APOSTILA HAUI 2008.1

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APOSTILA DE ESTUDOS

HISTRIA DA ARQUITETURA ICAU-FAG 2008.1AUTORA: PROF. ARQ. SOLANGE IRENE SMOLAREK DIASBIBLIOGRAFIA : http://www.geocities.com/Athens/Atlantis/9522/arte/arquitetura.htm Sem indicao de autoria do site 2. HISTRIA DA ARQUITECTURA DA ANTIGUIDADE AOS NOSSOS DIAS. Jan Gympel 3. A HISTRIA DA ARQUITETURA Jonathan Glancey 1.

APOSTILA DE ESTUDOS: HISTRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I 2008.1 CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAG 1- INTRODUO HISTRIA DA ARQUITETURA

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A Histria da Arquitetura a histria do notvel esforo humano. a histria de como conseguimos abrigo. Em sua melhor forma a arquitetura, que diferente do mero edificar, eleva nossos espritos e nos emociona. Na pior, ela nos diminui. A arquitetura um tema vasto, que abrange a histria da civilizao. H uma diferena entre construo e arquitetura. Os animais, podem construir. Os humanos, porm, desenvolveram a arquitetura. Esta a cincia e a arte de construir ou, sendo mais potico, o momento em que um edifcio imbudo de uma magia sbia que o transforma de mero abrigo em obra de arte consciente de s. A arquitetura uma arte em contnua evoluo. Ela mapeia nossas ambies em trs dimenses slidas. As primeiras obras realmente arquitetnicas que conhecemos so os templos. Desde a idade do Bronze, a humanidade tentou ligar-se ao eterno e construir em harmonia com o cosmo. significativo que as religies monotestas (especialmente o cristianismo) refiram-se a Deus como a grande e original Arquiteto. Quo importante tem sido a arquitetura para nossa vida, e quo distinta da construo. A arquitetura sempre foi uma espcie de religio e os arquitetos, um tipo de sacerdotes. Foram como xams mgicos transformando pedra, tijolo, mrmore, ferro, ao, etc em estruturas sensacionais que elevam nosso esprito acima das preocupaes do cotidiano. Assim como algumas religies tendem a se dissolver e se dividir em seitas e faces hostis com o passar das geraes, o mesmo ocorre com a arquitetura. No incio do sc. XXI h muito mais arquitetos do que j houve em qualquer poca da histria da civilizao. No incio do sc XXI, o papel do arquiteto declinou. Para sobreviver, para continuar a nos entusiasmar como fizeram as grandes mesquitas e templos ao longo de milnios, os arquitetos precisam redescobrir o campo elevado da imaginao, ser os xams e mgicos que seus predecessores foram antes da Revoluo Industrial, quando construir tornou-se fcil demais. Naturalmente, temos a arquitetura que merecemos. Se quisermos viver verdadeiramente vidas banais, ento o mundo sem arte dos shoppings centers com ar condicionado nos acenam. uma grande distncia dos deuses e da arquitetura como a maioria de ns gostaria que fosse uma histria que foi contada pela primeira vez h uns oito ou nove mil anos atrs. No incio do sc. XXI difcil imaginar um tempo em que o nico arquiteto eram os deuses, e em que as muitas raas que dividiam o mundo no tinham necessidade nenhuma de arquitetura. A arquitetura surgiu da primeira moldagem consciente de lares, monumentos e cidades, h cerca de oito ou nove mil anos ou, como disse Mies Van der Rohe, "quando dois tijolos foram bem assentados juntos". CONSTRUIR NECESSIDADE BSICA E ATO SOCIAL Arkhitkton "arquicriador" era o nome que os gregos davam ao mestre de obras, uma vez que a arquitetura era considerada a "me" das artes plsticas. Onde o homem vive existem casas, cabanas, tendas. Mas a construo responde tambm s necessidades da alma e do esprito : as "quatro paredes" e o "teto sobre a cabea" separam os homens do meio ambiente que os rodeia, criando dimenses prprias, humanas. Todas as construes representam o esprito da sua poca ou, pelo menos, o do dono da obra e o do arquiteto. Representam ainda, mais do que qualquer outra criao humana, as relaes sociais. Construir um ato social, que depende das relaes de poder, polticas e econmicas.

Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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Arquitetura a arte ou cincia de projetar espaos organizados, por meio do agenciamento urbano e da edificao, para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Seguindo determinadas regras, tem como objetivo criar obras adequadas a seu propsito, visualmente agradveis e capazes de provocar um prazer esttico. No sculo I a.C., o arquiteto e tratadista romano Vitrvio determinou as trs condies bsicas da arquitetura: firmitas, utilitas e venustas (resistncia, funcionalidade e beleza). A arquitetura se materializou atravs de diferentes estilos ao longo da histria, como o gtico, o barroco e o neoclssico, podendo, tambm, ser classificada de acordo com outros estilos mais ou menos homogneos, associados a uma cultura ou um perodo histrico determinado. O estilo arquitetnico reflete certos valores ou necessidades sociais, independentemente da obra construda (casas, fbricas, hotis, aeroportos, igrejas, etc.). Seja qual for o caso, a arquitetura no depende simplesmente do gosto dos cnones estticos, levando tambm em considerao uma srie de outras questes prticas, estreitamente relacionadas entre si: a escolha dos materiais e sua aplicao, a disposio estrutural das cargas e o preceito fundamental do uso a que est destinado o edifcio. Da arquitetura dos tempos pr-histricos pouco se conhece, a no ser alguns monumentos megalticos; mesmo esses, a rigor, no podem ser considerados arquitetura - que s aparecem realmente quando o homem constri vrias partes ligadas entre si, para delimitar determinado espao.

Com o correr do tempo, esses trabalhos foram surgindo, com os mais diversos estilos: das obras da Antiguidade, chegaram at ns apenas restos de edifcios e esculturas. Apesar disso, pelo estudo de monumentos, tmulos e baixos-relevos, tm-se uma idia bem clara das tendncias artsticas das civilizaes ento.

Este edifcio um imponente palcio assrio, com suas ameias feito degraus, sua decorao em tijolos esmaltados de vrias cores - especialmente amarelo e azul -, como era caracterstico do estilo arquitetnico daquela civilizao. Daquela, no de outras, pois, de acordo com a poca e os lugares, os gostos e costumes so diferentes e a arquitetura tambm varia. O estilo de uma poca, de um lugar, de um determinado artista, depende, portanto, de muitos fatores - religiosos, geogrficos, polticos, tecnolgicos. Sem o concreto armado ou o ferro, claro que a arquitetura moderna no existiria tal como hoje.

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Atravs da histria, uma srie de fatores geraram diferentes formas de construo. Desse modo, as obras mais nobres da arquitetura - templos, igrejas, catedrais e mesquitas - nasceram de motivaes religiosas e servem para criar lugares propcios ao dilogo com Deus, doutrinao dos fiis ou celebrao de rituais sagrados. Outro fator motivador foi o sentimento de segurana: as estruturas mais duradouras eram construdas para serem tambm elementos de defesa, como as muralhas e os castelos. Na Mesopotmia, regio compreendida entre os rios Tigre e Eufrates (atual Iraque), desenvolveramse vrias civilizaes com estilos arquitetnicos variados e peculiares. Os primitivos habitantes daquela regio construam suas casas de junco e argila. Mas j desde 5.000 anos a.C. eram conhecidos o tijolo solidificado ao sol e as fundaes de pedra. Em 3.000 anos a.C. usaram-se na Mesopotmia o tijolo cozido e o mosaico de terracota; havia decoraes com afrescos, baixos-relevos e frisos. Antes do fim do segundo milnio a.C. os hititas construram grandes templos de pedra, rodeados por muralhas com altas torres e portas ladeadas por esfinges esculpidas. Em 1.000 a.C., a arquitetura atingiu grande esplendor entre os assrios: usavam largos prticos sustentados por colunas de madeira, com bases ricamente ornamentadas, a cujos lados colocavam pesadas esculturas de animais. Os babilnios, que depois dos assrios dominaram a Mesopotmia, conservaram os elementos assrios, do mesmo modo que os persas.

Decorao mural assria

Mveis de estilo assrio

Indumentria assria As culturas primitivas utilizavam-se, portanto, dos produtos disponveis sua volta e inventaram utenslios, tcnicas de explorao e tecnologias de construo para poder utiliz-los em suas edificaes. Seu legado serviu de base para o desenvolvimento dos mtodos industriais modernos. Um dos fatores que mais influenciou a arquitetura ao longo da histria foi o desejo de ostentao: edifcios que fossem o orgulho de um povo, que refletissem o status pessoal ou coletivo, ou palcios para reis e imperadores, construdos como smbolos de seu poder. Em geral, as classes privilegiadas sempre foram mecenas de arquitetos, artistas e artesos, e seus projetos se converteram, algumas vezes, no melhor legado artstico de sua poca.

2- ARQUITETURA NA PR-HISTRIA No se pode falar de uma arquitetura pr-histrica no sentido artstico, apesar de seu carter funcional. At chegar a fundar as primeiras cidades, como Catal Huyuk, na Turquia, no ano de 6500 a.C., o homem passou da intemprie para as cavernas e tendas.

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Catal Huyuk, Turquia, 6500 a.C. Os primeiros Homo Sapiens refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser em aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao p de montanhas ou at no alto delas. Mais tarde eles comeariam a construir abrigos com as peles dos animais que caavam ou com as fibras vegetais das rvores das imediaes, que aprenderam a tecer, ou ento combinando ambos os materiais.

Os primeiros assentamentos estveis tiveram origem no desenvolvimento da agricultura e no armazenamento de alimentos em nforas. Somente no final do neoltico e incio da idade do bronze que surgiram as primeiras construes de pedra, principalmente entre os povos do Mediterrneo e os da costa atlntica. No entanto, como esses monumentos colossais tinham a funo de templo ou de cmaras morturias, no se tratando de moradias, seu advento no melhorou as condies de habitao. Nos primrdios da Histria, egpcios e sumrios j dispunham dos elementos fundamentais de uma arquitetura artstica. Em palcios e templos, os babilnios, hititas e persas levaram a arquitetura a um nvel majestoso. Mas foram os gregos que superaram a arte oriental e egpcia com um gnio criador que at hoje pode ser admirado no Partenon de Atenas e em outros vestgios. Os deuses gregos no estavam separados dos homens. Conviviam com eles e tomavam de emprstimo suas feies. Por esse motivo, os templos eram construdos mais como moradias dos deuses que como lugares de adorao. Esculturas e pequenos modelos de argila, datados de 1.000 anos antes de Cristo e descobertos pelos arquelogos, mostram que os primeiros templos eram semelhantes s cabanas dos gregos.

