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1. DEFINIÇÕES PARA ÁREA HOMEOPÁTICA
Dinamização: divisão de uma droga através dos procedimentos de
diluição e sucção (drogas solúveis no álcool), ou pela trituração usando
a lactose como veículo.
Potencialização: passagem de uma dinamização à outra mais elevada.
Sucção: está intimamente ligada ao processo das diluições, sendo
responsável pela energização e desestruturação das mesmas. Entre as
diferentes fases de dinamizações são impressas 100 sucções após cada
diluição.
Diluição: em homeopatia está obrigatoriamente vinculado ao
procedimento das sucções, motivo pelo qual, na prática aparece como
sinônimo de dinamização ou potência.
Trituração: procedimento farmacotécino homeopático para
desconcentração de substâncias insolúveis no álcool, triturando-as em
veículo lactose.
Medicamento Homeopático: potencialmente toda substancia
experimentada em indivíduos sadios, dispondo de descrição das suas
propriedades farmacodinâmicas.
CH (Diluição Centesimal Hahnemaniana): Indica que a droga foi
diluída em solução hidroalcoólica na proporção de 1:100 (1 parte da
droga para 100 partes do veículo), seguida de 100 sucções. Nos
medicamentos primeiro vem uma numeração indicando a qual diluição
pertence, este número indica quantas vezes esse procedimento foi
repetido.
Força Vital: forma de energia, portanto do corpo, alma e espírito,
integrada na totalidade do organismo e regendo todos os seus
fenômenos normais e anormais, e cujo desequilíbrio se traduz por
sensações desagradáveis e manifestações irregulares que constituem a
doença.
2. O SURGIMENTO DA HOMEOPATIA
É considerado o ano de 1796, como o ano de criação da
Homeopatia, pois foi nesse ano que o seu fundador, Cristiano Frederico
Samuel Hahnemann (1755-1833), publicou no Jornal de Medicina
Prática, da cidade de Kongslutter, Alemanha, sua primeira obra sobre
Homeopatia, denominada: “Ensaio sobre um novo princípio para
descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais com um
breve comentário sobre os métodos usados até então”.
Hahnemann, por volta de 1780, decidiu abandonar sua profissão
de origem, a Medicina, era autor de vários livros da área, mas isso não o
impediu, principalmente pelo fato de ser contrario aos métodos
medicinais utilizados até então. Sendo assim passou a traduzir livros.
Foi quando, em 1790, traduzindo um livro de Willian Cullen,
médico escocês, observou uma explicação da ação da quinina em
pacientes febris, onde o mesmo relatava que a quinina criava no
estômago uma substância contrária a febre. Hahnemann resolveu
experimentar nele próprio (homem sadio) os efeitos da quinina, foi
quando constatou que ela o causou febre.
Hahnemann foi um fervoroso combatente da teoria e das práticas
médicas desta época, que por sinal eram muito rudimentares,
agressivas e, muitas vezes, danosas à saúde. Por não ter explicações
científicas a respeito da etiologia das doenças mais incidentes e
prevalentes naquele momento, na sua maioria doenças
infectocontagiosas, acreditava-se que estas se deviam às emanações
espalhadas no ar, denominadas miasmas, que teoricamente
contaminavam os fluídos orgânicos, e para restabelecer a saúde, estes
deveriam ser expelidos.
Eram comuns as cauterizações, as sangrias, as purgações e as
prescrições de muitos medicamentos que provocavam vômitos,
evacuações, diurese, sudorese e feridas na pele.
Em 1796, Hahnemann publicou a obra “Ensaios sobre um novo
princípio”, para descobrir as virtudes curativas das substâncias
medicamentosas, na qual apresenta os princípios desta nova
terapêutica, marcando a fundação da Homeopatia.
Em 1810, publicou sua principal obra, o "Organon", na qual
desenvolveu os fundamentos da Homeopatia.
Em 1819, lançou a segunda edição mudando o nome para,
“Organon da arte de curar”, este nome foi utilizado, pois na sua visão o
homeopata seria um artista da cura, restando o termo “médico”, para
aqueles que seguiam a terapêutica da época com procedimentos
agressivos.
