97

Click here to load reader

Apostila Português II.docx

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apostila Português II.docx

INSTITUTO BÍBLICO EBENEZEREXTENSÃO VOLTA REDONDA - RJ

SEMINÁRIO MAIOR DE ENSINO TEOLÓGICO

Rua Assembléia de Deus, 92 Laranjal

CEP 27.255-015 Tel/Fax 0xx(24) 3342-2119

________________________________________________________________________________________

LÍNGUALÍNGUA

PORTUGUESA 2PORTUGUESA 2

1º ANO Bacharel em Teologia

Julho – 2011

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 1

Page 2: Apostila Português II.docx

Objetivos da Disciplina:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 2

Page 3: Apostila Português II.docx

Trazer conhecimentos básicos de gramática aos alunos, possibilitando uma contextualização entre os fenômenos linguísticos e sua realidade diária; minimizando problemas referentes à língua falada.

Fazer com que o corpo discente torne-se capaz de criticar e redigir à luz dos padrões linguísticos.

LÍNGUA

A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. Por exemplo: falantes da língua portuguesa.

A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um exercício criativo da comunicação.

Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte maneira:

A família de Regina era paupérrima.Outro, no entanto, pode optar por:

A família de Regina era muito pobre.

As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da fala de cada um. Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às regras gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados incompreensíveis como:

Família a paupérrima de era Regina.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 3

Page 4: Apostila Português II.docx

Os signos podem ser:

Verbais : São as palavras que formam uma língua. (Linguagem verbal).

Não verbais : São os outros sinais. Linguagem não verbal. Exemplo: gestos, sons, desenhos, sinais de trânsito.

Referente ou Contexto: É o assunto (tudo o que se diz) e a situação comunicativa (local, momento de produção textual, a intenção discursiva e os conhecimentos prévios do receptor para que se possa entender a mensagem).

Linguagem : É capacidade de comunicação que o homem possui, por meio de um sistema organizado de signos linguísticos. A linguagem verbal utiliza a palavra.

Língua : É a linguagem verbal usada por um grupo de indivíduos. Exemplo: a língua portuguesa, a língua espanhola.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 4

O processo de comunicação envolve os seguintes elementos: É aquele que envia a mensagem.

É o conteúdo que o emissor É aquele que transmite ao receptor, ou seja, recebe ou inter- é a informação transmitida preta a mensa- fala ou escrita. gem. Lê/ouve.

É o veículo que transporta a mensagem (ar, som, carta).

Conjunto de signos utilizados na mensagem.

EMISSOR, REMETENT

E, CODIFICAD

OR

RECEPTOR, DESTINATÁ

RIO, DECODIFIC

ADOR

MENSAGEM

CANAL DE COMUNICA

ÇÃO

CÓDIGO

Observações: Signos são sinais que possuem significação. Para que a significação se realize, é necessário que o emissor e o receptor utilizem o mesmo código.

Page 5: Apostila Português II.docx

Fala : É a utilização da língua por meio de um indivíduo na comunidade. Cada pessoa usa a língua de um modo particular. O meio sociocultural influencia a fala do indivíduo. Exemplo: Os níveis da fala: comum, popular, formal.

SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO

Os signos linguísticos constitui-se de significado e significante.

Significante: É a representação material ou acústica da palavra. Exemplo: Pé – significante: o som ou as letras que formam a palavra “pé”.

Significado: É o conceito transmitido pelos sons ou pelas letras da palavra. Exemplo: Pé – significado: o conceito (“pé” é a parte inferior da perna).

LÍNGUA ESCRITA E FALADA

A língua escrita e a língua falada possuem características diferentes entre si. São elas:

Língua escrita: Linguagem elaborada, artificial, vocabulário expressivo, frases longas, respeito pelas normas gramaticais.

Língua falada: Espontaneidade, entoações, pausas, frases interrompidas, vocabulário simples, despreocupação com as regras gramaticais.

Modalidades da língua

A língua é dinâmica. É influenciada por fatores geográficos, socioculturais, contextuais e naturais. Uma pessoa de Portugal fala diferente da do Rio de Janeiro, por exemplo. Uma pessoa culta fala de modo diferente de uma pessoa analfabeta.

Há várias modalidades da língua. As principais são:

Linguagem culta ou língua padrão: É utilizada pela camada mais culta da população. Essa modalidade assegura a unidade da língua, obedecendo às normas gramaticais.

Língua popular ou língua cotidiana: É utilizada em situações informais, e não tem preocupação com as normas gramaticais. Incorpora gírias e expressões populares.

Língua literária: É o uso das palavras com criatividade e originalidade.

Dialeto: É a variedade regional de uma língua.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A linguagem possui diversas funções. São elas:

Referencial – informativa ou denotativa : O emissor transmite a mensagem de modo objetivo, neutro e claro. Predominam os verbos na 3ª pessoa. A mensagem é

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 5

Page 6: Apostila Português II.docx

o destaque. Exemplo de linguagem referencial são as notícias, as informações técnicas e científicas.

Emotiva ou expressiva: É uma linguagem subjetiva, em que o emissor exprime opiniões, sentimentos e emoções, por meio de adjetivos, interjeições, frases exclamativas e repetições. O emissor é o destaque – prevalece o uso da 1ª pessoa.

Apelativa ou conativa: O emissor deseja influenciar e convencer o receptor por meio de ordens, apelos, sugestões, etc. Faz-se o uso dos verbos na 2ª pessoa, de invocativos, de interjeições e de frases imperativas. O receptor é o destaque. Anúncios publicitários, propaganda política e sermões são exemplos de linguagem apelativa.

Fática : O emissor tenta iniciar, prolongar, interromper ou testar o próprio canal. As frases costumam ser breves e possuem pouca informação. É a linguagem da saudação, da interpelação, do agradecimento e da despedida.

Poética ou estética: Há uma valorização da linguagem – uso de conotação, jogos de palavras, sonoridade, ritmo, musicalidade. O valor estético da mensagem é o destaque.

Metalinguística: O emissor fala da própria linguagem, dando explicações ou conceitos. O código é o destaque. Os dicionários são o melhor exemplo do emprego da linguagem metalinguística.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1 – Assinale a opção em que predomina a função metalinguística

a) – ( ) “Não: não quero nada. Não quero nada.

Já disse que não quero nada,

Não me venham com conclusões.

A única coisa é morrer”.

b) – ( ) Olho e comovo-me,

Comovo-me como água que corre quando o chão é inclinado.

c) – ( ) A linguagem literária é o uso de vários recursos com a conotação, a musicalidade e o ritmo...

d) – ( ) Você está me ouvindo? Não?

2) Em que frase a seguir não se observa a função referencial?

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 6

Page 7: Apostila Português II.docx

a) ( ) – IBGE mostra explosão da maternidade precoce, em garotas de 10 a 14 anos.

b) ( ) – Melhor que paixão Fiat, só amor de mãe. O melhor preço do mercado...

c) ( ) – Operadoras de telefonia fixa detalharão as chamadas locais.

d) ( ) – O prefeito foi eleito com 70% dos votos.

3. Marque a alternativa em que ocorre a função de linguagem emotiva:

a) ( ) – “Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor”.

b) ( ) – “Meu verso é minha consolação. Meu verso é minha cachaça”.

c) ( ) – A casa era por aqui... Onde? Procuro-a e não acho. Ouço uma voz que esqueci. É a voz deste mesmo rio...”

d) ( ) – Semântica é o estudo da significação das palavras.

4. Indique a alternativa em que prevalece a função apelativa de linguagem.

a) ( ) - “Catar feijão se limita com escrever: jogam-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar”.

b) ( ) – Promoção Ourocard. Uma casa com carro na garagem e um ano de crédito no cartão. Sorte sua ter um cartão todo seu...

c) ( ) – A Caixa Econômica informou aos mutuários que não haverá prorrogação de prazos.

d) ( ) – “Gosto de ser otimista, mas não posso perder a visão da realidade, e nela não vejo nada deslumbrante.”

5. Não ocorre a função de linguagem metalinguística na alternativa:

a) ( ) – Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.

b) ( ) – Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim...

c) ( ) – De acordo com a posição da sílaba tônica, as palavras classificam-se como oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.

d) ( ) – São como cristal as palavras. Algumas um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 7

Page 8: Apostila Português II.docx

VÍCIOS DE LINGUAGEM

Vícios de linguagem são usos linguísticos que fogem à norma. São eles:

1. ambiguidade ou Anfibologia: defeito da frase que apresenta duplo sentido. Exemplo: Convence, enfim, o pai o filho amado.

2. Barbarismo : Uso de uma palavra errada relativamente à pronúncia, forma ou significação. Exemplo: pégada em vez de pegada; ância em vez de ânsia; cidadões em vez de cidadãos.

3. Cacofonia ou Cacófato: Som desagradável ou palavra de sentido ridículo ou torpe, resultante da sequência de certos vocábulos na frase. Exemplo: cinco cada um; a boca dela; mande-me já isso; por cada mil habitantes; vai-a seguindo.

4. Estrangeirismo : Uso de palavras ou construções próprias de línguas estrangeiras. Conforme a proveniência, o estrangeirismo se denomina: galicismo ou francesismo (do francês); anglicismo (do inglês); germanismo (do alemão); castelhanismo (do espanhol); italianismo (do italiano). Exemplo: ...boom da exportação.

5. Colisão : Sucessão desagradável de consonâncias idênticas. Exemplo: o rato roeu a roupa; viaja já.

6. Eco : É a concorrência de palavras que têm a mesma terminação – rima na prosa. Exemplo: A flor tem odor e frescor.

7. Obscuridade : Sentido obscuro ou duvidoso decorrente do emaranhado da frase, da má colocação das palavras, da impropriedade dos termos ou da pontuação defeituosa.

8. Pleonasmo : Redundância, presença de palavras supérfluas na frase. Exemplo: Entrar para dentro; sair para fora.

9. Solecismo : Erro de sintaxe (concordância, regência, colocação). Exemplo: Falta cinco alunos; eu lhe estimo; revoltarão-se.

Diálogo:

- Você acha que essa experiência de morarmos juntos, vai dar certo?

- Arrã.

- Como se fôssemos casados?

- Arrã.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 8

Page 9: Apostila Português II.docx

- Nós não vamos começar a nos desentender?

- Ahn-ahn.

- “Ahn-ahn” é “sim”?

- “Ahn-ahn” é “não”. “Sim” é “Arrã”.

- Você acha que...

- Ahn...

- O que quer dizer “Ahn”?

- “Ahn” quer dizer que eu estou aqui. Quer dizer que eu estou ouvindo. Quer dizer “Continue falando”.

- Isso é língua de casado?

- Arrã. ((Luís Fernando Veríssimo)

1. “Ahn quer dizer que estou aqui” – Neste seguimento, utilizou-se a linguagem sobretudo com função:

a) ( ) Conativa - b) ( ) Referencial - c) ( ) Metalinguística

d) ( ) Emotiva - e) ( ) Fática

2. O uso de “ahn...” constitui exemplo de linguagem com função:

a) ( ) Fática - b) ( ) poética - c) ( ) emotiva -

4. ( ) Referencial - e) ( ) Conativa

3. Há correspondência entre elemento do processo de comunicação e função da linguagem em:

a) ( ) emissor/poética - b) ( ) destinatário/emotiva

c) ( ) contexto/referencial - d) ( ) código/fática

e) ( ) canal/metalinguística.

4. “Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”Ela faz referência à função de linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explica essa função.

a) ( ) Função emotiva - b) ( ) Função referencial

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 9

Page 10: Apostila Português II.docx

c) ( ) Função fática - d) ( ) Função conativa

5. ( ) Função poética.

5. Leia o Texto: “A Volkswagen do Brasil anunciou ontem um plano de reestruturação que inclui o corte de postos de trabalho e redução nas exportações”. A função de linguagem presente no texto é:

a) ( ) conativa - b) ( ) emotiva - c) ( ) referencial

4) ( ) poética - e) ( ) fática.

6) Veja uma das definições que o Dicionário Aurélio traz para a palavra demagogia: “conjunto de processos políticos hábeis tendentes a captar e utilizar com objetivos menos ilícitos a exaltação e as paixões populares.” Nesse enunciado do dicionário, a função de linguagem que se realiza é:

a) ( ) Metalinguística - b) ( ) Fática - c) ( ) poética - d) ( ) emotiva

e) ( ) Conativa

7. Assinalar a alternativa em que a função apelativa da linguagem é a que prevalece.

a) ( ) – Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim...

b) ( ) – “Não discuto com o destino / o que pintar eu assino”.

c) ( ) – Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros.

d) ( ) – Conheça você também a obra desse grande mestre.

e) ( ) – Semântica é o estudo da significação das palavras.

FORMATAÇÃO E ESTRUTURA DO PARÁGRAFO

Da mesma forma que a sua redação como um todo deve seguir uma estrutura, os parágrafos, ainda que sendo partes menores, também devem seguir uma estrutura e ter uma forma adequada. A divisão mais comum de um parágrafo é em três partes principais:

Frase-núcleo: traduz o objetivo do assunto escolhido. Costuma ser a primeira frase do parágrafo e serve para informar ao leitor que tipo de abordagem será dada ao assunto escolhido.

Desenvolvimento: sua função é exatamente desenvolver a frase-núcleo.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 10

Page 11: Apostila Português II.docx

Conclusão: se houve um assunto abordado em determinado parágrafo, ele precisa ser concluído para que outro aspecto seja tratado em um novo parágrafo.

