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Transtorno de Personalidade Borderline François M. Deleze – Psicólogo – Especialista em Psicologia Analítica

Apresentação transtorno borderline

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Apresentação transtorno borderline apresentada no espaço nelson pires com o vies junguiano

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Transtorno de Personalidade Borderline

Transtorno de Personalidade BorderlineFranois M. Deleze Psiclogo Especialista em Psicologia Analtica

Ao produzir esse seminrio fiquei me questionando sobre como iria transmitir especfico como minha abordagem para profissionais de diferentes reas de maneira clara e objetiva. S pra vocs terem idia a minha formao analtica tem durao de 3 anos, praticamente uma nova graduao. Sendo assim eu tive que simplificar os conceitos o mximo que pude, inclusive omitindo alguns, para que no perdesse o foco e meu objetivo com essa apresentao.

Como essa apresentao aberta pra profissionais de diferentes reas tive que simplicar ao mximo os conceitos, ento no esperem uma aula de analitica, tentei forcar no que importante que so algumas contribuies que minha abordagem pode dar pra viso desse transtorno. Alm disso tentei fazer uma apresentao o mais complementar a o que imaginei que estaria nas outras duas. 1Transtorno de Personalidade BorderlineReflexo da Sociedade AtualPersonalidade Saudvel para Jung

O jung pensa os transtornos como reflexos da sociedade. Como uma forma de compensar a forma de viver de determinada cultura.Por exemplo. Quando se iniciaram os primeiros estudos da psicologia, o principal transtorno era a histeria, que metaforicamente podemos pensar como reflexo da represso sofrida pelo feminino. Sendo assim, tendem a aparecerem sintomas nas mulheres que simbolizam sua paralizao. Posteriormente com a primeira e segunda guerra o transtorno da moda era a demencia precoce, que a esquizofrenia, que tambem se vermos metaforicamente representa o homem cindido daquela epoca. Atualmente dificil a gente pensar um transtorno nico pra nossa epoca. A depresso tida como o mal do seculo, reflexo dessa nossa forma de viver buscando sempre a felicidade o tempo todo, a todo custo, mas eu, particularmente ainda incluiria nessa lista as dependencias quimicas e os transtornos de personalidade. Particularmente, poderiamos pensar o transtorno de personalidade borderline, num nivel macro como reflexo da ausencia de limites, de certo e errado, com vinculos cada vez mais frgeis, liquidos. Se vivermos dessa maneira louca, sem limites, o natural que surjam pessoas que desenvolvam sua personalidade totalmente pautada nesses paradigmas.

Para o Jung, uma pessoa que desenvolve uma personalidade sadavel precisaria de trs coisas. Um ego estruturado e estruturante, que seria todos os contedos que me identifico e chamo como eu. Por exemplo, me chamo franois, sou filho de tal e tal pessoa, gosto disso disso e disso, sou isso e isso e isso. Seria tudo que reconheo como sendo eu, seria minha estrutura bsica de identidade e personalidade. Alm disso, esse ego precisa conseguir se adaptar e se relacionar de forma sadavel ao mundo, a forma com que lido com as pessoas, com as regras e obrigaes do mundo. Alm disso, esse ego tambm precisa se relacionar com sua histria, como tudo que lhe ocorreu na sua vida. Inconsciente eu vou definir como todos esses contedos da nossa memria que nao estamos tendo consciencia no momento. Por exemplo, agora enquanto apresento pra voces uma serie de coisas est inconsciente pra mim, mas nem por isso deixam de existir, meu corpo est funcionando, minhas memrias continuam existindo, o vento que ta passando aqui na sala meu corpo est sentindo mas no estou percebendo etc. Toda dificuldade entre o ego e o inconsciente surge como um sintoma. Se tenho algo no muito bem resolvido isso pode aparecer como sintoma no meu corpo, posso deprimir ou fazer uma srie de coisas.2Transtorno de Personalidade BorderlineComplexos

Ao determinar essa personalidade o Jung se perguntou como que se organizam ento esses conteudos, sejam eles conhecimentos que aprendemos ou memrias. A partir de um estudo chamado teste de associao de palavras ele chegou a concluso de que esses contedos se organizavam por temticas centrais contidas com um afeto. Por exemplo, minha relao com a psicologia envolveria um conjunto de coisas desde que nasci sobre o que a psicologia, as experiencias que tive, o que acho que , tudo agrupadinho e com uma emoo do que acho que a psicologia. Posteriormente a neurologia meio que comprovou essa tese do jung mostrando que os neuronios criam conexes entre si, meio que uma rede. 3Transtorno de Personalidade Borderline

O que vemos no transtorno de personalidade borderline um ego, uma personalidade, que por algum motivo se estruturou de forma extremamente frgil e com a temtica do abandono, com um forte apelo emocional negativo. Dessa forma o sujeito enxegar a realidade por essa tica a ponto de ver esse abandono (real ou imaginario) como desintegrador de sua existencia, como algo insuportavel. Pra poder aguentar e teoricamente sobreviver cria-se estratgias de defesas extremamente fortes que passam a ver tanto o mundo como os conteudos internos como ameaadores e insuportaveis. 4Transtorno de Personalidade Borderline

Transtorno de Personalidade BorderlineEstes mecanismos surgem de maneira a evitar o intenso sofrimento psquico do abandono e, para isso, se serve de mecanismos psicticos de defesa, tais como a idealizao, a ciso, a negao e de comportamentos obsessivo-compulsivos . (SCHWARTZ-SALANT,1989).O que fazer? Qual nosso papel?Quando qualquer sinal, qualquer um mesmo que seja, tanto externo quanto interno se configura como uma idia de abandono, entra em jogos todos esses mecanismos de defesa do ego.6Transtorno de Personalidade BorderlineRelao transferencialEnquadre claro e objetivo (exemplo)Inconscientes se comunicamIntervenes no real, no concretoUsar o material obtido em sesso

Por essas razes, importante estimular o paciente a lembrar-se de fatos concretos o mais detalhadamente possvel. Dessa forma, durante a anlise, ser possvel reavaliar com todos os sentimentos envolvidos quais foram os desejos, sentimentos e comportamentos de cada um em cada ocasio envolvida, porque, a partir dessa reavaliao, possvel corrigir ou modificar imagens armazenadas que esto em desacordo com as evidncias histricas e correntes (BOLWBY, 2004).

