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Artigo científico
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APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CONDENSAÇÃO
Um projeto teórico-prático
Fabio Pinto de Arruda1
RESUMO
Este artigo apresenta as etapas de um projeto desenvolvido durante um estudo de caso no
decorrer da disciplina de projetos de um curso técnico, ministrado na escola SENAI “Oscar
Rodrigues Alves”, instituição pioneira na área de refrigeração e climatização. Devido as
constantes observações em campo do desperdício da água gerada pelo processo de
condensação - vapor de água contida no ar - no evaporador dos sistemas de climatização,
surge a ideia de implantar um projeto para aproveitá-la em condição de reuso em áreas que
não demandam água potável como, por exemplo, descarga de sanitários, limpeza de pátios,
entre outras aplicações que visam minimizar os efeitos da degradação ambiental. Para
realização desse estudo, tornam-se necessários os referenciais teóricos da termodinâmica com
os conceitos psicrométricos recomendados pela ASHRAE, bem como, a coleta de dados nas
instalações de duas empresas localizadas na cidade de São Paulo. Os valores foram coletados
no ano de 2010, por meio de instrumentos específicos de medição utilizados na instalação de
dois sistemas de baixa e média capacidade. A análise e os cálculos técnicos realizados
evidenciou que existe uma desprezível diferença entre os valores obtidos na prática devido as
imensuráveis variáveis existentes. No entanto, mesmo em meio ao embate teórico-prático
perpetuado pela história, comprova-se a imensa importância da dialética entre a teoria e a
prática nos bastidores da resolução de um projeto. Além disso, colocar em confronto
conceitos e ações psicomotoras significa tentar entender como essas duas distantes ideologias
se complementam.
Palavras-chave: Aproveitamento de água. Projeto. Condensação. Teoria. Prática.
1 Fabio Pinto de Arruda é Mestrando em Educação pela Universidade Federal de São Paulo, pós-graduado em
gerenciamento de projetos e professor do curso técnico da escola SENAI “Oscar Rodrigues Alves”, na área de
projetos de climatização e refrigeração, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de projetos reais na educação profissional, juntamente com a
mediação do docente, tem despertado nos envolvidos o interesse pela pesquisa em busca de
uma explicação teórica, no sentido da construção do conhecimento, da resolução, da
comprovação e aplicação, principalmente, quando surgem situações inesperadas durante a
constatação de um problema. Nesse contexto, a demanda de inúmeros questionamentos
provenientes do campo prático, fortalecem o desenvolvimento humano e a relação professor-
aluno, pois “[...] há uma compreensão de que o processo de apropriação dos conhecimentos
científicos deva estar cada vez mais próximo e vinculado à experiência”. (MOURA, 2010, p.
76)
Desse modo, o estudo de caso apresentado a seguir demonstra exatamente a dialética
existente entre uma ação prática realizada pelo sujeito, definido por Arruda (2014) como um
movimento prático-teórico2 ou uma atividade que parte do pensamento teórico, assim
denominado movimento teórico-prático3, pois na resolução de um problema esses
movimentos se dialogam.
Além das questões relacionadas ao ensino-aprendizagem, tornou-se indispensável na
atualidade a necessidade das empresas investirem numa gestão ambiental eficaz, devido à
adoção de medidas que visam à diminuição dos impactos causados ao meio ambiente em
decorrência do processo produtivo. As condições climáticas do planeta e a falta de água
colocam na agenda das prioridades, projetos que venham colaborar com a diminuição desses
impactos ambientais e priorizar a conscientização dos sujeitos a favor de uma cultura voltada
a própria subsistência.
A água é um elemento essencial para a vida no planeta, importante fonte de
sobrevivência e matéria indispensável para muitos setores como o da indústria alimentícia.
Esse bem precioso vem, cada vez mais, sendo estudado nas últimas décadas e o uso racional
desse recurso natural, bem como, o combate ao desperdício deve ser prioridade para qualquer
projeto que envolva sua utilização. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) alguns
estudos internacionais estimam que até 2025 um terço da população mundial experimentará
efeitos extremos de escassez de água. Com a preocupação e agravamento da falta de água, as
pessoas devem assumir uma nova forma de pensar e agir, mudando seus hábitos e
desenvolvendo formas de economizar. Considerando a disponibilidade hídrica e as condições
de infraestrutura dos sistemas de produção e distribuição, os dados revelam que em 2015,
55% dos municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento de água, entre eles
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grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o
Distrito Federal. O percentual representa 71% da população urbana do país, 125 milhões de
pessoas, já considerado o aumento demográfico. Abaixo temos um quadro disponível no site
ANA, cujo cenário é extremamente preocupante, haja vista que a oferta e demanda existente
não é suficiente para o abastecimento, e requer investimentos dos governos e conscientização
de toda população para minimizar o problema.
