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A Lei 11.340/06,conhecida com o LeiM aria da Penha , ganhou este nom e em hom enagem à M aria da Penha M aia Fernandes,biofarm acêutica cearense,sobrevivente de violência dom éstica praticada pelo segundo m arido. O s atos de violência dom éstica sofridos por M aria da Penha aconteceram enquanto ela foi casada com o professor universitário colom biano M arco A ntônio H erredia V iveros, com quem teve três filhas. A s agressões com eçaram por volta do quarto ano de casam ento e, no início,eram verbaise psicológicas.

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A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha,ganhou este nome em homenagem à Maria da PenhaMaia Fernandes, biofarmacêutica cearense, sobreviventede violência doméstica praticada pelo segundo marido.

Os atos de violência doméstica sofridos por Maria daPenha aconteceram enquanto ela foi casada com oprofessor universitário colombiano Marco AntônioHerredia Viveros, com quem teve três filhas. Asagressões começaram por volta do quarto ano decasamento e, no início, eram verbais e psicológicas.

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As agressões foram progredindo e em 1983 Maria daPenha sofreu a primeira tentativa de assassinato. Nestaoportunidade, ela levou um tiro nas costas enquantodormia. Viveros, o marido agressor, foi encontrado nacozinha, gritando por socorro, alegando que haviam sidoambos atacados por assaltantes. Ele chegou a se ferir comuma faca para simular que também havia sido atingidono suposto “assalto”. Maria da Penha chegou a acreditarna versão dele e desta primeira tentativa, Maria da Penhasaiu paraplégica.

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Depois de cinco meses em hospitais de Fortaleza eBrasília, Maria da Penha voltou para casa e, logo depois,sofreu a segunda tentativa de homicídio por parte domarido. Desta vez Viveros empurrou Maria da Penha dacadeira de rodas e tentou eletrocutá-la no chuveiro.

O primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após oscrimes. Em 1991, os advogados de Viveros conseguiram anular ojulgamento.Já em 1996, Viveros foi julgado culpado e condenado hádez anos de reclusão mas apresentou recurso.

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Em 1994 Maria da Penha publicou o livro“Sobrevivi...posso contar...” (reeditado em novembro de2010).

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Maria da Penha viu seu caso se arrastar na justiça por 15anos. Resolveu recorrer, antes que os crimesprescrevessem, à Convenção de Belém do Pará e comapoio de organizações internacionais, conseguiu enviar ocaso para a Comissão Interamericana de DireitosHumanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou umadenúncia de violência doméstica. O Estado Brasileiro foiobrigado a adotar providências no sentido de coibir aviolência doméstica e familiar não só a relativa ao casoespecífico da Maria Penha, finalizando seu processo, masa adotar políticas públicas para erradicação deste tipo deviolência.

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Viveiros só foi preso em outubro de 2002, quase vinteanos após o crime, poucos meses antes da prescrição dapena, para cumprir apenas dois anos de prisão.

Maria da Penha lutou por vinte anos para ver seuagressor preso e mudou a realidade de todas as mulheresvítimas de violência no âmbito familiar e doméstico noBrasil.

O Caso de Maria da Penha foi o primeiro de aplicação daConvenção de Belém do Pará (ConvençãoInteramericana de 1994 para punir e erradicar a violênciacontra a mulher da qual o Brasil é signatário).

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O processo da OEA condenou o Brasil por negligência eomissão em relação à violência doméstica e o nosso paísfoi obrigado a cumprir algumas recomendações dentre asquais a de mudar a legislação brasileira para permitir, nasrelações de gênero, a prevenção e a proteção da mulherem situação de violência doméstica e a punição doagressor.

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E assim, o governo federal, através da Secretaria dePolíticas Públicas para Mulheres em parceria com cincoorganizações não governamentais, renomados juristas eatendendo aos importantes tratados internacionaisassinados e ratificados pelo Brasil, criou um projeto delei que, após aprovado por unanimidade na Câmara e noSenado Federal, foi, em 07 de agosto de 2006,transformado na Lei Federal 11. 340/06 ( Lei Maria daPenha ).

