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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS Engenharia Agrícola DESENHO TÉCNICO PROJETO ARQUITETÔNICO Prof. Dr. Rodrigo Couto Santos DOURADOS - MS 2018

Apostila Desenho Projeto Arquitetonico UFGD · descritivo e o orçamento da obra. Terreno Antes de projetar qualquer obra, deve-se ter conhecimento do terreno pela sua planta, considerando

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DESENHO TÉCNICO PROJETO ARQUITETÔNICO

Prof. Dr. Rodrigo Couto Santos

DOURADOS - MS 2018

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INTRODUÇÃO - Generalidades

Conforme já visto, desenho técnico é uma ferramenta de extrema importância

utilizada por desenhistas, arquitetos, engenheiros e até mesmo administradores. Nas

construções tecnológicas, as idéias e dados se registram em uma linguagem gráfica,

através da qual se descreve minuciosamente cada operação e guarda-se um registro

completo da estrutura, para reprodução ou mesmo reparos futuros.

Ao ensinar executar ou mesmo interpretar projetos, o Desenho Técnico pode

ser considerado uma das principais disciplinas de um curso para a formação técnica.

Todo engenheiro ou profissional que pretenda administrar agronegócios deve saber

interpretar e/ou esboçar desenhos, principalmente desenho arquitetônico, por ser o mais

comum deles.

Os desenhos são feitos a mão livre, por meio de instrumentos ou computadores.

Um desenho arquitetônico deve conter informações necessárias para ser

possível determinar a forma e as dimensões, aliando-se a nomenclaturas, orientação,

símbolos convencionais, notas explicativas referentes aos materiais e seu acabamento, o

qual será descrito separadamente em forma de especificação.

No desenho arquitetônico é muito importante aliar um sentimento artístico à

técnica, pois eles se harmonizam, dando idéia da obra realizada e suas finalidades.

Divisão

Normalmente, os desenhos de um projeto arquitetônico passam por três fases

distintas antes de serem concluídos. São elas:

• Desenhos preliminares – inclui o estudo das exigências do proprietário, da

função do edifício, materiais disponíveis e experiência do projetista. São os

primeiros esboços grosseiros, normalmente feitos à mão-livre. Geralmente

é neste momento que o projetista usa seu “dom” para concretizar o negócio.

É importante também levar-se em consideração as condições do terreno da

vizinhança.

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Exemplos de Desenhos Preliminares

• Desenhos de apresentação ou anteprojeto – têm como objetivo dar uma

representação real e efetiva ao projeto. Contém poucos dados estruturais e

são muitas vezes desenhados em perspectivas e coloridos. Atualmente

utiliza-se muito de maquetes nesta fase do projeto. Normalmente são feitos

após o serviço ter sido contratado pelo dono da obra.

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Exemplo de Desenhos de Apresentação

• Desenhos de execução – formam o corpo do projeto arquitetônico, e junto

com as especificações dos materiais de acabamento servirão para o cálculo

do orçamento. São os desenhos definitivos, previamente aprovados.

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Projeto arquitetônico

O projeto arquitetônico constitui um conjunto de desenhos, especificações,

descrições e orçamentos da obra.

A partir dos desenhos, fazem-se as especificações dos materiais, o memorial

descritivo e o orçamento da obra.

Terreno

Antes de projetar qualquer obra, deve-se ter conhecimento do terreno pela sua

planta, considerando o seu valor, localização, limites, conteúdo, topografia, orientação,

insolação e redes de esgotos, água e energia elétrica.

Desenhos de projetos

Os desenhos que compõem um projeto arquitetônico são constituídos por uma

série de vistas variáveis de acordo com a simplicidade ou complexidade da obra. As

vistas são internas e externas, projetadas em planos horizontais e verticais. São elas:

• Planta-baixa;

• Cortes verticais;

• Fachadas;

• Planta de situação;

• Planta de cobertura;

• Desenho de detalhes;

• Desenhos de instalações hidrossanitárias, elétricas, etc.

