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ENT 110 APICULTURA E SERICICULTURA1
“Se as abelhas desaparecerem da face da terra, ao homem restariam apenas quatro anos de
vida. Sem abelhas, não há polinização, não há plantas, não há animais, não existiria o
homem” (Albert Einstein)
MUNDO
- Egípcios, gregos e romanos:
- ± 5 mil anos;
- ânforas (potes barro) com mel cristalizado (± 2 mil anos);
- 558 A.C. primeiras leis gregas;
- moedas e vestimentas com desenhos de abelhas;
- França:
- brasões, mantos e moedas;
- emblema oficial dos impérios (Napoleão);
- Medalha de honra Ordem da abelha;
- 1814 François Huber – 1o protótipo de colméia racional.
- EUA:
- 1841 Lorenzo Lorraine Langstroth – considerado o pai da apicultura norte
Americana, criador do modelo de colméia racional com quadros moveis e mundialmente
conhecida. Colméia “Padrão” “Americana” ou simplesmente “Langstroth”.
- Alemanha/Áustria
- 1944 Karl von Frisch – The dancing, language and orientation of bees”
decifrou o mecanismo de comunicação entre as abelhas por meio de danças. Premio Nobel de
Fisiologia/Medicina em 1973.
1 Stephan M. Carvalho, Doutorando em Entomologia/Apicultura – [email protected]
2
- The Honeybee Genome Sequencing Consortium
- Consórcio entre pesquisadores de diversos paises (inclusive Brasil) para o
sequenciamento do genoma Apis
THE HONEYBEE GENOME SEQUENCING CONSORTIUM. Insights into social insects
from the genome of the honey bee Apis mellifera. Nature, v.443, p.931-949,
26/October/2006. doi:10.1038/nature05260
BRASIL
- 1839 - Dom Pedro II – lei concedendo Padre Antônio Carneiro (período 10 anos) de
importar abelhas Europa/África. (Apis mellifera mellifera) – confecção de velas;
- Outros relatos sobre uma possível introdução pelos padres Jezuitas na região do Rio
Uruguai;
- 1870 Frederico Augusto Hanemann
Introdução da espécie italiana
Apis mellifera ligustica;
- 1906 Emilio Schenk
- Período de “abandono” – exploração/extrativismo, problemas sanitários;
- 1956 – Programa Nacional de melhoramento genético da abelha
- Expedição chefiada pelo Prof. Dr. Warwick Estevam Kerr introduziu no
Brasil 141 rainhas de Apis mellifera scutellata. Após a introdução em colônias na região de
Rio Claro/SP, algumas rainhas escaparam pelas telas excluidoras, ocorrendo o cruzamento
natural dessas com espécies européias encontradas em condições naturais, dando origem a um
hibrido fértil denominado “abelha Africanizada”;
- 15 anos – prazo necessário para as abelhas africanizadas colonizarem o cerrado;
- 1990 – Autoridades americanas relataram à chegada da abelha africanizada no estado
do Texas;
- ± 2000 – atual: descoberta do grande potencial da apicultura Brasileira; própolis
verde; mel orgânico, etc.
- 2008/06 – atualmente o setor apícola conta com mais uma conquista, a elaboração de
normas técnicas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, sendo que ate o
momento sete normas já estão disponíveis:
- ABNT NBR 15585:2008 – Sistema de produção no campo
- ABNT NBR 15654:2009 – Sistemas de rastreabilidade
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- ABNT NBR 15713:2009 – Colméia tipo Langstroth
- ABNT NBR 15714-1:2009 – Preparo de amostra para análises físico-
químicas
- ABNT NBR 15714-2:2009 – Determinação da umidade pelo método
refratométrico
- ABNT NBR 15714-3:2009 – Determinação de cinzas
- ABNT NBR 15714-5:2009 – Determinação de sólidos insolúveis
Outra importante fonte de informação e padronização do setor são as legislações
específicas para cada setor da atividade (instalações, equipamentos, produtos, análises, etc) as
quais são elaboradas e fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura (disponível no site:
http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7916 )
IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS
- Produtos: mel; cera; própolis; pólen, geléia real; apitoxina (veneno)
- Efeito social em comunidades carentes; programas de agricultura sustentável;
- Polinização
Segundo FAO (2004): 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo são polinizadas
por alguma espécie de abelha, 19% por moscas, 6,5% por morcegos, 5% por vespas, 5% por
besouros, 4% por borboletas e 4% por pássaros.