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Em setembro de 2006 a Lei 11.340/06 entrou em vigor(com 46 artigos), fazendo com que a violência contra amulher deixasse de ser tratada como um crime de menorpotencial ofensivo. A lei também acabou com as penaspagas em cestas básicas ou multas, além de englobar,além da violência física e sexual, também a violênciapsicológica, a violência patrimonial e o assédio moral.

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A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) transforma oordenamento jurídico brasileiro e expressa o necessáriorespeito aos direitos humanos das mulheres, reforçandoas típicas condutas delitivas. Além disso, essa leimodifica, significativamente, a processualística civil epenal em termos de investigação, procedimentos,apuração e solução para os casos de violência domésticae familiar contra a mulher.

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A contribuição de Maria da Penha nesta importanteconquista para as mulheres brasileiras tem lheproporcionado, por todo o país, significativashomenagens, convites para palestras, seminários,entrevistas para jornais, revistas, rádio e televisão, nosquais tenta contribuir para a conscientização dosoperadores do Direito, da classe política e da sociedadede uma maneira geral, sobre a importância da corretaaplicabilidade da Lei Maria da Penha, ao mesmo tempoem que esclarece também a questão da acessibilidadepara pessoas com deficiência.

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Além das atividades acima descritas, Maria da Penhapermanece atenta a tudo que se refere à Lei 11340/2006,batizada com o seu nome, que por diversas vezes foi alvode tentativas de enfraquecimento. A título de exemplo,buscaram aprovar no Senado Federal, dentro doanteprojeto de Lei nº 156/2009, a transformação daviolência doméstica contra a mulher em crime de baixopotencial ofensivo. Através do lançamento do ManifestoPúblico de Apoio à Lei, Maria da Penha coletouinúmeras assinaturas nos locais onde se apresentava.Essa ação, junto a outras de militantes e instituiçõescomo o Ministério Público e a Defensoria Pública,resultou na manutenção da Lei Maria da Penha na suaintegralidade.

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Maria da Penha protocolou na Procuradoria Geral deJustiça do Estado do Ceará, em janeiro de 2009, o oficionº 764/2009-7 no qual eram solicitadas providênciaspara, atendendo a uma das recomendações da OEA,incluir nas unidades curriculares de ensino a importânciado respeito à mulher e aos seus direitos reconhecidos naConvenção Belém do Pará .

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Atualmente Maria da Penha é Presidente do “InstitutoMaria da Penha – IMP”, uma organização nãogovernamental, sem fins lucrativos, que visa, através daeducação, contribuir para conscientização das mulheressobre os seus direitos e o fortalecimento da Lei Maria daPenha. WWW.MARIADAPENHA.ORG.BR

Uma grande mudança na forma de pensar a violênciacontra a mulher foi dada pelo STJ que em 1991 rejeitou afamosa tese de “legítima defesa da honra” quefrequentemente absolvia assassinos domésticos sob ajustificativa legal de que mataram por amor.

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A Lei Maria da Penha logrou revelar uma realidade quetodos insistiam em não ver: que a violência contramulheres é o crime mais recorrente e que o Estado, aonão implementar medidas eficazes para coibir taiscrimes, era cúmplice da impunidade.

Recente alteração no sentido de dar ainda mais eficácia àLei Maria da Penha, veio em julgamento pelo SupremoTribunal Federal (STF), que decidiu, por 10 votos a 01,em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizadapela Procuradoria-Geral da República, no dia 9 defevereiro de 2012, que as ações penais por lesão corporalfundamentadas na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006)podem ser processadas mesmo sem a representação davítima, ou seja, são de natureza pública incondicionada.

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A partir desta decisão do Supremo ainda que a mulhernão denuncie seu agressor formalmente ou que retire aqueixa, o que o faz geralmente por pressão ou temor, oEstado deve atuar, protegendo a hipossuficiente narelação de família e elevando-a a condição de dignidade.

A decisão provocou e ainda provocará sérios debates emtorno da autonomia da vítima, já que quem vai conduziro processo não será, necessariamente, ela. Qualquerpessoa poderá comunicar a agressão à polícia. Embora asalterações se dirijam apenas às lesões corporais, não seaplicando nos casos de ameaça, calúnia e injúria,demonstra uma evolução legislativa, já que retira damente do agressor o equivocado entendimento de quesua punição “é culpa da mulher”.

