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Arbitragem Comercial Princípios, Instituições e Procedimentos A prática no CAM-CCBC Maristela Basso Fabrício Bertini Pasquot Polido Organizadores

Arbitragem Comercial - Marcial Pons · A primeira delas consiste no fato de que este livro representa o resultado concreto de pesquisas e discussões levadas a efeito, durante um

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Arbitragem ComercialPrincípios, Instituições e Procedimentos

A prática no CAM-CCBC

Maristela BassoFabrício Bertini Pasquot Polido Organizadores

ISBN 978-85-66722-09-3

Ana Gerdau de Borja • Caroline Costa • Christiana Beyrodt CardosoClaudio Finkelstein • Cristiane Amaral de Oliveira Gertel

Cristina Saiz Jabardo • Daniela Monteiro Gabbay • Fabio Alonso Vieira Fabrício Bertini Pasquot Polido • Frederico Gustavo Straube

Giovana Valentiniano Benetti • Gustavo Santos Kulesza Júlio César Fernandes • Karin Hlavnicka Skitnevsky • Leandro Tripodi

Leonardo de Castro Coelho • Luíza Helena Cardoso Kömel Marcelo Junqueira Inglez de Souza • Marcelo Vieira Machado Rodante

Mariana Cattel Gomes Alves • Maristela Basso Nathalia Mazzonetto • Patrícia Shiguemi Kobayashi

Paulo Eduardo Campanella Eugênio • Rafael Villar Gagliardi Sílvia Bueno de Miranda • Sílvia Cristina Salatino

Thiago Alves Ferreira dos Santos • Thiago Rodovalho

Arbitragem comercial: princípios, instituições e procedimentos oferece ao leitor uma visão sistemática sobre os fundamentos da disciplina da arbi-tragem comercial interna e internacional, partindo da organização de capí-tulos que se constroem em torno de alguns dos principais temas da matéria: noções e per� s institucionais da arbitragem comercial e sua agenda global; questões relativas à elaboração das cláusulas arbitrais; as leis aplicáveis à arbitragem; funcionamento do procedimento arbitral; aspectos relativos à instalação do tribunal arbitral; poderes e deveres dos árbitros; condutas e procedimentos na arbitragem; a interação entre os tribunais arbitrais e os tribunais estatais e o papel dos juízes nesse contexto; a sentença arbitral e seus contornos. Nesse percurso, algo, ainda que modesto, sobre a vida da arbitragem poderá ser revelado em perspectiva dinâmica, passando pelos seus principais componentes, enriquecida pelas impressões, experiências e releituras no direito internacional e direito comparado. Da mesma forma, se considerada justamente a «instância contenciosa» do próprio Direito do Comércio Internacional, permanecerá a arbitragem como tarefa a realizar, conquistando novas gerações de advogados e pro� ssionais do Direito.

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Organizadores

Maristela Basso

FaBrício Bertini Pasquot Polido

Ana Gerdau de Borja • Caroline Costa • Christiana Beyrodt Cardoso •Claudio Finkelstein • Cristiane Amaral de Oliveira Gertel •

Cristina Saiz Jabardo • Daniela Monteiro Gabbay • Fabio Alonso Vieira • Fabrício Bertini Pasquot Polido • Frederico Gustavo Straube •

Giovana Valentiniano Benetti • Gustavo Santos Kulesza • Júlio César Fernandes • Karin Hlavnicka Skitnevsky • Leandro Tripodi •

Leonardo de Castro Coelho • Luíza Helena Cardoso Kömel • Marcelo Junqueira Inglez de Souza • Marcelo Vieira Machado Rodante •

Mariana Cattel Gomes Alves • Maristela Basso •Nathalia Mazzonetto • Patrícia Shiguemi Kobayashi •

Paulo Eduardo Campanella Eugênio • Rafael Villar Gagliardi • Sílvia Bueno de Miranda • Sílvia Cristina Salatino •

Thiago Alves Ferreira dos Santos • Thiago Rodovalho

ARBITRAGEM COMERCIAL:Princípios, Instituições e Procedimentos

A prática no CAM-CCBC

MADRI | BARCELONA | BUENOS AIRES | SãO PAULO

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Arbitragem comercial: princípios, instituições e procedimentos. A prática no CAM-CCBC

