos Pinhais, na Rua Dominica nº 1, pelas razões de fato e

fundamentos de direito a seguir expostos.

Breve relato dos fatos

Em 20 de junho de 2004, por volta das 22 horas, Roberto Mello conduzia,

regularmente e sem passageiros, o veículo Besta, placa ATT-0000, de propriedade

da RM TRANSPORTES LTDA. – ME, ora Requerente, pela Rodovia Federal BR-

XXX, cuja concessão e manutenção é concedida à Concessionária de Rodovias

Leste-Oeste S/A (contrato de concessão em anexo), quando, sem qualquer

possibilidade de evitar, colidiu frontalmente com um pinheiro tombado à margem da

via.

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O acidente foi presenciado por Dorval dos Santos, como registrado no Boletim

de Ocorrências nº 1/2004 lavrado pela Policia Rodoviária Federal (documento em

anexo).

Em conseqüência do sinistro, decorreram prejuízos materiais significativos à

Requerente. Esta, além de despender R$ 15.000,00 (quinze mil reais) com o

conserto do veículo (nota fiscal em anexo), ficou impossibilitada de manter o

contrato de prestação de serviços avençado com Hotel Fazenda Paraíso (contrato

em anexo), durante o período em que o automóvel encontrava-se para conserto,

qual seja 2 (dois) meses, deixando assim de auferir R$ 4.000,00 (quatro mil reais),

haja vista o referido contrato prever recebimento mensal de R$ 2.000,00 (dois mil

reais) para traslados diários de hóspedes ao aeroporto.

Ademais, por conta do acidente, não terá a Requerente condições de pagar os

salários dos seus funcionários do próximo mês.

Diante do exposto, não restou opção à Requerente senão invocar a tutela

jurisdicional do Estado para ter resguardado os seus interesses.

Do Direito

Da Responsabilidade Objetiva da Requerida

A Constituição da República, em seu artigo 37, §6º, prevê que as pessoas

jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de

serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade,

causarem a terceiros.

Da análise dessa norma, constata-se que, diante da execução de um serviço

público, responde-se objetivamente pelos danos causados, ou seja,

independentemente de comprovação de culpa.

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Assim, a Requerida, por meio do Contrato de Concessão n 1/2004, obrigou-se

não somente a manter e conservar a Rodovia Federal BR-XXX, como também a

responder objetivamente por eventuais danos causados por seus diretores, gerentes

ou empregados quando no desempenho destas atividades.

Da caracterização da responsabilidade da Requerida

A obrigação de reparar os danos patrimoniais decorrentes da

responsabilidade objetiva exige a ocorrência dos seguintes requisitos: a) ação ou

omissão por parte dos agentes da Requerida; b) ocorrência de dano; c) nexo de

causalidade entre a ação ou omissão e o dano.

No caso em tela, encontram-se presentes todos os elementos acima

apontados.

A Requerida descumpriu seu dever em fiscalizar constantemente a regular

condição de tráfego da Rodovia Federal, e, assim, não detectou a presença de um

pinheiro tombado à margem da via na data de 20 de junho de 2004. Em razão da

omissão da Requerida, o motorista da empresa RM TRANSPORTES LTDA. – ME,

sem qualquer possibilidade de evitar, colidiu frontalmente com a árvore, causando

inúmeros prejuízos de natureza patrimonial à Requerente.

Desta feita, a concessionária de serviço público, ora Requerida, deve

responder, objetivamente, pelos danos patrimoniais advindos de sua omissão,

conforme valores a seguir aduzidos, vez que se visualiza, nesta hipótese, o nexo de

causalidade entre sua conduta omissiva e os prejuízos suportados pela Requerente.

Dos Danos Patrimoniais

Caracterizada a presença dos elementos ensejadores de responsabilidade

patrimonial (omissão, dano e nexo causal), a indenização do dano deve abranger o

que a vítima efetivamente perdeu e o que deixou de ganhar em decorrência direta e

imediata do ato lesivo.

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No presente caso, conforme mencionado, em conseqüência da colisão, a

Requerente despendeu R$ 15.000,00 (quinze mil reais) com o conserto do veículo,

valor este advindo do menor orçamento obtido (cópia dos três orçamentos referentes

ao conserto do veículo em anexo) e deixou de ganhar R$ 4.000,00 (quatro mil reais)

com a suspensão do contrato de prestação de serviços firmado com Hotel Fazenda

Paraíso por dois meses, período em que o veículo permaneceu para reparos, razão

pela qual se pleiteia a quantia de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) a título de

danos emergentes e lucros cessantes.

Todavia, a fim de a Requerente ver-se inteiramente satisfeita em sua

pretensão, faz-se imperativo, com fundamento no artigo 273 do Código de Processo

Civil, a antecipação dos efeitos da tutela.

Da Tutela Antecipada

O artigo 273, inciso I, do Código de Processo Civil permite ao juiz antecipar

os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova

inequívoca, (a) se convença da verossimilhança da alegação e (b) haja fundado

receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Oportuno ressaltar que preenchidos os requisito do CPC 273, é dever imposto

ao juiz a concessão da tutela antecipada, não havendo, portanto, discricionariedade.

A verossimilhança da alegação visualiza-se mediante o dever de

responsabilização objetiva por parte da Requerida, em atenção ao disposto no já

analisado artigo 37, §6º, da Constituição. E, a fim de comprovar tal responsabilidade,

conforme aludido, junta-se, à presente inicial, cópia do contrato de concessão nº

1/2004 e do Boletim de Ocorrências, bem como da nota fiscal do conserto do veículo

e do contrato de prestação de serviços. Evidencia-se, também, a possibilidade de a

demora na prestação judicial resultar em dano irreparável ou de difícil reparação, vez

que, por conta dos prejuízos decorrentes do acidente, a Requerente não terá

condições de efetuar o pagamento dos salários de seus funcionários no próximo mês

(comprovante da situação financeira da Requerente em anexo).