Por ser o conjunto de desenhos com maior riqueza de detalhes, neste material

será explanado um Projeto Arquitetônico residencial, pois assim, será possível conhecer

a maioria das simbologias existentes, e não apenas as normalmente apresentadas em

projetos de instalações agropecuárias.

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1. DESENHO ARQUITETÔNICO – PLANTA-BAIXA

É a projeção horizontal da seção que se obtém, fazendo passar um plano

horizontal a uma altura tal, que corte as paredes, interceptando as portas e janelas

(Figura 1). Normalmente esta altura é em torno de 1,20 a 1,50m.

FIGURA 1 – Seqüência para obtenção da planta-baixa

As estruturas das paredes, tanto internas como externas, serão representadas

pelas projeções das suas arestas visíveis, por meio de linhas. As paredes internas tem

normalmente 15cm e as externas 25cm. As linhas são contínuas e grossas nas partes

onde há seção ou corte, e contínuas e médias, onde não são seccionadas, como arestas

de portas, janelas, pisos, etc.

Normalmente, no Brasil, as paredes são construídas de tijolos assentados e

revestidos com argamassa. Geralmente, as paredes externas são mais espessas que as

internas, uma vez que aquelas, por estarem em contato direto com o meio exterior,

devem dar maior proteção, além de servirem de sustentação do telhado. A espessura das

paredes são determinadas de acordo com a arrumação de seus tijolos. As plantas baixas

devem vir acrescidas de informações técnicas complementares.

Representação das paredes:

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As portas e portões devem sempre vir acompanhadas das folhas das esquadrias,

de forma a permitir a visualização do espaço ocupado pelas mesmas, conforme pode ser

visto nos exemplos abaixo.

Pivotante pantográfica camarão

As janelas já são representadas de uma forma mais genérica, sem dar margem a

uma interpretação mais detalhada, podem ser representadas conforme pode ser visto nos

exemplos a seguir:

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As portas e janelas são aberturas normais nas paredes. Podem vir com suas

dimensões convencionadas na planta-baixa ou em legendas, conforme pode ser visto na

Figura 2.

FIGURA 2 – Convenções para portas e janelas

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A Figura 3 representa uma planta baixa completa.

Figura 3: Exemplo de planta baixa.

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O tamanho de uma residência deve ser variável, de acordo com o padrão e

constituição da família.

1.1. Grupamentos residenciais

Uma casa residencial deve ser dividida em três grupamentos: privativo (quartos

e banheiros), social (salas de estar e jantar) e de serviço (copa e lavanderia). Todos eles

devem ter pelo menos uma parede externa com aberturas (portas e janelas).

A distribuição dos grupamentos na planta-baixa pode ser regida pelas seguintes

regras:

a) No grupamento privativo, quando há vários quartos e apenas um banheiro,

todos devem ter portas para um corredor.

b) Os quartos devem ser silenciosos e sombrios durante a noite e iluminados

e alegres durante o dia.

c) Em qualquer tipo de residência o acesso ao banheiro deve ser por um

corredor, sem que seja necessário atravessar nenhum outro cômodo.

d) A circulação entre quartos e banheiro deve ser feita pelo menor trajeto

possível.

e) A orientação dos quartos deve ser voltada para o lado que se tenha

insolação matinal.

f) A cozinha e a copa devem se localizar perto da sala-de-estar e de jantar.

g) Deve-se evitar, sempre que possível, abrir portas entre dois quartos,

cozinha e quarto, banheiro e cozinha, banheiro e sala, quarto e sala.

h) A circulação é melhorada abrindo-se duas entradas: uma social, pela sala

de estar, e uma de serviço, pela copa.

i) Os banheiros e cozinha, quando possível, devem ser próximos, pois assim

permitem economia de tubulação hidrossanitária.

j) As portas devem se localizar nos cantos das paredes, e não no seu centro, o

que já é o caso das janelas.

k) Não se deve construir compartimento algum com áreas do piso e das

janelas menores que as mínimas recomendadas.

