ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    1/9

     

    AULA 33 PROCESSO DE RETIFICAÇÃO:

    OPERAÇÕES DE CORTE

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    2/9

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    3/9

    257

    Prof. Dr. André João de Souza

    33. 

    PROCESSO DE RETIFICAÇÃO:OPERAÇÕES DE CORTE

    33.1. Introdução

    As peças que serão retificadas, normalmente, chegam à retificadora com um sobremetal controlado.

    O sobremetal de retificação é definido como a diferença em milímetros entre a peça usinada por um

     processo de usinagem anterior e a peça pronta após retificação. Nos casos de retificação individual de

     peças ou em séries muito pequenas a magnitude do sobremetal não é muito importante. Contudo, em

     produção seriada é muito importante manter o sobremetal controlado dentro de uma tolerância razoável

     para não submeter a retificadora a uma variabilidade muito grande de esforços e mesmo para que os

    tempos de retificação sejam previsíveis e repetidos.

    Existem diferentes doutrinas na fixação do sobremetal ideal.As doutrinas que consideram a retificação um processo de acabamento visando a obtenção de um

    máximo de precisão dimensional, um máximo de precisão geométrica e um melhor acabamento possível,

     preferem um sobremetal menor. Essas doutrinas são normalmente de origem europeia.

    Já as doutrinas que consideram que a retificação é um processo que deve ser o mais produtivo

     possível privilegiam um compromisso mais produtivo entre as fases de usinagem (torneamento,

    fresamento etc.) e retificação e as precisões (dimensional, geométrica e de acabamento) que serão obtidas.

    Essas são as doutrinas de origem norte-americana que normalmente optam por sobremetais

    consideravelmente maiores.

    É usual dividir um processo de retificação em desbaste e acabamento, intercalados por umadressagem do rebolo. Em retificações de alta produção procuram-se realizar as duas fases

    consecutivamente sem uma dressagem intermediária. Nesses casos, as dressagens (manuais ou

    automáticas) intercalam-se a cada “n” peças, considerando-se que as variações das peças dentro de cada

    um desses lotes podem ser toleradas.

    Quando se divide a operação entre desbaste e acabamento, na primeira fase remove-se de 80% a

    90% do sobremetal, utilizando-se de parâmetros elevados de avanços do rebolo e velocidades elevadas

    tanto da peça como do deslocamento da mesa, por exemplo. O acabamento é feito com parâmetros

    significativamente menores para não se superar as tolerâncias dimensionais e geométricas desejadas e

    nem superar a rugosidade superficial máxima tolerada.

    33.1.1.  Classificação

    Os processos de retificação podem ser classificados:

      Segundo a dureza da peça usinada:

      Retificação mole ou verde: realizada antes do tratamento térmico, com a peça ainda mole, para

    gerar superfícies precisas que sirvam de referência para outras operações de usinagem.

      Retificação dura: realizada depois do tratamento térmico, com a peça já endurecida, com a

    finalidade de conferir as dimensões finais à peça usinada.

      Segundo a superfície a ser usinada:

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    4/9

    258

    Prof. Dr. André João de Souza

      Retificação cilíndrica

    o   Externa

      Entre pontas

      Longitudinal (ou de passagem)

     

    Mergulho (ou com avanço de penetração)  Sem centros (centerless)

    o   Interna

      Retificação plana

    o  Tangencial

    o   Frontal

      Outras

    33.2. 

    Retificação Cilíndrica Externa Entre Pontas

    A retificação cilíndrica externa baseia-se no princípio de se fazer a peça girar em torno de seu eixo

    e deslocar-se no sentido axial, em contato com a periferia de um rebolo (ferramenta abrasiva), que

     periodicamente avança contra a peça.

    Para que a retificadora cilíndrica possa gerar uma forma cilíndrica na peça há necessidade que os

    eixos de rotação da peça e do rebolo sejam paralelos e coplanares. Caso os dois eixos não sejam paralelos,

    a forma gerada pela retificadora será cônica. Caso os dois eixos não sejam coplanares, a forma gerada

     pela retificadora será adelgaçada como um hiperboloide.

    Entende-se como fixação de uma peça entre pontas em uma retificadora cilíndrica quando ela ésuportada entre centros por pontas cônicas inseridas nos cabeçotes porta-peça e contraponto da máquina

    que adentram os furos de centro da peça. Os furos de centro das peças cilíndricas são normalmente pré-

    existentes em decorrência das operações prévias de torneamento. Os furos de centro das peças devem

    estar livres de rebarbas ou marcas de vibração.