Kevan & Phillips (2001) - Canadá faturou US$6 milhões com a produção de sementes
de alfafa oriundas da polinização realizada por A. mellifera.
4
Morse & Calderone (2000) – EUA somente A. mellifera gerou US$ 14,6 bilhões com
atividade de polinização.
Kenmore & Krell (1998) – Mundo US$54 bilhões pelos serviços prestados pelas
abelhas.
Freitas & Fonseca (2005) – Aluguel de 45 mil colméias para serviços de polinização, a
um custo médio de R$ 40,00/colméia.
ESPÉCIES DE ABELHAS
Nativas - de ocorrência natural no Brasil (Região Neotropical - não introduzidas).
Pertencentes ao grupo dos Meliponídeos e conhecidas como abelhas sem ferrão, apresentam
diversas espécies de importância econômica e social.
Exóticas – popularmente conhecidas como abelha européia; africana ou africanizada.
Como o próprio nome diz, são espécies introduzidas do continente Europeu e Africano.
Considerando a distribuição geográfica das espécies de Apis, tem-se três grupos:
- Européias
- A. mellifera ligustica (Italiana)
- A. mellifera mellifera (Negra ou real)
- A. mellifera carnica (Carnoliana ou carnica)
- A. mellifera caucasica (Caucasiana)
- Orientais
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- A.indica
- A. dorsata (gigante)
- A. florea (menor)
- A. meda
- Africanas
- A. mellifera adansonii
- A. mellifera intermissa
- A. mellifera capensis
- A. mellifera lamarckii
- A. mellifera unicolor
- A. mellifera scutellata
Considerando somente a espécie A. mellifera, até o momento existem 23 subespécies
descritas.
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Atualmente no Brasil existe a predominância natural de um híbrido fértil denominado
“abelha Africanizada”.
Espécie Européia Espécie Africana
Negra (A. mellifera mellifera) Amarela (A. mellifera ligustica)
Amarela (A. mellifera scutellata)
Tamanho médio a grande (70-100 mg) Tamanho pequeno (60-80 mg)
Baixa tendência a enxameação Grande tendência a enxameação
Pouco/média defensibilidade Defensivas
Menor intensidade de vôos/hora Maior intensidade de vôos/hora
Maior atividade durante períodos quentes Ativa durante todo o dia
Sensível ao ácaro ectoparasito Varroa Tolerante a Varroa
Longevidade 150 dias (inverno) Longevidade ± 25-30 dias
Oviposição reduz nos períodos de inverno, aumenta na primavera
Oviposição continua, baixa por falta de alimento
Ninhos poucos expostos Nidifica em vários locais
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Devido à hibridação entre as subespécies européias e africanas, o resultante herdou
características de ambas:
- defensivas
- tamanho médio
- coloração amarela pardo
- grande atividade
- colônias mediamente populosas
- tolerantes ao ácaro Varroa
- tendência a enxameagem
- tolerância a inseticidas
Em função também de sua origem tropical, a abelha africanizada possui grande
capacidade de adaptação e colonização de áreas que vai desde os paralelos 34o Sul ao 34o
Norte, com uma capacidade de expansão de 160 a 320 km/ano desde o centro de introdução
(Rio Claro/SP) em 1956. Mesmo com inúmeras tentativas de captura e controle por parte do
governo Norte Americano, este híbrido alcançou o estado do Texas nos anos 90.