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Caracterizada a presença de seus requisitos essenciais no caso concreto, faz-

se cogente a antecipação total dos efeitos da tutela.

Dos Pedidos e Requerimentos

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

1. Concessão total da tutela antecipada, em conformidade com o artigo 273 do

CPC;

2. Procedência dos pedidos, para o fim de condenar a Requerida ao

pagamento de R$ 15.000,00 a título de danos emergentes e R$ 4.000,00 de lucros

cessantes, totalizando 19.000,00 (dezenove mil reais);

3. Citação do representante legal da Requerida para o comparecimento em

audiência, vez que não havendo a conciliação, o réu apresentará resposta escrita ou

oral. (arts. 277 e 278 do CPC).

4. Condenação do réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios,

conforme artigo 20 do CPC;

5. Produção de prova testemunhal e documental para a comprovação do

alegado.

Dá-se a presente causa o valor de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais)

Termos em que pede deferimento.

Curitiba, 09 de março de 2008.

Advogado

OAB

Rol de Testemunhas:

Dorval dos Santos, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade nº

, inscrito no CPF/MF sob o nº , endereço.

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CONTESTAÇÃO – RITO COMUM SUMÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 16ª VARA CÍVEL DO

FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA –

ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº 1234/2005

CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A ., pessoa jurídica de

direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.333.333/3333-33, com sede em São

José dos Pinhais, na Rua Dominica nº 1, vem, respeitosamente, por intermédio de

seu advogado Pedro Cunha, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do

Brasil sob o nº 2000, com escritório profissional na Rua Paraguai, nº 1, Curitiba/PR,

(procuração em anexo), onde recebe intimações, apresentar, com fulcro no artigo

275, II, “d”, do Código de Processo Civil, pelo procedimento sumário,

CONTESTAÇÃO , nos autos em epígrafe, movidos por RM TRANSPORTES LTDA. –

ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 22.222.222/2222-

22, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, na Rua Jamaica, nº 1, pelas razões de

fato e fundamentos de direito a seguir expostos.

Síntese dos fatos

Narra a parte autora que em 20 de junho de 2004, Roberto Mello conduzia

veículo sua propriedade pela Rodovia Federal BR-XXX, quando colidiu frontalmente

com um pinheiro tombado à margem da via. E, em conseqüência do sinistro, declara

que decorreram prejuízos materiais consistentes em R$ 15.000,00 (quinze mil reais)

a título de danos emergentes, com o conserto do veículo, e R$ 4.000,00 (quatro mil

reais) a título de lucros cessantes, decorrentes de suposta suspensão, por dois

meses, em contrato de prestação de serviços com Hotel Fazenda Paraíso.

Após argumentação jurídica, especialmente firmada sobre o disposto no artigo

37, §6º, da Constituição Federal, pleiteia a condenação da ré, CONCESSIONÁRIA

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DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A., ao pagamento de R$ 19.000,00 a titulo de

danos patrimoniais, acrescido de custas e honorários advocatícios.

Todavia, tais alegações não devem prosperar, vez que não condizem com a

realidade dos fatos.

Realmente, em 20 de junho de 2004 o motorista da autora conduzia o veículo

Besta, placa ATT-0000, pela Rodovia Federal BR-XXX, quando colidiu frontalmente

com um pinheiro, todavia, o sinistro ocorreu única e exclusivamente por culpa deste,

conforme pode ser ratificado por Maria da Silva e José de Melo, testemunhas que

presenciaram todo o ocorrido.

Roberto Mello trafegava pela rodovia em velocidade acima da permitida para o

local, quando, ao tentar efetuar uma ultrapassagem, perdeu o controle do veículo e,

saindo da pista, colidiu com um pinheiro que se encontrava em local bastante

distante da margem da via. Ressalte-se que, segundo pode ser atestado em vistoria

levada a cabo pelo órgão competente, o veículo de propriedade da autora não

estava com o sistema de freios em ordem, razão pela qual seu motorista não

conseguiu evitar a colisão com a árvore. Ademais, conforme se comprovará adiante,

os valores pleiteados pela parte autora a título de danos emergentes revelam

excessivos, e, diferentemente do afirmado, esta não suportou qualquer prejuízo a

título de lucros cessantes.

Assim sendo, não há como acolher a pretensão do autor, senão vejamos.

Da tempestividade

Tratando-se de demanda que tramita pelo rito sumário, o prazo para a

apresentação da defesa, conforme artigo 278 do Código de Processo Civil, é o da

data designada para a audiência. Portanto, tempestiva a presente contestação.

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Da litigância de má-fé

Quem altera a verdade dos fatos com o fim de ludibriar a justiça, incorre em

litigância de má-fé, conforme deduz o artigo 17, inciso II, do Código de Processo

Civil.

O autor, ao trazer em juízo uma versão aos fatos que difere da realidade,

buscando obter vantagem própria, desrespeita a justiça e enquadra-se no tipo legal,

devendo posteriormente se for o caso, ser condenado na forma definida no artigo 18

do mesmo codex.

Do Mérito

1. Da inexistência de responsabilidade da ré

Inquestionável que a Constituição da República, em seu artigo 37, §6º,

estabelece o dever das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço

público em responder pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a

terceiros. Todavia, o princípio da responsabilidade objetiva albergado pela norma em

comento não se reveste de caráter absoluto, admitindo a exclusão da

responsabilidade civil, nas hipóteses configuradoras de situações liberatórias.

Assim sendo, no caso em tela, ainda que a autora tenha suportado danos

materiais decorrentes de uma colisão quando trafegava pela Rodovia Federal BR-

XXX, cuja concessão e manutenção é concedida à ré, tal fato por si só não consigna

o dever de reparação, pois se faz cogente a análise do caso concreto a fim de

verificar se não ocorreu causa excludente de responsabilidade.