Organizadoresmaristela basso / Fabrício bertini Pasquot Polido

AutoresAna gerdau de borja / Caroline Costa / Christiana beyrodt Cardoso / Claudio Finkelstein / Cristiane Amaral de oliveira gertel / Cristina Saiz Jabardo / Daniela monteiro gabbay /Fabio Alonso Vieira / Fabrício bertini Pasquot Polido / Frederico gustavo Straube / giovana Valentiniano benetti / gustavo Santos Kulesza / Júlio César Fernandes / Karin Hlavnicka Skitnevsky / leandro tripodi / leonardo de Castro Coelho / luíza Helena Cardoso Kömel / marcelo Junqueira inglez de Souza / marcelo Vieira machado rodante / mariana Cattel gomes Alves / maristela basso / Nathalia mazzonetto / Patrícia Shiguemi Kobayashi / Paulo eduardo Campanella eugênio / rafael Villar gagliardi / Sílvia bueno de miranda / Sílvia Cristina Salatino / thiago Alves Ferreira dos Santos / thiago rodovalho

CapaNacho Pons

Preparação e Editoração eletrônica Ida Gouveia / Oficina das Letras®

© mArCiAl PoNS eDitorA Do brASil ltDA. Av. brigadeiro Faria lima, 1461, conj. 64/5, torre Sul CeP 01452-002 São Paulo-SP ( (11) 3192.3733 www.marcialpons.com.br e-mail: [email protected]

impresso no brasil [10-2013]

todos os direitos reservados. os autores desta publicação gozam de liberdade de expressão, cabendo-lhes a responsabilidade exclusiva pelas ideias emitidas em seus respectivos artigos.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo – lei 9.610/1998.

© maristela basso, Fabrício bertini Pasquot Polido (organização)

© CÂmArA De ComÉrCio brASil-CANADÁ rua do rocio, 220, conj. 122, 12.º andar CeP 04552-000 São Paulo-SP( (11) 3044.4249 www.ccbc.org.br e-mail: [email protected]

Arbitragem comercial : princípios, instituições e procedimentos ; a prática no CAm-CCbC / organizadores maristela basso, Fabrício bertini Pasquot Polido. – 1. ed. – São Paulo : marcial Pons; São Paulo : CAm-CCbC - Centro de Arbitragem e mediação/Câmara de Comércio brasil-Canadá, 2013.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Vários autores. BibliografiaiSbN 978-85-66722-09-3

1. Arbitragem (Direito) 2. Arbitragem (Direito internacional) 3. Arbitragem (Direito) - leis e legislação 4. Direito internacional i. basso, maristela. ii Polido, Fabrício bertini Pasquot.

13-11142 CDU-347.918:38(81)

Índices para catálogo sistemático: 1. brasil : Arbitragem comercial : Direito processual civil 347.918:38(81)

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Ao Professor Guido Fernando Silva SoareS, internacionalista e árbitro,

por seu entusiasmo e pelos esforços na construção das instituições da arbitragem no Brasil.

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PrefáCIo

recebi com muita satisfação a proposta dos organizadores da presente obra coletiva, Professores maristela basso e Fabrício bertini Pasquot Polido, para prefaciar este trabalho, que trata, como seu nome indica, dos princípios, instituições e procedimentos da arbitragem comercial, evidenciando a prática do CAm-CCbC na matéria.

A satisfação mencionada é motivada por várias razões, todas elas muito caras para mim.

A primeira delas consiste no fato de que este livro representa o resultado concreto de pesquisas e discussões levadas a efeito, durante um período signi-ficativo, pelos componentes do grupo Núcleo Guido Soares, a respeito de um campo – a Arbitragem – que se revela cada vez mais importante e promissor, aqui no brasil, ainda que tardiamente.

A arbitragem comercial, como se sabe, somente ganhou impulso após três eventos altamente significativos para seu desenvolvimento, quais sejam: a promulgação da lei de arbitragem em 1996, o reconhecimento de sua consti-tucionalidade em 2001 e a ratificação da Convenção de Nova Iorque em 2002.

esse esforço levado a efeito pelos integrantes do Núcleo guido Soares tem o condão de ligar o nome de um dos principais precursores do instituto da arbitragem no brasil, Prof. guido Soares, a uma nova e entusiasmada geração de advogados estudiosos desta matéria, muitos dos quais nem sequer tiveram oportunidade de conhecê-lo em vida.

Dentro desse mesmo enfoque, vale mencionar o fato de que guido foi um dos fundadores, bem como o terceiro presidente da Comissão de Arbitragem da Câmara de Comércio brasil-Canadá, fundada em 1979 e que deu origem ao CAm-CCbC de hoje.