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Esta alteração retira da mulher o poder de decisão, oeventual peso da condenação e transfere ao Estado odever de cuidado para com as pessoas em situação demedo.

Com a interpretação do STF, as lesões corporais levescontra mulheres ganham outra dimensão e passam a serconsideradas graves para a sociedade. As vítimas deviolência doméstica ficavam, na relação doméstica efamiliar, em situação tão vulnerável que muitas vezes seviam obrigadas a se retratar. Doravante, a retratação, emcasos de lesão de qualquer natureza não será maispossível.

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O STF também considerou constitucionais, porunanimidade, três pontos da Lei Maria da Penha.Definiram que a Lei não ofende o princípio da igualdade(artigo 1º) e reconheceram as Varas Criminais como oforo correto para o julgamento dos processos cíveis ecriminais relativos a esse tipo de violência, como jáprevê o artigo 33 da Lei, enquanto não estruturados osJuizados de Violência Doméstica e Familiar contra aMulher. Ratificaram, ainda, a proibição de ações dessanatureza serem processadas em Juizados Especiais(artigo 41).

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A Lei Maria da Penha vem sendo aplicada em hipótesesalém daquelas de violência de gênero nas relaçõesdomésticas ou familiares, cuja tutela a referida legislaçãosurgiu especificamente para regular.O apoio jurídico para esta hipótese encontra justificativano chamado “Poder Geral de Cautela”, reconhecido peloprocesso civil ao magistrado segundo norma do artigo798 do CPC (Prevê que o juiz pode determinar medidasque julgar adequadas – buscadas em outras leis – paraevitar que uma parte cause ao direito da outra lesão gravee de difícil reparação).A finalidade de aplicação por analogia da Lei Maria daPenha a hipóteses inicialmente não previstas, visa aproteger o hipossuficiente em qualquer relaçãodoméstica e familiar.

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A título de exemplo alguns casos:

* O desembargador Dorival Renato Pavan, do Tribunalde Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), concedeuuma liminar em favor de um homem com base na LeiMaria da Penha (que prevê a proteção de mulheresagredidas e não homens). A vítima (homem), que está emprocesso de separação, afirmou sofrer diversas ameaças,agressões físicas e verbais, que o desmoralizariamperante colegas do trabalho e do filho adolescente.

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A decisão prevê a medida restritiva de locomoção. Amulher não poderá se aproximar dele e terá que ficar auma distância mínima de 100 m, sob pena de multa deR$ 1 mil, além de prisão por desobediência. Também foiautorizado que o marido grave conversas telefônicas queela faça com intuito de ofensa ou ameaça, de modo quepossam ser provas no processo.

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No juízo de primeira instância, o pedido de liminar haviasido indeferido por não haver lei específica que trate dosdireitos do homem quanto a agressões por parte demulheres. O rapaz recorreu da decisão, que foi deferidapelo desembargador sob o argumento de que as provasprocessuais, como boletins de ocorrências registrados napolícia, com fotos dos ferimentos das brigas do casal,eram suficientes para conceder a liminar, também comoforma de evitar um eventual revide por parte do homem.

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De acordo com o Desembargador, foram aplicadas asdisposições da Lei Maria da Penha por analogia eisonomia, quando as agressões partem da esposa contra omarido, "sem desconsiderar o fato de que a referida lei édestinada à proteção da mulher diante dos altos índicesde violência doméstica em que na grande maioria doscasos é ela a vítima".

* Desde a criação da Lei Maria da Penha, há 5 anos,diversos juízes já aplicaram medidas protetivas parahomens. No começo de 2011, a Justiça do Rio Grande doSul concedeu benefício para um homossexual queafirmava estar sendo ameaçado por seu ex-companheiro.

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O juiz Osmar de Aguiar Pacheco, de Rio Pardo (144 kmde Porto Alegre), afirmou na decisão que, embora a LeiMaria da Penha tenha como objetivo original a proteçãodas mulheres contra a violência doméstica, pode seraplicada em casos envolvendo homens. "Todo aquele emsituação vulnerável, ou seja, enfraquecido, pode servitimado. Ao lado do Estado Democrático de Direito, há,e sempre existirá, parcela de indivíduos que busca impor,porque lhe interessa, a lei da barbárie, a lei do mais forte.E isso o Direito não pode permitir!".