Primeiramente, há de se ressaltar que não houve qualquer descumprimento

dos deveres assumidos pela ré no Contrato de Concessão firmado, vez que o

pinheiro com o qual o veículo da autora colidiu encontrava-se em uma distância

bastante significativa da margem da rodovia, não havendo que se falar em

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“descumprimento para com o seu dever em fiscalizar constantemente a regular

condição de tráfego da Rodovia Federal”.

Ademais, conforme já apontado, a colisão ocorreu por culpa exclusiva do

motorista da autora que ao tentar efetuar uma ultrapassagem, registre-se em alta

velocidade, perdeu o controle do veículo e, saindo da pista, não conseguiu evitar o

choque em razão de problemas com o sistema de freios do automóvel.

Desta feita, não incide, no presente caso, o dever de indenizar por parte da ré,

uma vez que os danos suportados pela autora consumaram-se por atuação culposa

da própria vítima, inexistindo, assim, nexo de causalidade entre a atuação da ré e os

danos causados à autora.

Todavia, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, o que se

admite apenas em atenção ao principio da eventualidade, passa-se a impugnar,

também, os valores pleiteados a título de danos materiais.

2. Da excessividade dos valores pleiteados a títul o de danos

patrimoniais

A indenização do dano somente deve abranger, se efetivamente

caracterizados, o que a vítima efetivamente perdeu e o que deixou de ganhar em

conseqüência direta e imediata do ato lesivo, razão pela qual os valores pleiteados

pela autora revelam-se abusivos.

Inicialmente, a autora não deixou de ganhar nenhum valor em conseqüência

do suposto ato lesivo, vez que, conforme pode ser verificado pela cópia juntada aos

autos pela própria autora, o contrato de prestação de serviços firmado entre RM

TRANSPORTES LTDA. – ME e Hotel Fazenda Paraíso já havia sido finalizado na

época do evento.

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Ademais, os valores pretendidos a título de danos emergentes revelam-se em

dissonância com a realidade. Conforme pode ser verificado através dos três

orçamentos juntados a presente contestação, o conserto do veículo seria mui aquém

do valor ora pleiteado pela autora.

Pelo exposto, caso Vossa Excelência entenda estar caracterizado o dever da

ré em indenizar, que, ao menos, tais valores sejam efetivamente condizentes com os

prejuízos suportados, e assim, excluindo-se da condenação os valores pleiteados a

título de lucros cessantes e reduzindo-se os a título de danos emergentes.

Dos Pedidos e Requerimentos

Diante de todo o exposto, espera o contestante:

a) Seja acolhida a presente defesa, julgando-se integralmente improcedentes

os pedidos da parte autora;

b) Caso Vossa Excelência assim não entenda, o que se faz apenas em

respeito ao princípio da eventualidade, requer-se, ao menos, o reconhecimento do

excesso do valor da indenização, excluindo-se da condenação os valores pleiteados

a título de lucros cessantes e reduzindo-se os a título de danos emergentes;

c) Intimação do representante legal da autora para, querendo, impugnar a

presente contestação;

d) Condenação em custas e honorários sucumbenciais, nos termos do artigo

20 CPC.

Para comprovar o alegado, protesta-se pela produção de prova documental,

testemunhal e pericial.

Nestes termos,

Pede deferimento

Pedro Cunha

OAB/PR 2000

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Rol de Testemunhas:

Maria da Silva, estado civil..., profissão..., portadora da Cédula de Identidade

nº..., inscrita no CPF/MF sob o nº..., endereço...

José de Melo, estado civil..., profissão..., portador da Cédula de Identidade nº ,

inscrito no CPF/MF sob o nº , endereço....

Assistente Técnico: Qualificação…

Quesitos:

a) ...

b) ...

c) ...

d) ...

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AGRAVO DE INSTRUMENTO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Autos de nº 1234/2005

Origem: 16ª Vara Cível de Curitiba

RM TRANSPORTES LTDA. – ME , pessoa jurídica de direito privado, inscrita

no CNPJ sob o nº 22.222.222/2222-22, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, na

Rua Jamaica, nº 1, vem, respeitosamente, por intermédio de seu advogado Iguaçu

Paranaense, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº

2004, com escritório profissional na Rua Paraguai, nº 1, Curitiba/PR, (procuração em

anexo), onde recebe intimações, no prazo legal estabelecido, interpor, com fulcro nos

artigos 522 e seguintes do Código de Processo Civil AGRAVO DE INSTRUMENTO

com pedido de antecipação de tutela em face da decisão de folhas XXX, proferida

nos autos em epígrafe, em que contende com CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS

LESTE-OESTE S/A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº

33.333.333/3333-33, com sede em São José dos Pinhais, na Rua Dominica nº 1,

devidamente representada por seu advogado Pedro Cunha, OAB/PR nº 2000, com

escritório profissional na Rua Paraguai, nº 1, Curitiba/PR, nos termos das razões a

seguir expostas.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 09 de março de 2008.

Advogado

OAB

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RAZÕES DO RECURSO

AGRAVANTE: RM TRANSPORTES LTDA. – ME

AGRAVADA: CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A.

Autos de nº 1234/2005

Origem: 16ª Vara Cível de Curitiba

Ínclitos Julgadores:

1 – Breve relato de fatos

A agravante propôs demanda de ressarcimento por danos causados em

acidente de veículo de via terrestre com pedido de antecipação de tutela em face da

agravada.

Em suma, aduziu na inicial que em 20 de junho de 2004, Roberto Mello

conduzia, regularmente e sem passageiros, o veículo de propriedade da agravante,

pela Rodovia Federal BR-XXX, cuja concessão e manutenção é concedida à

agravada (contrato de concessão em anexo), quando, sem qualquer possibilidade de

evitar, colidiu frontalmente com um pinheiro tombado à margem da via. O acidente foi

presenciado por Dorval dos Santos, como registrado no Boletim de Ocorrências n

1/2004 (documento em anexo), lavrado pela Policia Rodoviária Federal.

