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ELEMENTOS DE UM PROJETO DE MONOGRAFIA, DE UMA MONOGRAFIA E DE UM ARTIGO CIENTÍFICO Prof. Ademir Machado de Oliveira, Msc. Um Projeto de Monografia (Projeto de Pesquisa ou Projeto de TCC – Trabalho de Conclusão de Curso) é realizado para servir de planejamento para o desenvolvimento da monografia, seja em estudos de graduação (monografia), de especialização (monografia), de mestrado (dissertação) e de doutorado (tese) ou qualquer outra pesquisa científica ou de iniciação científica. Dessa forma, a seguir apresentam-se os elementos que compreendem tanto a monografia quanto o projeto de monografia e os relatórios destes trabalhos ou de trabalhos correlatos. 1.1 Elementos da Estrutura de uma Monografia A estrutura de uma Monografia contempla elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Estes elementos são comuns e também específicos para cada tipo de estudo monográfico (escrito por uma única pessoa), como Monografia para graduação e pós-graduação latu sensu (especialização e mestrado profissional), e Dissertação (para mestrado) e Tese (para doutorado), e também para pesquisas científicas de qualquer natureza. A NBR-15287, de dezembro de 2005, que estabelece parâmetros para apresentação e documentação de Projeto de Pesquisa e a NBR-14724, também de dezembro de 2005, fixa as normas para apresentação de trabalhos acadêmicos, segundo estas, as quais têm muito em comum, na estrutura de um projeto de pesquisa (ou Monografia), segundo os critérios de sua adoção (obrigatório ou opcional), os seguintes elementos devem estar contemplados: pré-textuais: capa (obrigatório), folha de rosto (obrigatório), errata (opcional), folha de aprovação (obrigatório), atestado de ética (obrigatório) dedicatória (opcional), agradecimentos (opcional), epígrafe (opcional), resumo na língua vernácula (obrigatório), resumo em língua estrangeira (opcional), sumário (obrigatório), listas de tabelas (opcional), listas de quadros (opcional), listas de figuras (opcional), lista de abreviaturas e siglas (opcional); textuais: introdução, desenvolvimento (capítulos) e conclusões (pesquisas empíricas) ou considerações finais (pesquisas exploratórias, descritivas, documentais etc); e pós-textuais: referências bibliográficas (obrigatório), bibliografia (opcional), apêndice (opcional), anexo (opcional), glossário (opcional) e índice (opcional). Em síntese, a estrutura básica dos elementos que compreendem uma “Monografia” de graduação e especialização, ou uma “pesquisa científica” em geral, normalmente, inclui os seguintes elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais e a seguinte ordem de apresentação:

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ELEMENTOS DE UM PROJETO DE MONOGRAFIA, DE UMA MONOGRAFIA E DE UM ARTIGO CIENTÍFICO

Prof. Ademir Machado de Oliveira, Msc.

Um Projeto de Monografia (Projeto de Pesquisa ou Projeto de TCC – Trabalho de Conclusão de Curso) é realizado para servir de planejamento para o desenvolvimento da monografia, seja em estudos de graduação (monografia), de especialização (monografia), de mestrado (dissertação) e de doutorado (tese) ou qualquer outra pesquisa científica ou de iniciação científica. Dessa forma, a seguir apresentam-se os elementos que compreendem tanto a monografia quanto o projeto de monografia e os relatórios destes trabalhos ou de trabalhos correlatos.

1.1 Elementos da Estrutura de uma Monografia

A estrutura de uma Monografia contempla elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Estes elementos são comuns e também específicos para cada tipo de estudo monográfico (escrito por uma única pessoa), como Monografia para graduação e pós-graduação latu sensu (especialização e mestrado profissional), e Dissertação (para mestrado) e Tese (para doutorado), e também para pesquisas científicas de qualquer natureza.

A NBR-15287, de dezembro de 2005, que estabelece parâmetros para apresentação e documentação de Projeto de Pesquisa e a NBR-14724, também de dezembro de 2005, fixa as normas para apresentação de trabalhos acadêmicos, segundo estas, as quais têm muito em comum, na estrutura de um projeto de pesquisa (ou Monografia), segundo os critérios de sua adoção (obrigatório ou opcional), os seguintes elementos devem estar contemplados:

• pré-textuais: capa (obrigatório), folha de rosto (obrigatório), errata (opcional), folha de aprovação (obrigatório), atestado de ética (obrigatório) dedicatória (opcional), agradecimentos (opcional), epígrafe (opcional), resumo na língua vernácula (obrigatório), resumo em língua estrangeira (opcional), sumário (obrigatório), listas de tabelas (opcional), listas de quadros (opcional), listas de figuras (opcional), lista de abreviaturas e siglas (opcional);

• textuais: introdução, desenvolvimento (capítulos) e conclusões (pesquisas empíricas) ou

considerações finais (pesquisas exploratórias, descritivas, documentais etc); e

• pós-textuais: referências bibliográficas (obrigatório), bibliografia (opcional), apêndice (opcional), anexo (opcional), glossário (opcional) e índice (opcional).

Em síntese, a estrutura básica dos elementos que compreendem uma “Monografia” de graduação e especialização, ou uma “pesquisa científica” em geral, normalmente, inclui os seguintes elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais e a seguinte ordem de apresentação:

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CAPA; FOLHA DE ROSTO; ERRATA (opcional) FOLHA DE APROVAÇÃO ATESTADO DE ÉTICA DEDICATÓRIA (opcional) AGRADECIMENTOS (opcional) EPÍGRAFE (opcional) RESUMO (na língua vêrnácula) RESUMO (na língua inglesa) SUMÁRIO LISTA DE TABELAS (opcional) LISTA DE QUADROS (opcional) LISTA DE FIGURAS (opcional) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (opcional) LISTA DE SÍMBOLOS (opcional) INTRODUÇÃO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA 1.1 Temática da Pesquisa 1.2 Problema de Pesquisa 1.3 Hipóteses e Variáveis da Pesquisa 1.4 Objetivos da Pesquisa 1.4.1 Objetivo geral da pesquisa 1.4.2 Objetivos específicos da pesquisa 1.5 Justificativa (Relevância e Contribuição) da Pesquisa 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA PESQUISA 2.1 Definições de Conceitos e Termos da Pesquisa 2.2 Fundamentação Conceitual e Teórica da Pesquisa 3 METODOLOGIA DA PESQUISA (MATERIAL E MÉTODO) 3.1 Tipologia e técnicas da pesquisa 3.2 Procedimentos e instrumentos de coleta e sistematização dos dados 3.3 Tipologia das Fontes e Tratamento dos Dados 3.4 Critérios de Definição da Amostragem da Pesquisa (pesquisa de campo) 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 5 CONCLUSÕES (estudos empíricos) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS (demais estudos) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS (opcional)

APÊNDICE (opcional)

GLOSSÁRIO (opcional)

ÍNDICE (opcional) * Os elementos sublinhados são específicos de uma Monografia em sua versão final.

____________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

A seguir são abordados os elementos que deverão compreender a estrutura básica de um “Projeto de Monografia” e de uma Monografia.

Elementos Pós-textuais

Desenvol-vimento

Elementos Pré-textuais

Elementos Textuais

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1.2 Elementos da Estrutura de um Projeto de Monografia

Segundo as Normas da ABNT projeto de monografia (pesquisa ou TCC) é um documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado. Um Projeto de Pesquisa (Projeto de Monografia ou Projeto de TCC) de qualquer natureza deve conter, de modo genérico, em ordem de apresentação, na sua estrutura os seguintes elementos:

CAPA

FOLHA DE ROSTO

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS (opcional – obrigatório quando existirem tabelas)

LISTA DE QUADROS (opcional – obrigatório quando existirem quadros)

LISTA DE FIGURAS (opcional – obrigatório quando existirem figuras)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (adotar quando existirem em grande quantidade)

LISTA DE SÍMBOLOS (adotar quando existirem em grande quantidade)

INTRODUÇÃO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

1.1 Temática da Pesquisa

1.2 Problema de Pesquisa

1.3 Hipóteses e Variáveis da Pesquisa

1.4 Objetivos da Pesquisa

1.4.1 Objetivo geral da pesquisa

1.4.2 Objetivos específicos da pesquisa

1.5 Justificativa (Relevância e Contribuição) da Pesquisa

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA PESQUISA

2.1 Definições de Conceitos e Termos da Pesquisa

2.2 Fundamentação Teórica e Conceitual da Pesquisa

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Tipologia e técnicas da pesquisa

3.2 Procedimentos e instrumentos de coleta e sistematização dos dados

3.3 Tipologia das Fontes e Tratamento dos Dados

3.4 Critérios de Definição da Amostragem da Pesquisa (pesquisa de campo)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APÊNDICE

ANEXOS

Anexo I – Cronograma da pesquisa

Anexo II – Estrutura proposta para a pesquisa (opcional)

Anexo III – Instrumentos de pesquisa de campo (Ex.: questionário, entrevista,…) (se existir)

GLOSSÁRIO (opcional)

ÍNDICE (opcional)

Como se observa entre os elementos que compreendem um Projeto de Monografia (Projeto de Pesquisa ou Projeto de TCC) e uma Monografia ambos possuem muitos elementos em comum, o que era de se esperar à medida que o Projeto de Monografia é base da Monografia e, enquanto tal, devem resguardar relações entre seus elementos, contudo, existem algumas particularidades entre ambos, começamos evidenciando as particularidades do projeto para de depois trabalharmos os elementos da

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Monografia, que com isso, estaremos também abordando os elementos em comum que esta possui com o seu projeto.

1.2.1 Particularidades do Projeto de Monografia

Primeiramente, dentre as particularidades de um projeto de monografia de graduação e pós-graduação lato sensu (especialização) destaca-se que a apresentação da Revisão de Literatura ou Revisão Bibliográfica é tida, normalmente, como item opcional, em muitos casos, porque dado à pequena experiência dos pesquisadores, a sua contextualização e metodologia da pesquisa exposta no projeto poderá sofrer grandes alterações, por isso, para evitar a perda de tempo na descrição de revisão de literatura sobre temas e assuntos que poderão ser alterados pelo professor orientador, deixa-se de fora em um primeiro momento a sua apresentação. Mas, desde o primeiro momento que o acadêmico começa o processo de pesquisa bibliográfica para delimitar melhor seu tema/assunto (e depois problema, objetivos, justificativa e metodologia) de pesquisa ele já está fazendo revisão bibliográfica, desta forma, sugere-se que se vá fazendo desde as primeiras leituras os fichamentos das obras lidas, que posteriormente poderão ser utilizadas na sua revisão de literatura. Em casos que o orientador vem acompanhando o Projeto de Monografia, sugere-se que os acadêmicos desenvolvam e apresentem na Revisão Bibliográfica do seu de Projeto de Monografia ao menos a fundamentação dos temas e conceitos abordados pela sua pesquisa.

Um tópico que é obrigatório, mas que só é apresentado (junto aos anexos) no Projeto de Monografia, é o Cronograma da Pesquisa, este item nas versões da Monografia para a banca de defesa e capa dura não tem necessidade de ser apresentado. Um modelo de cronograma de pesquisa deve ser de acordo com as atividades e o período de realização das mesmas, segundo: o ano, os meses e as quinzenas (1ª e 2ª). Em cronogramas de Dissertação (mestrado) e Tese (doutorado), normalmente, utiliza-se somente anos e meses já que se realizam em um período de tempo maior que uma Monografia de graduação ou especialização.

O conjunto de atividades, como mostra o quadro 2, deverá estar disposto em uma ordem seqüencial de realização, porém como revela o período de realização de cada uma das atividades elas ocorrem em momentos sobrepostos a outras, isto denota que muitas das atividades são complementares e interdependentes umas às outras. De modo geral, estas atividades contemplam a grande maioria das atividades de planejamento e elaboração de qualquer pesquisa, ou no mínimo são as mais importantes.

Cabe lembrar que o cronograma descrito no anexo 10 serve de exemplo, porém acredita-se que trabalhar com outras datas em um estudo de graduação (onde normalmente junto ao trabalho de Monografia o acadêmico cursa disciplinas), especialmente em termos de período de tempo menor, pode significar o comprometimento da qualidade da pesquisa e, conseqüentemente, a possibilidade do estudo não sair satisfatório o bastante para ser aprovado na banca de defesa, por isso, deve-se procurar segui-lo com o máximo de afinco.

Outro tópico que só é apresentado (junto aos anexos ou como item da Metodologia da Pesquisa) no Projeto de Monografia é a “Estrutura Proposta para a Pesquisa”, definir este item é basicamente pensar em como a Monografia vai ficar em termos de conteúdo e forma depois de pronta. A pesar de ser item opcional de ser apresentado no “Projeto de Monografia” é item importante de estar dentro de um projeto, por isso, recomenda-se fortemente a sua apresentação, pois o quanto antes este item for definido mais direcionado será o trabalho de pesquisa bibliográfica e a realização da pesquisa em si. A definição da “Estrutura Proposta para a Pesquisa” dá uma noção clara do que se deverá procurar ao longo da pesquisa, portanto, a sua definição é de suma importância em termos de planejamento e operacionalização da pesquisa.

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Caso a “Estrutura Proposta para a Pesquisa” não seja apresentada no Projeto de Pesquisa sugere-se que ela seja feita, logo após a definição do projeto, pelo acadêmico junto ao professor orientador para que ambos tenham uma noção clara dos rumos que serão dados a pesquisa, e até mesmo para que o professor sugira bibliografias a serem consultadas sobre os temas e abordagens a serem trabalhados na pesquisa. A definição da estrutura da pesquisa previamente facilitará a orientação e o controle das atividades do acadêmico pelo professor orientador. E para o acadêmico servirá para o mesmo se orientar em relação ao cronograma de atividades versus o tempo necessário para realização das mesmas.

A definição da estrutura da pesquisa não é muito comum em estudos de mestrado e de doutorado talvez porque seus pesquisadores não preferem amarar muito o rumo da sua pesquisa, e preferem então deixar que o rumo seja dado à medida que a pesquisa vai se desenvolvendo, talvez o façam na expectativa de que surja ao longo da pesquisa novas idéias e nortes que permitam a descoberta de algo singular. Mas até mesmo para estes tipos de estudos é importante a definição, ao menos, parcial da estrutura da pesquisa, porque facilitará o planejamento e operacionalização da pesquisa, e qualquer novo rumo que se venha a dar a pesquisa, isto pode ser feito livremente porque a definição previa da estrutura da pesquisa não implica que ela deva ser seguida à risca, simplesmente ela deve servir de suporte, e não de uma amara a rumos da pesquisa.

1.2.2 Os Relatórios do Projeto de Monografia e da Monografia

Os diversos tipos de trabalhos científicos (artigo, monografia, dissertação, tese, etc) apresentam alguns itens em comum, mas em geral, apresentam elementos e formas diferentes. Estas diferenças, normalmente, procuram salientar os propósitos em termos do tipo de comunicação que se quer dar ao trabalho, e/ou de acordo com o nível de aprofundamento que o trabalho deu a um dado tema de pesquisa. Independente da natureza do trabalho é comum aos pesquisadores fazerem relatórios, estes também terão formatos específicos, especialmente adequados ao estágio em que se encontra o trabalho em relação ao seu todo, distinguimos então independente do tipo de pesquisa científica os tipos de relatórios em: relatórios de atividades, relatórios preliminares (ou relatórios finais de fases), e relatórios conclusivos.

Os relatórios são importantes porque é através deles que o próprio pesquisador e o orientador possuem para monitorar o andamento da pesquisa.

