82

Apresentação - UNITINS

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apresentação - UNITINS
Page 2: Apresentação - UNITINS

EQUIPE UNITINS

Organização de Conteúdos Acadêmicos1ª edição

2ª edição rev. e ampl.

3ª edição rev. e ampl.4ª edição

Antonio IanowichJoão Nunes da SilvaMarcelo RythowenFrancisco Gilson R. Pôrto Jr.Francisco Gilson R. Pôrto Jr.

Coordenação Editorial Maria Lourdes F. G. Aires

Revisão Didático-Pedagógica Marilda Piccolo

Revisão Lingüístico-Textual Silvéria Aparecida Basniak Schier

Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva

Revisão Digital Katia Gomes da Silva

Projeto Gráfico Irenides TeixeiraKatia Gomes da Silva

Ilustração Geuvar S. de Oliveira

Capas Igor Flávio Souza

EQUIPE EADCON

Coordenador Editorial William Marlos da Costa

Assistentes de Edição Ana Aparecida Teixeira da CruzJanaina Helena Nogueira BartkiwJuliana Camargo HorningLisiane Marcele dos Santos

Programação Visual e Diagramação Denise Pires PierinKátia Cristina Oliveira dos SantosMonica ArdjomandRodrigo SantosSandro NiemiczWilliam Marlos da Costa

Page 3: Apresentação - UNITINS

Apr

esen

taçã

o

Ciência Política? Para que serve? Essa é uma indagação que surge quando falamos sobre essa área, pois não conhecemos sua funcionalidade, muito menos sua expressividade dentro do cenário atual.

Uma possibilidade de funcionalidade é a manutenção da democracia. Todos, aparentemente, encaramos um regime democrático como o “melhor” para a sociedade consumista em que vivemos. Mas será? Como entender o funcionamento da democracia e de suas instituições, em face dos recentes escândalos nos governos, nos contextos nacional e internacional? Essas são questões complicadas e merecem um olhar amadurecido.

A Ciência Política tem uma proposta para elas. Qual é? Oferecer a você – futuro profissional – uma perspectiva madura e científica. Não apenas o “senso comum” de dizer que a situação “a” ou “b” é a melhor, mas elementos teóricos para problematizar o fazer profissional numa sociedade democrá-tica. Por meio desse olhar mais acurado, mediado pela Ciência Política, temos elementos para respeitar os múltiplos olhares e fazeres presentes na sociedade moderna, que tanto tornam complexo o convívio social.

Convidamos você a fazer esse percurso conosco. Entendemos que essa construção é introdutória. Não ousamos fazer do espaço dessa disciplina o “espaço único” de aprendizado sobre a Ciência Política. Ela é apenas o começo de uma jornada que se concretizará em todas as disciplinas que abrangem a área social da sua profissão em uma democracia. Aproveite as indicações dadas durante as aulas, para, de forma responsável, acrescentar elementos teóricos à sua formação. Bom estudo!

Prof. Gilson Pôrto Jr.

Page 4: Apresentação - UNITINS

Plan

o de

Ens

ino

EMENTA

A ciência da política. A política como ciência autônoma. Elementos de política. Partidos políticos. Política e direito constitucional. Moral e polí-tica. Concepção de Estado. O Estado e o cidadão. Fundamentos do Estado moderno. Formas de governo e de Estado. Estado, povo e nação. O Estado e o direito. Papel histórico do Estado. Conteúdo social e formas de Estado. Soberania e governo. Estado e ordem econômica e social.

OBJETIVOS

Compreender o fenômeno político no contexto histórico-social, foca-•lizando a organização dos governos e Estados.

Apresentar as referências da organização política estrutural e suas •instâncias no Estado brasileiro.

Estabelecer relações entre Ciência Política e Serviço Social.•

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Conceito de Ciência Política •

Os clássicos da Ciência Política: Maquiavel, Hobbes, Locke, •Montesquieu e Rousseau

Instituições sociopolíticas•

A democracia: conceitos em construção; formas de governo e de •Estado

Noções sobre Estado moderno e sua constituição•

Partidos políticos, sistema partidário, eleição e voto•

Ciência Política contemporânea no Brasil•

Page 5: Apresentação - UNITINS

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 377

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.

CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

CAVALCANTI, João Barbalho Uchoa. Constituição Federal Brasileira (1891). Brasília: Senado Federal, 2002.

CORRÊA, Darcísio. A Construção da Cidadania: reflexões histórico-políticas. 3. ed. Ijuí: Unijui, 2002.

KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

______. A democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

LEAL, Victor Nunes. Problemas de Direito Público e outros problemas. Brasília: Ministério da Justiça, 1997.

MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005.

Page 6: Apresentação - UNITINS

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender a Ciência Política como uma construção humana que obje-•tiva o entendimento da sociedade e como área de cientificidade;

conhecer alguns conceitos utilizados na Ciência Política. •

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a realização de leituras sobre o conceito de política. Você poderá encontrar uma visão detalhada consultando o verbete “política” no Dicionário de Política (v. 2), de Norberto Bobbio, Nicola Mattteucci e Gianfranco Pasquino, disponível em bibliotecas públicas. Nesse texto, Bobbio discute várias percepções sobre política ao longo da história.

Neste momento, você deve estar pensando: “Falar sobre política, partidos, eleição, voto... isso eu já sei, escuto todos os dias os escândalos que ocorrem no campo político federal”. Isso é verdadeiro. Mas será que a Ciência Política se resume a isso? O que é política? O que significa Ciência Política? Qual a impor-tância da Ciência Política para os nossos dias? Qual a importância da política para o Assistente Social? Se você parar e refletir um pouco, verá que a política faz parte de todos os momentos de nossa vida: seja em casa, na rua, no trabalho, onde quer que esteja. Veremos isso, de forma mais direcionada, em nossa aula.

1.1 Política: significado no sentido amplo

A política pode ser entendida como tudo aquilo que acontece nas relações sociais que envolvem o poder. Nesse sentido, deve-se levar em conta que se há

Page 7: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 379

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender a Ciência Política como uma construção humana que obje-•tiva o entendimento da sociedade e como área de cientificidade;

conhecer alguns conceitos utilizados na Ciência Política. •

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a realização de leituras sobre o conceito de política. Você poderá encontrar uma visão detalhada consultando o verbete “política” no Dicionário de Política (v. 2), de Norberto Bobbio, Nicola Mattteucci e Gianfranco Pasquino, disponível em bibliotecas públicas. Nesse texto, Bobbio discute várias percepções sobre política ao longo da história.

Neste momento, você deve estar pensando: “Falar sobre política, partidos, eleição, voto... isso eu já sei, escuto todos os dias os escândalos que ocorrem no campo político federal”. Isso é verdadeiro. Mas será que a Ciência Política se resume a isso? O que é política? O que significa Ciência Política? Qual a impor-tância da Ciência Política para os nossos dias? Qual a importância da política para o Assistente Social? Se você parar e refletir um pouco, verá que a política faz parte de todos os momentos de nossa vida: seja em casa, na rua, no trabalho, onde quer que esteja. Veremos isso, de forma mais direcionada, em nossa aula.

1.1 Política: significado no sentido amplo

A política pode ser entendida como tudo aquilo que acontece nas relações sociais que envolvem o poder. Nesse sentido, deve-se levar em conta que se há

O que é a Ciência Política?

Aula 1

Page 8: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

380 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

poder é porque há interesses e também dominação. Desde que a humanidade existe, pode-se perceber que a política se faz presente. Não se pode compre-ender política, sem levar em conta a relação entre pessoas, uma vez que se trata de um processo social em que os indivíduos exercem alguma relação de poder com os demais. A partir do momento em que duas pessoas se encontram em um determinado ambiente, está presente alguma forma de relação de poder.

Ao longo do tempo, as pessoas foram estabelecendo relações entre si, formando grupos, comunidades cada vez mais complexas, instituições e organi-zações em geral, com o intuito de atender os seus interesses. Nesse processo de relações sociais, cada vez mais, a política se desenvolve em meio a toda uma complexidade de interesses em jogo.

Historicamente, pensadores orientais e ocidentais, como chineses e gregos, entre outros, formularam suas teorias sobre política e relações de poder. Entre os gregos, estão importantes filósofos, como Platão e Aristóteles. Já ouviu falar neles? A Ciência Política, como todo processo de construção do conhecimento, irá surgir na dinâmica da história, conforme você irá estudar ao longo dessa disciplina.

1.2 Ciência Política – a ciência do poder

As relações sociais, de maneira geral, carregam consigo o fenômeno do poder. Esse, por sua vez, não se restringe apenas à esfera do Estado. Geralmente, as pessoas imaginam que, quando se fala em política, o poder significa tudo o que está associado ao Estado e seus representantes. A realidade é que o poder está presente em todas as formas de relações sociais.

Do ponto de vista da análise científica, são adotadas metodologias que variam, conforme a concepção filosófica sobre poder e as relações entre socie-dade, economia, política, cultura que determinado pensador ou corrente defende, no respectivo contexto histórico.

É evidente que as preocupações em torno da política estão, em sua maioria, voltadas para responder às necessidades surgidas a partir da esfera do Estado, isto é, relacionadas ao governo, à coisa pública, aos regimes e sistemas polí-ticos, etc. Vários filósofos, sociólogos, políticos e intelectuais em geral têm contri-buído e influenciado sensivelmente a sociedade, as organizações políticas, os partidos e as decisões na esfera do Estado, além de influenciar as diversas lideranças políticas.

A Ciência Política é, segundo Andrada (1998, p. 17),

[...] aquela que tem por objeto o fenômeno do Poder e os respectivos processamentos para a realização dos valores comunitários que são os que presidem a cultura do povo e a Nação a ser observada.

Nas palavras de Andrada (1998), percebe-se a relação entre política, poder e povo. Vê-se, também, a ênfase que o autor dá à política como fruto de um

Page 9: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 381

processo que envolve os valores comunitários. Faz sentido o que se defende, pois não se pode pensar em política se essa não estiver imbuída de valores comuni-tários. A política em si não deve existir para o atendimento de interesses particu-lares, muito embora essa prática seja, ao longo da história, lugar comum.

Em síntese, a Ciência Política estuda os fenômenos do poder. Significa o estudo do poder ou das relações de poder. Para muitas pessoas, quando se fala em política, se pensa logo na esfera do Estado e nas formas de governo. Para autores como Foucault (1926-1984), o poder está em toda parte, em tudo o que envolve as pessoas, até mesmo entre duas pessoas. Assim, a Ciência Política busca compreender as relações de poder e suas implicações, entre pessoas, grupos ou instituições sociais. Para muitos, a Ciência Política seria a ciência do Estado ou da teoria do Estado. Na verdade, a Ciência Política vai muito mais além do Estado. Vamos conhecer um pouco dessa história?

1.3 Um pouco de história

A história da Ciência Política está diretamente relacionada ao processo de desenvolvimento da sociedade. À medida que os aglomerados humanos se diversificavam e tornavam-se complexos, surge a necessidade de estudar tudo o que envolve as relações de poder. Com o advento das cidades, as questões polí-ticas são objeto de várias discussões e de busca de respostas para os problemas que se multiplicavam.

As cidades gregas, já há muito tempo atrás, são exemplos de discussões em torno da política. As obras de autores clássicos como Platão (429-341a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), Cícero, entre outros, demonstram que o ambiente citadino constituía, já naquela época, importante centros de discussões e de deci-sões políticas. A influência dos filósofos gregos, entre eles Platão e Aristóteles, se estende até nossos dias.

Em Platão, encontramos a defesa de uma verdade ou essência encontrada nas idéias. O mundo que percebemos, para Platão, é apenas o reflexo do que existe no mundo das idéias. Assim, o mundo em que habitamos é a “aparência da realidade” ideal, verdadeira.

A democracia grega era organizada em classes: cidadãos, escravos e estrangeiros. Em Atenas, apenas uma pequena parcela da população tinha direitos garantidos: os atenienses natos e ricos proprietários de terras. Estavam excluídos da democracia os demais segmentos sociais - estrangeiros, escravos, mulheres e crianças.

As idéias platônicas não necessariamente culminam no totalitarismo, daí que houve uma deturpação do seu pensamento. Na ânsia de aplicar um modelo de sociedade considerado perfeito, muitos governantes e líderes adotam posturas ditatoriais, o que pode acontecer até por temerem uma posição contrária que

Page 10: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

382 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

possa surgir. Ocorre que a realidade nem sempre corresponde ao que se imagina, isto é, às idéias. É nesse ponto que os ditadores falham significativamente.

Diferentemente de Platão, Aristóteles não concordava com sua filosofia idea-lista. Considerava que a realidade concreta, o mundo onde vivemos pode ser compreendido pela razão. O que torna possível fazer uma análise mais próxima da realidade. Considerava que “o homem é por natureza um animal político” (pólis-cidade) que necessita viver em sociedade para sobreviver, “cabendo ao Estado o papel de possibilitador, isto é, tornar possível o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo” (MAGEE, 2000, p. 38-39).

As idéias de Platão e Aristóteles influenciaram o pensamento teológico da Igreja Católica, na Idade Média, conforme veremos a seguir, destacando-se, nessa tarefa, dois pensadores medievais católicos: Santo Agostinho e Tomás de Aquino.

Santo Agostinho, a partir das idéias de Platão, em sua obra A cidade de Deus, distingue a cidade de Deus da cidade dos homens. A primeira é a cidade perfeita (correspondência com as essências perfeitas ideais de Platão, fora do mundo) e a segunda, cidade do pecado e da imperfeição (nosso mundo, da doxa, imperfeito, segundo Platão). Essa obra consiste numa importante reflexão sobre o homem no mundo. A influência do pensamento agostiniano marca o cris-tianismo e toda a cultura européia. Ao comentar sobre o pensamento de Santo Agostinho, Châtelet (2000, p. 29) afirma que

seu objetivo de [Santo Agostinho] é apresentar uma história geral da humanidade, desde a criação até o século V, submetendo aos crité-rios da racionalidade os elementos fornecidos tanto pela história profana grega e latina como pelo Velho e pelo Novo Testamento. O fim visado é estabelecer que, além das vicissitudes da Cidade dos homens, esboça-se um desafio muito mais importante, o da glória de Deus, que se inscreve no devir espiritual da comunidade dos crentes, da igreja (grifo do autor).

Na esteira do pensamento agostiniano, surgem, no século VI, as ordens reli-giosas contemplativas, como os beneditinos, que irão se expandir, a partir do século XI. As ordens religiosas formam, de certo modo, os bastiões do mundo espiritual no seio da realidade temporal, conforme Châtelet (2000). Segue a esse espírito cristão o movimento das cruzadas, a partir do século XI, expedi-ções militares sangrentas, para firmar o primado de poder da Igreja Católica no período medieval, contra os hereges e os movimentos populacionais rumo à sepultura de Cristo.

Tomás de Aquino (1225-1274) é um outro teórico importante da Igreja Católica. Encontra nos pressupostos da filosofia de Aristóteles as bases para justificar e fundamentar os dogmas da Igreja. Tomás interpreta que a cidade dos homens é, na ordem da criação, um fato natural. As idéias tomistas buscam as relações entre o homem no mundo e sua perspectiva de vida após a morte. Os

Page 11: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 383

homens, criados por Deus, exercem suas ações no mundo, construindo a socie-dade com suas virtudes e defeitos.

Segundo Châtelet (2000, p. 33), para Tomás, a definição de

o bom poder é uma tarefa exclusivamente da razão e, se essa indica que tal poder deve respeitar as prescrições divinas, esti-pula também que é preciso levar em conta o direito inscrito na natureza humana e as vontades da coletividade. É desse modo que atingirá seu fim, o bem, na medida em que ele é realizável cá em baixo.

O período denominado Renascimento Europeu (séculos XIV-XVI) é conside-rado por muitos historiadores como uma transição entre a Idade Média e a Moderna. A par das transformações econômicas, em conseqüência da ampliação do comércio interno e externo, surge um novo cenário político, cultural, científico, filosófico, artístico, ideológico e social, que se configura como decisivo para o progressivo desmoronamento da Idade Média. A visão teocêntrica do mundo e da sociedade (Deus como centro de tudo) vai sendo substituída pela visão antro-pocêntrica (o homem centro do mundo). Tudo que antes era visto somente pelo olhar religioso, determinado pela Igreja Católica, cujo poder era considerado inquestionável, passa a ser contestado.

No campo da política, julgamos relevante destacar: as contribuições de Maquiavel, conhecido, sobretudo, pela sua obra O Príncipe. É considerado o fundador da Ciência Política. Outro teórico importante foi Thomas Hobbes (1588-1679), cuja obra, O Leviatã, está relacionada ao estado Absolutista. Hobbes desenvolve sua defesa do absolutismo, relacionando o Estado a uma grande figura mitológica chamada de Leviatã. Esses e outros teóricos aqui citados serão estudados na aula 2.

A Idade Moderna (a partir de meados do séc. XVII em diante) foi marcada por grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas, entre as quais a Revolução Industrial na Inglaterra e uma Revolução política na França e nos Estados Unidos. No âmbito da teoria política, vários pensadores se desta-caram: entre os iluministas, Montesquieu (1689-1755), autor de O Espírito das Leis, defende a divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário, tal como temos até hoje nos vários países democráticos; Voltaire (1694-1778) cujas idéias centram-se na crítica radical ao clero, embora acredite na presença de Deus na natureza e no homem.

John Locke (1632-1704) foi um dos principais teóricos do liberalismo democrático cujas idéias influenciaram a famosa Revolução Inglesa, conhecida também como Revolução Gloriosa.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi outro importante teórico contratua-lista, que percebia o Estado como fruto de um contrato social. As idéias desse pensador diferem das de Hobbes e Locke em alguns aspectos. Não era favorável

Page 12: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

384 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

a um Estado absolutista, como defendia Hobbes, e não concebia a idéia de que o homem, em seu estado de natureza, é mau e instintivo. Rousseau tinha uma concepção diferente de direito natural, pois para ele os homens nascem bons, e é a sociedade que os corrompe. Para Rousseau, a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social. Uma das características fundamentais das contribuições desse teórico é a idéia de liberdade e vontade do povo. Para ele, a vontade geral é a que prevalece e não apenas a vontade dos representantes do povo.

1.4 Construindo alguns conceitos de Ciência Política

É importante compreender que toda área, para se consolidar como ciência, necessita possuir conceitos e estimular a presença dos debates em torno de sua cientificidade. A Ciência Política, como área, não é diferente. Veremos alguns desses conceitos, asseverando que nosso objetivo não é aprofundá-los, mas permitir, a título de introdução, um conhecimento que será aprofundado ao longo de sua formação na graduação, por meio de outras disciplinas.

1.4.1 Poder

A política, ciência que discute a maneira como se dá a distribuição, o exercício e o controle do poder em uma dada sociedade, suscita a necessi-dade de se definir o que realmente é o poder. No discurso de muitos ocupantes de cargos públicos, é comum ouvir a expressão de que basta vontade política para realizar certas transformações. Não é tão simples como se imagina, ou pelo menos como vendem a questão, certos detentores de mandatos.

Vários pontos de vista podem ser aqui discutidos. Porém adotaremos uma definição bem ampla de poder: “a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos” (ARANHA; MARTINS, 2005, p. 180).

Essa definição coloca o poder como a relação que se estabelece entre dois diferentes grupos que polarizam a questão: de um lado, há um grupo que detém os instrumentos necessários para fazer com que sua vontade seja imposta aos outros; de outro lado, há o grupo que sofre essa interferência dos detentores de poder. De forma bem simples, podemos afirmar que o poder é “a relação ou um conjunto de relações pelas quais indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos” (ARANHA; MARTINS, 2005, p. 180).

A força é o instrumento pelo qual o poder é exercido. A força permite aos detentores do poder interferir na atividade dos que se submetem a este poder. Porém, a força deve ser compreendida de forma bem ampla. Não se trata da coação física, apesar de essa também ser uma expressão de força. A força é também, e principalmente, um conjunto de meios utilizados para interferir no comportamento de outras pessoas.

Page 13: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 385

O poder é uma relação não uma substância. Vamos explicar isso de uma forma mais clara. Imagine que uma determinada pessoa receba a delegação de um grupo, para que exerça o poder sobre este grupo. Se essa pessoa tiver a concepção de que o poder é uma substância, realizará o que bem entender sem se preocupar com o que os demais pensam. O resultado você já deve imaginar. Com o passar do tempo, essa pessoa perderá o respeito dos que a escolheram e com certeza terá suas atribuições retiradas pelo grupo e poderá perder o poder que detém. Não basta “ter” o poder, é preciso saber conservá-lo. Por outro lado, se essa mesma pessoa tivesse a concepção de que o poder é uma relação, prova-velmente procuraria obter o consentimento dos demais no exercício do poder.

Nas sociedades modernas, o Estado é a instituição que detém a primazia sobre as relações políticas de poder. Do século XVI em diante, o Estado vem se configu-rando como o detentor do monopólio legítimo da força. É importante compreender que o Estado não consegue manter o controle político da sociedade sem contar com o consentimento das pessoas. Não basta, apenas o uso da força, da coação; é preciso que os indivíduos se convençam de que aquele poder é legítimo.

1.4.2 Estado

O conceito de Estado ocupa, nas reflexões da Ciência Política, uma posição central. Estudaremos, na aula 5, de forma mais aprofundada, as relações que o Estado estabelece na e para a sociedade. Para uma grande parcela de autores, o Estado é o local por excelência do fenômeno político. Analisar e compreender o que é o Estado e quais conseqüências derivam dessa compreensão é neces-sário para o bom estudo da política.

Todavia, definir o Estado não é uma tarefa simples. Veja a seguir algumas defi-nições de Estado que Dallari (2005, p. 117) cita em sua Teoria Geral do Estado:

Estado é a nação politicamente organizada;•Estado é a nação juridicamente organizada;•Estado é a força material irresistível limitada e regulada pelo •direito;Estado é a unidade de dominação em que o poder é •institucionalizado.

Como se vê, essas definições tratam do Estado do ponto de vista jurídico e político, mas carecem de uma pretensão globalizante, isto é, que não seja fragmentária.

A seguir, Dallari (2005, p. 118-119) traz as definições de dois dos teóricos mais influentes na questão da definição jurídica do Estado: Hans Kelsen e Georg Jellinek. Kelsen define o Estado como a ordem coativa norma-tiva da conduta humana; Jellinek define o Estado como a corporação territorial

dotada de um poder de mando originário. Como você pode perceber, ambas as definições ficam presas ao aspecto puramente jurídico do Estado.

Page 14: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

386 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

O Estado, na concepção de Dallari (2005, p. 119), seria “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. Dessa forma Dallari pretende colocar em seu conceito de Estado os elementos político, jurídico e social, esferas típicas de atuação do Estado.

1.4.3 Ideologia

O termo ideologia, conforme Cotrim (2000) foi criado pelo filósofo francês Destut de Tracy (1754-1836) e definido como a ciência que estuda a origem e o desenvolvimento das idéias. Com o passar do tempo, o termo assumiu várias designações, conforme a corrente filosófica que o usasse.