Evoluo dos estilos arquitetnicos na construo de templos Para erigir seus monumentos, os homens da poca provavelmente comearam por levantar uma coluna, em honra de um deus ou de um acontecimento importante. Esses monumentos prhistricos eram pedras, cravadas verticalmente no solo, s vezes bastante grandes (megalito denominado menir). Pelo peso dessas pedras, algumas de mais de trs toneladas, acredita-se que no poderiam ter sido transportadas sem o conhecimento da alavanca.

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Esttua-menir

Alinhamento de menires

Dlmen em forma de mesa

Estas pedras (os menires) deram origem s colunas. Mais tarde percebeu-se que, usando trs elementos, era possvel construir. Assim nasceu o dlmen, em forma de mesa, ou o trilito (trs pedras), formado por duas colunas que apoiavam uma arquitrave. Uma srie de trilitos fez a colunata.

Coluna Trilito Colunata O dlmen ou galeria coberta, espcie de corredor que facilitava o acesso a uma tumba, foi de grande importncia na histria da arquitetura porque nele se baseava a arte de construo praticada pelos gregos antigos. O princpio das colunas e da arquitrave foi usado para sustentar o arco das portas e janelas, sendo este o caminho para construo das cabanas aos templos mais majestosos. As duas colunas verticais chamavam-se jambas; a coluna sobreposta em arco ou abbada, dintel.

Dlmen de Chan de Arquina

Dlmen de Creu d'en Cobertella

Interior de uma habitao neoltica

Nave de Tudons

Nas primeiras casas, a arquitrave - geralmente de madeira ou pedra - sustentava o dintel da porta de entrada e das pequenas janelas. Para abrigar as esttuas dos deuses, pensou-se num prtico sobressalente, avanado, tanto para acolher a multido de fiis como para engrandecer a morada dos deuses. Esse prtico saliente - pronau - era sustentado por um par de colunas e foi enriquecendo-se aos poucos at tornar-se um elemento decorativo indispensvel.

De duas colunas, a pronau evoluiu para uma srie de colunas, depois duas sries, em plano inferior principal sala do templo - a cela - cuja finalidade era poder suportar um teto maior. Acrescentou-se ento outro prtico na parte posterior do templo, o epistdomo. Por fim, o templo foi inteiramente rodeado por uma colunata, o peristilo. Essa colunata permitia a construo de edifcios maiores, porque, alm das colunas, tambm as paredes internas sustentavam o teto e o beiral saliente resguardava da chuva as paredes de barro. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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Nos prdios mais antigos, a colunata e todas as outras partes eram feitas no de mrmore, mas de fortes troncos de madeira. Para resistir ao tempo, era necessrio usar a pedra. Porm os gregos desejavam conservar os desenhos de seus templos. Por isso, cerca de 650 a.C., aparecem os primeiros templos de pedra esculpida, colocada exatamente como nos velhos edifcios de madeira. Poucos templos chegaram a conservar por alguns sculos as suas colunas de madeira. Em geral, conforme estragavam, elas iam sendo substitudas por outras iguais, porm de pedra. A ordem arquitetnica, expresso usada pelos artistas gregos, designava o conjunto dos elementos que compunham a construo. Segundo as propores e caractersticas decorativas desses elementos, principalmente das colunas, definiam-se ento as diferentes ordens (drica, jnica, corntia e outras ordens).

3- MESOPOTMIA A arquitetura da Mesopotmia empregou nos seus estgios iniciais tijolos de barro cozido, maleveis, mas pouco resistentes, o que explica o alto grau de desgaste das construes encontradas. As obras mais representativas da construo na Mesopotmia - os zigurates ou templos em forma de torre - so da poca dos primeiros povos sumrios e sua forma foi mantida sem alteraes pelos assrios. Na realidade, os zigurates (pirmides com degraus e rampas laterais coroada por um templo), tratavam-se de edificaes superpostas que formavam um tipo de torre de faces escalonadas, dividida em vrias cmaras.

Vista do zigurate de Ur - Mesopotmia

Detalhe da escadaria do zigurate de Ur

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Runas do zigurate de Aquarqui

Detalhes da escadaria da apadana de Perspolis

O zigurate da cidade de Ur um dos que se conservam em melhor estado, graas a Nabucodonosor II, que ordenou sua reconstruo depois que os acdios o destruram. O templo consistia em sete pavimentos e o santurio ficava no terrao. Acredita-se que na reconstruo tentou-se copiar a famosa Torre de Babel, hoje destruda. O acesso ao ltimo pavimento era feito por escadarias interminveis e estreitas que rodeavam os muros. O templo era dedicado ao deus Nannar e esposa do rei Nabucodonosor, Ningal.

Zigurate de Ur Totalmente construdo com tijolos cozidos e palha, o grande zigurate de Ur ainda mantm de p sua magnifcia escalinata. Sua imponente figura em meio plancie da cidade o transforma no centro social e religioso. A arquitetura monumental aquemnida retomou as formas babilnicas e assrias com a monumentalidade egpcia e o dinamismo grego. Os primeiros palcios de Passrgada, de Ciro, o Grande (559 a.C. - 530 a.C.), possuam salas de fileira dupla de colunas acaneladas com capitis em forma de cabea de touro, de influncia jnica. Para centralizar o poder, Dario (522 a.C. - 486 a.C.) transformou Susa e Perspolis respectivamente em capitais administrativa e religiosa. Seus palcios, obras do renascimento oriental, foram as ltimas testemunhas da arquitetura oriental antiga.

Runas do palcio de Dario - Perspolis Arte Persa

Runas da apadana ou sala de audincias Perspolis

O palcio de Dario, em Perspolis, uma mistura de todos os estilos produzidos pela arquitetura antiga. Com isso, os reis aquemnidas pretendiam aparentar uma imagem de universalidade e grandeza. Ao conquistar a capital Persa, Alexandre Magno destruiu seu palcio, mas a influncia dessa cultura antiga chegou a suplantar a helnica em vrias pocas de seu reinado. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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No que se refere s tumbas, os monarcas aquemnidas, que no seguiram a tradio zorostica de expor seus cadveres s aves de rapina, mandavam escavar suntuosos monumentos funerrios nas rochas de montanhas sagradas. Uma das tumbas mais conhecidas a de Dario I, na encosta do monte Husseim-Kuh. Sua fachada imita o portal de um palcio e coroada com o disco do deus Ahura Mazda. Este foi o modelo seguido posteriormente nas necrpolis.

Fachada da tumba de Ataxerxes II - arte Persa

Tumba de Ciro II - Parsgada

As esplndidas tumbas dos reis aquemnidas no deserto ainda hoje despertam a admirao de todo mundo. Entalhadas na rocha, combinam tambm elementos arquitetnicos das diversas culturas do mundo antigo.

4- EGITO 2900 A 700 A . C . Pouco sobreviveu das habitaes do antigo Egito ao passar do tempo. Do imprio antigo s restaram os tmulos com funes de culto. A morte era tida como passagem para uma outra forma de vida que, no entanto, s seria possvel se o corpo permanecesse intacto. Muitas vezes eram copiados, com maior ou menor exatido, palcios, casas ou at jardins que tivessem sido habitados pelo morto. Foi assim que, por volta de 2780-2680 A.C. foi construda uma cpia do palcio faranico de Menfis, para o tmulo de Zozer, em Sacar. No entanto, sobre esta mastaba, foram amontoadas cinco outras, sucessivamente menores, at ter sido atingida a altura de cerca de 60 metros. Esta construo tem um simbolismo religioso : a pirmide de degraus representando uma escada pela qual o fara morto ascende ao cu. No decurso do 3. milnio A . C. , os faras comearam a serem vistos como filhos de R, o deus do sol, e o culto do sol tornou-se religio oficial. As pirmides agora com uma base quadrada e paredes exteriores lisas tornaram-se setas luminosas, revestidas com uma camada de calcrio brilhante e um vrtice dourado (nenhum sobreviveu ao passar do tempo) : smbolos do feixe de raios no qual, segundo a crena, o fara se elevaria at R. PIRMIDES DE GUIS : edificao em escada que representava aos olhos de todos a hierarquizao da sociedade e a garantia indestrutvel da legitimidade eterna da cultura egpcia. No incio do Imprio antigo, as coberturas dos templos eram apoiadas em colunas simples, sem base e sem capitel. No perodo das pirmides, na segunda metade do 3. milnio A . C . , comearam a utilizar-se colunas inspiradas em flores de ltus, de papiro e em palmeiras. Estas formas no tinham motivos construtivos mas sim de ordem religiosa. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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No imprio novo (de 1570 A . C . a 715 A . C .), tornou-se preponderantes os templos com disposio axial. Os templos dedicados ao deus Amon, Luxor e Karnak, no vale do Nilo, nos do a impresso de que a viso religiosa e filosfica dos arquitetos e projetistas foi marcada pelo rio e pela natureza envolvente. O papel do imprio novo, no desenvolvimento da humanidade chegou ao fim no ano de 332 A . C . , com a conquista de Alexandre, o grande

Templo de Luxor O templo de Luxor, ao lado do templo de Karnak, foi um dos maiores monumentos da cidade de Tebas, no Egito Antigo. Sua construo foi levada a efeito sob o reinado de Amenhotep III, e dedicado trade de Tebas. Embora colossal em tamanho - cerca de 275 m de comprimento -, apresenta ao mesmo tempo linhas simples, geomtricas. Colunas, muros e arquitraves eram cobertos por motivos inspirados nas vitrias do fara, em cores vivas. frente do templo havia esttuas colossais e dois obeliscos que esto hoje na Praa da Concrdia, em Paris. A arquitetura egpcia aliava imponncia e simplicidade. Todas as suas formas se originavam da casa residencial. Esta tinha plano retangular e dispunha-se em torno de troncos de palmeiras ou de outras rvores. Mesmo depois que os egpcios adotaram outros materiais - como a pedra -, subsistiram na decorao os temas vegetais: ltus, palma, papiros. Com a expanso do poder do clero, o templo passou a ser a forma arquitetnica dominante; neles, fileiras de esfinges ladeavam a estrada sagrada. As colunas eram coloridas, ostentando motivos da natureza vegetal. O capitel, pefeitamente geomtrico, tinha os ornatos na base e no alto da coluna estilizando a flor de ltus (uma das caractersticas mais marcantes da arquitetura e decorao egpcias). Os mveis, de formas rgidas, eram ricamente ornados de uma decorao de cores vivas - seguindo o mesmo estilo da arquitetura. Flores de ltus e papiro, brotos, grinaldas e animais aparecem nas decoraes dos mveis.

