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1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 2 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3 3. LEGISLAÇÃO E LICENCIAMENTO AMBIEN TAL ..................................................... 5 4. RESÍDUOS SÓLIDOS: ORIGEM, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ..................... 8 4.1. Definição ...................................................................................................................... 8 4.2. Classificação dos resíduos sólidos ............................................................................... 8 4.2.1. Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente...................... 8 4.2.2. Quanto à natureza ou origem ............................................................................... 9 4.3. Características dos resíduos sólidos ........................................................................... 11 5. PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO ................................................................. 16 5.1 Princípios de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos. ...................... 16 5.2. Aspectos do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU ...................................... 17 5.3. Atividade Técnico-Operacionais do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU 18 6. MANEJO INTEGRADO .................................................................................................. 22 6.1. Acondicionamento ..................................................................................................... 22 6.1.1. Conceituação ...................................................................................................... 22 6.1.2. A importância do acondicionamento adequado ................................................. 22 6.1.3. Características dos recipientes para acondicionamento ................................... 24 6.1.4. Tipos de acondicionamento de resíduos conforme sua origem .......................... 26 6.2. Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos .................................................................. 28 6.2.1. Coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares ......................................... 28 6.2.2 Estações de transferência .................................................................................... 39 6.2.3. Coleta e transporte de resíduos sólidos públicos ............................................... 42 6.2.4. Coleta de lixo em cidades turísticas ................................................................... 42 6.2.5. Coleta de resíduos sólidos em favelas................................................................ 43 6.2.6. Coleta de resíduos de serviços de saúde ............................................................ 44 6.3. Limpeza de Logradouros Públicos ............................................................................ 44 6.3.1 Varrição ............................................................................................................... 45 6.3.2. Capinação ........................................................................................................... 55 6.3.3. Limpeza de feiras ................................................................................................ 56 6.3.4. Limpeza de praias ............................................................................................... 56 6.3.5. Limpeza de bocas-de-lobo ou caixas de ralo ..................................................... 57 7. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ..... 59 7.1. Conceituação .............................................................................................................. 59 7.2. Tratamento de resíduos sólidos domiciliares ............................................................. 59 7.2.1. Reciclagem .......................................................................................................... 59 7.2.2. Compostagem ..................................................................................................... 63 7.2.3. Incineração ......................................................................................................... 64 7.3. Disposição Final de Resíduos Sólidos ....................................................................... 64 7.3.1. Disposição dos resíduos domiciliares ................................................................ 65 7.3.2. Aterro sanitário .................................................................................................. 65 7.3.3. Recuperação ambiental de lixões ....................................................................... 76 8. PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ........................................................................................................................... 78 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 80

Apostila Do Curso Plano de Gerenciamento Integrado de RSU

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1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 2 2. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 3 3. LEGISLAÇÃO E LICENCIAMENTO AMBIEN TAL ..................................................... 5 4. RESÍDUOS SÓLIDOS: ORIGEM, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS..................... 8

4.1. Definição...................................................................................................................... 8 4.2. Classificação dos resíduos sólidos ............................................................................... 8

4.2.1. Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente...................... 8 4.2.2. Quanto à natureza ou origem ............................................................................... 9

4.3. Características dos resíduos sólidos...........................................................................11 5. PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO.................................................................16

5.1 Princípios de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos. ......................16 5.2. Aspectos do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU......................................17 5.3. Atividade Técnico-Operacionais do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU 18

6. MANEJO INTEGRADO ..................................................................................................22 6.1. Acondicionamento .....................................................................................................22

6.1.1. Conceituação......................................................................................................22 6.1.2. A importância do acondicionamento adequado .................................................22 6.1.3. Características dos recipientes para acondicionamento ...................................24 6.1.4. Tipos de acondicionamento de resíduos conforme sua origem ..........................26

6.2. Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos ..................................................................28 6.2.1. Coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares.........................................28 6.2.2 Estações de transferência ....................................................................................39 6.2.3. Coleta e transporte de resíduos sólidos públicos ...............................................42 6.2.4. Coleta de lixo em cidades turísticas ...................................................................42 6.2.5. Coleta de resíduos sólidos em favelas................................................................43 6.2.6. Coleta de resíduos de serviços de saúde ............................................................44

6.3. Limpeza de Logradouros Públicos ............................................................................44 6.3.1 Varrição...............................................................................................................45 6.3.2. Capinação...........................................................................................................55 6.3.3. Limpeza de feiras................................................................................................56 6.3.4. Limpeza de praias...............................................................................................56 6.3.5. Limpeza de bocas-de-lobo ou caixas de ralo .....................................................57

7. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .....59 7.1. Conceituação ..............................................................................................................59 7.2. Tratamento de resíduos sólidos domiciliares .............................................................59

7.2.1. Reciclagem ..........................................................................................................59 7.2.2. Compostagem .....................................................................................................63 7.2.3. Incineração .........................................................................................................64

7.3. Disposição Final de Resíduos Sólidos.......................................................................64 7.3.1. Disposição dos resíduos domiciliares................................................................65 7.3.2. Aterro sanitário ..................................................................................................65 7.3.3. Recuperação ambiental de lixões.......................................................................76

8. PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...........................................................................................................................78 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................80

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1. APRESENTAÇÃO Em 2000, 83,5% dos resíduos sólidos gerados pela população urbana do estado de Santa Catarina eram dispostos em depósitos a céu aberto; apenas 16,5% recebiam disposição final adequada. Dos 293 municípios existentes, 271 (92%) depositavam seus resíduos sólidos domiciliares em sistemas inadequados, contra somente 22 deles (8%) que os dispunham em sistemas adequados.

Visando alterar essa realidade, o Ministério Público Catarinense implantou em 2001, o Programa “Lixo Nosso de Cada Dia”, tendo como principais objetivos:

? adoção de um conjunto de medidas junto aos municípios em situação irregular, com vistas a obter a total recuperação das áreas degradadas pela disposição inadequada de resíduos sólidos;

? implementação de aterros sanitários, usinas de reciclagem e outros meios ambientalmente adequados de disposição final de resíduos;

? desenvolvimento de trabalho de educação ambiental.

Decorridos três anos de sua implantação, o Ministério Público Estadual e a FATMA – Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina – sinalizam o sucesso do programa, registrando a reversão do quadro inicial: 279 municípios catarinenses (95,22%) passam a dispor seus resíduos de forma adequada.

Com o propósito de avaliar a sustentabilidade das ações do Programa “Lixo Nosso de Cada Dia”, a ABES/SC (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Santa Catarina), por própria iniciativa, em 2005, desenvolveu projeto de investigação, através da realização de inventário no âmbito estadual, possibilitando conhecer a real situação dos mecanismos de disposição final de resíduos implementados pelos municípios catarinenses. O projeto pretendeu, ainda, obter informações sobre todas as etapas do gerenciamento dos resíduos nos municípios e capacitar agentes municipais que atuam na área de resíduos, através de cursos de capacitação em plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos. A presente apostila pretende dar suporte técnico-pedagógico ao curso supracitado.

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2. INTRODUÇÃO

Uma das atividades do saneamento ambiental municipal é aquela que contempla a gestão e o gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (GIRSU), tendo por objetivo principal propiciar a melhoria ou a manutenção da saúde, isto é, o bem estar físico, social e mental da comunidade. Os termos gestão e gerenciamento, em geral, adquirem conotações distintas para grande parte dos técnicos que atuam na área de resíduos sólidos urbanos, embora possam ser empregados como sinônimos. O termo gestão é utilizado para definir decisões, ações e procedimentos adotados em nível estratégico (Lima, 2001), enquanto o gerenciamento visa à operação do sistema de limpeza urbana (Projeto BRA/922/017, 1996 apud Lima, 2001).

Assim, por exemplo, pode-se afirmar que a prioridade dada à redução de resíduos ou a determinada tecnologia de destinação final é uma tomada de decisão em nível de gestão. Lembrando-se de que para viabilizar esta tomada de decisão é imprescindível estabelecer as condições políticas, institucionais, legais, financeiras, sociais e ambientais necessárias. Por sua vez, os aspectos tecnológicos e operacionais relacionados a determinado programa de redução na fonte ou à implementação de um aterro de disposição de resíduos, o que envolve também os fatores administrativos, econômicos, sociais, entre outros, são de atribuição do gerenciador do sistema de limpeza urbana.

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final, com atividades compatíveis com as dos demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação ativa e cooperativa do primeiro, segundo e terceiro setor, respectivamente, governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), a população brasileira é de aproximadamente 170 milhões de habitantes, produzindo diariamente cerca de 126 mil toneladas de resíduos sólidos. Quanto à destinação final, os dados relativos às formas de disposição final de resíduos sólidos distribuídos de acordo com a população dos municípios, obtidos com a PNSB (IBGE, 2002), indicam que 63,6% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em “lixões”, somente 13,8% informam que utilizam aterros sanitários e 18,4% dispõem seus resíduos em aterros controlados, totalizando 32,2 %. Os 5% dos entrevistados restantes não declaram o destino de seus resíduos.

Verifica-se também que a destinação mais utilizada ainda é o depósito de resíduos sólidos a céu aberto na maioria dos municípios com população inferior a 10.000 habitantes, considerados de pequeno porte, correspondendo à cerca de 48% dos municípios brasileiros. Nesses municípios, 63,6% dos resíduos sólidos coletados são depositados em lixões, enquanto 16,3% são encaminhados para aterros controlados.

O depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão é uma forma de deposição desordenada sem compactação ou cobertura dos resíduos, o que propicia a

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poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de vetores de doenças. Por sua vez, o aterro controlado é outra forma de deposição de resíduo, tendo como único cuidado a cobertura dos resíduos com uma camada de solo ao final da jornada diária de trabalho com o objetivo de reduzir a proliferação de vetores de doenças.

A predominância dessas formas de destinação final pode ser explicada por vários fatores, tais como: falta de capacitação técnico-administrativa, baixa dotação orçamentária, pouca conscientização da população quanto aos problemas ambientais ou mesmo falta de estrutura organizacional das instituições públicas envolvidas com a questão nos municípios, o que acaba refletindo na inexistência ou inadequação de planos de GIRSU.

Para reverter essa situação, uma das ações possíveis é a busca de alternativas tecnológicas de disposição final sustentável, entendida como aquela que atente para as condições peculiares dos municípios de pequeno porte quanto às dimensões ambiental, sócio-cultural, política, econômica e financeira, e que, simultaneamente, seja integrada às demais etapas do GIRSU. Com este objetivo aborda-se neste capítulo o contexto do GIRSU no qual se insere a alternativa tecnológica para município de pequeno porte denominada ATERRO SUSTENTÁVEL. A concepção desta tecnologia, apresentada nos capítulos posteriores, busca:

• o manejo ambientalmente adequado de resíduos sólidos urbanos;

• a capacitação técnica das equipes responsáveis pelo projeto, operação, monitoramento e encerramento do aterro;

• a geração de emprego e renda;

• custos adequados à realidade sócio-econômica dos municípios; e

• o efetivo envolvimento dos atores políticos e institucionais e da população local.

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3. LEGISLAÇÃO E LICENCIAMENTO AMBIENTAL Além da Constituição Federal, o Brasil já dispõe de uma legislação ampla (leis, decretos, portarias, etc.) que, por si só, não tem conseguido equacionar o problema do GIRSU. A falta de diretrizes claras, de sincronismo entre as fases que compõem o sistema de gerenciamento e de integração dos diversos órgãos envolvidos com a elaboração e aplicação das leis possibilitam a existência de algumas lacunas e ambigüidades, dificultando o seu cumprimento.

Nas diferentes esferas governamentais, ainda são iniciativas recentes ou inexistem leis específicas de Políticas de Gestão de Resíduos Sólidos que estabeleçam objetivos, diretrizes e instrumentos em consonância com as características sociais, econômicas e culturais de estados e municípios. Alguns dos principais instrumentos legais e normativos de interesse para o tema são citados e comentados brevemente.

A Constituição Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, inciso VI, que “compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas forma”. No artigo 24, estabelece a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal em legislar concorrentemente sobre “(...) proteção do meio ambiente e controle da poluição” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que cabe ainda ao poder público municipal “legislar sobre os assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”.

A Lei Federal n° 6.938, de 31/8/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, institui a sistemática de Avaliação de Impacto Ambiental para atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental, com a criação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é formada por um conjunto de procedimentos que visam assegurar que se realize exame sistemático dos potenciais impactos ambientais de uma atividade e de suas alternativas. Também no âmbito da Lei no 6.938/81 ficam insti tuídas as licenças a serem obtidas ao longo da existência das atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental (IPT/Cempre, 2000).

A Lei de Crimes Ambientais (Brasil, n° 9605 de fevereiro de 1998) dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo 3º do mesmo artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreparável.

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Outras legislações federais de interesse são:

? Resolução Conama nº 005, de 31 de março de 1993 – Dispõe sobre o tratamento de resíduos gerados em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários.

? Lei ordinária 787, de 1997 – Dispõe sobre o Programa de Prevenção de Contaminação por Resíduos Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio e luz mista e dá outras providências.

? Resolução Conama nº 237, de 19 de dezembro de 1997 – Estabelece norma geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a licenciamento, etc.

? Resolução Conama nº 257, de 30 de junho de 1999 – Define critérios de gerenciamento para destinação final ambientalmente adequada de pilhas e baterias.

? Resolução Conama nº 358, de 29 de abril de 2005 - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são citadas somente algumas mais específicas ao tema tratado:

? NBR 7039, de 1987 – Pilhas e acumuladores elétricos – Terminologia.

? NBR 7500, de 1994 – Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

? NBR 7501, de 1989 – Transporte de produtos perigosos – Terminologia.

? NBR 9190, de 1993 – Sacos plásticos – Classificação.

? NBR 9191, de 1993 – Sacos plásticos – Especificação.

? NBR 9800, de 1987 – Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário – Procedimento.

? NBR 10004, de 2004 – Resíduos sólidos – Classificação.

? NBR 10005, de 2004 – Lixiviação de resíduos.

? NBR 10006, de 2004 – Solubilização de resíduos.

? NBR 10007, de 2004 – Amostragem de resíduos.

? NBR 11174, de 1990 – Armazenamento de resíduos classe II-A, não-inertes, e classe II-B, inertes – Procedimentos.

? NBR 12245, de 1992 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos –Procedimentos.

? NBR 12807, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Terminologia.

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? NBR 12808, de 1993 – Resíduos de serviço de saúde – Classificação.