DESENVOLVIMENTO
As abelhas pertencem a um grupo de inseto que apresentam desenvolvimento
completo, passando pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto, ou seja, insetos holometabólicos.
A temperatura ideal para o desenvolvimento e de ±35oC.
Dentro da colônia existe duas castas permanentes de abelhas, a rainha e as operárias.
Contudo, em alguns períodos do ano (primavera principalmente) verifica-se a presença de
machos conhecidos como Zangão. Cada casta possui adaptações morfológicas, fisiológicas e
comportamentais, permitindo aos indivíduos que exerçam tarefas específicas:
- Rainha: controle da colônia (feromônios), reprodução;
- Zangão: fecundação da rainha;
- Operárias: todas as outras funções para o desenvolvimento e manutenção da colônia.
No caso da ocorrência de ovos não fecundados, oriundos de partenogênese arrenótoca,
esses darão origem aos Zangões, sendo eles indivíduos “n” com 16 cromossomos.
Quando os ovos são fecundados, o desenvolvimento pode ocorrer de duas maneiras:
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- caso a larva (“2n”, 16 pares de cromossomo) seja alimentada durante todo o período
larval com geléia real, esta originará uma rainha.
- com uma alimentação variada (mel, pólen e água) a partir do 3o dia após a eclosão da
larva, originará uma operária.
Todo o desenvolvimento embrionário, larval e pupal, ocorrem dentro das células
denominadas de alvéolo ou prisma hexagonal. Durante o período larval ocorre um fenômeno
chamado de muda, ou seja, a larva troca de tegumento (ecdise) para possibilitar seu
crescimento. Outra característica importante é que durante a fase larval, não existe a ligação
entre o intestino médio e o posterior, fazendo com que as larvas não defequem. Tal fenômeno
somente será observado no momento da última troca de tegumento/tecer do casulo, de uma só
vez no fundo do alvéolo.
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Fases de desenvolvimento (dias) Castas
Ovo Larva Pupa Total
Rainha 3,0 5,5 7,5 16,0
Operárias 3,0 6,0 12,0 21,0
Zangão 3,0 6,5 14,5 24,0
MORFOLOGIA EXTERNA/INTERNA
Uma característica marcante dos insetos e a divisão clássica do corpo do adulto em
três segmentos:
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- Cabeça: Dois olhos compostos; 3 ocelos; 2 antenas; aparelho bucal; cérebro;
diversas glândulas (salivar, hipofaringeana);
- Tórax: Três pares de pernas; 2 pares de asas; músculos, glândulas;
- Abdome: Sete segmentos ligados por uma membrana (superior chamado
tergito e inferior esternito); sistema digestivo; ferrão; glândulas (veneno, Nosanov, Dufour,
ceríparas-4 pares); espiráculos (aberturas do sistema respiratório);
Também se observa em toda a extensão do corpo a presença de diversos pelos
(sensílos) tendo principalmente a função sensorial e o dimorfismo sexual entre as três castas.
Casta
Operária Rainha Zangão
Comprimento do corpo (mm) 12-13 18-20 15
Largura do tórax (mm) 4 4,2 5
Peso (mg) 100 250 230
Artículos antena 11 11 12
Cavidades olfativas 3 a 6 mil 3 mil 30 mil
Posição do olho composto separado separado Continuo
Omatídeos 3 a 6 mil 5 mil 13 mil
Comprimento proboscida (mm) 5 a 7 curta curta
Corbícula presente ausente ausente
Ferrão presente presente ausente
Farpas ferrão 9 a 11 3 a 5 ausente
Ovário/Ovaríolos 2/12 2/150-200 ausente
Espermateca rudimentar desenvolvida ausente
Gl. hipofaringeana presente vestigial ausente
Gl. cerípara presente ausente ausente
Gl. Nosanov presente ausente ausente
Gl. Dufour reduzida grande ausente
Largura alvéolo (mm) 5,0 variável 6,0
Longevidade 20-40 dias, até 180 dias
1 a 2 anos, até 4 anos
Período acasalamento, até
80 dias
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Aparelho reprodutor da Rainha
Aparelho reprodutor da operária
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DIVISÃO DE TRABALHO
Sem dúvida que a divisão de trabalho entre as operárias seja um dos principais fatores
de organização e estruturação para o desenvolvimento da colônia. O principal fator que define
o polietismo entre as operárias é a idade. Contudo, não somente o fator idade e responsável
pelo alto nível de especialização de tarefas, onde fatores internos (genética, comunicação
química, etc) e fatores externos (abundância/escassez de alimento, temperatura, etc) também
exerçam grande influência.
