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Introdução ao gerenciamento de riscos em engenharia de segurança do trabalho
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Disciplina: Gerenciamento de RiscosResponsável: Luiz Duarte – eng. ME
CURSOS LATO SENSU - ESPECIALIZAÇÃOENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO / HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 2
1 Plano de curso
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 3
2 Riscos
conceituação e evolução históricaDA PREVENÇÃO DE LESÕES À SEGURANÇA DE SISTEMAS
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Como base na origem etmológica da palavra, “risco”, é uma derivação da antiga
língua italiana denominada “risicare”, que representa evolução social, científica e
tecnológica do ser humano em “ousar”, que possibilita uma “escolha” do homem e
não um destino divinamente determinado.
Alguns autores costumam definir risco como a possibilidade de um evento adverso
que possa afetar negativamente a capacidade de uma organização para alcançar
seus objetivos. Dentro dessa acepção o risco é considerado um evento indesejável.
No entanto, dentro de uma visão macro, sabemos que ao apostar na Mega-Sena
estamos correndo o risco de ganhar, o que, de forma alguma, é algo negativo ou
indesejável. Para esses autores a possibilidade de um evento conduzir a um
resultado favorável é chamada de Chance, enquanto a Possibilidade de um evento
conduzir a um resultado desfavorável é de Risco.
Conceituação de risco
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O risco poderá ter pelo menos três significados:
Hazard: Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para
causar danos como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao
meio-ambiente, perda de material em processo ou redução da capacidade de
produção. A existência do risco implica na possibilidade de existência de efeitos
adversos.
Risk: Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período
específico de tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela
probabilidade de um acidente multiplicado pelo dano em valores monetários, vidas
ou unidades operacionais.
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Incerteza: Quanto à ocorrência de um determinado acidente.
Para a Segurança do Trabalho o risco expressa uma probabilidade de possíveis danos
dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, ou seja,
representa o potencial de ocorrência de conseqüências indesejáveis.
O Risco pode ser calculado através da identificação dos efeitos adversos potenciais de
um fenômeno a ser analisado, com a compreensão da estimativa de sua
probabilidade e da magnitude de seus efeitos.
Risco = Probabilidade
x
Impacto
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Classificação de risco
Antes de prosseguirmos em nossos estudos, vamos trabalhar alguns conceitos que
serão de extrema importância ao longo de nosso trabalho.
a) Perigo: Fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em
termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma
combinação destes.
Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos
tais como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, meio ambiente, perda
de material em processos ou redução da capacidade produtiva.
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b) Desvio: é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou
indiretamente, a danos a pessoas, ao patrimônio ou causar impacto ambiental, que se
encontre desconforme com as normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais
ou normativos, requisitos do sistema de gestão, ou boas práticas.
O conceito de desvio é similar ao de perigo, mas com uma diferença sutil: um desvio
está associado a uma não conformidade com requisitos pré-definidos, ou seja, é algo
desconforme com o adequado.
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Todo desvio é um perigo, mas alguns perigos, no entanto, não são desvios: perigos
naturais, ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que (ainda) não
estejam desconformes a normas e/ou requisitos.
Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco, sendo um importante
conceito nas chamadas auditorias comportamental.
Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori (técnicas de análises de risco), que será vista nos próximos capítulos.
Quando ocorre um acidente, perigos ou desvios se tornam as causas do mesmo, que seencadeiam desde a origem das seqüências até o acidente em si e seus efeitos (danos ou perdas).
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c) Segurança: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzindo por
saúde, paz e harmonia.
Segurança do Trabalho: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental do
empregado, no trabalho para a empresa e se possível, fora do ambiente dela (viagem
de trabalho, lar, lazer, etc.).
É um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a perigos.
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d) Dano: É a conseqüência negativa do acidentes, ou seja, é o produto ou resultado
negativo do acidente (prejuízo).
Gravidade da perda humana, material ou financeira que pode resultar se o controle
sobre um risco é perdido.
A probabilidade e a exposição podem manter-se inalterados, e mesmo assim, existir
diferença na gravidade do dano.