1.3 Elementos Pré-textuais de um Projeto de Monografia e Monografia

Os elementos pré-textuais não diferem muito de um tipo para outro de estudo, seja ele: Pesquisa, Monografia, Dissertação ou Tese, ou projeto destes. No caso de apresentação de uma Monografia deve-se contemplar os seguintes itens de acordo com os modelos da IES:

• capa (obrigatório);

• folha de rosto (obrigatório);

• errata (vedado no projeto e opcional na Monografia);

• folha de aprovação (obrigatório na Monografia);

• atestado de ética (opcional ou obrigatório segundo a IES na Monografia);

• dedicatória (vedado no projeto e opcional na Monografia)

• agradecimentos (vedado no projeto e opcional na Monografia)

• epígrafe (vedado no projeto e opcional na Monografia)

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• resumo na língua vernácula (vedado no projeto e obrigatório na Monografia);

• resumo na língua inglesa (vedado no projeto e obrigatório na Monografia segundo a IES)

• listas de figuras (opcional);

• listas de quadros (opcional);

• listas de tabelas (opcional);

• lista de abreviaturas e siglas (opcional).

• lista de símbolos (opcional)

No caso de apresentação do estudo finalizado pode-se então inserir outros itens opcionais como dedicatória, agradecimentos, etc. As páginas relativas aos elementos pré-textuais devem ser numeradas com algarismos romanos a partir da Folha de Rosto, porém para efeito de paginação a contagem inicia-se a partir da Capa.

1.4 Elementos Textuais de uma Monografia

Os elementos textuais compreendem três tópicos: a introdução, o desenvolvimento e as conclusões, em caso de estudos empíricos, ou considerações finais, nos demais estudos.

Cabe destacar que ao longo de toda a pesquisa o tratamento verbal que se deve usar na sua redação, é o da impessoalidade, pois isto contribui para a objetividade dos trabalhos científicos (ANDRADE, 1995). Exemplos de tratamento verbal a se adotar: “buscou-se realizar...”; “apresenta-se a seguir...”; “criou-se, assim,...”; “conclui-se, portanto,...”; “percebe-se que...”. A primeira pessoa do plural também é aceita (tom majestático): “veremos a seguir...”; “buscamos realizar...”; “apresentamos a seguir...”, embora não seja a mais usual e a mais indicada, pois como o estudo é monográfico, significa que deve ter sido escrito apenas por uma pessoa, obviamente pelo intitulado autor da monografia por hora lida.

1.4.1 Introdução

É o item que resume os objetivos do trabalho e de sua elaboração, constitui uma síntese de caráter didático das idéias e da matéria (conteúdo) tratada. A introdução é assim a parte inicial do texto, devendo incluir seqüencialmente informações sobre: breve contextualização do tema, a natureza e importância do problema, a relação da pesquisa com outros estudos realizados sobre o mesmo assunto, os principais resultados da pesquisa e, finalmente, apresentação sintética do conteúdo de cada capítulo que seguira, bem como suas limitações e objetivos. Assim, a introdução não compreende um capítulo (uma seção), pois não apresenta subcapítulos (subseções), sendo, portanto, inadequado a sua numeração como se fosse um capítulo, como muitos fazem enumerando como capítulo 1.

1.4.2 Desenvolvimento

O desenvolvimento representa o corpo do trabalho em si (na seqüência serão abordados todos elementos que devem fazer parte do mesmo), onde seu formato (bem como seus elementos constituintes) depende da natureza e características do objeto de estudo, desta forma, não existem normas rígidas para o conteúdo do desenvolvimento de uma monografia, entretanto há elementos essenciais a constarem em qualquer monografia em qual área de estudo.

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Assim, os capítulos e seus conteúdos devem primeiramente dar uma noção (situar o leitor) do contexto da pesquisa em termos de desenvolvimento científico no qual se encontra o tema estudado. Depois se faz a revisão bibliográfica que consiste na fundamentação conceitual e teórica do problema de pesquisa, revelando, entre outros aspectos, o nível atual de desenvolvimento científico no qual o tema se encontra. Na seqüência apresentam-se os principais aspectos metodológicos (os materiais e métodos), e os respectivos procedimentos adotados que sustentam as proposições/hipóteses e objetivos do estudo. E, após os passos anteriores, faz-se à apresentação e análise dos resultados alcançados, com o encadeamento dado ao problema de pesquisa na revisão bibliográfica segundo o suporte metodológico adotado. Feito isto, faz-se então, finalmente, as conclusões e ou considerações finais da pesquisa.

Portanto, o desenvolvimento consiste na pesquisa propriamente dita, onde devem estar os tópicos (e seus itens): a “Contextualização da Pesquisa” (algumas instituições usam apresentar a contextualização dentro da introdução, a princípio dado às funções e papéis da introdução e da contextualização em uma pesquisa isto não parece ser o mais indicado), a “Revisão Bibliográfica” (ou Revisão de Literatura ou Fundamentação Teórica e Conceitual), a “Metodologia da Pesquisa” (ou material e método) e a “Apresentação e Análise dos Resultados” (ou Resultados e Discussões).

Como uma monografia é composta por Capítulos, que são classificados segundo Seções, ex.: 1, 2, 3..., que são divididas em subseções, ex.: 1.1, 1.1.1, 2.1, 2.1.1, etc. O ideal é não se passar de quatro subseções, Ex.: 1.1.1.1. Não é necessário usar a palavra “Capítulo” (ou sua abreviação Cap.) antes dos títulos de cada seção primária, Ex.: CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇAÕ DA PESQUISA – basta usar tão somente a indicação: 1 CONTEXTUALIZACAO DA PESQUISA. Todo o título de capítulo é em caixa alta, ou seja, todas as palavras em maiúsculas contínuas em negrito. Estes, entre outros, aspectos de formação, serão melhor abordados a seguir.

Assim sendo, no desenvolvimento teremos os seguintes capítulos com a seguinte ordem:

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA; 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA; 3 METODOLOGIA DA PESQUISA; 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.

Os elementos de cada um destes capítulos serão a seguir melhor abordados em separado, pois compreendem os elementos de tomam a maior parte do tempo em uma pesquisa para serem abordados corretamente.

1.4.3 Conclusão ou Considerações Finais

Na conclusão (estudos empíricos) ou considerações finais é a parte da pesquisa onde se espera que o pesquisador apresente uma síntese avaliativa dos resultados da pesquisa, os juízos sobre as hipóteses e objetivos, além de inferências sobre o objeto de estudo, as limitações relevantes encontradas para o desenvolvimento adequado da pesquisa, e, se for o caso, recomendações sobre futuros estudos a partir da pesquisa por hora apresentada e, também quando for o caso, propor soluções e aplicações práticas para os resultados da pesquisa.

1.5 Elementos Pós-Textuais de Uma Monografia

Os elementos pós-textuais compreendem: referências bibliográficas (obrigatório); bibliografia (opcional); anexo (opcional); apêndice (opcional); glossário (opcional); e índice (opcional).

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1.6 Considerações Gerais sobre os Elementos de Uma Monografia

Os elementos pré-textuais e pós-textuais de uma “Monografia” já foram comentados na integra, enquanto que dos elementos textuais que compreende o resumo e três grandes itens: a introdução, o desenvolvimento e as conclusões (ou considerações finais) foram feitos comentários de forma genérica, assim, existe a necessidade de maiores comentários do item desenvolvimento, o qual representa o corpo do trabalho em si, sendo, por isso, o elemento com o maior número de especificidades a serem observados na elaboração de uma monografia.

Assim sendo, a seguir comentam-se os principais aspectos relativos à elaboração e apresentação dos tópicos pertencentes ao desenvolvimento de um projeto de monografia: “1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA” e “3 METODOLOGIA DA PESQUISA”, que deverão depois fazer parte do conteúdo da monografia em sua versão final, só seriam dispensados caso houvesse banca de projeto de monografia, porém mesmo que haja a banca quem ler o trabalho sem estes elementos não terá uma noção do seu todo, logo o seu entendimento ficará prejudicado.

Um elemento pertencente ao desenvolvimento de uma monografia (dado que em um projeto o item ainda não foi elaborado) que também será discutido a seguir é o item: “4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS”. Dessa forma, os capítulos seguintes discutem estes elementos.

2 A CONTEXTUALIZAÇÃO DE UMA PESQUISA

O capítulo “contextualização da pesquisa” deve situar o leitor nos contextos da pesquisa: científicos, acadêmicos, sociais e particulares, em termos do alcance das suas proposições. É a parte inicial de apresentação de uma tese, dissertação, TCC ou artigo, devendo dar ao leitor uma idéia do assunto principal e das implicações do estudo. Na contextualização da pesquisa devem constar:

• temática da pesquisa (apresentação e delimitação do assunto/tema de pesquisa);

• problemática da pesquisa (dados e/ou informações que dimensionam a problemática

(questão) de pesquisa e os seus limites de alcance teóricos e conceituais).

• hipóteses (proposições que orientam a pesquisa na busca de conhecimentos).

• objetivos: geral e específicos (dimensionamento do alcance das proposições da pesquisa);

• justificativa (explicação da importância e relevância da pesquisa);

• Resultados Esperados (os resultados mais prováveis que se possa obter com a aplicação do

estudo por possíveis agentes interessados na pesquisa).

Alguns autores adotam a orientação de que os itens de uma CONTEXTUALIZAÇÃO sejam apresentados na INTRODUÇÃO, isto não nos parece o mais adequado à medida que a introdução constitui em si em uma síntese de caráter didático das idéias e da matéria tratada ao longo do estudo, e já a contextualização situa o leitor no contexto da pesquisa, ou seja, tem cada uma, introdução e contextualização, funções específicas dentro de uma pesquisa, portanto acredita-se ser mais adequado apresentá-las em separado em uma monografia. Entretanto, em um artigo, por uma questão de compilação de conteúdo (dado o número reduzido de páginas disponíveis para sua apresentação), geralmente, se apresenta os elementos da contextualização na introdução.

Muitos autores também sugerem a apresentação das hipóteses dentro da METODOLOGIA DA PESQUISA, mas dado que as proposições das hipóteses deverão ser fundamentadas teórica e

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conceitualmente na REVISÃO BILIOGRÁFICA (item que deve ser apresentado depois da Contextualização e antes da Metodologia da pesquisa) a princípio é mais lógico que se apresente primeiramente às hipóteses, e preferencialmente logo após o problema, para depois serem apresentados a sua fundamentação na revisão bibliográfica, por isso, sugere-se que a apresentação das hipóteses seja na Contextualização e logo após o Problema de Pesquisa.

2.1 Temática da Pesquisa

O tema de pesquisa deve ser definido de uma forma clara e precisa e deve estar diretamente relacionado com o problema da pesquisa. O tema, segundo alguns autores, é diferente de assunto, é como se fosse o problema de estudo sem as interrogativas do mesmo, mas de maneira geral assunto é algo mais abrangente que tema. O tema é a delimitação mais específica da área científica (pode ser também das subáreas) sobre a qual o estudo irá se realizar. O processo de delimitação do tema só é dado por concluído quando se faz a limitação geográfica e espacial do mesmo.

A escolha do tema diz respeito à decisão tomada pelo investigador em relação ao assunto que irá pesquisar. Assim, o tema deve corresponder ao interesse de quem irá abordá-lo, caso contrário se tornará uma tarefa chata, cansativa e dificilmente se tornará um trabalho de qualidade.

Quando o pesquisador define primeiramente o seu problema de estudo, sugere-se então que após seja extraído o tema derivado do mesmo, dado que o problema de pesquisa deve possuir relação direta com o tema de pesquisa.

As seguintes recomendações facilitam encontrar e delimitar um tema de pesquisa:

a) a escolha do tema deve ser um processo natural que ocorre a partir de conhecimentos prévios.

b) o tema escolhido deve estar relacionado com os interesses e preocupações do aluno em termos de futura atuação profissional, porque assim;

c) o tema deve ter relevância para a ciência, academia, sociedade e particular (para o pesquisador e/ou instituições envolvidas com a pesquisa);

d) o tema deve estar ligado a fatos/fenômenos da atualidade sendo oportuno o seu estudo;

e) o tema deve oferecer respostas para problemas atuais para assim os resultados alcançados tenham uma maior apreciação social, científica, acadêmica e pessoal.

f) o tema deve ser delimitado de forma clara e precisa através da delimitação:

i. da amplitude ou abrangência: o grau de alcance de explicação dos fatos/fenômenos dos conhecimentos envolvidos na área (ou áreas) na qual o tema está relacionado diretamente;

ii. no tempo: período a ser estudado;

iii. no espaço: geográfico e elementos de um universo.

A temática da pesquisa deve ser apresentada em um ou dois parágrafos, que de forma sucinta e clara os apresenta.

2.2 Problematização da pesquisa

A conceituação adequada da palavra problema, que tenha uma relação com o tratamento cientifico da mesma, geralmente, paira pelos estudiosos na área na seguinte acepção: problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão em qualquer domínio do

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conhecimento. Assim, nas ciências sociais referem-se à realidade e não ao ideal, ao que deve ser. Portanto, um problema de pesquisa não pode estabelecer juízos de valor sobre o que é melhor em uma situação social.

Como visto, um problema de pesquisa nas ciências sociais deve objetivar o estudo da realidade em si, com isso, entra em cena o ser e o dever ser, dessa forma, devemos diferenciar argumentos normativos de positivos, em especial na área de Economia, “o trabalho do economista é positivo e não normativo. Isto é, dado um objetivo social, o economista pode analisar o problema e sugerir o meio mais eficiente para atingir o fim desejado” (FERGUSON, apud BORBA, et al., 2004, p. 48). Assim,

pode-se definir como problema de Economia qualquer questão referente à produção, distribuição, acumulação e consumo dos bens materiais [...] em economia, particularmente, a dificuldade na formulação de problemas é acentuada porque não raro estes se encontram intimamente vinculados a valores sociais e também porque requerem, freqüentemente, soluções de ordem prática (GIL, 1988, p. 51).

A grande maioria dos estudiosos da investigação científica coloca como ponto de partida da pesquisa o “problema de pesquisa”, o qual “deve ser levantado, formulado, de preferência em forma interrogativa e delimitado com condições das variáveis que intervêm no estudo de possíveis relações entre si”1 (MARCONI e LAKATOS, 1999, p. 28). Para muitos pesquisadores inexperientes encontrar, muitas vezes, um problema científico é algo difícil, às vezes torna-se um martírio, pois fica sempre a indagação o que pesquisar, não faltam fórmulas e técnicas que procuram sanar tal dificuldade.

Ao se questionar sobre a aplicação e funcionalidade de uma teoria e/ou metodologia em um dado tema, a está transformando em um problema e isto se dá através da reflexão, curiosidade, gênio e conhecimento. Nesta fase, o pesquisador terá que responder aos seguintes questionamentos: por quê? e/ou como? O porquê e/ou como, nada mais são do que perguntas, e as mesmas devem atentar para necessidade de respostas.

Em síntese a delimitação do problema de pesquisa (ou problematização da pesquisa, ou problemática da pesquisa) consiste em colocar o estudo em termos de um problema de pesquisa, ou seja, algo que necessita de maiores entendimentos, algo que suscita respostas. Tal necessidade pode surgir: do interesse particular do pesquisador sobre o assunto, das leituras e reflexões, das discussões, das experiências, da aprendizagem, etc.

2.2.1 Dicas de como encontrar um problema de pesquisa

As seguintes recomendações facilitam encontrar um problema de pesquisa:

1. torne-se uma pessoa versada em uma área de especialização; 2. leia, ouça, discuta e pense de maneira crítica; 3. explore assuntos que profissionalmente tenha mais afinidade ou maior intenção de trabalhar; 4. explore áreas pouco estudadas, pois a possibilidade de encontrar algo a ser estudado é maior,

há também maiores oportunidades do estudo receber maior atenção depois de realizado.