O Organon possui um significado muito grande na história da
Medicina, pois numa época de tratamentos ortodoxos e uso abusivo de
medicamentos, Hahnemann apresentava um trabalho de gênio,
afirmando que o médico deveria conhecer a ação do medicamento no
organismo para poder prescrevê-lo, além de abordar temas sempre
atuais como, higiene, alimentação, estilo de vida, dentre outros.
No Brasil a história da Homeopatia é bem mais recente, somente
em 1980, ela foi reconhecida pelo Conselho Regional de Medicina, e em
1990, passou a ser considerada especialidade médica.
Desenvolvia-se, assim, um novo sistema terapêutico que se espalhou
pelas diversas universidades do mundo, com a criação de hospitais para
tratamento com esse método.
Portanto Homeopatia, não é "outra medicina”, mas um sistema
terapêutico que, como os outros, têm suas indicações e limitações, e
podemos considerá-la como terapia de regulação, isto é, aproveitando a
tendência natural do organismo à semelhança das vacinas.
Podemos, assim, estabelecer o conceito de Homeopatia:
“A ESPECIALIDADE METODOLÓGICA NO SETOR DA
FARMACOTERAPIA BASEADA NA LEI DOS SEMELHANTES, TENDO
COMO MÉTODO FUNDAMENTAL A EXPERIMENTAÇÃO NO
ORGANISMO SADIO E UTILIZANDO-SE DE MEDICAMENTOS
PREPARADOS SEGUNDO FARMACOTÉCNICA PRÓPRIA".
Utilizando o grego, podemos também dizer que Homeopatia
(Homos = Semelhante; Phatos = Doença) é a ciência que se obtém a
cura através de substâncias que causam efeitos semelhantes, aos
sintomas de tal doença.
3. CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA SOBRE O PROCESSO SAÚDE-
DOENÇA
Quando os fatores desequilibradores interagem com o indivíduo e
conseguem desequilibrar sua energia vital, o organismo como um todo
sofre as consequências. Este adoecimento é demonstrado por uma
série de sintomas desagradáveis, de natureza psíquica e/ou orgânica.
Como forma de melhor combater este desequilíbrio e tentando
preservar as funções e os órgãos mais importantes, o organismo
localiza e somatiza o adoecimento em uma ou algumas partes, levando
ao aparecimento das doenças e dos sintomas, mas o adoecimento é
algo anterior a eles.
Do ponto de vista da Alopatia, a doença em si é o que deve ser
levado em consideração e é para ela que se volta toda a atenção do
médico em termos de diagnóstico e tratamento, sem se fazer referência
à totalidade do indivíduo.
Para a Homeopatia, a doença e o sintoma são formas de
expressão de um desequilíbrio da energia vital que atinge todo o
organismo e a análise deste deve ser feita tendo em vista o
entendimento da totalidade.
A parte que adoece denomina-se órgão de choque. Mas não basta
identificar o órgão que adoece. É necessário entender todo o processo
que resultou no seu adoecimento.
O órgão doente representa apenas a doença do todo. Caso haja
um combate apenas localmente, a cura não ocorre, podendo haver um
mascaramento do desequilíbrio do todo.
Mas se o órgão doente é tão somente a representação do
desequilíbrio do todo, o que explica que determinado órgão e não outro
seja acometido? Esta é uma pergunta que deve ser respondida através
de uma análise da história do paciente.
A energia vital é a responsável pela manutenção do equilíbrio
psíquico e orgânico do indivíduo, na sua totalidade. E para isto é
necessário que ela esteja no nível mais alto possível. Várias condições
são imprescindíveis para que a energia vital esteja num bom nível, como
estilo de vida saudável, ausência de estresse, relacionamento social
harmônico. Isto ocorrendo, o indivíduo fica mais resistente ao
adoecimento, mas não está livre dele.
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA
A Homeopatia se baseia em quatro princípios fundamentais: a lei
dos semelhantes; o experimento no homem sadio, o medicamento
diluído e dinamizado e o medicamento único.
A lei dos semelhantes
Toda substância é capaz de curar nas pessoas doentes, em doses
adequadas, os mesmos sintomas que ela provoca em pessoas sadias
que a experimentam.
O experimento no homem sadio
Para que possamos saber as propriedades curativas das
substâncias, elas devem primeiramente comprovar a sua capacidade de
provocar sintomas em pessoas sadias, conforme a lei dos semelhantes.