Assim, materializa-se também uma ideia motriz que vem orientando a atuação desta entidade, desde quando assumi sua presidência em 2007, que é de fazer dela – ao promover constantemente a arbitragem e os demais métodos

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adequados de resolução de conflitos – uma ponte entre as várias gerações de arbitralistas.

Um outro marco ainda decorrente do lançamento deste trabalho consiste no fato de ele poder atestar o significativo grau de evolução alcançado, tanto pela pesquisa acadêmica quanto pela prática brasileira, em relação a tão importante instrumento de composição de conflitos de interesses.

o Núcleo guido Soares de estudos de arbitragem representa ainda uma manifestação da maturidade institucional atingida pelo CAm-CCbC, visto que ele atua, conjuntamente com o Conselho Técnico e Científico, como autêntico «thinking tanks».

Assim, além de contribuírem para o desenvolvimento e prática da arbi-tragem, fornecem subsídios valiosos, até mesmo para o aprimoramento dos serviços prestados pelo próprio CAm-CCbC, na administração dos procedi-mentos a ele confiados, servindo, ainda, de elemento de equiparação com as mais antigas e reputadas entidades congêneres do mundo.

Finalizando, quero parabenizar a todos aqueles que colaboraram com sua presença e seu trabalho para a consecução do grande objetivo consubstanciado nesta obra coletiva e manifesto ademais meus agradecimentos a Professora Maristela Basso, sem cuja colaboração na planificação, orientação das discus-sões e coordenação dos trabalhos não teriam acontecido as sessões do Núcleo guido e consequentemente a edição deste importante livro.

estendo tais agradecimentos ao Prof. Fabrício bertini Pasquot Polido, que muito colaborou para o resultado final da obra.

São Paulo, outubro de 2013.

Frederico José strauBe Presidente do CAM-CCBC

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APreSeNTAÇÃo

oferecida à comunidade de arbitralistas brasileiros, a presente obra é resultado coletivo dos trabalhos de pesquisa e apresentações realizadas pelos integrantes do Núcleo de estudos em Arbitragem e mediação «Professor guido Fernando Silva Soares», do Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil-Canadá – CAm-CCbC – nas reuniões temáticas ocorridas entre os anos de 2010 e 2012. o livro, agora publicado pela presti-giada Editora Marcial Pons, vem refletir o instigante percurso dos trabalhos institucionais do Núcleo guido Soares e os diálogos travados entre os coau-tores, também jovens advogados atuantes no profícuo ambiente da arbitragem no brasil. Nesse saudável ambiente de discussões formais e informais, foram desenvolvidos temas de uma ampla agenda de reuniões de trabalho sobre o fascinante mundo da arbitragem comercial interna e internacional.

Criado em agosto de 2010, o Núcleo de estudos guido Soares buscou reunir jovens advogados e especialistas, todos com experiência e solidez acadêmicas, para a construção de uma ampla rede de colaboração e de inter-câmbio de experiências práticas na área da arbitragem e mediação no brasil. em sentido mais idealista, o Núcleo também tinha como objetivo o de resgatar a importância de personalidades brasileiras – juristas e árbitros – que tiveram papel fundamental na disseminação da prática e consolidação dos meca-nismos alternativos de solução de controvérsias em nosso país. Considerando a própria juventude da lei 9.307/1996 (lei brasileira de Arbitragem) e da adesão do estado brasileiro à Convenção de Nova iorque sobre reconhe-cimento e execução de Sentenças estrangeiras de 1958 (somente ocorrida em 2002), a oportuna iniciativa de reunir jovens arbitralistas nas reuniões do Núcleo guido Soares, para revisitar temas da arbitragem comercial interna e internacional, representou, indubitavelmente, avanço a ser comemorado. Não apenas pelas concessões feitas ou pela dedicação de tempo, sempre tão precioso de todos os envolvidos, comprometidos com seus próprios universos profissionais. Esse projeto também se celebra pelo entusiasmo com que

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muitos assumiram a tarefa de preparar os capítulos que agora compõem esta obra coletiva.