Os danos podem ser:
- Pessoais: Lesões, ferimentos, perturbação mental;
- Materiais: Danos em aparelhos, equipamentos;
- Administrativo: Prejuízo monetário, desemprego em massa.
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e) Causa: Origem, de caráter humano ou material, relacionada com o evento catastrófico (acidente) pela materialização de um perigo, resultando em danos. É aquilo que provocou o acidente, sendo responsável por sua ocorrência, permitindo que o risco se transformasse em danos. Antes do acidente existe o risco. Após o acidente existe a causa.
Existem três tipos de causas: Atos inseguros, Condições Inseguras e Fator Pessoal deInsegurança.
f) Sinistro: Prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou por outros meios.
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g) Incidente: Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos,
mas por algum fator não satisfeito, não ocorre o esperado acidente.
Também denominado de “quase-acidente”. Muitas vezes atribuída ao anjo da
guarda.
Os estudos dos incidentes trazem um conhecimento maior sobre as causas, que
poderiam vir a tornar-se acidentes, além de conter estes
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h) Perdas: é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento
através de seguros ou outros meios.
Prejuízos (materiais e/ou humano) ocorridos em uma organização, os quais são
ressarcidos através de seguros ou de outros meios.
Frequentemente é associado com: Desperdício, sobras, refugos, retrabalhos.
As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou
intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da
empresa.
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i) Ato inseguro: É todo ato, consciente ou não, emitidos pelo trabalhador ou
empresa, capaz de provocar dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a
máquinas, materiais e equipamentos, estando diretamente relacionado a falha
humana.
Os atos inseguros são cometidos por imprudência, imperícia ou negligência.
Exemplo: A falta de treinamento, excesso de trabalho / pressa, teimosia, curiosidade,
improvisação, autoconfiança, entre outros são fatores que levam à prática do
ato inseguro.
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j) Condição Insegura: Consiste em irregularidades ou deficiências existentes no
ambiente de trabalho que constituem riscos para a integridade física do trabalhador
e para a sua saúde, bem como para os bens materiais da empresa.
A falta de limpeza e ordem no ambiente de trabalho, bem como máquinas e
equipamentos sem proteção ou a segurança “jampeada” são fatores que produzem
a condição insegura.
l) Fator pessoal de Insegurança: Problema pessoal do indivíduo que pode vir a
provocar acidentes:
Problemas de saúde, Problemas familiares, Dívidas, Alcoolismo, Uso de Substâncias
Tóxicas, etc.
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m) Nível de exposição: Relativa exposição a um risco que favorece a materialização do risco como causa de um acidente e dos danos resultantes deste. O nível de severidade varia de acordo com as medidas de controle adotadas, ou seja:
Nível de Exposição = Risco . Medidas de Controle adotadas
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n) Acidente: toda ocorrência não programada que pode produzir danos. É um
acontecimento que não prevemos, ou se prevemos, não sabemos precisar quando
acontecer. Temos diferentes conceitos para acidente, os principais são o legal e o
prevencionista.
Conceito Legal:
Acidente é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou
redução permanente ou temporária da capacidade laboral para o trabalho.
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Conceito Prevencionista:
Acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou
interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil,
lesões nos trabalhadores ou danos materiais.
Outros Conceitos de Acidente do Trabalho:
É a ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho que, ocasionando danos
pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.
Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade
produtiva e que tem cobertura da seguradora.
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OBS:
Em geral um acidente acontece em decorrência da conjunção de várias falhas, que
possuem causa ou modo de falhas.
Estas falhas possuem probabilidade ou chance de acontecerem, quando acontecem
geram incidentes, também chamados de quase-acidente (sem danos tangíveis), ou
acidentes que causam danos.
Se os danos estão segurados chama-se de sinistro, quando não, houve perda para a
empresa.
A associação dos danos (efeitos adversos) com a probabilidade de acontecerem
chama-se risco.
Quando no acidente acontece o risco passa a chamar-se de causa.
A exposição relativa ao risco é denominada perigo.
