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APOSTILA PRESBITERO

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CATEDRAL DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUSAvenida W-5 Sul - Quadra 910 - Conjunto “E” - Lotes 33/34

Fone 3242-7119 - Brasília-DF

Curso de Preparação de Obreiros 2011

Apostila de Presbítero

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ÍNDICE

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO BÍBLICA 03

CAPÍTULO II – MINISTÉRIO DO PRESBÍTERO

11

CAPÍTULO III – LITURGIA DO CULTO 20

CAPÍTULO IV- HOMILÉTICA 29

CAPÍTULO V - MÚSICA – CULTURA MUSICAL 43

CAPÍTULO VI – HERMENÊUTICA 47

CAPÍTULO VII - ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA 61

CAPÍTULO VIII - ASPECTOS JURÍDICOS DA IGREJA 70

BIBLIOGRAFIA 75

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO BÍBLICA1. O QUE É A BÍBLIA

É a revelação de Deus à humanidade. Seu Autor é Deus mesmo. Seu real intérprete é o Espírito Santo. Seu assunto central é o Senhor Jesus Cristo. Esta atitude para com a Bíblia é de capital importância para o êxito de seu estudo. Nossa atitude para com a Bíblia mostra nossa atitude para com Deus. Sendo a Bíblia a revelação de Deus, ela expressa a vontade de Deus. Ignorar a Bíblia é ignorar essa vontade. Certo autor anônimo corretamente declarou: “A Bíblia é Deus falando ao homem; é Deus falando através do homem; é Deus falando como homem; é Deus falando a favor do homem; mas é sempre Deus falando!” A coleção completa dos livros divinamente inspirados constituindo a Bíblia é chamada cânon.

Os nomes canônicos mais comuns do Livro Sagrado são: - Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21.42; Rm 1.2). - Livro do Senhor (Is 34.16). - A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12). - Oráculos de Deus (Rm 3.2).

MATERIAIS EM QUE A BÍBLIA FOI ORIGINALMENTE ESCRITA Papiro. Tipo de papel feito de certa planta aquática com esse mesmo nome, muito

abundante no Egito. Esse papel vinha sendo fabricado desde a Antigüidade. Há várias menções dele na Bíblia, como por exemplo, Êxodo 2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2; 2 João v.12. De papiro deriva o termo papel. Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C, no Egito. Os gregos chamavam o papiro de bíblos, e um rolo de papiro era um biblion, de onde nos vêm as palavras Bíblia e livro.

Pergaminho. Era um material de couro usado desde cerca de 1.288 a.C., no Egito, e, juntamente empregado desde o período persa em diante. O pergaminho consistia de peles de animais especialmente preparadas, era mais durável do que o papiro, e foi usado por Paulo (2 Tm 4.13).

2. POR QUE ESTUDAR A BÍBLIA?a. Porque ela ilumina o caminho para Deus – (Sl 119.105,130). b. Porque ela é alimento espiritual para o crescimento de todos (Jr 15.16; 1Pe 2.1,2).

Sabemos que a boa saúde aguça o apetite. Tens apetite pela Bíblia? Se só tens apetite por leituras sem proveito, terá fastio pela Bíblia, o que é um mau sinal. Cuida disso.

c. Porque ela é o instrumento que o Espírito Santo usa na sua operação (Ef 6.17). Se queres que o Espírito Santo opere em ti, inclusive no ministério da oração (Jd v.20), procura ter o instrumento que Ele utiliza – a Palavra de Deus. É que na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas de Deus, e essas promessas estão na Bíblia!

3. COMO DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIAa. Leia a Bíblia conhecendo seu Autor: Deus, (Is 34.16; Jr 1.12). Assim sendo, Ele

mesmo no-la revelará (Lc 24.45; 1Co 2.10,12,13). Ninguém pode melhor explicar um livro do que o seu autor. A Bíblia é um livro de compreensão fácil e ao mesmo tempo difícil, mas, se conhecermos o seu Autor a compreensão torna-se mais fácil.

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_____________________________________________________________________________________b. Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Fazendo assim alimentar-te-ás diretamente na

mesa divina. O crente que não lê sua Bíblia, só recebe este alimento quando alguém o põe em sua boca. Considera perdido o dia em que não leres tua Bíblia.

c. Leia a Bíblia com oração (Sl 119.18; Ef 1.16,17). Na presença do Senhor em oração, as coisas ocultas são reveladas. Quando lemos a Bíblia Deus fala conosco; quando oramos falamos com Deus. A Bíblia e a oração completam-se.

d. Leia a Bíblia aplicando-a a si próprio. Há pessoas que, quando lêem a Bíblia, tudo que é benção, conforto, promessas, elas aplicam a si mesmas, mas tudo o que é ameaça, exortação, aviso, aplicam aos outros. Leia a Bíblia na atitude de Josué para com o Senhor, manifesto como varão (um dos casos de teofania do Antigo Testamento), conforme está narrado em Josué 5.14b: “Que diz meu Senhor ao seu servo?” Não devemos “importar” mensagens para a Bíblia e sim “exportar” dela. Muitos não recebem nada da Bíblia, porque já se acercam dela com suas próprias idéias, sua própria “teologia”, querendo enxertar tudo isso na revelação divina. Cheguemos à Bíblia de mente limpa e coração aberto e receptivo à sua divina mensagem e seremos abençoados.

e. Leia a Bíblia toda. Na Bíblia, nada é dito duma vez, nem uma vez por todas. Conclusão, se você não ler a Bíblia toda não pode conhecer a verdade completa. Não esperes compreender a Bíblia toda (Dt 29.29). É evidente que Deus sabe infinitamente mais que todos os homens juntos. A Bíblia sendo um livro divino é inesgotável. Não existe entre os homens ninguém “formado” na Bíblia. Como o irmão pensa entender um livro que nem sequer o leu todo ainda?

4. COMO PODEMOS ENTENDER A BÍBLIAa. Crendo nós no que ela ensina, sem duvidar. A dúvida é um empecilho à compreensão

das Escrituras (Lc 24. 21,25).

b. Lendo-a por amor e prazer e com fome de aprender as coisas de Deus (Pv 2.3-5; Mc 12.37; 1Pe 2.2). O irmão já notou a forma que têm os recém-nascidos? As mães que o digam!!! Como está o seu apetite espiritual pela Palavra de Deus? Com a mente devemos aprender a memorizar a Bíblia, e com o coração amá-la (Hb 10.16). Há pessoas que sabem quase a Bíblia toda de memória. Isso é louvável. Contudo, é melhor um versículo no coração, sendo amado e obedecido, do que dez na cabeça. “Ponde no coração” (Dt 6.6). É de admirar haver pessoas que acham tempo para ler ouvir e ver tudo, menos a Palavra de Deus. Resultado: comem tanto outras coisas que perdem o apetite pela Palavra de Deus. É justo e próprio ler boas coisas; melhor ainda é nos ocuparmos com a Bíblia. É também de estarrecer o fato que muitos líderes de igrejas não levam seu povo a ler a Bíblia. Ao crente não basta assistir aos cultos, ouvir sermões e testemunhos, assistir a estudos bíblicos, ler boas obras de cultura bíblica em geral. É preciso a leitura bíblica individual, pessoal, diuturna e seguida.

c. Crescendo sempre espiritualmente. Deus não pode revelar uma coisa para a qual você não tem estatura espiritual (Mc 4.33; Hb 5.13,14). Criancinhas só podem comer coisas leves. Procure aprofundar-se na sua vida espiritual. Nossa compreensão da Bíblia depende em grande parte da profundidade da nossa comunhão com Deus. A planta da parábola definhou-se e morreu porque o terreno era raso (Mt 13.5,6). Sim, a Palavra de Deus deve ser estudada, ao mesmo tempo em que o Deus da Palavra deve ser amado e adorado.

d. Sendo cheio do Espírito santo. Ele conhece as coisas profundas de Deus (1 Co 2.10).

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e. Sendo humilde (Tg 1.21). Deus revela seus segredos aos humildes (Mt 11.25), isto é, os submissos ao Senhor e obedientes à sua Palavra. Quanto maior for a nossa comunhão com Deus, mas humildes seremos. Numa árvore frutífera os galhos mais carregados são os que se abaixam mais. A graça de Deus está reservada para os humildes (1 Pe 5.5). Quando chove, os terrenos mais baixos são os primeiros que recebem água com abundância.

f. Disposição de agradar a Deus. Estando disposto a obedecer à verdade revelada (Sl 119.33; Pv 2.1,2,5; Jo 7.17;13.17). Para isso, ao leres a Bíblia aplica-a primeiro a ti mesmo. Evita ser apenas curioso e especulador.

g. Participando de reuniões de estudo bíblico. Deus tem vasos escolhidos não só para pregar, mas também para ensinar (1Co 12.28). Há crentes que gostam de todos os tipos de reuniões, menos das de estudo bíblico. Devemos querer ser de Apolo – pregador, mas também de Paulo – o mestre (1Co 3.4).

5. OBSERVAÇÕES ÚTEIS E PRÁTICAS NO MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIAa. Quanto ao manuseio da Bíblia

1. Apontamentos individuais. Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória falha com o tempo. Distribua seus apontamentos por assuntos previamente escolhidos e destacados uns dos outros. Use um livro de folhas soltas (livro de argola) com projeções e índice, para isso. Se não houver organização nos apontamentos, eles não prestarão serviço algum.

2. Aprenda ler e escrever referências bíblicas. O sistema simples e rápido para escrever referências bíblicas é o adotado pela Sociedade Bíblica do Brasil: duas letras, sem ponto abreviativo, para cada livro da Bíblia. Entre capítulo e versículo põe-se apenas um ponto. No índice das Bíblias editadas pela SBB pode ver-se a lista dos livros assim abreviados.

Exemplos de referências por esse sistema:1 Jo 2.4 (1 João, capítulo 2, versículo 4).Jó 2.4 (Jó, capítulo 2, versículo 4).Jn 2.4 (Jonas, capítulo 2, versículo 4).O sistema tradicional adota dois pontos (:) entre capítulo e versículo, não tendo

padronização na abreviatura dos livros.

3. Diferença entre texto, contexto, referência, inferência.a. Texto. São palavras contidas numa passagem.b. Contexto. É a parte que fica antes e depois do texto que estamos lendo. O

contexto pode ser imediato ou remoto. Pode ser um versículo, um capítulo ou um livro inteiro, como é o caso de Provérbios.

c. Referência. É a conexão direta entre determinado assunto. Além de indicar livro, capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações; dependendo da clareza que se queira dar, como:

- Indicação da parte inicial de um versículo: (Rm 11.17a).- Indicação da parte final de um versículo: (Rm 11.17b).

- Indicação de versículos que se seguem ou não até o fim do capítulo em estudo (Rm 11.17ss).

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_____________________________________________________________________________________ - Recomendação para não se deixar de ler o texto indicado no momento: “qv”.

Vem da expressão latina quod vide = que veja. - Recomendação para que se compare; confira ou confronte o texto indicado:

“cf”. Vem do latim “confere”.

4. Versões mais utilizadas em nossas Igrejas. - ARC: Almeida Revisada e Corrigida. É a Bíblia antiga de Almeida, que vem sendo

impressa desde 1951 pela Imprensa Bíblica da Bíblia.- ARA: Almeida Revisada e Atualizada. É a Bíblia de Almeida, revisada e publicada

pela Sociedade Bíblica do Brasil, completa, a partir de 1958.

5. Línguas originais da BíbliaAs principais são duas: hebraica, para o Antigo Testamento, e a grega, para o Novo

Testamento. Foi nessas línguas que a Bíblia foi originalmente inspirada. As traduções só conservam a inspiração quando reproduzem fielmente o original.

6. OS ESCRITORES DA BÍBLIAA existência da Bíblia, abrangendo seus escritores, sua formação, composição,

preservação e transmissão, só pode ser explicada como milagre de Deus, ou melhor: Deus sendo seu autor. Foram cerca de 40 os escritores da Bíblia. Deste modo, a Palavra Escrita de Deus foi-nos dada por canais humanos, assim como o foi a Palavra Viva: Cristo (Ap 19.13). Esses homens pertenceram às mais variadas profissões e atividades. Escreveram e viveram distante uns dos outros em épocas e condições diferentes. Levaram 1500 anos para escrever a Bíblia. Apesar de todas essas dificuldades, ela não contém erros nem contradições. Há sim dificuldades na compreensão, interpretação, tradução, aplicação, mas tudo isso do lado humano, devido a nossa incapacidade em todos os sentidos.

7. UNIDADE FÍSICA DA BÍBLIAA unidade e existência física da Bíblia até os nossos dias só pode ser explicada como um

milagre. Há 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens tinham diferentes atividades e escreveram sob diferentes situações. Na maior parte dos casos não se conheceram. Viveram em lugares distantes, em três continentes, escrevendo em duas línguas principais. Devido a essas circunstâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, séculos depois, um outro o completava. Tudo isto somado num livro puramente humano daria uma babel indecifrável! Imaginai o que seria a Bíblia, se não fosse a mão de Deus!

Quanto à unidade física da Bíblia, ninguém sabe ao certo como os 66 livros encontraram-se e agruparam-se num só volume; isso é obra de Deus. Sabemos que os escritores não escreveram os 66 livros de uma só vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo de reuni-los num só volume, mas em intervalos durante 16 séculos, em lugares que vão de Babilônia a Roma.

Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação quanto aos sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um trecho discrepante, não pensemos logo que é erro! Saibamos refletir como Agostinho, que disse: “ Num caso desses, deve haver erro do copista, tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender...”

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_____________________________________________________________________________________8. A ESTRUTURA DA BÍBLIA

a. A Bíblia se divide em duas partes principais que são: VELHO TESTAMENTO e NOVO TESTAMENTO, tendo um total de 66 livros, sendo 39 no Velho Testamento e 27 no Novo Testamento. O maior livro é o de Salmos e o menor, a 3ª Epístola de João.

b. Divisão em Capítulos. São 1.189, sendo 929 no Antigo Testamento e 260 no Novo Testamento. O maior capítulo é o Salmo 119; e o menor é o Salmo 117. Para ler a Bíblia toda em um ano basta ler 5 capítulos aos domingos e 3 nos demais dias da semana. Foi dividida em capítulos em 1.250 d.C. por Hugo de Saint Cher, abade dominicano, estudioso das Escrituras.

c. Divisão em versículos. São 31.173, sendo 23.214 no Antigo Testamento e 7.959 no Novo Testamento. O maior versículo está em Ester 8.9 e o menor em Êxodo 20.13; em Lucas 20.30, na TRBR; em Jó 3.2 na ARA. Como se vê, depende da versão. Noutras línguas varia também. Isso não tem muita importância. Foi dividida em versículos em duas etapas: o Antigo Testamento em 1445 pelo Rabi Nathan; o Novo Testamento em 1551 por Robert Stevans, um impressor de Paris.

d. Classificação dos livros. Os 66 livros estão agrupados por assuntos, sem ordem cronológica. É bom ter isso em mente ao estudar a Bíblia, pois evitará muito mal entendido, especialmente na esfera da história, da profecia bíblica e do desenvolvimento da doutrina.

A classificação dos livros do Antigo Testamento, por assunto, vem da Versão Septuaginta através da Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos mesmos, o que para o leitor menos avisado, dá lugar a não pouca confusões quando o mesmo procura agrupar os assuntos cronologicamente.

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_____________________________________________________________________________________ORGANOGRAMA NO ANTIGO TESTAMENTO COM

SEUS 39 LIVROS DIVIDIDOS POR ASSUNTOS

LEI: 5 livros – de Gênesis a Deuteronômio. Esses 5 livros são chamados o Pentateuco. Tratam da Criação e da Lei.

HISTÓRIA: 12 livros – de Josué a Ester. Contém a história do povo escolhido: Israel.

POESIA: 5 livros – de Jó a Cantares. São chamados poéticos devido ao gênero do seu conteúdo e não por outra razão.

PROFECIA: 17 livros – Isaías a Malaquias. Esses 17 livros estão subdivididos em dois grupos:

- Profetas Maiores: 5 livros, de Isaías a Daniel.- Profetas Menores: 12 livros, de Oséias a Malaquias.Os nomes “maiores” e “menores” referem-se ao volume de matéria dos livros e extensão

do ministério profético. Na Bíblia Hebraica (o nosso Antigo Testamento), a divisão dos livros é bem diferente.

ANTIGO TESTAMENTO

PENTATEUCOPENTATEUCO HISTÓRICOS POÉTICOS OU DEVOCIONAIS

PROFÉTICOS

GÊNESISÊXODOLEVÍTICONÚMEROSDEUTERONÔMIO

JOSUÉJUÍZESRUTEI e II SAMUELI e II REISI e II CRÔNICASESDRASNEEMIASESTER

JÓSALMOSPROVÉRBIOSECLESIASTESCANTARES DE SALOMÃO

ISAÍASJEREMIASLAMENTAÇÃOEZEQUIELDANIEL

PROFETAS MAIORES

PROFETAS MENORES

OSÉIASJOELAMÓSOBADIASJONASMIQUÉIASNAUMHABACUQUESOFONIASAGEUZACARIASMALAQUIAS

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ORGANOGRAMA DO NOVO TESTAMENTO COM SEUS 27 LIVROS DIVIDIDOS POR ASSUNTOS

BIOGRÁFICOS OU EVANGELHOS: São os quatro Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e o seu glorioso ministério entre os homens. Os três primeiros são chamados Sinóticos devido ao paralelismo que apresentam. O número quatro dos Evangelhos fala também de sua universalidade, por serem quatro os pontos cardeais.

HISTÓRICOS: É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da Igreja primitiva, seu viver e agir. O livro mostra que o segredo do progresso da Igreja é a plenitude do Espírito Santo nas vidas.

EPÍSTOLAS PAULINAS: São 13 livros denominados epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Filemon. Umas são dirigidas à igreja, outras a indivíduos.

CARTAS UNIVERSAIS: Elas são 7 e vão de Tiago a Judas, são chamadas epístolas gerais.

PROFÉTICOS: É o livro de Apocalipse. Esta palavra significa revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus a terra, isto é, sua revelação, sua manifestação visível.

6. TEMA CENTRAL DE TODOS OS LIVROS DA BÍBLIA

É o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo no-lo declara em Lucas 24.27,44 e João 5.39. Considerando Cristo como tema central da Bíblia, os 66 livros poderão ficar resumidos em 5 palavras, todas referentes a Cristo, assim:

PREPARAÇÃO – Todo o Antigo Testamento trata da preparação do mundo para o advento de Cristo.

MANIFESTAÇÃO – Os Evangelhos tratam da manifestação de Cristo ao mundo, como Redentor.

NOVO TESTAMENTO

PENTATEUCOBIOGRÁFICOS OU EVANGELHOS

HISTÓRICOS EPÍSTOLAS PROFÉTICOS

MATEUS MARCOSLUCASJOÃO

ATOS DOS APÓSTOLOS

APOCALÍPSE

ROMANOSI e II CORÍNTIOSGÁLATASEFÉSIOSFILIPENSESCOLOSSENSESI e II TESSALONICENSESI e II TIMÓTEOTITOFILEMON

EPÍSTOLAS PAULINAS

CARTAS UNIVERSAIS

HEBREUSTIAGOI e II PEDROI,II e III JOÃOJUDAS

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_____________________________________________________________________________________PROPAGAÇÃO – Os Atos dos Apóstolos tratam da propagação de Cristo por meio da

Igreja.EXPLANAÇÃO – As Epístolas tratam da explanação de Cristo. São os detalhes da

doutrina.CONSUMAÇÃO – O Apocalipse trata de Cristo consumando todas as coisas.

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CAPÍTULO II – MINISTÉRIO DO PRESBÍTERO A) O OFÍCIO DO PRESBITÉRIO - A origem do Presbitério A palavra Presbítero vem do grego “presbyteros” que significa “o mais velho”, designando

os anciãos numa cidade grega que atuavam como juízes ou conselheiros, merecedores de respeito e honra entre o povo. O termo foi adaptado para a Igreja no Novo Testamento, designando aquele ancião que congrega em determinada igreja, com destaque pela sua experiência, idoneidade moral e espiritual, capaz de aconselhar os mais novos da fé. No Novo Testamento já cita esta figura na religião judaica na posição de liderança quanto à formação das tradições do povo judaico, como podemos ler Mt 15.2. na igreja, aparece pela primeira vez em At 11.30. O termo se refere ao oficial da Igreja que presidia suas assembléias e atuava como condutor espiritual do povo cristão.

Hoje em dia, nas Assembléias de Deus no Brasil, a palavra Presbítero teve seu sentido alterado daquele apresentado na Bíblia. Designa agora a classe de obreiros com cargo de validade local, atuando mais achegado ao Pastor, principalmente em igrejas menores. Uma das razões pela consagração dessa ordem de obreiros deve-se à centralização da administração das nossas igrejas no Brasil, constituídas de grandes campos de trabalhos, sob a administração de um único Pastor.

Ao desejar o episcopado, o servo de Deus precisa conhecer as condições para alcançar o presbitério, conferindo com sua vida espiritual para ver se preenche os requisitos que a Bíblia recomenda. Em primeira mão, notemos que o Presbítero é um cargo oficial da Igreja que precisa manejar bem a Palavra, mais ainda do que no tempo de Diácono ou Auxiliar de trabalho (II Tm 2.15). Além disso, antes de ministrar a Palavra à Igreja, ele precisa ministrar a oração na sua vida e na sua casa; veja At 6.4 como a oração é mencionada na frente do ministério da Palavra. Aqui começa o segredo do bom pregador!

Exatamente porque o Presbítero é um auxiliar do Pastor, servindo de elo de ligação entre ele e as várias congregações além dos limites da sua administração na sede. Assim sendo, ao representar seu Pastor no campo de trabalho, o Presbítero poderá enfrentar a necessidade de executar tarefas de um Ministro. Poderá também ser designado para dirigir congregações e neste caso, haverá necessidade suficiente para conhecer bem o ofício do presbitério.

B) CONDIÇÕES PARA O PRESBITÉRIOEm I Tm 3.1-7 encontramos os requisitos necessários para se alcançar o episcopado ou o

presbitério, que é o início da vida ministerial, muito embora o Presbítero ainda não seja o Ministro convencional. Concorda com Tt 1.6a. São eles:

• Irrepreensível – na epístola aos Gálatas, em Gl 2.11, Paulo diz que resistiu a Pedro na cara porque era repreensível. Paulo chama a atenção de Pedro, que se chamou também de Presbítero, para que ele se consertasse diante dos gentios.

• Marido de uma mulher – hoje em dia são muitas as almas manchadas com o pecado do adultério, devido ao grande abismo infernal que satanás implantou em nossa Constituição: o divórcio.

• Vigilante – a vigilância é o contrário da sonolência espiritual. É estar atento a todo o mal e abismo do pecado à nossa volta “que tão de perto nos rodeia” Hb 12.1 além de outro que também nos rodeia, rugindo como leão para tentar nos tragar.

• Sóbrio – Em I Pe 5.8 antes de o apóstolo Pedro mencionar a vigilância, ele começa com a sobriedade. O que vem a ser sóbrio? Sóbrio significa moderado no comer ou beber em qualquer dicionário comum. Nos dicionários teológicos, o termo é mais abrangente, significando também o crente moderado em tudo, evitando os excessos e a escassez daquilo que é mais importante à sua vida.

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_____________________________________________________________________________________• Honesto – trata-se de uma pessoa honrada, digna, íntegra, decente, correta com seus

compromissos e deveres. Se o crente quiser pensar honestamente, precisa ter a Palavra de Deus e seu Espírito no coração, que ensina a honestidade, como lemos em Fp 4.8,9.

• Hospitaleiro – talvez muitos obreiros desprezem esta recomendação, pensando que ser hospitaleiro é tão somente receber e hospedar pessoas em sua casa. Ele pode fazer isto tudo e não ser hospitaleiro. Se há amor ao próximo, conseqüentemente ele será hospitaleiro, tendo sincero desejo de receber visitas em sua igreja, em sua casa, ou até mesmo em um encontro em público.

• Apto para ensinar – é lamentável que haja uma grande quantidade de Presbíteros que foram inadequadamente consagrados, sem nenhum conhecimento profundo da Bíblia, porque não lêem e nem se esforçam para aprender. O Presbítero tem que ser apto para ensinar Tt 1.9, poderoso para admoestar com a sã doutrina. Se ainda não é, desista do presbitério ou então matricule-se em um Instituto Bíblico para aprender a Palavra de Deus e busque o Dom de ensinar com oração Rm 12.7.

• Não dado ao vinho – o obreiro não pode ser alcoólatra, pois isso ele já deixou ao se converter. Agora em diante, observa o que está em Ef 5.18; Tt 1.7.

• Não espancador – há alguns que querem se candidatar ao presbitério sendo que seus vizinhos constantemente presenciam um tremendo “quebra-pau” em sua casa. Quem é que mora nessa casa, o crente ou o diabo?

• Não cobiçoso de torpe ganância – a palavra torpe significa algo vergonhoso, obsceno, indecente. Ter ganância nestes termos significa estar na carne, sem o Espírito Santo.

• Moderado – A moderação é a virtude que impede a prática dos extremismos em qualquer atividade. O Presbítero precisa ter moderação em tudo: no comer, no dormir, no jejuar e até mesmo no seu relacionamento íntimo com sua esposa.

• Não contencioso – em Pv 6.16-19, Salomão diz que seis coisas aborrecem a Deus e a sétima a sua alma abomina, que é o que semeia contenda entre os irmãos.

• Não avarento – a avareza é condenada em toda a Bíblia. Em Lc 12.15 Jesus nos manda guardarmos dela. Em Cl 3.5, Paulo afirma que a avareza é idolatria e no futuro veja de que lado vai ficar o idólatra: Ap 21.8 e 22.15. Uma das maneiras mais comuns de o crente ser classificado como avarento é quando ele nega o dízimo e as ofertas para a casa do Senhor, veja Ml 3.8-10. Presbítero não pode ser avarento. Tem que ser dizimista, para poder ensinar aos outros o dever no dízimo. Leia Pv. 3.9,10.