A concepção mais difundida do termo foi elaborada por Karl Marx, tendo sido a mais utilizada pelas ciências humanas e sociais. Na concepção de Marx, a ideologia é um conjunto de idéias que serve para dissimular a realidade, justi-ficando a visão de mundo, as concepções e valores do grupo social dominante. Um exemplo que atesta esse caráter é a maneira como as famílias, sem saber, definem, desde cedo, o papel social do homem e da mulher, privilegiando o homem nessa relação. Essa ideologia machista se reflete na forma como presen-teamos nossas crianças: se for um menino, provavelmente receberá uma bola ou carrinho de brinquedo; se menina, boneca, fogãozinho, maquiagem de brin-quedo. Esses objetos não são neutros. Sem saber, reforçamos os valores de uma cultura machista que condena as mulheres ao espaço doméstico privado e propõe ao homem o mundo fora de casa, espaço público, onde estão concen-tradas as atividades políticas e onde se exerce o poder.

A ideologia, segundo Marx, seria uma compreensão, uma consciência ilusória da realidade, por não explicar as contradições existentes e também por servir como justificativa para a dominação das minorias por parte da classe dominante.

A ideologia não pode ser confundida com mentira. Para as pessoas que estão sob sua influência, seus valores e sua forma de compreender o mundo são corretas. Basta ver os comerciais de margarina para perceber o modelo de família que veiculam. Para a maioria das pessoas, é o modelo adequado: pai provedor, mãe dedicada ao lar, filhos amorosos, numa bela casa de classe média. É uma visão ideológica porque é muito provável que esse modelo de família tenha poucas chances de existir realmente. Basta lembrar que cerca de quarenta milhões de brasileiros vivem numa situação precária e, do ponto de vista afetivo, conflitos e desavenças ocorrem nas famílias pertencentes a todos os segmentos sociais.

Antônio Gramsci vê a ideologia de outra maneira. Para ele, a compreensão do papel da ideologia necessitaria

distinguir entre ideologias historicamente orgânicas, isto é, que são necessárias a uma determinada estrutura, e ideologias arbitrárias, racionalistas, “desejadas”. Na medida em que são historicamente necessárias, as ideologias têm uma validade “psicológica”: elas orga-nizam as massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam, etc.

Na medida em que são “arbitrárias”, elas não criam senão “movi-mentos” individuais, polêmicas, etc. (GRAMSCI, 1995, p. 63).

Assim, o papel das ideologias arbitrárias se confunde com a concepção marxiana de ideologia, ou seja, serve para mascarar a realidade. Por outro lado, as ideologias orgânicas promovem a unidade de um grupo social sobre os seus ideais, proporcionando a tomada de consciência. Como exemplo, podemos citar a maneira como uma comunidade extrativista se relaciona com a floresta onde mora e de onde retira seu sustento. Não mantém com a floresta uma relação de exploração simplesmente econômica.

No debate atual sobre a ideologia, está claro que é impossível escapar da influência da ideologia. O campo político é o terreno privilegiado em que as mais diversas ideologias políticas procuram explicar a realidade conforme as suas conveniências. Nesse solo, não há debate sem que se recorra a alguma forma de ideologia. Nas aulas subseqüentes, você estudará algumas das princi-pais ideologias e sua influência no campo político.

Estudamos que a política pode ser entendida como tudo aquilo que acon-tece nas relações sociais que envolvem o poder. É por isso que podemos definir a Ciência Política como o resultado da relação entre pessoas, uma vez que se trata de um processo social em que os indivíduos exercem alguma relação de poder com os demais. A Ciência Política busca compreender as relações de poder e suas implicações seja entre pessoas ou grupos e instituições sociais. Vimos também que o poder pode ser entendido, de forma ampla, como a capa-cidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos e que, para haver Estado, é necessária uma nação politica-mente organizada; uma nação juridicamente organizada; uma força material irresistível limitada e regulada pelo direito e uma unidade de dominação em que o poder é institucionalizado. Também vimos que, para a existência do Estado, é necessária a criação de uma ideologia, isto é, um conjunto de idéias que serve para dissimular a realidade, justificando a visão de mundo, as concepções e valores do grupo social dominante.

1. Leia as seguintes assertivas.

I. No processo de relações sociais, cada vez mais, a política se desenvolve em meio a toda uma complexidade de interesses em jogo, mediados pelo poder.

II. As relações sociais, de maneira geral, carregam consigo o fenômeno do poder. Elas se restringem apenas à esfera do Estado.

Page 15: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 387

Na medida em que são “arbitrárias”, elas não criam senão “movi-mentos” individuais, polêmicas, etc. (GRAMSCI, 1995, p. 63).

Assim, o papel das ideologias arbitrárias se confunde com a concepção marxiana de ideologia, ou seja, serve para mascarar a realidade. Por outro lado, as ideologias orgânicas promovem a unidade de um grupo social sobre os seus ideais, proporcionando a tomada de consciência. Como exemplo, podemos citar a maneira como uma comunidade extrativista se relaciona com a floresta onde mora e de onde retira seu sustento. Não mantém com a floresta uma relação de exploração simplesmente econômica.

No debate atual sobre a ideologia, está claro que é impossível escapar da influência da ideologia. O campo político é o terreno privilegiado em que as mais diversas ideologias políticas procuram explicar a realidade conforme as suas conveniências. Nesse solo, não há debate sem que se recorra a alguma forma de ideologia. Nas aulas subseqüentes, você estudará algumas das princi-pais ideologias e sua influência no campo político.

Estudamos que a política pode ser entendida como tudo aquilo que acon-tece nas relações sociais que envolvem o poder. É por isso que podemos definir a Ciência Política como o resultado da relação entre pessoas, uma vez que se trata de um processo social em que os indivíduos exercem alguma relação de poder com os demais. A Ciência Política busca compreender as relações de poder e suas implicações seja entre pessoas ou grupos e instituições sociais. Vimos também que o poder pode ser entendido, de forma ampla, como a capa-cidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos e que, para haver Estado, é necessária uma nação politica-mente organizada; uma nação juridicamente organizada; uma força material irresistível limitada e regulada pelo direito e uma unidade de dominação em que o poder é institucionalizado. Também vimos que, para a existência do Estado, é necessária a criação de uma ideologia, isto é, um conjunto de idéias que serve para dissimular a realidade, justificando a visão de mundo, as concepções e valores do grupo social dominante.

1. Leia as seguintes assertivas.

I. No processo de relações sociais, cada vez mais, a política se desenvolve em meio a toda uma complexidade de interesses em jogo, mediados pelo poder.

II. As relações sociais, de maneira geral, carregam consigo o fenômeno do poder. Elas se restringem apenas à esfera do Estado.

Page 16: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

388 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

III. Aristóteles considerava que a realidade era concreta, isto é, o mundo onde vivemos pode ser compreendido pela razão. Isso torna possível fazer uma análise mais próxima da realidade.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) I e II, apenas

b) II e III, apenas

c) I e III, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

2. A definição de Estado, partindo de Dallari (2005), não comporta a afir-mação de que:

a) Estado é a nação política e juridicamente organizada;

b) Estado é a ordenação jurídica, civil e social, que deve ser obedecida pela sociedade como instância máxima e inconteste;

c) Estado é a força material irresistível limitada e regulada pelo direito;

d) Estado é uma unidade de dominação em que o poder é institucionalizado.

3. Construa um mapa conceitual com as idéias presentes na aula. Indique as idéias principais e secundárias que reforçam os argumentos. Indicamos um possível modelo, mas você poderá utilizar outras formas.

4. Acesse e leia o artigo de Paulo Esteves, intitulado Para uma genealogia do estado territorial soberano, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n27/03.pdf>. Utilizando os aportes teóricos apontados pelo autor sobre soberania nacional e as discussões feitas nesta aula, avalie como a compreensão dessa construção pode auxiliar a formação do conhecimento do Assistente Social e de sua prática democrática.

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (c), pois as relações sociais são mediadas pelo poder, e Aristóteles considerava que a realidade era concreta, o que torna possível fazer uma análise mais próxima da realidade. As alternativas (a), (b) e (d), por considerarem verdadeira a assertiva II, são erradas. A assertiva II, apesar de apontar corretamente que as relações sociais carregam consigo o fenômeno do poder, restringe-se apenas à esfera do Estado. Isso é equivocado, pois o poder está presente em todas as relações sociais.

Na atividade dois, a opção que atende ao solicitado é a alternativa (b), pois, mesmo encarando o Estado como instância máxima, não considera incontestável, nem soberano à vontade de seus cidadãos, salvo o caso do Estado totalitário/ditatorial. As alternativas (a), (c) e (d) atestam a definição de Estado para Dalari (2005), que inclui a organização política e jurídica, a força material limitada e regulada pelo direito e a unidade de dominação em que o poder é institucionalizado, não personalista, conforme discutido em nossa aula.

Na atividade três, é bom relembrar que mapa conceitual é uma represen-tação gráfica bem semelhante a um diagrama com múltiplas conexões possí-veis, que, em cada item, indica relações entre conceitos ligados por palavras. Em um mapa conceitual, podemos iniciar por conceitos mais abrangentes até os mais específicos. Esse exercício permitirá a você a ordenação e a seqüen-ciação de idéias e/ou conteúdos que desenvolvemos em nossa aula, de forma a construir caminhos sobre a Ciência Política.

Na atividade quatro, você deverá ler o artigo citado, preferencialmente realizando um fichamento das idéias principais do autor sobre a questão da soberania nacional. Com isso em mente, você deverá lançar seu olhar para o Serviço Social. É claro que entendemos que você está no início de seu curso, mas já deverá tentar relacionar todas as leituras com o futuro fazer profissional na área social. Não se esqueça de partilhar suas percepções com professores e web-tutor, por meio da interatividade do portal.

ANDRADA, Bonifácio de. Estudo da Ciência Política: definição, divisão, método. São Paulo: 1998.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.

CHÂTELET, François et al. História das idéias políticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

Page 17: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 389

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (c), pois as relações sociais são mediadas pelo poder, e Aristóteles considerava que a realidade era concreta, o que torna possível fazer uma análise mais próxima da realidade. As alternativas (a), (b) e (d), por considerarem verdadeira a assertiva II, são erradas. A assertiva II, apesar de apontar corretamente que as relações sociais carregam consigo o fenômeno do poder, restringe-se apenas à esfera do Estado. Isso é equivocado, pois o poder está presente em todas as relações sociais.

Na atividade dois, a opção que atende ao solicitado é a alternativa (b), pois, mesmo encarando o Estado como instância máxima, não considera incontestável, nem soberano à vontade de seus cidadãos, salvo o caso do Estado totalitário/ditatorial. As alternativas (a), (c) e (d) atestam a definição de Estado para Dalari (2005), que inclui a organização política e jurídica, a força material limitada e regulada pelo direito e a unidade de dominação em que o poder é institucionalizado, não personalista, conforme discutido em nossa aula.

Na atividade três, é bom relembrar que mapa conceitual é uma represen-tação gráfica bem semelhante a um diagrama com múltiplas conexões possí-veis, que, em cada item, indica relações entre conceitos ligados por palavras. Em um mapa conceitual, podemos iniciar por conceitos mais abrangentes até os mais específicos. Esse exercício permitirá a você a ordenação e a seqüen-ciação de idéias e/ou conteúdos que desenvolvemos em nossa aula, de forma a construir caminhos sobre a Ciência Política.

Na atividade quatro, você deverá ler o artigo citado, preferencialmente realizando um fichamento das idéias principais do autor sobre a questão da soberania nacional. Com isso em mente, você deverá lançar seu olhar para o Serviço Social. É claro que entendemos que você está no início de seu curso, mas já deverá tentar relacionar todas as leituras com o futuro fazer profissional na área social. Não se esqueça de partilhar suas percepções com professores e web-tutor, por meio da interatividade do portal.

ANDRADA, Bonifácio de. Estudo da Ciência Política: definição, divisão, método. São Paulo: 1998.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.

CHÂTELET, François et al. História das idéias políticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

Page 18: Apresentação - UNITINS

aula 1 • ciência PolÍtica

390 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

COTRIM, G. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

DALLARI, Salmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

GRAMSCI, A. A concepção dialética da história. São Paulo: Cortez, 1995.

MAGEE, B. História da Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.

Conheceremos alguns dos principais autores clássicos da Ciência Política e suas idéias sobre política que tiveram influência na forma de pensar e de agir.

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

conhecer as idéias centrais de Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu •e Rousseau;

diferenciar as idéias dos filósofos políticos contratualistas. •

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é importante a leitura do verbete do Dicionário de Filosofia Moral e Política inti-tulado Contratualistas, disponível no sítio <http://www.ifl.pt/main/Portals/0/dic/contratualismo.pdf>. Neste texto, são discutidas as posições dos clássicos da Ciência Política sobre a noção de contrato, objeto desta aula.

Para várias pessoas, quando se fala em política, Maquiavel é bastante lembrado. A racionalidade e a maneira de descrever a realidade política de sua época constituem um marco histórico para o mundo ocidental até os dias atuais. Porém Maquiavel não é uma estrela solitária nesse céu teórico. A ele juntamos Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau, que, de formas variadas, defenderam basicamente um contrato social para a melhor estrutura da socie-dade. Vamos conhecê-los?

2.1 Maquiavel

Maquiavel (1649-1527) foi, sem dúvida, influenciado pelo espírito renas-centista de sua época, pela racionalidade de sua análise sobre política e pela crítica contundente à influência da religião na ética e no processo de conheci-mento humano. O período desse importante pensador da política, considerado

Anotações

Page 19: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 391

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

conhecer as idéias centrais de Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu •e Rousseau;

diferenciar as idéias dos filósofos políticos contratualistas. •

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é importante a leitura do verbete do Dicionário de Filosofia Moral e Política inti-tulado Contratualistas, disponível no sítio <http://www.ifl.pt/main/Portals/0/dic/contratualismo.pdf>. Neste texto, são discutidas as posições dos clássicos da Ciência Política sobre a noção de contrato, objeto desta aula.

Para várias pessoas, quando se fala em política, Maquiavel é bastante lembrado. A racionalidade e a maneira de descrever a realidade política de sua época constituem um marco histórico para o mundo ocidental até os dias atuais. Porém Maquiavel não é uma estrela solitária nesse céu teórico. A ele juntamos Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau, que, de formas variadas, defenderam basicamente um contrato social para a melhor estrutura da socie-dade. Vamos conhecê-los?

2.1 Maquiavel

Maquiavel (1649-1527) foi, sem dúvida, influenciado pelo espírito renas-centista de sua época, pela racionalidade de sua análise sobre política e pela crítica contundente à influência da religião na ética e no processo de conheci-mento humano. O período desse importante pensador da política, considerado

Os clássicos da política

Aula 2

Page 20: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

392 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

uma etapa de transição para a modernidade, é marcado por grandes conflitos políticos, sociais, culturais, econômicos. A Itália, nessa época, era organizada em principados, com autonomia de seus soberanos (príncipes), que governavam despoticamente. Não havia um Estado central. Portanto, a multipolarização do poder favorecia a corrupção e a competição entre os principados. O discurso ideológico sobre como deve ser um governante distanciava-se na prática das ações desses governantes. Segundo Estevam (1999, p. 9),

a Itália é desarmada política, militar e institucionalmente pelo anacronismo da organização das cidades-Estado e pela ausência de liderança central incontestável. A essas razões acrescenta-se a política temporal do papado, que não sendo suficientemente forte para manter todos os Estados sob seu domínio, tampouco é fraca a ponto de impedir a unificação, por meio da figura de um príncipe secular.

Nesse contexto, a experiência que Maquiavel teve como secretário na chan-celaria do governo florentino lhe possibilitou a participação ativa no exercício do poder e o tornou apto a empreender uma análise minuciosa da realidade política da época. Seu método de análise, com base na observação dos meca-nismos do poder, leva a posteridade a considerá-lo o fundador da Ciência Política e, segundo alguns, jamais foi superado nesse campo. Suas principais obras são O Príncipe e Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio.

As idéias de Maquiavel apresentam uma característica de realismo, diferen-temente de alguns autores do Renascimento, como Tomas Morus (1478-1535). Enquanto Maquiavel se preocupava em entender a realidade política da sua época e buscar meios para contribuir cientificamente, Tomas Morus, em sua obra Utopia, analisa a realidade de sua época e propõe uma sociedade ideal, conforme você viu também no pensamento político de Platão. Maquiavel analisa a realidade política na prática: separa a moral da política e apresenta ao prín-cipe a forma adequada de suas ações, tendo em vista a sua manutenção no poder e a unificação da Itália.

Os principais temas abordados por Maquiavel são a prática política, o poder, a guerra e a religião como ideologia. A preocupação de Maquiavel era compreender como as organizações políticas surgem, desenvolvem-se, persistem e decaem. Com a clareza de seus objetivos, utiliza-se de uma meto-dologia que rompe com as idéias metafísicas e os tratados da escolástica medieval. Aplica o método de investigação empírica, a fim de estudar a polí-tica e suas diferentes interfaces.

Maquiavel demonstra a necessidade de um Estado forte, cujo representante, no caso o príncipe, deveria possuir as características necessárias para saber conquistar o poder e manter-se nele, sem se submeter ao controle da moral e da religião católica. Sobre as idéias contidas em O Príncipe, obra central de Maquiavel, Châtelet (2000, p. 39) destaca que

Page 21: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 393

Maquiavel indaga que conduta deve adotar quem tem como projeto a instauração ou restauração de um principado dura-douro, forte, honrado e feliz. Ele se dirige aos Médicis que acabam de retomar o poder em Florença; mas tem em vista o chefe que assumisse a tarefa de unificar a Itália sob uma mesma bandeira, de libertá-la das invasões estrangeiras e de pôr fim às rivalidades fratricidas.

Para isso, um novo conceito de política seria necessário: levaria em conta várias formas, idéias e situações que exigem das lideranças no exercício do poder, principalmente, o conhecimento e as habilidades necessárias para o alcance de suas metas e objetivos. A política, portanto, não é lugar para qual-quer um. É uma arte, um jogo, cujos objetivos, papéis e funções precisam ser claros para os indivíduos ou grupos que detêm ou que almejam o poder. A virtù (virtude) e a fortuna (sorte) são, para Maquiavel, elementos fundamentais para a conquista e manutenção do poder. Ao longo da história, surgiram persona-gens com essas características, entre os quais: Moisés, Ciro, Rômulo, Teseu, que “criaram grandes e duradouras instituições porque acolhidos pela fortuna tiveram tirocínio para antecipar-se ao tempo e firmeza para realizar novas obras na opor-tunidade exata” (MAQUIAVEL, 1996, p. 17).

Para Maquiavel, o poder apresenta um significado fortíssimo e pode estar relacionado ao Estado como instância máxima do poder, como também à capa-cidade de determinadas lideranças de conquistar e manter um Estado. Nas suas lições, Maquiavel não valoriza aquele que busca o poder pelo poder, sem que possua as qualidades necessárias para essa tarefa. O poder puramente pessoal degenera facilmente em tirania e instabilidade.

2.2 Hobbes

Thomas Hobbes (1588-1679), matemático, teórico político e filósofo inglês, escreveu uma obra que está relacionada ao Estado absolutista, intitulada Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. Nessa obra, Hobbes desenvolve sua defesa ao absolutismo, relacionando o Estado a uma grande figura mitológica chamada de Leviatã. Ele justifica a existência do Estado abso-lutista por compreender que o homem, em seu estado de natureza, é selvagem e instintivo, de modo que necessita de uma instituição superior como o Estado, para conter os ânimos e permitir o equilíbrio social.

Nesse sentido, Ribeiro (2006, p. 55) aponta o problema da defesa de Hobbes, afirmando que

o que causou maior irritação contra Hobbes é que ele não afirma que os homens são absolutamente iguais, mas que são “tão iguais que...”: iguais o bastante para que nenhum possa triunfar de maneira total sobre o outro. Todo homem é opaco aos olhos de seu semelhante – eu não sei o que o outro deseja, e por isso tenho que fazer uma suposição de qual será a sua atitude

Page 22: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

394 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

mais prudente, mais razoável. Como ele também não sabe o que quero, também é forçado a supor o que farei. Dessas suposições recíprocas decorre que geralmente o mais razoável para cada um é atacar o outro, ou para vencê-lo, ou simplesmente para evitar um ataque possível: assim a guerra se generaliza entre os homens. Por isso, se não há um Estado controlando e reprimindo, fazer a guerra contra os outros é a atitude mais racional que eu possa adotar (grifos do autor).

Como observamos da análise de Ribeiro (2006), para Hobbes, o Estado teria uma função essencial: evitar a autodeterminação do homem de ser seu próprio juiz e algoz. Seria a igualdade, nessa concepção hobbesiana, que levaria o homem à ambição, às lutas. Para o controle social, seria necessária uma autoridade maior, que todos os membros aceitassem (ou fossem coagidos a aceitar), para exercer o poder de paz interna e a defesa comum. Este soberano (quer seja um monarca quer seja uma assembléia) seria o Leviatã, uma auto-ridade inquestionável que garantiria a manutenção da paz interna e externa. Consolida-se em Hobbes um contrato de submissão do homem ao Estado.

A noção de poder, em Hobbes, está ligada à força, ao absoluto. Esse poder não seria provido por Deus, como pregado em sua época pela monarquia, mas seria fruto de um contrato entre os cidadãos que permitiria o bem e a proteção da vida dos súditos. O homem, em Hobbes, não é um homo economicus, isto é, seu maior interesse não é produzir riquezas ou mesmo saqueá-las nas lutas e disputas, mas sim produzir honra. Isso quer dizer que o homem viveria basica-mente da atribuição de valores, da imaginação, do fantasiar o irreal (RIBEIRO, 2006), e a função do Estado deveria ser controlar seus impulsos frenéticos.

2.3 Locke

John Locke (1632-1704), médico e professor da Universidade de Oxford, foi um dos principais teóricos do liberalismo inglês. Suas idéias influenciaram a Revolução Inglesa ou Revolução Gloriosa (1688), a Revolução Americana (1776) e, segundo alguns, a Revolução Francesa (1789).

O contexto político da época é o liberalismo instaurado na Inglaterra por meio da Revolução Puritana (1649-1660), sob o protetorado de Oliver Cromwell. É importante entender que, nesse período, apoiado pelo exército e pela burguesia puritana, Cromwell transformou a Inglaterra numa potência naval e comercial. Porém, com sua morte, começou-se um processo de restauração (1660-1688), gerando mais conflitos entre o parlamento e a coroa. Esses conflitos terminam quando, em 1688, Guilherme de Orange, chefe de Estado da Holanda, depõe seu genro, Jaime II. Assim, Guilherme de Orange passa a representar a coroa inglesa, aceito e empossado pelo parlamento. Com a aprovação do Bill of Rights (1689), o parlamento inglês teve a supremacia legal sobre a realeza. Isso sujeitou a monarquia ao poder decisório do parlamento.

Page 23: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 395

É nesse período que Locke, refugiado na Holanda, retorna à Inglaterra e publica suas obras mais importantes: Cartas sobre a tolerância, Ensaio sobre o entendimento humano e os Dois tratados sobre o governo civil.