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APOSTILA DE ESTUDOS: HISTRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I 2008.1 CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAG As cores eram sempre vivas e as linhas muito simples, geomtricas, como na arquitetura e mesmo nas vestimentas. Note que tambm a taa tem forma de flor de ltus. A escultura servia ento arquitetura completando-a, geralmente em forma de baixos-relevos que - de pedra ou bronze - representavam tanto as cenas dirias quanto as vitrias dos faras, ou ainda paisagens simplificadas. Nunca h perspectiva: nas figuras, olhos e ombros aparecem de frente, embora o resto do corpo de perfil;

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O fara sempre muito mais alto que o sacerdote ou militar, o corteso, o servo, o inimigo derrotado. Mas menor do que o deus que personificava na terra, segundo os egpcios.

A pintura complementava a escultura ou decorava as grandes superfcies dos edifcios. No se utilizavam gradao, mistura de tonalidades, nem claro-escuro. As cores mais comuns eram cinza e azul, alm do preto. No teto azul dos templos, as estrelas esto representadas por pequenos pontos luminosos. As pirmnides so sem dvidas o paradigma da arquitetura egpcia. Suas tcnicas de construo continuam sendo objeto de estudo para engenheiros e historiadores. A pirmide foi criada durante a dinastia III, pelo arquiteto Imhotep, e essa magnfica obra lhe valeu a divinizao. No incio as tumbas egpcias tinham a forma de pequenas caixas; eram feitas de barro, recebendo o nome de mastabas (banco). Foi desse arquiteto a idia de superpor as mastabas, dando-lhes a forma de pirmide. Mastabas portanto, eram edificaes que se sobressaiam da terra, nas tumbas egpcias, e eram formadas por um mdulo compacto de pedras ou tijolos, tendo as paredes inclinadas e de forma retangular.

Pirmide escalonada de Djeser A pirmide escalonada de Djeser, idealizada pelo arquiteto e mdico Imhotep, a primeira estrutura desse tipo. Construda com pedra em vez de adobe, veio a ser a novidade que deixou para trs a tradicional mastaba, muito mais simples na forma. Tambm se deve a Imhotep a substituio do barro pela pedra, o que sem dvida era mais apropriado, tendo em vista a conservao do corpo do morto. As primeiras pirmides foram as do rei Djeser, e elas eram escalonadas. As pirmides mais clebres do mundo pertencem dinastia IV e se encontram em Giz: Quops, Qufren e Miquerinos, cujas

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faces so completamente lisas. A regularidade de certas pirmides deve-se aparentemente utilizao de um nmero ureo, que muito poucos arquitetos conheciam.

Pirmides de Quops, Qufrem e Miquerinos Outro tipo de construo foram os hipogeus, templos escavados nas rochas, dedicados a vrias divindades ou a uma em particular. Normalmente eram divididos em duas ou trs cmaras: a primeira para os profanos; a segunda para o fara e os nobres; e a terceira para o sumo sacerdote. A entrada a esses templos era protegida por galerias de esttuas de grande porte e esfinges.

Entrada do templo de Abu Simbel

5- ARQUITETURA GREGA

Em estreita ligao com o Egito, e do outro lado do Mediterrneo desenvolveu-se por volta de 2000 A . C . a cultura cretense, e o que resta so os palcios de Cnossos e Fastos. Nenhuma obra da antiguidade se encontra completa e no seu estado original. Isto tambm vlido para a cultura micnica, que se desenvolveu no continente grego por volta de 1600 A . C., e cujas construes mais importantes foram as fortalezas de Micenas e Tirinto. A partir de 1200 A . C . os drios conquistaram o Peloponeso, absorvendo elementos cretenses e micnicos Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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Esta situao ficou evidente por volta de 800 A . C . comeou-se a formar uma identidade nacional que abarcava toda a Grcia, com mitos, cultos e jogos comuns as Olimpadas bem como uma arquitetura homognea. O templo era o gnero de construo mais importante, alm dos teatros que tambm eram locais de celebrao de cerimnias. Os gregos foram os primeiros artistas realistas da histria, ou seja, os primeiros a se preocuparem em representar a natureza tal qual ela . Para fazerem isso, foi fundamental o estudo das propores, em cuja base se encontra a consagrada mxima segundo a qual o homem a medida de todas as coisas. Pode-se distinguir quatro grandes perodos na evoluo da arte grega: o geomtrico (sculos IX e VII a.C.), o arcaico (VII e VI a.C.), o clssico (V e IV a.C.) e o helenstico (do sculo III ao I a.C.) No chamado perodo geomtrico, a arte se restringiu decorao de variados utenslios e nforas. Esses objetos eram pintados com motivos circulares e semicirculares, dispostos simetricamente. A tcnica aplicada nesse trabalho foi herdada das culturas cretense e micnica. Passado muito tempo, a partir do sculo VII a.C., durante o denominado perodo arcaico, a arquitetura e a escultura experimentaram um notvel desenvolvimento graas influncia dessas e outras culturas mediterrneas. Tambm pesaram o estudo e a medio do antigo megaron micnico, sala central dos palcios de Micenas a partir da qual concretizaram os estilos arquitetnicos do que seria o tradicional templo grego.

Entre os sculos V e IV a.C., a arte grega consolida suas formas definitivas. Na escultura, somou-se ao naturalismo e proporo das figuras o conceito de dinamismo refletido nas esttuas de atletas como o Discbolo de Miron e o Dorforo de Policleto. Na arquitetura, em contrapartida, o aperfeioamento da tica (perspectiva) e a fuso equilibrada do estilo jnico e drico trouxe como resultado o Partenon de Atenas, modelo clssico por excelncia da arquitetura dessa poca.

GRCIA CLSSICA E HELENISMO 800 A 30 A . C . No sculo III, durante o perodo helenstico, a cultura grega se difunde, principalmente graas s conquistas e expanso de Alexandre Magno, por toda a bacia do Mediterrneo e sia Menor. No Egito, como em outras culturas desenvolvidas da altura, a arte da construo era um conhecimento secreto. O estilo grego usa regras matemticas inteligveis, e o acesso a este conhecimento era praticamente livre. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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A forma de organizao da cidade-estado, a polis correspondia a esta idia. A defesa da cidade e as boas relaes com a divindade que a protegia eram de responsabilidade de cada indivduo. Num mundo voltado para a emancipao do Homem, as propores das moradas das divindades no tiveram dimenses abstratas, mas valores adquiridos pela experincia do corpo humano. S aos deuses era permitido viver acima da povoao dos homens na "acrpolis" (cabea da cidade). No templo de Apolo e Basse, as colunas passaram a ter uma funo meramente decorativa. A decorao veio a sobrepor-se ao realce dos elementos construtivos. Neste templo existe a mais antiga coluna corntia que se conhece : o capitel com todos os seus lados decorados com folhas de acanto. A ordem jnica, surgida na sia Menor e no Egeu, imps-se cada vez mais em toda a Grcia. O templo de Artemisa em feso, um dos mais importantes templos jnicos, possua um peristilo duplo com 96 colunas e um trio profundo, com uma floresta de colunas quase egpcia.

ORDEM DRICA No resta dvida de que o templo foi um dos legados mais importantes da arte grega ao Ocidente, devendo suas origens ser procuradas no megaron micnico - aposento, de morfologia bastante simples, apesar de ser a acomodao principal do governante - que nada mais era do que uma sala retangular, qual se tinha acesso atravs de um pequeno prtico (pronaos), e quatro colunas que sustentavam um teto parecido com o atual telhado de duas guas.

No princpio, esse foi o esquema que marcou os cnones da edificao grega e foi a partir do aperfeioamento dessa forma bsica que se configurou o templo grego tal como o conhecemos hoje, sendo pelo tipo de coluna que se conhece essa arquitetura, nascida h 2.500 anos, e que continua a fascinar os estudiosos e a atrair turistas s colunas de Atenas.

Os templos dricos eram em geral baixos e macios. As grossas colunas que lhes davam sustentao no dispunham de base, e o fuste tinha forma acanelada. O capitel, em geral muito simples, terminava numa moldura convexa chamada de equino. As colunas davam suporte a um entablamento (sistema de cornijas) formado por uma arquitrave (parte inferior) e um friso de trglifos (decorao acanelada) entremeado de mtopas. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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O Partenon, clebre templo da ordem drica e o maior da Acrpole de Atenas, foi construdo no sculo V a.C. (entre os anos 447 e 438 a.C.) e dedicado a Atenea Parthenos, uma das deusas mais importantes de mitologia grega. Na mitologia romana, chegou a ser identificada com a deusa Minerva, tambm conhecida como Palas Atenia. O templo foi projetado pelos arquitetos Ictinos de Mileto e Calcrates, embora sua concepo esteja de certa forma relacionada a figura do escultor Fdias. A maravilhosa proporo de suas partes deve-se a uma regra precisa: tomar o raio mdio da coluna redonda como medida-padro (mdulo) para a construo inteira. Assim, suas colunas tm altura equivalente a 11 mdulos e o entablamento mede um tero da altura (aproximadamente 4 mdulos). No duplo peristilo do Partenon, h 8 colunas na frente e 16 colunas em cada lado.Havia no interior do templo de Partenon uma esttua da deusa Atena, feita inteiramente de ouro e marfim, muito mais alta que um homem, mas que nada restou, alm de modelos em argila que seus devotos guardavam, ou das descries que deixaram os viajantes.

Os primitivos templos gregos eram considerados morada dos deuses. Num aposento especial, voltado para leste, ficava a esttua da divindade. Havia um prtico, que os gregos chamavam prnaos, e uma sala grande, chamada, por sua vez, nos. Alguns templos maiores eram rodeados por colunas. A nos, nesses templos, tinha tambm duas fileiras de colunas internas para auxiliar a sustentao do teto. No comeo, os materiais utilizados eram o adobe - para as paredes - e a madeira - para as colunas. Depois, a partir do sculo VII a.C. (perodo arcaico), eles foram caindo em desuso, sendo substitudos pela pedra e pelo mrmore. Essa inovao permitiu que fosse acrescentada uma nova fileira de colunas na parte externa (peristilo) da edificao, fazendo com que o templo obtivesse um ganho no que toca monumentalidade. Surgiram ento os primeiros estilos arquitetnicos. Inicialmente, duas ordens (ou estilos) arquitetnicos predominavam: a drica (ao sul, nas costas do Peloponeso) e a jnica (a leste). Depois, bem mais tarde, apareceu mais uma, a ordem corntia. A ordem drica foi a primeira e a mais simples das ordens arquitetnicas, sendo uma verso em pedra das peas de madeira. O estilo drico vem em primeiro lugar por uma razo muito simples: o drico foi um dos primeiros povos que dominaram a Grcia. Nessa ordem, a parte principal da coluna, ou fuste, repousa diretamente sobre o embasamento; o acabamento no alto da coluna, ou capitel, extremamente simples; a parte que assenta sobre os capitis, ou arquitrave, larga, macia, sem rebuscamentos.

