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O secretário de Culturade Araçatuba, Hélio Consola-ro, acredita que apesar daspreocupações constantes, oprocesso de preservação dopatrimônio físico histórico ecultural de Araçatuba tem si-do satisfatório.
De acordo com ele, coma comemoração do centená-rio, a consciência de preserva-ção melhorou significativa-mente.
BRAVATAS"Aqui estabeleceu-se um
grupo xiita que defende a me-mória com bravatas e classifi-
ca todo o restante a cidadecomo depredadora do patri-mônio histórico. Precisamosdesarmar os espíritos e con-versar mais. A verdade nãomora num lado só", comen-ta, sem identificar, no entan-to, quem são os integrantesdo tal grupo xiita.
LEGISLAÇÃOSobre a necessidade de
uma nova lei de tombamen-to, Consolaro concorda comos conselheiros.
"Existe uma lei, mas elaestá superada, porque a legis-lação federal avançou bastan-te neste setor", afirma o se-cretário de Cultura, confir-mando que o novo texto dalegislação específica está emestudo pelo Executivo.
Disse que "em breve" otexto vai para Câmara Muni-cipal. "Esta nova lei será umótimo instrumento de preser-vação do patrimônio históri-co de Araçatuba."JO
Araçatuba
Jean Oliveira
Aiminência da finalizaçãodo processo de venda dasede social do Araçatuba
Clube, localizada na rua Duque deCaxias esquina com Afonso Pena,provocou reação de setores da so-ciedade preocupados com a preser-vação do patrimônio histórico ecultural da cidade. Acontece que oprédio, fundado em 1931, possuipainéis criados pelo artista plásticoFranco da Sermide na década de1970. Eles retratam detalhes da vi-da e da história de Araçatuba.
O Conselho Municipal de Po-líticas Culturais, em reunião reali-zada na última terça-feira, cobrouque a Prefeitura apresente um pla-no de preservação deste material.Por tombamento ou transferênciados painéis para outro lugar. Há re-ceio de que os novos investidores,que deverão investir cerca de R$4,5 milhões na compra do prédio,tenham o interesse de demolir oumodificar a atual construção.
O presidente do Conselho,Henry Mascarós, classifica a situa-ção dos painéis como perfeita. "Es-tá em um lugar coberto e o mate-rial, de cimento e ferro, é muitoresistente", avalia. No entanto,
em algumas partes, percebe-seque a tintura está desgastada e al-gumas partes, a estrutura está da-nificada, como um pássaro comuma das asas quebradas. Neles, épossível ver retratada a figura demulheres, atletas e pássaros, fazen-do alusão a momentos de espor-tes e cultura.
Desde sua fundação, em1908, Araçatuba já tombou qua-tro prédios. Os primeiros foramem 1992: a Casa de Cultura Pro-fessor Adelino Brandão (onde fun-ciona a Secretaria Municipal deCultura), o Museu Histórico e Pe-dagógico Marechal Cândido Ron-don e o Centro Cultural Ferroviá-rio. Cinco anos depois, tambémpor lei municipal, novo tomba-mento: a Capela Santo Onofre. To-das as edificações estão localiza-das no centro e são marcas daépoca em que os trilhos da estra-da de ferro foram sinônimos dedesenvolvimento.
DISPUTAO fato reacendeu uma pen-
denga entre o órgão fiscalizador eo Executivo por causa da necessi-dade de atualizar as leis de tomba-mento da cidade, criadas em1990. De acordo com o presidentedo conselho, Henry Mascarós, alei atual é antiquada e deficitária.
Para que a legislação possacontemplar casos como estes dospainéis da sede do Araçatuba Clu-be e outros de tombamentos de ca-sas particulares, o conselho apresen-tou a minuta de uma nova lei háseis meses. Ela deverá ser analisadapelo prefeito Cido Sério e colocadaem votação na Câmara Municipal.
"Todas as vezes que a gentepede esclarecimentos sobre este trâ-mite, recebemos resposta de queainda está em avaliação na Secreta-ria de Assuntos Jurídicos. Quere-
mos agilidade", afirmou Mascarós,que comentou ainda que recente-mente a Prefeitura prometeu ava-liar e enviar à Câmara o novo tex-to da lei até o final de março. "Esta-mos no aguardo", ressalva.
SECRETÁRIOO secretário de Cultura de
Araçatuba, Hélio Consolaro, dizque é legítima a preocupação do
conselho, mas que ele, pessoalmen-te, não vê nenhum indício de queos painéis estejam ameaçados."Apenas o clube está querendovender o prédio. Por enquanto, aobra é patrimônio do clube e porcausa dela o preço do imóvel temum valor agregado", comenta.
Sobre a ideia de tombar outransferir os painéis da sede doAraçatuba Clube, o secretário é ta-xativo sobre a necessidade de ava-liar melhor a situação. "Por en-quanto, só há especulações. O edi-fício está à venda há anos, agorasaiu no jornal (Folha da Região deterça-feira, 15 de maio, páginaB7). Apenas isso", comenta.
Para Consolaro, o fato de osdonos colocarem o prédio à vendanão quer dizer que ele será demoli-do e os painéis serão perdidos. "Ca-so o prédio seja vendido, antes dequalquer atitude que instaure umacontenda jurídica, devemos estabe-lecer uma situação de diálogo como futuro proprietário", defende.
Mascarós concorda que o tra-balho de preservação do patrimô-nio não deve provocar problemasfinanceiros para os proprietários einvestidores. "Temos que ter segu-rança jurídica e maneiras de com-pensá-los com isenções ou outrosmeios. A intenção é valorizar, nãoo contrário", afirma.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Luta pela
Consolaro: “ é precisodesarmar os espíritos”
Araçatuba
tombou quatro
prédios
desde a sua
fundação
Secretário
de Cultura
afirma que
lei está
superada
preservaçãoConselho Municipal de Cultura de Araçatuba cobra do poder público um plano pa-
ra conservação dos painéis de Franco da Sermide, na fachada do Araçatuba ClubeFotos: Valdivo Pereira/Folha da Região - 17/03/2011
ARTE Obra do artista plás-tico, em cimento e ferro, é dadécada de 1970 e retrata mo-mentos relacionados àcultura e ao esporte
C1 Araçatuba, domingo, 20 de março de 2011