Locke defende a doutrina de que “existem leis não postas pela vontade humana, das quais derivam, como em toda e qualquer lei moral ou jurídica, direitos e deveres que são, pelo próprio fato de serem derivados de uma lei natural, direitos e deveres naturais” (BOBBIO, 2005, p. 11). Essa doutrina ficou conhecida como jusnaturalismo lockeano. As diferentes formas de pensamento jusnaturalista têm como ponto comum a afirmação de que todos os homens, sem distinção, por força da própria natureza e independentemente de sua própria vontade, são detentores de certos direitos fundamentais.

Locke parte do estado de natureza, no qual o homem possui perfeita liber-dade e igualdade e, ao ser governado pela lei da natureza, sabe que ninguém poderia provocar danos à vida, à saúde, à liberdade ou à propriedade das outras pessoas. O poder que as pessoas têm sobre as coisas decorre do estado de natureza, ou seja, nada têm a ver com o Estado e a instituição da sociedade política. Em outras palavras: o estado de natureza seria o momento econômico anterior e determinante do poder político.

Em suma, no estado de natureza ou na sociedade natural, os homens vivem segundo as leis naturais, inclusive as da livre concorrência econômica. Logo, para Locke, a política está a serviço da economia.

Locke considera a necessidade da instituição do Estado, quando percebe que a sociedade, no seu estado de natureza, vê-se impotente frente aos desafios, como os dos inimigos internos e externos. Para ele, o estado de natureza, típico dos povos primitivos, apresenta uma perfeita harmonia até que não necessite da ordem política. Quando, porém, os direitos naturais não têm força suficiente para enfrentar os desafios advindos, é necessária a constituição de “um poder que os formalize – que lhes dê força de lei – e que imponha sua efetividade mediante a coerção” (CHÂTELLET, 2000, p. 59).

Segundo a perspectiva teórica lockeana, as garantias individuais, como a propriedade privada, são fundamentais para o bem-estar social dos indivíduos. Assim, a presença do Estado é indispensável. O contrato social em Locke é, então, um pacto de consentimento em que os homens se colocam debaixo das leis, para preservar e consolidar seus direitos naturais (MELLO, 2006).

As idéias de Locke foram influentes junto às práticas políticas, ao encontro dos novos tempos da Idade Moderna, do ponto de vista econômico, político e social.

2.4 Montesquieu

A Idade Moderna (a partir de meados do séc. XVII em diante) foi marcada por grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas, entre as

Page 24: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

396 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

quais a revolução industrial na Inglaterra e a revolução política na França e nos Estados Unidos. No âmbito da teoria política, vários pensadores se desta-caram. Entre os iluministas, podemos indicar Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu, que nasceu em 1689 e faleceu em 1755, em Paris. Era político, filósofo e escritor, filho de uma família nobre.

Montesquieu, em sua principal obra, O Espírito das Leis, propõe a separação e autonomia dos poderes, tese que se transformaria em um dos pilares da democracia. Ao refletir sobre os governos absolutistas em vigência naquele período, percebe que, por concentrarem todo o poder em suas mãos, eles eram arbitrários e violentos.

Montesquieu conclui que só o poder é capaz de frear o poder. Como afirma Albuquerque (2006, p. 120),

a estabilidade do regime ideal está em que a correlação entre as forças reais da sociedade posse a se expressar também nas insti-tuições políticas. Isto é, seria necessário que o funcionamento das instituições permitisse que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais.

Somente com a autonomia dos poderes é que poderiam se frear os abusos de poder. Para Montesquieu, a moderação entre os poderes seria a alma dos governos. Porém, a separação não significava que eles entrassem em conflito entre si, mas que funcionassem em harmonia para que o governo do Estado não se paralisasse. Assim distribuiu os poderes conforme suas atribuições.

Legislativo: criação das leis, fiscalização do executivo.•

Executivo: gere a administração pública, executa as leis, cuida da segu-•rança, da saúde, da educação e de tantos outros serviços públicos.

Judiciário: tem a função de interpretar e aplicar a lei, nos casos de dissí-•dios entre os cidadãos e entre os cidadãos e o Estado.

2.5 Rousseau

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi outro importante teórico contratua-lista, isto é, percebia o Estado como fruto de um contrato social. As idéias desse pensador se diferem das de Hobbes e Locke em alguns aspectos. Não era favo-rável a um Estado absolutista, como defendia Hobbes, bem como não concebia a idéia de que o homem, em seu estado de natureza, é mau e instintivo. Rousseau tinha uma concepção diferente da Escola do Direito natural, pois para ele os homens, em seu estado de natureza, são iguais, livres, perfeitos e felizes, tornan-do-se maus porque a sociedade os corrompeu. Assim, o Estado passa a ser o meio que possibilita o ser humano à volta ao estado natural, a partir da consti-tuição do contrato social.

A concepção de Estado em Rousseau, apesar de ser também um contratua-lista, difere das concepções de Hobbes, que defende um Estado absolutista, e

de Locke, que defende um Estado liberal. Para Rousseau, o Estado não significa uma instituição voltada somente para os interesses de poucos. Ele defende a participação ampla da sociedade e é considerado um precursor dos princípios básicos do regime democrático da modernidade.

Rousseau escreve sobre o contrato social e critica as desigualdades presentes no sistema. Châtelet (2000, p. 71) lembra que

Rousseau percebe originariamente duas espécies de desigual-dade: a primeira, natural ou física, devida à diferença de idade, de saúde, da força corporal ou das qualidades do espí-rito, em nada lhe interessa, já que não poderia fundar nenhuma organização social; a segunda, moral ou política, parece esta-belecida com o consentimento dos homens, após uma espécie de convenção, e é a única que merece ter sua origem e seu processo descritos.

Na perspectiva de Rousseau, a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social. Algumas entre as características fundamentais das contribuições desse teórico são as idéias de liberdade e de vontade do povo. Para ele, a vontade geral é a que prevalece e não apenas a vontade dos repre-sentantes do povo. Para isso, há a necessidade de legitimação, que não basta ter ocorrido no momento inicial, mas que deve permanecer e se refazer a cada instante (NASCIMENTO, 2006).

Estudamos os clássicos da Ciência Política. Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau são chamados de contratualistas, por acreditarem em um contrato social. Cada um via o Estado de uma forma bem particular: Maquiavel concebe um Estado forte, cujo representante não se submete ao controle da moral e da religião; Hobbes concebe um poder ligado à força e ao absoluto e baseado em um contrato de submissão do homem ao Estado; Locke aponta o contrato social como um pacto de consentimento, em que os homens se colocam debaixo das leis para preservar e consolidar seus direitos naturais; Montesquieu defende a separação dos poderes que pode frear os abusos; Rousseau afirma que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social e, portanto, mutável por meio da participação popular.

1. Leia as assertivas.

I. Maquiavel se preocupava em entender a realidade política da sua época e buscar meios para contribuir cientificamente, analisando a realidade como acontece na prática e não como deveria ser.

Page 25: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 397

de Locke, que defende um Estado liberal. Para Rousseau, o Estado não significa uma instituição voltada somente para os interesses de poucos. Ele defende a participação ampla da sociedade e é considerado um precursor dos princípios básicos do regime democrático da modernidade.

Rousseau escreve sobre o contrato social e critica as desigualdades presentes no sistema. Châtelet (2000, p. 71) lembra que

Rousseau percebe originariamente duas espécies de desigual-dade: a primeira, natural ou física, devida à diferença de idade, de saúde, da força corporal ou das qualidades do espí-rito, em nada lhe interessa, já que não poderia fundar nenhuma organização social; a segunda, moral ou política, parece esta-belecida com o consentimento dos homens, após uma espécie de convenção, e é a única que merece ter sua origem e seu processo descritos.

Na perspectiva de Rousseau, a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social. Algumas entre as características fundamentais das contribuições desse teórico são as idéias de liberdade e de vontade do povo. Para ele, a vontade geral é a que prevalece e não apenas a vontade dos repre-sentantes do povo. Para isso, há a necessidade de legitimação, que não basta ter ocorrido no momento inicial, mas que deve permanecer e se refazer a cada instante (NASCIMENTO, 2006).

Estudamos os clássicos da Ciência Política. Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau são chamados de contratualistas, por acreditarem em um contrato social. Cada um via o Estado de uma forma bem particular: Maquiavel concebe um Estado forte, cujo representante não se submete ao controle da moral e da religião; Hobbes concebe um poder ligado à força e ao absoluto e baseado em um contrato de submissão do homem ao Estado; Locke aponta o contrato social como um pacto de consentimento, em que os homens se colocam debaixo das leis para preservar e consolidar seus direitos naturais; Montesquieu defende a separação dos poderes que pode frear os abusos; Rousseau afirma que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social e, portanto, mutável por meio da participação popular.

1. Leia as assertivas.

I. Maquiavel se preocupava em entender a realidade política da sua época e buscar meios para contribuir cientificamente, analisando a realidade como acontece na prática e não como deveria ser.

Page 26: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

398 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

II. Hobbes justifica a existência do Estado absolutista por entender que o homem em seu estado de natureza é selvagem e instintivo, de modo que necessita de uma instituição superior como o Estado, para conter os ânimos e permitir o equilíbrio social.

III. Locke considera a necessidade da instituição do Estado quando percebe que a sociedade no seu estado de natureza se vê impotente frente aos desafios, mesmo o homem sendo detentor de certos direitos fundamen-tais. Porém esse Estado deve preservar os direitos naturais fundamentais e consolidá-los.

IV. Rousseau defende um Estado voltado para os interesses de poucos. Ele defende a participação da sociedade, por meio de sua elite pensante e é considerado um precursor dos princípios básicos do regime democrá-tico na modernidade.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) I e II, apenas

b) I, II e III, apenas

c) II e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

2. Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.

a) Maquiavel ( ) Só o poder é capaz de frear o poder. Somente com a autonomia dos poderes se podem frear os abusos de poder. A separação não significa conflito, mas harmonia para que o governo do Estado não se paralise.

b) Hobbes ( ) Aponta que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de um contexto social, sendo necessária a garantia da liberdade e da vontade do povo.

c) Locke ( ) Demonstra a necessidade de um Estado forte, cujo representante deve possuir as características necessárias para saber conquistar e manter-se no poder, sem se submeter ao controle da moral e da religião.

d) Montesquieu ( ) Aponta o contrato social como um pacto de consentimento em que os homens se colocam debaixo das leis para preservar e consolidar seus direitos naturais.

e) Rousseau ( ) Sua noção de poder está ligada à força, ao absoluto. Esse poder não seria provido por Deus, mas seria fruto de um contrato entre os cidadãos, que permitiria o bem e a proteção da vida dos súditos.

A opção que retrata a associação correta é a alternativa:

a) d, e, a, b, c c) d, b, a, c, e

b) e, d, c, a, b d) d, e, a, c, b

3. Acesse e leia o artigo de Pedro H. V. B. Castelo Branco, intitulado Poderes invisíveis versus poderes visíveis no Leviatã de Thomas Hobbes, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24619.pdf>. Utilizando os conceitos de secularização propostos pelo autor, analise em um texto disser-tativo de 20 linhas como esse conhecimento deve influenciar o trabalho do Assistente Social.

4. Acesse e leia o artigo de Luís G. M. Grohmann intitulado Separação de poderes em países presidencialistas: a América Latina em perspectiva compa-rada, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n17/a07n17.pdf>. Depois, retome as discussões feitas sobre Montesquieu em nossa aula e posicione-se em um texto dissertativo de 15 linhas sobre como essa separação entre os poderes tem contribuído para a consolidação da democracia.

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (b), pois as assertivas I, II e III contêm, de forma acertada, as concepções de Maquiavel e a construção da realidade política como acontece na prática e não como deveria ser; de Hobbes que justifica o Estado absolutista para conter os ânimos e permitir o equilíbrio social; de Locke que vê o Estado preservador dos direitos naturais fundamentais. A alternativa (a) está errada, pois não incluiu a assertiva III e fica incompleta. As alternativas (c) e (d) estão erradas, pois incluem a assertiva IV, em que, de forma equivocada, Rousseau é colocado como defensor de um Estado voltado para poucos. Como aprendemos em nossa aula, Rousseau defende a participação ampla da sociedade e não apenas de uma elite representativa.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (d), que retrata a perfeita associação das idéias de Maquiavel à necessidade de um Estado forte, cujo representante não se submeteria ao controle da moral e da religião; Hobbes e sua noção de poder ligada à força e ao absoluto; Locke que aponta o contrato social como um pacto de consentimento; Montesquieu e a defesa da separação dos poderes que poderia frear os abusos de poder; Rousseau que defende que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de

Page 27: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 399

e) Rousseau ( ) Sua noção de poder está ligada à força, ao absoluto. Esse poder não seria provido por Deus, mas seria fruto de um contrato entre os cidadãos, que permitiria o bem e a proteção da vida dos súditos.

A opção que retrata a associação correta é a alternativa:

a) d, e, a, b, c c) d, b, a, c, e

b) e, d, c, a, b d) d, e, a, c, b

3. Acesse e leia o artigo de Pedro H. V. B. Castelo Branco, intitulado Poderes invisíveis versus poderes visíveis no Leviatã de Thomas Hobbes, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24619.pdf>. Utilizando os conceitos de secularização propostos pelo autor, analise em um texto disser-tativo de 20 linhas como esse conhecimento deve influenciar o trabalho do Assistente Social.

4. Acesse e leia o artigo de Luís G. M. Grohmann intitulado Separação de poderes em países presidencialistas: a América Latina em perspectiva compa-rada, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n17/a07n17.pdf>. Depois, retome as discussões feitas sobre Montesquieu em nossa aula e posicione-se em um texto dissertativo de 15 linhas sobre como essa separação entre os poderes tem contribuído para a consolidação da democracia.

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (b), pois as assertivas I, II e III contêm, de forma acertada, as concepções de Maquiavel e a construção da realidade política como acontece na prática e não como deveria ser; de Hobbes que justifica o Estado absolutista para conter os ânimos e permitir o equilíbrio social; de Locke que vê o Estado preservador dos direitos naturais fundamentais. A alternativa (a) está errada, pois não incluiu a assertiva III e fica incompleta. As alternativas (c) e (d) estão erradas, pois incluem a assertiva IV, em que, de forma equivocada, Rousseau é colocado como defensor de um Estado voltado para poucos. Como aprendemos em nossa aula, Rousseau defende a participação ampla da sociedade e não apenas de uma elite representativa.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (d), que retrata a perfeita associação das idéias de Maquiavel à necessidade de um Estado forte, cujo representante não se submeteria ao controle da moral e da religião; Hobbes e sua noção de poder ligada à força e ao absoluto; Locke que aponta o contrato social como um pacto de consentimento; Montesquieu e a defesa da separação dos poderes que poderia frear os abusos de poder; Rousseau que defende que a desigualdade não é apenas natural, mas é também fruto de

Page 28: Apresentação - UNITINS

aula 2 • ciência PolÍtica

400 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

um contexto social e, portanto, mutável. Já as alternativas (a), (b) e (c) trazem ordens que não satisfazem a teoria de cada autor. Caso tenha apontado algumas delas, isso é compreensível, pois esses autores clássicos possuem proximidades conceituais. Retome-os cuidadosamente para melhor fixar o conteúdo desta aula.

Na atividade três, você deve observar que a secularização está associada à laicidade do Estado e que, em sua prática de Assistente Social, você encon-trará, em diversas regiões do Brasil, percepções discrepantes e disputas sobre o papel de atores religiosos nas práticas sociais. Perceba bem isso e direcione sua análise sobre o modus faciendi do Serviço Social.

Na atividade quatro, você deve retomar a discussão de Montesquieu sobre a separação dos poderes. É importante relembrar que a efetiva separação permite um equilíbrio de forças entre atores e agentes da sociedade politicamente orga-nizados. Atente também para as modificações que o autor aponta n a teoria da separação dos poderes e seus efeitos sobre a democracia.

ALBUQUERQUE, J. A. G. Montequieu: sociedade e poder. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.). Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2006. v. 1.

CHÂTELET, François et al. História das idéias políticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

ESTEVAM, Carlos. Maquiavel vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Os Pensadores)

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Os Pensadores)

MELLO, Leonel I. A. John Locke e o individualismo liberal. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.). Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2006. v. 1.

NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à liberdade. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.). Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2006. v. 1.

RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.). Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2006. v. 1.

Você sabe o que são instituições políticas? Fácil! São os partidos políticos, os governos e todo o mais. Errado! Parece ser muito fácil, mas o conceito envolve mais elementos. Você sabia que pode incluir, de forma ampliada, a noção de interação humana? Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto!

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender as instituições políticas como um construto da sociedade;•

entender a relação das instituições políticas, de forma ampla, com os •diversos atores sociais.

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do texto de Agnaldo dos Santos, intitulado A (difícil) relação entre Estado e sociedade civil, disponível no sítio <http://rets.org.br/rets/servlet/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeSecao?codigoDaSecao=11&dataDoJornal=1120856727000>. Nesse texto, Santos discute a relação das instituições com a sociedade, que é o objeto desta aula.

Quando falamos em instituições sociopolíticas, logo nos vem à mente a idéia de partidos políticos organizados, campanhas milionárias, panfletagem, etc. Mas tal associação é equivocada a priori. As instituições políticas são muito mais do que isso. Elas incorporam a própria essência da vida coletiva, já que o conceito de política pode incluir, de forma ampliada, a noção de interação humana. Agregam valores coletivamente construídos e em constante elaboração. Isso ocorre desde a concepção de povo e nação, até a própria forma como a sociedade se organiza para promover o bem-estar de seus membros, o que modernamente entendemos por cidadania. Veremos alguns desses elementos, de forma introdutória, para que você possa se situar na temática. Vamos lá?

Page 29: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 401

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender as instituições políticas como um construto da sociedade;•

entender a relação das instituições políticas, de forma ampla, com os •diversos atores sociais.

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do texto de Agnaldo dos Santos, intitulado A (difícil) relação entre Estado e sociedade civil, disponível no sítio <http://rets.org.br/rets/servlet/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeSecao?codigoDaSecao=11&dataDoJornal=1120856727000>. Nesse texto, Santos discute a relação das instituições com a sociedade, que é o objeto desta aula.

Quando falamos em instituições sociopolíticas, logo nos vem à mente a idéia de partidos políticos organizados, campanhas milionárias, panfletagem, etc. Mas tal associação é equivocada a priori. As instituições políticas são muito mais do que isso. Elas incorporam a própria essência da vida coletiva, já que o conceito de política pode incluir, de forma ampliada, a noção de interação humana. Agregam valores coletivamente construídos e em constante elaboração. Isso ocorre desde a concepção de povo e nação, até a própria forma como a sociedade se organiza para promover o bem-estar de seus membros, o que modernamente entendemos por cidadania. Veremos alguns desses elementos, de forma introdutória, para que você possa se situar na temática. Vamos lá?

Instituições sociopolíticas: elementos do Estado moderno

Aula 3

Page 30: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

402 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

3.1 Conceitos em construção

Para iniciarmos nosso estudo, devemos fazer uma diferenciação entre duas palavras que, no nosso cotidiano, podem ser confundidas, mas que para o nosso estudo têm significados completamente diferentes: população e povo.

Para Roland (2005), população é um conceito demográfico, matemático, afeito à geopolítica, que significa o conjunto de pessoas que habitam certo território numa certa época, ou seja, são todas aquelas pessoas que residem no espaço físico do Estado, independente de sua relação com ele. Tem-se desta forma apenas uma conceituação quantitativa, sem qualquer conotação política do ponto de vista da qualidade da relação deste grupo com o Estado.

O povo é o elemento humano do Estado. Se o território é o elemento mate-rial do Estado, o povo é o seu substrato humano. Povo é, portanto, o conjunto de todas aquelas pessoas que o direito diz fazerem parte do Estado. Um dos meios mais utilizados para essa definição jurídica é a nacionalidade, meio pelo qual o Estado define quem são os seus membros e, conseqüentemente, quem está protegido e obrigado por suas leis. Povo pode ser conceituado, ainda, partindo do princípio da nacionalidade, como “o conjunto de nacionais de um Estado” (BASTOS, 2004, p. 78).

Do ponto de vista político, o conceito de povo passou a ter uma importância muito grande somente a partir da modernidade. Se observarmos a evolução histórica do conceito de povo, teremos a configuração a seguir.

Sociedade greco-romana• : na Grécia, o povo era constituído pelos cida-dãos portadores de direitos, o que limitava este conceito a um pequeno grupo de pessoas que gozava desse status social-político. O maior contingente da população era formado por artesãos, pequenos agricul-tores que alugavam sua mão-de-obra, escravos, mulheres e estrangeiros, que estavam excluídos dos direitos de cidadania. Não participavam da vida política na polis grega. Apesar de os romanos compreenderem o conceito de povo representando os que pertenciam ao Estado romano, também limitavam esse conceito aos portadores de direitos, o que limi-tava o povo a um certo número de pessoas e não o estendia a todos os membros daquela sociedade.

Idade Média• : durante este período, o conceito mais importante não fora povo, mas cristão. Diante dos processos religiosos, a questão política ficava em segundo plano. O que decorre deste período é que o conceito de povo ficou muito pouco preciso. Somente ao final da Idade Média, é que o conceito recupera sua força e está pronto para assumir a cono-tação que possui hoje. O cristianismo, como religião que pregava a idéia de que o ser humano é filho de Deus e de que, portanto, todos são irmãos, contribuiu para que o conceito aristocrático predominante entre os gregos e os romanos perdesse sua força.

Page 31: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 403

Estado Moderno• : durante o período das monarquias absolutistas, o conceito de povo ainda é pouco significativo. Nesse período, é o conceito de súdito que prevalece. O súdito não possui direito, é uma posse do monarca, uma espécie de objeto do Estado. Com a ascensão da burguesia e o surgimento do Estado liberal, o povo passa a ser sujeito, pelo menos formalmente, superando a condição de objeto a que estava submetido no absolutismo. Essa transformação ocorre porque a burguesia, ao não participar dos privilégios do clero e da nobreza, questiona esta situação e exige a ampliação do grupo dos que podem intervir politicamente nos rumos do Estado.

A partir das lutas pelo sufrágio universal, uma das principais realizações do Estado liberal democrático no final do século XIX, o povo passa a ter a respon-sabilidade política pelos rumos do Estado. Este conceito político de povo, como aquele que participa, por meio das eleições, do governo, também é, de certa forma, uma maneira de limitar a participação popular na política, restringindo essa responsabilidade e esse direito aos momentos eleitorais.

3.2 Relação entre povo e Estado

A relação entre povo e Estado é de interdependência, não existindo Estado sem povo e nem povo sem Estado, uma vez que é o Estado que define e confere a uma parcela de sua população a condição de povo. Esse, por sua vez, é um dos elementos essenciais do Estado, sem o qual ele não existe.

Diante dessa situação de interdependência entre Estado e povo, este é sujeito de direitos e deveres perante o Estado, que também possui direitos e deveres em relação a seu povo, como, por exemplo, a obrigação de proteger os indivíduos e a limitação de seu poder, em favor dos direitos e garantias individuais de seu povo (ROLAND, 2005).

Há uma relação muito estreita entre povo e cidadania, uma vez que, para fazer parte do povo de um Estado, é necessário que a pessoa possua a sua cida-dania. Isso se dá quer pelo seu exercício efetivo, quer pela simples possibilidade de exercê-la. É claro que entendemos que a cidania só se aplica às pessoas que não apenas têm o direito, mas também o acesso efetivo aos direitos procla-mados na constituição do país.