Verifica-se que com a idade, existe uma mudança significativa nas glândulas exócrinas
(hipofaringeana, cera, feromônio alarme, etc), aumentando ou diminuindo de tamanho,
fazendo com que ocorra maior/menor produção e liberação de seus compostos, direcionando a
operária para uma atividade específica relacionada com o seu nível de maturidade. De
maneira geral, dividi-se as tarefas em 4 etapas: 0 a 2 dias (limpadora alvéolos); 2 a 11 dias
(manutenção das larvas/rainha); 11 a 20 dias (armazenamento alimento/construção) e 20 ou +
dias (trabalhos externos).
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COMUNICAÇÃO ENTRE ABELHAS
Dentre os insetos sociais as abelhas se destacam pela grande habilidade em
comunicação e orientação. Nesse caso, elas não somente utilizam os feromônios (substâncias
químicas usadas para comunicação entre membros da mesma espécie), mas também um
sistema altamente especializado de danças, alem de percepções visuais, sonoras e magnéticas.
No caso dos feromônios, ao menos 18 substâncias já foram identificadas e
caracterizadas como ferramentas de comunicação entre as diversas castas, exercendo funções
de alarme/defesa, sexual, orientação, estímulo, forrageamento, inibição de desenvolvimento
de ovários das operárias, etc.
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Um fato importante no estudo das abelhas foi o trabalho do pesquisador Karl von
Frisch, com sua obra “A linguagem da dança e orientação das abelhas” (1967). Em sua obra,
ele relatou que informações de distância, direção e qualidade da fonte do alimento eram
repassadas por meio de danças. Além desse mecanismo, odores e a troca de alimento por
trofalaxia, auxiliam com o processo de comunicação.
Diversas danças foram evidenciadas, tais como:
- circular: mais simples; não transmite precisão de distância/direção; alimento
próximo à colônia; trofalaxia.
- requebrado/oito: passam informação de distância, direção e qualidade dos
recursos a mais de 100 m da colônia. A freqüência e inversamente proporcional à distância (9
a 10 requebrados/15 s, 100 m; já 2 requebrados/15 s, ±5000 m). A distância da fonte não é
dada em metros, mas sim pelo gasto de energia.
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COLMÉIAS E LOCALIZAÇÃO
A partir da observação de colônias naturais, diversas tentativas de construção de
colônias foram colocadas em prática. Dos diversos modelos, existem aquelas rústicas usadas
em tempos remotos e em regiões onde o criador não possuia recursos tanto financeiro quanto
para construção necessária, até modelos sofisticados como as colônias racionais móveis de
madeira, podendo ser construídas até de polietileno.
No mundo, diversos modelos com quadros móveis foram desenvolvidos, cada um
levando em consideração as necessidades e disponibilidades locais. Contudo, destacam-se
alguns modelos amplamente difundidos, tais como o Langstroth (considerada colméia
standard) e Dadant. Outros modelos também foram desenvolvidos no Brasil como Schenk;
Paulistinha; Schirmer; Curtinaz e no mundo os modelos Jumbo, Hannemann, Alexander, etc.
