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INSTUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO Prof. Daniel Aquino Prof. Dênnis Lobo Abril/2012 Manaus - Amazonas

Apostila de Instituições de Direito Público e Privado

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INSTUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

Prof. Daniel Aquino Prof. Dênnis Lobo

Abril/2012 Manaus - Amazonas

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TEORIA GERAL DO DIREITO Conceitos básicos

1. Acepções da palavra “direito”: 1.1. Conjunto de normas jurídicas ou ordenamento jurídico de um determinado local. Ex: O

Direito inglês é mais flexível que o Direito francês. 1.2. Ramo do conhecimento que estuda as normas jurídicas, ou seja, Ciência do Direito. 1.3. Prerrogativa que uma pessoa detém. Ex: A partir dos 16 anos, a pessoa tem direito (neste

caso, escreve-se com inicial minúscula) a votar.

2. Classificação do Direito. 2.1. Quanto à relação agente-norma: 2.1.1. Direito objetivo: É aquele previsto na lei. 2.1.2. Direito subjetivo: É aquele que a pessoa detém, ou seja, que faz parte da sua esfera de direitos pessoais. A lei prevê o direito objetivo de votar a partir dos 16 anos, mas um adolescente de 15 ainda não detém o direito subjetivo de voto, o qual ele só adquirirá ao fazer aniversário. 2.2. Quanto à esfera de atuação: 2.2.1. Direito Privado: Ramo do Direito caracterizado pelo interesse predominante dos particulares. Dentre suas subdivisões, podemos mencionar: 2.2.1.1. Direito Civil: Ramo do Direito que trata das relações gerais da vida em sociedade, como contratos, propriedade, casamento, etc. 2.2.1.2. Direito Comercial ou Empresarial: Trata das relações jurídicas empresariais. 2.2.1.3. Direito do Trabalho: Trata das relações trabalhistas. 2.2.1.4. 2.2.2. Direito Público: Ramo do Direito caracterizado pelo interesse predominante do Estado. Dentre suas subdivisões, podemos mencionar: 2.2.2.1. Direito Constitucional: Trata da Constituição da República, lei máxima do país. 2.2.2.2. Direito Administrativo: Trata das relações internas e externas da Administração Pública. 2.2.2.3. Direito Tributário: Trata dos impostos, taxas e tributos diversos. 3. Sistemas Jurídicos 3.1. Direito Romano-Germânico ou Civil Law: É o sistema usado no Brasil, países latinos e grande parte das nações europeias, tendo por base principal a lei. 3.2. Common Law (comumente confundida com Direito Consuetudinário): Utilizado em países anglo-saxões, como os EUA e a Inglaterra, tendo por base principal os julgados dos tribunais. 4. Fontes do Direito 4.1. Lei: É a única fonte obrigatória do Direito. 4.2. Doutrina: São os estudos dos especialistas em Direito, chamados juristas, não tendo caráter oficial e tampouco obrigatório. 4.3. Jurisprudência: É o conjunto reiterado das decisões dos tribunais, tendo caráter oficial, porém não obrigatório, exceto no caso das súmulas vinculantes.

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Lei

1. Conceito: Em sentido amplo significa toda e qualquer legislação (decretos, regulamentos, etc.) e em sentido estrito se refere apenas às leis ordinárias, complementares e delegadas.

2. Classificação. 2.1. Quanto à obrigatoriedade: 2.1.1. Cogentes ou de ordem pública: São leis que devem ser obedecidas, não se admitindo qualquer escolha dos cidadãos. Ex: As leis que determinam pagamento de impostos. 2.1.2. Dispositivas: São leis que não impõem seu seguimento obrigatório às pessoas. Ex: O Código Civil trata do casamento, mas ninguém é obrigado a se casar. 2.2. Quanto à natureza: 2.2.1. Substantivas ou materiais: São leis que são fins em si mesmas, disciplinando as condutas sociais. Ex: A lei diz que o devedor tem que pagar suas dívidas. 2.2.2. Adjetivas ou processuais: São leis instrumentais, ou seja, servem de meio para que sejam aplicadas as leis substantivas. Ex: A lei que trata da ação judicial de cobrança (lei adjetiva) serve para fazer o devedor a cumprir com sua obrigação de pagar (lei substantiva). 2.3. Quanto às espécies normativas: Constituições, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

3. Existência da lei: A lei começa a existir a partir de sua promulgação.

4. Validade da lei: A lei é considerada válida se estiver adequada ao restante da legislação ou

ordenamento jurídico. Uma lei inconstitucional é existente, mas não é válida.

5. Vigência da lei: É a aplicação da lei, dividindo-se em: 5.1. Vigência espacial: É a aplicação da lei no espaço. A lei federal é válida em território nacional, a lei estadual é válida em território do estado-membro e a lei municipal é válida em território do município. Obs: Excepcionalmente pode ser aplicada a regra da extraterritorialidade, ou seja, uma lei viger fora de seu território. Ex: Dentro de um navio brasileiro em águas internacionais, um marinheiro mata o outro, devendo o assassino ser julgado de acordo com a lei brasileira, ainda que o crime tenha sido cometido fora do território nacional. 5.2. Vigência temporal: É a aplicação da lei no tempo. Quando a lei é promulgada, podem ocorrer as seguintes situações: 5.2.1. A lei gera efeitos imediatos, ou seja, ela começa a ser aplicada imediatamente. 5.2.2. A lei gera efeitos mediatos, ou seja, ela só começará a ser aplicada após um determinado prazo, o qual pode ser determinado na própria lei ou em outra. Havendo silêncio da lei, em regra ela começa a viger 45 dias depois em território nacional e três meses depois fora do país, sendo este interregno chamado de vacatio legis. Obs: A princípio, a lei é feita para aplicar-se a fatos presentes e futuros, mas não a fatos passados. O nome disto é “irretroatividade” da lei, ou seja, ela não pode atingir situações pretéritas, notadamente direito adquirido (um direito que já se integrou definitivamente ao patrimônio ou à personalidade do titular), ato jurídico perfeito (manifestação de vontade perfeita e acabada conforme a lei vigente) e a coisa julgada (decisão judicial). Há algumas exceções, como a regra no Direito Penal de que a lei pode retroagir para beneficiar o réu. Ex: O criminoso foi condenado por um

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delito cuja pena era de cinco anos, mas durante sua prisão, a lei mudou e baixou a pena para três anos. Embora o crime tenha sido cometido antes da lei nova, ele se beneficiará dela e só precisará cumprir a pena menor. 6. Eficácia: Nada mais é que a aptidão da lei em gerar efeitos concretos. Uma lei é ineficaz quando,

apesar de existente, válida e vigente, não cumpre a sua destinação. Ex: É comum dizer-se que a “Lei Seca” é ineficaz, visto que os casos de embriaguez no volante continuam abundantes.

7. Revogação da lei: Procedimento pelo qual a lei deixa de existir 7.1. Classificação quanto à abrangência: A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). No primeiro caso, a lei é totalmente retirada do ordenamento jurídico, enquanto que no segundo caso, apenas parte dela é afetada. 7.2. Classificação quanto à forma: A revogação pode ser expressa (a nova lei determina expressamente que está revogando a lei antiga) ou tácita (a nova lei não diz qual lei está revogando, sendo necessário analisar-lhe o conteúdo para saber o que está sendo alterado). Obs: Existe um fenômeno chamado repristinação, o qual funciona da seguinte maneira: Uma lei A é revogada pela lei B e em seguida vem a lei C e revoga a lei B, fazendo com que a lei A volte a valer. A princípio, a repristinação não é aceita pelo ordenamento jurídico brasileiro, exceto se a lei mais recente disser expressamente que a lei revogada voltou a existir.

Antinomias jurídicas.

1. Conceito: São conflitos entre normas jurídicas, ou seja, quando uma lei entra em contradição com outra.

2. Classificação: 2.1. Antinomias de primeiro grau: São aquelas em que há apenas uma variável a ser analisada,

podendo gerar as seguintes situações: 2.1.1. Lei hierarquicamente inferior em conflito com lei hierarquicamente superior, devendo

prevalecer a lei superior. Ex: Uma lei ordinária em conflito com a Constituição da República. 2.1.2. Lei de conteúdo geral em conflito com lei de conteúdo especial, devendo prevalecer a lei

especial. Ex: A Lei do Programa Nacional de Transportes em conflito com o Código de Aviação Civil.

2.1.3. Lei mais antiga em conflito com lei mais recente, devendo prevalecer a lei mais recente. Ex: Uma lei de 1990 em conflito com uma lei de 2000.

2.2. Antinomias de segundo grau: São aquelas em que há mais de uma variável a ser analisada, podendo gerar as seguintes situações:

2.2.1. Lei superior mais geral em conflito com lei inferior especial. Neste caso há dois critérios a serem verificados, ou seja, o da hierarquia e o do conteúdo, sendo que o primeiro prevalece sobre o segundo, então a lei superior, ainda que geral, prevalecerá.

2.2.2. Lei superior mais antiga em conflito com lei inferior mais recente. Neste caso há dois critérios a serem verificados, ou seja, o da hierarquia e da cronologia, sendo que o primeiro prevalece sobre o segundo, então a lei superior, ainda que mais antiga, prevalecerá.

2.2.3. Lei de conteúdo especial mais antiga em conflito com lei de conteúdo geral mais recente. Neste caso há dois critérios a serem verificados, ou seja, o do conteúdo e o da cronologia, sendo que o primeiro prevalece sobre o segundo, então a lei de conteúdo especial, ainda que mais antiga, prevalecerá.

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Integração da Lei

1. Conceito: É o conjunto de mecanismos utilizados para suprir lacunas legais, ou seja, situações sobre as quais a lei silencia.

2. Princípio da Legalidade: O particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe e o Poder Público só pode fazer aquilo que a lei autoriza. Isto significa que o silêncio da lei, em regra, tem duas consequências distintas: Para o particular, o silêncio da lei é uma permissão, enquanto que para o Poder Público, o silêncio da lei é uma proibição.

3. Métodos de integração. 3.1. Analogia: É o “empréstimo” de uma lei para resolver uma situação similar. Ex: O Código de Defesa do Consumidor não fala em vendas pela internet, mas trata de vendas por telefone. Por analogia, podemos aplicar as regras de vendas telefônicas às vendas pela internet. 3.2. Costumes: Os hábitos reiterados, geralmente sacramentados pela sociedade. Durante muito tempo, a lei não tratava da união estável (união marital sem casamento), mas mesmo assim, vários juízes a reconheciam como um como um costume social para o qual o Direito não podia fechar os olhos. 3.3. Princípios Gerais de Direito: São regras axiológicas que norteiam o Direito, tais quais o princípio da legalidade, da igualdade, etc. O princípio da igualdade foi uma das razões para que juízes começassem a determinar que os filhos fora do casamento tinham os mesmos direitos dos filhos concebidos dentro do casamento, bem antes que a lei determinasse isto. 3.4. Equidade: Embora não mencionada junto com os demais métodos, também pode ser utilizada. Trata-se da adequação da lei ao caso concreto visando buscar a justiça.

Hermenêutica Jurídica e métodos de solução para conflitos normativos.

1. Hermenêutica é a ciência da interpretação 2. Interpretação quanto à forma 2.1. Interpretação gramatical: A lei é analisada sob o aspecto sintático-semântico. 2.2. Interpretação lógica: A lei é examinada de maneira silogística, com base em suas premissas

e conclusões. 2.3. Interpretação histórica: A lei é analisada dentro do contexto histórico que a produziu. 2.4. Interpretação teleológica: A lei é estudada de acordo com suas finalidades. 2.5. Interpretação sistemática: A lei é vista sob o prisma da validade, ou seja, de sua adequação

com o restante do ordenamento jurídico.

3. Interpretação quanto à fonte: 3.1. Autêntica 3.2. Doutrinária 3.3. Jurisprudencial

4. Interpretação quanto ao alcance: 4.1. Interpretação declarativa: Coincide com o enunciado da lei. 4.2. Interpretação extensiva: Amplia o enunciado da lei. 4.3. Interpretação restritiva: Reduz o enunciado da lei.

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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL Introdução

1. Direito Civil: disciplina as relações interpessoais com efeito jurídico. 2. O Novo Código Civil brasileiro – Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – unificou parcialmente o

direito privado, isto é, as obrigações civis e comerciais. 3. O Código Civil de 2012 se divide em duas partes principais: parte geral e parte especial. A

primeira se subdivide em: pessoas naturais e jurídicas; bens; e fatos jurídicos, e a segunda se subdivide em: direito das obrigações, direito de empresa, direito das coisas, direito de família e direito das sucessões.

4. O autor Pablo Stolze Gagliano cita três princípios fundamentais do Código Civil de 2012: 4.1 Princípio da Eticidade: visa compatibilizar valores técnicos e éticos; 4.2 Princípio da Socialidade: objetiva preservar o sentido de coletividade;e 4.3 Princípio da Operabilidade: concede maior poder hermenêutico (interpretação) ao magistrado. Pessoas Naturais 1. Personalidade civil começa do nascimento com vida. E o nascituro? Esse tem os seus direitos

assegurados desde a concepção. 2. A extinção da pessoa natural se dá com a morte. Essa pode ser presumida em algumas situações: 2.1. No caso dos ausentes, quando a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. 2.2. Morte extremamente provável de quem estava em situação de perigo de vida. 3. Ausente: pessoa que desaparece do seu domicílio sem dar notícias. 4. Maioridade civil: 18 anos de idade. 5. Capacidade civil: aptidão para exercer direitos e assumir obrigações. 6. Tipos de capacidade: 6.1. Relativa (relativamente incapazes): assistência dos pais ou responsáveis. São eles: 6.1.1. Menores entre 16 e 18 anos; 6.1.2. Ébrios (estado de embriaguez) habituais; 6.1.3. Toxicômanos (sob efeito de drogas); 6.1.4. Deficientes mentais; 6.1.5. Excepcionais;e 6.1.6. Pródigos. 7. Absoluta (absolutamente incapazes): representação dos pais ou responsáveis. São eles: 7.1. Menores de 16 anos; 7.2. Sem discernimento suficiente, por enfermidade ou deficiência mental;e 7.3. Os que não puderem exprimir a sua vontade. 8. Emancipação: pode ocorrer de três maneiras: 8.1. Voluntária: pais, ou um deles na falta do outro, emancipam o menor, independentemente de

homologação judicial, desde que o mesmo tenha completado 16 anos; 8.2. Judicial: ao contrário da voluntária, depende de concessão pelo juiz, e é ouvido o tutor, também

sendo exigido que o menor tenha completado 16 anos;e

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8.3. Legal: nos casos de: casamento; exercício de emprego público efetivo; colação de grau em curso de ensino superior; e estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.

8.4. Direitos da personalidade: arts. 11 a 21 do NCC1. Referem-se à integridade física, moral e intelectual.

8.5. Domicílio: lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Pode haver mais de um domicílio? Sim, quando a pessoa possui duas ou mais residências que habita alternadamente. Se a pessoa vive viajando de um lugar para o outro (ex: ambulantes), o domicílio será aquele onde forem encontradas.

Pessoa Jurídica 1. Não há unanimidade numa definição, sendo preferível entendê-la como uma entidade criada a

partir da vontade humana, e atendidas certas condições legais, se propõe a atingir determinado fim, que deve ser lícito.

1.1 São classificadas em pessoas jurídicas de: 1.1.1. Direito Público Interno; 1.1.2. Direito Público Externo;e 1.1.3 Direito Privado. 2. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: 2.1. União; 2.2. Estados, Distrito Federal; 2.3 Municípios; 2.4 Autarquias, inclusive associações públicas (Redação dada pela Lei n. 11.107, de 2005. Redação

anterior: só autarquias);e 2.5 As demais entidades de caráter público criadas por lei. 3. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem

regidas pelo direito internacional público. 4. Pessoas Jurídicas de Direito Privado: 4.1. Associações; 4.2. Sociedades; 4.3. Fundações; 4.4. Organizações religiosas. (Incluído pela Lei n. 10.825, de 22/12/2003); 4.5. Partidos políticos. (Incluído pela Lei n. 10.825, de 22/12/2003);e 4.6. Empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei n. 12.441, de 2011). 5. Personalidade: adquirida com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Exemplos:

sociedades empresárias são registradas em Junta Comercial, enquanto que fundações e associações são registradas em registro civil das pessoas jurídicas.