Quando o perigo refere-se a procedimentos e regulamentos não atendidos, chama-
se de desvio.
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o) Segurança e Prevenção de Acidentes
Tradicional Segurança vista como sinônimo de prevenção de lesões pessoais
Moderna Segurança voltada para prevenção de perdas e danos
Ações voltadas somente para a prevenção de acidentes fatais ou com lesões incapacitantes;Acidentes que não envolviam pessoas nãotinham valor nenhum.
Ações voltadas não só para acidentes compessoas, mas também com quipamentos,máquinas, instalações, meio ambiente, etc., ou seja, tudo o que interfira no processo produtivo.
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p) Definição dos Acidentes
Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva
Acidentes considerados como fatos inesperados, com causas fortuitas e/ou desconhecidas.Ocorrências inevitáveis e incontroláveis.
Acidentes considerados como fatos indesejáveis, com a maior partes das causas sendo conhecidas, previsíveis e controláveis. Os acidentes com causas fortuitas ou desconhecidas devem-se geralmente a fatores incontroláveis da naturezacomo terremotos, maremotos, raios, etc.
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q) Programas de SST
Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva
Enfoque corretivo, Espera pela ocorrência do acidentes para depois atacar as consequências ou evitar acidentes semelhantes.
Enfoque preventivo, Conceitos de ato e condição insegura, Maior preocupação com os acidentes pessoais e perdas a eles associados.
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r) Atividades de Segurança
Após a apresentação destes conceitos básicos iremos detalhar um pouco mais os dois
conceitos bases desta disciplina. O que é Risco? O que é Gerenciamento de Risco?
Tradicional Responsabilidade centralizada
Moderna Responsabilidade compartilhada
Executantes com pouca informação e poder de ação preventiva, Impossibilidade de prevenção dos riscos inerentes aos processos produtivos, Falta de compromisso por parte dos executantes .
Integração da organização, Aumento da eficácia das medidas corretivas e preventivas, Maior conhecimento dos trabalhadores sobre os riscos aos quais estão expostos, bem como sobre sua redução ou eliminação.
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A origem da Gerência de Riscos se confunde com a própria evolução do
prevencionismo.
Dentro da gerência de riscos estão aglutinados todos os aspectos apresentados por
diversas filosofias prevencionistas que surgiram ao longo dos tempos, sob uma ótica
gerencial e objetiva.
Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, a Gerência de Riscos (Risk
Management) surgiu há aproximadamente 40 anos, logo após a Segunda Guerra
Mundial, e vem sendo sustentada e aprimorada pela ação conjunta de empresários,
trabalhadores e organizações governamentais.
Evolução histórica
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Na América Latina, os primeiros sinais do prevencionismo foram motivados pelos
movimentos sociais iniciados na década de 20.
Em 1947, vários países implantaram serviços de higiene e segurança, incentivados
pelo programa de ajuda norte-americana, iniciado em Lima e dirigido pelo engenheiro
John J. Bloomfield.
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No Brasil, os primeiros passos prevencionistas surgiram com a criação do Ministério
do Trabalho, na década de 30.
No entanto, desde 1919, com Rui Barbosa, o país contava com uma lei de acidentes
do trabalho, a qual foi reformulada em 1934, mas continuou deficiente em termos
prevencionistas, pois preocupava-se apenas com a compensação do acidentado e não
com a prevenção de lesões.
Apenas em 1941 foi incluído um capítulo sobre prevenção de acidentes e, em 1943,
foi lançada a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes.
Porém, somente em fins da década de 70 e início da década de 80, é que trabalhos
sobre prevenção e controle de perdas começaram a ser divulgados, impulsionados
por órgãos como a Fundacentro.
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Já a Gerência de Riscos foi introduzida, no Brasil, pelas filiais de empresas
multinacionais com o objetivo de reduzir os custos relativos ao pagamento de
seguros e, ao mesmo tempo, aumentar a proteção do patrimônio e dos
trabalhadores.
Porém, somente em finais da década de 80 e início da atual década é que o
gerenciamento de riscos começou a ser divulgado e utilizado de forma mais
ampla por um número maior de empresas.