3.3 Cidadania e Estado

Diante do conceito de povo já tratado nesta aula, podemos indicar que são de dois tipos os membros da população, os nacionais e os estrangeiros. Nacionais são aqueles que estão diretamente ligados ao Estado por dois prin-cípios básicos: o jus sanguinis e o jus solis. Já o estrangeiro seria a pessoa que, por um motivo ou por outro, encontra-se residindo no território de determinado Estado, com uma nacionalidade que pertence a outro, em razão de um dos prin-cípios anteriormente elencados.

Page 32: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

404 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Essa diferenciação torna-se importante: os nacionais são cidadãos, enquanto os estrangeiros não o são. É considerada cidadão a pessoa no gozo de todos os seus direitos políticos. Com base nesse princípio, nem todo nacional é cidadão, mas todo cidadão necessariamente será nacional.

Nesse sentido, Rousseau citado por Bastos (2004, p. 81) afirma que “os associados, os membros de um Estado tomam coletivamente o nome do povo e chamam-se, em particular, cidadãos enquanto participantes da atividade sobe-rana e súditos enquanto sujeitos às leis do Estado”.

3.4 Nação

Nação, conforme expresso por Rossolillo (2000, p. 798),

é concebida como um grupo de pessoas unidas por laços naturais e portanto eternos – ou pelo menos existentes ab immemorabili – e que, por causa destes laços, torna-se a base necessária para a organização do poder sob a forma de Estado nacional.

Assim, nação envolve a idéia de comunidade que encontra laços comuns, tais como identidade cultural, étnica, lingüística, que deveriam possuir “certa” homogeneidade. Nação diferencia-se de povo: ela busca integrar os indiví-duos que possuam algum tipo de característica cultural comum, fazendo com que eles se organizem politicamente, de forma a manter coesa essa união proveniente de pontos comuns (diferentemente do conceito de povo anterior-mente estudado).

Uma contribuição conceitual que pode ajudar a compreender as relações entre Estado e nação é feita pela diferenciação dos conceitos de comunidade e sociedade, proposta por Ferdinand Toennies, que deu maior rigor conceitual a este tema na obra Sociedade e Comunidade (1955). Para ele, os laços afetivos são a liga que dá união à comunidade. A nação seria, portanto, uma forma de comunidade.

Já a sociedade, conforme esse sociólogo, compreende a ação conjunta e racional dos indivíduos que é mediada por normas. Não há, portanto, um vínculo afetivo. O Estado seria uma sociedade. Não se pode, portanto, afirmar que o Estado é a nação politicamente organizada, uma vez que em um mesmo Estado podem conviver várias nacionalidades, como é o caso da Suíça. Pode ocorrer também que haja uma nação que não esteja vinculada a um Estado, como foi o caso dos judeus, até 1948.

Estudamos que as instituições políticas são muito mais do que apenas estru-turas visíveis, tais como governos e partidos. Elas incorporam a própria essência de vida coletiva, já que o conceito de política pode incluir, de forma ampliada, a

noção de interação humana, agregando valores coletivamente construídos e em constante elaboração. Vimos a diferenciação entre três palavras que têm signi-ficados completamente diferentes: povo, que se refere ao elemento humano do Estado; população, que se refere ao conjunto de pessoas que habitam certo terri-tório numa certa época, ou seja, todas as pessoas que residem no espaço físico do Estado; nação, que se refere ao conjunto de pessoas dotadas de caracterís-ticas que lhes dão certa homogeneidade (têm uma bagagem cultural, descendem de uma mesma tribo ancestral, compactuam de uma mesma língua, entre outras afinidades). Vimos também que existe uma relação entre povo e Estado: não existe Estado sem povo e nem povo sem Estado. Vimos que a cidadania é regida por dois princípios básicos: o jus sanguinis, que é direito por nascimento, e o jus solis, que é direito por encontrar-se fisicamente em determinado território de determinado Estado.

1. Entreviste pelo menos 5 (cinco) pessoas e peça que elas dêem uma definição de povo e nação. Com o resultado das entrevistas em mãos, estabeleça uma comparação com os conceitos abordados nesta aula.

2. Leia as seguintes assertivas.

I. População é o elemento humano do Estado, é o seu substrato humano, compreendo aquelas pessoas que o direito diz fazerem parte do Estado.

II. Povo é o conjunto de pessoas que habitam certo território numa certa época, ou o conjunto de pessoas que residem no espaço físico do Estado, independente de sua relação com ele.

III. Existe uma relação de interdependência entre povo e Estado, não exis-tindo Estado sem povo e nem povo sem Estado.

IV. É considerada cidadão a pessoa no gozo de todos os seus direitos políticos. Portanto, com base nesse princípio, nem todo nacional é cidadão.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e IV, apenas

c) III e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

3. Diferencie os conceitos apresentados nesta aula, dando exemplos.

Page 33: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 405

noção de interação humana, agregando valores coletivamente construídos e em constante elaboração. Vimos a diferenciação entre três palavras que têm signi-ficados completamente diferentes: povo, que se refere ao elemento humano do Estado; população, que se refere ao conjunto de pessoas que habitam certo terri-tório numa certa época, ou seja, todas as pessoas que residem no espaço físico do Estado; nação, que se refere ao conjunto de pessoas dotadas de caracterís-ticas que lhes dão certa homogeneidade (têm uma bagagem cultural, descendem de uma mesma tribo ancestral, compactuam de uma mesma língua, entre outras afinidades). Vimos também que existe uma relação entre povo e Estado: não existe Estado sem povo e nem povo sem Estado. Vimos que a cidadania é regida por dois princípios básicos: o jus sanguinis, que é direito por nascimento, e o jus solis, que é direito por encontrar-se fisicamente em determinado território de determinado Estado.

1. Entreviste pelo menos 5 (cinco) pessoas e peça que elas dêem uma definição de povo e nação. Com o resultado das entrevistas em mãos, estabeleça uma comparação com os conceitos abordados nesta aula.

2. Leia as seguintes assertivas.

I. População é o elemento humano do Estado, é o seu substrato humano, compreendo aquelas pessoas que o direito diz fazerem parte do Estado.

II. Povo é o conjunto de pessoas que habitam certo território numa certa época, ou o conjunto de pessoas que residem no espaço físico do Estado, independente de sua relação com ele.

III. Existe uma relação de interdependência entre povo e Estado, não exis-tindo Estado sem povo e nem povo sem Estado.

IV. É considerada cidadão a pessoa no gozo de todos os seus direitos políticos. Portanto, com base nesse princípio, nem todo nacional é cidadão.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e IV, apenas

c) III e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

3. Diferencie os conceitos apresentados nesta aula, dando exemplos.

Page 34: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

406 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

CONCEITOS DEFINIçãO/CARACTERÍSTICAS EXEMPLOSPopulaçãoPovoNaçãoComunidade

4. Todo cidadão natural, isto é, nascido no país, possui direitos e deveres. Quanto a esses direitos, eles podem ser perdidos ou abdicados, como no Brasil. O princípio básico que rege a cidadania por nascença é:

a) jus sanguinis c) jus naturalis

b) jus solis d) jus perpetuum

Na atividade um, você deverá entrevistar diversas pessoas sobre o conceito de povo e nação. Você verificará que, normalmente, as pessoas confundem essas definições, trocando-as. Tente entrevistar pessoas de níveis culturais e sociais diferentes. Você terá um bom panorama dessas percepções e poderá com facilidade compará-las com o que foi visto nesta aula.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (c), pois somente as asser-tivas III e IV são exatas. As assertivas I e II estão equivocadas, pois os conceitos foram trocados: população é o conjunto de pessoas que habitam certo território numa certa época e, povo é o elemento humano do Estado, é o seu substrato humano, sendo toda aquela pessoa que o direito diz fazer parte do Estado. As alternativas (a), (b) e (d) estão erradas, pois agregam as assertivas I e II, que anteriormente apontamos como equivocadas. Caso tenha escolhido alguma delas, retome esses conceitos. Eles são fáceis de ser confundidos, porém faz-se mister compreendê-los com propriedade.

Na atividade três, você deverá exercitar o seu poder de síntese, ao retomar os conceitos de população, povo, nação e comunidade presentes no texto desta aula. Lembre-se de que eles são indicativos. Procure em dicionários especiali-zados sobre novas percepções desses conceitos. Amplie-os com sua percepção e/ou de outros colegas. Não se esqueça de que os exemplos a serem dados tendem a facilitar a fixação do conteúdo, já que você pode retornar a eles para dirimir quaisquer dúvidas.

Na atividade quatro , a opção correta é a alternativa (a), pois o jus sanguinis rege a cidadania do natural. Lembre-se de que é considerada cidadão a pessoa no gozo de todos os seus direitos políticos. Portanto, com base nesse princípio, nem todo nacional é cidadão, mas todo cidadão necessariamente será nacional. Já a alternativa (b) está errada, pois o jus solis refere-se ao estrangeiro, a pessoa que, por um motivo ou por outro, encontra-se residindo no território de determi-

nado Estado, mas como uma nacionalidade que pertence a outro país. As alter-nativas (c) e (d) estão erradas, pois os conceitos de jus naturalis (direito natural) e jus perpetuum (direito perpétuo), apesar de manterem relação com a temática, não se aplicam ao contexto que estudamos.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da polí-tica. 12. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

ROLAND, Débora da Silva. A dimensão humana do Estado: o povo. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5767>. Acesso em: 27 jun. 2005.

ROSSOLILLO, F. Nação. In: BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. Brasília: EDUnB, 2000.

Apresentaremos como a democracia estruturou-se em formas de governo. Essas formas variadas possibilitaram, em maior ou menor grau, o acesso aos direitos da população.

Page 35: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 407

nado Estado, mas como uma nacionalidade que pertence a outro país. As alter-nativas (c) e (d) estão erradas, pois os conceitos de jus naturalis (direito natural) e jus perpetuum (direito perpétuo), apesar de manterem relação com a temática, não se aplicam ao contexto que estudamos.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da polí-tica. 12. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

ROLAND, Débora da Silva. A dimensão humana do Estado: o povo. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5767>. Acesso em: 27 jun. 2005.

ROSSOLILLO, F. Nação. In: BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. Brasília: EDUnB, 2000.

Apresentaremos como a democracia estruturou-se em formas de governo. Essas formas variadas possibilitaram, em maior ou menor grau, o acesso aos direitos da população.

Anotações

Page 36: Apresentação - UNITINS

aula 3 • ciência PolÍtica

408 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender as principais formas de governo;•

entender como as diversas formas de governo e regimes políticos condu-•ziram à noção de democracia na sociedade moderna.

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Renato R. Boschi, intitulado Instituições políticas, reformas estruturais e cidadania: dilemas da democracia no Brasil, disponível no sítio <http://observatorio.iuperj.br/pdfs/4_artigos_TextodoRenatoBoschi.pdf>. Nesse texto, Boschi discute a estabilidade da democracia no Brasil, assunto que subsidiará esta aula.

Você sabe o que é democracia? Parece fácil, pois basta dizer que é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Mas não é tão simples assim. Quem é o povo que pode exercer esse poder de decisão? Garantir de direito que alguém possa exercer o poder é garantir de fato o pleno exercício? A demo-cracia permite exclusão? Essas questões, presentes no exercício democrático, serão discutidas em nossa aula.

4.1 Construindo noções de democracia

Neste primeiro momento, é importante que você entenda que o termo demo-cracia, que aparece em Platão, Aristóteles e outros, não significa a mesma coisa que entendemos hoje. Como assim? Pense bem: quando o termo democracia foi cunhado na Grécia Clássica, a demos (população que tinha direito a voz) era

Page 37: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 409

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender as principais formas de governo;•

entender como as diversas formas de governo e regimes políticos condu-•ziram à noção de democracia na sociedade moderna.

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Renato R. Boschi, intitulado Instituições políticas, reformas estruturais e cidadania: dilemas da democracia no Brasil, disponível no sítio <http://observatorio.iuperj.br/pdfs/4_artigos_TextodoRenatoBoschi.pdf>. Nesse texto, Boschi discute a estabilidade da democracia no Brasil, assunto que subsidiará esta aula.

Você sabe o que é democracia? Parece fácil, pois basta dizer que é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Mas não é tão simples assim. Quem é o povo que pode exercer esse poder de decisão? Garantir de direito que alguém possa exercer o poder é garantir de fato o pleno exercício? A demo-cracia permite exclusão? Essas questões, presentes no exercício democrático, serão discutidas em nossa aula.

4.1 Construindo noções de democracia

Neste primeiro momento, é importante que você entenda que o termo demo-cracia, que aparece em Platão, Aristóteles e outros, não significa a mesma coisa que entendemos hoje. Como assim? Pense bem: quando o termo democracia foi cunhado na Grécia Clássica, a demos (população que tinha direito a voz) era

A democracia: ontem e hoje

Aula 4

Page 38: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

410 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

composta unicamente de fazendeiros que possuíam riquezas. Ser cidadão na Grécia clássica era um direito reservado a ricos, homens e naturais da região.

Em outras palavras, todos os outros – mulheres, crianças e estrangeiros – não eram cidadãos, nem possuíam direito a voz. É importante lembrar que não havia representação como a conhecemos hoje. O cidadão que queria ter seus direitos resguardados deveria pedir voz na ágora. A ágora era uma grande praça pública, parecida a um anfiteatro ao ar livre, onde se juntavam os cida-dãos. Lá somente tinham palavra os cidadãos influentes.

Você deve estar se perguntando: “quer dizer que mulheres, crianças e estran-geiros não tinham direitos?” Não é bem assim. Existiam certos direitos, mas eram definidos pelos cidadãos, e eram em número bastante reduzido.

“Por que preciso saber disso?” Basicamente para que você não caia no erro da falsa semantização das expressões. “Ahh? O que é isso?” Vamos por partes: toda vez que crio uma forma escrita e um significado, estou criando um signo. Obviamente, temos signos que sobreviveram ao tempo. A palavra “democracia” é um deles. Porém essa palavra, no decorrer dos séculos, foi interpretada de várias formas, apesar de seu sentido ter permanecido igual. Daí o perigo de ler em Aristóteles sobre democracia e achar que ele esteja falando da democracia dos séculos XX e XXI (AZAMBUJA, 2005).

Sendo assim, para que você compreenda a democracia no passado e no presente, é necessário entender que ela foi ressignificada, assumindo caracterís-ticas diferentes. Assim, veremos como ela foi interpretada nas diversas formas de governo.

4.2 Formas de governo

Diversas foram as tentativas de se classificar as formas de governo. Uma das mais utilizadas e conhecidas remonta à Grécia clássica e tem como seu maior expoente Aristóteles, que dividiu as formas de governo em dois tipos principais, cada um com ulteriores divisões.

Sua classificação é adotada até hoje. Aristóteles dividia preliminarmente as formas de governo em puras e impuras. As primeiras tendem ao bem comum. Nas formas impuras, predominam o totalitarismo e as ditaduras.

Na concepção Aristotélica, as formas de governo puras podem ser a mono-cracia, a aristocracia e a democracia.

4.2.1 Monocracia

É o modelo de governo em que o poder está nas mãos de uma só pessoa. O exemplo mais comum é a monarquia absoluta, em que existe um monarca ou rei, que detém todo o poder estatal, monopolizando-o de tal maneira que sua vontade se sobrepõe a qualquer outro órgão público. Seu maior expoente foi

Page 39: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 411

Luis XIV, na França. A distorção desse modelo se dá por meio da ditadura que será objeto de estudo nas formas de governo impuras.

4.2.2 Aristocracia

É o governo formado por diversas pessoas pertencentes a um mesmo grupo social que detém o poder. Esse grupo é formado pela elite governante. Esse modelo não fere os princípios da democracia, podendo coexistir com ela, conforme veremos mais adiante. Sua forma impura é a oligarquia, segundo a classificação de Aristóteles.

4.2.3 Democracia

Esta é a forma de governo em que o próprio povo exerce o poder. O modelo clássico de democracia direta foi muito utilizado na Grécia Antiga, nas cidades-estado gregas. Com o aumento da população e dos Estados, a participação direta do povo nas decisões foi se tornando cada vez mais difícil, surgindo um novo modelo de democracia, uma vez que o povo, reunido em grandes grupos, não conseguia tomar decisões de forma sensata e satisfatória. Diante disso, podemos dividir a democracia, para fins didáticos, em três formas distintas de seu exercício: democracia direta, democracia semi-direta e democracia indireta.

4.2.4 Democracia direta

Essa forma de democracia teve seu berço na Grécia Antiga e em Roma. O maior defensor da democracia direta foi o francês Jean-Jaques Rousseau (1712-1778), que defendia essa forma de governo, por acreditar ser a mais justa e igualitária, uma vez que o povo exerceria “sua vontade de maneira direta e sem qualquer tipo de interferência” (BASTOS, 2004, p. 137). Para Rousseau, o sistema de representação política não exprimia de forma concreta e precisa a vontade popular. Ele era um dos maiores críticos desse sistema, pois acredi-tava que “nele os representantes eleitos pelo próprio povo poderiam a qualquer momento desvirtuar a vontade popular e seguir apenas seus próprios interesses” (BASTOS, 2004, p. 137). Na atualidade, devido ao grande contingente popu-lacional e à complexidade dos problemas, não é mais viável a utilização da democracia direta, que sobrevive apenas em alguns lugares isolados, em que os contingentes populacionais são pequenos e os problemas ainda são resolvidos diretamente por todos os membros do grupo.

4.2.5 Democracia indireta

Este modelo é também chamado de democracia representativa. O exercício do poder é feito por meio da eleição de representantes. Na visão de Rousseau, essa forma seria a mais viável, todavia, o sistema de representação já significa a negação da democracia, uma vez que o povo só pode exercer seu poder de forma direta.

Page 40: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

412 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Na democracia indireta, o povo elege representantes, que irão tomar as decisões necessárias para a manutenção dos direitos e das garantias da popu-lação. Eles integram os órgãos representantes da população, como o Congresso Nacional, que reúne representantes das diversas camadas populacionais e toma ali as decisões necessárias à manutenção do Estado, de acordo com os anseios do povo que lhe deu esses poderes.

A democracia indireta não representaria um problema, se a população fosse suficientemente preparada a assumir as devidas responsabilidades para eleger seus representantes. A educação política, nas escolas e na mídia, pode ser um agente importante nesse processo. Assim como constitui um sonho a democracia direta defendida por Rousseau, também é utopia imaginar que toda uma popu-lação possa alcançar uma consciência crítica madura.

4.2.6 Democracia semi-direta

Neste modelo, há uma mistura das duas formas de democracia já estu-dadas. O povo elege seus representantes para agir em seu nome e em nome de seus interesses, mas mantém o direito de intervir nas decisões tomadas por seus representantes por meio de institutos próprios de consulta popular, como o refe-rendo, o veto, a iniciativa popular, o plebiscito e o recall. No Brasil, já tivemos o plebiscito para decidir entre parlamentarismo, presidencialismo e monarquia e também o referendum sobre a venda de armas, em 2005.

Para Bastos (2004, p. 140),

uma das características fundamentais do governo democrático é ser respeitador dos direitos individuais e coletivos. Portanto a democracia nada mais é do que a mobilização da vontade popular feita com respeito aos direitos individuais.

4.3 Formas de governo impuras

4.3.1 Tirania

Na tirania, o poder é exercido por uma só pessoa, de forma totalitária, inde-pendentemente dos anseios do povo. Normalmente, tem características hereditá-rias, ou seja, passa de pai para filho, sendo um governo autoritário, apesar de o tirano, às vezes, tomar decisões que vão ao encontro dos anseios populares. Tem características meramente manipuladoras, com a finalidade de acalmar os ânimos e garantir a sua permanência no poder. A tirania representa uma forma de corrupção da monocracia.

4.3.2 Oligarquia

A oligarquia ocorre quando o governo é exercido por um grupo fechado de pessoas, em detrimento do restante da população. Busca satisfazer os interesses da minoria que detém o poder, excluindo a maioria do povo. É uma forma detur-pada da aristocracia.

Page 41: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 413

4.3.3 Demagogia

A demagogia é a forma corrupta da democracia. Nela, o poder emana do povo, mas o povo está influenciado por interesses outros que não o bem da coletividade. Nesse caso, o povo faz valer sua vontade por meio da força e contrariando os princípios democráticos.

4.3.4 Ditadura

Esta forma de governo pode ser entendida de duas maneiras. Seria o governo de um só, de um grupo de pessoas ou de partido que toma o poder, normalmente por meio de um golpe de estado, e passa a exercer o poder de forma autoritária e sem limites. Também pode-se entender a ditadura “como uma forma de exercício temporário de poder político, em que o titular pode ser uma pessoa ou um colegiado, que através da concentração de atribuições pré-fixadas buscam exterminar algum mal público” (BASTOS, 2004, p. 142). Nessa forma de governo, há uma supressão das liberdades e das garantias individuais, bem como uma centralização exacerbada do poder do Executivo, tornando os outros poderes extremamente dependentes dele.

4.4 Formas de Estado

Conforme acentua Bastos (2004, p. 223-224), as formas de Estado podem ser divididas em dois tipos: Estado unitário e Estado composto.

4.4.1 Estado unitário ou simples

Nesta forma de Estado, o poder está centralizado em um único pólo, que detém todo o poder de ditar normas e administrar a totalidade do território. Até o final do século XVIII, esse era o único tipo de Estado conhecido. Para facilitar a administração, esse poder central delegava funções meramente administrativas a atores mais distantes, mas mantendo para si o poder de legislar.

4.4.2 Estado composto

Difundido e adotado principalmente a partir do século XIX, envolve a comple-xificação da noção de Estado. Anteriormente centralista e unitário, como afirma Bastos (BASTOS, 2004, p. 223-224),

diferentemente do Estado Simples, em que há a formação de um único Estado no qual há um governo central como sendo a única expressão do Poder Público, no Estado composto há uma união de dois ou mais Estados, portanto, há mais de uma manifestação do Poder Público, estando todos eles submetidos a um regime especial.

Entre as formas de Estado Composto, a mais utilizada modernamente é a federação. A federação, conforme Bastos (2004, p. 224), tem sua orígem nos Estados Unidos da América – EUA , e em sua Constituição de 1787. Os EUA são

Page 42: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

414 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

constituídos por treze estados, entre os quais, um novo Estado exerce poder sobre os demais. Isso resulta em uma soberania compartilhada, de modo que todos passam a ter uma posição de igualdade diante do novo Estado, regidos por uma constituição e com uma organização baseada em três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Esse novo Estado não ficou com poderes absolutos, uma vez que cada Estado-membro possui prerrogativas e competências próprias.

Bastos (2004, p. 224) assevera que, com a criação do modelo federativo, deu-se lugar a no mínimo dois níveis diferentes de governo: o central e os regio-nais, que são denominados províncias, Estados, Cantões ou Landers, cada um suas competências próprias.

É importante ressaltar uma terceira opção, que é a existência dos muni-cípios, como ocorre no Brasil. Existem no mundo diversos estados federativos como, por exemplo, o Brasil, a Argentina, o Canadá, os Estados Unidos, o México, a Bélgica, a Austrália, a Alemanha.

