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25/07/2018 3
Rigidez de preços e salários revisitada
Contrapondo-se à escola novo-clássica, que trabalha com concorrênciaperfeita e equilíbrio contínuo dos mercados mesmo no curto prazo, osnovo-keynesianos retomam o tema de falhas de mercado,considerando a existência de concorrência imperfeita e rigidez depreços e salários decorrentes de ajustes não-sincronizados, mesmocom agentes com expectativas racionais e maximizadores.
No longo prazo, contudo, as hipóteses e resultados são os mesmos, istoé, há flexibilidade de preços e salários, informação perfeita e aeconomia opera em equilíbrio.
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Rigidez de preços e salários revisitada
Para os economistas novo-keynesianos, choques de demanda teriamimpacto sobre o produto e emprego devido à rigidez de preços esalários, que impede o ajuste nos mercados de trabalho e bens eserviços (e não devido a erros de expectativa ou choques tecnológicos).
Os microfundamentos que explicam a existência de rigidez de preços esalários mesmo com agentes racionais maximizadores seriam:
• Contratos nominais – normalmente com periodicidades de reajuste(anula, semestral, trimestral) superior ao período de produção,impede reajuste imediato frente à mudanças de cenário.
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Rigidez de preços e salários revisitada
• Falhas de Coordenação – descentralização nas decisões de reajustede preço das firmas pode causar rigidez por pressão deconcorrência.
• Custos de Menu – custos associados à reimpressão de catálogos depreços, renegociação de contratos com fornecedores/distribuidorese clientes.
• Existência de Insiders/Outsiders – trabalhadores empregados eparticipantes de sindicatos pressionam os ajustes salariais em causaprópria, em detrimento ao interesse dos desempregados (outsiders).
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Rigidez de preços e salários revisitada
• Defasagem temporal dos reajustes salariais – causa resistência àqueda nos salários nominais com objetivo de sustentar salários reaisrelativos inter e intra-categorias de trabalhos.
• Salário-Eficiência – reflete decisão das empresas pagarem salárioreal mais elevado que o salário real de equilíbrio com objetivo deassegurar maior produtividade, decorrente de melhor seleção, maiordedicação (seja por custo de oportunidade ou porcomprometimento) e menor rotatividade (que aumenta experiênciae diminui custo de demissão e contratação).
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Política Econômica
Como o mecanismo de preços não funciona adequadamente, devido àexistência de rigidez, e flutuações de demanda podem gerardesemprego involuntário prolongado, há espaço, na visão dos autoresnovo-keynesianos, para política econômica anticíclica, particularmentenos períodos de desaceleração.
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Fundamentos Teóricos
O novo-consenso reúne alguns elementos das escolas depensamento antecedentes, com destaque para existência de umataxa natural de desemprego (monetaristas), hipótese deexpectativas racionais (novo-clássica) e rigidez de preços e salários(novo-keynesiano), caracterizando uma “nova-síntese” do avançosda teoria macroeconômica convencional.
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Fundamentos Teóricos e o Regime de Metas de Inflação
Considerando que é importante estabilizar preços e produtos nocurto prazo, a influência das expectativas na determinação dainflação no curto prazo e na transmissão da política monetária e ainexistência de trade-off entre desemprego e inflação no longoprazo, o novo-consenso estabelece que o melhor arranjoinstitucional para condução da política monetária é por meio doRegime de Metas de Inflação, que permite discricionariedaderestrita ao Banco Central, que deve ajustar a taxa de juros de curtoprazo para controlar a inflação e minimizar as flutuações.
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OModelo do Novo Consenso
O modelo do novo consenso baseia-se nas seguintes equações:
• IS forward-looking:
𝑦𝑡 = 𝑎1𝑦𝑡−1 + 𝑎2𝑦𝑡+1𝑒 − 𝑎3 𝑖𝑡 − 𝜋𝑡+1
𝑒 + 𝑔𝑡
• Curva de Phillips expectacional:
𝜋𝑡 = 𝑏1𝑦𝑡∗ + 𝑏2𝜋𝑡−1 + 𝑏3𝜋𝑡+1
𝑒 + 𝑧𝑡
• Regra de Taylor:
𝑖𝑡 = 𝑟𝑡∗ + 𝑐1𝑦𝑡−1
∗ + 𝜋𝑡+1𝑒 + 𝑐2 𝜋𝑡−1 − ത𝜋𝑡
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O Modelo do Novo Consenso
De maneira simplificada, o funcionamento deste modelodetermina que, se a inflação no período anterior ultrapassar ameta, de acordo com a Regra de Taylor, a taxa de juros seráelevada, o que irá contrair a demanda, tal como retrata a ISforward-looking, e, pela redução do hiato do produto e pressão dedemanda, permitirá a redução gradual da inflação, tal comodetermina a curva de Phillips expectacional. A credibilidade nacondução da política econômica e os resultados reforçam aconvergência das expectativas em direção à meta de inflação, oque contribui para acelerar o processo de convergência efetivo.