1 Grifo nosso.

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2.2.2 Alguns aspectos que devem ser considerados na formulação do problema de

pesquisa

Na delimitação do problema de pesquisa deve-se atentar para a sua definição clara, precisa, concisa e objetiva, porque o mesmo é o centro norteador do estudo, é o direcionador e delimitador das outras etapas da pesquisa, onde todos os assuntos tratados na pesquisa devem guardar relação consigo. Entre os aspectos a serem considerados na delimitação de um problema de pesquisa, destaca-se que o problema deve ser:

1. claro e preciso: dar condições de que se saiba exatamente o que se está propondo como pesquisa, dando a noção de qual será o assunto que se quer dar um maior entendimento, esclarecimento ou solução. À medida que se é preciso torna-se mais claro, pois se torna mais fácil o entendimento;

2. formulado como uma pergunta: Para que desta forma fique mais claro qual o assunto que se quer oferecer alguma resposta (maior entendimento);

3. delimitado a uma dimensão viável: em termos de: i. tempo: adequado para o assunto a ser pesquisado;

ii. acesso: tem que se ter condições financeiras (dado o custo financeiro da operacionalização da pesquisa: materiais, viagens, etc) e permissão de contato com as obras, informações e condições necessárias para se realizar o estudo,

iii. conhecimento: adequado para o assunto a ser pesquisado, em muitos casos isto envolve, além do entendimento sólido sobre o assunto de pesquisa, entender: de outros idiomas, de técnicas e procedimentos específicos, de informática, etc.

4. objetivo: para que assim a sua formulação mostre exatamente aquilo que se quer dar maiores entendimentos;

5. empírico: ou seja, que esteja relacionado a um assunto que permita que sejam feitas as observações (validações ou não de suas premissas) e/ou experimentações (comprovação ou não de suas hipóteses) necessárias para o solucionamento do mesmo;

6. suscetível de solução: Deve-se ter uma idéia clara de onde provêem os dados necessários para solucionar o problema. Muitas vezes isto requer o domínio e conhecimento de técnicas não disponíveis a todos os pesquisadores interessados pelo assunto em questão. Não basta querer, tem-se que ter condições para se fazer.

2.2.3 Avaliação do problema pesquisa

O principal aspecto a ser considerado na avaliação de um problema de pesquisa é verificar: se a solução do problema trará contribuições para o campo de conhecimento do qual o estudo faz parte? Além deste aspecto, as perguntas abaixo, servirão para uma avaliação mais completa do problema:

1. Trata-se de um problema pesquisável, existem no atual estágio de desenvolvimento das ciências, das tecnologias e das sociedades condições de se desenvolver o estudo?

2. Trata-se de um problema que vai desencadear futuras pesquisas? 3. Existe material (obras, livros, documentos, etc) suficiente para que o estudo seja realizado de

forma adequada? 4. O investigador tem conhecimento e qualificação adequados para abordar o assunto que vai

pesquisar? 5. Poderá ser desenvolvido no tempo previsto? 6. ter-se-á acesso aos recursos necessários: humanos (pesquisadores, pessoal de apoio, etc),

logísticos e operacionais (local, transporte, equipamentos,etc) e financeiros (condições financeiras para suprir o orçamento previsto) para que o estudo seja realizado?

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7. ter-se-á acesso (permissão de contato) com as obras e informações necessárias para se realizar o estudo?

8. Terá a solução do mesmo, valor prático para a vida particular do investigador (familiar ou profissional), para a sociedade, para instituições particulares ou organizações públicas etc.?

9. No termino do trabalho, os resultados já não estarão ultrapassados (possuirão ainda alguma utilidade)?

10. Após respondidas as perguntas anteriores, ainda haverá interesse pelo assunto? Se sim, a quem poderá interessar os resultados?

Na elaboração e apresentação da problematização da pesquisa o seu texto deve ser desenvolvido de uma forma que primeiramente apresenta os elementos mais gerais que possuem relação com o estudo e, assim, vai-se aos poucos focando nos elementos mais específicos que possuem relação com o problema de pesquisa até que finalmente expõe se o problema de pesquisa. Desta forma, na apresentação da problematização da pesquisa ao longo do seu texto devem ser apresentadas citações que sustentam o desencadeamento lógico dado ao texto.

A apresentação da problematização da pesquisa não deve ser muito extensa para não se perder o foco e também não muito curta a ponto de não dar condições de ver a necessidade de se estudar tal tema, assim cabe o pesquisar usar do bom senso para saber até onde prosseguir. De modo geral, nos estudos monográficos de graduação e especialização, a apresentação da problematização da pesquisa fica entre duas a seis laudas, dependendo da complexidade que envolve o tema de pesquisa.

2.3 Hipóteses e variáveis da pesquisa

Os estudos em geral requerem que se tenham hipóteses para a validação dos resultados, mas com exceção dos estudos empíricos a elaboração de hipóteses é dificultada, com isso, os estudos não empíricos usam-se as expressões ‘premissas’ ou ‘proposições’, as quais conduzem a explanações do ponto de vista descritivo, não envolvendo a verificação experimental, como requerem a maioria das hipóteses. Mas é comum nos estudos se utilizar o termo ‘hipótese’ para representar a função que as ‘premissas’ ou ‘proposições’ têm em um estudo.

Muitos estudos de graduação dado a profundidade do mesmo muitas vezes não se usam hipóteses no mesmo, neste caso, os objetivos da pesquisa é que assumem a função da hipótese, que a de ser a resposta ao problema de pesquisa, entretanto mesmo que o estudo seja de graduação é louvável o esforço, no sentido do aumento da cientificidade do seu estudo, que o estudante faz ao expor hipóteses e buscar ao longo de sua pesquisa a sua validação.

Nos estudos empíricos os resultados alcançados são obtidos através da análise dos resultados dos testes de hipóteses, com isso, estes resultados são mais plausíveis de serem representativos da realidade analisada (desconsiderando vieses que possam ter ocorrido na pesquisa e nos testes em si), desta forma, estes estudos permitem que se possa, em muitos casos, se tirar conclusões a cerca dos resultados obtidos com a pesquisa. No caso dos demais estudos os resultados alcançados não permitem que se possam tirar conclusões, porque os métodos de apreensão da realidade analisada, nestes casos, não permitem que se tenha o seu controle, pois normalmente está se explorando, descrevendo ou observando está realidade, ou seja, está se colhendo evidências, com isso, o resultado final obtido permite que se possam ser feitas considerações finais à cerca desta realidade e não conclusões.

Mesmo nos estudos empíricos de graduação e especialização, dado o grau de profundidade (ou superficialidade) que se dá ao tema e problema de pesquisa, recomenda-se que sejam feitas apenas considerações finais, e não conclusões, a cerca dos resultados obtidos com o estudo. Dito isto,

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e antes de se falar de hipótese e variáveis e suas funções e importância para uma pesquisa, convém definir seus conceitos:

• Hipótese: “é uma suposta resposta ao problema a ser investigado” (GIL, 1999, p. 57); • Variável: “refere-se a tudo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos,

segundo os casos particulares ou as circunstâncias” (GIL, 1999, p. 36).

Em síntese, um problema de pesquisa estabelece o questionamento que se dá em termos de relações (causas e efeitos e dependências) de duas (ou mais) variáveis, sendo assim, a hipótese central estabelece a mais provável relação existente entre estas variáveis. Dessa forma, é aconselhável que estudos de graduação e especialização não estabeleçam problemas com relações entre mais do que duas variáveis, pois quanto maior o número de variáveis maiores serão as dificuldades para se estabelecer, avaliar e analisar suas relações, o que demandará mais recursos (financeiros, infra-estrutura, tempo, conhecimento, etc) do pesquisador.

2.3.1 Importância das hipóteses

O papel da hipótese na pesquisa é sugerir explicações aos fatos através de uma suposta resposta ao problema de estudo, ou seja, a hipótese serve de orientação na busca dos fatos que são supostas respostas ao problema de estudo. As hipóteses devem ser testadas e julgadas como prováveis ou não soluções para o problema de estudo, assim, o teste de hipótese deve mostrar se a hipótese testada é verdadeira ou falsa, se foi aceita ou refutada, etc. À medida que as hipóteses são aceitas/validadas, de acordo com sua consistência metodológica e teórica, elas passam a fazer parte do corpo de conhecimento (teoria) existente sobre o referido tema abordado.

2.3.2 Função das hipóteses

A hipótese tem como função principal, numa pesquisa científica, de servir como instrumento de orientação na busca da verdade através da comprovação (ou não) dos fatos e fenômenos, que são os elementos (teorias e conhecimentos) necessários para o avanço da ciência.

2.3.3 Função das variáveis

As variáveis são os instrumentos que operacionalizam as hipóteses através da verificação, medição ou confirmação da sua manifestação, com isso, pode-se estabelecer relações que venham ou não determinar se os fatos e fenômenos estudados possuem a relação estabelecida na hipótese subjacente.

2.3.4 Tipos e níveis de mensuração de variáveis

Variável é tudo aquilo que pode ser classificado em duas ou mais categorias (assumir diferentes valores ou aspectos), segundo os casos particulares ou as circunstâncias. Costuma se classificar as variáveis em quatro níveis: nominais, ordinais, de intervalo e de razão. Tipos de escala:

a) nominais: constituídas por duas ou mais categorias nas quais são classificados os objetos ou indivíduos. Ex.: nacionalidade, religião, ocupação, etc.

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b) ordinais: definem a posição relativa (distância) de objetos ou indivíduos em relação a uma característica. Ex.: altura, escolaridade, renda, etc.

c) de intervalo: estabelecem diferença intervalar igual entre os fatos/fenômenos, objetos e ou indivíduos analisados. Ex.: entre 10 e 12 graus há mesma diferença que entre 20 e 22; nível intelectual; aproveitamento escolar; distância social.

d) de razão: supõe a existência de um valor zero absoluto. Ex.: o peso, a extensão, a velocidade, a intensidade, etc.

2.3.5 Tipos de hipóteses

De maneira geral, as hipóteses são classificadas de acordo com as relações de causa e efeito entre os fatos e fenômenos, podendo estar causar e suscitar relações: casuísticas, de freqüência, de acontecimentos e de relações entre varáveis.

A seguir dão-se exemplos da relação que deve existir entre assunto, tema, problema, hipótese e variáveis em uma pesquisa, segundo os diferentes tipos de hipóteses: casuísticas, de freqüência de acontecimentos e de relações entre variáveis, como segue:

• Hipóteses de relação casuísticas: Referem-se a algo que aconteceu em determinado caso; ou que um fato, objeto, ou pessoa tem determinada característica. São hipóteses freqüentes na pesquisa histórica onde os fatos não são repetitivos. Exemplos:

Como as hipóteses casuísticas são na maioria utilizadas em pesquisas históricas, e estas requerem um embasamento teórico extenso (mas não exaustivo) e uma capacidade de análise lógica muito grande, sugere-se que estes tipos de hipóteses sejam utilizadas em estudos de doutoramento, onde há um período de tempo maior e, normalmente, seus estudiosos dado o conhecimento sobre o assunto têm grande capacidade analítica. Em estudos que, em geral, têm nível de alcance de conhecimento inferior (mestrado, especialização e graduação) sugere-se utilizar em vez de hipóteses premissas, pois estas não necessitam de validação ou não ou ao menos sua validação fica no campo das evidências.

• Hipóteses em relação à freqüência de acontecimentos: referem-se à freqüência ou intensidade de acontecimento dos fatos, por isso, são freqüentes na pesquisa descritiva.

Como as hipóteses em relação à freqüência dos acontecimentos são na sua maioria utilizadas em pesquisas descritivas, e como em economia grande parte do fatos/fenômenos econômicos decorrem do comportamento dos agentes econômicos, comportamento este sujeito sempre a mudanças, e é difícil de ser estabelecido um padrão comportamental, sugere-se que estes tipos de hipóteses sejam utilizadas em estudos em que fique bem delimitado o objeto de pesquisa, pois em caso de se dimensionar demasiadamente a pesquisa há grandes exigências do pesquisador em termos de tempo e conhecimento, por isso , são mais indicadas para estudos de doutoramento ou de mestrado, pois para

ASSUNTO: História política sócio-econômica.

TEMA: Sistema feudal: dissolução.

PROBLEMA: Quais foram às causas que levaram a dissolução do sistema feudal?

HIPÓTESE: A dissolução do sistema feudal foi uma conseqüência do aumento da repressão

aos servos.

VARIÁVEIS: sistema feudal, dissolução do sistema feudal, repressão aos servos.

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que se consiga apreender a realidade de uma forma que a descrição revele o real comportamento dos fatos analisados é necessário bom nível de conhecimento. Exemplos:

Portanto, em estudos de nível de alcance de conhecimento, geralmente, mais inferior (especialização e graduação) sugere-se a utilização com conservadorismo, em termos de variáveis a serem avaliadas, deste tipo hipótese.

• Hipóteses que estabelecem relações entre variáveis: As hipóteses causais estabelecem se uma variável (ou variáveis) é (são) a(s) causa(s) de outra. No exemplo a seguir as variáveis independentes (causadoras) são a letra Xi (X1 e X2), e a variável dependente (fato/fenômeno observado) é a letra Y. Estas hipóteses são freqüentes em pesquisas empíricas (experimental e estatística).

Este grupo de hipótese apresenta o conceito de causalidade, ou seja, existe uma CONDIÇÃO NECESSÁRIA para que os fenômenos ocorram. No exemplo as variáveis Xi (X1 e X2) são a condição necessária para que exista o fenômeno Y. As variáveis independentes X1 e X2 existem independentes da ocorrência da variável Y, já a variável Y para que exista há a necessidade que existam as variáveis X1 e X2.

O exemplo pode ser estudado suas relações através de um modelo econométrico com a seguinte configuração:

Y= β0 + β1 X1+ β2 X2 + ε Y = Produção agrícola; X1 = Crédito agrícola; X2 = Investimento agrícola; β0 = Constante; β0, β1, β2 = são os parâmetros do modelo a serem estimados; ε = erro aleatório.

ASSUNTO: Elementos que influenciam nos níveis de produtividade industrial.

TEMA: Produtividade industrial: Influência do nível educacional dos trabalhadores.

PROBLEMA: Qual a relação e influência do nível de educação profissional dos trabalha-dores da indústria de transformação no nível de produtividade desta indústria?

HIPÓTESE: A produtividade do trabalho na indústria de transformação é maior quanto maior o nível de educação profissional dos seus trabalhadores.

VARIÁVEIS: produtividade, educação profissional, indústria de transformação, trabalhadores industriais.

OBJETIVO GERAL: Descrever e analisar a relação e influência do nível de educação profissional dos trabalhadores da indústria de transformação no nível de produtividade desta indústria?

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1) Apresentar as relações e influências do nível de educação profissional de trabalhadores sobre o seu nível de produtividade industrial;

2) Descrever e analisar o nível de produtividade industrial dos trabalhadores da industria X, no período Y, em relação ao nível de educação profissional destes trabalhadores;

2) Propor políticas públicas e estratégias empresariais de educação profissional que venham a aumentar a produtividade industrial na industria de transformação.

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Exemplo:

Como as hipóteses causais são na sua maioria utilizadas em pesquisas experimentais e estatísticas, sugere-se que em economia estes tipos de hipóteses sejam utilizados em estudos econométricos (dado que envolvem técnicas estatísticas e matemáticas com fundamentos econômicos) de qualquer nível de titulação. Sendo que, nos estudo graduação, dado o objetivo da sua realização, sugere-se que o modelo econométrico utilizado seja embasado (ou replica) em estudos já realizados.

Também sugere-se que o modelo econométrico seja apresentado na “Metodologia da Pesquisa”, porém as hipóteses sejam apresentadas logo após o problema de pesquisa na “Contextualização da Pesquisa”, onde se faz também menção de que a modelagem será apresentada a seguir junto a “Metodologia da Pesquisa”.

Cabe salientar que a Hipótese Básica (ou central) da pesquisa deverá ser mencionada se foi ou não validada nas “Considerações Finais” da pesquisa. Caso se tenham hipóteses secundarias será também coerente comentá-las nas “Considerações Finais”.