De uma maneira geral, uma colméia racional/mobilista e composta por um fundo com
rampa de vôo; ninho contendo 10 quadros; melgueira contendo de 8 a 10 quadros e tampa.
Alguns outros acessórios podem fazer parte da colméia, como: telhado; suporte; redutor de
alvado; tela excluidora; tela de transporte; alimentadores; coletor de pólen; coletor de
própolis.
Existe uma outra classificação para as colméias, podendo ser quente quando os
quadros do ninho estão dispostos paralelamente ao alvado da colméia, dificultando a aeração
interna, ou fria quando os quadros estão dispostos perpendicularmente ao alvado, facilitando a
aeração.
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Usualmente, para a construção das colméias utiliza-se algum tipo de madeira que seja
de boa durabilidade, resistente ao tempo (sol, chuva), não empene/trinque, e principalmente
não possua nenhum tipo de componente (odor, óleo essencial, secreção) que seja tóxica para
as abelhas. São exemplos:
- Cedrinho, cedro-rosa, roxinho, pinus, eucalipto, etc.
Por medidas de proteção, aconselha-se que as partes externas das colméias sejam
pintadas com alguma cor clara, como amarelo, cinza ou azul celeste. Existe também alguns
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métodos de proteção que são realizados pela imersão em uma solução quente de querosene +
parafina. Pode-se também utilizar vernizes como proteção da madeira.
A padronização dos equipamentos também é de grande importância no momento do
planejamento, com isso além do ganho de tempo na execução das diferentes tarefas,
possibilita a troca de material e/ou compra de colônias de diferentes origens.
EQUIPAMENTOS PARA MANEJO DAS COLMÉIAS
Em condições de campo, poucos são os equipamentos/ferramentas utilizados no
manejo das colméias:
- formão de apicultor
- chave de fenda
- faca
- vassoura de crina
- fumegador + maravalha (combustível)
Em alguns casos outras ferramentas podem ser usadas, como martelo, carrinhos de
transporte, alicate, etc.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL -EPI
São todos e quaisquer equipamentos usados para a proteção e segurança do apicultor
no momento de execução de suas tarefas, seja no campo ou no atelier/casa do mel:
- macacão de preferência em tecido tipo brim (jeans, 100% algodão), para um
maior conforto e segurança, pois aqueles de tecido sintético podem sofrer algum tipo de dano
com a saída de fuligem do fumigador.
- máscara com tela metálica e moldura de couro são as mais resistentes e
duradouras.
- chapéu de apicultor em palha natural
- luvas podem ser de látex ou de couro
- botas do tipo sete léguas com cano longo.
- fumegador
Como para a pintura das caixas, recomenda-se o uso de cores claras (branco) para a
escolha dos equipamentos de proteção.
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PRODUTOS DAS ABELHAS
Para todo apicultor o momento da colheita dos produtos das abelhas transforma-se na
recompensa de todo esforço e investimento. De uma maneira geral, a grande maioria dos
produtores concentra suas atividades na produção de mel, própolis e cera. Porém, outros
produtos de igual valor podem ser explorados, diversificando a atividade, como a geléia real,
cera, apitoxina (veneno) e pólen.
Além dos produtos consagrados das abelhas, aumenta a comercialização de enxames
em forma de pacotes de abelha em quadros, rainhas, colméias completas, etc.
Mel
Alimento energético, doce, produzida de néctar de flores que pela ação da enzima
invertase, converte-se a sacarose em frutose e glicose. Também se encontra em sua
composição sais minerais, aminoácidos, enzimas, vitaminas, ácidos, substâncias aromáticas.
Geléia Real
Substância ácida, de cor branca e textura gelatinosa. Em geral tem 66% de água,
carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas, enzimas/coenzimas, aminoácidos e sais minerais.
É produzida pela glândula hipofaringeana de operárias de abelhas jovens.