• Que governe bem a sua própria casa – há crentes que bisbilhotam tanto a casa alheia, querendo governar a dos outros, enquanto que a sua própria casa está um caos. O candidato ao presbitério tem que aprender a governar bem a sua própria casa.

• Tendo os seus filhos em sujeição com toda a modéstia – são inúmeros os lares com problemas entre pais e filhos, havendo verdadeiros choques de gerações entre as novas e as velhas. Os meios de comunicação estão tomando a liderança no ensino dos filhos, em lugar de seus pais, causando verdadeiras crises no comportamento juvenil.

• Porque se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?

• Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. A palavra neófito significa iniciante na fé, inexperiente, menino espiritual, ora, se para a consagração de Diáconos é exigido que sejam primeiramente provados I Tm 3.10, ou seja, estes sejam experimentados nos trabalhos para adquirirem experiência, a fim de não serem consagrados neófitos, como pode um Presbítero ser neófito? Quando um obreiro se ensoberbece é um sinal de que ainda está neófito, menino na fé.

Deus resiste a ele - Tg 4.6; I Pe 5.5 Deus não o suporta - Sl 101.5 O soberbo irá se dar mal no Dia do Senhor - Is 2.12,13

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_____________________________________________________________________________________ Cai na condenação do diabo - I Tm 3.6.

• Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo. Há alguns obreiros que já se mancharam demais perante Deus e perante os crentes e os não crentes, quando intentaram levar vantagem sobre os outros. É um mal do mundo que já conseguiu invadir a vida de alguns obreiros, para escandalizar a Igreja (Pv 22.1; Lc 17.1).

Meios para exercer um bom presbitérioUm bom Presbítero é uma qualidade que passa a existir no momento em que o servo de

Deus examina o seu testemunho e o seu trabalho na obra de Deus e, percebendo que não está bom, humilha-se, aceitando a correção e decide persistentemente em melhorar cada vez mais (Jr 7.3).

O caminho correto a ser seguido para exercer um bom presbitério é “... andar num caminho reto...” e quem assim anda, o Senhor diz: “...esse me servirá...” Sl 101.6b. É também o caminho da santificação, da purificação (II Tm 2.21), fazendo-o “... idôneo para uso do Senhor e preparado para toda a boa obra”.

A - Meios divinos - São assim chamados em razão de terem origem em Deus (Ef 2.8,9) e nós somos os destinatários.

1 - O Sangue de Jesus - Em Ap 22.14 há um precioso recurso: lavar as vestiduras no sangue do cordeiro para não ser excluído da nossa pátria celestial. Quando decidimos abandonar a causa da mancha em nossa veste e buscamos o perdão e a consagração ao Senhor, então estamos buscando também a lavagem de nossas vestes espirituais, pois “o seu sangue nos purifica de todo o pecado” (I Jo 1.7b).

2 - A Palavra de Deus - Foi ela que nos gerou de novo como uma semente divina plantada na boa terra do nosso coração (I Pe 1.23 e Mt 13.23). Nossa fé para a salvação surgiu por ouvi-la (Rm 10.17) e desde então temos conseguido evitar o pecado, guardando-a em nosso coração (Sl 119.11). Quando o jovem ou qualquer cristão quiser obter sua purificação, é só observar os seus ensinamentos, Sl 119.9.

3 - O Espírito Santo - Segundo o discurso de Jesus com Nicodemos em Jo 3.1-5, Ele o ensinou que quando alguém nasce de novo, isto é, quando passa a ser um salvo, foi por meio da água (Palavra de Deus), que já vimos anteriormente, e do Espírito Santo (Jo 3.3,5).

B - Meios humanos - São assim denominados por se tratarem dos meios que partem de nós, ou seja, é uma iniciativa nossa e não devemos esperar que Deus faça isto por nós.

1 – Oração - “Orai sem cessar” é a recomendação do apóstolo Paulo em I Ts 5.17. Jesus alertou sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer, na parábola do juiz iníquo em (Lc 18.1-8).

2 – Vigilância - A vigilância foi ensinada por Jesus juntamente com a oração, quando estava em agonia no Getsêmani (Mt 26.41). Salomão era um homem que sabia orar muito bem. Veja sua oração em I Rs 3.5-13 por falta de vigilância em determinada fase de sua vida, veja o desastre espiritual que sobreveio à sua vida: (I Rs 11.1-11).

3 – Consagração - Consagrar-se significa dedicar-se exclusivamente para uso do Senhor. Significa também o ato de se dedicar ao serviço de Deus. Tal ato não deve ser confundido com o simples fato de estar presente no trabalho de consagração na igreja.

4 – Jejum - É uma palavra de origem latina que significa abstinência total ou parcial de alimentos por um determinado período, geralmente a partir de um dia anterior.

O jejum pode ser classificado em quatro tipos diferentes: total, parcial, voluntário e involuntário. O parcial é aquele que o praticante se abstém apenas de alimentos, mas não de água. O total é quando há abstinência tanto de alimento quando de água ou qualquer líquido.

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_____________________________________________________________________________________O jejum é chamado involuntário quando não depende da vontade do praticante e sim das

circunstâncias, como vemos em At 27.33, não servindo, portanto, para oferecer ao Senhor. E o jejum voluntário é o que é feito segundo a vontade do praticante, tendo um propósito definido, como Ne 9.1; Dn 6.18; At 23.21.

A diferença de atitude de nossa parte para com estes dois tipos de meios é que, quanto aos meios divinos, devemos ser passivos, ou seja, devemos permitir que eles atuem em nós sem qualquer resistência. Quanto aos meios humanos, devemos ser ativos, ou seja, orando, vigiando, consagrando-se ao Senhor, jejuando para obtermos mais de sua graça em nós.

C) A Ética Cristã no PresbitérioÉtica cristã é um conjunto de princípios a serem observados na vida cristã e que dão

sentido ao comportamento dos elementos dentro de uma comunidade. Nós, obreiros do Senhor, temos que observar a ética cristã, ou seja, o decoro do servo de Deus que ensina, que prega e exige o comportamento dos membros da igreja. Como vamos exigir de alguém, se nós mesmos não damos o exemplo?

1.1 O Presbítero e seu PastorConstantemente o Presbítero depara com alguém na Igreja ou no ministério proferindo

palavras maliciosas contra seu pastor. Não poucos obreiros, por não vigiarem, acabam fazendo parte da maledicência, aumentando o número daqueles que tocam no ungido do Senhor. Ao invés de participar do pecado alheio, combata-o e ensine o crente maldizente a amar seu Pastor e temer a Deus que é o seu Senhor. Faça isto ainda que seu Pastor tenha cometido muitas falhas, pois somos todos falhos e um dia chegará a nossa vez de falhar. Ame seu Pastor, respeite-o e obedeça (Hb 13.17).

1.2 O Presbítero e seus companheirosA mesma ética que desaprova a difamação ao pastor, também desaprova qualquer

maledicência contra seus companheiros obreiros, seja Diácono, Presbítero, Evangelista ou Pastor. O Presbítero deve respeitar seus companheiros (Fp 2.3; Tg 5.9). A falta de ética entre um Presbítero e seu companheiro aparece muito quando ele está sucedendo o seu companheiro na direção da congregação e usa o púlpito para criticar o trabalho de seu antecessor. Toda a congregação sente esta falta de ética e geralmente causa malefícios espirituais às ovelhas. O obreiro recém-empossado deve lembrar-se de que, apesar de erros do antecessor, sempre haverá membros que o amem de coração e se ressentirão de qualquer crítica contra ele. Lembre-se que ética sempre recomenda que o dirigente atual deva se referir ao seu antecessor com cortesia e amor.

1.3 O Presbítero e os membros de sua igrejaSe um membro já é chamado de casa edificada sobre o monte (Mt 5.14b) que todos vêem

e não se pode esconder, imagine então um Presbítero! Se ele ministra o ensino da Palavra, então deve ser especializado em bom tratamento, educação, gentileza, prontidão e espiritualidade para lidar com as suas ovelhas. As palavras devem ser polidas, de boa edificação aos ouvintes, conforme lemos em Ef 4.29 e Cl 3.8.

1.4 O Presbítero e sua vizinhançaQuanta ética cristã havia naquele profeta que viveu antes da era cristã perante seus

vizinhos (I Rs 4.8,9). Enquanto aquele casal queria Eliseu morando com eles (I Rs 4.10,11), hoje há alguns vizinhos de determinados crentes que querem vê-lo bem longe. Presbítero, sua luz deve irradiar a partir de sua residência.

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_____________________________________________________________________________________1.5 O Presbítero, seu trabalho e a sociedade

Quando Jesus nos chamou de luz do mundo (Mt 5.14; Jo 8.12) quis dizer que esta luz se manifesta onde o crente pisar a planta do seu pé. Deixa resplandecer a sua luz diante do seu patrão, seu encarregado, seu senhorio, seu inquilino, sua família, seus colegas de trabalho, e, enfim, sua sociedade onde você mora! Leia Fp 2.14-16.

1.6 O Presbítero e sua aparênciaA ética cristã também recomenda certo cuidado com sua maneira de trajar, mantendo uma

boa aparência física, não relaxando os princípios fundamentais de higiene. O obreiro deve usar linguagem sadia para transmitir com aceitação a maravilhosa Palavra de Deus aos ouvintes. Não devemos cuidar somente da vida espiritual, porem, cuidar também da nossa apresentação, que é nossa aparência pessoal, nos trajes e muito cuidado com a higiene em nosso corpo, que é templo do Espírito Santo (I Co 3.16 e II Co 6.16). Descuidar do corpo é falta de amor próprio e desconsideração para com os membros da Igreja e principalmente da obra do Senhor.

1.7 O Presbítero e sua presença no cultoUma coisa que chama muito a atenção da Igreja é a irreverência de alguns Presbíteros na

chegada ao púlpito da Igreja. Começam errados por não terem pontualidade na hora do início do culto, chegando atrasados. Outra falta de ética e reverência é o mau hábito de conversar o tempo todo em pleno horário de culto no púlpito, quando recebe oportunidade para pregar, este paroleiro está vazio, seco, e ainda desaforadamente tenta doutrinar a Igreja para parar com a conversa. Vamos tomar cuidado com nossa presença, evitando costumes antiéticos no púlpito, como por exemplo, enfiar o dedo no nariz e no ouvido, escarrar, cuspir, arrotar, gritar aleluias inoportunamente, etc.

2 Objetivo ideal para o Presbítero, segundo as Escrituras.Em primeiro lugar, para que possamos ter um bom ideal, devemos ter o ideal de servir a

Cristo de boa vontade, como lemos em Ef 6.6-8. O texto começa alertando para não servir à vista, como para agradar aos homens. Este é um ideal farisaico, em busca de fama, honra, poder, prestígio, etc. Há irmãos que só trabalham se for à vista do pastor, ou do seu dirigente, visando a consagração como pagamento. O conselho bíblico dado pelo apóstolo Paulo é “... mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus”. Quando o crente é servo de Cristo, não está preocupado se vai ser consagrado ou não, se o ministério está vendo ou não. Ele apenas se importa é se está servindo a Cristo. Melhor é que o crente seja consagrado a Cristo, mesmo que não seja consagrado para um determinado cargo, do que consagrado a um cargo e sem consagração a Cristo, vazio, frio, atrapalhado e atrapalhando na casa de Deus.

Em I Co 9.24-27, eles correm buscando um ideal terreno, passageiro, treinando e se esforçando dedicadamente por este ideal efêmero. Nos somos atletas espirituais que corremos a carreira cristã, com o ideal de possuir o galardão que está na mão do Senhor (I Co 15.58; II Cr 15.7). Se nos desviarmos deste ideal, atendendo às barganhas de satanás, como fez Esaú (Hb 12.16,17) trocando o supremo ideal de servir a Cristo e ganhar o seu galardão, certamente estaremos derrotados ou desclassificados desta maratona espiritual que Cristo nos colocou.

No final do texto de Fp 3.11-15, nos versículos 14 e 15 o apóstolo que PROSSEGUE (o contrário de ficar parado ou de retroceder) para o alvo (alvo aqui é o divino e não o que satanás tenta colocar na nossa frente) pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Se o irmão já dirige algum trabalho, observe o conselho do apóstolo Pedro em I Pe 5.1-4, onde depois de se apresentar como Presbítero igual aos demais, ele ensina como o Presbítero

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_____________________________________________________________________________________deve dirigir o rebanho do Senhor, representando ali o seu Pastor. Após várias recomendações, ele desvenda um ideal adequado para todos nós que trabalhamos na obra de Deus no versículo 4. Este evento é futuro, exatamente onde está o nosso ideal, nosso objetivo.

3. O Presbítero e seu relacionamento familiarAqui está um ponto chave para uma boa carreira cristã, principalmente quando se trata de

um obreiro na casa de Deus. Mal vai ao obreiro no trabalho espiritual quando seu relacionamento familiar é deficiente. É lamentável quando um obreiro tenta caminhar espiritualmente sozinho, sem se preocupar com seus familiares, que muitas das vezes não o acompanham espiritualmente.

Vejamos um exemplo bíblico da importância da família do obreiro em seu desempenho na causa do Mestre. Em Êx 18.1-7 lemos que, até o começo deste capítulo, Moisés estava tão envolvido com a obra de Deus que se esqueceu de sua família, de que precisava dar a devida assistência à sua esposa e a seus filhos. Estes estavam com o sogro de Moisés, chamado Jetro.

Hoje em dia encontramos obreiros que também pensam assim, envolvendo-se tanto na obra de Deus que relegam a segundo plano a sua família. Esta, muitas vezes, fica aos cuidados de parentes, vizinhos ou conhecidas e, pela persistência, acaba gerando contenda. Há outros que, mesmo não se distanciando fisicamente de suas esposas e filhos, contudo estão com enorme distância espiritual deles. Não fazem culto doméstico com a família, não reúnem seus filhos e suas esposas para orarem e refletirem os ensinos da Bíblia. A família que não começa as primeiras horas do dia em culto doméstico está se arriscando a se encontrar com o diabo o resto do dia.

Nos versículos 5 e 6, lemos que Jetro trouxe este pequeno rebanho de seu genro e lhe disse: “eu, teu sogro Jetro, venho a ti com tua mulher e seus dois filhos com ela”. Com isto estava indiretamente lhe transmitindo uma lição muito importante: aquilo que era sua responsabilidade deveria estar sob seus próprios cuidados! Há muitos obreiros hoje em dia que, depois de alcançar determinada posição privilegiada na casa de Deus, não admite que nenhum subordinado seu lhe entregue conselhos de Deus ou que lhe aponte falhas ou erros. Tal obreiro caminha rapidamente para o fracasso.

Aqui estão alguns pontos importantes para um relacionamento familiar salutar:a) Dê o legítimo valor que é devido à sua esposa, assistindo-a afetivamente, moralmente

e socialmente, procurando demonstrar-lhe um bom exemplo como marido cristão. Ela não é um objeto de cama e mesa e sim uma companheira que deve ser tratada com dignidade, pois “sois juntamente co-herdeiros da mesma graça da vida” I Pe 3.7. O Presbítero deve amar sua mulher sem demonstrar irritação contra ela (Cl 3.19) porque é na irritação que o diabo encontra facilidade para promover discussão e contenda.

b) Procure compreender seus filhos, lembrando-se sempre da responsabilidade sob seus ombros de conduzi-los a Cristo. Reserve um tempo para seus filhos, fazendo-se o mais achegado companheiro deles, orientando-os com amor na solução de seus problemas e na tomada de decisões.

c) Crie seus filhos sob disciplina, mostrando-lhes que possuem não apenas privilégios, mas também deveres diante de seus pais, de seus semelhantes e de Deus. Se necessário, corrija-os disciplinando-os, até mesmo com vara, conforme ensina Pv 13.24, caso sejam de idade infantil.

d) Não relaxe o culto doméstico, pois é um instrumento indispensável para o fortalecimento dos laços da comunhão familiar, para despertar maior interesse pela leitura bíblica e para atrair as bênçãos e a presença divina para o lar.

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_____________________________________________________________________________________e) Em caso de qualquer princípio de desentendimentos, não persista na contenda, nem

em busca de razão, que só serve para alimentar a confusão e convidar o diabo para a conversa. Pior ainda quando se parte para as ofensas ou xingamentos. Leia Pv 15.1; 17.19.

f) Tome a dianteira no ensino de seu lar. Se você, cabeça do lar, se calar, o diabo é quem falará nas mentes de seus familiares. Habitue o seu lar à oração, ao jejum, à leitura e meditação bíblica e à dedicação à obra do Mestre. Hoje em dia, temos bons obreiros, mas que falham nesta parte, tendo esposa e filhos problemáticos como o sacerdote Eli (I Sm 2.12-17) e o profeta Samuel (I Sm 8.5). Se cada obreiro falhar deste modo, que geração teremos em nossas igrejas no futuro. O obreiro que caminha espiritualmente isolado da família, não dispõe de um lar que o ajude, mas sim um lar adversário, puxando-o em sentido contrário.

D) MORDOMIA (Autoridade Delegada)Obedecendo as autoridades delegadas e sendo uma autoridade delegada

Os filhos de Deus não deveriam apenas aprender a reconhecer a autoridade, mas do mesmo modo estar a procura daqueles a quem deveriam obedecer. O centurião falou ao Senhor Jesus, dizendo: (Mt. 8:9). Ele era realmente um homem que reconhecia a autoridade. Atualmente, assim como Deus sustenta todo o universo com sua autoridade, tambem reúne seus filhos através de sua autoridade. Se algum dos seus filhos é independente e autoconfiante, não sujeito a autoridade delegada por Deus, então jamais pode realizar a obra de Deus na terra. Cada um dos filhos de Deus deve procurar alguma autoridade para obedecer para que ele ou ela se coordene devidamente com os outros. É triste dizer, entre-tanto, muitos tem fracassado neste ponto.

Como podemos crer se não sabemos em quem crer; como podemos amar se não sabemos a quem amar; ou como podemos obedecer se não sabemos a quem obedecer? Mas na Igreja há muitas autoridades delegadas a quem devemos nossa submissão. Submetendo-nos a elas submetemo-nos a Deus. Não temos de escolher a quem obedecer, mas aprender a sujeitar-nos a todas as autoridades governantes.

Não existe ninguém apto a ser autoridade delegada por Deus se ele mesmo não aprender primeiro como sujeitar-se à autoridade. Ninguém pode saber como exercer autoridade até que sua própria rebeldia tenha sido resolvida. É essencial que aprendamos a ficar sujeitos uns aos outros e sujeitos as autoridades delegadas.

Três requisitos para uma autoridade delegada:1. Deve reconhecer que toda autoridade procede de Deus. Cada pessoa que é

chamada para ser uma autoridade delegada deveria se lembrar que "não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas" (Rm. 13:1). Ela mesma não é autoridade, nem ninguém pode constituir-se uma autoridade. Suas opiniões, idéias e pensamentos não são melhores do que os dos outros. São totalmente sem valor. Só aquilo que vem de Deus constitui autoridade e merece a obediência do homem. Uma autoridade delegada deve representar a autoridade de Deus, jamais presumir que também tenha autoridade.

Nós mesmos não temos a menor autoridade no lar, no mundo, ou na igreja. Tudo o que podemos fazer é executar a autoridade de Deus; não podemos criar autoridade por nós mesmos.

Estar em posição de autoridade não depende de ter idéias ou pensamentos; antes, depende de conhecer a vontade de Deus. A medida do conhecimento que uma pessoa tem da vontade de Deus e a medida de sua autoridade delegada. Deus estabelece uma pessoa como sua autoridade delegada totalmente com base no conhecimento que essa pessoa tem da vontade de Deus. Nada tem a ver com as idéias abundantes, fortes opiniões ou nobres pensamentos que possa ter.

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_____________________________________________________________________________________2. Deve negar-se a si mesmo. Até que uma pessoa saiba qual é a vontade de Deus

deve manter sua boca fechada. Não deve exercer a autoridade levianamente. Aquele que vai representar a Deus deve aprender do lado positivo o que é a autoridade de Deus e, do lado negativo, como negar-se a si mesmo. Nem Deus nem os irmãos vão dar grande valor aos seus pensamentos. Provavelmente você é o único em todo o mundo que considera sua opinião a melhor. Pessoas com muitas opiniões, idéias e pensamentos subjetivos devem ser temidas. Deus não pode jamais usar uma pessoa que está cheia de opiniões, idéias e pensamentos para representar a sua autoridade.

Se não formos totalmente quebrantados pelo Senhor não estaremos qualificados como autoridade delegada por Deus. Deus nos convoca para representarmos sua autoridade, não para a substituirmos. Deus é soberano em sua personalidade e posição. Sua vontade é sua. Ele jamais consulta o homem nem permite que alguém seja o seu conselheiro. Consequentemente, aquele que representa a autoridade não pode ser uma pessoa subjetiva.

Isto não implica dizer que para ser usado por Deus deve reduzir-se a não ter nenhuma opinião, nenhum pensamento e nenhum julgamento. De modo nenhum. Significa simplesmente que o homem deve ser verdadeiramente quebrantado; sua inteligência e suas opiniões e seus pensamentos devem todos ser quebrantados. Aqueles que são naturalmente comunicativos, dogmáticos e presunçosos precisam de um tratamento radical, um amansamento básico. Isto é, algo que não pode ser nem doutrina nem imitação. Tem de constituir feridas na carne. Só depois que uma pessoa é açoitada por Deus começa a viver em temor e tremor diante dele. Não se atreve a abrir a boca inadvertidamente. Se a sua experiência não passar de doutrina ou imitação, com o passar do tempo as folhas da figueira logo secarão (Gn. 3:7) e seu estado original reaparecerá. No muito falar logo nos esqueceremos de nós mesmos e revelaremos o ego verdadeiro. Como é preciso que sejamos derrubados pela luz de Deus!

3. Deve constantemente estar em comunhão com o Senhor. Aqueles que são autoridades delegadas por Deus precisam manter íntima comunhão com Deus. Não deve haver apenas comunicação, mas também comunhão.

Qualquer um que oferece opiniões apressadamente e fala em nome do Senhor levianamente está muito longe de Deus. Aquele que menciona o nome de Deus casualmente só prova a enorme distância em que se encontra de Deus. Aqueles que estão perto de Deus têm um temor piedoso; saber como expressar levianamente suas próprias opiniões é desonroso.

A comunhão, portanto, é outra exigência principal para aqueles que estão em autoridade. Quanto mais perto uma pessoa se encontra do Senhor, mais claramente vê suas próprias faltas. Tendo sido colocado face a face com Deus, não se atreve depois a falar com tanta firmeza. Não tem confiança em sua carne; começa a temer que esteja errado. Por outro lado, aqueles que falam levianamente denunciam o quanto estão afastados de Deus.

Posso falar francamente que a dificuldade hoje em dia é que muitos dos servos de Deus são ousados demais ou intransigentes demais ou dominadores demais. Atrevem-se a falar o que não ouviram de Deus!

A autoridade é representativa em natureza, não inerente. Significa que é preciso viver diante de Deus, aprendendo e sendo ferido para que não se projete a si mesmo. Ninguém deveria se enganar considerando-se ele próprio a autoridade. Só Deus tem autoridade; ninguém mais a possui. Quando a autoridade de Deus flui para mim, flui então através de mim para os outros. O que me torna diferente dos outros, é Deus, não eu mesmo.

4. Jamais tente estabelecer sua própria autoridadeA autoridade é estabelecida por Deus; portanto nenhuma autoridade delegada precisa

tentar assegurar-se de sua autoridade. Não insista em que outros lhe dêem ouvidos. Se erram,

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_____________________________________________________________________________________deixe que errem; se não se submetem, que fiquem insubordinados; se insistem em fazer a sua própria vontade, deixe. Uma autoridade delegada não deve lutar com os homens. Por que deveria eu exigir que me ouçam se não sou autoridade estabelecida por Deus? Por outro lado, se sou estabelecido por Deus, preciso ter medo que os homens não se me submetam? Todo aquele que se recusa a me ouvir, desobedece a Deus. Não é necessário que eu force as pessoas a me ouvirem. Deus é meu apoio, por que então eu deveria temer? Jamais deveríamos dizer uma palavra que fosse para apoiar nossa autoridade; antes, vamos conceder as pessoas a sua liberdade. Quanto mais Deus nos confia, mais liberdade garantimos as pessoas. Aqueles que tem sede do Senhor virão a nós. É muitissimo desonroso falar em bene-fício de nossa própria autoridade ou tentar estabelecer nossa própria autoridade.

Embora Davi fosse ungido por Deus e escolhido para ser rei, durante muitos anos permaneceu sob a mão de Saul. Não estendeu sua mão para instituir sua própria autoridade. Do mesmo modo, se Deus designou você como autoridade, você também deveria ser capaz de suportar a oposição dos outros. Mas se você não foi constituido por Deus, qualquer esforço que fizer para estabelecer sua autoridade será dolorosamente fútil.

Quando a autoridade que lhe foi delegada for testada, não faça nada. Não se apresse, não lute, não fale por si mesmo. As pessoas não estão se rebelando contra você, mas contra Deus. Pecam contra a autoridade de Deus, não contra a sua autoridade. A Pessoa a quem desonram, criticam e se opõem não a você. Se a sua autoridade é realmente de Deus, aqueles que se opõem encontrarão bloqueado seu caminho espiritual; não receberão mais revelação.

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CAPÍTULO III – LITURGIA DO CULTOO culto vem a ser um conjunto de formas externas em que a própria pessoa, a família

reunida ou mesmo a comunidade estabelece a sua vida religiosa. É o mesmo que "liturgia", que significa "ritual", "o culto instituído por uma igreja".