Atenção! Às vezes é necessária autorização ou aprovação do Poder Executivo. 6. Associações: formada pela união de pessoas, sem finalidade econômica, normalmente relacionadas com atividades educacional, cultural e desportiva. 7. Sociedades: instituída por meio de um contrato social ou estatuto, tem por finalidade exercer atividade econômica, e prevê participação nos lucros.

Novo Código Civil.

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8. Fundações: resulta da afetação de um patrimônio com uma finalidade específica determinada por seu instituidor por meio de testamento ou escritura pública. 9.Organizações religiosas: formada pela união de pessoas com a finalidade de culto. 10. Partidos políticos: formada pela união de pessoas com ideias comuns, a fim de, por meio do exercício do poder, realizar o seu programa. 11. Empresas individuais de responsabilidade limitada. 12. Domicílio: a sede indicada no ato constitutivo, ou, caso não indicada, o lugar onde funcionarem os órgãos de direção. No caso das pessoas jurídicas de direito público o domicílio é aquele previsto em lei (ex: União tem por domicílio o Distrito Federal). 13. Extinção: pode se dar de modo: 13.1.Convencional: deliberada pelos integrantes ou sócios; 13.2.Administrativa: cassação de autorização de funcionamento exigida para certas atividades;e 12.3.Judicial: prevista em lei ou no estatuto. Bens 1. Existem diferentes correntes para definir o que seja um “bem” e sua diferença de “coisa”. Adotamos aqui a corrente (Pablo Stolze) que entende “bem” como sendo tudo aquilo de existência material ou abstrata, enquanto coisa se refere ao que é corpóreo. 2. Classificação dos bens jurídicos: 2.1. Bens considerados em si mesmos; 2.2. Bens reciprocamente considerados;e 2.3. Bens públicos e particulares. 2.4. Bem de família (Direito de Família, arts. 1711 a 1722 do NCC) 3. Bens considerados em si mesmos: 3.1. Bens corpóreos e incorpóreos: embora não positivada (expressa em lei), tal classificação é largamente utilizada. Reciprocamente se referem a bens físicos (ex: Fusca) e abstratos (ex: marca de empresa). 3.2. Bens imóveis: não podem ser transportados sem alteração de sua substância – ex: solo (por natureza), construções (por acessão, adição), animais (por destinação) e penhor agrícola (por disposição legal). 3.3. Bens móveis: suscetíveis de locomoção por meio próprio (ex: animais, considerados mais especificamente como semoventes) ou alheio (cadeira). 3.4. Bens fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (ex: sacas de juta). O contrário são bens infungíveis (ex: uma tela de Afrânio de Castro). 3.5. Bens consumíveis: aqueles que se destroem à medida que são utilizados (ex: alimentos em geral e bens destinado à alienação). O contrário são os bens inconsumíveis (ex: bens duráveis, como um carro). 3.6. Bens divisíveis: podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso (ex: prédio de apartamentos). O contrário são bens indivisíveis (ex: cachorro). 3.7. Bens singulares: que se consideram de per si (ex: livro). 3.8. Bens coletivos: engloba a universalidade de fato e a de direito. Exemplo da primeira é a biblioteca, e exemplo da segunda é o fundo de comércio. 4. Bens reciprocamente considerados: 4.1. Bem principal: que assim se considera em relação a outros (ex: árvore em relação ao fruto). 4.2. Bem acessório: cuja existência supõe a do principal (ex: o fruto em relação à arvore). 4.2.1 Benfeitorias:

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4.2.1.1 Benfeitorias necessárias: conservação; 4.2.1.2 Benfeitorias úteis: melhoramentos;e 4.2.1.3. Benfeitorias voluptuárias: embelezamento. 4.2.2. Frutos: 4.2.2.1 Naturais (frutos de árvores); 4.2.2.2 Industriais;e 4.2.2.3 Civis. 5. Bens públicos: bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. Já os bens particulares são aqueles que pertencem a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. 5.1 Espécies: a) de uso comum do povo (rios, mares, estradas, ruas e praças); b) de uso especial (edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive autarquias); c) dominicais (dominiais). Fatos Jurídicos

1. Fato Jurídico: fenômeno decorrente da natureza ou da ação humana com implicação jurídica. Ex: chuva relacionada a um contrato de seguro. 2. Ato Jurídico: quando o fenômeno com implicação jurídica decorre da ação humana. Existem dois tipos: em sentido estrito, quando a lei disciplina o ato de modo a deixar pouca margem a formatações, e o negócio jurídico, que ocorre quando é possível atuar em um nível maior de liberdade. 3. Validade do Negócio Jurídico (art. 104, NCC): 3.1. Agente capaz; 3.2. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;e 3.3. Forma prescrita ou não defesa em lei. 3.4. Atenção! Pablo Stolze acrescenta mais um pressuposto: manifestação de vontade livre e de boa-fé. 4. Agente capaz: arts. 3º e 4º do NCC. 5. Objeto lícito: não proibido pelo direito. 6. Objeto possível: jurídica e fisicamente. 7. Objeto determinado (ex: medida exata de um imóvel) ou determinável (venda de saca de café) 8. Forma prescrita ou não defesa em lei: princípio da liberdade da forma (art. 107 do NCC). 9. Defeitos dos negócios jurídicos: 9.1. Erro: declaração de vontade emanada de erro substancial (ex: celebrar doação pensando se tratar de venda). É anulável! 9.2. Dolo: meio utilizado para enganar alguém. É anulável! Exceto quando se trata de dolo acidental, que só incorre em perdas e danos. 9.3. Coação: emprego de violência física ou moral que impede o livre arbítrio. 9.4. Estado de perigo: alguém, sob pressão de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 9.5. Lesão: quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 9.6. Fraude contra credores: quando o devedor insolvente, ou na iminência de o ser, desfalca seu patrimônio. 10. Atos nulos e anuláveis:

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10.1 É nulo (nulidade absoluta): a) praticado por pessoa absolutamente incapaz; b) objeto ilícito ou impossível ou indeterminável; c) motivo (comum a ambas as partes) ilícito; d) não preencher a forma prescrita em lei; e) sonegação de solenidade prevista em lei; f) objetivo de fraude; g) lei taxativamente declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 10.1.1 Pode ser declarado de ofício. 10.2 É anulável (nulidade relativa): a) incapacidade relativa do agente; b) vício resultante de erro, dolo, coação, lesão ou fraude contra credores. 10.2.1 Não pode ser declarado de ofício. 11. Simulação: revestido de negócio jurídico, mas que não corresponde à real intenção das partes. Ex: compra e venda fictícia para enganar credores. 12. Ato ilícito: contrário ao direito e que provoca dano (moral/material) a terceiro, gerando o dever de indenizar (responsabilidade civil). 13. Prescrição e Decadência: 13.1 Prescrição: prazo para reclamar de violação de direito. 13.1.1 Prazos da prescrição (arts. 205 e 206 do NCC): Regra geral: a) Credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes: 01 ano b) Cobrança de aluguéis de prédios urbanos ou rústicos: 03 anos c) Cobrança de juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela: 03 anos d) Reparação civil: 03 anos e) Contras as pessoas abaixo por violação da lei ou do estatuto – 03 anos: e.1) Fundadores de sociedade anônima: e.2) Administradores, ou fiscais da sociedade: e.3) Liquidantes: f) Cobrança de pagamento de título de crédito: g) Cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular: h) Cobrança de honorários pelos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários: 5 anos 13.2 Decadência: prazo fixado pela lei, ou convenção, no qual o interessado poderá exercer direito ou opção. 14. Prova: salvo forma especial, o fato jurídico pode ser provado” a) confissão; b) documento; c) testemunha; d) presunção; e) perícia.

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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES, CONTRATOS E RESPONSABILIDADE CIVIL

Obrigações

1. Direito das Obrigações: conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações

patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. (Gagliano, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume II. 12ª edição. São Paulo: Saraiva, 2011)

2. Elementos constitutivos da obrigação: 2.1 Subjetivo (sujeitos ativo e passivo); 2.2 Objetivo: prestação (deve ser lícito, possível e determinado ou determinável);e 2.3 Vínculo jurídico entre os sujeitos. 3. Fontes da obrigação: 3.1 Contrato; 3.2 Declaração unilateral de vontade; 3.3 Ato ilícito. 4. Diferença entre direitos pessoais e reais: 4.1 Relação Jurídica Obrigacional: Credor – Devedor 4.2 Relação Jurídica Real: Titular do Direito Real – Bem/Coisa Modalidades das Obrigações 1. As modalidades das obrigações dividem-se basicamente em dois tipos de classificação: 1.2 Classificação Básica: 1.2.1 Obrigação de Dar ou Restituir: 1.2.1.1 Coisa certa (ex: Enciclopédia Barsa, última edição impressa);e 1.2.1.2 Coisa incerta (ex: coleção de livros, sem especificação). 1.2.2 Obrigação de fazer: 1.2.2.1 Fungível (ex: qualquer um dos técnicos da assistência técnica pode realizar o serviço de manutenção de um aparelho);e 1.2.2.2 Infungível (ex: somente o técnico João pode realizar a manutenção do aparelho). 1.2.3 Obrigação de não fazer (ex: compromisso de sigilo da empresa sobre as informações obtidas do cliente). 1.3 Classificação especial ou secundária: 1.3.1 Obrigação simples: um só credor, um devedor e um objeto.

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1.3.2 Obrigação complexa: mais de um credor, devedor ou objeto. 1.3.3 Obrigação cumulativa: várias obrigações e o devedor só se exonera com cumprimento de todas (ex: na compra de um imóvel o comprador se compromete a entregar um carro e certa quantia em dinheiro). 1.3.4 Obrigação alternativa: duas ou mais obrigações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas (ex: reserva do barco “Rapidão” ou “Ventania” para recreio). 1.3.5 Obrigação facultativa: embora com único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa (ex: na compra de um imóvel o comprador se compromete a pagar R$20.000,00, sendo facultado, entretanto, a substituição da prestação em dinheiro pela entrega de um carro no mesmo valor). 1.3.6 Obrigação divisível: a obrigação pode ser cumprida por partes pelo devedor (ex: entrega de 100 sacas de farinha) 1.3.7 Obrigação indivisível: a obrigação não pode ser cumprida por partes. 1.3.7.1 Natural (ex: entrega de um boi reprodutor); 1.3.7.2 Legal (ex: módulo rural – Estatuto da Terra);e 1.3.7.3 Convencional (ex: estipulação em contrato). 1.3.8 Obrigação Solidária: mais de um credor (solidariedade ativa) ou mais de um devedor (solidariedade passiva), cada um com direito ou obrigação à dívida toda, respectivamente. 1.3.8.1 Solidariedade ativa (ex: qualquer dos credores, professores Daniel e Dênnis, pode exigir o cumprimento da obrigação do aluno “Desatento”, que se liberta ao cumprir a obrigação com qualquer dos credores); 1.3.8.2 Solidariedade passiva (ex: o credor, professor “Daniel”, poderá exigir de qualquer dos alunos da sala de aula o cumprimento da obrigação, e sendo um o prestador, esse poderá cobrar dos demais a quota-parte de cada um). 1.3.9 Obrigação de resultado: obrigação é cumprida com a obtenção de determinado resultado (ex: os alunos que obtiverem média anual acima de 9,98 conquistarão uma vaga de estágio. Atenção! É só um exemplo!) 1.3.10 Obrigação de meio: a obrigação é cumprida mesmo que o resultado esperado não venha a ser alcançado, bastando que o devedor se empenhe para consegui-lo (Ex: médico, advogado etc). 1.3.11 Obrigação condicional: a obrigação é cumprida apenas quando determinado evento futuro e incerto vir a ocorrer (ex: ao se formar em Economia o aluno “Atencioso” ganhará um emprego na empresa “Sucesso”) 1.3.12 Obrigações modais: a obrigação é onerada com um encargo (ônus) ao beneficiário de uma liberalidade. Transmissão das Obrigações 1.Cessão de Crédito: o crédito é um bem de caráter patrimonial suscetível de transferência. A cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. 1.1 Cedente: credor que transfere seus créditos; 1.2 Cessionário: terceiro a quem o crédito é transmitido;e 1.3 Cedido: devedor do crédito. 1.4 Na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios, salvo estipulação em contrário. 1.5 Necessário instrumento público, ou particular revestido das solenidades do §1º do art. 654.

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2. Assunção de dívida (Novidade do NCC): terceiro assume a obrigação do devedor, desde que haja consentimento expresso do credor. O devedor primitivo fica exonerado de sua obrigação, salvo se, ao tempo da assunção, o terceiro (devedor substituto) era insolvente e o credor o ignorava. Adimplemento e Extinção das Obrigações 1.Pagamento: é o cumprimento dado a um obrigação, em dinheiro ou coisa. Extingue a obrigação, e possui três elementos básicos: 1.1 Vínculo obrigacional; 1.2 Intenção de solvê-lo (animus solvendi); 1.3 Cumprimento da prestação;e 1.4 Pessoa que o recebe. 2. Pagamento em consignação: depósito judicial feito em pagamento de uma dívida, quando o credor se recusa a receber, quando o credor for desconhecido ou ausente, ou quando ocorrer dúvida sobre quem deve receber, entre outros casos, e extingue a obrigação. A consignação pode ser feita através do depósito de dinheiro ou de bens móveis ou imóveis. 3. Pagamento com sub-rogação: dívida paga por um codevedor, ou interessado, transferindo-se para ele os direitos do título. Não há extinção da obrigação, mas tão somente uma substituição do credor. A sub-rogação pode ser legal ou convencional. 3.1 Legal – art 346, NCC;e 3.2 Convencional – art. 347, NCC. 4. Imputação do pagamento: existindo dois ou mais débitos da mesma natureza, líquidos e vencidos, em relação ao mesmo credor, o devedor indica qual está pagando. 4.1 Requisitos da imputação: 4.1.1 Pluralidade de débitos; 4.1.2 Identidade de partes; 4.1.3 Igual natureza das dívidas; 4.1.4 Possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito. 4.2 Espécies de imputação: 4.2.1 Do devedor – art. 352 do NCC; 4.2.2 Do credor – art. 353 do NCC;e 4.2.3 Legal – arts. 354 e 355 do NCC. 5. Dação em pagamento: o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida (ex: credor que aceita receber no lugar da quantia de R$30.000,00, um barco de pesca). 6. Novação: substituição de uma obrigação por outra.

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6.1 Espécies: 6.1.1 Criação de uma nova dívida, que substitui a anterior (novação objetiva); 6.1.2 Mudança de devedor, credor ou conjuntamente devedor e credor (novação subjetiva); 6.1.3 Alteração do sujeito (credor/devedor) e do objeto da obrigação (novação mista). 6.2 Requisitos: 6.2.1 Existência de obrigação anterior; 6.2.2 Constituição de nova obrigação;e 6.2.3 Intenção de novar (animus novandi). 7.Compensação: é o meio de extinção de obrigação entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra (ex: A deve 100 para B, mas B também deve 100 para A). Ressalte-se que a dívida deve ser líquida e vencida, podendo, inclusive, a compensação incidir sobre coisas fungíveis. 7.1 Espécies: 7.1.1 Legal; 7.1.2 Convencional;e 7.1.3 Judicial (processual). 8. Confusão: modo de extinção da obrigação pela reunião, na mesma pessoa, das posições de devedor e de credor (Ex: A deve 100 para B, mas B morre e A é o seu único herdeiro). A confusão pode verificar-se a respeito da dívida toda ou de parte dela, sendo total ou parcial. 9. Remissão: é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. É o perdão da dívida, é forma de extinção da obrigação, mas depende da concordância do devedor. Inadimplemento das Obrigações 1.Mora: 1.1 Do devedor: retarda culposamente o cumprimento da obrigação. Requisitos: dívida líquida e certa; vencimento da dívida; e culpa do devedor. 1.2 Do credor: recusa do credor em receber a prestação no tempo, lugar e forma convencionados. 2. Perdas e Danos: quando ocorre prejuízo a alguém, pelo descumprimento de um contrato, ou pela prática de ato ilícito, por dolo ou culpa. Abrange o prejuízo imediato e o que prejudicado deixou de lucrar (ex: veículo em zigue-zaque, que se choca contra um táxi, o taxista pode reclamar o conserto e lucros cessantes). 3. Juros: podem ser legais ou convencionais, e subdividem-se em compensatórios e moratórios.