Na época em que surgiu a Homeopatia, não era prática comum se
fazer experimentos e quando estes eram feitos, isto ocorria em animais.
Contudo, nem tudo que é observado nos animais pode ser extrapolado
para os homens, devido às peculiaridades destes. Além do mais,
somente o homem tem condições de verbalizar suas sensações
subjetivas, seus sintomas mentais e estes são justamente os mais
importantes para se encontrar o medicamento homeopático para o
indivíduo doente.
A exigência de que o sujeito experimente a substância estando
sadio é para que os sintomas que porventura venham a aparecer não se
confundam com os sintomas de eventuais doenças.
O medicamento diluído e dinamizado
Inicialmente, Hahnemann experimentava as substâncias em
grandes quantidades, porém desta forma, elas provocavam sintomas
muito intensos. Posteriormente, ele teve a ideia de fazer sucessivas
diluições e observou que, embora diluídas, as substâncias continuavam
com sua capacidade de provocar sintomas, porém mais tênues e sutis.
Posteriormente, constatou que se a diluição fosse agitada
(dinamizada) a capacidade de provocar sintomas aumentaria bem como
os sintomas que apareciam eram qualitativamente melhores.
A partir de então, ele sistematizou a diluição na escala centesimal
e em cada fase da diluição passou a dar cem sucussões, para ocorrer a
dinamização, que resulta num nível energético superior.
O medicamento Único
A Homeopatia vê o indivíduo na sua totalidade, não só o físico,
mas o mental e o espiritual também, no qual os três necessitam estar
equilibrados, em função de sua energia vital.
Quando a energia vital do indivíduo é desequilibrada pelos fatores
agressores, o todo se desequilibra. Então, o organismo tende a focar o
desequilíbrio do todo para determinada parte, denominada órgão de
choque. Disto resulta que, para a Homeopatia, o órgão ou parte que
adoece representa tão somente o desequilíbrio da totalidade.
A cura só ocorre se o medicamento for dado para o indivíduo na
sua totalidade.
Este medicamento, que se denomina simillimum, constitucional ou
medicamento maior, deve ter as suas principais características
semelhantes às principais características manifestadas pelo indivíduo.
5. AS ESCOLAS HOMEOPÁTICAS
Entre os homeopatas existem divergências a respeito de diversos
pontos. Dentre eles, o mais importante é a questão da prescrição de um
único medicamento por vez. Em função desta questão, os homeopatas
se agrupam em três correntes: a unicista, a pluralista ou alternista e a
complexista.
Unicismo
Foi criado por James Kent, médico americano. Ele acreditava
que o medicamento deveria ser prescrito de acordo com as
características mentais, com a aparência física e com os sintomas
orgânicos das pessoas, tudo isto formando um tipo, ou perfil, a este
perfil corresponde o simillimum homeopático.
Os unicistas entendem que, independente dos sintomas e
doenças presentes, o importante é a totalidade do indivíduo. Os
sintomas e as doenças presentes são indicativos do desequilíbrio do
todo. Se o medicamento não atuar na totalidade do indivíduo a cura não
ocorre, podendo haver mera supressão dos sintomas, com conseqüente
aparecimento de metástases mórbidas.
Os unicistas valorizam mais os sintomas mentais, fazem
consultas demoradas, prescrevem medicamentos em altas diluições, em
dose única ou doses repetidas, porém, com baixa freqüência, tal como
uma vez por mês, por semana, de cinco em cinco dias, uma vez por dia,
etc.
Prescrevem apenas um medicamento homeopático.
Pluralismo
Os pluralistas veem o paciente na sua totalidade e acreditam
que as doenças e os sintomas são apenas indicativos do desequilíbrio
do todo.
Eles dão maior valor aos sintomas mentais, mas postulam
que os sintomas físicos devem ser abordados como tendo grande
importância e, muitas vezes esses homeopatas não buscam enquadrar
as características mentais, gerais e particulares em um medicamento
que cubra essas características como um todo, prescrevendo dois ou
mais medicamentos.
Acreditam que há medicamentos que têm, em relação a
outros medicamentos, o caráter de serem complementares. Portanto,
dando-os conjuntamente, há uma melhor cobertura da totalidade
sintomática do doente.