Embora não exista no Antigo Testamento uma palavra especial para culto (ver Êx 12.36), ele era um elemento muito importante na vida do povo de Israel. A demonstração disso está nos Salmos, e, em Gênesis (Gn 4.3), o autor não imagina religiosidade sem culto. Através do culto, a fé é transmitida em tradição viva "... o que ouvimos e sabemos, e os nossos pais nos contaram", Sl 78.3.

Os fiéis da comunidade em Jerusalém participavam do culto do templo (At 2.46) e o Senhor Jesus chamou o templo de "a casa de meu Pai" (Jo 2.16), e apresenta o seu templo de próprio corpo como o novo templo, como vemos em Jo 2.19-22. Com sua morte e ressurreição, Jesus passou a inaugurar o culto da Igreja, cujos eleitos compartilharão de sua imagem e natureza (Rm 8.29).

Para o cristão do Novo Testamento, o culto racional, ou culto espiritual, tem o mesmo sentido de "vida agradável a Deus". É Ele quem dá a iniciativa para que seu povo tenha uma comunhão e adoração apropriada, inspirada pelo Espírito Santo de Deus (Rm 8.26,27). Por meio de Jesus Cristo, podemos oferecer sacrifícios espirituais como "casas espirituais" (1 Pe 2.5).

Dessa forma o conjunto da manifestação de atos de adoração forma o culto. Etimologicamente a palavra culto quer dizer "A mais elevada homenagem que se presta a uma divindade, isto é, adoração na mais restrita acepção do termo." O culto cristão é uma série de ações, ou seja, atos conjugados, praticados pelo adorador. E estes atos, em conjunto, é que formam o culto.1) A importância do culto

• aproxima o homem a Deus; • concede instrução para o viver diário; • concede oportunidade de uma consciência pura; • provê estímulos morais e desafios para a vida; • coloca o homem em comunhão perfeita com o próximo.

2) Alguns símbolos usados no culto das Igrejas Evangélicas• a cruz (o sacrifício de Cristo);• a mesa da Ceia (o memorial);• o púlpito (o testemunho);• a Bíblia (a revelação de Deus);• o símbolo da música (louvor);• o batistério (a ressurreição);

3) O perigo dos símbolos• serem tomados pela coisa simbolizada;• perdem o significado e se tornam superstições;• tornam as igrejas litúrgicas;• pode dar a tendência de exaltação às coisas externas. Imagens.

PRINCIPAIS ELEMENTOS DO CULTO1. Hinos2. Leitura Bíblica3. Oração4. Contribuição5. Pregação

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1) Hinos (Louvor)A música não pode ser esquecida durante o culto, e a sua execução não pode ser

desequilibrada a ponto do culto ser afetado em seu conteúdo. Há três momentos em que a congregação deve ser preparada psicologicamente para o culto.

2) Leitura bíblicaPrecisa ocupar lugar de destaque no culto, e os crentes portando as suas Bíblias, para o

acompanhamento do texto é a sua arma. Os judeus liam muito. O salmista amava a lei do Senhor (Sl 119.18,92).

"A leitura bíblica é como uma chave que abre as nossas mentes e prepara os nossos corações e os nossos espíritos para adorar a Deus". Geralmente se fica de pé na leitura da Palavra de Deus. Em algumas igrejas, os crentes permanecem sentados. Na verdade, deve-se ter muito respeito quando se está lendo a Palavra de Deus.

Tipos de leituras:• Facultativo;• O texto da pregação;• Leitura devocional;• Leitura preparatória (espiritual, coração, etc.);• Leitura de circunstâncias atuais

3) Oração É bom começar o culto com oração, é a respiração da alma, e por ela falamos e

conversamos com Deus. Ela não é discurso, como fazia os fariseus, muito menos uma reza programada, como fazem os católicos romanos.Tipos de oração. Quanto à qualidade:– objetivas (orar para assuntos específicos e definidos);– compreensivas;– concisas (resumidas);. Quanto à classificação:– de adoração (amor a Deus);– de louvor (exaltação, glorificação);– de súplica (rogar, pedir com instância);– de intercessão (interceder em favor de outrem).. Quanto ao propósito:– adoração;– confissão;– agradecimento;– súplica;– submissão.

4) Contribuição (Oferta)Quando nada se oferta a Deus, o culto não pode ser perfeito. "e ninguém apareça vazio

diante de Mim" (Êx 23.15b)."Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade;

porque Deus ama ao que dá com alegria" ( 2 Co 9.7).Um culto sem ofertas é um culto antibíblico, pois as ofertas representam a expressão de

gratidão do cultuador. Quando se recebe de Deus, devemos dar daquilo que dEle recebemos.A contribuição no culto é bíblica (Mc 12.41-44), quer venha ela de pessoas ricas ou pobres.

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_____________________________________________________________________________________Assim, o dízimo deve ser entregue na Casa do Tesouro (Ml 3.10), salvo quando o

entregador estiver impossibilitado.Em Ageu 1.5,6,9, temos um exemplo marcante sobre a advertência da não contribuição liberal e generosa, e as expressões do versículo seis:– "semeais muito, e recolheis pouco";– "comeis, mas não vos fartais";– "bebeis, mas não vos saciais";– "vesti-vos, mas ninguém se aquece";– "e o que recebe salário, recebe salário num saco furado".Já em Malaquias 3.8,9, o Senhor é mais enfático sobre a doutrina do dízimo: “... Todavia vós me roubais e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas." Assim, deve o bom dirigente levar o crente a uma contribuição consciente e bíblica dos dízimos e das ofertas.

5) PregaçãoA mensagem é a parte central do culto. O pregador é o transmissor das verdades do Deus

Eterno.O doutor Manoel Avelino de Souza, em seu livro "O Pastor”, pag. 122, declara: "a função

principal e por excelência do pregador é entregar a mensagem.” A pregação do Evangelho, ou o sermão, deve ocupar o lugar supremo da sua vida, dos seus propósitos, dos seus interesses, das suas ocupações, dos seus estudos e esforços. Tudo o que está ligado à sua vida submete-se à sua função de pregar."E ai daquele que se apresente ao mundo como um mensageiro de Cristo e faça do seu púlpito um lugar de divertimentos, de passatempo, de exibições ambiciosas; lugar de chicana (tramóia) e política, de manifestação simplesmente literária, secundária, sem qualquer responsabilidade”.

"Ele não pode fazer do ministério sagrado de anunciar a salvação de Deus aos pecadores um campo de intrigas, de explorações, sejam quais forem, de vantagens financeiras e sociais, de oportunidades especiais, para misteres passageiros e particulares. A pregação revela o propósito de Deus aos homens, transmite graça, sabedoria, poder e vida. Quando ela diminui, o povo perece por falta de visão e do conhecimento de Deus; quando desaparece, as trevas cobrem os corações e as almas se perdem; por falta de luz, de verdade, as trevas substituem a luz, o mal o bem, o pecado, a santidade, a morte a vida, a incredulidade a fé, o ódio o amor, a vingança o perdão."

A quem pertence a pregação?

• ao Pastor da Igreja;• a quem ele determinar;• ao povo congregado: "acompanhando a mensagem atentamente, glorificando a Deus e

orando em espírito para que Deus abençoe o pregador" (Sl 106.48);• se a pregação é uma mesa espiritual da qual todos devem participar, então o pregador

deve orar pedindo a Deus que lhe dê uma mensagem para satisfazer a fome de todos.

A escolha da mensagem

• o pregador deve buscar a Deus primeiramente;• deve orar;• deve estudar a Bíblia ;• deve escolher mensagens que venham ao encontro das necessidades espirituais dos

ouvintes, pois há ouvintes com necessidades transitórias (doença, consolação). Deve cuidar para não desviar a mensagem sendo a necessidade do ouvinte outra.

Diversidades de Cultos

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CATEDRAL DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS – Curso de Preparação de Obreiros Apostila de Presbítero – página 23

_____________________________________________________________________________________1.1 Direção de um cultoO verdadeiro dirigente de um culto é o Espírito Santo e ai de uma Igreja quando não for Ele quem esteja dirigindo. É claro, porém, que há necessidade da participação humana no culto. O elemento humano na direção de um culto a Deus precisa estar em primeiro lugar em sintonia com o Espírito Santo. A prática e os métodos que aqui vamos sugerir, apesar de terem grande importância, não impedem o Presbítero que está dirigindo um culto a estar continuamente sob dependência do Senhor. Dirigir um culto demanda muita responsabilidade porque nesta atividade opera-se com coisas espirituais, com alimento celestial para os famintos espirituais. O objetivo do dirigente de um culto nunca pode ser o cumprimento de anseio humano, nem uma oportunidade para expor o seu eu ou seus caprichos vaidosos nos presentes e sim levá-los a glorificar o poderoso nome do Senhor. Um culto pode ser evangelístico, que é o culto público no templo ou ao ar livre.

1.2 Culto público

Começa-se na hora certa, com oração, pedindo a Deus que dirija e ajude na condução dos trabalhos que estarão para começar naquele instante.

Cantam-se hinos congregacionais, tirados da Harpa Cristã, escolhidos para transmitir uma mensagem de exaltação e louvor ao Senhor e que desperte interesse pelo culto no coração dos presentes.

Em seguida, põe-se a congregação em pé para se efetuar a leitura bíblica devocional de forma reverente, tanto quem lê quanto quem ouve. Recomenda-se que quem efetuar a leitura bíblica deve falar alto e em bom som, sem correr ou tropeçar nas palavras para não prejudicar a compreensão da mensagem.

Terminada a leitura, faz-se outra oração na qual se pedirá ao Senhor efeitos da leitura no coração dos ouvintes e a graça divina em todos ouvintes a fim de que todos sejam saciados.

Em seguida, põe-se a congregação sentada e procedem-se as apresentações dos visitantes, tanto membros como obreiros e grupos musicais. Deve-se franquear o púlpito aos obreiros de ministério, quando se conhece sua procedência.

Após as apresentações, deve-se fazer uma programação de participação musical de grupos, corais e hinos avulsos de tal maneira que não seja muito extensa, a fim de não prejudicar o tempo da mensagem.

No final da etapa dos louvores, deve-se proceder a coleta, enquanto se canta o último hino que irá preceder à pregação.

Após a parte dos louvores, passa-se a oportunidade ao pregador. É também aconselhável passar para esta parte com uma oração.

Terminada a mensagem, deve-se logo em seguida fazer o apelo aos pecadores. Não deve ser um apelo curto nem longo demais. Feito o apelo, se fará oração caso haja decisões e em seguida encaminham-se os novos convertidos a um local apropriado para contato com irmãos preparados para lidar com eles, a fim de anotarem nomes, endereços e lhes darem as devidas orientações.Geralmente, ao fim de um culto, faz-se anúncios para ciência dos irmãos sobre as diversas atividades na semana. Deve-se fazer isto de forma breve e clara. A conclusão oficial do culto geralmente é a oração final seguida pela bênção apostólica.

1.3 Culto de oração – como no culto público, começa-se com oração, acostumando o povo a iniciar os cultos na hora certa.

Em seguida, cantam-se hinos específicos, cujo tema seja oração, súplica, intercessão, busca do poder de Deus, etc.

O dirigente pode fazer uma breve explanação de, no máximo, uns 15 minutos, passando depois a oportunidade para cânticos individuais ou grupos, porém, em número bem limitado.

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_____________________________________________________________________________________O dirigente convocará a congregação para a oração de joelhos por um período de pelo

menos quarenta minutos ou cinqüenta, a fim de que possam entregar nas mãos do Senhor as orações, petições, súplicas e intercessões.

Terminando a oração, o dirigente poderá dar oportunidade para que alguns irmãos em breves minutos relatem as bênçãos recebidas, durante o período de oração, para estimular os demais irmãos a freqüentarem o culto de oração.

Finalmente, o dirigente faz ou designa alguém para fazer a oração final, agradecendo o culto e despede o povo com a bênção apostólica.

1.4 Culto de ação de graças – Ocorre quando qualquer irmão, irmã ou família evangélica deseja agradecer ao Senhor por alguma bênção recebida, seja através de voto ou não, ou também por aniversário.

Pode acontecer que quem esteja solicitando o culto já disponha antecipadamente de um programa a ser seguido. O dirigente não deve desprezar isto. Um outro detalhe é que a pessoa que pede o culto de ação de graças deve ter a oportunidade dentro da programação para contar a razão da solicitação daquele culto. Se for aniversariante, precisa-se fazer uma oração com todos os presentes em favor do aniversariante, após parabenizá-lo pela data natalícia. Ao final, os anúncios podem ser dispensados, caso não seja no templo, e, caso o seja, apenas informe o que for indispensável e termina-se com oração e bênção apostólica.

1.5 Culto de doutrina – Doutrinar significa tornar uma pessoa douta, esclarecida, ensinada biblicamente. É colocar a Palavra de Deus, com seus ensinamentos, diante do povo, a fim de que a conheçam e andem nela a fim de agradar a Deus. Não é incutir costumes e caprichos individuais, baseados em seu pensamento carnal na mente da igreja. Se houver algum bom costume, a própria Bíblia irá mostrar e terá que ser baseado nela. É aqui que entra a exigência que Paulo escreve em I Tm 3.2b: “... apto para ensinar”. Só quem é apto para ensinar consegue pelo Espírito de Deus doutrinar de verdade uma congregação.

Nos cultos de doutrina, ensinamos aos crentes assumirem uma conduta honesta, fiel, santa e pura em toda maneira de viver e a melhor maneira de transmitir tudo isto é viver aquilo que está ensinando. Todo doutrinador tem a obrigação de viver aquilo que está ensinando.

Outro importante detalhe é que cabe ao dirigente doutrinar a sua congregação e não a qualquer outro obreiro. Na sua falta ou ocasionalmente em comum acordo, o seu auxiliar.

Como em qualquer culto, comece com uma oração, agradecendo ao Senhor mais uma oportunidade de estar na casa d’Ele e pedir que Ele opere na congregação.

Em seguida, cantam-se alguns hinos congregacionais, de acordo com o tipo de culto. O doutrinador não deve confundir esta tarefa com a pregação evangelística, cheia de gestos, gritos e exagerada encenação. Doutrinar é basicamente ensinar e ensinar não é o mesmo que pregação.

Após a mensagem doutrinária, certamente muitos corações estão bem quebrantados (Jr 23.29). Este é o momento próprio para convidar os irmãos em falta com o Senhor, que foram atingidos pelo Espírito de Deus a virem à frente e fazerem decisão de conserto com Deus ou com alguém. Na oportunidade, faz-se uma oração com toda a congregação em favor deles, para que o Senhor lhes perdoe e os santifique. Após esta intercessão, passa-se ao secretário para anúncios finais.

E para terminar, o dirigente efetua a oração em favor de alguns pedidos e pelo culto de doutrina que está terminando e dá a bênção apostólica aos crentes em estado de reverência.

1.6 Celebração da Ceia – A Ceia é um memorial do sacrifício de Cristo a ser comemorado pela Igreja até que Ele volte (I Co 11.24,26). Cabe ao dirigente ensinar que o crente participa da Ceia, não para conseguir mais graça e comunhão com Cristo. O certo é que os crentes participam da Ceia porque já estão em comunhão com Cristo e uns com os outros, quem não

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_____________________________________________________________________________________tem esta comunhão e a graça de Cristo, nem deve tocar no cálice e no pão enquanto não aprender a viver diariamente consagrado na presença do Senhor (I Co 11.27,28).

Comece sempre na hora certa com uma oração de joelhos até uns trinta minutos no máximo. Cante hinos da Harpa Cristã alusivos ao sacramento da Ceia, como o 22, 328, etc. A seguir, faça a leitura bíblica de um texto que fale do ato como Mt 26.26; Mc 14.22-26 etc., com uma breve explanação, conscientizando os crentes a participarem com a máxima reverência neste ato importante.

No próximo passo, passa-se a oportunidade para grupos musicais ou corais, ou então duetos e hinos avulsos. Entre os louvores, também se pode encaixar um bom testemunho do poder e da misericórdia do Senhor. Nesses momentos, o dirigente irá com seus obreiros auxiliares lavar as mãos para partir o pão. Feito isto, fará leitura em (I Co 11.23-32), explicando o valor e a responsabilidade da Ceia, bem como do seu significado. Aqui o dirigente esclarecerá que só os membros em comunhão deverão participar da Ceia. Aproveitando texto de I Co 11.23-32, o dirigente lerá o versículo 24 para a apresentação do pão em oração. Depois, parte-se o pão em pedaços junto com seus auxiliares sobre a mesa. Enquanto isso, alguém poderá cantar um hino, à medida que o pão está sendo partido. Os Diáconos devem estar à frente, prontos para receberem as tigelas de pão para distribuir à congregação. A Igreja só fica de pé na leitura do texto ao apresentar o pão e o vinho. Adiante, os Diáconos percorrem a nave do templo a distribuir o pão, enquanto o dirigente estende a oportunidade para hinos e louvores. Retirando os diáconos, o dirigente se certifica de que todos participaram do pão. Os Diáconos são servidos e em seguida os obreiros no púlpito e o dirigente; enquanto isso os hinos e louvores continuam. Na segunda etapa, estando já as bandejas de cálices prontas previamente, procede-se a leitura em I Co 11.25 com a congregação em pé e faz-se a oração, apresentando o vinho ao Senhor. Depois disso, os Diáconos se apresentam em fila para pegar as bandejas e se dirigirem para a nave do templo ao sinal do dirigente. Novamente os hinos são entoados neste momento. Retornando os Diáconos, verifica se alguém ficou sem o vinho. Procede-se então a Ceia aos Diáconos e também aos obreiros no púlpito.

Terminada a Ceia, o dirigente põe de novo a congregação em pé para agradecer a Deus pelos momentos prazerosos da Ceia. Finalmente, breves anúncios e oração para a despedida do culto seguida da bênção apostólica.

1.7 Culto ao ar livre – Este trabalho corresponde com a principal tarefa da Igreja na terra, que é ganhar os pecadores para Cristo. Bem-aventurada é a Igreja que não relaxa este valioso trabalho na seara do Mestre.

Trata-se de um trabalho que precisa de espiritualidade, sabedoria e tato para se comportar em público.

Inicialmente, o dirigente precisa orar e jejuar incessantemente antes de efetuar cada culto ao ar livre. Deve organizar uma boa e definida equipe para cooperar no canto, nos instrumentos, na distribuição de folhetos, na instalação do som e assistência e orientação aos novos convertidos. Deve começar sempre na hora certa, porque a impontualidade é um câncer que mata e destrói a boa vontade de qualquer ovelha. Deve-se fazer a seleção correta dos hinos, para que as letras sejam evangelísticas ou que exaltem a Cristo.

O culto ao ar livre precisa começar o mais próximo possível da hora estabelecida, com oração ao Senhor, suplicando sua operação naquele lugar. Em seguida, cantam-se hinos próprios para o momento, designando, para solar o hino algum irmão ou irmã que tenha boa voz. Efetua-se a leitura de um texto bíblico que mostre a razão do trabalho ao ar livre, como por exemplo, Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; At 18.9-11; Rm 1.14-17; etc. Logo após, passa-se a oportunidade para as oportunidades de hinos pelos grupos, cantores, duetos, etc., procurando

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_____________________________________________________________________________________intercalar com testemunhos para edificação e salvação dos pecadores. É bom pescar sempre, lançando várias vezes, as redes durante o tempo do ar livre.

Ao final do culto, deve-se anunciar os cultos públicos e escolas dominicais e instruções de novos convertidos ao público. Informe o horário destes trabalhos e o endereço de sua igreja. Recepcione cordialmente os novos convertidos, mostrando-lhes carinho e apreço. Finalmente, efetua-se a oração final e despedida dos presentes.

1.8 Lançamento da pedra fundamental – O lançamento da pedra fundamental de uma obra de construção do templo tornou-se costume altamente significativo, porque é mais uma oportunidade de cultuarmos a Deus e incentivar os membros à cooperação na construção. Além disso, é momento para exercitarmos a fé nas promessas divinas, vendo mais um avanço da obra do Senhor.

Não há um programa rígido e inflexível a ser seguido, mas deve ser alegre, com cânticos vigorosos e vivos testemunhos.

Inicia-se com oração, agradecendo a Deus o passo de fé que a Igreja está dando perante Ele e também suplicando sua bênção para o momento. Os hinos congregacionais devem ser próprios para a ocasião. Leitura do texto oficial do culto pode ser, por exemplo, Gn 28.20-22; Mt 16.16-18, etc. Após a leitura bíblica, faz-se outra oração dos presentes.

Passa-se a oportunidade para corais, grupos, duetos, hinos individuais, etc., além de solos e testemunhos ou breves palavras por alguns obreiros. A pregação, que será feita pelo dirigente, não precisa ser muito longa, mas objetiva, de acordo com a ocasião, visando estimular a fé dos participantes na obra de Deus.

O local da pedra a ser lançada deve já estar cavado para que neste momento o dirigente e seus obreiros façam o enterro da pedra que previamente foi preparada para aquela finalidade. Feito isto, será feita uma oração solene, quando os obreiros houverem tomado a pedra com o dirigente e colocado no buraco onde será enterrada. Pode-se efetuar uma oferta em favor da construção, já que o momento é propício, uma vez que a fé dos irmãos neste culto está sendo estimulada.

Termina-se com oração final e uma palavra de agradecimento aos presentes.OBS.: Num culto como este, poderá haver mais participação dos crentes se o dirigente

conseguir fazer uma passeata, saindo do local do antigo templo até o local do futuro templo a ser erguido.

1.9 Funeral – Humanamente falando, esta cerimônia é bem desagradável para ser feita, pois estamos sempre a desejar que ela não aconteça com ninguém.

Cabe, em primeiro lugar, conhecer a condição espiritual pelo menos quanto ao testemunho da pessoa falecida, isto para evitar pronunciamentos inverídicos que sirvam para criar constrangimentos. É oportuno e importante comparecer ao local do sepultamento, pelo menos uma hora antes, a fim de evitar uma cerimônia às carreiras, que pode demonstrar desapreço aos familiares enlutados.

Os passos a serem seguidos são descritos nos parágrafos seguintes: Combinar com a família pra começar com uma oração pelo evento, suplicando as

consolações do Espírito Santo. Logo após, explica-se aos ouvintes a razão do evento e começa-se a cantar hinos

congregacionais próprios para a ocasião. A seguir, faz-se a leitura da Palavra de Deus, usando entre outros, alguns dos seguintes

textos: I Ts 4.13-18; Sl 116.15; I Co 15.35-57; II Co 4.16 a 5.10; Ap 14.13 e 21.1-4. Explanando-se de acordo com a direção divina.

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_____________________________________________________________________________________ Pode ser que alguém queira fazer um solo especial, em homenagem ao falecido ou para

consolo dos familiares. Em seguida, o oficiante poderá fazer um breve e sábio apelo às pessoas não crentes

que quiserem se decidir a Cristo. Após o ato, será feita uma oração suplicando a Deus as consolações para todos.

Feito isto, o oficiante dirá: “Está terminada a cerimônia”. A condução do sepultamento fica a critério da família e parentes.

1.10 - Culto de inauguração do templo - Este culto tem a finalidade de agradecer a Deus pelo êxito alcançado e suplicar a sua indispensável bênção para a consumação dos propósitos que têm o que for inaugurado.

Os passos para este culto são: Estando o templo novo ainda fechado, lacrado com uma fita simbólica, o dirigente, seus

obreiros e demais irmãos se reunirão em frente à porta principal de acesso ao interior. Em seguida, será feita uma oração inicial, agradecendo a Deus a conclusão da obra

material e início da espiritual. Após, o dirigente explica a todos os presentes a finalidade do culto e toma um texto

bíblico como base para a inauguração, como Is 26.2, por exemplo. Assim feito, o dirigente desatará a fita simbólica e abrirá as portas da congregação. Ele

à frente, seguido pelos seus obreiros e depois pela igreja, adentrarão cantando um hino congregacional em honra e louvor a Deus.

Quando todos já estiverem no interior do novo templo, ainda em pé, se fará a oração propriamente inaugural.

Uma breve seqüência de hinos congregacionais, poderão dar continuidade à programação do culto.

Leitura bíblica oficial do culto pelo dirigente ou alguém por ele designado e apresentação dos visitantes.

A seguir, passa-se a oportunidade para grupos musicais, solos, duetos, testemunhos, etc. Neste ínterim, pode-se proceder uma oferta.

Depois a pregação da palavra de Deus será feita, podendo terminar com um apelo. Em seguida, efetua-se um agradecimento àqueles que direta ou indiretamente

cooperaram com a obra.

Oração final agradecendo o culto e a bênção apostólica. Caso haja dúvida quanto à forma da bênção apostólica, é só ler um II Co 13.13.

1.11 Bodas de prata ou de ouro – Trata-se de um ato tradicional em nossa sociedade.Porém, é também uma oportunidade para prestar louvores a Deus pelas vitórias

concedidas ao casal pelo tempo de boa convivência conjugal e os descendeste (se houver) que procederam da união. O templo deve estar devidamente preparado para o evento.

Os passos para a direção deste culto são:

Ao começar o culto, o dirigente dirá a razão do culto, citando o nome do casal por completo e se é bodas de prata ou de ouro.

O culto terá início com uma oração agradecendo a Deus a oportunidade do evento e pedindo as bênçãos ao casal e aos presentes.

Geralmente o casal solicita uma programação especial para o evento. O dirigente deve acatar a programação feita, caso guarde as boas normas de condução de um culto.

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_____________________________________________________________________________________ A seguir, o dirigente se referirá ao casal, parabenizando pelos 25 ou 50 anos de

fidelidade mútua, incentivando-os a permanecerem na fidelidade demonstrada. O dirigente fará a leitura da Palavra de Deus, passagens como Sl 112, 128; Pv 31.10-31,

para edificação espiritual dos cônjuges. Em seguida, o dirigente fará proceder a entrega das alianças, que poderão ser feitas

pelo próprio casal ou por seus descendentes ou alguém por eles designado. Finalizando, o dirigente fará uma oração pelos cônjuges, rogando a Deus que continue

derramando bênçãos em suas vidas.