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3.1 Compensatórios: remuneração do credor (Súmula n. 382 do STJ, de 25/05/2009: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade). 3.2 Moratórios: indenização ao credor pelo retardamento do cumprimento da obrigação (art.406, NCC). 3.2.1 Ausente a pactuação dos juros moratórios, ou se tratando de juros legais, aplica-se o percentual de 1% a.m., conforme art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional (Enunciado n. 20 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, 11 a 13/09/2002). 3.2.2 Súmula 54 do STJ, de 01/10/1992: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. 4. Cláusula Penal: também chamada de multa convencional, é uma convenção na qual as partes se obrigam a pagar uma determinada multa no caso de violação do contrato. É uma obrigação acessória, e não pode ser superior ao valor da obrigação principal. No caso do mútuo, a multa não pode ser superior a 10% do valor da dívida (Lei de Usura – Decreto n. 22.626, de 07/04/1933). Pode ser moratória, em razão de atraso ou descumprimento, e compensatória, quando ocorre inexecução total da obrigação principal. 5. Arras ou sinal: garantia dada pela parte, para a conclusão ou a execução do contrato. O arrependimento é possível, se assim for convencionado, mas quem deu as arras perdê-las-á em benefício da outra parte, e quem as recebeu devolvê-las-á, e nesses casos tem caráter meramente indenizatório. Contratos 1.Contratos: convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas (manifestação de vontade), que envolve uma relação jurídica patrimonial, e que embora tenha como fundamento a autonomia da vontade, limita-se pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva. 2. Validade: os mesmos requisitos do negócio jurídico, quais sejam: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não proibida por lei. 3. Principiologia: 3.1 Autonomia da vontade; 3.2 Força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) – Absoluto? Não, por exemplo, fato imprevisível (teoria da imprevisão – rebus sic stantibus); 3.3 Relatividade objetiva dos efeitos do contrato. Atenção! Relativização em razão dos princípios sociais (função social do contrato; equivalência material e boa-fé objetiva) 4.Classificação dos contratos: 4.1 Bilaterais: obrigação para ambas as partes; 4.2 Unilaterais: apenas uma das partes se obriga em relação à outra; 4.3 Onerosos: as partes têm obrigações patrimoniais; 4.4 Gratuitos: apenas uma das partes se compromete economicamente; 4.5 Comutativos: as partes recebem contraprestação mais ou menos equivalente; 4.6 Aleatórios: uma das partes corre o risco de não receber nenhuma contraprestação patrimonial efetiva e equivalente; 4.7 Instantâneos: cumprimento em uma só prestação;

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4.8 Sucessivos: cumprimento em várias prestações sucessivas; 4.9 Formais: lei exige determinada forma; 4.10 Não formais (maioria): forma livre; 4.11 Principais: têm vida própria e independente; 4.12 Acessórios: existem em razão de outro contrato; 4.13 Paritários: partes em pé de igualdade; 4.14 Adesão: uma das partes detém o monopólio do objeto. Atenção! Art. 243 do NCC: quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 4.15 Abstratos: vale pela forma externa e não se discute o negócio que o originou; 4.16 Causais: discute-se a validade do negócio subjacente; 4.17 Consensuais: simples consentimento das partes; 4.18 Reais: exigem a entrega da coisa para se completar; 4.19 Típicos: Expressamente previstos em lei 4.20 Atípicos: não previstos expressamente em lei (art. 425 do NCC). 5. Vícios Redibitórios: nos contratos comutativos, como os de compra e venda, a coisa pode apresentar vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. 5.1 O prejudicado pode: 5.1.1 pedir o valor pago; 5.1.2 pedir abatimento de preço. 5.2 Prazo: 5.2.1 Móvel: 30 dias; 5.2.2 Imóvel: 1 ano. 6. Evicção: ocorre quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial, que a atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. 7.Extinção do Contrato 7.1.Resolução: cumprimento; descumprimento; termo final; advento de um fato ou uma condição 7.2 Resilição: desfazimento do contrato por vontade das partes. 7.2.1 Distrato: bilateral e deve ter a mesma forma do contrato (art. 472 do NCC) 7.2.2 Unilateral (denúncia): por uma só das partes, e basta a notificação 7.3 Rescisão: : Extinção do contrato em razão de alguma irregularidade ou por via judicial. 8. Cláusula Resolutiva: cláusula contratual, expressa ou tácita, que prevê a rescisão do contrato pelo descumprimento de obrigação. 9. Exceção de contrato não cumprido: ocorre nos contratos bilaterais, e consiste na condição de que nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

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10. Resolução por onerosidade excessiva: ocorre quando, a pedido do devedor, se dá a resolução do contrato por ter se tornado excessivamente oneroso, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (teoria da imprevisão - rebus sic stantibus). Responsabilidade Civil (art. 927 do NCC) 1. Ocorre: quando há violação de uma lei (extracontratual) ou de um contrato (contratual) preexistentes, acarretando numa reparação pelos danos causados. 2. No caso dos contratos a reparação se dá pelo descumprimento de obrigação. 3. Diferença entre a Responsabilidade Civil Extracontratual ou Aquiliana e a Responsabilidade Civil Contratual

Responsabilidade Civil Extracontratual

Responsabilidade Civil Contratual

Violação de dever geral do direito/lei

Violação de obrigação do contrato

Culpa deve ser provada pela vítima Inversão do ônus da prova

Incapaz responde (art. 928 do NCC) Incapaz responde se agir com dolo (art.180 do NCC

4. Regra Geral: Responsabilidade Subjetiva: prova da culpa do agente causador do dano é indispensável. 4.1 Requisitos: 4.1.1 Ação/omissão; 4.1.2 Culpa/dolo; 4.1.3 Nexo causal (relação entre a ação/omissão e o dano gerado);e 4.1.4 Dano. 5. Exceção: Responsabilidade Civil Objetiva: dispensa a prova do elemento culpa (art. 927, parágrafo único, do NCC) – duas situações: previsão em lei e atividade, que por sua natureza, implica em risco aos direitos de outrem (Teoria do Risco). 6. Responsabilidade Civil Pré-Contratual: pode se dar nos casos de recusa de contratar e de quebra das negociações preliminares. Tal responsabilidade se fundamenta no princípio da boa-fé objetiva. 7.Responsabilidade Civil Pós-Contratual: possível e também se dá com base no princípio da boa-fé objetiva. 8. Dano: 8.1 Material: prejuízo (ex: lucros cessantes) 8.2 Moral: direito de personalidade (ex: imagem, honra etc) 9. Pessoa Jurídica – honra objetiva 10. Excludente de responsabilidade: caso fortuito, força maior etc.

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DIREITO CIVIL - COISAS 1. Definição: sub-ramo do direito civil que trata dos direito reais, isto é, aqueles direitos que atribuem a uma pessoa determinadas prerrogativas sobre um bem corpóreo. 2. Características do direito real: 2.1 Oponível contra todos (absoluto); 2.2 Direito de sequela (titular do direito real pode buscar o bem onde quer que se encontre e sob o poder de quem quer que seja); 2.3 Aderência; 2.3 Preferência sobre os créditos pessoais; 2.4 Tipicidade: previsão em lei;e 2.5 Taxatividade: rol não pode ser ampliado. 3. São direitos reais (art.1.225 do NCC): 3.1 Propriedade; 3.2 Superfície; 3.3 Servidões; 3.4 Usufruto; 3.5 Uso; 3.6 Habitação; 3.7 Direito do promitente comprador do imóvel; 3.8 Penhor; 3.9 Hipoteca; 3.10 Anticrese. 4. Classificação dos direitos reais: 4.1 Sobre coisa própria: 4.1.1 propriedade. 4.2 Sobre coisa alheia: 4.2.1 De gozo: 4.2.1.1 Usufruto; 4.2.1.2 Uso;e 4.2.1.3 Habitação. 4.2.2 De garantia: 4.2.2.1Penhor; 4.2.2.2 Hipoteca;

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4.2.2.3 Concessão de uso; 4.2.2.4 Especial para fins de moradia;e 4.2.2.5 Concessão de direito real de uso. 5. Posse (art.1.196 do NCC): é o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a propriedade. 5.1 Classificação: 5.1.1 Posse direta ou indireta (ex: depositário tem a posse direta, e o depositante a posse indireta); 5.1.2 Posse justa ou injusta (violenta, clandestina e precária); 5.1.3 Posse de boa-fé (quando ignorado o vício, ex: objeto furtado) ou de má-fé (não ignorado); 5.1.4 Posse contínua (permanente) ou descontínua (interrupção); 5.1.5 Posse titulada (documento hábil) ou não titulada; 5.1.6 Posse de mais ou de menos de ano e dia (posse velha ou posse nova);e 5.1.7 Composse: mais de um possuidor da coisa toda. 5.2 Efeito e defesa da posse 5.2.1 Art. 1.210 do NCC: o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação (tentativa de esbulho), restituído no de esbulho (perda da posse), e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 5.2.2 Legítima defesa: quando turbado ou esbulhado, o possuidor pode defender seu direito por sua própria força, desde que a reação seja imediata e não vá além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. 5.2.3 Reintegração de posse – esbulho. 5.2.4 Manutenção de posse – turbação. 5.2.5 Interdito proibitório – ameaça. 6. Propriedade (art. 1.228 do NCC): o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Trata-se de um direito natural, tutelado pelo art. 5º, XXI, da CRFB. 6.1 O/A Usucapião: é um modo de aquisição da propriedade, dado o lapso de tempo decorrente da posse continuada, atendidos os requisitos da lei. 6.2 Espécies de Usucapião de propriedade imóvel: 6.2.1 Ordinária (art.1.242 do NCC): posse contínua e incontestada, com justo título e boa-fé, pelo período de 10 anos; 6.2.2 Extraordinária (art.1.238 do NCC): posse ininterrupta por 15 anos (CC/16 prazo era de 20 anos), prescindível o título e boa-fé. Caso o possuidor tenha estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo o prazo reduz-se a 10 anos; 6.2.3 Especiais: 6.2.3.1 Especial Rural (art. 191 da CRFB/1988 e art. 1.239 do NCC): não ser o beneficiário proprietário rural ou urbano; posse contínua e pacífica exercida pelo lapso temporal de 5 anos; área rural nunca superior a 50 hectares de terra; trabalho exercido pelo possuidor ou sua família tendente a tornar

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produtiva a área usucapienda; fato de ter o possuidor estabelecido na área a ser adquirida sua residência habitual. 6.2.3.2 Especial Urbana (art. 183 da CRFB/1988 e art. 1.240 do NCC): posse contínua e pacífica pelo lapso de temporal de 5 (cinco) anos; área urbana de até 250 metros quadrados; utilização da área como moradia do possuidor ou de sua família; e não ser o possuidor proprietário de outro imóvel, quer urbano, quer rural. 6.2.3.3 Especial Expropriatório (art.1.228, §§4º e 5º) – novidade do NCC: extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 6.3 Imóveis públicos estão sujeitos a usucapião? Não (CRFB, arts. 183, §3º e 191 parágrafo único). 6.4 Usucapião de propriedade móvel: 6.4.1 Ordinária (art. 1.260 do NCC): coisa hábil a ser usucapida; posse deve ser contínua e pacífica; lapso temporal deve ser de 3 anos ininterruptos; intenção de ser dono; justo título; e boa-fé. 6.4.2 Extraordinária (art. 1.261 do NCC): coisa hábil; posse contínua e pacífica; lapso temporal de 5 anos; e animus domini. 7. Superfície (art. 1.369 do NCC): possuidor tem o direito de construir ou de plantar no terreno do proprietário, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Pode ser gratuito ou oneroso. 8. Servidão: encargo imposto sobre um prédio para uso e utilidade de um prédio vizinho ou próximo pertencente a diverso dono (Lacerda de Almeida). É requisito que os prédios envolvidos pertençam a diferentes donos. Ex: passagem de esgoto. 9. Usufruto (art. 1.390 do NCC): o usufrutuário adquire o direito de usar coisa alheia, móvel ou imóvel, e de colher para si os frutos ou os rendimentos por ela produzidos. É temporário e pode recair sobre um ou mais bens, bem como sobre a integralidade de um patrimônio ou parte deste, ficando o proprietário (nu-proprietário) temporariamente privado do uso e gozo sobre o bem. 10. Uso (art.1.412 do NCC): o usuário utilizará a coisa e perceberá os seus frutos, apenas quando o exigirem as necessidades suas e de sua família. Pode ser considerado como um usufruto restrito. 11. Habitação (art. 1.414 do NCC): direito de morar em determinado prédio alheio. O titular não poderá alugar, emprestar, mas simplesmente ocupar a casa com sua família. No que não for contrário à sua natureza, aplicam-se as disposições relativas ao usufruto. 12. Direito do Promitente Comprador (art. 1.417 do NCC): o promitente comprador, mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. 13. Penhor (art. 1.431 do NCC): utilizado como garantia de débito pelo devedor junto ao credor, normalmente recai sobre bens móveis, e se dá pela tradição da coisa pelo devedor ao credor, e, portanto, aquele não fica na posse do bem;

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14. Hipoteca (art. 1.473 do NCC): como o penhor, a hipoteca é um instituto de garantia de débito, mas diferente daquele, o devedor fica na posse do bem, e tem o dever de conservá-lo, podendo envolver bens imóveis ou móveis determinados taxativamente em lei. 15. Anticrese (art. 1.506 do NCC): o devedor transfere o usufruto de um imóvel ao credor, em compensação de dívida, e até o limite da mesma, percebendo o credor os frutos e rendimentos até o esgamento do crédito.

DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL Introdução e definições 1. O Direito Empresarial é um ramo autônomo do direito, autonomia essa que não deve ser confundida com a autonomia formal, pois esse ramo jurídico não mais a tem, pois apresenta seus preceitos gerais insculpidos no Novo Código Civil (2002), e regulação dos seus institutos por um amplo leque de leis, tais como a Lei de Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404/76), a Lei do Cheque (Lei n. 7.357/85), a Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), entre outras. A autonomia que aqui se refere é a principiológica (material). Como ensina Fábio Tokars, “o direito empresarial é essencialmente um instrumento de política econômica”, e como o regime jurídico-comercial possui seus pressupostos na Constituição, esse ramo do direito (empresarial) é munido de instrumentos próprios para assegurar a livre iniciativa e a livre competição, como cita Fábio Ulhoa Coelho. Justificando a autonomia do direito empresarial, Fábio Tokars cita como princípios regentes do direito empresarial: o incentivo ao empreendedorismo e a máxima tutela do crédito. 2. Código Comercial (Lei n. 556, de 25/06/1850), teve sua Parte Primeira revogada pelo NCC:

Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. Continuam em vigor as normas que dizem respeito ao comércio marítimo (arts. 457 a 796).

3. Teoria dos Atos de Comércio e Teoria da Empresa: 3.1 A teoria dos atos de comércio surgiu no início do século XIX na França, quando Napoleão era o governante e promoveu a edição do Código Civil de 1804 e do Código Comercial de 1808, criando um sistema normativo, que influenciou os países de tradição romana, inclusive o Brasil. Por essa teoria só se considerava ato de comércio aquela atividade que estivesse presente numa lista legal. Atividades como prestação de serviços e aquelas ligadas à terra não eram contempladas, o que evidenciou, com o advento de nova conjuntura, a insuficiência da teoria para delimitar as atividades a serem objeto do Direito Comercial. No Brasil, o Regulamento n. 737, de 1851, compreendia aquelas atividades que deveriam ser consideras como de mercancia.