Figura 01– Avaliação da Oferta/Demanda em São Paulo/SP
2 A IDEIA DO PROJETO
Durante certo tempo, principalmente, nas frequentes visitas realizadas em diversos
clientes, notamos que a água gerada pelo equipamento de refrigeração, através do processo de
condensação - vapor de água contida no ar - no evaporador, encontrava-se ali desperdiçada,
como mostra a figura abaixo:
4
Figura 02 – Água desperdiçada gerada na troca de calor do equipamento de climatização
Nesse sentido, surge a ideia da realização de um projeto simples para aproveitamento
da água de condensação e vislumbra-se a oportunidade de aplicarmos os conhecimentos das
ciências matemáticas e físicas a fim de determinarmos um método capaz de quantificar o
volume de água obtida daquele processo conforme o tipo e capacidade do equipamento.
Para contribuir e minimizar os problemas descritos anteriormente, resolvemos
realizar um projeto que armazene água, propondo soluções simples de execução, com
estimativas de captação e que seja facilmente adaptado às instalações das empresas e
escritórios.
3 OBJETIVOS
O estudo consiste em determinar a quantidade de água de condensação - vapor de
água contida no ar - gerada no evaporador durante o processo de transferência de calor dos
sistemas de climatização. Nesse sentido, realizaremos medições em campo, bem como,
cálculos técnicos para determinar a quantidade de água que poderá ser reaproveitada de
acordo com a capacidade térmica e tempo de funcionamento do sistema. Pretende-se,
também, desenvolver nas empresas um estudo de caso para o novo conceito de
aproveitamento da água e, consequentemente, diminuir os gastos com o consumo de água
potável. A implantação do sistema abrange:
Comprovação teórica e prática;
Economia no consumo de água;
Preservação do meio ambiente;
Simples adaptação de sistemas existentes;
Aprimoramento das ferramentas da política ambiental da empresa.
5
No contexto da grande preocupação mundial com o racionamento de água, esta ideia
visa o desenvolvimento de uma solução simples, de baixo custo e que pode ser implantada
facilmente nas instalações de climatização. Acreditamos que esse estudo de caso represente
um desenvolvimento humano durante a dialética da teoria e prática, possibilite a solução para
os problemas descritos pelo cliente e a redução significativa na utilização dos recursos
naturais com ênfase à relação custo-benefício.
4 O EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO
Nosso objeto de estudo tem como elemento principal o equipamento de
refrigeração que, acoplado aos outros componentes, complementa um sistema de
climatização, proporcionando aos usuários de um ambiente a sensação agradável definida
como conforto térmico. Através dos conhecimentos provenientes da termodinâmica, que
segundo SENAI (1997, p. 51) “[...] é a ciência que estuda as relações entre o calor e trabalho
mecânico”, iniciaremos nosso estudo compreendendo como um equipamento de refrigeração
produz o frio.
Para entendermos melhor o ciclo frigorífico da máquina térmica4 iremos conhecer os
principais componentes básicos de um refrigerador conforme figura abaixo:
Figura 03 – Ciclo frigorífico básico
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O ciclo frigorífico básico é composto por um compressor – realizador do trabalho
mecânico – que aspira o fluido refrigerante (na forma de vapor) do evaporador, comprime
dentro de seu sistema e desloca-o para o condensador – dissipador de calor do ambiente
externo em alta pressão – até tornar-se líquido no movimento para a entrada do dispositivo de
expansão – cuja função é baixar a pressão e temperatura – e, posteriormente, iniciar a entrada
do líquido-vapor no evaporador - absorve calor do ambiente interno local em baixa pressão
– que transforma a quantidade de líquido em vapor reiniciando o ciclo no compressor.
É no evaporador que se inicia nossa ideia, onde o ar utilizado no sistema de
climatização de um determinado local será resfriado e, durante esse processo de resfriamento,
ocorrerá a geração de água através da condensação do vapor de água que esta contido nesse
ar.
