Upload
truongdung
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Mastite bovina
Diagnóstico, prevenção e tratamento
Letícia C. MendonçaVeterinária, Msc.
Analista P&D
Na maioria absoluta dos casos, não há
superbactéria ou tratamento
milagroso. O problema é
comum e que resolve é o arroz com feijão bem
feito
Definição da Mastite
Inflamação da glândula mamária: causa principal é a infecção bacteriana
Organismos invadem o úbere via canal do teto
O sistema imune da vaca envia células de defesa (células somáticas) para combater os
microrganismos
Migram pelo canal do teto e colonizam as células secretoras
Produzem substâncias tóxicas às células secretoras
A higiene dos tetos e o ambiente onde as vacas permanecem
entre ordenhas são dois importantes fatores de risco para
ocorrência de mastite.
Esses pontos devem ser rigorosamente monitorados para
reduzir o máximo possível a exposição dos tetos aos
patógenos
Staphylococcusaureus
Streptococcusagalactiae
Streptococcusuberis
Streptococcusdysgalactiae
Staphylococcuscoagulasenegativo
Coliformes
Principais patógenos
Diagnóstico da Mastite
Subclínica
Clínica
Diagnóstico Mastite Subclínica (rebanho)
- CCS de tanque de refrigeração (mensal)
Atendimento à legislação (IN62): < 400 mil céls/mL
Meta da propriedade: < 250 mil céls/mL
- Cultura microbiológica de tanque (periódico) Direcionador Critério na coleta e na interpretação
dos resultados
Diagnóstico Mastite Subclínica (vacas)Mensalmente
Meta: <15% das vacas com mastite subclínica
A campo: • CMT • CCS eletrônica(CCS > 200 mil céls/mL = mastite subclínica)
Laboratório: • cultura microbiológica clássica• diagnóstico molecular
Capacidade do teste CMT identificar quartos infectados
Patógenos Limite % quartos infectados
não identificados no
CMT
% quartos não
infectados que
reagiram ao CMT
Principais Traço 30% 32%
+ 50% 11%
Dois + 55% 4%
Menos importantes Traço 58% 32%
+ 85% 11%
Dois + 93% 4%Ruegg & Sekito,2003
Subjetividade do teste pode comprometer o resultado.
Treinamento!!!!!
Diagnóstico Mastite Subclínica
Avanços do diagnóstico molecular de patógenos da mastite: PCR em tempo real
Pode-se identificar até 11 patógenos em uma única amostra, dentro de poucas horas;
Pode-se identificar diferentes cepas (virulência, resistência, fonte infecção),e
Dificuldades: custo e interpretação dos resultados.
(Schukken et al., 2011)
Teste da caneca telada(e inspeção visual do úbere)
- Realizado em todas as ordenhas, em todas as vacas, em todos os tetos.
