APOSTILA-DIREITO-AGRARIO

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1 DIREITO AGRRIO Professor : Valmir Csar Pozzetti I GNESE HISTRICA DO DIREITO AGRRIO

A propriedade nasce com o homem, que a utiliza como fator de .sobrevivncia A gnese do direito agrrio ocorre exatamente no momento em que o homem abandona a condio de nmade e passa a ser sedentrio. Surge a necessidade de retirar o sustento da terra, deixando de extrair aquilo Qquea terra j apresentava. Assim, o homem passa a exercer a atividade agrria. A atividade agrria aquela dotada do elemento ruralidade, que vem sempre preso idia de espao fundirio, em que se deva desenvolver uma atividade de produo eu conservao de recursos naturais, vinculando-se, pois, noo de trato da terra, do que ager, ou rus. O que uma atividade agrria antes revela, so os labores ponteantes no setor primrio da economia, aquela que induz tarefa de obteno de gneros de consumo ou matria-prima, justo em razo de um imvel rural, prdio rstico. Os exerccios da produo primria vivem afeitos, assim, a uma poro de terra, que venha atender s necessidades alimentares do produtor ou de terceiros e que promova o aparecimento de outros materiais serventes especificao de bens diversos. O carter rurcola s no atinge a explorao mineradora nsita, tambm terra, mas que vai abranger riquezas do subsolo, distintos dos recursos do solo e acessrias deste, que so fatores de aparato do elemento ruralidade. O Estatuto da Terra ET, ao cuidar do fenmeno extrativista faz meno, apenas, ao extrativismo vegetal e animal, instante em que respeitou, inclusive, o mister de especializada legislao sobre as foras extrativistas minerais, como as minas, jazidas e certos potenciais hidrulicos. Sob o aspecto da ativao produtora primria, com natureza rural, teremos que considerar s o campo que se abre s exploraes da superfcie terreal, ligadas lavoura, pecuria, ao extrativismo vegetal e animal, hortifrutigranjeira ou aos processos da miscigenados. Excepcionalmente, porm, a ao produtiva de segundo grau, isto , a de beneficiamento e

2 transformao dos frutos da terra que, por essncia, se acha atada ao setor secundrio da economia, pode consubstanciar um exerccio agrrio.

1. BREVE HISTRICO E CDIGO DE HAMMURABI O DIREITO AGRRIO BRASILEIRO TEM ORIGEM NA LEGISLAO PORTUGUESA, J QUE AS ORDENAES DO REINO, NOTADAMENTE AS ORDENAES FILIPINAS, VIGORAVAM INTEGRALMENTE NO BRASIL REMONTA AOS PRIMRDIOS DA CIVILIZAO : O PRIMEIRO IMPULSO DO HOMEM FOI RETIRAR DA TERRA ALIMENTOS NECESSRIOS SUA SOBREVIVNCIA. APS A ORGANIZAO EM SOCIEDADE (TRIBOS) TORNOU-SE IMPRESCINDVEL CRIAR NORMAS PARA REGULAR AS RELAES ENTRE OS HOMENS. INICIA-SE COM DECLOGO DE MOISS E EVOLUI-SE AT OS DIAS DE HOJE. O PRIMEIRO CDIGO AGRRIO DA HUMANIDADE O CDIGO DE HAMMURABI (SC XVII a. C 1794 a 1750), DO POVO BABILNICO. O REI HAMMURABI, CONSIDERADO COMO REI DE JUSTIA, FOI UM GUERREIRO NOTVEL E UM GRANDE REFORMADOR DO DIREITO E DA ORDEM SOCIAL DE SEU PAS. O IRAQUE ATINGIU O SEU APOGEU EM SEU GOVERNO. REGULOU O EUFRATES E CONSTRUIU CANAIS DE IRRIGAO QUE ATIVARAM A PRODUO AGRCOLA, MARCANDO A HEGEMONIA DO SEU POVO. O CDIGO POSSUI 282 ARTIGOS, COM 65 TEMAS DE DIREITO AGRRIO : - CAP. V TRATAVA DA LOCAO E CULTIVO DOS FUNDOS RSTICOS; - CAP XII CUIDAVA DO EMPRSTIMO E LOCAO DE BOIS; - CAP XIV REFERIA-SE TIPIFICAO DELITUOSA DA MORTE HUMANA PELA CHIFRADA DE UM BOI; - CAP XVI REGIA A SITUAO DOS AGRICULTORES; - CAP XVII TRATAVA DOS PASTORES.

3 - 43. SE ELE NO CULTIVOU O CAMPO E O DEIXOU RIDO, DAR AO SEU PROPRIETRIO O GRO CORRESPONDENTE PRODUO DO SEU VIZINHO, E ALM DISSO, AFOFA-LA- A TERRA E DESTORROAR A TERRA QUE DEIXOU BALDIA E DEVOLVER AO PROPRIETRIO DO CAMPO. 48. SE UM HOMEM LIVRE TEM SOBRE SI UMA DIVIDA E O SEU CAMPO FOI INUNDADO, OU A TORRENTE CARREGOU, OU POR FALTA DE GUA NO CRESCEU GRO NO CAMPO; NAQUELE ANO ELE NO DAR GRO A SEU CREDOR, ELE ANULAR O SEU CONTRATO E NO PAGAR OS JUROS DAQUELE ANO; 257. SE UM HOMEM LIVRE CONTRATOU UM TRABALHADOR RURAL, DAR-LHE- OITO GUR DE GRO POR ANO. *GUR MEDIDA DE CAPACIDADE CORRESPONDENTE A 300 LITROS, NO PERODO BABILNICO.

EM 45 a C, O POVO ROMANO TAMBM TRAZ SUA CONTRIBUIO AO DIREITO AGRRIO COM A EDIO DA LEI DAS XII TBUAS : - TBUA SEGUNDA 9.SE ALGUM, SEM RAZO, CORTOU ARVORES DE OUTREM, QUE SEJA CONDENADO A INDENIZAR RAZO DE 25 ASSES POR ARVORES CORTADAS. - TBUA SEXTA- 5. AS TERRAS SERO ADQUIRIDAS POR USUCAPIO DEPOIS DE DOIS ANOS DA POSSE, AS COISA MVEIS, DEPOIS DE UM ANO; *** 7. SE UMA COISA LITIGIOSA, QUE O PRETOR A ENTREGUE PROVISORIAMENTE QUELE QUE DETM A POSSE. *** VEREMOS ADIANTE QUE ESSE INSTITUTO ORIGINOU O USUCAPIO AGRRIO, ORDINRIO E EXTRAORDINRIO.

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HISTRICO DO DIREITO AGRRIO NO BRASILREMONTA FORMAO HISTRICA DO TERRITRIO BRASILEIRO

EM 07.07.1494 OS REIS DA ESPANHA (D. FERNANDO E IZABEL) E DE PORTUGAL (D. JOO) FIRMARAM ACORDO DIVIDINDO AS TERRAS DO MUNDO, ATRAVS DO TRATADO DE TORDESILHAS HOMOLOGADO PELA BULA PAPA JULIO II. CABRAL FEZ UM DESCOBRIMENTO MERAMENTE SIMBLICO PQ AS TERRAS J PERTENCIAM A PORTUGAL MAIS TARDE PERCEBEU-SE QUE AS TERRAS BRASILEIRAS ERAM CONTINENTAIS, PRODUTIVAS E QUE PRECISAVAM SER OCUPADAS PARA GARANTIR A PROPRIEDADE DE PORTUGAL. NOS ANOS 30 DO SC XVI O REI DE PORTUGAL MANDA MARTIM AFONSO DE SOUZA PARA PARTILHAR E COLONIZAR E ESTABELECER DOMNIO TIL PARA ASSENTAR OS COLONOS NAS TERRAS BRASILEIRAS, COM O OBJETIVO DE QUE O COLONO ASSENTADO PUDESSE EXPLORA-LA. A ESSE REGIME DEU-SE O NOME DE SESMARIAS, QUE SIGNIFICAVA A CESSO DE TERRAS A IMIGRANTES, PARA COLONIZAO E EXPLORAO. A PROPRIEDADE CONTINUAVA A SER DA COROA. ESTE INSTITUTO FOI ADOTADO POR PORTUGAL EM 1.375 PARA ASSENTAR O HOMEM NO CAMPO E AUMENTAR A PRODUTIVIDADE, DESESTIMULANDO A OCIOSIDADE DAS TERRAS. ENTRETANTO, AS DIFERENAS REGIONAIS ENTRE PORTUGAL E O BRASIL NO FORAM LEVADAS EM CONTA. MAIS TARDE O GOVERNO GERAL DO BRASIL FOI DESMEMBRADO EM CAPITANIAS HEREDITRIAS, MANTENDO O REGIME DE SESMARIAS. O SESMEIRO RECEBIA A TERRA COMO SE FOSSE SUA E TINHA O PODER POLTICO E ECONMICO SOBRE ELA. PARA QUE O COLONO PUDESSE OBTER O DIREITO DE SE TORNAR UM SESMEIRO, TINHA QUE SE DISPOR A PLANTAR E FIXAR-SE NA TERRA (OCUPAR E EXPLORAR) EFETIVAMENTE E DEFENDE-LA DO ESTRANGEIRO.

5 SE O SESMEIRO NO CUMPRISSE AS REGRAS, RESILIA-SE O CONTRATO E A SESMARIA ERA DEVOLVIDA COROA E O GOVERNADOR ASSUMIA A POSSE AS REDISTRIBUA. SURGIU AQUI O INSTITUTO DAS TERRAS DEVOLUTAS (TERRAS DEVOLVIDAS AO PATRIMNIO DO REI), S QUAIS ERAM REPASSADAS PARA OUTRO COLONO, COM O INTUITO DE MANTER POSSE DO TERRITRIO BRASILEIRO. ASSIM, O FUNDAMENTO DA PROPRIEDADE RURAL, NO BRASIL, O REGIME DA SESMARIA, QUE SE TORNOU A BASE DE COLONIZAO, CUJOS EFEITOS JURDICOS AT HOJE SE SENTE. DURANTE 300 ANOS, APS 1.500, PERDUROU NO BRASIL O REGIME DE SESMARIAS, GERANDO MUITA CORRUPO; POIS NO ATO DA CONCESSO DAS TERRAS, ELAS ERAM FEITAS AOS QUE TINHAM ACHEGO COROA, ONDE SE DEU LUGAR A GRANDES LATIFNDIOS IMPRODUTIVOS, QUE GERARAM VRIOS PROBLEMAS SOCIAIS E DESCONTENTAMENTO GERAL DE COLONOS : A TERRA PASSADA AOS FIDALGOS, NO PRODUZIAM, DE MODO QUE COMEARAM A SURGIR CAMPESINOS E POSSEIROS AO LONGO DA COSTA DO TERRITRIO BRASILEIRO. EM 17.07.1822 REVOGOU-SE A LEGISLAO DAS SESMARIAS, POUCO ANTES DA INDEPENDNCIA. DURANTE ALGUNS ANOS O BRASIL FICOU SEM LEGISLAO FUNDIRIA, TORNANDO CATICA A VIDA DOS CAMPONESES NO BRASIL, DANDO INICIO POSSES E OCUPAO ILEGAL DE TERRAS, ABANDONO DE TERRAS, ETC. S EM 18.09.1850, ATRAVS DA AO DE D. PEDRO QUE SURGE A LEI DE TERRAS - LEI n 601/50: PRIMEIRO ESTATUTO AGRRIO BRASILEIRO, CUJOS OBJETIVOS ERAM : 1 - ESTABELECER REGRAS PARA RECONHECER DIREITOS, COM O CUIDADO DE NO RECONHECER DIREITOS DE INVASOR ILEGAL; 2 - LEGALIZAR A SITUAO DOMINIAL DO SESMEIRO; 3 - TECER REGRAS PARA LEGALIZAR A TITULAO DE OUTROS DETENTORES DE IMVEIS RURAIS, A OUTROS TTULOS; 4 - ESTABELECER REGRAS DE LEGITIMAO DE POSSE. COM A INDEPENDNCIA DO BRASIL, AS TERRAS NO PARTICULARES PASSARAM DA COROA PORTUGUESA PARA A COROA BRASILEIRA E SE TORNARAM PATRIMNIO DO IMPERADOR, QUE PASSOU A SER O GRANDE LATIFUNDIRIO DO TERRITRIO BRASILEIRO. E O IMPERADOR, D. PEDRO, ABUSOU DISSO. EXEMPLOS : 1) QUANDO PRINCESA ISABEL FOI CASAR-SE, DEU COMO DOTE AO CONDE DAM A ILHA DE SO SEBASTIO, CHAMADA DE ILHA BELA DA