Em conseqüência do sinistro, a agravante, sofreu prejuízos materiais

consistentes no valor de R$ 19.000,00, decorrentes dos reparos do veículo (em

anexo nota fiscal que comprova gasto de R$ 15.000,00) e suspensão de contrato de

prestação de serviços durante o período de 2 meses em que o veículo encontrava-se

no conserto (documento em anexo, o qual consigna recebimento mensal de R$

2.000,00).

Após fundamentação jurídica, demonstrou a agravante a urgência em ver-se

ressarcida imediatamente dos prejuízos sofridos vez que por conta do acidente não

teria condições de pagar os salários dos seus funcionários no próximo mês.

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Ocorre que o pedido de antecipação de tutela foi indeferido pelo douto juízo a

quo, sob argumento que a parte autora, ora agravante, não havia demonstrado o

direito invocado e nem receio de resultar em dano irreparável ou de difícil reparação.

Respeitosamente, não há como se conformar a agravante com os termos da r.

decisão interlocutória, razão pela qual se interpõe o presente agravo de instrumento,

nos termos a seguir aduzidos.

2 – Tempestividade:

O prazo para interposição do recurso de agravo é de 10 (dez) dias conforme

disposição do artigo 522 do Código de Processo Civil. O presente agravo de

instrumento apresenta-se, portanto, tempestivo, vez que a intimação da parte

ocorreu em XX (cópia da certidão em anexo), tendo como prazo fatal XX.

3 – Do Cabimento do Agravo de Instrumento

Interpõe-se o presente agravo na forma de instrumento vez que a decisão

interlocutória proferida pelo magistrado a quo, se não reformada imediatamente,

poderá causar lesão grave a agravante na medida em que, por conta dos danos

suportados no acidente, RM TRANSPORTES LTDA. – ME não terá condições de

efetuar o pagamento dos salários de seus funcionários no próximo mês (em anexo

documento que comprova a situação financeira da empresa).

4 - Das razões de reforma da decisão agravada

Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da r. decisão de folhas

XXX, nos autos de nº 1234/2005, proferida pelo douto juízo da 16ª Vara Cível de

Curitiba, na qual consta o indeferimento do pedido de antecipação de tutela, sob

argumento que a parte autora, ora agravante, não havia demonstrado o direito

invocado e nem receio de resultar em dano irreparável ou de difícil reparação.

Data vênia, tal decisão merece ser reformada, vez que, em dissonância ao

consignado pelo douto juiz a quo, os requisitos para concessão da tutela antecipada

encontram-se devidamente caracterizados no presente caso, senão vejamos.

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O artigo 273, inciso I, do Código de Processo Civil permite ao juiz antecipar os

efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca,

(a) se convença da verossimilhança da alegação e (b) haja fundado receio de dano

irreparável ou de difícil reparação.

A Constituição da República, em seu artigo 37, §6º, prevê que as pessoas

jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de

serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade,

causarem a terceiros. Da análise desta norma, constata-se que a agravada, por

meio do Contrato de Concessão n 1/2004, obrigou-se não somente a prestar

adequadamente um serviço público, como também a responder objetivamente pelos

danos causados por seus agentes quando no desempenho desta atividade.

Ocorre que, no presente caso, a agravada descumpriu seu dever de fiscalizar

constantemente a regular condição de tráfego da Rodovia Federal XX, e, assim, não

detectou a presença de um pinheiro tombado à margem da via na data de 20 de

junho de 2004. Em razão da omissão, o motorista da agravante, sem qualquer

possibilidade de evitar, colidiu frontalmente com um pinheiro, fato que resultou em

prejuízos de natureza patrimonial à agravante. Portanto, no episódio em tela,

encontram-se caracterizados todos os elementos necessários para aferição de

responsabilidade, quais sejam: a) ação ou omissão por parte dos agentes da

agravada; b) ocorrência de dano; c) nexo causal entre a omissão e o dano.

Destarte, legítima a pretensão da agravante em ver-se ressarcida no montante

despendido, bem como no valor que razoavelmente deixou de lucrar, ou seja, na

quantia de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais), sendo R$ 15.000,00 decorrente de

danos emergentes e R$ 4.000,00 de lucros cessantes.

A verossimilhança da alegação, desta feita, visualiza-se mediante o

comprovado dever de responsabilização por parte da agravada. E, a fim de

comprovar a presença dos elementos ensejadores de tal responsabilidade, conforme

já aludido, junta-se ao presente recurso cópia do contrato de concessão nº1/2004 e

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do Boletim de Ocorrências, bem como da nota fiscal do conserto do veículo e do

contrato de prestação de serviços.

Ademais, verifica-se, também, a possibilidade de a demora na prestação

judicial resultar em dano irreparável ou de difícil reparação, vez que, por conta do

acidente, a agravante não terá condições de efetuar o pagamento dos salários de

seus funcionários no próximo mês (em anexo documento que comprova a situação

financeira da empresa).

Caracterizada a presença de seus requisitos essenciais no caso concreto, faz-

se imperiosa a reforma da decisão agravada a fim de conceder-se à agravante, com

fulcro no artigo 273 do CPC, a antecipação total dos efeitos da tutela.

5 – Do pedido de antecipação de tutela recursal

Diante do exposto, a agravante demonstrou, com provas inequívocas, a

verossimilhança da sua alegação, bem como a existência de fundado receio de dano

irreparável ou de difícil reparação caso não lhe seja concedida a tutela antecipada.

Ocorre que, em regra, a simples interposição do agravo de instrumento não

possui o condão de sustar o teor da decisão agravada, e, assim, até que seja julgado

o recurso, a parte agravante deve suportar os efeitos, ou a não produção de efeitos,

como neste caso, da decisão a quo.

No presente caso, faz-se cogente a concessão da tutela antecipada

imediatamente, vez que, se a agravante ver-se obrigada a esperar o julgamento do

presente recurso, posteriormente, quando sobrevier a decisão final, ainda que seja a

seu favor, muito provavelmente, danos irreversíveis já terão sido caudados a

agravante e a seus funcionários.