A divisão de poderes constitui-se numa importante inovação do sistema fede-rativo (DALLARI, 2005). O Estado passa a ter dois patamares de competência, definidos pela própria Constituição Federal.

Na concepção de Bastos (2004, p. 228), os sistemas federativos apresentam aspectos positivos: são um instrumento de democratização e realizam o equilí-brio dos poderes. O sistema de federação não é estático pois sofre alterações ao longo do tempo, com tendência à centralização do poder. Bastos (2004, p. 229) acrescenta que

a razão principal disto é a intervenção crescente do Estado no campo socioeconômico. Quem, por excelência, tem condições para intervir no domínio econômico é a União, já que em suas mãos se encontram as alavancas principais da economia.

A centralização do poder implica também problemas burocráticos, buro-cracia, corrupção e ineficiência. Isso fica bem claro quando se observa a questão de serviços essenciais. No caso do Brasil, por exemplo, temos o sistema previ-denciário, administrado pelo governo federal, cujo controle se torna difícil, o que dá margem a eventuais fraudes. Diante disso, pode-se dizer que existe uma certa mudança no conceito de Federação, em sua aplicabilidade prática, que pode vir a ensejar um novo tipo de Estado composto.

Para atender as necessidades de seus membros, a União ou os estados-membro podem ainda descentralizar sua competência, criando órgãos estatais, com a finalidade de tornar mais ágil e eficiente a prestação de serviços, inclusive lhe fornecendo os meios e os subsídios para resolver esses problemas. A criação de órgãos estatais pode facilitar o desempenho do Estado, caso se levem a sério as devidas responsabilidades. Ocorre que, dependendo dos representantes ou

Page 43: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 415

dirigentes desses órgãos, pode se facilitar a corrupção e, conseqüentemente, ser mais um instrumento de manipulação da população e de seus recursos.

A União é a exercente do poder central; portanto, não da totalidade dos poderes públicos que ela divide com estados e municípios, dado o caráter federativo do país (BASTOS, 2004, p. 237). Na nossa realidade, essa situação é diferente, uma vez que nossa federação partiu do pressuposto da preponderância da União.

4.5 Principais sistemas de governo

Diante das várias formas de como podem se relacionar os poderes dentro da organização estatal, principalmente os poderes legislativo e execu-tivo, vamos ter duas configurações básicas, que são o presidencialismo e o parlamentarismo.

4.5.1 Parlamentarismo

Nesse sistema, o Parlamento divide a gestão do Estado com o Executivo, havendo uma equiparação de forças e divisão de poderes entre o chefe de Estado e o chefe de Governo.

Assim como em todas as evoluções históricas, o parlamento não surgiu de imediato.

Os monarcas passaram a delegar tarefas aos seus assessores, aumentando seus poderes e, conseqüentemente, consolidando a força e a importância do parlamento. Nessa época, surgiram também os primeiros partidos políticos, e o rei começou a chamar o partido dominante para integrar o seu governo, constituindo-se isso um traço importante do Parlamentarismo.

É imprescindível que haja uma perfeita sintonia entre o chefe de governo e o Parlamento. Essa situação se consolida com o convite do líder do partido vitorioso. Se esse partido perder sua posição de partido com maior representatividade, seu líder fica obrigado a solicitar sua demissão do cargo de líder de governo.

O parlamentarismo pode existir tantos nos países que adotam a monarquia quanto nos republicanos, sendo que nestes o chefe de Estado é o Presidente. Um exemplo de parlamentarismo monárquico é a Inglaterra, e de parlamentarismo republicano é a França.

Havendo a destituição do Governo pela perda de maioria, ou pelo voto de desconfiança, o chefe de Estado dissolve o parlamento e convoca eleições para que o povo, de forma democrática, consolide a nova maioria e eleja o novo governo. Pode, ainda, o chefe de Estado formar o governo com base na nova maioria, mas é mais comum a primeira alternativa.

A base do sistema parlamentarista consiste na subordinação do governo à vontade do Parlamento. Esse sistema possui algumas características fundamen-tais. Bastos (2004, p. 197-198) demonstra que

Page 44: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

416 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

em primeiro lugar, o caráter altamente democrático do sistema, visto que um governo não tem condições de manter-se no poder quando não contar com a maioria dos representantes do povo. Como veremos mais adiante, tal não ocorre no presidencialismo, em que o governo se sustém até o fim do mandato ainda que não detenha a maioria parlamentar. O que se pode dizer é que esse procedimento enfraquece a possibilidade de controle do Legislativo sobre o Executivo. Em parte, essa afirmação é verda-deira, dado que ambos apresentam-se unificados pelo mesmo vínculo partidário. Ocorre, entretanto, que as funções fiscalizató-rias acabam por ser exercidas pela oposição, que procura, a todo tempo, criticar o governo para que o povo, quando chamado a votar, lhe dê razão e, assim fazendo, alce a antiga oposição a situação de governo. As eleições ganham, sem dúvida, um caráter plebiscitário, em que o que se põe em jogo são os êxitos e malogros do governo findo.

Não se pode dizer que o sistema parlamentarista esteja superado; pelo contrário, continua existindo, e de forma consolidada, em diversos países, consis-tindo em uma forma muito utilizada de sistema de governo.

4.5.2 Presidencialismo

Nesse sistema de governo, ao contrário do parlamentarismo, não há qual-quer forma de subordinação do poder executivo ao legislativo. O presidente da República possui total autonomia no exercício de suas funções constitucional-mente definidas, assessorado por ministros de Estado, indicados por ele e de sua total confiança e responsabilidade.

O Presidente acumula as duas funções, a de Chefe de Governo e Chefe de Estado. Surgiu nos Estados Unidos, em 1787. Suas bases mantêm-se pratica-mente inalteradas desde aquela época. Os Estados Unidos da América são uma das mais bem sucedidas nações que adotam esse sistema de governo, que seria a forma mais prática da teoria da separação dos poderes de Montesquieu. Os poderes seriam totalmente independentes, mas exerceriam o controle entre eles de forma a evitar abusos.

Assim como no sistema parlamentarista, existem algumas características que definem o presidencialismo. A principal delas é a não-responsabilidade do presidente diante do Parlamento, que consiste no fato de o presidente não precisar do apoio do Parlamento para manter-se no poder, que tem origem na eleição popular e lhe confere o mandato de quatro anos, independentemente da vontade do Legislativo. Cabe a esse, única e exclusivamente, julgar o presidente por crimes de responsabilidade, por meio de processo complexo, somente utili-zado em casos específicos em que haja abusos da parte do presidente a atos contrários à Constituição.

Não cabe ao presidente a edição de leis. É essa uma prerrogativa do Legislativo, salvo algumas exceções. Sobre esse assunto, Bastos (2004, p. 201) se manifestou afirmando que

o que se extrai do exposto é que o presidente da República dispõe dos meios necessários para manter-se no cargo e executar as leis. Um êxito global da sua política depende, é certo, de um bom relacionamento com o Legislativo, único meio que lhe pode assegurar a realização integral da sua política, uma vez que essa sempre dependerá de leis e da aprovação de verbas que a custeie.

Não há, portanto, na realidade, uma total independência, uma vez que, para a efetiva administração da coisa pública, é imprescindível um bom relacio-namento entre o Legislativo e o Executivo.

Em suma, a diferenciação entre o presidencialismo e o parlamentarismo consiste na posição que o Parlamento exerce na administração do bem público. No Parlamentarismo, o Parlamento tem uma atuação maior na gestão do Estado. Essas duas são as formas de governo mais utilizadas.

Estudamos que a origem da democracia na Grécia clássica trazia a idéia de exclusão: cidadãos eram apenas os fazendeiros que possuíam riquezas e todos os outros – mulheres, crianças e estrangeiros – não eram cidadãos, nem possuíam direito a voz. As formas de governo são classificadas como sendo puras (tendem ao bem comum) e impuras (voltadas para os interesses próprios). As formas de governo puras podem ser a monocracia (o poder está nas mãos de uma só pessoa, sendo seu meio mais comum a monarquia absoluta), a aristocracia (diversas pessoas pertencentes a um mesmo grupo social, que detém o poder, formando uma elite governante) e a democracia (o próprio povo exerce o poder). Vimos que o conceito de democracia é amplo, permitindo três olhares distintos: democracia direta (o contingente populacional decide de forma direta); democracia semi-di-reta (o povo elege seus representantes para agir em seu nome e em nome de seus interesses, mas mantém o direito de intervir nas decisões tomadas) e democracia indireta (o poder é exercido por meio da eleição de representantes).

Vimos também que as formas impuras de governo envolvem a tirania em que o poder é exercido por uma só pessoa de forma totalitária, fazendo valer sua vontade independentemente dos anseios do povo; a oligarquia, onde o poder é exercido por um grupo fechado de pessoas, em detrimento do restante da população; a demagogia, em que o poder emana do povo, que está influen-ciado por interesses outros que não o bem da coletividade; a ditadura, em que ocorre o governo de um só, de um grupo de pessoas ou partido que toma o poder, normalmente por um golpe de Estado, e passa a exercer esse poder de

Page 45: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 417

Não cabe ao presidente a edição de leis. É essa uma prerrogativa do Legislativo, salvo algumas exceções. Sobre esse assunto, Bastos (2004, p. 201) se manifestou afirmando que

o que se extrai do exposto é que o presidente da República dispõe dos meios necessários para manter-se no cargo e executar as leis. Um êxito global da sua política depende, é certo, de um bom relacionamento com o Legislativo, único meio que lhe pode assegurar a realização integral da sua política, uma vez que essa sempre dependerá de leis e da aprovação de verbas que a custeie.

Não há, portanto, na realidade, uma total independência, uma vez que, para a efetiva administração da coisa pública, é imprescindível um bom relacio-namento entre o Legislativo e o Executivo.

Em suma, a diferenciação entre o presidencialismo e o parlamentarismo consiste na posição que o Parlamento exerce na administração do bem público. No Parlamentarismo, o Parlamento tem uma atuação maior na gestão do Estado. Essas duas são as formas de governo mais utilizadas.

Estudamos que a origem da democracia na Grécia clássica trazia a idéia de exclusão: cidadãos eram apenas os fazendeiros que possuíam riquezas e todos os outros – mulheres, crianças e estrangeiros – não eram cidadãos, nem possuíam direito a voz. As formas de governo são classificadas como sendo puras (tendem ao bem comum) e impuras (voltadas para os interesses próprios). As formas de governo puras podem ser a monocracia (o poder está nas mãos de uma só pessoa, sendo seu meio mais comum a monarquia absoluta), a aristocracia (diversas pessoas pertencentes a um mesmo grupo social, que detém o poder, formando uma elite governante) e a democracia (o próprio povo exerce o poder). Vimos que o conceito de democracia é amplo, permitindo três olhares distintos: democracia direta (o contingente populacional decide de forma direta); democracia semi-di-reta (o povo elege seus representantes para agir em seu nome e em nome de seus interesses, mas mantém o direito de intervir nas decisões tomadas) e democracia indireta (o poder é exercido por meio da eleição de representantes).

Vimos também que as formas impuras de governo envolvem a tirania em que o poder é exercido por uma só pessoa de forma totalitária, fazendo valer sua vontade independentemente dos anseios do povo; a oligarquia, onde o poder é exercido por um grupo fechado de pessoas, em detrimento do restante da população; a demagogia, em que o poder emana do povo, que está influen-ciado por interesses outros que não o bem da coletividade; a ditadura, em que ocorre o governo de um só, de um grupo de pessoas ou partido que toma o poder, normalmente por um golpe de Estado, e passa a exercer esse poder de

Page 46: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

418 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

forma autoritária e sem limites. Estudamos as formas de Estado que podem ser divididas em dois tipos: Estado unitário (o poder está centralizado em um único pólo) e Estado composto (união de dois ou mais Estados, em que, portanto, há mais de uma manifestação do poder público, estando todos eles submetidos a um regime especial).

Por último, estudamos os dois sistemas de governo: o presidencialismo, em que o Presidente acumula as duas funções, a de Chefe de Governo e a de Chefe de Estado, e o parlamentarismo, em que o Parlamento divide a gestão do Estado com o Executivo, havendo uma equiparação de forças e divisão de poderes entre o Chefe de Estado e o Chefe de Governo.

1. Leia atentamente as afirmações a seguir:

Afirmação I: No presidencialismo, não há subordinação do poder exe cutivo ao poder legislativo.

Afirmação II: O presidente acumula as duas funções, a de Chefe de Governo e a de Chefe de Estado.

Analisando as afirmações I e II, conclui-se que:

a) a primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira;

b) as duas afirmações são falsas;

c) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira;

d) as duas afirmações são verdadeiras e a primeira justifica a segunda.

2. Associe a segunda coluna de acordo com a primeira.

a) Monocracia ( ) É a forma de governo em que o contingente populacional resolve os problemas mediante decisões diretas de seus cidadãos.

b) Aristocracia ( ) O poder é exercido por uma só pessoa de forma totalitária, fazendo valer sua vontade independentemente dos anseios do povo.

c) Democracia direta ( ) O governo é exercido por um grupo fechado de pessoas, em detrimento do restante da população.

d) Democracia semi-direta

( ) Governo formado por diversas pessoas pertencentes a um mesmo grupo social, formando uma elite governante.

Page 47: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 419

e) Tirania ( ) O poder emana do povo, mas o povo está influenciado por interesses outros que não o bem da coletividade.

f) Oligarquia ( ) Modelo centralizado de governo em que o poder está nas mãos de uma só pessoa.

g) Demagogia ( ) O governo de um só, de um grupo de pessoas ou de um partido que toma o poder, normalmente por um golpe de Estado, e passa a exercê-lo de forma autoritária e sem limites.

h) Ditadura ( ) O povo elege seus representantes para agir em seu nome e em nome de seus interesses, mas mantém o direito de intervir nas decisões tomadas por seus representantes por meio de institutos próprios de consulta popular.

A opção que retrata a associação correta é a alternativa:

a) a, b, c, e, f, d, g, h c) e, c, f, b, g, a, d, h

b) h, g, a, b, c, d, f, e d) c, e, f, b, g, a, h, d

3. Construa um mapa conceitual com as idéias presentes na aula sobre parla-mentarismo e, se possível, com pesquisas adicionais. Indique as idéias prin-cipais e secundárias que reforçam os argumentos. Utilize o modelo a seguir para esta atividade.

4. Acesse e leia o artigo de Lígia H. H. Lüchmann e Julian Borba intitulado Estruturas de oportunidades políticas e participação: uma análise a partir das instituições, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/15_10_2007_11_54_29.pdf>. Utilizando os aportes teóricos do que os autores chamam de “elitização da participação”, avalie como em sua localidade tem se processado a participação popular nas políticas públicas sociais como parte do processo democrático.

Page 48: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

420 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (c), pois as alternativas são verdadeiras. De fato, não há qualquer forma de subordinação do poder executivo ao legislativo. O presidente da República possui total autonomia no exercício de suas funções que são constitucionalmente definidas. Assim, a segunda afirmativa justifica a autonomia do presidente, pois ele acumula as duas funções, a de Chefe de Governo e Chefe de Estado. Obviamente os poderes exercem uma fiscalização do governo, de forma a evitar abusos. As alternativas (a) e (b) estão erradas, pois ambas as afirmações são corretas. A alternativa (d) está errada, pois é a segunda afirmação que justifica a primeira, isto é, a autonomia do presidencialismo é justificada pela centrali-zação das funções de Chefe de Governo e Chefe de Estado.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (d), pois traz a asso-ciação correta das formas de governo. As alternativas (a), (b) e (c) estão erradas, pois não apresentam a ordem correta das formas de governo estudadas na aula. Lembre-se de que essas formas, apesar de diferentes, trazem algumas particula-ridades semelhantes que podem ter feito com que você as confundisse. Retome os conceitos expressos no texto e tente entender quais as nuances que definem cada uma das formas estudadas.

Na atividade três, você deve utilizar um mapa conceitual. Ele não é novi-dade para você pois já o utilizou anteriormente. O mapa conceitual é uma representação gráfica bem semelhante a um diagrama, com múltiplas conexões possíveis, que, em cada item, indica relações entre conceitos ligados por pala-vras. Lembre-se de que esse exercício permitirá a você a ordenação e a seqüen-ciação de idéias e/ou conteúdos que desenvolvemos em nossa aula. Faça um mapa conceitual completo, porém não muito carregado de informações.

Na atividade quatro, você deverá fazer uma avaliação da situação em sua comunidade. Os autores apontam para uma “elitização da participação”. Como isso tem se dado na comunidade em que você está inserido? Como a população local tem indicado seus representantes e acompanhado esse processo? Atente para o fato de que carisma e credibilidade não são indicadores tão confiá-veis dentro do espaço político. Assim sendo, como se dá o controle das ações sociais? Essa atividade permitirá a você enxergar melhor a sua realidade social. Boa reflexão!

AZAMBUJA, D. Introdução à Ciência Política. São Paulo: Globo, 2005.

BASTOS, C. R. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2004.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. São Paulo: Malheiros, 2004.

DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2005.

Discutiremos as características do Estado moderno e sua constituição. Também veremos como o Estado estabelece relações com a ordem econômica e social, trazendo em diversos momentos maiores benefícios à população.

Page 49: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 421

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. São Paulo: Malheiros, 2004.

DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2005.

Discutiremos as características do Estado moderno e sua constituição. Também veremos como o Estado estabelece relações com a ordem econômica e social, trazendo em diversos momentos maiores benefícios à população.

Anotações

Page 50: Apresentação - UNITINS

aula 4 • ciência PolÍtica

422 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender características do Estado moderno e seu desenvolvimento •histórico;

perceber como ocorrem as relações entre o Estado e a ordem econô-•mica e social.

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é importante a leitura do artigo de Brasílio Sallum Jr., intitulado Metamorfoses do estado brasileiro no final do século XX, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v18n52/18065.pdf>. Esse texto, em que Sallum Jr. analisa as mudanças ocorridas no Estado brasileiro nas últimas duas décadas, subsidiará você na construção de um referencial teórico sobre a temática.

Para que possamos entender melhor a estrutura de nosso Estado, neces-sitamos conhecer o contexto histórico em que ele se desenvolveu. Precisamos ter uma noção mais clara do desenvolvimento e amadurecimento do conceito de Estado inserido em seu contexto histórico, pois a sua evolução se confunde com a própria história da sociedade. Todavia não há dúvida de que, se quisermos compreender o Estado contemporâneo, devemos fazê-lo a partir do chamado Estado moderno. A modernidade aqui não possui qualquer cono-tação axiológica, quer apenas dizer que é o modelo de Estado que se cons-titui após a modernidade. Nesse sentido, iremos discorrer sobre as diferentes formas que o Estado assumiu desde então.

Page 51: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 423

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender características do Estado moderno e seu desenvolvimento •histórico;

perceber como ocorrem as relações entre o Estado e a ordem econô-•mica e social.

Para que sua compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é importante a leitura do artigo de Brasílio Sallum Jr., intitulado Metamorfoses do estado brasileiro no final do século XX, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v18n52/18065.pdf>. Esse texto, em que Sallum Jr. analisa as mudanças ocorridas no Estado brasileiro nas últimas duas décadas, subsidiará você na construção de um referencial teórico sobre a temática.

Para que possamos entender melhor a estrutura de nosso Estado, neces-sitamos conhecer o contexto histórico em que ele se desenvolveu. Precisamos ter uma noção mais clara do desenvolvimento e amadurecimento do conceito de Estado inserido em seu contexto histórico, pois a sua evolução se confunde com a própria história da sociedade. Todavia não há dúvida de que, se quisermos compreender o Estado contemporâneo, devemos fazê-lo a partir do chamado Estado moderno. A modernidade aqui não possui qualquer cono-tação axiológica, quer apenas dizer que é o modelo de Estado que se cons-titui após a modernidade. Nesse sentido, iremos discorrer sobre as diferentes formas que o Estado assumiu desde então.

Noções sobre o Estado

Aula 5

Page 52: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

424 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

5.1 O Estado Moderno e seu desenvolvimento histórico

5.1.1 O Estado absoluto

O Estado absoluto ou absolutismo defende que o poder do governante não conhece qualquer forma de oposição ou controle. É, portanto, um Estado que não conhece limites à sua ação.

O absolutismo permitiu que vários Estados se formassem na Europa, durante a transição da Idade Média para a modernidade. Essa foi a maneira encon-trada para que os pequenos estados fragmentados se organizassem em torno de uma estrutura ampla e complexa. Não se pode esquecer de que a Idade Média representou a fragmentação política de várias nações que passaram a sobreviver como principados, cuja força militar e econômica era muito fraca. O absolutismo representou, então, a possibilidade de construção de Estados fortes e centralizados.

De acordo com Bobbio (2005), o Estado absoluto ocorre por meio de um duplo processo de concentração e centralização do poder num determinado território. Bobbio explica que a concentração é o processo em que os poderes pelos quais se exerce a soberania são atribuídos ao soberano, por meio de uma série de direitos fundamentados na justificação elaborada pelos juristas. O poder é exercido de fato pelo rei ou pelos funcionários diretamente subor-dinados a ele. A centralização é o processo em que se eliminam outras instân-cias jurídicas inferiores ao Estado, tais como as cidades, as corporações, as sociedades particulares que passam a sobreviver não de forma autônoma, mas como uma concessão ou tolerância do poder central.

A justificativa filosófica do Estado absoluto é obra principalmente de Thomas Hobbes (1588-1679). Hobbes, na obra O Leviatã, faz uma análise da socie-dade em que justifica a necessidade de um poder absoluto a ser exercido pelo Estado. Conforme já estudamos na aula 2, Hobbes afirma que no estado de natureza, antes de qualquer forma de convívio social, os seres humanos são livres para usar o seu poder como bem entender para preservar a sua vida e suas propriedades. Os seres humanos deixados à sua própria sorte estariam em constante estado de guerra, pois, sendo egoístas, estariam o tempo todo preocupados em se proteger e conquistar os outros. A sociedade, dessa forma, seria inviável, trazendo prejuízos para a indústria, a agricultura, a navegação, a ciência e o conforto entre os homens.

O ser humano reconhece, segundo Hobbes, citado por Aranha e Martins (2005, p. 211), que é necessário “renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo”. Dessa forma, os seres humanos abrem mão de sua liberdade, em favor de um poder maior que seja capaz de garantir a segurança de todos.

Page 53: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 425

Aranha e Martins (2005, p. 212) caracterizam as atribuições do soberano como

investido de poder, o soberano não pode ser destituído, punido ou morto. Tem o poder de prescrever as leis, escolher os conse-lheiros, julgar, fazer a guerra e a paz, recompensar e punir. Hobbes preconiza ainda a censura, já que o soberano é juiz das opiniões e doutrinas contrárias à paz.

No Estado absoluto, portanto, os seres humanos dão plenos poderes ao soberano, para que proteja sua vida, e garanta a sua propriedade. Esse poder é exercido por meio da força, entendida como coação física. Na concepção de Hobbes, somente a iminência do castigo pode aterrorizar os homens.

5.1.2 Estado liberal

O absolutismo representou um entrave aos anseios da burguesia. Nos Estados absolutistas, o poder, por estar centralizado nas mãos de monarcas, interferia demasiadamente nas questões econômicas. A burguesia necessitava de uma ordem estatal em que pudesse acumular riqueza, sem ter que arcar com os elevados custos de financiamento do Estado, seja para financiar guerras, seja para manter os privilégios da nobreza e do clero.