- Consiste na observação do aspecto do leite (presença de coágulos, pus, sangue, leite aquoso, amarelado)
Diagnóstico Clínica
- Diagnostica mastite clínica
- Elimina os jatos mais contaminados
- Estimula a descida do leite
Escore de severidade dos casos clínicos:
Grau 1: leite anormal (pus, sangue, coágulos)
Grau 2: leite e glândula mamária anormal (dor, edema, rubor, calor)
Grau 3: leite, glândula mamária e vaca anormal (apatia, desidratação, hipertermia)
Diagnóstico Clínica
Pinzón-Sánchez et al., 2011
Planilha Ocorrência de MastiteFazenda GenizinhaMês: setembro/2015
Vaca Teto Grau Data início Tratamento Data FinalLiberado parao tanque em
Mimosa1 2
1 08/9/2015Antibiotico IMM XXX + anti-inflamatório (3
dias)10/9/2015 14/9/2015
3 4
Sete Copas1 2
2 15/9/2015Antibiotico IMM XXX (3 dias)Antibiótico IMM YYY (3 dias)
19/9/2015 25/9/20153 4
1 23 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
1 2
3 4
• Falta de anotações adequadas sobre o tratamento: 53,2%
• Desconhecimento de informações importantes sobre o uso de antibióticos: 18,0%
• Deficiências na comunicação com os veterinários que atendiam os rebanhos: 15,6%
• Não realizar testes para detecção de resíduos na fazenda: 14,4%
• Não identificar vacas tratadas: 16,6%
Resíduos químicos no leite
Sischo et al., 1997 219 rebanhos leiteiros(EUA)
Cultura microbiológica dos casos clínicos:
- Ausência de crescimento em 30% das amostras: Número baixo de bactérias na amostra Infecção já eliminada (mesmo com sinais) Microrganismo não comum (Mycoplasma) Uso de antibióticos
- Amostra deve ser coletada antes do início de qualquer tratamento antibiótico
- Cultura on farm
Diagnóstico Clínica
Diagnóstico ClínicaCultura on farm
• Resposta 24 hrs (x 7 dias laboratórios)• Diferencia Gram-positivo (Staph e Strept) e
Gram-negativo (E.coli e Klebsiella) (Lago, 2009)
• Protocolo de tratamento seletivo
• Redução custos com tratamento de casos “sem crescimento” (-50% uso ATB)
• Redução custos com descarte do leite• U$ 3,00/amostra• Custo inicial U$ 50-100 (incubadora)
http://afsdairy.ca.uky.edu/extension/mastitis/onfarmculturing
Metas:
< 1 % de novos casos/mês 5-20% casos de mastite grau 3 <2% de casos fatais <20% casos com mudança de tratamento <30% de recidivas (14-21 dias) <20% casos com mais de 1 quarto mamário
afetado <5% de vacas com quarto mamário perdido
Diagnóstico Clínica
Ruegg, 2012. Managing Cows, Milking and the Environment to Minimize Mastitis. WCDS Advances in Dairy Technology. Volume 24: 351-359
Duas premissas:
Evitar novas infecções Tratar as infecções já
existentes
Controle e Prevenção da Mastite
Análise de situação– com microbiológico -
Estratégias direcionadas por perfil de contaminação:
S. aureus segregação descarte;
S. agalactiae tratamento durante a lactação (blitz
terapia);
Bactérias ambientais (S. uberis, S. dysgalactiae,
coliformes) rotina e limpeza das vacas e ambiente;
Staphylococcus coagulase-negativo intensificar
cuidados com as novilhas.
Análise de situação– sem microbiológico -
Estratégias direcionadas para ambos os perfis:
contagioso e ambiental
“Arroz com feijão” bem feito – Programa dos Seis PontosMonitoramento e treinamento constante (olho do dono)
Controle e Prevenção da Mastite
Programa dos Seis Pontos
1. Imersão de tetos pós ordenha (rotina de ordenha)
2. Limpeza e manutenção do equipamento
3. Higiene e conforto no ambiente de permanência dos
animais
4. Tratamento imediato dos casos clínicos
5. Terapia de vaca seca
6. Descarte e segregação de animais crônicos
A. Teste caneca de fundo preto
B. Desinfecção dos tetos pré-ordenha
C. Secagem dos tetos
D. Acoplamento das teteiras
E. Desinfecção dos tetos pós-ordenha
F. Ordenha separada dos animais doentes
1º ponto: Rotina de ordenha
Não há evidências de que a ordem em que são executados altera a qualidade do leite
Rodrigues et al., 2005
O uso do mesmo papel-toalha em
mais de uma vaca aumenta a taxa de mastite clínica de 7,8% para 12,3%
Rodrigues et al., 2005
Secar os tetos reduz CBT de 35
para 11 mil ufc/mLGalton et al.,
1986Não antes de 60 segundos e nem
depois de 3 minutos
Dzidic et al., 2004
VariávelVacas/Hr/Orde
nhador Tx Mensal MC
Rotina de Ordenha escrita
Sim 46,9 5,00%
Não 35,6 7,10%
Frequência de Treinamento
Frequentemente 49,4 5,80%
Nunca 33,6 9,60%
Rotina Completa de Ordenha
Sim 40,8 5,50%
Não 35,3 10,30%
Influência da Rotina de Ordenha sobre o desempenho em Fazendas de Wisconsin
Fonte: Ruegg,2002
Uso de ocitocina I.V.
