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Apostila de Arte para ensino médio
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Capítulo I
A ARTE TESTEMUNHANDO A HISTÓRIA
As pinturas abaixo são feitas em
paredes. Elas retratam cenas do cotidiano, mas
milhares de anos as separam.
Maurício Villaça; grafitismo
Bisões na gruta de Lascaux – França
Mesmo que não houvesse legenda nas
fotos, com certeza saberíamos dizer qual é a
pintura pré-histórica e qual é a pintura do final
do século XX.
Um artista pré-histórico jamais poderia
pintar prédios, mulheres vestidas assim e um
artista moderno só conhece o bisão como
animal em extinção. Além disso, os materiais
utilizados também evidenciam tempos
diferentes.
Na Pré-história não existia o spray nem
as tintas látex e acrílica, usada pelos grafiteiros.
As tintas eram retiradas da natureza.
A arte é fiel testemunha da história
construída pelo homem. Ao esculpir, pintar e
desenhar, um artista retrata a realidade. Os
acontecimentos políticos, econômicos, sociais
influenciam a sua criação. Veja:
Irmãos Limbourg/Iluminura
Café- Portinari
As Respingadeiras-Millet
Trabalhadores egípcios
Embora as figuras acima mostrem
pessoas trabalhando, percebemos épocas
diferentes em cada uma delas através dos
ambientes retratados, vestimentas etc.
No entanto, não podemos esquecer que,
além de testemunhar a história por intermédio da
arte, o artista poderá criar uma obra que não
esteja diretamente relacionada à realidade do
meio em que vive. Ele poderá pintar, desenhar,
esculpir, compor uma música e, assim, expressar
novas realidades, seus sentimentos, suas idéias
sobre forma, cor, movimento etc.
Capítulo 2
OS PRIMEIROS ARTISTAS DA HUMANIDADE
Os primeiros artistas da humanidade
foram os homens da Pré-história. Eles viviam em
pequenos grupos e eram nômades, não tinham
lugar fixo para habitar. Alimentavam-se da caça,
da pesca e da colheita de frutos.
Dois fatos foram muito importantes nesse período: o homem aprendeu a fazer o fogo, com o
qual se aquecia e afugentava os animais, e a utilizar as pedras lascadas, com as quais confeccionavam
instrumentos para caçar, guerrear e realizar entalhes nas paredes. Por isso o primeiro período da Pré-
História ser chamado de Período da Pedra Lascada ou Paleolítico.Mesmo construindo um instrumento,
nota-se que o homem primitivo importava-se com a forma e a beleza das peças.
O homem pré-histórico costumava se abrigar
em cavernas e em cabanas construídas com paus e
ossos de mamutes, tendo o teto coberto por ramagens
ou peles de animais. É nas cavernas que encontramos
as primeiras pinturas realizadas pelo homem. São
verdadeiros "Salões de arte" com pinturas de ursos,
cavalos, veados, bisões etc. É desconhecido o motivo
pelo qual os homens pré-históricos desenhavam nas
paredes das cavernas. A teoria mais aceita é a de que
esses desenhos eram feitos por caçadores. Tudo que
conseguissem desenhar poderiam dominar, ou seja,
num sentido mágico, eles poderiam interferir na
captura de um animal desenhando-o ferido mortalmente, podendo dessa forma, dominá-lo com facilidade.
Assim, as pinturas eram representação da natureza, tudo para garantir uma boa caçada e
conseqüentemente, a sobrevivência.
Para pintar, o homem produzia suas próprias tintas
misturando terra geralmente avermelhada por ser rica em
minérios) com carvão, sangue e gorduras de animais. Utilizava
os dedos e, provavelmente, também pincéis rudimentares (como
tocos de madeira), conforme alguns objetos encontrados por
arqueólogos.
.
Também era muito importante para o homem da pré-história garantir a
continuidade da sua espécie. Demonstrava esse sentimento esculpindo figuras
femininas em pedra ou marfim com formas bem avantajadas : seios, quadris e
ventres enormes, o que ressalta a importância da fertilidade. Essas esculturas
são chamadas de Vênus
Vênus de Willendorf
No Brasil também encontramos pinturas rupestres
(feitas em rochas) que comprovam a existência do homem
na América a milhares de anos.
Aos poucos , o homem descobre como
plantar e domesticar os animais, alterando
completamente sua vida. Ele não precisa
mais viajar em busca de alimentos e passa a
fixar-se em regiões à beira dos rios. Dessa
forma, surgem as primeiras aldeias e a
divisão das tarefas diárias: os homens caçam
e constroem abrigos casas de madeira e
barro) e as mulheres plantam e realizam
trabalhos artesanais, como cerâmica (peças
feitas manualmente para transportar grãos e
utensílios domésticos feitos com madeira e
osso) e a tecelagem (obtida da lã de
carneiros). Se, por um lado, a sobrevivência
diária é garantida pela agricultura e criação de animais, por outro, o homem continua a se preocupar com
as forças da natureza ( sol, chuva, eclipse etc) e com a morte.
Estimulado por essas preocupações, o artista da pré-
história constrói menires (blocos de pedra fincados no chão)
e dólmenes (dois menires com uma pedra apoiada em cima
como uma mesa gigante), que são considerados cemitérios
ou, no caso de Stonehenge, na Inglaterra, um monumento ao
sol.
A aldeias começam a crescer e torna-se necessário que cada uma delas defenda seu território. As
armas passam a ser mais estruturadas e o homem deixa de lascar as pedras e passa a poli-las mediante
atrito (daí esse período ser denominado de Período da Pedra Polida ou Neolítico).
Provavelmente da mesma forma que o homem observou que ao redor do fogo o barro endurecia
e assim descobriu como fazer peças de cerâmica, ele agora observa que certas pedras derretem na
fogueira. Descobre a metalurgia (fundição de metais) e usa essa novidade para confeccionar armas mais
resistentes e perigosas.
Historicamente, entraremos na Idade dos Metais, que compreende o Período do Cobre, o Período
do Bronze e o Período do Ferro.
Com a utilização dos metais, o homem desenvolveu
técnicas e aperfeiçoou seus instrumentos e métodos agrícolas.
Aos poucos, as aldeias passaram a produzir mais, gerando
assim excedentes que eram trocados por produtos de aldeias
vizinhas. Muitas dessas aldeias iriam mais tarde transformar em
cidades e civilizações conhecidas
Capítulo 3
Arte Egípcia
A arte egípcia esteve fortemente influenciada pelos preceitos
religiosos de sua cultura. No Antigo Egito, a ideia de que o
desenvolvimento das artes constituía um
campo autônomo de sua cultura não
corresponde ao espaço ocupado por esse tipo
de prática. Assim como em tantos outros
aspectos de sua vida, os egípcios
estabeleciam uma forte aproximação de suas
manifestações artísticas para com a esfera
religiosa. Dessa forma, são várias as ocasiões
em que percebermos que a arte dessa
civilização esteve envolta por alguma
concepção espiritual.
A temática mortuária era de
grande presença. A crença na vida após a
morte motivava os egípcios a construírem
tumbas, estatuetas, vasos e mastabas que representavam sua concepção do além-vida. As primeiras
tumbas egípcias buscavam realizar uma reprodução fiel da residência de suas principais autoridades. Em
contrapartida, as pessoas sem grande projeção eram enterradas em construções mais simples que,
em certa medida, indicava o prestígio social do indivíduo.
O processo de centralização política e a divinização da figura do faraó tiveram grande
importância para a construção das primeiras pirâmides. Essas construções, que estabelecem um
importante marco na arquitetura egípcia, têm como as principais representantes as três pirâmides do
deserto de Gizé, construídas pelos faraós Queóps, Quéfren e Miquerinos. Próxima a essas construções,
também pode se destacar a existência da famosa esfinge do faraó Quéfren.
Tendo funções para fora do simples deleite estético, a arte dos povos egípcios era bastante
padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico ou o desenvolvimento de um estilo autoral.
Geralmente, as pinturas e baixos-relevos apresentavam uma mesma representação do corpo, em que o
indivíduo tinha seu tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No estudo da
arte, essa concepção ficou conhecida como a lei da frontalidade.
Ao longo do Novo Império (1580 – 1085 a.C.), passados os vários momentos de instabilidade da
civilização egípcia, observamos a elaboração de novas e belas construções. Nessa fase, destacamos a
construção dos templos de Luxor e Carnac, ambos dedicados à adoração do deus Amon. No campo da
arte funerária, também podemos salientar o Templo da rainha Hatshepsut e a tumba do jovem faraó
Tutancâmon, localizado no Vale dos Reis.
A escultura egípcia, ao longo de seu desenvolvimento, encontrou características bastante
peculiares. Apesar de apresentar grande rigidez na maioria de suas obras, percebemos que as estátuas
egípcias conseguiam revelar riquíssimas informações de caráter étnico, social e profissional de seus
representados. No governo de Amenófis IV temos uma fase bastante distinta em que a rigidez da
escultura é substituída por impressões de movimento.
Passado o governo de Tutancâmon, a arte egípcia passou a ganhar forte e clara conotação
política. As construções, esculturas e pinturas passaram a servir de espaço para o registro dos grandes
feitos empreendidos pelos faraós. Ao fim do Império, a civilização egípcia foi alvo de sucessivas invasões
estrangeiras. Com isso, a hibridação com a perspectiva estética de outros povos acabou desestabilizando a
presença de uma arte típica desse povo.