EXEMPLO

“Parte da população brasileira, frequentemente, afirma que não gosta de política. Essa parte, geralmente, é composta da mesma parcela da população que não lê sobre política e não compreende a profundidade do tema em suas vidas. No entanto, em alguns momentos da história brasileira é possível ver unidade em torno de um debate político, seja a eleição, seja a corrupção. O difícil é encontrar brasileiros que compreendam que a política faz parte de nossas vidas e que, quanto mais tentamos ignorá-la, mais complicado fica de se efetuar qualquer mudança no país.”

OBJETIVIDADE E CONCISÃO

Ser conciso e objetivo é passar o máximo de informações com o menor número de palavras possível e, ainda assim, conseguir transmitir a mensagem que se deseja. Essa é uma das qualidades fundamentais de um texto. Para um texto ser objetivo ele deve ser capaz de responder a quatro questões básicas:

A) O que o receptor precisa saber?

A resposta adequada a esta pergunta resulta na delimitação dos principais objetivos do texto; na separação de idéias mais ou menos importantes e na seleção dos assuntos que devem merecer destaque.

B) Para que o receptor precisa dessas informações?

A resposta adequada a esta pergunta resulta na elaboração de estratégias capazes de levar o leitor a compreender o que se quer informar.

C) Que tipo de conhecimento o leitor já tem sobre o assunto?

A resposta adequada a esta pergunta resulta no evitar a presença de pormenores dispensáveis, que só tendem a cansar o leitor e desviá-lo dos objetivos do trabalho e na certeza de não discorrer sobre o óbvio. Informações irrelevantes desmotivam o leitor, seja por ele já estar afeiçoado a detalhes relativos ao tema, seja por ele dispor de repertório técnico necessário à depreensão imediata do contexto em que o trabalho se insere.

D) Qual a utilização e o alcance do texto?

A resposta adequada a esta pergunta resulta na escolha de linguagem compatível com as necessidades do leitor, que muitas vezes se sente distante do texto por não entender a terminologia técnica nele empregada; por não ter condições de alcançar aquilo a que o redator se propõe ou por não ter repertório suficiente para entender o significado de algumas expressões formais utilizadas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 11

Page 12: Apostila Português II.docx

COESÃO E COERÊNCIA

COESÃO: A coesão se resume à ligação entre palavras e parágrafos de um texto. Para que as palavras e os parágrafos não pareçam elementos isolados dentro da sua redação, você deve fazer o uso de conectivos como pronomes, conjunções e advérbios.

PRONOMES – Você provavelmente já deve ter visto o uso dos pronomes, que é o recurso de representar palavras já utilizadas para não repeti-las.

EXEMPLO

"A televisão brasileira está sendo alvo de discussões nos mais diversos setores da sociedade. Sua programação tem sido...".

"O racionamento de energia atingirá parte do país. Ele deverá promover demissões em massa no Brasil.”

CONJUNÇÕES E ADVÉRBIOS - As conjunções e os advérbios representam as mais puras transições. Eles servem para ligar o seu texto e continuar o mesmo assunto ou ainda iniciar um novo.

EXEMPLO

"O racionamento de energia atingirá parte do país. Ele deverá promover demissões em massa em todas as regiões sem distinções. Portanto, influenciará em nossa economia.”

OBSERVAÇÃO: Procure não usar palavras repetidas em seu texto. Diversifique seu vocabulário. O uso de repetições também representa um erro de coesão.

COERÊNCIA: A coerência está ligada ao sentido do seu texto. Para que ele seja coerente, o assunto deve estar ligado e seguir uma ordem do começo ao fim. Você não deve discorrer sobre algo e, no parágrafo seguinte, falar sobre outro assunto sem ligá-los de alguma forma. Seu texto tem um objetivo e para que ele seja alcançado, deve ser coerente.

ELEMENTOS GRAMATICAIS IMPORTANTES

OS PERÍODOS: Este é o termo que damos para designar frases simples ou complexas, curtas ou longas, que, muitas vezes, se separam umas das outras através do ponto. Os períodos representam pensamentos desenvolvidos, conclusos e inteligíveis.

Eles podem ser simples quando transmitem um único pensamento formando apenas uma oração e podem ser compostos quando possuem duas ou mais orações, ou seja, mais de um pensamento.

EXEMPLO

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 12

Page 13: Apostila Português II.docx

Período Simples: Os professores e os alunos se reuniram ontem.

Período Composto: Os professores e os alunos se reuniram ontem e decidiram quais seriam as regras do Festival Universitário.

É necessário ter cuidado ao escolher que tipo de período será utilizado. Se você tem muitas informações a colocar sobre o mesmo assunto, o melhor é mesclar o parágrafo utilizando períodos simples e compostos. O período mais utilizado é o simples, pois facilita a leitura e, portanto, o entendimento. No entanto, o período composto é usado como forma de deixar o texto menos cansativo, pois sua estrutura concede ao leitor uma certa agilidade.

EXEMPLO

“Redigir um texto requer estudo. O aluno precisará se dedicar. A dedicação é sua única maneira de compreender e colocar em prática as técnicas de redação.”

Quem não compreendeu o pensamento acima? Foi fácil, mas o texto em si está mais parecendo um telegrama com aquelas frases curtas, com pouca ou nenhuma conexão.

Veja como ficaria se usássemos também o período composto:

“Redigir um texto requer estudos. O aluno precisará se dedicar, pois essa é a única maneira de compreender e colocar em prática as técnicas de redação.”

O segundo período é mais rápido e igualmente compreensível.

Os pensamentos formalizados em um período composto podem criar quatro espécies de ligações. Essas ligações são principalmente demonstradas por meio de uma partícula. Veja:

Concatenação pura e simples: e, além disso, demais

“Os alunos chegaram tarde na escola e foram punidos.”

Contraste: mas, porém, no entanto, todavia

“Os alunos chegaram tarde na escola, mas não foram punidos.”

AMBIGUIDADE

A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. É uma figura de palavra e de construção. Embora funcione como recurso estilístico, a ambiguidade também pode ser um vício de linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase. Nesse caso, deve ser evitada, pois compromete o significado da oração, além de também representar um erro de coerência dependendo da

forma como estiver empregada.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 13

Page 14: Apostila Português II.docx

EXEMPLO

"O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, onde comeu um peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos." (Revista Veja)

Às vezes, quando um trecho é ambíguo, é o conhecimento que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que lê. Um bom exemplo é o trecho acima, no qual há duas ambiguidades, uma decorrente da ordem das palavras e a outra de uma elipse do sujeito.

Neste exemplo pode-se entender que o peru estivesse fantasiado de marine (fuzileiro naval), e não o presidente. Por outro lado, é possível entender que o presidente estivesse sendo servido aos soldados no bandejão, e não o peru.

Correção: O presidente americano, fantasiado de marine, produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, quando comeu peru no mesmo bandejão de que se serviam os soldados americanos.

A ESTRUTURA DA FRASE

A frase é um enunciado constituído por vocábulos que se reúnem para a formação do processo de comunicação entre dois ou mais indivíduos. Quando dizemos “O dia está chuvoso”, “Todos estão trabalhando”, “Que dia é hoje?”, todas essas construções são exemplos de frase.

Em uma redação podemos considerar a frase como o núcleo de todo o texto. Se ela é formulada de forma equivocada, isto afetará o parágrafo do qual faz parte e, finalmente, toda a dissertação.

A frase simples é estruturada com sujeito e predicado. O primeiro indica quem exerce a ação; o segundo trata qual é a ação principal. As frases mais complexas incluem ainda:

A) Adjunto Adverbial: apresenta as circunstâncias envolvidas no processo designado pelo verbo (tempo, lugar, causa, modo, instrumento, fim, companhia, entre outros).

B) Objeto Direto: é utilizado quando o verbo pede complemento, para que a frase tenha significado. Exemplo: Renata ganhou um presente. O verbo “ganhou” pede um complemento, que é o “presente”.

C) Objeto Indireto: é utilizado quando o verbo, ao pedir um complemento, necessitar de uma preposição.

D) Complemento Adverbial: quando o verbo pede um complemento especial, ou seja, que indique circunstância.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 14

Page 15: Apostila Português II.docx

E) Predicativo: é um elemento que indica qualidade, um estado ou uma condição do sujeito. Quando há predicativo na frase, há também verbo de ligação. O verbo de ligação não exprime ação e sim um estado e liga o sujeito ao predicativo. São verbos de ligação, mais comuns: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, andar.

DÚVIDAS DO COTIDIANO

1) POR QUE X PORQUE / POR QUÊ X PORQUÊ / PORQUE X PORQUÊ

Usa-se a forma POR QUE

a) Sempre que for possível acrescentar: motivo, causa, razão, coisa.

Não sei por que (motivo) eles brigaram.

Por que (razão) eles saíram?

Por que (coisa) você se interessa no momento?

Por que (causa) você luta?

b) Sempre que for possível substituir por uma das expressões: pelo qual, pela qual, pelos quais e pelas quais.

Esta é a razão por que (pela qual) eu não saí ontem.

Usa-se a forma PORQUE: (= como, pois, visto que, para que, de fato, uma vez que).

a) Geralmente introduzindo explicação ou causa.

Não reclames, porque é pior. Não estudei porque estava cansado.

Faltou à aula porque estava doente.

b) Nas orações interrogativas em que a resposta já é sugerida.

Você não veio porque estava doente?

Usa-se a forma POR QUÊ:

a) Quando aparece antecedido de pontuação forte (ponto, ponto-e-vírgula, ponto de exclamação, ponto de interrogação, dois-pontos e reticências).

Mário saiu e não disse por quê?

Por quê? Você não acredita em mim?

Não sei por quê, mas acho que fui enganado.

Usa-se a forma PORQUÊ:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 15

Page 16: Apostila Português II.docx

a) Quando é substantivo – (= motivo, razão ou causa)

Ele não veio e ninguém sabe o porquê.

O porquê de sua desistência ninguém ficou sabendo.

Não sei o porquê do teu comportamento.

Usa-se a forma Por Que:

= pelo qual ( e flexões).

- Não encontro o caminho por que passei ontem.

= por que motivo, por que razão.

– Por que você não veio ontem?

- Por que razão você faltou?

= Por qual ( e flexões).

- Por que estradas andaremos?

. SENÃO / SE NÃO:

Usa-se a forma senão equivalendo a:

a) do contrário: Saia daí, senão vai se molhar.

b) a não ser, exceto: Não faz outra coisa senão reclamar.

c) mas sim: Não teve a intenção de exigir, senão de pedir.

d) defeito, falha: Houve um senão em sua exposição.

Usa-se a forma se não:

a) igual a “caso não”, “no caso de não”:

Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora.

b) introduzindo oração com conjunção integrante.

Perguntou se não era tarde.

3. HÁ/ A

a) A forma Há equivale ao verbo haver, indicando tempo decorrido. Pode ser

substituída por “faz”.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 16

Page 17: Apostila Português II.docx

Não o vejo há (faz) quinze dias.

b) A forma A é preposição, indicando distanciamento no tempo, futuro ou passado, e sentido geográfico.

Sairei de casa daqui a duas horas.

Moro a dois quilômetros da escola.

NENHUM / NEM UM:

a) Nenhum é empregado como antônimo de “algum”.

Entrou na casa sem que nenhum morador o notasse.

b) Nem um equivale a “nem um sequer”, nem um único.

Nem um morador do prédio apareceu para a reunião.

5. AFIM / A FIM:

a) Afim significa “semelhante”, “relacionado”:

Temos gostos afins.

b) A fim (de) equivale a “para”, “com a finalidade de”:

Procurei-o a fim de conversar.

6. À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

a) À medida que = à proporção que

Alfredo construía a casa à medida que recebia as comissões.

b) Na medida em que = considerando que; já que; porque

Na medida em que não sou rico, não posso comprar um carro novo.

AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A

a) Ao encontro de indica conformidade, acordo, em direção a, a favor de

Os governantes deveriam ir ao encontro das necessidades do povo.

b) De encontro a indica oposição, conflito, ser contra, choque

Infelizmente seu pedido vai de encontro a nossas posses.

8. AONDE / ONDE / DONDE

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 17

Page 18: Apostila Português II.docx

a) Aonde deve ser usado com verbos que indicam movimento, = para onde, a que lugar.- Aonde (para onde) você vai?

b) Onde refere-se a lugar físico, em que lugar.

A casa onde mora é bonita.

c) Donde = de + onde. Indica origem. - Donde vens?

9. AO INVÉS DE / EM VEZ DE

a) Ao invés = ao contrário de

Ao invés de virar à esquerda, virou à direita.

b) Em vez de = no lugar de

Em vez de tomar leite, tomou chá.

. MAL / MAU

a) Mal É antônimo de BEM. = incorretamente, irregularmente.

Ele procedeu mal. / Qual é a origem do mal?

Observação: Também pode ser conjunção temporal (= LOGO QUE, quando)

Mal deixou a casa, bateram à porta.

b) Mau é antônimo de BOM.

Sempre foi mau pagador. / O mau tempo atrapalhou.

11. TAMPOUCO / TÃO POUCO

a) Tampouco é advérbio. Significa também não, nem.

Não realizou a tarefa, tampouco apresentou qualquer justificativa.

b) Em tão pouco, temos o advérbio de intensidade tão modificando pouco, que pode ser advérbio ou pronome indefinido. (= muito pouco).

Tenho tão pouco entusiasmo pelo trabalho!

12. CESSÃO / SESSÃO / SEÇÃO (SECÇÃO)

a) Cessão: ato de ceder.

João fez a cessão dos seus direitos autorais.

b) Sessão: intervalo que dura uma reunião.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 18

Page 19: Apostila Português II.docx

Assistimos a uma sessão de cinema.

c) Seção ou secção: parte de um todo.