• Bem estar• Transmissão doenças infecciosas• Aumento de produção??• Custo benefício?• Seleção gado mestiço?
2º Ponto: Limpeza e manutenção do equipamento de ordenha
Fatores importantes:
• Energia Mecânica
• Energia Química
• Tempo/Temperatura
Manutenção de equipamentos(e rotina de ordenha)
Em condição fisiológica padrão, é considerado normalde 5 a 20% de leite
residual Bruckmaier e Blum., 1998
• Manutenção de camas limpas e secas• Piquetes e camas sem acúmulo de esterco,
urina e barro• Áreas de circulação secas• Com disponibilidade de sombra e água
limpa e fresca
3º Ponto: Higiene e conforto do ambiente de permanência dos animais
Fonte: arquivo pessoal Mendonça, L.C.
Fonte: arquivo pessoal Mendonça, L.C.
Compost BarnFonte: arquivo pessoal Alessandro S. Guimarães
Compost BarnFonte: arquivo pessoal Alessandro S. Guimarães
Redução de CCS do tanque: - 411.000 para 275.000 células/ml Barberg et al., 2012
- 323.692 para 252.859 células/ml Black et al., 2013
Redução taxa de mastite clínica (-12%) Barberg et al., 2012
Diagnóstico precoce + Registro dos casos (número quartos afetados, tratamento, duração)
Cultura microbiológica dos casos clínicos
----- tratamento e descarte de vacas----
4º Ponto: Tratamento imediato dos casos clínicos
Grande dilema:
Custo x Eficácia do tratamento
Escolha do antibiótico
Uso de testes de sensibilidade para avaliar cura clínica
Sensibilidade in vitro x Tratamento de casos clínicos
Microrganismos sensíveis
Microrganismos resistentes
Cura bacteriológica 21 dias após tratamento
49% 47%
Hoe e Ruegg, 2005
Tratamento baseado no diagnóstico microbiológico
Antiinflamatório
Antibiótico IMM
1- Ordenha do quarto afetado a cada 2 ou 3 horas- Ocitocina pode ser usada;
2- Administração de grandes volumes de soluções balanceadas de eletrólitos via intravenosa;
3- Aplicação de anti-inflamatório por via intravenosa;4- Antibiótico: estudos recomendam administração sistêmica
no lugar da intramamária para casos grau 3 (Wenz et al., 2005; Poutrel et al., 2008)
Mastite por E.coli: taxa de cura espontânea é alta e osantibióticos IM tem ação limitada contra gram-negativos (Jones,
et al., 1990, Pyörälä, et al. 1994, Roberson et al., 2004)
Mastite Grau 3Terapia suporte
Tratamento da Mastite Clínica
o Quanto mais cedo o diagnóstico e mais rápido o início do tratamento, maior é a chance de cura.
o Cuidados com aplicação da bisnaga: 17% das aplicações veiculam bactérias para interior do teto (Ruegg, 2007)
o Definição de cura clínica: leite normal (sem alteraçõesvisíveis) depois de 5 dias e sem recidiva até 3 semanaspós tratamento (Deluyker et al., 1999)
o Vacas mais velhas e aquelas com histórico de casosclínicos são menos responsivas a tratamentos (Pinzon-Sanchez et al., 2010).