6 PRINCESA, CUJO NOME HOJE ILHA BELA, SITUADO NO LITORAL SUL DO PAIS; 2) DEU DE PRESENTE DE CASAMENTO AOS NUBENTES EUROPEUS DE FAMLIA AUSTRACA E ALEM, UMA REA AO NORTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA, ONDE HOJE EST A CIDADE DE JOINVILLE, CONHECIDA COMO A CIDADE DOS PRNCIPES, ONDE SE INSTALAOU A MAIOR PARTE DOS IMIGRANTES AUSTRACOS E ALEMES. APS A PROCLAMAO DA REPUBLICA, A CF/1891, EM SEU ARTIGO 64 TRANSFERIU TODAS AS TERRAS DEVOLUTAS - QUE NO IMPLICAVAM EM COLOCAR EM RISCO A SEGURANA NACIONAL - AO PATRIMNIO DOS ESTADOS. ALGUNS ESTADOS AINDA NO EXISTENTES, NO RECEBERAM TERRAS. O ACRE, QUE AINDA ERA TERRITRIO BOLIVIANO, NO RECEBEU. ALGUNS ESTADOS TRANSFERIRAM PARTE DESTAS TERRAS AOS SEUS MUNICPIOS. O ESTADO DE SO PAULO FOI UM DELES

NOS IDOS DE 1950 O BRASIL SE ENCONTRA DA SEGUINTE FORMA :- INSATISFAO GERAL DOS CAMPONESES, CRIAO DE VRIOS SINDICATOS RURAIS, IGREJA CATLICA ATUANTE E CRESCIMENTO DO PARTIDO COMUNISTA. - EM 1959 COM O ADVENTO DA REVOLUO CUBANA FORTALECE-SE O MOVIMENTO DE REFORMA AGRRIA NO BRASIL, QUE SE INTENSIFICA A PARTIR DE 1.960. - EM 31.03.1964 GOLPE MILITAR ANIQUILA O MOVIMENTO RURALISTA COM A PROMESSA DE REFORMA AGRRIA; - EM 30.11.1964 SURGE O ESTATUTO DA TERRA (ET) LEI 4.504, QUE INCORPORADO PELA CF/88. CONTEDO do ET : FUNO SOCIAL (ACESSO DE TODOS PROPRIEDADE RURAL; BEM-ESTAR DOS QUE LABUTAM NA TERRA; MANTER A PRODUTIVIDADE; CONSERVAR RECURSOS NATURAIS, ETC..) - DEVERES DO PODER PBLICO (PROMOVER CONDIES AO TRABALHADOR RURAL : ACESSO A TERRA, JUSTA REMUNERAO, BENEFCIOS SOCIAIS,

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ASSEGURAR A POSSE S POPULAES INDGENAS, DESENVOLVER POLITICA AGRCOLA) ETC

2. CONCEITO DE DIREITO AGRRIO O RAMO DO DIREITO PUBLICO, COM CONTEDO ESPECIAL E PRPRIO PARA ATINGIR A JUSTIA SOCIAL ATRAVS DO DESENVOLVIMENTO DA FUNO SOCIAL DA TERRA, COM O OBJETIVO FINAL DE ATINGIR O BEM COMUM. (ROBERTO J PUGLIESE) O CONJUNTO DE PRINCPIOS E NORMAS DE DIREITO PBLICO E DE DIREITO PRIVADO QUE VISA A DISCIPLINAR AS RELAES EMERGENTES DA ATIVIDADE RURAL, COM BASE NA FUNO SOCIAL DA TERRA. (SODERO, F. PEREIRA)

2.1 OBJETO DO DIREITO AGRRIOIMPORTANTE FRISAR QUE, SEGUNDO LARANJEIRA1, A ATIVIDADE AGRRIA AQUELA ORIUNDA DA ATIVIDADE RURCOLA E ENTRE ESTAS DESTACAM-SE AS SEGUINTES ATIVIDADES : a) EXPLORAO RURAL SO AS OPERAES TENDENTES OBTENO DOS PRODUTOS PRIMRIOS, OU SEJA, DE CONSEGUIMENTO DOS FRUTOS DO SOLO E ACESSRIOS DESTE, ESTA ATIVIDADE AGRRIA TPICA, POR EXCELNCIA, QUE SE RETRATA NOS EXERCCIOS DA LAVOURA, DA PECURIA, DO EXTRATIVISMO VEGETAL E ANIMAL E HORTIGRANJEARIA (AVES, ABELHAS, HORTALIAS, FLORES, FRUTAS, PEIXES, ETC.). b) CONSERVAO DOS RECURSOS NATURAIS MTODOS DE CONSERVAO DO SOLO : FECHAMENTO DE VASSOROCAS, EVITAR A LIXIVIAZAAO, PROVOCAR A FERTILIDADE DE TERRENOS (DRENAGEM, ONDULAES), ASSEGURAR A DESSENDENTAAO DOS REBANHOS (FEITURA DE TANQUES, BARRAGENS E ABERTURA DE CACIMBAS) ; ATACAR AS PRAGAS DO PLANTIO E AS DOENAS DOS ANIMAIS (DEDETIZAO E VACINAO), RESGUARDAR OS PRODUTOS COLHIDOS E COLETADOS E OS SUBPRODUTOS (ARMAZENAMENTO, ENSILAGEM, FRIGORIFICAO) OU SALVAGUARDAR AS ESPCIES

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LARANJEIRA, Raimundo. Propedutica do Direito Agrrio. So Paulo, LTR , 1975.

8 VALIOSAS DA FAUNA E FLORA EXISTENTES NO SEU PRDIO RSTICO. c) ORGANIZAO DO SISTEMA FUNDIRIO SISTEMA DE COLONIZAO, COM DIVISO EQUITATIVA DA TERRA PARA QUE SE POSSA VIABILIZAR A DINAMIZAO DA PRODUO DE GNEROS ALIMENTCIOS, PERMITINDO AOS BRASILEIROS, A OCUPAO PERMANENTE DE ESPAOS VAZIOS OU DE REDISTRIBUIO TERREAL AO MENOS FAVORECIDOS. ENTO O OBJETO DO DIREITO AGRRIO SO TODOS OS FATOS JURDICOS QUE EMERGEM DO CAMPO : a) b) c) d) ATIVIDADE AGRRIA; ESTRUTURA AGRRIA; EMPRESA AGRRIA; POLTICA AGRRIA;

O OBJETO DO DIREITO AGRRIO ENGLOBA TRS ASPECTOS : a) ATIVIDADE IMEDIATA O HOMEM NO USO DOS RECURSOS NATURAIS; b) OBJETIVOS E INSTRUMENTOS EXTRATIVISMO, CAA, PESCA, AGRICULTURA E PECURIA; c) ATIVIDADES CONEXAS PROCESSOS INDUSTRIAIS E ATIVIDADE DE TRANSPORTE DE PRODUTOS AGRCOLAS

AUTONOMIA DO DIREITO AGRRIOO DIREITO AGRRIO GOZA DE AUTONOMIA SOB OS SEGUINTES ASPECTOS : LEGISLATIVO, CIENTFICO, DIDTICO E JURISDICIONAL. AUTONOMIA LEGISLATIVA A EC N 10/64 INICIA A AUTONOMIA LEGISLATIVA NO BRASIL E SEGUIDA DO ESTATUTO DAS TERRAS LEI N 4.504, DE 30.11.1964. O DIREITO AGRRIO HOJE, EST INSERTO NA CF/88: Art. 5 . Todos so iguais perante a Lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida,

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liberdade, igualdade, segurana e propriedade nos termos seguintes : (...) XXII garantido o direito de propriedade; XXIII a propriedade atender a sua funo social; XXIV a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio; (...) XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. Art. 22 Compete privativamente unio legislar sobre : I direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; II desapropriao.

Capitulo III - Da Poltica Agrcola e Fundiria e da Reforma Agrria (art. 184 a 191, CF/88)Art. 184 - Compete Unio desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrria, o imvel rural que no esteja cumprindo sua funo social, mediante prvia e justa indenizao em ttulos da dvida agrria, com clusula de preservao do valor real, resgatveis no prazo de at vinte anos, a partir do segundo ano de sua emisso, e cuja utilizao ser definida em lei. Art. 185 - So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria: I - a pequena e mdia propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietrio no possua outra; II - a propriedade produtiva.

10 Pargrafo nico - A lei garantir tratamento especial propriedade produtiva e fixar normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua funo social. Art. 186 - A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: (...) Art. 187 - A poltica agrcola ser planejada e executada na forma da lei, com a participao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercializao, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: (...) Art. 188 - A destinao de terras pblicas e devolutas ser compatibilizada com a poltica agrcola e com o plano nacional de reforma agrria. Art. 189 - Os beneficirios da distribuio de imveis rurais pela reforma agrria recebero ttulos de domnio ou de concesso de uso, inegociveis pelo prazo de dez anos. Art. 190 - A lei regular e limitar a aquisio ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa fsica ou jurdica estrangeira e estabelecer os casos que dependero de autorizao do Congresso Nacional. Regulado pela Lei 5.709/71 Art. 191 - Aquele que, no sendo proprietrio de imvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposio, rea de terra, em zona rural, no superior a cinqenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua famlia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- a propriedade Pargrafo nico - Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio.

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Direito agrrio e sistema de organizao e funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrria - L-004.947-1966 Captulo I Disposies Preliminares Art. 1 - Esta Lei estabelece normas de Direito Agrrio e de ordenamento, disciplinao, fiscalizao e controle dos atos e fatos administrativos relativos ao planejamento e implantao da Reforma Agrria, na forma do que dispe a Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964.

AUTONOMIA CIENTFICA TEM NORMAS PRPRIAS E PRINCPIOS DIFERENCIADOS DOS DEMAIS RAMOS DO DIREITO. O operador de direito foi buscar a pesquisa e os anseios da populao para legislar sobre direito agrrio. Esta cientificidade autnoma; eis que trata-se de pesquisas realizadas com os anseios do homem do campo. 3.1 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS.A doutrina apresenta como princpios do direito agrrio : 1) Princpio do monoplio legislativo da Unio (CF/88, art. 22, 1) Somente a Unio, sob pena de inconstitucionalidade pode legislar sobre matria agrria; pois o objetivo gerar uniformidade em todo o territrio nacional; 2) Princpio da sobreposio do uso ao ttulo - o simples ttulo no legitima nem mantm regular a situao do titular da terra na medida em que a poltica agrcola e fundiria exige produtividade. O uso prepondera sobre o ttulo. (art. 185, II; 186, III e 196, CF/88; art. 5 caput, c/c art. 184 CF/88); 3) Princpio da Funo Social da propriedade quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, os requisitos estabelecidos no artigo 186, CF/88 e artigo 2 e 12 do ET. 4) Princpio da Dicotomia - compreende poltica de reforma (agrria) e poltica de desenvolvimento (poltica agrcola);

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5) Princpio das Normas de Ordem Pblica as normas do direito agrrio so normas cogentes, impositivas, objetivando dar efetividade funo social da propriedade (art. 5, XXIII, CF/88), ou seja, o interesse coletivo se sobrepe ao individual. 6) Principio da Reformulao da Estrutura Fundiria - a reformulao da estrutura fundiria uma necessidade constante. ) 1 do art.1 da Lei 4.504/64 : considera-se reforma agrria o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuio da terra, mediante modificaes no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princpios de justia e ao aumento da produtividade). 7) Princpio do Comunitarismo visa o fortalecimento do esprito comunitrio, atravs de cooperativas e associaes (art. 187, vI, CF/88); 8) Principio do Combate tem por objetivo combater ao latifndio, ao minifndio, ao xodo rural, explorao predatria e aos mercenrios da terra; 9) Princpio da Privatizao trata-se de principio constitucional que visa a privatizao (alienao e concesso) dos imveis rurais pblicos para pessoa fsicas e jurdica, a fim de que produzam e desenvolvam atividades agropastoris e empresas agrcolas (arts. 188 e 190, CF/88); 10) Princpio da proteo Propriedade Familiar, pequena e media propriedade; proibi-se a desapropriao para fins de reforma agrria, da pequena e media propriedade rural, bem como a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela famlia (art. 185, CF/88), e tambm insuscetvel de penhora (art. 5, XXVII) 11) Princpio do fortalecimento da Empresa Agrria de acordo com o art. 4, VI do ET, Empresa Rural o empreendimento de pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que explore econmica e racionalmente imvel rural, dentro de condio de rendimento econmico da regio em que se situe e que explore rea mnima agricultvel do imvel segundo padres fixados, pblica e previamente pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam s reas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as reas ocupadas com benfeitoria. Devem ser garantidos insumos ao amplo desenvolvimento da empresa agrria,

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tais como mecanizao agrcola (art. 78), assistncia financeira e creditcia (art. 81 a 83), industrializao e beneficiamento dos produtos agrcolas (art. 87 e 88), eletrificao rural e obras de infraestrutura (art. 84), entre outras. 12) Princpio da proteo da propriedade Indgena - o principio constitucional da proteo das terras indgenas (art. 231, 1, CF/88: so terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios as por eles habitadas em carter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindveis preservao dos recursos ambientais necessrios ao seu bem-estar e as necessrias a sua reproduo fsica e cultural, segundo seus usos, costumes e tradies. A remoo dos ndios das referidas terras s pode ser feita quando necessria soberania nacional ou em caso de catstrofe ou epidemia, e desde que autorizado ad referundum pelo Congresso Nacional (art. 231, 5, CF/88) 13) Principio do Dimensionamento Eficaz das reas explorveis; necessrio uma dimenso mnima de propriedade rural que assegure ao trabalhador e sua famlia subsistncia digna e progresso econmico. Observe-se que, para fins de usucapio houve uma duplicao da rea de 25 a 50 hectares (art. 191, CF/88), 14) Princpio da proteo do trabalhador rural trata-se de principio constitucional na medida em que a funo social cumprida quando a explorao no imvel rural favorea o bem-estar dos trabalhadores (art. 186, 4). 15) Princpio da Proteo ao Meio Ambiente de todos os princpios, talvez o mais importante para a atualidade seja o do meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, CF/88). S haver o cumprimento da funo social do imvel rural quando ocorre a utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente (art. 186, II, CF/88)

AUTONOMIA DIDTICA A MAIORIA DAS UNIVERSIDADES J POSSUI A DISCIPLINA NA SUA MATRIZ CURRICULAR.