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No estilo drico, as colunas tm sulcos de cima a baixo (caneluras), porque essa a maneira mais fcil de se adornar um tronco de madeira. No topo, uma pea redonda (equino), para impedir a penetrao de gua das chuvas. Sobre o equino, uma pea plana (baco), para distribuir por igual o peso da arquitrave e, sobre esta, apoiadas, as pontas da vigas de madeira do teto, esculpidas com trs sulcos (triglifo) e com peas decoradas ou simples para preencher os vo (mtopas). Finalmente, o beiral do teto (cornija), decorado com peas de cermica ao longo das extremidades (acrotrio). O equino junto com o baco recebe o nome de capitel; os triglifos e mtopas formam o friso; o friso e a cornija combinados constituem o entablamento.

As ordens arquitetnicas gregas dividem-se em trs partes principais: o entablamento, a coluna e o embasamento Os mais importantes templos da antiga Grcia foram os da ordem drica. Esses templos eram em geral baixos e macios. As grossas colunas que lhes davam sustentao no dispunham de base, e o fuste tinha forma acanelada. O capitel, muito simples, terminava numa moldura convexa a um entablamento (sistema de cornijas) formado por uma arquitrave (parte inferior) e um friso de trglifos (decorao acanelada) entremeados por mtopas.

J no sculo V a.C. os gregos antecipavam uma prtica que os romanos adotariam muito mais tarde onde as vrias partes de uma ordem podiam ser usadas para construir templos de forma diferente da retangular, tradicional at ento. Chegaram a fazer um templo circular chamado Tholos, na cidade de Delphos.

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Os primeiros templos provavelmente tinham tetos de palha (sap). Depois, os tetos passaram a ter a pea triangular achatada (pedimento) e puderam ser utilizadas telhas de cermica. O pedimento, ao lado do peristilo, uma das caractersticas mais conhecidas do templo grego. Na arquitetura grega, nada era arbitrrio ou puramente decorativo e, em virtude do sistema padro de medida, at os detalhes que normalmente tm dimenses fixa, como portas e janelas, variavam de proporo em harmonia com o conjunto. Foi no Partenon que essa harmonia atingiu seu mais alto grau, tornando-o uma das maiores obras de arte de todos os tempos. Os templos de Poseidon (Netuno) e de Hera, em Paestum, na Itlia, e os templos de Selinunte, na Siclia, alm do Partenon, representam os monumentos melhor conservados da ordem drica, e datam do sculo V a.C.. A sua mais notvel caracterstica a curvatura das linhas, que do aparncia de retas, mas na realidade apresentam uma pequena curvatura, para eliminar a impresso de divergncia das numerosas colunas. No templo de Asso a diminuio progressiva do dimetro das colunas lhes d quase a forma de um fuso, sendo uma das primeiras incluses, num templo drico, de um friso da ordem jnica.

Detalhe do canto do Partenon

Detalhe do Partenon

Monstros alados como decorao

Por quase quatro sculos - do sculo VI ao III a.C. - a ordem drica predominou na Grcia, sia Menor, Siclia e Itlia meridional, criando belos monumentos. Depois de atingir seu pice, no Partenon de Atenas, mais ou menos no terceiro sculo a ordem drica comeou a ser abandonada. Para suced-la, aparecia outra maravilha da arte grega: a ordem jnica, com caractersticas diferentes: colunas mais delgadas e mais graciosas, com ligeiro estriado, base tripla e um capitel em voluta. Apesar de sua base drica, o Partenon reflete algo da sutileza da influncia jnica.

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APOSTILA DE ESTUDOS: HISTRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I 2008.1 CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAG ORDEM JNICA

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A ordem jnica tem antecedentes na arquitetura dos assrios, hititas e de outros povos da sia Menor. Espalhou-se no sculo V a.C. por muitas cidades-estado e pelas colnias gregas na Siclia. Em Atenas, foi resultar num estilo caracterstico, o tico-jnico. No mundo grego, os estilos eram identificados de acordo com as ordens arquitetnicas que regulamentavam toda a obra dos artistas. A ordem drica expressa por uma coluna simples, com caneluras profundas, sem base e encimada por um capitel. A jnica mais fina e graciosa, tem coluna canelada e capitel com volutas. A ordem corntia, por sua vez, tem coluna bem canelada e capitel profusamente decorado com folhagens, o que o faz bastante diferente dos outros.

Ali, mas uma vez vemos como o vesturio se relaciona com as linhas da arquitetura. O peplo drico ( esquerda), como a coluna do mesmo estilo, sbrio - severo at. O quito jnico ( direita), ao contrrio, apresenta-se bem mais leve e esguio seguindo o estilo da coluna que caracteriza a respectiva ordem arquitetnica

Ao contrrio da coluna drica, a jnica no assenta diretamente sobre patamares, mas tem uma base - plinto - que assume diversas formas. A vantagem do plinto que todo o conjunto ganha maior leveza. O fuste, por sua vez, afina um pouquinho em direo ao capitel. A coluna elegante no s porque mais alta em relao ao dimetro (corresponde a at 9 vezes o dimetro, enquanto a drica no passa de 5 vezes e meia) mas tambm pelo fato de possuir maior nmero de caneluras - frisos verticais da coluna - de 24 a 44 (na drica so de 16 a 20). Alm disso, as caneluras jnicas no terminam em arestas vivas, mas so biseladas, ou seja, entre uma e outra h um pequeno risco, ajudando a coluna a parecer mais esquia. O capitel ornado com desenhos em espiral chamados volutas; entre o capitel e a coluna, feito uma gola trabalhada, h outro tipo de enfeite ovalado, o gorjal. Tambm a arquitrave distingue bem as duas ordens: na coluna drica, a forma desse elemento correspondia s antigas traves de madeira; na jnica, a arquitrave adquire formas muito mais rebuscadas, apresentando trs faixas horizontais. A maior delas - a ltima - ornada por uma fileira de prolas; o friso que se segue , por sua vez, enfeitado por uma srie contnua de baixos-relevos. Finalmente, o entablamento - coroao do edifcio - equivalente a menos de 1/4 da altura da coluna torna a construo mais leve.

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O que o drico tem de sbrio, o jnico tem de gracioso. O capitel jnico parecido com o tipo de penteado feminino ento em moda na poca, existindo tambm certa semelhana entre a linha da coluna jnica e um traje de mulher, o quinto. A construo jnica, de dimenses maiores, se apoiava numa fileira dupla de colunas, um pouco mais estilizadas, e apresentava igualmente um fuste acanelado e uma base slida. O capitel culminava em duas colunas graciosas, e os frisos eram decorados em altos-relevos.

O Erecteion de Atenas, talvez o mais belo dos templos jnicos, levantando em honra de um lendrio heri ateniense chamado Erecteu, terminou sua construo em 406 a.C., estando localizado sobre a Acrpole da cidade.

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No interior do templo, guardavam-se os mais sagrados objetos de arte. Na parte sul da construo h um prtico, o das kor ou caritides (donzelas, em grego), sustentado, no por colunas, mas por seis esttuas de moas com cestas cabea.

O templo de Atenia, "Nike Aptera", foi construdo em 429 a.C. em homenagem a Atenia vitoriosa. Dentro do templo de Atenia, os atenienses colocaram a esttua da vitria alada, mas, por via das dvidas, cortaram-lhe as asas, para que no sasse voando do templo. O templo foi erigido na Acrpole, permaneceu em bom estado at o sculo XVIII, quando os turcos otomanos - que haviam conquistado a Grcia - aproveitaram o local para armazenar plvora, usando pedras do edifcio para guarnecer o depsito.

ORDEM CORNTIA Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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No perodo clssico (sculos V e IV a.C.), a arquitetura grega atingiu seu ponto mximo. Aos dois estilos j conhecidos (drico e jnico) veio se somar um outro, o corntio, que se caracterizava por um capitel tpico cuja extremidade era decorada por folhas de acanto.

A ordem corntia apareceu no sculo IV a.C. e se caracterizou sobretudo pela forma do capitel. H uma lenda que explica a origem desse estilo. Diz a lenda que certa vez, uma bela jovem corntia fora enterrada em campo aberto; sua ama colocara sobre o tmulo um cesto coberto de telhas, contendo objetos que a jovem mais queria. Na primavera seguinte, brotaram no lugar alguns ps de acanto. Encontrando os obstculos das telhas, as folhas dobraram-se, formando volutas incompletas. Inspirado nesse motivo - continua a lenda -, um arquiteto grego chamado Calmaco teria criado a nova ordem. Na verdade, porm, o estilo conrntio parece ter sido importado do Egito, onde j existiam templos cujos capitis eram decorados com motivos florais.

Embora o perodo ureo da arte grega tenha terminado por volta de 400 a.C., a ordem corntia s se afirmou uns 200 anos depois, quando a Grcia j havia perdido muito de sua fora e importncia. Tirando a forma do capitel, os demais elementos da ordem corntia so muito parecidos com os da jnica, como, por exemplo, o fuste estriado, a coluna assentada numa base e a arquitrave dividida em trs partes. A coluna um pouco mais esguia: sua altura igual a at 11 vezes o dimetro. A ordem corntia, por sua prpria natureza, exigia dos escultores muita habilidade para ornamentarem os capitis com duas ou trs carreiras de folhas e volutas, estas ltimas se enrolando acima das folhas.

O templo de Olympeion de Atenas comeou a ser construdo em 170 a.C, e s terminou muito tempo depois. Dedicado a Zeus Olmpico, foi o maior edifcio corntio, restando apenas runas do templo. Esse estilo seria mais tarde retomado e modificado pelos romanos, que procuravam o luxo e a ostentao.