Arbitragem comercial: princípios, instituições e procedimentos oferece, assim, ao leitor uma visão sistemática sobre os fundamentos da disciplina da arbitragem comercial interna e internacional, partindo da organização de capítulos que se constroem em torno de alguns dos principais temas da matéria: noções e perfis institucionais da arbitragem comercial e sua agenda global; questões relativas à elaboração das cláusulas arbitrais; as leis aplicá-veis à arbitragem; funcionamento do procedimento arbitral; aspectos relativos à instalação do tribunal arbitral; poderes e deveres dos árbitros; condutas e procedimentos na arbitragem; a interação entre os tribunais arbitrais e os tribunais estatais e o papel dos juízes nesse contexto; a sentença arbitral e seus contornos. Nesse percurso, algo, ainda que modesto, sobre a vida da arbitragem poderá ser revelado em perspectiva dinâmica, passando pelos seus principais componentes, enriquecida pelas impressões, experiências e relei-turas no direito internacional e direito comparado. Da mesma forma, se consi-derada justamente a «instância contenciosa» do próprio Direito do Comércio internacional, permanecerá a arbitragem como tarefa a realizar, conquistando novas gerações de advogados e profissionais do Direito.

Devemos, nesse passo, registrar sinceros agradecimentos a todos os coau-tores, que se dispuseram a contribuir para a elaboração final do plano da obra e permitiram que os resultados das ricas discussões, alcançadas nas reuniões do Núcleo guido Soares, pudessem sair diretamente das salas do Centro de Arbitragem e mediação da CCbC para a comunidade arbitral brasileira. em especial, é necessário relembrar o carinho especial dedicado por Christiana beyrodt Cardoso, Sílvia Salatino e Patrícia Shiguemi Kobayashi, quanto à organização interna, na condição de representantes do CAm-CCbC, das reuniões periódicas do Núcleo guido Soares nos últimos anos. igualmente, pela assistência com contatos institucionais, seleção de material e tarefas de revisão técnica, aos jovens advogados giovana Valentiniano benetti, beatriz Stevens, Daniel tavela luís, além da Associação brasileira de estudantes de Arbitragem – Abearb. Pelos importantes comentários e revisões feitas nos textos originais dos capítulos, créditos devem ser atribuídos a gustavo Kulesza e leandro tripodi, grandes entusiastas para que a presente obra chegasse ao seu destino final. Do outro lado do Atlântico, agradecemos, também, às sugestões bibliográficas oferecidas, tão gentilmente, pelos Professores Dário moura Vicente (Portugal) e Carlos esplugues mota (espanha), em temas relacionados à arbitragem, todas elas refletidas nas recentes experiências da comunidade arbitral europeia, em particular quanto à recente tendência de modernização das leis domésticas de arbitragem.

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11ApresentAção

Por fim, nosso reconhecimento segue efusivo ao Presidente do Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil-Canadá, Dr. Frederico J. Straube. Sem o apoio institucional do Centro e de sua Presidência, esse projeto não lograria os resultados que são agora publicamente compartilhados. restará, pois, a expectativa de que tantos outros possam ser idealizados e concretizados nessa mesma linha de construção teórica e experimental da arbitragem, e que o Núcleo guido Soares permaneça atuante nas próximas décadas, aberto a novas gerações.

Maristela Basso

FaBrício Bertini Pasquot Polido

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Maristela Basso

Professora Associada do Departamento de Direito Internacional e Comparado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Livre-Docente e Doutora em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Vice-Presidente do Centro de Arbi-tragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC). Coordena-dora do ABCInt – Grupo de Estudos de Arbitragem e Contratos Internacionais da FDUSP. Integra a Lista de Árbitros Brasi-leiros do Sistema de Solução de Contro-vérsias do Mercosul e a lista de Painelistas especializados em propriedade intelectual do

OrganizadOres

Sistema de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio OMC. Professora-visitante convidada em Universidades na Itália, Estados Unidos, México e no Max-Planck Institute for Intellectual Property, Compe-tition and tax Law, Munique. Possui inúmeros artigos e livros publicados no Brasil e no exterior. Árbitra, Advogada e Consultora.

FaBrício Bertini Pasquot Polido

Professor Adjunto de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Professor do corpo permanente do Programa de Pós--Graduação da Faculdade de Direito da UFMG. Doutor em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Mestre (LL.M.) pela Univer-sità degli Studi di torino, Itália. Pesquisador Visitante – nível Pós-Doutorado – do Max--Planck Institute for Comparative and Inter-national Private Law, Hamburgo, Alemanha. Membro do Comitê de Direito Internacional Privado e Propriedade Intelec-tual da International Law Association – ILA – e da Associação Americana de Direito Internacional Privado. Coordenador do Grupo de Arbitragem Comercial Internacional e Contratos Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (GACI-UFMG). Advogado e Consultor.