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AUTONOMIA JURISDICIONAL CF/88 Seo VIII Dos Tribunais e Juzes do Estado. Art. 126. para dirimir conflitos fundirios, o Tribunal de Justia propor a criao de varas especializadas, com competncia exclusiva para as questes agrrias; Pargrafo nico. Sempre que necessrio eficiente prestao jurisdicional, o juiz far-se- presente no local do litgio. Obs : Redao dada pela EC 45/2004 AINDA TMIDA E A NICA ATIVIDADE REPRESENTATIVA, COMO ATIVIDADE JURISDICIONAL ESPECIALIZADA, EST NO AMAZONAS : VEMAQA VARA DO MEIO AMBIENTE E QUESTES AGRRIAS 3.2 -NATUREZA JURDICA DO D.A. EMBORA ALGUNS DOUTRINADORES SE POSICIONEM EM AFIRMAR A DICOTOMIA DO DIREITO AGRRIO, POSIO DA MAIORIA DELES DE QUE O D.A RAMO DO DIREITO PBLICO EM RAZO DE QUE H O PREDOMNIO DAS NORMAS DE ORDEM PBLICA SOBRE AS DE DIREITO PRIVADO E QUE, AT NAS DISCIPLINAS DOS CONTRATOS AGRRIOS, ONDE A VONTADE DAS PARTES TEM O SEU MAIOR ESPAO, A AUTONOMIA PRIVADA QUASE NENHUMA, EM FACE DAS NORMAS IMPERATIVAS IMPREGNADAS NO DECRETO n 59.566, DE 14.11.1966 - Regulamentos do Estatuto da Terra e Direito Agrrio : DosContratos: Essncia e Fundamentos; Dos Contratos Agrrios ; Do Arrendamento e suas Modalidades; Da Parceria e suas Modalidades; Do Uso Temporrio da Terra e suas Limitaes; Dos Direitos e dos Deveres; Dos Arrendadores e dos Arrendatrios Dos Parceiros-Outorgantes e dos Parceiros-Outorgados; Do Crdito; Do Acesso ao Crdito; Das Condies Especiais do ; Dos Incentivos; Do Registro e do Controle dos Contratos Agrrios; Dos Registros Cadastrais; Do Controle e Fiscalizao dos Contratos; Das Disposies Gerais e Transitrias; Do Ajustamento e Adaptaes dos Contratos em Vigor; Das Formas de Transio de Uso Temporrio; Das Disposies Finais

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POR OPORTUNO, VALE REGISTRAR QUE O PRINCPIO DA FUNO SOCIAL DA TERRA, O MAIOR PRECEITO A SUBORDINAR O DIREITO DE PROPRIEDADE E O MAIS RELEVANTE PRECEITO DE ORDEM PBLICA IMPREGNADO NO ORDENAMENTO JURDICO AGRRIO.

4. FONTES DO DIREITO AGRRIOCONSTITUEM FONTE DO D.A : a) LEI : expresso nacional e objetiva do direito. Regra que emana de um rgo especializado, sancionada pelo Poder Pblico. b) OS COSTUMES: conjunto de regras uniformes, gerais e constantes que se impe a todos os membros da coletividade, com tal autoridade, que a infrao delas importa uma viva desaprovao das partes dos outros indivduos e certo incmodo ntimo. o padro de comportamento sancionado pela sociedade que o adotou. c) A DOUTRINA: o conjunto de solues s questes de direito, ministradas pelos jurisconsultos, pressupondo objetividade, metodizao. trabalho cientifico. d) A JURISPRUDNCIA: conjunto de solues elaboradas pelos juzes s questes jurdicas, harmonizando as decises dos tribunais. SO TAMBM MENCIONADAS PELOS DOUTRINADORES AS SEGUINTES FONTES MATERIAIS : a ) A REALIDADE SOCIAL, ISTO , O CONJUNTO DE FATOS SOCIAIS QUE CONTRIBUEM PARA A FORMAO DO CONTEDO DE DIREITO; b) OS VALORES QUE O DIREITO PROCURA REALIZAR, FUNDAMENTALMENTE, SINTETIZADOS NO CONCEITO AMPLO DE JUSTIA;

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4.1 - RELAO DO DIREITO AGRRIO COM OUTROS RAMOS DO DIREITODIREITO CONSTITUCIONAL ART. 5, XXXIII; ART. 170, III; ART. 184 E SEGUINTES DIREITO CIVIL : EST UM POUCO DISTANCIADO, EM VIRTUDE DE O DIR. AGRRIO TRATAR DOS CONTRATOS DE ARRENDAMENTO, PARCERIA, MEAO, ETC. RESTOU-LHE SOMENTE DISCIPLINAR O DIREITO PROPRIEDADE (USAR, E FRUIR), SERVIDO, HIPOTECA E CONDOMNIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL : AES POSSESSRIAS, USUCAPIO DE TERRAS PARTICULARES, DIVISO E DEMARCAO DE TERRAS PRIVADAS, RITO REFERENTE S QUESTES DE ARRENDAMENTO RURAL. DIREITO PENAL : CAA, PESCA, FLORESTA, ROUBO DE GADO, ETC... (ABIGEATO: ROUBO DE ANIMAIS; SUPRESSO OU ALTERAO DE MARCAS DE ANIMAIS; MODIFICAO DE LIMITES OU USURPAO DE GUAS, ETC.) DIREITO DO TRABALHO RURAL E DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO; DIREITO INTERNACIONAL PBLICO : FAO FIELD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION CRIADO PELA ONU PARA TRATAR DE ASSUNTOS LIGADOS ALIMENTAO E AGRICULTURA EM TODO O MUNDO. DIREITO COMERCIAL : EMPRESA RURAL, PENHOR RURAL, PENHOR MERCANTIL, COMERCIALIZAO DE PRODUTOS RURAIS.(ALGUNS INSTITUTOS, HOJE TRATADOS PELO DIREITO DEEMPRESA, COM O ADVENTO DO NCCB)

DIREITO PREVIDENCIRIO : ESTABELECE A OBRIGAO DE O COMPRADOR DO PRODUTOR RURAL RECOLHER O INSS SOBRE OS PRODUTOS COMERCIALIZADOS POR ELE.

17O segurado especial est dispensado do pagamento de contribuies?A responsabilidade pelo recolhimento da contribuio previdenciria do segurado especial do adquirente, consumidor, consignatrio ou cooperativa (por subrogao), salvo quando ele comercializa sua produo no exterior ou diretamente no varejo, ao consumidor, ao consumidor pessoa fsica, ao produtor rural pessoa fsica ou a outro segurado especial. A contribuio do segurado especial calculada em 2,1% da renda obtida pela venda da sua produo, que tem a seguinte destinao: 2,0% para a Seguridade Social e 0,1% para o financiamento das prestaes por acidente do trabalho.

DIREITO TRIBUTRIO : ESTABELECE OBRIGAES TRIBUTRIAS ITR : IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ART. 49, ESTATUTO DA TERRA; art. 153, VI e 4 CF/88); ITCMD :IMPOSTO SOBRE TRANSMISSO CAUSA MORTIS E DOAO (ART. 155, I, CF/88); ITBI IMPOSTO SOBRE TRANSMISSO INTER VIVOS (ART. 156,II, CF/88); IMPOSTO DE RENDA ( ART. 153, II, CF/88)

5. DIREITO AGRRIO COMPARADOAs revolues sociais em determinado momento marcaram a histria e influenciaram o sistema de produo agrcola no planeta. Alguns pases, como a antiga Unio Sovitica, China e Leste Europeu, implantaram um sistema coletivista, onde a terra do Estado e, como bem do Estado, ela de todos. Outros pases como a Frana, Inglaterra, Alemanha e outros, onde vigem o sistema capitalista, entenderam que a terra deveria ser propriedade particular, para estimular-se a produo, cumprindo sua funo social e que a terra tem conceito de bem de utilidade publica. Assim, seguindo a Frana, o Brasil adotou que a terra pode ser propriedade privada, individual, mas ela tem que cumprir sua funo social. Este o requisito sine qua non para que a terra continue na condio de propriedade privada. O direito de propriedade nas constituies europias no apresenta a mesma conotao que lhe dada no Direito brasileiro; contudo, sem deixar de reconhec-lo como um dos direitos fundamentais inerentes ao homem, em regra, colocando-o em ordem de prioridade distante do direito vida e liberdade.

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A) A Constituio Portuguesa de 1.976 :Art. 62. a todos garantido o direito de propriedade privada e a sua transmisso em vida ou por morte, nos termos da Constituio. A requisio e a expropriao por utilidade s podem ser efetuadas com base na lei e mediante o pagamento de justa indenizao.

B) A Constituio Espanhola de 1978 :Art. 33. Se reconece el derecho a La propriedad privada y a La herancia. La funcin social de estos derechos delimitaria su contenido, de acuerdo com ls leyes. Nadie podr ser privado de sus bienes y derechos sino por causa justificada de utilidad pblica o interes social, mediante La correspondiente indenizacin y de conformidad com lo dispuesto por ls leyes.

C) A Lei fundamental da Alemanha de 1949 :Art. 14. A propriedade e o direito de sucesso so garantidos. A sua natureza e os seus limites so regulados por lei. A propriedade obriga o seu uso, deve ao mesmo tempo servir o bem-estar geral.

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II A REFORMA AGRRIA NOES GERAIS 1. INTRODUAO, CONCEITO E FASES1.1 Introduo A Reforma Agrria um dos mais importantes institutos do Direito Agrrio. A origem do Direito Agrrio no Brasil advm do regime de sesmarias extremamente catica e que no deu certo em Portugal, seu pas de origem. O longo perodo de ausncia de leis reguladoras de formas aquisitivas de terras, oportunizou tanto a concentrao de terras em mos de poucos, como a proliferao de minifndios, igualmente nocivos, porque a produo em, pequena escala no atende a funo social. 1.2 -Conceito : Reformar a juno do vocbulo re + formare que significa dar nova forma, refazer, restaurar. Desta forma, o Direito Agrrio tem um compromisso com a transformao, devendo preocupar-se com a reforma agrria, que se traduz na reformulao da estrutura fundiria. O Estatuto da Terra, no 1 do artigo 1, traz a seguinte definio de Reforma Agrria : 1 - Considera-se Reforma Agrria o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuio da terra, mediante modificaes no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princpios da justia social e ao aumento de produtividade.

Em virtude deste comando legal e do art. 186 da CF/88, o Estatuto da Terra nos apresenta em seu Ttulo II, as diretrizes para a Reforma Agrria:Art. 16. A Reforma Agrria visa estabelecer um sistema de relaes entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justia social, o progresso e o bem estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econmico do pas, com a gradual extino do minifndio e do latifndio.