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Política Econômica
Considerando o controle da inflação como condição indispensávelpara o crescimento no longo prazo e a ausência de trade-off entreinflação e desemprego no longo prazo, então os economistas donovo-consenso defendem uma discricionariedade limitada nacondução da política econômica para acomodar choques dedemanda, mas evitar volatilidade excessiva do produto.
A política monetária é o principal instrumento de políticaeconômica para alcançar controle da inflação e estabilização doproduto, enquanto as demais (fiscal, cambial, comercial, renda,etc.) ficam subordinadas.
SICSÚ, J. (2002). “Políticas Não-Monetárias de Controle da Inflação: uma proposta pós-keynesiana”. Revista Análise Econômica, ano 21, n. 39
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Inflação de Demanda
Associada à elevação de preço que acompanha o aumento daprodução em função da queda da produtividade marginal dotrabalho. Em termos estritos, corresponde à elevação de preçoquando a economia opera em pleno emprego.
Inflação de Custo
Causa do processo se encontra no lado da oferta e o repasse parapreço, em geral, depende do hiato do produto e do grau demonopólio das firmas.
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Inflação de Custo
• Inflação de salários: trabalhadores conseguem aumentos desalários por meio de negociações que são parcialmente outotalmente repassados para preços.
• Inflação de grau de monopólio ou de lucros: elevações depreços resultante de mudanças nos mark-ups cobrados pelasfirmas sobre os custos, em geral, decorrente de processo deconcentração de mercado.
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Inflação de Custo
• Choque de oferta inflacionário: causado, por exemplo, porquebra de safra agrícola ou escassez de energia elétrica, emgeral, custos importantes na cadeia produtiva.
• Inflação importada: derivada de elevação no preço de produtosimportados ou desvalorização da taxa de câmbio que encareça ocusto de bens e serviços importantes na cadeia produtiva ou nacesta de consumo dos residentes.
• Inflação de imposto: gerada por repasse a preços de custostributários.
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Inflação de Custo
Partindo do ponto A, no caso de umainflação de custo, o governo pode: i)não fazer nada e a economia move-separa o ponto B, com menor produto emaior preço; ii) reduzir a demandapara manter preços inalterados, C; ouiii) ampliar a demanda para manter onível de produtos, apesar de resultarem maior inflação, D.
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Ys
Yd
Y’d
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Ys1
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Inflação de Custo
A opção decorrente do Regime deMetas de Inflação rígido, onde umchoque de oferta é capturado em ztna curva de Phillips ( 𝜋𝑡 = 𝑏1𝑦𝑡
∗ +𝑏2𝜋𝑡−1 + 𝑏3𝜋𝑡+1
𝑒 + 𝑧𝑡 ), é contrair ademanda para manter a inflação sobcontrole, apesar de a inflação ser decusto (e não de demanda) e dosefeitos negativos sobre a produção eo emprego.
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Abordagem Estruturalista
A inflação é decorrente da estrutura econômica (produtiva, dedistribuição de renda e inserção internacional) que gera pressão depreços de maneira recorrente com a própria dinâmica de crescimentocomo resultado da inelasticidade de oferta de alguns setores (comoprodutos agrícolas, intermediários ou de bens de capital),desequilíbrios crônicos no comércio exterior (dadas as diferencias naselasticidade-rendas de importação e exportação), que causam pressãocambial, e disputas de classe entre sindicalistas e empresasoligopolistas, além da rigidez do orçamento público, que dificulta açãodo estado – não são fatores circunstanciais.
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Abordagem Inercialista
Existência de sistemas formais e informais de indexação de preços,salários e ativos e de expectativas inflacionárias realimentam oprocesso de elevação de preços comportando-se comocomponentes mantenedores da inflação, que combinam-se aocomponentes aceleradores associados a custo ou demanda.
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Política Econômica
Na visão dos autores que acreditam que existem diversas causas parainflação, apenas a inflação de demanda deveria ser combatida pormeio de políticas contracionistas.
Inflação de custo deveria ser combatida por meio de políticas quevisem estimular o desenvolvimento tecnológico, qualificação, formaçãode estoques reguladores, estabelecimento de regras para reajuste depreços e salários acompanhando a evolução da produtividade, gerarmovimentos compensatórios de câmbio e impostos em caso deinflação importada e impostos seletivos em caso de inflação deimpostos.
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Política Econômica
A inflação estrutural depende de uma série de reformas voltadas paradesenvolver a estrutura produtiva, viabilizar o investimento público,melhorar a pauta exportadora e o perfil de distribuição de renda.
No caso da inflação inercial, o debate sobre as alternativas segue entreo congelamento de preços acompanhado de extinção de mecanismosde indexação, a introdução de moedas paralelas que expurguem oefeito inflacionário e a necessidade de controle das pressões dedemanda que funcionam como aceleradores.