2.3.6 Modelagem e teste das hipóteses da pesquisa

A testagem das hipóteses consiste na comprovação ou refutação dos seus enunciados. O teste de hipóteses vai depender do tipo de hipótese a ser testada, onde algumas técnicas deverão ser empregadas, como testes estatísticos, experimentação, etc. Assim, o teste de hipótese não deve ser feito através de mera observação dos fatos, tal fato evidencia que nas ciências sociais (como administração, economia, etc) é muito difícil de se fazer teste de hipóteses, pois nestas grande parte dos fatos e fenômenos tem sua base em relações qualitativas e subjetivas (como o comportamento humano) que são difíceis de estabelecer um parâmetro de mensuração que possa ser replicado a outros casos similares, e também porque não é possível se ter o controle dos fatos/fenômenos a ponto de se fazer experimentações com grande grau de veracidade, o que diminui grandemente a credibilidade dos resultados alcançados com pesquisas nesta área a ponto destas sofrerem contestações e controvérsias.

ASSUNTO: Variáveis determinantes do volume de produção agrícola.

TEMA: Produção agrícola: Relação e influência do nível de crédito e do volume de investimento.

PROBLEMA: Qual a relação e influência do nível do nível de crédito e do volume de investimento agrícola no volume de produção agrícola?

HIPÓTESE MAIOR: o volume de produção agrícola (Y) está diretamente relacionado com os níveis de crédito (X1) e o volume de investimento (X2) agrícola.

HIPÓTESE SECUNDÁRIA 1: o volume de investimento agrícola (X2) é determinante direto do volume de produção agrícola (Y).

HIPÓTESE SECUNDÁRIA 2: o nível de crédito agrícola (X1) é determinante direto do volume de produção agrícola (Y).

HIPÓTESE SECUNDÁRIA 3: o volume de investimento agrícola (X2) é a variável relevante na determinação do volume de produção agrícola (Y), e o nível de crédito agrícola (X1) tem importância secundária.

HIPÓTESE SECUNDÁRIA 4: o nível de crédito agrícola (X1) é a variável relevante na determinação do volume de produção agrícola (Y), e o volume de investimento agrícola (X2) tem importância secundária.

VARIÁVEIS: Volume de produção, nível de crédito, volume de investimento.

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Diante do exposto, muitos pesquisadores só consideram como hipóteses aquelas que possam ser testadas com base na experimentação. Em economia, os estudos econométricos são os que permitem um maior controle dos eventos que possam estar por trás dos fatos/fenômenos observados, por isso, a sua utilização torna-se cada vez mais crescente. Assim, normalmente o modelo de testes das hipóteses de uma pesquisa na área econômica é uma modelagem econométrica, mas também são utilizados em conjunto e em separado de acordo com a natureza do estudo modelos conceituais, teóricos e analíticos (sugere-se a utilização destes modelos em estudos de níveis de mestrado e doutorado).

A apresentação da modelagem econométrica deve expor (hierarquicamente):

• as equações/funções; • a definição (ou o que representa) de cada variável (elemento) das equações/funções; • a metodologia e as técnicas (estatísticas, econométricas, etc) sob as quais o modelo

(equações/funções) será testado; • as implicações (no caso da economia do ponto de vista econômico) da aceitação ou negação

das hipóteses.

2.3.7 Definição de termos e variáveis da pesquisa

Como comentado anteriormente os problemas evidenciam relações entre variáveis, assim para que se entendam as mais prováveis relações que possam existir entre as variáveis é interessante que se faça a definição de termos e variáveis da pesquisa, isto pode ser realizado de diversas formas. Sugere-se que quando as hipóteses são teóricas que seja realizado tal definição no início da “Revisão Bibliográfica” ou ao longo da mesma, e em caso de hipóteses empíricas (como nos modelos econométricos), que tal definição seja realizada de modo sucinto junto à modelagem no capítulo da Metodologia da Pesquisa.

Assim sendo, cabe destacar que quando se utilizam hipóteses é importante que cada variável que operacionaliza a hipótese seja definida, porque é nesta definição de termos e variáveis onde se estabelecem as relações semânticas e epistemológicas dos elementos verbais, também é onde se definem as relações que estes elementos guardam entre si no estudo.

Diante destes aspectos, cabe pormenorizar melhor seus atributos, em vistas que, “O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor compreensão da realidade observada ... [porque em uma pesquisa] ... não se está precisamente interessado nas palavras em si, mas nos conceitos que elas indicam, nos aspectos da realidade empírica que elas mostram”2 Marconi e Lakatos (2000, p. 25-26). Assim sendo, tomemos a exemplificação de que seja necessário em uma pesquisa se definir o termo/expressão “variável”, o exemplo a seguir procurar evidenciar a sua definição, e o emprego que pode ter em um estudo em particular, como segue:

a) Variável: “O conceito de variável refere-se a tudo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstâncias” (GIL, 1991, p. 36). O presente estudo refere-se às variáveis sociais, políticas, econômicas, gerenciais e comportamentais que se manifestaram no contexto (evolução e perspectivas) da avaliação econômica de empresas e que implicaram em transformações estruturais e comportamentais.

Conforme mostra o exemplo, na apresentação de termos e variáveis da pesquisa, deve-se primeiramente expor (através de citação direta) uma definição amplamente aceita (especialmente pela comunidade científica e/ou técnica) sobre o termo, e depois caso exista a necessidade deve-se expor as relações que o termo guarda com os demais elementos do estudo, deve-se explicar sucintamente estas relações.

2 Grifo nosso.

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Portanto, no início da “Revisão Bibliográfica”, ou ao longo dela (ai pode-se trabalhar de modo mais aprofundado suas definições), ou ainda na “Metodologia da Pesquisa” (neste caso de modo bem sucinto, porém é interessante que tenha sido melhor abordado anteriormente na “Revisão Bibliográfica”) deve-se expor a definição que se adota no estudo sobre os conceitos relevantes que o mesmo adota, pois isto dá suporte para as diversas interpretações e resultados que a pesquisa possa trazer ao longo do seu desenvolvimento, ou seja, podem existir outras definições para tais conceitos e variáveis, mas o estudo optou por aqueles que explicitou e, diante disso, defende tal posicionamento, e as conseqüências que isto traz, sobre resultados e as análises e interpretações dos mesmos na pesquisa.

Dessa forma, a definição dos conceitos das variáveis relevantes do estudo deve ser feita com consenso entre orientador e orientando, para que no momento da defesa não haja desacordos entre ambos, e os mesmos devem estar ciente que os membros da banca podem se posicionarem de modo a terem outros conceitos como os mais adequados para o estudo em questão, cabe então fazer perante estes a defesa de tal posição adotada.

2.4 Objetivos da pesquisa

Os objetivos do estudo devem estar diretamente ligados a expectativa de se possibilitar uma maior compreensão dos fenômenos ligados ao fato/fenômeno de estudo. A especificação dos objetivos de uma pesquisa responde às questões para quê? E para quem? Ou seja, deverão indicar com clareza os propósitos da pesquisa. Objetivos: geral e específicos.

Os objetivos geral e específicos devem ser formulados iniciando-se sua proposição com verbo no infinitivo, e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração, a qual deve estar relacionada com as características e a natureza do objeto de estudo. Assim os verbos podem ser usados para determinar estágios cognitivos de:

• conhecimento: os verbos apresentar, apontar, arrolar, classificar, conhecer, citar, definir, descrever, enunciar, inscrever, nomear, reconhecer, registrar, relatar, repetir e sublinhar;

• compreensão: os verbos compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar, descrever, diferenciar, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, interpretar, localizar, reafirmar, traduzir e transcrever;

• análise: os verbos analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, discriminar, examinar, experimentar, investigar e provar;

• aplicação: os verbos aplicar, demonstrar, desenvolver, empregar, estruturar, ilustrar, inventariar, manipular, operar, organizar, praticar, provar, selecionar, traçar e usar;

• síntese: os verbos articular, compor, constituir, coordenar, construir, documentar, especificar esquematizar, formular, organizar, produzir, propor, reunir e sintetizar;

• avaliação: os verbos apreciar, argumentar, avaliar, contrastar, decidir, eliminar, escolher, estimar, julgar, medir, preferir, selecionar, validar e valorizar.

2.4.1 Objetivo geral da pesquisa

Está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das idéias estudadas. O objetivo geral vincula-se diretamente à própria significação das proposições da pesquisa.

Atingir ao objetivo (geral) do estudo necessariamente exigirá do pesquisador uma atividade intelectual e ações que operacionalizem suas proposições, as quais podem revelar estágios cognitivos

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de conhecimento, de compreensão, de análise, de síntese e de avaliação. Desta forma, o título do estudo deve guardar relação direta com o objetivo geral.

Quando a pesquisa não trabalha com hipóteses o objetivo geral torna-se a resposta direta ao problema de pesquisa, pois expressa até onde se quer chegar em termos de resposta à questão de pesquisa.

O objetivo geral deve ser apresentado de forma sucinta, clara e objetiva em um único parágrafo (que segue o padrão adotado nos demais parágrafos do estudo), iniciando-se o texto com verbo no infinito. Não se faz, portanto, necessário texto introdutório a apresentação do objetivo geral. Exemplo de objetivo geral:

• Descrever os elementos da integração vertical na cadeia produtiva de gado de corte que contribuem para o aumento da qualidade da carne e da competitividade do segmento frigorífico.

Cabe destacar que o objetivo geral deverá ser mencionado se foi ou não alcançado nas “Considerações Finais” da pesquisa.

2.4.2 Objetivos específicos da pesquisa

Apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, reunir os elementos para se atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares. E como se o objetivo geral fosse fragmentado em diversas partes e estudadas de forma individualizada, que após reunidas dão um sentido global (geral) destes elementos, isto evidencia que:

• para cada objetivo específico é comum se fazer um capítulo (ou capítulos) ou textos de um capítulo (em grande parte apresentados na revisão bibliográfica), que darão um sentido de coesão ao estudo;

• os objetivos específicos devem ser verificados se são suficientes para que o objetivo geral seja atingido (preenchido);

• deve-se estabelecer a seqüência lógica dos objetivos específicos, segundo o encadeamento lógico dos assuntos que tratam, o que determinará a ordem que serão abordados e apresentados no estudo.

Regras gerais de apresentação dos objetivos específicos:

a) inicia-se o texto com verbo no infinito; b) devem ser apresentados cada um em alíneas ordenadas alfabeticamente (a); b) ...) ou

numericamente (1); 2) ...), particularmente sugere-se apresentar numericamente, pois depois é mais prático de se fazer menção aos mesmos ao longo do estudo;

c) o texto deve estar de forma sucinta, clara e objetiva; d) a ordem de apresentação deve seguir a ordem cronológica do desencadeamento lógico do

estudo; e) as alíneas são reentradas em relação a margem esquerda (conforme este exemplo) seguindo o

padrão adotado nas demais alíneas do estudo; f) o texto da alínea começa por letra minúscula e termina em ponto-e-vírgula, exceto a última

alínea que termina em ponto; g) a segunda e as seguintes linhas do texto de cada alínea começam sob a primeira a primeira

letra do texto da própria alínea (conforme este exemplo).

Cabe destacar que para estudos de graduação e especialização não é recomendável se trabalhar mais do que quatro objetivos específicos, dado que ao propô-los tem que se atentar que terá que desenvolver conteúdo e estudo que visem atingi-los. Assim quanto maior o número maiores

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serão os recursos necessários (tempo, dinheiro, infra-estrutura, conhecimento, etc) para atingi-los a contento.

Em relação à ordem de apresentação deve seguir a ordem cronológica do desencadeamento lógico do estudo, em que o objetivo ‘1’ é alcançado através do conteúdo abordado na “Revisão Bibliográfica”, dessa forma, em geral, é comum no objetivo 1 se ter como verbos: apresentar, apontar, descrever, enunciar, etc, e como conteúdo a relação de teorias que o tema aborda. Assim, usando como referência o objetivo geral anterior, somente a titulo de exemplo, podemos ter como objetivo específico primeiro o seguinte:

1) Apresentar as teorias e relações entre integração vertical e gestão da qualidade da carne na cadeia produtiva de gado de corte;

O objetivo 2 tem parte desenvolvida ainda no capítulo “2 Revisão Bibliográfica” e parte no capítulo “4 Apresentação e Análise dos Resultados”, ou todo seu conteúdo desenvolvido tão somente no capítulo 4. Assim, seguindo a referencia do exemplo anterior podemos ter:

2) Descrever os elementos da integração vertical de um frigorífico com confinamento que contribuem para o aumento da qualidade da carne, estudo na região de Sinop-MT;

Por fim, o objetivo 3 (objetivo final) tem o seu conteúdo em totalidade desenvolvido no capítulo “4 Apresentação e Análise dos Resultados”, em seus últimos tópicos de conteúdo, normalmente associado a questões de análise e interpretação dos resultados que foram apresentados anteriormente em subcapítulos do capítulo 4 para se atingir o objetivo 2. Assim, seguindo a referencia do exemplo anterior podemos ter:

3) Propor políticas públicas e estratégias empresariais que contribuam para o aumento da qualidade da carne bovina de corte e da competitividade do segmento frigorífico.

Assim, cada objetivo específico ao ser atingido cumpre um papel singular (específico) no atingimento do objetivo geral, em que o primeiro objetivo específico tem a função de ser aquele que expõe os conceitos e teoria de base na qual o estudo se relaciona, sendo assim, para se atingir este objetivo ao se ler a “Revisão Bibliográfica” deve-se ter conteúdo para que esteja suficientemente desenvolvida a “fundamentação teórica e conceitual da pesquisa”.

Em relação ao objetivo 2 este tem a função de ser aquele que desenvolve o estudo teórico ou prático (econométricos, estudos de caso, observações práticas, entrevistas, etc) das relações centrais entre as variáveis enunciadas no problema de pesquisa, ou seja, cumpre o papel principal da pesquisa, por isso, é muito próximo ao objetivo geral. Assim, ao se atingir tal objetivo as principais relações ao que estudo se propõe verificar devem ter sido alcançadas. Os resultados apresentados são novamente mencionados, porém de modo sintético, no capítulo “5 Considerações Finais”.

Em relação ao objetivo 3 tem a função de finalizar a pesquisa e/ou apresentar as análises e interpretações dos seus resultados (alcançados no objetivo 2), sendo assim, ao se atingir este objetivo todos os aspectos relevantes da pesquisa devem ter sido alcançados. Sendo que se faz menção de modo sintético a tais aspectos novamente no capítulo “5 Considerações Finais”.

2.5 Justificativa da Pesquisa

A justificativa é o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? Ou seja, por que é importante ou relevante a realização da pesquisa? Que contribuições trará? Assim, a justificativa é de suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidade(s) que vai(ão) apoiá-la, neste caso, entenda não

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só na questão do apoio econômico-financeiro, mas também em termos de predisposição de disponibilizar dados, informações e conhecimentos, como o que o faz o orientador, entre outros.

Assim, a justificativa consiste numa exposição sucinta, porém, completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Uma pesquisa tem importância e relevância segundo os seguintes aspectos:

• social (sociedade como um todo ou para uma comunidade em particular); • científico (ramo do conhecimento científico no qual o estudo está relacionado (ex.: ciências

sociais aplicadas); • acadêmico (campo específico do conhecimento científico (ex: economia) no qual o estudo

está relacionado); e • particular (pessoal para o pesquisador ou para as instituições envolvidas).

Os itens anteriores estão dispostos em uma ordem hierárquica, a princípio coerente, a serem apresentados no texto. Sendo que, a importância ou relevância deve enfatizar:

• o estágio que se encontra a teoria respeitante ao tema; • as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer; • a importância do tema do ponto de vista geral; • a importância do tema para os casos particulares em questão: social, científico, acadêmico e

particular; • a possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade pelo estudo proposto; • a descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares, etc.