20Pargrafo nico. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrria ser o rgo competente para promover e coordenar a execuo dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e do seu regulamento. Art. 17. O acesso propriedade rural ser promovido mediante a distribuio ou redistribuio de terras, pela execuo de qualquer das seguintes medidas : a) desapropriao por interesse social; b) doao; c) compra e venda; d) arrecadao dos bens vagos; e) reverso posse do Poder Pblico de terras de sua propriedade, indevidamente ocupadas e exploradas, a qualquer ttulo, por terceiros; f) herana ou legado

1.3 Fases Conforme vimos, a Reforma Agrria no Brasil, passou por diversas fases, desde as Sesmarias. Aps estas, o intenso movimento e a luta dos campesinos comea a pressionar o estado e a formao de movimentos populares pressionou o Estado a editar o Estatuto da Terra, Entretanto, preciso observar o regime poltico de cada pas para se estabelecer essas diretrizes. Nos dias de hoje, a Constituio Federal e o Estatuto da Terra regem o procedimento da reforma agrria. Para realiz-la, a melhor doutrina defende que h dois mtodos para se fazer a Reforma Agrria : a) o coletivista consiste na nacionalizao da terra, passando a propriedade para o Estado. Fundado este, na doutrina socialista, segundo a qual os meios de produo so do Estado, cabendo ao campesino apenas o direito de uso; b) o privatista (ou individualista) consiste na admisso da existncia da propriedade privada, onde a terra de quem trabalha, seja pequeno, mdio ou grande produtor, que convivem harmoniosamente (doutrina de Aristteles)

Objetivos da Reforma AgrriaEstatuto da Terra:

- Est contido no artigo 16 do

Art. 16 A Reforma Agrria visa estabelecer um sistema de relaes entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justia social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento

21econmico do Pas, com minifndio e do latifndio. gradual extermnio do

2 - A PROPRIEDADE PERANTE A CF/88 e A LEI CIVILO DIREITO DE PROPRIEDADE TM DIVERSOS REFLEXOS POLTICOS, VEZ QUE INFLUNCIA NA FORMAO DOS POVOS. PELO TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DISPENSADO AO DIREITO DE PROPRIEDADE QUE SENTIREMOS A ANATOMIA DO ESTADO, OS PRINCPIOS BSICOS QUE O REGEM : SE CAPITALISTA OU SOCIALISTA, E COM TODOS OS PORMENORES JURDICOS, ECONMICOS, POLTICOS E SOCIAIS DA EVIDENCIADOS. DA QUEDA DO MURO DE BERLIM E DO DESMANTELAMENTO DO IMPRIO COMUNISTA RUSSO SOPRAM VENTOS LIBERAIS EM TODO O MUNDO. O ESTADO TODO PODEROSO E PROPRIETRIO DE TODOS OS BENS E QUE PRESERVA APENAS O INTERESSE COLETIVO, EM DETRIMENTO DOS DIREITOS E INTERESSES INDIVIDUAIS, PERDE A SOBREVIVNCIA. (UADI LAMMGO BULOS) O DIREITO DE PROPRIEDADE J CONSTAVA NAS ENCCLICAS PAPAIS : O DIREITO DE PROPRIEDADE PRIVADA, MESMO SOBRE BENS PRODUTIVOS, TEM VALOR PERMANENTE PELA SIMPLES RAZO DE SER UM DIREITO NATURAL FUNDADO SOBRE A PRIORIDADE ONTOLGICA E FINAL DE CADA SER HUMANO EM RELAO SOCIEDADE. SERIA, ALIS, INTIL INSISTIR NA LIVRE DISPOSIO DOS MEIOS INDISPENSVEIS PARA SE AFIRMAR. AO CONTRRIO A HISTRIA E A EXPERINCIA PROVAM QUE NOS REGIMES POLTICOS QUE NO SE RECONHECE O DIREITO PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS BENS PRODUTIVOS, SO OPRIMIDAS OU SUFOCADAS AS EXPRESSES FUNDAMENTAIS DA LIBERDADE. LEGTIMO CONCLUIR QUE ESTAS ENCONTRAM NAQUELE DIREITO, GARANTIA E INCENTIVO. (ENCCLICA MATER E MAGISTER PAPA JOO XXIII).ONTOLOGIA JURDICA CINCIA QUE ESTUDA A ESSNCIA DO DIREITO, INVESTIGANDO O QUE DIREITO PARA FORMULAR UM CONCEITO.

22 O DIREITO DE PROPRIEDADE TEM PAPEL ESPECIAL NA CONSTITUIO FEDERAL BRASILEIRA, ONDE ELEVADO CATEGORIA DE UM DIREITO IMATERIAL DA PERSONALIDADE HUMANA, UM VALOR SUPERIOR AO VALOR JURDICO, QUE TEM POR OBJETIVO LEVAR O HOMEM ATINGIR A FELICIDADE. O DIREITO AGRRIO DEFENDE A TEORIA DE QUE A PROPRIEDADE UM DIREITO OBJETIVO : QUE EM SI UM DIREITO NATURAL QUE NECESSITA CUMPRIR SUA FUNO SOCIAL. J O DIREITO CIVIL ACOLHE A TEORIA DE QUE A PROPRIEDADE UM DIREITO SUBJETIVO, DIREITO DO CIDADO DE USAR E DE FRUIR DA COISA.(ESTABELECER A DIFERENA ENTRE DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO)

OS DOUTRINADORES DISTINGUEM DUAS HIPTESES NO TOCANTE PROPRIEDADE : 1) TUDO QUE GIRA EM TORNO DO BEM-ESTAR SOCIAL DIREITO AGRRIO. 2) TUDO QUE GIRA EM TORNO DO ECONMICO DIREITO REAL. O CDIGO CIVIL DISCIPLINA ALGUMAS QUESTES SOBRE PROPRIEDADE NOS ARTIGOS 524 A 673. ENTRETANTO, EM SEU TTULO III DA PROPRIEDADE - A PARTIR DO ART. 1.228, QUE SE EFETIVA O DIREITO DA PROPRIEDADE.

2.1. PROPRIEDADE NO TEXTO CONSTITUCIONAL - EST INSERTO :ART. 5 - TODOS SO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DISTINO DE QUALQUER NATUREZA, GARANTINDO-SE AOS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAS, A INVIOLABILIDADE DO DIREITO VIDA, LIBERDADE, IGUALDADE, SEGURANA E PROPRIEDADE, NOS SEGUINTES TERMOS : XXII GARANTIDO O DIREITO DE PROPRIEDADE(ARTS. 1228 A 1368 CC) XXIII A PROPRIEDADE ATENDER A SUA FUNO SOCIAL;(ART. 186, CF)XXIV A LEI ESTABELECER O PROCEDIMENTO PARA A DESAPROPRIAO POR NECESSIDADE OU UTILIDADE PBLICA, OU POR INTERESSE SOCIAL, MEDIANTE JUSTA E PRVIA

23INDENIZAO EM DINHEIRO, RESSALVADOS PREVISTOS NESTA CONSTITUIO; OS CASOS

XXV NO CASO DE IMINENTE PERIGO PBLICO, A AUTORIDADE COMPETENTE PODER USAR DE PROPRIEDADE PARTICULAR, ASSEGURADA AO PROPRIETRIO INDENIZAO ULTERIOR, SE HOUVER DANO; (RESPONSABILIDADE CIVIL) XXVI A PEQUENA PROPRIEDADE RURAL, ASSIM DEFINIDA EM LEI, DESDE QUE TRABALHADA PELA FAMLIA, NO SER OBJETO DE PENHORA PARA PAGAMENTO DE DBITOS DECORRENTES DE SUA ATIVIDADE PRODUTIVA, DISPONDO A LEI SOBRE OS MEIOS DE FINANCIAR O SEU DESENVOLVIMENTO. (ET LEI 4.504/64) ART. 184 COMPETE UNIO DESAPROPRIAR POR INTERESSE SOCIAL, PARA FINS DE REFORMA AGRRIA, O IMVEL RURAL QUE NO ESTEJA CUMPRINDO SUA FUNO SOCIAL, MEDIANTE PRVIA E JUSTA INDENIZAO EM TTULOS DA DVIDA AGRRIA, COM CLUSULA DE PRESERVAO DO VALOR REAL, RESGATVEIS NO PRAZO DE AT VINTE ANOS, A PARTIR DO SEGUNDO ANO DE SUA EMISSO, E CUJA UTILIZAO SER DEFINIDA EM LEI.(Lei n 8.629/93) 1 - AS BENFEITORIAS TEIS SERO INDENIZADAS EM DINHEIRO. 2 - O DECRETO QUE DECLARAR O IMVEL COMO DE INTERESSE SOCIAL, PARA FINS DE REFORMA AGRRIA, AUTORIZA A UNIO A PROPOR AO DE DESAPROPRIAO. 3 - CABE LEI COMPLEMENTAR ESTABELECER PROCEDIMENTO CONTRADITRIO ESPECIAL, DE RITO SUMRIO, PARA O PROCESSO JUDICIAL DE DESAPROPRIAO.(LC 76/93 e 88/96) 4 - O ORAMENTO FIXAR ANUALMENTE O VOLUME TOTAL DE TTULOS DA DVIDA AGRRIA, ASSIM COMO O MONTANTE DE RECURSOS PARA ATENDER AO PROGRAMA DE REFORMA AGRRIA NO EXERCCIO; 5 - SO ISENTAS DE IMPOSTOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS AS OPERAES DE TRANSFERNCIAS DE IMVEIS DESAPROPRIADOS PARA FINS DE REFORMA AGRRIA.

24 Benfeitorias so obras e despesas que se fazem em um bem imvel ou mvel para conserv-lo, melhor-lo ou embelez-lo. Benfeitorias teis so as que visam aumentar ou facilitar o uso do bem, apesar de no serem necessrias (ex: instalao de aparelhos sanitrios modernos, construo de uma garagem); Benfeitorias Necessrias so as que so indispensveis conservao do bem, para impedir a deteriorao (ex: servios realizados no alicerce da casa que cedeu); Benfeitorias Volupturias so as de mero deleite ou recreio, tm escopo to somente dar comodidade quele que as fez, no tendo qualquer utilidade por serem obras para embelezar a coisa (ex: construo de piscina numa casa particular , decorao luxuosa num aposento, ...); (LC 76/93 e 88/96 PROCESSO DE DESAPROPRIAO; IN 36/2006 DO INCRA: CRITRIOS PARA REFORMA AGRRIA) ART. 185 SO INSUSCETVEIS DE DESAPROPRIAO PARA FINS DE REFORMA AGRRIA : I A PEQUENA E MDIA PROPRIEDADE RURAL, ASSIM DEFINIDA EM LEI, DESDE QUE SEU PROPRIETRIO NO POSSUA OUTRA; II A PROPRIEDADE PRODUTIVA; PARGRAFO NICO - A LEI GARANTIR TRATAMENTO ESPECIAL PROPRIEDADE PRODUTIVA E FIXAR NORMAS PARA O CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS RELATIVOS SUA FUNO SOCIAL. (ET) ART. 186 A FUNO SOCIAL CUMPRIDA QUANDO A PROPRIEDADE RURAL ATENDE, SIMULTANEAMENTE, SEGUNDO CRITRIO E GRAUS DE EXIGNCIA ESTABELECIDOS EM LEI, AOS SEGUINTES REQUISITOS : I APROVEITAMENTO RACIONAL E ADEQUADO; II UTILIZAO ADEQUADA DOS RECURSOS NATURAIS DISPONVEIS E PRESERVAO DO MEIO AMBIENTE; III OBSERVNCIA DAS DISPOSIES QUE REGULAM AS RELAES DE TRABALHO;

25 IV EXPLORAO QUE FAVOREA O BEM-ESTAR DOS PROPRIETRIOS E DOS TRABALHADORES. (ET) ART. 189 OS BENEFICIRIOS DA DISTRIBUIO DE IMVEIS RURAIS PELA REFORMA AGRRIA RECEBERO TTULOS DE DOMNIO OU DE CONCESSO DE USO, INEGOCIVEIS PELO PRAZO DE DEZ ANOS. PARGRAFO NICO O TTULO DE DOMNIO E A CONCESSO DE USO SERO CONFERIDOS AO HOMEM OU MULHER, OU A AMBOS, INDEPENDENTEMENTE DO ESTADO CIVIL, NOS TERMOS E CONDIES PREVISTOS EM LEI. ART. 190 A LEI REGULAR E LIMITAR A AQUISIO OU ARRENDAMENTO DE PROPRIEDADE RURAL POR PESSOA FSICA OU JURDICA ESTRANGEIRA E ESTABELECER OS CASOS QUE DEPENDERO DE AUTORIZAO DO CONGRESSO NACIONAL.(LEI 5.709/71 E DL 74.965/74)

ART. 191 AQUELE QUE, NO SENDO PROPRIETRIO DE IMVEL RURAL OU URBANO, POSSUA COMO SEU, POR CINCO ANOS ININTERRUPTOS, SEM OPOSIO, REA DE TERRA, EM ZONA RURAL, NO SUPERIOR A CINQENTA HECTARES, TORNANDO-A PRODUTIVA POR SEU TRABALHO OU DE SUA FAMLIA, TENDO NELA MORADIA, ADQUIRIR-LHE- A PROPRIEDADE. (LEI 5.709/71-USUCAPIOPR-LABORE)

PARGRAFO NICO OS IMVEIS PBLICOS NO SERO ADQUIRIDOS POR USUCAPIO.