Demonstrada a verossimilhança da alegação, mediante o dever de indenizar

da agravada, e a possibilidade de resultar danos irreparáveis, por não dispor de

condições de pagar os salários dos seus funcionários do próximo mês, com fulcro no

artigo 527, inciso III, do Código de Processo Civil, requer-se seja deferida a

antecipação de tutela à pretensão recursal da agravada, comunicando-se ao juiz tal

decisão.

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6 – Dos Pedidos e Requerimentos

Diante do exposto, requer-se:

1. Conhecimento do recurso, haja vista a sua tempestividade e pertinência.

2. Provimento do apresente gravo de instrumento, concedendo-lhe, com

fulcro no art. 527, III, do CPC, a antecipação de tutela recursal e provimento para

reformar a decisão de folhas XXX, para o fim de antecipar a tutela pleiteada pela

agravante;

3. Intimação do agravado para, querendo, responder, no prazo de 10 dias,

conforme artigo 527, V, do CPC;

4. Juntada da guia de preparo recursal, conforme artigo 525, §1º, do CPC;

Para formação do presente recurso, consoante artigo 525 do CPC, requer-se

a juntada de cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das

procurações outorgadas aos advogados da agravante e agravada, do Contrato de

Concessão 1/2004, do Boletim de Ocorrências, do contrato de prestação de serviços

entre a agravante e o Hotel Paraíso, nota fiscal de concerto do veículo e

comprovante da situação financeira da empresa.

Em conformidade com o disposto no artigo 365, IV, do CPC, os documentos

que instruem o recurso são declarados autênticos sob responsabilidade pessoal do

patrono da agravante.

Outrossim, informa-se que, em atenção a determinação prevista no artigo 526

do Código de Processo Civil, a agravante, no prazo de três dias, requererá juntada

aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do

comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que os

instruíram.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 09 de março de 2008.

Advogado

OAB

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APELAÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 16ª VARA CÍVEL DO

FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA –

ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº 1234/2005

RM TRANSPORTES LTDA. – ME , pessoa jurídica de direito privado, inscrita

no CNPJ sob o nº 22.222.222/2222-22, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, na

Rua Jamaica, nº 1, vem, respeitosamente, por intermédio de seu advogado Iguaçu

Paranaense, regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº

2004, com escritório profissional na Rua Paraguai, nº 1, Curitiba/PR, (procuração em

anexo), onde recebe intimações, interpor, em conformidade com o artigo 513 do

Código de Processo Civil, RECURSO DE APELAÇÃO, em face da decisão de

folhas..., proferida nos autos assinalados em epígrafe, em que contende com

CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A. , pessoa jurídica de direito

privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.333.333/3333-33, com sede em São José dos

Pinhais, na Rua Dominica nº 1, mediante contrato de concessão nº 1/2004,

requerendo: a) conhecimento do recurso, vez que tempestivo e pertinente; b)

recebimento nos seus efeitos legais; c) intimação da apelada para, querendo,

apresentar resposta; e, após o processamento, d) que sejam juntados aos autos e

remetidos ao Egrégio Tribunal Justiça do Estado do Paraná.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 09 de março de 2008.

Advogado

OAB

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

APELANTE: RM TRANSPORTES LTDA. – ME

APELADA: CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A.

RAZÕES DE APELAÇÃO

Doutos Julgadores:

BREVE RELATO DE FATOS:

Trata-se de apelação interposta em face da r. decisão de folhas... proferida

nos autos de nº 12345/2005, de ressarcimento por danos causados em acidente de

veículo de via terrestre com pedido de antecipação de tutela, onde a apelante, após

fundamentação jurídica, pleiteou a condenação da apelada em indenização no

montante de R$ 19.000,00, a título de danos patrimoniais decorrentes de acidente de

veículo na Rodovia Federal BR..., cuja concessão e manutenção é concedida à

apelada.

Devidamente citada, a apelada apresentou contestação, na qual alegou

inexistência do dever de indenizar vez que no sinistro teria ocorrido excludente de

responsabilidade civil, do mesmo modo em que impugnou os valores pleiteados a

título de danos patrimoniais. Após produção das provas solicitadas, em data... foi

regularmente publicada no Diário da Justiça com as intimações devidas, a seguinte

sentença:

“RM TRANSPORTES LTDA. – ME propôs ação de Ressarcimento por danos

causados em acidente de veículo em face da CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS

LESTE-OESTE S/A., sob os fundamentos constantes na inicial. A ré apresentou

contestação, cujos fundamentos deixo de reprisar por apreço à brevidade. Passo,

pois, diretamente, a decidir. A pretensão deve ser julgada integralmente

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improcedente. Primeiramente não há o que se alegar responsabilidade objetiva da

ré, vez que o disposto no artigo 37, §6º, Constituição da República, abrange somente

a Administração direta e autárquica (pessoas jurídicas de direito público) e as

empresas públicas e sociedades de economia mista quando no desempenho de

serviços públicos (pessoas jurídicas de direito privado). Ainda que assim não fosse,

a autora não comprovou a existência de nexo causal entre a alegada omissão da

concessionária e os danos provocados no veículo de sua propriedade. Isto posto,

julgo improcedente a pretensão deduzida pela autora, condenado-a ao pagamento

das custas processuais e honorário advocatícios arbitrados em R$ 5.000,00 (cinco

mil reais).”

Respeitosamente, não há como se conformar a apelante com os termos da r.

sentença, razão pela qual se interpõe o presente recurso de apelação, remédio

jurídico-processual capaz de corrigir errores in procedendo e in judicando, nos

seguintes termos.

DA INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO PARA RECORRER

Visando suprir omissões constatadas na decisão, a apelada interpôs,

tempestivamente, embargos de declaração, os quais não foram providos, tendo,

inclusive, o magistrado aplicado multa de 1% sobre o valor da causa, por reputar os

embargos protelatórios. Em virtude de omissões também nesta ultima decisão, foram

interpostos novos embargos de declaração, que, outra vez foram providos e, ainda,

conduziram a elevação da multa para 10% sobre o valor da causa, sob alegação de

que tratar-se-ia de reiteração de embargos protelatórios.