1.12 Unção com azeite

Queremos ainda esclarecer algumas atividades que o Presbítero poderá precisar exercer, enquanto atua como dirigente de culto em sua congregação. Uma delas é a unção com azeite, mencionada na Bíblia em Tg 5.14,15, geralmente administrada no final de um culto. Informamos que esta unção é prerrogativa dos Presbíteros ou Evangelistas ou Pastores que dirigem congregações e não dos membros da igreja.

Outra coisa que o dirigente precisa fazer ao final de um culto público é a apresentação de crianças. Jesus disse: “... Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus”, Lc 18.16. Isto não é um sacramento, mas uma tradição tanto judaica como cristã. Quem faz é o dirigente ou até mesmo um seu superior hierárquico que estiver visitando no momento. O oficiante tomará a criança no colo com cuidado, declarando o nome da criança à congregação. Em seguida, efetua-se uma oração para que Deus a abençoe em sua criação, juntamente com seus pais.

Ordenanças 1) Batismo em águas2) Santa Ceia do Senhor

Celebrações1) Aniversário de 15 anos2) Cerimônia de Noivado3) Cerimônia de Casamento4) Cerimônia de Bodas de Prata e de Ouro5) Festas Comemorativas dos Anos de Bodas6) Apresentação de Crianças 7) Unção com Óleo8) Bênção Apostólica

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_____________________________________________________________________________________

CAPÍTULO IV- HOMILÉTICA

I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HOMILÉTICA

Conceitos Básicos:

a) Comunicação : Ação, efeito ou meio de comunicar, aviso, participação, ligação, comunhão.

b) Dicção : Maneira de dizer ou pronunciar, expressão, arte de recitar.c) Exegese : Interpretação, explicação ou comentário (gramatical, histórico, jurídico, etc.) de

textos, principalmente da Bíblia.d) Eloqüência : Capacidade de falar e exprimir-se com facilidade; dom de falar com fluência.e) Fonação : Conjunto dos fenômenos que concorrem para a produção da voz.f) Hermenêutica : Princípios de interpretação bíblica; arte de interpretar os livros sagrados e

os textos antigos.g) Homilética : Arte de pregar sermões, não se abstendo do aprimoramento das habilidades

oratórias. É a ciência que estuda os princípios fundamentais do discurso em público, aplicados na proclamação do evangelho. Este termo surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais doutrinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e Hermenêutica.

h) Homilia : (do verbo homileo) Pregação cristã, nos lares em forma de conversa.i) Lógica : Ciência do raciocínio; coerência; raciocínio encadeado; ligação de idéias.j) Oratória : Arte de falar em público eloqüentemente ou em consonância com as regras da

retórica; peça dramática religiosa.k) Persuasão : Ato ou efeito de persuadir; convicção; crença. Vem de persuadir: Levar a crer

ou aceitar, aconselhar, induzir.l) Pronúncia : Articulação do som das letras, sílabas ou palavras. Maneira especial de

pronunciar os sons de certa língua.m) Pregação/sermão : É a comunicação verbal da verdade divina com o fim de persuadir. Tem

em si dois elementos: a verdade e a personalidade.n) Retórica : A arte do uso eficiente das palavras em falar e escrever.o) Tema : É a matéria de que trata o sermão; a idéia central do sermão; o assunto apresentado

no sermão.As disciplinas que estão mais próximas da Homilética são a

Hermenêutica e a Exegese, estas se complementam.

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_____________________________________________________________________________________2. Deus, a Palavra e o Pregador:

a) Antes de continuar este estudo medite nos seguintes versículos: I Cor 7:7 “...mas cada um tem de Deus o seu próprio [dom], um deste

modo, e outro daquele”. I Pe 4:10 “servindo uns aos outros conforme o [dom] que cada um

recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. I Cor 12: 4ss “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há

diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer. Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo”.

b) Deus tem preparado e escolhido pessoas, por meio do Espírito Santo, para realização de obras específicas. Ele fala através daqueles que tenham um mínimo de alfabetização, mas, também fala através de pessoas capacitadas e dotadas de dons, técnicas, habilidades e talentos.

3. Quem é você?

a) Se você ainda não respondeu esta pergunta a si mesmo, não tem base para tomar decisões sobre sua vida. Você é um ser criado por Deus. Você tem talentos e habilidades inerentes. Eles são presentes de Deus. A realização do plano de Deus é a razão da nossa vida. Faça um inventário realista da sua despensa pessoal e veja como pode realizar a vontade de Deus.

b) Você conhece a amplitude das suas possibilidades? Para que acha que Deus o(a) está chamando? Você já ouviu falar sobre o exemplo de superação de um homem que era gago e veio a se tornar o maior orador da antiguidade ?

APÊNDICE - O Exemplo de Demóstenes

(a) D emóstenes - Nasceu em Atenas por volta de -384. A família era abastada mas, depois de perder o pai aos 7 anos, Demóstenes teve os bens dilapidados pelos tutores. Estudou oratória, possivelmente com Iseu, e tentou recuperar a fortuna processando os antigos tutores.

(b) Para superar sua deficiência fonética submeteu-se a uma severa preparação onde, em discursos simulados, colocava pedrinhas (seixos) na boca durante os exercícios solitários à beira-mar em que fazia sua voz sobressair ao barulho das ondas, para desenvolver o volume de voz e aperfeiçoar a dicção. Não só derrotou seus tutores na Heliéia como também se tornou um dos maiores oradores do mundo antigo, mestre da eloqüência e da declamação.

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.”

II Coríntios 4.7

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_____________________________________________________________________________________(c) Em uma das audiências a que teve que assistir, ficou muito impressionado pela eloqüência

e discursos que proferiam os advogados. Foi então que decidiu dedicar-se a oratória.(d) Sonhava em ser um grande orador, mas a tarefa não era fácil. Tinha pouquíssima aptidão,

pois padecia de dislexia e se sentia incapaz de fazer nada de modo improvisado, era gago e tinha pouca voz. Seu primeiro discurso foi um completo fracasso: - O riso da platéia o obrigou a interrompê-lo sem chegar ate o final.

(e) Quando estava abatido, costumava andar pelas ruas da cidade e num desses dias, um ancião lhe infundiu ânimos e o aconselhou a seguir exercitando-se. "A paciência te trará o êxito", assegurou!

(f) Esforçou-se com mais tenacidade ainda em conseguir o seu propósito. Era alvo de burla contínua por parte de seus adversários, mas ele não se intimidou.

(g) Recitava quase que a gritos, discursos e poesias para fortalecer a sua voz, e quando tinha que participar em uma discussão, repassava várias vezes os argumentos de ambos os lados e considerava o valor de cada uma das partes.

(h) Aos poucos anos, aquela pobre criança órfã e gaga havia se aprofundado nos segredos da eloqüência e que chegou a ser o mais brilhante dos oradores gregos, pioneiro de uma oratória formidável, que rompia com os estreitos moldes das regras retóricas de seu tempo, e que, todavia hoje, 2.300 anos depois, constitui um modelo em seu gênero.

(i) Uma vez, perguntaram a ele qual seria a principal virtude do orador. A resposta: "ação". Surpreso, o interlocutor voltou a indagar: "e depois". O grande tribuno não titubeou: "ação". E não teve dúvida em dar a mesma resposta ante a insistência do amigo que queria distinguir as virtudes da eloqüência, como a sabedoria, a criatividade, a fluência ideativa, o senso de oportunidade e o domínio das multidões. Queria dizer que o discurso deveria conduzir os ouvintes à ação, não devendo ser um fim em si mesmo.

(j) Conta-se que quando Demóstenes falava, a multidão se punha em marcha, ao contrário da audiência estática, que se encantava, mas não reagia à fala culta de outro grande orador, o tribuno Cícero, célebre por ter enxotado de Roma o general Catilina com seu famoso discurso ("quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra" “Até quando abusarás, Catilina, de nossa paciência").

(k) Esta é a breve história de Demóstenes cujo exemplo nos mostra que mesmo deficiências inatas ou não, em certos casos, podem ser superadas. Da mesma forma como Demóstenes superou a dificuldade de se comunicar em sua própria língua, com a prática correta, podemos desenvolver a habilidade de nos comunicar em outro idioma. Movido pela necessidade, o orador grego, com muito preparo, atingiu com êxito seu objetivo.

(l) Demóstenes é um exemplo entre a multidão de homens e mulheres que ao longo da história souberam mostrar o quanto são capazes de fazer com uma vontade decidida.

(m)O mundo avança de reboque das pessoas que são perseverantes em seu empenho.Pegue um lápis e papel e comece agora.Descubra os seus dons espirituais e registre o objetivo de sua vida.Relacione as suas habilidades e como elas podem abençoar as pessoas.Ore e caminhe em direção ao que Deus colocar em seu coração.

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_____________________________________________________________________________________Reorganize sua vida profissional, horários, dinheiro e compromissos, de tal forma que possa servir ao Senhor.

Espere oposição e dificuldades prontas para ultrapassá-las e, enfim, faça alguma coisa.

4. Vida no Altar:a) Baseando-se em três passagens da vida de Pedro, podemos observar alguns aspectos que

o pregador deve considerar: Estar com Jesus - Atos 4:13 Falar como Jesus – Mateus 26:73 Falar de Jesus – Atos 4:10

b) A palavra de Deus afirma que: “Assim é que a fé vem pelo ouvir esta boa nova – a boa nova a respeito de Cristo” Rm 10:17. Entretanto, a falta de preparo adequado, falta de unidade corporal no sermão, falta de vivência real na fé cristã, falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja, falta de equilíbrio na seleção de textos bíblicos e a falta de um bom planejamento ministerial trazem dificuldades à proclamação da Palavra.

5. Quando Deus Fala (Objetivo e Assunto):a) O objetivo da homilética, de uma forma geral, é a conversão, a comunhão, a motivação e a

santificação para vida cristã.b) O assunto de uma mensagem é algo particular entre o pregador e Deus.c) Para ter assunto é preciso viver em comunhão e oração para que o Espírito Santo possa

falar em seu coração.d) A grande questão é: como Deus fala conosco? A forma de Deus falar é individual e peculiar.e) Algumas pessoas acreditam que Deus fala somente de forma sobrenatural. Entretanto,

Deus pode falar com você de todas as formas possíveis, fique atento, inclusive naquelas que você menos imagina. No ônibus, em casa, no trabalho, no banho, lendo a Bíblia, olhando a paisagem, ouvindo uma mensagem, conversando, pensando, através de pessoas ou coisas, em sonho, em revelação, no meio de uma crise, ouvindo testemunhos, através de crianças, ouvindo uma música, em seu lazer, em um acidente, uma lição de vida, viajando, etc.

II - PRINCÍPIOS DE HOMILÉTICA

1. A Importância do Conhecimento: Tanto a preparação quanto a exposição de um sermão são enriquecidas com o grau de

conhecimento do pregador. Os conhecimentos não são a principal razão de um sermão, mas são o esqueleto que lhe dá forma. O pregador não precisa deixar de ser espiritual pelo fato de enriquecer seus sermões com

conhecimentos gerais. Se o sermão estiver cheio da graça de Deus, então os conhecimentos nele inseridos resultarão em bênçãos.

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_____________________________________________________________________________________A Homilética apresenta as regras técnicas, e ensina como o pregador pode tirar proveito dos conhecimentos, ordenando os pensamentos e dosando-os com a graça divina.

a) Todo pregador deve adotar um sistema de estudo, para seu maior aproveitamento no ministério da Palavra.

b) O que se vai dizer é resultado do que sabemos, sentimos, pensamos, cremos e desejamos transmitir.

c) Cultura é aquilo que a gente sabe, resultado de nossa vivência, da sedimentação do que somos, sabemos das influências que sofremos e de tudo que realmente nos estruturou. Ser uma pessoa culta em nossos dias, isto é, capaz de pensamento original e ter digerido as informações do mundo em que vivemos, é uma equação diferente da que se apresentava no passado. Pouco a pouco a "explicação" do mundo foi, cada vez mais, passando para a área científica. Por isso o importante é manter os "pés no chão".

d) Para falar de um tema qualquer é preciso dominar o assunto, a ponto de torná-lo de uma simplicidade quase alarmante e dar a impressão ao auditório de que o estamos desvendando juntos, realizando uma agradável excursão intelectual ou humana, participando os dois, nós e o ouvinte, do que vai surgir. O que vale mais é a gente ser a gente mesmo.

e) Assim, a primeira e grande obrigação do pregador é a leitura, constante, sistemática dos assuntos que ele aborda em suas prédicas e de cultura geral.

2. Pregação Bíblica:

a) Pregação bíblica, em poucas palavras, é a proclamação da Palavra de Deus à congregação. Na realidade, proclamar a Palavra de Deus significa muito mais do que simplesmente ler a Bíblia e atribuir uma lição prática à passagem lida.

b) A pregação bíblica envolve a cuidadosa remoção do texto de seu engaste original, transferindo-o para a situação atual da igreja. Para efetuá-lo, o pregador precisa compreender não somente as Escrituras, mas também a sua congregação - o mundo dos tempos bíblicos e o mundo de sua igreja, bem como as semelhanças e diferenças entre ambos esses mundos.

c) Visto que o sermão serve de ponte entre o passado e o presente, e não constitui meramente um comentário sobre o texto, não se deve confundir a pregação bíblica com Exegese gramatical, histórica ou teológica. Ela vai além disso, a fim de proclamar a passagem bíblica como normativa para a fé e prática cristã, de modo que informa, desperta, assegura e sustém a congregação em sua vida de fé. No entanto, a pregação bíblica precisa centralizar-se na passagem bíblica e não nalgum problema pessoal ou questão contemporânea.

3. Princípios Fundamentais de Interpretação Bíblica:

3.1. Princípio de Interpretação Gramatical:

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_____________________________________________________________________________________a) A pregação bíblica começa com a Exegese do texto, e a Exegese segue os princípios

gramaticais. Ela procura entender o significado verbal do texto analisado e a função e o sentido das palavras empregadas.

b) Visto que a Bíblia foi escrita em hebraico e grego (e algumas partes em aramaico), o pregador que não conhece essas línguas se encontra numa posição desvantajosa. Não basta achar num dicionário o termo equivalente em português a uma palavra hebraica ou grega.

c) O pregador que não possui adequadas habilidades lingüísticas pode fazer uso de tais auxílios lexicais como comentários, concordâncias e dicionários teológicos, contanto que compreenda o seu objetivo e saiba como incorporar as informações no sermão.

3.2. Princípio de Interpretação Histórica:a) A Exegese histórica nasce da certeza de que a revelação divina é um produto de

determinada cultura (judaica). Isso não nega, de modo algum, a inspiração da Bíblia; antes confirma o caráter histórico da revelação bíblica.

b) Visto que a Bíblia é um documento histórico e a Igreja é um movimento histórico, a Exegese histórica é importante tanto para compreender a mensagem bíblica como para determinar seu significado na atualidade. Questões de data, autoria, antecedentes e circunstâncias são essenciais à tarefa de preparar sermões bíblicos.

c) Contexto : Quanto mais conhecermos as condições político-religiosas e socio-econômicas sob as quais foi escrito certo documento, tanto melhor poderemos compreender a mensagem do autor e aplicá-la de acordo com isso.

3.3. Princípio de Interpretação Teológica:

a) O pregador também deve compreender e explicar um texto teologicamente. Não somente deve estar inteirado do que esse

texto está dizendo em primeiro plano, mas também da teologia que esclarece o texto.

b) Isto significa que o pregador deve conhecer as tradições, a filosofia, a maneira de pensar, a "cosmovisão", as idéias acerca de

Deus e da religião na época em que aquela mensagem foi escrita.

4. A Aplicação da Mensagem Bíblica:a) A mensagem do texto precisa ser traduzida para a linguagem da congregação e

apresentada de tal maneira que se veja claramente que corresponde a situação contemporânea. Para realizar isto, o pregador precisa ser versado não só nas Escrituras, mas também nas ciências sociais, especialmente as que têm relação com a conduta humana.

b) É importante que o pregador esteja ciente das questões contemporâneas e de seu impacto sobre o pensamento, as emoções e a conduta da Igreja.

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_____________________________________________________________________________________c) Um pregador pode fazer esmerada Exegese de um texto bíblico e diminuir, no entanto, a

significação de seu estudo fazendo observações superficiais sobre a vida contemporânea. A Igreja necessita de análises profundas e críticas daquilo que está ocorrendo no mundo hoje.

5. A Apresentação do Sermão:a) Em que deve o pregador basear-se para pregar? Em manuscritos? Notas? Em nada? Ao

prepararmos e apresentarmos o sermão, normalmente pensamos em quatro opções: Improviso - nenhum preparo específico; Extemporâneo - idéias preparadas; Manuscrito - pensamentos e palavras preparados; Memorização - pensamentos e palavras preparados e decorados.

b) Uma vez que a 1ª e a última são extremas e raramente utilizadas, nos concentraremos nos outros dois métodos.

c) Na maioria dos casos, a pregação manuscrita força o pregador a fazer um preparo mais completo e preciso. Aqueles que escreveram seus sermões antecipadamente podem analisá-los, com mais exatidão antes de usá-los.

d) Uma vez que os pregadores extemporâneos não selecionam suas palavras com antecedência - selecionando apenas as idéias - eles poupam grande quantidade de tempo na preparação do sermão.

e) A pregação extemporânea, contudo, em geral é pregação mais relacional do que manuscrita. Henry Ward Beecher dizia que um sermão escrito estende uma mão revestida de luva para as pessoas; sermão não escrito estende uma palma de mão incandescente. Uma luva pode ser mais perfeita do que a mão cicatrizada e calosa, mas não é tão calorosa nem tão sensível.

f) Ler os sermões limita o contato dos olhos do pregador com o auditório. Como afirmava Phillips Brooks, a pregação é a verdade através da personalidade. Ora, os olhos transmitem a personalidade. Assim, qualquer coisa que interfira com o contato dos olhos do pregador, impede que a personalidade seja bem sucedida, e interfere com a pregação.

g) A maioria dos pregadores concorda em que a maneira ideal de pregar um sermão é fazer primeiro um manuscrito, e depois preparar um esboço - quer o pregador use esse esboço no púlpito ou o decore.

h) Muitos pregadores levam um manuscrito ao púlpito, mas lêem apenas partes dele, pregando o restante dele de improviso. Por exemplo, as ilustrações e o apelo não se prestam bem para a elocução manuscrita e provavelmente devam ser pregados de improviso.

i) Nenhum método isolado serve para todos. E, obviamente, tanto a pregação manuscrita como a improvisada, possuem vantagens e desvantagens significativas. Descubra o que fica melhor para você!

6. A Estrutura do Sermão:a) Três são as partes essenciais que formam a estrutura de um sermão:

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_____________________________________________________________________________________ Introdução; Desenvolvimento (plano ou corpo); e Conclusão.

b) A estrutura propriamente dita é a organização do sermão com suas divisões técnicas, que servem para orientar o pregador na apresentação da mensagem.

c) Um sermão precisa ter unidade, ordem, simetria e progressão.

6.1. A Introdução:a) A introdução é a parte do sermão que serve como ponto de contato entre o pregador e o

auditório. Normalmente, a introdução é a última parte a ser feita na preparação. Tendo uma idéia geral do sermão, devidamente estruturada, pode então preparar eficazmente a introdução.

b) A introdução deve conter outros aspectos não técnicos. São aspectos psicológicos. Para começar um sermão, o pregador deve saber discernir o tipo de auditório, ao qual falará. Deve desenvolver a habilidade de preparar o seu auditório espiritual e psicologicamente para ouvir o sermão que irá apresentar.

c) Em outras palavras, a introdução de um sermão deve fazer com que os ouvintes sintam boa disposição para escutar o pregador; deve fazer com que lhe prestem atenção, e que fiquem desejosos de receber a mensagem que o pregador deseja apresentar.

d) Uma boa introdução deve ser:1) Breve (em torno de 5 minutos);2) Apropriada, de acordo com o tema do sermão;3) Interessante;4) Simples. Sem arrogância, sem prometer muito;5) Cuidadosamente preparada.

6.2. O Desenvolvimento:a) Dentro da estrutura do sermão, o desenvolvimento é a parte principal. Ele é também

chamado de esqueleto do sermão, que deverá ser recheado com comentários apropriados das divisões pertinentes ao tema.

b) A manutenção da seqüência lógica do sermão, especialmente na passagem da introdução para o corpo, depende principalmente de duas coisas, a saber: uma ordem própria nas divisões e transições fáceis de um pensamento para outro.

c) Por outro lado é bom lembrar que as divisões devem obedecer a uma ordem ascendente, no sentido de um movimento progressivo durante o sermão.

A Ilustração:a) A ilustração é para o sermão o que são as janelas para uma casa. O

objetivo principal da ilustração é facilitar a compreensão do assunto ou mensagem.

b) Quais os motivos que nos devem levar a usar ilustrações? Por causa do interesse humano;

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_____________________________________________________________________________________ Clareza; Beleza; Complementação.

c) A ilustração nunca deve ser a parte principal do sermão. É tão-somente uma janela. Esta nunca é mais importante do que a casa.

6.3. A Conclusão:a) A conclusão ideal deve conter quatro partes:

Uma frase objetiva; Um breve resumo ou sumário; Um apelo; e Uma ou mais frases finais.

b) A conclusão é basicamente a junção dos fios do sermão. É a concentração dos principais raios do sermão num só ponto.

c) Não convém apresentar material novo na conclusão.d) Ao fazer o apelo, os pronomes se tornam muito importantes. Use os pronomes "vós" e

"nós". Inclua-se nele. e) O apelo pode ser feito de muitas maneiras. Nem sempre precisa tomar a forma de um

convite que requeira uma resposta visível. f) A frase ou frases finais constituem a última parte da conclusão. As últimas três frases do

sermão devem ser muito bem preparadas, escritas por extenso e, se possível, decoradas.g) Alguns não sabem como e quando terminar. Nunca se deve dizer: "Para terminar..." ou

"Terminando..." e então ficar divagando durante mais cinco minutos. Não se deve manifestar hesitação ou incerteza.

7. Espécies de Sermão: Existem três tipos principais de sermões:

7.1. Sermões Tópicos (temáticos):a) A divisão deriva-se do tema ou assunto apresentado e é independente do texto bíblico

escolhido. No sentido técnico, o sermão tópico é aquele que deve sua estrutura e, sobretudo, divisões ao desenvolvimento da verdade que está em volta do tema.

b) O pregador pode exercer sua capacidade analítica e imaginativa, para usar diferentes modos de dividir o assunto que deseja apresentar. O sermão tópico envolve criatividade e versatilidade da parte do pregador.

7.2. Sermões Textuais:a) Aqui a estrutura e/ou divisões do sermão são tiradas do texto bíblico escolhido. Consiste em

selecionar alguns versículos, um versículo, ou mesmo uma parte de um versículo como texto.

b) O mais comum é o pregador usar a divisão natural do texto, onde a distinção das idéias está no texto e apenas deve ser posta em destaque. Esse tipo de divisão permite ao

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_____________________________________________________________________________________pregador usar as próprias palavras do texto. Exemplo: I Cor. 13:13 apresenta três divisões naturais, cujo tema tirado do texto, fica a critério do pregador.

c) Outra divisão que pode ser usada é a textual analítica. Este tipo de divisão baseia-se em perguntas: quem? que? quando? por que? como? e, onde? O tema do sermão textual analítico é tirado da idéia geral do texto. Exemplo: (Lucas 19: 1-10: 1) Foi uma visita inesperada; 2) Foi uma visita transformadora; 3) Foi uma visita salvadora.

7.3. Sermões Expositivos:a) O sermão expositivo está diretamente ligado ao sermão textual, com a diferença de que o

seu desenvolvimento é feito sob as regras da Exegese bíblica, e não abrange um só versículo, mas uma passagem, um capítulo, vários capítulos, ou mesmo um livro inteiro.

b) O sermão expositivo é o que faz a Exegese do texto escolhido. É o desenvolvimento de uma verdade contida em uma passagem bíblica. É um método que exige estudo e tempo da parte do pregador na preparação do que vai expor. Objetivamente, um sermão expositivo significa colocar para fora, mostrar, exibir uma verdade contida num determinado texto das Escrituras.

III – ORATÓRIA

1. Requisitos Necessários a Uma Boa Oratória:a) Influência pessoal;b) Dicção;c) Timbre (inflexão, correto uso da voz; agradável);d) Gesticulação (oportuna e efetiva);e) Correção gramatical;f) Expressividade;g) Persuasão;h) Comunicação.

2. Influência Pessoal:a) Os cientistas do comportamento afirmam que nos comunicamos sempre que o contato com

alguém seja feito. Com freqüência a comunicação mais eficiente é a não-verbal !!!b) O significado da mensagem está na pessoa e não nas palavras. Conquanto as palavras

possam ser transferidas de uma mente para outra, o significado não pode ser transferido. Consequentemente, crê-se que todas as comunicações são mudadas 70 a 90% pela

pessoa que recebe.

3. Comunicação:

a) A falha na comunicação afasta muitas pessoas das igrejas.b) A monotonia na pregação é uma falta grave, principalmente porque

existem muitas maneiras de se variar a comunicação da mensagem. Os

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_____________________________________________________________________________________meios de comunicação (multimídia) estão se aprimorando na variedade de comunicar. Eles sabem que um comercial, filme, novela ou programa esportivo monótono não conquista audiência.

c) A má comunicação começa com uma voz irritante, fraca, estridente, aguda ou grave demais. Assim, como as boas vozes produzem convicção, as vozes defeituosas geram dúvidas e rejeição.

d) Em questão de comunicação a convicção é vital.e) Prega mal quem não tem capacidade de encarar os seus ouvintes e olha para tudo, menos

para as pessoas. A comunicação do pregador deve ser com pessoas, não com galerias imaginárias, corredores, paredes, ventiladores ou qualquer outro objeto no templo.

f) Ignorar a arte da boa comunicação é condenar-se a si mesmo como pregador. É pregar uma mensagem que não pulsa com o vigor da realidade. Há pregadores que em nome do conteúdo pecam na comunicação, isso porque não conseguem se libertar das anotações.