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3.2 A teoria da empresa surgiu em 1942 na Itália. Como explica Fábio Ulhoa Coelho, o Direito Comercial, com o advento dessa nova teoria, “deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços, a empresarial”. No Brasil, mesmo antes da entrada em vigor do NCC, que consagrou a teoria da empresa, o direito brasileiro por meio da doutrina, jurisprudência e lei esparsas já adotara essa teoria. Exemplos: decisão judicial concedendo concordata a pecuaristas, Código de Defesa do Consumidor de 1990 etc. 4. Comerciante x Empresário:

Comerciante: Empresário:

Art. 4º do Código Comercial de 1850; Era quem desenvolvia profissionalmente atos de comércio;

Art. 966 do Código Civil de 2002; Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

4.1 Profissionalismo: 4.1.1.Habitualidade; 4.1.2 Pessoalidade;e 4.1.3 Monopólio das informações. 4.2 Atividade (empresa); 4.3 Econômica (lucro); 4.4 Organizada (fatores de produção); 4.5 Produção de bens e serviços (indústria e prestação de serviços);e 4.6 Circulação de bens e serviços (comércio). Pergunta: O Direito Comercial regula todas as atividades econômicas? 5. Exceções ao regime da empresarialidade: 5.1 Profissão intelectual (art.966 do NCC): Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores [...] Exceção: [...], salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

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5.2 Produtor rural (art. 971 do NCC): faculdade de se equiparar ao empresário. Essa faculdade tem uma razão de ser, qual seja, de separar as atividades rurais exercidas pela agroindústria (agrobusiness) das familiares. Para ocorrer a equiparação se faz necessária a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. 5.3 Cooperativas (art. 982, parágrafo único, do NCC): regulada pela Lei n. 5.764/71, não estão sujeitas à falência e não podem requerer a recuperação judicial. 6. Empresário regular x Empresário irregular: diferenciam-se pelo arquivamento, ou não, respectivamente, do ato constitutivo na Junta Comercial. 7. Empresário individual e sociedade empresária: 7.1 Empresário individual: a) pleno gozo da capacidade civil; b) não ser legalmente impedido; c) não há concurso de sócios; d) registro é feito por meio de Declaração de Firma Individual;e e) responde com os bens pessoais (responsabilidade ilimitada). 7.2 Sociedade empresária: a) concurso de sócios; b) os sócios devem ser plenamente capazes;e c) exercício de atividade própria de empresário. 8. Estabelecimento empresarial/Fundo de empresa (art. 1.142 do NCC): [...] complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 8.1 Estabelecimento ≠ Patrimônio do empresário. 8.2 Estabelecimento ≠ Ponto Comercial. 8.3 Elementos que integram e não integram o estabelecimento:

Integram o estabelecimento Não integram o estabelecimento

Equipamentos Clientela

Mobiliário Aviamento

Estoque Nome empresarial

Ponto comercial Dívidas não contabilizadas

Imóvel de propriedade do empresário

Contratos

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9. Pergunta: é possível transferir o estabelecimento? 10. Nome empresarial: 10.1 Espécies: a) Firma;e b) Denominação. 10.2 Diferenças:

Estrutura Função

Firma Nome civil (empresário individual/sócios)

Assinatura

Denominação Objeto da empresa (imprescindível) + nome civil ou outra expressão linguística

Exclusivamente elemento de identificação do exercente da atividade empresarial

10.3 Empresário e nome: a) Empresário individual: firma; b) Sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples: firma; c) Sociedade limitada e sociedade em comandita por ações: firma ou denominação social;e d) Sociedade anônima e sociedade simples: denominação social. 10.4 Exemplos: a) Firma: Ferreira Marques; Ferreira Marques Postos de Combustível; d) Denominação: Castelão Postos de Combustível Ltda. 10.5. Prerrogativa: direito de exclusividade de sua utilização no âmbito da Unidade da Federação em que se deu o registro. 10.6 Proibição: não pode ser objeto de alienação. Exceção com condição: ver parágrafo único do art. 1.164 do NCC. 11. Escrituração: 11.1 Livros empresariais (decorre da legislação comercial): a) Obrigatórios: a.1) Comuns: Diário (art. 1.180 do NCC);e a.2) Especiais: Registro de Duplicatas, Atas das Assembleias Gerais. b) Facultativos: Caixa.

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11.2 Livros fiscais. 11.3 Balanços patrimonial e de resultado econômico – obrigatórios e de periodicidade anual, exigidos de todos os empresários. 11.4 Exceção da obrigatoriedade de apresentar os livros empresariais: microempresário e o de pequeno porte (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte – Lei n. 123/2006) optantes do Simples Nacional. Sociedades 12. Sociedade simples x Sociedade empresária: 12.1 Sociedade simples: objeto não-empresarial (ex: sociedades de profissionais liberais). Atenção! As S/S possuem normas próprias – art. 997 a 1.038 do NCC –, mas podem constituir-se num dos tipos societários previstos para as sociedades empresárias. 12.2 Sociedade empresária: objeto empresarial. Existem as personificadas e as não-personificadas:

Sociedade sem personalidade jurídica

Sociedade com personalidade jurídica

- sociedade em comum; - sociedade em conta de participação.

- sociedade simples; - sociedade limitada; - sociedade anômina.

- sociedade em nome coletivo; - sociedade em comandita simples; - sociedade em comandita por ações.

13. Sociedade simples: a) o nome social é denominação; b) sócios devem ser plenamente capazes;e c) sócios tem responsabilidade pessoal, ilimitada, e, em regra geral, subsidiária (arts. 1.023 e 1.024 do NCC). 14. Sociedade Limitada (arts. 1.052 a 1.086): a) responsabilidade limitada dos sócios, restrita ao valor das suas respectivas quotas; b) todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social; c) no caso de omissões do Capítulo do NCC que trata das sociedades limitadas, aplicam-se as normas das sociedades simples, e se o contrato assim prever, supletivamente as normas das sociedades anônimas; d) Contrato Social: elementos que devem constar: d.1) identificação e qualificação dos sócios; d.2) nome social; d.3) objeto:

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d.4) prazo; d.5) capital social; d.6) distribuição das quotas sociais; d.7) forma de integralização das quotas sociais; e) Constituição: arquivamento na Junta Comercial; f) Sócios: no mínimo dois. Caracteriza-se pela affectio societatis. Atenção! Vedação à unipessoalidade. Exceção: prazo máximo de 180 dias. g) Direitos dos sócios: participação nos lucros; voto (deliberações sociais); fiscalização; e direito de retirada. g) Capital social: g.1) somatório das contribuições pessoais dos sócios para o desenvolvimento da empresa, que se divide em quotas sociais, e serve de base para a distribuição do poder. g.2) a integralização poder ser: à vista, em prazo determinado ou parcelada. g.3) pode se dar em dinheiro ou em bens suscetíveis de avaliação econômica, sendo vedada a contribuição na forma de prestação de serviços. h) Administração: h.1) pode se dar por uma ou mais pessoas. h.2) é possível administrador não sócio. Nesse caso é exigido: h.2.1) previsão no contrato social; h.2.2) quando capital não integralizado: aprovação da unanimidade; h.2.3) quando capital integralizado: aprovação de 2/3, no mínimo. h.3) correspondem aos antigos gerentes. i) Dissolução: i.1) Parcial: liquidação parcial com manutenção da atividade empresarial. i.1.1) Hipóteses: a) falecimento de sócio; b) falência de sócio; c) saída involuntária imotivada de sócio; d) recesso; e) exclusão (justa causa). i.2) Total (art. 1.087, 1.044, 1.033 1.034 do NCC): a) declaração de falência; b) vencimento do prazo contratual de duração; c) consenso unânime dos sócios; d) deliberação dos sócios por maioria absoluta (quando de prazo indeterminado); e) falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; f) extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Judicialmente: g) anulada a sua constituição; h) exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade. 15. Sociedades anônimas (1.088 e 1.089 do NCC e Lei n. 6.404/1976): a) atividades econômicas de grande porte; b) dividem-se em abertas e fechadas, distinguindo-se pelo fato de as primeiras serem autorizadas pela CVM para a oferta pública de seus valores mobiliários.

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Valores Mobiliários: títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção dos recursos de que necessita. (Fábio Ulhoa Coelho) Ex: ações.

c) Responsabilidade dos sócios (acionistas) limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas; d) Adotam a denominação como forma obrigatória de nome social; e) Tem o capital social dividido em ações; f) Ações: f.1) Ordinárias; f.2) Preferenciais (podem, ou não, conferir o direito de voto). Atenção! As ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas (art. 15, §2º, da Lei n. 6.404/1976, com redação dada pela Lei n. 10.303/2001). g) Capital social: pode ser integralizado em dinheiro, bens ou créditos. h) Órgãos Sociais: h.1) Assembléia Geral – órgão máximo, de caráter exclusivamente deliberativo. h.1.1) Ordinária (art. 132 da LSA) – previsão anual para ocorrer nos 4 primeiros meses seguintes ao término do exercício social. h.1.2) Extraordinária. h.2) Conselho de Administração – órgão obrigatório nas companhias abertas, também possui caráter deliberativo e busca agilizar a tomada de decisões de interesse da companhia. Os conselheiro poderão ser acionistas ou não, conforme redação dada pela Lei n. 12.431/2011) h.3) Diretoria – órgão de representação legal da companhia e de execução das deliberações da Assembléia Geral e do Conselho de Administração, e seus membros podem ser ou não acionistas. h.4) Conselho Fiscal – obrigatório, mas de funcionamento facultativo, e se destina a fiscalizar os órgãos de administração. i) Deveres dos administradores: i.1) diligência; i.2) lealdade; i.3) informação. j) Demonstrações financeiras – ao fim de cada exercício social: j.1) balanço patrimonial; j.2) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; j.3) demonstração do resultado do exercício; j.4) demonstração dos fluxos de caixa; E se companhia aberta: j.5) demonstração do valor adicionado. j.6) complementos: notas explicativas e outros quadros analíticos/demonstrações contábeis. k) Dividendos k.1) são obrigatórios: k.1.1) Estatuto; k.1.2) Legal (art.202 da LSA) – metade do lucro líquido do exercício mais especificações legais. k.2) 25% do lucro líquido, mais especificações legais – quando o estatuto for omisso e a Assembléia Geral deliberar alterar a política de distribuição de dividendos. k.3) Exceção à obrigatoriedade: no exercício social em que os órgãos da administração informarem à Assembléia Geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia.

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k.4) O acionista preferencial não tem prejudicado o seu direito de receber os dividendos fixos ou mínimo a que tenham prioridade, inclusive os atrasados, se cumulativos. l) Dissolução: l.1) pleno direito: l.1.1) término do prazo de duração; l.1.2) casos previstos no estatuto; l.1.3) deliberação da Assembléia Geral; l.1.4) existência de um único acionista, verificada em assembléia geral ordinária, se o mínimo de dois não for reconstituído até à no ano seguinte; l.1.5) extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. l.2) decisão judicial: l.2.1) quando anulada a constituição da companhia, em ação proposta por qualquer acionista; l.2.2) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% ou mais do capital social; l.2.3) falência. l.3) Decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial. 16. Reorganização societária: 16.1 Transformação – passa de um tipo societário para outro. Ex: sociedade limitada que se torna anônima; 16.2 Incorporação – uma ou mais sociedades são absorvidas por outra; as sociedades absorvidas deixam de existir; 16.3 Fusão – unem-se duas ou mais sociedades, formando uma nova;e 16.4 Cisão – destaca-se parte do patrimônio de uma sociedade para formar outra. Títulos de crédito 17. Definição: documento formal, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, cuja circulação é desvinculada do negócio original. 18. Características: a) Documentalidade – é um documento; b) Força executiva – efeito semelhante ao da sentença judicial; c) Literalidade – vale pelo que nele está escrito; d) Formalismo – rigorosamente formal; e) Solidariedade – solidariedade dos coobrigados; f) Autonomia – desvinculação com o negócio original; g) Independência – desvinculação dos coobrigados entre si; h) Abstração – desvinculação do próprio papel em relação ao negócio original;e i) Circulação – só adquire suas características quando entra em circulação. 19. Transmissão: 19.1 Endosso:

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a) transfere a titularidade do crédito do endossante para o endossatário;e b) o endossante se torna coobrigado. 19.1.1 Pode ser: a) em branco: não identifica o endossatário (ex: “Pague-se”), transforma o título em ao portador e se o endossatário transferir não se torna coobrigado;e b) em preto: identifica o endossatário (ex: Pague-se a Ferreira Marques). 20. Aval: pode ocorrer, e o avalista é tão responsável pelo crédito quanto o seu avalizado. 21. Protesto: ato extrajudicial, em regra facultativo, que visa comprovar a inadimplência de obrigação originada de título de crédito. 22. Letra de Câmbio (Decreto n. 57.663/1966): é uma ordem de pagamento, sacada por um credor contra o seu devedor, em favor de alguém, que pode ser um terceiro ou o próprio sacador. 22.1 Sacador: quem emite a letra; 22.2 Sacado: o devedor, que quando aceita a letra (assinatura) passa a se chamar aceitante; 22.3 Tomador: beneficiário da ordem; 22.4 Endossante: proprietário do título quando o transfere a alguém; 22.5 Endossatário: quem recebe o título do endossante. 22.6 Prescrição: 3 anos da data do vencimento contra o devedor principal. 23. Nota Promissória (Decreto n. 57.663/1966): representa uma promessa de pagamento, pois o próprio sacador é o devedor. 23.1 Prescrição: 3 anos da data do vencimento contra o devedor principal. 24. Cheque (Lei n. 7.357/1985 e Lei Uniforme do Cheque): ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco ou outra instituição financeira, fundamentada em depósito realizado pelo sacador (cliente do banco/ de instituição financeira) junto ao sacado (banco), ou decorrente de contrato de abertura de crédito. 24.1 Pode ser nominativo ou ao portador; 24.2 É permitido o endosso; 24.3 Modalidades: a) Cheque cruzado: ocorre quando o anverso é atravessado por cima do seu contexto por 2 traços paralelos, restringindo a circulação do cheque, que só poderá se pago mediante crédito em conta a um banco ou cliente do sacado. Assim, caso o credor não possua conta no banco sacado, procederá ao depósito junto ao banco onde seja correntista; b) Cheque visado: ocorre quando o banco sacado visa o cheque, ou seja, reserva a quantia equivalente ao valor do cheque durante o prazo de apresentação (declaração de suficiência de fundos). Só é possível quando o cheque é nominal e ainda não endossado; c) Cheque marcado: ocorre quando o banco não tem suficiência de caixa, propondo outra data para o pagamento, se o portador concordar; d) Cheque para se levar em conta: igual objetivo do cheque cruzado, leva a expressão “para ser creditado em conta”, e, em regra não é pago em dinheiro;e

