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PSICOMOTRICIDADE
PROFESSOR: Ronnisson Barbosa
Psicomotricidade, Psicopedagogia e Educação Física
Apesar de não serem a mesma coisa, psicopedagogia e psicomotricidade são áreas de
caráter interdisciplinar e complementam-se. Psicomotricidade é uma área de estudo
da educação física e da psicologia; surgiu na França por volta de 1950. É o controle
mental sobre a expressão motora; seu significado está na relação entre o movimento,
o pensamento e a afetividade.
Segundo Dupré (apud COSTA, 2001, P. 23), as perturbações psicológicas têm estreitas
relações com as perturbações motoras.
Psimotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, e ao mesmo tempo
coloca em jogo as funções da inteligência.
A psicopedagogia constituiu-se, muito recentemente, como área definida de estudo do
processo de aprender e de investigação das dificuldades apresentadas pelo
aprendente, enquanto sujeito e objeto desse processo.
Segundo neves (apud PELOSI, 2000, p. 09), a psicopedagogia estuda o ato de aprender
e ensinar, levando sempre em conta as realidades internas e externas da
aprendizagem, tomadas em conjunto. Estuda a construção do conhecimento em toda
sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos,
afetivos e sociais que lhe são implícitos.
A psicopedagogia e a psicomotricidade estão intimamente ligadas ao processo de
aprender e não aprender. Este processo da não aprendizagem exige atendimentos
multidisciplinares, interdisciplinar e transdisciplinar. O sintoma do não aprender não
configura um quadro permanente; é necessário identificar as causas dos distúrbios,
problemas ou dificuldades de aprender e por meio de uma visão interdisciplinar
explicar tais causas e tentar saná-las.
O profissional da área de Educação Física deve conhecer as técnicas de intervenção
psicomotoras e, em um trabalho conjunto com o psicopedagogo estabelecer uma
relação teórica- prática, um ponto de intersecção significativo, que possa vir auxiliar,
positivamente, as crianças que apresentarem dificuldades para aprender.
A concepção de distúrbios de aprendizagem que circula por muito tempo nos meios
educacionais brasileiros tem sua origem na medicina. Tal concepção, organicista e
linear, apresenta uma conotação patológica, uma vez que, todo o indivíduo com
dificuldades na escola, é considerado portador de disfunções psiconeurológicas,
mentais ou psicológicas.
Com a evolução dos estudos sobre a questão do não aprender e na tentativa de
modificar essa concepção patológica que atribuímos a este fato, e ainda, com
descoberta da lingüística e psicolingüística, evidenciou-se uma diferença entre
distúrbios, problemas e dificuldades de aprendizagem. Acreditamos que todo
profissional da área de educação deva conhecer essa nova concepção, a fim de facilitar
sua intervenção em sala de aula.
Para a psicanálise, distúrbios de aprendizagem estão mais ligados a fatores orgânicos;
problemas de aprendizagem estão mais ligados a questões emocionais, sociais e
familiares; já as dificuldades de aprendizagem estão mais ligadas ao processo normal
de aprendizagem e podem ser decorrentes de oscilações que marcam as diferentes
etapas do desenvolvimento, mas podem ter como causa uma não adaptação a uma
metodologia ou a uma relação mal estabelecida com a escola, à disciplina estudada ou
com o professor.
Trata-se aqui, baseado nesses conceitos, compreender o porquê das dificuldades
(método) e de problemas (afetivos) de aprendizagem; acreditamos que a metodologia
precisa ser revista; o nosso papel é resgatar a auto-estima e o desejo de aprender do
educando, tentando eliminar os possíveis obstáculos da ação motora, porque desde o
princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo.
O não aprender é uma questão do dia a dia nas escolas, que, por desconhecer teorias e
técnicas para lidar com problemas e dificuldades de aprendizagem, deixa a criança
entregue a sucessivos fracassos ou acabam por encaminhá-la a um especialista.
Nas aulas de Educação Física poderá ser criado um ambiente acolhedor, com
“atividades” lúdicas interdisciplinares, que irão propiciar a criança, lidar com suas
fantasias, frustrações, rejeições, depressão, agressão e agressividade. Assim, ela vai
redimensionando suas ações e sentimentos, integrando na formação de sua
personalidade aspectos adquiridos na relação com o outro, descobrindo e conhecendo
novas aprendizagens, e o que antes era apenas uma ação-motriz se interioriza,
transformando-se em pensamento e produzindo uma clara distinção entre o
significado e o significante, resultando em novas aprendizagens e em elaboração do
pensamento. Portanto, há equilíbrio das funções psicomotoras, cognitivas e afetivas.
Sabe-se que a dificuldade de manejo do simbólico dificulta o processo da
aprendizagem, da leitura e da escrita. Estas dificuldades surgem quando acontece um
desequilíbrio dessas funções psicomotoras, cognitivas e afetivas.
Defende-se aqui que as propostas devam ser vivenciadas a cada dia, com materiais
bastante diversificados, favorecendo os movimentos corporais e as experiências, com
objetivo de trabalhar uma psicomotricidade diferenciada, em que a inteligência, a
atenção, a concentração, a percepção, a memória e outras funções sejam
constantemente estimuladas, na busca de uma ação consciente do sujeito em prol da
sua própria superação e em prol do auto- equilíbrio das funções em questão.
Enfim, Educação Física, psicomotricidade e psicopedagogia são áreas do conhecimento
que se completam por sua similaridade e apresentam pontos de intersecção no
atendimento aos problemas de aprendizagem. O corpo é o eixo comum na prática de
todas as três áreas, porta-voz dos sintomas e sede dos problemas de aprendizagem
e/ou problemas psicomotores.
Nas suas práticas, estas buscam subsídios, ainda, na neurologia, lingüística, psicologia,
sociologia e psicanálise como forma de abordagem do sujeito portador de dificuldade
de aprendizagem, em sua dimensão psicomotora, social, cognitiva e emocional.
No sujeito aprendente, objetividade e subjetividade entrelaçam-se no contexto do
aprender. “O corpo em seus movimentos, transmite e capta. É o porta-voz de seu
saber e conhecer, mas exige apenas o interlocutor que saiba eficazmente decodificar
sua mensagem expressa numa linguagem sem sons verbalizados.” (COSTA, 2001, p.74)
Quando se tem uma união harmoniosa de movimentos que permitam combinação de
diversos grupos musculares com eficiência, economia de tempo e rapidez de ação, diz-
se que estamos coordenados. Porém, esta coordenação está intimamente ligada ao
pensamento também, ou seja, a coordenação é trabalho psicomotor e é responsável
pelo aprendizado.
Ferreira (2003, PP 29, 30 e 31) afirma que podemos por meio das aulas de Educação
Física (aplicadas a psicomotricidade) trabalhar as seguintes habilidades psicomotoras:
Lateralidade e direcionalidade, domínio visual, freio-inibitório, ritmo, orientação
espaço/tempo, consciência corporal.
OBRA DE REFERÊNCIA: EDUCAÇÃO FÍSICA; INTERDISCIPLINARIDADE, APRENDIZAGEM E
INCLUSÃO da professora Vanja Ferreira.