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SumárIo

PreFÁCio – Frederico José strauBe ..................................................... 7

APreSeNtAÇÃo – Maristela Basso e FaBrício Bertini Pasquot Polido 9

tAbelA De AbreViAtUrAS e SiglAS ........................................... 27

1. NoÇÕeS gerAiS Sobre ArbitrAgem ComerCiAl iNterNACioNAl ............................................................................. 29

Gustavo santos Kulesza e leandro triPodi

1.1 introdução ..................................................................................... 29

1.2 breve comentário histórico ........................................................... 30

1.2.1 Antiguidade ....................................................................... 301.2.2 idade média ....................................................................... 311.2.3 idade moderna ................................................................... 331.2.4 Desenvolvimento no período contemporâneo ................... 34

1.3 Normas nacionais e internacionais (tratados e convenções) ........ 35

1.3.1 o Protocolo de genebra (1923) e a Convenção de genebra (1927) .................................................................. 361.3.2 A Convenção de Nova iorque (1958) ................................ 391.3.3 Convenção do Panamá (1975) ........................................... 441.3.4 lei modelo da Uncitral (1985) .......................................... 45

1.4 O significado de «internacional» .................................................. 47

1.4.1 Arbitragem doméstica e arbitragem internacional............. 471.4.2 Critérios de internacionalidade .......................................... 49

1.5 O significado de «comercial» ....................................................... 51

1.6 Conclusão ..................................................................................... 52

Bibliografia ........................................................................................... 53

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16 arbitragem comercial

2. AgeNDA globAl DA ArbitrAgem ComerCiAl

iNterNACioNAl e SUA CoNFormAÇÃo iNStitUCioNAl .. 55

FaBrício Bertini Pasquot Polido

2.1 introdução ..................................................................................... 56

2.2 Arbitragem comercial internacional, qualificação e interação com direitos estatais ............................................................................. 59

2.2.1 internacionalidade e conformação institucional da arbitragem .......................................................................... 59

2.2.2 «Deslocalização» da arbitragem comercial internacional ... 64

2.3 Ambiente institucional da arbitragem comercial internacional ... 66

2.3.1 Corte internacional de Arbitragem da CCi........................ 70

2.3.2 london Court of international Arbitration (lCiA) ........... 72

2.3.3 international Center for Dispute resolution – American Arbitration Association (AAA) ......................................... 74

2.3.4 outras instituições dedicadas à arbitragem comercial internacional ...................................................................... 75

2.3.5 CAm-CCbC e a experiência da arbitragem comercial internacional ..................................................................... 76

2.4 Centros de arbitragem, capacitação e especialidade dos árbitros ... 77

2.5 recomendações para os regulamentos de arbitragem e custos do litígio ............................................................................................. 81

2.6 Transformações e desafios da arbitragem comercial internacional 86

2.7 Conclusões .................................................................................... 89

Bibliografia ........................................................................................... 90

3. DeSAFioS e CUiDADoS NA reDAÇÃo DAS ClÁUSUlAS De

ArbitrAgem .................................................................................... 93

daniela Monteiro GaBBay, nathalia Mazzonetto ePatrícia shiGueMi KoBayashi

3.1 introdução ..................................................................................... 94

3.2 o que deve conter uma cláusula arbitral? ..................................... 96

3.2.1 Convenção de arbitragem: parâmetros normativos ........... 98

3.2.2 indicação de árbitros .......................................................... 102

3.2.3 Direito aplicável ................................................................ 104

3.2.4 Sede da arbitragem ............................................................ 110

3.2.5 língua da arbitragem ......................................................... 112

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17sumário

3.2.6 regras/regulamento e cláusula modelo ............................. 112

3.2.7 tutela de urgência ............................................................. 114

3.3 Casos complexos .......................................................................... 116

3.4 Cuidados necessários na redação da Cláusula med-Arb .............. 124

3.5 Conclusão ..................................................................................... 127

Bibliografia ........................................................................................... 128

4. leiS APliCÁVeiS À ArbitrAgem ............................................. 131

Frederico Gustavo strauBe, Marcelo Junqueira inGlez de souza e raFael villar GaGliardi

4.1 introdução ..................................................................................... 132

4.2 lei que disciplina a capacidade das partes ................................... 134