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6- ARQUITETURA ROMANA Gregos na pennsula itlica mudam sua arquitetura. Passam a ter tendncia para a axialidade e para o gigantismo. O desenvolvimento da arte romana comeou a partir do sculo II a.C., poca em que Roma j dominava a totalidade do Mediterrneo e avanava com passos firmes sobre o norte da Europa e a sia. Duas importantes culturas convergiram no perodo: a etrusca e a grega. A primeira, presente desde o incio, no sculo VIII a.C., se caracterizava por um acentuado orientalismo, fruto do estreito contato comercial que os etruscos mantinham com outros povos da bacia do Mediterrneo. Quanto a influncia grega, o processo de helenizao dos romanos tornou-se intensivo a partir do sculo IV a.C. e se traduziu em todos os mbitos da cultura: a escultura, a arquitetura, a literatura e, inclusive, a religio e a lngua. Discute-se muito se existe ou no um estilo romano. A dvida provm do fato de que os romanos no criaram um estilo prprio; na verdade, a arquitetura da Roma Antiga formada por um conjunto de elementos gregos e etruscos. O plano do templo herdado dos etruscos. Quanto ornamentao, grega, sendo corntia a ordem preferida. Ou se mandavam trazer da Grcia esculturas, colunas e objetos de todo tipo, ou se fazia cpias dos originais nas oficinas da cidade. O esprito romano, mais prtico e menos lrico, no demorou muito a oferecer sua prpria verso do estilo. Da fuso dessas tendncias que se formou o chamado "estilo romano". Embora no haja dvida de que as obras arquitetnicas romanas tenham resultado da aplicao das propores gregas arquitetura de abbadas dos etruscos, tambm certo que lhes falta um carter totalmente prprio, um selo que as distinga. Para comear, a partir do sculo II a.C., os arquitetos da antiga Roma dispunham de dois novos materiais de construo. Um deles, o opus cementicium - uma espcie de concreto armado -, era material praticamente indestrutvel. Do outro lado estava o opus latericium, o ladrilho, que permitia uma grande versatilidade. Combinado com o primeiro material, ele oferecia a possibilidade de se construrem abbadas de enormes dimenses e, apesar disso, muito leves. Desde a instaurao do imprio, no sculo I a.C., a arte foi utilizada em Roma como demonstrao de grandeza. No apenas mudou totalmente a imagem da capital como tambm a do resto das cidades do imprio. Palcios, casas de veraneio, arcos de triunfo, colunas com estelas comemorativas, alamedas, aquedutos, esttuas, templos, termas e teatros foram erguidos ao longo e ao largo dos vastos e variados domnios do imprio romano.

Arco do triunfo Orange, Frana

Arcadas do peristilo do palcio de Diocleciano Split, Iugoslvia

Aqueduto Pont-du-Gard, Frana

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Os romanos tambm modificaram a linguagem arquitetnica que haviam recebido dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (drico, jnico e corntio) duas novas formas de construo: os estilos toscano e composto. Augusto funde as arquiteturas grega e etrusca e d forma arquitetura romana, que dura 400 anos. Dos etruscos - estradas, pontes, tneis, abobados, tijolos Dos gregos - posio de simples decorao A evoluo da arquitetura romana reflete-se fundamentalmente em dois mbitos principais: o das obras pblicas e o das particulares. No mbito das obras pblicas, as obras (templos, baslicas, anfiteatros, arcos de triunfo, colunas comemorativas, termas e edifcios administrativos) apresentavam dimenses monumentais e quase sempre formavam um conglomerado desordenado em torno do frum - ou praa pblica - das cidades.

Mercados e armazns do Forum de Trajano -Roma

Baslica de Constantino - Frum Romano

Foro de Trajano Roma

Anfiteatro de Nimes - Frana

As obras particulares, como os palcios urbanos e as vilas de veraneio da classe patrcia, se desenvolveram em regies privilegiadas das cidades e em seus arredores, com uma decorao faustosa e distribudas em torno de um jardim.

A plebe vivia em construes de insalubres, muito parecidos com nossos atuais edifcios, com portas que davam acesso a sacadas e terraos, mas sem divises de ambientes nesses recintos. Seus caractersticos tetos de telha de barro cozido ainda subsistem em pleno sculo XX. A engenharia civil romana merece um pargrafo parte. Alm de construir caminhos que ligavam todo o imprio, os romanos edificaram aquedutos que levavam gua limpa at as cidades e tambm desenvolveram complexos sistemas de esgoto para dar vazo gua servida e aos dejetos das casas.

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APOSTILA DE ESTUDOS: HISTRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I 2008.1 CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAG Caractersticas capitu corntio (helenismo) - transforma-se em compsito entablamentos contracurvados no urbanismo - frum - eixos NS e LO - construo de teatros, termas, estdios nas vilas - jardins, terraos, colunatas arquitetura expresso de poder e domnio o poder mandava erigir, pelo exrcito, edifcios pblicos com funes civis.

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Em Roma -

A expresso dinmica dos arcos combina com o dinamismo dos romanos. Abbadas e cpulas liberam espaos, sem colunas intermedirias. Uso do concreto, axialidade, suntuosidade e grandes dimenses caracterizam a arte construtiva romana.

O conceito de grande urbe que tinham os romanos definitivamente era muito semelhante ao que existe em nossos dias. PANTEON - edifcio dedicado a todos os deuses, com dimetro e altura iguais = 43,30 m. Paredes em alvenaria de tijolos revestidos com mrmore.

7- BRBARA E/OU PALEOCRIST 300 - 640 Dioclesiano divide o imprio entre 4 soberanos. A disputa pelo poder continua e Constantino vence, em 312. Estratgia de Constantino: reconciliao com o cristianismo, que oferece a fora mstica para o imprio. Igreja crist abandona o verdadeiro pacifismo e d ao imprio os soldados e por isto elevada religio do estado, em 391, por Teodcio. Igreja necessita de edificaes, pois os cristos precisam reunir-se para os cultos : - os mausolus so modelos para os santurios - as termas para os batistrios

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a baslica, para as igrejas. Na transformao, a baslica recebe nave transversal o que, no romnico, transforma-se na planta em cruz. Onde antes ficava a tribuna do imperador, agora o altar, a mesa do senhor.

Depois da queda do imprio romano, mongis, vndalos, alanos, francos, germnicos e suecos, entre outros povos conhecidos genericamente como brbaros, avanaram definitivamente sobre a Europa. Estava em curso o sculo V. Esses grupos, essencialmente nmades, no demoraram a assimilar a cultura e a religio (cristianismo) dos povos conquistados, ao mesmo tempo em que lhes transmitiam seus prprios traos culturais, o que deu origem a uma arte completamente diferente, que assentaria as bases para a arte europia dos sculos VIII e IX. O fato de no possurem um hbitat fixo influenciou grandemente os costumes e expresses artsticas dos brbaros. Era notvel sua destreza na fabricao de objetos facilmente transportveis, fossem eles de luxo ou utilitrios. Todos esses povos tiveram uma origem comum na civilizao celta, que desde o sculo V a.C. at a dominao romana se estabeleceu na Europa de norte a sul e de leste a oeste. Uma vez dominados, boa parte da populao foi assimilada pelo imprio romano e outra fugiu para o norte. Somente quando o imprio romano comeou a ruir foi que conseguiram penetrar em suas fronteiras e estabelecer numerosos reinos, dos quais se originaram, em parte, as nacionalidades europias. Toda vez que um povo culturalmente bem desenvolvido conquistava um outro que lhe era superior nesse campo, o vencedor assimilava a arte e a lngua do vencido. Os brbaros no foram excees. Quase completamente desprovidos de arquitetura, logo se apropriaram das formas da antiguidade tardia e de Bizncio, s quais acrescentaram alguns elementos prprios. Nas Glias (Frana), os francos adotaram em suas construes as salas retangulares de trs naves e abside semicircular, com silharia de madeira para as igrejas e cpula para os batistrios. Algumas plantas enriqueceram a distribuio espacial com o acrscimo de uma galeria. Os ostrogodos, na Itlia, levantaram edifcios mais representativos e ricamente decorados com mosaicos, nos quais combinaram as formas bizantinas com as romanas. Na Espanha, procedeu-se a recuperao de edifcios romanos nos centros de cada cidade, aos quais se juntava uma igreja crist, geralmente de planta em forma de cruz latina, com naves de alturas diferentes e decoradas com relevos e frisos. Os celtas e vikings resistiram mais s formas mediterrneas. No entanto, graas presena dos numerosos mosteiros, a arquitetura e as artes acabaram sendo favorecidas. Misturando pedra com madeira, construram igrejas com telhados de pedra de duas guas, ladeados por torres cilndricas, tambm de pedra, que lembram seus monumentos funerrios. Com respeito arquitetura profana, os brbaros do norte preferiram continuar construindo suas fortalezas de madeira e barro, circundadas por paredes circulares e fosso.

Monkwearmouth - Arte anglosaxnica, Inglaterra

Igreja de So Julio dos Prados Arte asturiana, Oviedo

Igreja de So Miguel de Lillo Arte asturiana, Oviedo

Igreja de Saint Kevin

Igreja de Saint Mary em Castro Igreja de So Joo dos Banhos de

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Arte irlandesa, Glendaloughs Arte irlandesa - Dover, Inglaterra Cerrato - Arte visigtica, Palencia Em Astria surgiu um importante foco artstico, paralelamente invaso rabe. L, fundiram-se tendncias da cultura dos visigodos e dos romanos, abrindo espao para um estilo que se aproximaria muito da arte romnica e que contaria com alguns dos elementos mais ocidentais (Igreja de So Julio dos Prados). Os irlandeses, por sua vez, embora totalmente cristianizados, eram contrrios romanizao. Assim, mantiveram-se fiis a um estilo que misturava elementos nrdicos com a esttica megaltica celta. No entanto, a maior parte da populao vivia na zona rural, morando em choas e cabanas que tinham origem nas aldeias celta anteriores aos romanos. Procuravam sempre a proximidade da gua, chegando algumas vezes at a construir as casas em cima dela, erguidas sobre pilots (as palafitas).

8- ARQUITETURA BIZANTINA Havia Bizncio, antiga colnia grega margem do estreito de Bsforo, e havia um romano que decidiu fazer dela capital do seu imprio, com um nome derivado do seu nome. O imperador romano era Constantino, sucessor de Diocleciano no trono. E Bizncio virou Constantinopla no ano de 330. Durante o governo de Teodsio ocorreu a diviso do imprio (395) em duas partes: Imprio do Ocidente, com sede em Roma, e Imprio do Oriente, com Constantinopla como capital. A parte ocidental, invadida e dominada pelos germanos, foi se desagregando pouco a pouco, medida que os grandes proprietrios e chefes locais se substituam no Poder. No Imprio Romano do Oriente floresceu a partir do sculo V a civilizao bizantina, de elementos gregos e romanos. O cristianismo, perseguido por Diocleciano (284 a 305), elevado igualdade com os cultos pagos no reino de Constantino (306 e 337) e proclamado religio oficial com Teodsio (394 a 395), dominaria em quase todas as suas realizaes. Depois da ciso do cristianismo, que durou do sculo V ao sculo XI, a antiga Bizncio tornou-se o centro principal da Igreja Ortodoxa. Invases brbaras e a diviso do imprio fazem com que a Itlia perca importncia. Constantinopla (antiga Bizncio) a metrpole do imprio romano do oriente. O modelo de templos de plantas circulares, especialmente o Panteon, foi no oriente continuado e melhorado. Construes mais importantes : 1. So Vital em Ravena - influncia bizantina na Itlia. Esta igreja serviu de modelo Capela Palatina, de Carlos Magno 2. Santa Sofia, em Constantinopla : - igreja da sabedoria divina, onde Justiniano exclamou : "Salomo, ultrapassei-te" - nesta igreja, procura-se que a atmosfera e a luz criem condies para se chegar ao conhecimento de Deus de uma forma mstica. As caractersticas arquitetnicas tornam a religio uma vivncia simblica.