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O juiz também afirma que, em situações iguais, asgarantias legais devem valer para todos, além daConstituição vedar qualquer discriminação, condiçõesque "obrigam que se reconheça a união homoafetivacomo fenômeno social, merecedor não só de respeitocomo de proteção efetiva com os instrumentos contidosna legislação."

A proteção dos homens, no entanto, não é consensual noJudiciário.

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* Lei Maria da Penha é aplicada a ex-companheiro detransexual.

Transexual que sofreu maus-tratos por parte do parceiro,consegue na Justiça direito à aplicação da Lei Maria daPenha. A decisão é da juíza Ana Cláudia Magalhães, da1ª Vara Criminal de Anápolis, que manteve o acusado naprisão e o proibiu, quando em liberdade, de estar amenos de mil metros da ofendida e de seus familiares,bem como de manter contato com ela e seus entes emlinha reta, por qualquer meio de comunicação. Para adecisão, ela considerou o princípio da isonomia, quegarante tratamento idêntico a todos.

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A juíza salientou a condição de mulher da vítima,sobretudo ao fato dela ser vista assim perante asociedade, o que, segundo a sua decisão, torna aindamais legítima a aplicação da Maria da Penha ao caso."Somados todos esses fatores, conferir à ofendidatratamento jurídico que não o dispensado às mulheres(nos casos em que a distinção estiver autorizada por lei),transmuda-se no cometimento de um terrível preconceitoe discriminação inadmissível, posturas que a Lei Mariada Penha busca exatamente combater."Importa aqui observar que a Lei evidenciou a diferençano conceito de sexo e gênero. O termo mulher,atualmente, pode se referir tanto ao sexo feminino(orgânico), quanto ao gênero feminino(comportamental).

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* Aplicação da Lei Maria da Penha em Crime de ameaçaentre irmãos.A Quinta Turma do STJ, cassando o acórdão recorrido,deu provimento ao recurso para estabelecer acompetência de uma das varas do Juizado de ViolênciaDoméstica e Familiar contra a Mulher para examinarprocesso em que se apura a prática do crime de ameaça.Na hipótese, o recorrido foi ao apartamento da sua irmã,com vontade livre e consciente, fazendo várias ameaçasde causar-lhe mal injusto e grave, além de ter provocadodanos materiais em seu carro, causando-lhe sofrimentopsicológico e dano moral e patrimonial, no intuito deforçá-la a abrir mão do controle da pensão que a mãe deambos recebe.

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Para os integrantes da Turma, a relação existente entre osujeito ativo e o passivo deve ser analisada em face docaso concreto, para verificar a aplicação da Lei Maria daPenha, tendo o recorrido se valido de sua autoridade deirmão da vítima para subjugar a sua irmã, com o fim deobter para si o controle do dinheiro da pensão, sendodesnecessário configurar a coabitação entre eles.Precedentes citados: CC 102.832-MG, DJe 22/4/2009, eHC 115.857-MG, DJe 2/2/2009. REsp 1.239.850-DF,Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/2/2012.

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Justificativas para aplicação da Lei Maria da Penhaindependentemente do sexo dos sujeitos ativo ou passivodos crimes:

Sexo é determinado quando uma pessoa nasce (condiçãofísica, biológica).Gênero é definido ao longo da vida (é uma identidadeque pode não coincidir com o sexo biológico – pessoasque se vestem ou que se portam, social, sexual eculturalmente, de forma diferente ao sexo biológico –Exs: Rogéria (Travesti) e Roberta Close (Transexual).

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Não teria lógica, no atual estágio da evolução humana,sancionar uma lei que tivesse como objetivo a proteçãoapenas de um determinado sexo biológico.

A violência de gênero não ocorre apenas de homemcontra mulher ou mulher contra homem, mas pode serperpetrada também de homem contra homem ou demulher contra mulher.