4.3 lei que governa a convenção arbitral (agreement to arbitrate) ... 136

4.3.1 A lei substancial do contrato ............................................. 137

4.3.2 A lei da sede da arbitragem ............................................... 139

4.3.3 A lei de intenção das partes (French Third Way) .............. 140

4.3.4 Combinação (Swiss Model) ............................................... 141

4.3.5 observações conclusivas ................................................... 142

4.4 lei que governa a existência e o desenvolvimento da arbitragem (lex arbitri) .................................................................................. 142

4.4.1 Conteúdo da lex arbitri ...................................................... 143

4.4.2 o papel da sede da arbitragem e a não indicação da lex arbitri pelas partes ............................................................. 144

4.4.3 teoria da deslocalização – delocation theory.................... 145

4.4.4 o papel da lei processual da sede da arbitragem. As disposições de ordem pública internacional ...................... 146

4.4.5 escolha de lei processual estrangeira: seus limites e inconvenientes ................................................................... 147

4.4.6 regulamentos arbitrais ...................................................... 148

4.5 Autonomia privada, escolha da lei e demais regras aplicáveis ao procedimento arbitral. ................................................................... 149

4.5.1 Autonomia para eleição do direito processual aplicável: seus limites inconvenientes ............................................... 150

4.5.2 ibA guidelines .................................................................. 152

4.5.3 regras e princípios gerais de ética e boa-fé ...................... 152

4.5.4 Procedimento de Discovery ............................................... 153

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18 arbitragem comercial

4.6 lei substantiva aplicável à interpretação e execução do contrato 154

4.6.1 A autonomia das partes, o art. 9.º da lei de introdução às Normas no Direito brasileiro e o art. 2.º, § 1.º, da lei 9.307/1996 ......................................................................... 155

4.6.2 As opções de escolha ......................................................... 156

4.6.3 os limites à autonomia da vontade .................................... 156

4.6.4 Ausência de indicação pelas partes ................................... 157

4.7 lei aplicável ao reconhecimento e execução de laudos arbitrais .. 158

4.7.1 Decisões domésticas .......................................................... 159

4.7.2 Decisões estrangeiras ......................................................... 159

4.7.3 Convenção de Nova iorque ............................................... 160

4.8 Conclusão ..................................................................................... 161

Bibliografia ........................................................................................... 162

5. A iNStAlAÇÃo e orgANiZAÇÃo De Um tribUNAl

ArbitrAl .......................................................................................... 165

caroline costa, sílvia cristina salatino e thiaGo alves Ferreira dos santos

5.1 introdução ..................................................................................... 165

5.2 o início de uma arbitragem ad hoc e institucionalizada .............. 166

5.3 Como escolher o árbitro ............................................................... 167

5.3.1 restrições impostas pelo contrato ..................................... 168

5.3.2 restrições impostas pela lei aplicável ............................... 171

5.3.3 Qualificações profissionais ................................................ 171

5.3.4 língua ................................................................................ 173

5.3.5 experiência e formação ..................................................... 173

5.4 imparcialidade e independência do(s) árbitro(s) .......................... 175

5.5 Substituição do árbitro .................................................................. 181

5.6 A organização do tribunal Arbitral .............................................. 184

5.6.1 Audiências e reuniões ........................................................ 186

5.6.2 Aspectos administrativos ................................................... 188

5.6.3 o papel e função da secretaria administrativa .................. 190

5.7 taxas e despesas do tribunal Arbitral ........................................ 193

5.8 Conclusão ..................................................................................... 196

Bibliografia ........................................................................................... 198

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19sumário

6. PoDereS, DeVereS e JUriSDiÇÃo De Um tribUNAl

ArbitrAl ......................................................................................... 201

christiana Beyrodt cardoso, leonardo de castro coelho e thiaGo rodovalho

6.1 introdução .................................................................................... 202

6.2 Jurisdição ...................................................................................... 203

6.2.1 Conceito clássico e contemporâneo ................................... 203

6.2.2 Diferenças entre a jurisdição estatal e arbitral ................... 210

6.2.3 início e término da jurisdição arbitral: necessidade de estabelecer limites.............................................................. 211

6.2.3.1 início da jurisdição arbitral .................................. 214

6.2.3.2 término da jurisdição arbitral ............................ 217

6.3 Poderes-deveres dos árbitros no exercício de sua atividade jurisdicional .................................................................................. 221