3.1. Como Falar e Ser Entendido:a) A pronunciação do sermão deve ser brilhante e tranqüila, observe os seguintes pontos:

Força e convicção; Existe um limite de rapidez que não deve ser ultrapassado; Manter contato visual com o auditório; Simpatia.

b) Observe o comportamento do auditório, pois este serve de base para avaliação do desenvolvimento e recepção do sermão.

c) O olhar, os braços, a expressão facial, a postura do ouvinte são elementos que nos falam e transmitem mensagens em códigos que quando bem captadas lhe dá uma visão geral de seu desempenho e do andamento da pregação. Assim poderá se adequar ao momento e até mesmo dar um outro rumo em sua explanação.

d) Em alguns casos somente alguns destes elementos estarão presentes. O pregador deve estar atento ao comportamento geral dos ouvintes.

e) Em grandes auditórios, com muitos ouvintes, não se pode observar características isoladas, mas o todo.

Quando muitos ouvintes estão folheando a Bíblia ou outras literaturas, podem estar procurando algo mais interessante ou importante, para eles, do que ouvir a mensagem;

Conversação geral é desinteresse ou cansaço psicológico da congregação;

Movimentos constantes com o corpo, bem como levantar-se a todo o momento, é sinal de cansaço físico pelo tempo da programação;

A forma como estão sentados (postura).g) Obtenha sempre uma resposta (reação) do público.

3.2. Fala:

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_____________________________________________________________________________________a) Comunicar vem do latim “comunicare” que significa por em comum. A forma de emitir os

sons vocálicos caracteriza a nossa voz. b) Para ser um bom comunicador da Palavra de Deus é preciso saber utilizar a fala como um

grande instrumento.

3.2.1. Como Aprender a Falar?a) A fala é o resultado de tantos fatores que é preciso zelar por ela com o máximo de cuidado.

Falar já é algo fabuloso. Falar bem requer, logicamente, um aprendizado, um contínuo aperfeiçoamento, porque falar bem representa ser bem, sentir bem, querer bem, fazer bem, ter dentro de si reservas a transbordar. Para isso não é preciso ser um intelectual ou um cientista. Qualquer pessoa, mesmo uma pessoa analfabeta, pode transmitir algo que nos enriqueça em experiência ou conhecimento.

b) A fala deve ser aprendida, mas aprendida mesmo! Falar bem com boa voz não é um dom natural. Parece sê-lo muito raramente, quando pessoas que nunca aprenderam a utilizar, da melhor maneira, sua voz e sua fala, seu gesto e sua capacidade de comunicar-se, dão a impressão de serem grandes oradores natos. Mas nunca se poderá dizer até que ponto eles seriam muito melhores ainda, se tivessem recebido uma orientação esclarecedora. O fato de uma coisa dar bom resultado não significa nunca que não possa dar resultado melhor.

c) Nunca é demais repetir que a voz é o homem, que a voz é "espelho da alma", que se vê melhor a pessoa ouvindo-a, que "a voz carrega consigo toda a história do homem e da humanidade".

3.2.2. Relaxamento:a) Antes de falar é ideal fazer um relaxamento dos ombros, cabeça e pescoço. Para passar do

silêncio para o som, as cordas vocais estarão se aproximando para realizarem uma vibração, por isso, comece a falar com cuidado, suavemente, para não gastar demasiada força.

3.2.3. Intensidade:a) Cuidado para não usar a intensidade de forma inadequada. Ex.: Falar excessivamente alto

em situações onde não é exigido esse esforço como ao telefone ou com uma só pessoa.b) Leia uma lista de palavras ou texto com voz suave, como quem não quer acordar ninguém.

Fale, mas não sussurre.

3.2.4. Altura:a) Classifica-se em grave, média e aguda. Destas três, devemos empregar o registro médio

para falar. As vozes bem impostadas não apresentam diferenças de timbre na passagem de um registro para o outro.

b) Exercício : Fale a seqüência de dias da semana prolongando a última vogal. Ex.: Segunda, a,a,a,... Observe o tom que você emitiu e tente gravá-lo na memória.

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3.2.5. Timbre:É a melodia da voz. O timbre é proporcionado pelo sistema de resistência e depende das qualidades físicas do falante.

3.2.6. Preservação da Voz:a) Não beber bebidas alcoólicas;b) Não ficar exposto ao ar-condicionado;c) Não beber gelado;d) Não beber quente;e) Não falar alto;f) Não falar demasiadamente;g) Falar naturalmente, no tom médio;h) Ficar um período em silêncio;i) Tomar mel (com cebola é ótimo);j) Fazer gargarejo (água e sal, romã, aspirina, gengibre).

3.2.7. Ritmo:

a) Movimentos com sucessão regular de sons fortes com relação a elementos fracos.

b) É pela observação do ritmo da respiração e identificação com a pulsação que se pode obter

uma harmonia adequada, tanto ao movimento como a fala.

c) Diga: “Por favor, poderia repetir o seu nome” rapidamente, lentamente e normalmente.

3.2.8. Inflexões:

a) As inflexões são ondulações da voz que se elevam ou se abaixam, quando expressamos o

nosso pensamento.

b) Toda frase falada descreve uma curva melódica.

c) Vejamos “Bom dia!” pronunciado com várias modulações:

1 – Indiferente

2 – Natural

3 – Atencioso

4 – Alegre

5 – Surpresa

7 – Raiva

d) O pregador precisa saber interpretar e exprimir bem os sentimentos para que sua pregação

tenha mais “vida”. Saber expressar o que está escrito no texto e seus próprios sentimentos.

e) Exercícios - Procure exprimir com clareza os seguintes sentimentos de acordo com as

frases:

Vontade = “Hei de vencer, haja o que houver”. “Tudo posso naquele que me

fortalece”.

Alegria = “Como é boa a vida!”. “Jesus me libertou!”.

Coragem = “Irei e enfrentarei a situação.” “Se Deus é por nós quem será contra

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nós?”.

Medo = “Estão nos perseguindo”.

Orgulho = “Consegui uma promoção por bons serviços prestados”.

Humildade = “Quem sou eu, meu caro amigo”.

Surpresa = “Tirei em primeiro lugar no concurso”.

f) Importante:

Não fale com muita intensidade, reserve forças para o ponto culminante;

Não deixe que a voz caia nas últimas sentenças das palavras;

Respire de forma disciplinada;

Varie a força, a velocidade e o ritmo da voz para não cansar a platéia;

Leitura do sermão somente em solenidade ou formaturas especiais.g) Atenção:

Durante a pregação não se deve citar as palavras que representam as partes da estrutura do sermão como, introdução, corpo, tópico e conclusão;

Errado: “O primeiro tópico é...”, “Conclusão da mensagem” ou “ponto um”; Correto: “Em primeiro lugar...”.

4. Todo Pregador Deve Ser Um Bom Leitor:Há muitos livros no mercado que devem fazer parte da estante do

pregador. A leitura é a melhor forma de crescimento intelectual.

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CAPÍTULO V - MÚSICA – CULTURA MUSICAL(Prof. Ev. Maestro Milton Roberto de Carvalho)

Todo ser que respira, louve ao Senhor.Salmo 150.6

PRIMEIRA PARTE

MÚSICA: É a arte de manifestar os diversos sentimentos da nossa alma mediante o som.

São três os elementos básicos da música:

1) MELODIA2) HARMONIA3) RITMO

MELODIA – É quando os sons são ouvidos sucessivamente.HARMONIA – É quando os sons são ouvidos simultaneamente (de uma só vez).RITMO – Tem a ver com o andamento e coordenação rítmica dos sons.

Para que tenhamos certeza de estar executando a música de forma correta e sensata, é necessário fazer uso destes três elementos fundamentais da música.

Serviço indispensável à transmissão da boa música: SonoplastiaElemento indispensável à transmissão da boa música: Sonoplasta.

SEGUNDA PARTE

A ORIGEM DA MÚSICAMúsica: a mais bela das artes e ciência da sabedoria descoberta pelo homem teve origem

no reino dos céus, ainda quando lúcifer (que futuramente seria expulso do céu e se tornaria o que nós conhecemos como satanás) era o regente do Coro Celestial.

Referencia: Jó 38:04;07 – “As estrelas d’alvas cantavam quando eu lançava os fundamentos da terra”.

Na história das religiões, somente duas desenvolveram a arte da música até atingir um grau mais proficiente: o Judaísmo e o Cristianismo.

As nações que deram ao mundo sua música mais sublime, quer sacra, quer secular, foram em geral, as que abraçaram os ensinos de Jesus Cristo. Pode-se dizer, com razão, que, onde quer que aceitem o nome de Cristo, um novo cântico é colocado no coração do povo. Contudo, a conclusão mais razoável a que se chegou é a que, num mundo envolto em dúvidas e discórdias, os cristãos, são o único povo que tem, realmente, coisa vital para cantar. “Que todo o ser louve ao Deus Eterno, e que eu não me esqueça de nenhuma das suas bênçãos!” - Sl 103:2

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A MÚSICA DO CORO CELESTIALA música já tinha grande abrangência no contexto espiritual, antes mesmo dos

fundamentos da terra. Texto bíblico: Livro de Ezequiel 28: 12 –17 ( vs 16) “...na multidão do teu comércio se encheu o teu interior de violência e pecastes; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, o querubim protetor entre pedras afogueadas”.

A música é considerada a mais bela das ciências e das Artes, esta se desenvolve e se multiplica infinitamente.

Cuidados: Orgulho, vaidade, honra própria, subestimar ao próximo etc. Ref. Daniel 12:04.

FINALIDADE DA MÚSICA NA IGREJA - São duas as finalidades:

ESPIRITUAL MATERIALa) Louvor e adoração a) Reflexãob) Cura e libertação b) Entretenimentoc) Edificação c) Profissionalização

TERCEIRA PARTE

UTILIZAÇÃO DA MÚSICA NA IGREJA Através de líderes com preparo técnico e espiritual

De forma:- Reverente: participação de toda Igreja- Respeitosa: composição, estilo, ritmo, andamento.- Ética: postura e decência.

De forma conservadora e inovadora

Em consonância com a liturgia- Programa geral do culto.- Obedecendo a uma seqüência lógica.

Exemplo de programação:

a) Música introdutória - (prepara os corações para cultuar) - Instrumental, gravado ou ao vivo, preferencialmente música suave.

b) Música de abertura - (iniciando o culto, após a oração) – HC. 243,210, etc.

c) Música de confraternização - (louvor com alegria) – HC.174, 298, 299, etc.

d) Música de mensagem - (falar aos homens) - HC. 208, 12, 73, 303, etc.

e) Música de adoração - (falar com Deus) - “Nesta noite feliz”, “Aleluia”, “Deus, venha nos abençoar...”

Conservar composições e estilos antigos e aceitar com moderação os estilos e ritmos modernos.

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_____________________________________________________________________________________f) Música de introdução à mensagem - (tema da pregação, opcional).

g) Música poslúdio - (final do culto) - agradecimento opcional.

QUARTA PARTE

A IMPORTÂNCIA DA TÉCNICA PARA OS LEVITAS

Nas Igrejas, normalmente, os levitas dedicam seu louvor e adoração ao Senhor, sempre pensando que unção do Espírito Santo por si só já é o suficiente. Grande engano. A Unção realmente é necessária, para que o Espírito Santo se manifeste em nós, através do Louvor e Adoração a Deus. Mas, será que a nossa dedicação ao Ministério também não conta? Será que o nosso esforço de melhorar cada vez mais através do estudo da palavra, ao que conta no crescimento espiritual, como também o estudo técnico para um melhor conhecimento e domínio daquilo que temos em nossas mãos, não conta para darmos o melhor de nós a Deus?

Um exemplo prático de como funciona a técnica e a unção na vida de um Levita foi dado pelo escritor Benê Gomes, ele disse que a técnica é como um copo d’água e a unção, a água. Bem, se o copo for pequeno, a unção será pouca. Mas se o copo for maior, a unção também será cada vez maior e maior. Quanto maior for o copo, mais cheio da unção ele ficará. Por isso, lembre-se: Deus usará você com aquilo que você tem. Se você não procurar aumentar o que você tem, de nada adiantará. Você será substituído por outro que esteja mais bem preparado. Em I Sm 16:17-18 vimos que o Rei Saul pede que tragam diante dele um “homem que toque bem” para afastar um espírito maligno que o possuía. Esse “homem” era Davi.

Podemos ver que Deus se agrada daqueles que aprimoram suas habilidades para levar diante dele tudo o que tem. Os talentos são dados por Deus quando nascemos, não para que os enterremos, mas para que os façamos crescer em nós e depois dá-los ao Senhor com juros. E o Senhor se agradará de nós. O Sl 33.3 nos diz: “Cantai-lhe um cântico novo, tocai bem e com júbilo”.A MÚSICA NA BÍBLIA

O louvor a Deus está mencionado na Bíblia desde os tempos mais remotos da humanidade. O primeiro ministro de louvor citado na Bíblia foi Jubal, da descendência de Caim (Gn 4:21).

A música não é uma invenção moderna, nem qualquer criação do homem, mas uma dádiva magnífica do nosso Mestre e Criador, Jesus Cristo.

Dos 66 livros da Bíblia, 44 deles, referem-se à música. É significativo observar que somente Salomão escreveu 1.005 cânticos. É evidente que os escritores tanto do Velho como do Novo Testamento, consideram a participação individual na música como um dever religioso. “Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza; erguei alegres vozes ao Deus de Jacó”. Sl. 81:1.

QUINTA PARTE

HINÁRIO OFICIALO Hinário oficial das Assembléias de Deus no Brasil é a Harpa Cristã. Contudo, os hinos

nela contidos, a maioria é de origem Centro-Europeu, mas precisamente dos países Escandinavos, de onde precederam os fundadores que foram eles: Gunnar Vingren e Daniel Berg.

A Harpa Cristã original é composta de 524 hinos e a H.C. revisada foi ampliada para 640 hinos direcionados a diversos assuntos e ocasiões na igreja.

A maior parte da tradução dos hinos da H.C. para a língua portuguesa, assim como a composição e adaptação da maioria dos hinos, foram de autoria do saudoso reverendo Pastor

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_____________________________________________________________________________________Paulo Leivas Macalão. Devemos, portanto a esse abençoado servo de Deus (in memorian) este trabalho, que é um dos mais relevantes para as Igrejas Assembléias de Deus no Brasil.

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_____________________________________________________________________________________

CAPÍTULO VI – HERMENÊUTICAApós completar o estudo desta matéria, você será capaz de:

(1) Definir os termos Hermenêutica, Hermenêutica Geral e Hermenêutica Especial;(2) Descrever os vários campos de estudo bíblicos (estudo do cânon, da crítica textual, da

crítica histórica, da exegese, da Teologia Bíblica, da Teologia Sistemática) e sua relação com a Hermenêutica.

(3) Explicar a base teorética e bíblica da necessidade da Hermenêutica;(4) Apontar três opiniões fundamentais da Doutrina da Inspiração e explicar as implicações

dessas opiniões para a Hermenêutica.

A Hermenêutica é uma ciência primordial para o estudante e o pregador da Palavra de Deus. O dicionário define “Hermenêutica” (Gr.Hermeneutes = intérprete) como a “arte de interpretar leis e/ou textos sagrados”.

Podemos referir-nos a Hermenêutica Geral e Especial. A primeira se aplica à interpretação de qualquer obra escrita; a última se aplica a determinados tipos de produção literária, tais como: Leis, História, Profecia, Poesia. A Hermenêutica Sacra tem caráter especial, pois trata de um livro peculiar no campo da literatura: a Bíblia, como inspirada Palavra de Deus. Somente podemos conservar o caráter teológico da Hermenêutica Sacra quando reconhecemos o princípio da inspiração divina da Bíblia.

A Hermenêutica bíblica faz parte da teologia exegética (Exegese = expor; extrair uma verdade oculta) e se preocupa em conhecer com exatidão o sentido das verdades bíblicas. É o estudo metódico dos princípios e regras de interpretação das Sagradas Escrituras.

Distingue-se, entretanto da crítica textual que procura determinar as “palavras” exatas do texto original. A Hermenêutica, em contrário, procura descobrir o “sentido” dessas palavras. Isto é, a crítica textual pergunta: “O que está escrito?”, e a Hermenêutica indaga: “O que o autor quer dizer?”

Ao estudarmos a Hermenêutica, iremos conhecer algumas regras de interpretação da Bíblia que muito auxiliarão o estudante na Exegese da mesma. A Hermenêutica apresenta as regras e a Exegese é a prática destas regras.

A principal regra da Hermenêutica é “A BÍBLIA SE EXPLICA A SI MESMA”, isto é, “A BÍBLIA É INTERPRETADA PELA PRÓPRIA BÍBLIA”.

Sabemos que a Bíblia é um conjunto de 66 livros que forma um volume único, pois foi o Espírito Santo que inspirou cerca de 40 homens, de vários níveis de educação, classe social etc, dando esta unidade. O Espírito Santo é o único autor das Sagradas Escrituras. É Ele, entretanto, o intérprete que nos fornece vários guias que servem para ajudar-nos na interpretação da Palavra.

Como os escritores bíblicos eram de variadas classes sociais, educação, épocas, etc., o Espírito Santo respeitou seus estilos e suas culturas. Por isso, os estudantes da Bíblia devem levar em consideração as regras da Hermenêutica que nos orientam a observar os detalhes de cada livro, olhando os contextos textuais, históricos, culturais, geográficos, etc.

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_____________________________________________________________________________________Nesta disciplina iremos analisar cada uma das principais regras de interpretação da

Bíblia, o que muito nos ajudará a entender melhor o que o Espírito Santo quis dizer, quando disse e como disse.

1. HISTÓRIA DOS PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS ENTRE OS JUDEUS

A. DEFINIÇÃO DE HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA

Devemos fazer uma distinção entre a história da Hermenêutica como uma ciência e a história dos princípios hermenêuticos. A primeira teria começado no ano de 1567 da nossa era, quando Flacius Illyricus fez a primeira tentativa de um tratamento científico de Hermenêutica; a última teve seu início no próprio começo da era cristã.

Uma história de princípios Hermenêuticos tenta responder a três questões:(1) Qual era a visão predominante com respeito às Escrituras?(2) Qual foi o conceito de método de interpretação prevalecente?

(3) Quais foram as qualidades consideradas essenciais ao intérprete da Bíblia?

As duas primeiras questões têm caráter mais permanente do que a última e, naturalmente, requer maior atenção.

B. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ENTRE OS JUDEUS

B.1) JUDEUS PALESTINOS. Estes tinham um respeito profundo pela Bíblia como a Palavra infalível de Deus. Consideravam até mesmo as letras como sagradas, e seus copistas tinham o hábito de contá-las como receio de que alguma delas se perdesse na transcrição. Ao mesmo tempo, estimavam muito mais a Lei do que os Profetas e Escritos Sagrados. Conseqüentemente, a interpretação da Lei era seu grande objetivo. Faziam uma distinção cuidadosa entre o mero sentido literal da Bíblia (tecnicamente chamado peshat) e sua exposição exegética (midrash). “Ao se investigar o motivo e o caráter do midrash deve-se examinar e elucidar, por intermédio de todos os meios exegéticos disponíveis, todos os possíveis significados escondidos e aplicações da Escritura” (Oesterley e Box, The Religion and Wordship of the Synagogue, p. 752.). Num sentido amplo, a literatura midrash pode ser dividida em duas categorias:

(a) Interpretações de caráter legal, que lidam com assuntos de lei que impõe obrigações num sentido legalista (Hadakhah), e

(b) Interpretações de uma tendência mais edificante e livre, que cobrem todas as partes não-legalistas da Escritura (Haggadah).

A última é mais homilética e ilustrativa do que exegética.Uma das grandes fraquezas da interpretação dos escribas se deve ao fato de ela exaltar

a Lei Oral, a qual, em última análise, é idêntica às inferências dos rabinos, como um suporte necessário da Lei Escrita e que, no final, era usada como meio para pôr a Lei Escrita de lado. Isso deu origem a todos os métodos de interpretação arbitrários. Observe o veredicto de Cristo em Marcos 7.13.

Hillel foi um dos maiores intérpretes dos judeus. Ele nos deixou sete regras de interpretação pelas quais, pelo menos aparentemente, a tradição oral poderia ser deduzida a partir dos dados da Lei Escrita. Essas regras, na sua forma mais abreviada, são as seguintes:

(a) leve e pesado (isto é, a minore ad majus, e vice-versa);(b) “equivalência”;(c) dedução do especial para o geral;(d) inferência a partir de várias passagens;(e) inferência geral para o especial;

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_____________________________________________________________________________________(f) analogia a partir de outra passagem;(g) inferência a partir do contexto.

B.2) JUDEUS ALEXANDRINOS. Sua interpretação era determinada mais ou menos pela filosofia de Alexandria. Adotavam o princípio fundamental de Platão de que não se deveria acreditar em nada que fosse indigno de Deus. E sempre que encontravam coisas do Antigo Testamento que não estavam de acordo com a sua filosofia e que ofendiam o seu senso de adequação, se valiam das interpretações alegóricas. Filo foi o grande mestre, entre os judeus, desse método de interpretação. Ele não rejeitou completamente o sentido literal da Escritura, mas o considerou como uma concessão aos fracos. Para ele, o sentido literal era meramente um símbolo de coisas muito mais profundas. O significado escondido das Escrituras era o que tinha grande importância. Ele, também, nos deixou alguns princípios de interpretação. “Negativamente, ele diz que o sentido literal deve ser excluído quando qualquer coisa dita for indigna de Deus; - quando então uma contradição estaria envolvida; - e quando a própria Escritura alegoriza. Positivamente, o texto deve ser alegorizado quando as expressões foram dúbias; quando palavras supérfluas foram usadas; quando houver uma repetição de fatos já conhecidos; quando uma expressão for variada; quando houver o emprego de sinônimos; quando um jogo de palavras for possível em qualquer uma das variedades; quando as palavras admitirem uma pequena alteração; quando houver qualquer coisa anormal no número ou tempo do verbo” (Farrar, History of Interpretation, p. 22). Essas regras, naturalmente, abrem caminho para todos os tipos de más interpretações. Veja exemplos em Farrar, History, p. 139 ss.; Gilbert, Interpretation of the Bible, pp. 44-54.

B.3) JUDEUS CARAÍTAS: denominados os protestantes do judaísmo, fundados por ANAN BEN DAVID em cerca de 800 a.D. Historicamente eram descendentes dos saduceus. Os caraítas eram considerandos os filhos da leitura e eram assim chamados porque seu princípio fundamental era considerar as ESCRITURAS como única autoridade em matéria de FÉ.

Características: Desprezavam a tradição oral; Surgimento dos sinais massoréticos;

B.4) JUDEUS CABALISTAS: movimento cabalista do séc. XII. Admitiam que os versículos, palavras, as letras, vogais e até mesmo os acentos das palavras da Lei foram entregues a Moisés no Monte Sinai e que o número de letras tinha poder especial e sobrenatural, livro-texto:

Características: Hebraico com ausência das vogais; pois trabalhavam com as posições das

letras; Letras com equivalência de valores numéricos; Gematria: concedem valores numéricos as letras.

B.5) JUDEUS ESPANHÓIS: no período que vai do séc. XII ao XV desenvolveu um método melhor de interpretação da Bíblia. Quando a exegese da Igreja cristã estava em situação difícil e o conhecimento do hebraico estava quase nulo, os judeus espanhóis restauraram o interesse por uma hermenêutica sadia.

2. HISTÓRIA DOS PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS NA IGREJA CRISTÃ

A. O PERÍODO PATRÍSTICO

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_____________________________________________________________________________________

No período patrístico, o desenvolvimento dos princípios hermenêuticos está associado a três diferentes centros da vida da igreja.

A.1) ESCOLA DE ALEXANDRIA. No início do terceiro século d.C., a interpretação bíblica foi influenciada especialmente pela escola catequética de Alexandria. Esta cidade foi um importante local de aprendizado, onde a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e exerceram influência uma sobre a outra. A filosofia Platônica ainda estava em curso nas formas do Neoplatonismo e o Gnosticismo. E não é de se admirar que a famosa escola catequética dessa cidade caísse sob o encanto da filosofia popular e se acomodasse à sua interpretação da Bíblia. O método natural encontrado para harmonizar religião e filosofia foi a interpretação alegórica, visto que:

(a) Os filósofos pagãos (Estóicos) já havia, por um longo tempo, aplicados o método na interpretação de Homero e, assim, mostrado o caminho; e

(b) Filo, que também era um alexandrino, emprestou ao método o peso da sua autoridade, reduziu-o a um sistema e aplicou-o até mesmo nas mais simples narrativas.

Os principais representantes dessa escola foram Clemente de Alexandria e seu discípulo Orígenes. Ambos consideravam a Bíblia como Palavra inspirada de Deus, no sentido mais estrito e, compartilhavam da opinião corrente de que regras especiais tinham de ser aplicadas na interpretação das mensagens divinas. E, embora reconhecessem o sentido literal da Bíblia, eram da opinião de que só a interpretação alegórica contribuía para o conhecimento real.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA foi o primeiro a aplicar o método alegórico à interpretação do Novo Testamento, assim como a do Antigo. Ele propôs o princípio de que toda Escritura deve ser entendida de forma alegórica. Isso foi um passo à frente em relação a outros intérpretes cristãos, e constitui a principal característica da posição de Clemente. De acordo com ele, o sentido literal só poderia fornecer uma fé elementar, enquanto o sentido alegórico conduziria a um conhecimento real.