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e) Cheque administrativo: sacado pelo banco contra um de seus estabelecimentos, sendo identificado no cheque tanto o sacador como o sacado. 24.4 Pagamento: a) Da mesma praça: 30 dias; b) Praças distintas: 60 dias;e c) Apresentação fora do prazo: pode ser pago pelo sacado, desde que o cheque não se encontre prescrito, e haja suficiência de fundos. 24.5 Sustação: a) Revogação (contra-ordem): o emitente, e exclusivamente por este, por carta ou notificação judicial/extrajudicial, e com a devida fundamentação, limita a eficácia do cheque (ordem de pagamento à vista) ao prazo de apresentação, revogação essa que produzirá efeitos apenas após o término do precitado prazo;e b) Oposição: o emitente, ou portador legitimado, por aviso escrito e fundamentado (motivo relevante), limita a eficácia do cheque a partir da ciência do sacado. 24.6 Prescrição: 6 meses, contados do término do prazo de apresentação. 25. Duplicata (Lei n. 5.474/1968) – criação brasileira: se origina de um compra e venda mercantil – aquela efetuada pelo empresário para exploração econômica –, ou prestação de serviços, e é facultativa. É emitido pelo vendedor (credor) contra o comprador (devedor). Tradicionalmente o aceite se dá por assinatura do sacado no anverso do título. O prazo de apresentação da duplicata ao devedor é de 30 dias da sua emissão, sendo que o último tem o prazo de 10 dias para devolver o título, com aceite, ou justificativa (legal) pela negativa. No caso particular das duplicatas é admitido o aceite indireto, que consiste basicamente na sua presunção nos casos de, cumulativamente: protesto, comprovante da entrega e recebimento da mercadoria (canhoto da nota fiscal) e ausência comprovada de recusa do aceite. 25.1 Prescrição: 3 anos da data do vencimento contra o devedor principal. Recuperações e falência 26. Falências e Recuperações (judicial e extrajudicial) – Decreto-lei n. 7.661/1945 revogado pela Lei n. 11.101/2005: 26.1 A mudança legal buscou tornar a possibilidade de sobrevida da empresa mais efetiva. 26.2 A recuperação e falência se aplicam apenas a empresários. 26.3 Não se aplica a Lei de Recuperações e Falência: a) empresa pública e sociedade de economia mista; b) instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 27. Recuperação Judicial: viabilizar a superação da situação de crise econômica-financeira do devedor (preservação da empresa, função social e estímulo à atividade econômica). 27.1 Requisitos: a) exercício regular das atividades há mais de 2 anos; b) não ser falido; c) não ter obtido concessão da mesma recuperação há menos de 5 anos;

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d) não ter obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial previsto na Lei de Recuperações e Falência;e e) não ter sido condenado, nem administrador ou sócio controlador, pelos crimes da Lei de Recuperações e Falência. 28. Falência 28.1 Afasta o devedor de suas atividades, e objetiva preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos da empresa, inclusive os intangíveis. 28.2 Classificação dos créditos: a) legislação do trabalho (até 150 salários mínimos por credor) e acidentes de trabalho; b) garantia real (até o limite do valor do bem gravado); c) créditos tributários; d) privilégio especial; e) privilégio geral; f) quirografários; g) subordinados. 29. Regra comum à Recuperação Judicial e à Falência: suspensão do curso da prescrição, e de todas as ações e execuções contra o devedor, com exceção das execuções de natureza fiscal. 30. Recuperação Extrajudicial: 30.1 Pode ser proposta e negociada pelo devedor junto aos credores (Plano de Recuperação Extrajudicial), desde que preenchidos os requisitos do art. 48 da Lei de Recuperações e Falência. 30.2 A homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarreta a suspensão de direitos, ações ou execuções, nem impossibilita pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.

DIREITO DO TRABALHO 1. 1. CONCEITO

1.1 Subjetivista (Cesarino Junior): “o sistema jurídico de proteção aos economicamente fracos”. 1.2 Objetivista (Messias Donato): “conjunto de princípios e normas jurídicas que regem a prestação de trabalho subordinado ou a ele similar, bem como as relações e os riscos que dela se originam”. 1.3 Mista: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de trabalho, além de outras relações laborais normativamente especificadas. 2. DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO 2.1 Área justrabalhista lato sensu: 2.1.1 Direito Material do Trabalho:

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a) Direito Individual do Trabalho; b) Direito Coletivo do Trabalho. 2.1.2 Direito Internacional do Trabalho. 2.1.3 Direito Público do Trabalho: a) Direito Processual do Trabalho; b) Direito Administrativo do Trabalho; c) Direito Previdenciário do Trabalho; d) Direito Penal do Trabalho. 2.2 Área justrabalhista stricto sensu: 2.2.1 Direito (Material) do Trabalho: a) Direito Individual do Trabalho;e b) Direito Coletivo do Trabalho. 2. 3. AUTONOMIA

Goza de princípios, regras e teorias próprios. 3. 4. NATUREZA JURÍDICA

Atualmente, o ramo justrabalhista caracteriza-se no segmento do Direito Privado, dado que a relação empregatícia é específica do âmbito socioeconômico privado. 4. 5. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

5. A) PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO: TRATAR OS IGUAIS DE FORMA IGUAL E OS DESIGUAIS DE FORMA DESIGUAL; PROTEÇÃO À PARTE HIPOSSUFICIENTE, ESTABELECENDO O EQUILÍBRIO NA RELAÇÃO DE EMPREGO;

6.

b) Princípio da norma mais favorável: opção pela norma mais favorável ao trabalhador. Ex: convenção coletiva e acordo coletivo que tratam de férias; c) Princípio da imperatividade das normas trabalhistas (Princípio de caráter de ordem pública ou Princípio da limitação da autonomia da vontade ou Princípio do vício de consentimento presumido do

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empregado): as partes na relação de emprego não podem deixar de observar as normas trabalhistas. Ex: impossibilidade de alterar a natureza das horas extras; e) Princípio da condição mais benéfica: preservação das vantagens conquistas na vigência do contrato de trabalho. Ex: suspensão de cesta básica habitualmente fornecida a empregado; 7.

8. F) PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA: NÃO SE PERMITE ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA AO EMPREGADO, MESMO COM SEU CONSENTIMENTO; O RISCO DO EMPREENDIMENTO É SUPORTADO EXCLUSIVAMENTE PELO EMPREGADOR;

g) Princípio da irrenunciabilidade ou indisponibilidade dos direitos trabalhistas: impossibilidade de renúncia dos direitos trabalhistas. Ex: irredutibilidade salarial e intangibilidade salaria; 9.

10. H) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA: CASO HAJA DISTINÇÃO ENTRE O QUE CONSTA DO CONTRATO E A REALIDADE, PREPONDERAM OS FATOS, QUANDO PROVADOS;E

i) Princípio da Continuidade da Relação de Emprego: permanência do vínculo empregatício; a regra é o contrato de trabalho por tempo indeterminado. 6. FONTES DO DIREITO 6.1 Fontes Materiais – não tem força vinculante, decorrem de fatos sociais, políticos, econômicos etc. 6.2 Fontes Formais – exteriorização por meio de lei, decreto, acordo e convenção coletivos, e se subdividem em: a) Heterônomas – Origem estatal (Constituição, leis, medidas provisórias, decretos e outras normas); b) Autônomas – pelas partes interessadas (convenção coletiva, acordo coletivo e costume). 11. 7. RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO

Empregado (art. 3º da CLT): toda pessoa física que prestar serviços de natureza eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. a) pessoa física; b) não eventualidade; c) onerosidade; d) subordinação.

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Empregador (art. 2º da CLT): empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Atenção! Alterações na estrutura jurídica da empresa não afetam o direito dos empregados (arts. 10 e 448 da CLT). Relação de Trabalho: caráter genérico; Relação de Emprego: espécie de relação de trabalho. Servidor Público: art. 37, II, da CF (com redação determinada pela EC nº 20/1998), e regulamentado, em âmbito federal, e no que concerne ao emprego público, pela Lei nº 9.962/2000. Empregador Rural: a CRFB/88 igualou o trabalhador urbano ao trabalhador rural (art. 7º, caput). Terceirização: ocorre quando uma empresa decide contratar outra, para que esta, por meio do seu pessoal, e sob sua responsabilidade, execute atividade diversa da principal da contrante. SUMÚLA 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974); II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988); III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta; IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993). Terceirização ilícita – empresa contratante transfere atividades ligadas à sua atividade-fim. 8. CONTRATO DE TRABALHO 8.1 Conceito (Maurício Godinho Delgado): acordo de vontades tácito ou expresso, pelo qual uma pessoa física coloca seus serviços à disposição de outrem, a serem prestados com pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade e subordinação ao tomador. 8.2 Classificação dos contratos de trabalho (art. 443 da CLT): - tácito ou expresso (escrito ou verbal); - verbal ou escrito;

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- por prazo indeterminado (regra geral); - por prazo determinado. 9. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 7.1 Permitida: a) consentimento do empregado; b) não acarretar prejuízos ao empregado. 10. JORNADA DE TRABALHO 10.1 Período diário que o empregado tem a a obrigação de prestar serviços ou ficar à disposição. 10.2 Máximo: 8 horas diárias e 44 horas semanais; 103 Excede: hora extra (remuneração no mínimo 50% da hora normal) 10.4 Jornadas menores: trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, bancários, médicos etc. 10.5 Horário noturno: período entre 22 horas de um dia até 5 horas do dia seguinte, e a remuneração tem, pelo menos, acréscimo de 20% sobre a hora diurna. 10.6 Intervalo para descanso: a) entre duas jornadas de trabalho: 11 horas;

b) jornada inferior ou igual a 4 horas: não há intervalo; c) jornada superior a 4 horas e inferior ou igual a 6 horas: 15 minutos; d) jornada superior a seis horas: não inferior a uma hora;e e) serviços como de digitação: 10 minutos a cada período consecutivo de 90 minutos de trabalho.

11. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO 11.1 Um dia de repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. 11.2 Quando o empregado trabalha normalmente aos domingos: o descanso semanal deve coincidir com um domingo, pelo menos, uma vez no período máximo de 4 semanas. 12. FÉRIAS ANUAIS REMUNERADAS 12.1 Direito adquirido a cada período de doze meses de vigência do contrato de trabalho. 12.2 Conversão em dinheiro: possível, mas apenas 1/3 das férias.

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12.3 Remuneração: igual aos dos dias de trabalho, mais 1/3 (terço constitucional). 13. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO 13.1 Remuneração (Délio Maranhão): total dos proventos obtidos pelo empregado em função do contrato e pela prestação do trabalho, inclusive aqueles a cargo de outros sujeitos, que não o empregador. 13.2 Salário (Délio Maranhão): retribuição pelo trabalho prestado, paga diretamente pelo empregador. 13.2.1 Composição: salário fixo,mais comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador, exceto ajudas de custo, e diárias para viagem que não excedam de 50% do salário percebido. 13.3 13º Salário: compõem-se de duas parcelas: a primeira paga entre os meses de fevereiro e novembro, e a segunda até o dia 20 de dezembro. Diz respeito a 1/12 do valor da remuneração de dezembro, multiplicado pelo número de meses de serviço prestados no ano. 14. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 14.1 Tipo: a) Bilateral: distrato; b) Unilateral: Despedimento ou demissão. 14.2 Aviso prévio: ocorre na rescisão sem justa causa, e o prazo é de, no mínimo, 30 dias. 14.3 Justas Causas: 14.3.1 As justa causa pode ter por origem o empregado (art. 482, CLT) ou o empregador (art. 483, CLT). 14.3.2 Pelo empregado: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções;

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f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar;e m) comprovação em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. 14.3.2 Pelo empregador: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários; h) quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço. 14.3.3 Por ambos: o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade (art. 484, CLT).

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Teoria Geral do Direito Constitucional

1. Conceitos básicos: 1.1. Direito Constitucional: Ramo do Direito Público que analisa normas constitucionais 1.2. Constituição ou carta magna: Lei máxima do país que contém normas fundamentais sobre a

estrutura e funcionamento do Estado. 2. Classificações das constituições:

2.1. Quanto ao conteúdo: Formais (as normas constitucionais são exatamente aquelas declaradas como tais pela constituição) ou materiais (as normas constitucionais são consideradas como tais em razão de sua natureza e relevância, independentemente de estarem ou não escritas na constituição). 2.2. Quanto à origem: Promulgadas (feita por uma assembleia constituinte composta por representantes do povo) ou outorgadas (impostas). 2.3. Quanto à estabilidade: Imutáveis (não podem ser modificadas), rígidas (somente se modificam por um processo legislativo mais complexo que o ordinário), flexíveis (modificam-se por um processo legislativo ordinário) ou semirrígidas (contém uma parte rígida e outra flexível). 2.4. Quanto à extensão: Sintéticas (resumidas) ou analíticas (detalhadas): 2.5. Quanto ao modo de elaboração: Dogmáticas (escritas por um órgão constituinte) ou históricas (decorrem de lenta evolução periódica e com forte influência dos costumes). 2.6. Quanto à forma: Escritas ou não escritas. 2.7. Quanto ao poder de intervenção do Estado: Liberais (o poder de intervenção do Estado é menor) e dirigistas (o poder de intervenção do Estado é grande).

3. Tipos de Normas constitucionais 3.1. Normas de eficácia plena: São imediatamente aplicáveis. 3.2. Normas de eficácia contida: São imediatamente aplicáveis, mas seu alcance é reduzido posteriormente por outras normas. 3.3. Normas de eficácia limitada: Não são imediatamente aplicáveis, pois dependem de outra norma para surtirem efeitos práticos.

4. Poder Constituinte: 4.1. Conceito: É o poder de criar ou modificar a constituição. 4.2. Classificação: Originário (cria a constituição) ou derivado (modifica a constituição). Obs: O advento de uma nova constituição não necessariamente revoga as normas infraconstitucionais pré-existentes, mas apenas aquelas incompatíveis com o novo texto constitucional. As normas compatíveis são aceitas por um fenômeno chamado recepção. Histórico das Constituições brasileiras

1. Constituição de 1824: Foi a constituição do Império Brasileiro, outorgada por D. Pedro I. 2. Constituição de 1891: A primeira constituição republicana. 3. Constituição de 1934: Primeira constituição do período getulista.

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4. Constituição de 1937: Segunda constituição do período getulista e de forte cunho ditatorial, inaugurou o Estado Novo.

5. Constituição de 1946: Redemocratizou o país após o fim do Estado Novo. 6. Constituição de 1967: Constituição do regime militar 7. Constituição de 1988: Adveio com a redemocratização do país e é vigente até hoje.

Obs: Em 1969 foi promulgada uma emenda constitucional que fez profundas alterações na carta de 1967, sendo considerada por muitos uma nova constituição no sentido material da palavra.

Direitos e Garantias Fundamentais

1. Gerações de direitos: 1.1. Primeira geração: Direitos políticos e civis (ex: liberdade e igualdade legal). 1.2. Segunda geração: Direitos socioeconômicos (ex: saúde e educação). 1.3. Terceira geração: Direitos difusos e coletivos (ex: meio ambiente).

2. Direitos e Garantias no art. 5º da CF/88. 2.1. Vida, integridade física: São direitos invioláveis, sendo inaplicável a pena de morte no

Brasil, exceto em caso de crime de guerra resultante de colaboração com o inimigo. A tortura é proibida.

2.2. Privacidade e intimidade: A vida pessoal do cidadão é resguardada, sendo sua casa local inviolável (exceto nas hipóteses de ordem judicial, situação de perigo ou impedimento de crime), suas comunicações inacessíveis (exceto a interceptação telefônica por ordem judicial e para apuração de crime) e sua imagem não pode ser usada sem sua permissão.

2.3. Propriedade: É protegida pela lei, embora deva exercer a sua função social e possa ser desapropriada (por interesse público permanente), requisitada (por interesse público emergencial e temporário) ou confiscada (por crime). O direito de herança também é assegurado.

2.4. Igualdade: Pode ser entendida no sentido formal (todos são iguais perante a lei) e no sentido material (no sentido de tratar-se desigualmente os desiguais na medida das suas desigualdades).

2.5. Liberdade: Deve ser entendida nos mais diversos sentidos, como liberdade de expressão (proibido o anonimato), de locomoção, de trabalho, de associação, religiosa, etc.

2.6. Segurança: Designa não simplesmente a segurança física, mas sim a segurança jurídica no sentido amplo, consistindo no respeito ao direito adquirido, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada, o direito de demandar proteção do estado quando da violação de seus direitos, aí incluso o direito de petição e o direito de acesso ao Poder Judiciário (incluso o devido processo legal), bem como a proteção contra a prisão ilegal.