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1.2. Dimensões mínimas

A área útil de uma casa é o somatório das áreas dos compartimentos. As

dimensões mínimas das janelas estão relacionadas com a área do compartimento,

conforme Tabela 1:

TABELA 1 – Áreas mínimas dos compartimentos

Compartimentos Área

Mínima

Dimensão

Mínima

Área Mínima da

Janela

Altura do Peitoril*

da Janela

Sala 12,0 m2 3,0 x 4,0 1/8 área do piso 1,0 a 1,5 m

Quarto 8,0 m2 2,5 x 3,2 1/6 área do piso 1,0 a 1,5 m

Cozinha 4,0 m2 2,0 x 2,0 1/8 área do piso 1,5 a 1,8 m

Banheiro 2,2 m2 2,0 x 1,1 1/8 área do piso 1,5 a 1,8 m

Garagem 10,0 m2 4,0 x 2,5 1/8 área do piso 1,5 a 1,8 m

Corredor _ Largura 0,9 a 1,10 _ _

*A altura inferior de uma janela é chamada de peitoril e a altura superior de verga.

As alturas das portas externas, normalmente coincidem com a altura máxima

das janelas (verga). As dimensões mínimas para as portas são:

• Portas externas 0,80 x 2,10

• Portas internas 0,70 x 2,10

• Portas de banheiro 0,60 x 2,10

A altura do piso de uma casa pode ser variável ao longo dos compartimentos.

Compartimentos como o banheiro podem ter pisos mais altos e rebaixamento na parte

do box. Pisos da varanda e área de serviço são normalmente mais baixos que os demais.

1.3. Planta de telhados

Pode-se também, sobre a planta-baixa, representar a planta de telhado, embora

seja conveniente fazer a planta e seus detalhes à parte, como será visto a diante.

1.4. Posição dos cortes na planta

Um projeto deve ter quantos corte forem necessários para sua boa

interpretação, sendo demarcados com linhas grossas traço-ponto na posição

preestabelecida e identificadas por letras maiúsculas AB e CD. A linha de corte deve

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sempre passar por um compartimento impermeabilizado e por um maior número de

compartimentos.

1.5. Cotagem ou dimensionamento

A cotagem é feita por meio de linhas denominadas linhas de cota, que indicam

a distância entre dois pontos. As linhas de cota são finas, terminadas em setas ou linhas

inclinadas em 45º e acompanhadas pelo valor, em metros, até duas casas decimais,

escritos nos locais convenientes. O dimensionamento de portas e janelas é feito de

forma especial. Nas janelas as dimensões aparecem na forma de fração com traço fino

perpendicular a elas, cujo numerados indica, na ordem, a largura e altura, e o

denominador, a altura do peitoril. Nas portas aparece apenas o numerador. Caso não

haja espaço na planta para se indicar as dimensões desta forma, pode-se indicar as

dimensões pela sua primeira letra (J1, J2, J3;... e P1, P2, P3,...), discriminando-se suas

dimensões em uma legenda.

Exemplo de Cotagem de parede

1.5.1. Fator de Escala (FE)

É um numero qualquer destinado a facilitar as operações aritméticas da escala.

Normalmente na escala 1:50, por exemplo, seria moroso fazer “regra de três” ou ter de

dividir por 50 todas as medidas do objeto para obter a medida do desenho. Ex. 2,40 m ÷

50 = 0,048 m = 4,8 cm. Neste caso, para obter o fator de escala (FE) basta dividir o

numero da escala por 100 (converter para cm) e multiplicar pelo fator de escala (FE).

Assim, no caso anterior FE = 100 ÷ 50 = 2, ou seja, 2,40 m ÷ 100 = 0,048 m que

multiplicado pelo FE = 2 dá 0,048 m ou 4,8 cm. Basta então multiplicar por 2 todas as

medidas lineares correspondentes. Assim têm-se a situação: 2 × 2,4 m = 4,8 cm.

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1.6. Convenções arquitetônicas

As convenções arquitetônicas são simbologias de uso corrente, para representar

principalmente os aparelhos e acessórios da casa. São traçados com o auxílio de

“gabaritos” organizados para diversos fins e em várias escalas. Também servem para

indicar os níveis dos pisos de cada cômodo.