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Com a evolução das políticas prevencionistas, passou-se a analisar mais
criteriosamente os riscos industriais e os métodos para reduzir os mesmos, valendo-
se da filosofia de prevenção de perdas para a tomada de decisões técnicas e
gerenciais, tanto a nível de prevenção de acidentes do trabalho, como
de acidentes catastróficos envolvendo as instalações, o meio ambiente e o público em
geral.
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Sob esta ótica, a prevenção de perdas e, consequentemente, a Gerência de Riscos,
são caracterizadas pelo seu envolvimento com a evolução da tecnologia e com os
riscos associados a este desenvolvimento, conferindo uma abordagem gerencial e
sistêmica ao tratamento de problemas relativos a acidentes e riscos industriais.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 31
Seguem a seguir alguns marcos que podem ser ressaltados ao longo dessa evolução:
O cenário que permitiu o surgimento dos primeiros estudos de risco aconteceu entre
os séculos XIV e XVI, época do Renascimento.
Nesse período histórico ocorreram grandes transformações sociais, científicas,
culturais, religiosas e políticas, as pessoas começassem a se libertar e desafiar as
crenças consagradas, prevalecendo uma época de grande turbulência religiosa, de
capitalismo nascente e uma abordagem vigorosa da ciência e do futuro.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 32
Com o renascimento, o desenvolvimento das civilizações foi ganhando mais força,
fazendo com que o misticismo cedesse espaço ao desenvolvimento científico e lógico,
abrindo as portas para a Reforma Protestante, que enfraqueceu o domínio da Igreja
Católica sobre os povos, o que significou mais que uma mera mudança da relação da
humanidade com Deus. Com a extinção da confissão, as pessoas dali em diante,
tiveram que caminhar com os próprios pés e se responsabilizar pelas conseqüências
das próprias decisões.
A partir de então os conceitos de fragilidade e abstinência foram substituídos pela
importância crescente sobre o futuro em relação ao presente, abrindo uma série de
opções e decisões, fazendo com que os povos reconhecessem que o futuro oferecia,
além de perigos, grandes oportunidades, e que era ilimitado e cheio de promessas.
O resultado de tudo isso, não poderia ser diferente, trouxe a era do capitalismo, a
necessidade de correr riscos.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 33
Em 1760, surgem os primeiros indícios de ações prevencionistas na Inglaterra, após o
nascimento da Revolução Industrial.
As profundas alterações tecnológicas provocadas pela revolução industrial, lançada
com o aparecimento da primeira máquina de tear e marcada pela invenção da
máquina a vapor (em 1781) por James Watts, deram início aos grandes processos de
industrialização, que prosseguiram até nossos dias, substituindo o trabalho humano
pela máquina.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 34
A existência de duas novas classes sociais caracterizou as sociedades pós-revolução
industrial:
A classe dos patrões (empregadores) e a classe dos trabalhadores, que se
enfrentavam direta e individualmente, não existindo qualquer organização, por parte
dos trabalhadores, para proteger os seus interesses.
Portanto, as massas trabalhadoras foram impiedosamente exploradas durante o início
da revolução industrial, pagando o custo social desta mudança.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 35
Ainda no século XVIII, Através da publicação do livro “De Morbis Artificum Diatriba”
(A Doença dos Trabalhadores), o médico Bernadino Ramazzini relaciona as doenças
desenvolvidas por trabalhadores de 50 profissões.
No entanto, nesta fase inicial, a segurança foi criada e desenvolvida para fazer frente
aos excessos praticados pelas empresas contra a força de trabalho. A preocupação
em termos de segurança era totalmente voltada para morte ou lesões incapacitantes
permanentes dos trabalhadores.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 36
A partir de acordos e algumas leis específicas foram criados alguns planos de
assistência, beneficiando o empregado e sua família. Porém, essa legislação não
resolvia senão uma parcela mínima dos problemas e, portanto, foi seguida por leis
complementares, em geral pouco eficientes devido à pressão dos empregadores.