A justificativa é à parte do projeto em que se mostra o quanto é importante e relevante que a pesquisa seja realizada, por isso, o pesquisador necessita de uma redação criativa e original capaz de convencer um possível financiador do projeto, um possível orientador, a comunidade acadêmica e científica, e até mesmo a si próprio, de que o objetivo proposto e a hipótese levantada são de suma importância de ser alçando e comprovada.

Assim, na justificativa não se deve, ou ao menos não parece ser indicado, apresentar citações de outros autores (com exceção para dados e indicadores que corroborem com os argumentos utilizados), é onde o pesquisador mostra que tem conhecimento (e afinidade) o bastante do objeto de estudo que convence seus leitores (e patrocinadores) quanto a sua capacidade de desenvolver tal pesquisa e que o assunto realmente é importante de ser estudado dado suas contribuições para: sociedade, ciência, academia, instituições envolvidas e ao pesquisador.

Na elaboração da justificativa deve-se tomar o cuidado de não se tentar justificar os objetivos perseguidos e/ou a hipótese levantada, ou seja, não se deve tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa, como se estive antecipando os resultados, pode-se em item separado se apresentar, caso se veja como relevante, o tópico: “Resultados Esperados da Pesquisa”, melhor comentado a seguir.

Em um estudo a justificativa é apresentada (de modo geral compreende entre uma a três laudas) depois do problema e dos objetivos, pois assim segue uma seqüência lógica de desencadeamento dos fatos, ou seja, após manifestar o que se quer estudar (o tema), e o que se quer oferecer alguma solução e ou maiores entendimentos (o problema da pesquisa), e qual a provável resposta (solução) a problemática levantada (a hipótese) e o que se quer alcançar com o estudo (os objetivos), é que se deve apresentar a justificativa do por que de se querer estudar tal assunto segundo sua importância e relevância para os diversos atores e instituições envolvidas diante da solução que as hipóteses trazem e do alcance dos objetivos já apresentados.

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2.6 Resultados Esperados da Pesquisa

Como a nomenclatura indica neste item o autor antecipa quais os prováveis resultados que o estudo possa trazer, os quais nem sempre trará na medida em que muitos resultados dependem da aplicação que o estudo venha a ter, a qual na maioria dos casos está condicionada a questões alheias ao pesquisador, ou seja, não competem ao mesmo decidir sobre aplicar ou não tais resultados.

Assim, os “Resultados Esperados da Pesquisa” não é tópico de uso obrigatório dentro da contextualização de uma pesquisa, mas dado a importância que possui, especialmente em estudos na área socioeconômica e ambiental, indica-se a sua inclusão, claro desde ponderada quanto a real capacidade que o conteúdo do estudo tem em si de proporcionar tais resultados esperados.

3 REVISÃO DE LITERATURA DE UMA PESQUISA

É a parte do trabalho em que é apresentado o referencial teórico e conceitual que embasa a pesquisa. Visa reunir, analisar e discutir as informações publicadas sobre o tema, a fim de fundamentar teórica e conceitualmente o problema de pesquisa, ou seja, é a revisão bibliográfica das variáveis que compõem o problema evidenciando suas relações e aplicações teóricas e práticas.

Assim, a revisão de literatura (ou revisão bibliográfica ou fundamentação bibliográfica) não é uma simples transcrição e/ou justaposição das idéias dos autores, mas uma apresentação ordenada de pontos fundamentais para o entendimento das relações das variáveis que compreendem o problema. É a configuração da base científica e conceitual que sustentam as idéias e argumentos contidos nas entrelinhas das respostas e soluções ao problema levantado.

A ordenação do conteúdo deve ser feita segundo a relevância científica e a hierarquização que existem entre as teorias das variáveis que compõem o problema, apresentando-as de modo descendente, dos conceitos e teorias mais amplos aos de menor alcance científico. A hierarquização do conteúdo também evidencia o entrelaçamento que se quer dar as teorias, o que é próprio de cada pesquisador, apesar de que por diversas razões, que não nos cabe aqui julgar, os trabalhos em diversas áreas e níveis estão sendo apresentados, sua revisão de literatura, em formatos muito próximos, com isso, perdendo sua originalidade, em parte por culpa dos avaliadores que avaliam seguindo determinados padrões e em parte por culpa dos pesquisadores que não inovam nas configurações, contraposições e apresentação das teorias e suas idéias. Em nível de graduação certa padronização na disposição e configuração do conteúdo da revisão bibliográfica é mais aceitável, mas em estudos de mestrado e doutorado, isto gera perdas de novas descobertas científicas decorrentes de outros encadeamentos que poderiam ser explorados.

3.1 Alguns Objetivos da Revisão de Literatura

De modo geral os principais objetivos da revisão de literatura em uma pesquisa científica são:

• determinação de referencial teórico e conceitual; • revisão teórica; • revisão de pesquisa empírica; • determinação do “estado da arte”; • revisão histórica.

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A revisão de literatura com o objetivo de determinação de referencial teórico e conceitual visa apresentar uma breve fundamentação teórica e conceitual quanto aos temas e conceitos ligados ao problema e objetivos da pesquisa. Desta forma, não se tem a pretensão de aprofundamento nos temas, o que se pretende é dar uma abordagem panorâmica dos conceitos e teorias, enfatizando o sentido de seu emprego no estudo através da indicação dos aspectos por de trás dos conceitos que interferem na realidade teórica e/ou empírica do estudo.

A revisão de literatura com o objetivo de ser uma “revisão teórica” esta empregada no sentido de se opô-la a revisão empírica (ver a seguir). Uma revisão teórica, geralmente, tem o objetivo de circunscrever um dado problema de pesquisa dentro de um quadro de referencial teórico que pretende explicá-lo, assim se adeqüa melhor aos estudos onde o problema é gerado por uma teoria; ou o problema de pesquisa é a própria teoria; ou ainda o problema não é gerado por uma teoria em particular, mas deriva de várias teorias.

A revisão de literatura com o objetivo de ser uma “revisão empírica” tem o objetivo, em geral, de descrever e estabelecer como o problema de pesquisa vem sendo abordado, especialmente do ponto de vista dos métodos e técnicas. Assim essas revisões são a base para dar suporte aos estudos que tem problema de pesquisa relacionado:

• aos procedimentos empregados no seu estudo e/ou na análise dos seus resultados; • aos fatores que vêm afetando os resultados desse problema; • as abordagens das propostas que têm sido feitas para explicar ou controlar o problema; • aos fatores que afetam a manutenção e generalização dos resultados, entre outros aspectos.

A revisão de literatura com o objetivo de determinação do “estado da arte” é indicada para pesquisas bibliográficas, históricas e explicativas (ver definições a seguir), pois o objetivo é descrever e estabelecer o estado atual desenvolvimento de uma dada área de pesquisa, onde se destaca: o que já se sabe; quais as principais lacunas e onde se encontram os principais entraves teóricos e/ou conceituais e/ou metodológicos.

A revisão de literatura histórica tem como principal objetivo a recuperação da evolução de um conceito, área, tema, etc, e a inserção dessa evolução dentro de um quadro de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças. De modo geral, ninguém deveria entrar em uma área de pesquisa sem realizar (ou ter acesso a) uma boa revisão histórica dos seus conceitos e teorias.

A revisão histórica e a revisão para determinação do “estado da arte” possuem similitudes, porém a diferença essencial está no fato de que a revisão histórica tem um campo de visão mais amplo ao abordar um conceito, área, tema, etc, dentro de um quadro de referencial teórico, conceitual, científico, etc, com isso, de modo geral, demanda um período de tempo maior (além de grande conhecimento sobre o tema e suas variantes) que a determinação do “estado da arte” para sua realização, por isso, são tão raras. Assim este tipo de revisão de literatura é indicado para pesquisas históricas e/ou explicativas de doutoramento e são pouco recomendadas para iniciantes e para estudos que não sejam de doutoramento.

A apresentação da revisão de literatura, normalmente, deve ser feita em textos sob a forma de parágrafos corridos se utilizando de subtítulos e subdivisões para separar os diferentes assuntos e conceitos abordados. Além da revisão textual recomenda-se o uso de tabelas, quadros e figuras como forma de sintetizar e apresentar melhor os temas e suas aplicações.

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3.2 Definições de Conceitos e Termos da Pesquisa

As definições de conceitos e termos da pesquisa podem ser realizadas de duas formas basicamente, logo no início da “Revisão Bibliográfica” ou ao longo desta.

No caso de se apresentar no início deve-se apresentar como subtítulo da revisão de literatura. Este tipo de opção é mais adequado para estudos que envolvem a discussão de diversas variáveis, e os conceitos e teorias destas variáveis não estão totalmente consolidados ou há múltiplas interpretações. Assim, o pesquisador poderá expor os diferentes conceitos e termos situando o leitor quanto a definição optada e o seu uso e aplicação na pesquisa. A opção por se fazer inicialmente deve-se ponderar até que ponto as diferentes definições empregadas são relevantes para o entendimento do restante da revisão e da própria pesquisa.

No caso da opção por apresentar os conceitos de acordo com o desenvolvimento teórico da revisão, esta opção se mostra mais adequada para aqueles estudos que se relacionam a discussão de número pequeno de variáveis, e os conceitos e teorias destas variáveis estão com boa consolidação e aceitação na academia. Assim, a apresentação e definição dos conceitos no desenrolar da revisão não prejudicam o entendimento da pesquisa e os posicionamentos do pesquisador.

3.3 Base Conceitual das Hipóteses da Pesquisa

Além das definições de conceitos e termos da pesquisa pode-se ter um subcapítulo específico para se trabalhar a base conceitual das hipóteses, caso se tenha optado por não se trabalhar junto aos conceitos já desenvolvidos no restante da revisão. Neste caso, para que não fique repetitivo ou se trate dos mesmos assuntos deve enfocar neste na base conceitual das hipóteses relacionando-as com suas funções para o entendimento do posicionamento científico e técnico das variáveis junto ao problema de pesquisa. Uma forma de validar estes posicionamentos é apresentar as evidências e resultados de estudos que corroboram com os posicionamentos adotados na pesquisa.

Após a apresentação da base conceitual da pesquisa, caso a tenha optado por apresentar primeiramente e não ao longo da revisão, na seqüência apresenta-se a fundamentação teórica da pesquisa.

3.4 Fundamentação Teórica da Pesquisa

É a parte da revisão de literatura que compreende a maior parte da revisão, pois é nesta divisão e nas suas subdivisões (quando existirem) que o pesquisador de acordo com os objetivos de sua revisão (apresentados anteriormente) faz a fundamentação teórica que sustenta as proposições da pesquisa e o desenvolvimento da mesma.

As “Definições de Conceitos e Termos e a “Base Conceitual das Hipóteses” caso se tenha optado por não se trabalhar em separados, como Subcapítulos iniciais, o seu conteúdo deve então ser abordado ao longo da “Fundamentação Teórica da Pesquisa”.

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4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Nesta etapa da pesquisa é onde se responde Como? Com quê? Quanto? Onde? será realizada a pesquisa. A metodologia da pesquisa (ou “Material e Métodos”) deve ser uma metodologia científica, ou seja, uma metodologia que deve seguir princípios que levam a geração de conhecimentos científicos, para tal deve englobar a abordagem (métodos de abordagem), os procedimentos (métodos de procedimentos) e as técnicas de pesquisa. Neste sentido, o “Método científico é o conjunto de procedimentos racionais que permitem ao cientista investigar, de maneira ordenada, a solução de problemas” (MONTEIRO e SAVEDRA, 2001, p. 37).

Assim, o método nada mais é do que uma estrutura mental, um modo de pensar (dedução, indução ...) e operacionalizar a ação explicativa, e um conjunto de procedimentos e técnicas a serem empregadas, que possibilitem oferecer um tratamento adequado ao objeto de estudo, a ponto de neste processo de abstração e ações concretas possa-se descobrir os dados e informações corretos e necessários que através do processo mental (análise, interpretação e síntese) se terá condições de oferecer ao problema de pesquisa as respostas e soluções (através da validação ou refutação das hipóteses) pertinentes ao nível de entendimento e explicação que se quer dar (o alcance dado à teoria com o atingimento dos objetivos) ao objeto de estudo desde o princípio. Dessa forma, a escolha do método (ou métodos) científico é relevante para os resultados que se quer alcançar e os que ele realmente possibilitará alcançar.

4.1 Aspectos metodológicos

No processo de produção de conhecimento vai depender do tipo de método utilizado a base da investigação que se desenvolverá ao longo do estudo. A escolha do método científico depende principalmente de dois aspectos:

• a natureza do objeto ao qual o método deverá ser aplicado; e • o objetivo que se tem o estudo em si.

Neste sentido, é através do uso do método adequado ao objeto de estudo (sua natureza) e à explicação e entendimento (os objetivos) que se propõe a oferecer que se tem condição de definir os procedimentos necessários (específicos) para se dar o tratamento e abordagem correta ao estudo. Como visto, “o método científico é a teoria da investigação” MARCONI LAKATOS (2000, p. 51) apud BUNGUE, porque determina a forma (como) e os procedimentos (o caminho) para se chegar aos fins (objetivos) pré-determinados no projeto. Para tal, existem alguns tipos de métodos:

• método de abordagem ou lógicas da investigação: incluem neste grupo os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico; e

• método de procedimentos ou técnicas da investigação: incluem neste grupo os métodos: experimental, observacional, comparativo, estatístico, clínico e monográfico.

4.1.1 Métodos de abordagem da pesquisa

O processo de pesquisa exigirá do pesquisador uma abordagem (processo mental ou linha de raciocínio) em relação ao objeto de estudo e ao problema de pesquisa derivado do mesmo. Assim, dado a natureza do objeto e do problema de pesquisa, o pesquisador tem que escolher o melhor método que lhe permita dar a abordagem adequada ao estudo. Por abordagem adequada, entenda-se o processo mental capaz de oferecer o entendimento necessário das causas ou das relações que estão por trás da forma de apresentação e manifestação dos fatos e fenômenos que se procura entender e

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explicar. Neste sentido, os métodos de abordagem mais usuais são os métodos: dedutivo (ou racional), indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

1) Método dedutivo ou racional

É um método que parte de fatos e enunciados gerais organizados como premissas de um raciocínio e que chega a conclusões particulares. Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz. Consiste na seguinte linha de raciocínio:

:

Características:

• caso todas as premissas sejam verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira; • todas as premissas já carregam as informações (no ex.: homem e mortal) que são os fatos da

conclusão.

O método dedutivo tem grande aplicação nas ciências sociais, especialmente nas pesquisas bibliográfica, históricas, experimentais (ou de laboratório), qualitativas e explicativas.

2) Método indutivo:

Proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume, o método indutivo é um processo mental pelo qual, partindo-se de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.

O método indutivo consiste na seguinte linha de raciocínio:

Características:

• caso todas as premissas sejam tidas como verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira;

• a conclusão enuncia algo (todos, ou seja, universaliza a conclusão) não contido nas premissas (no ex.: existem homens ainda não observados), por isso, a conclusão pode ser falsa.

O método indutivo tem grande aplicação nas ciências sociais, em especial nas pesquisas descritivas, exploratórias, experimentais (ou de laboratório), estudos de caso e qualitativas (em menor graus). Entretanto é limitada a generalização (aplicação) que se possa fazer dos resultados alcançados, pois como foi estudado um caso ou uma amostra de uma população e o estudo ocorreu em uma dada condição (social, econômica, política, comportamental etc) a generalização só é possível se tal condição estiver confirmada, nos demais casos onde existe semelhanças de condições, pode-se esperar que os fatos/fenômenos possam ter comportamento semelhante, mas não igual.