A condensação ocorre no processo de mudança de fase, ou seja, do vapor da água,
contida no ar, para líquido, isto é, seriam aquelas gotículas que surgem na superfície externa
de uma garrafa quando a retiramos do refrigerador, pois o vapor de água contido no ar, em
contato com uma superfície com baixa temperatura, menor que seu ponto de orvalho5, se
condensa, transformando-se em liquido. Nas condições ideais de funcionamento de um
sistema de refrigeração esse processo ocorre nos tubos do evaporador, motivo pelo qual este
trecho de tubulação encontra-se em baixa temperatura, o que propicia o desencadeamento
desse fenômeno.
5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Ao considerar os referenciais teóricos e as evidências práticas anteriormente
explicitadas, inicia-se um processo de planejamento das etapas de execução do projeto.
Pretendemos desenvolver a ideia e, para isso, é necessário atribuirmos os seguintes passos
para coleta de dados:
Diagnosticar a situação problema;
Realizar medições em campo com instrumentos;
Calcular a quantidade de água armazenada;
Identificar os principais fatores que corroboram para os resultados;
Implantar o sistema através de teste piloto;
7
Validar o projeto com o parecer de especialistas.
A implantação não abrange valores significativos em relação aos custos de projetos,
motivo pelo qual trata-se do desenvolvimento da disciplina de projetos inserida no Curso
Técnico em Climatização e Refrigeração com recursos e investimentos promovidos pela
instituição SENAI “Oscar Rodrigues Alves”. Cabe ao cliente investir no material aplicado e
na mão de obra necessária para instalação do sistema.
Existem diversas maneiras de realizar uma seleção de um equipamento, sendo
utilizado, nesse estudo, a escolha pela capacidade em Toneladas de Refrigeração (TR),
definida por Gerner (2004, p. 2) como “[...] ao calor necessário para que uma tonelada (no
sistema britânico) de gelo, que esteja a temperatura de 0 °C, seja derretido e transformado
totalmente em água a 0 °C, em um período de 24h”. O projeto consiste em atender
instalações residenciais (baixa capacidade) e comerciais (média capacidade). Os envolvidos
na pesquisa são: os professores do curso técnico Fábio Pinto de Arruda e Valter Rubens
Gerner, o aluno Rodrigo Batista Ferreira e todos os clientes que cederam o espaço para
realização do experimento.
Primeiramente, foram realizadas visitas nas empresas que possuem sistemas de
climatização e as devidas medições em campo, porém, por questões sigilosas não podemos
divulgar o nome institucional das empresas participantes da pesquisa. Em decorrência de tal
situação chamaremos as empresas de X e Y. Para que possamos estimar a quantidade de água
que cada sistema irá fornecer para armazenagem, levamos em consideração os seguintes
fatores:
Levantamento de dados em campo;
Cálculos Técnicos;
Medições periódicas para comprovação.
5.1 Levantamento de dados em campo
Realizamos a primeira visita técnica na empresa X, que possui uma sala de processo
e instalação de um aparelho do tipo Split com capacidade de 5TR conforme foto abaixo:
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Figura 04 – Aparelho Split 5TR
Dados obtidos nas medições – Empresa X
Equipamento: Split System
Fabricante: York Modelo: 60000 BTU/h
Vazão de ar: 3000 m3/h = 0,92 kg/s
Temperatura de Entrada: 24°C
Temperatura de Saída: 12°C
Difusão ∆t em torno de 12°C
Posteriormente, realizamos a visita técnica na empresa Y, onde encontramos um
sistema de climatização com sala de máquinas independente, dotada de um equipamento tipo
Self-Contained com capacidade de 30TR conforme fotografia abaixo:
Figura 05 – Aparelho Self de 30TR (água desperdiçada)
Dados obtidos nas medições – Empresa Y
Equipamento: Self-Contained
Fabricante: Carrier Modelo: Diamond – SAVE 30
Vazão de ar: 24000 m3/h = 7,4 kg/s
Temperatura de Saída Temperatura de Entrada
Temperatura de Entrada: 21,3 °C
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Temperatura de Saída: 13,7 °C
Difusão ∆t em torno de 7,6 °C
5.2 Cálculos Técnicos
Para estimar a quantidade de água que poderá ser armazenada, utilizaremos a carta
psicrométrica e os valores coletados nas visitas. Na carta psicrométrica são plotados as
temperaturas de bulbo seco (TBS) e bulbo úmido (TBU) do ar, antes e depois de passar pelo
evaporador, através dos valores reais encontrados na empresa Y. Com estes valores, na carta
psicrométrica, são traçadas linhas para encontrarmos outros valores psicrométricos
indispensáveis para execução do cálculo total de água condensada no evaporador. Para o
estudo, estamos considerando a carta psicrométrica da ASHRAE para 750 metros acima do
nível do mar.