3. Remédios constitucionais (ações judiciais usadas em defesa de direitos constitucionais): 3.1. Habeas Corpus: Usado em defesa da liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de

poder, podendo ser impetrado em defesa de qualquer um, não necessitando de advogado. 3.2. Habeas Data: Serve para obter ou corrigir informações pessoais constantes em bancos de

dados públicos. 3.3. Mandado de Segurança: Usado para proteger direito líquido e certo não amparado por

habeas corpus.

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3.4. Mandado de Injunção: Presta-se a permitir o exercício de um direito constitucional obstaculizado por falta de norma regulamentadora.

3.5. Ação Popular: Pode ser proposta por qualquer cidadão e se presta anular ato lesivo ao patrimônio público, ao meio ambiente ou à moralidade administrativa, praticado por ente estatal.

Direitos Sociais Abrangem principalmente os direitos trabalhistas, explicados no capítulo sobre Direito do Trabalho. Direitos de Nacionalidade

1. Brasileiros natos são aqueles: 1.1. São aqueles nascidos em território nacional, ainda que de pais estrangeiros, desde que não

estejam a serviço de seu país de origem. 1.2. Nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira desde que estejam a serviço do Brasil. 1.3. Nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira desde que venham a ser registrados em

repartição pública brasileira (consulado ou embaixada) ou acabe por residir em território nacional e faça opção pela nacionalidade brasileira quando da maioridade. 2. Brasileiros naturalizados são os estrangeiros que – atendidos os requisitos legais – obtenham a

nacionalidade brasileira, sendo acessível a oriundos de países de língua portuguesa que residam no país ininterruptamente há um ano e com idoneidade moral (naturalização ordinária), bem como a demais estrangeiros que residam no país há 15 anos sem condenação penal (naturalização extraordinária).

3. Brasileiros natos vs. naturalizados: A princípio, os dois grupos são iguais perante a lei, porém os seguintes cargos só podem ser ocupados por brasileiros natos: Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, Ministro do STF, Ministro da Defesa, membro do Conselho da República, membro da carreira diplomática e oficial das Forças Armadas. Além disso, empresa jornalística ou de radiodifusão só pode pertencer a brasileiro nato ou naturalizado há mais de 10 anos.

4. Extradição: O brasileiro nato jamais poderá ser extraditado e o brasileiro naturalizado somente por crime cometido antes da naturalização ou tráfico internacional de entorpecentes.

5. Perda da nacionalidade: O brasileiro que obtiver nacionalidade estrangeira (não sendo pela via originária) poderá perder a nacionalidade pátria, exceto se a obtenção da outra for condição de permanência ou de exercício de direitos civis no outro país. No caso do brasileiro naturalizado, a perda também pode ocorrer pela prática de atividade nociva ao interesse nacional.

Direitos Políticos

1. Alistamento eleitoral e voto: Obrigatório para brasileiros alfabetizados que sejam maiores de 18 e menores de 70 anos, sendo facultativo para analfabetos, maiores de 70 anos e menores de 18

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e maiores de 16 anos. Menores de 16 anos, estrangeiros e conscritos durante o serviço militar obrigatório são inalistáveis.

2. Idade mínima para exercício dos cargos políticos eletivos: Dezoito anos para vereador; 21 para deputado (federal ou estadual) prefeito e vice-prefeito; 30 para governador e vice-governador; 35 para senador, presidente e vice-presidente da República.

3. Requisitos para elegibilidade: Nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária, idade mínima (explicado no item anterior) e ser alfabetizado (o analfabeto pode votar, mas não ser votado).

4. Hipóteses de participação popular direta: 4.1. Plebiscito: Consulta prévia a respeito de determinado assunto. 4.2. Referendo: Consulta sobre situação já aprovada e dependente de ratificação. 4.3. Iniciativa Popular: Situação em que a população diretamente (respeitados os percentuais constitucionais previstos nos arts. 27, § 4º, 29, XIII, 61§ 2º). Organização do Estado

1. Estrutura básica: o Brasil é uma república federativa com regime democrático, compreendendo União, estados-membros, Distrito Federal e municípios.

Obs: Os territórios são subdivisões administrativas da União e podem dividir-se em municípios.

2. Vedações: Os entes federativos não podem (art. 19):

I- Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II- Recusar fé aos documentos públicos; III- Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

3. Competências dos entes federativos:

CAPÍTULO II-DA UNIÃO Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

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VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. § 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;

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XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; XVII - conceder anistia; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento) XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

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XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX - propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

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I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino e desporto; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. CAPÍTULO III-DOS ESTADOS FEDERADOS Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. CAPÍTULO IV-Dos Municípios

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Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. CAPÍTULO V-DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS Seção I-DO DISTRITO FEDERAL Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. Seção II-DOS TERRITÓRIOS Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. § 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título. Obs: Em relação à distribuição de competências, vale o princípio do interesse predominante, ou seja, os assuntos de interesse nacional cabem à União, os de interesse local cabem aos municípios e a competência residual pertence aos estados-membros.

4. Intervenção 4.1. Regra geral: Os entes federados são autônomos, não cabendo intervenção, a qual é

medida excepcional. 4.2. Intervenção federal: Pode ocorrer espontaneamente para manter a integridade nacional,

repelir invasão estrangeira ou entre unidades federativas, em razão de grave comprometimento da ordem pública e para reorganizar as finanças do ente. Além disso, pode ocorrer via provocação por solicitação do Poder Legislativo ou Executivo municipal, bem como por requisição do STF, STJ e TSE.

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Obs: A intervenção federal a princípio só é feita em estados-membros, mas pode ser feita também em municípios territoriais. 4.3. Intervenção estadual: Pode ocorrer espontaneamente no caso de não pagamento de

dívida fundada por dois anos consecutivos, salvo razão de força maior, não prestação de contas e não aplicação da receita mínima nas áreas de educação e saúde, bem como via requisição do tribunal de justiça.

Organização dos Poderes

1. Poder Executivo. 1.1. Federal: Chefiado pelo Presidente da República eleito (juntamente com um vice) por

maioria absoluta dos votos válidos em eleição de dois turnos, vedada duas reeleições consecutivas. O mandato é de 4 anos.

1.2. Estadual: Chefiado pelo Governador do Estado eleito (juntamente com um vice) por maioria absoluta dos votos válidos em eleição de dois turnos, vedada duas reeleições consecutivas. O mandato é de 4 anos.

1.3. Municipal: Chefiado pelo Prefeito eleito (juntamente com um vice) por maioria absoluta dos votos válidos em eleição de dois turnos (somente em municípios com mais de 200.000 eleitores), vedada duas reeleições consecutivas. O mandato é de 4 anos.

1.4. Distrital: Chefiado pelo Governador do Estado eleito (juntamente com um vice) por maioria absoluta dos votos válidos em eleição de dois turnos, vedada duas reeleições consecutivas. O mandato é de 4 anos.

2. Poder Legislativo. 2.1. Federal: É bicameral, sendo composto por um Senado (representantes dos estados-

membros, sendo 3 por cada um) e uma Câmara dos Deputados (representantes do povo, variando de 8 a 70 por estado-membro, conforme a população, bem como 4 por território). Os mandatos são de 8 e 4 anos respectivamente, sendo permitida a reeleição indefinidamente. Os parlamentares tem imunidade material (são invioláveis civil e penalmente por suas opiniões, palavras e votos proferidos no exercício da função) e formal (após a diplomação, só podem ser processados perante o STF e com autorização da casa legislativa, bem como só podem ser presos em flagrante de crime inafiançável, devendo os autos ser remetidos em 24 horas à casa legislativa para que esta delibere).

2.2. Estadual: É unicameral, sendo composto por uma Assembleia Legislativa de deputados estaduais equivalentes ao triplo do número de deputados federais por estado-membro até o limite de 36, quando o acréscimo será pari passu. As imunidades são as mesmas. O mandato é de 4 anos, sendo permitida a reeleição indefinidamente.

2.3. Municipal: É unicameral, sendo composto por uma Câmara de Vereadores em número de 9 a 55 conforme a população. O mandato é de 4 anos, sendo permitida a reeleição indefinidamente. A imunidade é apenas material e restrita à circunscrição do município.

2.4. Distrital: É unicameral, sendo composto por uma Câmara Legislativa formada por deputados distritais em número conforme a regra anterior. O mandato é de 4 anos, sendo permitida a reeleição indefinidamente. As imunidades são as mesmas dos deputados estaduais.

2.5. Processo legislativo: Possui as fases de projeto de lei, votação, sanção ou veto (total ou parcial) do poder executivo, aceitação ou derrubada do veto, promulgação e publicação.

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2.5.1. Projeto de lei: É a minuta da futura lei. Enquanto esta não for promulgada, não há que se falar ainda em lei, mas apenas em projeto.

2.5.2. Votação: O Poder Legislativo vota o projeto. Caso seja federal, a votação começa na Câmara dos Deputados (exceto se o projeto de lei for de iniciativa senatorial) e somente se aí for aprovada, vai para o Senado para nova deliberação. Note-se que as discussões legislativas podem alterar o projeto e sempre que isto acontecer, a outra casa deve ser ouvida, mesmo que já tenha se pronunciado. No caso de projeto estadual, distrital ou municipal, a sistemática é simplificada em razão da unicameralidade.

2.5.3. Sanção ou veto do Poder Executivo: Após passar pelo Poder Legislativo, o chefe do Executivo pode sancionar (aprovar) ou vetar o projeto, podendo ser o veto total ou parcial. Havendo silêncio por 15 dias úteis, ocorre a sanção tácita.

2.5.4. Aceitação ou derrubada do veto: O Poder Legislativo pode aceitar o veto (se total, o projeto será arquivado, se parcial, será aprovado naquilo que não foi rejeitado). Por outro lado, o Legislativo pode derrubar o veto se conseguir maioria absoluta na casa.

2.5.5. Promulgação: O chefe do Executivo promulga a lei (seja em seu teor integral, seja em seu teor parcial).

2.5.6. Publicação: A lei é publicada em diário oficial. 2.6. Diplomas legais: 2.6.1. Emenda à constituição: São alterações no texto constitucional, porém não podendo afetar as

cláusulas pétreas. Seu quórum é de 3/5 da casa legislativa e a iniciativa deve advir de 1/3 da mesma.

2.6.2. Lei Complementar: Lei que trata de matérias especificadas no texto constitucional, o qual especifica expressamente ser a lei complementar o diploma legal adequado para tanto. Seu quórum é maioria absoluta.

2.6.3. Lei Ordinária: Trata de matérias legais onde não há exigência da lei complementar. Seu quórum é maioria simples.

2.6.4. Lei delegada: Elaborada pelo chefe do Executivo mediante autorização do Poder Legislativo. 2.6.5. Decretos legislativos e resoluções: Tratam de matéria da competência do Poder Legislativo. 2.6.6. Medidas Provisórias: São de exclusividade do Presidente da República para situações de

relevância e urgência, perdendo a eficácia se não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual período.

3. Poder Judiciário. 3.1. Orgãos: 3.1.1. Supremo Tribunal Federal: Julga primordialmente as causas de natureza constitucional. 3.1.2. Superior Tribunal de Justiça: É a máxima instância para causas infraconstitucionais. 3.1.3. Conselho Nacional de Justiça: Órgão corregedor máximo do Poder Judiciário. 3.1.4. Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais: Julgam as causas em que é parte a União. 3.1.5. Tribunais e Juízes do Trabalho: Julgam as causas que envolvem relações trabalhistas e

sindicais, exceto aquelas envolvendo funcionários públicos. 3.1.6. Tribunais e Juízes Eleitorais: Julgam causas envolvendo alistamento eleitoral, propaganda

política, elegibilidade, candidatura e apuração eleitoral. 3.1.7. Tribunais e Juízes Militares: Julgam causas de sua competência que envolvem as Forças

Armadas. 3.1.8. Tribunais e Juízes dos Estados e Distrito Federal e Territórios: Tem a competência residual

para julgar as causas não abrangidas pelos tribunais retromencionados.

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Obs: A Justiça do Distrito Federal é mantida pela União.

3.2. Garantias: 3.2.1. Vitaliciedade: Após o estágio probatório (2 anos) só perde-se o cargo por sentença transitada

em julgado. 3.2.2. Inamovibilidade: Não pode ser removido de comarca ou vara arbitrariamente, mas somente

nas hipóteses previstas em lei. 3.2.3. Irredutibilidade de subsídios.

3.3. Vedações: 3.3.1. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério. 3.3.2. Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo. 3.3.3. Dedicar-se à atividade político-partidária 3.3.4. Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades

públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. 3.3.5. Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do

afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

3.4. Funções essenciais à Justiça 3.4.1. Ministério Público: Incumbido da defesa da ordem jurídica, regime democrático e direitos

coletivos indisponíveis ou de relevante valor social. Constitui-se do Ministério Público da União (Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e Territórios) e dos Estados, tendo por princípios a unidade, indivisibilidade e independência funcional.

3.4.2. Advocacia Pública: Representa a União judicial e extrajudicialmente. Seu equivalente nas esferas estadual e municipal são as procuradorias dos estados e dos municípios.

3.4.3. Defensoria Pública: Tem por função a representação legal dos necessitados que não podem arcar com advogados particulares em processos. São inamovíveis e não podem exercer advocacia particular.

Controle de Constitucionalidade

1. Conceito: Sistema pelo qual se impede ou se corrige a criação de leis inconstitucionais.

2. Tipos de controle de constitucionalidade: 2.1. Preventivo (ocorre durante o processo legislativo) ou repressivo (após a norma inconstitucional ser criada). 2.2. Político (feito por órgãos políticos) ou judiciário (feito pelo Poder Judiciário). 2.3. Difuso (feito pelo Judiciário quando da análise de um caso concreto) ou concentrado (feito de maneira abstrata, cabendo apenas ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade ou arguição por descumprimento de preceito fundamental).

Defesa do Estado e das instituições democráticas

1. Estado de Defesa: Decretado pelo Presidente da República para preservar ou reestabelecer a ordem pública ou paz social em locais determinados, que sejam perturbadas por instabilidade

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institucional grave ou calamidades naturais. Gera restrições a direitos de reunião, quebra de sigilo de comunicações e requisição de bens públicos. Sua duração é de 30 dias prorrogáveis por igual período.

2. Estado de Sítio: Cabível em casos onde o Estado de Defesa se mostre ineficaz ou em caso de guerra. Gera restrições à liberdade de locomoção, detenção fora das hipóteses normais (flagrante ou ordem judicial), quebra do sigilo de comunicações, restrições à liberdade de informação, de imprensa e radiodifusão, suspensão da liberdade de reunião e da inviolabilidade de domicílio, intervenção em empresas de serviço público e requisição de bens. Sua duração é de 30 dias prorrogáveis por igual período.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceitos Básicos

1. Administração Pública: É o conjunto do aparato do estado, voltado para realização de suas

atividades meio e fim. Quando se referir ao aparato estatal, deve ser escrito com iniciais maiúsculas. Quando tratar da atividade (também chamada de função administrativa), com letras minúsculas.

2. Direito Administrativo: Ramo do Direito que trata das relações internas e externas da Administração Pública. As relações internas são aquelas existentes entre os órgãos e agentes da Administração Pública, enquanto que as relações externas são aquelas que abarcam os particulares ou súditos da Administração Pública.