Com o passar do tempo e com os avanços das lutas sociais, além dos planos de
assistência, os trabalhadores passaram a ser cobertos por seguros e outros
dispositivos que os protegia não apenas contra as lesões incapacitantes
permanentes, mas também pela perda momentânea da capacidade de trabalho.
Mais tarde, tiveram atenção especial outras formas de lesões pessoais, inclusive as
que não afastavam o indivíduo do trabalho.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 37
Foram necessárias gerações para que estes homens começassem a se organizar.
Porém, em meados do século XIX, quase meio século após o início da revolução
industrial, ainda na Inglaterra, a preocupação com a prevenção de acidentes do
trabalho e de outros fatores de risco, que eram freqüentes no ambiente das
primeiras fábricas, gerou a união de trabalhadores e homens públicos para a
concretização das bases da política prevencionista.
Através das campanhas de melhoramento social, que surgiram com as leis de
segurança social, foram introduzidos o trabalho sistemático e a legislação fabril.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 38
O fato das empresas adotarem planos para reduzir as lesões dos trabalhadores não
aconteceu de forma voluntária, mas devido à pressão dos altos gastos financeiros
oriundos das indenizações e seguros, às reivindicações sociais e à discriminação
caso não acompanhassem os novos rumos da segurança.
Desta forma, apesar dos avanços, os acidentes que não envolvessem pessoas não
tinham valor nenhum, embora muitos destes acidentes possuíssem as mesmas
causas ou causas semelhantes aos acidentes com pessoas.
O motivo deste desinteresse, talvez fosse devido ao simples desconhecimento do
alto índice de ocorrência dos acidentes, bem como dos custos que acarretavam.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 39
Apesar da evolução em que chegamos atualmente, em termos de engenharia e
segurança do trabalho, esta filosofia perdura até hoje em grande parte das empresas
e órgãos do governo, principalmente nos países subdesenvolvidos, sendo que grande
parte dos acidentes como:
Quebra de equipamentos, interrupção do processo produtivo e agressões ao meio
ambiente, não são nem mesmo registrados e muito menos analisados ou divulgados.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 40
Após seu surgimento na Inglaterra, a revolução industrial espalhou-se pela Europa
Ocidental e, atravessando o Atlântico, desembarcou nos Estados Unidos da América,
país este onde o movimento prevencionista se radicou e se desenvolveu devido às
ações conjuntas entre governo, empresários e especialistas.
Em 1928, o American Engineering Councill já fazia referência à relação existente entre
os custos indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados) dos acidentes, e
atribuía aos custos indiretos o pagamento de salários improdutivos, perdas
financeiras, redução de rendimento da produção, falhas no cumprimento de prazos
de entrega de produtos, etc.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 41
Em 1931, o americano H. W. Heinrich, que pertencia a uma companhia de seguros
dos Estados Unidos, publicou um estudo onde afirmava existir uma relação de 4:1
entre os custos indiretos e os custos diretos dos acidentes, sendo sua pesquisa
fundamentada em dados médios da indústria americana da década de 20,
demonstrou ainda que o desenvolvimento de ações prevencionistas seria
a saída para redução desses custos.
No mesmo estudo, Heinrich lançou a idéia de acidentes com danos à propriedade, ou
melhor, acidentes sem lesão. Heinrich é considerado o pai do prevencionismo, e foi
ele quem definiu acidente como todo evento não planejado, não controlado e não
desejado que interrompe uma atividade ou função.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 42
Posteriormente, R.P. Blake analisou os resultados e, junto com Heinrich, formulou
alguns princípios e sugestões, dentre elas a de que as empresas deveriam promover
medidas tão importantes ou mais do que aquelas que visassem apenas à proteção
social dos seus empregados, ou seja, as empresas deveriam, efetivamente, partir para
evitar a ocorrência de acidentes.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 43
Em 1947, R.H. Simonds propôs um método para cálculo do custo de acidentes, que
enfatizava a necessidade de se realizar estudos-pilotos, em todas as empresas,
sobre os custos associados a quatro tipos de acidentes:
Lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de primeiros socorros e
acidentes sem lesões.