Na concepção liberal, o Estado deveria ter reduzido o seu papel. Esse argumento se fundamenta na idéia de que o indivíduo vem antes do Estado, que deveria então servir aos indivíduos e não o contrário. Essa concepção de Estado inaugura aquilo que se chamaria de Estado de direito, com a monarquia constitucional da Inglaterra após a Revolução Gloriosa (1688), prossegue com a independência dos Estados Unidos (1776) e consolida-se com a Revolução Francesa (1789). Esses três eventos colaboram para que se difunda a idéia de que, por natureza, os indivíduos são portadores de direitos inalienáveis, que existem antes de eles participarem de qualquer forma de sociedade. O Estado passa a ser a instituição que garante os direitos do cidadão, observando o que está escrito na Constituição.

Do ponto de vista formal, essa nova concepção da figura estatal trata todos os cidadãos da mesma forma. Mas, do ponto de vista substancial, quem mais se beneficiou do Estado liberal foi a burguesia. Para o restante da população, nem sempre os direitos foram garantidos.

A principal característica do Estado liberal é a tripartição dos poderes. Essa divisão dos poderes é baseada no pensamento de Montesquieu (1689-1755), que já estudamos na aula 2. Esse Estado, surgido no final do século XVIII, consolidou-se no século XIX. Pode ser definido mais como político do que como jurídico, uma vez que nasceu das movimentações revolucionárias burguesas, principalmente na França, que eram contra o Estado de polícia. Defendendo a subjugação dos governantes à legislação, combatia o absolutismo, o abuso

Page 54: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

426 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

de poder. Uma nova legislação, ao limitar-lhe os poderes, responsabilizou o Estado pela manutenção da ordem, pela proteção da liberdade e da proprie-dade, fazendo assim valer a vontade da classe burguesa emergente. A função estatal se constitui, então, segundo um padrão mínimo necessário, o chamado Estado Mínimo.

O Estado passou a adotar o princípio da legalidade, ou seja, a subordi-nação única e exclusiva ao direito. Esse, por sua vez, emana das necessidades e anseios do povo, regulando as relações entre o povo e entre este e o Estado, sendo o povo sujeito também à sua própria legislação. Só é admissível uma cobrança em virtude de uma lei, não podendo mais o Estado intervir fora do que a lei estipula.

5.1.3 O socialismo

O termo socialismo está associado à idéia de igualdade para todos. Esse pensamento se desenvolveu a partir dos problemas sociais e econômicos evidenciados na sociedade. Na esteira da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, crescem os conflitos e as idéias diversas sobre a melhor forma de organização da sociedade. O liberalismo tenta esconder os males provocados pela industrialização e pela concentração de riquezas, cujas conseqüências são o aumento da pobreza e da miséria.

Concomitantemente ao prevalecimento das teorias liberais, a Revolução Industrial, com todas as profundas mudanças por ela operadas nas relações econômicas, leva a um quadro de exploração do proletariado, transformando homens em máquinas de trabalho e produção, em terríveis condições de vida.

Nesse quadro, fortalece-se o socialismo utópico, que se constitui num protesto contra a sociedade dividida entre possuidores dos meios de produção e traba-lhadores semi-escravizados.

O termo socialismo utópico se refere a um tipo de socialismo que na prática é impossível de ocorrer, a não ser com ações isoladas de solidariedade. Foi a partir de Karl Marx que esse termo passou a ser utilizado, até mesmo para diferenciá-lo do socialismo real.

No século XIX, as manifestações em favor de uma sociedade justa passaram a ser comuns. Pela primeira vez, já no período inicial da Revolução Industrial e com a consolidação do capitalismo, as idéias socialistas tornam-se preo cupação dos capitalistas. Inicialmente, como vimos, essas idéias são chamadas de utópicas, pois os seus protagonistas imaginavam que a riqueza seria distribuída pelo poder vigente para a população mais pobre.

Posteriormente, esse socialismo passa a ser reinterpretado, assumindo a idéia de um socialismo científico. Esse foi elaborado por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) que tinham em comum com os socialistas utópicos

Page 55: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 427

a busca de uma sociedade igualitária. Todavia, se diferenciavam daqueles pelo fato de construir sua proposta com base na análise crítica do modo de produção capitalista, por meio do método dialético, evidenciando as contradições entre o discurso liberal (todos são iguais perante a lei) e a prática discriminatória, em relação aos direitos da classe trabalhadora. Para a análise do sistema capi-talista, Marx e Engels utilizaram a farta documentação existente na biblioteca de Londres sobre os principais teóricos defensores do sistema liberal capitalista (entre outros Adam Schmit e David Ricardo) e realizaram observação sistemática in loco, nas fábricas, condições de moradia, saúde, educação, entre outras.

Segundo Marx, o socialismo era inevitável. A partir do momento em que os trabalhadores tomassem consciência da situação de miséria e de exploração a que eram submetidos, se organizariam para mudar a estrutura da sociedade e, desse modo, destruiriam o capitalismo e implantariam o sistema socialista.

O socialismo científico previa que, a partir da tomada revolucionária do poder, o proletariado assumiria o Estado com o controle dos meios de produção, que passariam a ser coletivos, com a abolição da propriedade privada.

O socialismo seria uma etapa de transição para uma sociedade comunista. Uma vez superada a existência das classes sociais, pelo desenvolvimento e orga-nização das forças produtivas coletivas, a sociedade comunista se implantaria: uma sociedade sem Estado. A sociedade comunista é considerada a grande utopia de Marx.

5.1.4 O anarquismo

Certamente você já deve ter ouvido falar no termo anarquismo. Para muitas pessoas, não passa de algo relacionado a bagunça ou desordem. Você mesmo, em algum momento de sua vida, provavelmente já deve até ter mencionado essa palavra, quando, por exemplo, em sala de aula ou com um grupo de amigos, todos falavam ao mesmo tempo e ninguém se entendia. Daí a expressão: isso é uma anarquia.

O anarquismo concebe o Estado como nocivo e desnecessário, propondo formas alternativas de organização voluntária. Conforme Aranha e Martins (1993), embora a tese anarquista negue o Estado, isso não significa que as pessoas devam pensar se tratar de uma proposta individualista, uma vez que a organização alternativa almejada pelos anarquistas, funda-se na cooperação e na aceitação da comunidade.

O anarquismo nasceu em oposição à proposta do Estado burguês. Os defensores do anarquismo rejeitam toda ordem burguesa, por considerá-la falsa, danosa e perversa, contraria aos direitos naturais e à própria vida.

Os principais representantes do anarquismo são Proudhon (1809-1865) e Bakunin (1814-1876), contemporâneos de Marx, com quem partilhavam as

Page 56: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

428 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

críticas ao sistema capitalista à propriedade privada dos meios de produção. Constata-se, portanto, a influência marxista na proposta anarquista. Tanto Marx quanto os representantes anarquistas concordaram que as revoluções francesa e americana foram mais políticas do que sociais e garantiram o Estado capitalista burguês, favorecendo a exploração dos trabalhadores.

Os anarquistas Proudhom e Bakunim romperam com o marxismo. Segundo Aranha e Martins (1993), o nó da disputa é que o marxismo defende a ditadura do proletariado, etapa que se encontraria entre o socialismo e o comunismo. Para Bakunim, isso é um contra-senso, pois levaria simplesmente à mudança de um Estado capitalista para um autoritário em nome do socialismo, com uma elite se perpetuando no poder.

Nesse sentido, Bakunim se mostra correto nas suas convicções, pois a história mostrou que os partidos socialistas, em diversos países, se mantiveram muito tempo no poder, sem que a sociedade como um todo gozasse dos benefícios apontados pelos socialistas. É preciso também lembrar que a idéia de ditadura do proleta-riado, na visão de Marx, não significa a opressão de um grupo sobre a maioria, mas uma necessidade, uma vez que a força do proletariado, exercida por meio do partido, evitaria a contra-revolução da classe burguesa deposta.

Correntes teóricas como o anarquismo são perfeitamente explicáveis, dadas as condições da sociedade da sua época. Basta pensar na pobreza que envolve grande parte do planeta, no quanto os trabalhadores em geral sofrem para garantir sua sobrevivência, sem ter acesso à saúde, educação, segurança, moradia de qualidade e dignidade, para ver que tudo gira em torno de um modelo que só mantém o status quo.

O anarquismo não ficou apenas limitado nas teorias de alguns militantes. O movimento contou com a simpatia de artistas, jornalistas e intelectuais de renome, dentre eles: Oscar Wilde, George Orwell, Aldous Huxley, Picasso, Alex Comford, Herbert Read, Emma Goldmamm, Malatesta e George Woodcock (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 248).

As idéias anarquistas inspiraram vários trabalhadores do mundo inteiro, especialmente os sindicalistas. Aranha e Martins (1993, p. 248) afirmam que

[...] no final do século XIX, o movimento sindical deu ampla força ao anarquismo, gerando o movimento chamado anarco-sindicalismo, pelo qual os sindicatos não deveriam se preocupar apenas em conseguir melhores salários, mas em se tornar agentes de transfor-mação da sociedade.

No Brasil, o movimento anarquista também teve sua influência, especial-mente na organização dos primeiros sindicatos, nas primeiras décadas do século XX. O contexto histórico do anarquismo brasileiro tem suas bases a partir do processo de industrialização e de urbanização, fortalecido com as políticas liberais estabelecidas no começo do século XX. Nessa fase, a imigração euro-péia, sobretudo italiana, substituiu a mão-de-obra escrava (abolida em 1889)

Page 57: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 429

nas fazendas de café, principalmente na região sudeste do país. Os anarquistas se organizaram em colônias e lutaram contra a exploração patronal. O movi-mento anarquista passou a ser atuante na organização de greves e na difusão do ideal anarquista, por meio de escolas e jornais.

5.1.5 Estado de bem-estar social (Welfare State)

O Estado do bem-estar ou welfare state, também pode ser chamado de Estado assistencial. Nesse aspecto, conforme Regonini (2000), temos, desde o século XVIII, a intervenção de Estados na proteção de seus súditos.

Com a Revolução Russa de 1917, surge uma nova forma de Estado, contra-riando os princípios liberais do Estado de Direito. É o chamado Estado Social de Direito. Segundo essa doutrina, o Estado assume algumas atividades, com a finalidade de garantir melhores condições sociais a uma parcela da popu-lação que não possui o mínimo necessário para sobreviver. Um dos motivos que provocaram o surgimento do Estado social foi o panorama de crises econô-micas, recessões e desempregos, ocorridos no século XX. A regulação natural da economia, defendida pelos liberais, não estava conseguindo suprir as neces-sidades do mercado e da população.

Após a Segunda Guerra Mundial (1945), a Europa, parte da Ásia e da África estavam devastadas. Antigas e sólidas economias mundiais dissolveram-se no ar nazista e, do ponto de vista econômico, o capitalismo europeu tinha morrido. Do ponto de vista social, morte e miséria eram palavras da agenda de cada pessoa que sobreviveu. Então, o capital foi em socorro do capital, isto é, em prol de uma reconstrução das economias e do retorno de uma sociedade estável e consu-midora. O capital promoveu por meio do World Bank (Banco Mundial) uma campanha de reconstrução política e social. Os Estados nacionais deveriam ir a socorro de seus cidadãos, centralizando os serviços e permitindo ao excluído o acesso integral a suas fontes de sobrevivência.

Com isso, o Estado passa a regular a economia e, em seguida, a exercer ativi-dade econômica, competindo e até mesmo associando-se a empresas privadas. Nesse modelo, o Estado, ao contrário do Estado mínimo liberal, assume papel de importância em quase todos os ramos de atividade, disciplinando e interferindo no mercado e em quase todas as áreas da vida em sociedade, constituindo-se, portanto, em um Estado máximo. O Estado passa fazer valer suas decisões não mais com base na garantia dos interesses individuais, como ocorria com o Estado mínimo liberal, mas na garantia do interesse público. Esse Estado começa a entrar em crise nos anos 1960 e, paulatinamente, diminui sua área de atuação.

5.2 Relações entre Estado e ordem econômica e social

5.2.1 No liberalismo

A essência do pensamento liberal ou liberalismo é a limitação do poder do Estado, na ordem política e na ordem econômica. Na compreensão dos liberais,

Page 58: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

430 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

o poder não pode ser absoluto, ou seja, existem limites à sua atuação. O Estado tem poderes e funções limitados. Essa limitação dos poderes e das funções esta-tais se desdobra em dois aspectos que precisam ser distinguidos.

O primeiro diz respeito à distribuição dos poderes entre órgãos políticos diversos, com o objetivo de impedir o abuso e o excesso de poder, protegendo a sociedade de danos ao regime de liberdades gozado por ela. A esse primeiro aspecto corresponde a idéia de Estado de Direito, aquele em que as decisões políticas se tomam com observância das normas, das quais as autoridades não podem se descuidar.

O segundo refere-se à limitação de atuação do Estado no campo da proprie-dade privada, revelando-se ilegítima qualquer intromissão no âmbito da livre disposição das coisas ou dos bens pelos particulares.

O chamado Estado mínimo deve intervir somente para garantir a ordem pública interna e externa, protegendo os cidadãos de ilegalidades praticadas por outros, bem como zelando pela estabilidade da pátria no plano das rela-ções internacionais.

A teoria liberal expressa ideologicamente os interesses do capital privado. Os pressupostos do liberalismo são formulados e expressos no contexto histórico (séculos XVII e XVII) das transformações econômicas e sociais da Europa (sobre-tudo na Inglaterra e na França) e dos Estados Unidos da América. O novo modo de produção capitalista, na fase histórica de sua formação, será incompatível com os regimes absolutistas vigentes na Europa, em virtude do absoluto controle exercido sobre as atividades comerciais e produtivas. Na prática, o liberalismo está dizendo que o Estado deve atender aos interesses dos proprietários, sem interferir nas suas atividades comerciais.

Logicamente, irá defender a prioridade dos interesses individuais, em detri-mento dos interesses coletivos. O indivíduo é considerado na sua capacidade de autoformação, de desenvolvimento, de progresso intelectual e moral, num regime de máxima liberdade em relação a qualquer norma externa que lhe seja imposta pela força. Reivindica-se, então, plena liberdade individual na esfera espiritual e na esfera econômica.

A mais notável conseqüência histórica da efetivação da concepção liberal foi o surgimento de revoluções voltadas à derrocada dos regimes monárquicos de poder absoluto.

Consoante assinalado por Bobbio (2005), o resultado das revoluções coman-dadas por certas forças sociais contra a monarquia foi a celebração de novos acordos ou pactos entre o soberano e os súditos, nos quais se vislumbrava um novo sistema de direitos e deveres, e se protegiam dos abusos do poder a vida, a liberdade e a propriedade privada.

Page 59: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 431

Enquanto na Inglaterra, berço da Revolução Industrial, as idéias libe-rais defendidas estão voltadas, sobretudo, para os interesses econômicos, nos Estados Unidos, são proclamados os direitos fundamentais do homem e, na França, processa-se a Revolução Política, associada aos interesses econômicos da burguesia, com a derrubada do regime absolutista. Nesse contexto, libera-lismo e democracia constituem os pilares da nova ordem econômica capitalista.

A partir da década de 1970, em razão dos conflitos e das crises provocadas no capitalismo, o liberalismo passa por avaliação e por transformações. A preo-cupação dos liberais era com o avanço das idéias socialistas no mundo, que se fortaleciam em função dos problemas gerados e agravados pelo capitalismo, como as desigualdades sociais, a pobreza e a miséria. As políticas fundadas em igualdade e planificação adotadas nos países socialistas repercutiam fortemente junto aos principais países capitalistas. Fatores como esses levaram ao surgimento do neoliberalismo, cuja base é a defesa de um Estado mínimo e a adoção de políticas paliativas, para esconder as desigualdades sociais.

O neoliberalismo ganhou força com a crise do petróleo, ocorrida em 1973-1975, o fim da União Soviética e a instabilidade econômica instalada nos países capitalistas, no final da década de 1980. As políticas neoliberais foram apli-cadas nos diversos países e se apresentam de forma efetiva nos países subde-senvolvidos, especialmente na América Latina: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, entre outros. As ditaduras militares instaladas nesses países criaram condições para a aplicação de políticas neoliberais.

5.2.2 Visão marxista do Estado

Apesar de Marx ter deixado alguns indícios de que trataria da questão do Estado em uma obra exclusiva, não há nenhum registro sistemático na obra desse autor sobre o papel do Estado em uma alternativa política socialista.

A tradição marxista sempre relegou ao Estado o papel de instrumento de dominação da classe operária pela burguesia. O Estado seria uma forma de justificação do poder dos donos dos meios de produção e um instrumento poli-cial para manter a situação de exploração dos trabalhadores.

É importante salientar que o contexto em que são elaboradas as idéias de Marx sobre o Estado é o período em que predominou o Estado liberal-demo-crático. As principais características dessa forma de Estado apontam para uma democracia formal muito mais preocupada com os instrumentos legais do que com a construção de processos efetivos de promoção democrática. Por isso, os marxistas afirmam que o Estado serviria de arcabouço jurídico para garantir a situação privilegiada da burguesia. Um exemplo que retrata bem essa situação e ajuda a compreender a visão marxista é o fato de que, no século XIX, a ativi-dade sindical não era vista como um direito democrático, mas era tratada pelos

Page 60: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

432 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

capitalistas como uma forma de monopólio, o que feria os princípios da livre concorrência tão defendida na época.

Em 1848, é lançado o Manifesto do Partido Comunista, obra em que Karl Marx e Friederich Engels lançam as bases do socialismo científico e colocam de lado as idéias do socialismo utópico. Essa obra influenciou todo o movimento operário que viria a seguir.

A tese principal desse livro é que os operários tomariam o poder das mãos da burguesia, por meio do controle do Estado, implantando o socialismo. Nessa fase, o Estado seria uma espécie de “mal necessário”, para a transição rumo ao comunismo e à supressão final do Estado.

Porém, um olhar atento ao que efetivamente ocorreu mostra que o socia-lismo só se efetivou porque utilizou o aparato estatal. Para compreender esse fato, é necessário observar que a transição do socialismo para o comunismo não ocorreu. Sem a eliminação do Estado, o que se viu foi a ascensão da burocracia do partido único, que tomou conta do poder e assim substituiu a burguesia na condução da política. Note que não houve participação popular. Pelo contrário, prevaleceu o autoritarismo controlado pela burocracia estatal, centralizando em si todas as decisões sem um diálogo efetivo com o povo.

Estudamos o desenvolvimento do Estado moderno. Vimos o Estado absoluto, ou absolutismo, que defende que o poder do governante não conhece qualquer forma de oposição ou controle, sendo, portanto, um Estado que não conhece limites à sua ação. O Estado liberal, que tem seu papel reduzido, fundamenta-se na idéia de que o indivíduo vem antes do Estado e que esse deveria então servir aos indivíduos e não o contrário. Essa concepção de Estado inaugura aquilo que se chamaria de Estado de direito.

Vimos o socialismo, em que o Estado teria o controle dos meios de produção, que passam a ser coletivos com a abolição da propriedade privada, como etapa de transição para uma sociedade comunista (uma sociedade sem Estado). Também estudamos o anarquismo, que tem como princípio a declaração de que o Estado é nocivo e desnecessário. Também vimos o Estado do bem-estar social, chamado Estado Social de Direito, que o Estado assume algumas atividades, com a finalidade de garantir melhores condições sociais a uma parcela da popu-lação que não possuía o mínimo necessário.

Estudamos, também, a relação entre Estado e ordem econômica, sendo que para o liberalismo essa relação se funda na limitação do poder do Estado na ordem política e na ordem econômica: o poder não pode ser absoluto, ou seja, existem limites à sua atuação. Já na visão marxista, o Estado seria uma

forma de justificação do poder dos donos dos meios de produção e um instru-mento policial, para manter a situação de exploração dos trabalhadores.

1. Leia atentamente as afirmações a seguir.

Afirmação I: o Estado liberal inaugura aquilo que se chamaria de Estado de direito, que passa a ser a garantia dos direitos do cidadão, segundo o que está escrito na Constituição.

Afirmação II: uma forma de garantir os direitos dos cidadãos foi estabe-lecer o Estado do bem-estar ou welfare state, também chamado de Estado assistencial.

Analisando as afirmações I e II, conclui-se que:

a) a primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira;

b) as duas afirmações são falsas;

c) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira;

d) as duas afirmações são verdadeiras e a primeira justifica a segunda.

2. Leia as assertivas a seguir.

I. O absolutismo representou a possibilidade de construção de Estados fortes e centralizados na Europa.

II. Na concepção liberal, o Estado deve reduzir o seu papel, limitando-se à manutenção da ordem e à proteção da liberdade e da proprie-dade, fazendo assim valer a vontade da classe burguesa emergente (Estado Mínimo).

III. O socialismo seria uma etapa de transição para uma sociedade comu-nista. Uma vez superada a existência das classes sociais, pelo desen-volvimento e organização das forças produtivas coletivas, a sociedade comunista se implantaria: uma sociedade sem Estado.

IV. Para o anarquismo o Estado é nocivo e desnecessário, pois representa o estado burguês, que é falso, danoso e perverso, contrariando os direitos naturais, a própria vida e espoliando o trabalhador.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e IV, apenas

Page 61: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 433

forma de justificação do poder dos donos dos meios de produção e um instru-mento policial, para manter a situação de exploração dos trabalhadores.

1. Leia atentamente as afirmações a seguir.

Afirmação I: o Estado liberal inaugura aquilo que se chamaria de Estado de direito, que passa a ser a garantia dos direitos do cidadão, segundo o que está escrito na Constituição.

Afirmação II: uma forma de garantir os direitos dos cidadãos foi estabe-lecer o Estado do bem-estar ou welfare state, também chamado de Estado assistencial.

Analisando as afirmações I e II, conclui-se que:

a) a primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira;

b) as duas afirmações são falsas;

c) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira;

d) as duas afirmações são verdadeiras e a primeira justifica a segunda.

2. Leia as assertivas a seguir.

I. O absolutismo representou a possibilidade de construção de Estados fortes e centralizados na Europa.

II. Na concepção liberal, o Estado deve reduzir o seu papel, limitando-se à manutenção da ordem e à proteção da liberdade e da proprie-dade, fazendo assim valer a vontade da classe burguesa emergente (Estado Mínimo).

III. O socialismo seria uma etapa de transição para uma sociedade comu-nista. Uma vez superada a existência das classes sociais, pelo desen-volvimento e organização das forças produtivas coletivas, a sociedade comunista se implantaria: uma sociedade sem Estado.

IV. Para o anarquismo o Estado é nocivo e desnecessário, pois representa o estado burguês, que é falso, danoso e perverso, contrariando os direitos naturais, a própria vida e espoliando o trabalhador.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e IV, apenas

Page 62: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

434 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

c) III e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

3. Elabore uma linha do tempo e aponte o surgimento de cada uma das formas de Estado que estudamos nesta aula.

4. Aponte as características de cada uma das formas de Estado apresentadas nesta aula. Utilize o quadro a seguir como modelo.