    A peça fixada entre pontas recebe a sua rotação através de uma placa de arraste disposta no

    cabeçote porta-peças da máquina. Na fixação entre centros, a árvore do cabeçote porta peças não gira.

    Somente a placa de arraste gira. A árvore fica parada e no seu cone Morse se insere um centro de apoio.

     No cabeçote contraponto também está inserido um centro de apoio similar para compor o apoio entre

    centros da peça. O eixo do cabeçote contraponto apresenta sempre um deslocamento longitudinal retrátil

     pequeno, o suficiente para que a peça, já alojada de um lado, entre em posição e seja fixada quando o

    centro de apoio volte para a sua posição normal.

     Nem sempre é possível fixar a peça entre pontas, particularmente em peças curtas e vazadas de um

    lado; nestes casos a peça é fixada em placa de castanhas adaptada ao cabeçote porta-peças. As peças

     podem ser fixadas também por pinças elásticas. Para peças muito pesadas muitas vezes prefere-se aplicar

    centros de apoio giratórios nos cabeçotes porta-peças e contraponto em lugar dos centros fixos. Alguns

    tipos de peças podem ainda requerer placas magnéticas circulares para a fixação.

    As retificadoras cilíndricas apresentam normalmente duas mesas, uma inferior (chamada de mesa

     prismática que se desloca em guias sobre o barramento longitudinal da máquina) e outra superior

    (designada de mesa angular, que pode girar em torno de um pino central sobre a mesa prismática, permitindo ajustes angulares e retificações cônicas).

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    5/9

    259

    Prof. Dr. André João de Souza

    A retificação cilíndrica externa pode ser longitudinal ou de mergulho. Nos dois casos, tanto a peça

    quanto o rebolo possuem movimento de rotação.

    33.2.1.   Retificação Longitudinal (“Traverse Grinding”) 

     Na retificação longitudinal (Fig. 33.1), também chamada de retificação de passagem, o avanço paralelo ao eixo da peça pode ser efetuado através do movimento da mesa da retificadora ou através do

    movimento do rebolo. No caso, o comprimento da peça é maior que a espessura do rebolo.

    Figura 33.1  –  Retificação cilíndrica externa longitudinal entre pontas.

    O avanço em profundidade (geralmente automático) é discreto e realizado ao fim de cada avanço

    longitudinal (quando o rebolo chega ao fim da peça –  reversão da mesa), para propiciar uma nova retirada

    de material na próxima passada do rebolo durante o avanço longitudinal. As posições de reversão do

    movimento longitudinal devem ser feitas de tal forma que apenas 1/3 da espessura do rebolo saia de cada

    lado. Para terminar, de duas a três passadas sem avanço devem ser efetuadas para realçar o acabamento.

    33.2.2. 

     Retificação de Mergulho (“Plunge Grinding”) 

     Na retificação de mergulho (Fig. 33.2), também chamada de retificação com avanço de penetração,

    o rebolo executa movimento de avanço em uma direção perpendicular à superfície retificada.

    Figura 33.2 - Retificação cilíndrica externa de mergulho entre pontas.

    Comumente a peça possui somente movimento de rotação podendo, no entanto, apresentar um

     pequeno movimento longitudinal. O rebolo, geralmente, é mais largo que o comprimento da superfícieque está sendo retificada e o processo é mais rápido e mais econômico que o anterior (de passagem). Às

    Rebolo

    Peça

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    6/9

    260

    Prof. Dr. André João de Souza

    vezes, apesar de não ser necessária em retificações de mergulho, para se diminuir a rugosidade da

    superfície retificada, coloca-se a mesa para realizar pequenos deslocamentos à esquerda e à direita.

    A extraordinária produtividade da retificação por mergulho, quando comparada à retificação de

     passagem, pode ser aproveitada realizando-se múltiplos mergulhos em uma peça cilíndrica mais longa;

    depois, para finalizar, realizar algumas poucas passadas para eliminar eventuais marcas indicativas de

    várias penetrações. Os vários mergulhos devem se sobrepor, à esquerda e à direita, no mínimo 3 mm

    aproximadamente. Idealmente deve-se deixar um sobremetal remanescente de 0,01 mm para ser removido

    nas passadas finais de acabamento.

    Pode-se também fazer a retificação de várias superfícies simultaneamente com diversos rebolos

    montados um ao lado do outro, separados por anéis (isto se dá em máquinas retificadoras convencionais

    de alta produção), ou uma superfície de cada vez –  principalmente nas retificadoras CNC.