Simonds também propôs a substituição dos termos custo direto e custo indireto por
custo segurado e custo não-segurado, respectivamente, muito utilizados hoje em
dia em gerenciamento de riscos.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 44
Durante a década de 50, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma conscientização no
sentido de se valorizar os programas de prevenção de riscos de danos materiais
procurando reduzir suas despesas com seguros passam a definir metodologias no
sentido de aumentar o seu grau de proteção em relação aos seus riscos associados.
Esta idéia de aumentar a proteção e diminuir as despesas com seguros, foi chamada
de Gerência de Riscos.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 45
Em 1965, o Conselho Nacional de Segurança dos EUA concluiu que o país havia
perdido U$ 7,2 bilhões em acidentes com danos materiais e U$ 7,1 bilhões em
acidentes com danos pessoais nos últimos dois anos, sendo que, em 1964, os danos
materiais resultantes de acidentes no trânsito e, em 1965, os danos materiais
resultantes de acidentes nas empresas somavam juntos U$ 2,8 bilhões.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 46
Em 1966 o engenheiro americano Frank Bird Jr., propõe o Loss Control ou Controle de
Perdas, que era uma visão mais abrangente da prevenção, que tinha como objetivo
principal a redução das perdas oriundas de danos materiais, sem no entanto se
descuidar dos acidentes com danos pessoais.
Os quatro aspectos principais em que se baseava o desenvolvimento de programas
de controle de perdas eram: informação, investigação, análise e revisão do processo.
Mais tarde, Bird, já com fortes influências do trabalho apresentado por J.A.Fletcher e
H.M.Douglas, nomeou a sua teoria como Controle de Perdas e o procedimento
gerencial como Administração do Controle de Perdas.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 47
Após os estudos anteriores, Frank Bird foi nomeado diretor de segurança de serviços
de engenharia da ICNA.
Introduziu o conceito de “quase acidentes”, que demonstram que, se o acidente
quase ocorreu , também a perda ou dano quase ocorreu , e poderia ser tanto
material quanto pessoal.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 48
Em 1970, os engenheiros canadenses John Fletcher e Hugh M. apresentaram um
trabalho, baseado nos estudos de Bird, onde aplicavam os princípios do Controle de
Danos de forma extensiva a todos os acidentes passíveis de ocorrência dentro de um
sistema, ou seja, acidentes com máquinas, materiais, instalações, meio ambiente, etc.
E acabam por acrescentar a palavra total e propõe o Total Loss Control, Controle Total
de Perdas. Os programas de Controle Total de Perdas têm o objetivo de reduzir ou
eliminar todos os acidentes que possam interferir ou paralisar o processo produtivo,
abordam todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no mesmo,
prejudicando a utilização plena de pessoal, máquinas, materiais e instalações.
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Os estudos desenvolvidos, até então, tanto por Bird quanto por Fletcher, constituíam-
se apenas de práticas administrativas, sendo negligenciados os problemas que exigiam
uma análise técnica mais acurada.
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Partindo desta observação, em 1972, Willie Hammer, engenheiro especialista em
Segurança de Sistemas, área intimamente relacionada à Engenharia de
Confiabilidade, e com larga experiência em projetos aeroespaciais dos EUA, ampliou
os conceitos, com relação ao estabelecimento de segurança de sistemas, defendendo
a previsão de acontecimentos para organizar a identificação e o manejo de riscos, ao
invés da análise de eventos a posteriori.
Desta forma, Hammer alertou para a necessidade de se incluir um reforço
complementar, do ponto de vista da engenharia, nos programas de administração e
controle de riscos desenvolvidos até então.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 51
Segundo Hammer, as atividades administrativas eram muito importantes, mas
existiam problemas técnicos que teriam obrigatoriamente que ter soluções técnicas.
Os estudos de Hammer ajudaram a compreender melhor os chamados erros
humanos, muitas vezes provocados por projetos deficientes e que, por isso,
deveriam ser debitados à organização e não ao executante.