Assim, em atenção ao disposto no artigo 538, parágrafo único do Código de

Processo Civil, tal valor foi devidamente depositado conforme faz prova em anexo,

inexistindo, desta forma, fato impeditivo para o presente recurso.

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DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

O prazo para interposição do recurso de apelação é de 15 (quinze) dias

conforme disposição do artigo 508 do Código de Processo Civil. Considerando que

a apelante foi intimada da decisão dos segundos embargos de declaração em XX de

XX de XX, revela-se tempestivo o presente recurso.

DA NULIDADE DA SENTENÇA

O Código de Processo Civil, em seu artigo 458, inciso I, prevê como requisito

essencial da sentença o relatório, o qual deve conter os nomes das artes, a suma do

pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas

no curso do processo.

O julgador a quo, na r. decisão ora apelada, deixou de reprisar no relatório, “a

suma do pedido e da resposta do réu, bem como as principais ocorrências havidas

no processo”, resultando em flagrante desrespeito ao estabelecido na lei vigente.

Deste modo, requer-se a declaração de nulidade da sentença, por

descumprimento a um de seus requisitos essenciais, qual seja, a ausência de

relatório conforme prescrito no artigo 458, I, do CPC.

Todavia, caso assim não entendam Vossas Excelências, em seu mérito a r.

decisão também merece reforma. Vejamos.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA APELADA

A Constituição da República, em seu artigo 37, §6º, prevê que as pessoas

jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de

serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade,

causarem a terceiros.

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Da análise desta norma, constata-se que o que submete à responsabilidade

objetiva não é a natureza do capital (público, privado ou misto), mas o fato de

executar um serviço público. Tal inclusão reflete bom senso por parte do

constituinte, afinal nada mais sensato que, ao transferir o exercício de uma atividade

pela qual seria responsável, o Estado transferirá, também, a responsabilidade a ela

inerente.

Assim, diferentemente do consignado pelo d. juízo a quo, a

CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS LESTE-OESTE S/A., ora apelada, através do

Contrato de Concessão n 1/2004, obrigou-se não somente a manter e conservar a

Rodovia Federal BR-XXX, como também a responder objetivamente pelos danos

causados por seus agentes quando no desempenho desta atividade.

DA CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DA APELADA

A obrigação de reparar os danos patrimoniais decorrentes da

responsabilidade objetiva exige a ocorrência dos seguintes requisitos: a) ação ou

omissão por parte dos agentes da apelada; b) ocorrência de dano; c) nexo causal

entre a ação ou omissão e o dano.

No caso em tela, encontram-se presentes todos os elementos acima

apontados, inclusive o nexo causal entre os danos suportados pela apelante e a

conduta da apelada.

A apelada descumpriu seu dever em fiscalizar constantemente a regular

condição de tráfego da Rodovia Federal, e, assim, não detectou a presença de um

pinheiro tombado à margem da via na data de 20 de junho de 2004. Em razão

exclusivamente da omissão da concessionária, o motorista da apelante, sem

qualquer possibilidade de evitar, colidiu frontalmente com a árvore, causando

inúmeros prejuízos de natureza patrimonial à apelante.

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Desta feita, visualiza-se o nexo de causalidade entre a omissão da apelada e

os danos causados à apelante, razão pela qual pleiteia-se a reforma da sentença a

fim de acolher a pretensão da apelante em ver-se ressarcida dos prejuízos que lhe

foram causados, conforme valores a seguir aduzidos.

DOS DANOS PATRIMONIAIS

A indenização do dano deve abranger o que a vítima efetivamente perdeu e o

que deixou de ganhar em conseqüência direta e imediata do ato lesivo, ou seja,

deverá compreender os danos emergentes e os lucros cessantes.

No presente caso, em decorrência da colisão a apelante despendeu R$

15.000,00 (quinze mil reais) com a restauração do automóvel e deixou de ganhar R$

4.000,00 (quatro mil reais) com a suspensão do contrato de prestação de serviços

firmado com Hotel Fazenda Paraíso por dois meses, período em que o veículo

permaneceu no conserto, motivo pelo qual se pleiteia a quantia de R$ 19.000,00

(dezenove mil reais) a título de danos emergentes e lucros cessantes.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Demonstrada a necessidade de reforma integral da decisão de folhas XXX,

proferida nos autos de nº 1234/2005, pelo douto juízo da 16ª Vara Cívil de Curitiba,

requer, também, a apelante, a condenação da apelada às custas processuais e

honorários advocatícios fixados no valor que Vossas Excelências hajam por bem

arbitrar.

Todavia, caso não seja este o entendimento, o que se admite apenas em

atenção ao principio da eventualidade, em sendo mantida a decisão apelada, faz-se

necessário reduzir o valor da condenação em honorários advocatícios consignados

na decisão a quo.

A fixação das verbas sucumbenciais deve levar em conta, conforme artigo 20

do CPC: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço, e c) a

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natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo

exigido para o seu serviço. Tendo-se como percentual, no máximo, 20% sobre o

valor da condenação ou da causa, conforme o caso.

Na hipótese em comento, o magistrado, sem qualquer fundamentação e em

desacordo com as orientações legais e jurisprudenciais a respeito, condenou a

apelante em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de honorários advocatícios, ou

seja, quase 30% do valor da causa, razão pela qual faz-se cogente a reforma da

decisão também quanto a este ponto.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, a apelante aguarda, em atenção ao disposto no

artigo 520 do CPC, que seja recebido o recurso no seu duplo efeito.

Igualmente, requer-se que a presente apelação seja conhecida e provida, vez

que tempestiva e pertinente, acolhendo-se as razões de nulidade da r. sentença do

juízo a quo, haja vista a ausência de relatório segundo prescrição legal.