Seu discípulo, ORÍGENES, superou-o em ciência e influência. Foi, sem dúvida, o maior teólogo de seu tempo. Mas seu mérito principal está na sua obra sobre criticismo textual ao invés da interpretação bíblica. “Como intérprete, ele ilustrou o tipo alexandrino de Exegese de forma mais sistemática e extensiva” (Gilbert). Em uma de suas obras, forneceu uma teoria detalhada de interpretação. O princípio fundamental dessa obra é que o significado que o Espírito Santo dá é sempre simples e claro e digno de Deus. Tudo que parece obscuro e imoral e inconveniente na Bíblia, serve simplesmente como um incentivo para transcender ou passar além do sentido literal. Orígenes considerava a Bíblia como um meio para a salvação do homem; e porque, de acordo com Platão, o homem consiste em três partes – corpo, alma e espírito – aceitou um sentido tríplice, a saber, o literal, o moral e o místico ou alegórico. Na sua práxis exegética, preferia desconsiderar o sentido literal da Escritura, referia-se raramente ao sentido moral e usava constantemente a alegoria – uma vez que só ela produziria o conhecimento real.

A.2) ESCOLA DE ANTIOQUIA:

Características: Teodoro (o exegeta) e João Crisóstomo (o boca de ouro) Infalibilidade da Bíblia; Rejeição à interpretação alegórica dos alexandrinos; Sentido original da Bíblia; Métodos literal ou Gramatical

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_____________________________________________________________________________________Nesse período, Teodoro (pág. 23) foi considerado o Exegeta, enquanto que João

Crisóstomo (pág. 23) foi considerado “o boca de ouro” por causa do esplendor de sua eloqüência. Eles avançaram no sentido de uma exegese verdadeiramente cientifica, reconhecendo, como o fizeram, a necessidade de determinar o sentido original da Bíblia. Deram grande valor ao sentido literal da Bíblia, mas conscientemente rejeitaram o método alegórico de interpretação.

A.3) ESCOLA OCIDENTAL: Características: Hilário e Ambrósio

Reconheceu como método de interpretar a Bíblia a autoridade da tradição; Reconheceu a autoridade da Igreja na interpretação da Bíblia; Atribuiu valor normativo aos ensinos da Igreja no campo da exegese;

B. O PERÍODO DA IDADE MÉDIADurante a Idade Média, muitos, até mesmo do clero, viviam em profunda ignorância

quanto à Bíblia. E o que conheciam era devido apenas à tradução da Vulgata e aos escritos dos Pais. A Bíblia era, geralmente, considerada como um livro cheio de mistérios, os quais só poderiam ser entendidos de uma forma mística. Nesse período, o sentido quádruplo da Escritura (literal, tipológico, alegórico e analógico) era geralmente aceito, e o princípio de que a interpretação da Bíblia tinha de se adaptar à tradição e à doutrina da Igreja tornou-se estabelecido. Reproduzir os ensinos dos Pais e descobrir os ensinos da Igreja na Bíblia eram considerados o ápice da sabedoria. A regra de São Benedito foi sabiamente aplicada nos monastérios, e decretado que as Escrituras deveriam ser lidas e, com elas, como explicação final, a exposição dos Pais. Hugo de São Vítor chegou a dizer: “Aprenda primeiro as coisas em que você deve crer e, então, vá a Bíblia para encontrá-las lá”. Nos casos em que as interpretações dos Pais diferiam, como freqüentemente acontecia, o intérprete tinha o dever de escolher, quod ubique, quod semper, quod ab omnibus creditum est. Nem um único princípio hermenêutico foi desenvolvido nessa época, e a Exegese estava de mãos e pés atados pela tradição oral e pela autoridade da Igreja.

C. O PERÍODO DA REFORMAA Renascença foi de grande importância para o desenvolvimento dos princípios sadios da

Hermenêutica. Nos séculos XIV e XV, a ignorância densa prevaleceu quanto ao conteúdo da Bíblia. Houve doutores de divindade que nunca a haviam lido inteira. E a tradução de Jerônimo era a única forma pela qual a Bíblia era conhecida. A Renascença chamou a atenção para a necessidade de se voltar ao original. Reuchlin e Erasmo – chamados os dois olhos da Europa – seduzidos pela idéia, insistiram em que os intérpretes da Bíblia tinham o dever de estudar as Escrituras nas línguas em que haviam sido escritas. Além disso, facilitaram grandemente esse estudo: o primeiro pela publicação de uma Gramática Hebraica e um Lexicon Hebraico; e o último, publicando a primeira edição crítica do Novo Testamento em Grego. O sentido quádruplo da Escritura foi sendo gradualmente abandonado e foi estabelecido o princípio de que a Bíblia tinha apenas um sentido.

Os reformadores criam na Bíblia como sendo a Palavra inspirada de Deus. Mas, por mais escrita que fosse sua concepção de inspiração, concebiam-na como orgânica ao invés de mecânica. Em certos particulares, revelaram até mesmo uma liberdade notável ao lidar com as Escrituras. Ao mesmo tempo, consideravam a Bíblia como a autoridade suprema e como Corte Final de apelo em disputas teológicas. Em oposição à infalibilidade da Igreja, colocaram a infalibilidade da Palavra. Sua posição é perfeitamente evidenciada na declaração de que a Igreja não determina o que as Escrituras ensinam, mas as Escrituras determinam o que a

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_____________________________________________________________________________________Igreja deve ensinar. O caráter essencial da sua Exegese era o resultado de dois princípios fundamentais:

(1) Scriptura Scripturae interpres, isto é, a Escritura é a intérprete da Escritura; e(2) Omnis intellectus ac expositio Scripturae sit analogia fidei, isto é, todo o

entendimento e exposição da Escritura deve estar em conformidade com a analogia da fé. E, para eles a analogia fidei é igual à analogia Scripturae, isto é, o ensino uniforme da Escritura.

D. O PERÍODO DO CONFESSIONALISMO Após a Reforma, tornou-se evidente que os protestantes não se haviam purgado do

velho fermento. Teoricamente, conservavam o princípio: Scriptura Scripturae interpres. Mas enquanto recusavam a se submeter sua exegese ao domínio da tradição e da doutrina da Igreja corriam o risco de se deixar escravizar pelos padrões confessionais da Igreja.

Características: Os Socinianos: adotavam textos-provas, (pág.32). Julgavam que a Bíblia

deveria ser interpretada de modo racional, ou seja, em harmonia com a razão; achavam que a Bíblia como a Palavra de Deus não podia conter qualquer coisa contrária à razão; assim as doutrinas da Trindade, Duas naturezas de Cristo foram abandonadas.

Coccejus: o interprete devia estudar cada passagem à luz de seu contexto, do pensamento dominante e do propósito do autor;

Os Pietistas: adotavam estudo dos originais bíblicos e sob a influência do Espírito Santo (33).

E. O PERÍODO HISTÓRICO-CRÍTICOSe o período anterior foi testemunha de alguma exposição à interpretação dogmática da

Bíblia, no período em exame foi considerado: o espírito de reação ganhou o lugar predominante no campo da Hermenêutica e Exegese. Divergentes pontos de vistas foram expressos a respeito da inspiração da Bíblia, mas eram unânimes em negar a inspiração verbal da Bíblia e a infalibilidade das Escrituras.

O elemento humano foi reconhecido e enfatizado como não havia sido antes. O começo desse período foi marcado pelo surgimento de duas escolas opostas – a Gramatical e a Histórica, pág. 36.

O fruto produzido por essa escola conscientizou da necessidade de interpretação gramático-histórica da Bíblia.

Características:

A Escola Gramatical: fundada por Ernesti, que escreveu importante trabalho sobre o N.T. no qual estabeleceu quatro princípios:

I. O sentido múltiplo da interpretação da Bíblia deve ser rejeitado;II. As interpretações alegóricas devem ser abandonadas;III. Visto que a Bíblia tem o sentido gramatical em comum com outros livros,

isso deve ser considerado em ambos os casos;IV. O sentido literal não pode ser determinado por um suposto sentido

dogmático;Concluindo, a interpretação Gramatical consiste em um método unilateral, o nem

sempre é suficiente na interpretação da Bíblia, pág. 36. Prende-se as palavras.

A Escola Histórica: essa escola foi fundada por Semler, filho de pais pietistas, tornou-se o pai do Racionalismo. Defendeu a idéia de que as Escrituras são produções humanas falíveis. A razão humana torna-se o árbitro da fé, pág. 37.

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_____________________________________________________________________________________Semler, partindo do fato de que os livros foram escritos por diferentes classes sociais, concluiu que seu conteúdo, em grande parte, é local e efêmero, e que não pretendia ter valor normativo para todos os homens em todos os tempos. Além disso, viu neles (livros) uma mistura de erros, pois achava que Jesus e seus apóstolos se acomodaram em alguns pontos ao povo a quem dirigiram. Daí ele dizer que era necessário que o intérprete tivesse estas coisas em mente para a interpretação do N.T.

Tendências Resultantes: nesse período, revelaram-se três escolas distintas no campo da Hermenêutica e da Exegese. Grande número de intérpretes desenvolveu os princípios racionalistas de Semler a ponto de espantar o próprio iniciador do movimento.

PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃOInterpretação Teológica Muitos autores que escrevem sobre Hermenêutica são de parecer de que a interpretação

histórica e a gramatical reúnem todos os requisitos para uma adequada interpretação da Bíblia. Não dão, no entanto, atenção ao caráter teológico dessa disciplina. Há outros autores que são cônscios da necessidade do reconhecimento de um terceiro elemento na interpretação da Escritura. Por exemplo, Kuyper enfatiza a necessidade de reconhecer o fator místico na interpretação bíblica; Bavinck insiste em que a Bíblia deve ser lida teologicamente.

Cabe ressaltar, porém, que na Escritura há coisas que não podem ser explicadas pela história, nem pelos autores secundários, mas somente por Deus, como autor primário Dela.

Considerações puramente histórica e psicológica não valem para explicar os seguintes fatos:

a) Que a Bíblia é a Palavra de Deus;b) Que ela constitui um todo orgânico, do qual cada livro em particular é parte

integrante;c) Que o Velho e o Novo Testamento se relacionam como tipo e antítipo, profecia

e cumprimento;d) Que não somente as afirmações explicitas da Bíblia, mas também aquilo que se

pode deduzir dela por boa e necessária conseqüência, constitui a Palavra de Deus.

Em vista de tudo isso, não é apenas perfeitamente possível, mas absolutamente necessário, complementar a interpretação histórica e gramatical com um terceiro tipo – a interpretação teológica - que leva em contas os aspectos retro.

3. HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICADepois de completar este capítulo, o estudante deve poder localizar os mais importantes

pressupostos e princípios evangélicos encontrados em cada um dos seguintes períodos de interpretação bíblica.

1. Exegese Judaica Antiga2. Uso do Antigo Testamento pelo Novo Testamento3. Exegese Patrística4. Exegese Medieval5. Exegese da Reforma6. Exegese da Pós-Reforma7. Hermenêutica Moderna

POR QUE UMA VISÃO PANORÂMICA DA BÍBLIA?

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_____________________________________________________________________________________No transcurso dos séculos, desde que Deus revelou as Escrituras, tem havido diversos

métodos de estudar a Palavra de Deus. Os intérpretes mais ortodoxos têm esclarecido a importância de uma interpretação literal, pretendendo com isso interpretar a Palavra de Deus da maneira como se interpreta a comunicação humana normal. Outros têm empregado o método alegórico, e ainda outros têm examinado letras e palavras tomadas individualmente como possuindo significado secreto que precisa ser decifrado.

Uma visão geral histórica dessas práticas capacitar-nos-á a vencer a tentação de crer que nosso sistema de interpretação é o único que já existiu. Um entendimento dos pressupostos de outros métodos proporciona uma perspectiva mais equilibrada e uma capacidade para um diálogo mais significativo com os que crêem de modo diferente.

Pela observação dos erros dos que nos precederam, podemos conscientizar-nos mais dos possíveis perigos quando somos tentados de maneira semelhante. O adágio de Santayana de que “aquele que não aprende a lição da história está fadado a repeti-la” é tão aplicável ao campo da interpretação quanto o é a qualquer outro. Além do mais, à medida que estudamos a história da interpretação, vamos vendo que muitos dos grandes cristãos (e.g., Orígenes, Agostinho, Lutero) entenderam e receitaram princípios hermenêuticos melhores do que os que praticaram.

Daí a advertência de que o conhecimento de um princípio necessita, também, de fazer-se acompanhar da sua aplicação ao nosso estudo da Palavra.

Este panorama histórico utiliza-se das obras clássicas sobre Hermenêutica, para as quais o leitor é remetido a fim de obter uma cobertura mais extensa. A obra de Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation contém um excelente capítulo sobre história. Outras fontes estão arroladas no final deste capítulo.

No tempo de Cristo, a Exegese judaica podia classificar-se em quatro tipos principais: literal, midráshica, pesher, e alegórica. O método literal de interpretação, referido como peshat, evidentemente servia de base para outros tipos de interpretações. Richard Longenecker, citando Lowy, entende que o motivo da relativa infreqüência das interpretações literalísticas da literatura talúdica é “que este tipo de comentário, esperava-se, devia ser conhecido por todos; e uma vez que não havia disputas a seu respeito, não era registrado”.

A interpretação midráshica incluía uma variedade de dispositivos hermenêuticos que se haviam desenvolvido de maneira considerável no tempo de Cristo e continuaram a desenvolver-se ainda por diversos séculos.

O rabi Hillel, cuja vida antedata a ascensão do Cristianismo por uma geração ou tanto, é considerado como o elaborador das normas básicas da Exegese rabínica que acentuava a comparação de idéias, palavras ou frases encontradas em mais de um texto, a relação de princípios gerais com situações particulares, e a importância do contexto na interpretação.

Contudo, teve continuidade a tendência no sentido de uma exposição mais fantasiosa em vez da conservadora. Isto resultou numa Exegese que:

(1) Dava significado a textos, frases e palavras sem levar em conta o contexto no qual se tencionava fossem aplicados;

(2) Combinava textos que continham palavras ou frases semelhantes, sem considerar se tais textos referiam-se à mesma idéia; e tomava aspectos incidentais de gramática e lhes dava significação interpretativa.

O USO QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM DO ANTIGO TESTAMENTO

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Os apóstolos acompanharam seu Senhor e consideraram o Antigo Testamento como a Palavra de Deus inspirada (II Tm 3.16; II Pe 1.21). Em 56 casos, pelo menos, há referência explícita a Deus como o autor do texto bíblico. À semelhança de Cristo, eles aceitaram a exatidão histórica do Antigo Testamento (e.g., Atos 7.9-50; 13.16-22; Hebreus 11). Conforme observa Nicole:

“Quando em debate, eles apelam para a Escritura; apelam para ela quando solicitados a responder a perguntas, sejam sérias ou capciosas; apelam para ela com referência ao ensino que ministram até aos que não se inclinariam a pressioná-los para outras autoridades que não a própria palavras deles; apelam para ela a fim de indicar o propósito de algumas de suas ações ou sua penetração no propósito de Deus em relação aos desenvolvimentos contemporâneos; e apelam para ela em suas orações”.

A elevada estima com a qual os escritores do Novo Testamento consideraram o Antigo sugere fortemente que não teriam, de um modo consciente ou intencional, interpretado mal as palavras que acreditavam ter sido proferidas pelo próprio Deus.

Embora tendo dito isso, geralmente surgem diversas perguntas a respeito do uso que fizeram do Antigo Testamento os escritores do Novo. Uma das mais freqüentes é: Ao citar o Antigo Testamento, com freqüência o Novo modifica o fraseado primitivo. Como se pode justificar hermeneuticamente tal prática?

HERMENÊUTICA Três considerações são aqui permanentes: Primeira, diversas versões em hebraico, aramaico e grego do texto bíblico circulavam na

Palestina no tempo de Cristo, algumas das quais tinham fraseado diferente das outras. Uma citação exata de uma dessas versões podia não ter a mesma redação dos textos dos quais se fazem nossas presentes traduções, não obstante ainda representem interpretação fiel do texto bíblico disponível ao escritor do Novo Testamento.

Segunda,conforme observa Wenham, não era necessário que os escritores citassem passagens do Antigo Testamento, palavra por palavra, a menos que alegassem estar citando ipsis verbis, particularmente porque estavam escrevendo numa língua diferente dos textos originais do Antigo Testamento.

Terceira,na vida comum, não esta preso á citação é, geralmente, sinal de que o autor tem domínio da matéria; quanto mais seguro está o orador de entender o significado de um autor, tanto menor o medo que ele tem de expor essas idéias em palavras que não são exatamente do autor. Por esses motivos, pois, o fato de que os escritores do Novo Testamento, às vezes, parafrasearam ou citaram indiretamente o Antigo não indica, de forma alguma, que usaram métodos interpretativos ilegítimos.

A segunda pergunta, às vezes, levantada é: O Novo Testamento parece usar partes do Antigo de modo antinatural. Como se justifica hermeneuticamente esta prática?

A discussão de Paulo da palavra descendente em Gálatas 3.16 amiúde é usada como exemplo do manuseio de uma passagem do Antigo Testamento, manuseio antinatural e, portanto, ilegítimo. A promessa fora feita a Abraão de que por meio dele todas as nações do mundo seriam abençoadas (Gl. 3.8). O versículo 16 diz: “Ora, as promessas feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo”. Alguns estudiosos têm suposto, neste caso, que Paulo tomou emprestado de métodos rabínicos ilegítimos na tentativa de provar seu ponto de vista, já que parece impossível que uma palavra pudesse ter, simultaneamente, um referente singular e um plural.

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_____________________________________________________________________________________Contudo, descendente pode ter no singular um sentido coletivo. Paulo está dizendo que

as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência, mas o cumprimento de tais promessas, em última análise, só se realiza em Cristo. Na cultura hebraica da época, a idéia de uma figura representativa (um “complexo de pensamento no qual há uma oscilação constante entre o indivíduo e o grupo – família, tribo ou nação – ao qual ele pertence”) era até mais forte do que no sentido coletivo expresso pela idéia de descendência. Havia freqüente oscilação entre o rei ou alguma figura representativa dentro da nação, de um lado, e o remanescente eleito ou o Messias, de outro. A natureza da relação não é exatamente traduzível para categorias modernas, mas era a que Paulo e sua audiência entendiam prontamente.

Em conclusão, a vasta maioria das referências do Novo Testamento ao Antigo interpreta-no literalmente; isto é, interpretam-no de acordo com as normas comumente aceitas para interpretar todos os tipos de comunicação – história como história, poesia como poesia, e símbolos como símbolos. Não se faz tentativa de dividir a mensagem em níveis literais e alegóricos. Os poucos exemplos em que os escritores do Novo Testamento parecem interpretar o Antigo de modo antinatural podem, geralmente, ser resolvidos à medida que entendemos mais plenamente os métodos interpretativos dos tempos bíblicos. Assim, o próprio Novo Testamento lança a base para o método histórico-gramatical da moderna Hermenêutica evangélica.

PC2: Diversos estudiosos do Novo Testamento alegam que Jesus e os escritores neotestamentários emprestaram de seus contemporâneos métodos hermenêuticos tanto legítimos como ilegítimos.

(a) Como definiria você um método Hermenêutica legítimo? (b) Concorda você em que Jesus e os escritores do Novo Testamento emprestaram de

seus contemporâneos métodos hermenêuticos ilegítimos? Por que concorda ou por que não?

(c) Quais são as implicações da doutrina da inspiração para esta pergunta?(d) Quais são as implicações de sua Cristologia para esta pergunta?

Exegese Patrística (100-600 d.C.)A despeito da prática dos apóstolos, uma escola de interpretação alegórica dominou a

Igreja nos séculos que se sucederam. Esta alegorização derivou-se de um propósito digno – o desejo de entender o Antigo Testamento como documento cristão. Contudo, o método alegórico segundo praticado pelos pais da Igreja muitas vezes negligenciou por completo o entendimento de um texto e desenvolveu especulações que o próprio autor nunca teria reconhecido. Uma vez abandonado o sentido que o autor tinha em mente, conforme expresso por suas próprias palavras e sintaxe, não permaneceu nenhum princípio regulador que governasse a exegese.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA (c. 150—c. 215)Exegeta patrístico de nomeada, Clemente acreditava que as Escrituras ocultavam seu

verdadeiro significado a fim de que fôssemos inquiridores, e também porque ao é bom que todos a entendam. Ele desenvolveu a teoria de que cinco sentidos estão ligados à Escritura (histórico, doutrinal, profético, filosófico, e místico), com as mais profundas riquezas disponíveis somente aos que entendem os sentidos mais profundos. Sua Exegese de Gênesis 22.1-4 (a viagem de Abrão a Moriá para sacrificar Isaque) dá o sabor de seus escritos:

Quando, no terceiro dia, Abraão chegou ao lugar que Deus lhe havia indicado, erguendo os olhos, viu o lugar à distância. O primeiro dia é aquele constituído pela visão de coisas boas; o segundo é o melhor desejo da alma; no terceiro a mente percebe coisas espirituais, sendo os olhos do

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_____________________________________________________________________________________entendimento abertos pelo Mestre que ressuscitou ao terceiro dia. Os três dias podem ser o mistério do selo (batismo) no qual cremos realmente em Deus. É, por conseqüência, à distância que ele percebe o lugar. Porque o reino de Deus é difícil de atingir, o qual Platão chama de reino de idéias, havendo aprendido de Moisés que se tratava de um lugar que continha todas as coisas universalmente. Mas Abraão corretamente o vê à distância, em virtude de estar ele nos domínios de geração, e ele é imediatamente pelo anjo. Por esse motivo diz o apóstolo: “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face”, mediante aquelas exclusivas aplicações puras e incorpóreas do intelecto.

ORÍGENES (185? – 254?)Orígenes foi o notável sucessor de Clemente. Ele cria ser a Escritura uma vasta alegoria

na qual cada detalhe é simbólico, e dava grande importância a I Coríntios 2.6-7 (“falamos a sabedoria de Deus em mistério”).

Orígenes acreditava que assim como o homem se constitui de três partes – corpo, alma e espírito – da mesma forma a Escritura possui três sentidos. O corpo é o sentido literal, a alma o sentido moral, e o espírito o sentido alegórico ou místico. Na prática, Orígenes tipicamente menosprezou o sentido literal, raramente se referiu ao sentido moral, e empregou constantemente a alegoria, uma vez que só ela produzia o verdadeiro conhecimento.

AGOSTINHO (354-430)Em termos de originalidade e gênio, Agostinho foi de longe o maior homem de sua época.

Em seu livro sobre a doutrina cristã ele estabeleceu diversas regras para exposição da Escritura, algumas das quais estão em uso até hoje. Entre suas regras encontramos as seguintes, conforme resumo de Ramm:

(1) O intérprete deve possuir fé cristã autêntica;(2) Deve-se ter em alta conta o significado literal e histórico da Escritura;(3) A Escritura tem mais que um significado e, portanto o método alegórico é

adequado;(4) Há significado nos números bíblicos;(5) O Antigo Testamento é documento cristão porque Cristo está retratado nele do

princípio ao fim;(6) Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer, e não introduzir no

texto o significado que ele, expositor, quer lhe dar;(7) O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo;(8) Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isolado dos versículos que

o cercam;(9) Se o significado de um texto é obscuro, nada na passagem pode constituir-se

matéria de fé ortodoxa;(10) O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário para se entender a

Escritura. O intérprete deve conhecer hebraico, grego, geografia e outros assuntos;(11) A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara;(12) O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva.

LUTERO (1483-1546)Lutero acreditava que a fé e a iluminação do Espírito Santo eram requisitos

indispensáveis ao intérprete da Bíblia. Asseverava-o que a Bíblia devia ser vista com olhos inteiramente distintos daqueles com os quais vemos outras produções literárias.

Lutero sustentava, também, que a Igreja não deveria determinar o que as Escrituras ensinam; pelo contrário, as Escrituras é que deveriam determinar o que a Igreja ensina.

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_____________________________________________________________________________________Rejeitou o método alegórico de interpretação da Escritura, chamando-o de “sujeira”, “escória”, e “um monte de trapos obsoletos”.

De acordo com Lutero, uma interpretação adequada da Escritura deve proceder de uma compreensão literal do texto. O intérprete deve considerar em sua Exegese as condições históricas, a gramática e o contexto. Ele acreditava, também, que a Bíblia é um livro claro (a perspicuidade da Escritura), contrariamente ao dogma católico romano de que as Escrituras são tão obscuras que somente a Igreja pode revelar seu verdadeiro significado.

Ao abandonar este método alegórico que por tanto tempo servira para fazer do Antigo Testamento um livro cristão, Lutero viu-se forçado a encontrar outro meio de explicar aos crentes como o Antigo se aplicava ao Novo. Isto ele fez sustentando que o Antigo e o Novo Testamentos apontam para Cristo. Este princípio de organização, que em realidade se tornou um princípio hermenêutico, levou Lutero a ver a Cristo em muitos lugares (como alguns dos Salmos que ele designou como messiânicos) onde mais tarde os intérpretes deixaram de encontrar referências cristológicas. Quer concordemos, quer não, com todas as designações de Lutero, seu princípio cristológico capacitou-o, de fato, a demonstrar a unidade da Escritura sem apelação para a interpretação mística do texto do Antigo Testamento.

Um dos grandes princípios hermenêuticos de Lutero dizia que se deve fazer cuidadosa distinção entre a Lei e o Evangelho. Para Lutero, a Lei refere-se a Deus em sua ira, seu juízo, e seu ódio ao pecado; o Evangelho refere-se a Deus em sua graça, seu amor, e sua salvação. O repúdio à Lei estava errado, segundo Lutero, porque conduz à ilegalidade. Fundir a Lei e o Evangelho também estava errado, porque conduz à heresia de acrescentar obras à fé. Lutero acreditava, pois, que o reconhecimento e a manutenção cuidadosa da distinção Lei-Evangelho eram decisivos ao entendimento adequado da Bíblia. (Veja o capítulo 5 para uma análise mais ampla da Lei e do Evangelho).