2.2. PROPRIEDADE NO CDIGO CIVILART. 1.228 - O PROPRIETRIO TEM A FACULDADE DE USAR, GOZAR E DISPOR DA COISA, E O DIREITO DE REAV-LA DO PODER DE QUEM QUER QUE INJUSTAMENTE A POSSUA OU DETENHA. 1 - O DIREITO DE PROPRIEDADE DEVE SER EXERCIDO EM CONSONNCIA COM AS FINALIDADES ECONMICAS E SOCIAIS DE MODO QUE SEJAM PRESERVADOS, DE CONFORMIDADE COM O ESTABELECIDO EM LEI ESPECIAL, A FLORA, A FAUNA, AS BELEZAS NATURAIS, O EQUILBRIO

26 ECOLGICO E O PATRIMNIO HISTRICO E ARTSTICO, BEM COMO EVITADA A POLUIO DO AR E DAS GUAS. OBS AO CAPUT : TER A FACULDADE SIGNIFICA UM DIREITO SUBJETIVO O PROPRIETRIO RECLAMA SE QUISER. NESTE CASO, A NEGLIGNCIA DO PROPRIETRIO IMPLICA EM RENNCIA DO DIREITO DE PROPRIEDADE. O LEGISLADOR CIVIL PREFERIU ABOLIR O TERMO DOMNIO INTRODUZIDO NO REGIME DE SESMARIAS, PARA ESTABELECER O TERMO PROPRIEDADE. CONCLUI-SE QUE, QUE O DIREITO DE PROPRIEDADE APRESENTA DOIS ASPECTOS IMPORTANTES QUANTO FUNCIONALIDADE : O SOCIAL (CF) E O ECONMICO (CC)

2.2.1 - RESTRIES AO DIREITO DE PROPRIEDADEO DIREITO CIVIL TAMBM REGULAMENTA CERTOS INSTITUTOS QUE INTERFEREM NA ORDEM RURAL : SERVIDO DE PASSAGEM (ARTS. 1.285 CC), Art. 1.285. O dono do prdio que no tiver acesso a via pblica, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenizao cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo ser judicialmente fixado, se necessrio. 1 Sofrer o constrangimento o vizinho cujo imvel mais natural e facilmente se prestar passagem. 2 Se ocorrer alienao parcial do prdio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pblica, nascente ou porto, o proprietrio da outra deve tolerar a passagem. 3 Aplica-se o disposto no pargrafo antecedente ainda quando, antes da alienao, existia passagem atravs de imvel vizinho, no estando o proprietrio deste constrangido, depois, a dar uma outra. DE UTILIDADE (ARTS. 1.378 e 1.386 DO CC); Art. 1.378. A servido proporciona utilidade para o prdio dominante, e grava o prdio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declarao expressa dos proprietrios, ou por testamento, o subseqente registro no Cartrio de Registro de Imveis. Art. 1.386. As servides prediais so indivisveis, e subsistem, no caso de diviso dos imveis, em benefcio de cada uma das pores do prdio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prdio

27 serviente, salvo se, por natureza, ou destino, s se aplicarem a certa parte de um ou de outro.

DE AQUEDUTO (ARTS. 1.293), Art. 1.293. permitido a quem quer que seja, mediante prvia indenizao aos proprietrios prejudicados, construir canais, atravs de prdios alheios, para receber as guas a que tenha direito, indispensveis s primeiras necessidades da vida, e, desde que no cause prejuzo considervel agricultura e indstria, bem como para o escoamento de guas suprfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. 1 Ao proprietrio prejudicado, em tal caso, tambm assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltrao ou irrupo das guas, bem como da deteriorao das obras destinadas a canaliz-las. 2 O proprietrio prejudicado poder exigir que seja subterrnea a canalizao que atravessa reas edificadas, ptios, hortas, jardins ou quintais. 3 O aqueduto ser construdo de maneira que cause o menor prejuzo aos proprietrios dos imveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem tambm as despesas de conservao.

ALM DISSO, OUTRAS LEGISLAES TAMBM RESTRINGEM O DIREITO DE PROPRIEDADE : AO LONGO DAS VIAS FRREAS (ART. 163 DECRETO 15.763); MARGEM DOS RIOS PBLICOS (ART. 151 CDIGO DE GUAS); EM DERREDOR DOS AEROPORTOS E AERDROMOS (ARTS. 43 A 46 DA LEI 7.565 COD. DE AERONUTICA). HIPOTECA ARTS. 1473 a 1.505 CCB) CONDOMNIO INDIVISIBILIDADE (ARTS. 504 e 1322 CC) O CONDOMINIO, TIDO COMO COMUNHO, COMPOSSE OU COPROPRIEDADE, NADA MAIS QUE O EXERCCIO DA POSSE OU PROPRIEDADE, POR DIVERSOS TITULARES, SOBRE A MESMA COISA. LOGO, O OBJETO DO CONDOMINIO UMA FRAAO IDEAL, QUE CORRESPONDE EXTENSAO DO DIREITO REAL DE CADA TITULAR. A INDIVISIBULIDADE DO CONDOMINIO DIZ RESPEITO AO FATO DE CADA FRAAO IDEAL SER INFERIOR PARCELA MNIMA (MDULO) NECESSRIA PARA A SUBSISTNCIA DO PROPRIETRIO E SUA FAMILIA.

3. FUNO SOCIAL DA PROPRIEDADE

28 Est prevista no art. 5 e 186 da CF/88, conforme j estudado anteriormente. O Estatuto da Terra tambm traz algumas ponderaes sobre a Reforma Agrria, estabelecendo que a funo social da propriedade de suma importncia para que o particular mantenha em sua posse, a sua propriedade e que, no atendida ela essa funo, o Poder Pblico estar extinguindo o direito a essa propriedade, pelo seu possuidor original :Art. 12. propriedade privada cabe intrinsecamente uma funo social e seu uso condicionado ao bemestar coletivo previsto na Constituio Federal e caracterizado em Lei. Art. 13. O Poder pblico promover a gradativa extino das formas de ocupao e de explorao da terra que contrariem sua funo social.

4 REFORMA e POLTICA AGRRIA (Agrcola)A prpria CF/88 estabelece a distino entre reforma agrria e poltica agrria, em seu art. 187, 2, ao normatizar que : sero compatibilizadas as aes de poltica agrcola e de reforma agrria. Segundo Alexandre de Moraes2, Reforma Agrria deve ser entendida como um conjunto de notas e planejamentos estatais mediante interveno do Estado na economia agrcola com a finalidade de promover a repartio da propriedade e renda fundiria (...) Segundo o professor Raimundo Laranjeira3 Poltica Agrria uma cincia plataformal de intermediao, desde que procura analisar, depurar e sintetizar os dados colhidos na investigao socioeconmica pelo Poder Pblico.

A poltica Agrcola tem sua definio no Estatuto da Terra, no 2 do artigo 1:Art. 1 (omissis) (...) 2 Entende-se por Poltica Agrcola o conjunto de providncias de amparo propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecurias, seja no sentido de garantirlhes o pleno emprego, seja no de harmoniz-las com o processo de industrializao do pas.2 3

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, Atlas, 1999, p/588. So Paulo. Propedutica do Direito Agrrio. So Paulo. LTr, 1975, p.174e

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A Constituio Federal tambm apresenta previso legal sobre a Poltica Agrcola :Art. 187 - A poltica agrcola ser planejada e executada na forma da lei, com a participao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercializao, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: I - os instrumentos creditcios e fiscais; II - os preos compatveis com os custos de produo e a garantia de comercializao; III - o incentivo pesquisa e tecnologia; IV - a assistncia tcnica e extenso rural; V - o seguro agrcola; VI - o cooperativismo; VII - a eletrificao rural e irrigao; VIII - a habitao para o trabalhador rural. 1 - Incluem-se no planejamento agrcola as atividades agroindustriais, agropecurias, pesqueiras e florestais. 2 - Sero compatibilizadas as aes de poltica agrcola e de reforma agrria. Art. 188 - A destinao de terras pblicas e devolutas ser compatibilizada com a poltica agrcola e com o plano nacional de reforma agrria. 1 - A alienao ou a concesso, a qualquer ttulo, de terras pblicas com rea superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa fsica ou jurdica, ainda que por interposta pessoa, depender de prvia aprovao do Congresso Nacional. (Lei 9.636 de 15.05.1998) 2 - Excetuam-se do disposto no pargrafo anterior as alienaes ou as concesses de terras pblicas para fins de reforma agrria.

Assim, a Poltica Agrcola o conjunto de princpios fundamentais e de regras disciplinadoras do desenvolvimento do setor agrcola, previstos no art. 187, CF/88 e na Lei n 8.171/91, quais sejam : instrumentos creditcios e fiscais; seguro agrcola; cooperativismo; eletrificao rural e irrigao, entre outros.

5. TERRAS PASSIVEIS DE REFORMA AGRRIA

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O Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) artigo 9, destacou, em linha de prioridade as terras pblicas destinadas reforma agrria como as de propriedade da Unio que no tenham destinao especfica, as terras reservadas ao Poder Pblico para servios ou obras de qualquer natureza, ressalvadas as pertinentes segurana nacional, desde que o rgo competente considere sua utilizao econmica compatvel com a atividade principal, sob forma de explorao agrcola, bem como as terras devolutas da Unio, Estados e Municpios. J no seu artigo 12, o Estatuto da Terra estabelece que, no tocante propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma funo social e seu uso condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituio Federal e nesta Lei. Interessante a inteligncia do artigo 15 do ET :Art. 15. A implantao da Reforma Agrria em terras particulares ser feita em carter prioritrio, quando se tratar de zonas crticas ou de tenso social.

O acesso terra sob a tica do ET est previsto em seu artigo 17:Art. 17. o acesso propriedade rural ser promovido mediante distribuio de terras , pela execuo de qualquer das seguintes medidas : a) desapropriao por interesse social; b) doao; c) compra e venda; d) arrecadao dos bens vagos; e) reverso posse do Poder Pblico, de terras de sua propriedade, indevidamente ocupadas e exploradas, a qualquer ttulo, por terceiros; f) herana ou legado.

Conforme vimos anteriormente no artigo 184 da CF/88.so aquelas terras que no esto cumprindo sua funo social e, assim, sero desapropriadas por interesse social.

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Segundo o artigo 18 do ET, a desapropriao por interesse social tem por fim : a) condicionar o uso da terra sua funo social; b) promover a justa e adequada distribuio da propriedade; c) obrigar a explorao racional da terra; d) permitir a recuperao social e econmica da regio; e) estimular pesquisa pioneiras, experimentao, demonstrao e assistncia tcnica; f) efetuar obras de renovao, melhoria e valorizao dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificao e a industrializao no meio rural; h) facultar a criao de reas de proteo fauna, flora ou outros recursos naturais, a fim de preservlos de atividades predatrias. Artigos 184 e 185 da CF/88 (j visto anteriormente) estabelecem quais so as terras passiveis de desapropriao.

III CARACTERISTICAS E DIMENSES DO IMOVEL RURAL1 DEFINIO DE IMVEL RURAL Para a maioria dos doutrinadores, se o imvel for destinado para moradia, comrcio ou industria, ele urbano; se for destinado agricultura ou pecuria, ele rural e tambm chamado de rstico. Neste sentido o art. 4, inciso I, da lei n 8.629/93 estabelece o seguinte critrio :Art. 4- Para efeitos desta Lei conceituam-se : I Imvel Rural o prdio rstico de rea contnua , qualquer que seja a sua localizao, que se destine ou possa se destinar explorao agrcola, pecuria, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial.

Assim, segundo a jurisprudncia dominante, os stios ou chcaras de recreio so considerados imveis urbanos e so tributados pelo IPTU.

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Pois bem, o legislador ptrio classificou os imveis rurais da seguinte forma :1 Propriedade familiar; 2 Mdulo Rural 3 - Mdulo Fiscal 4 - Minifndio; 5 Latifndio;

1.1 PROPRIEDADE FAMILIARSegundo o inciso II do artigo 4 do Estatuto da Terra considera-se :Art. 4. Para efeitos desta Lei, definem-se : (...) II. Propriedade Familiar o imvel que, direta e pessoalmente for explorado pelo agricultor e sua famlia, lhes absorvendo toda a fora do trabalho, garantido-lhes a subsistncia e o progresso social e econmico, com rea mxima fixada para cada regio e tipo de explorao, e eventualmente trabalhado por terceiros.

Assim, a elementos :

propriedade

familiar

caracteriza-se

pelos

seguintes

1. explorao direta e pessoal por uma famlia, absorvendolhe toda a fora de trabalho; 2. rea de um mdulo rural, vale dizer, compatvel com o tipo de explorao, conforme a regio; 3. possibilidade de eventual ajuda de terceiros.