Não sendo este o entendimento de Vossas Excelências, requer-se, no mérito,

que o recurso seja provido para o fim de reformar integralmente a r. sentença

proferida pelo magistrado, julgando-se integralmente procedente a pretensão da

apelante e, assim, condenado a apelada ao ressarcimento de R$ 19.000,00

(dezenove mil reais) a título de danos patrimoniais, acrescidos de honorários

advocatícios e custas processuais.

Ainda, caso Vossas Excelências não entenderem dessa forma, o que se

admite apenas por argumentação, requer-se a reforma da decisão apelada, ao

menos, a fim de reduzir-se o valor arbitrado a título de honorários advocatícios.

Solicita-se, por derradeiro, a juntada do comprovante de preparo recursal.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 09 de março de 2008.

Advogado

OAB

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Guia de Artigos

Segue um pequeno roteiro dos principais artigos do Código de Processo Civil e da Legislação Especial que poderão auxiliá-lo em suas pesquisas. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Litigância de má-fé: - hipóteses: art. 17, I a VII do CPC; - multa: art.18 do CPC Honorários advocatícios: - sucumbenciais: art. 20 do CPC - Ação de cobrança sem contrato escrito: art. 275, “f”, do CPC Competência: - em razão do valor e da matéria: art. 91 do CPC; - competência funcional: art. 93 do CPC; - competência territorial: 94 a 100, todos, do CPC exceção art. 95, primeira parte, que trata de competência absoluta funcional: “nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa.”. Conexão: art. 103 do CPC Continência: art. 104 do CPC Prazos: - Fazenda Pública ou Ministério Público: art. 188 do CPC; - Litisconsortes com diferentes procuradores: art. 191 do CPC - Início de contagem: art. 241, I a V, do CPC; - Contagem especial de prazos nas comarcas do interior: Código de Normas – Provimento 47, Capítulo 2, Seção 9, item 8.1: “Nas comarcas do interior do Estado, além disso, será certificado que o prazo se inicia após o decurso da carência de três (03) dias úteis, contados da data aposta no Diário da Justiça que tenha efetuado a publicação, declinando-se com precisão esse dia”. - revel: Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório (Art. 322).

Valor da causa: - Art. 258 a 260, todos, do CPC; - Impugnação ao valor da causa: art. 261 e 277, §4º, ambos, do CPC. Distribuição por dependência: As causas de qualquer natureza: - quando se relacionarem por conexão ou continência;

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- quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; - quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento. Suspensão do Processo: - hipóteses: art. 265 do CPC Extinção do Processo: - Hipóteses sem resolução de mérito: art. 267 do CPC; - Hipóteses com resolução de mérito: art. 269 do CPC; - Sentença de improcedência no início do processo: Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada (Art. 285-A, cpc). Petição Inicial: Procedimento Sumário: - hipóteses de cabimento do procedimento sumário: art. 275 do CPC; - requisitos da petição inicial: art. 276 do CPC; Procedimento Ordinário: - requisitos da petição inicial: art. 282 e art. 283, ambos, do CPC; Procedimento Especial: - Verificar os requisitos constantes no capítulo próprio de cada demanda por exemplo, consignação em pagamento: art. 893 do CPC; depósito: art. 902 do CPC; anulação e substituição de títulos ao portador: art. 908 do CPC; demarcação: art. 950 do CPC; divisão: art. 967 do CPC; nunciação de obra nova: art. 936 do CPC; embargos de terceiro: art. 1050 do CPC etc. Procedimento Sumaríssimo – Juizados Especiais: - hipóteses de competência: art. 3.º, Lei n.º 9.099/95. Contestação: - prazo: art. 297 do CPC (procedimento ordinário); Art. 278 do CPC (procedimento sumário); - matérias de defesa: art. 300 ao art. 302 do CPC; - preliminares: art. 301 do CPC.

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Exceção: - matérias a serem argüidas: art. 304 do CPC: • incompetência relativa: art. 112 e 307 e ss. do CPC; • impedimento: art. 134 e 312 do CPC e • suspeição: art. 135 e 313 do CPC. - prazo: art. 305 do CPC; - apresentação da exceção de incompetência: a petição poderá ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação." (art. 305, CPC) - efeito: suspensão do processo: art. 306 e 265, III, CPC. - prorrogação: Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais." (art. 114, CPC) - A incompetência relativa não pode ser reconhecida “ex officio” (sum. 33/STJ), salvo no caso de cláusula de eleição de foro em contrato de adesão (art. 112, CPC).

Reconvenção: - hipótese de cabimento: art. 315 do CPC

Ação Rescisória - Hipóteses: art. 485 do CPC - Legitimidade: art. 487 do CPC - Requisitos: art. 488 do CPC - efeitos: não impede o cumprimento da sentença ou acórdão, salvo concessão de cautelar ou tutela antecipatória (art. 489, CPC)

Recursos: - disposições gerais: art. 496 ao art. 512, ambos, do CPC;

Apelação: - fundamento legal: art. 496, I e art. 513, ambos, do CPC; - requisitos da apelação: art. 514 do CPC; - prazo: art. 508 do CPC - Efeitos: art. 520 do CPC - nulidade sanável: Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Art. 515, CPC) - não recebimento: O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal (art. 518, CPC).

Agravo: Disposições gerais (fundamento legal e prazo): art. 496, II e art. 522, ambos, do CPC;

Agravo retido: - Cabimento: em regra, de todas as decisões interlocutórias (art. 522, primeira parte, CPC) - de forma oral: Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e

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imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante. (art. 523, º3º, CPC)

Agravo de instrumento: - cabimento: das decisões interlocutórias quando: (1) se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação; (2) nos casos de inadmissão da apelação e (3) nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida (art. 522, Segunda parte). - competência e requisitos: art. 524 do CPC; - documentos obrigatórios para a instrução do agravo: art. 525; - Efeitos: art. 527 do CPC

Embargos Infringentes: - hipótese de cabimento: art. 496, III e art. 530, ambos, do CPC; - prazo: art. 508 do CPC Embargos de Declaração: - hipóteses de cabimento: art. 535 do CPC e arts. 48 e 50 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais); - prazo: art. 536 do CPC;

Recurso Ordinário: - competência e hipóteses de cabimento: art. 102, II e art. 105, II, ambos, da CF, art. 496, V e art. 539, ambos, do CPC; - prazo: art. 508 do CPC;

Recurso Especial: - competência e hipóteses de cabimento: art. 105, III da CF e art. 496, VI do CPC; - prazo: art. 508 do CPC; - requisitos: art. 541 do CPC e parágrafo único; e art. 542 do CPC - procedimento para o julgamento de recursos repetitivos: 543-C do CPC.