Lemos a notícia na seção (ou secção) policial.

MAIS BEM / MELHOR

a) Mais bem – usa-se antes de verbo no particípio

São os alunos mais bem preparados do colégio.

b) Melhor – usa-se antes de verbo que não esteja no particípio ou outras palavras.

São bem melhores do que nós.

14. DEMAIS / DE MAIS

a) DEMAIS é advérbio de intensidade e equivale a muito, excessivamente - Elas falam demais.

Também pode ser usado como substantivo, significando “os restantes” ,“os outros”.

Chegaram onze jogadores para jogar; os demais ficaram no banco.

b) DE MAIS é locução prepositiva e possui sentido oposto a de menos. (= a mais)

Não haviam feito nada de mais.

MAS/MAIS/MÁS

a) MAS é usado para dar sentido de adversidade, porém, contudo. - O menino estava feliz, mas chorou ao se machucar.

b) MAIS é usado para dar sentido de intensidade e como contrário de menos, indicando quantidade.

O menino pediu que lhe dessem mais chocolate.

c) MÁS = ruins, plural de má.

Elas nãos são más pessoas.

16. ACERCA DE/ A CERCA DE/ HÁ CERCA DE

a) - Acerca de = sobre, a respeito de

Falávamos acerca do futuro.

b) A cerca de = aproximadamente, perto de

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 19

Page 20: Apostila Português II.docx

Estivemos a cerca de vinte metros do clube.

c) Há cerca de = faz aproximadamente – tempo passado.

O fato aconteceu há cerca de três anos.

= Existem aproximadamente. - Neste local há cerca de cem pessoas.

A PAR/ AO PAR

A par = junto. - Andava a par de sua mulher.

(= informado) – Estou a par da situação.

Ao par = indica valor equivalente ou igual. Refere-se a valores financeiros. - A moeda está ao par do dólar.

18. POR HORA/ POR ORA

Por hora = por uma hora. - Ele ganha cem reais por hora de trabalho.

Por ora = por agora, por enquanto. - Por ora estou satisfeito com teu trabalho.

18. PÔR/ POR

Pôr = colocar. - Vá pôr o carro na garagem.

Por = preposição. - Ele anda por caminhos tortos.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Complete as frases com uma das formas entre parênteses.

Ele chegará daqui ___ pouco. (a, há)

Isso aconteceu ____ duas semanas. (há, a).

Você fez o serviço muito ______. (mau, mal).

É um indivíduo muito ______. (mal, mau).

_______ estudar, não conseguirá nada. (senão, se não).

Ele falava ___________ (tampouco, tão pouco).

É preciso _____ os objetos no lugar. ( pôr, por).

Não viajou _______ estava sem dinheiro. (por que, porque).

Ele não virá _______ ? (por que, por quê, porque, porquê).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 20

Page 21: Apostila Português II.docx

_______ você não veio? (por que, por quê).

Ele refere-se a _____ ? (que, quê).

Daqui ____ alguns dias, Paulo chegará à Grécia. (a, Há, à).

Em sua vida, nunca teve muito _________ (senso, censo).

Ele foi à _________ de eletrodomésticos. (seção, sessão).

1. Complete as frases com uma das formas entre parênteses.

Eles aspiram ___________ a altos cargos. (ascender, acender)

A festa aconteceu ________ de vinte dias. ( acerca, há cerca).

O _________ foi devolvido por falta de fundos. ( xeque, cheque).

Ela é uma pessoa ___________. (descreta, discreta).

Alguns brasileiros _____________ para o Japão. (imigraram, emigraram).

Os ladrões foram presos em __________. (flagrante, fragrante).

Tipos de discurso

1. Discurso Direto : A personagem apresenta suas próprias palavras, de modo direto, utilizando o diálogo. É uma citação.

Luís olhou para Cristina e disse:

-Não sei o que faço com tão pouco dinheiro no bolso.

Observação: O discurso direto é marcado, geralmente, por verbos que introduzem a fala da personagem (dizer, afirmar, perguntar).

2. Discurso Indireto : O narrador interpreta a fala da personagem e transmite o que ela disse, ou pensou, de uma maneira indireta. É um relato.

Luís olhou para Cristina e disse que não sabia o que fazer com tão pouco dinheiro no bolso.

Observação: No discurso indireto, o verbo declarativo (dizer, afirmar, responder, ressaltar), vem seguido de uma oração subordinada substantiva, iniciada pela conjunção que ou se.

3. Discurso Indireto Livre : A fala do narrador mistura-se com a da personagem, isto é, o narrador insere a fala da personagem no seu próprio discurso. É um monólogo

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 21

Page 22: Apostila Português II.docx

da personagem. Existem algumas marcas do discurso indireto livre: reticências, exclamações, ponto de interrogação e interjeições.

“Nas horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no. Safados. Tomar as coisas de um infeliz que não tinha onde cair morto! Não viam que isso não estava certo? Que iam ganhar com semelhantes procedimentos? Hem? Que iam ganhar?”

Esquema de transformação do discurso direto para o indireto e vice-versa

DISCURSO DIRETODISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETODISCURSO INDIRETO

1ª pessoa ou 2ª pessoa - Eu vou. / Tu vais.

3ª pessoaEle disse que ia.

Pronomes: este, esta, isto, esse, essa, isso- Este lápis é meu.

Aquele, aquela, aquilo:Ele disse que aquele lápis era dele

Advérbio de Lugar: Aqui, cá- Aqui somos todos iguais.

Ali, lá:Ele disse que lá eram todos iguais.

Interrogativa direta:- O que fiz?

Interrogativa indireta:Ele perguntou o que fizera.

Verbo: Presente do Indicativo- Trabalho.

Verbo: Imperfeito do IndicativoEle disse que trabalhava.

Verbo: Pretérito Perfeito do Indicativo- Brinquei.

Verbo: Mais que Imperfeito do IndicativoEle disse que brincara.

Verbo: Futuro do Presente do Indicativo- Estudarei.

V erbo: Futuro do PretéritoEle disse que estudaria.

Verbo: Imperativo, Presente e Futuro do Subjuntivo - Trabalhe. / - Espero que trabalhe.

Verbo: Imperfeito do SubjuntivoMandou que trabalhasse.Disse que esperava que ele trabalhasse.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Coloque (1) para discurso direto, (2) para indireto e (3) para indireto livre.

a) ( ) O deputado afirmou que sempre defendera os interesses de seus eleitores..

b) ( ) Mestre, o velho anda com essa leseira de reza que não acaba mais.

c) ( ) Não lhe permitiam queixas. Porque reclamara, achara a coisa uma exorbitância, o branco se levantara furioso, com quatro pedras na mão. Para que tanto espalhafato?...

d) ( ) Quero lá saber de branco. Quero é a minha barriga cheia.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 22

Page 23: Apostila Português II.docx

e) ( ) Diz o secretário de Educação, José Luiz Valente: “Os minilaboratórios são uma chance de avanço rápido. Estamos, afinal, copiando o que deu certo fora do Brasil.”

f) ( ) O deputado afirmou que não abandonaria o seu eleitorado..

g) ( ) Afonso respondeu que aquilo era verdade..

h) ( ) “Muitas empresas falam da importância dos clientes, mas sua prática não condiz com o discurso. Aqui, o cliente é a primeira, a segunda e a terceira prioridade.”

2. Passe o que está em discurso direto para o indireto.

a) Foi realmente uma desgraça, disse Rubião.

b) Está claro que eu não o deixo ir só para a Corte, disse ele ao amigo.

c) Não quero nada, disse ao escravo.

d) O melhor é não calcular nada, atalhou Cristiano.

e) O senhor para onde vai? Perguntou Carlos Maria ao Freitas.

f) Por que veio tão tarde? Perguntou-lhe Sofia, logo que ele apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.

g) Fui um maluco! Dizia em alta voz.

h) A nossa festa esteve bem bonita, disse ele.

i) Estou com muita dor de cabeça, murmurou ela. Creio que foi do sereno, ou desta história.

j) Podem fazer tudo, disse o doutrinário, mas a punição moral é certa.

k) A nossa gente é de igual opinião, disse ele.

TEXTO

Texto é qualquer mensagem, oral ou escrita, de sentido completo. Imaginemo-nos num cinema, atentos ao filme. De repente, alguém grita: “Socorro!” É claro que todos nós, preocupados, corremos para fora da sala. Isso é sinal de que entendemos a mensagem. Assim, uma simples palavra pode ser um texto.

Texto não é um aglomerado de palavras e de frases desconexas, mas um todo, com unidade de sentido e intencionalidade discursiva.

Para Platão, podemos tirar duas conclusões da noção de texto:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 23

Page 24: Apostila Português II.docx

a) “Uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes é determinado pelo todo em que estão encaixadas.”

b) “Uma leitura, de um lado, não pode levar em conta o que não está no interior do texto e, de outro, deve levar em conta a relação, assinalada de uma forma ou de outra, por marcas textuais, que um texto estabelece com outros.”

TIPOS DE TEXTO

Uma frase só faz sentido no texto; este só faz sentido no discurso. Se um interlocutor está com um cigarro na mão e nos pergunta se temos fósforos, nós entendemos que ele deseja que lhe acendamos esse cigarro. A situação em que se produz a linguagem e a intenção dos interlocutores, expressa claramente ou subtendida, são fundamentais para o entendimento do texto.

Quanto à finalidade, os textos classificam-se de acordo com seu objetivo: informativo, normativo, didático, exortativo.

Vejamos, no quadro seguinte, um ensaio de tipologia textual apresentado por Agostinho Dias Carneiro:

TIPOLOGIA TEXTUAL

TEXTO FUNÇÃO MODELOS

Normativo Regulamentar Leis, portarias, regulamentos, estatutos

Informativo Informar Notícias, avisos, comunicados, bulas

Didático Ensinar Livros escolares, conferências

Fático Relacionar-se Correspondências, cumprimentos

Divinatório Prever Horóscopos, oráculos

Exortativo Convencer Requerimentos, textos publicitários

Expressivo Expressar-se Diários, confissões

TEXTO INFORMATIVO

O objetivo do texto informativo é transmitir algum conhecimento ao leitor. É encontrado na imprensa, nos livros didáticos, nas enciclopédias, nos relatórios técnicos e científicos. Os textos narrativos dos jornais e revistas são informativos.

CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS INFORMATIVOS

1. Simplicidade : Vocabulário simples e claro e frases curtas.

2. Objetividade : Vocabulário preciso e denotativo.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 24

Page 25: Apostila Português II.docx

3. Envolvimento do leitor : O texto deve ter elementos que produzam interesse pela leitura.

4. Fidelidade : As informações devem ser verdadeiras.

5. Documentação : O autor deve basear suas informações em testemunhos de autoridade, citar fontes, gráficos, relatórios, fotos, etc.

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

Coesão é a articulação entre as palavras, as frases, os parágrafos e o texto, considerado como um todo. Estabelece-se a conexão por meio de conectivos – conjunções, pronomes, preposições, artigos, advérbios, etc., e por meio do léxico.

• Ele estudou muito, mas não passou. (A conjunção mas estabelece uma oposição entre as orações).

• Perdi um livro que tinha a capa verde. (O pronome que recupera a expressão um livro).

• Minha prima mora em Recife. ( A preposição em relaciona as palavras mora e Recife).

• Isto não é um livro, mas o livro. (O artigo indefinido um significa qualquer, isto é, generaliza o livro; já o artigo o dá um novo significado ao livro: o melhor, o mais importante).

• O cachorro dormia tranquilamente. Quando um estranho se aproximou do portão, o animal levantou-se e latiu. ( animal substitui a palavra cachorro).

COESÃO ENDOFÓRICA E COESÃO EXOFÓRICA

Coesão endofórica: O referente está expresso no texto.

Maria chegou. Ela está aqui. (Ela refere-se a Maria).

A coesão endofórica pode ser:

a) Anafórica – o termo refere-se a um componente anterior.

Maria foi a Porto Alegre. Lá, ela casou e teve filhos. (O advérbio lá refere-se à expressão anterior Porto Alegre).

b) Catafórica – O termo refere-se a elementos posteriores.

Desejo isto: seja feliz! (Isto refere-se à oração seja feliz).

Coesão exofórica – (Dêitica): O referente está fora do texto, isto é, faz parte da situação comunicativa.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 25

Page 26: Apostila Português II.docx

Dêiticos

São palavras que têm seu sentido esclarecido por fatores que estão fora do texto – exofóricos – ou seja, seu sentido depende da situação geral da produção de texto. Assim, por exemplo, “eu” refere-se ao emissor; “hoje” ao dia em que foi produzido o texto; “isto”, o que está perto do emissor. São exemplos de referentes dêiticos: artigos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, pronomes possessivos e advérbio de lugar e de tempo.

Principais categorias dêiticas:

a) Pessoal – identifica os participantes da enunciação (relacionam-se com o “eu” e o “tu”).

Eu te amo. (eu = emissor; te = receptor).

Por que será que ele não veio? (ele = pessoa de quem se fala).

b) Espacial – Indica o local da enunciação (relaciona-se com o “aqui”).

Aqui está frio. (Aqui = lugar onde a pessoa falou).

Lá fora a vida é muito agitada! ( O sentido de “lá” só tem sentido se soubermos onde fica o “aqui”).

c) Temporal – indicam o espaço de tempo, relativamente à enunciação. (relaciona-se com o “agora”).

Ontem recebi um telefonema. (Identificação do “ontem” depende do “hoje”).

MECANISMOS DE COESÃO

Para efeitos didáticos, classificamos a coesão em três tipos:

1. Coesão Referencial – É aquela em que elementos dos texto nos remetem a outros itens do mesmo texto. Este tipo de coesão obtém-se por:

a) Substituição: É a colocação de um termo ou expressão em lugar de outro item.