? NBR 12809, de 1993 – Manuseio de resíduos de serviço de saúde – Procedimento.

? NBR 13055, de 1993 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo –Determinação da capacidade volumétrica.

? NBR 13221, de 1994 – Transporte de resíduos – Procedimento.

? NBR 13463, de 1995 – Coleta de resíduos sólidos – Classificação.

? NBR 8419, de 1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos.

? NBR 13896, de 1997 – Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto, implantação e operação.

Deve-se ressaltar que, até o momento, não há legislação específica sobre o procedimento de licenciamento ambiental ou da ABNT para aterros de disposição de resíduos em município de pequeno porte. Esta falta de regulamentação faz com que alguns órgãos ambientais questionem a adoção de tecnologias como a do aterro sustentável, que, apoiado em métodos científicos, apresente a simplificação de alguma etapa clássica de dimensionamento ou de operação sem implicar a redução da eficácia da solução.

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4. RESÍDUOS SÓLIDOS: ORIGEM, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

4.1. Definição

Segundo a norma brasileira NBR 10004, de 2004 – Resíduos sólidos – Classificação, resíduos sólidos são: “aqueles resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível”.

Já o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda define lixo como “tudo aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor”.

Normalmente os autores de publicações sobre resíduos sólidos se utilizam indistintamente dos termos "lixo" e "resíduos sólidos". Neste documento , resíduo sólido ou simplesmente "lixo" é todo material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato.

Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do lixo, pois aquilo que já não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta, para outro pode se tornar matéria-prima para um novo produto ou processo. Nesse sentido, a idéia do reaproveitamento do lixo é um convite à reflexão do próprio conceito clássico de resíduos sólidos. É como se o lixo pudesse ser conceituado como tal somente quando da inexistência de mais alguém para reivindicar uma nova utilização dos elementos então descartados.

4.2. Classificação dos resíduos sólidos São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.

4.2.1. Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente

De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:

Ø RESÍDUOS CLASSE I - PERIGOSOS

São aqueles que, em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da

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morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

Ø RESÍDUOS CLASSE II – NÃO PERIGOSOS

Dividem-se em duas subclasses: não inertes e inertes.

Ø RESÍDUOS CLASSE II A - NÃO INERTES

São os resíduos que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos – ou Classe II B – Inertes.

Ø RESÍDUOS CLASSE II B - INERTES

São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, conforme listagem nº 8 (Anexo H da NBR 10.004), excetuando-se os padrões de aspecto, co r, turbidez e sabor.

4.2.2. Quanto à natureza ou origem

A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Segundo este critério, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes, a saber:

• Lixo doméstico ou residencial

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• Lixo comercial

• Lixo público

• Lixo domiciliar especial:

• Entulho de obras

• Pilhas e baterias

• Lâmpadas fluorescentes

• Pneus

• Lixo de fontes especiais:

• Lixo industrial

• Lixo radioativo

• Lixo de portos, aeroportos e

terminais rodoferroviários

• Lixo agrícola

• Resíduos de serviços de

saúde

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4.3. Características dos resíduos sólidos

Para começar a pensar em um serviço de limpeza urbana é preciso identificar as características dos resíduos gerados, pois a “cara” do lixo varia conforme a cidade, em função de diversos fatores, como por exemplo, a atividade dominante (industrial, comercial, turística, etc.), os hábitos e costumes da população (principalmente quanto à alimentação) e o clima.

Isso só não basta. As cidades se transformam sem parar. Dentro de uma mesma comunidade, as características vão se modificando com o decorrer dos anos, tornando necessários levantamentos periódicos visando à atualização de dados.

Há três áreas principais a investigar:

Ø Características físicas

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• composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo;

• peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles ocupados, expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações;

• teor de umidade: esta característica tem influência decisiva, principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em função das estações do ano e da incidência de chuvas;

• compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma pressão determinada. A compressividade do lixo situa -se entre 1:3 e 1:4 para uma pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento de equipamentos compactadores;

• geração per capita: relaciona quantidade do lixo gerado diariamente e o número de habitantes de determinada região. Muitos técnicos consideram de 0,5 a 0,8 kg/habitante/dia como a faixa de variação média para o Brasil.

Ø Características químicas

• poder calorífico: indica a capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando submetido à queima;

• potencial de hidrogênio (pH): indica o teor de acidez ou alcalinidade do material;

• teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras: importante conhecer, principalmente quando se estudam processos de tratamento aplicáveis ao lixo;

• relação C/N ou relação carbono/nitrogênio: indica o grau de decomposição da matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final.

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Ø Características biológicas

O estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo urbano, ao lado das suas características químicas, permite que sejam discriminados os métodos de tratamento e disposição mais adequados. Nessa área são necessários procedimentos de pesquisa.

Ø Procedimentos alternativos para análise das características físicas do lixo

A maioria das cidades brasileiras não tem condições de montar laboratórios maravilhosos onde sejam feitas todas as análises como manda o figurino. Por isso serão alinhados em seguida alguns procedimentos práticos que podem auxiliar na determinação do peso específico, composição gravimétrica e teor de umidade do lixo urbano:

1. Devem ser selecionadas algumas amostras de lixo “solto” proveniente de diferentes áreas de coleta, a fim de conseguir resultados que se aproximem os máximos possíveis da realidade.

2. As amostras serão misturadas, com auxílio de pás e enxadas, num mesmo “lote”, rasgando-se os sacos plásticos, caixas de papelão, caixotes, etc. e materiais assemelhados que porventura existam.

3. A massa de resíduos será dividida em quatro partes. Um dos quartos resultantes será escolhido para nova divisão em quatro partes e assim por diante. O processo se chama quarteamento.

4. Os quarteamentos cessarão quando o volume de cada uma das partes for de aproximadamente 1 m3.

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5. Qualquer uma das quatro partes do material será separada para análise.

6. Em seguida deverão ser escolhidos cinco recipientes de capacidade e pesos próprios conhecidos (tambores vazios de 200 litros usados para armazenar óleo são ideais).

7. Os recipientes serão preenchidos até a borda com o lixo do “quarto” selecionado. O recipiente cheio de lixo passa a ser o elemento básico de estudo. Através dele é possível obter:

Ø O peso específico médio

Peso líquido de lixo (em kg).

Peso Específico = peso líquido de lixo (em Kg) / Volume total dos latões (em m3).

Peso Líquido de lixo = peso total dos latões cheios - peso próprio dos latões vazios.

Ø A composição gravimétrica

Para chegar a esta proporção será preciso escolher dois dos tambores contendo lixo e proceder à separação manual dos seguintes componentes:

• papel e papelão;

• plástico;

• madeira;

• couro e borracha;

• pano e estopa;

• folha, mato e galhada;

• matéria orgânica (restos de comida);

• metal ferroso;

• metal não-ferroso (alumínio, cobre, etc.);

• vidro;

• louça, cerâmica e pedra;

• agregado fino, isto é, todo o material peneirado em malha de uma polegada (1”) e de difícil catação, composto de pós, terra, grãos de arroz, etc.

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Em seguida, deve ser determinado o peso de cada um dos materiais separados.

Finalmente, através de regra de três simples, será obtido o percentual em peso de cada componente, ou seja, a composição gravimétrica do lixo.

Ø O teor de umidade

Para defini-lo, é preciso começar separando uma amostra de até 2 kg de lixo de um dos tambores. Essa amostra será levada a uma estufa, onde deverá permanecer até alcançar peso constante (24 horas a 105°C ou 48 horas a 75°C).

O material resultante deverá ser pesado. Uma regra de três simples determinará o teor de umidade do lixo.

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5. PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO 5.1 Princípios de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos.

As diretrizes das estratégias de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos buscam atender aos objetivos do conceito de prevenção da poluição, evitando-se ou reduzindo a geração de resíduos e poluentes prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública. Desse modo busca-se priorizar, em ordem decrescente de aplicação: a redução na fonte, o reaproveitamento, o tratamento e a disposição final. No entanto cabe mencionar que a hierarquização dessas estratégias é função das condições legais, sociais, econômicas, culturais e tecnológicas existentes no município, bem como das especificidades de cada tipo de resíduo.

A redução na fonte pode ocorrer por meio de mudanças no produto, pelo uso de boas práticas operacionais e/ou pelas mudanças tecnológicas e/ou de insumos do processo. A estratégia de reaproveitamento engloba as ações de reutilização, a reciclagem e a recuperação (Valle, 2001). Observa-se que no reuso o resíduo está pronto para ser reutilizado, enquanto a reciclagem exige um processo transformador com emprego de recursos naturais e possibilidade de geração de resíduos, embora possa estar sendo produzido um bem de maior valor agregado. Por último, têm-se as ações de trata mento e disposição final, que buscam assegurar características mais adequadas ao lançamento dos resíduos no ambiente.

As ações de gerenciamento podem ser promovidas por meio de instrumentos presentes em políticas de gestão. Segundo Milanez (2002), os instrumentos econômicos compreendem os tributos, subsídios ou incentivos fiscais; os instrumentos voluntários, as iniciativas individuais; e os instrumentos de comando e controle, as leis, normas e punições.

A Figura 1 apresenta simplificadamente às etapas da cadeia de fluxo de resíduos sólidos, podendo-se observar quando e por quem as ações de gerenciamento visando ao reaproveitamento podem ser implementadas. Na primeira etapa, contendo as fases de produção e consumo do produto, as estratégias preventivas ou corretivas são de responsabilidade do próprio gerador (domínio privado), enquanto na segunda, a que abrange o descarte do resíduo pelo consumidor em local público, o resíduo e as responsabilidades passam a ser do poder municipal (domínio público). Observa-se que o reaproveitamento dos resíduos não é total, frente às tecnologias existentes atualmente, existindo sempre uma parcela que deverá ser encaminhada à destinação final em ambos os domínios.

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Figura 1 Etapas passíveis de aplicações visando à prevenção da poluição

5.2. Aspectos do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU As instituições responsáveis pelo sistema de GIRSU devem contar com a existência de uma estrutura organizacional que forneça o suporte necessário ao desenvolvimento das atividades do sistema de gerenciamento. A concepção desse sistema abrange vários subsistemas com funções diversas, como de planejamento estratégico, técnico, operacional, gerencial, recursos humanos, entre outros.

Esta concepção é condicionada pela disponibilidade de recursos financeiros e humanos, como também pelo grau de mobilização e participação social. Para municípios de pequeno porte observa-se muitas vezes uma organização hierárquica construída com base no princípio da especialização funcional, no qual a cadeia de comando flui do topo para a base da organização, como ilustrado pela Figura 2.

Processo de produção

Consumo do produto

Gerenciador do produto

pós -consumo

Destino final

Destino final

RS

RS

RS

Ações para a redução ou reaproveitamento de resíduos sólidos

1ª etapa

2ª etapa

Domínio privado

Domínio público

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Figura 2 Exemplo de estrutura organizacional do sistema de gerenciamento integrado de RSU para um

município de pequeno porte.

Nesse exemplo observa-se que o sistema de GIRSU constitui-se em uma das gerências da Secretaria de Saneamento Ambiental da Prefeitura Municipal, assistida pelo Conselho de Saneamento Ambiental, formado por segmentos representativos da comunidade, com função de contribuir com a proposição e o controle do GIRSU. A essa gerência de resíduos sólidos urbanos com atribuição técnica de planejamento, projeto e operação, está subordinado o setor de fiscalização e atendimento, ao qual compete a fiscalização do desempenho das atividades e a comunicação com a população quanto a demandas e esclarecimentos, não possuindo estruturas próprias de suporte jurídico, financeiro e administrativo.

Alguns aspectos do arranjo institucional, como normas municipais para a limpeza urbana, a capacitação técnica continuada dos profissionais e sua motivação para o melhor desempenho de suas atribuições e a existência de um canal de comunicação a fim de possibilitar a participação social nos processos decisórios, ouvir e atender demandas, divulgar os serviços prestados, bem como permitir a formação de consciência coletiva sobre a importância da limpeza pública por meio da educação ambiental, quando implementados, favorecem a melhoria dos serviços prestados.

5.3. Atividade Técnico-Operacionais do Sistema de Gerenciamento Integrado de RSU O sistema de GIRSU pode ser composto por atividades relacionadas às etapas de geração, acondicionamento, coleta e transporte, reaproveitamento, tratamento e destinação final. Na etapa de geração de resíduos sólidos, alteração no padrão de consumo da sociedade que promova a não geração, incentive o consumo de produtos mais apropriados ambientalmente ou mesmo o compartilhamento de

PREFEITURA MUNICIPAL

Assessoria Jurídica

Secretaria de Finanças Secretaria de Saneamento Ambiental Secretaria de Administração

Conselho de Saneamento Ambiental

Gerência de Planejamento, Projeto e Operação de RSU

Setor de Fiscalização e Atendimento

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bens contribui para melhoria da condição de vida da comunidade. Ainda nessa etapa, a ação de segregar os resíduos com base em suas características possibilitará a valorização dos resíduos e maior eficiência das demais etapas subseqüentes de gerenciamento por evitar a contaminação de quantidades significativas de materiais reaproveitáveis em decorrência da mistura de resíduos.

O acondicionamento dos resíduos sólidos, por sua vez, deve ser compatível com suas características quali-quantitativas, facilitando a identificação e possibilitando o manuseio seguro dos resíduos, durante as etapas de coleta, transporte e armazenamento. A coleta e o transporte consistem nas operações de remoção e transferência dos resíduos sólidos urbanos para um local de armazenamento, processamento ou destinação final. Essa atividade pode ser realizada de forma seletiva ou por coleta dos resíduos misturados.

A coleta dos resíduos misturados, denominada de regular ou convencional, é realizada, em geral, no sistema de porta em porta ou ainda, em áreas de difícil acesso, por meio de pontos de coleta onde são colocados contêineres basculantes ou intercambiáveis.

A coleta seletiva é a coleta de materiais segregados na fonte de geração passíveis de serem reutilizados, reciclados ou recuperados. Pode ser realizada de porta em porta com veículos coletores apropriados ou por meio de Postos de Entrega Voluntária (PEVs) dos materiais segregados.

O dimensionamento da frota de veículos coletores empregados para o transporte é estabelecido com base nas características quali-quantitativas dos resíduos a serem coletados e da área de coleta, como, por exemplo, o tipo de sistema viário, pavimentação, topografia, iluminação e outras. Vários tipos de veículos coletores podem ser utilizados, como caminhões compactadores, caminhões basculantes, caminhões com carroceria de madeira aberta, veículos utilitários de médio porte, caminhões-baú ou carroças. Independentemente do tipo de coleta a ser adotado, a educação ambiental é peça fundamental para a aceitação e confiabilidade nos serviços prestados, motivando a participação da comunidade.