Daí porque os pluralistas prescrevem mais de um
medicamento. Eles prescrevem um medicamento que cubra grande
parte dos sintomas mentais e gerais e um ou mais que cubram os
sintomas relacionados às partes doentes. O pluralista pode prescrever
dois medicamentos para o todo quando mesmo tendo repertorizado os
sintomas trazidos à consulta e os ter conferido na Matéria Médica a
dúvida persiste a respeito do simillimum. A diferença é que, neste caso,
o unicista opta por um só medicamento.
O medicamento indicado para o todo é dado em diluição
média ou alta, em baixa frequência, enquanto o medicamento dado para
a parte afetada o é em diluição baixa, com frequência mais acentuada.
Complexismo
Os complexistas não trabalham com a totalidade do paciente
envolvendo as suas características mentais, algo que eles acreditam ser
muito subjetivo e passível de muito erro, mas com os sintomas e as
doenças físicas. As queixas orgânicas são detalhadas, especificadas
nas suas peculiaridades e são prescritos vários medicamentos, o
suficiente para cobrir a totalidade dos sintomas.
Estes medicamentos podem estar em formulações isoladas,
ou numa única formulação. Quando estão numa única formulação, o
medicamento é denominado complexo ou específico.
Os complexos podem ser feitos para um paciente
individualizado, a partir da prescrição feita pelo médico, ou para
“doenças”, a partir da escolha, pelo laboratório que manipula os
medicamentos e por serem os de uso mais frequente na doença em
questão como, por exemplo, complexo para “asma” ou para “prisão de
ventre”.
Os complexistas manuseiam o processo saúde-doença na
ótica do organicismo e essa visão aproxima-se muito da abordagem da
Biomedicina (Alopatia).
Enquanto unicistas e pluralistas procuram cobrir a totalidade
sintomática com um único medicamento ou com dois ou mais
medicamentos administrados de modo isolado, os complexistas cobrem
esta totalidade com vários medicamentos administrados juntos, em
baixas potencias e de forma repetida. Vale ressaltar que a totalidade
sintomática procurada por unicistas e pluralistas inclui os sintomas
mentais e gerais e a totalidade sintomática dos complexistas incluem
apenas os sintomas particulares, orgânicos.
Cada corrente acredita ser mais eficaz em relação às demais, nas
quais enxerga falhas e contradições.
A prática unicista tem as seguintes vantagens:
A abordagem da totalidade possibilita curas mais completas
e abrangentes.
Os unicistas precisam de muito estudo para o exercício
profissional, adquirindo, pois, grande conhecimento da Homeopatia.
As consultas demoradas têm caráter terapêutico e facilitam o
estabelecimento de uma boa relação médico-paciente.
O tratamento é mais barato e de mais fácil manuseio.
Permite saber se cada medicamento prescrito teve ou não
atuação.
Evita a automedicação e a autoprescrição ou a prescrição
por leigos.
Como desvantagens, temos:
O fato da consulta demorada diminuir o número de doentes
que são atendidos.
A perda de tempo quando o medicamento escolhido não
surtir efeito.
Dificuldade da autoprescrição e da automedicação pelos
pacientes, em casos simples.
É necessária a existência de um medicamento que
represente em todos os detalhes o quadro apresentado pelo paciente.
Conduta muito lenta para resultados.
A prática pluralista tem as seguintes vantagens:
A visão de totalidade possibilita curas mais completas e
abrangentes.
Os pluralistas precisam de muito estudo para o exercício
profissional, adquirindo, pois, grande conhecimento da Homeopatia.
As consultas demoradas têm caráter terapêutico e facilitam o
estabelecimento de uma boa relação médico-paciente.
Tratamento é mais barato e de mais fácil manuseio,
comparando-se com os tratamentos dos médicos complexistas.
Aproveita a ação benéfica de mais de um medicamento, ao
mesmo tempo, apressando a cura.
Os pluralistas, por prescreverem mais de um medicamento
quando estão em dúvida a respeito do simillimum, podem ganhar tempo
em relação aos unicistas que, neste caso, prescrevem um só
medicamento e se este não for o simillimum, perdem tempo.