Vacas sem histórico de caso clínico tem 7 x mais
chance de cura bacteriológica e 11 vezes
menos chance de recidiva
Pinzon-Sanchez et al., 2010
Tratamento da Mastite Clínica
- Diferença da cura bacteriológica entre os patógenos: McDougall et al., (2007)
o Strep uberis (89%)o Strep dysgalactiae (69%)o Staph aureus (33%)o SCN (85%) o Pseudomonas, Mycoplasma, Serratia, Prototheca: 0%
- Diferença na duração do tratamento patógenos que invademtecidos secretores (S.aureus e S. uberis) X tecidos superficiais (E.coli e SCN) (Oliver et al., 2003)
- Fazendas que controlaram patógenos contagiosos: 25-40% dos casos clínicos são negativos no microbiológico e a taxa de curaclínica desses casos é alta, com ou sem tratamento (Guterbock et al., 1993, Morin et al., 1998).
Razões para falhas no tratamento
Tratamentos atrasados;
Inadequada seleção e utilização de drogas;
Interrupção de tratamentos precocemente;
Via de administração inadequada;
Reação inflamatória;
Formação de microabscessos;
Resistência de microrganismos às drogas;
Inativação de antibióticos pelo leite e pelas proteínas tissulares.
Previne novas infecções no período seco
Trata as infecções subclínicas adquiridas durante a lactação
Taxa de cura: 70-90%
5º Ponto: Terapia de vaca seca
Infecções subclínicasexistentes
Taxa
de
No
vas
Infe
cçõ
es
Lactação Período Seco
Parto Secagem Parto
Primariamente ambiental
(Adaptado de NATZKE, 1981)
Tratamento da mastite subclínica durante a lactação
• Geralmente é feito na secagem
• Durante a lactação, taxas de cura muito baixas:
– Infecção crônica
– Baixa concentração (tempo e quantidade) do antibiótico no local da infecção
• Tratamento diferenciado para S. agalactiae e S. aureus
Tratamento de S. agalactiae na lactação
• Objetivos:
– Eliminação do patógeno
– Redução rápida da CCS
• Resultados encontrados: taxa de cura entre 85 e 100% (Cruz e Molina, 2005, Mendonça, 2007).
• Protocolo: 3 a 6 aplicações consecutivas com antibióticos betalactâmicos
– Blitz Terapia -
• Expectativa cura espontânea casos clínicos e subclínicos: 0% (Oliver et al., 2004, Zhen et al, 2009)
• Revisão de 16 ensaios com tratamento de casos subclínicos com taxa média de cura de 48%, variando entre 17% e 95%.
• Excepcionalmente, a terapia estendida tem se mostrado eficiente (mínimo de 5 dias) nos seguintes casos: (Sol et al.,
2000; Barkema, et al., 2006)
– Primípara +
– Início da lactação +
– Infecção recente +
– Somente um quarto mamário afetado
Tratamento de S. aureus na lactação
- Apenas 7% das vacas são responsáveis pela ocorrência de 40% de todos os casos clínicos de mastite;
- Cerca de 50% de todo o leite descartado origina-se de apenas 6% das vacas. Nickerson, 2002
- Vacas cronicamente infectadas por S. aureus: o descarte deve ser considerado
6º Ponto: Segregação e descarte de vacas cronicamente infectadas
1. Definir metas2. Identificar rapidamente o problema3. Manter as vacas limpas4. Padronizar a rotina de ordenha5. Fazer a manutenção regular do equipamento de ordenha 6. Ter protocolos definidos de tratamento de mastite clínica7. Ter um plano de biossegurança na propriedade 8. Cuidar das vacas secas9. Capacitar os funcionários10. Contar com uma adequada assistência técnica
Dez regras de ouropara controlar a mastite
Pamela Ruegg - http://www.dairyherd.com/dairy-herd/10-smart-things-to-achieve-milking-excellence-218559321.html
Obrigada!
“ "Longo é o caminho ensinado pela teoria; curto e eficaz, o do exemplo." ”