ESTADOCARACTERÍSTICAS

ECONôMICASCARACTERÍSTICAS

SOCIAISCARACTERÍSTICAS

POLÍTICASEstado absolutistaEstado liberalEstado do bem estar socialEstado socialistaAnarquismo

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (d), pois as duas afirma-ções são verdadeiras, sendo que a primeira, que se refere ao Estado liberal ou Estado de direito, garantindo os direitos do cidadão observando o que está escrito na Constituição, constituiu-se numa justificativa para a segunda afir-mação, que é a criação do Estado do bem-estar ou welfare state, também chamado de Estado assistencial. A alternativa (a) está errada, pois aponta a afirmação I como falsa. A alternativa (b) está errada, pois aponta as afirmações como falsas. Já a alternativa (c) está errada, pois coloca o welfare state como justificativa no liberalismo.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (d), pois todas as alterna-tivas são corretas. De uma forma ampla, o absolutismo, o liberalismo, o socia-lismo e o anarquismo tiveram grande influência na forma de pensar e agir da sociedade. As observações apontadas nas assertivas I a IV estão corretas na análise das formas de estado. As demais alternativas (a), (b) e (c), por apresen-tarem apenas parcialmente as assertivas corretas, são consideradas erradas. Caso tenha marcado alguma delas, retome o texto da aula e tente localizar quais as dificuldades vivenciadas. Consulte também outras referências na biblio-teca da sala e/ou na Internet.

Na atividade três, você deverá exercitar seu poder de síntese apontando em uma linha de tempo quando cada uma das formas de Estado surgiu. Tente incluir os principais acontecimentos que marcaram a criação de cada modelo de Estado. Por exemplo: Estado liberal – acontecimentos circundantes: crise da sociedade medieval, ascensão da burguesia, livre comércio, etc.

Na atividade quatro, você deverá apontar as características de cada um dos estados que estudamos em nossa aula. Indicamos a você que o critério de caracterização deve passar por três momentos – a caracterização econômica, a caracterização social e a caracterização política. O texto da aula permite uma análise completa desses momentos, porém é importante aprofundar mais por meio de pesquisas. Consulte a biblioteca e livros especializados constantes das referências bibliográficas.

ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. M. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BOBBIO, Norberto. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 2005.

REGONINI, G. Estado do Bem-Estar. In: BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. Brasília: EDUnB, 2000.

Teremos algumas noções iniciais sobre partidos políticos, sistemas partidá-rios e eleições. Veremos quais os princípios para que uma eleição seja conside-rada democrática.

Page 63: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 435

Na atividade quatro, você deverá apontar as características de cada um dos estados que estudamos em nossa aula. Indicamos a você que o critério de caracterização deve passar por três momentos – a caracterização econômica, a caracterização social e a caracterização política. O texto da aula permite uma análise completa desses momentos, porém é importante aprofundar mais por meio de pesquisas. Consulte a biblioteca e livros especializados constantes das referências bibliográficas.

ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. M. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BOBBIO, Norberto. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 2005.

REGONINI, G. Estado do Bem-Estar. In: BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. Brasília: EDUnB, 2000.

Teremos algumas noções iniciais sobre partidos políticos, sistemas partidá-rios e eleições. Veremos quais os princípios para que uma eleição seja conside-rada democrática.

Anotações

Page 64: Apresentação - UNITINS

aula 5 • ciência PolÍtica

436 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender o desenvolvimento histórico e as características dos •partidos políticos e dos sistemas partidários;

identificar as principais formas de voto.•

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Denise P. Ferreira e Simone Bohn, intitulado Sistema partidário e volatilidade eleitoral no Brasil (1982-2006): um estudo sobre a dinâmica inter-regional, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/15_10_2007_10_48_31.pdf>, e o artigo de Vanessa C. da S. Barros e Rafael C. Ferraz, intitulado O mandato é meu: a infidelidade parti-dária dos deputados federais brasileiros de 1999 a 2006, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/15_10_2007_10_49_35.pdf>.

Nesses textos, os autores discutem a volatilidade eleitoral, o processo de seleção das elites políticas, por meio de eleições, a infidelidade partidária e as propostas de erradicação dessa prática. Esses conteúdos subsidiarão seu conhe-cimento sobre partidos políticos e eleições, objeto desta aula.

Praticamente todos afirmam que votar é um direito, apesar de interpretá-lo mais como uma obrigação, em face das exigências e do ônus do não compa-recimento. Esse é o preço da democracia! Falando nisso, é bom lembrar que, nas sociedades democráticas, o poder político é exercido com a mediação dos partidos. Eles realizam o “trabalho democrático”. Uma das condições para ser eleito é estar filiado a um partido político e nele permanecer, conforme dispõe

Page 65: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 437

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender o desenvolvimento histórico e as características dos •partidos políticos e dos sistemas partidários;

identificar as principais formas de voto.•

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Denise P. Ferreira e Simone Bohn, intitulado Sistema partidário e volatilidade eleitoral no Brasil (1982-2006): um estudo sobre a dinâmica inter-regional, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/15_10_2007_10_48_31.pdf>, e o artigo de Vanessa C. da S. Barros e Rafael C. Ferraz, intitulado O mandato é meu: a infidelidade parti-dária dos deputados federais brasileiros de 1999 a 2006, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/15_10_2007_10_49_35.pdf>.

Nesses textos, os autores discutem a volatilidade eleitoral, o processo de seleção das elites políticas, por meio de eleições, a infidelidade partidária e as propostas de erradicação dessa prática. Esses conteúdos subsidiarão seu conhe-cimento sobre partidos políticos e eleições, objeto desta aula.

Praticamente todos afirmam que votar é um direito, apesar de interpretá-lo mais como uma obrigação, em face das exigências e do ônus do não compa-recimento. Esse é o preço da democracia! Falando nisso, é bom lembrar que, nas sociedades democráticas, o poder político é exercido com a mediação dos partidos. Eles realizam o “trabalho democrático”. Uma das condições para ser eleito é estar filiado a um partido político e nele permanecer, conforme dispõe

Noções sobre partidos políticos, sistemas partidários e voto

Aula 6

Page 66: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

438 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

a Constituição Federal (art. 14, § 3º, V). Como os partidos surgiram? Qual a sua importância em uma sociedade democrática? Essas são as questões que trataremos nesta aula.

6.1 Partido político: um ponto de partida

Muitas definições têm sido propostas com o intuito de expressar a essência de um partido político, ou seja, revelar os elementos básicos que o integram e compõem a sua razão de ser.

Segundo Bonavides (2004, p. 346), o partido político é uma organização formada por pessoas que, motivadas por ideais e interesses comuns, tencionam, observando normalmente os meios legais, conquistar o poder e nele se conser-varem, visando à efetivação dos seus objetivos.

Para ele, os elementos básicos de definição de um partido político sempre envolvem um grupo social organizado, um conjunto de idéias comuns, o intuito de tomada e conservação do poder político.

6.2 Grupos de pressão e partido político

Convém distinguir, para evitar confusão, as noções diversas de grupos de pressão e de partido político. O grupo de pressão pode ser caracterizado como um grupo organizado por pessoas que almejam alcançar um determinado fim.

Por pressão se pode indicar a possibilidade de utilização de sanções nega-tivas, que soam como verdadeiras punições, e sanções positivas, como dádivas e privilégios, para influenciar os rumos da política.

Assim como os partidos políticos, os grupos de pressão são organismos que se colocam entre os cidadãos e o Estado. Então você pode se perguntar: o que distingue os grupos de pressão dos partidos políticos?

De acordo com vários autores, é possível listar vários critérios de distinção. Vejamos alguns.

1. Os partidos políticos buscam assumir o poder, enquanto os grupos de pressão tencionam apenas influir sobre o processo de tomada das deci-sões políticas, pretendendo assegurar seus interesses.

2. Os partidos políticos sustentam uma visão global de sociedade e de Estado, enquanto os grupos de pressão se restringem a interesses específicos.

3. Enquanto os grupos de pressão exercem uma atividade sem respon-sabilidade social e com propósitos muitas vezes ocultos, os partidos políticos têm uma responsabilidade política e expõem seus programas à vista de todos.

Page 67: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 439

Muitas vezes, as ações e os propósitos dos partidos políticos e dos grupos de pressão se confundem. Diante desse quadro, alguns pensadores têm sugerido que as marcas que distinguem os partidos políticos dos grupos de pressão podem ser encontradas somente naquelas atividades que os partidos exercem sozinhos, ou seja, a título exclusivo. Colocam-se, assim, as funções de competição eleitoral e participação direta no poder.

6.3 Resistência à criação dos partidos políticos

A primeira e mais fundamental resistência histórica à criação dos partidos políticos vem dos teóricos do poder político absoluto.

Thomas Hobbes (1588-1679) via os partidos como fontes geradoras de sedução e violência, sendo os verdadeiros responsáveis pelo ódio e violência sociais. Mas o interessante é que mesmo teóricos importantes da democracia representativa, nomes influentes na história da política dos Estados Unidos da América, como Abraham Lincoln, John Marshall e John Adams, posicionaram-se contra a instituição de partidos, vendo-os como causa de constante perigo para a manutenção da unidade da comunidade política e subsistência do próprio regime democrático.

Tais resistências chamam nossa atenção e nos remetem a uma colocação de Bobbio (2005): a concepção originária de democracia nunca admitiu ou levou em conta a existência de partidos políticos. A referida oposição aos partidos polí-ticos gerou, por muito tempo, lacunas na literatura política e jurídica, sendo consi-derável também o silêncio guardado nas Constituições democráticas a respeito dessas agremiações.

6.4 Classificação dos partidos políticos

Várias classificações de partidos políticos têm sido esboçadas no âmbito teórico.

David Hume (1711-1776) dividiu os partidos políticos em pessoais e reais. Os partidos políticos pessoais são aqueles fundados sobre sentimentos de amizade pessoal ou hostilidade com os membros de partidos diversos. Já os partidos políticos reais são aqueles que se assentam em distinções reais de opinião e interesse político. Os reais se subdividem em três: partidos de inte-resse, partidos de princípio e partidos de afeição. Nos partidos de interesse, o que domina é a busca pelos interesses econômicos dos integrantes de cada uma das agremiações políticas. Nos de princípio, a agremiação tem origem em concepções abstratas e especulativas de vida. Nos de afeição, tudo se assenta na dedicação especial dos homens a certas famílias e indivíduos, pelos quais desejam ser governados.

Max Weber, citado por Freund (1980, p. 164), divide os partidos políticos quanto a sua origem em dois grupos: os partidos de patronagem e os partidos

Page 68: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

440 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

ideológicos. Nos partidos de patronagem, o objetivo é galgar o poder, a fim de satisfazer meros interesses de posições políticas e de vantagens materiais, notadamente empregos públicos para os correligionários e beligerantes. Nos partidos ideológicos, a tônica está em transformar a estrutura estatal e social, com base em concepções de cunho filosófico.

Para Georges Burdeau (1970), as agremiações políticas são classificadas em partidos políticos de massa e partidos políticos de opinião. Os partidos de massa partem da noção de uma sociedade dividida em classes e da necessidade de parti-cipação popular ativa, para a construção das estruturas de poder. Assim, o que neles se busca é a defesa de interesses econômicos e ideologias de transformação social. Os partidos de opinião são aqueles em que há um o mero interesse na manutenção do status quo social, ou seja, há subsistência das coisas como estão.

6.5 Sistemas partidários

No decorrer da história partidária moderna, encontram-se basicamente três sistemas partidários: o do partido político único, o sistema bipartidário e o sistema pluripartidário (FRIEDE, 2007).

No partido único ou totalitário, a ordem é imposta de cima e é indiscutível. O partido e o Estado se confundem, virando uma só realidade de domínio político. Como exemplo histórico dessa espécie de sistema partidário, temos nacional-socialista alemã, comandada por Hitler. O sistema do partido único tem sido o preferido dos regimes totalitários, a ponto de se poder dizer, com Paulo Bonavides, que as ditaduras do século XX encontraram nele o mais pode-roso instrumento de poder, interditando a liberdade e o pluralismo político.

No sistema bipartidário, parte-se do pressuposto de que a sociedade, em suas questões políticas fundamentais, tem sempre a tendência de se dividir em duas correntes. Para o sucesso desse sistema, dois pressupostos são necessários:

1. acordo quanto às regras básicas do jogo democrático, havendo respeito mútuo no consenso e no dissenso;

2. acordo quanto aos fundamentos básicos de organização da comuni-dade política, ou seja, quanto à estrutura constitucional do Estado.

O sistema pluripartidário ocorre quando três ou mais partidos disputam o domínio do poder político dentro de certo Estado. Isso permite uma plena parti-cipação da população, por meio de seus representantes eleitos.

6.6 Eleição e voto

A eleição é a forma utilizada para escolher os representantes do povo em diversas esferas da administração do Estado. É o meio de provimento dos

Page 69: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 441

cargos tanto do Executivo quanto do Legislativo, segundo a nossa legislação (GUIMARÃES, 2000). Em alguns países, como os Estados Unidos da América, até mesmo os cargos do Poder Judiciário são preenchidos por meio de eleições.

Dentro do moderno conceito de eleição, necessário se faz observar alguns princípios sem os quais não se pode falar em eleição democrática: a generali-dade, a paridade, a liberdade e o voto secreto direto ou indireto.

O princípio da generalidade prescreve que todo o cidadão, independente-mente de qualquer outra característica, é detentor de direitos eleitorais, ou seja, pode votar e ser votado, não sendo possível qualquer forma de limitação desse direito, salvo a idade, conforme o cargo, e uma condenação que lhe inflija a perda ou suspensão de seus direitos políticos.

No que diz respeito à paridade, cada cidadão possui apenas um voto, não importando suas características sócio-econômicas, de forma que não há a sobre-posição de um grupo social sobre o outro.

A liberdade consiste no exercício dos direitos políticos e, conseqüentemente, na manifestação da vontade por meio do exercício efetivo dos direitos eleitorais, quer passivos (votar) quer ativos (ser votado), sem que qualquer tipo de atividade tanto do Estado quanto de particulares possa manipular a vontade do eleitor.

O voto secreto é a garantia de que o eleitor pode exercer seu direito com total liberdade, uma vez que, se ninguém tem acesso ao seu voto, não há possibi-lidade de interferências anteriores ou cobranças futuras, em relação as suas esco-lhas. O voto direto pode ser definido como a opção que o eleitor tem de escolher diretamente seus representantes, não delegando essa função para terceiro, como ocorre no voto indireto, em que se escolhe um representante para que este exerça o voto direto em nome de uma parcela eleitores, como ocorre nos Estados Unidos da América, em que há a formação do colégio eleitoral.

6.6.1 Tipos de voto

Para a realização de eleições, é necessária a utilização de um instituto por intermédio do qual o povo possa manifestar sua vontade e eleger seus represen-tantes de forma inequívoca. O meio utilizado para isso é o voto.

Não há apenas uma forma de voto. Os cientistas políticos desenvolveram alguns tipos principais de voto. O voto pode ser classificado em: majoritário, proporcional e distrital.

Voto majoritário• : trata-se do mais antigo meio de eleição. Por meio desse sistema, considera-se eleito o candidato que receber o maior número de votos válidos. Com a sua evolução, passou-se a adotar distritos que elegem seu representante, pelo maior número de eleitores. A maioria de votos pode ser relativa ou absoluta. Na maioria relativa, o candidato obtém a vitória com qualquer diferença de votos. Na maioria absoluta,

Page 70: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

442 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

o candidato só é eleito se obtém mais da metade dos votos. No Brasil, temos os dois sistemas: nas pequenas cidades, vale o critério da maioria simples; no caso de cargos executivos do âmbito federal e estadual e nas cidades com mais de duzentos mil eleitores vale a maioria absoluta.

Voto proporcional• : esse sistema surgiu como uma forma de contestação ao voto majoritário. Seus opositores consideravam que ele deturpava a vontade popular. Tal sistema se mostrou eficaz, no que diz respeito à formação do governo, mas não se mostrou coerente com a efetiva representatividade. O voto proporcional consiste na distribuição de vagas no parlamento, proporcionalmente aos votos dos partidos polí-ticos, que distribuem suas vagas entre seus candidatos mais votados. Se um partido obtém 10% (dez por cento) dos votos, terá direito a 10% (dez por cento) das vagas parlamentares. Nesse sistema, há uma sobrepo-sição do partido e de sua ideologia em relação às pessoas, uma vez que a legenda partidária se sobrepõe, elegendo, muitas vezes, candidatos com pouca votação, em detrimento de outro com votação individual bem superior. Essa situação tem como exemplo prático as eleições de 2002 no Brasil, em que candidatos do PRONA elegeram-se para a Câmara dos Deputados com uma votação muito pequena, em virtude da grande votação obtida por apenas um candidato.

Voto distrital• : esse sistema consiste na divisão, para fins eleitorais, dos estados da federação em distritos eleitorais. Cada distrito possui candi-datos próprios, devendo seus eleitores decidirem com base somente nos candidatos de seu distrito específico, não podendo votar em candi-datos de outro distrito eleitoral do seu Estado. Há, ainda, o voto distrital misto, em que apenas uma parte dos candidatos pertence ao distrito, e os demais têm âmbito nacional, valendo, nesse caso, o sistema propor-cional. O voto distrital foi usado no Brasil até 1932 (PORTO, 2000).

Diante dessas definições, é impossível se chegar à conclusão sobre qual é o melhor sistema, mas o certo é que cada um possui vantagens específicas.

Para um número considerável de cientistas políticos, o ideal seria a adoção de um sistema misto, utilizando tanto o sistema proporcional como o majoritário, como ocorre, por exemplo, na Alemanha.

Estudamos que os elementos básicos de definição de um partido político sempre envolvem um grupo social organizado, um conjunto de idéias comuns, o intuito de tomada e conservação do poder político. Existem grupos de pressão, isto é, grupos organizados que almejam alcançar um determinado fim. Vimos que a pressão pode indicar a possibilidade de utilização de sanções nega-

Page 71: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 443

tivas, (punições) e de sanções positivas (dádivas e privilégios). Vimos que alguns eminentes teóricos foram contra a criação de partidos políticos (Thomas Hobbes, Abraham Lincoln, John Marshall e John Adams), pois os viam como causa de constante perigo para a manutenção da unidade da comunidade política e da subsistência do próprio regime.

Vimos três possíveis classificações dos partidos políticos. A primeira clas-sificação, baseada em David Hume, divide os partidos políticos em pessoais (são aqueles fundados sobre sentimentos de amizade pessoal ou hostilidade com os membros de partidos diversos) e reais (aqueles que se assentam em distinções reais de opinião e interesse político). Os reais se subdividem em três: partidos de interesse, partidos de princípio e partidos de afeição. A segunda classificação, baseada em Max Weber divide os partidos políticos em partidos de patronagem (cujo objetivo é galgar o poder, a fim de satisfazer meros interesses de posições políticas e de vantagens materiais) e partidos ideoló-gicos (cujo objetivo é transformar a estrutura estatal e social, com base em concepções de cunho filosófico. A terceira classificação, baseada em Georges Burdeau, divide os partidos políticos em partidos políticos de massa (conce-bidos em uma sociedade dividida em classes) e partidos políticos de opinião (cujo interesse é a manutenção do status quo social).

Também estudamos três sistemas partidários: o sistema com um partido político único (o partido e o Estado se confundem, virando a uma só realidade de domínio político); o sistema bipartidário (que parte do pressuposto de que a sociedade tem sempre a tendência a se dividir em duas correntes) e o sistema multipartidário (quando três ou mais partidos disputam o domínio do poder político dentro de certo Estado).

Vimos que a eleição é a forma utilizada para escolher os representantes do povo, em diversas esferas da administração do Estado. É o meio de provi-mento dos cargos tanto do Executivo quanto do Legislativo, seguindo princí-pios ligados à eleição democrática: princípio da generalidade, ligado à idéia de que todo o cidadão é detentor de direitos eleitorais; princípio da paridade, segundo o qual há valor igualitário de todos os votos, ou seja, cada cidadão possui apenas um voto; princípio da liberdade, ou da manifestação da própria vontade por meio do exercício efetivo dos direitos eleitorais; princípio do voto secreto direto ou indireto, segundo o qual o eleitor pode exercer seu direito com total liberdade, uma vez que ninguém tem acesso ao seu voto. Vimos que o voto pode ser classificado em: voto majoritário (considera-se eleito o candidato que receber o maior número de votos válidos), voto proporcional (consiste na distribuição de vagas, proporcionalmente aos votos dos partidos políticos, que distribuem suas vagas entre seus candidatos mais votados); voto distrital (consiste na divisão, para fins eleitorais, dos estados da federação em distritos eleitorais).

Page 72: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

444 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

1. Leia as assertivas a seguir.

I. O partido político pode ser definido como um grupo social organizado com um conjunto de idéias comuns e com o intuito de tomada e conser-vação do poder político.

II. Os partidos políticos sustentam uma visão global da sociedade e do Estado, enquanto que os grupos de pressão se restringem a interesses particulares e específicos.

III. O grupo de pressão pode ser caracterizado como um grupo organizado de pessoas que almejam alcançar um determinado fim.

IV. Nos partidos ideológicos, o objetivo é galgar o poder, a fim de satisfazer meros interesses de posições políticas e de vantagens materiais, notada-mente empregos públicos para os correligionários e beligerantes.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas c) I e IV, apenas

b) I, II e III, apenas d) Todas as assertivas são verdadeiras

2. Associe a segunda coluna com a primeira.

a) Princípio da generalidade

b) Princípio da paridade

c) Princípio da liberdade

d) Princípio do voto secreto direto e/ou indireto

( ) Define o valor igualitário de todos os votos, ou seja, cada cidadão possui apenas um voto, não importando suas características sócio-econômicas, de forma a não haver sobreposição de um grupo social sobre o outro.

( ) Define o exercício dos direitos políticos e, conseqüentemente, a manifestação da vontade, por meio do exercício efetivo dos direitos eleitorais, quer passivos (votar) quer ativos (ser votado).

( ) Define a garantia de que o eleitor pode exercer seu direito com total liberdade, uma vez que, se ninguém tem acesso ao seu voto, não há possibilidade de interferências anteriores ou cobranças futuras em relação a suas escolhas.

( ) Define que todo o cidadão é detentor de direitos eleitorais, ou seja, pode votar e ser votado.

A opção que retrata a associação correta é a alternativa:

a) a, b, d, c c) b, c, d, a

b) b, c, a, d d) d, c, a, b

3. Acesse e leia o artigo de José A. Silva Jr. e Dalson B. Figueiredo Filho, intitulado Prestígio e credibilidade na seleção dos líderes no Congresso Nacional, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/ 15_10_2007_10_43_36.%20e%20Dalson%20Britto.pdf>. Utilizando os aportes teóricos de prestígio (seniority congressual) e o de credibilidade (seniority partidária, expertise partidária e migração), avalie como as lide-ranças políticas de sua localidade estão estruturadas e quais ações sociais são estimuladas como parte da proposta de partido.

4. Acesse e leia o artigo de Daniel de Mendonça intitulado Notas sobre o “efeito da presença” da representação, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24623.pdf>. Após realizar um fichamento do texto, separe as idéias principais sobre a noção de representação/mediação e indique como o Assistente Social, em uma situação de representação de qualquer instituição (pública ou privada), pode exercer seu trabalho democrático de forma consciente e não alienada.