    O processo de retificação de mergulho entre pontas também permite a usinagem de perfis variados,

     bastando para isso dar a forma adequada ao rebolo.

    33.3. 

    Retificação Cilíndrica Externa Sem Centros

    Uma peça cilíndrica comprida e de pequeno diâmetro, fixada entre centros em uma retificadora

    cilíndrica, tende à flexão devido à pressão exercida pelo rebolo na operação. Uma peça também

    cilíndrica, porém curta, torna difícil a retificação entre pontas devido à proximidade dos contrapontos,

    dificultando a aproximação e a movimentação do rebolo. Assim, desenvolveu-se o processo de retificação

    cilíndrica externa sem centros (centerless) em máquinas construídas especialmente para estes casos.

    A retificação é mais fácil e rápida (sem tempos passivos com a colocação e com retirada da peça da

    máquina, e com aproximação e afastamento do rebolo), porém menos precisa e, é lógico, não pode ser

    feita em peças que apresentam muitos escalonamentos. A Figura 33.3 esquematiza este processo.

    (a) Ref. Usinagem Técnica AGAZ Ltda. (b)

    Figura 33.3  –  Retificação centerless 

    A peça é apoiada (não fixada) na cunha de apoio (ou lâmina de espera) de aço com elevada dureza.

    O rebolo de corte gira em altíssima velocidade de rotação e faz pressão sobre a peça, retificando-a. A

     peça rola sobre si mesma devido ao atrito gerado pelo rebolo de arraste, o qual gira no sentido indicado

     pela seta (Fig. 33.3b). Para que se obtenha uma boa retificação, a peça deve constantemente tangenciar os

    dois rebolos e a cunha de apoio.

    O rebolo de corte tem diâmetro maior (400 a 600 mm), largura de 100 a 250 mm e velocidade

     periférica também maior (20 a 30 m/s). O rebolo de arraste tem diâmetro menor (250 a 400 mm), larguraigual à do rebolo de corte (100 a 250 mm) e velocidade periférica bem menor (8 a 50 m/min). Os eixos

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    7/9

    261

    Prof. Dr. André João de Souza

    dos dois rebolos são levemente inclinados de 1 a 5° (conforme mostra a Fig. 33.3), para possibilitar o

    arraste da peça no sentido longitudinal (sentido de avanço da peça).

    Muitas vezes, duas ou mais retificadoras centerless são colocadas em série, de tal maneira que a

     peça passa por processos consecutivos, sem interrupção. Isto ajuda a melhorar a qualidade da peça obtida

     por esta operação que não é tão boa quanto a qualidade gerada pela retificação cilíndrica entre pontas.

    33.4. Retificação Cilíndrica Interna

     Na retificação cilíndrica interna, normalmente a peça fica presa ao cabeçote da máquina-ferramenta

    com movimento de rotação (Fig. 33.4). O movimento de avanço pode ser realizado pelo cabeçote ou pelo

    rebolo. Este movimento é axial de ida e volta. No retorno do rebolo, este sai da peça e, então, ocorre um

     pequeno movimento de penetração radial, para que uma nova camada de material seja retirada no

     próximo passe da ferramenta. Geralmente são necessárias diversas passadas do rebolo para se retirar todo

    o sobremetal. Existem algumas retificadoras que não têm movimento de rotação no cabeçote porta-peça e

    o rebolo tem movimento planetário.

    A retificação cilíndrica interna pode ser feita em retificadoras cilíndricas externas convencionais,

    desde que equipadas com um aparelho de retificação interna ou por retificadoras específicas para a

    retificação de diâmetros internos (fotos da Fig. 33.4).

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 33.4  –  Retificação cilíndrica interna: (a) padrão; (b) planetária; (c) calçada sem centros;(d) roletada sem centros.

    A retificação interna apresenta o maior arco de contato rebolo-peça quando comparada à retificação

    cilíndrica externa e à retificação plana tangencial. Como as forças normais e tangenciais submetidas ao

    rebolo são proporcionais aos arcos de contato, conclui-se que justamente no caso da retificação interna,

    onde o índice de rigidez do conjunto porta-rebolo é menor para uma mesma taxa de remoção de material,

    as forças normais e tangenciais envolvidas sejam cerca de 70% maiores.

    Como a retificação interna exige que o rebolo fique em balanço, isto causa uma maior imprecisão

    no processo devido à deflexão do eixo porta-rebolo. Para que as deflexões excessivas não ocorram nas

    hastes porta-rebolo de retificação interna, recomendam-se avanços, profundidades de corte e velocidades

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    8/9

    262

    Prof. Dr. André João de Souza

    da peça e do rebolo da ordem de 40 a 50% menores que aqueles que seriam utilizados em retificações

    externas similares.