3. Regime Jurídico-Administrativo: Conjunto de regras atinentes à atividade administrativa. Estrutura da Administração Pública

1. Administração Direta ou Centralizada: Formada pelas Pessoas Políticas (União, estados-membros, DF e municípios) e suas subdivisões despersonalizadas, que são os órgãos (Ex: ministérios e secretarias). Esta subdivisão recebe o nome de desconcentração

2. Administração Indireta ou Descentralizada: Formada por entes personalizados criados pelas pessoas políticas, mas autônomos a estas. Este fenômeno se chama descentralização. As principais são:

2.1. Autarquias: Criadas para executar funções típicas do Estado. Ex: INSS. 2.2. Fundações: Criadas para executar funções sociais, assistenciais, educacionais, de saúde e

pesquisa: UEA, UFAM, Fundação Instituto Tropical. 2.3. Empresas estatais: Dividem-se em: 2.3.1. Empresas Públicas: O Estado é dono de todo o capital. Ex: CEF, Correios. 2.3.2. Sociedades de Economia Mista: O Estado controla a maior parte do capital votante, mas

admite-se capital privado. Ex: PETROBRAS, Banco do Brasil. Obs: Existem entidades chamadas de paraestatais, as quais, embora não pertençam ao Estado (muitas vezes são criadas por particulares), atuam em paralelo à Administração Pública, sendo chamados de entes de cooperação: Serviços Sociais Autônomos, Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

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Princípios do Direito Administrativo

1. Princípios constitucionais fundamentais:

1.1. Legalidade: Administração Pública só pode fazer o que está previsto na lei. 1.2. Impessoalidade: Este princípio desdobra-se em dois aspectos, sendo o primeiro deles a Finalidade, que consiste no dever da Administração Pública em tratar os súditos de maneira impessoal, ou seja, sem estabelecer discriminações e privilégios arbitrários. O outro aspecto é que a Administração Pública não confunde com a figura do agente público: 1.3. Moralidade: Também chamado de Probidade, consistindo em um padrão ético a ser seguido pelo agente público no exercício de sua função. 1.4. Publicidade: Os atos da Administração Pública não são secretos. Três exceções são cabíveis: Informações sobre investigação policial; dados sobre segurança nacional; resguardo a intimidade e privacidade. 1.5. Eficiência: A Administração Pública deve visar resultados

2. Demais princípios (também chamados de princípios da Administração).

2.1. Supremacia do Interesse Público: Havendo conflito entre o interesse público e o particular, o primeiro sempre prevalecerá. 2.2. Indisponibilidade do interesse público: O agente público não pode dispor do interesse público como lhe convém ou como poderia fazer com o interesse privado. 2.3. Autotutela: A Administração pode e deve controlar seus próprios atos, anulando-os ou revogando-os conforme o caso. A diferença entre ambas as situações será vista na parte sobre extinção do ato administrativo. 2.4. Proporcionalidade e Razoabilidade: A Administração Pública deve buscar soluções que guardem pertinência e congruência com os problemas enfrentados, não adotando medidas extremas, exceto se realmente necessário. 2.5. Continuidade dos serviços públicos: Os serviços públicos não devem ser passíveis de interrupção, principalmente no tocante aos essenciais. 2.6. Motivação: Implica no dever se justificar por razões fáticas e jurídicas a prática de um ato administrativo, de maneira a se evitar situações de arbitrariedade.

Fontes do Direito Administrativo

1. Lei: A fonte fundamental e obrigatória do Direito Administrativo, até em função do Princípio da Legalidade. 2. Jurisprudência: É o conjunto reiterado de decisões consolidadas dos órgãos julgadores, dividindo-se em jurisprudência judicial (provinda do Poder Judiciário no exercício de atividade judicante) e administrativa (provinda da Administração Pública). 3. Costumes: Embora não seja uma fonte tão forte, os costumes em matéria administrativa também são levados em conta. 4. Doutrina: Muitos divergem se a doutrina é fonte do direito ou apenas uma interpretação dele. De qualquer maneira, consiste nos estudos dos juristas consagrados no meio jurídico.

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Servidores Públicos

1. São todos os agentes administrativos do serviço público. 2. Classificação. 2.1. Empregados Públicos: Regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT 2.2. Servidores Temporários: O regime de natureza administrativa. São escolhidos mediante processo seletivo simplificado para serviços pontuais, como é o caso dos recenseadores do IBGE. O contrato tem duração de até dois anos, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período. 2.3. Funcionários Públicos: São regidos por regra do regime jurídico-administrativo, denominada regime estatutário. Dividem-se em duas categorias: 2.3.1. Funcionário Público comissionado: Exerce cargo de confiança, não havendo concurso ou seleção para sua escolha. 2.3.2. Funcionário Público efetivo: É escolhido mediante concurso público, tendo vínculo de natureza permanente (após confirmação em estágio probatório de três anos) e só podendo ser dispensado nas hipóteses previstas em lei. Recebe remuneração que é composta por vencimento básico mais adicionais. Obs: O concurso público é válido por até dois anos, admitida uma prorrogação por igual período.

3. Formas de provimento: São os mecanismos de preenchimento do cargo público 3.1. Provimento originário: É o preenchimento de cargo por servidor sem vínculo anterior de

continuidade com a carreira. Existe uma hipótese somente que é a nomeação. 3.2. Provimento derivado: 3.2.1. Promoção: É a ascensão de um cargo para o outro, podendo se dar mediante merecimento

ou antiguidade. 3.2.2. Readaptação: É a inserção em novo cargo mais condizente com as aptidões de servidor que

sofreu alguma debilidade que o tornou inapto para o cargo anterior. 3.2.3. Reintegração: É o retorno ao cargo do servidor que foi despedido injustamente e conseguiu

reverter a demissão através de processo administrativo ou judicial. 3.2.4. Reversão: É o retorno do aposentado, quando insubsistentes as razões que ensejaram a

aposentadoria. Ex: Se o aposentado por invalidez recupera sua plena saúde, deve voltar. 3.2.5. Aproveitamento: É quando o servidor em disponibilidade volta a preencher um cargo.

Disponibilidade é o afastamento temporário do servidor, porém não seu desligamento, ficando ele em situação na qual a qualquer momento pode ser chamado de volta para o exercício do cargo.

4. Formas de vacância: São os meios pelos quais um cargo público fica vago: 4.1. Falecimento 4.2. Aposentadoria 4.3. Exoneração 4.3.1. A pedido: O próprio funcionário público pede sua saída do cargo 4.3.2. Ad nutum: A Administração Pública dispensa o funcionário imotivadamente, mas isto só pode

acontecer com o funcionário comissionado. 4.3.3. Por reprovação em estágio probatório: O funcionário é considerado inapto pelas avaliações

feitas no período de três anos para obter a estabilidade. 4.4. Demissão: É penalidade, visto ser aplicada mediante processo administrativo a funcionário que

cometeu algum ato ilícito. Distingue-se totalmente da exoneração, pois esta última não macula o funcionário (mesmo na reprovação em estágio probatório), podendo ele prestar outros

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concursos, enquanto que a demissão muitas vezes impõe restrições ao reingresso da pessoa no serviço público.

5. Acúmulo de cargos: 5.1. Regra geral: É proibido acumular cargos de acordo com a legislação brasileira 5.2. Exceções (desde de que haja compatibilidade de horário): 5.2.1. Dois cargos de professor. 5.2.2. Um cargo de professor e um cargo técnico ou científico. 5.2.3. Dois cargos de profissional da saúde. 6. Direito de greve e sindicalização: São direitos do servidor público (desde que não comprometa a

continuidade dos serviços públicos), exceto para os militares. 7. Tipos de aposentadoria 7.1. Por invalidez: Pode ser integral (vencimentos completos) ou proporcional; 7.2. Compulsória: Aos 70 anos de idade. 7.3. Voluntária por idade e tempo de serviço: Exige 60 anos de idade e 35 de contribuição para o

homem, bem como 55 anos de idade e 30 de contribuição para a mulher, sendo os proventos integrais. Em ambos os casos é necessário mínimo de 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo.

Poderes Administrativos 1. Vinculado: Aquele cujo exercício não permite discricionariedade ao agente público. 2. Discricionário: Aquele cujo exercício permite discricionariedade ao agente público. 3. Normativo ou Regulamentador: Serve para emitir normas e determinações. 4. Hierárquico: Determina a cadeia de comando na Administração Pública. 5. Disciplinar: É o poder punitivo aplicado internamente na Administração Pública 6. Poder de Polícia: Impõe restrições e aplica penalidades aos cidadãos, desde que em prol do bem

comum, dividindo-se em: 6.1. Polícia Judiciária: Abrange as corporações policiais como Polícia Civil, Federal, etc. 6.2. Polícia Administrativa: Abrange órgãos de fiscalização como PROCON, Vigilância Sanitária, etc.

Obs: O abuso de poder pode se dar por excesso, desvio ou omissão. Atos administrativos

1. Conceito: Manifestação de vontade do Estado visando produzir efeitos jurídicos. 2. Atributos: 2.1. Presunção de legitimidade: Presume-se que o ato é lícito e seu conteúdo verídico. 2.2. Imperatividade: Os atos administrativos impõe-se como obrigatórios 2.3. Exigibilidade: Uma vez que são obrigatórios, o Estado pode exigir seu cumprimento. 2.4. Autoexecutoriedade: Além de exigir, pode o Estado tomar por conta própria as medidas para

que o ato seja cumprido. 2.5. Tipicidade: O ato deve estar previsto em lei. 3. Requisitos. 3.1. Competência: Determina quem tem poder de praticar o ato. 3.2. Finalidade: Indica o resultado a que se destina o ato.

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3.3. Forma: Modo de produção do ato 3.4. Motivo: Causa que enseja a prática do ato. 3.5. Objeto: É o núcleo ou conteúdo do ato. Obs: A junção de objeto e motivo se chama mérito. 4. Classificação 4.1. Quanto ao regramento: Vinculados ou discricionários. 4.2. Quanto à formação: simples (manifestação de uma única vontade), complexos (derivam de

mais de uma vontade simultânea) e compostos (derivam de mais de uma vontade sequencial). 4.3. Quanto ao objeto: Atos de império, de gestão e mero expediente. 4.4. Quanto aos efeitos: Internos ou externos. 5. Espécies 5.1. Normativos: Cria regras, sendo derivado do Poder Normativo ou Regulamentar 5.2. Ordinatórios: Regulam ou ordenam internamente a Administração Pública, derivando do Poder

Hierárquico. 5.3. Negociais: Atos de interesse convergente entre particular e Estado, derivando do Poder

Vinculado. 5.4. Punitivos: Atos que aplicam penalidades dentro da Administração Pública, derivado do Poder

Disciplinar. 5.5. Enunciativos: Atos que meramente declaram uma situação jurídica. 6. Extinção 6.1. Exaurimento: É o encerramento do ato pelo seu cumprimento integral. 6.2. Caducidade: É o desfazimento do ato pelo advento de lei nova incompatível. 6.3. Contraposição: É o desfazimento do ato pelo advento de novo ato incompatível. 6.4. Revogação: É o desfazimento do ato por motivo de conveniência ou oportunidade da

Administração Pública, tendo efeitos ex nunc 6.5. Anulação: É o desfazimento do ato motivo de ilegalidade originária, tendo efeitos ex tunc. 6.6. Cassação: É o desfazimento do ato por descumprimento de seus requisitos pelo particular

beneficiado (geralmente por ato negocial). Obs: Por vezes é possível o ato com falhas ser corrigido mediante o procedimento de convalidação.

Bens Públicos

1. Conceito: Conjunto de bens pertencentes ou à disposição do Estado. 2. Classificação: 2.1. Bens de uso comum do povo: São de uso livre da população. 2.2. Bens de uso especial: São de uso restrito em razão de finalidades específicas. 2.3. Bens dominicais: São de uso restrito também, embora sem finalidades específicas. 3. Afetação: É o vínculo ou destinação específica que possui um bem. A retirada desta destinação

chama-se desafetação Responsabilidade Civil do Estado e do Servidor

1. Responsabilidade Civil do Estado: 1.1. Natureza objetiva: Independente de culpa ou dolo. 1.2. Direito de regresso: Responsabilização do servidor culpado. 1.3. Prescrição: 5 anos.

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2. Responsabilidade do servidor: 2.1. Tipos: Civil (solidária com o Estado), Penal (personalíssima) e Administrativa. 2.2. Natureza subjetiva: Depende de culpa (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo. Obs: A responsabilidade do Estado pode ser subjetiva em caso de omissão.

Licitações e Contratos Administrativos.

1. Conceito: Procedimento destinado à escolha de proposta mais vantajosa para o Poder Público. 2. Princípios: 2.1. Isonomia: Os licitantes devem ser tratados igualmente. 2.2. Procedimento formal: As regras da licitação devem ser respeitadas. 2.3. Adjudicação compulsória: O vencedor da licitação é quem assina o contrato. 2.4. Sigilo das propostas: As propostas só são reveladas na fase final. 2.5. Competição ou competitividade: As regras devem assegurar uma disputa sadia. 2.6. Vinculação ao instrumento convocatório: O edital é a regra da licitação, vinculando seus atos. 2.7. Julgamento objetivo: A escolha do vencedor deve se pautar por critérios impessoais e

mensuráveis. 2.8. Ampla fiscalização: Qualquer um pode fiscalizar uma licitação. Obs: Os outros princípios constitucionais-administrativos também são aplicáveis. 3. Tipos de licitação: 3.1. Menor preço: Usado quando a Administração Pública está comprando. 3.2. Maior oferta: Usado quando a Administração Pública está vendendo. 3.3. Melhor técnica: Leva em conta somente o aspecto qualitativo. 3.4. Melhor preço e técnica: Leva em conta os aspectos qualitativo e quantitativo. 4. Modalidades de licitação: 4.1. Concorrência: Pode ser usada para qualquer valor, mas é obrigatória em contratações gerais a

partir de R$ 650.000,00 e obras e serviços de engenharia a partir de R$ 1.500.000,00. Admite a participação de qualquer interessado.

4.2. Tomada de preços: Pode ser usada para qualquer valor que não ultrapasse os acima mencionados. Podem participar fornecedores previamente cadastrados ou que se cadastrem até 3 dias antes da abertura das propostas.

4.3. Convite: Só pode ser usado em valores até R$ 80.000,00 para contratações gerais e R$ 150.000,00 para obras e serviços de engenharia. A princípio são convidados pelo menos 3 fornecedores para o certame, mas outros também podem participar.

4.4. Concurso: Modalidade usada para escolha de melhor trabalho científico, técnico ou artístico, oferecendo-se prêmio em contrapartida.

4.5. Leilão: Usado para venda de produtos, como material inservível, bens apreendidos, etc. 4.6. Pregão: Usado para aquisição de bens e serviços simples que admite lances sucessivos em

busca do menor preço. 5. Fases da licitação: 5.1. Fase interna: Envolve todos os atos até antes da publicação do edital, 5.2. Fase externa: 5.2.1. Edital: É o instrumento legal que contém as regras da licitação. No caso do convite, não há

edital e sim carta convite.

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5.2.2. Habilitação: Análise dos concorrestes de acordo com a aptidão jurídica, técnica, econômico-financeira e fiscal.

5.2.3. Classificação e julgamento: Análise das propostas e escolha da melhor. 5.2.4. Homologação: Formalização do resultado do julgamento. 5.2.5. Adjudicação: Formalização da atribuição do objeto da licitação ao seu vencedor. 6. Contratação direta: É a que ocorre sem licitação, podendo de dar de três maneiras: 6.1. Licitação inexigível: Não é realizada por impossibilidade legal e inviabilidade prática. 6.2. Licitação dispensada: Não é realizada por impossibilidade legal, embora pudesse ser viável na

prática. 6.3. Licitação dispensável: A lei deixa à escolha do administrador público se a licitação será feita ou

não. 7. Contratos Administrativos: 7.1. Conceito: Contrato entre a Administração Pública e o particular, regido por regras de Direito

Público. 7.2. Cláusulas exorbitantes: São regras excessivamente favoráveis à Administração Pública,

aplicáveis aos contratos em razão da supremacia do interesse público: 7.2.1. Garantia, que pode ser em depositou, por seguro ou fiança bancária. 7.2.2. Aplicação de penalidades, como multas contratuais. 7.2.3. Dever do particular em suportar a inadimplência do Poder Público até 90 dias. 7.2.4. Direito de rescisão unilateral pelo Poder Público, enquanto que o particular só pode rescindir

o contrato judicialmente. 7.3.