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O que a Lei pretende, finalmente, é proteger em umarelação doméstica ou familiar o hipossuficiente, seja elehomem ou mulher. Importa mencionar que com oreconhecimento da união homoafetiva estável pelo STFo conceito de família restou muito ampliado, fazendocom que o operador do direito analisasse as leis queenvolvem convivência familiar sob uma nova ótica,todavia, encontrando ainda grande repulsa em setores dasociedade, em especial nos meios religiosos.

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A Lei Maria da Penha sofreu a pecha deinconstitucionalidade porque ao proteger direitos demulheres feriria o princípio da isonomia, da igualdade.Todavia a constitucionalidade emerge de formaincontestável à medida em que a razão da Lei é,justamente dar efetividade a este princípio, qual seja, ode tornar iguais, dentro de uma relação, oshipossuficientes ou desiguais, sejam eles homens oumulheres.Dizer-se-ia que a desigualdade é natural em umasociedade. Mas a hipossuficiência deve ser tuteladaquando coloca qualquer cidadão em situação indigna.

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À guisa de conclusão, a Lei Maria da Penha éconstitucional justamente porque efetiva o princípio daigualdade, minimizando a equação das forças nasrelações humanas e elevando o hipossuficiente a ummínimo existencial de dignidade.

A inconstitucionalidade surgiria caso negada a ampliaçãodos efeitos da Lei Maria da Penha a outros casos dedesigualdade de forças nas relações humanas quesubmetem uns ao jugo de outros. Destarte, negar aaplicação analógica tornaria a Lei Maria da Penhainconstitucional por ofensa ao princípio da isonomia.

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Em suma, entendemos ser possível a aplicação analógicada Lei, tanto no juízo criminal quanto no cível, nascausas advindas de violência doméstica, mesmo nãosendo a mulher a ofendida, como nas hipóteses deinversão, bem como nas relações do mesmo gênero, sejaele feminino ou masculino.

Assim, tem-se que para a configuração de violênciadoméstica, basta que estejam presentes as hipótesesprevistas no artigo 5º da Lei 11.340/2006 (Lei Maria daPenha), dentre as quais não se encontra sequer anecessidade de coabitação entre autor e vítima.

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Levando em conta o princípio da isonomia, temos que nocrime de violência doméstica ou familiar os sujeitosativo e passivo podem ser pessoa de qualquer sexo,devendo-se levar em consideração, tão somente, se foi ocrime praticado no âmbito da relação doméstica, derelação familiar ou de intimidade, repita-se, nãoimportando o sexo do agressor ou da vítima.

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A Secretaria de Políticas para as Mulheres assinou nofinal de 2011 um pacto com o Judiciário brasileiro para ocumprimento mais efetivo da Lei Maria da Penha. Aparceria inclui ainda o Ministério da Justiça, osConselhos de Defensores Públicos e de Procuradores deJustiça (MP) e os Colégios Permanentes de Presidentes eDesembargadores de Tribunais de Justiça.De acordo com a ministra da Secretaria de Políticas paraas Mulheres, Iriny Lopes, o objetivo é agilizarjulgamentos de casos de homicídio, ampliar a rede deproteção às mulheres – que inclui centros deatendimentos e delegacias especializadas – e investir nascasas abrigo, utilizadas para o cumprimento de medidasprotetivas.

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A título de esclarecimento, Jataí conta com DelegaciaEspecializada da Mulher (DEAM) mas ainda não temVara e Promotoria especializada em ViolênciaDoméstica, o que tem impossibilitado a devida atençãoaos preceitos da Lei, já que enquanto não criados osJuizados Especializados em Violência Doméstica oscrimes (as contravenções ainda são dos JuizadosCriminais) estão sendo processados e julgados na VaraCriminal.

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Quadro comparativo das principais alterações com avigência da Lei Maria da Penha.ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHANão existia lei específica sobre a violênciadoméstica e familiar.

Tipifica e define a violência doméstica e familiarcontra a mulher e estabelece as suas formas:física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

Não tratava das relações entre pessoas do mesmosexo.

Determina que a violência doméstica contra amulher independe de orientação sexual.