6.3.1 Poder-dever jurisdicional ................................................... 223

6.3.2 Poder-dever de julgar por equidade se as partes acordarem 224

6.3.3 Poder-dever de decidir sobre sua própria competência ..... 225

6.3.4 Poder-dever de instrução ................................................... 226

6.3.5 Poder-dever de competência .............................................. 228

6.3.6 Poder-dever de ter a confiança das partes .......................... 229

6.3.7 Poder-dever de independência e imparcialidade ............... 229

6.3.8 Poder-dever de revelação (duty of disclosure) .................. 231

6.3.9 Poder-dever de agir com diligência ................................... 232

6.3.10 Poder-dever de discrição ................................................... 233

6.3.11 Poder-dever de cooperação ................................................ 234

6.3.12 Poder-dever de proferir um laudo arbitral bem feito e que dê efetividade ao direito material ...................................... 235

6.4 o poder dos árbitros frente às cortes estatais ............................... 236

6.4.1 Cumprimento da sentença arbitral ..................................... 237

6.4.2 medidas coercitivas necessárias no curso do procedimento arbitral ................................................................................ 238

6.4.3 Dos honorários do árbitro: fixação pelo Estado-Juiz ......... 239

6.4.4 Do número de árbitros: desempate promovido pelo Poder Judiciário ........................................................................... 239

6.4.5 remessa das partes ao Órgão do Poder Judiciário: matérias que obstam o julgamento arbitral ........................ 239

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20 arbitragem comercial

6.4.6 Discussão acessória em torno de direitos indisponíveis: remessa das partes ao Poder Judiciário.............................. 2406.4.7 Da nulidade da sentença arbitral ........................................ 2416.4.8 A homologação da sentença arbitral estrangeira pelo Superior tribunal de Justiça .............................................. 2416.4.9 Da necessidade de cooperação entre os tribunais arbitrais e as cortes estatais................................................................. 242

6.5 Fontes dos poderes e deveres dos árbitros .................................... 242

6.6 Conclusão .................................................................................... 244

Bibliografia ........................................................................................... 249

7. CoNDUtAS e ProCeDimeNtoS .................................................. 253

cristiane aMaral de oliveira Gertel, Júlio césar Fernandes e luíza helena cardoso KöMel

7.1 introdução ..................................................................................... 253

7.2 Primeiros passos ........................................................................... 256

7.3 Alegações escritas ......................................................................... 259

7.4 Documentos e evidências ............................................................. 260

7.5 testemunhas e depoimentos ......................................................... 262

7.5.1 esclarecimentos iniciais .................................................... 2627.5.2 oitiva de testemunhas, informantes e depoimentos pessoais .............................................................................. 2637.5.3 Preparação de testemunhas, informantes e representantes 2677.5.4 Audiência de oitiva ............................................................ 270

7.5.4.1 exame dos representantes, informantes e testemunhas ......................................................... 272

7.6 Pareceres de expertos .................................................................... 274

7.6.1 Peritos e assistentes técnicos ............................................. 2787.6.2 Abordagens modernas ....................................................... 280

7.6.2.1 Witness Conferencing .......................................... 280

7.6.2.2 Protocolo Sachs ................................................... 282

7.7 Procedimentos após a audiência ................................................... 282

7.8 outras questões: procedimentos expeditos, pequenas reclamações e fast-track arbitration .................................................................. 284

7.9 Conclusões .................................................................................... 286

Bibliografia ........................................................................................... 286

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21sumário

8. A FUNÇÃo DoS tribUNAiS NACioNAiS eStAtAiS No ProCeSSo ArbitrAl ..................................................................... 289

claudio FinKelstein, FaBio alonso vieira e Karin hlavnicKa sKitnevsKy

8.1 introdução ..................................................................................... 289

8.2 A fase pré-arbitral ......................................................................... 290

8.2.1 As demandas para instauração da arbitragem ................... 2928.2.2 tutelas de urgência ............................................................ 293

8.3 A fase arbitral ............................................................................... 296

8.3.1 A autonomia do compromisso arbitral .............................. 2968.3.2 o princípio da Kompetenz-kompetenz ............................... 2978.3.3 As medidas de urgência ..................................................... 2988.3.4 Anti-suit injunctions (medidas antiarbitragem) ................ 3018.3.5 o art. 25 da lei brasileira de Arbitragem ........................ 302

8.4 A fase pós-arbitral ........................................................................ 303

8.4.1 Controle da sentença arbitral brasileira ............................. 3058.4.2 Homologação e execução de sentença arbitral estrangeira 3078.4.3 impugnação ao cumprimento de sentença arbitral ............ 308 8.4.4 liquidação e cumprimento de sentença arbitral ................ 308