Capítulo 4
Arte dos povos Gregos
A arquitetura grega era ligada
basicamente aos templos, construídos
com pedras sobre uma plataforma de dois
ou três degraus com muitas colunas para
garantir a sustentação do teto. O espaço
interno era pequeno, destinado à imagens
de deuses e sacerdotes. Os cultos eram
realizados na parte externaAs colunas
que sustentavam os templos eram
formadas por três partes: base,
fuste ecapitel .
As colunas apresentavam formas diferentes,
caracterizando três estilos gregos:dórico, jônico e coríntio.
Os templos também possuíam frisos e frontões, que
eram ricamente decorados.
Acrópole de Atenas
Partenon
Além do território que hoje conhecemos como Grécia, os gregos se espalharam pelas ilhas do mar
Egeu, pela Ásia Menor e fundaram as colônias no sul da Itália, chamada de Magna Grécia. Eram unidos
pela língua e crenças religiosas, mas divididos em cidades-estados com independência política e
econômica. Duas dessas cidades merecem destaque: Atenas, berço da arte e da democracia,
e Esparta, cidade dos guerreiros.
Os gregos buscavam no homem e na vida inspiração. O homem era considerado o modelo, o
padrão de beleza. Ele era retratado sem imperfeições, idealizado. Seus deuses eram uma glorificação do
próprio homem e tinham emoções e características humanas.
As esculturas, por exemplo, eram feitas quase sempre em mármore e
bronze, embora utilizassem também outros materiais, como o marfim
e a madeira.
A escultura no período arcaico (séc. VII a.C. ao séc. V a.C.)
são feitas em mármore grandes figuras masculinas. Primeiramente
aparecem esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o
peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas
.
Esse tipo de estátua é chamada de Kouros. (palavra grega= homem jovem)
A escultura no período clássico procura maior movimento das estátuas e por
isso passam a utilizar o bronze, por ser mais resistente que o mármore, podendo
fixar o movimento sem quebrar. A escultura no período helenístico os seres
humanos não são representados apenas de acordo com a idade e a personalidade,
mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. Surge a
representação de grupos de figuras em grande movimento. Surge também o nu
feminino, pois até então a figura feminina era sempre representada com vestes.
Kouros – período arcaico
Leocarés: Apolo Belvedere, Período Clássico
Período helenístico
As cerâmicas gregas tinham rara beleza. Eram utilizadas como
recipientes para vinho, azeite, mel, perfume e até como funerária. As formas
eram elegantes e a decoração era feita com figuras geométricas ou cenas
mitológicas (histórias de deuses e heróis).
Teatro Grego Antigo
Os gregos davam grande importância ao teatro.
Não só escreviam o texto das peças como
também construíam teatros para que elas fossem
encenadas.
Durante a encenação das peças, os atores
gregos usavam máscaras que mostravam as
características de deuses e heróis e também seus
sentimentos. Essas máscaras eram feitas de barro,
madeira ou cortiça.
Máscaras do Teatro Grego:
Capítulo 5
Arte Romana Costuma-se dizer que a arte romana copiou a arte grega, mas isso é apenas parcialmente verdade.
Os romanos conquistaram um vasto território desde a Europa até a Ásia e assimilaram a cultura
dos povos conquistados, principalmente o da cultura grega. Mas com o passar do tempo , adaptaram essas
culturas ao seu próprio modo de vida e necessidade.
A arquitetura
A população da cidade de Roma era muito grande e ,
conseqüentemente , havia a necessidade de se construir
prédios públicos de grandes proporções para abrigar o maior
número de pessoas. Desse modo , os romanos, que admiravam
as colunas gregas( que serviam de sustentação para a
cobertura), desenvolveram uma forma de construção em que
as colunas passam a ser apenas decorativas.
Utilizavam o arco e a abóbada, recursos arquitetônicos
desconhecidos pelos gregos e egípcios, mas transmitidos aos
romanos pelos etruscos. A utilização de arcos e abóbadas
proporcionou às construções amplos espaços internos.
Uma das características da arquitetura veio da arte etrusca,
por meio do uso do arco e da abóbada nas construções. Essas
estruturas diminuiram a utilização das colunas gregas e aumentaram
os espaços internos. Antes, se as colunas não fossem usadas, o peso
do teto poderia causar tensões nas estruturas. O arco ampliou o vão
entre uma coluna e outra e a tensão do centro do teto era concentrado
de formas homogênea.
No final do século I d.C., Roma havia superado as
influências desenvolvendo criações próprias.
Nas moradias romanas, as plantas eram rigorosas e eram
desenhadas sob um retângulo. As estruturas gregas, eram
admiradas pela elegância e flexibilidade e foram implantadas
nessas moradias, o peristilo (espaço formado por colunas
isoladas e aberto na lateral).
Os templos, tinham uma arquitetura diferente: no pórtico de entrada, havia uma escadaria, as
laterais se diferenciavam da entrada e não tinham a mesma simetria. Utilizada pelos gregos,
acrescentaram, então, os peristilos.Ex.: Maison Carré, em Níves – França, feita no final do século I a.C.
As colunas laterais tinham ideia de um falso peristilo.
Para fugir da inspiração grega, romanos
criaram templos, valorizando os espaços
interiores, como exemplo o Panteão, em Roma,
construída durante o reinado do Imperador
Adriano. Ele é o primeiro templo pagão
ocupado por uma igreja cristã, devido a sua
estrutura arquitetônica.
Teatro
Foram criados os anfiteatros, com o uso das abóbadas e
arcos; o um espaço era amplo e suportava muitas pessoas. O
público se encontrava no auditório, sendo possível construir
os edifícios em qualquer lugar. O evento que eles mais
gostavam eram as lutas dos gladiadores e não era
necessário um palco para apreciar o espetáculo. Em um
espaço central elíptico era circundado pela arquibancada,
com grande número de fileiras. Um grande exemplo é o
Coliseu, em Roma, uma das sete maravilhas do
mundo moderno.
Pintura
Os pintores romanos usaram, ao mesmo tempo que o realismo, a imaginação, dando origem à obras que
ocupavam grandes espaços, enriquecendo mais a arquitetura. A maioria das pinturas originou-se da
cidade de Pompeia e Herculano e foram soterradas pela erupção de um vulcão. Elas desencadearam a
quatro estilos de pintura:
1º estilo - Não era considerada uma pintura: as paredes eram pintadas com gesso, dando impressão de
placas de mármore;
2º estilo - Descobriu-se que a ilusão com gesso poderia ser substituída pela pintura: os artistas pintavam
painéis, com pessoas, animais, objetos sugerindo profundidade;
3º estilo - Valorização dos detalhes: no final do século I a. C., a realidade das representações foi trocada
por detalhes;
4º estilo - Volta da profundidade, dos espaços: a ilusão dos espaços foi combinada a delicadeza, dando
origem ao quarto estilo. Ex.: sala da casa dos Vetti, em Pompéia.
Escultura
Na escultura, os romanos eram muito diferentes dos gregos em
alguns aspectos. Apesar de apreciarem a arte, eles não
representavam o ideal de beleza, mas a cópia fiel das pessoas,
buscando retratar traços particulares. Um exemplo disso é a estátua
do imperador romano, Augusto, criada por volta de 19 a.C.. Numa
cópia do Doríforo, dos gregos, o artista detalhou as feições reais do
Imperador, a couraça e as capas romanas. Essa preocupação também
foi encontrada em relevos esculpidos, pois eles buscavam
representar acontecimentos e pessoas que participaram dele. Ex.:
Coluna de Trajano: construída no século I da era cristã, apresenta a luta do imperador romano
com os exércitos romanos na Dácia.
Coluna de Marco Aurélio: construída um século depois, retrata a vitória dos romanos sob um
povo da Alemanha do Norte.
Sem dúvida, os romanos contribuíram muito com a arte, tendo um espírito prático e apto para
construir teatros, templos, casas, aquedutos, etc. No início do século III, eles começaram a enfrentar lutas
internas, por causa da entrada dos povos bárbaros. A preocupação com a arte diminuiu e no século V, o
Império Romano entra em decadência e é dominado pelos invasores germânicos.
Capítulo 6
Arte Cristã Primitiva
Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos passaram a divulgar seus ensinamentos.
Inicialmente, essa divulgação restringiu-se à Judéia, província romana onde Jesus viveu e morreu, mas
depois, a comunidade cristã começou a dispersar-se por várias regiões do Império Romano.
No ano de 64, no governo do Imperador Nero, deu-se a primeira grande perseguição aos cristãos.
Num espaço de 249 anos, eles foram perseguidos mais nove vezes; a última e mais violenta dessas
perseguições ocorreu entre 303 e 305, sob o governo de Diocleciano.
ARTE NAS CATACUMBAS
Por causa dessas perseguições, os primeiros cristãos de Roma enterravam seus mortos em galerias
subterrâneas, denominadas catacumbas. Dentro dessas galerias, o espaço destinado a receber o corpo das
pessoas era pequeno. Os mártires, porém, eram sepultados em locais maiores, que passaram a receber em
seu teto e em suas paredes laterais as primeiras manifestações da pintura cristã.
Inicialmente essas pinturas limitavam-se a representações de
símbolos cristãos: a cruz – símbolo do sacrifício de Cristo; a palma –
símbolo do martírio; a âncora – símbolo da salvação; e o peixe –
símbolo preferido dos artistas cristãos, pois as letras da palavra ―peixe‖,
em grego (ichtys), coincide com a expressão Iesous Christos, Theou
Yios, Soter, que significa ―Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador‖.