1.2 MDULO RURAL (FRAO MNIMA DE PARCELAMENTO)Paulo Tormin o define como a rea de terra que, trabalhada direta e pessoalmente por uma famlia de composio mdia, com auxlio apenas eventual de terceiro, se revela necessria para a subsistncia e ao mesmo tempo suficiente como sustentculo social e econmico da referida famlia. Conforme inteligncia do art. 4, inciso III do ET, a rea do mdulo rural a mesma fixada para a propriedade familiar :Art. 4o. Para efeitos desta Lei, definem-se : (...) III Mdulo Rural, a rea fixada nos termos do inciso anterior.

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Desta forma, tem-se que modulo rural a medida adotada para o imvel rural classificado como propriedade familiar. Para aclarar um pouco mais, o Decreto n 55.891/65, trouxe-nos a seguinte informao :Art. 11. O mdulo rural, definido no inciso III do art. 4 do Estatuto da Terra, tem como finalidade primordial estabelecer uma unidade de medida que exprima a interdependncia entre a dimenso, a situao geogrfica dos imveis rurais e a forma e condies de seu aproveitamento econmico. Pargrafo nico. A fixao do dimensionamento econmico do imvel que, para cada zona de caractersticas ecolgicas e econmicas homogneas e para os diversos tipos de explorao, representar o mdulo, ser feita em funo : a) da localizao e dos meios de acesso do imvel em relao aos grandes mercados; b) das caractersticas ecolgicas das reas em que se situam; c) dos tipos de explorao predominantes na respectiva zona.

Diante da definio legal, pode-se dizer que o mdulo rural apresenta 6 (seis) caractersticas que o identificam :1) uma medida de rea; 2) suficiente para absorver a mo-de-obra do agricultor e sua famlia 3) varia de acordo com a regio do pas; 4) varia de acordo com o tipo de explorao da terra; 5) deve possibilitar uma renda mnima ao homem que nele trabalha salrio mnimo; 6) deve permitir o progresso social ao homem que o habita.

O art. 5 do ET determina que a dimenso da rea dos mdulos de propriedades rurais ser fixada na conformidade com as caractersticas econmicas e ecolgicas homogneas, de cada zona, de acordo com os tipos de explorao rural que nela possam ocorrer. Quem estabelece a rea em hectare de mdulo rural de cada regio do pas o INCRA, que j mapeou a rea e concluiu que no pas existem 242 regies e sub-regies, considerando sua homogeneidade e caractersticas econmicas e ecolgicas, e que a explorao da terra pode ser agrupada em 5 tipos diferentes. E, segundo o tipo de explorao ou atividade rural, o mdulo ser denominado de :

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explorao hortigranjeira, inclusive a pecuria de pequeno porte (plantao de tomate, alface, cenoura, etc.; b) lavoura permanente (plantao de caf, parreira e outros que produza durante vrios anos); c) lavoura temporria (plantao sazonal - de milho, arroz, feijo, etc); d) explorao pecuria: de mdio porte ou grande porte : boi , cavalo, etc.; e) explorao florestal (plantao de rvores para corte : eucalipto e accia-negra).a)

Dessa forma, o clculo para a fixao do mdulo rural, que de competncia do INCRA, se faz atravs dos dados cadastrais fornecidos pelo proprietrio ou possuidor do imvel. Segundo Barros, existem 1.210 tipos diferentes de mdulo rural, sendo o menor deles de 2 (dois) hectares, e o maior, de 120 (cento e vinte) hectares.4

1.3 MDULO FISCALTal modalidade no consta no rol de propriedades rurais contidas no artigo 4 do Estatuto da Terra. Lei n 4.504/64. uma espcie de mdulo rural criado pela Lei n 6.476/79. Surgiu para estabelecer regras para o lanamento e a tributao do ITR. No entanto o legislador, atravs da Lei n 8.847/94, abandonou o parmetro do mdulo fiscal como base de clculo para tributar o ITR, retornando ao parmetro do hectare. Assim, o mdulo fiscal ganhou outra funo importante : estabelecer o conceito de pequena, mdia e grande propriedade para efeito de desapropriao por interesse social, para fins de reforma agrria. A diferena entre mdulo rural e mdulo fiscal que o primeiro calculado para cada imvel rural em separado, e sua rea reflete o tipo de explorao predominante no imvel rural, segundo sua regio de localizao; enquanto que o segundo estabelecido para cada municpio, e procura refletir a rea mediana dos Mdulos rurais dos imveis rurais do municpio.

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BARROS, Wellington Pacheco. Curso de Direito Agrrio, Vol 1. p.33. Livraria do Advogado.Porto alegre. 2007.

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O Estatuto da Terra, no capitulo I Da Tributao da Terra, nos artigos 48 e 49 fala sobre o ITR e no artigo 50 assim se pronuncia :Art. 50. Para clculo do imposto, aplicar-se- sobre o valor da terra nua, constante da declarao para cadastro, e no impugnado pelo rgo competente, ou resultante de avaliao, a alquota correspondente ao nmero de mdulos fiscais do imvel, de acordo com a tabela adiante : (...) omissis

1.4 - MINIFNDIOMINIFNDIO Tambm denominado de parvifndio em alguns pases estrangeiros, ele se caracteriza por uma poro de terra to pequena que dificulta o seu prprio desenvolvimento. O minifndio est definido no inciso IV, do art. 4 do ET: que o define como o imvel rural de rea e possibilidades inferiores s da propriedade familiar. Segundo Paulo Tormim, minifndio : a gleba de terra que, embora bem trabalhada pelo proprietrio com sua famlia, e, eventualmente com a ajuda de terceiro, se revela insuficiente para o sustento e o progresso social e econmico do mesmo conjunto familiar. Art. 4. Para efeitos desta Lei, definem-se : (...) IV. minifndio, o imvel rural de rea e possibilidades inferiores s da propriedade familiar.

Desta forma, busca-se a extino dos minifndios j existentes, posto que essa forma de organizao no oferece condio bastante de explorao suficiente para o sustento do proprietrio e de sua famlia. O ideal substituio gradativa dos minifndios pela propriedade familiar; eis que esse no gerar a criao de empregos

1.5 - LATIFNDIOLATIFNDIO o imvel rural que, tendo rea igual ou superior ao mdulo, mantido inexplorado, explorado incorretamente, ou que tem dimenso incompatvel com a justa distribuio da terra.

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No Brasil h dois tipos de latifndio :Latifndio por extenso (territorial) e, Latifndio por explorao (no explorado ou explorado de forma incorreta). O artigo 4 do E T estabeleceu os seus limites :Art. 4. Para os efeitos desta Lei, definem-se (...) V Latifndio, o imvel rural que : a) exceda a dimenso mxima fixada na forma do art. 46, 11, alnea b, desta Lei, tendo-se em vista as condies ecolgicas, sistemas agrcolas regionais e o fim a que se destine; b) no excedendo o limite referido na alnea anterior, e tendo rea igual ou superior dimenso do mdulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relao s possibilidades fsicas, econmicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a incluso no conceito de empresa rural (...).

O Decreto n 84.685, de 06.05.80, que regulamentou a Lei n 6.746/79, em seu artigo 22 estabeleceu nova conceituao ao latifndio, dispondo o seguinte :Art. 22. Para efeito do art. 4, inc. IV e V, e no art. 46, 1, alnea b, da Lei 4.504/64, considera-se : I (...) II Latifndio, o imvel rural que : a) exceda a seiscentas vezes o mdulo fiscal calculado na forma do art. 5; b) no excedendo o limite referido no inciso anterior e tendo dimenso igual ou superior um mdulo a um mdulo fiscal, seja mantido inexplorado em relao s possibilidades fsicas, econmicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente e inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a incluso no conceito de empresa rural.

Assim, o legislador classificou o latifndio em duas espcies : a) por extenso - tamanho do imvel = 600 vezes o mdulo fiscal e, b) por explorao pelo mau uso da terra, pela no-explorao.

1.6 - EMPRESA RURAL

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A empresa Rural destaca-se como instrumento da Poltica Agrcola e no apenas de reforma agrria . A empresa rural uma unidade de produo para uma comunidade mais ampla que a da propriedade familiar; eis que na empresa rural deve-se associar os seguintes elementos : terra, capital, tcnica e trabalho, tudo dirigido organicamente a um fim econmico. A fundamentao e definio legal pode ser observada no Estatuto da Terra :Art. 4 Para os efeitos desta Lei, definem-se : (...) VI Empresa Rural o empreendimento de pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que explore atividade econmica, e racionalmente imvel rural, dentro de condio de rendimento econmico...(Vetado)*... da regio em que se situe e que explore rea mnima agricultvel do imvel segundo padres fixados, pblica e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se s reas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as reas ocupadas com benfeitorias

o texto vetado dispunha: igual ou superior ao da mdia

O Decreto n 55.891/65 definiu os requisitos para que o imvel rural venha a ser caracterizado como empresa rural:Art. 25. O imvel rural ser classificado como empresa rural,

na forma do inciso III do art. 5 desde que sua explorao esteja sendo realizada em obedincia s seguintes exigncias e de acordo com a Instruo referida no pargrafo 3 do art. 14: I que a rea utilizvel nas vrias exploraes represente porcentagem igual ou superior a 50% da sua rea agricultvel, equiparando-se, para esse fim, s reas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as reas ocupadas com benfeitorias; II que obtenha rendimento mdio, nas vrias atividades de explorao, igual ou superior aos mnimos fixados em tabela prpria, periodicamente revista e amplamente divulgada; III que adote prticas conservacionistas e que empregue no mnimo a tecnologia de uso corrente nas zonas em que se situe; IV que mantenha as condies de administrao e as formas de explorao social estabelecidas como mnimas para cada regio (...)

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A empresa rural deve ser registrada no INCRA e no rgo competente obedecendo ao disposto nos arts. 45 e 985 do Novo Cdigo Civil brasileiro.

1.7 CLASSIFICAAO DOUTRINRIA DE PROPRIEDADE RURALA doutrina e a Lei 8.629/93 ainda faz meno sobre seguinte classificao da propriedade :a) Pequena Propriedade imvel rural de rea compreendida

entre 1 a 4 mdulos fiscais. Art. 4, II, da Lei 8.629/93, que s definiu o tamanho da rea, deixando de lado o componente familiar nsito na regra constitucional de sua impenhorabilidade ditada no inc. XXVI do art. 5 CF/88; b) Mdia Propriedade - imvel rural de rea superior a 4 at 15 mdulos fiscais. Art. 4, III, da Lei 8.629/93, que tambm s definiu o tamanho da rea, deixando de lado o componente familiar nsito na regra constitucional de sua impenhorabilidade ditada no inc. XXVI do art. 5 CF/88;

2 - CADASTRO RURAL REGISTRO JUNTO AO INCRAO cadastro rural foi implantado no Brasil atravs do art. 46 do ET e regulamentado pelo art. 26 e segs. do Decreto n 55.891/65. A Lei 5.868 de 12/12/1972 criou o sistema de Cadastro rural. Diz o ET :Art. 46. O INCRA promover levantamentos, com utilizao, nos casos indicados, dos meios previstos no Capitulo II do Ttulo I, para elaborao do cadastro dos imveis rurais em todo o pas, mencionando : I Dados para a caracterizao dos imveis rurais com indicao : a) do proprietrio e de sua famlia; b) dos ttulos de domnio, da natureza da posse e da forma de administrao; c) da localizao geogrfica;

39d) da rea com descrio das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes; e) das dimenses das testadas por vias pblicas; f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalaes existentes discriminadamente; II natureza das vias de acesso e respectivas distancias dos centros demogrficos mais prximos com populao; : a) at 5.000 habitantes (...) omissis III condies de explorao e do uso da terra indicando : a) as percentagens da superfcie total de cerrados, matas, pastagens, glebas de cultivo (especificamente em explorao e inexplorao) e em reas inaproveitveis. (...) omissis

Em 1.965, foram criados diversos mecanismos para executar a Reforma Agrria e o Estatuto da Terra criou o IBRA (Instituto Brasileiro De Reforma Agrria) para esse fim especfico. Entretanto, em 1.969 o governo militar detectou vrios problemas de corrupo civil junto a esse rgo, e ele foi substitudo, em 1.971, pelo INCRA, que ficou vinculado ao Ministrio da Agricultura e no mais Presidncia da Repblica. Apesar da estrutura letal e da importncia de implementar o cadastro imediatamente e mant-lo atualizado a cada 05 anos, o primeiro cadastramento ocorreu em 1965, o segundo em 1972, o terceiro em 1978 e quarto e ltimo em 19935. O cadastro rural foi criado com a finalidade de desvendar a natureza especfica e global dos imveis rurais do Pas

2.1 - OBJETIVOS DO CADASTRO RURAL (ART. 46, ET)Os objetivos do cadastramento do Imvel rural era o de obter informaes econmicas e sociais para poder gerar informaes fiscais. Assim, os objetivos se agrupam da seguinte forma : 1) levantar dados para caracterizao dos imveis rurais com a indicao : a) do proprietrio e de sua famlia; b) dos ttulos de5

OPTIZ, Silvia. Curso de Direito Agrrio, Ed. Saraiva, So Paulo, 2009.