Exemplo de simbologia indicativa do nível de um cômodo com sua respectiva área útil

1.7. Superfícies impermeabilizadas

As superfícies de pisos e paredes de banheiros, cozinhas, copas, lavanderias,

garagens e outras dependências que necessitam ser a prova d’água, são normalmente

revestidos de materiais impermeáveis, como azulejos, ladrilhos ou cerâmicas. Na

planta-baixa, como nos cortes, estas superfícies são quadriculadas com linhas finas,

sendo a última parte que se traça no desenho, com quadrículos geralmente de tamanho

igual ao dos ladrilhos.

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1.8. Algumas definições de interesse

Em Desenho Arquitetônico, é de interesse o conhecimento de alguns termos

técnicos, normalmente mostrados nos desenhos e discutidos entre os especialistas. São

eles:

• Fundação: Base da construção. Alicerce, que deve ficar enterrado por servir de

sustentação para a obra. Tem espessura maior que as paredes e pode

apresentar-se na forma contínua, em sapatas ou tubulões.

Exemplo de Fundação

• Linha de terra: linha que separa a parte aérea da construção da parte que fica

enterrada. Representa normalmente a linha do terreno original,

considerada a cota zero.

• Embasamento: Formado pelo alicerce e piso. As paredes e demais componentes da

construção são normalmente construídos sobre o embasamento

Exemplo de embasamento

• Baldrame: Continuação do alicerce acima da linha de terra, que tem como

finalidade elevar o nível de paredes de forma a protege-las da umidade.

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Exemplo de baldrame

• Pé-direito: Relacionada com a altura da construção, que vai da parte superior do

piso até a altura inferior da laje do forro. No caso de construções sem

forro, considera-se o pé direito como sendo até a altura onde ficaria o

forro, caso este existisse, ou seja, a altura da parede. O pé-direito é

variável de acordo com o nível de cada cômodo.

(A) (B)

Exemplo de pé-direito simples (A) e duplo (B)

• Beiral: Projeção horizontal do telhado além da parte externa da parede externa.

Continuação do telhado além da parede externa que tem como

finalidade principal a proteção da parede da construção contra chuvas e

insolação direta.

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Exemplo de beiral

• Platibanda: Continuação da parede externa acima da altura da laje. Forma de

acabamento que pode ser utilizado no lugar do beiral, para algumas

situações específicas. Neste caso, o telhado deverá ter calha para

escoamento das águas pluviais.

Exemplo de platibanda

• Cumeeira: É a parte mais alta de um telhado, horizontal e que serve para dividir

águas.

• Boneca: Parte da parede que fica “atrás da porta” e em certos casos também janelas.

Sua finalidade é permitir a abertura da porta ou janela em ângulos

superiores a 90º .

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Exemplo de boneca

• Contra-verga ou peitoril: Parte da parede onde fica apoiada a janela. Coincide com

a parte inferior da janela. No caso de portas, o peitoril não existe, pois

as mesmas se encontram apoiadas no piso.

• Verga: Pequena viga que fica apoiada na parte superior de portas ou janelas. Tem

como finalidade aumentar a resistência da parte superior das portas e

janelas, evitando que estas se deformem em função do peso da

construção que se encontra em cima das mesmas. Se possível, deve-se

construir a contra-verga com cerca de 20cm a mais que a largura da

janela ou porta.

Exemplo de verga e contra-verga

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• Soleira: peça que vai no mesmo nível do piso e que serve de acabamento para a

parte inferior de uma porta. Muito utilizada na entrada das edificações.

Exemplo de soleira

• Área útil: é a área total construída subtraída dos espaços ocupados por paredes,

portas e pilares. É a área disponível para utilização. A área interna de

cada cômodo.

• Área total: é a área total construída considerando-se os espaços ocupados por

paredes, portas e pilares.

1.9. Como desenhar uma planta-baixa

O desenho de uma planta-baixa é feito preliminarmente a lápis, sobre papel

opaco, em escala apropriada, para depois ser definitivamente copiado para papel

transparente.