Essas pinturas cristãs também evoluíram e, mais tarde,
começaram a aparecer cenas do Antigo e do Novo Testamento. Mas o
tema predileto dos artistas cristãos era a figura de Jesus Cristo, o
Redentor, representado como o Bom Pastor.
É importante notar que essa arte cristã primitiva não era
executada por grandes artistas, mas por homens do povo, convertidos à
nova religião. Daí sua forma rude, às vezes grosseiras, mas, sobre tudo,
muito simples.
A ARTE DO CRISTIANISMO
As perseguições aos cristãos foram aos poucos diminuindo até que, em 313, o Imperador
Constantino permitiu que o cristianismo fosse livremente professado e converteu-se à religião cristã. Sem
as restrições do governo de Roma, o cristianismo expandiu-se muito, principalmente nas cidades, e, em
319, o Imperador Teodósio oficializou-o como a religião do império.
Começaram a surgir então os primeiros templos cristãos. Externamente, esses templos mantiveram
as características da construção romana destinada à administração da justiça e chegaram mesmo a
conservar seu nome – basílica. Já internamente, como era muito grande o número de pessoas convertidas
à nova religião, os construtores procuraram criar amplos espaços e ornamentar as paredes com pinturas e
mosaicos que ensinavam os mistérios da fé aos novos cristãos e contribuíam para o aprimoramento de sua
espiritualidade. Além disso, o espaço interno foi organizado de acordo com as exigências do culto.
A basílica de Santa Sabina, construída em
Roma entre 422 e 432, por exemplo, apresenta uma
nave central ampla, pois aí ficavam os fieis durante
as cerimônias religiosas. Esse espaço é limitado nas
laterais por uma seqüência de colunas com capitel
coríntio, combinadas com belos arcos romanos. A
nave central termina num arco, chamado arco
triunfal, e é isolada do altar-mor por uma abside,
recinto semi-circular situado na extremidade do
templo. Tanto o arco triunfal como o teto da abside
foram recobertos com pinturas retratando
personagens e cenas da história cristã.
Toda essa arte cristã primitiva, primeiramente tosca e simples nas catacumbas e depois mais ricas
e amadurecidas nas primeiras basílicas, prenuncia as mudanças que marcarão uma nova época na história
da humanidade.
Como vimos, a arte cristã que surge nas catacumbas em Roma não é feita pelos grandes artistas
romanos, mas por simples artesãos. Por isso, não tem as mesmas qualidades estéticas da arte pagã. Mas as
pinturas das catacumbas já são indicadoras do comprometimento entre a arte e a doutrina cristã, que será
cada vez maior e se firmará na Idade Média.
Capítulo 7
Arte Bizantina Em 395, o Imperador Teodósio dividiu em duas partes o imenso território que dominava: o
Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.
O Império Romano do Ocidente, que ficou com a capital em Roma, sofreu sucessivas ondas de
invasões bárbaras até cair completamente em poder dos invasores, no ano de 476, data que marca o fim
da Idade Antiga e o início da Idade Média. Já o Império Romano do Oriente, apesar das contínuas crises
políticas que sofreu, conseguiu manter sua unidade até 1453, quando os turcos tomaram sua capital,
Constantinopla. Teve início então um novo período histórico: a Idade Moderna.
Constantinopla foi fundada pelo Imperador Constantino, em 330, no local onde ficava Bizâncio,
antiga colônia grega. Por causa de sua localização geográfica entre a Europa e a Ásia, no estreito de
Bósforo, esta rica cidade foi de uma verdadeira síntese das culturas greco-romana e oriental. Entretanto, o
termo bizantino, derivado de Bizâncio, passou a ser usado para nomear as criações culturais de todo o
Império do Oriente, e não só daquela cidade.
O Império Bizantino – como acabou sendo denominado o Império Romano de Oriente –
alcançou se apogeu político e cultural durante o governo do Imperador Justiniano, que reinou de 527 a
565.
A ARTE BIZANTINA: EXPRESSÃO DE RIQUEZA E PODER
A afirmação do cristianismo coincidiu historicamente com o momento de esplendor da capital do
Império Bizantino. Por isso, ao contrário da arte cristã primitiva, que era popular e simples, a arte cristã
depois da oficialização do cristianismo assume um caráter majestoso, que exprime poder e riqueza.
A arte bizantina tinha um objetivo: expressar a autoridade absoluta do Imperador, considerado
sagrado, representante da Deus e com poderes temporais e espirituais.
Para que a arte atingisse melhor esse objetivo, uma série de convenções foram estabelecidas, tal
como na arte egípcia. Uma delas foi a lei da frontalidade, pois a postura rígida da figura leva o
observador a uma atitude de respeito e veneração pelo personagem representado. Por outro lado, quando o
artista reproduz frontalmente as figuras, ele mostra um respeito pelo observador, que vê nos soberanos e
nas personagens sagradas seus senhores e seus protetores.
Além da frontalidade, outras regras minuciosas foram estabelecidas pelos sacerdotes para os
artistas, determinando o lugar de cada personagem sagrado na composição e indicando como deveriam
ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos. Enfim, o que poderia ser representado
estava rigorosamente determinado.
Imperador Justiniano . Detalhe do
Mosaico da Igreja de São Vital, em Ravena
As personalidades oficiais e os personagens sagrados passaram
também a ser retratados de forma a trocar entre si seus elementos
caracterizadores. Assim, a representação de personalidades oficiais
sugeria que se tratava de personagens sagrados. O Imperador
Justiniano e a Imperatriz Teodora, por exemplo, chegaram a ser
representados na igreja de São Vital com a cabeça aureolada, símbolo
usado para caracterizar as figuras sagradas, como Cristo, os santos e
os apóstolos. Os personagens sagrados, por sua vez, eram
reproduzidos com as características das personalidades do Império.
Cristo, por exemplo, aparecia como um rei e Maria como uma rainha.
Da mesma forma, nos mosaicos, a procissão de santos e apóstolos
aproximava-se de Cristo ou de Maria de forma solene, como ocorria
na realidade com o cortejo do imperador nas cerimônias do corte.
Basílica de Santa Sofia, em Istambul
Esse caráter majestoso da arte bizantina
pode ser observado tanto na arquitetura como nos
mosaicos e nas pinturas que decoram o interior
das igrejas. Um dos melhores exemplos disso é
a basílica de Santa Sofia, construída e
ornamentada de acordo com o gosto das classes
mais ricas.
Essa igreja, edificada no governo de
Justiniano, apresenta a marca mais significativa
da arquitetura bizantina: o equilíbrio de uma
cúpula sobre uma planta quadrada.
A cúpula é formada por quatro arcos e
ampliada por duas absides que, que por sua vez,
são ampliadas por mais cinco pequenas absides. A nave central é circulada por colunas com capitéis
detalhadamente trabalhados, que lembram capitéis coríntios. O revestimento em mármore e mosaico e a
sucessão de janelas e arcos criam um espaço interno de grande beleza.
A ARTE BIZANTINA EM RAVENA
No século VI, Justiniano tentou reunificar o \Império Romano e, por isso, iniciou as guerras de
conquista no Ocidente.
Por ser um importante ponto estratégico, a cidade de Ravena, dominada há muito tempo pelos
ostrogodos, foi um dos alvos mais visados pelo imperador para a conquista da Península Itálica. Após
muitas tentativas, a cidade foi finalmente reconquistada em 540. Ravena tornou-se então o centro do
domínio bizantino na Itália.
Entretanto, antes da época de Justiniano, na primeira
metade do século V, Ravena já tivera contato com a
cultura bizantina. É dessa época o monumento mais
conhecido e significativo de sua arquitetura: o mausoléu
da Imperatriz Gala Placídia. Sua planta segue o desenho
de uma cruz e a característica essencial da construção é
um cubo colocado por cima da pequena cúpula central.
Externamente é um edifício simples, revestido de tijolo
cozido. Mas esta simplicidade externa contrasta
fortemente com a riqueza dos trabalhos artísticos do
interior, recoberto com belíssimo mosaicos de motivos
florais, em que predomina a cor azul.
No entanto, as igrejas que revelam uma arte bizantina
mais madura são as da época de Justiniano, como a de São Vital,
em Ravena. Devido à sua planta octogonal, o espaço interno
apresenta possibilidades de ocupação diferentes das outras
igrejas. A combinação perfeita de arcos, colunas e capitéis
fornece os elementos de uma arquitetura adequada para apoiar
mármores e mosaicos seu rico colorida fazem lembrar a arte do
Oriente. Como vimos antes, dos mosaicos da igreja de São Vital
dois se destacam por expressar de modo significativo o
compromisso da arte bizantina com o Império e a religião: o do
Imperador Justiniano e o da Imperatriz Teodora, com seus
respectivos séquito, levando oferendas ao templo.
Depois da morte do Imperador Justiniano, em 565,
aumentaram as dificuldades políticas para que o Oriente e o
Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino sofreu
períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu
sobreviver até o fim da Idade Média, quando Constantinopla foi
invadida pelos turcos.
OS ÍCONES BIZANTINOS
Além dos trabalhos em mosaicos, os artistas bizantinos criaram os ícones, uma nova forma de
expressão artística na pintura.
A palavra ícone é grega e significa imagem. Como trabalho artístico, os ícones são quadros que
representam figuras sagradas como Cristo, a Virgem, os apóstolos, santos e mártires. Em geral são
bastante luxuosos, conforme o gosto oriental pela ornamentação suntuosa.