O garoto estava na praça sozinho. Ele chorava compulsivamente. (Ele substitui a expressão O garoto).

João viajou. Eu fiz o mesmo. (A expressão destacada substitui o predicado anterior).

Carlos e Rodrigo são primos. Este é o mais novo. ( Este substitui Rodrigo).

A elipse também é uma forma de substituição: O arquiteto José da Silva mudou de cidade. Levou apenas uma mochila e vários sonhos. (O sujeito da segunda oração está subentendido).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 26

Page 27: Apostila Português II.docx

b) Reiteração: É a repetição de palavras ou expressões do texto. Pode realizar-se por simples repetição de palavras ou expressões; por sinônimos ou quase sinônimos, por hiperônimos e hipônimos; por epítetos, etc.

O gato espreguiça-se. O gato lambia o corpo. O gato parecia feliz. (repetição de palavras).

É necessário que os idosos tenham seus direitos respeitados. Há muito que se percebe a discriminação do velhos em todos os níveis. (sinônimos)

ALGUNS RECURSOS DE COESÃO

1. Pronomes :

Ele gostava de Clara, mas não a amava. (a = Clara).

José e Antônio viajaram. Este foi ao Rio, aquele, a São Paulo. (Este = Antônio; aquele = José).

2. Epítetos : Palavras ou frases que qualificam pessoas ou coisas.

Camões foi um dos maiores poetas de todos os tempos. O autor de Os lusíadas, no entanto, morreu na mais absoluta miséria. (O autor de Os Lusíadas é epíteto (palavra que qualifica pessoa ou coisa) – de Camões.

3. Hiperônimos : Termos de sentido geral. ( Hipônimos são termos de sentido específico).

Com várias peras. As frutas estavam maravilhosas. (frutas = hiperônimo; peras = hipônimo).

4. Termo-síntese : palavra que resume.

Acordou tarde. O carro estava com defeito. Além disso, chovia. Esses problemas fizeram com que meu irmão chegasse atrasado ao serviço. (A palavra problemas sintetiza o que foi dito).

5. Repetição de palavras :

O gato espreguiçava-se. O gato lambia o corpo. O gato parecia feliz.

6. Nominalizações : um substantivo remete-se ao verbo da oração anterior.

Cila telefonou. O telefonema deixou-me feliz.

7. Expressões sinônimas ou quase sinônimas :

É necessário que os idosos tenham seus direitos respeitados. Há muito tempo que se observa a discriminação dos velhos.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 27

Page 28: Apostila Português II.docx

8. Repetição do nome próprio ou parte dele :

Fernando Pessoa continua sendo um mito na poesia. Pessoa é até hoje leitura indispensável.

9. Nomes genéricos : coisa, pessoa, fato, etc.

A mãe aproximou-se com o remédio. O filho disse que não tomaria tal coisa.

10.Numerais :

Gabriel e Mateus foram ao estádio. Ambos torcem pelo mesmo time.

11.Elipse : Omissão de termos.

O garoto saiu. Foi ao parque. (omitiu-se o sujeito da segunda oração).

12.Advérbios pronominais : aqui, aí, ali, lá.

Na minha cidade natal havia um belo parque. Lá passei momentos inesquecíveis.

13.Metonímia : Emprego de um termo em lugar de outro, baseado numa relação de afinidade.

Os animais caminhavam pela rua de terra batida. Os irracionais pareciam indiferentes à chuva.

MECANISMOS DE COESÃO

2. Coesão sequencial : Assim como a coesão recorrencial, a coesão sequencial tem como o objetivo a progressão do texto. Na coesão recorrencial , há repetição de termos ou de estruturas; na coesão sequencial, porém, não há repetição de palavras nem de estruturas. Há dois tipos de coesão sequencial:

a) Temporal : A coesão sequencial temporal pode ser obtida por:

I. Ordenação linear dos elementos :

Saiu de casa, foi ao mercado e comprou legumes. (Não poderíamos dizer: comprou legumes, foi ao mercado e saiu de casa).

II. Expressões que assinalam a ordenação ou continuação das sequências temporais:

De manhã, trabalhei; à tarde, estive no banco.

III. Partículas temporais :

Amanhã farei o trabalho de história.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 28

Page 29: Apostila Português II.docx

IV. Correlação dos tempos verbais :

Se ele quisesse, viajaria. Se ele quiser, viajaria.

b) Sequencial por conexão : A coesão sequencial por conexão é expressa pelos conectivos, estabelecendo relações lógico-semânticas entre as orações, e relações argumentativas.

Embora fosse pouco estudioso, sempre teve sucesso nos estudos. (O conectivo embora estabelece simultaneamente uma relação de concessão e de contradição).

Ele trabalha muito, mas ganha pouco. (O conectivo mas indica uma oposição entre os dois enunciados).

Afonso viaja todos os anos à Europa, logo deve ganhar bem. (A oração introduzida pelo conectivo logo indica uma conclusão lógica.)

Entre, porque é tarde! (Porque introduz uma justificativa ao que está expresso na oração anterior).

1. Textos coesos contribuem para a coerência do texto. Mas não basta escrever um texto coeso para obtermos coerência.

Observemos o exemplo abaixo:

O homem foi à lua. O Flamengo foi eliminado. Ontem à noite terminei de ler um livro de Graciliano Ramos. (Não há problemas de coesão nesse parágrafo, mas não temos um texto coerente, pois cada enunciado não estabelece relações estreitas com os outros. Enquanto a coesão se preocupa com a parte visível do texto, isto é sua superfície, a coerência preocupa-se com o que se diz do todo).

2. Há textos coerentes , mas destituídos de coesão:

É pau; é pedra

É o fim do caminho

É um resto de toco

É um pouco sozinho

É um caco de vidro

É a vida, é o sol (...)

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 29

Page 30: Apostila Português II.docx

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. No texto “Maria era uma garota dedicada à família. Ela cuidava dos pais, já idosos, e de um tio doente”. O pronome sublinhado é:

a) ( ) anafórico.

b) ( ) catafórico

c) ( ) não tem referente

d) ( ) faz parte do conhecimento do mundo

2. Em “Você vai ao teatro; eu, ao cinema”, ocorre:

a) ( ) elipse.

b) ( ) hiperonímia

c) ( ) hiponímia

d) ( ) repetição

3. Observa-se no texto abaixo a repetição de termos – todo, toda – este recurso está a serviço:

Toda palavra dita, toda palavra ouvida

Todo riso adiado ou esperança

Toda fura guardada, todo gesto escondido

O orgulho humilhado, o carinho contido.

a) ( ) da coesão referencial - b) ( ) da correferência

c) ( ) da coesão anafórica - d) ( ) da coesão recorrencial.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 30

Page 31: Apostila Português II.docx

Coerência textual

Existe coerência num texto quando as ideias nele contidas se relacionam entre si e esse texto possui significado para quem o lê.

Para um texto manter-se coerente, é preciso que haja um elo conceitual entre seus diversos segmentos. Essas relações semânticas constroem a coerência. Os substantivos e os verbos devem estar interligados não apenas para acrescentar informações, mas também para alicerçar o sentido do texto.

Texto coerente é o resultado da articulação das ideias de um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.

Exemplo de texto coerente:

Apesar de 4 bilhões de pessoas viverem na pobreza, entre os 6 bilhões de habitantes da terra, as pessoas simples continuam a acreditar num futuro melhor.

O texto será incoerente se seu produtor não souber adequá-lo à situação, levando em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatário, regras sócio culturais, outros elementos de situação, uso de recursos linguísticos, etc. Caso contrário será coerente.

Exemplo de texto incoerente:

João é extremamente honesto porque, na adolescência, falsificou um documento de identidade.

Há incoerência na frase acima, já que a honestidade é incompatível com falsificação. Para torná-lo coerente, bastaria usar o conectivo embora no lugar de porque, indicando um fato contrário à oração principal, mas insuficiente para impedir que consideremos João desonesto. Ficaria coerente desta forma:

João é extremamente honesto, embora tenha, na adolescência, falsificado um documento de identidade.

Há três níveis de coerência do texto:

1. Narrativa : é coerente contar a história de um homem que seja completamente cego, perdido numa praça; seria incoerente dizer que esse homem está admirando a beleza de um pôr do sol.

2. Figurativa : é coerente mostrar, na praia, sob um sol escaldante de verão, corpos seminus, guarda-sóis coloridos, vendedores de sorvete e de água gelada; seria incoerente, sob o mesmo sol escaldante, mostrar homens deitados na areia, vestidos de ternos sóbrios, mulheres, com vestidos longos, mergulhando nas águas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 31

Page 32: Apostila Português II.docx

3. Argumentativa : é necessária não só a apresentação de elementos lógicos e convincentes, mas também a concatenação entre os vários argumentos. Seria incoerente dizer que determinada pessoa detesta estar entre multidões e, por isso, todos os sábados, vai a um estádio de futebol.

Coerência é a harmonia existente entre as várias partes do texto, produzindo uma unidade de sentido.

MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO DISCURSO

Descrição: É uma sequência de aspectos. Caracteriza seres, objetos, cenas, ambientes ou processos. O texto descritivo baseia-se no uso dos cinco sentidos: audição, olfato, tato, visão e paladar.

Na descrição, todos os enunciados relatam fatos simultâneos, não havendo progressão temporal nem transformação de estado. Geralmente os verbos estão no imperfeito do indicativo, ou no presente do indicativo.

“Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem.

Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava na relação com as pessoas a mesma linguagem com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.”

De acordo com o enfoque dado pelo descritor, a descrição pode ser:

1. Objetiva : a imagem aproxima-se da realidade.

Características: visão imparcial, linguagem denotativa, uso de substantivos concretos, termos precisos (cores, forma, tamanho, espessura, etc.), frases curtas em ordem direta.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 32

Page 33: Apostila Português II.docx

Descrições técnicas e relatórios são exemplos de descrições objetivas.

“Composição Tylenol: cada comprimido contém 500 mg de paracetamol. Excipientes: celulose miocristalina, amido, estereato de cálcio.”

2. Subjetiva : o objeto descrito é apresentado de acordo com uma visão particular do descritor.

Características: visão impressionista, linguagem conotativa, predomínio de substantivos abstratos, frases elaboradas, captação imprecisa da realidade.

José de Alencar caracteriza a personagem Aurélia desta forma: “Era uma expressão fria, pausada, inflexível que jaspeava sua beleza, dando-lhe quase a gelidez da estátua.”

3. Estática : Os seres animados são apresentados sem movimento.

“Tem trinta anos, mas apresenta mais de quarenta. Sentado no velho sofá de couro, olhos fechados, pensa nos amigos ausentes.”

4. Dinâmica : Os seres são apresentados em movimento.

“Ficava grande parte do dia em pé, andando de mesa em mesa. Um prazer tirar os sapatos, as meias, mexer os dedos dos pés.”

Técnicas descritivas: há três técnicas descritivas:

1. Pictória : o descritor e o objeto descrito estão imóveis.

2. Topográfica : o descritor está em movimento, e o objeto, imóvel.

3. Cinematográfica : descritor e objeto descritos estão em movimento.

Observação: Quando a descrição está a serviço da narração ou da dissertação, dizemos que a descrição exerce a função extra textual. Quando há um texto descritivo puro, cuja função se encerra em si mesma, a descrição exerce a função intratextual. Exemplo desta função aparece em receitas e bulas de remédios.

DESCRIÇÃO

É muito comum as pessoas confundirem este tipo de redação com a narração, mas elas tem diferenças fundamentais que as caracterizam. A descrição também conta com certos detalhes de um acontecimento, porém ela preocupa-se mais com a caracterização de pessoas, objetos e lugares. No entanto é mais do que uma simples fotografia. Os grandes textos descritivos dão uma visão nova daquilo que se vê todos os dias. Os poetas costumam produzir grandes descrições.

“A menina saiu de casa para ir à escola. Ela tinha dez anos de idade e estava na quarta série.Todos os dias prendia seus cabelos negros e longos com elásticos coloridos. Sua

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 33

Page 34: Apostila Português II.docx

pele era clara e seus olhos grandes e castanhos. Adorava ir para a escola, que era um ambiente muito agradável. Lá a luminosidade dava ânimo para se cumprir as atividades do cotidiano. Havia um grande número de salas e todas elas eram muito bem organizadas e espaçosas.”

NARRAÇÃO

Narração: é uma sequência de ações, envolvendo personagens num aspecto e num tempo. Narrar é contar uma história.

No texto narrativo há sempre progressão temporal e mudança de estado. Os verbos estão geralmente no pretérito perfeito. São textos narrativos: poemas épicos, contos, novelas, romances, relatórios, atas, notícias, etc.

Exemplo de texto narrativo:

“Quando eu tinha 10 anos, ao narrar a um amigo uma história que havia lido, inventei para ela um fim diferente, que me parecia melhor. Resolvi então escrever as minhas próprias histórias.

Durante o meu curso de ginásio, fui estimulado pelo fato de ser sempre dos melhores em português e dos piores em matemática – o que, para mim, significava que eu tinha jeito para escritor.

A partir dos 14 anos comecei a escrever histórias “mais sérias”, com pretensão literária. Muito me ajudou, neste início de carreira, ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai. E a mania que passei a ter de estudar gramática e conhecer bem a língua me foi bastante útil.”