O reaproveitamento e o tratamento dos resíduos são ações corretivas cujos benefícios podem ser a valorização de resíduos, ganhos ambientais com a redução do uso de recursos naturais e da poluição, geração de emprego e renda e aumento da vida útil dos sistemas de disposição final. Essas ações devem ser precedidas de estudos de viabilidade técnica e econômica, uma vez que fatores como qualidade do produto e mercado consumidor podem ser restritivos ao uso de algumas dessas alternativas.

Essas ações, quando associadas à coleta seletiva, ganham maior eficiência por utilizarem como matéria-prima resíduos de melhor qualidade. Os resíduos coletados também podem ter maior valor agregado se beneficiados por meio de procedimentos como segregação por tipo de materiais constituintes, lavagem, trituração, peneiramento, prensagem e enfardamento de acordo com as exigências do mercado consumidor. Para os resíduos sólidos urbanos gerados em pequenos municípios destacam-se as seguintes formas de reaproveitamento e tratamento de resíduos:

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• Reciclagem – processo de transformação dos resíduos com o objetivo de inseri-los novamente como matéria-prima na cadeia produtiva.

• Reutilização – uso direto dos resíduos como produto, necessitando, por exemplo, no caso de embalagens de vidro, de procedimentos de limpeza, como lavagem e/ou esterilização.

• Recuperação – extração de certas substâncias do resíduo. No caso de reforma ou conserto de resíduos volumosos, como móveis ou eletrodomésticos descartados, pode-se entender este procedimento como forma de recuperação.

• Tratamento da fração orgânica por processos biológicos – (1) compostagem: processo de conversão aeróbia da matéria orgânica tendo por produto final um condicionador do solo, denominado composto; ou (2) digestão anaeróbia: estabilização da matéria orgânica e produção de biogás constituído, principalmente, por gás metano e dióxido de carbono.

Os resíduos gerados pelas formas de reaproveitamento e tratamento são encaminhados à destinação final. Para municípios de pequeno porte a disposição final dos RSU deve ser realizada segundo técnicas de engenharia de modo a não prejudicar o meio ambiente e a saúde pública. Algumas técnicas recomendadas na literatura para municípios de pequeno porte são: aterro em valas (Cetesb, 1997), aterro sanitário simplificado (Fiuza et al., 2002) e aterro manual (Jaramillo, 1991).

O principal objetivo dessas formas de disposição final é a confinação de resíduos sólidos associada a procedimentos operacionais simplificados e ao uso do método de escavação por trincheiras. Esse método pode ser aplicado a terrenos planos ou com baixa declividade. As trincheiras são executadas na forma trapezoidal, com taludes cuja inclinação depende das características de estabilidade do solo. A largura de cada trincheira pode variar de 3 a 6 metros, enquanto o comprimento é função da quantidade de resíduos a ser disposta em determinado período de tempo.

O aterro sustentável constitui -se em tecnologia que, além da simplicidade operacional, alicerçada em procedimentos científicos, possui a flexibilidade necessária para compatibilizar sua concepção, projeto e operação com os requisitos ambientais e as potencialidades locais. Outro aspecto considerado na tecnologia do aterro sustentável é a capacitação das equipes de profissionais envolvidos bem como a efetiva incorporação da atividade pelo órgão gestor e pela comunidade, propiciando a manutenção adequada do padrão de operação. A Figura 3 apresenta algumas das atividades operacionais de GIRSU relativas aos RSU domésticos e àqueles oriundos dos serviços de limpeza pública que abrangem, neste exemplo, atividades de varrição, capina, raspagem, poda, limpeza de feiras e limpeza de boca-de-lobo.

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Figura 3 Exemplo de algumas atividades operacionais relacionadas aos resíduos sólidos domésticos e de

limpeza pública.

Geração/ segregação

Acondicionamento/ coleta

Beneficiamento/ reaproveitamento

Tratamento/ disposição final

RSU doméstico Resíduos do serviço de limpeza pública

Fração seca e úmida

PEV`s

Centro de beneficiamento e compostagem

Produto reciclável

Produto composto RS

Comercialização

Coleta diferenciada

Aterro sustentável

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6. MANEJO INTEGRADO

6.1. Acondicionamento 6.1.1. Conceituação

Acondicionar os resíduos sólidos domiciliares significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada, como ainda compatível com o tipo e a quantidade de resíduos.

6.1.2. A importância do acondicionamento adequado

A qualidade da operação de coleta e transporte de lixo depende da forma adequada do seu acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dia e horários estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. A população tem, portanto, participação decisiva nesta operação.

A importância do acondicionamento adequado está em:

• evitar acidentes;

• evitar a proliferação de vetores;

• minimizar o impacto visual e olfativo;

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• reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva);

• facilitar a realização da etapa da coleta.

Infelizmente, o que se verifica em muitas cidades é o surgimento espontâneo de pontos de acumulação de lixo domiciliar a céu aberto, expostos indevidamente ou espalhados nos logradouros, prejudicando o ambiente e arriscando a saúde pública.

Ainda relacionado à importância do adequado acondicionamento do lixo para a coleta, um dado importante a se ressaltar é a questão da atratividade que os resíduos exercem para os animais.

Nas áreas carentes e naquelas com menor densidade demográfica das cidades há, em geral, maior quantidade de animais soltos nas ruas, tais como cães, cavalos e porcos.

Nas cidades brasileiras a população utiliza os mais diversos tipos de recipientes para acondicionamento do lixo domiciliar:

• vasilhames metálicos (latas) ou plásticos (baldes);

• sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo;

• caixotes de madeira ou papelão;

• latões de óleo, algumas vezes cortados ao meio;

• contêineres metálicos ou plásticos, estacionários ou sobre rodas;

• embalagens feitas de pneus velhos.

A escolha do tipo de recipiente mais adequado deve ser orientada em função:

• das características do lixo;

• da geração do lixo;

• da freqüência da coleta;

• do tipo de edificação;

• do preço do recipiente.

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6.1.3. Características dos recipientes para acondicionamento

Os recipientes adequados para acondicionar o lixo domiciliar devem ter as seguintes características:

• pesos máximos de 30 kg, incluindo a carga, se a coleta for manual;

• dispositivos que facilitem seu deslocamento no imóvel até o local de coleta;

• serem herméticos, para evitar derramamento ou exposição dos resíduos;

• serem seguros, para evitar que lixo cortante ou perfurante possa acidentar os usuários ou os trabalhadores da coleta;

• serem econômicos, de maneira que possam ser adquiridos pela população;

• não produzir ruídos excessivos ao serem manejados;

• possam ser esvaziados facilmente sem deixar resíduos no fundo.

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Há ainda outra característica a ser levada em conta: se os recipientes são com ou sem retorno. Neste último caso, a coleta será mais produtiva e não haverá exposição de recipientes no logradouro após o recolhimento do lixo, tampouco a necessidade de seu asseio por parte da população.

Analisando-se o anteriormente exposto, pode-se concluir que os sacos plásticos são as embalagens mais adequadas para acondicionar o lixo quando a coleta for manual, porque:

• são facilmente amarrados nas "bocas", garantindo o fechamento;

• são leves, sem retorno (resultando em coleta mais produtiva) e permitem recolhimento silencioso, útil para a coleta noturna;

• possuem preço acessível, permitindo a padronização.

Pode-se tolerar o uso de sacos plásticos de supermercados (utilizados para embalar os produtos adquiridos), sem custo para a população.

O saco plástico de polietileno, sendo composto por carbono, hidrogênio e oxigênio, não polui a atmosfera quando corretamente incinerado. Não é biodegradável, mas como os aterros sanitários são métodos de destino praticamente definitivos, não há maiores objeções ao uso de sacos plásticos de polietileno como acondicionamento para lixo domiciliar.

Como a maioria da população utiliza os sacos plásticos de supermercados para acondicionar o lixo produzido, para reduzir o risco de ferimento para os garis que efetuam a coleta, basta que estes utilizem luvas. Já os sacos plásticos com mais de 100 litros não são seguros, pois os coletores tendem a abraçá-los para carregá-los até o caminhão. Os vidros e outros objetos cortantes ou perfurocortantes contidos no lixo podem feri-los.

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Nas cidades brasileiras os contêineres são produzidos adotando-se as normas americanas ANSI.

Para habitações multifamiliares (edifícios de apartamentos ou escritórios), são mais convenientes os contêineres plásticos padronizados, com rodas e tampa, pois permitem a coleta semi-automatizada, mais produtiva e segura. São ainda de fácil manuseio, devido às rodas e ao peso reduzido, sendo ainda relativamente silenciosos. Em função da durabilidade (especialmente se pouco expostos ao sol) são econômicos, além de possuírem bom aspecto. Existem disponíveis no mercado brasileiro contêineres de 120, 240 e 360 litros.

6.1.4. Tipos de acondicionamento de resíduos conforme sua origem

Os tipos de acondicionamentos de resíduos mais utilizados conforme a sua origem são: Ø Domiciliar

• Sacos plásticos

• Contêineres de plástico

• Contêineres metálicos

Ø Público

• Papeleiras de rua

• Cesta coletora plástica para pilhas e baterias

• Sacos plásticos e contêineres

Ø Imóveis de baixa renda

Nesses casos é recomendável abordagem especial, providenciando-se a colocação de contêineres plásticos padronizados (com rodas e tampas) em locais externos previamente determinados e a coleta diária.

Não é conveniente a colocação de caixas estacionárias do tipo "Brooks", por não possuírem tampas (e se as tiver, não costumam ser acionadas pela população).

É recomendável a implantação de sistema de trabalhadores comunitários, como auxílio para manter a higiene e a limpeza das comunidades carentes mais problemáticas.

Ø Resíduos de grandes geradores

Para a coleta do lixo domiciliar de grandes geradores ou de estabelecimentos públicos, estão disponíveis no Brasil duas classes de contêineres de grande porte (com capacidade superior a 360 litros):

• Contêineres providos de rodas, que são levados até os veículos de coleta e basculados mecanicamente, fabricados em metal ou plástico (polietileno de alta densidade). As capacidades usuais são de 760, 1.150, 1.500 litros e outras.

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• Contêineres estacionários (sem rodas), basculáveis nos caminhões ou intercambiáveis, em geral metálicos. O basculamento nos caminhões coletores de carregamento traseiro é feito por meio de cabos de aço acionados por dispositivos hidráulicos, podendo ter capacidade para até 5m3.

Ø Resíduos domiciliares especiais

Alguns resíduos domiciliares que possuem características específicas (resíduos da construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus) devem ser acondicionados de maneira diferenciada.

Acondicionamento de resíduos de fontes especiais

• Resíduos sólidos industriais

As formas mais usuais de se acondicionar estes tipos de resíduos são:

ü tambores metálicos de 200 litros para resíduos sólidos sem características corrosivas;

ü bombonas plásticas de 200 ou 300 litros para resíduos sólidos com características corrosivas ou semi-sólidos em geral;

ü big-bags plásticos, que são sacos, normalmente de polipropileno trançado, de grande capacidade de armazenamento, quase sempre superior a 1m3;

ü contêineres plásticos, padronizados nos volumes de 120, 240, 360, 750, 1.100 e 1.600 litros, para resíduos que permitem o retorno da embalagem;

ü caixas de papelão, de porte médio, até 50 litros, para resíduos a serem incinerados.

• Rejeito radioativos

O manuseio e o acondicionamento dos resíduos radioativos devem atender às seguintes características:

ü o manuseio deve ser feito somente com o uso de equipamentos de proteção individual – EPI – mínimos exigidos, tais como aventais de chumbo, sapatos, luvas, máscara e óculos adequados;

ü os recipientes devem ser confeccionados com material à prova de radiação (chumbo, concreto e outros).

• Resíduos de portos e aeroportos

O manuseio e o acondicionamento desses resíduos segue m as mesmas rotinas e se utiliza dos mesmos recipientes empregados no acondicionamento do lixo domiciliar, a não ser em caso de alerta de quarentena, quando cuidados especiais são tomados com os resíduos das pessoas ou com as cargas provenientes de países em situação epidêmica.

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• Resíduos de serviços de saúde

O manuseio de resíduos de serviços de saúde está regulamentado pela norma NBR 12.809 da ABNT e compreende os cuidados que se deve ter para segregar os resíduos na fonte e para lidar com os resíduos perigosos.

Os resíduos de serviços de saúde devem ser acondicionados diretamente nos sacos plásticos regulamentados pelas normas NBR 9.190 e 9.191 da ABNT, sustentados por suportes metálicos. Para que não haja contato direto dos funcionários com os resíduos, os suportes são operados por pedais.

6.2. Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos

6.2.1. Coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares O principal objetivo da remoção regular do lixo gerado pela comunidade é evitar a proliferação de vetores causadores de doenças. Ratos, baratas e moscas encontram nos restos do que consumimos as condições ideais para se desenvolverem.

Entretanto, se o lixo não é coletado regularmente os efeitos sobre a saúde pública só aparecem um pouco mais tarde e, quando as doenças ocorrem às comunidades nem sempre associam à sujeira.

Quando o lixo não é recolhido, a cidade fica com mau aspecto e mau cheiro. É isto que costuma incomodar mais diretamente a população, que passa a criticar a Administração Municipal. As possibilidades de desgaste político são grandes e é principalmente por isto que muitas Prefeituras acabam por promover investimentos no setor de coleta de lixo.

Ø O sistema de coleta

Na coleta do lixo existe um relacionamento estreito entre administração do serviço e população. Todos sabem como a coisa funciona na prática, mas a maioria jamais parou para pensar na complexidade de ações que exigem envolvimentos e responsabilidades dos dois lados.

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É só observar como é, no dia-a-dia de uma cidade:

• os moradores de uma rua colocam os recipientes de lixo em um lugar certo, prevendo sua posterior remoção;

• isso não se faz a qualquer tempo, mas em dias preestabelecidos, quando passam veículos e funcionários recolhendo o lixo dos recipientes;

• os usuários sabem a hora aproximada em que o serviço é executado e tratam de tomar suas providencias antes;

• há diversas maneiras de efetuar a coleta. É preciso um método que coordene todos os movimentos necessários, buscando o máximo de rendimento com o menor esforço;

• existem também muitos tipos de veículos e equipamentos coletores que devem ser adequados aos lugares onde se presta o serviço.