Figura 06 – Carta psicrométrica
5.3 Cálculo da água condensada
Para calcularmos o volume da água condensada no evaporador, utilizamos a equação
conforme recomenda o Handbook - Fundamental da ASHRAE (2013):
H20 condensada = Mar x (ωentrada – ωsaída) Kg/Kg
Onde:
H20 = Água condensada (kg/s)
Mar = Vazão em massa de ar (kg/s)
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ωabsoluta (entrada e saída) – Umidade Absoluta (kg/kg)
Cálculo para a capacidade de 30TR - Empresa Y
H20 condensada = 7,4 kg/s x (0,011 - 0,0098) kg/kg
H20 condensada = 0,009 kg/s
Sendo: 1 L de água igual a 1 kg de água e 1h igual a 3600s, temos:
H20 condensada = 0,009 kg/s = 32,4 L/h
Considerando o tempo de funcionamento de 8h/dia temos:
8h/dia x 32,4 L/h = 259,2 L/dia
Considerando 20 dias funcionando no mês temos:
20 dias/mês x 259,2 L/dia = 5.184 L/mês = 5,184 m3/mês
O sistema de climatização com 30TR renderá ao cliente aproximadamente 5184L
por mês de água para reuso.
Cálculo para capacidade de 5TR - Empresa X
H20 condensada = 0,92 kg/s x (0,011 - 0,0098) kg/kg
H20 condensada = 0,0011 kg/s
H20 condensada = 3,97 L/h
Considerando o tempo de funcionamento de 8h/dia temos:
8h/dia x 3,97 L/h = 31,8 L/dia
Considerando 20 dias funcionando no mês temos:
20 dias/mês x 31,8 L/dia = 636 L/mês = 0,636 m3/mês
O sistema de climatização com 5TR recolherá ao cliente aproximadamente 636 L
por mês de água para reuso.
5.4 Experimento
Ao realizarmos a experiência real, utilizamos apenas uma pesquisa de campo
realizada na empresa Y. A ideia é confrontar, posteriormente, os valores obtidos no local com
os valores calculados. Para a realização do experimento, foi necessário a montagem de uma
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caixa para armazenamento de água interligada através de tubulações ao evaporador. Abaixo,
segue a fotografia da caixa utilizada para que a água proveniente da condensação do
evaporador seja armazenada, sendo o volume de água armazenado, em litros, medido no
intervalo de uma hora, totalizando um período de oito horas.
Figura 07 – Água armazenada do evaporador de 30TR
Os materiais utilizados para execução da instalação foram: Tubo de ¾ de PVC,
cotovelos, flanges, tes, cola para tubo de PVC, caixa de água de acordo com a armazenagem,
válvula, bomba elétrica, mangueira de silicone ½ polegada de diâmetro, parafusos e buchas.