Como desvantagens, temos:
O fato da consulta demorada diminuir o número de doentes
que são atendidos.
A dificuldade de lidar majoritariamente com sintomas de mais
difícil entendimento por serem subjetivos.
A dificuldade da autoprescrição e automedicação pelos
pacientes em casos simples, comparando-se com os complexistas.
Não poder identificar a ação de cada medicamento.
A impossibilidade de incluir e excluir sintomas nas matérias
médicas.
Com relação aos complexistas, diz-se que vulgarizam a
Homeopatia por não trabalharem a totalidade sintomática do indivíduo
incluindo suas características mentais. Por darem medicamentos para a
parte, a cura pode não ocorrer em função da ação do medicamento,
mas devido à energia vital do paciente. Pode, ainda, haver a supressão
da doença e dos sintomas, levando ao aparecimento de metástases
mórbidas, que são doenças e sintomas que aparecem em outros órgãos
pela sua supressão nos órgãos de choque onde originariamente se
encontravam. Facilitam a automedicação e a autoprescrição, o que pode
acarretar danos aos pacientes por mascarar doenças graves.
Apesar das críticas dos unicistas, os complexistas alegam que
conseguem ter êxito na sua forma de atuar e que são abertos a novas
formas de abordar o adoecimento das pessoas, sem se aferrar a
posturas dogmáticas. Possibilitam aos doentes fazerem a
automedicação e a autoprescrição, coisa que é justificável diante de
situações simples e quando o doente tem um razoável conhecimento
sobre suas formas de adoecimento. Além do mais, o uso de vários
medicamentos possibilita a ação conjunta destes e é maior a
probabilidade de haver pelo menos um medicamento com similaridade
com a doença do paciente, sem contar o fato de poderem atender a um
maior número de pacientes.
6. A EXPERIMENTAÇÃO DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO
É um dos princípios básicos da Homeopatia que todo
medicamento homeopático tem que passar por uma prévia
experimentação, ocasião em que ele pode mostrar a sua capacidade de
provocar sintomas em pessoas sadias. Isto ocorrendo, estes mesmos
sintomas podem ser curados por este medicamento, em pessoas
doentes.
A experimentação de uma substância para que se descubra a sua
capacidade curativa tem que ser rigorosa, seguindo um protocolo
detalhado para garantir a veracidade e a confiabilidade dos resultados
obtidos.
A Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), através de
sua comissão de pesquisa, elaborou um protocolo próprio o qual é
utilizado nas experimentações que ela coordena, em nível nacional,
envolvendo diversos núcleos de experimentadores, ligados aos cursos
de especialização de Homeopatia existentes no Brasil.
Em linhas gerais, este protocolo, tem as seguintes normas:
1- A substância a ser experimentada, deve ser bastante
conhecida nos seus aspectos físico-químicos.
2- Fazem-se dinamizações em algumas diluições e são
preparados diversos frascos de placebo com igual forma de
apresentação daqueles que contém a substância a ser experimentada.
3- Os experimentadores são pessoas voluntárias, dando
preferência para quem está envolvido na área de saúde.
4- Os candidatos a experimentadores são submetidos a um
rigoroso interrogatório e uma série de exames, a fim de confirmar seu
bom estado de saúde.
5- Eles não podem estar em tratamento de qualquer espécie
(Alopatia, Homeopatia, Acupuntura), nem fazendo psicoterapia. Durante
a experimentação, não podem introduzir o uso de novos produtos ou
mudar o estilo de vida, mantendo um estado de vida saudável.
6- Só são aprovados aqueles que não têm doenças.
7- Precisam ter entre 25 e 50 anos, disponibilidade para o
experimento, boa capacidade de perceber e relatar suas sensações e
percepções, não serem influenciáveis e terem estilo de vida moderado.
8-Assim que escolhidos, os experimentadores passam por um
período de auto-observação que dura entre 60 a 90 dias, quando,
diariamente, eles anotam tudo o que lhes ocorre nos planos psíquico e
físico.
9-Para cada um ou dois experimentadores, há um diretor clínico.
Este discute semanalmente, separadamente, com cada experimentador,
as anotações do diário de observação.
10- Para comandar todo o experimento há o diretor geral da
experimentação.