O conjunto de ações e elementos mencionados se chama sistema de coleta. A Prefeitura tomará decisões em relação a cada uma de suas etapas. Assim, definirá o padrão de serviço que irá oferecer a sua comunidade.

Ø O planejamento da coleta

Planejar a coleta consiste em agrupar informações sobre as condições de saúde pública, a capacidade técnica do órgão que prestará o serviço, as possibilidades financeiras do Município, as características da cidade e os hábitos e as reivindicações da população, para então discutir a maneira de tratar tais fatores e definir os métodos que forem julgados mais adequados. Planejar significa tomar decisões de forma prudente, procurando sempre imaginar conseqüências. É, portanto, um ato político. Não há “receitas de bolo”. Podem, porém, ser apresentadas alternativas que ajudem a dimensionar as atividades em cada cidade.

Entre os levantamentos que deverão ser executados, destacam-se:

• as características topográficas e o sistema viário urbano. Registrados em mapas, deverão caracterizar o tipo de pavimentação das vias, declividade, sentido e intensidade de tráfego;

• a definição das zonas de ocupação da cidade. As áreas delimitadas em mapas deverão indicar os usos predominantes, concentrações comerciais, setores industriais, áreas de difícil acesso e/ou de baixa renda;

• os dados sobre população total, urbana, quantidade média de moradores por residência e, caso houver, o número expressivo de moradores temporários;

• a geração e a composição do lixo;

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• os costumes da população, onde deverão ser destacados os mercados e feiras livres, exposições permanentes ou em certas épocas do ano, festas religiosas e locais preferidos para a prática do lazer;

• a disposição final do lixo.

Tipos de lixo que são coletados

A Prefeitura ou o órgão prestador do serviço deverá regulamentar os tipos de resíduos a serem removidos pelo serviço de coleta .

Geralmente são coletados os seguintes tipos de lixo:

• domiciliar;

• de grandes estabelecimentos comerciais;

• industrial, quando não tóxico ou perigoso;

• de unidades de saúde e de farmácias;

• animais mortos de pequeno porte;

• folhas e pequenos arbustos provenientes de jardins particulares;

• resíduos volumosos, como móveis, veículos abandonados e materiais de demolição. Estes necessitam de um serviço especial para sua retirada, devendo, portanto, ser cobrado dos usuários.

Modernamente, para a remoção do lixo domiciliar, vem sendo difundida a idéia da separação, na fonte geradora (domicílios), dos seus diversos componentes recicláveis (papel, plásticos, vidros, metais, etc.) e da sua fração orgânica. Trata-se de coleta seletiva do lixo .

Ø Cobertura do serviço

A coleta do lixo de uma cidade deverá ter como meta atender indistintamente a toda a população, pois o lixo não coletado de uma determinada área e lançado em terrenos baldios, por exemplo, causará problemas sanitários que afetarão não apenas à população das proximidades.

Ø Ponto de coleta dos recipientes

Normalmente os moradores devam deixar os recipientes como lixo na calçada, em frente às suas casas, apenas pouco tempo antes da coleta. Assim, evita-se que animais espalhem os resíduos, entre outros aspectos negativos.

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Ø Freqüência de coleta

Freqüência de coleta é o número de vezes na semana em que é feita a remoção de lixo num determinado local da cidade. Os fatores que influenciam esta decisão são:

• tipo de lixo gerado;

• as condições climáticas;

• os recursos materiais e humanos à disposição do órgão prestador de serviço;

• a limitação do espaço necessário ao armazenamento do lixo pelo usuário em sua casa ou negócio.

Freqüência na semana

Diária (exceto domingo) - ideal para o usuário, principalmente no que diz respeito à saúde pública. O usuário não precisa guardar o lixo por mais de um dia.

Três vezes - ideal para o sistema, considerando-se a relação entre custo e benefício.

Duas vezes - o mínimo admissível sob o ponto de vista sanitário, para países de clima tropical.

Ø Horário da coleta

A regra fundamental para definição do horário de coleta consiste em evitar ao máximo perturbar a população. Para começar é preciso decidir se a coleta será diurna ou noturna.

Diurna

Vantagens:

• é a mais econômica;

• possibilita melhor fiscalização do serviço.

Desvantagens:

• interfere muitas vezes no trânsito de veículos;

• maior desgaste dos trabalhadores em regiões de climas quentes, com a conseqüente redução de produtividade.

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Noturna

Vantagens:

• indicada para áreas comerciais e turísticas;

• não interfere no trânsito em áreas de tráfego muito intenso durante o dia;

• o lixo não fica à vista das pessoas durante o dia.

Desvantagens:

• causa incômodo pelo excesso de ruído provocado pela manipulação dos recipientes de lixo e pelos veículos coletores;

• dificulta a fiscalização;

• aumenta o custo de mão-de-obra (há um adicional pelo trabalho noturno).

Ø Método de coleta

O método, ou melhor, a maneira empregada pelos garis para a coleta de lixo, é conseqüência de um conjunto de fatores. Os mais importantes são:

• a forma de utilização da mão-de-obra;

• tipo de recipientes usados pela população no acondicionamento do lixo;

• a densidade populacional da área;

• as condições dos acessos existentes.

Quanto à utilização da mão-de-obra, a fórmula mais usual consiste em entregar a cada equipe ou guarnição de coleta (o motorista e os coletores) a responsabilidade pela execução do serviço em um determinado setor da cidade.

Operacionalmente cada setor corresponde a um roteiro de coleta, isto é, ao itinerário por onde deverá trafegar um dado veículo coletor para que a guarnição possa efetuar a remoção do lixo dentro de uma jornada normal de trabalho.

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Em locais de densidade populacional alta há uma maior concentração do lixo gerado. Os garis não precisam se deslocar muito para recolher grandes quantidades. A produtividade de coleta é alta.

Nos locais de baixa densidade populacional o uso de carrinhos com rodas de borracha para transporte de latões de 200 litros passa a ser uma opção interessante para facilitar o serviço. Os mesmos carinhos são também indicados para a coleta do lixo em ruas que, pelas suas características, impeçam a manobra ou até mesmo a entrada do caminhão coletor. Nas ruas de trânsito intenso a coleta deve começar em um dos lados da via pública e depois serem recolhidos os recipientes do outro lado.

Ø Veículos coletores

Tipos

Os veículos normalmente indicados para as atividades de coleta são caminhões com carrocerias sem compactação e/ou com carrocerias compactadoras.

As carrocerias sem compactação mais empregadas na limpeza urbana são:

Basculante Convencional

Vantagem

• possibilidade de utilização em outros serviços do Município.

Desvantagens

• lixo pode se espalhar pela rua devido à ação do vento;

• a altura da carroceria exige dos garis grande esforço na manipulação do lixo.

Baú ou Prefeitura

Vantagem

• lixo coletado fica bem acondicionado, evitando-se que seja visto pelas pessoas ou se espalhe pelas ruas.

Desvantagem

• dificulta a arrumação no interior da carroceria.

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Já os caminhões compactadores apresentam as seguintes características:

Vantagens

• capacidade de transportar muito mais lixo que as carrocerias sem compactação;

• baixa altura de carregamento (no nível da cintura), facilitando o serviço dos coletores que conseqüentemente apresentam maior produtividade;

• rapidez na operação de descarga do material, já que são providos de mecanismos de ejecção;

• eliminação dos inconvenientes sanitários decorrentes da presença de trabalhador arrumando o lixo na carroceria ou do espalhamento do material na via pública.

Desvantagens

• preço elevado do equipamento;

• complicada manutenção;

• relação custo x benefício desfavorável em áreas de baixa densidade populacional.

Os principais tipos de carrocerias compactadoras utilizados no Brasil são:

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Escolha do veículo coletor

A escolha do veículo coletor é feita considerando-se principalmente:

• a natureza e a quantidade do lixo;

• as condições de operação do equipamento;

• preço de aquisição do equipamento;

• mercado de chassis e equipamentos (facilidade em adquirir peças de reposição);

• os custos de operação e manutenção;

• as condições de tráfego da cidade.

Deve-se estar atento para o bom “casamento” de chassis e equipamentos.

Os equipamentos compactadores são recomendados para áreas de média à alta densidade, em vias que apresentem condições favoráveis de tráfego.

Nas cidades pequenas, onde a população não é concentrada, os equipamentos sem compactação são os mais indicados.

Nunca é demais lembrar que, em cidades médias e grandes, existem áreas com características diferentes que podem justificar o uso de diversos tipos de equipamentos.

Ø Guarnição de coleta

Embora se dependa do tipo de veículo coletor a ser empregado para o dimensionamento da guarnição, ou seja, da equipe de trabalhadores que irão efetuar a coleta, pode-se utilizar o seguinte quadro:

Densidade populacional Guarnição de coleta (excluindo motorista)

Produção diária por trabalhador

Tipo de Veículo

Alta

Média

Baixa

3 homens

4 homens

5 homens

Até 6.000 kg

Até 4.000 kg

Até 2.000 kg

Compactador

Compactador

S/ Compactação

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Estes números são dados apenas como referência, já que determinadas peculiaridades locais poderão exigir variações. Uma coisa, porém, é certa: quanto menor o número de coletores, maior será a produtividade de cada um.

É importante que a coleta em cada um dos setores seja sempre responsabilidade de uma mesma guarnição. O conhecimento da área contribui bastante para agilizar o serviço e também facilitar a fiscalização.

Ø Determinação dos roteiros de coleta

Finalidade

Os roteiros ou itinerários de coleta são definidos para que o serviço se torne o mais eficiente possível. Para tanto, a regularidade do serviço e o conhecimento dos dias e horários de coleta pela população são medidas fundamentais à consolidação dos roteiros.

Critérios

Deve-se contar, sempre que possível, com a colaboração da equipe de coleta e dos fiscais no planejamento ou nas alterações de roteiros. Eles, mais do que ninguém, conhecem as características e peculiaridades do serviço.

Para que os setores sejam bem dimensionados, torna-se necessário adotar o seguinte critério básico:

• utilizar ao máximo a capacidade de carga dos veículos coletores, isto é, evitar as viagens com carga incompleta;

• aproveitar integralmente a jornada normal de trabalho da mão-de-obra;

• reduzir os trajetos improdutivos, ou seja, aqueles em que não se está coletando;

• fazer uma distribuição equilibrada da carga de trabalho para cada dia e também para todas as guarnições;

• estabelecer que o começo de um itinerário seja próximo à garagem e o término próximo ao local de destino, sempre que for possível;

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• a coleta em áreas com fortes declividades deve ser programada para o início da viagem (o caminhão está mais leve);

• sempre que possível, coletar nos dois lados da rua ao mesmo tempo, mediante trajetos com poucas voltas.

Como já mencionado anteriormente, deve-se ainda lembrar:

• em ruas muito largas ou de trânsito intenso é aconselhável fazer a coleta primeiro de um lado e depois do outro;

• quando a rua servir de estacionamento a muitos veículos e/ou possuir trânsito intenso, é aconselhável escolher os horários em que esteja mais desimpedida (horário noturno para áreas comerciais e diurno para áreas residenciais);

• não é recomendável a entrada dos caminhões coletores em travessas de curta extensão ou em ruas sem saída. Nestes casos, a coleta deve ser efetuada com os trabalhadores portando, por exemplo, tambores de 200 litros sobre carrinhos de roda de borracha.

Ø Dimensionamento

Para se efetuar a divisão da cidade em roteiros, é fundamental que as características particulares de seus bairros sejam conhecidas. Um método bastante simples e que pode adotado em qualquer cidade é o da “cubagem”, que consiste:

• escolher um recipiente-padrão de transferência para os trabalhadores utilizarem na operação de coleta. Latões de 100 litros são uma boa opção;

• determinar o número de recipientes-padrão coletados em cada quarteirão da cidade no decorrer da semana. Deve ser anotada também a quantidade de recipientes-padrão necessária para completar uma carga do veiculo empregado;

• registrar as cubagens diárias, quadra por quadra, em mapas, onde também estarão os sentidos de tráfego e topografia;

• determinar a extensão do itinerário, que será limitado pelo número de viagens que o veículo coletor fará do local de destino em cada dia;

• multiplicar o número de viagens diárias previstas pela quantidade de recipientes-padrão que o veículo coletor pode conter. Este será o tamanho do itinerário medido em número de recipientes;

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• traçar em mapa o itinerário que parecer mais apropriado, somando o número de recipientes por quadra até que se atinja o total calculado no item anterior.

Ø Implantação do serviço

Após explicar aos trabalhadores (guarnição, motoristas e fiscalização) sobre os objetivos das novas medidas, os roteiros serão colocados em prática procedendo-se a um acompanhamento dos tempos empregados no deslocamento do veículo em todos os percursos. Este estudo possibilitará alguns ajustes. As ocorrências mais comuns são:

• alguns veículos carregarão, na última viagem prevista para o dia, apenas uma parcela da carga para a qual estão dimensionados e, neste caso, o último roteiro deve ser aumentado;

• outros veículos estarão sobrecarregados, não conseguindo recolher o lixo do setor no número de viagens programadas, havendo necessidade de se diminuir o itinerário.

Ø Coleta contratada

Às vezes as Prefeituras repassam a responsabilidade total ou parcial do serviço de coleta de lixo a empresas privadas. As condições de execução do serviço, bem como os pré-requisitos para participação das firmas interessadas, deverão estar explícitas em edital de licitação.

O pagamento do serviço pode ser feito com base na quantidade de lixo coletada, quando houver possibilidade de pesar os caminhões em balança rodoviária, ou através de um valor fixo mensal preestabelecido.

As vantagens dessa medida são:

• a redução significativa dos investimentos na compra de equipamentos e implantação de instalações físicas;

• a eficiência da mão-de-obra;

• a agilidade na aquisição de material sobressalente para os veículos coletores;

• a eliminação de procedimentos burocráticos e injunções políticas, quando se desejar modificações imediatas de equipe e pessoal;

• conhecimento prévio dos gastos com o sistema, facilitando, entre outros aspectos, a fixação de valores para eventual cobrança de taxa ou tarifa.

As principais desvantagens são:

• a necessidade de fiscalização rigorosa por parte da Prefeitura, sobretudo se o pagamento do serviço se der em função de quantidade de lixo coletado;

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• a pouca flexibilidade do sistema em atender a situações não previstas na ocasião do contrato, como por exemplo, a remoção de resíduos decorrentes de inundações, greves, etc.