Serviços Públicos

1. Conceito: Toda atividade realizada pelo Estado direta ou indiretamente, visando a população. 2. Classificação: 2.1. Gerais (uti universi) quando atendem a coletividade de maneira indistinta e individuais (uti

singuli) quando atendem a pessoas determinadas de pessoas individualizadas. 2.2. Próprios quando são realizados diretamente pelo Estado e impróprios quando admitem

delegação. 3. Formas de delegação do serviço público: 3.1. Concessão: Usada para delegação de serviços públicos de maior complexidade e que exigem

alto investimento, sendo formalizada mediante contrato administrativo de longa duração, sendo o particular remunerado pelas tarifas ou preços públicos pagos pelos usuários.

3.2. Permissão: Em tese resultaria de ato unilateral, mas a lei impõe contrato administrativo, sendo usado para serviços de complexidade média.

3.3. Autorização: Usado para serviços públicos de baixa complexidade, sendo formalizada mediante um ato unilateral do Poder Público.

Limitações ao Direito de Propriedade

1. Conceito: São prerrogativas do Poder Público que lhe permite intervir, usar ou expropriar bens privados.

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2. Tipos: 2.1. Requisição: O Poder Público usa temporariamente um bem, geralmente por curto lapso de

tempo e em situações emergenciais. 2.2. Ocupação temporária: O Poder Público assume a posse de um bem, não apenas utilizando-o,

mas nele permanecendo temporariamente. 2.3. Tombamento: Restrições impostas que restringem o uso de bens por razões históricas,

artísticas, culturais, etc. 2.4. Servidão administrativa: Situação em que o Estado interfere numa propriedade, impondo um

ônus ao dono, mas sem que este perca sua posse. 2.5. Desapropriação: É a compra forçada de bem particular. Em regra o dono não pode recusar-se a

vender, mas apenas discutir a indenização. 2.6. Confisco: Tomada de propriedade por uso ilegal da mesma (plantação de substâncias ilícitas).

Não há direito à indenização.

Direito Tributário Teoria Geral do Direito Tributário – conceitos básicos

1. Conceito de Tributo: De acordo com o Código Tributário Nacional, tributo é uma prestação pecuniária compulsória, instituída em lei, que não decorra de ato ilícito e cuja cobrança se dá por atividade administrativa vinculada.

2. Competência Tributária: É o poder de instituir tributo pela Administração Pública Tributária, tendo por características ser exclusiva e indelegável.

3. Capacidade Tributária ativa: É o poder de cobrar, arrecadar e fiscalizar o tributo. Não confundir com competência, que abrange o poder para instituir o tributo, coisa que não está inserida na capacidade tributária. Quem detém a capacidade ativa é chamado de sujeito ativo da obrigação tributária.

4. Capacidade Tributária passiva: É a aptidão de ser responsável pelo tributo, também chamado por alguns de capacidade contributiva (veremos que há outro significado para este termo). Quem detém a capacidade tributária passiva é chamado de sujeito passivo da obrigação tributária.

5. Fato gerador: Situação fática que gera incidência do tributo. Ex: Possuir renda é o fato gerador para incidência do Imposto sobre a Renda.

6. Fiscalidade: Finalidade essencial dos tributos, ou seja, gerar recursos para o Estado.

7. Extrafiscalidade: É a utilização dos tributos com a finalidade principal de regulamentar a atividade econômica, ficando o aspecto arrecadatório em segundo plano.

8. Base de cálculo: Valor sobre o qual será calculado o tributo. Ex: A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel.

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9. Alíquota: Fator que será aplicado para atribuição do valor do imposto, podendo ser percentual

(alíquota ad valorem) ou específico (ad mensuram).

Princípios Constitucionais Tributários

1. Legalidade: A criação, alteração e extinção de tributos só pode ocorrer mediante lei. Há exceções em relação a alguns impostos que podem ter suas alíquotas alteradas por ato do Poder Executivo.

2. Anterioridade: A norma tributária que onera o sujeito passivo não tem vigência imediata, gerando seus efeitos no ano seguinte ao da mudança legal, com antecedência mínima de 90 dias, embora haja algumas exceções.

3. Irretroatividade: Característica geral da norma jurídica, cujos efeitos em regra não atingem fatos passados antes da vigência da norma.

4. Isonomia: Os contribuintes devem ser tratados igualmente, porém na medida de suas desigualdades.

5. Capacidade contributiva: É corolário da isonomia, pois na medida do possível, os tributos devem respeitar a capacidade econômico-financeira do contribuinte.

6. Vedação ao confisco: O tributo não deve ser utilizado com a finalidade de expropriar os bens do contribuinte, tornando a propriedade tão onerosa que não reste ao proprietário senão abrir mão dela para o Estado.

7. Não discriminação tributária em razão da origem ou destino dos bens: As unidades federativas não podem criar regras que onerem mais mercadorias oriundas de determinado estado-membro em comparação com outros.

Tipos de tributos

1. Imposto: Tributo que tem por fato gerador situação totalmente independente da atuação estatal, não tendo qualquer destinação específica.

2. Taxa: Tem por fato gerador uma atividade estatal específica, funcionando com uma contraprestação e podendo ser em função da prestação de serviço público ou de poder de polícia.

3. Contribuições de Melhoria: Tem por fato gerador a valorização imobiliária decorrente de obras públicas.

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4. Empréstimos compulsórios: Só podem ser cobrados pelo governo federal e em apenas em caso de guerra externa ou sua iminência, bem como em caso de investimento público caracterizado por urgência e relevância.

5. Contribuições especiais: São exigidas para custeio de determinadas atividades, podendo ser sociais (que financiam a Seguridade Social), de categoria profissional (anuidade do Conselho Regional de Economia), intervenção no domínio econômico (chamada de CIDE, como a que incide em combustíveis) e para custeio de iluminação pública.

Imunidades

1. Conceito: É limitação de competência tributária prevista no texto constitucional, a qual impede a tributação em determinada situações.

2. Principais tipos de imunidade. 2.1. Recíproca: Impede que União, Estados, DF e Municípios instituam impostos sobre o patrimônio, renda e serviços uns dos outros. É absoluta em relação à Administração Pública Direta, porém relativa para a Administração Pública Indireta, visto alcançar autarquias e fundações, mas não as empresas estatais. 2.2. Templos religiosos: De maneira a proteger a liberdade religiosa, os templos são imunes a impostos, porém somente em relação ao patrimônio, receitas e serviços relacionados com a atividade essencial da organização religiosa. Por exemplo, se uma organização religiosa é proprietária de uma emissora de TV, esta última não é protegida pela imunidade. 2.3. Partidos Políticos: A intenção é proteger a liberdade político-partidária. 2.4. Sindicatos: Tem por função proteger a liberdade sindical. 2.5. Entidades assistenciais: A ideia é estimular a atividade filantrópica, desonerando-a tributariamente. 2.6. Livros, jornais, periódicos e papel utilizado na sua confecção: A finalidade é proteger a liberdade de imprensa. Obs: A imunidade não se confunde com a isenção, pois esta última, embora também afaste a tributação, é prevista em norma infraconstitucional. Crédito tributário

1. Conceito: Crédito tributário representa o direito líquido e constituído do Estado em cobrar. 2. Lançamento: É o mecanismo pelo qual se constitui o crédito tributário, podendo ser de três

tipos: 2.1. Lançamento de ofício ou direto: O Estado realiza completamente e sozinho a constituição

do crédito tributário, sem que seja necessário o sujeito passivo praticar qualquer ato ou fornecer qualquer informação. Ex: O lançamento do IPTU, que é calculado e enviado para a residência do contribuinte sem que este precise fazer coisa alguma.

2.2. Lançamento por declaração: O sujeito passivo informa os dados exigidos pelo Estado, que a partir daí realiza os procedimentos para cálculo e imposição do tributo. Ex: Imposto sobre Transmissão de Bens imóveis.

2.3. Lançamento por homologação: O Fisco não participa do procedimento de constituição do crédito tributário, o qual é de responsabilidade exclusiva do sujeito passivo que fará o

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pagamento, cabendo ao Estado ao final aceitar ou não o que foi feito, lembrando que o silêncio implica em aceitação. Ex: Imposto sobre a Renda.

Obrigação tributária

1. Conceito: A obrigação representa a obrigação constituída e certa do contribuinte em pagar o tributo.

2. O sujeito passivo, como já dito, é aquele que detém a obrigação tributária, dividindo-se em dois tipos:

2.1. Contribuinte: É o sujeito passivo diretamente vinculado ao fato gerador, inclusive por ele criado. 2.2. Responsável tributário: É o sujeito passivo responsável pelo adimplemento da obrigação tributária gerada por fato de outrem, ocorrendo nas seguintes situações: 2.2.1. Sucessão de bens. Ex: A pessoa adquire uma casa que tem dívidas de IPTU da época do antigo dono, assumindo o novo dono a responsabilidade por elas, embora depois tenha o direito de entrar com ação de regresso contra o antigo proprietário. Esta situação não se aplica em aquisição por hasta pública. 2.2.2. Sucessão causa mortis. Ex: O filho herda bens do falecido pai, porém este último também deixa dívidas fiscais, devendo o filho assumir a responsabilidade por elas, preferencialmente pagando-as com os recursos do espólio ainda durante o processo de inventário. Lembre-se a regra de que ninguém pode responder por dívidas superiores ao ativo da herança. 2.2.3. Sucessão da pessoa jurídica. Ex: Uma sociedade empresária adquire uma outra e automaticamente passa a ser responsável pelas dívidas fiscais (além de outras) que a mesma detinha. 2.2.4. Sucessão por transferência de estabelecimento empresarial: Não é a mesma coisa que hipótese anterior, pois implica apenas em transferência de um determinado conjunto de bens. Ex: Uma rede de restaurantes vende um deles, havendo responsabilidade do novo proprietário apenas pelos tributos que incidirem sobre aquele estabelecimento específico. 2.2.5. Responsabilidade por terceiros. Ex: As empresas possuem a responsabilidade tributária em repassar os valores correspondentes ao Imposto sobre a Renda de seus empregados, mediante desconto direto em fonte.

3. Classificação: A obrigação tributária pode ser principal (consistindo no dever de pagamento do crédito tributário) ou acessória (também chamada de instrumental e que se refere a deveres que não envolvem pagamento, como apresentar a declaração anual de ajuste do Imposto sobre a Renda). Impostos em espécie:

1. Impostos federais: 1.1. Imposto sobre Importação (II): Como o próprio nome diz, incide sobre a importação de

produtos do exterior. Não está sujeito ao princípio da legalidade ou ao da anterioridade. 1.2. Imposto sobre Exportação (IE): Incide sobre a exportação de produto nacional, embora

haja toda uma legislação reduzindo a incidência deste imposto no intuito de tornar as exportações brasileiras mais competitivas. Também não está sujeito ao princípio da legalidade ou ao da anterioridade.

1.3. Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer Natureza (IR): Seu fato gerador é a aquisição de disponibilidade sobre proventos ou rendas (inclusive as ilegais). Tem por princípios a universalidade (abrange a totalidade das rendas), progressividade (deve usar diferentes

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alíquotas de acordo com a disponibilidade financeira do sujeito passivo) e generalidade (deve incidir sobre a população em geral, exceto aquelas abrangidas por imunidade ou isenção). Pode incidir sobre pessoas físicas ou jurídicas.

1.4. Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI): Incide produtos industrializados em geral, tanto nacionais quanto importados. Seu princípio é a seletividade em função da essencialidade (a incidência do imposto é menor para produtos considerados essenciais).

1.5. Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): Na verdade este tipo abrange quatro situações, que são as operações de crédito, câmbio, seguros ou sobre títulos e valores mobiliários.

1.6. Imposto Territorial Rural (ITR): Incide sobre o terreno de imóvel rural (edificações e outras acessões artificiais são excluídas). Tem por característica a progressividade, sendo mais pesado para grandes propriedades não produtivas.

1.7. Imposto sobre Grandes Fortunas: Embora previsto no texto constitucional, nunca foi implementado.

2. Impostos estaduais. 2.1. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): Incide sobre a circulação de

mercadorias e sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal, bem como comunicação, energia elétrica e importação de bens. Não incide sobre mercadorias destinadas à exportação.

2.2. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação: Incide sobre heranças e doações. 2.3. Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA): Como o próprio nome diz, incide

sobre a propriedade de veículo, tanto de quatro quanto de duas rodas, não incidindo sobre aeronaves e embarcações.

3. Impostos municipais 3.1. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU): Incide sobre imóvel

urbano como um todo (e não apenas sobre o terreno, como o ITR). Além de estar em zona urbana, o imóvel deve estar em área com melhoramentos urbanos (sistema de esgotos, calçada e meio-fio, etc.).

3.2. Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI): Recai sobre alienações custosas, pois as gratuitas são tributadas pelo ITCMD.

3.3. Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN): Recai sobre os serviços não tributados pelo ICMS, de acordo com as normas de cada município.

Situações de suspensão da exigibilidade do crédito tributário

1. Moratória: É a prorrogação de prazo para pagamento da dívida. Só pode ser concedida por lei. 2. Depósito: O sujeito passivo que ache estar sendo cobrado injustamente pode depositar o valor

em juízo até dirimir a controvérsia. Isto evita inscrição no cadastro de inadimplentes. 3. Recurso administrativo: A interposição de tais recursos suspende a exigibilidade do crédito,

conforme os critérios legais. 4. Liminar em mandado de segurança ou antecipação de tutela em outras ações: Configuram

decisão provisória dada em juízo, podendo ser revertida ao longo do processo. 5. Parcelamento: Também depende de lei.

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Situações de extinção do crédito tributário.

1. Pagamento: O adimplemento automaticamente extingue o débito. 2. Compensação: O tributo devido é compensado com algum crédito de mesma natureza que o

contribuinte tenha com a Administração Pública. 3. Transação: O crédito é extinto por meio de negociação envolvendo concessões recíprocas. 4. Remissão: É o perdão da dívida. 5. Decadência: É a perda do prazo (em regra de 05 anos) para realizar o lançamento do crédito

tributário. 6. Prescrição: É a perda do prazo (em regra de 05 anos, também) para cobrar o crédito tributário já

lançado. 7. Conversão de depósito em renda: É quando o depósito (mencionado no item anterior) é

definitivamente revertido para o Fisco. 8. Consignação em pagamento: Também implica em um depósito em juízo, mas com uma diferença

marcante, que é o fato do depositante reconhecer a dívida, mas por algum motivo, estar impedido de pagá-la da maneira desejada.

9. Decisão transitada em julgado. 10. Dação em pagamento: O sujeito passivo entrega bens ao Fisco como meio de adimplir a dívida.

Situações de exclusão do crédito tributário

1. Isenção: Como já dito, são hipóteses infraconstitucionais que protegem determinadas situações da tributação.

2. Anistia: É o perdão das penalidades pecuniárias. Administração Tributária

1. Dever de prestação de contas: Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativos do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais, ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los (art. 195 do CTN).

2. Dever de guarda dos documentos: Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram (parágrafo único do art. 195).

3. Dever de prestar informações sobre negócios de terceiros: Trata-se da responsabilidade em informar o Fisco sobre situações de seu interesse que digam respeito a fatos geradores praticados por outrem. Neste sentido, estão obrigados:

3.1. Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; 3.2. Os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;

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3.3. As empresas de administração de bens; 3.4. Os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; 3.5. Os inventariantes; 3.6. Os síndicos, comissários e liquidatários; 3.7. Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício,

função, ministério, atividade ou profissão.

4. Certidões fiscais. 4.1. Certidão Negativa de Débitos: Comprova que o sujeito passivo não está inadimplente perante o Fisco. 4.2. Certidão Positiva com Efeitos de Negativa: Comprova que o sujeito passivo está com débitos perante o Fisco, porém os mesmos estão com a exigibilidade suspensa. 4.3. Certidão Positiva: Comprova que o sujeito passivo está com débitos perante o Fisco, cuja exigibilidade é certa.

5. Dever de sigilo: A autoridade tributária deve manter sigilo sobre as informações às quais têm

acesso, todavia tais dados podem ser repassados nas seguintes hipóteses, previstas no art. 198 do CTN:

- Requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; - Solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa; - Intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo; - Representações fiscais para fins penais; - Inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; - Parcelamento ou moratória.