11- Durante a experimentação, cada experimentador toma cinco
gotas do conteúdo de um frasco, que pode conter a substância a ser
experimentada ou o placebo, três vezes ao dia. Quando os sintomas
começam a aparecer, a tomada do conteúdo do frasco é interrompida
até que os sintomas, que por ventura venham a aparecer, desapareçam
completamente. Isto ocorrendo, esperam-se mais trinta dias para se
iniciar a tomada do conteúdo do frasco seguinte.
12- Se não aparecerem sintomas quando da tomada do
conteúdo de um frasco, esta deve ser interrompida no 21º dia e se
espera mais 30 dias para se iniciar a tomada de um novo frasco.
13- Se durante a experimentação, o experimentador tiver alguma
doença, ele deve se abster de tomar medicamentos.
14- Ao final do experimento, se a substância tiver provocado um
significativo número de sintomas novos e/ou tiver alterado
características dos experimentadores, dizemos que ela provocou uma
patogenesia.
Patogenesia é o conjunto de sintomas que os experimentadores
apresentam durante a experimentação. Para que ela ocorra, duas
condições são necessárias: que a substância experimentada tenha
poder medicamentoso e que haja experimentadores sensíveis a
esta substância entre os experimentadores.
Os sintomas são analisados e agrupados, tendo em vista os seus
diversos tipos: mentais, gerais e particulares (orgânicos), ressaltando-se
aqueles mais importantes, que irão constituir o núcleo básico do
medicamento. Os sintomas mais importantes são aqueles mais
freqüentes, mais intensos, mais detalhados e mais exóticos e os que
estão vinculados aos órgãos e às funções mais importantes.
Como se vê, o experimento na Homeopatia é feito com muito rigor.
Porém, nem sempre foi assim. Na época de Hahnemann, ele e os
demais homeopatas experimentavam neles mesmos as substâncias, as
quais eram por eles conhecidas. Além disto, eles preparavam a
substância, anotavam os sintomas e os selecionavam. Esta
metodologia, de certa forma, comprometia as conclusões a respeito da
patogenesia dos medicamentos, daí porque muitos homeopatas
defendam a necessidade de se fazer re-experimentações destes
medicamentos.
Contudo, vale ressaltar que estas falhas metodológicas não eram
devidas a uma deliberada negligência de Hahnemann. Pelo contrário,
ele era bastante meticuloso, crítico e organizado em suas
experimentações. Isto ocorria em conseqüência do atraso na forma de
se construir conhecimento, naquela época.
De certa forma, esta falha pode e tem sido corrigida através das
observações dos homeopatas da ação destes medicamentos nos
indivíduos, por eles tratados.
7. FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
No Brasil, a preparação do medicamento homeopático segue o
que preceitua a Farmacopéia Homeopática Brasileira, aprovada pela
Portaria nº 1180, de 19 de agosto de 1997, do Ministério da Saúde.
O medicamento homeopático tem origem nos animais, nos
vegetais (a maioria), nos minerais, nos produtos químico-farmacêuticos
e em produtos biológicos (patológicos ou não), aí incluídos as bactérias
e os fungos.
No caso dos animais, vegetais, bactérias e fungos, nós podemos
usá-los inteiros, partes ou secreções fisiológicas (sarcódios) e secreções
patológicas (nosódios). Como exemplos, podemos citar: Pulsatila
nigricans (planta inteira), Strycnos nux-vomica (sementes), Allium cepa
(bulbo recente), Cannabis sativa (sumidade dos ramos com flores e
folhas novas), Cinchona officinalis (China) – (casca seca e ramos
novos), Opium (suco leitoso), Secale cornutum (secreções patológicas),
Apis mellifica (abelha inteira), Blatta orientalis (barata inteira), Bufo rana
(veneno da glândula do dorso da região auricular do sapo),
Trigonocephalus lachesis (veneno extraído da glândula do maxilar da
surucucu), Pyrogenium (extrato aquoso de carne de boi apodrecida),
Thyreoidinun (da glândula tireóide), Medorrhinum (pus blenorrágico),
Marmoreck (sangue de cavalo imunizado por extrato de bacilo jovem de
cultura de estreptococo de esputo tuberculoso), Influenzinum (secreção
naso-faringeana do doente de gripe), Streptococcinum (cultura de
estreptococo).