6.2.2 Estações de transferência As estações de transferência, ou transbordo, são locais onde os caminhões coletores vazam sua carga dentro de veículos com carrocerias de maior capacidade que seguem até o destino final. Têm como objetivo reduzir o tempo gasto de transporte e conseqüentemente os custos com o deslocamento do caminhão coletor desde o ponto final do roteiro até o local de disposição final do lixo.

Esta solução costuma ser empregada quando as áreas disponíveis para disposição do lixo se encontram muito afastadas dos locais de coleta.

Tipos

Existem duas alternativas básicas para a construção de estações de transferência: sem compactação e com compactação.

Tipo Vantagens Desvantagens

sem compactação

opção de menor investimento

condiciona o vazamento à presença das carretas

com compactação

permitir o melhor aproveitamento da capacidade de carga das carretas

é o tipo mais caro

com veículo compactador facilita a descarga da carreta. alto custo

Viabilidade

Em cidades de maior porte, para viabilizar a implantação de uma estação de transferência em moldes convencionais, costuma-se admitir como pré-requisito que:

• a área de coleta esteja situada à pelo menos 30 km (ida e volta) do local de destinação;

• trajeto até o local de destinação se faça em tempo superior a 60 minutos (ida e volta);

• a quantidade de lixo coletado na área em estudo seja significativa.

E tudo isso tem de acontecer ao mesmo tempo!

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Porém, antes de qualquer decisão, devem ser feitos estudos cuidadosos. As vantagens de uma estação têm de ser comparadas com os custos de aquisição, operação e manutenção de equipamentos e dos veículos de transferência.

Ø Controles operacionais

Os formulários de controle são necessários para que se mantenha o padrão do serviço dentro do que foi planejado. Servem também para indicar a necessidade de alguma alteração no sistema implantado, já que este deve ser dinâmico, acompanhando as transformações contínuas que ocorrem na cidade.

Os formulários deverão conter as seguintes informações básicas:

• controle de execução do serviço;

• controle da carga do veículo coletor;

• controle dos tempos onde serão anotados os horários de chegada e saída dos seguintes locais:

a) garagem;

b) início da coleta;

c) término da primeira viagem;

d) chegada ao local de destino;

e) saída do local de destino;

f) início da segunda viagem e assim por diante até ...;

g) volta à garagem (conclusão do serviço).

Na garagem e no local de destinação os horários deverão ser verificados e rubricados por um funcionário designado pela chefia.

Ø Sistemas alternativos

Aspectos gerais

A necessidade de uma melhor aplicação dos recursos financeiros disponíveis nas Prefeituras tem levado as Administrações Municipais à redescoberta da simplicidade como o caminho mais adequado para a resolução dos problemas. Alternativas eficientes e de baixo custo passam a ser valorizadas.

Imagina-se que valham mais que tecnologias sofisticadas, caras e nem sempre adequadas às realidades regional e local.

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Aplicações práticas

As propostas apresentadas neste item não devem ser encaradas como soluções definitivas ou imutáveis.

Tratam-se apenas de exemplos práticos que ajudarão a pensar no assunto.

a) Prefeituras que não tenham condições financeiras para aquisição de veículos coletores compactadores podem solucionar seu problema de coleta com o uso de equipamentos menores, como a carroceria basculante (convencional ou “Prefeitura”) de 5 m3 de capacidade, montados em chassis leves;

b) carroças com tração animal, com capacidade para transportar de 1,5 a 3,0 m3 de lixo, podem ser usadas quando faltarem ao Município recursos financeiros para aquisição e operação de veículos coletores convencionais, ou ainda em áreas inacessíveis a outros equipamentos;

c) microtrator agrícola rebocando carretinha de madeira pode ser uma boa opção para áreas de difícil acesso;

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d) rampas de transbordo de lixo bastante simples podem ser construídas aproveitando-se desníveis naturais do terreno em áreas de difícil acesso, onde a coleta é feita por microtrator ou tração animal. O vazamento pode ser feito:

• em caçambas estacionárias tipo Dempster ou Brooks, operadas por veículos tipo poliguindaste;

• em lixeiras construídas em alvenaria.

6.2.3. Coleta e transporte de resíduos sólidos públicos Os tipos de veículos e equipamentos utilizados na coleta de lixo público são: lutocar, poliguindaste, caminhão basculante “toco”, caminhão basculante trucado, Roll-on/roll-off, Carreta, Pá carregadeira.

Os resíduos de varrição podem ser transportados em carrinhos revestidos internamente com sacos plásticos ou em contêineres intercambiáveis. Em logradouros íngremes podem ser empregados carrinhos de mão.

Os resíduos públicos acondicionados em sacos plásticos podem ser removidos por caminhões coletores compactadores, com carregamento traseiro ou lateral.

Já os contêineres podem permanecer estacionados em terrenos ou nos estabelecimentos comerciais, aguardando sua descarga nos caminhões coletores compactadores, providos ou não de dispositivos de basculamento mecânico, para reduzir o esforço humano para içá-los até a boca de alimentação de lixo do carro.

6.2.4. Coleta de lixo em cidades turísticas A quantidade de lixo a ser coletada varia com a sazonalidade, seja ela turística ou de hábitos.

Uma vez que a variação devida a sazonalidade de hábitos (semanal ou mensal) praticamente não interfere com o dimensionamento da frota, este tópico restringir-se-á a procedimentos que devem ser adotados em cidades turísticas com o

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objetivo de manter a qualidade da coleta domiciliar nas épocas em que ocorre o afluxo das pessoas.

Basicamente as medidas a serem adotadas são:

• efetuar a coleta em horas extras, atentando para os limites da legislação trabalhista;

• aumentar o número de turnos de coleta, criando o segundo turno de trabalho ou até mesmo o terceiro turno;

• colocar a frota reserva em operação;

• contratar veículos extras.

Observe-se que essas medidas devem ser implementadas seqüencialmente, de modo a não onerar desnecessariamente a coleta.

6.2.5. Coleta de resíduos sólidos em favelas As favelas existem em muitas cidades brasileiras e, em relação à coleta do lixo domiciliar, se caracterizam por:

• dificuldade de acesso para caminhão;

• acondicionamento do lixo precário ou inexistente;

• tendência dos moradores a livrar-se dos resíduos logo que gerados.

Esses fatores devem ser levados em conta para que não ocorra acumulação de lixo a céu aberto, com graves conseqüências para a saúde pública, para o meio ambiente e para o aspecto estético da comunidade.

Para contornar as dificuldades de acesso nas vielas, em geral estreitas ou íngremes, devem-se utilizar veículos especiais, de pequena largura, boa capacidade de manobra e capacidade de vencer aclives: micro tratores ou tratores agrícolas rebocando carretas ou pequenos veículos coletores, com ou sem compactação.

Deve também ser providenciado recipiente para acondicionar o lixo, como contêineres plásticos, dotados de rodas e tampas.

A freqüência da coleta também deve ser alterada – é conveniente o recolhimento diário dos resíduos.

Em várias cidades brasileiras (e de outros países) verificou-se que a contratação de garis comunitários, especialmente nas favelas com maiores problemas de coleta, tem apresentado bons resultados. Neste sistema, a prefeitura contrata a associação de moradores, que seleciona os trabalhadores que irão compor a equipe de coleta, capina e limpeza de canais.

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6.2.6. Coleta de resíduos de serviços de saúde Os resíduos de serviços de saúde classificam-se em: infectantes (grupo A), químicos (grupo B), radioativos (grupo C), comuns (grupo D) e perfurocortantes (grupo E).

Os tipos de veículos mais comuns utilizados para a coleta e o transporte de resíduos de serviços de saúde são:

Ø Coletor Compactador

Trata -se de equipamento destinado à coleta de resíduos infectantes de serviços de saúde (hospitais, clínicas, postos de saúde). É equipado com carroceria basculante, de formato retangular ou cilíndrico, dotado de dispositivo de basculamento de contêineres na boca de carga, com a característica de ser totalmente estanque, possuir reservatório de chorume e ser menos ruidoso.

O equipamento deve operar com baixa taxa de compactação, para evitar o rompimento dos sacos plásticos que estão acondicionando os resíduos infectantes.

Ø Furgoneta ou furgão

Veículo leve, tipo furgão, com a cabine para passageiros independente do compartimento de carga, com capacidade para 500 quilos. O compartimento de carga é revestido com fibra de vidro para evitar o acúmulo de resíduos infectantes nos cantos e nas frestas, facilitando a lavagem e higienização.

6.3. Limpeza de Logradouros Públicos O serviço de limpeza de logradouros públicos tem por objetivo evitar:

• problemas sanitários para a comunidade;

• interferências perigosas no trânsito de veículos;

• riscos de acidentes para pedestres;

• prejuízos ao turismo;

• inundações das ruas pelo entupimento dos ralos.

Ø Atribuições

O serviço de limpeza de logradouros costuma ser responsável por:

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Às vezes outras atividades também são atribuídas ao setor, como:

6.3.1 Varrição Varrição ou varredura é a principal atividade de limpeza de logradouros públicos. O conjunto de resíduos como areia, folhas carregadas pelo vento, papéis, pontas de cigarro, por exemplo, constitui o chamado lixo público, cuja composição, em cada local, é função de:

• arborização existente; • intensidade de trânsito de veículos; • calçamento e estado de conservação do logradouro; • uso dominante (residencial, comercial, etc.); • circulação de pedestres.

Um fator que muito influencia a limpeza de uma cidade é o grau de educação sanitária da população.

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Todos deveriam estar conscientes que mais importante que limpar é não sujar! O próprio Poder Público pode dar o exemplo plantando nas ruas árvores que não percam muitas folhas em certas estações, instalando caixas coletoras bem visíveis por toda parte. Com medidas do gênero, a Prefeitura verá diminuído o seu próprio trabalho.

Ø Métodos de varrição

As maneiras de varrer dependerão dos utensílios e equipamentos auxiliares usados pelos trabalhadores. Em um País onde a mão-de-obra é abundante e é preciso gerar empregos, convém que a maioria das operações seja manual.

Apenas em algumas situações particulares recomenda-se o uso de máquinas.

A limpeza por meio de jatos de água deve ser restrita a situações especiais. Água, em geral, é cara demais para ser gasta em uso tão pouco nobre.

Normalmente não é preciso varrer a faixa mais central de uma via. O trânsito de veículos basta para empurrar a sujeira para as sarjetas e estas, sim, deverão ser varridas.

É hábito no Brasil que a limpeza das calçadas fique por conta dos moradores. O costume é excelente e deve ser incentivado podendo, inclusive, constar do Código de Posturas ou outra legislação pertinente.

Automóveis estacionados são a dor de cabeça do limpador da rua. Quanto maior a cidade maior o problema.

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Não existem soluções definitivas, mas aí vão algumas sugestões para tentar amenizar o problema:

• estabelecer estacionamentos alternados. Cada dia os veículos só poderão estacionar em um dos lados da via pública; enquanto isso o lado vazio é limpo;

• exigir um afastamento mínimo entre o veículo e o meio-fio. Solução que só se aplica as ruas largas;

• providenciar varrições noturnas, complementares às que se fazem durante o dia, comportamento recomendável para áreas comerciais, o que, entretanto, acarreta maiores custos.

Ø Equipamentos auxiliares de remoção

Os equipamentos auxiliares para remoção são utilizados para evitar que o lixo varrido fique à espera da passagem do veículo coletor, amontoado ao longo dos logradouros e sujeito ao espalhamento pelo vento, pela água das chuvas, etc.

Quando a coleta é efetuada pelos mesmos varredores, são utilizadas carrocinhas de madeira, latões transportados por carrinhos com rodas de borracha e outros equipamentos assemelhados. O lixo vai sendo acumulado durante a varredura. Os recipientes, uma vez cheios, são vazados em um local previamente determinado (ponto de lixo), de onde se providencia o seu recolhimento e transporte até a destinação final.

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A seleção desses locais é difícil, mas muitas vezes é fundamental para agilizar as operações; a vizinhança, entretanto, reclama.

Quando não houver equipamentos auxiliares que facilitem as transferências, a solução será usar áreas menos visíveis ou juntar o lixo no passeio de vias pouco movimentadas. Aí, porém, a remoção terá de ser imediata e a limpeza permanente.

Os sacos plásticos são a opção mais indicada para reduzir tais inconvenientes.

Os equipamentos auxiliares de remoção mais utilizados são:

Carrocinha de madeira

É constituída por uma caçamba de madeira com tampas removíveis nas partes traseira e dianteira, que se apóia sobre duas rodas com aros de ferro. As rodas devem ser de grande diâmetro, facilitando os deslocamentos, em particular as subidas no meio-fio. A capacidade é de 250 litros, o que a faz indicada para operar em áreas onde a concentração de lixo seja elevada.

Carrinho de ferro com rodas de pneus

Consiste em uma estrutura metálica montada sobre rodas de borracha, suportando recipientes para armazenar o lixo varrido. É indicado para as áreas urbanas mais movimentadas. Os tipos mais conhecidos no Brasil são o lutocar e o prefeitura, que podem ser guarnecidos com sacos plásticos.

Uma outra opção é o carrinho feito com estrutura tubular que permita a fixação de sacos plásticos. Estes, quando cheios, seriam fechados, retirados da armação, colocados na calçada e substituídos por outros vazios.

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Carrinho de mão convencional

Só deve ser usado quando as soluções anteriores forem impossíveis. Sua capacidade e seu formato não são adequados. Vira com facilidade, esparrama o lixo e permite que o vento o carregue. É bem verdade que já existem alguns carrinhos fabricados especialmente para limpeza urbana que atenuam essas desvantagens.

Caçamba estacionária

São recomendados contenedores tipo Dempster ou Brooks dispostos nos pontos de lixo. Os carrinhos lutocar, as carrocinhas de madeira e outros equipamentos empregados pelos varredores seriam vazados nessas caçambas.

A troca do contenedor cheio pelo vazio se faz através de veículo tipo poliguindaste. A freqüência do recolhimento deve ser calculada a partir do volume de material recolhido em cada varrição. A relação habitual é de um veículo poliguindaste para cada dez caixas Dempster.

Ø Varredura mecanizada

Em viadutos, pontes, túneis e em vias pavimentadas extensas com meio-fio e bem conservadas podem ser utilizadas varredeiras mecânicas. No entanto não é muito fácil usá-las quando há veículos estacionados, declives acentuados, calhas para águas da chuva ou frisos mais elevados conhecidos como “despertadores”, próximos das muretas de túneis, pontes e viadutos.