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Na arquitetura bizantina, as construes revelam leveza e elegncia, ao invs e volume e peso, como na antiga Roma. As cpulas de Constantinopla, "segunda Roma", simbolizam o cosmos criaram, com o edifcio de planta centrada, o modelo arquitetnico que ainda hoje parcialmente obrigatrio nas igrejas crists do oriente.

Igreja de Alexandre Nvski (Sofia) - estrutura bizantina tpica Tendo seu centro de difuso em Bizncio, mais exatamente na cidade de Constantinopla, a arte bizantina se desenvolveu a partir do sculo IV como produto da confluncia das culturas da sia Menor e da Sria, com elementos alexandrinos. As bases do imprio eram trs: a poltica, a economia e a religio e, para manter a unidade entre os diversos povos que conviviam em Bizncio, Constantino oficializou o cristianismo, tendo o cuidado de enfatizar nele aspectos como rituais e imagens dos demais grupos religiosos. Uma vez estabelecido na Nova Roma (Constantinopla), Constantino comeou a renovao arquitetnica da cidade, erigindo teatros, termas, palcios e sobretudo igrejas, j que se fazia necessrio, uma vez oficializado o cristianismo, imprimir seu carter pblico definitivo em edifcios abertos ao culto. As primeiras igrejas seguiram o modelo das salas da baslica (casa real) grega: uma galeria ou nrtex, s vezes ladeada por torres, dava acesso nave principal, separada por fileiras de colunas de uma ou duas naves laterais. A arte bizantina era uma arte crist, de carter eminentemente cerimonial e decorativo, em que a harmonia das formas - fundamental na arte grega - foi substituda pela imponncia e riqueza dos materiais e dos detalhes. Desconhecia perspectiva, volume ou profundidade do espao e empregava em profuso as superfcies planas, onde sobressaam melhor os ornamentos luxuosos e complicados que acompanhavam as figuras. A religio ortodoxa, alm de inspiradora, funcionava como censora - o clero estabelecia as verdades sagradas e os padres para representao de Cristo, da Virgem, dos Apstolos, ou para exaltao da pessoa do imperador que, alm de absoluto, com poderes ilimitados sobre todos os setores da vida social, era o representante de Deus na terra, com autoridade equiparada dos Apstolos. Assim, ao artista cabia apenas a representao segundo os padres religiosos, pouco importando a riqueza de sua imaginao ou a expresso de seus sentimentos em relao a determinada personagem ou doutrina sacra, ou mesmo ao soberano onipotente. Essa rigidez explica o carter convencional e certa uniformidade de estilo constantes no desenvolvimento da arte bizantina. No momento de sua mxima expanso, o Imprio Bizantino englobava, na Europa, os territrios balcnicos limitados pelos rios Danbio, Drina e Sava, e parte da pennsula Itlica (Exarcado de Ravena); a sia Menor, Sria e Palestina, na sia; o Egito e as regies que hoje formam a Lbia e a Tunsia, na frica. Por outro lado, Constantinopla se erguia no entroncamento das rotas comerciais entre a sia e a Europa mediterrnea. A populao do imprio compreendia, pois, nacionalidades diversas, sobretudo gregos. A arte bizantina sofreu, assim, influncias diversas, vindas do Egito, Sria, Anatlia, Prsia, Blcs e da prpria antiguidade grega. Influncias que se fundiram em Constantinopla, onde se processou a formao de um novo estilo definindo-se seus traos. Sua histria pode ser dividida em trs fases principais: a idade do ouro, a iconoclastia e a segunda idade do ouro.

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A primeira fase (idade do ouro), corresponde ao reinado de Justiniano (526 a 565), quando se construiu a igreja de Santa Sofia, o maior e mais representativo dos monumentos da arte bizantina.

A igreja de Santa Sofia, construda em Constantinopla entre 532 e 537 por Isidoro de Mileto e Antmio de Tales, ambos da sia Menor, pretendia resumir a riqueza e grandeza do imprio bizantino, alm de seu carter mstico. No meio da nave central, a imensa cpula de 31 metros de dimetros por 54 de altura repousa sobre quatro gigantescos pilares de mrmore colorido. Os outros elementos arquitetnicos, colunas, arcos, pequenas cpulas secundrias, absides (recinto semicircular ou poligonal, em geral abobadado, em que termina o coro da igreja), praticamente desaparecem. No tambor, a luz jorra de quarenta janelas, cujos vitrais representam os dias de Jesus no deserto, criando uma atmosfera ferica, e a iluso de que a cpula paira no ar, sustentada por quarenta feixes luminosos. As superfcies internas do tambor e sua base so revestidas de brilhantes mosaicos coloridos - forma artstica muito difundida na civilizao bizantina -, constitudos por pequenos cubos de mrmore colorido, terracota ou esmalte, presos parede com argamassa. Muitos desses mosaicos foram destrudos ou cobertos depois da invaso de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, pois a representao de seres vivos era proibida pelo islamismo. Os que restaram se encontram na entrada sul do edifcio e do uma plida idia do seu aspecto original e da antiga decorao interior, luminosa e brilhante. Tambm as imagens sagradas desapareceram, substitudas por versculos do Alcoro, livro sagrado do islamismo. Ao edifcio se acrescentaram minaretes (pequenas torres salientes) e Santa Sofia foi transformada em mesquita.

Vista interna

Vista interna da cpula

Vista interna

Ainda no interior do templo h preocupao de riqueza em todos os detalhes: no altar, pedrarias em profuso e placas de ouro (Justiniano queria tambm o cho de ouro, mas se conformou com os mrmores), mveis esculpidos em madeira e marfim com incrustaes de pedras preciosas, 6 mil candelabros de ouro, 40 mil vasos e bandejas de prata, e capitis trabalhados como renda, verdadeiras obras-primas de escultura, tal o excesso de lavores, em que costumavam aparecer, estilizadas, as folhas de uma planta chamada acanto. Sua forma de pirmide invertida tambm criao bizantina, e faz com que recebam com mais segurana a descarga do peso dos arcos. O exterior do templo, entretanto, muito simples. Tudo, nele, converge para a abbada. Esse despojamento externo foi sendo atenuado com o tempo. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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A segunda fase se caracterizou pela iconoclastia - movimento que comeou mais ou menos em 725, com um decreto do Imperador Leo III que proibia o uso de imagens nos templos; e, finalmente, a terceira fase foi a segunda idade de ouro (sculos X e XIII) e nele se deu um novo apogeu das pinturas e mosaicos to combatidos pelo movimento iconoclasta. Inspirada e guiada pela religio, a arquitetura alcanou sua expresso mais perfeita na construo de igrejas. E foi precisamente nas edificaes religiosas que se manifestaram as diversas influncias absorvidas pela arte bizantina. Houve um afastamento da tradio greco-romana, sendo criadas, sob influncia da arquitetura persa, novas formas de templos, diferentes dos ocidentais. Foi nessa poca que se iniciou a construo das igrejas de planta de cruz grega, coberta por cpulas em forma de pendentes, conseguindo-se assim fechar espaos quadrados com teto de base circular. As caractersticas predominantes seriam a cpula (parte superior e cncava dos edifcios) e a planta de eixo central, tambm chamada de planta de cruz grega (quatro braos iguais). A cpula procurava reproduzir a abbada celeste. Esse sistema, que parece j ter sido utilizado na Jordnia em sculos anteriores e inclusive na Roma Antiga, se transformou no smbolo do poderio bizantino.

A cpula originria da sia Menor, cujos povos, que sempre se distinguiam como arquitetos, recorreram ao expediente de suspend-la sobre uma construo quadrada ou pousaram-na diretamente em construes circulares. Os persas imaginaram outra alternativa, colocando sobre a base quadrada uma cpula octogonal. A soluo encontrada pelos persas para a colocao de cpula sobre uma construo quadrada foi o abandono da forma circular para base e a adoo da forma octogonal, sobre a qual se erguia a cpula, j no totalmente redonda, mas facetada em oito "tringulos" curvos.

Cpula persa

Cpula bizantina

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Os arquitetos bizantinos mantiveram o formato arredondado no colocando o tambor (grande arco circular sobre o qual se assenta a cpula) diretamente sobre a base quadrada: em cada um de seus lados ergueram um arco, sobre os quatro arcos colocaram um tambor e, sobre este, com simplicidade e segurana, a cpula. Os arquitetos bizantinos conseguiram apor a uma construo quadrada uma cpula arredondada, com o uso do sistema de pendentes, "tringulos" curvilneos formados dos intervalos entre os arcos e que constituam a base sobre a qual era colocado o tambor. A planta de eixo central, ou de cruz grega (quatro braos iguais), se imps como conseqncia natural da utilizao da cpula. Os pesos e foras que se distribuam por igual na cpula exigiam elementos de sustentao tambm distribudos por igual, e essa disposio ocorria menos facilmente na planta retangular ou de cruz latina, com braos desiguais. O apogeu cultural de Bizncio teve lugar sob o reinado de Justiniano e sua arquitetura se difundiu rapidamente pela Europa ocidental, mas adaptada economia e possibilidades de cada cidade. Pertence a essa poca um dos edifcios mais representativos da arquitetura bizantina: a Igreja de Santa Sofia. No se deve esquecer que Santa Sofia foi construda sem a preocupao com gastos, algo que os demais governantes nem sempre podiam se permitir. So tambm, entre outras, exemplos do esplendor da arquitetura bizantina, construdas por Antmio de Tales e Isidoro de Mileto: as igrejas de So Srgio e So Baco e a dos Santos Apstolos, bem como a Igreja de Santa Irene

Igreja de So Srgio e So Baco - Constantinopla

Igreja dos Santos Apstolos Tessalonica, Grcia

Igreja de Santa Irene Istambul

9- ARQUITETURA ISLMICA No ano de 622, o profeta Maom se exilou (hgira) na cidade de Yatrib que, desde ento, se conhece como Medina (Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De l, sob a orientao dos califas, sucessores do profeta, comeou a rpida expanso do Isl at a Palestina, Sria, Prsia, ndia, sia Menor e Norte da frica e Espanha. De origem nmade, os muulmanos demoraram certo tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as bases de uma esttica prpria com a qual se identificassem. Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traos estilsticos dos povos conquistados, que no entanto souberam adaptar muito bem ao seu modo de pensar e sentir, transformando-os em seus prprios sinais de identidade. Foi assim que as cpulas bizantinas coroaram suas mesquitas, e os esplndidos tapetes persas, combinados com os coloridos mosaicos, as decoraram. Aparentemente sensual, a arte islmica foi na realidade, desde seu incio, conceitual e religiosa, sendo sua beleza quase mgica. O luxo e a opulncia dos califados surgem como num conto das mil e uma noites,entre cpulas floridas e minaretes inalcanveis.