Ao pintar os ícones, usando a técnica da têmpera ou da encáustica, os artistas recorriam a alguns
recursos para realçar os efeitos de luxo e riqueza. Comumente, revestiam a superfície da madeira ou da
placa de metal com uma camada dourada, sobre a qual pintavam a imagem. Para fazer as dobras das
vestimentas, as rendas e os bordados, retiravam com um estilete a película de tinta da pintura. Assim,
essas áreas adquiriam a cor de ouro do fundo. Às vezes, colocavam na pintura jóias e pedras preciosas, e
chegavam mesmo a confeccionar coroas de ouro para as figuras de Cristo ou de Maria. Essas jóias,
aliadas ao dourado dos detalhes das roupas, conferiam aos ícones um aspecto de grande suntuosidade.
Geralmente, os ícones eram venerados nas igrejas, mas não era raro
encontrá-los nos oratórios familiares, pois popularizaram-se entre os
gregos, balcânicos, eslavos e asiáticos, mantendo-se por muito tempo como
expressão artística e religiosa. Os ícones russos, por exemplo, tornaram-se
famosos, particularmente os de Novgorod, onde viveu, no início do século
XV, André Rublev, célebre pintor desse gênero de arte. Dentre os ícones
de Rublev, dois se destacam pela sua expressividade: o de Nossa Senhora
da Misericórdia e o do Cristo Pantocrator
Nossa Senhora da Misericórdia
Capítulo 8
Arte na Idade Média Durante a Idade Média (século V ao XV), a arte européia foi marcada por uma forte
influência da Igreja Católica. Esta atuava nos aspectos sociais, econômicos, políticos, religiosos e
culturais da sociedade. Logo, a arte medieval teve uma forte marca temática: a religião.
Pinturas, esculturas, livros, construções e outras manifestações artísticas eram influenciados e
supervisionados pelo clero católico.
A vida social e econômica deslocou-se da cidade para o campo. Sem condições propícias
para o desenvolvimento das artes, a evolução cultural no campo manteve-se praticamente nula. Os
mosteiros eram muito pobres e neles também foi difícil estabelecer uma atividade artística.No
século VII, as únicas fontes de preservação da cultura greco-romana eram as escolas voltadas para
a formação do clero. Somente a Igreja continuava a contratar construtores, carpinteiros,
marceneiros, vitralistas, decoradores, escultores e pintores, pois eram os únicos edifícios públicos
que ainda se construíam.
Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, teve inicio um
intenso desenvolvimento cultural. O poder real uniu-se ao poder papal e Carlos tornou-se protetor
da cristandade.
Na corte de Carlos Magno criou-se uma academia literária e desenvolveram-se oficinas
onde eram produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados. Tanto as oficinas ligadas ao
palácio como as ligadas aos mosteiros desempenharam importante papel na evolução da arte após
o reinado de Carlos Magno.
Nessa época eram feitas ilustrações para manuscritos. Um exemplo do tipo de arte
produzida nas oficinas ligadas ao palácio.
No Império Carolíngio não foram criadas obras monumentais. O tamanho reduzido era
característico dos objetos produzidos nas oficinas de arte, fossem elas pinturas, esculturas ou
trabalhos em metal.
Após a morte de Carlos Magno, ocorrida em 814, a corte deixou de ser o centro cultural
do Império e as atividades intelectuais centralizaram-se nos mosteiros. Das atividades artísticas aí
desenvolvidas, a ilustração de manuscritos foi a mais importante. Foram também alvo de interesse
a arquitetura, a escultura, a pintura, a ourivesaria, a cerâmica, a fundição de sinos, a encadernação
e a fabricação de vidros.
O trabalho nas oficinas da corte de Carlos Magno levou os artistas a redescobrir a
tradição cultural e artística do mundo greco-romano. Na arquitetura isso foi decisivo: levou, mais
tarde, à criação de um novo estilo, adotado principalmente na arquitetura das igrejas, que foi
chamado de românico
Estilo Românico
Este estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e
XIII). Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos arcos de
volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilo voltado
para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas e existiam poucas e pequenas janelas. Tanto as
igrejas como os castelos passavam uma ideia de construções ―pesadas‖, voltadas para a defesa. As
igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das ―forças do mal‖, enquanto os
castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras.
Com relação às esculturas e pinturas podemos destacar o caráter didático-religioso.
Numa época em que poucos sabiam ler, a Igreja utilizou as esculturas, vitrais e pinturas,
principalmente dentro das igrejas e catedrais, para ensinar os princípios da religião católica. Os
temas mais abordados foram: vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros temas
cristãos.
Arquitetura.
O nome românico foi criado para designar as obras arquitetônicas dos séculos XI e XII,
na Europa, cuja estrutura se assemelhava à das construções dos antigos romanos. Seus aspectos
mais significativos são a utilização da abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes
espessas com aberturas estreitas usadas como janelas.
O primeiro aspecto que chama
a atenção nas igrejas românicas é o
tamanho: elas são sempre grandes e
sólidas. Daí serem chamadas ―fortalezas
de Deus‖.
As igrejas românicas podiam ser
construídas com abóbadas de dois tipos:
a abóbada de berço e a abóbada de
aresta. Figura 1e abóbada de berço - figura 2 abóboda
de aresta
A abóbada de berço era simples: consistia num semicírculo – o arco pleno – ampliado
lateralmente pelas paredes. Apresentava duas desvantagens: o excesso de peso do teto de
alvenaria, que podia provocar sérios desabamentos, e a reduzida luminosidade interna, resultante
das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos era impraticável, por enfraquecer as paredes e
aumentar o risco de desabamento.
Desenvolvida para superar as limitações da abóbada de berço, a abóbada de arestas consistia na
intersecção, em ângulo reto, de duas abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, obtinha-
se certa leveza e maior iluminação interna. Como esse tipo de abóbada exige um plano quadrado
para se apoiar, a nave central ficou dividida em setores quadrados, que correspondem às
respectivas abóbadas. Esse aspecto refletiu-se na forma compactada planta de muitas igrejas
românicas.
Embora diferentes, os dois tipos de abóbadas causam o mesmo efeito no observador:
uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.
As igrejas românicas na rota dos peregrinos.
Durante a Idade Média realizavam-se longas peregrinações a lugares considerados
santos. Muitas das aldeias que ficavam na rota desses lugares construíram igrejas para acolher os
peregrinos.
Entre os lugares santos mais procurados, estavam Jerusalém, onde Jesus Cristo teria
morrido; Roma, onde ficava a sede de Igreja; e Santiago de Compostela, na atual Espanha, onde
se acredita estar enterrado o apóstolo Tiago.
A arte românica de Saint-Sernin.
A basílica de Saint-Sernin, na cidade de Toulouse, era uma
das paradas obrigatórias para os peregrinos que passavam pelo trecho
francês rumo a Santiago de Compostela.
Para que os moradores da cidade assistissem aos oficios
religiosos sem ser perturbados pelos peregrinos em visita às relíquias
locais, essa igreja apresenta importante solução arquitetônica; em torno
da nave central, há um corredor contínuo que também contorna, num
segmento curvo, o altar-mor. Esse corredor, chamado deambulatorio,
dava acesso às capelas onde ficavam expostos os objetos sagrados e as
relíquias, enquanto a nave central era ocupada por quem desejava
assistir às cerimônias religiosas. basílica de Saint-Sernin
A arte românica do estilo de Cluny.
Em 910 foi fundada na cidade de Cluny uma abadia de beneditinos. No fim do século
XII, a congregação dos beneditinos já contava com mais de mil mosteiros espalhados por toda a
Europa.
Em 1790, a abadia – que havia sido a maior
igreja da Europa e era uma obra-prima da arte
românica – foi quase totalmente destruída,
pouco sobrando de seus edifícios e tesouros
artísticos. Os religiosos de Cluny produziram
muitas obras de arte que ainda podem ser
apreciadas em seus mosteiros. O exemplo mais
característico do estilo cluniacense é o mosteiro
de Saint-Pierre em Moissac, também no trecho
francês do caminho para Santiago de
Compostela. A beleza de suas esculturas pode
ser vista nos capitéis das colunas que cercam o
claustro.
Os capitéis das colunas em torno do claustro de Saint-Pierre apresentam um rico trabalho
em escultura, com representações de folhagens, animais e personagens da Bíblia.
Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura
para narrar histórias bíblicas e transmitir aos fiéis valores religiosos. Um lugar muito usado para
isso era o portal, na entrada do templo. No portal das igrejas românicas, a área mais ocupada pelas
esculturas era o tímpano: a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o
vão superior da porta. Encontra-se ainda em Saint-Pierre um dos mais bonitos portais românicos,
com um belíssimo tímpano e uma pilastra central chamada tremó.
Com um diâmetro de 5,68 metros, o grande tímpano do portal de Saint-Pierre exibe um
conjunto de figuras que representa Cristo em Majestade, tal como narrado por são João
Evangelista no Apocalipse.
Devido ao grande tamanho do tímpano, os construtores fizeram um tremó: pilastra
central que divide a abertura da porta em duas partes iguais. Ele também é ricamente decorado
com esculturas nas quais se veem motivos naturais e um homem descalço, identificado como o
profeta Jeremias.
A arquitetura românica na península Itálica.