Qualquer relao que se estabelea eu vou colocar expectativas na outra pessoa e vice versa, tao como vou reagir a pessoa e a pessoa a mim. Considerando um paciente borderline isso vai acontecer e vai gerar sentimentos em mim. Existe o risco de qualquer impresso minha ou sentimento seja transmitido para a paciente sem que eu perceba, como os borderline tem um radar pra detectar qualquer sinal de rejeicao ou abandono isso facilmente percebido. Isso inevitavel, o importante que eu esteja sempre trabalhando essas questes em mim pra no acabar misturando meus contedos com os do paciente, se isso via de regra geral, com o paciente border mais ainda.O pcte tende a criticar interpretaoes ou intervenes do analista (exemplo georgina), ento pra facilitar precisamos nos agarrar no mais concreto possvel.Uma das formas que encontrei para comear a quebrar essa fantasia fusional foi esclarecer meus prprios limites e sentimentos que iam surgindo durante as sesses, clarificando as emoes e procurando nomear as percepes e sentimentos que o paciente trazia, relacionando-os com o aqui e agora, dentro de um ambiente de continncia permanente.

J que inevitavel, esse material pode ser usado de forma positiva. Eu trabalhar com o pcte o contedo em ato, acontecendo, pode ser mais produtivo que trabalhar apenas com o relato. Trabalhando naquele momento posso trabalhar as projees ao vivo, na hora, expressar meus sentimentos e auxiliar a mostrar ao paciente como a histria se distorceu de uma forma muito mais fcil.Citar exemplo de N.

Frases do tipo so voce pode me ajudar, so voce me entende

7Transtorno de Personalidade BorderlinePerigos na relao transferencial Salvador da patria (idealizao)Ser hora bom e hora ruim (ciso)No poder abandonar Ter que suprir tudo.Disputa de Poder

Esse lugar vai exigir uma posio entre aquele que acolhe mas ao mesmo tempo da limites. Aquele que d o suporte, a sustentao, mas diferente do que foi idealizado (projeo).

Num primeiro mais acolhedor para ento um papel mais confrontador. Isso precisa ser feito para na hora da confrontao no parea tanto que o terapeuta deseja abandonar o pcte.

8Transtorno de Personalidade BorderlinePapeis do terapeuta: Aguentar os sentimentos caticos e Servir de anteparo para a realidade.Auxiliar a canalizar suas raivas e temores de forma saudavel. (Tcnicas simblicas)

Tudo isso at que progressivamente ela v percebendo que no precisar estar to na defensiva e que nem todos vo abandona-la e que, quando esta sensao vier, ela poder ter recursos para expressar de uma maneira saudavel.

Exemplo de troca automutilao , pintura. Corpo como via de expresso simbolica.Simbolo - originria do verbo "symbalem", que significa "reunir, juntar, unir, lanar de forma unida"9Transtorno de Personalidade Borderline"Essa qualidade mediadora e 'lanadora de pontes' do smbolo pode ser literalmente considerada um dos equipamentos mais engenhosos e importantes da 'administrao' psiquica" (JACOBI, 1990, p91)

Como o paciente border literalmente cindido, qualquer tcnica que proponha unio, unidade, estrutura, extremamente importante para o processo terapeutico. O minimo de unio j ganho suficiente nesse transtorno.10Transtorno de Personalidade BorderlineCada vez que este complexo de abandono vier a tona de forma segura, consciente, estamos diminuindo as invases e dando substrato (fortelecimento) ao ego do paciente. Isso resultar numa maior estruturao da auto-imagem separao eu-outro e diminuio dos mecanismos de defesa.ReferenciasBOWLBY, J. Apego e perda: apego. vol.1. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes, 2002.

BOWLBY, J. Separao: Angustia e raiva vol2 4 ed So Paulo:Martins Fontes, 2002.

BOWLBY, J. Perda: Tristeza e depresso vol3 3 Ed. So Paulo: Martins Fontes, 2004

JACOBI, Jolande. Complexo Arqutipo Smbolo: Na psicologia ed C.G Jung. So Paulo: Cultrix, 1990.

JUNG,C.G. Psicogenese das doenas mentais. (Obras Completas vol.III). Petropolis, RJ: Vozes, 1986.

KERNBERG, O.F.[et al] Psicoterapia Psicodinamica de Pacientes Borderline Porto Alegre: Artes Medicas, 1991.

SCHWARTZ-SALANT, Natha. A personalidade Limtrofe: Visoe Cura. So Paulo: Cultrix, 1997

STERN, Adolf. Psychoanalytic Investigation of and therapy in the borderline group of neuroses. Psychoanalytic Quarterly 7: 1938

ZANARINI, MC et al.: Risk factors associated with the dissociative experiences of borderline patients. J nerv ment dis, 01, 2000

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