Todo homem é mortal. (premissa maior ou geral) João é homem. (premissa menor) Logo, João é mortal. (conclusão particular)

Pedro tem um coração. Paulo tem um coração. (premissas particulares ou menores) Lucas tem um coração. . . . Todos os homens observados tinham um coração. (premissa maior) Logo, todos os homens têm um coração. (conclusão geral)

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3) Método Indutivo-Dedutivo

Proposto inicialmente por Aristóteles (350 a.C.) em “Analíticos Posteriores, in Órganon”, em que a partir de observações ou evidencias particulares iniciais de que certos fatos ocorrem (ou que certas propriedades coexistem) através do processo de “indução” chega-se a um princípio explicativo (o conhecimento das causas), que uma vez estabelecido, pode levar, por dedução, ao real conhecimento dos fatos de onde se partiu (as observações ou evidencias particulares iniciais) ou a outros conhecimentos (Ver figura 1 a seguir).

Figura 1 – Processos de Indução-Dedução

Fonte: Adaptado de Vicente (2008)

Características:

• Há, na explicação científica, um processo de “vai-e-vem”, partindo dos fatos observados, ascendendo para as causas (princípios explicativos), e descendendo novamente para o fato;

• Este vai-e-vem da explicação científica é conhecido como “o arco do conhecimento”; • O Conhecimento Científico equivale ao conhecimento pelas causas (PESSOA JR, 2008;

VICENTE, 2008).

4) Método Hipotético-Dedutivo

Definido por Karl Popper em obra publicada inialmente em 1935, esquematicamente segundo Gil (1999, p. 30) consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio:

Quando um fenômeno não é explicado pelos conhecimentos disponíveis surge o problema. Então são formuladas conjecturas ou hipóteses para tentar explicar as dificuldades do problema.

Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. A tentativa de falseamente consiste em tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. No método hipótetico-dedutivo, ao contrário do método dedutivo que procura a todo custo confirmar a hipótese, neste procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. Quando não se consegue o falseamento da hipótese por qualquer fato ou situação, tem-se a sua corroboração. “De acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide” (GIL, 1999, p. 30).

O método hipótetico-dedutivo tem uso bastante restrito nas ciências sociais (nas áreas como direito, economia, psicologia, sociologia etc), pois nem sempre podem ser deduzidas conseqüências observadas das hipóteses, especialmente em pesquisas históricas e comportamentais.

Problema Conjecturas Tentativa

de

falseamento

Corroboração

Dedução de

conseqüências

observadas

Conhecimento de fatos

Conhecimento de causas

Indução

Dedução

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4) Método Dialético

Fundamenta-se na concepção dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. Esta visão admite a hegemonia das idéias sobre a matéria. Tal concepção foi criticada por Karl Marx e Friedrich Engels, que defendem o contrário: a hegemonia da matéria em relação às iéias. Esta visão ficou conhecida como materialismo dialético ou materialismo histórico.

É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. Este método tem grande aplicação nas ciências sociais (GIL, 1999; LAKATOS e MARCONI, 1993), em economia política especialmente em pesquisas históricas e qualitativas.

5) Método Fenomenológico

Preconizado por Edmund Husserl, o método fenomenológico preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é, ou seja, consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. Assim, não é dedutivo nem indutivo. E, então procura excluir tudo aquilo que é subjetivo do pesquisador (suas deduções e induções) e que podem modificar a realidade dada diretamente a sua consciência. Assim, a realidade não é única, mas tantas quantas forem suas compreensões, interpretações e comunicações. Dessa forma, a consciência de mundo do sujeito é reconhecidamente o aspecto mais importante no processo de construção do conhecimento. Portanto, os aspectos históricos, sociais, econômicos e culturais, que influenciamem em muitos fenômenos não são revelados, por isso, este método tem limitada aplicação nas ciencias sociais (GIL, 1999; TRIVIÑOS, 1992). Este método tem maior emprego em pesquisas qualitativas.

4.1.2 Métodos de procedimentos da pesquisa

Em uma pesquisa, normalmente usa-se mais de um método de procedimentos, pois os mesmos oferecem o suporte necessário a abordagem (processo mental ou linha de raciocínio) que estamos dando ao estudo, ou seja, os métodos de procedimentos indicam como o pesquisador irá proceder (técnicas da investigação) ao longo da pesquisa em relação a sua busca de entendimento e explicação do problema de pesquisa. Em muitos estudos, principalmente nas ciências sociais, usa-se dois ou mais métodos de procedimentos para se desenvolver satisfatoriamente os objetivos e hipóteses da pesquisa.

1) Método experimental

Consiste de se fazer experimentos com o objeto de estudo através do estudo do objeto sob condições controladas em laboratório (áreas da fisica, química, médica etc) ou no meio social (psicologia e sociologia) e nem sempre conhecidas (muitas técnicas são novas e ainda não se sabe os resultados sociais e técnicos de suas aplicações) e do uso de variáveis e técnicas (experimentação e observação) a fim de obter determinados resultados, os quais nem sempre são, ou podem ser, os previamente esperados. Quando os resultados prejudicam algum indivíduo ou grupo social pode haver críticas éticas, especiamente quando a pesquisa envolve seres humanos, como o caso da clonagem humana e do uso de alimentos derivados de produtos transgênicos (modificados geneticamente) na alimentação.

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2) Método histórico ou materialismo histórico

Consiste no estudo de fatos e fenômenos que aconteceram no passado e a sua influência e relação com a sociedade atual. É a busca das origens das relações e fatos sociais atuais, ou seja, a busca da natureza (a essência) dos fatos e da forma como a sociedade em si se apresenta (não expressa na sua aparência e sim na essência dos fatos) como uma entidade socialmente construída e constituída e da forma como as relações sociais se manifestam através das interações das diversas forças sociais que legitimam a sociedade como tal.

3) Método estruturalista

Método de investigação que tem na estrutura de um sistema social a base em que os fatos e fenômenos concretos (a realidade observada e percebida) acontecem. Assim, o sistema e as suas partes constituintes mantêm uma relação de interdependência de forma que ao modificar uma da partes modifica-se cada uma das outras partes e, conseqüentemente, o próprio sistema em si. O método consiste em primeiramente entender o estado atual de desenvolvimento da estrutura, para em seguida, abstrair esta realidade através da construção de modelo representativo desta realidade (objeto de estudo), e finaliza quando de volta a realidade do objeto de estudo (estado atual de desenvolvimento), mostra as relações que estão por trás da realidade percebida pelo sujeito.

4) Método funcionalista

No método funcionalista a sociedade é vista como um sistema organizado de atividades sociais e culturais (práticas, normas, crenças, princípios etc), onde por trás da organização destas atividades está uma estrutura funcional que é indispensável à operacionalização da sociedade. A operacionalização da sociedade através das suas diversas atividades constituintes é resultante das funções manifestas (funções pretendidas e esperadas das instituições) e das funções latentes (aquelas que ocorrem sem serem pretendidas ou esperadas).

5) Método observacional

No método observacional o pesquisador procura não interferir nos resultados esperados (ao contrário do experimental em o pesquisador procura controlar os resultados) ou obtidos (em alguns casos pode criar certos ambientes e estados a fim de induzir o objeto de estudo a certas ações com a finalidade de observar suas reações), apenas observa o que acontece ou aconteceu, onde dos fatos e fenômenos ocorridos e as impressões obtidas se formam o conjunto de informações a serem analisadas que revelarão os resultados obtidos com a observação.

6) Método comparativo

É o estudo comparativo de diversos grupamentos sociais (indivíduos, classes, fatos e fenômenos sociais) através da identificação de semelhanças e ou diferenças que possam estar ligadas ao espaço e tempo. Assim, pode-se comparar os estágios de desenvolvimento de uma sociedade e ou das sociedades, e também a época, ou seja, passado e/ou presente em que se faz as comparações. É através das deduções e da experimentação indireta que se analisa o objeto concreto.

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7) Método estatístico

O método estatístico consiste no uso de métodos e técnicas estatísticas na tentativa de quantificar muitos dos fatos e fenômenos sociais e naturais. Seu uso busca simplificar a representação complexa da realidade através da experimentação e prova, ou seja, comprovação das relações e explicação dos fatos, explicações estas que não são absolutamente verdadeiras, mas sim carregam grande probabilidade de serem verdadeiras.

8) Método clínico

Desenvolvido através da relação profunda entre pesquisador e pesquisado (ex.: relação: médico e paciente, psicólogo e paciente etc). Dado que a pesquisa envolve muitos aspectos subjetivos e comportamentais, deve-se ser cuidadoso na hora se fazer generalizações dos resultados obtidos.

9) Método monográfico

O método monográfico sustenta que através do estudo de um caso em profundidade pode-se considerá-lo como representativo de vários outros casos de igual natureza e semelhança. Consiste então do estudo exaustivo de casos particulares como comunidades, instituições, grupos sociais, relações sociais, indivíduos etc, com a finalidade de se generalizar os resultados obtidos.

10) Método tipológico

O objetivo é criar modelos ideais da realidade através da separação entre o que é (aquilo que imaginamos como a realidade) e o que deve ser (os juízos de valor). O pesquisador através da análise da essência das tipologias dos fatos e fenômenos cria o tipo ideal, o qual serve de modelo para a análise e entendimento dos fatos existentes na realidade observada.

11) Método etnológico

É a busca de analisar a cultura (as crenças, os princípios e valores) e os comportamentos práticos dos indivíduos como sendo a expressão do comportamento socialmente organizado. Assim, os “etnometodólogos rejeitam as hipóteses de que os fenômenos cotidianos se deformam quando examinados por meio da ‘grade de descrição científica’” (GIL, 1999, p. 41).

Dos métodos apresentados como de procedimentos anteriormente existem divergências entre alguns autores quantos aos métodos: funcionalista, estruturalista, histórico e etnológico poderem ser considerados como métodos de procedimentos ou estarem em um nível de estágio inferior de desenvolvimento, sendo então considerados quadros de referência. Como quadro de referência entenda-se o conjunto de conhecimentos de uma determinada teoria e a metodologia específica utilizada para obter e organizar este conjunto de teorias.

Teoria, aqui é considerada toda generalização relativa a fenômenos físicos ou sociais, estabelecida com rigor científico necessário para que se possa servir de base segura à interpretação da realidade; metodologia, por sua vez,

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engloba métodos de abordagem e de procedimentos e técnicas (MARCONI e LAKATOS, 2000, p. 97).

Apesar das divergências quanto a quais são ou podem ser considerados como métodos de procedimentos dos métodos anteriores apresentados como tal, pois alguns pesquisadores defendem que muitos não se desenvolveram a sua aplicação o bastante para serem assim considerados, devendo ser considerados como quadro de referência (entenda-se o conjunto de conhecimentos de uma determinada teoria e a metodologia específica utilizada para obter e organizar este conjunto de teorias). Entretanto, acredita-se que o emprego como tal de tais métodos traz mais benefícios do que malefícios a correta consecução de uma pesquisa. Assim, os métodos anteriormente apresentados como métodos de procedimentos podem ser utilizados como tais sem perda da funcionalidade da pesquisa.

4.2 Tipologia e técnicas de pesquisa

Após serem definidos os métodos de abordagem e de procedimentos da pesquisa é necessário definir a tipologia e as técnicas da pesquisa. A tipologia indica o grau de explicação da realidade que o pesquisador pretende dar a sua pesquisa, e as técnicas indicam os procedimentos e recursos utilizados pelo pesquisador para desenvolver sua investigação.

Segundo Santos (1999, p. 25), “Podem se caracterizar as pesquisas segundo objetivos, segundo procedimentos de coleta, ou ainda, segundo as fontes utilizadas na coleta de dados”, e também de forma ampla pela natureza: pura ou aplicada (visto no capítulo 1). Diante destes aspectos segue as principais classificações e definições das pesquisas científicas nas ciências sociais:

a) Pesquisa Bibliográfica: Procura explicar um problema de pesquisa a partir de referências teóricas, onde o pesquisador analisa criticamente as obras (livros, revistas, documentos, etc) com a finalidade de explorar ao máximo possível o assunto objeto de estudo. Todas as pesquisas são no todo ou em parte (o que é mais comum) pesquisas bibliográficas, especialmente a parte relativa à revisão bibliográfica, que é item comum a qualquer tipo de pesquisa científica;

b) Pesquisa documental: Assemelha-se e segue os princípios da pesquisa bibliográfica, porém é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico. A pesquisa documental pode ser por documentação indireta ou direta. A indireta consiste na ordenação e sistematização dos dados e informações com base no encadeamento lógico a ser dado na pesquisa e que atenda aos aspectos relevantes do problema de pesquisa. A documentação direta consiste na ordenação e sistematização dos dados e informações com base nas análises e sínteses dos dados e proposições do estudo feitas diretamente pelo pesquisador. Grande parcela das pesquisas documentais está relacionada a análises dedutivas;

c) Pesquisa de campo: Procura descobrir (levantar, descrever, registrar, analisar, interpretar e correlacionar) a freqüência (das características conhecidas, componentes do fato/fenômeno/problema) com que o fato de estudo ocorre, buscando suas causas e suas relações com outros fatos e fenômenos através da análise e interpretação dos fatos e dados como eles se apresentam e se manifestam no ambiente de estudo. Feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido. A maior parte das pesquisas descritivas envolve análises indutivas. Tipos de pesquisa de campo:

a) Descritivas: Buscam descrever as características de fatos e fenômenos estabelecendo suas grandezas através do isolamento, da análise, da interpretação e da avaliação das suas variáveis principais. Devido às pesquisas descritivas qualitativas e quantitativas sempre amplamente usadas são classificadas a parte como veremos a seguir;

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b) Exploratórias: Visam conhecer melhor um objeto de estudo através do contato direto com o mesmo, objetivando clarificar conceitos, conhecer e entender melhor sua forma de apresentação e manifestação;

c) Experimentais: Visam essencialmente conhecer as relações de causa-efeito dos fatos, através do teste de hipóteses;

d) Pesquisa experimental ou de laboratório: São pesquisas caracterizadas pela questão de manipulação e controle do objeto de estudo através da análise das suas relações de causa e efeito. O pesquisador simula determinadas situações (nem sempre conhecidas, pois muitas técnicas são novas e ainda não se sabe os resultados sociais e técnicos de suas aplicações) e faz experimentos (em ambientes reais ou artificiais) testando o comportamento do objeto de estudo ao longo dos experimentos (os quais podem ser feitos no ambiente social ao ar livre ou em um laboratório), a fim de obter determinados resultados, os quais nem sempre são, ou podem ser, os previamente estabelecidos, o que pode gerar críticas éticas de tais estudos. Na sua grande maioria as pesquisas experimentais equacionam-se a análises indutivas. Tipos de pesquisa experimental ou de laboratório: d) Pesquisa de laboratório: Busca através de experimentos (em laboratório ou no meio

social) sob condições controladas obter determinados resultados, os quais a priori já são pré-estabelecidos pelo pesquisador,

e) Pesquisa médica: Busca através da relação profunda entre pesquisador e pesquisado (ex.: relação: médico x paciente) estabelecer um diagnóstico, a evolução, e o comportamento do pesquisado segundo um conjunto de situações e variáveis. Tal pesquisa envolve muitos aspectos subjetivos, comportamentais e éticos, por isso, deve-se ser cuidadoso na hora de se fazer generalizações dos resultados obtidos e com a aplicação desses resultados, dessa forma, somente após exaustivos testes (em muitos casos primeiramente com animais) é que se deve fazer a sua ampla aplicação nos seres humanos,

e) Pesquisa histórica: Consiste no registro, análise e interpretação de fatos e fenômenos que aconteceram no passado procurando estabelecer a sua influência e relação com a sociedade atual, levando-se em conta: o tempo, a abrangência e os agentes sociais envolvidos no processo de evolução histórica dos fatos e fenômenos de estudo. A pesquisa histórica envolve a coleta de dados primários: documentos, livros, revistas científicas, jornais, newsletters etc, para posterior análise (critica histórica) e síntese. A maior parte das pesquisas históricas envolve análises dedutivas;

f) Pesquisa exploratória: Possuem o objetivo de dar uma visão geral dos fatos, pois ainda se conhece pouco da sua forma de apresentação e manifestação, assim, são pesquisas que servem de conhecimentos para posteriores estudos. São pesquisas quase sempre feitas como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam/atuam na área, visitas a web sites etc. Na sua grande maioria as pesquisas exploratórias envolvem análises indutivas;

g) Pesquisa descritiva qualitativa: As pesquisas qualitativas envolvem aspectos subjetivos e em muitos casos comportamentais, por isso, são os tipos de pesquisa cujos dados só fazem sentido através de um tratamento lógico secundário, feito pelo pesquisador. Muitos dos estudos nas ciências sócias são estudos qualitativos. A grande maioria das pesquisas qualitativas está associada a análises dedutivas;

h) Pesquisa descritiva quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Normalmente as pesquisas quantitativas envolvem análises indutivas. Em muitos casos, as pesquisas são tanto descritivas qualitativas e quantitativas, sendo classificadas como Descritivas Quali-quantitativas;

i) Pesquisa explicativa: ocupa-se com os porquês de fatos/fenômenos que preenchem a realidade, isto é, com a identificação dos fatores que contribuem ou determinam a ocorrência, ou a maneira de ocorrer dos fatos e fenômenos. Por tal motivo são as pesquisas mais