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Mesquita do sulto Ahmed ou Mesquita Azul Istambul As mesquitas (locais de orao) foram construdas entre os sculos VI e VIII, seguindo o modelo da casa de Maom em Medina: uma planta quadrangular, com um ptio voltado para o sul e duas galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A rea de orao era coberta, enquanto no ptio estavam as fontes para as ablues. A casa de Maom era local de reunies para orao, centro poltico, hospital e refgio para os mais pobres. Essas funes foram herdadas por mesquitas e alguns edifcios pblicos. No entanto, a arquitetura sagrada no manteve a simplicidade e a rusticidade dos materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso as obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cpula da Roca, em Jerusalm, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo, persistiu a preocupao com a preservao de certas formas geomtricas, como o quadrado e o cubo. O gemetra era to importante quanto o arquiteto. Na realidade, era ele quem realmente projetava o edifcio, enquanto o arquiteto controlava sua realizao. Tudo era estruturado a partir da geometria, j que at a lngua rabe numrica e os edifcios e seus ornamentos eram a traduo arquitetnica das frmulas e nmeros de carter mstico, segundo sua doutrina.

Cpula da Roca - arte muulmana Jerusalm

Mesquita moura-judia Damasco, Sria

A cpula ou teto de pendentes, herdado da cultura bizantina, permitiu cobrir o quadrado com um crculo, sendo um dos sistemas mais utilizados na construo de mesquitas, embora no tenha existido um modelo comum. A numerosa variao local, devido a grande extenso dessa cultura, fez que suas manifestaes se adaptassem aos estilos locais mantendo a distribuio dos ambientes, mas nem sempre conservando sua forma. As mesquitas transferiram depois parte de suas funes aos edifcios pblicos. As residncias dos emires constituram uma arquitetura de segunda classe em relao s mesquitas. Seus palcios eram planejados num estilo semelhante, pensados como um Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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microcosmo e constituam o hbitat privativo do governante. Exemplo disso o Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de muralhas slidas, o palcio tinha aspecto de fortaleza, embora se comunicasse com a mesquita por meio de ptios e jardins. O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.

Ptio interno de uma manso Arte muulmana - Cairo, Egito

Vista do Alhambra, Granada Arte muulmana

Outra das construes mais originais e representativas do Isl foi o minarete, uma espcie de torre cilndrica ou octogonal situada no exterior da mesquita a uma altura significativa, para que a voz do almuadem ou muezim pudesse chegar at todos os fiis, convidando-os orao. Sua posio no ncleo urbano era sempre privilegiada. A Giralda, em Sevilha, um exemplo dos minaretes da arte andaluza.

A Giralda Sevilha

Mirarete da Grande Mesquita de Samara - Iraque

Minarete Kurubiyya Marrekech

Minarete de Kalian Buyara, Rssia

Outras construes representativas foram os mausolus ou monumentos funerrios, semelhantes s mesquitas na forma e destinados a santos e mrtires.

Mausolu de Barquq - Arte muulmana Cairo, Egito

Mausolu de Timur ou Gur-i Mir Samarcanda, Rssia

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As obras nascidas dessa cultura so grandiosas e deixam o espectador sem palavras. Muitos de seus edifcios esto entre os escolhidos pela Unesco como patrimnio da humanidade, desde a costa atlntica do Marrocos at os confins da China. No esforo para concorrer, na arquitetura, com outras religies, leva a arte islmica a incorporar elementos da clssica, paleocrist, persa, indiana. Na mesquita, devido a noes religiosas, no existe um centro comparvel ao altar, na crist. CPULA DO ROCHEDO : - obra poltico-religiosa, com a qual se pretende transformar Jerusalm no centro do Isl - durante as cruzadas (1099 - 1187), foi transformada em igreja crist MINARETE ESPIRAL : - a forma baseia-se no Zigurat da Babilnia PERODO UREO - OSMANLI - 1400 - 1600 Alhambra, em Granada, sc. XIII e XIV, erigida pelos prncipes na Espanha. O imprio Osmanli atingiu o auge com a conquista de Constantinopla em 1453 = Istambul, que de 2 Roma, passa a ser sede do imprio muulmano. SINAN maior arquiteto. Sta Sofia = inspirao e idia fixa. Em 1539 - obra prima - grande mesquita do sulto Selim III, em Edirne, Turquia

O apogeu das mesquitas coincide com o renascimento no ocidente. Em ambos, a cpula tem papel predominante. Para Sinan, no interessa a subjugao encenadora, mas os espaos puros. O interior no possui a variedade do exterior. As formas abstratas so desenvolvidas pela proibio, no islamismo, de representar a figura humana. As formas abstratas provocam a impresso visual dos espaos das mesquitas O isl deixou vestgios na Europa. Sua influncia sobre a arquitetura europia est, especialmente, nos elementos decorativos. TAJ MAHAL : Mrmore branco luminoso (pelo sol e pela lua), em frente a jardim e lago. X Johan faz o tmulo da esposa e, para si, planeja o tmulo de mrmore negro, na outra margem. O acesso por portal de granito vermelho. O Taj rigorosamente simtrico de qualquer lado.

10- ROMNICA ROMNICO CAROLNGIO Relativo a Carlos Magno, imperador de quase todo o ocidente, que realizou a primeira reunio de quase toda a Europa e lanou os ensinamentos da cristandade medieval. Na seqncia das invases brbaras, o imprio romano do ocidente entrou em colapso. As regies anteriormente sob o domnio romano foram divididas entre muitos soberanos. O estado, a justia e a tcnica sucumbiram. O nvel de vida retrocedeu. O desenvolvimento das cidades estagnou. Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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Apenas o poder da igreja no se viu restringido. Tornou-se a mais importante depositria da cultura aps a queda de Roma ocidental. Os conventos beneditinos, primeira ordem monstica (529), tiveram um papel fundamental. Os livros antigos eram aqui compilados e traduzidos, a investigao e a instruo fomentadas nos monastrios. Para garantirem sua base econmica, os conventos tinham terra e, desta forma, poder. Serviam de refgio, numa sociedade onde valia a lei do mais forte. A importncia poltica, econmica, cultural e social da igreja cresceu no sc. VIII Pepino, rei dos francos, firma aliana com a igreja, aliana mais tarde desenvolvida por Carlos Magno. Desta forma o papa assegurou independncia do imperador bizantino. Este pacto acontece no natal de 800, com a coroao de Carlos Mano como imperador, pelo papa Leo III, em Roma. Afora as obras executadas no ou pelo imprio bizantino (Ravena, p. ex.), nada foi criado e grandioso, duradouro ou suntuoso na Europa. Em concorrncia com a monarquia bizantina, houve um regresso construo monumental em pedra, com Carlos Magno. Estas construes limitamse quase exclusivamente s igrejas e mosteiros (monastrios) na aliana entre clero e coroa. A disposio das vrias funes no recinto do mosteiro significativa : Tudo que temporal encontrava-se no poente Tudo que era espiritual, estava nascente. O mdulo era o cruzeiro, entre a nave principal e o transepto. Deste modo foram erigidos edifcios simples, quase simtricos, com naves centrais carregadas de simbolismo, dominadas pelo grupo edificado nascente (dedicado ao Senhor) e um parcialmente idntico, poente, que servia ao senhor secular. Secular = leigo, no divino O poente tambm se destinava ao rei ou imperador. No lado oposto do altar-mor sentava-se o executor terreno do arcanjo So Miguel. O primeiro caso a capela Platina, no reinado de Carlos Magno. Na maioria dos casos o imperador e sua corte, utilizavam as igrejas dos conventos para o culto divino, s quais era anexada uma capela oeste.

No que se refere s edificaes romnicas, a relao entre modelo e reproduo no deve ser interpretada no sentido de cpia. O essencial era a forma base e o esprito da construo. Fechada, slida, macia, severa estes conceitos so vlidos na generalidade. O termo "romnico" cunhado apenas no sculo XIX no exato. O romnico no se difundiu apenas entre os povos de origem romana, ou seja, marcadas pela cultura de Roma antiga. Na Alemanha dos finais do sc. XIX procurou-se, por motivos nacionalistas, substituir a expresso romnica por "germnica". Em grande parte o romnico parece ainda uma reao contra o perodo de instabilidade e decadncia. As igrejas e os conventos assemelham-se a fortalezas, com muros grossos e pesados. H realce das linhas horizontais. O efeito da pedra puro, sem revestimento. A impresso provocada pelo espao das igrejas romnicas : Esttica Austera Um pouco desajeitada As criptas aumentavam ainda mais a imagem de desequilbrio. O edifcio agrupado cria a imagem de "fortaleza celeste" ou "palcio divino"