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (b), pois as assertivas I, II e III expressam corretamente o foco lançado nesta aula. Já a opção (a), apesar de trazer duas das assertivas corretas, está incompleta, não sendo a melhor alter-nativa. A alternativa (c) traz a assertiva IV, que está incorreta. Apesar do texto trazer uma definição associada a Max Weber, ele não se refere aos partidos ideológicos, mas aos partidos de patronagem. A alternativa (d) está incorreta, pois inclui a assertiva IV, que é errada.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (c), pois apresenta a ordem exata dos princípios ligados à eleição democrática: princípio da generalidade, ligado à idéia de que todo o cidadão é detentor de direitos eleitorais; princípio da paridade, que estabelece o valor igualitário de todos os votos; princípio da liberdade, ou da livre manifestação da própria vontade por meio do exercício efetivo dos direitos eleitorais; princípio do voto secreto direto ou indireto, pelo qual o eleitor pode exercer seu direito com total liberdade, uma vez que ninguém tem acesso ao seu voto. Já as alternativas (a), (b) e (d), erroneamente, indicam outras opções de associação. Retome os conceitos expressos na aula, caso tenha marcado uma delas e, persistindo dúvidas, contate os professores e o web-tutor pela interatividade do portal.

Page 73: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 445

A opção que retrata a associação correta é a alternativa:

a) a, b, d, c c) b, c, d, a

b) b, c, a, d d) d, c, a, b

3. Acesse e leia o artigo de José A. Silva Jr. e Dalson B. Figueiredo Filho, intitulado Prestígio e credibilidade na seleção dos líderes no Congresso Nacional, disponível no sítio <http://201.48.149.89/anpocs/arquivos/ 15_10_2007_10_43_36.%20e%20Dalson%20Britto.pdf>. Utilizando os aportes teóricos de prestígio (seniority congressual) e o de credibilidade (seniority partidária, expertise partidária e migração), avalie como as lide-ranças políticas de sua localidade estão estruturadas e quais ações sociais são estimuladas como parte da proposta de partido.

4. Acesse e leia o artigo de Daniel de Mendonça intitulado Notas sobre o “efeito da presença” da representação, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24623.pdf>. Após realizar um fichamento do texto, separe as idéias principais sobre a noção de representação/mediação e indique como o Assistente Social, em uma situação de representação de qualquer instituição (pública ou privada), pode exercer seu trabalho democrático de forma consciente e não alienada.

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (b), pois as assertivas I, II e III expressam corretamente o foco lançado nesta aula. Já a opção (a), apesar de trazer duas das assertivas corretas, está incompleta, não sendo a melhor alter-nativa. A alternativa (c) traz a assertiva IV, que está incorreta. Apesar do texto trazer uma definição associada a Max Weber, ele não se refere aos partidos ideológicos, mas aos partidos de patronagem. A alternativa (d) está incorreta, pois inclui a assertiva IV, que é errada.

Na atividade dois, a opção correta é a alternativa (c), pois apresenta a ordem exata dos princípios ligados à eleição democrática: princípio da generalidade, ligado à idéia de que todo o cidadão é detentor de direitos eleitorais; princípio da paridade, que estabelece o valor igualitário de todos os votos; princípio da liberdade, ou da livre manifestação da própria vontade por meio do exercício efetivo dos direitos eleitorais; princípio do voto secreto direto ou indireto, pelo qual o eleitor pode exercer seu direito com total liberdade, uma vez que ninguém tem acesso ao seu voto. Já as alternativas (a), (b) e (d), erroneamente, indicam outras opções de associação. Retome os conceitos expressos na aula, caso tenha marcado uma delas e, persistindo dúvidas, contate os professores e o web-tutor pela interatividade do portal.

Page 74: Apresentação - UNITINS

aula 6 • ciência PolÍtica

446 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Na atividade três, você deverá fazer a avaliação das lideranças políticas locais, tendo como base as noções de prestígio e credibilidade. Lembre-se de que, em seu trabalho social, será uma constante o encontro com as lideranças polítiticas locais. Algumas delas colaborarão com seu trabalho, outros dificul-tarão sua ação social. É bom conhecê-los de antemão.

Na atividade quatro, você deverá exercitar a construção de uma percepção pessoal sobre a representação. Como visto no texto, entre “o representado e seus interesses interpõe-se, portanto, o representante e sua legitimidade mediadora” (MENDONçA, 2004, p. 81). É a mediação que você, como futuro Assistente Social, exercitará todos os dias em sua prática. Portanto, cabe uma reflexão acurada, para que você não seja alvo da alienação castrante das instituições, mas seja consciente e transformador.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

BURDEAU, G. L’État. Paris: Seuil, 1970.

FREUND, J. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Forense, 1980.

FRIEDE, R. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

GUIMARÃES, J. D. V. Ciência Política: princípios fundamentais do Estado. Bauru: EDIPRO, 2000.

PORTO, W. C. Dicionário do Voto. Brasília: EDUnB, 2000.

Conheceremos o grupo denominado neo-institucionalista e sua percepção da Ciência Política. Também veremos como o Assistente Social poderá usar o conhecimento presente na área política.

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

entender os novos rumos da Ciência Política, por meio da vertente dos •neo-institucionalistas;

indicar possibilidades de utilização do conhecimento da Ciência Política •para o Assistente Social.

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Terence Ball intitulado Aonde vai a teoria política?, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24618.pdf>. Nesse texto, Ball analisa as mudanças ocorridas na Ciência Política como área de conhecimento, que subsidiará você na construção de um referencial teórico sobre a temática.

A área denominada Ciência Política tem sido marcada por transformações nas últimas décadas, motivadas pelo próprio movimento da sociedade brasileira, que, transformando-se, constrói sua própria historicidade. Entre esses movimentos, está a redescoberta do conceito de política e das funções que a Ciência Política deveria ter junto à sociedade. Veremos algumas dessas redifinições nesta aula.

7.1 A Ciência Política contemporânea no Brasil

Depois de tudo o que consideramos sobre a Ciência Política nas aulas ante-riores, você deve estar se indagando sobre a forma como ela influenciou o pensamento brasileiro. Obviamente, não podemos em uma única aula fazer todo um balanço de uma área no século XX. Indicaremos algumas percepções

Anotações

Page 75: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 447

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

entender os novos rumos da Ciência Política, por meio da vertente dos •neo-institucionalistas;

indicar possibilidades de utilização do conhecimento da Ciência Política •para o Assistente Social.

Para que a compreensão do conteúdo desta aula seja satisfatória, é impor-tante a leitura do artigo de Terence Ball intitulado Aonde vai a teoria política?, disponível no sítio <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24618.pdf>. Nesse texto, Ball analisa as mudanças ocorridas na Ciência Política como área de conhecimento, que subsidiará você na construção de um referencial teórico sobre a temática.

A área denominada Ciência Política tem sido marcada por transformações nas últimas décadas, motivadas pelo próprio movimento da sociedade brasileira, que, transformando-se, constrói sua própria historicidade. Entre esses movimentos, está a redescoberta do conceito de política e das funções que a Ciência Política deveria ter junto à sociedade. Veremos algumas dessas redifinições nesta aula.

7.1 A Ciência Política contemporânea no Brasil

Depois de tudo o que consideramos sobre a Ciência Política nas aulas ante-riores, você deve estar se indagando sobre a forma como ela influenciou o pensamento brasileiro. Obviamente, não podemos em uma única aula fazer todo um balanço de uma área no século XX. Indicaremos algumas percepções

A Ciência Política contemporânea no Brasil

Aula 7

Page 76: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

448 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

que você, Assistente Social em formação, poderá trilhar para aprofundar-se nas questões que surgem. No texto de Ball (2004), você observou que houve uma “crise” do conhecimento, comum em muitas áreas.

É importante compreender que a Ciência Política, como grande área do conhecimento, foi se estruturando a partir de dois grandes eixos do saber: o primeiro mais tradicional ligado à área do Direito. A Ciência Política nesse eixo é vinculada à Teoria do Estado, sendo objeto de estudo de dezenas de autores contemporâneos do Direito.

O segundo eixo é ligado à sociologia e à economia com sua primeira mani-festação no Brasil, por meio da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (BONAVIDES, 2004). Este curso serve de padrão para uma série de programas universitários similares, entre os quais o da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, criado em 1956, e o da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, criada em 1934, também introduz uma cadeira de Política no curso de ciências sociais, estabelecendo um modelo que seria retomado por inúmeras Faculdades de Filosofia e cursos sociais criados posteriormente, em todo país.

Como esse nascimento em duas áreas do saber influenciou o conhecimento da Ciência Política? A vinculação entre a Ciência Política, o Direito e a Sociologia fez com que a primeira custasse a adquirir, no Brasil, feição própria.

Somente com a Revista Brasileira de Estudos Políticos, criada junto à Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, no início dos anos 50, é que surge no Brasil a primeira publicação de cunho universitário especializada em estudos políticos, destinando seu olhar para os estudos eleito-rais. De forma pioneira, tais estudos utilizaram a análise de dados quantitativos para o entendimento de fenômenos políticos e sociais.

O primeiro programa de pós-graduação em Ciência Política vai surgir com a criação do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1965. Já em 1967, o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Cândido Mendes) cria também seu programa de pós-graduação na área.

A Universidade de São Paulo mantêm um núcleo ativo de estudos e pesquisas sobre política, proporcionando graus de mestrado e doutorado. A Universidade Estadual de Campinas possui um programa específico de pós-graduação em Ciência Política. A Ciência Política constitui também uma opção nos programas de pós-graduação das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Ceará (UFC), de Pernambuco (UFPE), assim como da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade de Brasília (UnB). Todas essas universidades vêm mantendo o estudo da Ciência Política em foco e, por meio de pesquisas, consolidando a área do saber.

Page 77: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 449

É importante lembrar que, nos anos 1950 e 1960, influenciados pela Ciência Política norte-americana, os modelos explicativos que utilizávamos eram basea- dos no comportamentalismo (behaviorismo). O que isso significava na prática? Que os objetos de estudo não eram as instituições e os mecanismos jurídicos que as estruturam e que definem a vida em sociedade, mas o homem, como ator político, juntamente com seus desejos, anseios, personalidade e ação politizada. Obviamente, o método torna-se mais quantificável e mensurável, já que o objeto de estudo torna-se mais palpável.

Nas últimas décadas do século XX, a Ciência Política vem sendo invadida por uma corrente denominada neo-institucionalista. O neo-institucionalismo é orientado para a interpretação dos fenômenos empíricos, sendo que, como ocorreu em diversas áreas do conhecimento, há uma variedade de propostas de métodos e teorias para suas análises. Isso tem afetado as maneiras de fazer estudos comparados e as formas de incorporar a história à análise dos fenô-menos declaradamente políticos. Com isso, novos temas, inclusive os sociais, entraram em pauta, regados com o pensamento político.

Essa vertente tem como eixo de defesa o argumento de que as instituições moldam a ação humana. Isso porque sem as instituições, seria praticamente inexis-tente a ação humana e política, para essa vertente. Porém é importante destacar que existem divergências sobre a relação entre instituições e ação humana.

Uma delas se concentra na análise das instituições como simplesmente o reflexo de forças sociais existentes que tornam, as instituições instâncias neutras, adaptáveis às mudanças sociais, garantantindo a preservação e o equilíbrio dos poderes.

Outra visão considera as instituições como instrumentos que podem ser manipu-lados pelos atores sociais. Obviamente, essa visão coloca a instituição como uma marionete nas mãos dos atores sociais que a utilizam a seu bel-prazer, servindo aos seus objetivos políticos ou, mais freqüentemente, para a resolução dos seus problemas individuais.

Para os neo-institucionalistas, as instituições podem afetar os resultados polí-ticos, ou seja, as instituições possuem vida própria. Assim, as instituições repre-sentam uma força autônoma e decisória dentro da política, cujo peso pode ser sentido sobre a ação e sobre os resultados da vida política e social do grupo em que está inserido.

É importante entender que as ações dessas instituições ou do Estado seriam implementadas por seus funcionários de carreira, que obedecem a uma lógica de reproduzir o controle das instituições sobre a sociedade. Algumas dessas idéias podem ser encontradas na Teoria da Economia das Organizações, na Teoria da Escolha Racional, na Teoria da Firma e na Teoria da Ação.

No neo-institucionalismo, o olhar volta-se muito mais para a continuidade e a explicação de sua existência do que para a mudança das instituições. Isso se dá

Page 78: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

450 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

pelo fato de defender a visão de que a instituição é autônoma e, portanto, caminha por escolhas próprias. Com isso, as instituições tenderiam a ser mais lentas em acompanhar as mudanças sociais necessárias, aclamadas pela sociedade.

7.2 Rumos da Ciência Política para o Serviço Social

Andrada (1998, p. 25) nos ensina que

[...] a Ciência Política alcançou uma considerável presença nos EUA, e, após a segunda guerra, a influência norte-americana e a importância operacional dessa disciplina fez com que o seu estudo se expandisse pelas principias nações do mundo.Em 1952, por iniciativa da UNESCO, houve um seminário de estudos das Ciências Sociais, e nele se destacou a Ciência Política, que se transformou num dos setores de maior projeção do encontro ocorrido em Paris, promovido pela Associação Internacional de Ciência Política.

Cada vez mais, a Ciência Política se torna imprescindível para a compre-ensão dos fenômenos em torno do poder. O atual cenário mundial e as novas formas de relações de poder entre as nações, sob a hegemonia política e econômica dos EUA, em que pesem os avanços científicos e tecnológicos, têm provocado sérios problemas econômicos, sociais, culturais para todos os países do planeta, inclusive internamente para a sociedade norte-americana. Os cien-tistas sociais e políticos vêm se dedicando a interpretar esse novo cenário.

O Assistente Social tem, na Ciência Política, uma importante ferramenta analítica que pode contribuir significativamente para a eficácia de seu trabalho. Essa percepção dos caminhos de análise permite ao Assistente Social enxergar mais longe e com sobriedade os meandros da ação social.

Também, a Ciência Política poderá conferir ao Assistente Social uma noção do referencial de sociedade em que está inserido, por meio da análise das rela-ções de poder que aí se estabelecem. Isso abre a perspectiva de optar pela ação adequada à situação que está enfrentando e permite uma inserção qualificada no debate sobre os rumos da sociedade.

Em suma, a Ciência Política contemporânea no Brasil ainda é uma jovem área que dá seus primeiros passos. Sua consolidação, no início do século XXI, ainda é prematura e ocorrerá ao longo do século. Porém, o Assistente Social pode e deve procurar, em seus teóricos, conhecimentos para a ação social.

Estudamos que a Ciência Política vem sofrendo transformações nas últimas décadas, motivadas pelo próprio movimento da sociedade brasileira, que, trans-formando-se, constrói sua própria historicidade. Entre esses movimentos, está a redescoberta do conceito de política e das funções que a Ciência Política

deveria ter junto à sociedade. Vimos que a Ciência Política, no Brasil, tem um advento bastante recente e que sua vinculação ocorreu em, praticamente, duas áreas: Direito e Sociologia. Vimos a corrente conhecida como neo-instituciona-lismo, orientada para a interpretação dos fenômenos empíricos, em direção à idéia de que as instituições representam uma força autônoma e decisória dentro da política, e que seu peso pode ser sentido tanto sobre a ação quanto sobre os resultados da vida política e social. Por fim, vimos que o Assistente Social tem na Ciência Política uma importante ferramenta analítica que pode contribuir signifi-cativamente para a eficácia de seu trabalho. Essa percepção dos caminhos de análise permite ao Assistente Social enxergar mais longe e com sobriedade os meandros da ação social.

1. Leia as assertivas a seguir.

I. As transformações ocorridas nas últimas décadas na Ciência Política são motivadas pelo movimento dos partidos políticos organizados que tentam fortalecer seu poder e sua rede de relações.

II. A Ciência Política, como grande área do conhecimento, foi se estruturando a partir de dois grandes eixos do saber: o Direito e a Sociologia.

III. A defesa dos neo-institucionalistas está no argumento de que as institui-ções moldam a ação humana.

IV. No neo-institucionalismo, a categoria principal é a da continuidade e explicação de sua existência, estando a mudança das instituições em um plano menos pesquisado.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e III, apenas

c) II, III e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

2. Leia o trecho a seguir.

No neo-institucionalismo, o olhar volta-se muito mais para a continuidade e a explicação de sua existência do que para a mudança das instituições. Isso se dá pelo fato de defender a visão de que a instituição é autônoma e, portanto, caminha por escolhas próprias. Com isso, as instituições tenderiam a ser mais lentas em acompanhar as mudanças sociais necessárias e acla-madas pela sociedade.

Page 79: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 451

deveria ter junto à sociedade. Vimos que a Ciência Política, no Brasil, tem um advento bastante recente e que sua vinculação ocorreu em, praticamente, duas áreas: Direito e Sociologia. Vimos a corrente conhecida como neo-instituciona-lismo, orientada para a interpretação dos fenômenos empíricos, em direção à idéia de que as instituições representam uma força autônoma e decisória dentro da política, e que seu peso pode ser sentido tanto sobre a ação quanto sobre os resultados da vida política e social. Por fim, vimos que o Assistente Social tem na Ciência Política uma importante ferramenta analítica que pode contribuir signifi-cativamente para a eficácia de seu trabalho. Essa percepção dos caminhos de análise permite ao Assistente Social enxergar mais longe e com sobriedade os meandros da ação social.

1. Leia as assertivas a seguir.

I. As transformações ocorridas nas últimas décadas na Ciência Política são motivadas pelo movimento dos partidos políticos organizados que tentam fortalecer seu poder e sua rede de relações.

II. A Ciência Política, como grande área do conhecimento, foi se estruturando a partir de dois grandes eixos do saber: o Direito e a Sociologia.

III. A defesa dos neo-institucionalistas está no argumento de que as institui-ções moldam a ação humana.

IV. No neo-institucionalismo, a categoria principal é a da continuidade e explicação de sua existência, estando a mudança das instituições em um plano menos pesquisado.

Assinale a opção que retrata as assertivas corretas.

a) II e III, apenas

b) I, II e III, apenas

c) II, III e IV, apenas

d) Todas as assertivas são verdadeiras

2. Leia o trecho a seguir.

No neo-institucionalismo, o olhar volta-se muito mais para a continuidade e a explicação de sua existência do que para a mudança das instituições. Isso se dá pelo fato de defender a visão de que a instituição é autônoma e, portanto, caminha por escolhas próprias. Com isso, as instituições tenderiam a ser mais lentas em acompanhar as mudanças sociais necessárias e acla-madas pela sociedade.

Page 80: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

452 1º PerÍoDo • serviço social • unitins

Com base no texto, podemos afirmar corretamente sobre o neo-instituciona-lismo que:

a) configura-se em uma teoria que tenta resgatar apenas a função das insti-tuições e da área da Ciência Política;

b) por defender a autonomia das instituições, o neo-institucionalismo justi-fica a existência dos trâmites próprios que cada instituição dará na reso-lução de seus problemas;

c) é uma teoria que se preocupa com a mudança social, sendo assim necessária para o trabalho do Assistente Social;

d) o neo-instituiconalismo prega que as mudanças sociais devem ser paula-tinas e lentas para que possam trazer melhores resultados.

3. Com base na leitura da aula, faça um esquema onde você aponte as princi-pais idéias desenvolvidas pela corrente neo-institucional.

4. Compare o pensamento da corrente neo-institucional com a forma de pensar da corrente comportamentalista e marxista nos seguintes quesitos:

CORRENTEESTRUTURA DO

ESTADOCONSOLIDAÇÃO DA

AÇÃO POLÍTICACONTROLE

SOCIALComportamentalistaMarxistaNeo-institucionalista

Na atividade um, a opção correta é a alternativa (c), pois as assertivas II, III e IV, de forma acertada, apontam para os elementos observados na aula. A alternativa (a) está errada, pois, de forma incompleta, apresenta somente duas das três asser-tivas corretas. A alternativa (b) está incorreta, pois inclui a assertiva I, que, de forma reducionista, aponta para as transformações na área da Ciência Política como fruto apenas da ação dos partidos, e não de toda a sociedade. A alternativa (d) está errada, pois inclui como correta a assertiva I, já comentada anteriormente.

Na atividade dois, a opção correta é a letra (b), pois, por defender a auto-nomia das instituições, o neo-institucionalismo justifica a existência dos trâmites próprios que cada instituição dará na resolução de seus problemas. A alternativa (a) está errada, pois a teoria neo-institucionalista não é reducionista em sua visão. A alternativa (c) está errada, pois afirma que o neo-institucionalismo se preocupa com a mudança social. Sua preocupação é com as instituições, sua existência e consolidação. A alternativa (d), assim como a anterior, não volta seu olhar para a mudança, mas para a existência e manutenção das instituições.

Na atividade três, você deverá recorrer à produção de um esquema para mostrar as principais idéias da corrente neo-institucional. Lembre-se de que, para elaborar um esquema, você precisa definir as idéias principais e secundá-rias, escolher uma palavra ou frase curta que transmita cada uma das idéias e apontar uma forma gráfica que contenha as palavras-chave e mostre as relações entre elas.

Na atividade quatro, você deverá comparar o pensamento da corrente neo-institucional ao do comportamentalismo e do marxismo. Atente para os itens solicitados: estrutura do Estado, como cada corrente pensa o Estado e suas rela-ções; consolidação da ação política, como são desenvolvidos os mecanismos de representação e decisão; controle social, isto é, qual a proposta para a manu-tenção do modelo proposto de sociedade.

ANDRADA, Bonifácio de. Estudo da Ciência Política: definição, divisão, método. São Paulo, 1998.

BALL, Terence. Aonde vai a teoria política? Revista Sociologia e Política, Curitiba, n. 23, p. 9-22, nov. 2004.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. São Paulo: Malheiros, 2004.

Page 81: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

unitins • serviço social • 1º PerÍoDo 453

Na atividade três, você deverá recorrer à produção de um esquema para mostrar as principais idéias da corrente neo-institucional. Lembre-se de que, para elaborar um esquema, você precisa definir as idéias principais e secundá-rias, escolher uma palavra ou frase curta que transmita cada uma das idéias e apontar uma forma gráfica que contenha as palavras-chave e mostre as relações entre elas.

Na atividade quatro, você deverá comparar o pensamento da corrente neo-institucional ao do comportamentalismo e do marxismo. Atente para os itens solicitados: estrutura do Estado, como cada corrente pensa o Estado e suas rela-ções; consolidação da ação política, como são desenvolvidos os mecanismos de representação e decisão; controle social, isto é, qual a proposta para a manu-tenção do modelo proposto de sociedade.

ANDRADA, Bonifácio de. Estudo da Ciência Política: definição, divisão, método. São Paulo, 1998.

BALL, Terence. Aonde vai a teoria política? Revista Sociologia e Política, Curitiba, n. 23, p. 9-22, nov. 2004.

BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. São Paulo: Malheiros, 2004.

Anotações

Page 82: Apresentação - UNITINS

aula 7 • ciência PolÍtica

454 1º PerÍoDo • serviço social • unitins