ELEMENTOS DA NARRATIVA

São elementos básicos da narrativa:

1. Narrador: é o elemento que estrutura o enredo. É quem conta a história. Pode ser:

a) Narrador de 1ª pessoa: participa da história, podendo ser personagem principal ou secundária.

b) Narrador de 3ª pessoa observador: não se inclui na narrativa. O narrador observador apenas relata os fatos de uma forma objetiva.

c) Narrador de 3ª pessoa onisciente: não se inclui na narrativa, mas não só relata os fatos, como também revela os sentimentos, emoções e intenções das personagens.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 34

Page 35: Apostila Português II.docx

2. Enredo: é o conjunto de acontecimentos que formam a história. Também é chamado de intriga, ação, história, fábula (quando tem animais como personagens).

3. Personagens: são seres com características físicas e psicológicas determinadas que atuam na narrativa. Podem ser principais ou secundárias, de acordo com a importância na narrativa.

4. Ambiente: (ou local ou espaço) – é o espaço físico e social, onde se passa a narrativa. Físico é o lugar onde acontece a narrativa. Social é um cenário com características socioeconômicas, morais, psicológicas, em que habitam as personagens.

5. Tempo: é o elemento que se refere à sequência da narrativa. Divide-se em:

a) Cronológico: transcorre na ordem natural dos fatos; é linear, mensurável.

b) Psicológico: é retrospectivo, de acordo com as lembranças e intenções do narrador ou personagens, isto é, a ordem natural dos acontecimentos é alterada.

NARRAÇÃO

É uma explanação detalhada sobre um acontecimento, ou sobre uma série de fatos, ou seja, narrar é contar algo. Existem várias formas de narrativas: contos, crônicas, parábolas, entre outros. A narração engloba seis pontos principais:

O fato

Os personagens envolvidos no fato

Como o fato de deu

Quando o fato se deu

Porque o fato se deu

As consequências do fato.

Esses seis pontos são exatamente o que envolve a narrativa jornalística. Aliás, que envolve o primeiro parágrafo das matérias de jornais, chamado de lead. São sempre as mesmas perguntas: o que, onde, como, por que e quando. As consequências geralmente estão expostas no restante da matéria.

EXEMPLO:

“Uma menina saiu de casa para ir até a escola em que estudava desde a primeira série. Todos os dias ela pegava um ônibus que a deixava em frente sua escola. Mas, naquele

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 35

Page 36: Apostila Português II.docx

dia, quando desceu do ônibus, havia acontecido um acidente com um amigo seu. O garoto tinha sido atropelado.”

DISSERTAÇÃO

Dissertação: é uma apresentação de ideias sobre determinado assunto. O objetivo principal da dissertação é a análise, a persuasão e a sedução, isto é, o convencimento pela comunicação, por jogos de palavras e de conceitos; é levar alguém a aceitar nosso ponto de vista pelo sentimento ou pela emoção. Na dissertação predominam os conceitos abstratos, enquanto que na narração, os concretos.

Na dissertação, o autor do texto explicita claramente sua opinião sobre determinado assunto.

A dissertação divide-se em:

a) Argumentação: texto argumentativo.

b) Exposição: texto expositivo ou explicativo.

Em geral, os textos dissertativos dividem-se em três partes:

1. Introdução: apresentação ou ponto de vista que será objeto de demonstração.

2. Desenvolvimento ou argumentação: apresentação das provas e dos argumentos em defesa da tese apresentada.

3. Conclusão: é o desfecho coerente com argumentos defendidos no desenvolvimento.

TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO

TEXTO ARGUMENTATIVO: tem como objetivo a defesa de um ponto de vista, de uma ideia ou o questionamento de alguma opinião. Para a defesa de sua tese, o autor tenta persuadir o leitor com argumentos convincentes, baseados na dedução e na indução.

ALGUMA CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ARGUMENTATIVO:

1. Primeira pessoa: Acreditamos que esta proposta vingará.

2. Dêiticos (aqui, aí, lá, hoje, este): Esta lei favorece apenas o empresariado.

3. Verbos no presente, pretérito ou futuro do indicativo: Chegou a hora de decidirmos.

4. Modalizadores ( indicadores de opinião): Infelizmente, o governo só toma medidas impopulares. É claro que o povo não lhe interessa.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 36

Page 37: Apostila Português II.docx

5. Recursos retóricos (comparações, metáforas, antítese, etc.): É um lobo vestido de cordeiro.

6. Perguntas retóricas: (visam à interação com o interlocutor, levando-o a aceitar a tese defendida: Quem nunca viu um menor abandonado?

7. A aceitação de uma tese para, em seguida, refutá-la: É verdade que o governo precisa arrecadar impostos. Mas o povo já pagou sua cota e não aguenta mais novos impostos.

8. Relações de causa e consequência: Já que são corruptos (causa), não merecem nossa admiração. (consequência).

9. Intertextualidade (alusão a outros textos): Vamos perdoar a estes ministros, pois eles não sabem o que fazem.

EXEMPLO DE TEXTO ARGUMENTATIVO:

“O Brasil deve explorar o óleo nacional, com certeza mais barato do que o importado. E, ao invés de enviar suas divisas para o exterior comprando petróleo, de usá-las melhor, na modernização do país.

Aumentar a produção nacional de petróleo tem efeitos importantes para a economia, desenvolve todo um sistema financeiro e a indústria que gira em torno deste setor. Esta é uma forte tendência mundial, que se verifica em países como Rússia, China, Vietnã, Cuba, Venezuela, Colômbia, Equador e também no Mar do Norte.”

TEXTO EXPOSITIVO OU EXPLICATIVO

Ao contrário do texto argumentativo, que se caracteriza pela defesa de um ponto de vista, o objetivo do texto expositivo é a transmissão de um conhecimento ao leitor: identificação, exposição e análise e esclarecimento de situações, fatos, fenômenos, teorias, conceitos, definições. Este tipo de texto é usado na imprensa, nos livros didáticos, nas enciclopédias, nas revistas de divulgação técnica e científica. É o texto do especialista.

CARACTERÍSTICAS DO TEXTO EXPOSITIVO:

1. Objetividade, clareza e precisão – uso da linguagem referencial (denotativa), vocabulário especializado.

2. Estruturas explicativas.

3. Interação com o leitor – perguntas e respostas.

4. Veracidade e precisão.

5. Impessoalidade – o autor não dá opinião; uso da terceira pessoa.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 37

Page 38: Apostila Português II.docx

CARACTERÍSTICAS DO TEXTO EXPOSITIVO:

6. Emprego de determinados verbos como : ser, ter, consistir, compreender, designar, constituir, haver, pertencer e muitos outros, usados no presente, pretérito perfeito e futuro do indicativo.

7. Conectores que exprimem relações de causa e consequência – (porque, visto que, como, em função de, por consequência, por isso, por conseguinte, tendo em conta, etc.)

8. Emprego de comparações, definições, enumerações, contrates e exemplos.

9. Documentação e citação de fontes.

EXEMPLO DE TEXTO EXPOSITIVO:

“Durante um bom tempo, a administração da justiça, no Brasil, fez-se por intermédio do Ouvidor-Geral, a quem se podia recorrer no caso de haver discordância com relação às decisões dos ouvidores setoriais, responsáveis pelas comarcas estabelecidas em cada uma das capitanias hereditárias. Modernamente, a função do ouvidor está relacionada às tarefas de ouvir e encaminhar as solicitações do cidadão, e as experiências dos municípios e estados que instalaram ouvidorias têm comprovado a importância da aliança entre governantes e governados para o fortalecimento de nossas instituições...”

TEXTO INJUNTIVO OU INSTRUCIONAL

O texto injuntivo tem como finalidade influenciar o comportamento humano do receptor, levando-o a uma mudança de comportamento. Nesse tipo de texto exprimem-se ordens, pedidos, sugestões, orientações e sedução. Publicidade, receitas, instruções de montagem, horóscopos, provérbios, sermões e discursos políticos são exemplos de gêneros em que predomina o texto injuntivo.

CARACTERÍSTICAS DO TEXTO INJUNTIVO:

1. Linguagem direta e persuasiva.

2. Uso da segunda pessoa – tu e você.

3. Vocativo.

4. Verbos no imperativo ou no presente do indicativo.

5. Vocábulos que seduzem o receptor.

6. Conotação.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 38

Page 39: Apostila Português II.docx

EXEMPLO DE TEXTO INJUNTIVO: “Tempo é dinheiro. Na FIAT AUTOCENTRO, você economiza os dois. Tudo o que seu FIAT precisa num só lugar, com rapidez, garantia, segurança e transparência.”

TEXTO DIALOGAL OU CONVERSACIONAL

É o texto que se caracteriza pelo contato, pela sequência de turno de fala, isto é, pela troca de falas entre os personagens, em discurso direto. É o texto realizado numa conversa.

CARACTERÍSTICAS DO TEXTO DIALOGAL OU CONVERSACIONAL:

1. Verbos no modo indicativo – (presente, pretérito perfeito e futuro) e no imperativo.

2. Primeira e segunda pessoa – (eu, tu, você).

3. Pronomes demonstrativos e possessivos – (este, esse, aquele, meu, teu, seu).

4. Formas de cortesia – (por favor, permita-me, você está ótimo).

5. Reformulação dos enunciados – (melhor dizendo, não era bem isso).

6. Pausas, entonações, gestos e olhares.

7. Interjeições – (Ah! Puxa!).

8. Frases curtas.

EXEMPLO DE TEXTO DIALOGAL OU CONVERSACIONAL

CONVERSINHA MINEIRA

-É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?

-Sei dizer não senhor; não tomo café.

-Você é dono do café, não sabe dizer?

-Ninguém tem reclamado dele não senhor.

-Então me dá café com leite, pão e manteiga.

-Café com leite só se for sem leite.

-Não tem leite?

-Hoje, não senhor.

-Por que hoje não?

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 39

Page 40: Apostila Português II.docx

-Porque hoje o leiteiro não veio.

-Ontem ele veio?

-Ontem não.

(...)

DISSERTAÇÃO

As dissertações tem sido o tipo de redação mais pedido em processos seletivos como vestibulares e concursos públicos. Este gênero permite que se desenvolva um tema sobre os mais variados aspectos. Ela é baseada principalmente em uma análise e sempre expõem ideias, motivo principal pelo qual tem sido utilizada de forma intensa por processos seletivos, afinal, que melhor maneira de saber se você domina um assunto da

atualidade do que lhe colocando para escrever sobre ele?

No desenvolvimento da dissertação é necessário que você tenha raciocínio lógico. Eis a importância de você já estar informado sobre os aspectos que pode abordar sobre determinados assuntos.

O seu raciocínio pode ser de dois tipos: indutivo ou dedutivo.

RACIOCÍNIO INDUTIVO: é quando se utiliza experiências e observações para se chegar a um princípio.

EXEMPLO:

Pessoas idosas que praticam exercícios físicos vivem mais e melhor. (experiência)

93% dos idosos que praticam exercício físico tem 90% menos chances de um enfarte.(experiência)

Os exercícios físicos proporcionam uma vida melhor e com menos chance de infarto.(princípio)

RACIOCÍNIO DEDUTIVO: quando você parte de uma norma para um fato

específico.

EXEMPLO:

Para passar no vestibular é necessário estudar muito. (norma)

Luciana passou no vestibular.

Luciana estudou muito e passou no vestibular. (fato específico).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 40

Page 41: Apostila Português II.docx

Esse tipo de redação exige que se tenha opinião. Seja coerente ao transmitir o seu ponto de vista e nunca use expressões como “na minha opinião”, “creio que”, “eu acho”, “acredito piamente”, entre outras. Essas expressões certamente darão um aspecto negativo ao seu texto. Vamos considerar como terminantemente proibido usar a primeira pessoa (eu) nas dissertações. A menos que seja pedido, o uso do “eu” só vai prejudicar sua redação.

Você precisa se lembrar de aspectos que deixam a estética de seu texto

infinitamente melhor, como:

Dê um espaço de margem para os inícios dos parágrafos.

Uma dissertação tem no mínimo três parágrafos.

Não destaque frases que você acha mais importantes. Isto é uma redação e

não um trabalho escolar.

Nunca esqueça do título. Este é um erro muito comum que pode fazer com que muitos candidatos passem na sua frente. Nunca comece seu texto com a mesma frase do título. O tempo deve ser um só. Se você começou a escrever no passado, não mude para o presente no caminho, a não ser que isto seja imprescindível.

A melhor estrutura para se utilizar na construção de um texto dissertativo é a seguinte:

INTRODUÇÃO + DESENVOLVIMENTO (ARGUMENTAÇÃO) + CONCLUSÃO.

PROPOSTA DE EXERCÍCIO

Faça uma dissertação. Escolha um tema de sua cidade. Pode ser qualquer um que você ache interessante. Mas escreva como se fosse em uma prova: procure fazer em pouco tempo e inserir um bom conteúdo.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Para classificar as sequências abaixo, use o código:

(1) Narrativa(2) Argumentativa (3) Expositiva ou Explicativa

(4) Injuntiva ou Instrucional (5) Descritiva

( ) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 41

Page 42: Apostila Português II.docx

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

( ) O budismo faz tanto sucesso no Ocidente porque possui características que correspondem às tendências da pós-modernidade neoliberal. Num mundo em que muitas religiões se sustentam em estruturas autoritárias e apresentam desvios fundamentalistas, o budismo apresenta-se como uma não-religião, uma filosofia de vida que não possui hierarquias, estruturas nem códigos canônicos.

( ) O uso do celular deve matar mais do que o cigarro em alguns anos, segundo estudo de um médico australiano publicado na internet. Vini Khurana, um neurocirurgião que recebeu 14 prêmios em 16 anos, pede que a população use o aparelho o mínimo possível, principalmente quando se trata de crianças.