Dependendo do sistema de recolhimento do lixo, os equipamentos podem ser de dois tipos:

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Tipos Vantagens Desvantagens

Recolhimento mecânico Custo de manutenção mais baixo do que as aspiradoras

Somente indicadas para operar em ruas sem buracos ou ondulações

Recolhimento por aspiração

São mais eficientes Alto custo de manutenção

Em geral, o serviço deve ser programado para o horário noturno, em virtude do menor trânsito de veículos, já que a velocidade de varrição nestes equipamentos (3 a 5 km/hora) é menor que a velocidade normal de tráfego, o que pode gerar engarrafamentos e outros transtornos.

Ø Cestas coletoras

As cestas coletoras devem ser instaladas em geral a cada 20 metros, de preferência em esquinas e locais onde haja maior concentração de pessoas (pontos de ônibus, cinemas, lanchonetes, bares, etc.).

Uma boa cesta deve ser:

• pequena, para não atrapalhar o trânsito de pedestres pelas calçadas;

• durável, bonita e integrada com os equipamentos urbanos já existentes (orelhão, caixa de correio, etc.);

• sem tampa, pois o usuário, certamente, não gostará de tocá-la;

• fácil de esvaziar diretamente nos equipamentos auxiliares dos varredores.

Além das cestas coletoras, outras medidas devem ser tomadas paralelamente, para reduzir a quantidade de lixo lançada nos logradouros. Eis algumas sugestões:

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Ø Plano de varrição

Será considerada aqui apenas a varrição manual de ruas e calçadas.

Determinação do nível de serviço

A freqüência com que será efetuada a varrição definirá o nível de serviço. Neste particular, há dois tipos de varredura:

• normal ou corrida;

• de conservação.

A varrição normal pode ser executada diariamente, duas ou três vezes por semana, ou em intervalos maiores. Tudo irá depender da mão-de-obra existente, da disponibilidade de equipamentos e das características do logradouro, ou seja, da sua importância para a cidade.

Em muitas situações, é difícil manter a rua limpa pelo tempo suficiente para que a população possa percebê-la e julgar o serviço satisfatório. Aí, só há uma saída: os garis terão de efetuar tantas varrições (repasses) quantas sejam exigidas para que o logradouro se mantenha limpo. Este tipo de varredura, chamada de conservação, é uma atividade em geral implantada nos locais com grande circulação de pedestres: áreas centrais das cidades, setores de comércio mais intenso, pontos turísticos, etc.

Escolhido o nível de serviço ideal para cada logradouro, devem-se indicar num mapa, através de convenções, os tipos de freqüência de varrição adotados, como por exemplo:

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Ø Velocidade de varrição

É normalmente expressa em metros lineares de sarjeta por homem/dia. A unidade “dia” refere-se a uma jornada normal de trabalho. Para determinar a velocidade, é preciso antes classificar os logradouros de acordo com as características que mais influem na produtividade do varredor, tais como:

• tipo de pavimentação e de calçada;

• a existência ou não de estacionamentos;

• a circulação de pedestres;

• trânsito de veículos.

Ø Extensão de sarjeta a ser varrida

É preciso, considerando as freqüências indicadas nos mapas, levantar a extensão total das ruas a serem varridas.

A extensão de sarjeta corresponderá, portanto, às extensões de ruas multiplicadas por dois.

Considerando-se as freqüências, seria possível definir a extensão linear a ser varrida por dia. Ou seja:

Ex:

2 (diária com repasse)

I (diária sem repasse)

3/6 (3 vezes por semana)

2/6 (2 vezes por semana)

1/6 (1 vez por semana)

Ø Mão-de-obra direta para varredura

A utilização da mão-de-obra na varrição deve ser feita preferencialmente por equipes constituídas por:

• um só gari varrendo, recolhendo e vazando os resíduos no ponto de acumulação;

• dois homens, sendo um varrendo e juntando os resíduos, enquanto outro gari coleta e vaza o material no ponto de remoção.

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Estudos comparativos efetuados em algumas cidades comprovaram que o serviço executado por um só varredor é geralmente mais produtivo.

O número Iíquido de trabalhadores, isto é, a mão-de-obra estritamente necessária para a varredura, é determinado da seguinte maneira:

N° de garis = Extensão linear total

Velocidade média de varrição

Exemplo

Em uma cidade com 10 mil metros de ruas calçadas, com muito tráfego e duas sarjetas e com freqüência de varrição estabelecida em três vezes por semana, verificou-se uma velocidade média de varrição, com um só homem, de 180 m/h, ou seja, 1.440 metros por homem/dia, considerando oito horas por turno.

N° de garis = 10 000 x 2 (n° sarjetas) x 3/6 (freqüência) = 7

1.440

Ocorre que, para obter este número, as contas são feitas considerando uma distribuição ideal dos serviços. Na prática, isto não acontece. Costuma-se, portanto, adotar um fator de correção (F1) de 10%, isto é, multiplica-se o número Iíquido de garis por 1,1. Os Índices de ausência por férias, faltas ou licenças médicas também devem ser considerados. Um fator de correção (F2) de 20 a 30% pode ser aplicado sobre o número Iíquido de garis, dependendo da flexibilidade do órgão de limpeza urbana para punir e até demitir funcionários faltosos.

Executando as correções:

Mão-de-obra direta = N° líquido de garis x F1 x F2

Remoção do lixo varrido

A remoção do lixo varrido poderá ser feita de várias maneiras, com a utilização dos mais diversos equipamentos, recomendando-se o seguinte quantitativo de trabalhadores para a coleta:

• Caminhão com caçamba basculante até 6 m3: 2 homens

• Caminhão com caçamba basculante maior que 6 m3: 3 homens

• Caminhão com carroceria de madeira: 3 homens

• Caminhão com poliguindaste para caixas Dempster: 1 homem

• Carreta por tração animal ou por microtrator: 1 homem

Quando são utilizados sacos plásticos pelos varredores, os quantitativos apresentados para caminhões basculantes e carroceria de madeira deverão ser reduzidos.

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Ø Itinerário

Para a determinação dos itinerários ou roteiros de varredura serão utilizados mapas, onde deverão estar indicados as características dos logradouros, os pontos de acumulação do lixo e os locais de onde sairão os trabalhadores com seus instrumentos para iniciarem o serviço. Deverão ser reunidas informações características do método adotado (equipe de varredores, utensílios e equipamentos auxiliares utilizados), como também ser consideradas as estimativas dos tempos produtivos e improdutivos, dentro da jornada de trabalho, tais como:

• tempo real de varredura;

• tempo gasto no deslocamento do servidor até o local de início do serviço;

• tempo gasto nos deslocamentos até os pontos de acumulação do lixo;

• intervalo necessário ao almoço dos trabalhadores;

• tempo que o trabalhador leva para se deslocar do local de término do serviço até o lugar de guarda dos equipamentos e ferramentas.

Uma das regras básicas para o traçado de itinerários de varrição por quadras é que ele deverá ser escolhido em função da via principal, de tal forma que o primeiro trecho da quadra a ser varrido esteja situado nela. Assim, num dado momento, todos os trabalhadores da área estão varrendo a via principal, o que é interessante para demonstrar a atuação mais efetiva da limpeza urbana.

Tais procedimentos somente serão possíveis em áreas onde o traçado viário for favorável. Caso contrário, deve-se optar por uma varrição contínua.

Ø Implantação e fiscalização dos serviços

Na implantação do plano de limpeza vai ser preciso fazer muitos ajustes. Teoria e prática são coisas diferentes. As modificações que estão sempre ocorrendo na cidade obrigarão a se atualizar constantemente todos os planos.

É imprescindível uma boa fiscalização, não apenas dos serviços executados, mas também de bares, lanchonetes, etc. Caso contrário, resíduos destes locais serão varridos para as calçadas e ruas e largados lá. Infrações do gênero têm que ser previstas nos códigos de posturas ou regulamentos de limpeza e devem ser punidas.

Em determinadas situações particulares (Natal, Ano Novo e Carnaval, por exemplo) será necessário reforçar a mão-de-obra nas áreas mais críticas. Isto pode ser feito deslocando-se equipes de outros setores, que terão suas freqüências de serviço diminuídas.

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6.3.2. Capinação A capinação também é uma atividade muito importante a ser executada pelos serviços de limpeza pública, não apenas em ruas e passeios sem asfalto, mas também nas margens de rios e canais.

O método de capina vai depender basicamente:

Da forma de utilização da mão-de-obra

Pode-se utilizar a mão-de-obra excedente dos serviços de varrição não havendo, portanto, uma freqüência definida.

Quando as características da cidade exigirem uma atuação mais efetiva da limpeza urbana através de operação de capina, será preciso manter uma equipe especial para efetuar tais serviços.

Das ferramentas e equipamentos empregados

Neste caso a operação poderá ser:

• MANUAL

• MECÂNICA

• QUÍMICA

Regras importantes aplicadas à capina química:

• de preferência não aplicar quando estiver ventando;

• se estiver ventando, aplicar andando contra o vento e de costas para ele;

• não aplicar em ladeiras;

• não aplicar próximo das raízes das árvores, respeitando uma distância correspondente à projeção da copa da árvore somada a um anel de 10 m;

• usar equipamentos de proteção individual (calça e luvas compridas, botas, óculos ou máscaras, boné);

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• não comer e não fumar durante o trabalho;

• tomar banho de chuveiro com sabonete após a aplicação;

• trocar a roupa de aplicação diariamente e lavar a roupa usada com água e sabão;

• observar rigorosamente o plano de operações.

6.3.3. Limpeza de feiras Após o término da feira, a retirada do lixo deve ser rápida. É preciso desobstruir logo o trânsito no logradouro e, acima de tudo, evitar a fermentação da matéria orgânica que, no nosso País, é acelerada devido ao clima. Para diminuir os problemas, deve ser estabelecido um horário rígido para término da feira livre. Além disso, os feirantes terão de manter, ao lado dos pontos de venda, recipientes para lixo.

Para executar uma limpeza eficiente é recomendado:

• iniciar o serviço tão logo a feira termine;

• varrer toda a área utilizada, e não, como freqüentemente ocorre, apenas a faixa das sarjetas;

• varrer o lixo do passeio e do centro da rua para as sarjetas, de onde será removido (feiras instaladas em ruas);

• recolher o lixo, à medida que for varrendo, através de equipamento

adequado (caminhão basculante, por exemplo);

• lavar o logradouro após a varredura e remoção (quando o piso for pavimentado);

• aplicar desodorizante no setor de venda de peixe.

6.3.4. Limpeza de praias O lixo de praia compõe-se basicamente de restos descartados pelos banhistas e detritos trazidos pela maré. É claro que sempre haverá alguma areia misturada.

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Quanto à forma de operação, a limpeza das praias poderá ser manual ou mecânica. Considerando o custo de aquisição e manutenção do equipamento, seu emprego geralmente não se justifica.

Os métodos manuais, utilizando-se ancinhos, pás, etc., permitem uma operação rápida e com elevada produtividade dos trabalhadores. É o mais recomendado.

É importante proceder ao mesmo tempo à varrição da calçada e da sarjeta marginal à praia, usando vassouras, pás e carrinhos de mão.

As praias podem ser limpas em dois horários: diurno ou noturno.

O horário diurno é recomendável durante os meses fora da temporada, geralmente de abril a novembro. No período de verão, com dias mais quentes e maior número de banhistas, as praias mais freqüentadas devem ser limpas em horário noturno, ou seja, das 16 às 22 horas (horário corrido), desde que haja iluminação suficiente (natural ou artificial). Quando se tratar de praias muito movimentadas, a limpeza será feita todos os dias. Nas demais, pode ser adotada uma freqüência menor.

6.3.5. Limpeza de bocas-de-lobo ou caixas de ralo É uma atividade que deve ser executada regularmente junto com a varrição.

Tem por objetivo garantir o perfeito escoamento das águas pluviais e impedir que o material sólido, retido durante as chuvas, seja levado para os ramais e galerias.

O sistema manual é o mais comumente utilizado e, se bem planejado, poderá atender eficientemente às necessidades de serviço. Uma enxada, uma pá e uma chave de ralo são os utensílios usados. Veículos com equipamentos especiais de sucção somente deverão ser adotados em cidades grandes, devido ao seu alto custo de aquisição e manutenção.

Costuma-se incumbir ao próprio varredor do logradouro a tarefa de limpeza das caixas de ralo. Ele terá de ser bem instruído e fiscalizado, pois há o risco dele varrer o lixo para dentro dos bueiros, em lugar de recolhê-lo.

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Os locais onde as bocas-de-lobo devem ser limpas mais freqüentemente são:

Nestes locais, a limpeza de caixas de ralos deverá ser feita com maior freqüência nos períodos chuvosos e obrigatoriamente depois de chuvas fortes.

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7. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

7.1. Conceituação Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em ambiente ou local inadequado, seja transformando-o em material inerte ou biologicamente estável.

7.2. Tratamento de resíduos sólidos domiciliares O tratamento mais eficaz é o prestado pela própria população quando está empenhada em reduzir a quantidade de lixo, evitando o desperdício, reaproveitando os materiais, separando os recicláveis em casa ou na própria fonte e se desfazendo do lixo que produz de maneira correta.

Além desses procedimentos, existem processos físicos e biológicos que objetivam estimular a atividade dos microorganismos que atacam o lixo, decompondo a matéria orgânica e causando poluição.

As usinas de incineração ou de reciclagem e compostagem interferem sobre essa atividade biológica até que ela cesse, tornando o resíduo inerte e não mais poluidor.

As usinas de reciclagem e compostagem geram emprego e renda e podem reduzir a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, em aterros sanitários.

7.2.1. Reciclagem Denomina-se reciclagem a separação de materiais do lixo domiciliar, tais como papéis, plásticos, vidros e metais, com a finalidade de trazê-los de volta à indústria para serem beneficiados. Esses materiais são novamente transformados em produtos comercializáveis no mercado de consumo.

A reciclagem propicia as seguintes vantagens:

• preservação de recursos naturais;

• economia de energia;

• economia de transporte (pela redução de material que metais, com a finalidade de demanda o aterro);

• geração de emprego e renda;

• conscientização da população para as questões ambientais.

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A reciclagem ideal é aquela proporcionada pela população que separa os resíduos recicláveis em casa, jogando no lixo apenas o material orgânico.

Uma usina de reciclagem apresenta três fases de operação, quais sejam:

• recepção;

• alimentação;

• triagem.