No traçado a lápis, primeiramente centraliza-se o desenho no espaço livre do

papel, e depois procede-se da seguinte forma (Figura 3):

a) É regra que toda planta baixa de construção tenha a sua frente sempre

voltada para a parte inferior ou para a esquerda, no caso de desenho

bastante retangular.

b) Inicialmente, todas as linhas do desenho devem ser bem finas, contínuas e

suaves, para facilitar o remanejo (apagamento).

c) Executa-se o esboço a mão-livre e calcula-se os valores de X e Y para sua

perfeita centralização.

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d) Mede-se e desenha-se as linhas que representem as arestas da face externa

das paredes externas.

e) Interiormente, marcam-se as espessuras das paredes externas e em seguida

as internas.

f) Localizam-se e marcam-se as portas, janelas, escadas, etc., não se

esquecendo das bonecas.

g) Completa-se o desenho. As linhas iniciais que sobrarem devem ser

apagadas. As linhas devem ser definitivamente decalcadas, conforme suas

espessuras: grossas (paredes seccionadas) e médias (partes não

seccionadas, como peitoris).

h) Dispõe-se portas e aparelhos sanitários na posição escolhida e quadriculam-

se os pisos impermeabilizados.

i) Dá-se nome aos compartimentos, acrescentando abaixo destes, caso seja

solicitado, sua área em metros quadrados.

j) Marca-se os níveis de cada cômodo

k) Por último, coloca-se a linha de corte vertical na posição correta, a planta

de telhado em linhas tracejadas grossas, se for o caso, e identifica-se o

desenho, colocando seu nome e escala usada logo abaixo, em letras

maiores.

FIGURA 3 – Seqüência inicial no traçado da planta-baixa

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2. DESENHO ARQUITETÔNICO - CORTES

2.1.Cortes verticais

São as vistas laterais internas da casa, com o fim de mostrar o interior da casa,

mostrando todas as distâncias e detalhes que não aparecem na planta-baixa.

Esquema ilustrativo de um corte – figura da direita

São dois os cortes verticais principais: o corte transversal (feito no sentido do

menor comprimento da casa, Figura 4) e o corte longitudinal (no maior sentido, Figura 5).

Um corte completo tem duas partes: a parte aérea (formada pala cobertura,

paredes e embasamento) e a parte subterrânea (fundação).

FIGURA 4 – Corte transversal AB

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FIGURA 5 – Corte longitudinal CD

Cada material utilizado numa construção possui convenções próprias de

apresentação, dependendo da vista em que se encontra, conforme pode ser visto na

Figura 6.

FIGURA 6 – Convenção usual dos principais materiais de construção

Assim como na planta baixa, um desenho de corte também deve representar as

portas e janelas, em corte, caso estas sejam seccionados pela linha representativa do

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plano vertical de referencia (AB ou CD). As figuras a seguir ilustram casos de secção de

porta em nível e com diferença de níveis entre cômodos.

(A)

(B)

Exemplo de corte com pisos entre cômodos em nível (A) e com diferença de nível (B)

2.2. Cobertura ou telhado

A cobertura é um detalhe importante num projeto, para se obter um bom

conforto interno no ambiente, uma vez que esta é o principal elemento de proteção

contra agentes externos.

A inclinação do telhado deve obedecer certas recomendações, de acordo com o

tipo de telha. A Figura 7 mostra a recomendação para três tipos principais de telha.

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FIGURA 7 – Inclinação recomendada para três tipos principais de telha

2.3. Dimensionamento dos cortes

Nos cortes é obrigatório ser cotado:

- altura do pé-direito;

- altura do revestimento em azulejos das paredes;

- espessura da laje de teto;

- embasamento;

Não é obrigado ser cotado:

- fundações e estruturas do telhado;

- portas e janelas.

2.4. Como desenhar um corte

Conhecida a escala, a posição do corte na planta-baixa e o considerando o

terreno plano, primeiramente faz-se o enquadramento do desenho num papel opaco,

depois traça-se a linha de terra, que separa a parte aérea da subterrânea. Em seguida

procede-se da seguinte forma:

a) Sobre a linha de terra marcam-se as distâncias entre paredes e suas

espessuras, tomadas da planta-baixa na posição do corte. Levantam-se as

paredes com uma altura igual à soma do embasamento mais o pé-direito,

sobre os quais se põe a laje do forro pela sua espessura, assim como, na

altura do embasamento, a laje do piso (Figura 8A).