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APS CARLOS MAGNO Morto Carlos Magno (724-814), o Sacro Imprio Romano divide-se entre seus trs herdeiros. Pelo tratado de Verdun, firmado em 843, a regio que se estende dos Alpes ao mar do Norte cabe a Lotrio, a Germnia a Luis e a Francnia a Carlos. A Europa atravessa uma fase difcil: invases diversas assolam seu territrio em todas as direes. Os exrcitos reais no conseguem deter os rabes, que, no sculo IX, atacaram Roma e Campnia (na Itlia) e Marselha e Arles (na Frana atual). Pelo Norte atacam os normandos, apoderando-se das costas setentrionais da Frana, de parte da pennsula Ibrica e da Inglaterra. No sculo X, incurses hngaras atingem a Lombardia, parte da Frana e Roma. Tudo contribua para a decomposio das instituies monrquicas. O poder real, diminudo em sua autoridade, vai sendo substitudo pelo poder dos nobres casteles: o castelo feudal era a nica fortaleza que oferecia alguma resistncia aos invasores, e as populaes atemorizadas se organizavam em torno dele. Essa instabilidade colabora para a propagao da crena de que o mundo acabaria no ano 1000. Os homens vivem aterrorizados com a perspectiva do juzo final pregado pela Igreja: temem o caos. A arte reflete o apocalipse, as pinturas murais apavorantes retratam o pnico que invade a Europa ocidental. Comeou o ano 1001 e o mundo no acabou. Oto I, que reunificara a Germnia e fora coroado, pelo Papa Joo XII, imperador do Sacro Imprio Romano-Germnico (962), consegue dominar os hngaros e eslavos e expandir suas conquistas para o Norte. Ressurgem as atividades comerciais antes freadas pelas invases, e o aumento demogrfico seguido pelo aumento de reas cultivadas. A Igreja fortalece seu poder temporal aumentando as extenses de terra que dominava at ento: chega a possuir um tero de todo o territrio francs. Crescem as ordens monsticas, e a mais importante, a ordem de Cluny, fundada em 910, na Borgonha (Frana atual), vai estendendo sua autoridade a ponto de congregar, no incio do sculo XII, 10 mil monges em 1.450 mosteiros espalhados por toda a Europa. A ordem cisterciense, por sua vez, conta com 530 mosteiros sob seu controle. A Igreja a maior instituio desta poca: ela domina, secular e culturalmente, o esprito medieval. Nos anos que se seguiram ao ano 1000, viram-se reconstruir igrejas em quase toda a Europa crist. Mesmo quando isso no era necessrio, cada comunidade crist concorria em emulao para edificar santurios mais suntuosos que sua vizinha. A febre de construo que invadiu a Europa reflete o esprito da poca, e o estilo romnico, que caracterizou as artes desde o fim do sculo X at meados do sculo XII, sintetiza em seus traos a histrica desse perodo.

Abadia de Murbach Alscia, Frana

Baslica da Borgonha Borgonha, Frana

Catedral de Roskilde Sjaelland, Dinamarca

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O feudalismo era a nova ordem da sociedade ento, enquanto o Sacro Imprio ia se firmando politicamente. At esse momento, a arquitetura no diferenciava formalmente palcios de igrejas, devido ao fato de o imperador, de alguma forma, representar tanto o poder religioso quanto o temporal. Os beneditinos, logo aps as primeiras reformas monacais, foram os primeiros a propor em suas construes as formas originais do romnico. Surge assim uma arquitetura abobadada, de paredes slidas e delicadas colunas terminadas em capitis cbicos, que se distancia dos rsticos castelos de pedra que davam seqncia linha ps-romana. A Igreja o nico edifcio onde se rene a populao, e parte importante da vida social se desenrola no seu interior. As ricas ordens monsticas e os nobres poderosos procuram elevar em louvor a Deus os testemunhos de sua f. Por isso, o estilo romnico encontrar sua expresso maior na arquitetura. Considerada "arte sacra", ela est voltada construo de igrejas, monastrios, abadias e mosteiros - as "fortalezas sagradas".

Igreja Saint-Benoit-sur-Loire Loiret, Frana

Igreja de Santa Maria de Ripoll Gerona

Igreja de So Martinho Frmista, Palncia

A arte romnica, cuja representao tpica so as baslicas de pedra com duas apses e torres redondas repletas de arcadas, estendeu-se do sculo XI primeira metade do sculo XIII. Seu cenrio foi quase toda a Europa, exceto a Frana, que j a partir do sculo XII produzia arte gtica. Apesar da barbrie e do primitivismo que reinaram durante essa poca, pode-se dizer que o romnico estabeleceu as bases para a cultura europia da Idade Mdia. Foi nas igrejas que o estilo romnico se desenvolveu em toda a sua plenitude. Suas formas bsicas so facilmente identificveis: a fachada formada por um corpo cbico central, com duas torres de vrios pavimentos nas laterais, finalizadas por tetos em coifa. Um ou dois transeptos, ladeados por suas fachadas correspondentes, cruzam a nave principal. Frisos de arcada de meio ponto estendem-se sobre a parede, dividindo a planta. O motivo da arcada tambm se repete como elemento decorativo de janelas, portais e tmpanos. As colunas so finas e culminam em capitis cbicos lavrados com figuras de vegetais e animais. No conjunto, as formas cbicas de muros e fachadas se combinam com as cilndricas, de apses e colunas. Datam dessa poca entre outras, as famosas catedrais de Worms, na Alemanha, St. Sernin de Toulouse, St. Trophyme em Arles, St. Madeleine de Vezelay e a Catedral de Autun, na Frana, Santo Ambrsio de Milo e a Catedral de Pisa.

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Catedral de Pisa - Pisa, Itlia Fora e solidez caracterizam as Igrejas romnicas. O elemento essencial a abbada de pedra, tijolos e argamassa, em forma de bero, dada pelo arco de plena cinta (meia circunferncia). Seu peso sustentado por paredes espessas e macias, com poucas janelas, para no comprometer a estabilidade da construo. Colunas internas e pilastras exteriores - chamadas contrafortes - proporcionam um reforo suplementar. Os pilares e colunas, s vezes formam espinhes - salincias na superfcie interna das abbadas. Os capitis simples e robustos no obedecem a um estilo definido: so semi-esfricos, cbicos, trapezoidais, conforme a fantasia do construtor.

Baslica de So Francisco Assis, Itlia

Catedral de Trani Bari, Itlia

Igreja de So Domingo Santo Domingo

A fachada simples. Sobre a porta central est o culo, abertura circular para iluminao e ventilao do interior. O resultado final sempre um conjunto imponente de interiores sombrios. O estilo romnico sintetiza a alma dos homens que o criaram. Por um lado, reflete o medo que dominava as populaes da Europa ocidental; por outro, exprime o profundo sentimento religioso que marcou o perodo. medida que o tempo passava e o poderio da Igreja aumentava, as construes foram se tornando mais e mais requintadas. O luxo da Abadia e dos inmeros mosteiros chegou a tal ponto que motivou protestos dentro da prpria Igreja. Embora o estilo romnico tenha dominado a Europa ocidental, unida pela f, sua arquitetura apresentou, entretanto, variaes regionais de acordo com as influncias locais diversas, que originaram vrias escolas romnicas. Na antiga Magna Grcia (Sul da Itlia), so comuns as construes de teto plano, paredes e pisos de mosaico. Em Roma persistem as tradies crists primitivas, mantendo-se a planta em cruz latina. Na regio de Milo, Como, Pavia, Verona, a arquitetura sofre influncias dos lombardos. Na Toscana, mantm-se as tradies greco-romanas. Em Veneza, a influncia bizantina acentuada. Na Frana, destaca-se a escola de Borgonha, orientada segundo as tradies da Abadia de Cluny, a de Auvergne, de influncia espanhola, a de Perigeux, que utiliza a cpula bizantina. Na Inglaterra, aps a conquista de Guilherme, em 1066, a ascendncia

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nitidamente normanda. Na Alemanha, a influencia lombarda d origem escola renana. E, finalmente, na Espanha setentrional misturam-se os estilos cristo e sarraceno.

O plano prottipo da igreja romnica deriva da baslica latina, local amplo, anteriormente destinado ao funcionamento dos tribunais romanos. A nave principal cortada pelo transepto, o que lhe d a simblica forma de cruz. As naves laterais, secundando a principal, permitiam que muitos peregrinos circulassem sem interromper as celebraes dos rituais. Nas absides, pequenas capelas semicirculares que arrematam as naves, encontravam-se as imagens sagradas, e as valiosas relquias eram encerradas na cripta, sob o altar principal. Entre o altar principal e as absides situa-se o coro, e tem-se acesso a essas capelas por uma passagem em semicrculo, denominada deambulatrio. A iluminao indireta vem atravs das naves secundrias, dada por pequenas aberturas laterais, janelas diminutas que no conseguem atenuar o aspecto sombrio da igreja romnica.

CRUZADAS Nos sculos XII e XIII, a Europa crist empenhou-se numa vasta campanha contra o mundo muulmano, para recuperar os lugares santos e assegurar o controle das rotas de peregrinao. Essas expedies blicas, as cruzadas, contriburam para o fomento do comrcio e da navegao no Mediterrneo e para a ascenso da burguesia na Europa. No consenso geral, houve oito grandes cruzadas, empreendidas pelos reinos cristos e quase sempre tambm pelo papado. Alm dessas, registraram-se alguns movimentos de menor alcance, mas com as mesmas caractersticas das cruzadas. Antecedentes. Depois do ano 1000, ocorreu na Europa um crescimento demogrfico, comercial e cultural que abalou os alicerces das instituies medievais. Todavia, o continente mantinha-se aferrado ao sistema feudal e as guerras proliferavam entre reinos e feudos, criando um clima geral de insegurana. No incio da primeira cruzada, em fins do sculo XI, a Inglaterra ainda sofria as conseqncias da conquista normanda de 1066, a Espanha estava em pleno processo de Reconquista e a Alemanha enfrentava numerosas lutas internas e disputas com Roma. Por isso, esses trs grandes pases no participaram logo das cruzadas, cuja base principal foi a Frana. Entretanto, todas essas naes passavam por processos sociais semelhantes: A expanso demogrfica que comeara no sculo anterior deixara desocupados muitos jovens da nobreza, que, no sendo primognitos, se viam excludos da herana de propriedades e, assim, eram tentados pela aventura. Por outro lado, a crescente atividade econmica impelia a Europa a disputar com o Isl o domnio do Mediterrneo. Com a enorme concentrao de poder nas mos da igreja, o papado podia empreender grandes iniciativas de expanso religiosa. Todos esses fatores levaram a Europa a realizar uma srie de custosas guerras santas contra o mundo muulmano, que naquela poca atravessava um perodo de grande instabilidade. As tribos turcas, originrias do interior da sia, se haviam lanado conquista do oeste, comprometendo o califado de Bagd no sculo XI. A veemncia desse mpeto produziria um choque multissecular com o Ocidente cristo. O profundo sentimento religioso da cristandade medieval no teve paralelo. A devoo popular se traduzia em movimentos coletivos de crtica aos religiosos, que, por sua vez, exortavam os fiis a acabar com os conflitos internos ou externos, ou a proteger a comunidade dos perigos dessas lutas. Tanto assim que as cruzadas tiveram uma de suas origens nas associaes locais empenhadas em suprimir os conflitos feudais (trgua e paz de Deus) e em garantir a segurana dos peregrinos que viajavam para cidades europias de grande f crist, como Roma ou Santiago de Compostela. No Conclio de Clermont, em 1095, a proteo eclesistica se estendeu aos peregrinos que viajavam para Jerusalm, e pela primeira vez lanou-se a idia de uma campanha contra os infiis. O ideal da Professora arquiteta Solange Irene Smolarek Dias - doutoranda

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cruzada, portanto, englobava a