Cera
Produzida pelas glândulas ceríparas encontradas em número de quatro pares do 4o a 7o
esternitos abdominal. Em média, necessita-se de 7-8 kg de mel pra produzir 1 kg de cera. Sua
composição é variada, contendo hidratos de carbono, álcoois monoídricos, ácidos graxos,
ácidos hidroxílicos, dióis, própolis, fragmentos vegetais.
Própolis
Substância resinosa, balsâmica, elaborada pelas abelhas a partir da coleta de resinas e
fragmentos vegetais. Em sua composição também se encontra cera, óleos voláteis, pólen. De
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uso medicinal, com características antimicrobianas, coloração variada, origem e sabor. Na
colméia é utilizada como cimento, regulação temperatura, embalsamar, etc.
Veneno ou Apitoxina
Produzido pela glândula de veneno, essa substância transparente e usada pelas abelhas
como uma ferramenta de proteção no caso de ataque a outros animais. Sua composição e
muito rica, principalmente em proteínas (50 %), além de açúcares, aminoácidos, lipídeos,
feromônio alarme (isso-amil-acetato). Seus efeitos vão desde ação neurotóxica, hemorrágica,
homolítica, anestésica e analgésica. Para o homem, é usada em tratamento de doenças como
artrite, circulatórias, esclerose, etc.
Pólen
Em se tratando especificamente do pólen, considera-se esse sendo um produto da
abelha, contudo nada mais e que o gameta masculino de plantas e que foi coletado pelas
abelhas campeiras. Pode ter até 40% proteínas (média 20/24%), carboidratos, lipídeos, sais
minerais, vitaminas, enzimas, etc.
INSTALAÇÃO DE APIÁRIOS
Os apiários podem ser divididos em dois tipos:
- Apiário fixo: nesse caso as colméias ficam instaladas em um local definitivo,
cercados, protegidos contra vento, fazendo com que as abelhas explorem a vegetação
existente em um raio de ± 2-3 km da colméia. Devido à dependência da flora existente, o
número de colméias/apiário também é um fator importante no planejamento, pois com a
saturação da área pode ocorrer a indução da enxameação. Vale ressaltar que além das
colméias instaladas, existe também a ocorrência de outras abelhas e outros insetos
competidores pelo mesmo tipo de alimento. Alguns pontos devem ser observados nesse
sistema, tais como facilidade no acesso, facilidade na execução de tarefas, menor
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investimento, porém, uma menor produtividade esperada quando comparado a apicultura
migratória.
- Apiário migratório: com o aumento das áreas plantadas com espécies vegetais
dependentes da polinização, aumentou-se o interesse da exploração dessas culturas. Daí surge
essa modalidade de exploração apícola que e caracterizada pelo deslocamento das colônias
para locais onde ocorra a abundância de néctar/pólen. Nesse caso específico, o apicultor
necessita de um maior investimento (transporte; combustível; equipamentos; segurança) além
de um grande conhecimento técnico, pois todo o planejamento é realizado em função das
floradas e das áreas a serem exploradas (distância). Nessa situação verifica-se uma maior
produtividade em comparação ao apiário fixo, podendo chegar ate a 100 kg/colméia/ano.
Um dos maiores agravantes do distúrbio do colapso das colônias (CCD - Colony
Collapse Disorder) nos EUA foi devido a grande migração das colônias para o serviço de
polinização, onde esse serviço era contratado por produtores de culturas dependentes das
abelhas para a polinização. No Brasil, o aluguel de colméias para a polinização ainda não e
uma prática rotineira, contudo observa-se um aumento substancial nos últimos anos.