Como exemplos de medicamentos provenientes de minerais,
temos: Phosphorus, Arsenicum album, Aurum metalicum, Platina,
Natrum muriaticum. De substâncias sintéticas, temos: Formalinum,
Gardenal, Anilinum.
O processo de diluição ou desconcentração se faz pela colocação
de uma parte da substância com a qual se fará o medicamento em 99
partes do veículo ou do excipiente. O processo de dinamização
(energização) ocorre quando fazemos as sucussões ou as triturações.
A desconcentração e a diluição são feitas mediante escalas. São
elas: a decimal (D ou X), a centesimal (CH) e a cinqüenta-milesimal
(LM). A primeira foi inventada por Hering e as duas últimas, por
Hahnemann, sendo que a escala centesimal é a mais usada.
Para diluir as substâncias solúveis, usamos veículos e para
desconcentrar as substâncias insolúveis, usamos excipientes. O
principal veículo é o etanol a 70%, usado quando estamos preparando
as dinamizações intermediárias e a 30%, quando fazemos a
dispensação (venda ao consumidor). A água também é freqüentemente
usada. Os excipientes mais usados são: a lactose e a sacarose.
TRITURAÇÃO
A trituração, na escala centesimal, é feita da seguinte maneira: se
pega 99 partes de lactose e separa esta quantidade total em três partes.
Coloca-se a primeira parte num gral de porcelana e tritura-se
vigorosamente para tampar os poros do gral.
Sobre este terço de lactose coloca-se uma parte do insumo ativo e
faz-se sua homogeneização. Após isto, tritura-se vigorosamente por seis
minutos e raspa-se o triturado aderido ao gral e ao pistilo por 4 minutos.
Novamente faz-se a trituração e a raspagem durante 6 e 4 minutos,
respectivamente. Então, acrescenta-se o segundo terço de lactose e
faz-se a trituração e a raspagem por 6 e 4 minutos respectivamente, em
duas etapas. Por fim, coloca-se o terceiro terço e repete-se a operação
como das vezes anteriores.
Neste momento, temos o medicamento na 1-CH trit. Neste
processo de trituração, foram gastos 60 minutos. O processo é repetido
para se preparar a segunda e a terceira triturações. A partir daí, toda
substância insolúvel torna-se solúvel, passando a ser diluída.
DILUIÇÃO
A diluição, na escala centesimal e no método hahnemanniano, é
feita colocando-se uma parte do insumo ativo em 99 partes do veículo,
em um frasco preenchido até 2/3 de sua capacidade, o qual é submetido
a uma movimentação no sentido vertical, de forma homogênea, em
número de cem, que denominamos de sucussão. Da 1ª diluição, é
retirada uma parte que é juntada a 99 partes do veículo, dando-se cem
sucussões. Tem-se a 2ª diluição e assim sucessivamente, até a diluição
desejada.
SUCUSSÃO OU DINAMIZAÇÃO
Quando a substância está sendo sucussionada ou triturada,
dizemos que ela está sendo dinamizada, o que resulta na aquisição de
energia medicamentosa. A sucussão pode ser feita manualmente ou
mecanicamente.
A sucussão, manual ou mecânica, esta feita através de aparelhos
denominados braços mecânicos, é feita para baixas e médias diluições.
Para as altas diluições, a partir de 200, a dinamização é feita através de
um aparelho de fluxo continuo (FC). Neste, o medicamento e a água
são misturados e dinamizados num processo contínuo, sem a
participação do técnico na montagem das fases intermediárias.
A dinamização manual ou com braços mecânicos pode ser feita
usando-se um frasco diferente para preparar cada diluição, que é o
método hahnemanniano (H), ou um só frasco para preparar todas as
diluições, que é o método de Korsakov (K).
No método Korsakov, após sucussionar cem vezes a 31ª diluição,
todo o conteúdo do frasco é derramado e supõe-se que o líquido que
fica aderido às paredes corresponde a uma parte, à qual são
acrescentadas 99 partes do veículo, repetindo-se as cem sucussões.
Tem-se a 32ª diluição. O conteúdo é derramado, acrescentam-se 99
partes do veículo e assim, sucessivamente, até à diluição desejada.