Melanchton, companheiro de Lutero em questões de exegese, continuou a aplicação dos princípios hermenêuticos de Lutero em suas exposições do texto bíblico, sustentando e aumentando o impulso da obra de Lutero.

CALVINO (1509-1564)O maior exegeta da Reforma foi, provavelmente, Calvino, que concordava, em geral, com

os princípios articulados por Lutero. Ele, também, acreditava que a iluminação espiritual é necessária, e considerava a interpretação alegórica como artimanha de satanás para obscurecer o sentido da Escritura.

“A Escritura interpreta a Escritura” era uma sentença predileta de Calvino, a qual aludia à importância que ele dava ao estudo do contexto, da gramática, das palavras, e de passagens paralelas, em lugar de trazer para o texto o significado do próprio intérprete. Numa famosa sentença ele declarou que “a primeira tarefa de um intérprete é deixar que o autor diga o que ele de fato diz, em vez de atribuir-lhe o que pensa que ele deva dizer”.

Calvino, provavelmente, superou a Lutero em harmonizar suas práticas exegéticas com sua teoria. Ele não partilhava da opinião de Lutero de que Cristo deve ser encontrado em toda a parte nas Escrituras (e.g., ele não concordava com Lutero quanto ao número de Salmos que são legitimamente messiânicos). A despeito de algumas diferenças, os princípios hermenêuticos sistematizados por esses reformadores haveriam de tornarem-se os grandes princípios norteadores para a moderna interpretação protestante ortodoxa.

HERMENÊUTICA MODERNA (1800 até ao Presente)

LIBERALISMO

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_____________________________________________________________________________________O racionalismo filosófico lançou a base do liberalismo teológico. Ao passo que nos

séculos anteriores a revelação havia determinado o que a razão devia pensar, no final do século XIX a razão determinava que partes da revelação (se houvesse alguma) deviam ser aceitas como verdadeiras. Onde nos séculos anteriores a autoria divina da Escritura fora acentuada, agora o foco era sua autoria humana. Alguns autores diziam que várias partes da Escritura possuíam diversos graus de inspiração, e podia ser que os graus inferiores (como detalhes históricos) contivessem erros.

Outros escritores, como Schleirmacher, foram além, negando totalmente o caráter sobrenatural da inspiração. Muitos já não mencionavam a inspiração como o processo pelo qual Deus guiou os autores humanos a um produto escriturístico que fosse a sua verdade. Pelo contrário, a inspiração referia-se à capacidade da Bíblia (produzida humanamente) de inspirar experiência religiosa.

Também se aplicou à Bíblia um naturalismo consumado. Os racionalistas alegavam que tudo o que não estivesse conforme à “mentalidade instruída” devia ser rejeitado. Isto incluía doutrinas como a depravação humana, o inferno, o nascimento virginal, e, com freqüência, até a expiação vicária de Cristo. Os milagres e outros exemplos de intervenção divina eram regularmente explicados de forma satisfatória como exemplos de pensamento pré-crítico. Sofrendo a influência do pensamento de Darwin e de Hegel, a Bíblia chegou a ser vista como um registro do desenvolvimento evolucionista da consciência religiosa de Israel (e mais tarde da igreja), e não como uma revelação do próprio Deus ao Homem. Cada um desses pressupostos influenciou profundamente a credibilidade que os intérpretes davam ao texto bíblico, e, desse modo, teve importantes implicações para os métodos interpretativos. Era freqüente a mudança do próprio foco interpretativo: A pergunta dos eruditos já não era “Que é o que o texto me diz a respeito do desenvolvimento da consciência religiosa deste primitivo culto hebraico”?

NEO-ORTODOXIAA neo-ortodoxia é um fenômeno do século XX. Ocupa, em alguns aspectos, uma posição

intermediária entre os pontos de vista liberal e ortodoxo. Rompe com a opinião liberal de que a Escritura é tão somente produto do aprofundamento da consciência religiosa do homem, mas detém-se antes de chegar à perspectiva ortodoxa da revelação.

Os que se encontram dentro dos círculos neo-ortodoxos geralmente crêem que a Escritura é o testemunho do homem à revelação que Deus faz de si próprio. Sustentam que Deus não se revela em palavras, mas apenas por sua presença. Quando alguém lê as palavras da Escritura e reage com fé à presença divina, ocorre a revelação.

A revelação não é considerada como algo ocorrido num ponto histórico, o qual agora nos é transmitido nos textos bíblicos, mas uma experiência presente que deve fazer-se acompanhar de uma reação existencial pessoal.

As posições neo-ortodoxas sobre diversos problemas diferem das ortodoxas tradicionais. A infalibilidade ou inerrância não tem no vocabulário neo-ortodoxo. A Escritura é vista como um compêndio de sistemas teológicos, às vezes, conflitantes acompanhados por diversos erros fatuais. As histórias bíblicas da interação entre o sobrenatural e o natural são vistas como mitos – não no mesmo sentido dos mitos pagãos, mas no sentido de que não ensinam a história literal. Os “mitos” bíblicos (como a criação, a queda, a ressurreição) visam a apresentar verdades teológicas na forma de incidentes históricos.

Na interpretação neo-ortodoxa, a queda, por exemplo, “informa-nos que o homem, inevitavelmente, corrompe sua natureza moral”. A encarnação e a cruz mostram-nos que o homem não pode realizar sua própria salvação, mas que ela “deve vir do além como ato da graça de Deus”.

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_____________________________________________________________________________________A principal tarefa do intérprete é, pois, despir o mito de seus envoltórios históricos a fim de

descobrir a verdade existencial que ele contém.

A NOVA HERMENÊUTICAA “Nova Hermenêutica” tem sido, antes de tudo, uma criação européia a partir da

Segunda Guerra Mundial. Emergiu basicamente da obra de Bultmann e foi levada avante por Ernst Fuchs e Gerhard Ebeling. Muito do que foi dito com vistas à neo-ortodoxia aplica-se também a esta categoria de interpretação. Baseando-se na obra do filósofo Martin Heidegger, Fuchs e Ebeling, afirmaram que Bultmann não foi longe o suficiente. A linguagem, dizem eles, não é realidade, mas apenas uma interpretação pessoal da realidade. O uso que fazemos da linguagem é, pois, uma Hermenêutica – uma interpretação. A Hermenêutica, para ele já não é a ciência que formula princípios pelos quais os textos podem ser compreendidos; é, antes, uma investigação da função Hermenêutica da fala como tal, e assim tem um raio de ação muito mais amplo e mais profundo.

A HERMENÊUTICA NO CRISTIANISMO ORTODOXO

Durante os últimos 200 anos continuou a haver intérpretes que criam que a Escritura representa a revelação que Deus faz de si próprio – de suas palavras e de suas ações – à humanidade. A tarefa do intérprete, no entender deste grupo, tem sido procurar compreender mais plenamente o significado intencional do primitivo autor. Empreenderam-se estudos da história, da cultura, da língua e da compreensão teológica que cercam os primitivos beneficiários, a fim de que se entenda o que a revelação bíblica significava para esses beneficiários.

Eminentes eruditos desta tradição geral (e de maneira alguma esta lista é completa) incluem E. W. Hengstenberg, Carl F. Keil, Franz Delitzsch, H. A. W. Meyer, J. P. Lange, F. Godet, Henrty Alford, Charles Ellicott, J. B. Lightfoot, B. F. Wescott, F. J. A. Hort, Charles Hodge, John A. Broadus, Theodore B. Zahn, e outros. Os manuais de Hermenêutica desta tradição incluem os de autorias de C. A. G. Keil, Davidson, Patrick Fairbairn, A. Immer, Milton S. Terry, Louis Berkhof, A. Berkeley Mickelsen e Bernart Ramm.

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CAPÍTULO VII - ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

INTRODUÇÃO1 - UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O TEMPO A) O Conflito B) Conto Resolver C) Ferramentas de RealizaçõesD) O Principio E) Talento e Finanças F) Promessa e Oportunidades2 - A IGREJA E A SUA ORGANIZAÇÃO A LUZ DA BÍBLIA A A Igreja Um orçamento e uma Organização

• Um Organismo Vivo• Uma Organização Poderosa

B - Um Organismo tem apenas uma cabeça, uma Organização tem varias.A ORGANIZAÇÃO DA IGREJAA - Exemplos da Igreja Organizada B - Uma Igreja local organizada C – Outras evidências de organizaçãoO MINISTÉRIO DA IGREJAA -Apostólico B – Profético C – Evangélico D - PastoraIE – Mestre F - Diaconato G –Auxiliar ou Cooperador

OS MEMBROS DA IGREJAA- Os privilégios dos membros da IgrejaB- Deveres dos membros da IgrejaII - ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTOS ORGANIZAÇÃOA- Importância da Organização na Igreja B- Estrutura C- Previsão do futuroD - Analise do Presente E – Delegação F- PlanejamentoG - Programação H - Mudanças

III - FORMAÇÃO DE LIDERANÇASA - Reconhecimento da unção pastoral B - O trabalho dos pastores C- Os diáconos D - Os obreiros

INTRODUÇÃO

A IGREJA DE DEUS

O que é a Igreja no sentido bíblico? É um prédio conhecido por este nome? É uma instituição apenas? É uma organização? É uma denominação? É o culto contínuo prestado a Deus? Ela é tudo isso e muito mais. É o corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual Ele é o cabeça universal!. Ele como a cabeça reina do céu, a mão direita do Pai. A Igreja como o corpo de Cristo tem uma parte no céu (os que já estão na glória) e a uma parte na terra - os salvos que aqui louvam e servem ao Senhor.

Se você é uma pessoa salva por Jesus então é parte da Igreja. Você é uma pedrinha deste edifício espiritual de Deus: uma plantinha da lavoura de Deus: uma ovelha do Seu pasto. Tudo isto são figuras da Igreja. Os membros deste corpo são nossos irmãos na fé cristã - a fé que vem por Cristo. Irmãos estes, milhões dos quais nunca os conheceremos aqui na terra, por estarem espalhados em todo o globo, mas um dia os conheceremos quando nos reunirmos todos no céu, na presença do Senhor da Igreja, finda a nossa peregrinação aqui.

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_____________________________________________________________________________________No sentido estrito a Igreja é uma instituição neotestamentária. O termo "Igreja" aparece 112

vezes na Bíblia, mas sempre no Novo Testamento. De fato, Jesus referiu-se à Igreja em termos futuros, em Mt 16:18 "Eu edificarei a minha Igreja".

A verdadeira Igreja está fundada em Jesus Cristo, a somente nEle. Uma das maneiras de ver isso é saber a diferença entre as palavras "Pedro" e "pedra" empregadas por Jesus em Mt 16.18, quando Ele disse: "Eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja." "Pedro" é no grego "Petros" e significa um fragmento de rocha: uma pequena pedra. "Pedra" no grego é "petra" e signifïca um rochedo: uma grande rocha. Jesus ao empregar dois diferentes termos neste contexto mostrou que jamais teve em mente edificar Sua Igreja sobre a pessoa de Pedro ou qualquer outro ser humano, e sim sobre Ele mesmo - A Rocha dos Séculos, tão mencionada no Antigo testamento. Além disso, o próprio Pedro afirmou que Jesus é a pedra sobre a qual a Igreja está firmada. Ver At 4.11 e 1 Pe 2.4-8. Esta verdade é ainda confirmada em l Co 3.11.

Jesus declarou, sim, que ia edificar Sua Igreja, mas deixou claro desde o principio que seu fundamento não seria um homem. Os homens salvos, mesmo os mais ilustres e mais santos são apenas pedrinhas do edifício espiritual da Igreja de Deus como já vimos.

É este grandioso assunto que estudaremos durante nessa aula.A Igreja de Deus, que é a coluna e firmeza da verdade, da qual os profetas profetizaram, e

pela qual Jesus veio no mundo e através da Sua morte adquiriu para Si um povo todo Seu e especial: um povo santo, tirado do mundo (e este é o sentido do termo "Igreja"). A Igreja é a eleita do Senhor, a qual temos o privilégio de pertencer por Nosso Senhor Jesus Cristo.

AS PROMESSAS DE DEUSA Bíblia está cheia das promessas de Deus para Seus filhos. As promessas foram dadas para ajudar-nos no nosso caminhar com Cristo a no ministério que Deus nos chamou a realizar.Mateus 28.18 conta-nos que ''Todo o poder" é de Cristo, e portanto Ele é capaz de cumprir todas essas promessas.

Jesus, aproximando-se, falou-lhes. Dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra Mt 28.18

OPORTUNIDADESDeus coloca uma infinidade de oportunidades diante de nós, de modo que possamos estar envolvidos na construção do Seu reino. Precisamos simplesmente CAPITALIZAR essas oportunidades. Mas, precisamos ter certeza de que as oportunidades não produzem atividades sem produtividade.

Deus deseja que empreguemos parte de nosso TEMPO,TALENTOS e FINANÇAS em Suas OPORTUNIDADES.

Alguém disse o seguinteNão é estranho que reis e rainhas E palhaços que saltam em anéis de serragem E sujeitos comuns como eu e você Cada um é um construtor para a ETERNIDADE Cada um recebe um Livro de Regras

um Bloco de Pedras um Jogo de Ferramentas

E cada qual deve construir, antes que a vida passe Uma PEDRA DE TROPEÇO ou uma PEDRA DE PASSAGEM.

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CADA DIA É UMA PEQUENA VIDAMinha vida é igual à soma de cada dia multiplicado pelo número de dias de minha vida.Se pegássemos a última sexta-feira e multiplicássemos pelo número de dias da sua vida.

você gostaria que essa fosse sua contribuição total'?Você pode dizer Não a ultima sexta-feira! “Esse foi um mau dia”O.K - E quanto a última quarta-feira ou a quarta-feira da semana passada?E quanto a algum dia da próxima semana? O que você colocaria nele"

UMA PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O TEMPO

INTRODUÇÃODiscutimos a brevidade da vida e a importância de trocarmos nossas vidas pelo cumprimento da Grande Comissão de Cristo.O problema é que muitos de nós somos muito ocupados e não temos tempo suficiente para fazer o que já programamos,nós constantemente sentimos que precisamos de mais tempo, mas não existe mais tempo. A cada um de nós são confiadas apenas 24 horas por dia e não há meios de estender o número de horas, não importa o quanto tentamos.A real dificuldade não é a falta de tempo mas o que fazemos com o tempo que temos. Uma vez que nunca podemos acumular, estocar, substituir ou devolver tempo, precisamos aprender a controlá-lo enquanto passa. Se falharmos em administrar nosso tempo, nada mais em nossas vidas poderá e será administrado.

A BÍBLIA tem muito a dizer sobre o tempo.Há um tempo e uma estação para tudo sob o céu: Ec. 3.12Precisamossaber nossas prioridades e aplicar nossos recursos nas melhores oportunidades Sl 90.12. Portanto, Sede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus Ef 5.15-16; Rm 13.11-14.

A. O CONFLITONo plano de Deus NÃO HÁ CONFLITOS entre os objetivos que Deus nos deu e o tempo que Ele nos concedeu para realizá-los

Está em nós. Temos o seguinte:

•O objetivo que nos foi dado por Deus na Grande Comissão (Mateus 28.19-20)• Tempo limitado para realizar a tarefa (Romanos 13.11)• 0 conhecimento de que nossas recompensas são baseadas em nossa habilidade de

cumprir a tarefa (II Coríntios 5.10.• Falta de compreensão quanto ao melhor método para realizar a tarefa, e• Falta de disciplina para discernir e dar valor às coisas verdadeiramente importantes.

Haverá tempo para:HORA TRANQÜILA? ESTUDO BÍBLIC0ORAÇÃO ? TESTEMUNHO'?DISCIPULAR ? TIRAR 0 DÍZIMO DOS RECURSOS?UMA BALANÇA ADEQUADA ?Precisamos ter uma balança adequada em nossas vidas com relação ao TEMPO.

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Programa

Meu programa deve ter espaço para:1 - Ministério 4 - Família2 - Estudo 5 - Trabalho3 - Diversão 6 - Caminhar com DeusTestemunho pobreÉ um testemunho pobre trabalhar até a morteRobert McCheynne morreu aos trinta anos. Ele disse

Deus deu-me uma mensagem para entregar e um cavalo para montar. Espanquei o cavalo até a morte, e agora não posso mais entregar a mensagem

EficiênciaCerta vez um fabricante de aço contratou um técnico para aumentar a capacidade deles de transportar o aço. 0 técnico fez com que os homens trabalhassem doze minutos e descansassem três - e então trabalhassem mais doze minutos. A companhia aumentou a capacidade de transporte de 10 para 30 toneladasÀs vezes, somos mais eficazes se pararmos para descansar, tirar urna soneca, um dia livre ou férias Precisamos planejar bem para deixar tempo para as coisas que Deus deseja que façamos.Devemos trabalhar duro, divertirmo-nos bastante e descansar bem

B. COMO RESOLVERPrecisamos examinar nosso relacionamento vertical e horizontal com Deus.

Nosso Relacionamento com Deus• Se eu dirijo minha própria vida, assumo a responsabilidade de fazer tudo eu mesmo. Posso

estar colocando coisas em meu programa que Deus não deseja, ou tirando coisas que são muito importantes para Ele.RESULTADO. Uma confusão gigante!

• Se faço Jesus o Senhor da vinha vida, e permito que Ele planeje meu tempo como Ele considere adequado, Ele assume a responsabilidade de fazer tudo - e Ele não comete enganos Rm 8.28.

• Jesus esta agora vivendo sua vida em meu corpo Gl 2.20.• Meu corpo é um sacrifício vivo, sendo vivido em Deus Rm 12.1. Nosso relacionamento horizontal com o mundo• Tenho que estar GANHANDO e DISCIPULANDO o mundo, treinando todos os que

encontrar a ensinando todos os que encontrar e ensinando todos os que puder Cl 1.28.• Ide e fazei discípulos de todas as nações Mt 28.19.• Tenho que ser um ESTRANHO e um PEREGRINO para o mundo - e não investir minha

vida nas coisas terrenas Hebreus 11.13.• Como bom soldado de Jesus Cristo, não vou me envolver com os assuntos desta vida.

Participa dos meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus II Timóteo 2.3-4.

Deus Família Trabalho Ministério

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_____________________________________________________________________________________ Tenho que me abster da concupiscência, que guerreia contra a alma I Pedro 2.11. Não vou deixar o mundo colocar-me em seu molde Rm 12.2.• Não vou amar o mundo, nem as coisas que há no mundo I João 2 15-16.

A religião pura e imaculada significa conservar-me incontaminado pelo mundo Tiago 1.27.

Quando eu tento obter o melhor dos dois mundos, perco a ambos.

C. FERRAMENTAS PARA REALIZAR O OBJETIVO DE CRISTOTempoO nivelador da Raça (24 horas por dia)• No Salmo 90.12, somos instados a "considerar cada dia como valioso". E um autor

desconhecido descreveu a divisão do nosso tempo assim• Se você tivesse um banco que creditasse sua conta todas as manhãs com $ 86,000 - e

que não transportasse saldo de um dia para o outro - e não permitisse que você deixasse qualquer dinheiro em sua conta... e todas as tardes cancelasse qualquer quantia que não tivesse sido usada durante o dia - o que você faria? Sacar cada centavo, claro! Bem você tem um banco assim - seu nome é "tempo". Todas as manhãs ele credita a você 86.000 segundos.. todas as noites. cancela como perdido qualquer parte disso que você tenha deixado de investir em bons propósitos. Não transporta saldo... Não permite saques a descoberto. Cada dia ele abre uma nova conta para você. Se você deixar de usar o depósito diário, a perda é sua. Não há como voltar atrás. Não há saques para o dia seguinte - você precisa viver no presente - sobre o depósito de hoje. Paulo insta-nos a sermos bons mordomos desse recurso Ef 5.15-16. Se você e eu fizermos o melhor de nosso tempo, será porque aprendemos o valor de um dia e como usá-lo sabiamente. "Este é o início de um novo dia. Deus deu-me este dia para usá-lo como quiser. Posso desperdiçá-lo, ou usá-lo para o bem. 0 que eu faço hoje é muito importante porque estou trocando um dia de minha vida por isso. Quando o amanhã vier, este dia terá desaparecido para sempre, deixando em seu lugar algo que negociei por ele. Quero que seja ganho e não perda; bom, não mau; sucesso, não fracasso, a fim de que eu não esqueça o preço que paguei por ele."

O PRINCÍPIO DA HORAQuarto tempo você dá a Deus?No Velho Testamento. Deus deu a seu povo certos princípios diretivos tom relação aos seus recursos. Tudo o que existe foi feito por Deus e pertence a Ele. Deus disse-lhes para usarem nove décimos de tudo e que Ele lhes desse, para satisfazerem suas necessidades pessoais. Eles tinham que colocar de lado o primeiro décimo, para ser devolvido para construção do seu reino.0 tempo é um recurso, tanto quanto nosso dinheiro. Se aprendêssemos a dar o dízimo de nosso tempo assim como das nossas finanças, significaria que poderíamos dar 2.4 horas por dia para construir o Seu reino. Isto nos daria o tempo que prezamos para crescer espiritualmente e para aprender a ganhar e discipular outros. Nos daria tempo para as coisas eternas, de forma que nossas vidas não sejam dispersas pelo que é temporal.Se Deus lhe desse mais um dia, você estaria disposto a devolver a Ele 2,4 horas desse dia?

E. TALENTOS E FINANÇAS• Deus deu-me TALENTOS ou habilidades não só para prover para mim mesmo mas para serem usados na construção do Seu reino I Corintios 12.7; I Co 6.19-20.

Deus me deu FINANÇAS para construir o Seu reino requerendo que cada um de nós devolva 10'% de provisão de Deus para Ele Dt 14 23.

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_____________________________________________________________________________________• A seguir está uma advertência quanto ao perigo de tentar roubar Deus. Malaquias 3.8-9Você está buscando primeiro o reino de Deus? Mateus 6.33.

Você está fazendo o que Deus requer de você? Você está construindo o reino de Deus?

Formação de liderança

Para construir uma Igreja Restaurada devemos avaliar muito cautelosamente as experiências anteriores. Muitas tradições são dignas de ser conservadas, mas haverá sempre aquelas que precisamos esquecer. Na formação de uma Igreja recebemos recém-convertidos a irmãos transferidos de outras comunidades, carregando tradições a costumes que nem sempre têm a ver com a visão que temos recebido de Deus.

Parece incrível dizer isto, mas os maiores problemas não são causados pelos recém-convertidos. Estes vêm como crianças, dispostos a aprender e não a "ensinar'". Estão bem conscientes de que não sabem nada. Os mais antigos demoram um pouco mais a tomar consciência de sua ignorância. Via de regra, chegam sobrecarregados das "Santas tradições Evangélicas". Esta "vastíssima experiência" de alguns, pode provocar algum retardo no processo de Restauração. Vinte e cinco anos de experiência eclesiástica, alegados por muitos, quando avaliados corretamente, podem representar na realidade, um ano repetido vinte e cinco vezes, se tanto.

A melhor atitude para quem chega num ambiente onde sopra uma brisa mais fresca, é a humildade de quem ainda precisa assimilar uma nova visão de Igreja, a só então começar a transmiti-la. Antes de qualquer coisa, é preciso absorver o novo. Isto não significa que posições e ministérios reconhecidos em outra comunidade cristã devam ser desprezados, como se não tivesse valor algum. Se existe uma Igreja em cada cidade, então. deixar de considerar a unção recebida em outro grupo reconhecidamente cristão de uma mesma cidade, seria deixar de discernir o corpo de Cristo.

O reconhecimento da união pastoralA restauração deve ser completa a penetrar em todas as áreas de uma comunidade. A

estrutura restaurada, a formação do caráter na Palavra restabelecida, os dons distribuídos, o indivíduo reconstruído e a liderança formada. Conforme entendemos das Escrituras, a responsabilidade de preparar obreiros pertence à Igreja local e não a organizações e seminários que não estejam sob a autoridade de uma Igreja. É sobre esta forma de proceder que gostaria de sugerir uma rápida avaliação.

Afinal, o que veio primeiro, o rebanho ou o pastor? O que tradicionalmente tem sido feito é formarmos primeiro o pastor e aí, então, lhe damos um rebanho. É mais ou menos freqüente vermos rebanhos sem pastor e pastores formados sem rebanho. Um diploma de Teologia não faz de alguém, um pastor. O seminário tem a capacidade de formar teólogos, mas o pastor se faz na Igreja, os dois devem caminhar juntos. Preparo acadêmico e a prática ministerial da Igreja se completam. Alguém que não tenha passado pelo dia-a-dia da Igreja, dificilmente poderá desempenhar um bom ministério.

O pastor é aquele que planta uma vinha, vive para ela e vive dela (1Co.9.1-14). Nas páginas do Novo Testamento vemos aos Apóstolos fundando Igrejas e depois de um processo de treinamento dentro de sua própria localidade, escolherem alguns irmãos como Presbíteros e pastores (Tito 1.5-9). Me parece que, na realidade, os apóstolos faziam tão somente o reconhecimento oficial de que aqueles irmãos eram pastores de fato e de verdade.

O pastor precisa ter sua unção pastoral reconhecida por representantes de Deus que o enviam, mas também precisa conquistar o respeito de seus liderados pela forma como conduz

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_____________________________________________________________________________________o rebanho. Os Seminários ganharam seu espaço porque as Igrejas deixaram de desempenhar o seu papel de formação dos obreiros.Devemos, porém, reconhecer que estas escolas de teologia prestaram um valioso serviço a uma Igreja omissa e somos gratos por isto. Chegou a hora da Igreja retomar seu lugar.