Durante o experimento em campo na coleta de dados nas instalações da empresa Y,
foi realizado o monitoramento da quantidade de água armazenada durante uma semana de
funcionamento do sistema de climatização conforme evidenciado na tabela abaixo:
Data da Imersão 03/05/2010 04/05/2010 05/05/2010 06/05/2010 07/05/2010
Hora Litro (L) Litro (L) Litro (L) Litro (L) Litro (L) Litro (L)
Teórico Real Real Real Real Real
8:00 0 0 0 0 0 0
9:00 32,4 37,5 28,1 29,2 25,4 27,0
10:00 32,4 35,3 28,7 31,4 24,8 26,5
11:00 32,4 32,5 30,9 32,5 27,0 27,0
12:00 32,4 29,2 31,4 34,2 26,5 28,1
13:00 0 0 0 0 0 0
14:00 32,4 26,5 33,6 35,3 27,6 28,7
15:00 32,4 22,6 34,2 31,4 24,3 26,5
16:00 32,4 25,4 32,5 30,9 23,2 25,9
17:00 32,4 24,8 32,0 29,8 23,2 25,9 Média
horaria 32,4 29,2 31,4 31,8 25,2 26,9
Figura 08 – Comparativo teórico-prático de coleta de dados em Litros por hora (L/h)
12
Após o encerramento das medições, percebemos que os valores quantitativos de água
condensada obtidos podem variar de acordo com uma série de fatores externos e internos
como a constante mudança da umidade do ar devido as condições climáticas variáveis durante
o dia e que não são semelhantes às fixadas para o cálculo, além de considerar as imensuráveis
variáveis em relação às propriedades mecânicas do equipamento, a falta de manutenção
preventiva, entre outras condições que legitimam a diferença encontrada dos valores teóricos
e os coletados em campo. Então, podemos concluir que não existe uma condição específica
quando relacionados os valores de capacidade em TR versus água condensada em litros. O
fator regulador estará sempre atrelado as variáveis dos pontos físicos do ar e as condições de
maior retirada do calor latente concomitante com a condensação de água através do
evaporador. O cálculo teórico serve como um parâmetro importante para estimarmos a
quantidade de água que o cliente pode armazenar e reaproveitar onde achar necessário mas, de
qualquer forma, os resultados obtidos teoricamente são muito próximos dos valores do
experimento feito em campo.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Comparativo teórico-prático
Foram realizados cálculos técnicos considerando a equação que estipula o valor para
água de condensação estimada levando em consideração o equipamento da empresa Y de 30
TR, cujo resultado culminou no valor de 32,4 L/h (litros por hora) de água captada durante o
funcionamento do equipamento por um dia num período de 8 horas. Ao realizarmos as
medições em campo, obtivemos um valor médio de captação de 28,9 L/h de água.
A diferença entre o valor teórico e prático, em percentual, é de aproximadamente
10,8 %. A justificativa dessa diferença encontra-se nas variáveis físicas naturais, mecânicas e
termodinâmicas que estão direta e indiretamente atreladas na composição da quantidade de
água captada. Vale ressaltar que a coleta ocorreu no mês de maio e que em períodos mais
secos (baixa umidade do ar) do ano, essa quantidade de água captada tende a diminuir.
6.2 Economia
Para exemplificarmos a economia financeira quanto a redução do consumo de água
potável, utilizaremos, novamente, o caso da empresa Y, considerando a estimativa produtiva
13
teórica de 5184 litros no mês, projeta-se uma redução aproximada de 5m3 de água potável por
mês. Comparando-se o consumo de água potável do cliente no mês (26m3), temos uma
economia de aproximadamente 39% de água potável, conforme demonstrado na tabela
abaixo. Se considerarmos a diferença de 10,8% obtida com os experimentos práticos,
teríamos aproximadamente 4624 litros captados no mês, o que ainda seria de grande valia
para cliente.
Figura 09 – Consumo de água atual versus previsto (fonte Sabesp)
Foram realizados dois projetos pilotos, sendo o primeiro para um sistema com
capacidade de 5TR e o segundo para capacidade de 30TR. É um projeto simples, porém, esta
economia trará para empresa os seguintes benefícios quanto à utilização da água de reuso:
Economia financeira;
Lavagem da casa de máquinas, pátios, banheiros, etc.;
Utilização nas descargas dos vasos sanitários;
Diminuição dos impactos ao Meio Ambiente.
14
7 CONCLUSÃO
A atividade de ensino realizada de uma maneira orientada, motiva o aluno a buscar
sentido para as aplicações teóricas e práticas. O trabalho pode ser entendido como um meio
para alcançar o desenvolvimento da consciência do sujeito e mediar a construção de
ferramentas capazes de preservar sua própria subsistência, sendo assim, “[...] o objetivo da
atividade do estudante durante o processo de aprendizagem é a própria aprendizagem de
elementos da cultura humana”. (MORETTI, 2007, p. 40)
O reuso de água é um assunto que não pode deixar de fazer parte do escopo de
qualquer projeto da atualidade. O discurso deve dar lugar à ação rápida, priorizando a
contenção de uso do principal recurso natural e essencial para a vida no planeta. Com a
intensa cobrança da sociedade em relação às ações voltadas ao Meio Ambiente, os
profissionais de campo devem ter consciência de que os projetos de instalação deverão seguir
uma política sustentável e se adequarem gradativamente as novas exigências que a própria
natureza o coloca. Contudo, a preservação da natureza depende indiretamente de um
profissional adepto ao fazer consciente6, provocando mudanças significativas na cultura com
os estímulos dos avanços tecnológicos. Acreditamos que por meio de pequenos e simples
projetos, podemos retirar lições importantes para formar a base de uma sociedade mais
humana e disposta a modificar esse cenário.