Embora se pressuponha que a escala utilizada seja a centesimal, não
há como garantir que ela foi obedecida em todas as fases da
dinamização.
Segundo a Farmacopéia Homeopática Brasileira, o método de
Korsakov só pode ser utilizado da diluição 31- K até a 100 000 - K.
Embora mais rápido e econômico, ele é menos preciso do que o
método hahnemanniano.
Com relação ao método do Fluxo Contínuo, ele é muito rápido
para se preparar o medicamento, porém menos preciso do que o
método Hahnemanniano. Embora possamos usá-lo a partir da diluição
31 CH, a dispensação do medicamento preparado por este método só
pode ser feita a partir da diluição 200 FC, sendo que em qualquer
diluição preparado por ele, as duas últimas diluições são,
obrigatoriamente, preparadas pelo método Hahnemanniano.
Exemplo: para se preparar uma diluição 200 – FC, usamos o
método Hahnemanniano da 01 CH até a 30 – CH. A partir daí, até a
diluição 198ª, usamos o método do Fluxo Contínuo e voltamos a usar o
método Hahnemanniano até a diluição 200ª.
Portanto, os métodos de diluição e dinamização do medicamento
são três, o Hahnemanniano (H), o Korsakoviano (K) e o do Fluxo
contínuo (FC).
8. FORMAS FARMACÊUTICAS HOMEOPÁTICAS
Com a diluição na diluição desejada, são feitas as formas
derivadas, que são as que estão disponíveis para o público, nas
farmácias homeopáticas.
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno:
Formas farmacêuticas líquidas: gotas e a dose única.
Formas farmacêuticas sólidas são os glóbulos, os tabletes,
os comprimidos e os papelotes de pó.
As formas derivadas de uso externo são pouco usadas na
Homeopatia. São elas:
Formas farmacêuticas líquidas: linimentos, preparações
nasais, preparações oftálmicas e preparações otológicas.
Formas farmacêuticas sólidas: apósitos medicinais, pós
medicinais e supositórios.
Formas farmacêuticas semi-sólidas: cremes, géis, géis-
creme e pomadas.
O medicamento homeopático, por ser de natureza energética,
requer além dos cuidados normalmente exigidos para os medicamentos
alopáticos, cuidados especiais, tais como: utilização de matéria-prima da
mesma forma que foi utilizada na experimentação; utilização de material
para preparo e armazenamento que seja inerte, normalmente o vidro
âmbar e a porcelana; distância de substâncias aromáticas e objetos que
emitam radiações; abrigo da luz solar; lugar seco e fresco para guardar
o medicamento. Ao ser tomado, ele não deve ser tocado com as mãos,
mas colocado da tampa para a boca. Deve-se deixá-lo na boca e não o
engolir. Não se pode tomá-lo próximo às refeições e ao asseio bucal.
Por ser diluído e dinamizado, o medicamento homeopático não
permite o controle de qualidade que normalmente se faz no
medicamento alopático. O controle de qualidade é feito na matéria
prima, no material utilizado, no ambiente onde é feito o medicamento, no
processo de manipulação.
Se preparado e armazenado corretamente, o medicamento
homeopático tem validade por muito tempo, se for armazenado na forma
sólida. No caso das formas líquidas, este prazo é bem menor e varia em
função do teor alcoólico do medicamento.
A embalagem do medicamento deve conter o nome do
medicamento, a diluição, a escala, o método, o prazo de validade, o
laboratório que o produziu e o farmacêutico responsável.
Normalmente, não existe bula do medicamento homeopático.
O veículo mais utilizado na homeopatia são as soluções
hidroalcoólicas:
Solução Hidroalcoólica 20%: usada para passagem da fase
sólida para fase líquida, para substâncias com baixa solubilidade no
álcool.
Solução Hidroalcoólica 30%: usada para dispensação do
medicamento, garantindo a qualidade do medicamento e também
diminuindo a não aceitação pelo fato do gosto desagradável do álcool.
Também se usa na extensão das dinamizações, que é o processo
percorrido até que se alcance a dinamização desejada.
Solução Hidroalcoólica 70%: usada para estocar o
medicamento na farmácia.
Álcool Absoluto: usados para a preparação dos glóbulos,
estes são feitos de lactose, sendo assim solúveis na água.