O trabalho dos pastoresEstá mais do que na hora de restaurar este papel formador da Igreja. O melhor

seminário é a Igreja e toda Igreja deveria ser um Seminário. O papel dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, é preparar os santos para o desempenho do seu serviço (Ef.4.11,12). O pastor transmite a visão ministerial e prepara obreiros dentro da Igreja para que esta visão seja materializada. O Seminário não substitui a Igreja e vice-versa.

Os pastores e os demais líderes devem., na medida do possível, empenhar-se em dar às suas ovelhas, formação acadêmica, ministerial e de caráter. Isto começa com os primeiros passos na vida cristã, passa pelo discipulado individual e em grupo, inclui delegação de tarefas e missões e chega à ministração de matérias como Teologia Sistemática, Métodos de Estudo Bíblico, Homilética e outras. O ensino é um poderoso instrumento nas mãos de Deus para realizar esta tarefa.

Nem sempre o indivíduo deve ser guindado ao cargo de Presbítero, diácono, obreiro ou coisa parecida só porque fazia estas coisas em outro lugar, mesmo que entendamos que os dons sejam irrevogáveis. Não vemos na Bíblia uma indicação segura de que alguém que era Presbítero em Éfeso, automaticamente deva ocupar este cargo também no Rio de Janeiro, Paraíba, ou qualquer outro lugar. O indivíduo deve mostrar-se qualificado para exercer esta função neste novo local e isso pode levar algum tempo. Autoridade se conquista, não é imposta por causa de títulos.

Uma característica da função de um Pastor é que deve agir numa determinada localidade ou cidade, enquanto o apóstolo ou missionário tem a característica de agir extralocalmente. Quando alguém é enviado para um outro local, na realidade está exercendo uma função apostólica, mas se aprofunda estacas nesse novo local, é um pastor (At.13.1-3).

Uma pessoa acostumada a desempenhar um papel de liderança dentro de uma estrutura antiga, nem sempre está preparado para fazê-to dentro de novas estruturas. É preciso passar por um período de adaptação.

Antes de fazer, preciso ser. Criar cargos é uma tarefa relativamente fácil. Distribuir estes cargos entre os membros da Igreja não é tão difícil assim. O problema maior é preparar homens e mulheres com suas vidas moldadas na Palavra. A pressa em ver as coisas acontecerem pode nos levar a colocar na liderança, pessoas que não têm as qualificações necessárias para o cargo. Antes de criar cargos, forme pessoas.

A Bíblia faz menção de várias funções dentro de uma Igreja local. Creio, com base na Palavra de Deus, que estas funções são: Presbíteros ou pastores, diáconos e obreiros (Ff.4.10-12).

Os Presbíteros ou anciãos têm a incumbência de pastorear. "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles... Pastoreai o rebanho de Deus" (1Pe.5.1,2). O título que a Bíblia dá para aqueles a quem hoje chamamos de pastores, é ,presbíteros. Mas não vamos criar polêmicas em torno de nomes e títulos, isso não passaria de mera discussão semântica. A Igreja primitiva conservava em sua liderança espiritual um grupo constituído por pessoas qualificadas para desempenharem o papel de conduzir o rebanho.

O Espírito Santo concedia ferramentas espirituais para que estes presbíteros pudessem ser dados à Igreja com o fim de guiá-la. Este grupo de ministros recebia incumbências diversas. Eram apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. É assim que Deus supre a Igreja de um ministério variado a eficaz

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_____________________________________________________________________________________Suas atribuições ministeriais incluem atividades na área de evangelismo (pessoal,

telefônico, rádio, televisão, etc.), ensino, louvor, visitação, grupos familiares, aconselhamento pessoal ou telefônico, batalha espiritual, trabalho de cura interior e libertação, intercessão, visitação, oração pelos enfermos (Tia.5.14), pregação, literatura, etc.

Suas atribuições têm a ver principalmente com a Palavra e a oração, mas não significa que também não estejam se envolvendo com o trabalho diaconal, pois estes homens devem ser modelos para o rebanho em todas as áreas. As qualificações necessárias para alguém ocupar esta posição estão em (Tito 1.5-9).

Os diáconosOutro grupo de liderança mencionado nas Escrituras são os Diáconos. Estes

desempenham serviços diversos na Igreja Local. A área de ação de cada um vai depender dos dons que lhes forem dados pelo Espírito Santo. São pessoas de absoluta confiança da liderança. É deste grupo que sairão os futuros presbíteros. Exemplos de diáconos atuando na obra são Filipe e Estêvão (At.6.1-15 e At.8.4-8), que apareceram aqui realizando com entusiasmo a obra evangelística.

Os Diáconos devem aprender que seu serviço não se restringe a abrir portas e servir a Ceia, muito embora a motivação inicial para a formação desta função tenha sido servir às mesas. Os diáconos devem tornar-se modelos para o rebanho. "Os que servem bem como diáconos, adquirirão para si justa proeminência" (1 Tm.3.12).

Os diáconos têm, portanto, múltiplas atribuições, ou seja: ação social, evangelismo (pessoal, telefone rádio e televisão), louvor, ensino, grupos familiares, trabalho de libertação, serviço de aconselhamento pessoalmente ou por telefone, cura interior, intercessão, visitação e recepção dos visitantes.

As qualificações necessárias para ocupar esta posição estão em 1 Tm.3.18-13. Na medida em que desempenharem suas funções, os diáconos vão sendo promovidos para funções de maior influência dentro do Reino de Deus. O desenvolvimento natural é darem passos na direção de se tornarem presbíteros ou pastores.

ObreirosTemos aqui uma equipe de pessoas a quem, apenas para efeitos didáticos, gostaria de chamar de obreiros. O nome dado a eles não é tão importante assim, o importante é sua função dentro do corpo. A idéia de formar um grupo de obreiros, vem da indicação bíblica de que a função dos presbíteros é preparar os santos para o desempenho de seu serviço ou obra (Ef.4.11) .

São pessoas capazes de exercer alguma influência sobre a Igreja. Aconselham, intercedem, evangelizam, dirigem grupos de crescimento e células de discipulado. São os futuros diáconos, passando por um período de experiência onde poderão ser reconhecidos pelo grupo de liderança (1 Tm 3.10). Devem, portanto, desenvolver as mesmas qualificações. Estes indivíduos são na realidade aspirantes ao episcopado, gente que almeja crescer em sua influência ministerial.

Antes de alguém ser colocado em posição de liderança espiritual na Igreja, deveria mostrar-se qualificado para o cargo. Sugiro um questionário simples que seria distribuído entre dez a quinze pessoas de confiança, que fariam uma avaliação e que o candidato mesmo faça sua própria avaliação. Depois de prontas as avaliações feitas do pastor, diácono ou candidato a algum destes cargos devem ser comparadas com a que ele fez de si mesmo. É claro que em todo este processo deve ser guardado sigilo.

Isto tanto serve para quem é candidato, como para aqueles que já ocupam cargos na liderança. Pode até acontecer, depois de feita a avaliação, que alguns reconheçam

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_____________________________________________________________________________________necessitarem de um bom tratamento para continuarem exercendo seu cargo. O questionário é o seguinte:1. Tem um conceito saudável sobre si mesmo, nem prepotente nem complexado. Sim Não Não Sei2. Tem grandes amigos entre os que desejam servir ao Senhor Sim Não Não sei3. Tem exercido grande influência sobre outras pessoas Sim Não Não sei4. Você confiaria a ele coisas bem íntimas Sim Não Não Sei 5. Demonstra ter controle emocional Sim Não Não sei 6. Reconhece quando a opinião dos outros é melhor que a dele . Sim Não Não sei7. Parece livre de mágoas e rancores Sim Não Não Sei8. Suas finanças estão aparentemente sob controle. Sim Não Não sei 9. Demonstra paciência ao tratar com os outros. Sim Não Não sei l0.Reconhece e procura acertar seus erros. Sim Não Não sei11.É educado e demonstra consideração com todos. Sim Não Não sei 12.Livre de vícios e maus costumes. Sim Não Não sei 13.Possui bom conhecimento bíblico e procura praticá-los. Sim Não Não sei 14.Tem experiência de vida cristã a ministério na Igreja. Sim Não Não sei 15.Aparenta relacionar-se bem com sua esposa, sendo-lhe fiel. Sim Não Não sei16.Supre adequadamente as necessidades do lar. Sim Não Não sei17.É hospitaleiro a ponto de transformar seu lar em bênção. Sim Não Não sei 18.Seus filhos são:

a. disciplinados b. respeitados c. obedientes d. crentes

19.Desfruta de boa fama entre seus vizinhos e fora da Igreja. Sim Não Não sei 20.Sempre disposto a aprender e passar adiante o que aprendeu Sim Não Não sei 21.Conhece suas responsabilidades a as cumpre. Sim Não Não sei 22.Seu maior compromisso é com o Senhor e procura obedecê-lo. Sim Não Não sei

Espero que este questionário seja usado por todos como uma forma de embelezamento da noiva e não um meio de punição, investigação fria ou de crítica. Uma liderança sadia certamente produzirá uma Igreja sadia.

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CAPÍTULO VIII - ASPECTOS JURÍDICOS DA IGREJA

Cuidados que a igreja deve tomar para se adequar à leiA Igreja pode ser estudada sob vários ângulos. Porém, devido a sua natureza essencialmente espiritual, em comum, ela é investigada apenas no terreno do sagrado. Nesse afã, alguns procuram ignorar qualquer outra conotação que a Igreja possa ter, e até criticam seu estudo.

Entretanto, do ponto de vista social, jurídico e local, a igreja é uma entidade cuja personalidade em nada se diferencia das demais organizações. Ela nasce, vive e morre. A semelhança de outros entes jurídicos, a igreja esta sujeita aos direitos e deveres, relações essas que, direta ou indiretamente, importam a todos que a constituirem; quer lideres ou membros.

1. O REGISTRO DA IGREJASegundo o Código Civil Brasileiro, toda pessoa jurídica de caráter privado só tem existência

reconhecida quando inscreve seu estatuto no registro competente. O lugar desse registro é o Cartório de Pessoas Jurídicas, que também deve receber to das as alterações importantes desse documento.

Por sua vez, a Lei exige que o estatuto indique a finalidade da igreja, o lugar da sede, o modo pelo qual será administrada e representada ativa, passiva, judicial e extra judicialmente. Também devem prever as hipóteses de reforma de seu próprio texto, condições de extinção e, nesse caso, o destino do patrimônio. Além disso, deve o estatuto estabelecer a responsabilidade jurídica dos membros da igreja.

De tudo isso, duas coisas precisam ser ressaltadas. A primeira delas diz respeito à obrigação que tem a igreja de levar o registro todas as alterações importantes de seu estatuto, o que se chama averbação. Desse modo, uma vez aprovada em assembléia-geral a modificação estatutária só produzirá efeito jurídico se cumprida essa exigência.

Nesse aspecto, é importante salientar que a falta de registro de uma igreja não a desobriga em relação a terceiros nem a seus próprios membros, mas toma a entidade incapaz de demandar em nome próprio. Chamamos isso sociedade de fato.

No caso de mudanças, mesmo registrada no inicio de suas atividades, se a igreja não providenciar a averbação de suas alterações estatutárias, poderá ter prejuízo em demandas jurídicas relacionadas com essas modificações.

Nesse particular, o estatuto se constitui o principal documento da igreja. Ë Lei, sobre a qual os juizes se debruçarão para decidir questões levadas a julgamento.

A segunda observação refere-se à responsabilidade social dos membros da igreja. Trata-se da responsabilidade subsidiária, pela qual, em havendo execução de dívidas contra a igreja, e não sendo bastante seu patrimônio para custear o débito, seus membros poderão ser convocados a completar o valor necessário ao adimplemento (cumprimento) da obrigação. Esse cuidado vale também para outras formas de organização da igreja, tais como caixas beneficentes, convenções e associações de ministros. Se os estatutos dessas entidades mencionarem esse tipo de responsabilidade, seus membros devem ficar alerta para as obrigações assumidas em nome do grupo.

2. RELAÇÃO DE EMPREGO NA IGREJAOutro assunto da maior importância é a relação de emprego na igreja. Devemos considerar

que as atividades desenvolvidas por uma igreja podem ser divididas em vocacionais e comuns.Por atividades vocacionais, entendem-se aquelas que têm ligação direta com a fé, que

requerem toda uma capacitação própria e que são, geralmente, exclusivas de membros da igreja. Como exemplos, temos a função de pastor, evangelista, dirigente de congregação e professor de Escola Dominical.

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_____________________________________________________________________________________Por exclusão, atividades comuns são todas que não se encaixem no modelo acima,

podendo ser desempenhadas por qualquer pessoa, independente de sua posição social na pessoa jurídica da igreja. Podemos citar o zelador, vigilante, contador, ofice boi etc, que são classificadas como atividades de apoio.

Para eliminar qualquer dúvida, o líder deve indagar: “a atividade ‘x’ pode ser desempenhada por qualquer pessoa, inclusive descrente?” Se a resposta for positiva, estamos perante una atividade comum.

Essa divisão é importante porque a Justiça do Trabalho não admite vínculo empregatício no caso de atividades vocacionais. Mesmo reconhecendo que esse grupo de funções exige tempo e dedicação, a Justiça no Brasil é unânime em afirmar que o laço religioso afasta qualquer espécie de direito trabalhista. Tal postura alcança desde o mais simples obreiro até a figura do pastor. Contudo, em se tratando de atividades comuns, a igreja é tratada pela Justiça como qualquer pessoa jurídica da nação.

Nesse particular, o primeiro parágrafo do segundo artigo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) afirma que “Equiparasse ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, (...) instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.”

E fará isso investigando se existem na causa os três elementos caracterizadores da relação de emprego, que são: habitualidade, subordinação e remuneração.

O Direito entende por habitualidade o fato de alguém prestar serviços a outrem com certa constância. E não precisa ser diária nem semanal. Basta que fique provado que há um ciclo na prestação do serviço.

Subordinação tem a ver com estar sob as ordens de alguém. Logo, a Justiça investiga se a pessoa que reclama direitos trabalhistas era cobrada em seus afazeres e submetia-se à direção do líder da igreja.

“A FALTA DE REGISTRO DE UMA IGREJA NÃO A DESOBRIGA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NEM A SEUS PRÓPRIOS MEMBROS, MAS TORNA A ENTIDADE INCAPAZ DE DEMANDAR EM NOME PRÓPRIO”

Por fim, remuneração significa pagamento, podendo ser em espécie ou ia tintura. O primeiro modo, em dinheiro, pode se dar através de salários, gratificações, gorjetas etc. Enquanto no segundo, o prestador do serviço recebe algum tipo de ajuda direta: roupas, calçados, alimentos, livros etc.

Para a Justiça, havendo a comprovação da existência desses três elementos —ainda que de forma sutil — está caracterizada a relação de emprego, devendo a igreja arcar com todas as despesas próprias de um empregador comum. Isso inclui: assinar Carteira de Trabalho, recolher Fundo de Garantia e contribuições para a Previdência Social, pagamentos de salário-mínimo e todas as vantagens asseguradas em lei; como aviso-prévio, férias, descanso semanal, adicional noturno etc.

Então, como a igreja precisa de atividades de apoio — se não puder contratar empregados — a melhor forma de evitar esses imprevistos é a celebração de um contrato de serviço voluntário.

Essa forma de mão-de-obra foi criada através da Lei n0 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Por ela, basta a igreja, em papel simples, fazer constar o objeto da prestação gratuita, as condições de seu exercício e a menção expressa de que a atividade não gera vínculo empregatício. Depois, além de afirmar que o termo contratual fundamenta-se na referida Lei, deve a igreja prever reembolso de despesas do trabalhador voluntário com transporte e alimentação e outros, devidamente comprovadas.

Essa deve ser a providência anual de toda igreja, sobretudo a atividades de zelador, operários da construção civil, profissionais liberais e toda prestação de serviço contínua e

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_____________________________________________________________________________________estranha à atividade confessional.

Outra mão-de-obra igualmente simples temos na figura do estagiário, que pode ou não ser remunerada, desde que preservadas as garantias previstas na legislação específica. Esse recurso humano é excelente para tarefas ligadas à administração, revelando-se muito útil em atividades de caráter social, como escolas e hospitais.

3. CUIDADO COM IMÓVEIS

Enquanto pessoa jurídica, a igreja também pode adquirir e dispor de bens patrimoniais, quer móveis e imóveis. E deve cercar-se de todos os cuidados para que não venha a sofrer prejuízos em seu acervo.

Em relação a bens móveis, tudo que a igreja vier a adquirir deve ser feito legalmente. Se for compra, deve sempre exigir nota fiscal. Tratando-se de doação, deve documentar esse ato através de termo próprio: uma simples declaração do doador ou, para casos mais importantes, contrato, que discipline todas as condições em que a igreja recebe esse bem. Se possível, é bom que o doador adquira o bem em nome da igreja, devendo o setor de contabilidade proceder às devidas anotações, de modo que haja equilíbrio entre receita e despesa.

Quanto a logotipos, obras literárias e artísticas e outros, a igreja deve providenciar registro no departamento competente do Governo. Porém, a questão mais séria está relacionada com imóveis. Para adquiri-los ou vendê-los a igreja deve ser cautelosa.

Para adquirir imóveis de uma forma tranqüila, a igreja deve procurar, de preferência, aqueles que não constituam juridicamente uma posse, mas uma propriedade regularizada em todas as instâncias do Governo. A principal distinção está no registro do Cartório de Imóveis, que só detém a última modalidade.

Depois disso, deve-se extrair certidões junto ao Poder Judiciário, a fim de verificar se o bem não está sofrendo processo de execução; junto ao cartório onde está feito o assentamento, para verificar se não há qualquer restrição sobre o imóvel e, finalmente, certidão na Prefeitura local, para afastar qualquer débito relacionado com o IPTU. Sobre esse imposto, é bom lembrar que, mesmo em caso de bem de família (moradia reservada, juridicamente, para esse fim), poderá o imóvel ser vendido para quitar dívidas desse tributo na prefeitura local.

Depois dessas precauções, a igreja pode adquirir a propriedade, providenciando imediatamente a alteração do registro junto ao cartório competente. É preciso lembrar que só há transferência da propriedade a partir desse ato. Caso contrário, poderão recair novos embaraços ao imóvel.

Ainda sobre imóveis, hoje muitas igrejas estão em litígio contra ocupantes de seus bens. E, alguns casos, perdem o direito. Isso pode acontecer quando uma igreja cede gratuita e verbalmente o uso de certo imóvel, geralmente a membros da congregação que se propõem a exercer a função de caseiro. Duplo risco!

Além do cuidado trabalhista que mencionamos, jamais uma igreja deve ceder verbalmente o uso de qualquer bem de seu patrimônio. Para evitar problemas, deve celebrar um contrato de comodato. Trata-se de uma figura prevista no Código Civil, através da qual é possível “emprestar” um bem imóvel, sob certas condições.

Esse contrato é simples, semelhante ao de aluguel. A principal diferença é que não há remuneração. Porém, constam ali todas as normas da cessão, que são: objetivo, obrigações do comodatário, condições de entrega e de devolução do bem e, principalmente, o prazo de ocupação, que não deve ser longo.

Desse modo, anualmente, a igreja poderá rever sua situação patrimonial e, caso não lhe interesse a renovação, solicitar o usuário que desocupe o imóvel. Isso gera uma situação cômoda e evita que o beneficiário esqueça que não ocupa casa própria.

Se no futuro houver qualquer tipo de resistência à desocupação, munido do contrato, o

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_____________________________________________________________________________________representante da igreja pedirá à Justiça o despejo do comodatário. Caso contrário, sem nenhum documento, terá que correr atrás de provas, o que pode redundar em perda de parte do patrimônio.

4. OBRIGAÇÕES FISCAIS

Sabemos que os templos religiosos gozam de imunidade tributária, à luz da Constituição Federal. Mas, para que sejam consideradas isentas dessas obrigações, as igrejas precisam requerer o beneficio aos órgãos públicos encarregados da arrecadação. O mesmo acontece em todos os níveis do Governo. Porém, pela importância, deteremos nossa análise sobre o aspecto federal, sobressaindo a Receita Federal.

Uma vez deferido o pedido de isenção, a igreja precisa entender que isso não tem caráter definitivo, pois existem condições que terá de se submeter.

De acordo com as leis n0 9.532/97 e 9.718/98, para conservar o beneficio, devem as igrejas observar quatro requisitos: não remunerar por qualquer forma seus líderes; aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais; manter em ordem sua escrituração contábil e apresentar à Receita Federal a Declaração Anual de Informações Econômico-Fiscais (DIPJ).

Quanto ao primeiro item, é preciso entender o termo remuneração em seu aspecto técnico jurídico. Segundo este, remunerar significa pagar como contraprestação de alguma atividade, ou seja, alguém estará sendo remunerado porque trabalhou. Porém, como vimos, as funções vocacionais não são passíveis de remuneração porque não podem ser classificadas em seu sentido técnico como trabalho. Não há relação de produção, por exemplo.

Portanto, mesmo não assinando contrato de trabalho com obreiros, se a igreja anotar em sua escrituração qualquer menção direta à remuneração, tais como: salários, férias, gratificações por determinadas funções etc, estará sujeita às penalidades tributárias, pois deixou, contabilmente, de ser uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, passando a ocupar posto semelhante àquelas que desenvolvem atividade lucrativa.

Para evitar esse inconveniente, toda escrituração financeira em beneficio de ministros deve ter a denominação “prebenda”, que é o termo técnico para renda eclesiástica. Depois, é preciso que a igreja reinvista seus recursos. Na prática, é desaconselhável que a igreja conserve sempre dinheiro em caixa, pois isso gera desconfiança pelos órgãos de controle do Governo, principalmente a Receita Federal. Como a entidade está inscrita como tendo natureza não-lucrativa, o excesso de numerário pode ensejar suspeitas acerca da idoneidade dessa pessoa jurídica. Observe, porém, que o governo não proíbe que as igrejas tenham supcrátil, apenas aconselha que, se quiser manter o direito de isenção, sempre destine seus recursos à finalidade para qual foi criada. Seja construção de templos, escolas ou congêneres.

Além disso, deve manter em ordem sua escrituração contábil, observando para isso o uso correto dos livros obrigatórios, tendo discriminada toda a movimentação de seu patrimônio. Para satisfazer esse comando, deve sempre exigir notas fiscais ou recibos de suas compras ou serviços e nunca praticar o comercio. Deve ter documentada toda oferta recebida ou doação de bens.

Por fim, mesmo isenta de impostos, a igreja é obrigada a apresentar a Declaração Anual de Informações FconômicoFiscais (DIPJ). Essa Declaração engloba várias obrigações, inclusive a relacionada com o Imposto de Renda. Como penalidade pelo descumprimento dessas obrigações, a Secretaria da Receita Federal suspenderá o gozo da isenção, e fará isso em relação aos anos-calendário em que a igreja haja praticado ou, por qualquer modo, contribuído à prática de infração tributária.

Anualmente, deve também apresentar a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Nesse documento, a igreja presta todas as informações relacionada com seus empregados.

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_____________________________________________________________________________________Caso não seja empregadora, deverá apresentar a Rais negativa.

Finalmente, diz a Carta Magna que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Como a igreja é um lugar onde as pessoas ficam em evidência, é preciso muito cuidado para que a atividade de púlpito ou de magistério não viole a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem das pessoas. O certo é nunca citar nomes, sobretudo quando envolvem coisas negativas, como escândalos, crimes, pecados, má fama ou conhecimento que se teve em razão de uma vida mais próxima do denunciado. Caso contrário, o obreiro poderá sofrer uma condenação judicial que implique indenização ao dano material ou moral sofrido pela vítima.

Numa igreja que conheço, um dia foi um casal buscar reconciliação. No momento do convite, o ministro, que não simpatizava muito com os dois, deu lugar à carne e passou a humilhá-los publicamente, dizendo, entre outras coisas:“Não há ninguém para aceitar Jesus. Só este casal do “pequei-perdão”. Revoltado, o homem saiu correndo até sua casa e, armando-se de uma faca, voltou à igreja e, por pouco, não matou o pastor ali mesmo no púlpito.

Se pensasse direito, ao invés da vingança, feria o ofendido ajuizado uma ação contra o ministro. Este, além deter de pagar uma boa indenização por danos morais, poderia ser obrigado a ceder seu púlpito ao irmão, para que usufruísse do direito de resposta contra as acusações que lhe foram atribuídas,

Nesse aspecto, é preciso também muito cuidado com todo e qualquer conhecimento da vida pessoal de terceiros que, em função do ministério, o ministro obtiver De acordo com o Código Penal, constitui crime a revelação de segredo nessas circunstâncias. Somente em caso de delitos de natureza pública (aqueles que interessam a toda a comunidade, como homicídio, roubo etc.) poderá o obreiro revelar o fato. Mas até isso é discutido em Direito.

Assim como a proteção pessoal, a Constituição também ampara a criação intelectual, devendo a igreja ter o máximo cuidado com materiais dessa ordem.

Livros, apostilas, revistas, jornais, material de áudio, vídeo ou mídia —tudo precisa ser devidamente policiado, a fim de evitar-se apropriação de idéia alheia. Para tanto, deve a igreja contar com uma boa revisão de seus trabalhos e sempre indicar a fonte de suas pesquisas.

No caso da Internet, embora o material seja acessível a qualquer pessoa, vigoram os mesmos direitos autorais de uma obra qualquer, sendo necessária uma autorização expressa do autor, sempre que houver compilação de grandes trechos ou publicação de imagens.

O mesmo cuidado deve ocorrer com a palavra falada. Se preciso mencionar idéias de terceiros, deve o pregador sempre indicar a fonte. Se não quiser citar nomes, pode falar genericamente, referindo-se a “certo escritor”, “certo ministro”, “certo livro” etc. Caso contrário, além do risco jurídico, pode o pregador cair no ridículo, caso haja na audiência alguém que conheça a verdade.

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