Nos casos de violência, aplicava-se a Lei9.099/95, que criou os Juizados EspeciaisCriminais, onde são julgados somente crimes de"menor potencial ofensivo" (com pena máximade 2 anos).

Retira, definitivamente, desses Juizados acompetência para julgar os crimes de violênciadoméstica e familiar contra a mulher.

Esses juizados só tratavam do crime. Para amulher resolver as questões cíveis (separação,pensão, guarda de filhos) era preciso buscaroutro processo na vara de família.

Serão criados Juizados Especializados deViolência Doméstica e Familiar contra a Mulher,com competência cível e criminal, abrangendotodas as questões.

Permite a aplicação de penas pecuniárias, comocestas básicas e multas.

Proíbe a aplicação dessas penas.

A autoridade policial fazia um resumo dos fatose registrava num termo padrão (TCO - igual paratodos os casos).

Tem um capítulo específico prevendoprocedimentos da autoridade policial, no que serefere às mulheres vítimas de violênciadoméstica e familiar.

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ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHAA mulher podia desistir da denúncia na delegacia(a pressão do companheiro agressor fazia comque houvesse a desistência e a não solução daviolência).

A mulher só pode renunciar quanto aos crimesde natureza condicionada perante o Juiz (Artigo16 da Lei). Obs: Os crimes de lesão corporal emse tratando de violência doméstica são, apósdecisão recente do STF, de natureza públicaincondicionada. Então o agressor pode serprocessado mesmo se a vítima retirar a “queixa”.

Era a mulher quem, muitas vezes, entregava aintimação para o agressor comparecer àsaudiências.

Proíbe que a mulher entregue a intimação aoagressor.

Não era prevista decretação, pelo Juiz, de prisãopreventiva, nem flagrante, do agressor.

Possibilita a prisão em flagrante e a prisãopreventiva do agressor, em qualquer fase doinquérito ou da instrução, a depender dos riscosque a mulher corre.

A mulher vítima de violência doméstica efamiliar nem sempre era informada quanto aoandamento do seu processo e, muitas vezes, ia àsaudiências sem advogado ou defensor público.

A mulher será notificada dos atos processuais,especialmente quanto ao ingresso e saída daprisão do agressor, e terá que ser acompanhadapor advogado, ou defensor, em todos os atosprocessuais.

A violência doméstica e familiar contra a mulhernão era considerada agravante de pena. (artigo61 do Código Penal).

Esse tipo de violência passa a ser prevista, noCódigo Penal, como agravante de pena.

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ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHAA pena para esse tipo de violência doméstica efamiliar era de 6 meses a 1 ano.

A pena mínima é reduzida para 3 meses e amáxima aumentada para 3 anos, acrescentando-se mais 1/3 no caso de portadoras de deficiência.

Não era previsto o comparecimento do agressora programas de recuperação e reeducação (Leide Execuções Penais).

Permite ao Juiz determinar o comparecimentoobrigatório do agressor a programas derecuperação e reeducação.

O agressor podia continuar frequentando osmesmos lugares que a vítima frequentava.Tampouco era proibido de manter qualquerforma de contato com a agredida.

O Juiz pode fixar o limite mínimo de distânciaentre o agressor e a vítima, seus familiares etestemunhas. Pode também proibir qualquer tipode contato com a agredida, seus familiares etestemunhas.

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DADOS MUNDIAIS

• 45 a 59% das mulheres que sofrem violência são mães decrianças que sofrem maus-tratos;

• 25% tentam suicídio ou utilizam serviços psiquiátricos deemergência;

• 20 milhões de mulheres estão contaminadas por HIV – umagrande porcentagem foram vítimas de violência sexual;

• Entre 20 a 50% das meninas ou jovens confessam que suaprimeira relação sexual foi forçada;

• 70% das mulheres assassinadas no mundo são mortas por seusmaridos.

• A violência doméstica é a principal causa de morte edeficiência entre mulheres de 16 a 44 anos e mata mais quecâncer e acidentes de trânsito.

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NO BRASIL

• Mais de 2 milhões de mulheres são espancadas porano;

• 175 mil por mês;• Quase 6 mil por dia;• 243 por hora;• 04 por minuto;• 01 a cada 15 segundos.