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domnio, da natureza da posse e da forma de administrao; c) da localizao geogrfica; d) da rea com descrio das linhas de divisa e nome dos respectivos confrontantes; e)das dimenses das testadas para vias pblicas; f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalaes existentes discriminadamente; 2) descobrir a natureza e condies das vias de acesso e respectivas distncias dos centros demogrficos mais prximos com populaes entre 5.000 a 100.000 habitantes;3) descobrir condies de explorao e do uso, indicando :

a) as percentagens de superfcie total em cerrados, matas, pastagens, cultivo e reas inaproveitveis; b) os tipos de cultivo e de criao as formas de proteo e comercializao dos produtos; c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminao de arrendatrios, parceiros e trabalhadores rurais; d) as prticas conservacionistas empregadas e o grau de mecanizao; e) os volumes e os ndices mdios relativos produo obtida; f) as condies para o beneficiamento dos produtos agropecurios. Reestruturar o clculo do Imposto Territorial Rural, cuja informao tem conexo direta com a Receita Federal.4)

2.1.1 - ESPCIES DE CADASTRO RURALa) de

imveis rurais; (conhecimento ao Estado dos imveis existentes) b) de proprietrios rurais; (conhecimento ao Estado da concentrao deTerras nas mos de nacionais e estrangeiros) c) de arrendatrios e parceiros;(conhecimento ao Estado sobre a

situao de terceiros nas propriedades e possibilitar-lhes os benefcios do crdito agrcola) d) de terras pblicas; (conhecimento ao Estado das terras da Unio, estado, Distrito Federal e Municpios) e) fiscal de imvel rural.(conhecimento ao Estado, para tributar)

2.1.2 - INSCRIO NO CADASTRO RURAL

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Se opera atravs do formulrio CAFIR Cadastro Fiscal de Imveis Rurais, do Ministrio da Fazenda Secretaria da Receita Federal, que deve ser preenchido e declarado pelo possuidor da terra e que contm todos os dados necessrios para o cadastramento e atualizao do imvel.

3. POLTICA DE TRIBUTAO FUNDIRIAO tributo bsico que incide sobre os imveis rurais, atualmente o ITR Imposto Territorial rural, previsto no art. 29 do CTN e art. 153, VI da CF/88, cuja competncia da Unio Federal. Os critrios adotados para o clculo do ITR o da progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes fatores : a) o valor da terra nua, b)a rea do imvel rural; c) o grau de utilizao da terra na explorao agrcola, pecuria e florestal; .d) o grau de eficincia obtido nas diferentes exploraes, e e) a rea total no pas, do conjunto de imveis rurais de um mesmo proprietrio. Assim, conforme artigo 49, ET, quanto menos produtiva for a propriedade, ela paga mais impostos; e quanto mais produtiva for, pagar menos impostos.Art. 49. As normas gerais para a fixao do imposto sobre a propriedade territorial rural obedecero a critrios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes fatores: I - o valor da terra nua; (Redao dada pela Lei n 6.746, de 1979) II - a rea do imvel rural; (Redao dada pela Lei n 6.746, de 1979) III - o grau de utilizao da terra na explorao agrcola, pecuria e florestal; IV - o grau de eficincia obtido nas diferentes exploraes; V - a rea total, no Pas, do conjunto de imveis rurais de um mesmo proprietrio. 1 Os fatores mencionados neste artigo sero estabelecidos com base nas informaes apresentadas pelos proprietrios, titulares do domnio til ou possuidores, a qualquer ttulo, de imveis rurais, obrigados a prestar declarao para cadastro, nos prazos e segundo normas fixadas na regulamentao desta Lei. 2 O rgo responsvel pelo lanamento do imposto poder efetuar o levantamento e a reviso das declaraes prestadas pelos proprietrios, titulares do domnio til ou possuidores, a qualquer ttulo, de imveis rurais, procedendo-se a verificaes "in loco" se necessrio.

42 3 As declaraes previstas no pargrafo primeiro sero apresentadas sob inteira responsabilidade dos proprietrios, titulares do domnio til ou possuidores, a qualquer ttulo, de imvel rural, e, no caso de dolo ou m-f, os obrigar ao pagamento em dobro dos tributos devidos, alm das multas decorrentes e das despesas com as verificaes necessrias. 4 Fica facultado ao rgo responsvel pelo lanamento, quando houver omisso dos proprietrios, titulares do domnio til ou possuidores, a qualquer ttulo, de imvel rural, na prestao da declarao para cadastro, proceder ao lanamento do imposto com a utilizao de dados indicirios, alm da cobrana de multas e despesas necessrias apurao dos referidos dados.

A Lei n 11.205/2005 que regulamenta o inciso III do 4 do art. 153 da CF, possibilitou que a Secretria da Receita Federal firmar convnio com os municpios e o Distrito Federal, delegando-lhes atribuies de fiscalizao, lanamento de crdito tributrio e cobrana do ITR. A IN n 642 de 12.04.2006 delineia o modelo de convnio. IMUNIDADES DO ITR : Art. 153, 4 - no incidir sobre as pequenas propriedades rurais quando seu proprietrio as explore s ou com sua famlia, desde que no possua outra. A Lei 9.393/96 define o que so pequenas propriedades. ISENES DO ITR a Lei 9.393/96 em seu art. 3 enumera as isenes do ITR :a) Imveis destinados Reforma Agrria e, b) o conjunto de imveis de um mesmo proprietrio que no ultrapassem os limites de 100 ha (Amaznia Ocidental e Pantanal), 50 h, ...... EXECUO FISCAL DO ITR a forma de cobrana judicial do tributo. O procedimento est descrito na Lei Federal n 11.250/05 e na IN SRF n 643 de 12 abril de 2006. O Ttulo executivo a certido de dvida ativa, que tem fora de liquidez e certeza. DEFESA DO CONTRIBUINTE ocorre por duas vias : a administrativa e a judicial.

4. DESENVOLVIMENTO E JUSTIA AGRCOLAConforme j vimos anteriormente o desenvolvimento agrcola se faz atravs do acesso e da distribuio da terra de forma eqitativa, com o objetivo de faz-la produzir, a bem de todos.

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Neste sentido, o mecanismo utilizado pelo Estado o de fomentar a Poltica Agrcola, visando a estimular o aproveitamento da propriedade, em toda a sua capacidade produtiva.

IV CONTRATOS AGRRIOS1. Conceito Contrato toda fonte de obrigao; o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Consoante sua natureza jurdica, os contratos agrrios so bilaterais (sinaligmticos), onerosos (com acrscimo ou diminuiao do patrimnio), consensuais (acordo de vontades), no solenes (no exige-se forma, podendo, inclusive, ser verbal), principais (tem existncia prpria e no dependem da celebrao de outro contrato), individuais (as vontades so individualmente consideradas), impessoais (prestao pode ser cumprida pelo obrigado ou por terceiro), definitivos e de trato sucessivo (seu objeto no apenas o cumprimento de um contrato e as prestaes se prolongam no tempo por atos reiterados ; eis que a execuo do mesmo s se cumprir em evento futuro).

2. Aspectos Gerais dos Contratos Agrcolas

Os contratos agrrios esto sujeitos aos requisitos comuns dos contratos : acordo de vontades, objeto lcito e capacidade das partes. Alm disso esto sujeitos aos Princpios da : Autonomia da Vontade, Supremacia da Ordem Pblica; do Consensualismo; da obrigatoriedade e reviso dos Contratos; da proteo de quem trabalha na terra; da conservao dos recursos naturais e proteo do meio ambiente.

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Assim, um dos instrumentos que o Estado utiliza para atingir a funo social da propriedade a utilizao dos contratos agrrios de forma correta; ou seja, os contratos agrrios constituem meios indiretos de interveno do Estado na busca da funo social da propriedade.

3. Crdito Rural, Seguro Agrcola e Cooperativismo 3.1 - CRDITO RURAL extremamente relevante para a Poltica Agrcola.e, sem o crdito rural a Poltica Agrcola no existiria. A Lei 4.829/65 (regulamentada pelo Decreto n 58.380/66, art. 2) definiu-o como :Art. 1 . Crdito Rural o suprimento de recursos financeiros por entidades pblicas e estabelecimentos de crdito particulares a produtores rurais ou s suas cooperativas para aplicao nos objetivos indicados na legislao em vigor.

A existncia e fundamento legal do crdito Rural encontra guarida na CF/88:Art. 187 - A poltica agrcola ser planejada e executada na forma da lei, com a participao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercializao, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: I - os instrumentos creditcios e fiscais; (...)

OBJETIVOS DO CRDITO RURALEsto contidos no artigo 48 da Lei n 8.171/91 : Art. 48 - O crdito rural, instrumento de financiamento da atividade rural, ser suprido por todos os agentes financeiros sem discriminao entre eles, mediante

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aplicao compulsria, recursos prprios livres, dotaes das operaes oficiais de crdito, fundos e quaisquer outros recursos, com os seguintes objetivos : I estimular os investimentos rurais para produo, extrativismo no predatrio, armazenamento, beneficiamento e instalao de agroindstria, sendo esta, quando realizada por produtor rural ou suas formas associativas; II favorecer o custeio oportuno e adequado da produo, do extrativismo no predatrio e da comercializao de produtos agropecurios; III incentivar a introduo de mtodos racionais no sistema de produo, visando o aumento da produtividade, melhoria do padro de vida das populaes rurais e adequada conservao do solo e preservao do meio ambiente; IV vetado V propiciar, atravs de modalidade de crdito fundirio, a aquisio e regularizao de terras pelos pequenos produtores, posseiros e arrendatrios e trabalhadores rurais; VI desenvolver atividades florestais e pesqueiras.

RGOS INTEGRANTES DO CRDITO RURAL e ORIGEM DOS RECURSOSrgos Integrantes : O Conselho Monetrio Nacional, o colegiado criado por lei para sistematizar a ordem monetria nacional e responsvel por fixar diretrizes do crdito agrrio, especialmente na avaliao, origem e dotao de recursos a serem aplicados; na expedio de diretrizes e instrues; critrios seletivos e de prioridade e fixao e ampliao dos programas. A execuo das deliberaes do Conselho Monetrio Nacional fica a cargo do Banco Central do Brasil; entretanto, o art. 48 da lei 8.171/91, estabelece que todos os agentes financeiros sem disciriminao entre elescomporiam o sistema de financiamento da produo rural.

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Origem dos Recursos : Como uma exigncia Constitucional, o crdito agrrio precisa ser fundado em recursos, para que sua implementao seja efetiva. Logo, ele deve constar diretamente no oramento da Unio sob a rubrica de recursos diretos ou ainda, a Unio pode determinar atravs de seus rgos diretivos do crdito rural, que os agentes financeiros aloquem recursos para esta finalidade, mediante aplicao compulsria, recursos prprios livres, fundos ou quaisquer outros recursos disponveis. Exigncia para Concesso : Segundo art. 60 da Lei 8.171/91, algumas exigncias devem ser respeitadas pelo pretendente e pelo financiador :1) o tomador deve ser idneo, (a entidade financeira que far essapesquisa)

2) o tomador deve se submeter fiscalizao da entidade

financiadora,(como

os juros remuneratrios so mais baixos que o mercado, trata-se de uma atividade subsidiada que deve ser fiscalizada. Neste sentido o crdito passou a ser liberado diretamente ao agricultor ou por intermdio de sua associao, para evitar fraudes)

3) a liberao de acordo deve ser concomitante com o ciclo

da atividade e da capacidade de ampliao do financiamento,(exigncia para se evitar que o produtor desvie a aplicao do recurso) 4) deve haver ajustamento de prazo e pocas de reembolso de acordo com a natureza da operao, capacidade de pagamento e pocas de comercializao.(permissibilidade depagamento de acordo em pocas diferentes, de acordo com a colheita, no constituir o produtor em mora)

ESPCIES DE CRDITO RURALO crdito rural classificado em 4 tipos diferentes, de acordo com sua finalidade : a) custeio - destinado a cobrir despesas normais, ou custos, de um ou mais perodos de produo agrcola ou pecuria. o emprstimo ao produtor rural para cobrir as despesas de uma plantao de soja, milho, arroz, etc, desde o preparo a ter at a colheita. b) investimento - destinado formao de capital fixo ou semifixo em bens ou servios, cuja utilizao se realize no curso de vrias safras.

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Ex: emprstimo para aquisio de mquina colheitadeira ou para construo de silo. c) comercializao destinado a cobrir despesas posteriores colheita, permitindo ao produtor rural manter-se sem a necessidade da venda de sua produo por preo baixo.Ele pode ser concedido isoladamente ou em conjunto com o custeio. d)industrializao destinado transformao da matria-prima diretamente pelo produtor rural. EX; beneficiamento do arroz, formao de sementes ou mudas, etc.