Diferentemente do restante da
Europa, a arte românica na península
Itálica não apresenta formas pesadas,
duras e primitivas. Por estarem mais
próximos dos exemplos das arquiteturas
grega e romana, os construtores da região
deram a suas igrejas um aspecto mais
leve e delicado. Também sob a influência
da arte greco-romana, procuraram usar
frontões e colunas. Um dos exemplos
mais conhecidos dessa expressão
românica é o conjunto da catedral de
Pisa.
Catedral de Pisa
Na península Itálica, os construtores da Idade Média costumavam erguer a igreja, o
campanário e o batistério como edifícios separados. O prédio da catedral de Pisa, cuja construção
se iniciou em 1063, tem planta em forma de cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços. A
fachada da frente sugere a forma de um frontão, característico dos templos gregos.
O edifício mais conhecido do conjunto da catedral de Pisa é o campanário, a famosa
Torre de Pisa, cuja construção se iniciou em 1174. Com o passar do tempo, ela foi sofrendo
inclinação porque o terreno cedeu. Seu elemento arquitetônico mais interessante é a superposição
de delgadas colunas de mármore, que formam sucessivas arcadas ao redor de todos os andares.
O estilo românico na pintura.
Os pintores românicos caracterizaram-se como verdadeiros muralistas. A pintura
românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, favorecidas pelas formas
arquitetônicas: as abóbadas e as paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes
superfícies. Na pintura mural era utilizada a técnica do afresco.
Os murais tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois naquela época
era intensa, nos conventos, a produção de manuscritos decorados à mão com cenas bíblicas.
Cristo em Majestade. Afresco da abside da igreja
de San Clemente de Tahull. Catalunha.
Os motivos usados pelos pintores eram de
natureza religiosa. A pintura românica praticamente
não registrou assuntos profanos. Para as igrejas e os
mosteiros, geralmente eram escolhidos temas como
a criação do mundo e do ser humano, o pecado
original, a arca de Noé, os símbolos dos
evangelistas e Cristo em majestade.O mural tem no
centro a figura de Jesus Cristo, cercado de anjos.
Ele expressa bem as duas características essenciais
da pintura românica: a deformação e o colorismo. A
deformação, na verdade, traduzia os sentimentos
religiosos e a interpretação mística que o artista
fazia da realidade. A figura de Cristo, por exemplo,
era sempre maior que as demais. Sua mão e seu
braço, no gesto de abençoar, tinham proporções
intencionalmente exageradas para que o gesto fosse
valorizado por quem contemplasse a pintura. Os
olhos, muito abertos e expressivos, evidenciavam
sua intensa vida espiritual. O colorismo traduziu-se no emprego de cores chapadas, uniformes,
sem preocupação com meio-tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de
imitar a natureza.
Pintura “a fresco”: uma técnica antiga e de difícil execução.
O termo afresco, hoje é sinônimo de pintura mural. Originalmente, porém, era uma
técnica de pintura sobre paredes úmidas. Vem daí o seu nome.
Nesse tipo de pintura, a preparação da parede é muito importante. Sobre sua superfície é aplicada
uma camada de cal que, por sua vez, é coberta com uma camada de gesso fina e bem lisa. É sobre
esta última camada que o pintor executa sua obra. Ele deve trabalhar com a argamassa ainda
úmida, pois com a evaporação da água, a cor adere ao gesso e o gás carbônico do ar combina-se
com a cal, transformando-a em carbonato de cálcio e completando a adesão do pigmento à parede.
O afresco se distingue das outras técnicas porque, uma vez seca a argamassa, a pintura se
incorpora ao reboco, tornando-se parte integrante dele. Nas demais técnicas, a pintura permanece
como uma película aplicada sobre o fundo. Além disso, como a parede deve permanecer úmida
para receber a tinta, a camada de gesso tem de ser colocada aos poucos: se uma área já pronta não
receber pintura, precisará ser retirada e aplicada posteriormente. Essa é a razão pela qual ao
observar-se um afresco de perto, pode-se notar os vários pedaços em que foi sucessivamente
executado.
Estilo Gótico
O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século
XIII ao XV). As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas
características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com
que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também
foram muitos usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas
apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-
quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados.
Com relação às esculturas góticas, o realismo prevaleceu. Os escultores buscavam dar
um aspecto real e humano às figuras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos).
No tocante à pintura, podemos destacar as iluminuras, os vitrais, painéis e afrescos.
Embora a temática religiosa ainda prevalecesse, observa-se, no século XV, algumas
características do Renascimento: busca do realismo, expressões emotivas e diversidade de cores.
A arquitetura no século XII.
No século XII uma nova arquitetura foi ganhando espaço. No século XVI, os estudiosos
começaram a chamá-la desdenhosamente de gótica: segundo eles, sua aparência era tão ―bárbara‖
que ela poderia até sido criada pelos godos, povo que invadira o Império Romano e destruíra
muitas de suas obras. Mais tarde o nome gótico perderia seu caráter depreciativo e se ligaria à
arquitetura caracterizada pelos arcos ogivais. Abadia de Saint-Denis-Paris
Esta nova maneira de construir surgiu na
França por volta de 1140, quando foi construída a abadia
de Saint-Denis. A primeira diferença que se nota entre
uma igreja gótica e uma igreja românica é a fachada:
enquanto a igreja românica em geral apresenta um único
portal, a igreja gótica tem três portais. Estes, por sua vez,
dão acesso às três naves do interior da igreja: a nave
central e as duas naves laterais.Na fachada dessa igreja
os dois portais são continuados por altas torres – não
construidas conforme o projeto. O portal central tem
acima dos frisos que emolduram o tímpano, uma grande
janela e, acima desta, outra, redonda, chamada rosácea.
A rosácea é um elemento arquitetonico muito
caracteristico do estilo gotico presente em quase todas as
igrejas construidas entre os seculos XII e XIV.O aspecto
mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de
nervuras, que difere muito da abóbada de arestas da
arquitetura românica, pois deixa visíveis os arcos
ogivais, que formam sua estrutura.A construção desse
novo tipo de abóbada foi possível graças ao arco ogival,
diferente do arco semicircular do estilo românico. O
emprego desse arco permitiu a construção de igrejas mais altas Além disso, o desenho das ogivas,
que se alonga e aponta para o alto, acentua a impressão de altura e verticalidade.Os pilares,
chamados tecnicamente de ―suportes de apoio‖ foram outro recurso arquitetônico do estilo gótico.
Dispostos em espaços bem regulares, permitiram dispensar as grossas paredes para sustentar a
estrutura. Em Saint-Denis essa técnica de construção foi usada na cabeceira da igreja.
A consequência estética mais importante da introdução dos pilares foi a substituição das
sólidas paredes com janelas estreitas, do estilo românico, pela combinação de pequenas áreas de
parede com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e trabalhados, chamados vitrais.
Em 1992 a catedral de Saint-Etienne de Bourges com seu campanário, suas esculturas e a
riqueza de seus vitrais foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Entre os séculos XII e XVI foi construída
a catedral Notre-Dame de Chartres. Entre
os muitos aspectos de sua arquitetura,
destaca-se o portal principal, conhecido
como Portal Régio e considerado pelos
historiadores da arte como um dos mais
belos conjuntos escultóricos do mundo. A
exemplo das demais construções góticas,
o Portal Régio é formado por um portal
central e dois laterais, diversamente dos
portais da igreja Saint-Denis, porém os
três dão acesso à nave central da igreja.Cada um desses portais apresenta um tímpano
inteiramente preenchido por trabalhos de escultura. Os três narram diferentes momentos da vida
de Cristo. O tímpano central apresenta um Cristo em Majestade cercado pelos símbolos que
representavam os quatro evangelistas. O tímpano à esquerda do observador mostra a Ascensão de
Cristo ao céu após a ressurreição. No da direita, está Maria com o Menino Jesus no colo.
As delicadas colunas que ladeiam cada porta atraem a atenção do visitante da catedral de
Chartres. Nelas, veem-se representações de reis e rainhas do Antigo Testamento, requintadamente
trabalhadas nos traços fisionômicos e nos drapeados das roupas. Em 1160 iniciou-se a construção
da catedral de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igrejas góticas do mundo, que introduziu
um novo e importante recurso técnico: o arcobotante.
A catedral de Notre-Dame de Paris tem 150 metros de comprimento e suas principais
abóbadas estão a 32 metros do chão.O arcobotante é uma peça em forma de arco que transmite a
pressão de uma abóbada da parte superior de uma parede para os contrafortes externos. Isso
possibilitou que as paredes laterais não tivessem mais a função de sustentar as abóbadas. Os
edifícios góticos puderam abusar do emprego das grandes aberturas, preenchidas com belíssimos
vitrais.
A arquitetura no século XIII.
No século XIII o estilo gótico já estava
plenamente amadurecido e ricamente
ornamentado por vitrais e esculturas. Para
conhecer melhor o gótico dessa época, é
importante retornar a catedral de Chartres, que
em 1194 foi quase toda destruída por um
incêndio que atingiu grande parte da cidade. Da
mesma igreja restou apenas a fachada oeste onde
fica o Portal Régio, e uma nova catedral foi
construída.
Os vitrais são o aspecto arquitetônico da catedral
de Chartres que mais atrai a atenção do visitante:
os azuis intensos e os vermelhos brilhantes
projetam uma luz violeta sobre as pedras da
construção, quebrando sua aparência de dureza.