No momento de instalação dos apiários, alguns fatores devem ser levados em
consideração:
- vegetação abundante, florada diversificada/prolongada e de boa qualidade;
- água potável;
- facilidade de acesso;
- segurança no manuseio;
- saturação colméias/área;
- exposição ao sol, principalmente na parte da manha (alvado);
MANEJO DAS COLMÉIAS
As revisões das colméias são atividades programadas/rotineiras que visam avaliar o
desenvolvimento e a sanidade da colônia. Independente do objetivo da revisão deve-se
lembrar que todos os materiais (quadros ninho/melgueira; tela excluidora; maravalha; etc),
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ferramentas (fumegador; formão; faca; etc) e equipamentos de proteção individual (macacão;
luva; máscara; bota; chapéu) encontre-se preparados e em condições adequadas de uso.
Devido às condições climáticas, as revisões podem variar em função do clima
principalmente em regiões frias (sul Brasil/hemisfério norte), caracterizando os manejos de
inverno, primavera e verão. Em condições de clima tropical/quente, não existe essa divisão
clássica dos manejos, sendo divididas em revisões gerais e específicas.
- Revisão geral: uma visita mês; rotineira; avaliação do desenvolvimento (oviposição;
ausência rainha; realeira; zanganeira; deposito alimento; espaço); sanidade; coleta de dados
(planilha de campo).
- Revisão específica: programadas em função das informações coletadas nas revisões
gerais, sendo elas: produção de rainha; substituição/introdução rainha;
fortalecimento/alimentação; coleta de mel/geléia real/própolis/pólen; controle de
doenças/predadores; pilhagem; limpeza do apiário; etc. Outras atividades também podem
ocorrer como a divisão/união de enxames; controle enxameação; transporte de colméias
(transumância); alimentação.
A captura de enxames pode ocorrer de duas maneiras:
- Caixa isca: preparada com uma tira de cera alveolada em cada quadro,
pulverizada internamente com solução de própolis e colocada em locais protegidos.
- Captura: método trabalhoso que exige grande experiência do profissional. O
enxame (latas, cupim, telhado, árvore) é transferido para dentro de uma caixa, sendo os favos
dispostos da mesma maneira.
A união de enxames e realizada quando se verifica a existência de um enxame órfão,
rainha improdutiva; desenvolvimento lento; fortalecimento; etc. Como cada abelha/colméia
apresenta seus odores (feromônios) característicos, é preciso criar uma situação na qual não
ocorra o ataque entre as duas colônias, podendo ser realizado de duas maneiras:
- Papel jornal + mel
- Pulverização de infusão de erva cidreira
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EQUIPAMENTOS DE PROCESSAMENTO
Todos os equipamentos para o processamento dos produtos apícolas devem seguir as
normas vigentes, fabricados em aço inox 304 com acabamento alimentício.
MEL
- Garfo desoperculador (faca desoperculadora, desoperculador automático)
- Mesa desoperculadora
- Centrifuga radial
- Filtros (malha; disco)
- Pasteurizador
- Decantador
- Baldes de transferência
- Homogeneizadores
- Torneiras (tipo faca)
- Bombas de transferência
- Envasadora (frasco; sache)
- Descristalizador (banho-maria; estufa)
- Esterilizador embalagem
- Rotulador
- Embalagens (polietileno alta densidade; vidro; PET; baldes atóxicos; tambores)
CERA
- Derretedores (vapor; solar)
- Conjunto laminador (manual; automático)
- Cilindro alveolador
DIVERSOS
- Coletor de pólen para alvado
- Estufa desidratação de pólen (Ballardin; Scharly)
- Peneiras classificatórias pólen
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- Coletor de veneno (placas elétricas)
- Coletor de própolis (ninho; melgueira; tampa)
- Alimentadores (tampa; quadros; Boardman; PET)
- Instrumentação inseminação artificial “LaidLaw Apparatus”
SEGURANÇA
Em casos de ataque por abelhas, evacuar a área, evitar qualquer tipo de ação (água;
fogo; deitar), comunicando os profissionais habilitados, como os apicultores e o Corpo de
Bombeiro. O tratamento das pessoas ferroadas deve ser realizado por médicos, nunca
realizando auto medicação ou terapias duvidosas.