( ) Conecte-se ao ilimitado, realize seus sonhos. Descubra o mundo Sunsix. A Sunsix tem o modelo ideal para você. Trabalho ou diversão, o importante é ter qualidade e alto desempenho. Escolha seu modelo e plugue-se no que existe de melhor e alto desempenho. Escolha seu modelo e plugue-se no que existe de melhor e entre no mundo Sunsix.

( ) As ancas balançam e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estalos de guampas, estrondos de baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos, de lá do sertão...

Pontuação

Sinais de Pontuação

Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como finalidade:

1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;

2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;

3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

Veja a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à escrita maior clareza e simplicidade.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 42

Page 43: Apostila Português II.docx

Vírgula ( , )

A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação do período. Geralmente é usada:

- nas datas, para separar o nome da localidade.

Por Exemplo:

São Paulo, 25 de agosto de 2005.

- após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.

Por Exemplo:

– Você gostou do vestido?– Sim, eu adorei!– Pretende usá-lo hoje?– Não, no final de semana.

- após a saudação em correspondência (social e comercial).

Exemplos:

Com muito amor,Respeitosamente,

- para separar termos de uma mesma função sintática.

Por Exemplo:

A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.

Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.

- para destacar elementos intercalados, como:

a) uma conjunção

Por Exemplo:

Estudamos bastante, logo, merecemos férias!

b) um adjunto adverbial

Por Exemplo:

Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 43

Page 44: Apostila Português II.docx

Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a locução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo, a não ser que a ênfase o exija.

c) um vocativo

Por Exemplo:

Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.

d) um aposto

Por Exemplo:

Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular.

e) uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc.)

Por Exemplo:

O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em Deus.

- para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.

Por Exemplo:

O documento de identidade, você trouxe?

- para separar elementos paralelos de um provérbio.

Por Exemplo:

Tal pai, tal filho.

- para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo.

Por Exemplo:

As flores, eu as recebi hoje.

- para indicar a elipse de um termo.

Por Exemplo:

Daniel ficou alegre; eu, triste.

- para isolar elementos repetidos.

Exemplos:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 44

Page 45: Apostila Português II.docx

A casa, a casa está destruída.Estão todos cansados, cansados de dar dó!

- para separar orações intercaladas.

Por Exemplo:

O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.

- para separar orações coordenadas assindéticas.

Por Exemplo:

O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.

- para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas orações alternativas.

Exemplos:

Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio.Vá devagar, que o caminho é perigoso.Estuda muito, pois será recompensado.As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.

ATENÇÃO

Embora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes de sua ocorrência:

1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.

Por Exemplo:

O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.

Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de "protestou".

2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).

Por Exemplo:

E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, consequência, por exemplo)

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 45

Page 46: Apostila Português II.docx

Por Exemplo:

Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

- para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais, sobretudo quando vêm antes da principal.

Por Exemplo:

Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir.Quando voltei, lembrei que precisava estudar para a prova.

- para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.

Por Exemplo:

A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.

Ponto e vírgula ( ; )

O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos:

- para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si.

Por Exemplo:

O rio está poluído; os peixes estão mortos.

- para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula.

Por Exemplo:

O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra.

- para separar itens de uma enumeração.

Por Exemplo:

No parque de diversões, as crianças encontram:brinquedos;balões;pipoca.

- para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 46

Page 47: Apostila Português II.docx

Por Exemplo:

Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã.

- para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração.

Por Exemplo:

Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns.

Dois-pontos ( : )

O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente:

- para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.

Por Exemplo:

"Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz :– Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos)

- para anunciar uma citação.

Por Exemplo:

Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."

- para anunciar uma enumeração.

Por Exemplo:

Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.

- antes de orações apositivas.

Por Exemplo:

Só aceito com uma condição: Irás ao cinema comigo.

- para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.

Exemplos:

Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas.Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão.Em resumo: Montei um negócio e hoje estou rico.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 47

Page 48: Apostila Português II.docx

Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos:

ratificar/retificar, censo/senso, etc.

Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.

- na invocação das correspondências.

Por Exemplo:

Prezados Senhores:Convidamos a todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa.Atenciosamente, A Direção

Ponto Final ( . )

O ponto final representa a pausa máxima da voz. A melodia da frase indica que o tom é descendente. Emprega-se, principalmente:

- para fechar o período de frases declarativas e imperativas.

Exemplos:

Contei ao meu namorado o que eu estava sentindo. Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar.

- nas abreviaturas.

Exemplos:

Sr. (Senhor)Cia. (Companhia)

Saiba que:

Pontuação nos títulos e cabeçalhos

Todos os cabeçalhos e títulos são encerrados por pontos finais. Não há uniformidade quando ao uso desta pontuação, mas é de bom tom seguir o que determina a ortografia

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 48

Page 49: Apostila Português II.docx

oficial vigente. Muitas pessoas consideram mais estético não pontuar títulos. Em jornalismo, por exemplo, não se usa a pontuação de titulação.

Ponto de Interrogação ( ? )

O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta. A entoação ocorre de forma ascendente.

Exemplos:

Onde você comprou este computador?Quais seriam as causas de tantas discussões? Por que não me avisaram?

Obs.: não se usa ponto interrogativo nas perguntas indiretas.

Por Exemplo:

Perguntei quem era aquela criança.

Note que:

1) O ponto de interrogação pode aparecer ao final de uma pergunta intercalada, entre parênteses.

Por Exemplo:

Trabalhar em equipe (quem o contesta?) é a melhor forma para atingir os resultados esperados.

2) O ponto de interrogação pode realizar combinação com o ponto admirativo.

Por Exemplo:

Eu?! Que ideia!

Ponto de Exclamação ( ! )

O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente.

Exemplos:

"Como as mulheres são lindas!" (Manuel Bandeira)Pare, por favor!Ah! que pena que ele não veio...

Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 49

Page 50: Apostila Português II.docx

Por Exemplo:

Ana! venha até aqui!

Reticências ( ... )

As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se:

- para indicar continuidade de uma ação ou fato.

Por Exemplo:

O tempo passa...

- para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

Por Exemplo:

Vim até aqui achando que...

- para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.

Exemplos:

"Vamos nós jantar amanhã?– Vamos...Não...Pois vamos."Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.

- para realçar uma palavra ou expressão.

Por Exemplo:

Não há motivo para tanto...mistério.

- para realizar citações incompletas.

Por Exemplo:

O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:"Deitado eternamente em berço esplêndido..."

- para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.

Por Exemplo:

"Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis)

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 50

Page 51: Apostila Português II.docx

Saiba que

As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor.

Parênteses ( ( ) )

Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:

- para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão.

Por Exemplo:

Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo) que já apareceu anteriormente na frase.

- para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.)

Por Exemplo:

" O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.)

para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões.

Por Exemplo:

Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.

- para delimitar o período de vida de uma pessoa.

Por Exemplo:

Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1986).

- para indicar possibilidades alternativas de leitura.

Por Exemplo:

Prezado(a) usuário(a).

- para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.

Por Exemplo:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 51

Page 52: Apostila Português II.docx

Abelardo I - Que fim levou o americano?João - Decerto caiu no copo de uísque!Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já!(sai pela direita)(Oswald de Andrade)

Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula).

Por Exemplo:

No Brasil existem mulheres:

a) morenas;

b) loiras;

c) ruivas.

Os Parênteses e a Pontuação

Veja estas observações:

1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto.

2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses.

Exemplos:

Eu suponho (E tudo leva a crer que sim.) que o caso está encerrado.Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta.

Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo.

Por Exemplo:

O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal).

3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho.

Travessão ( – )

O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 52

Page 53: Apostila Português II.docx

- no discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.

Por Exemplo:

– O que é isso, mãe?– É o seu presente de aniversário, minha filha.

- para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.

Por Exemplo:

"E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)

- para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto.

Por Exemplo:

"Junto do leito meus poetas dormem

– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –

Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)

- para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.

Por Exemplo:

"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompéia)

Aspas ( " " )

As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas:

- antes e depois de citações ou transcrições textuais.

Por Exemplo:

Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada."

- para representar nomes de livros ou legendas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 53

Page 54: Apostila Português II.docx

Por Exemplo:

Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI.

Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras, conforme o exemplo:

Ontem assisti ao filme Central do Brasil.

- para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia.

Exemplos:

O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja)Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente.Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!

- para realçar uma palavra ou expressão.

Exemplos:

Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não".Quem foi o "inteligente" que fez isso?

Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples.

Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis)

Colchetes ( [ ] )

Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado:

- em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.

Por Exemplo:

amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário Aurélio)

- para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.

Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 54

Page 55: Apostila Português II.docx

1- Bo ta bon? [Você está bem?]

2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]

- para inserir comentários e observações em textos já publicados.

Por Exemplo:

Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"]

- para indicar omissões de partes na transcrição de um texto.

Por Exemplo:

"É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis)

Asterisco ( * )

O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado:

- nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao  final de capítulos.

Por Exemplo:

Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.

* É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.

- nas substituições de nomes próprios não mencionados.

Por Exemplo:

O Dr.* conversou durante toda a palestra. O jornal*** não quis participar da campanha.

Parágrafo ( § )

O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas "Signum sectionis" que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer  que o período seguinte deve começar em outra

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 55

Page 56: Apostila Português II.docx

linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) e significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.

O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis, por indicar os parágrafos únicos.

Por Exemplo:

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Figuras de LINGUAGEM

As figuras de linguagem empregam-se para enriquecer a expressão oral ou escrita. Dividem-se em:

1. FIGURAS DE PALAVRAS OU TROPOS : As principais figuras de palavras são;

a) Comparação ou Símile: Estabelece um paralelo entre dois elementos, destacando a semelhança entre eles.

O homem é forte como um touro. (como = qual, parecido com. Comparação da força do homem com a do touro, que apresenta a imagem de vigor).

Teus lábios são como mel.

Observação:

Na comparação aparece um conectivo comparativo – (como, igual, etc.).

b) Metáfora: É uma comparação subjetiva entre dois termos sem o uso do conectivo.

O homem era um touro. (semelhante a um touro).

Quero beijar teus lábios de mel. (macios, deleitosos como o mel).

Observação:

Alegoria é uma sucessão de metáforas.

“A vida é um grande poema em estrofes variadas; umas, emopulentos alexandrinos de rimas milionárias; outras, frouxas, quebradas, misérrimas, mas o refrão é um para todas, sempre o mesmo: morrer”.

3. Catacrese: É uma metáfora pobre. É o emprego de palavras fora do seu sentido real, por falta de termo próprio.

Pés de cadeira; céu da boca; embarcar de avião; barriga da perna.

Observação:

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 56

Page 57: Apostila Português II.docx

Alguns autores consideram a catacrese como um vício de linguagem.

4. Metonímia: É o emprego de um termo em lugar de outro, baseado numa relação de afinidade. Há metonímia quando se usa, por exemplo:

a) O autor pela obra.

É bom ler Fernando Pessoa. (= a obra).

b) O efeito pela causa.

Devemos respeitar os cabelos brancos. (A expressão “cabelos brancos” representa a “velhice”, que é a causa dos “cabelos brancos”).

c) O continente pelo conteúdo.

Bebi um copo cheio. (= líquido).

d) A marca pelo produto.

Aprecio um porto. ( = vinho ).

e) A parte pelo todo.

Cabeças atravessam a avenida. ( = pessoas ).

f) O abstrato pelo concreto.

A juventude é corajosa. ( = pessoas jovens ).

g) O gênero pela espécie.

Os mortais não sabem o que fazem. ( = seres humanos ).

Observação:

Atualmente não se costuma fazer distinção entre metonímia e sinédoque.

5. Perífrase ou Antonomásia: É a substituição de um nome por um de seus atributos ou características.

A Cidade Maravilhosa seduz os turistas. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro).

O rei dos animais perdeu o trono. ( rei dos animais = leão).

Observação:

Para alguns gramáticos, antonomásia é a perífrase que indica uma pessoa.

O Rei do Futebol viajou. ( Rei do Futebol = Pelé).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 57

Page 58: Apostila Português II.docx

6. Sinestesia: É a mistura de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos.

Tomei um café quente e gostoso. ( quente: sensação tátil; gostoso: sensação gustativa).

A Rua era escura, úmida e silenciosa. ( escura: sensação visual; úmida: sensação tátil; silenciosa: sensação auditiva).

2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE : São estas as principais figuras de construção:

a) Inversão: É a alteração da ordem dos termos da oração.

A Deus devemos amar. ( = Devemos amar a Deus ).

Observação:

Dá-se o nome e hipérbato ou anástrofe quando a inversão é radical, tornando a frase obscura, isto é, de difícil compreensão.

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante.”

b) Anáfora: É a repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou de frases.

É tudo tão estranho.

É tudo vazio.

Quero antes o lirismo dos loucos,

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare.

3. Anacoluto: É o corte de um pensamento, substituído por outro.

Eu, tudo não passa de uma intriga.

O homem, somos todos incoerentes.

4. Pleonasmo ou redundância: É o emprego de palavras redundantes para realçar um pensamento.

Essas crianças, eu as observei de longe.

Vi com os meus próprios olhos.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 58

Page 59: Apostila Português II.docx

Observação:

O pleonasmo não pode ser confundido com o pleonasmo vicioso.

5. Assíndeto: É a supressão da conjunção coordenativa (geralmente e) entre os termos da oração.

Trabalhou, comeu, descansou, dormiu (Não se colocou e antes de dormiu).

f) Polissíndeto: É a repetição da conjunção coordenativa (geralmente e) entre os termos da oração.

Trabalhou, e comeu, e descansou, e dormiu.