O enfoque sistêmico apresentado por Hammer estabelece a responsabilidade, quando
da elaboração de um produto, para prevenir riscos inerentes aos bens e serviços que
farão uso deste produto, evitando o transpasse de possíveis danos aos usuários do
mesmo.
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A corrida espacial e a guerra fria criam na década de 70 a Engenharia de Segurança
de Sistemas.
Esta engenharia desenvolveu várias técnicas de avaliação de riscos através de
metodologias oriundas da indústria militar e aeroespacial americanas.
Willie Hammer foi o responsável por trazer e adaptar estas metodologias para a área
da indústria civil.
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A Grã-Bretanha, através do BSI – British Standards Instituction, que é o organismo
normalizador que produz as normas naquele país, equivalente à nossa ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas, publica em 1979 a BS 5750, sobre sistemas
de qualidade. Esta norma deu origem à série ISO 9000, que foi editada oficialmente
em 1987.
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Em 1992 o BSI edita a norma BS 7750 revisada em 1994, que dá origem à série ISO
1400 sobre sistemas de gestão ambiental, editada oficialmente em 1996.
Em 1994, sai a primeira revisão da ISO 9000, já incorporando a visão de gestão.
Na área de Segurança e Saúde Ocupacional é publicada em 1995 a BS 8750, revisada
em 1996 e publicada como BS 8800.
Devido a questões econômicas e políticas a BS 8800 ainda não se transformou em ISO
18000.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 55
Porém em 1999, após um acordo entre várias instituições de diversos países
( National Standards Authority of Ireland; South African Bureau of Standards; British
Standards Institution; Bureau Veritas Quality International; Det Norske Veritas;
Lloyds Register Quality Assurance; National Quality Assurance; SFS Certification; SGS
Yarsley International Services; Asociación Española de Normalización y Certificación;
International Safety Management Organisation Ltd; Standards and Industry
Resaerch Institute of Malasya; International Certification Services) e a urgente
demanda de clientes por uma norma reconhecida para Sistemas de Gestão da
Segurança e Saúde no Trabalho são publicadas as diretrizes OHSAS– Occupational
Helth and Safety Assessment Series, OHSAS 18001-Especificações para Sistemas de
Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho e OHSAS 18002 – Diretrizes para
Implantação da OHSAS 18001.
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Disciplina: Gerenciamento de Riscos 56
A OHSAS 18001 é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados
à Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, por meio do qual é possível melhorar
o conhecimento dos riscos existentes na organização, atuando no seu controle em
situações normais e anômalas.
Este padrão é aplicáveis aos mais diversos setores e atividades econômicas,
orientando tais organizações sobre como promover a melhoria contínua do
desempenho de Segurança e Saúde Ocupacional, com os benefícios para as
organizações:
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Melhoria na cultura de segurança, na eficiência e, conseqüente redução de acidentes na produção;
Incremento no controle de perigos e redução de riscos;
Demonstração do atendimento das exigências legais e aumento da reputação no gestão da SSO;
Redução de prêmios de seguros;
Constituição de uma parte integral de sua estratégia de desenvolvimento sustentável;
Demonstração do seu compromisso com a proteção do seu pessoal e dos ativos fixos;
Promoção das comunicações internas e externas.
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Em 2004, na área de Gestão de Risco foi publicada a primeira norma do mundo sobre
Gestão de Riscos: a AS/NZS 4360:2004. Ela fornece um modelo genérico do processo
de Gestão de Riscos, que pode ser utilizado por organizações de qualquer tipo,
tamanho e setor de atividade.
A AS/NZS 4360:2004 (base da futura ISO 31000) dá ênfase à inserção da Gestão de
Riscos na filosofia, nas práticas e nos processos de negócio da organização, em vez de
ser vista ou praticada como uma atividade separada.
Embora o conceito de risco seja freqüentemente interpretado em termos de perigo ou
impacto negativo, a norma vê os riscos como a exposição às conseqüências da
incerteza ou como potenciais desvios do que foi planejado ou do que é esperado.