15
UTILIZACIÓN DE AGUA DE CONDENSACIÓN
Un proyecto teórico-práctico
Fabio Pinto de Arruda1
RESUMEN
Este artículo presenta los pasos de un proyecto desarrollado por un caso de estudio en el curso
de proyectos de un curso técnico, enseñado en la escuela SENAI “Oscar Rodrigues Alves”,
pionera en la institución en el campo de la refrigeración y aire acondicionado. Debido a las
constantes observaciones en el campo de las aguas residuales generadas por el proceso de
condensación de vapor de agua contenido en el evaporador de aire de climatización, la idea de
implementar el proyecto para aprovecharla en condición de reutilización en áreas que no
requieren agua potable, por ejemplo, la descarga de sanitarios, limpieza de patios, entre otras
aplicaciones que buscan minimizar los efectos de la degradación ambiental. Para realizar este
estudio, se convierten en necesarios para las referencias teóricas de la termodinámica con los
conceptos de psicrométricos recomendados por la ASHRAE, además, recopilación de datos
sobre los locales de dos empresas ubicadas en la ciudad de São Paulo. Los valores fueron
recogidos en el año 2010, a través de instrumentos específicos de medición utilizados en la
instalación de dos sistemas de baja y mediana capacidad. El análisis y cálculos técnicos
realizados demostraron que existe una diferencia insignificante entre los valores obtenidos en
la práctica debido a las variables existentes inconmensurables. Sin embargo, aun en medio del
choque teórico-práctico perpetuado a través de la historia, demuestra la enorme importancia
de la dialéctica entre la teoría y la práctica detrás de las escenas de la resolución de un
proyecto. Además, ponen en conceptos psicomotores y confrontación acciones significa
tratando de entender cómo estas dos ideologías distantes complementan mutuamente.
Palabras clave: Aprovechamiento de agua. Proyecto. Condensación. Teoria. Práctica.
NOTAS EXPLICATIVAS
2 Segundo Arruda (2014) “quando a busca pelo conhecimento parte de uma observação ou situação prática”.
3 Segundo Arruda (2014) “quando as contribuições teóricas geram ações práticas”.
4 Considerando o ciclo de Carnot - Nicolas Léonard Sadi Carnot (1796-1832), engenheiro francês que apresentou
os fundamentos da segunda lei da termodinâmica - em sentido anti-horário que ilustra o funcionamento de uma
máquina de refrigeração em seu máximo rendimento.
5Ponto de Orvalho - PO, ou temperatura de Ponto de Orvalho (TPO), é a temperatura para que o vapor de água
contida no ar comesse a se condensar.
6 Segundo Arruda (2014, p. 06) “[...] quando o homem transforma e realiza mudanças com a finalidade de
satisfazer suas vontades individuais ou coletivas através de conhecimentos previamente adquiridos, ou ainda, à
apropriação desses estimulados pela prática”.
16
REFERÊNCIAS
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oferta/demanda. Disponível em:< http://atlas.ana.gov.br/Atlas/forms/analise/Geral.aspx?est=
6> Acesso em: 06 dez. 2014.
ARRUDA, Fabio Pinto de. Atividade de ensino por projetos: uma prática do fazer
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ASHRAE HANBOOK. Fundamentals. Atlanta: Ashrae, 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e
documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de
Janeiro, 2003.
____________. NBR 6023: informação e documentação: referências e elaboração. Rio de
Janeiro, 2002.
____________. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos -
Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.
GERNER, Valter Rubens. Carga térmica: condicionamento de ar. São Paulo, 2004, 110 p.
_____________________. Psicrometria básica. São Paulo, 2012, 71 p.
MORETTI, Vanessa Dias. Professores de matemática em atividade de ensino: uma
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Ensino de Ciências em Matemática. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São
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MOURA, Manoel Oriosvaldo de, et al. Atividade orientadora de ensino: unidade entre
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_____________. Produção do frio: noções de termodinâmica. 2. ed., São Paulo, 1997, 96 p.