Em casa não havia nada: nem arroz, nem feijão, nem farinha.

g) Repetição ou iteração ou reduplicação: É a reiteração de palavras para intensificar o pensamento.

A menina era bela, bela.

h) Elipse: É a omissão da palavra ou expressão que se subentende facilmente.

Espero compreendam! (Subentende-se a conjunção que = espero que compreendam!).

Não rua, ninguém. (Subentende-se a expressão não havia = na rua não havia ninguém.)

9. Zeugma: É a omissão de uma palavra que foi expressa anteriormente.

Roberta gosta de teatro; a irmã, de cinema. (omissão de gosta = Roberta gosta de teatro; a irmã gosta de cinema).

Aonde ele ia? Ao riacho. (omissão de ele ia = Ele ia ao riacho).

10. Silepse: É a concordância ideológica. Com a ideia e não com a palavra expressa. A silepse pode ser de gênero, de número e de pessoa.

a) Silepse de gênero : São Paulo é muito populosa. (O adjetivo feminino “populosa” concorda com o substantivo subentendido “cidade”, e não com “São Paulo”. ( = A cidade de São Paulo é muito populosa).

b) Silepse de número : Os Lusíadas é uma obra-prima. (O verbo “ser” não concorda com o sujeito plural “Os Lusíadas”, mas com a expressão subentendida “O livro” = O livro Os Lusíadas é uma obra-prima.

Silepse de pessoa: Os brasileiros somos trabalhadores. (A concordância faz-se com o sujeito subentendido “nós”, sinal de que o autor se inclui entre os brasileiros. = Nós, os brasileiros, somos trabalhadores).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 59

Page 60: Apostila Português II.docx

3. FIGURAS DE PENSAMENTO : As principais figuras de pensamento são:

a) Apóstrofe: É a invocação ou chamamento de alguém ou de algo personificado. Corresponde a um vocativo.

Deus, ajude-me!

Amiga morte, vem!

b) Antítese ou contraste: É a oposição de ideias para realçá-las.

A vida é feita de alegrias e de tristezas.

Que mundo imbecil: poucos com tanto; a maioria, sem nada!

c) Hipérbole: É o emprego de uma palavra ou expressão exagerada para dar maior valor expressivo.

Há mil anos que não nos víamos.

Ganha rios de dinheiro.

d) Prosopopeia ou personificação ou animismo: É a atribuição de características dos seres humanos a seres inanimados e irracionais.

O sol beijava a terra.

A raposa disse que as uvas estavam verdes.

e) Gradação ou Clímax: É o encadeamento de ideias em ordem crescente ou decrescente.

Ele gemeu, chorou, gritou desesperadamente.

Quando ela passa à minha porta/ magra, lívida, quase morta.

f) Ironia: É a sugestão do contrário do que as palavras expressam.

Que belo serviço! – (quando se quer dizer que o serviço não está perfeito).

Homem honestíssimo: fraudara o Fisco durante 20 anos!

g) Eufemismo: É a substituição de uma palavra por outra mais suave.

Desviou dinheiro. (desviou = roubou).

Entregou a alma a Deus. (entregou a alma = morreu).

h) Paradoxo ou Oxímoro: É a conciliação de ideias opostas, isto é, consiste na atribuição de termos contraditórios à mesma realidade.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 60

Page 61: Apostila Português II.docx

Amor é fogo que arde sem ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

i) Hipálage: É a transferência de uma característica ou qualidade, que logicamente se relaciona a um substantivo, para outro substantivo.

O homem fumava um pensativo cigarro. (O adjetivo “pensativo” refere-se gramaticalmente a “cigarro”, quando, na verdade, caracteriza o substantivo “homem”).

j) Litotes: É a substituição de um termo ou expressão pela negação de seu oposto, com o objetivo de intensificação.

A prova não foi nada fácil. ( = a prova foi muito difícil).

4. FIGURAS DE SOM OU RECURSOS FONOLÓGICOS :

São estas as principais figuras de som:

a) Aliteração: É a repetição de fonemas, simetricamente dispostos.

Vozes veladas, veludosas vozes.

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...

b) Assonância: É a repetição ordenada de sons vocálicos semelhantes.

Sou um mulato nato no sentido lato.

Mulato democrático do litoral.

c) Paronomásia: É o emprego de palavras semelhantes no som, mas de significados diferentes.

Na tua frente, fico estático e extático. (estático = imóvel; extático = pasmado).

Se não temes, por que tremes?

d) Onomatopeia: É o emprego de palavras que tentam reproduzir sons ou ruídos.

Tique-taque – (do relógio).

Tlintlim – (da campainha).

Fonfom – (da buzina).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 61

Page 62: Apostila Português II.docx

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Correlacione as colunas: (A) – Metáfora; (B) – Metonímia; (C) – Catacrese; (D) – Perífrase; (E) – Sinestesia; (F) – Comparação; (G) – Hipálage; (H) – Litotes.

1. ( ) O incêndio era como um leão faminto.

2. ( ) Já li Fernando Pessoa.

3. ( ) Embarquei no ônibus.

4. ( ) A Cidade Luz continua linda.

5. ( ) Essa mulher é uma fera.

6. ( ) O poeta dos escravos escreveu ótimos poemas.

7. ( ) Fitei-a longamente, fixando o meu olhar na menina dos olhos dela.

8. ( ) Era uma noite silenciosa e fria.

9. ( ) Ele não tinha teto para se abrigar.

10. ( ) Ele apoiou-se no braço da cadeira.

11. ( ) O brasileiro é sempre otimista.

12. ( ) Tuas mãos estão frias e pálidas.

13. ( ) Tua vida é uma mar de rosas.

CRASE

Crase: É a fusão de duas vogais idênticas. Deve ser assinalada com o acento grave (`).

Princípios básicos para o emprego da crase:

1. Antes de palavra feminina, clara ou subentendida.

Dirijo-me à farmácia.

Ele escreve à Fernando Pessoa. (Subentende-se a expressão à moda de = Ele escreve à moda de Fernando Pessoa).

Ele escreve a lápis. (Não há crase, pois lápis é uma palavra masculina).

2. O termo regente exige a preposição a.

Refiro-me à garota. (O verbo referir-se exige a preposição a).

Vejo a garota. (O verbo ver é transitivo direto, não pede preposição).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 62

Page 63: Apostila Português II.docx

3. O termo regido exige artigo a.

Refiro-me à garota. (Digo: vejo a garota).

Refiro-me a garotas. (Nota-se que o a é preposição; não há a presença do artigo. Digo: Vejo garotas).

MÉTODO PRÁTICO:

Haverá crase sempre que pudermos substituir a palavra feminina por uma masculina qualquer, havendo a seguinte correlação:

À – ao

Às – aos

À(s) que – ao(s) que

À qual, às quais – ao qual, aos quais

Àquela(s) – a essa(s), nessa(s)

Àquele(s) – a esse(s), nesse(s)

Àquilo – a isso

Lugares: à = para a, voltar da; a = para, volta de

Refiro-me á mulher. (Refiro-me ao homem).

Refiro-me às mulheres. (Refiro-me aos homens).

À proporção que (ao passo que) estuda, mais se sente recompensado.

Esta caneta é igual à que comprei. (Este lápis é igual ao que comprei).

A mulher à qual me referi... (O homem ao qual me referi...)

Esta caneta é semelhante à tua, à nossa, à dele. (Este lápis é semelhante ao teu, ao nosso, ao dele).

Estou apto àquela (a essa) tarefa; àquele (a esse) trabalho; àquilo (a isso).

Dirigi-me às duas amigas. (aos dois amigos).

Pedi livros à senhorita Antônia e à senhora Maria. (Pedi ao senhor José).

Obedeci à Maria. (Obedeci ao José).

O jogo será às três horas. (aos três minutos).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 63

Page 64: Apostila Português II.docx

Estudei naquele colégio da 2ª à 6ª série. (do 2º ao 6º ano).

OBSERVE AGORA OS EXEMPLOS EM QUE NÃO HÁ CORRELAÇÃO DE “A”/”AS” – “AO”/”AOS”:

Li a revista – Li o livro.

Refiro-me a esta revista – Refiro-me a este livro.

Vi aquela mulher – vi esse homem.

Dirigi-me a ela – Dirigi-me a ele.

Dirijo-me a uma mulher – Dirijo-me a um homem.

A caneta a que me referi – O lápis a que me referi.

A pessoa contra a qual lutei – O homem contra o qual lutei.

Assisti a novelas – Assisti a filmes.

Casos em que ocorre crase

1. Nas locuções adverbiais femininas (adjuntos adverbiais): às vezes, às pressas, à noite, à direita, às escondidas.

Ele saiu à noite, à toa.

Sempre viajo às sextas-feiras.

2. Nas locuções prepositivas femininas, mesmo subentendidas: à moda de, à maneira de, à beira de, à frente de, à espera de, à semelhança de, à custa de.

O garoto estava à espera de seu amigo.

Ele escreve à moda de Fernando Pessoa.

Fez um gol à Romário. (Subentende-se à moda de Romário).

3. No objeto indireto feminino.

Assistiu à peça teatral.

4. Em conjunções conjuntivas femininas: à proporção que, à medida que.

Você aprenderá à medida que for vivendo.

5. No complemento nominal feminino.

Ele está apto à tarefa.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 64

Page 65: Apostila Português II.docx

6. No objeto direto preposicionado, quando houver necessidade de desfazer ambiguidade.

Ama a mãe (sujeito) à filha. (objeto direto Preposicionado).

7. Antes dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo(s).

Fui àquela farmácia. (adjunto adverbial).

Esta caneta é igual à que comprei. (complemento nominal).

8. Com nomes de lugares que admitem artigo.

Fui à Bahia. (Adjunto adverbial). = Fui para a Bahia = Voltei da Bahia.

Fui a Niterói. = Fui para Niterói. = Voltei de Niterói.

Observação:

Se os nomes de lugares que não admitem artigo vierem especificados, haverá crase.

Fui à Lisboa de Camões.

9. Nas expressões que indicam o número de horas.

Chegarei às cinco horas. ( adjunto adverbial).

Observação:

Se a hora estiver indeterminada, não haverá crase.

Saí de lá a uma hora qualquer.

CASOS ESPECIAIS DE CRASE:

Com as palavras casa, terra (no sentido de chão firme) e distância, só haverá crase se essas palavras estiverem especificadas.

Voltamos a casa.

Voltamos à casa de Maria.

Os marinheiros, assim que o navio atracou, voltaram a terra.

Os marinheiros voltaram à terra familiar.

Vejo bem a distância.

Vejo bem à distância de cem metros.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 65

Page 66: Apostila Português II.docx

Casos em que NÃO HÁ crase

1. Antes de palavras masculinas.

Vou a pé.

Assisti a jogos de futebol.

2. Antes de substantivos femininos usados em sentido genérico ou indeterminado (sem artigo).

Refiro-me a educação e a trabalho. (educação qualquer e trabalho qualquer).

Refiro-me à educação e ao trabalho. ( educação especificada, trabalho especificado).

Referi-me a cidades de São Paulo. (Algumas cidades).

Referi-me às cidades de São Paulo. (todas ou as cidades especificadas).

3. Antes de nomes próprios de pessoas célebres.

Refiro-me a Joana D’Arc.

4. Antes de pronomes que não admitem artigo.

Dirigi-me a Sua Excelência.

Observação:

I. Se o pronome admitir artigo, haverá crase.

Dirigi-me à mesma pessoa.

II. Haverá crase com os pronomes de tratamento senhora e senhorita.

Referi-me à senhora Ângela e à senhorita Cristina.

5. Antes de verbos.

Prefiro passear a estudar.

6. Antes de palavras repetidas.

Gota a gota, face a face, frente a frente.

Encontramo-nos face a face.

7. Antes de pronomes possessivos referentes a nomes de parentesco.

Refiro-me a minha irmã.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 66

Page 67: Apostila Português II.docx

8. Quando a preposição a precede nome no plural.

Refiro-me a casas.

9. Antes do artigo uma.

Fui a uma festa.

10. Antes de numerais cardinais, desde que se refiram a substantivos usados em sentido indeterminado.

Vi oito pessoas. (sentido indeterminado). Refiro-me a oito pessoas.

Vi as oito pessoas. (sentido determinado). Refiro-me às oito pessoas.

CRASE FACULTATIVA

1. Antes de nomes de mulheres.

Refiro-me a Anabela.

Refiro-me à Anabela.

OBSERVAÇÃO:

O uso de crase antes de nomes femininos denota intimidade, familiaridade.

2. Depois da preposição até.

Fomos até a praia.

Fomos até à praia.

3. Antes destes nomes: Europa, África, Ásia, Espanha, França, Inglaterra, Holanda e Escócia.

Fui à França.

Fui a França.

4. Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos no singular.

Dei um presente a minha amiga.

Dei um presente à minha amiga.

OBSERVAÇÃO:

I. Se o a estiver no singular, e o pronome possessivo no plural, não haverá crase.

Dei um presente a minhas amigas.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 67

Page 68: Apostila Português II.docx

II. Ocorrendo as + pronome possessivo no plural, haverá crase.

Dei um presente às minhas amigas.

III. Com pronomes possessivos substantivos, haverá crase.

Refiro-me à família de teu amigo e não à tua. (tua é pronome substantivo).

IV. Se a palavra dona vem modificada por adjetivos, cabe o acento.

Entreguei a chave à simpática Dona Teresa.

Não conte isto à querida D. Terezinha!