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b) Abaixo da linha de terra sob as paredes, determina-se sua fundação pelas

espessuras e profundidade do alicerce. Quando as distâncias são

desconhecidas, ou não deseja-se mostrá-la, aplica-se uma linha de

interrupção para indeterminá-la (Figura 8B).

c) Sobre as paredes cortadas, determinam-se, as portas e janelas cortadas

(como feito na planta baixa) e não cortadas, mas visíveis através do corte

(Figura 8C).

d) Apagam-se as linhas que estão sobrando, decalcam-se as linhas grossas

(seções seccionadas) e médias (não seccionadas). Fazem-se as convenções

de materiais e representação das superfícies impermeabilizadas.

e) A representação das portas e janelas, em vista frontal, se faz de modo

simples, em linhas médias, sem cotá-las.

f) Desenha-se a estrutura do telhado até os caibros, omitindo-se as ripas e

telhas.

g) Finalizam-se dimensionando as outras partes não cotadas, conforme regra

vista anteriormente.

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FIGURA 8 – Seqüência preliminar no traçado de um corte

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3. DESENHO ARQUITETÔNICO - FACHADAS

3.1.Fachadas

Fachadas são as vistas resultantes das projeções verticais das faces externas da

casa, mostrando de maneira quase real a sua forma e composição estética com o meio

ambiente.

Exemplo de fachada

Embora uma construção permita se mostrar quatro plantas de fachada, apenas

aquela voltada para a via pública é obrigatória (Figura 9).

Em desenho arquitetônico, as fachadas são apresentadas normalmente na

mesma escala da planta-baixa.

As fachadas não são cotadas, recebendo, apenas na parte inferior do desenho,

sua identificação e escala.

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FIGURA 9 – Vista frontal ou fachada frontal

3.1.1. Como desenhar uma fachada

Na fachada, o desenho é executado apenas da superfície do terreno para cima.

Para executar uma fachada, procede-se preliminarmente com linhas finas, da

seguinte forma:

a) Marca-se uma linha horizontal correspondente à linha de terra, e sobre ela

as paredes e portas que compõe a superfície externa desta vista (dimensões

tiradas da planta-baixa e cortes) (Figura 10A).

b) As diferentes alturas das paredes externas são determinadas pela altura

máxima e mínima do telhado.

c) O telhado é representado pela projeção vertical dos planos inclinados que o

compõe.

d) Determinam-se a posição das portas, janelas, saliências, divisões, vegetação

e outros (Figura 10B).

e) Faz-se o acabamento dos componentes externos, incluindo portas e janelas.

f) Identifica-se o desenho escrevendo seu nome e escala na parte inferior dele.

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FIGURA 10 – Seqüência para composição da fachada

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4. DESENHO ARQUITETÔNICO – PLANTA DE SITUAÇÃO

4.1.Planta de situação

A planta de situação de uma construção qualquer é a parte do projeto

arquitetônico que determina a posição exata da casa dentro do terreno ou lote,

normalmente feito na escala 1:500 (Figura 11).

Exemplo de vista aérea que pode ser representada em planta de situação

Abrange os seguintes pontos:

a) Forma e dimensões do terreno: frente, laterais e fundos.

b) Localização da casa: afastamento frontal e lateral da obra.

c) Linhas de contorno parcial ou total das construções vizinhas.

d) Dimensão do passeio e do logradouro público.

e) Orientação

f) Indicação da posição do meio fio, incluindo a entrada de veículos, postes, etc.

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FIGURA 11 – Detalhes de uma planta de situação

4.1.1. Norte verdadeiro (NV) e Norte Magnético (NM)

Suponha que uma pessoa tenha decidido viajar para o Pólo Norte. E ela não

tem como pegar um avião até lá. Então, tira uma bússola do bolso, observa a agulha que

aponta para o norte e traça um caminho, seguindo a agulha. Mas desta forma, ao final

do percurso, a pessoa não chega ao centro físico chamado “Pólo Norte” da Terra. Isto

ocorre por que para chegar ao Pólo Norte, ou norte verdadeiro, apenas seguir a agulha

da bússola não funcionará.