Ø ? Recepção

Consiste na aferição do peso ou volume dos resíduos por meio de balança ou cálculo estimativo e posterior armazenamento em depósitos adequados com capacidade para o processamento de, pelo menos, um dia.

Ø ? Alimentação

Carregamento na linha de processamento, por meio de máquinas, tais como pás carregadeiras, pontes rolantes, pólipos e braço hidráulico.

É possível adotar dispositivos que permitem a descarga do lixo dos caminhões diretamente nas linhas de processamento, tornando independentes os equipamentos de alimentação daqueles que processam o lixo; assim, em caso de quebra dos primeiros, o processamento não será afetado.

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Ø ? Triagem

Dosagem do fluxo de lixo nas linhas de triagem e processos de separação de recicláveis por tipo.

Os equipamentos de dosagem de fluxo mais utilizados são as esteiras transportadoras metálicas, conhecidas também como chão movediço, e os tambores revolvedores.

A escolha do material reciclável a ser separado nas unidades de reciclagem depende, sobretudo, da demanda da indústria. Todavia, na grande maioria das unidades são separados os seguintes materiais:

• papel e papelão;

• plástico duro (PVC, polietileno de alta densidade, PET);

• plástico filme (polietileno de baixa densidade);

• garrafas inteiras;

• vidro claro, escuro e misto;

• metal ferroso (latas, chaparia etc.);

• metal não-ferroso (alumínio, cobre, chumbo, antimônio, etc.).

Entre os processos que envolvem a reciclagem com segregação na fonte geradora, destacam-se:

• coleta seletiva porta a porta;

• pontos de entrega voluntária – PEV;

• cooperativa de catadores.

Coleta seletiva porta a porta

É o modelo mais empregado nos programas de reciclagem e consiste na separação, pela população, dos materiais recicláveis existentes nos resíduos domésticos para que posteriormente os mesmos sejam coletados por um veículo específico.

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A separação dos materiais recicláveis nas residências pode ser feita individualizando-se os materiais recicláveis e acondicionando-os em contêineres diferenciados ou agrupando-os em um único recipiente.

Outro modelo, bem mais utilizado, é aquele que a população separa os resíduos domésticos em dois grupos:

• Materiais orgânicos (úmidos), compostos por restos de alimentos e materiais não recicláveis (lixo). Devem ser acondicionados em um único contêiner e coletados pelo sistema de coleta de lixo domiciliar regular.

• Materiais recicláveis (secos), compostos por papéis, metais, vidros e plásticos. Devem ser acondicionados em um único contêiner e coletados nos roteiros de coleta seletiva.

É importante que a população seja devidamente orientada para que somente sejam separados, como lixo seco, os materiais que possam ser comercializados, evitando-se despesas adicionais com o transporte e manuseio de rejeitos, que certamente serão produzidos durante o processo de seleção por tipo de material e no enfardamento.

Os principais aspectos negativos da coleta seletiva porta a porta são:

• aumento das despesas com transporte em função da necessidade do aumento do número de caminhões;

• alto valor unitário, quando comparada com a coleta convencional.

Após a implantação da coleta seletiva, o poder público deve manter a população permanentemente mobilizada através de campanhas de sensibilização e de educação ambiental.

Pontos de entrega voluntária – PEV

Consiste na instalação de contêineres ou recipientes em locais públicos para que a população, voluntariamente, possa fazer o descarte dos materiais separados em suas residências.

A instalação de PEV pode ser feita através de parcerias com empresas privadas que podem, por exemplo, financiar a instalação dos contêineres e explorar o espaço publicitário no local.

Cooperativa de catadores

A grave crise social existente no país, que tem uma das piores distribuições de renda do mundo, tem levado um número cada vez maior de pessoas a buscar a sua sobrevivência através da catação de materiais recicláveis existentes no lixo domiciliar. Os catadores trabalham nas ruas, vazadouros e aterros de lixo.

Alguns municípios têm procurado dar também um cunho social aos seus programas de reciclagem, formando cooperativas de catadores que atuam na separação de materiais recicláveis existentes no lixo.

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As principais vantagens da utilização de cooperativas de catadores são:

• geração de emprego e renda;

• resgate da cidadania dos catadores, em sua maioria moradores de rua;

• redução das despesas com os programas de reciclagem;

• organização do trabalho dos catadores nas ruas evitando problemas na coleta de lixo e o armazenamento de materiais em logradouros públicos;

• redução de despesas com a coleta, transferência e disposição final dos resíduos separados pelos catadores que, portanto, não serão coletados, transportados e dispostos em aterro pelo sistema de limpeza urbana da cidade.

É importante que os municípios que optem por esse modelo ofereçam apoio institucional para formação das cooperativas, principalmente no que tange à cessão de espaço físico, assistência jurídica e administrativa para legalização e fornecimento de alguns equipamentos básicos, tais como prensas enfardadeiras, carrinhos, etc.

7.2.2. Compostagem

Define-se compostagem como o processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos (aqueles que possuem carbono em sua estrutura), de origem animal e vegetal, pela ação de microorganismos. Para que ele ocorra não é necessário à adição de qualquer componente físico ou químico à massa do lixo.

A compostagem pode ser aeróbia ou anaeróbia, em função da presença ou não de oxigênio no processo.

Na compostagem anaeróbia a decomposição é realizada por microorganismos que podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em baixa temperatura, com exalação de fortes odores, e leva mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize.

Na compostagem aeróbia, processo mais adequado ao tratamento do lixo domiciliar, a decomposição é realizada por microorganismos que só vivem na presença de oxigênio. A temperatura pode chegar a até 70ºC, os odores emanados não são agressivos e a decomposição é mais veloz.

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7.2.3. Incineração

Este processo visa a queima controlada do lixo em fornos projetados para transformar totalmente os resíduos em material inerte, propiciando também uma redução de volume e de peso. Do ponto de vista sanitário é excelente. A desvantagem fica por conta dos altos custos de instalação e operação, além dos riscos de poluição atmosférica, quando o equipamento não for adequadamente projetado e/ou operado.

Entretanto pode ser um procedimento a se empregar em hospitais e centros de saúde e na eliminação de outros resíduos especiais, desde que operados corretamente e que sejam construídos com tecnologia adequada, além de licenciados pelo órgão de controle ambiental competente.

7.3. Disposição Final de Resíduos Sólidos

Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas, principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos coletados.

Essa questão merece atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma ineficiente, a prefeitura é pressionada pela população para melhorar a qualidade do serviço, pois se trata de uma operação totalmente visível aos olhos da população. Contudo, ao se dar uma destinação final inadequada aos resíduos, poucas pessoas serão diretamente incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte da população.

Assim, diante de um orçamento restrito, como ocorre em grande número das municipalidades brasileiras, o sistema de limpeza urbana não hesitará em relegar a disposição final para o segundo plano, dando prioridade à coleta e à limpeza pública.

Por essa razão, é comum observar nos municípios de menor porte a presença de "lixões", ou seja, locais onde os lixos coletados são lançados diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as águas subterrâneas e superficiais das vizinhanças.

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Os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de doenças, também se constituem em sério problema social, porque acabam atraindo os "catadores", indivíduos que fazem da catação do lixo um meio de sobrevivência, muitas vezes permanecendo na área do aterro, em abrigos e casebres, criando famílias e até mesmo formando comunidades.

Diante desse quadro, a única forma de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é através de aterros sanitários, com lixo triturado ou com lixo compactado. Todos os demais processos ditos como de destinação final (usinas de reciclagem, de compostagem e de incineração) são, na realidade, processos de tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem de um aterro para a disposição de seus rejeitos.

Nunca é demais lembrar as dificuldades de se implantar um aterro sanitário, não somente porque requer a contratação de um projeto específico de engenharia sanitária e ambiental e exige um investimento inicial relativamente elevado, mas também pela rejeição natural que qualquer pessoa tem ao saber que irá morar próximo a um local de acumulação de lixo.

7.3.1. Disposição dos resíduos domiciliares Existem dois tipos de disposição final de resíduos sólidos: aterro sanitário e aterro controlado. A diferença básica é que este último prescinde da coleta e tratamento do chorume, assim como da drenagem e queima do biogás.

Um enfoque mais detido será dado ao aterro sanitário, já que esta solução é a única técnica adequada para a disposição final dos resíduos sólidos.

7.3.2. Aterro sanitário

Ø Escolha do local para o aterro sanitário

Para analisar cada um dos terrenos disponíveis é preciso considerar os seguintes aspectos:

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Propriedade - Se a área é do Governo, não há necessidade de desapropriá-la ou negociar sua aquisição, arrendamento, etc.

Em certas situações, a utilização de uma área particular pode representar uma opção interessante, como nos casos em que o órgão da limpeza urbana e o proprietário fazem um contrato para aterramento da área mediante a cessão, ao término do contrato, de parte do terreno recuperado.

Tamanho da área - O sítio selecionado para a instalação do aterro deverá ser suficiente para utilização por um período de tempo que justifique os investimentos, sendo usual admitir-se um mínimo de dez anos. Algumas vezes, porém, justifica-se a utilização de áreas com menores capacidades.

Localização - Quanto a este fator, a melhor área é aquela que:

• está próxima da zona de coleta (no máximo 30 km para ida e volta);

• apresenta vias de acesso em boas condições de tráfego para os caminhões, inclusive em épocas de chuvas, com o mínimo de aclives, pontes estreitas e outros inconvenientes;

• está afastada de aeroportos ou de corredores de aproximação de aeronaves, já que o lixo atrai urubus, por exemplo, que podem provocar acidentes aéreos;

• está afastada no mínimo 2 km de zonas residenciais adensadas para evitar incômodos ao bem-estar e a saúde dos moradores;

• é servida por redes de telefones, energia elétrica, água, transportes e outros serviços, o que facilitará enormemente as operações de aterro;

• está afastada de cursos de água, nascentes e poços artesianos, em virtude da possibilidade de contaminação das águas;

• apresenta jazidas acessíveis de material para cobertura do lixo, para revestimento de pistas de acesso e impermeabilização do solo;

• apresenta posicionamento adequado em relação a ventos dominantes.

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Características topográficas - Devem ser escolhidas áreas que facilitem o aterro e que naturalmente favoreçam a proteção à vida e ao meio ambiente.

São geralmente recomendadas áreas tais como:

• terrenos localizados em depressões naturais secas;

• minas abandonadas;

• jazidas de argila ou saibro já exploradas.

Tipo de solo - A composição do lixo urbano é bastante variada, podendo conter substâncias perigosas ao homem e ao ambiente.

A tendência natural é que tais substâncias e os produtos da própria decomposição do lixo comecem a penetrar no solo, levadas pela água presente no lixo e pela água das chuvas. A este tipo de fenômeno se dá o nome de lixiviação. Dela resulta o chorume, um líquido de cor escura, odor desagradável e elevado poder de poluição.

O solo de baixa permeabilidade é, portanto, o ideal para o aterro, pois funciona como se fosse um filtro. Vai retendo as substâncias à medida que o chorume se movimenta através dele, reduzindo o seu poder contaminante.

Águas subterrâneas - É importante que se conheça o perfil hidrogeológico, ou seja, as características do lençol freático da área. Quanto mais profundo o nível da água subterrânea, menores serão as possibilidades de contaminação e também menores as medidas de proteção e controle exigidas. Considera-se, geralmente, que a cota inferior do aterro deve estar distante no mínimo cerca de 3 metros do lençol freático.

Ø Levantamentos preliminares

Escolhido o local para o aterro sanitário, começam as preocupações com o projeto executivo. Para início de conversa, serão necessárias algumas informações que orientarão todo o trabalho, tais como:

1) Levantamento topográfico - devem ser indicados todos os detalhes importantes (cursos de água, caminhos, construções, etc.).

2) Levantamentos geotécnicos - serão executados para definir o tipo de solo, determinar o nível do lençol freático e a capacidade de suporte do terreno.

3) Levantamento da quantidade dos resíduos destinados ao aterro - servirá para calcular a vida útil do aterro. O peso específico do lixo compactado

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(varia de 500 a 700 kg/m3) será um elemento fundamental a ser considerado nestes cálculos.

4) Levantamento dos tipos de resíduos - orientará as medidas de proteção e controle que se fizerem necessárias.

5) Levantamento de dados complementares - eis alguns levantamentos importantes:

• identificar os planos de ocupação do solo e projetos urbanísticos previstos para a região;

• definir o uso futuro da área a ser aterrada;

• reunir dados a respeito das condições climáticas da região, uma vez que estas influirão na operação do aterro (freqüência e intensidade de chuvas e ventos, por exemplo).

Ø Delineamento do projeto e discussão com a comunidade

Antes de iniciar o projeto executivo é preciso lançar as idéias básicas, a concepção geral do aterro.

Após esta fase é fundamental que se informe à comunidade sobre o que é um aterro sanitário, as medidas de proteção e controle de poluição que serão tomadas e os benefícios a serem alcançados com a recuperação da área e destinação sanitariamente adequada do lixo. Assim, serão evitados problemas futuros, nas fases de implantação e operação do aterro sanitário.

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Ø Instalações de apoio

Geralmente as instalações auxiliares compreendem:

• portaria;

• cercas;

• balança rodoviária;

• sede administrativa, vestiário, sanitário e refeitório;

• setor de oficina de manutenção, borracharia e abrigo para os equipamentos;

• instalação de serviços básicos (água, luz, esgotos, telefones e vias de acesso).

Ø Obras de drenagem

Água e aterro de lixo são duas coisas que não combinam. Um sistema de drenagem apropriado garante a proteção do meio ambiente e a saúde dos moradores. Para tanto devem ser drenadas tanto as águas limpas superficiais (desvio de cursos de água e águas de chuva), como as águas poluídas (chorume).

A drenagem do chorume pode ser feita utilizando-se:

• tubos de PVC, concreto ou barro perfurados;

• drenos cegos de brita n° 1 e n° 2.

Entre as formas de distribuição dos drenos no terreno, a mais utilizada é a espinha de peixe. Para facilitar o escoamento, os drenos devem apresentar uma inclinação de 2%.

Para evitar o bloqueio parcial ou total dos drenos pelas substâncias sólidas presentes no líquido percolado (chorume) costuma-se proteger os drenos com uma fina camada de capim.

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Uma vez captado, o chorume deverá passar por algum dos seguintes processos:

• filtros biológicos;

• lagoas de estabilização;

• valos de oxidação;

• recirculação;

• tanques de aeração.