    Também, a necessidade de se ter um rebolo com pequeno diâmetro (entrar no furo a ser usinado)

    faz com que sua rotação tenha de ser bastante alta (em torno de 15000 rpm) para que se possam ter

    velocidades periféricas similares às da retificação externa.

    Outra questão crítica na retificação interna é a refrigeração que deve ser introduzida dentro do furo

    que estiver sendo retificado, havendo necessidade muitas vezes de se desenvolver bocais de descarga

    apropriados para cada situação.

    33.5. Retificação Plana

    Costuma-se distinguir entre a retificação plana tangencial e frontal.

    33.5.1.   Retificação Plana Tangencial

     Na retificação plana tangencial (Fig. 33.5), o eixo do rebolo é paralelo à superfície retificada. A

    mesa executa um movimento de avanço alternativo e um movimento de avanço transversal, enquanto o

    rebolo executa o movimento de avanço em profundidade. Este tipo de retificação plana é mais lento e

    muito usado para a retificação de peças grandes de baixa produção.

    Figura 33.5  –  Retificação plana tangencial.

    O método mais comum de fixação de peças em retificadoras planas é o das placas magnéticas ou

    eletromagnéticas. O campo magnético liberado pelos pólos dessas placas atrai os materiais ferrosos com

    força suficiente para que eles suportem os esforços de retificação. Em placas de pequenas dimensões

    (placas magnéticas permanentes) usualmente o campo magnético é gerado pelo deslocamento mecânico

    de conjuntos de imãs permanentes dentro da estrutura em forma de caixa que compõe a unidade. Em

     placas maiores (placas eletromagnéticas  –  ver foto na Fig. 33.5), o sistema utilizado para a geração de

    campos magnéticos é o de bobinas elétricas no interior da caixa.

    O sobremetal em retificações planas tangenciais dependem quase que exclusivamente das

    condições de empenamento e falta de planicidade da peça antes da retificação. Em geral, pode-se dizer

    que um sobremetal entre 0,1 e 0,8 mm situa-se em faixa razoável para esta operação, dependendo dasdimensões gerais da peça, resguardando-se sempre a questão da necessidade de se eliminar os

    empenamentos.

  • 8/20/2019 ApostilaUsinagem-Aula33-p.257-263.pdf

    9/9

    263

    Prof. Dr. André João de Souza

    Usualmente divide-se a operação de retificação plana tangencial em desbaste e acabamento,

    intercalados por uma dressagem do rebolo. Na primeira, remove-se de 80 a 90% do sobremetal

    utilizando-se parâmetros elevados de avanços transversais e verticais (aprofundamento), por exemplo. No

    segundo, utilizam-se avanços transversais menores, avanços verticais mínimos e algumas passadas

    transversais sem qualquer avanço vertical.

    33.5.2.   Retificação Plana Frontal

     Na retificação plana frontal (Fig. 33.6), o eixo do rebolo é perpendicular à superfície retificada. Em

    geral, o rebolo é bem maior que a peça, o que dispensa o avanço transversal e possibilita a retificação de

    diversas peças simultaneamente, aumentando em muito a produtividade do processo.

    Figura 33.6  –  Retificação plana frontal.

    Existem as retificadoras planas frontais de mesas retangulares alternativas, mas as mais comuns são

    as de mesa circular giratória. As peças são fixadas em placas eletromagnéticas giratórias à base de latão e

    aço, normalmente de polos anulares concêntricos, e conectores elétricos giratórios para a transmissão da

    corrente elétrica contínua (Fig. 33.6).

    Mais comum que a utilização de rebolos copo é a utilização de rebolos em anéis segmentados.

    Estes anéis permitem que a refrigeração seja alimentada pelo centro do eixo porta-rebolo, possibilitando

    que os intervalos entre os segmentos abrasivos sirvam para o escoamento do fluido de corte.

    Apesar de resultar em acabamentos inferiores quando comparados aos obtidos na retificação

    tangencial, a retificação frontal apresenta a vantagem de uma produtividade bem maior.

    33.6. Outras Operações de Retificação

    Além das citadas, existem também algumas operações específicas de retificação tais como:

      Retificação esférica;

      Retificação de engrenagens;

      Retificação de roscas;

      Retificação de eixos entalhados;

      Retificação de círculos excêntricos (virabrequins) e cames;

     

    Retificação de rolos de laminação;

      Afiação de ferramentas de corte.