Dois desses vitrais sobressaem: o que mostra
Maria com o Menino Jesus no colo, na fachada
oeste; e o vitral Árvore de Jessé cujo tema foi
adaptado ao formato da janela. É um conjunto de
três janelas ogivais da fachada oeste e data de
meados do século XII. O tema, extraído do
Antigo Testamento, comenta a genealogia de
Jesus. Na extremidade inferior aparece Jessé em
sua cama. De seu peito sai uma árvore que sobe até o ponto mais alto, onde está Cristo. Nos
pontos intermediários estão os ancestrais de Cristo e nos painéis curvos, de ambos os lados da
árvore, os profetas que anunciaram a vinda do Salvador.
Os vitrais são feitos de vidros coloridos, que ao deixar passar a luz do sol, criam um
ambiente interno sereno e cheio de cores. Sua produção envolvia várias etapas. Primeiro derretia-
se o vidro na fornalha e acrescentavam-se a ele diversos produtos químicos que os tornavam
colorido e translucido. Depois faziam-se as placas de vidro, em geral pelo método que produzia o
chamado vidro antique. Nesse método, o artesão acumulava uma pequena quantidade de vidro
fundido na extremidade de um tubo e imediatamente começava a soprar por ele, até formar uma
bolha de vidro de forma cilíndrica. A seguir, cortava suas duas extremidades, como se tirasse uma
tampa de cada lado, obtendo assim um cilindro oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente em
sentido longitudinal e o achatava até obter uma placa. Cada placa depois de resfriada era recortada
com uma ponta de diamante, segundo o desenho previamente determinado para o vitral.
Na etapa seguinte o artesão pintava com tinta opaca preta os detalhes da figura, como os
traços fisionômicos. Por fim todas essas pequenas placas pintadas eram encaixadas umas nas
outras por uma moldura metálica, chamada perfil de chumbo. Juntas formavam grandes
composições – os vitrais – que eram colocadas nas aberturas das paredes das catedrais.
A Saint-Chapelle.
O gótico francês da
segunda metade do século XIII
recebeu o nome de rayonnant
(radiante) numa referência ao
rendilhado das grandes
rosáceas e às delgadas e
delicadas colunas combinadas
com amplas áreas de vitrais.
O mais belo exemplo
do estilo radiante é a Saint-
Chapelle, construída entre
1243 e 1246, no palácio real da
corte de Luis IX, em Paris.
O trabalho dos vitrais
e a harmonia das colunas
revestidas de dourado dão à
arquitetura da Saint-Chapelle grande semelhança com os trabalhos filigranados em metal e
esmalte dos relicários medievais.
As últimas manifestações da arquitetura gótica.
No século XV o estilo gótico deixou de ser
exclusivo dos edifícios religiosos e chegou às
residencias particulares, como o palácio conhecido
como Ca'd'Oro, construído por Matteo Reverti, entre
1422 e 1440 em Veneza.
O nome Ca'd'Oro significa Casa de Ouro. É
uma referência ao rico revestimento dourado que
ornamentava a fachada de pedra branca no tempo de
sua construção. Erguida sobre o Grande Canal, cujas
águas refletem as linhas da fachada, essa residência é
considerada o mais belo edifício gótico de Veneza. Ca' d'Oro: fachada sobre o Grande Canal.
A escultura.
De modo geral a escultura gótica estava associada à arquitetura. Nos tímpanos dos
portais ou no interior das grandes igrejas, os trabalhos escultóricos enriqueciam as construções e
documentavam na pedra os aspectos da vida humana mais valorizados na época.
É interessante destacar dois exemplos de escultura que ornamentam duas igrejas alemãs:
O cavaleiro, datada de cerca de 1235 que está na catedral de Bamberg e a Nobre Uta esculpida
depois de 1249 que está na catedral de Naumburg.
Plasticamente Cavaleiro revela vigor e equilíbrio na composição do volume do corpo do
cavalo e do cavaleiro medieval. Do ponto de vista do tema, revela a cultura da cavalaria medieval,
organização que estabeleceu uma nova estrutura social nas cortes européias e assumiu a liderança
da vida intelectual, até então dominada pelos monges e confinada nos mosteiros.
Já Nobre Uta impressiona pela naturalidade: com a mão direita apenas sugerida sob a
veste, a figura feminina parece aconchegar ao rosto a gola da capa. Plenamente identificada com
as tendências naturalistas da época, esta obra surpreende por retratar com perfeição o flagrante de
uma pessoa real.
No século XIII já encontra-se algumas obras de escultura com sua autoria identificada. É
o caso dos trabalhos escultóricos de Giovani Pisano. Entre suas muitas obras, despertam interesse
os baixos-relevos do púlpito da igreja de Santo André em Pistóia e uma escultura da Virgem
Maria com o Menino Jesus em Pádua, um belo exemplo escultórico independentemente de
qualquer projeto arquitetônico.
Entre os baixos-relevos do púlpito a cena da crucificação, esculpida entre outras cenas
religiosas, consegue comunicar ao observador com intensidade dramática, os sentimentos de dor e
sofrimento.
A concepção da figura isolada – sem o suporte de uma coluna, tímpano ou parede – e a
postura da imagem são indícios de que Pisano estudou com atenção a escultura greco-romana do
período clássico. Diferentemente de uma estátua românica típica – em que Maria seria
representada rigidamente sentada com o Menino Jesus nos joelhos – a figura está de pé e segura o
menino com o braço esquerdo. Nesse detalhe reside um aspecto de sugestiva naturalidade. Maria
parece segurar o filho com esse braço de modo a ter a mão direita livre.
Os manuscritos ilustrados.
Durante o século XII e até o século XV a arte
desenvolveu-se também nos objetos preciosos – feitos de
marfim, ouro e prata e decorados com esmalte – e nos
ricos manuscritos ilustrados.Um exemplo de manuscrito
medieval ilustrado é o Saltério de Ingeborg, que data de
cerca de 1195. Seu nome está relacionado a seu conteúdo
– uma coletânea de salmos – e ao nome da princesa
Ingeborg, da Dinamarca, para quem foi feito.As cenas
que ilustram esse saltério procuram representar ações
como O massacre dos inocentes e Fuga para o Egito.
Nelas, o trabalho do artista ilustrador revela sua
qualidade em vários aspectos: no drapeado das
vestimentas, no desenho da anatomia do corpo humano e
na combinação do dourado com cores fortes como o
vermelho e o azul-escuro.
A observação dos manuscritos ilustrados
permite-nos chegar a duas conclusões: a primeira é a
compreensão do caráter individualista que a arte da
ilustração ganhava pois destinava-se aos poucos
possuidores das obras copiadas; a segunda é que os
artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço
tridimensional e na composição de uma cena, que seu trabalho acabou influenciando as criações
de alguns pintores.
Os manuscritos eram feitos em várias etapas e dependiam do trabalho de várias pessoas.
Primeiro era necessário curtir de modo especial a pele dos cordeiros ou vitelas. Essa pele curtida
chamava-se velino. Nas oficinas dos mosteiros ou nos ateliês de artistas leigos, os trabalhadores
cortavam as folhas de velino no tamanho em que seria o livro. O velino tinha a função hoje dada
ao papel. Em seguida os copistas transcreviam textos sobre as páginas já cortadas. Ao realizar
essa tarefa deixavam espaços que seriam preenchidos pelos artistas com as ilustrações, os
cabeçalhos, os títulos e as capitulares – as letras maiúsculas ricamente trabalhadas com que se
iniciava o texto. Todo esse trabalho decorativo ficou conhecido com o nome de iluminura.
A pintura.
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV, quando
começou a ganhar novos aspectos que prenunciavam o Renascimento. Sua principal característica
foi a procura do realismo na representação das figuras.
No século XIII o pintor mais importante foi Cenni di Pepo (1240-1302), nascido em Florença e
conhecido como Cimabue. Seu trabalho ainda foi influenciado pelos ícones bizantinos mas já
apresentava uma nítida preocupação com o realismo ao representar a figura humana. Cimabue
procurou, por meio da postura dos corpos e do drapeado das roupas, dar algum movimento às
figuras de anjos e santos, entretanto não chegou a realizar plenamente a ilusão da profundidade do
espaço.
Suas obras mais importantes foram feitas para a igreja de São Francisco de Assis, mas
em outros museus e igrejas da Itália também existem pinturas de sua autoria. Um belo exemplo da
pintura desse artista florentino, considerado um dos iniciadores da pintura italiana, é a obra
conhecida como A Virgem e o menino rodeado por seis anjos.
Encomendado para a igreja de São Francisco, em Pisa, esse trabalho, uma têmpera sobre
madeira, lá permaneceu até 1882, quando foi levado para a França como parte do saque de
Napoleão. Hoje se encontra no Museu do Louvre.
Outro pintor importante desse período é Giotto di Bondone, conhecido como Giotto. Conta-se que
nasceu em 1266 numa pequena aldeia perto de Florença e que faleceu na mesma cidade em 1337,
tendo vivido a infância entre os campos e as ovelhas do pai.
A maior parte das obras de Giotto foram afrescos que decoraram igrejas. Entre eles estão
A prédica diante de Honório III, para a igreja de São Francisco, em Assis, e O Juizo Final, para a
capela dos Scrovegni, em Pádua.