Na maioria dos casos é suficiente, para o controle da poluição, a drenagem superficial, a boa impermeabilização da base e a cobertura diária do lixo vazado. Com estas providências, o chorume produzido fica contido na massa do lixo, evitando a contaminação dos corpos d’água.

É daí que vem a diferenciação básica entre os aterros sanitários e os controlados. Requisito para o primeiro, o sistema de captação e tratamento de chorume é dispensável no segundo que pressupõe um terreno com características naturais favoráveis (solo pouco permeável e lençol freático profundo, em especial).

Por exigir menores recursos para implantação e operação, o aterro controlado apresenta -se como a opção mais acessível (embora, inadequada) à maioria das cidades brasileiras.

Ø Drenagem de gases

Entre os produtos da decomposição do lixo aparece o gás de aterro, constituído por cerca de 60% de metano. Este gás poderá ocasionar exp losões, caso sua concentração na atmosfera seja superior a 5%. Torna-se, portanto, necessária a sua drenagem.

As três formas mais usuais de se construir drenos verticais, que deverão estar instalados em diversos pontos do aterro, são:

• utilizando-se um tubo guia dentro do qual são colocadas pedras britadas n°s 3 e 4 (ou pedras de mão de até 10 cm), com o tubo sendo elevado à medida que se aumente a cota do aterro;

• utilizando-se tubos perfurados de concreto com diâmetro de 0,5 ou 1 metro, que vão sendo sobrepostos conforme a elevação da cota do aterro;

• utilizando-se uma fôrma feita de tela, onde se colocam pedras de mão, que vai subindo à medida que o aterro sobe.

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O metano é um gás combustível que pode ser utilizado em cozinhas, fábricas e até para movimentar veículos.

Nos primeiros casos sua recuperação é simples, bastando instalar uma rede de captação e distribuição a partir dos poços de drenagem. Para a utilização em veículos, há necessidade de um pré-tratamento e compressão do gás, e que exige altos investimentos. Para evitar interferência os tubos deverão ser colocados, no mínimo, a uma distância de 50 metros de um para o outro.

Ø Escolha do método construtivo do aterro

Há três fatores a considerar:

- topografia da área;

- tipo de solo;

- profundidade do lençol freático.

A análise desses fatores determinará o método a empregar. Existem três possibilidades:

• trincheira;

• rampa;

• área.

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Os procedimentos para a execução da obra são quase os mesmos, independente do método seguido. Eis aqui as regras básicas para operação em aterros sanitários:

• o espalhamento e a compactação do lixo deverão ser efetuados, sempre que possível, de baixo para cima, a fim de se obter um melhor resultado;

• para uma boa compactação, o espalhamento do lixo deverá ser feito em camadas não muito espessas de cada vez, com o trator dando de três a seis passadas sobre a massa de resíduos;

• a altura da célula deve ser de 2 a 3 metros para que a decomposição do lixo aterrado ocorra em melhores condições;

• a camada de solo de cobertura ideal é de 20 a 30 cm para os recobrimentos diários de lixo;

• uma nova célula será instalada no dia seguinte em continuidade à que foi incluída no dia anterior;

• a execução de uma célula em sobreposição à outra ou o recobrimento final do lixo só deverá acontecer após um período de cerca de 60 dias;

• a camada final de materi al de cobertura deverá ter no mínimo 50 cm;

• a largura da célula deverá ser a menor possível (em geral, suficiente para descarga de três a cinco caminhões coletores).

Método da trincheira - É a técnica mais apropriada para terrenos que sejam planos ou poucos inclinados, e onde o lençol freático esteja situado a uma profundidade maior em relação à superfície.

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Método da rampa - Indicado quando a área a ser aterrada é plana, seca e com um tipo de solo adequado para servir de cobertura. A permeabilidade do solo e a profundidade do lençol freático confirmarão ou não o uso desta técnica.

Método da área - É uma técnica adequada para zonas baixas, onde dificilmente o solo local pode ser utilizado como cobertura. Será necessário retirar o material de jazidas que, para economia de transporte, devem estar localizadas o mais próximo possível do local a ser aterrado. No mais, os procedimentos são idênticos ao método da rampa.

Ø Vias internas

Os acessos internos têm de ser bem previstos nesta fase para facilitar a movimentação de resíduos no aterro. Eles podem ser construídos com vários materiais: saibro, rocha em decomposição, material de demolição e produtos de pedreira.

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A espessura recomendada para as vias internas do aterro é de 30 a 50 cm, compactadas em camadas de 10 cm.

Um bom aterro é o que se mantém em boas condições de operação e tráfego até mesmo em dias chuvosos.

Ø Equipamentos utilizados

Os equipamentos normalmente empregados nas operações em um aterro sanitário são:

• trator de esteiras: provido de lâmina para espalhamento, compactação e recobrimento do lixo;

• caminhão basculante: para transporte de material de cobertura e para acessos internos;

• pá mecânica: para carregamento dos caminhões; • retroescavadeira: para abertura de valas maiores; • carro-pipa: para abastecimento d’água, para redução da poeira nas vias

internas e umedecimento dos resíduos mais leves (papéis, plásticos, etc.) evitando seu espalhamento.

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A falta de recursos financeiros, a dificuldade de mão-de-obra especializada para manutenção e a inexistência de um sistema de pronta reposição de peças sobressalentes são fatores que não podem deixar de ser considerados na seleção dos equipamentos. O método de operação do aterro será o principal fator determinante.

Há municípios pequenos que não dispõem de equipamentos específicos para operação no aterro. Uma solução pode ser a utilização periódica de máquinas pertencentes a outro setor da prefeitura, como, por exemplo, as usadas para conservação das estradas. Ø Operação manual de um aterro sanitário

Operar o aterro através de ferramentas manuais de fácil aquisição pode ser uma boa opção na redução dos custos para municípios de pequeno porte. A escolha do terreno é o fator fundamental para o sucesso deste tipo de operação. O ideal é usar uma pequena depressão natural (seca) para vazamento dos resíduos.

Com o auxílio de enxadas, ancinhos e/ou gadanhos pode-se ir espalhando o lixo e nivelando as superfícies superior e lateral em taludes de 1:1. O recobrimento do lixo deve ser efetuado diariamente, ao término da jornada de trabalho.

A compactação do lixo pode ser efetuada por apiloamento. A operação é viável apenas para volumes diários de lixo não superiores a 40 m3 - aproximadamente 10 toneladas por dia.

Outra forma de operação manual seria a utilização de uma trincheira, escavada previamente por meio de equipamento mecânico (trator, por exemplo) pertencente a outro órgão da Prefeitura. O material proveniente da escavação será depositado em local próximo para depois servir como cobertura. O espalhamento e o

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nivelamento dos resíduos deverão ser efetuados manualmente, conforme o caso anterior.

A compactação pode ser feita pelo próprio tráfego dos veículos coletores sobre a área aterrada.

Para operar um aterro manualmente, é fundamental que os trabalhadores encarregados de espalhar e recobrir o lixo portem, além de ferramentas adequadas, vestimentas e luvas que Ihes dêem proteção e segurança. As capas plásticas são necessárias para dias chuvosos.

7.3.3. Recuperação ambiental de lixões O "lixão" é uma forma inadequada de se dispor os resíduos sólidos urbanos porque provoca uma série de impactos ambientais negativos. Portanto, os lixões ou vazadouros devem ser recuperados para que tais impactos sejam minimizados.

Teoricamente, a maneira correta de se recuperar uma área degradada por um lixão seria proceder à remoção completa de todo o lixo depositado, colocando-o num aterro sanitário e recuperando a área escavada com solo natural da região.

Entretanto, os custos envolvidos com tais procedimentos são muito elevados, inviabilizando economicamente este processo.

Uma forma mais simples e econômica de se recuperar uma área degradada por um lixão baseia-se nos seguintes procedimentos:

• entrar em contato com funcionários antigos da empresa de limpeza urbana para se definir, com a precisão possível, a extensão da área que recebeu lixo;

• delimitar a área, no campo, cercando-a completamente;

• efetuar sondagens a trado para definir a espessura da camada de lixo ao longo da área degradada;

• remover o lixo com espessura menor que um metro, empilhando-o sobre a zona mais espessa;

• conformar os taludes laterais com a declividade de 1:3 (V:H);

• conformar o platô superior com declividade mínima de 2%, na direção das bordas;

• proceder à cobertura da pilha de lixo exposto com uma camada mínima de 50 cm de argila de boa qualidade, inclusive nos taludes laterais;

• recuperar a área escavada com solo natural da região;

• executar valetas retangulares de pé de talude, escavadas no solo, ao longo de todo o perímetro da pilha de lixo;

• executar um ou mais poços de reunião para acumulação do chorume coletado pelas valetas;

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• construir poços verticais para drenagem de gás;

• espalhar uma camada de solo vegetal, com 60 cm de espessura, sobre a camada de argila;

• promover o plantio de espécies nativas de raízes curtas, preferencialmente gramíneas;

• aproveitar três furos da sondagem realizada e implantar poços de monitoramento, sendo um a montante do lixão recuperado e dois a jusante.

Porém, a recuperação do lixão não se encerra com a execução dessas obras. O chorume acumulado nos poços de reunião deve ser recirculado para dentro da massa de lixo periodicamente, através do uso de aspersores (similares aos utilizados para irrigar gramados) ou de leitos de infiltração; os poços de gás devem ser vistoriados periodicamente, acendendo-se aqueles que foram apagados pelo vento ou pelas chuvas; e a qualidade da água subterrânea deve ser controlada através dos poços de monitoramento implantados, assim como as águas superficiais dos corpos hídricos próximos.

Devido às dificuldades em se encontrar locais adequados para a implantação de aterros sanitários, é conveniente que se continue a utilizar a área recuperada como aterro . Nesse caso, a seqüência de procedimentos se modificará a partir do sétimo passo, assumindo a seguinte configuração:

• proceder à cobertura da pilha de lixo exposto com uma camada mínima de 50 cm de argila de boa qualidade, inclusive nos taludes laterais, com exceção do talude lateral que será usado como futura frente de trabalho;

• preparar a área escavada para receber mais lixo, procedendo à sua impermeabilização com argila de boa qualidade (e > 50 cm) e executando drenos subterrâneos para a coleta de chorume;

• executar valetas retangulares de pé de talude, escavadas no solo, ao longo da pilha de lixo, com exceção do lado que será usado como futura frente de trabalho;

• executar um ou mais poços de reunião para acumulação do chorume coletado pelas valetas;

• construir poços verticais para drenagem de gás;

• passar a operar o lixão recuperado como aterro sanitário;

• implantar poços de monitoramento, sendo um a montante do lixão recuperado e dois a jusante da futura área operacional.

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8. PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (Brasil, 2001):

“o plano de gerenciamento é um documento que apresenta a situação atual do sistema de limpeza urbana, com a pré-seleção das alternativas mais viáveis, com o estabelecimento de ações integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final”.

Considerando essa definição, no plano de gerenciamento deve haver um diagnóstico da situação atual que apresente os aspectos institucionais, legais, administrativos, financeiros, sociais, educacionais, operacionais e ambientais do sistema de limpeza pública, como também informações gerais sobre o município. As informações relativas ao município abrangem a coleta de dados sobre os aspectos geográficos, sócio-econômicos, de infra-estrutura urbana e da população atual, flutuante e prevista. Em relação ao sistema de limpeza pública são informações de interesse:

• Características quantitativas e qualitativas dos resíduos sólidos urbanos.

• Identificação e análise das disposições legais existentes, incluindo contratos de execução de serviços de limpeza urbana municipal por terceiros.

• Identificação e descrição da estrutura administrativa (organização e alocação de recursos humanos).

• Identificação, levantamento e caracterização da estrutura operacional dos serviços prestados (infra-estrutura física, procedimentos e rotinas de trabalho).

• Identificação dos aspectos sociais (presença de catadores na disposição final, coleta informal, existência de cooperativas ou associações).

• Identificação, levantamento e caracterização da estrutura financeira do serviço de limpeza urbana (remuneração e custeio, investimentos, controle de custos).

• Identificação e caracterização de ações ou programas de educação ambiental.

Depois da obtenção e da sistematização de dados e informações, é possível realizar um diagnóstico em que sejam identificados os problemas, as deficiências e as lacunas existentes e suas prováveis causas. Esta primeira fase subsidiará a elaboração do prognóstico contendo a concepção e o desenvolvimento do plano de gerenciamento. A concepção, as proposições e as alternativas apresentadas no plano fundamentam-se em princípios e diretrizes de políticas públicas

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existentes ou a serem propostas que precisam estar claramente mencionadas no texto do plano. O plano de gerenciamento deve contemplar:

• O modelo tecnológico, sua estrutura operacional e estratégia de implantação com as devidas justificativas e com definição de metas e prazos.

• A estrutura financeira e estudos econômicos com a definição das fontes de captação dos recursos necessários à implantação e operacionalização do sistema previsto pelo plano (organograma, remuneração e custeio).

• A proposição de uma estrutura organizacional e jurídica necessária ou a adequação da estrutura existente, com a inserção da participação e do controle social.

• Planos que promovam a inserção social para os grupos sociais envolvidos.

• Programas e ações de atividades de educação ambiental.

• Monitoramento dos programas de gestão empregando-se como ferramentas, indicadores que resumem de forma inteligível e comparável uma série de informações, como os de desempenho, os econômico-financeiros e os socioeconômicos e ambientais.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, A. C. (coordenador). Resíduos Sólidos Urbano: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. Rio de janeiro: Projeto PROSAB; FINEP, 2003. MONTEIRO, J. H. P. et al. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. PÁGINAS ELETRÔNICAS http://www.ibam.org.br – O Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM – é uma organização não-governamental que se dedica há mais de 40 anos ao aperfeiçoamento dos governos municipais e suas relações com a sociedade civil. No tocante aos resíduos sólidos, a página do IBAM traz informações sobre a programação de cursos, ensino à distância, experiências em serviços urbanos, notas técnicas e explicativas da Consultoria Jurídica, entre outras. http://www.web-resol.com.br – Este site é mantido pela Web-Resol, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, dedicada à divulgação de informações sobre o meio ambiente e saneamento básico, em especial, à gestão dos resíduos sólidos. Textos integrais de leis, resoluções, normas técnicas, regulamentos de limpeza urbana, especificações técnicas de equipamentos, fotos, vídeos e trabalhos técnicos aí estão disponíveis – e de forma gratuita – a todos aqueles que trabalham ou têm interesse na limpeza urbana e na gestão dos resíduos sólidos.