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complexas de serem feitas, pois exigem um amplo conhecimento do pesquisador sobre o assunto pesquisado. Nas ciências naturais a grande maioria dos estudos explicativos são experimentais, e nas ciências factuais são feitas em grande parte através de estudos observacionais. Normalmente as pesquisas explicativas relacionam-se a análises dedutivas;

j) Levantamento (Survey): quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Normalmente envolve o uso de amostras representativas da população, com isso, os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente;

k) Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Alguns autores consideram que o Estudo de Caso “... não uma técnica especifica. É um meio de organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado” (GOODE e HATT, 1969, p. 422). De outra forma, TULL (1976, p. 323) afirma que “um estudo de caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular”. Como um Estudo de Caso envolve o estudo de um caso particular, com isso, os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente;

l) Pesquisa ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos. A pesquisa ex-post-facto se dá pela “investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou por que são intrinsecamente não manipuláveis” Kerlinger apud Gil (1999, p. 69). A grande maioria das pesquisas ex-post-facto associam-se a análises indutivas;

m) Pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Na sua grande maioria as pesquisas-ação estão ligadas a análises dedutivas;

n) Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. De modo geral, as pesquisas participantes estão associadas a análises dedutivas.

A classificação correta do tipo de pesquisa é importante à medida que o emprego e aplicações dos métodos, técnicas e instrumentos em uma pesquisa dependem de estarem adequados ao tipo de pesquisa. Cabe destacar que é comum confundir método com técnica, porém existem algumas diferenças de aplicações entre método e técnica em uma pesquisa, como bem destaca Ruiz (1996, p. 138),

reserva-se a palavra método para significar o traçado das etapas fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método. Diríamos que a técnica é a instrumentação específica da ação, e que o método é mais geral, mais amplo, menos específico.

Diante do exposto convém relacionar as principais técnicas de pesquisa segundo o tipo de pesquisa nas ciências sociais:

a) Pesquisa Bibliográfica: As técnicas mais usuais são: levantamento bibliográfico, compilação e fichamento;

b) Pesquisa documental: As técnicas mais usuais são: documentação indireta ou direta etc;

c) Pesquisa descritiva ou de campo: As técnicas mais usuais são: coleta padronizada de dados, levantamentos sistemáticos, observações, descrições e registros etc;

d) Pesquisa experimental ou de laboratório: As técnicas mais usuais são: experimentos controlados (em laboratório) ou não (feitos no ambiente social ao ar livre);

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e) Pesquisa histórica: As técnicas mais usuais são: coleta de dados primários (documentos, livros, revistas científicas, jornais, newsletters, etc), registros, análises (critica histórica) e sínteses.

f) Pesquisa exploratória: As técnicas mais usuais são: levantamento bibliográfico, entrevistas, pesquisas na Internet etc.

g) Pesquisa qualitativa: As técnicas mais usuais são: Análise comportamental, análises, interpretações, sínteses etc;

h) Pesquisa Quantitativa: As técnicas mais usuais são: técnicas estatísticas como: percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc;

i) Pesquisa explicativa: As técnicas mais usuais são: experimentos controlados (em laboratório) ou não (feitos no ambiente social ao ar livre), observações etc;

j) Levantamento (Surveys): As técnicas mais usuais são: aplicação de questionários, análise de conteúdo, técnicas estatísticas etc;

k) Estudo de caso: As técnicas mais usuais são: análise intensiva de uma situação particular etc;

l) Pesquisa ex-post-facto: As técnicas mais usuais são: experimentos realizados depois dos fatos etc;

m) Pesquisa-ação: As técnicas mais usuais são: os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo;

n) Pesquisa Participante: As técnicas mais usuais são: interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.

Os procedimentos e os instrumentos de coleta e sistematização de dados representam a operacionalização das técnicas de pesquisa que, por sua vez, devem estar relacionadas à tipologia da pesquisa. Em muitos casos, o procedimento em si é a própria técnica. Desta forma, a seguir comenta-se os principais procedimentos (e/ou técnicas) e instrumentos de coleta e sistematização de dados.

4.3 Procedimentos e instrumentos de coleta e sistematização dos dados

Os procedimentos e os instrumentos de coleta e sistematização de dados representam a operacionalização das técnicas de pesquisa. Em termos práticos os procedimentos representam a forma como serão realizadas as diversas fases/etapas da pesquisa, e ao longo das diversas etapas inúmeros instrumentos de pesquisa serão utilizados, desta forma, eles os procedimentos e os instrumentos de pesquisa são interdependentes entre si.

A definição dos procedimentos e instrumentos em uma pesquisa científica dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Os procedimentos e os instrumentos de coleta e sistematizações de dados mais usuais em pesquisa científicas nas ciências sociais são respectivamente: levantamento bibliográfico; técnicas de observação; técnicas de entrevista; técnicas de questionário; técnicas de formulário; técnicas de pesquisas na Internet; técnica Delphi; técnicas de amostragem; técnicas de normalização e formatação de dados.

1) Levantamento bibliográfico

O levantamento bibliográfico ou pesquisa bibliográfica é constituído de cinco fases (procedimentos) distintas: identificação, localização, acessibilidade, compilação e fichamento (compilação e fichamento em muitos casos são consideradas técnicas independentes do levantamento bibliográfico):

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a) Identificação: Consiste em descobrir se já existem estudos sobre o tema que se pretende estudar, procurando descobrir também se já existem estudos que oferecem respostas para o problema de estudo.

b) Localização: descobrir onde se encontram as obras que possuem relação com o problema de estudo e que são necessárias para se fazer adequadamente o estudo.

c) Acessibilidade: A acessibilidade está ligada às questões de: acesso (contato) a(s) obra(s); o tempo adequado para acesso e pesquisa da(s) obra(s) e ao conhecimento adequado da(s) obra(s) e assuntos que as mesmas tratam.

d) Compilação: deve-se então fazer a compilação das mesmas, o que consiste em se reunir às obras e se fazer o estudo destas obras buscando extrair neste estudo tudo aquilo que é importante e que possui relação direta com o problema de estudo.

e) Fichamento: Após a compilação, faz-se o fichamento, que consiste em colocar de forma sintética todo um conjunto de informações sobre as obras, informações estas que servirão de consulta futura ao longo do estudo, e na elaboração de citações e referências bibliográficas.

2) Observação

A observação implica em se utilizar dos sentidos e/ou instrumentos na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade. A observação pode ser:

• observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente elaborados. Os instrumento mais usuais são o olhar a olho nu sem um critério formalizado e instrumento de registro;

• observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos preestabelecidos. Os instrumentos mais usuais são: um ambiente que sirva de laboratório, um plano de observação, e instrumento de registro;

• observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa. Neste caso o instrumento mais usual é um plano de registro posterior da observação;

• observação individual: realizada por um pesquisador. Os instrumentos podem ser: o olhar a olho nu ou em laboratório, planos (critérios) de registros, instrumentos de registro formalizados;

• observação em equipe: feita por um grupo de pessoas. Normalmente cada membro da equipe foca em um aspecto a ser observado em vários elementos ou cada membro da equipe foca em um elemento levantando o máximo de informações sobre o seu comportamento. Os instrumentos mais usuais são: o olhar a olho nu, planos (critérios) de registros, instrumentos de registro formalizados;

• observação à vida real: registro de dados à medida que ocorrem. Os instrumentos mais usados são o olhar a olho nu sem, porém com planos (critérios) e instrumentos de registro bem formalizados;

• observação em laboratório: onde tudo é controlado. Os instrumento mais usados são: laboratório com equipamentos adequados (câmeras, etc), plano de observação e instrumentos de registro.

3) Entrevista

Entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:

• padronizada ou estruturada: o roteiro (instrumento) é previamente estabelecido de forma estruturada (seqüencial);

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• despadronizada ou não-estruturada: não existe rigidez no roteiro (instrumento), com isso, o entrevistador tem maior flexibilidade para explorar melhor as questões relevantes de acordo com o andamento da entrevista.

4) Questionário

É instrumento baseado em uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância do uso das informações e da colaboração do informante e facilitar o preenchimento. As perguntas do questionário podem ser:

• abertas: Ex.:“Qual é a sua opinião sobre ...?”; • fechadas com duas escolhas: Ex.: ( ) sim ou ( ) não; • fechadas de múltiplas escolhas: com uma série de respostas possíveis. Ex.: quantos membros

da família são adultos: ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( ) mais de 5.

Young e Lundberg (apud Pessoa, 1998) fizeram uma série de recomendações úteis à construção de um questionário. Entre elas destacam-se:

• o questionário deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem lógica na elaboração das perguntas;

• a redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao informante. A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da população estudada. A formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;

• cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada pelo informante; • o questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa.

Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, já se sabe que não serão respondidas com honestidade.

5) Formulário

É instrumento que se baseia em uma coleção de questões e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra pessoa (o informante). O instrumento de coleta de dados escolhido deverá proporcionar uma interação efetiva entre o pesquisador, o informante e a pesquisa que está sendo realizada. Para facilitar o processo de tabulação de dados por meio de suportes computacionais, as questões e suas respostas devem ser previamente codificadas.

6) Pesquisa na internet

Cada vez mais se utiliza a Internet como instrumento de auxílio em pesquisas científicas porque ela proporciona:

• maior abrangência da pesquisa a inúmeras bases de dados; • facilidade de arquivamento e manuseio dos dados e informações digitais; • baixos custos de comunicação com outros estudiosos internacionalmente através de e-mail,

ferramentas de comunicação on-line (ICQ®, Messenger® etc), teleconferência via web can (Skype® etc), entre outros aspectos3.

3 Para maiores informações sobre o uso da Internet como meio e ferramenta de pesquisa ver: CLAUSEN, Helge. Online, CD-RON and Web: is the same difference? Aslib Proceeding, v. 49, nº. 7, p. 177-183, Jul./Aug., 1997.

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Os documentos pesquisados na Internet devem ser fichados e referenciados segundo as normas da ABNT para documentação eletrônica, onde destacam-se além do endereço eletrônico (URL na Internet) a respectiva data de acesso, atitude tomada por serem as informações bastante voláteis na Internet. Isto resguarda o estudo de fatos alheios à vontade do pesquisador, tais como:

• alteração do endereço do servidor/provedor de informação; • retirada do documento em determinado endereço; • limite de acesso ao documento; e • exclusão do documento na Internet.

No caso de pesquisa documental é importante o uso de critérios de análise e avaliação dos dados e informações pesquisados na Internet, neste sentido Blatmann e Tristão (1999, p. 28-46) expõem os seguintes critérios:

� autoridade (link): quem é o autor; � escopo: que itens aborda? Quais os assuntos (profundidade, abrangência)? A

informação está limitada a certos períodos de tempo?; � conteúdo: se a informação é factual ou opinião? Se a página contém informação

original ou simplesmente links? Se a informação é acurada, atualizada, qualidade do estilo da escrita e se os links estão atualizados.

� público-alvo: se facilmente pode ser verificado a quem se destina (escolar, científico, técnico).

� propósito da informação: informa, exemplifica ou julga. � endereço do documento (URL): que instituição é provedora da informação

(acadêmica, órgão governamental, militar, comercial). � corpo Editorial: se possui cabeçalho ou rodapé indicando relações a outros web

sites. Se possui marca d'água que proporciona mesma função. Se possui link para ir a página mestre para onde o documento permanece. Se existe link para enviar mensagem ao webmaster.

� atualidade: se o documento é atual ou ultrapassado. Isto se torna relevante quando as informações têm caráter estatístico ou econômico.

7) Técnica Delphi

O objetivo com o uso da técnica delphi é o de “obter o consenso mais confiável possível da opinião de um grupo de especialistas [...] por uma série intensiva de questionários (instrumentos), intercalados com retroalimentações controladas das opiniões” (GUPTA e CLARKE, 1996). A técnica Delphi não tem a intenção de eleger uma única resposta ou atingir o consenso pleno, mas sim, obter tantas opiniões e respectivas respostas de especialistas, com a maior qualidade possível, em um determinado campo de pesquisa, no sentido de aprimorar a tomada de decisão.

8) Amostragem

Como as pesquisas sociais abrangem um universo (população) muito amplo se torna, normalmente, impossível considerá-los em sua totalidade, por isso, trabalha-se com amostras, ou seja, com uma parcela dos elementos do universo. Os principais tipos de amostras são segundo Gil (1999, p. 99-109):

• amostra aleatória simples: consiste em atribuir a cada elemento da população um número único para depois selecionar alguns desses elementos de forma casual;

• amostra sistemática: consiste em ordenar a população de modo que cada um de seus elementos possa ser unicamente identificado (amostra) pela posição, normalmente, definida a partir de uma lista que englobe todos os elementos;

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• amostra estratificada: caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo (estrato) do universo considerado. Dependendo da estratificação da população é necessário a criação de uma matriz de classificação e a estratificação de forma proporcional ou não proporcional;

• amostra por conglomerados: indicada nos casos em que a população analisada é muito grande, sendo difícil a identificação dos seus elementos, nesses casos faz-se a seleção da amostra a partir de “conglomerados”, como bairros, quarteirões, famílias, organizações, edifícios, fazendas;

• amostra por etapas: indicada nos casos em que a população analisada é muito grande e estão disperso em uma grande área geográfica, com um estado ou país, nesses casos faz-se a seleção da amostra a partir de “etapas”, primeiramente por microrregiões, depois por municípios, posteriormente bairros, depois domicílios;

• amostra por acessibilidade ou por conveniência: constitui-se em amostragem não probabilística e consiste na seleção dos elementos que se tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, ser representativos do universo. Este tipo de amostra é indicado para estudos exploratórios e qualitativos onde o pesquisador tem amplos conhecimentos das características da população e não existe elevado nível de exigência na precisão da amostra.

• amostra por tipicidade ou intencional: constitui-se em amostragem não probabilística e consiste na seleção de um subgrupo da população que, com base em informações, possa ser considerado representativo da população. Este tipo de amostra exige amplos conhecimentos das características da população e amostra, quando não há este conhecimento prévio é necessário a formulação de hipóteses o que diminui o grau de representatividade da amostra.

• amostra por cotas: das amostragens não probabilísticas é a com maior rigor, e é desenvolvida em três fases: 1) classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a ser estudado; 2) determinação da proporção da população para cada classe; e 3) fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo que a amostra total seja composta em consonância à proporção das classes consideradas.

De modo geral, uma amostragem pode ser feita por mais de uma forma de amostra. É importante considerar que para que uma amostra seja representativa da população ela deve ser composta por um número suficiente de casos. Este número depende: da extensão do universo (finito ou infinito), do nível confiança estabelecido (normalmente é de 95%), do erro máximo permitido (normalmente é entre 3 e 5%) e do percentual (conhecido previamente ou estipulado) com que o fenômeno se verifica.