A principal característica da pintura de Giotto foi a identificação da figura dos santos
com a de pessoas de aparência comum. Esses santos com ar de homem comum eram os elementos
mais importantes nas cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque. São exemplos
dessas características as obras Lamento ante Cristo morto e Retiro de São Joaquim entre os
pastores. Nessa pintura é evidente o destaque dado à figura humana: São Joaquim e os pastores
estão representados em tamanho maior que o das árvores e quase se igualam, em tamanho, às
montanhas que compõem a paisagem.Além dos grandes murais de Giotto, que recobriam as
paredes das igrejas, a pintura gótica expressou-se nos quadros de menores proporções e nos
retábulos.
Um retábulo consiste em dois, três, quatro ou mais painéis que podem ser fechados uns sobre os
outros e abertos durante as celebrações religiosas. Conforme o número de painéis, ele recebe um
nome especial: se possui dois painéis, díptico; três, tríptico; quatro ou mais, políptico.
Um políptico famoso é o Retábulo do Cordeiro mistico, executado entre 1426 e 1432
pelos irmãos Van Eyck, pintores flamengos, para a igreja de São Bavão, em Gand, na Bélgica.
Nesse retábulo é possível observar a influência da arte da ilustração dos manuscritos: é
evidente o espírito detalhista, por exemplo, nas roupas das figuras, nos adornos das cabeças e nos
elementos da natureza. Ao mesmo tempo, nota-se a superposição do conceito de miniatura: os
artistas abrem o universo da pintura para o mundo exterior e revelam os efeitos que as diferentes
distâncias e a própria atmosfera causam na percepção visual dos seres representados.
As conquistas realizadas por Jan Van Eyck (1390-1441) e seu irmão Hubert Van Eyck
(1366-1426) permitem afirmar que suas obras inauguraram a fase renascentista da pintura
flamenga.
Além do Retábulo do Cordeiro místico, que começou a pintar junto com o irmão, Jan
Van Eyck produziu outras obras célebres pelo realismo e a riqueza de detalhes. Entre elas estão O
Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.
Realizada segundo os princípios de um evidente realismo, O Casal Arnolfini retrata com
extrema riqueza de detalhes, os aposentos e as vestes de um rico comerciante do século XV. A
representação das personagens e do ambiente é tão minuciosa que o espelho convexo representado
na parede do fundo reflete todo o quarto, dando-nos uma visão completa do ambiente. Assim, o
casal aparece refletido de costas no espelho, e pode-se ver nele também a porta de entrada dos
aposentos e até mesmo duas pessoas que nela se encontram, olhando para o interior do quarto.
Em Nossa Senhora do Chanceler Rolin, o artista realiza um trabalho de perspectiva e
deixa documentada uma paisagem urbana.
As pinturas de Van Eyck registram que no século XV o
centro da vida social era sem duvida a cidade, com seus edifícios,
pontes e torres.
As características da pintura de Giotto e Jan Van Eyck são
um importante testemunho de quanto as sociedades européias se
transformaram e já apontavam para as mudanças que viriam.
O casamento dos Arnolfini de Jan Van Eyck
O divino e o humano segundo Giotto. A Crucificação- Giotto
Para entender a concepção de Giotto em
relação aos santos, precisamos levar em conta o
cenário cultural do século XIII. Com o
crescimento do comércio, deu-se o
desenvolvimento das cidades. A sociedade
tornou-se mais dinâmica, ou seja, com relações
mais complexas e menos rígidas que as
anteriores – entre camponeses pobres e um
senhor feudal poderoso. Começava a surgir uma
nova classe – a burguesia – que acabou
assumindo o poder econômico e político das
cidades. Essa nova classe era composta por
pessoas do povo que fizeram fortuna com
atividades ligadas ao comércio.
Nesse contexto, o ser humano sentia-se forte, capaz
de grandes conquistas, e já não se identificava mais com as
figuras dos santos das artes bizantinas e românica, tão
espiritualizadas e de postura estática e rígida.
A pintura de Giotto veio ao encontro de uma visão
que adquiria mais força e que chegaria ao auge mais tarde, no
Renascimento: a visão humanista do mundo.
A Lamentação- Giotto
Capítulo 9
Arte no Renascimento
Chama-se Renascimento o movimento cultural desenvolvido na Europa entre 1300 e 1650 –
portanto, no final da Idade Média e na Idade Moderna. O termo sugere que, a partir do século XIV, a
Europa teria assistido a um súbito reviver dos ideais da cultura greco-romana. Porém, durante o período
medieval, o interesse pelos autores clássicos não desapareceu. O poeta Dante Alighieri (1265-1321), por
exemplo, manifestou inegável entusiasmo pelos autores clássicos como Cícero, Sêneca e os filósofos
gregos foram muito estudados.
Na verdade, o Renascimento significou muito mais do que o simples reviver da cultura clássica:
nesse período, ocorreram, no campo das artes plásticas, da literatura e das ciências, inúmeras realizações
que superaram essa herança. O ideal do humanismo foi o móvel de tais realizações e tornou-se o próprio
espírito do Renascimento.
Num sentido amplo, o ideal do humanismo pode ser entendido como a valorização do ser
humano e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a
cultura da Idade Média. Tanto na arquitetura como na pintura e na escultura, o artista do Renascimento
buscou expressar a racionalidade e a dignidade do ser humano.
Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais
da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um
ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século
XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro
de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma
época de "descoberta do mundo e do homem".
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como
principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e
depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento
da imprensa por Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento
apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também
ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e em
suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo
"Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão europeia dos
ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo. Além disso, estudos
realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a
respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como
uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações.
Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas muito gerais, pela inspiração nos antigos
gregos e romanos, e pela concepção de arte como uma imitação da natureza, tendo o homem nesse
panorama um lugar privilegiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza devia, a fim de ser bem
representada, passar por uma tradução que a organizava sob uma óptica racional e matemática, num
período marcado por uma matematização de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior conquista
da busca por esse "naturalismo organizado" foi a recuperação da perspectiva, representando a paisagem,
as arquiteturas e o ser humano através de relações essencialmente geométricas e criando uma eficiente
impressão de espaço tridimensional; na música foi a consolidação do sistema tonal, possibilitando uma
ilustração mais convincente das emoções e do movimento; na arquitetura foi a redução das construções
para uma dimensão mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais das catedrais góticas; na
literatura, a introdução de um personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até
onde possível a noção de sujeito.
Dentre os grandes artistas do Renascimento podemos citar:
Fra Angélico, (1387 — Roma,18 de Fevereiro de 1455) foi
um pintor italiano, considerado o artista mais importante da
península na época do Gótico Tardio ao início do
Renascimento.Frade dominicano que iniciou a carreira
ornamentando manuscritos. Seguiu tendências realistas, mas por
respeitar seriamente seus votos, suas obras possuem como tema
principal a religião . Uma de suas obras mais belas é a Anunciação,
que está no mosteiro de São Marcos em Florença.
Anunciação – Fra Angélico
Sandro Filipepi, Botticelli: Botticelli nasceu e
viveu em Florença, Itália. Trabalhou na decoração
da capela Sistina, em 1481. Retratava dois temas em
suas obras: A Antiguidade grega e o cristianismo.
Uma das características comuns em suas obras é a
leveza dos corpos, esguios e desprovidos de força:
eles parecem flutuar, expressando suavidade e graça.
Nascimento de Vênus- Botticelli.1485-86
Leonardo da Vinci( 1452-1519): Foi o talento mais versátil do
renascimento. Desenhista, pintor, escultor, engenheiro e arquiteto,
realizou vários trabalhos e pesquisas aprofundando-se nos mais
diversos setores do conhecimento humano, entre eles anatomia,
botâmica, mecânica, hidráulica, óptica, arquitetura e astronomia.
Nas artes, seus estudos de perspectiva são considerados
insuperáveis. O sfumato, técnica de uso de tons claros e escuros de
forma magistral.
Mona Lisa- Gioconda- Da Vinci 1503-1505 Santa Ceia- Da Vinci- (1452-1519)
Michelangelo Buonarroti (1475-1564): Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos maiores
representantes do Renascimento. Como arquiteto, trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro, em Roma,
e na praça do Capitólio. Como pintor, sua maior obra é apintura do teto da Capela Sistina. Embora tenha
concordado em realizar esta obra, ele se considerava em primeiro lugar escultor . As poses das figuras na
capela Sistina baseiam-se em famosas esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estudava
minuciosamente.
Davi- Michelangelo1501–1504. . Pietá- Michelangelo-1499. Basílica de São Pedro, Vaticano
Galleria dell'Accademia, Florença.
Capela Sistina- Michelangelo - A Criação de Adão. 1511.
Rafael Sanzio (1483-1520): Nasceu em Urbino, centro da Itália, e foi para Florença em 1504. Com
apenas 21 anos de idade, foi considerado um grande artista. Para elaborar poses e expressões , Rafael
planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas de desenhos preliminares a partir de modelos vivos.
Depois, transferia-os para os afrescos, conseguindo, assim, formas equilibradas numa única obra. Em
1534, o papa Leão X nomeou-o arquiteto papal.
Capítulo 10
ARTE BARROCA
O surgimento da arte barroca no século XVII, na Itália, deve-se a uma série de mudanças
econômicas, religiosas e sociais ocorridas na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e,
principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império cristão
começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão libertava o homem do autoritarismo.
A Igreja católica, para reconquistar prestígio e poder, organizou a Contra-Reforma, isto é, tomou
iniciativas importantes para difundir sua doutrina. Uma dessas iniciativas envolveu a edificação de
grandes igrejas. É na decoração dessas igrejas que nasce a arte barroca. Arquitetos, escultores e pintores
foram convocados para transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o
propósito de converter ao catolicismo todas as pessoas.