3.2 - SEGURO AGRCOLAO artigo 73 do ET, combinado com os arts. 187, inc. V da CF e inc. XIII do art. 4 da lei n 8.171,de 17.01.91, estabelece que a Poltica Agrcola ser planejada levando em conta a necessidade de seguro agrcola. Neste mesmo sentido a Lei 10.823 de 19.12.2003, regulamentada pelo Decreto n 5.121, de 29.06.2004, dispe sobre a subveno econmica ao prmio do seguro rural. Desta forma, o seguro agrcola se constitui em um dos mais importante elementos da poltica Agrcola. O Seguro Agrcola um negcio jurdico que, via de regra, vem sendo celebrado mediante simples clusula de adeso inserida na prpria cdula de crdito rural, emitida nas operaes de custeio, estabelecendo uma relao jurdica nova entre o muturio e o Banco Central do Brasil, que o administrador desse Programa. Ao contrrio dos seguros comuns, esse seguro no se formaliza por aplice. A Instituio desta modalidade de seguro surgiu com a Lei n 5.969/73, sob a denominao de Programa de Garantia da Atividade Agropecuria PROAGRO; a qual estabeleceu que o objetivo do programa era exonerar o produtor rural de obrigaes financeiras relativas a operaes de crdito, cuja liquidao fosse dificultada pela ocorrncia de fenmenos naturais, pragas e doenas que atingissem bens, rebanhos e plantaes. O Conselho Monetrio Nacional que tem competncia para legislar sobre o PROAGRO e ele administrado pelo Banco Central do Brasil. Varias normas tem surgido para compatibilizar o PROAGRO aos

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objetivos da poltica Agrcola.. Assim, os objetivos do PROAGRO, hoje, so os seguintes : I - exonerar o produtor rural das obrigaes financeiras relativas a operaes de crdito rural de custeio, cuja liquidao seja dificultada pela ocorrncia de fenmenos naturais, pragas, doenas que atinjam bens, rebanhos e plantaes; II - indenizar recursos prprios utilizados pelo produtor rural em custeio rural, quando ocorrerem perdas em virtude dos eventos citados no inciso anterior Os recursos que sustentam o programa so captados no adicional (premio pago pelos segurados); dotao oramentria da Unio ao Programa; das receitas auferida pela aplicaes destes recursos e, de outros recursos que vierem a ser alocados ao PROAGRO.

3.3 - COOPERATIVISMOO ET incluiu em seus arts. 79 e 80 que o cooperativismo seria mais um instrumento da poltica agrcola.Art. 79. A Cooperativa Integral de Reforma Agrria (CIRA) contar com a contribuio financeira do Poder Pblico, atravs do Instituto Brasileiro de Reforma Agrria, durante o perodo de implantao dos respectivos projetos. 1 A contribuio financeira referida neste artigo ser feita de acordo com o vulto do empreendimento, a possibilidade de obteno de crdito, emprstimo ou financiamento externo e outras facilidades. 2 A Cooperativa Integral de Reforma Agrria ter um Delegado indicado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrria, integrante do Conselho de Administrao, sem direito a voto, com a funo de prestar assistncia tcnico-administrativa Diretoria e de orientar e fiscalizar a aplicao de recursos que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrria tiver destinado entidade cooperativa. 3 s cooperativas assim constitudas ser permitida a contratao de gerentes nocooperados na forma de lei. 4 A participao direta do Instituto Brasileiro de Reforma Agrria na constituio, instalao e desenvolvimento da Cooperativa Integral de Reforma Agrria, quando constituir contribuio financeira, ser feita com recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrria, na forma de investimentos sem recuperao direta, considerada a finalidade social e econmica desses investimentos. Quando se tratar de assistncia creditcia, tal participao ser feita por intermdio

49do Banco Nacional de Crdito Cooperativo, de acordo com normas traadas pela entidade coordenadora do crdito rural. 5 A Contribuio do Estado ser feita pela Cooperativa Integral de Reforma Agrria, levada conta de um Fundo de Implantao da prpria cooperativa. 6 Quando o empreendimento resultante do projeto de Reforma Agrria tiver condies de vida autnoma, sua emancipao ser declarada pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrria, cessando as funes do Delegado de que trata o 2 deste artigo e incorporando-se ao patrimnio da cooperativa o Fundo requerido no pargrafo anterior. 7 O Estatuto da Cooperativa integral de Reforma Agrria dever determinar a incorporao ao Banco Nacional de Crdito Cooperativo do remanescente patrimonial, no caso de dissoluo da sociedade. 8 Alm da sua designao qualitativa, a Cooperativa Integral de Reforma Agrria adotar a denominao que o respectivo Estatuto estabelecer. 9 As cooperativas j existentes nas reas prioritrias podero transformar-se em Cooperativas Integradas de Reforma Agrria, a critrio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrria. 10. O disposto nesta seo aplica-se, no que couber, s demais cooperativas, inclusive s destinadas a atividades extrativas. Art. 80. O rgo referido no artigo 74 dever promover a expanso do sistema cooperativista, prestando, quando necessrio, assistncia tcnica, financeira e comercial s cooperativas visando capacidade e ao treinamento dos cooperados para garantir a implantao dos servios administrativos, tcnicos, comerciais e industriais.

Alm disso, a CF/88 estimulou o cooperativismo ao afastar dele a ingerncia do Poder Pblico em sua constituio e funcionamento (art. 5, XVIII), ao estimular a sua criao (art. 174, 2, 3 e 4). A CF/88, em seu art. 187 deu destaque ao cooperativismo ao inseri-lo como um dos instrumentos da Poltica Agrcola. A Lei Agrcola, lei n 8.171/91, tambm contempla o cooperativismo como um dos instrumentos de poltica agrcola. No tocante s cooperativas, a Lei n 5764/71, assim dispe :Art. 4. As cooperativas so sociedades de pessoas, com forma e natureza jurdica prprias, de natureza civil, no sujeitas falncia, constitudas para prestar servios ao associados, distinguindo-se das demais sociedades.

No entraremos aqui, na essncia do processo de cooperativas; eis que isso faz parte do Curriculum da disciplina Direito de Empresa, j visto em oportunidade pretrita.

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a. ESPCIES DE CONTRATOS RURAIS.Os contratos rurais esto tipificados na lei n 4.947 de 05/04/1966, art. 13 e no art. 92 do ET.

Art. 92. A posse ou uso temporrio da terra sero exercidos em virtude de contrato expresso ou tcito, estabelecido entre o proprietrio e os que nela exercem atividade agrcola ou pecuria, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrcola, pecuria, agro-industrial e extrativa, nos termos desta Lei. 1 O proprietrio garantir ao arrendatrio ou parceiro o uso e gozo do imvel arrendado ou cedido em parceria. 2 Os preos de arrendamento e de parceria fixados em contrato ...Vetado.. sero reajustados periodicamente, de acordo com os ndices aprovados pelo Conselho Nacional de Economia. Nos casos em que ocorra explorao de produtos com preo oficialmente fixado, a relao entre os preos reajustados e os iniciais no pode ultrapassar a relao entre o novo preo fixado para os produtos e o respectivo preo na poca do contrato, obedecidas as normas do Regulamento desta Lei. 3 No caso de alienao do imvel arrendado, o arrendatrio ter preferncia para adquiri-lo em igualdade de condies, devendo o proprietrio dar-lhe conhecimento da venda, a fim de que possa exercitar o direito de perempo dentro de trinta dias, a contar da notificao judicial ou comprovadamente efetuada, mediante recibo. 4 O arrendatrio a quem no se notificar a venda poder, depositando o preo, haver para si o imvel arrendado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar da transcrio do ato de alienao no Registro de Imveis. 5 A alienao ou a imposio de nus real ao imvel no interrompe a vigncia dos contratos de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e obrigaes do alienante. 6 O inadimplemento das obrigaes assumidas por qualquer das partes dar lugar, facultativamente, resciso do contrato de arrendamento ou de parceria. observado o disposto em lei.

51 7 Qualquer simulao ou fraude do proprietrio nos contratos de arrendamento ou de parceria, em que o preo seja satisfeito em produtos agrcolas, dar ao arrendatrio ou ao parceiro o direito de pagar pelas taxas mnimas vigorantes na regio para cada tipo de contrato. 8 Para prova dos contratos previstos neste artigo, ser permitida a produo de testemunhas. A ausncia de contrato no poder elidir a aplicao dos princpios estabelecidos neste Captulo e nas normas regulamentares. 9 Para soluo dos casos omissos na presente Lei, prevalecer o disposto no Cdigo Civil.

A doutrina os classifica como Contratos Agrrios Nominados ou Tpicos e Contratos Agrrios Inominados ou Atpicos.

CONTRATOS AGRRIOS NOMINADOS OU TPICOSContratos nominados so os que tem designao prpria. Contratos tpicos so os que esto tipificados e/ou regulados em lei, ou seja, os que tem o seu perfil traados pela lei Os contratos tpicos no requerem muitas clusulas; eis que todas as normas regulamentadoras estabelecidas pelo legislador passam a integr-lo. Diferente dos atpicos que, devero ter as clusulas minuciosamente estipuladas no contrato. Assim, os contratos agrrios tpicos conceituados pelos artigos 3 e 4 do Decreto n 59.566/66, so o arrendamento e a parceria rural :

5 - ARRENDAMENTO RURALEstabelece o Decreto n 59.566/66

Art. 3. Arrendamento rural o contrato agrrio pelo qual uma pessoa se obriga a ceder outra, por determinado tempo ou no, o uso e o gozo do imvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou no, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida a atividade de explorao agrcola, pecuria, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuio ou aluguel, observados os limites percentuais da Lei. 1 Subarrendamento o contrato pelo qual o Arrendatrio transfere a outrem, no todo ou em parte, os direitos e obrigaes do contrato de arrendamento.

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Ressalte-se que no contrato de arrendamento, todas as vantagens e riscos do empreendimento so do arrendatrio; enquanto que o arrendador colhe vantagem fixa, certa, no aleatria : o preo do arrendamento expresso em dinheiro; por isso este tipo de contrato chamado de contrato comutativo; eis que envolve prestaes certas e determinadas

O art. 95 do ET tambm disciplina o Arrendamento rural.Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-o os seguintes princpios: I - os prazos de arrendamento terminaro sempre depois de ultimada a colheita, inclusive a de plantas forrageiras temporrias cultivveis. No caso de retardamento da colheita por motivo de fora maior, considerar-se-o esses prazos prorrogados nas mesmas condies, at sua ultimao; II - presume-se feito, no prazo mnimo de trs anos, o arrendamento por tempo indeterminado, observada a regra do item anterior; III - o arrendatrio que iniciar qualquer cultura cujos frutos no possam ser colhidos antes de terminado o prazo de arrendamento dever ajustar previamente com o locador do solo a forma pela qual sero eles repartidos; IV - em igualdade de condies com estranhos, o arrendatrio ter preferncia renovao do arrendamento, devendo o proprietrio, at seis meses antes do vencimento do contrato, fazerlhe a competente notificao das propostas existentes. No se verificando a notificao, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o locatrio, nos trinta dias seguintes, no manifeste sua desistncia ou formule nova proposta, tudo mediante simples registro de suas declaraes no competente Registro de Ttulos e Documentos; V - os direitos assegurados no inciso anterior no prevalecero se, no prazo de seis meses antes do vencimento do contrato, o proprietrio, por via de notificao, declarar sua inteno de retomar o imvel para explor-lo diretamente ou atravs de descendente seu; III - o arrendatrio, para iniciar qualquer cultura cujos frutos no possam ser recolhidos antes de terminado o prazo de arrendamento, dever ajustar, previamente, com o arrendador a forma de pagamento do uso da terra por esse prazo excedente; (Redao dada pela Lei n 11.443, de 2007).

IV - em igualdade de condies com estranhos, o arrendatrio ter preferncia renovao do arrendamento, devendo o proprietrio, at 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, fazer-lhe a competente notificao extrajudicial das propostas existentes. No se verificando a notificao extrajudicial, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o arrendador, nos 30 (trinta) dias seguintes, no manifeste sua desistncia ou formule nova proposta, tudo mediante simples registro de suas declaraes no competente Registro de Ttulos e Documentos; (Redao dada pela Lei n 11.443, de 2007).

53 V - os direitos assegurados no inciso IV do caput deste artigo no prevalecero se, no prazo de 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, o proprietrio, por via de notificao extrajudicial, declarar sua inteno de retomar o imvel para explor-lo diretamente ou por intermdio de descendente seu; (Redao dada pela Lei n 11.443, de 2007).VI - sem expresso consentimento do proprietrio vedado o subarrendamento; VII - poder ser acertada, entre o proprietrio e arrendatrio, clusula que permita a substituio de rea arrendada por outra equivalente no mesmo imvel rural, desde que respeitadas as condies de ar