Cálculo do tamanho da amostra para populações infinitas (> 100 mil):

Cálculo do tamanho da amostra para populações finitas (< 100 mil):

onde: n = Tamanho da amostra N = Tamanho da população σ

2 = Nível de confiança escolhido (expresso em número de desvio-padrão) e2 = Erro máximo permitido p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica q = Percentagem complementar (100 – p)

Exemplo de cálculo da amostra população infinita: o número de protestantes residentes em determinada cidade com uma população superior a 100.000 habitantes. A percentagem com que o fenômeno se verifica é de 10%. O nível de confiança bastante alto (superior a 99,9%), aplica-se à fórmula 3 desvios e o erro máximo tolerado de 2%.

n = σ2 p.q_

e2

n = σ2 p.q.N_____

e2 (N – 1) + σ2 p.q

1.0254

8.100

4

9.10.90n ===n = σ2 p.q_

e2

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Exemplo de cálculo da amostra população finita: Uma pesquisa que tenha por objetivo verificar quantos dos 10.000 empregados de uma fábrica são sindicalizados. Presume-se que esse número não seja superior a 30% do total, deseja-se um nível de confiança de 95% (dois desvios) e tolera-se um erro de até 3%, temos:

8) Técnicas de normalização e formatação de dados

Estas são técnicas que são utilizadas no tratamento dos dados já coletados por outras técnicas, e consiste na escolha das possíveis formas de tabulação (diagramação digital) e apresentação de dados e os meios (os métodos estatísticos, os instrumentos manuais ou computacionais) que serão usados para facilitar a análise interpretação e dos dados pelo pesquisador e de forma que torne mais fácil a o entendimento do estudo pelos seus leitores. De modo geral, os pesquisadores como forma de padronização e facilitação de elaboração procuram, na sua grande maioria, seguir as normas técnicas de normalização e formatação de dados nas mais diversas normas da ABNT, nos casos não contemplados pelas normas, deve-se usar do bom senso, conservadorismo e padronização.

4.4 Síntese da Tipologia, das Técnicas e dos Procedimentos em uma Pesquisa

Além do destacado anteriormente convêm salientar que os procedimentos e instrumentos de coleta e sistematização de dados de uma pesquisa representam a operacionalização das técnicas da pesquisa que, por sua vez, sua aplicação deve estar relacionada à tipologia da pesquisa. Como as pesquisas possuem uma classificação com mais de uma tipologia, a qual deve guardar relação com as etapas (fases) da pesquisa e as principais técnicas utilizadas ao longo da mesma, o quadro a seguir procura exemplificar (ou seja, não deve ser tomado como um padrão a ser seguido) a maneira que pode ser utilizada para definir de forma sintética a tipologia, as técnicas e procedimentos segundo as fases de uma pesquisa.

Quadro 2 – Etapas e tipologia da pesquisa e as respectivas técnicas e procedimentos de

coleta e sistematização dos dados utilizados

Etapas e Tipologia da Pesquisa

Técnicas de Pesquisa

Procedimentos de Coleta e Sistematização dos Dados

Fase I

Pesquisa Bibliográfica Fundamentação teórica e conceitual através de revisão bibliográfica dos temas, métodos e modelos relacionados ao tema de pesquisa.

– Levantamento

Bibliográfico; – Análise de

Conteúdo; – Documentação

Indireta.

Levantamento bibliográfico e leituras (de livros, revistas científicas, jornais e news-letters), pesquisa na Internet, fichamentos, sistematizações, anotações/ relatórios (em simpósios, seminários, anais, palestras e aulas) e discussões (grupo de estudo e aulas). Material este que foi selecionado, fichado e depois consolidado segundo critérios do autor.

Fase II Pesquisa Exploratória

Fazer levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam/ atuam na área, visitas a web sites, etc.

– Levantamento Bibliográfico;

– Análise de Conteúdo;

– Documentação Indireta

– Entrevistas Estruturadas

Levantamento bibliográfico e leituras (de livros, revistas científicas e não científicas, jornais e newsletters), pesquisa na Internet, fichamentos, sistematizações, anotações/ relatórios, e entrevistas com profissionais que estudam/atuam na área. Material selecionado, fichado e consolidado segundo critérios do autor.

Fase III Ordenação e sistematização dos dados e

85398.391

84.000.000

4.30.70 9.(9.999)

004.30.70.10n ==

+=n = σ2 p.q.N_____

e2 (N – 1) + σ2 p.q

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Pesquisa Descritiva Descrever as características dos fatos/fenômenos estabelecendo suas grandezas através da análise e interpretação dos dados e informações das entrevistas e da bibliografia consultada e fichada.

– Análise e

Interpretação – Documentação

Indireta e Direta

informações com base no encadeamento anteriormente feito na pesquisa atendo-se aos aspectos relevantes do problema de pesquisa expostos pela bibliografia consultada. Análises e sínteses dos dados e proposições do estudo.

Fase IV Pesquisa Qualitativa

Apresentar as considerações finais e recomendações do estudo e o encaminhamento para futuras pesquisas sobre o tema.

– Análise e Síntese – Documentação

Direta

Tratamento lógico aos dados da pesquisa através de análises e sínteses do autor, com base nas interpretações dadas ao material anteriormente desenvolvido na pesquisa.

Como observado pelos exemplos do quadro, a seguir, é comum em cada uma das etapas/fases da pesquisa ocorrer sobreposição de técnicas, onde existe uma tênue diferenciação entre cada uma (por exemplo a análise de conteúdo pode ser utilizada na fase exploratória para definir quais os documentos são relevantes para o estudo, assim como pode ser utilizada na sistematização dos dados obtidos em entrevistas da fase descritiva de uma pesquisa), e suas utilizações devem proporcionar, no desenvolvimento do estudo, maior e melhor sistematização dos dados. Cabe salientar que, nem sempre são possíveis de serem previamente separadas e explicitadas todas as técnicas (principalmente nos projetos de pesquisa), mas as de maior importância para os estudos devem ser previamente explicitadas, e devem estar destacas na Monografia, pois o que garante a qualidade e a confiabilidade dos resultados alcançados são as técnicas e sua correta utilização em concordância com a natureza do problema de pesquisa.

Os instrumentos de coleta e sistematização de dados e as técnicas (como os expostos no quadro anterior) junto com os instrumentos e a metodologia adotada na pesquisa (abordagem e procedimentos) devem garantir que as ações tomadas estejam condizentes com a natureza do objeto de estudo e com as proposições do problema e com o alcance que se quer ter com os objetivos da pesquisa.

4.5 Tipologia das Fontes e Tratamento dos Dados

Quanto à tipologia das fontes dos dados classificam-se em duas categorias: primárias e secundárias. As fontes primárias correspondem a obras originais como livros, revistas científicas e não científicas, jornais, newsletters etc. Já as fontes secundárias correspondem por obras que sofreram tradução, ou que são fruto de fichamentos, sistematizações, anotações (em simpósios, seminários, anais, palestras, entrevistas e aulas), e discussões do pesquisador.

Como cada uma das etapas da pesquisa ocorre o uso de distintas fontes de dados e cada uma destas etapas necessita de tratamentos específicos, nem sempre possíveis de serem previamente esperados e explicitados. Mas de modo geral os seguintes tratamentos de dados são utilizados:

• critérios de busca e seleção dos dados; • critérios de análise e avaliação dos dados • critérios de formatação e apresentação dos dados.

Os critérios de busca e seleção dos dados estão na sua grande maioria relacionados às técnicas de levantamento bibliográfico e/ou de análise documental. Os critérios de análise e avaliação dos dados estão relacionados na maioria dos casos às técnicas de análise documental. E, nos critérios de

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formatação e apresentação dos dados deverão ser utilizados os critérios adotados pelas normas técnicas da ABNT para tal, e em casos de tratamentos especiais devem-se informar as técnicas utilizadas.

4.6 Critérios de Definição da Amostragem da Pesquisa

Este critério já foi abordado anteriormente junto aos procedimentos e instrumentos de coleta e sistematização dos dados de uma pesquisa, o mesmo normalmente é apresentado em um tópico em separado dos procedimentos.

A definição do critério de amostragem da pesquisa consiste em si na apresentação do cálculo da amostra e na definição do tipo (em alguns casos é mais adequado se utilizar mais de um tipo) de amostragem: aleatória simples, sistemática, estratificada, por conglomerados, por etapas, etc, que será realizado na pesquisa, e por quais instrumentos (questionário, formulário, entrevista, etc) serão coletados os dados da amostra. Como aqui se adota a não utilização de apêndices, os instrumentos utilizados deverão figurar nos anexos da pesquisa.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos com o desenvolvimento anterior da pesquisa, em muitos casos, os resultados são obtidos através das interpretações que o pesquisador dá ao desenvolvimento anterior: Contextualização, Revisão Bibliográfica e Metodologia, sendo estes elementos, portanto, o suporte para estas interpretações. Assim, a seguir comenta-se melhor o conteúdo do capítulo “Apresentação e Análise dos Resultados”.

5.1 A Apresentação dos Resultados

Depois de todo o desenvolvimento anterior da pesquisa, Contextualização, Revisão Bibliográfica e Metodologia, vem então a etapa de “Apresentação e Análise dos Resultados”, onde se deverá ser analisado e interpretado os dados que foram tabulados e organizados na “Revisão Bibliográfica” (ou “Revisão de Literatura”) e na pesquisa em si (no desenvolvimento da mesma), ou seja, é onde são relacionados, comparados e confrontados os dados e resultados alcançados até então na pesquisa com seus objetivos a fim de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa a fim de fornecer a resposta ao problema proposto na investigação.

Em estudos de graduação e especialização a maior parte dos resultados é alcançada por meio da análise do referencial bibliográfico (ou fundamentação bibliográfica) constante na Revisão Bibliográfica, por isso, a importância da organização da mesma para estudos deste nível, em que pese às abordagens utilizadas. Assim, a forma como foi organizado o conteúdo da Revisão Bibliográfica é decisivo para uma boa análise da pesquisa.

5.2 A Análise e Interpretação dos Resultados

Muitos dos resultados alcançados dependem de dados e informações não bibliográficas podendo ser coletadas com os mais diversos instrumentos: questionários, observações, entrevistas, experimentos, etc, assim, a análise dependerá do tratamento dado a estes dados, dessa forma, a maneira como são apresentados os dados – em tabelas, quadros, esquemas, sínteses, etc, é relevante

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para facilitar ou dificultar a própria análise destes dados e suas interpretações pelo pesquisador e leitores. Dessa forma, a apresentação dos dados deve ser feita com instrumentos didáticos que facilitem a sua análise e interpretações pelo pesquisador e leitores.

Assim, a análise consiste na busca da resposta ao problema proposto para a pesquisa através da organização, tabulação e sumarização dos dados e informações. Já a interpretação consiste na busca de fornecer um sentido mais amplo das implicações sociais, científicas e acadêmicas que as aplicações teóricas e práticas dos resultados alcançados terão, o que é feito mediante a ligação dos resultados alcançados a outros conhecimentos existentes. Assim, os processos de análise e interpretação variam significativamente em função do tipo de pesquisa.

O entendimento que se quer oferecer dependerá do encadeamento lógico dado as suas partes e também aos elementos utilizados na apresentação dos resultados. Dessa forma, cabe ao pesquisador ter a sensibilidade para se utilizar de análises qualitativas e/ou quantitativas (estatística), incorporando no texto tabelas, quadros, gráficos e outras ilustrações, e dando-lhes significado que ressalte as evidências para a confirmação ou refutação das hipóteses e facilite a compreensão dos resultados obtidos. Cabe destacar que nesta parte do trabalho devem ser evitadas citações sejam diretas ou indiretas (itens trabalhados a seguir), pois é onde o pesquisador demonstra toda a sua capacidade de análise, interpretação e síntese.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DA PESQUISA

A “Conclusão” é nomenclatura, em geral, utilizada em estudos empíricos, para os demais estudos exploratórios, descritivos e observacionais, utiliza a nomenclatura “Considerações Finais”, onde independente da nomenclatura a função deste capítulo é o de expressar de forma sintética os resultados alcançados com a pesquisa, ou seja, é onde se revela em que grau os objetivos foram atingidos, e se a(s) hipótese(s) ou premissas e pressupostos (quando existirem) do estudo foram confirmados ou rejeitados e/ou satisfeitos. Portanto, os resultados expressados devem fundamentar-se no próprio estudo. E, principalmente, deverá ser ressaltada a contribuição que a pesquisa em si traz para o meio acadêmico e para o desenvolvimento da ciência em que se relaciona o estudo.

6.1 As Conclusões ou Considerações Finais

Em síntese, este capítulo é a parte da pesquisa onde a partir das análises e interpretações dos resultados da pesquisa expõe-se de forma sintética as deduções retiradas dos seus resultados, dando um fechamento ao trabalho, em que deve-se:

• relacionar/sintetizar os principais resultados da pesquisa; • expor se os resultados em termos gerais respondem ao problema; • evidenciar as conquistas do estudo: se os objetivos foram alcançados e as hipóteses validadas; • apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria; • indicar/expor as limitações da pesquisa, e como estas podem ter interferido nos resultados da

pesquisa.

Neste item o autor pode ainda, por fim, dado os resultados alcançados fazer sugestões e recomendações para estudos futuros decorrentes da sua pesquisa. Isto consiste em indicações, de ordem prática, dirigidas à:

• comunidade científica em termos de recomendações relevantes para o desenvolvimento da ciência;

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• comunidade empresarial e profissional em termos de novas aplicações que possam ser dadas aos resultados alcançados;

• outros pesquisadores propondo orientações a serem seguidas sob novas temáticas ou novas abordagens a pesquisa ou levantamento de novas hipóteses;

• sociedade em geral em termos das aplicações que possam ser dadas aos resultados alcançados.

Não existe um tamanho ideal para as conclusões ou considerações finais, embora estas devam merecer destaque adequado e tamanho em equilíbrio com as demais partes. Evidencia-se que na conclusão não há citação e nem nota de rodapé.

7 A COMUNICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA E O ARTIGO CIENTÍFICO

Um artigo científico é composto de um texto científico, que como era de se esperar faz a comunicação de uma pesquisa científica. Assim, um artigo científico é uma comunicação textual mais sucinta que uma pesquisa científica (como monografia, dissertação e tese) à medida que, dentre outras características, sintetiza seus principais elementos (contextualização, metodologia e resultados) em uma linguagem clara e precisa. Em anexo temos material que apresenta as características centrais de um artigo científico e orienta na sua elaboração.

BIBLIOGRAFIA

OLIVEIRA, A. M.. Guia para Planejamento, Elaboração e Apresentação de Monografias e Pesquisas Científicas nas Ciências Sociais Aplicadas (Versão Preliminar). Sinop-MT, 2008. Disponível: WWW.unemat-net.br (link prof. interativo: Ademir). MORO, Mirella M. A Arte de Escrever Artigos Científicos. Revisão em 02/05/2008. Disponível em: http://www.inf.ufrgs.br/~mirella/Dicas.html. Acessado em: 12/03/2009. LOSEE, J. (1979), Introdução Histórica à Filosofia da Ciência, Itatiaia/EDUSP, pp. 15-25. PORCHAT PEREIRA, O. Ciência e Dialética em Aristóteles, Ed. Unesp, São Paulo, 2001. VICENTE, Renato. Método científico. EACH-USP/2008. 2008. Disponível em:<www.each.usp.br/rvicente/MetodoCientifico_Econ.pdf>. Acessado em: 10/03/10. PESSOA JR. Osvaldo. Método Científico em Aristóteles. In: Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência I. 2008. Disponível em: www.fflch.usp.br/df/opessoa/TCFC1-08-Cap02.pdf. Acessado em: 10/03/10.