Diferentemente do Renascimento, em que as figuras são apresentadas de forma estática como se
estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é,
parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à cena, destacando os
elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma composição diagonal. A simetria e o
equilíbrio entre arte e ciência, metas que o artista renascentista buscava de forma consciente, são
rompidos na arte barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com a
predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de um contraste de claro-
escuro, a arte barroca consegue expressar de forma peculiar os sentimentos humanos.
Entre as principais características do barroco, portanto, é possível ressaltar:
=> predomínio da emoção através de uma arte que buscava interagir com todos os sentidos de seus
observadores;
=> grandes contrastes de luz e sombras;
=> pintura com efeitos ilusionistas
=> dramaticidade e comoção.
Características da pintura barroca:
=> composição assimétrica diagonal e a busca por um estilo grandioso, monumental, retorcido;
=> acentuado contraste de claro-escuro para intensificar a sensação de profundidade.
Um dos pintores italianos que mais se destacaram na arte barroca foi:
Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610):
Caravaggio, conhecido pelo nome de sua terra natal, pintou,
entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja
de S. Luigi dei Francesi. Suas obras possuem um realismo
nunca visto anteriormente. Os temas sagrados são retratados
como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas
humildes; as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores
comuns, com fisionomias curtidas pelo tempo.
Observe na imagem ―Sepultura de Cristo‖ de
Caravaggio, a movimentação das figuras, a luminosidade
dirigida para o corpo de Jesus e a forte expressão no rosto dos
componentes da cena.
Sepultura de Cristo - Caravaggio
Peter Paul Rubens (1577-1640): Rubens nasceu
em Siegen, na Alemanha, lugar em que seu pai, um
advogado holandês, se refugiou para escapar da
perseguição religiosa. Aos 10 anos de idade, após a
morte de seu pai, Rubens vai para a Antuérpia
acompanhado de sua mãe. Foi na Antuérpia que ele
teve como um de seus mestres o pintor Otto van
Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em 1600,
dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai
para Roma, onde conhece as obras renascentistas
que serviriam de base para seu grande estilo.Rubens
costumava dar às vestimentas um colorido
exuberante que contrastava com a pele clara das
figuras retratadas. Trouxeram da Itália a predileção
por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor
as figuras, a luz e a cor numa vasta escala,
sugerindo um intenso movimento.
Ereção de Cruz – Rubens
Rembrandt van Rijn (1606-1669): Foi o maior artista
da escola holandesa. Nasceu em Leiden e se mudou para
Amsterdã aos 17 anos. Sua obra se caracteriza pela
predominância de expressões dramáticas e pela utilização
de vívidos efeitos de luz. Rembrandt conseguiu
reproduzir em suas telas uma gradação de claridade
nunca vista antes. Embora os retratos e cenas religiosas e
mitológicas constituam a maior parte da obra, ele
também contribuiu de forma original a outros gêneros,
incluindo natureza morta e o desenho.
A Sagrada Família - Rembrandt
(A luminosidade é dirigida para a figura de Maria e o menino.)
Diego Velázquez (1599-1660): O maior pintor da escola
espanhola, mestre na representação de luz e sombra.
Nasceu em Sevilha, e logo na adolescência produziu obras
que impressionam pela elaborada técnica utilizada. Em
1623 foi nomeado um dos pintores da corte do rei Filipe
IV, tornando-se o mais prestigiado pintor do reino
espanhol. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da
realeza, também registrou em seus quadros o cotidiano de
pessoas humildes de seu país.
As Meninas - Velázquez
ESCULTURA BARROCA
O equilíbrio entre razão e emoção, característica da
escultura renascentista, desapareceu com o predomínio
do Barroco, que escolheu a dramaticidade das
expressões e o dinamismo dos movimentos como
elementos básicos de seu espírito. Essas peculiaridades
da escultura barroca se concretizam através da
predominância de linhas curvas, excesso de dobras nas
vestes e a utilização do dourado. Como na pintura, o
impulso inicial para esse desenvolvimento artístico
partiu de artistas italianos, entre os quais Gian Lorenzo
Bernini (1598-1680) foi o mais importante. Arquiteto,
escultor, urbanista e pintor, Bernini tornou-se o
principal artista da corte papal e de Roma.
Características da Escultura barroca, portanto:
=> predomínio das linhas curvas, dos drapeados das
vestes e do uso de cor dourada;
=> rostos e gestos dos personagens mostram emoção e
dramaticidade.
Observe:
Escultura que mostra grande movimentação e vigor.
Compare com a escultura de Davi, de Michelangelo
ARQUITETURA BARROCA .
A arquitetura barroca também se
caracterizou pelas diferentes combinações de
elementos que criaram efeitos de forma e luz,
rompendo com a frontalidade dos estilos
arquitetônicos precedentes e com os valores
renascentistas de simplicidade e racionalidade.
A igreja de Gesú foi a primeira igreja de estilo
barroco construída em Roma e pertencente à
recém fundada Companhia de Jesus, ordem
religiosa que tinha como um dos objetivos
combater a Reforma na Europa
Na igreja barroca é comum a predominância de
cúpulas altas e imponentes. No seu interior, uma
fileira de pequenas capelas estendia-se de um lado
ao outro da nave, cada qual com um altar
ricamente decorado. Em cada um desses altares,
uma imagem de santo era colocada para incentivar
os fiéis à devoção a Deus e à adoração dos santos.
Essas são algumas das características
arquitetônicas que atendiam as necessidades da
igreja católica de proclamar e exibir o seu triunfo e
poder
Igreja de Gesú – Giocomo della Porta
ROCOCÓ
O estilo artístico Rococó teve sua origem na Fraça. No final do século XVII e início do século
XVIII a França tornou-se a nação mais poderosa da Europa em termos miitares e culturais. Paris se
transformou na capital das artes plásticas, posição que foi ocupada por Roma durante séculos. Nesse
momento que surge o Rococó, estilo artístico que foi ao mesmo tempo um desenvolvimento e uma reação
ao estilo Barroco e que se caracterizou pelo uso de formas curvas e pelo excesso de ornamentos, tais
como conchas, flores e laços. O termo deriva do francês rocaille, que significa “incrustações de
conchas, pedrinhas e fragmentos de vidro com que se enfeitam grutas”, e de uma combinação das
palavras barroco e rocaille.
O Rococó se opôs ao espírito grandioso do Barroco, pois os
franceses passaram a dar valor à elegância e à conveniência,
quando o rei Luís XI começou a perder sua popularidade.Em
1715, quando Luís XV, um jovem amante dos prazeres, foi
coroado rei, a corte francesa mudou-se de Versalhes para Paris.
Os ricos banqueiros e comerciantes parienses encontraram na
arte uma forma de ostentar poder e de serem aceitos pela
aristocracia. Dessa maneira, o Rococó estabeleceu-se como
estilo dominante e permaneceu na França até 1780, período
governado por Luís XVI, neto e sucessor de Luís XV. Por esse
motivo o Rococó também ficou conhecido como estilo Luís XV
.
Em contraste com o Barroco, as cores do Rococó são leves e vivas, o branco e os tons
claros de rosa, azul, verde substituíram as cores sombrias e o excesso de dourado. As decorações se
transferiam das igrejas e palácios para salas privadas. A intimidade, a alegria das expressões e cores e a
predominância de temas que retratavam as futilidades da nobreza francesa são as principais características
que identificam o Rococó.
Quanto à arquitetura, o estilo rococó manifestou-se principalmente nos interiores das
construções. Paredes e tetos de salões eram ornamentados com pinturas suaves e elementos decorativos,
como flores e laços . Em oposição à exuberância e riqueza dos interiores, as fachadas das construções no
Rococó eram simples, as texturas suaves e as numerosas janelas substituíram o relevo abrupto das
superfícies e as cores vivas utilizados anteriormente no Barroco.
Dan]ma e Cavalheiro com Duas Meninas - Lancret
Retratavam em suas telas as festas ao ar livre, muito comuns entre a nobreza do séculoXVIII.
Outra característica que predominou na pintura rococó foi a sensualidade. Frangonard tinha uma forte
inclinação para a natureza, e na maioria de auas obras as figuras humanas se fundem com o volume e a
exuberância da vegetação.
O Balanço - Fragonard
Notamos também a valorização dos objetos de decoração,
móveis, estatuetas e demais utensílios de uso doméstico eram
ricamente decorados. Merecem destaque especial os objetos de
porcelana que, a partir de 1710, passaram a ser fabricados na
Europa ao invés de serem importados do Oriente, como
acontecia até então.
A partir de 1756 a Manufatura Real de Porcelana de Sèvres
passou a produzir as mais finas porcelanas em grande escala.
Dessa maneira a cidade de Sèvres, no norte da França, ficou
famosa por produzir um dos materiais integrantes do Rococó.
Um bonheur-du-jour, secretária para a senhora de metades do século
XVIII, peça feita por Martin Carlin com leve decoração floral e usado
placas de porcelana de Sèvres. A curva suave das pernas sugere o fim do
estilo Rococó.
Jarro de porcelana de Sèvres, par de xícaras francesas e fruteira da Companhia das Índias do século XVIII.
Referencias
http://www.brasilescola.com/historiag/arte-egipcia.htm. Acesso em 17/01/2014.
http://historia-da-arte.info/mos/view/Arte_Romana/