Recurso Extraordinário: - competência e hipóteses de cabimento: art. 102, III da CF e art. 496, VII do CPC. - prazo: art. 508 do CPC - requisitos: art. 541 e parágrafo único e art. 542, ambos, do CPC; Embargos de Divergência em Recurso Especial e Extraordinário: - fundamento legal: art. 496, VIII e 546, ambos, do CPC Cumprimento da sentença: - Competência: art. 475-P - Impugnação: art. 475-L - Aplicação subsidiária: normas da execução de titulo extrajudicial (art. 475-R)

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Medidas Cautelares: - Disposições gerais: 796 do CPC; - Cautelares Inominadas: 798 do CPC; - Competência: art. 800 do CPC; - Requisitos da petição inicial: art. 801 do CPC; - Prazo para contestação: art. 802 do CPC; - Liminar: 804 do CPC; - Prazo para propositura da ação principal: art. 806 do CPC; - Hipóteses de perda da eficácia da medida cautelar: art. 808 do CPC; - Cautelares Nominadas: arts. 812 3 ss do CPC Arresto: Cabimento: art. 813; Requisitos: art. 814; Seqüestro: art. 822; Caução: art. 826; Busca e Apreensão: art. 839; Exibição: art. 844; Produção antecipada de provas: art. 846; Alimentos provisionais: art. 852; Arrolamento de bens: art. 855; Justificação: art. 861; Protestos, Notificações e Interpelações: art. 867; Homologação do penhor legal: art. 874; Posse em nome de nascituro: art. 877; Atentado: art. 879; Protesto e apreensão de títulos: art. 882; Procedimentos especiais: Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa Ação de Consignação em Pagamento: art. 890; Ação de Depósito: art. 901; Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador: art. 907; Ação de Prestação de Contas: art. 914; Ações Possessórias: art. 920; - Manutenção e Reintegração de Posse: art. 926; - Interdito Proibitório: art. 932; Ação de Nunciação de Obra Nova: art. 934; Ação de Usucapião: art. 941; Ação de Divisão e Demarcação de Terras Particulares: art. 946 - demarcação: art. 950; - Divisão: art. 967; Inventário: art. 982; Partilha: art. 1.022; Arrolamento: art. 1.031; Embargo de Terceiro: art. 1.046; Habilitação: art. 1.055; Restauração de Autos: art. 1.063; Venda a crédito com reserva de domínio: art. 1.070; Ação Monitória: art. 1.102- A;

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Procedimentos especiais de jurisdição voluntária Disposições Gerais: art. 1.103; Alienações Judiciais: art. 1.113; Separação Consensual: art. 1.120; Testamentos e Codicilo: art. 1.125; Herança Jacente: art. 1.142; Bens dos Ausentes: art. 1.159; Coisas Vagas: 1.170; Curatela dos Interditos: 1.177; Disposições comuns a Tutela e Curatela: art. 1.187; Organização e Fiscalização das Fundações: art. 1.199; Especialização da hipotéca legal: art. 1.205; LEGISLAÇÃO ESPECIAL Locação Lei n.º 8.245, de 18 de outubro de 1991, com alteração dada pela lei n.º 12.112, de 9 de dezembro de 2009. - Disposições Gerais→ artigo 58: I - trâmite não se suspende durante as férias forenses; II – competência foro local imóvel, salvo disposição contratual diversa; III – valor da causa: 12 meses de aluguel; exceção: art. 47, II – 3 salários mínimos; IV – citação/ intimação/ notificação: por carta simples, desde que autorizados no contrato; V – recursos somente recebidos no efeito devolutivo. - Despejo: Art. 59 e seguintes. - Consignação de Aluguel e Acessórios da Locação: Arts. 67 e seguintes; - Revisional de Aluguel: Art. 19 e Arts. 68 e seguintes; - Renovatória: Arts. 71 e seguintes; Código Civil: artigos 565 e seguintes. Alienação Fiduciária Lei n.º 4.728, de 14 de julho de 1965; Lei n.º 911, de 01 de outubro de 1969; Lei n.º 9.514, de 20 de novembro de 1997; Código Civil: artigos 1.361 a 1368 Alimentos Lei n.º 5.478, de 25 de julho de 1968 – dispõe sobre ação de alimentos Lei n.º 8.971, de 29 de dezembro de 1994 – direito de alimentos ao companheiro Código Civil: artigos 1.649 a 1.710.

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Cheque Lei n.º 7.357, de 02 de setembro de 1985: Ação por falta de pagamento – artigo 47 e seguintes; Prescrição – artigo 59 e seguintes. Duplicata Lei nº 5.474/68 Consumidor Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990: Consumidor: art. 2º; Fornecedor: art. 3º; Decadência e Prescrição – artigos 26 e seguintes; Cláusulas Abusivas – Artigos 51 e seguintes; Defesa do Consumidor em Juízo – artigo 81 e seguintes; Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço – artigos 12 a 17 Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço – artigos 18 a 25 Ações Coletivas para a Defesa de Interesses Individuais e Homogêneos – artigos 91 e seguintes; Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços – artigos 101 e seguintes; Mandado de Segurança Artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal e Artigos 1.º e seguintes da Lei 12.016/2009. Ação Popular Artigo 5.º, LXXIII, da Constituição Federal e Artigos 1.º e seguintes da Lei 4.717/65.