Se quiser ir de um ponto na extremidade inferior de um mapa para um ponto na

extremidade superior, a pessoa precisará seguir o norte verdadeiro. Norte verdadeiro é

uma direção geográfica representada nos mapas e globos pelas linhas da longitude.

Cada linha de longitude começa e termina nos pólos físicos da Terra e representa o

percurso direto norte-sul. A Figura 12 representa uma linha de longitude que vai até o

norte verdadeiro.

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FIGURA 12 – Representação de uma linha de longitude e o norte verdadeiro

As bússolas, por outro lado, levam uma pessoa ao norte magnético, um ponto

nas regiões árticas do Canadá que muda constantemente de lugar com base na atividade

dos campos magnéticos da Terra. O ferro líquido no centro do planeta age como um

grande ímã, criando um campo magnético. A agulha de uma bússola é magnetizada e

como está livremente suspensa permite que a força magnética a direcione ao norte

magnético.

Mas como o ímã da Terra não está perfeitamente alinhado com os pólos

geográficos existe uma diferença entre o norte verdadeiro em um mapa e o norte

magnético indicado por uma bússola. Essa diferença é chamada de declinação

magnética e é medida pelo ângulo entre o norte verdadeiro e o norte magnético quando

traçado em um mapa. Vale ressaltar que as declinações magnéticas variam conforme o

lugar, dependendo da intensidade dos campos magnéticos da Terra.

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5. DESENHO ARQUITETÔNICO – PLANTA DE COBERTURA

5.1. Planta de cobertura

Planta de cobertura é a projeção horizontal da face superior externa de uma

casa. A escala mínima exigida é 1:100.

Ilustração da origem de uma planta de cobertura

Na planta de cobertura indica-se por linhas tracejadas o contorno da planta

baixa, mostrando todo o beiral circundante à casa; as interseções entre os planos do

telhado são mostrados por uma linha grossa; e se necessário as calhas, com linha dupla

(Figura 13).

FIGURA 13 – Vista em perspectiva de uma casa e sua planta de cobertura

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6. DESENHO ARQUITETÔNICO – DESENHO DE DETALHES

6.1.Desenhos de detalhes

Constituem um conjunto de desenhos feitos em escalas diferenciadas, com o

fim de mostrar certos detalhes de construção da obra. Estes detalhes são desenhados

numa escala que os torna bem visíveis, mostrando todas as suas dimensões formas e

características próprias. Também podem ser complementados por projeções ou

perspectivas. A Figura 14 ilustra o desenho de detalhes de uma fechadura (A) e uma

porta (B).

(A)

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(B)

FIGURA 14 – Detalhes de uma fechadura (A) e uma porta (B)

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7. BIBLIOGRAFIA

A. SILVA, C. T. RIBEIRO, J. DIAS, L. SOUSA. Desenho Técnico Moderno, 8ª Edição, Editora LIDEL, 2008.

DIAS, J. P. D. Normas NP, ISO e EN relacionadas com o desenho técnico. (Versão 1.3). 2000. Disponível em: http://www.dem.ist.utl.pt/~m_desI/dowload/normas_v3.pdf. Acesso em: 10/04/2018.

KUBBA, S.A.A. Desenho Técnico Para Construção. Ed. Bookman, 312p. 2015. MOLINA, E. O que é, o que é? Revista Pesquisa Fapesp. Publicado em julho de 2012

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/07/16/o-que-e-o-que-e-8/ Acesso em: 10/04/2018.

MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico. São Paulo, Ed. Edgard Blücher, 5a ed. 164p. 2017.

UNIVERSITÁRIO, Curso pré-vestibular. Apostila de Matemática - Geometria Plana I. Campinas, 1992.

UNTAR, J., JENTZSCH, R. Desenho Arquitetônico. Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 1a ed., 1987.

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