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Considerando o emprego do sinal indicativo de crase, julgue os itens abaixo:

1. Tenho dúvidas à respeito de franquia.

2. Refiro-me à isenções de impostos.

3. Sempre falei às claras.

4. Por favor, encontre-me às três da tarde.

5. Referiu-se aquela prova do concurso.

6. Fui à bela Curitiba.

7. O candidato falou à cada pessoa.

8. Faça exercícios de 1 a 20.

9. Fez o trabalho a duras penas.

10. Vou à Santa Catarina.

11. Vou à cidade de Barra do Piraí.

12. Vejo bem a distância.

13. Você já esteve em Roma? Eu irei a Roma logo.

14. Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.

15. Fui a Lisboa de meus avós.

16. O autor dá destaque, no texto, à desigualdades.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 68

Page 69: Apostila Português II.docx

A PALAVRA “QUE”

Funções morfológicas

1. Substantivo: É precedido de determinante (artigo, numeral ou pronome) e acentuado. Equivale a qualquer coisa, alguma coisa.

Você tem um quê de anjo.

Este quê deve ser acentuado.

2. Advérbio: Significa quão, tão, muito. Precede adjetivo ou advérbio.

Que belo dia!

Que longe estamos!

3. Preposição: Equivale a de ou para. Geralmente vem depois do verbo ter ou haver.

Tenho que estudar. (que = de).

Há pouco que estudar. (que = para).

4. Pronome adjetivo indefinido: Precede um substantivo, modificando-o. É sinônimo de ‘quanto”, “tanto”, “quão”.

Que calor! (= quanto).

Que tristeza, Deus meu!

5. Pronome adjetivo interrogativo: Precede substantivo nas frases interrogativas. Geralmente equivale a qual, quais.

Que dia é hoje? ( = qual ).

Que roupas você vai usar? ( = quais ).

6. Pronome substantivo indefinido: Substitui o substantivo. Equivale a que coisa.

Não sei que fazer. ( = que coisa ).

7. Pronome substantivo interrogativo: Aparece nas frases interrogativas diretas e indiretas. Substitui o substantivo. Equivale a que coisa.

Que aconteceu? (que = que coisa – interrogativa direta).

Desejo saber a que você se refere. (que = que coisa – interrogativa indireta).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 69

Page 70: Apostila Português II.docx

8. Interjeição: Exprime emoção, sentimento, estado interior. É exclamativo e, por isso, acentuado.

Quê! Você não me acompanha?

9. Partícula expletiva ou de realce: Exprime ênfase. Pode ser retirada sem qualquer prejuízo sintático.

Que que aconteceu? ( = que aconteceu ).

Eu quase que viajei. ( = eu quase viajei ).

10.Pronome relativo: Refere-se sempre a um antecedente (substantivo ou pronome). Equivale a o qual (e flexões). Introduz orações subordinadas adjetivas.

Os homens que (= os quais) estavam na praça jogavam futebol.

Ela fazia o que queria.

11. Conjunção coordenativa: Liga orações coordenadas (sintaticamente independentes).

a) Aditiva: Indica intensidade. Equivale a e.

Chora que chora.

b) Adversativa: Equivale a mas.

Outro aluno, que não José, viajou.

c) Explicativa: Equivale a pois.

Entre imediatamente, que é tarde.

12.Conjunção subordinativa: Liga orações subordinadas (sintaticamente dependentes).

a) Integrante: Introduz oração subordinada substantiva (“que” + oração = isso).

Espero que você seja feliz. ( = espero isso ).

b) Causal: Equivale a pois, visto que.

Dormi, que era tarde.

c) Concessiva: Equivale a embora, ainda que.

Que sejam preguiçosos, terão de trabalhar.

d) Temporal: Equivale a quando, desde que, logo que.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 70

Page 71: Apostila Português II.docx

Foi então que a festa começou.

e) Final: Equivale a para que.

Fiz-lhe sinal que parasse.

f) Comparativa: Equivale a como, (do) que.

A garota é mais inteligente que a irmã.

g) Consecutiva: Equivale a por isso (que é correlativo de tanto, tal, tamanho).

Trabalhou tanto, que ficou cansado.

FUNÇÕES SINTÁTICAS DA PALAVRA “QUE”, COMO PRONOME RELATIVO

A palavra que, quando funciona morfologicamente como pronome relativo, exerce a mesma função sintática do termo que substitui. Assim, um modo prático de descobrir a função sintática do pronome relativo é substituí-lo pelo antecedente.

1. Sujeito:

Conheci um homem que engolia canivetes.

Oração principal: conheci um homem.

Oração subordinada: que engolia canivetes.

Se substituirmos que pelo antecedente, teremos: Um homem engolia canivetes. (que = o homem, logo que é sujeito da oração subordinada adjetiva).

2. Objeto direto:

Esta é a casa que Agostinho construiu.

Oração Principal: Esta é a casa.

Oração subordinada: que Agostinho construiu.

Substituição do que pelo antecedente: A casa Agostinho construiu.

Ordem direta: Agostinho construiu a casa. (que = casa, então que = objeto direto).

3. Objeto indireto:

O livro de que necessito agora está na biblioteca.

Oração principal: O livro está na biblioteca.

Oração subordinada: de que necessito agora.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 71

Page 72: Apostila Português II.docx

Substituição do que pelo antecedente: do livro necessito agora.

Ordem direta: Necessito do livro agora. (do que = do livro, por isso é objeto indireto).

4. Predicativo:

O homem que eu era mudou.

Oração principal: O homem mudou.

Oração subordinada: que eu era.

Substituição do que pelo antecedente: O homem eu era.

Ordem direta: Eu (sujeito) era (verbo de ligação) o homem (predicativo do sujeito). Como que = O homem, portanto, que é predicativo do sujeito.

5. Complemento nominal:

O problema a que fiz referência foi resolvido.

Oração principal: O problema foi resolvido.

Oração subordinada: a que fiz referência.

Substituição do que pelo antecedente: ao problema fiz referência.

Ordem direta: Fiz referência ao problema (a que = ao problema; então, a que = complemento nominal).

6. Adjunto adverbial:

Saímos na hora em que o professor entrava.

Oração principal: Saímos na hora.

Oração subordinada: em que o professor entrava.

Substituição do que pelo antecedente: na hora o professor entrava.

Ordem direta: O professor entrava na hora (em que = na hora; logo “em que” é adjunto adverbial de tempo).

7. Agente da passiva:

O animal por que Antônio foi pisoteado morreu.

Oração principal: O animal morreu.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 72

Page 73: Apostila Português II.docx

Oração subordinada: Antônio foi pisoteado por que (por que = pelo animal; por que = agente da passiva).

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Associe as colunas, de acordo com a classificação morfológica da palavra que:

(1) Substantivo (2) advérbio de intensidade (3) preposição

(4) Partícula expletiva ou de realce (5) interjeição

(6) Pronome relativo (7) pronome interrogativo

(8) Pronome adjetivo indefinido

1. ( ) Que belo dia! 2. ( ) Temos que trabalhar.

3. ( ) Quê! Ele não voltará. 4. ( ) Nós é que nos prejudicamos.

5. ( ) Ele tem um quê de misterioso.

6. ( ) Foi assim que tudo aconteceu.

7. ( ) Quase que ele caiu. 8. ( ) Que pretende fazer?

9. ( ) Que interessantes são aqueles livros!

10. ( ) Não sei o que aconteceu.

11. ( ) Não vi os alunos que chegaram.

12. ( ) Primeiro que tudo, tenho de almoçar.

13. ( ) Que trabalho isto me deu!

( ) É bonito o carro que você comprou.

Correlacione as colunas, tendo em vista a função sintática da palavra que:

(1) Sujeito (2) objeto indireto (3) adjunto adverbial

(4) Agente da passiva (5) objeto direto

(6) Predicativo do sujeito (7) complemento nominal

1. ( ) O problema a que fizeste alusão foi resolvido.

2. ( ) Vi um garoto que cantava ópera.

3. ( ) Sou eu que pago a conta.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 73

Page 74: Apostila Português II.docx

4. ( ) Não vi as pessoas que saíram.

5. ( ) Visitei a cidade em que nasci.

6. ( ) Já li os livros que comprei ontem.

7. ( ) Estes são os lápis de que os meninos têm necessidade.

8. ( ) Este é o filme a que todos assistiram.

9. ( ) Você é o professor que eu gostaria de ser.

10. ( ) Este é o animal por que o menino foi ferido.

11. ( ) Está aqui a caneta com que escrevi o poema.

12. ( ) Esta é a prova de que tenho mais receio.

A PALAVRA “SE”

Funções morfossintáticas do “se”

1. Pronome apassivador ou partícula apassivadora: É usado com verbos transitivos diretos e com verbos transitivos diretos e indiretos, formando a voz passiva sintética. Neste caso, o verbo tem correspondência na voz passiva analítica, concordando com o sujeito.

Vende-se esta casa. ( = esta casa é vendida ).

Vendem-se estas casas. ( = estas casas são vendidas).

Oferece-se um livro ao aluno. ( = um livro é oferecido ao aluno).

Resumo: Pronome apassivador: Verbo Transitivo Direto + SE,

ou

Verbo Transitivo Indireto + SE.

2. Índice de indeterminação do sujeito: É usado com verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos, verbos transitivos diretos preposicionados e verbos de ligação. Serve para indeterminar o sujeito. Neste caso, o verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.

Necessita-se de livros. (Quem necessita? – Resposta: Não sabemos – sujeito indeterminado).

Estuda-se aqui. (Quem estuda? – Resposta: Não sabemos – sujeito indeterminado).

É-se feliz aqui. (Quem é feliz? – Resposta: Não sabemos – sujeito indeterminado).

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 74

Page 75: Apostila Português II.docx

Bebeu-se do vinho. (Quem bebeu do vinho? – Resposta: Não sabemos – sujeito indeterminado).

Observação: Veja que não é possível passar os verbos acima para a voz passiva analítica.

Resumo: Índice de Indeterminação do Sujeito: VTI + SE, ou

VI + SE, ou VLigação + SE

3. Conjunção subordinativa condicional: (= no caso de, caso). Inicia uma oração adverbial condicional.

Se chover, não iremos à festa.

4. Conjunção subordinativa integrante: (se + oração = isso) Inicia oração substantiva.

Não sabemos se ele ficou satisfeito com o presente . ( = não sabemos isso ).

Observe se o pai chegou . ( observe isso ).

5. Partícula expletiva ou de realce: ( a conjunção se pode ser eliminada ).

Passam-se os anos, e ele não muda.

Ele ri-se por qualquer coisa.

6. Pronome reflexivo: ( = a si mesmo ).

Ele feriu-se com a faca.

Você não para de olhar-se no espelho.

7. Pronome reflexivo recíproco: ( = um ao outro, uns aos outros ).

Os namorados beijavam-se.

Ao adversários encaravam-se.

8. Parte integrante do verbo: A partícula integrante do verbo é usada nos verbos essencialmente pronominais, que geralmente indicam sentimentos, mudança de estado ou movimento. Exemplos desses verbos: alegrar-se, queixar-se, aborrecer-se, indignar-se, apaixonar-se, arrepender-se, orgulhar-se, atrever-se, suicidar-se, condoer-se.

Não se aborreça comigo.

O pai zangou-se com o filho.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 75

Page 76: Apostila Português II.docx

Funções sintáticas do PRONOME PESSOAL REFLEXIVO “se”

a) Objeto direto: se = a si mesmo. (com VTD).

Ele feriu-se. (O verbo ferir é TD – ferir alguém).

Eles feriram-se. (VTD).

O garoto julgava-se conquistador. (O verbo julgar é TD – julgar alguém).

b) Objeto indireto: se = a si mesmo (com VTD ou VTDI).

O governo arroga-se o direito de impor medidas recessivas. (O verbo arrogar é TDI – arrogar algo a alguém).

Ele atribui-se muita importância. (O verbo atribuir é TDI – atribuir algo a alguém).

Método prático de distinguir se o SE é objeto direto ou objeto indireto:

Se = o homem – OD; Se = ao homem – OI.

O garoto julga-se (= julga o homem) conquistador. (SE = OD).

O governo arroga-se (= arroga ao homem ) o direito de impor medidas recessivas. (SE = OI).

3. Sujeito de infinitivo: aparece com verbos sensitivos (ver, ouvir, sentir) e com verbos causativos (deixar, mandar, fazer). Introduz oração subordinada substantiva objetiva direta, reduzida de infinitivo.

A garota deixou-se convencer pela amiga. (SE = a si mesma – sujeito de convencer).

A garota sentiu-se voar com aquele beijo. (SE = a si mesma – sujeito de sentir).

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Classifique a palavra se de acordo com o código:

(1) Pronome reflexivo – objeto direto de verbo reflexivo.

(2) Pronome reflexivo – objeto indireto de verbo reflexivo.

(3) Pronome reflexivo – objeto direto de verbo reflexivo recíproco.

(4) Pronome reflexivo – objeto indireto de verbo reflexivo recíproco

(5) Pronome reflexivo – sujeito de um infinitivo.

1. ( ) Ele cortou-se com um vidro.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 76

Page 77: Apostila Português II.docx

2. ( ) Ele arroga-se direitos que não possui.

3. ( ) Luís deixou-se ficar na cama.

4. ( ) Ele dá-se muita importância.

5. ( ) Beijaram-se sofregamente.

6. ( ) A garota permitiu-se realizar a compra da moto.

7. ( ) Eles abraçaram-se.

8. ( ) Os pais deram-se as mãos.

9. ( ) Os dois políticos não se cumprimentaram.

10. ( ) O menino trancou-se no quarto.

11. ( ) ele se impôs uma grande obrigação.

12. ( ) Os dois amam-se.

13. ( ) O garoto se penteava de hora em hora.

Oficina de Texto – Língua Portuguesa II - Professor Lourildo Costa Página 77