8.5 Conclusão ..................................................................................... 309

Bibliografia ........................................................................................... 310

9. A SeNteNÇA ArbitrAl e SeUS DeSAFioS ............................. 313

cristina saiz JaBardo, Mariana cattel alves, sílvia Bueno de Miranda

9.1 introdução ..................................................................................... 314

9.2 Decisões do tribunal Arbitral ...................................................... 314

9.2.1 Sentença arbitral ................................................................ 316

9.2.1.1 Sentença final....................................................... 318

9.2.1.2 Sentença parcial ................................................... 321

9.2.2 outros tipos de decisões .................................................... 323

9.2.2.1 Decisões de caráter procedimental ...................... 323

9.2.2.2 medidas de urgência ............................................ 326

9.3 Validade da sentença arbitral ........................................................ 330

9.3.1 Precondições para a sentença ............................................ 331

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22 arbitragem comercial

9.3.1.1 Validade da convenção de arbitragem ................. 331

9.3.1.2 regularidade na constituição do tribunal Arbitral 332

9.3.2 objeto da sentença ............................................................. 332

9.3.3 limites da sentença ........................................................... 333

9.3.4 requisitos de validade ....................................................... 335

9.3.4.1 registro escrito .................................................... 335

9.3.4.2 Prazo .................................................................... 336

9.3.4.3 indicação da data e local onde foi proferida ........ 337

9.3.4.4 Assinatura dos árbitros ........................................ 338

9.3.4.5 motivação ............................................................ 339

9.3.4.6 outros requisitos .................................................. 340

9.4 objeção à sentença arbitral ........................................................... 341

9.4.1 métodos de objeção à sentença arbitral ............................. 342

9.4.1.1 revisão interna da sentença................................. 342

9.4.1.2 objeção à sentença no Judiciário ........................ 343

9.4.2 os fundamentos das objeções às sentenças arbitrais ......... 344

9.4.2.1 objeções atinentes à jurisdição ........................... 346

9.4.2.2 regularidade do procedimento ............................ 348

9.4.2.3 objeções atinentes ao mérito ............................... 349

9.4.2.3.1 erro na aplicação da lei (error in judicando) ou quanto aos fatos .......... 350

9.4.2.3.2 Violação à ordem pública .................. 353

9.4.3 efeitos da objeção procedente ........................................... 354

9.5 Conclusão ..................................................................................... 355

Bibliografia ........................................................................................... 355

10. oS remÉDioS DA SeNteNÇA ArbitrAl ................................. 357

Giovana valentiniano Benetti

10.1 introdução ..................................................................................... 357

10.2 Execução específica............................................................. 360

10.3 Perdas e danos ..................................................................... 364

10.3.1 A composição das perdas e danos......................... 365

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23sumário

10.3.2 A mensuração dos prejuízos ............................................. 366

10.3.2.1 Dano emergente e lucros cessantes .................... 366

10.3.2.2 Dever de mitigar os prejuízos ............................. 370

10.3.3 interesse positivo e interesse negativo.............................. 37210.3.4 Punitive damages .............................................................. 37310.3.5 o papel dos árbitros e dos advogados ............................. 375

10.4 Declarações ................................................................................... 377

10.5 Compensação ................................................................................ 379

10.6 Considerações finais ..................................................................... 381

Bibliografia ............................................................................................. 382

11. embArgoS ArbitrAiS ................................................................. 385

ana Gerdau de BorJa

11.1 introdução ..................................................................................... 385

11.2 objeto dos embargos arbitrais ...................................................... 386

11.3 Prazos relativos aos embargos arbitrais: conflitos entre os dispositivos da lei e as regras de arbitragem aplicáveis ............... 387

11.4 efeitos dos embargos arbitrais ...................................................... 389

11.5 Sentença adicional ........................................................................ 392

11.6 Conclusões .................................................................................... 393

12. reCoNHeCimeNto e eXeCUÇÃo DAS SeNteNÇAS ArbitrAiS eStrANgeirAS ......................................................... 395

Marcelo vieira Machado rodante e Paulo eduardo caMPanella euGênio

12.1 introdução ..................................................................................... 395

12.2 Histórico da Convenção de Nova iorque de 1958 ........................ 396

12.3 Principais objetivos da Convenção de Nova iorque ..................... 400

12.4 Causas de recusa ao reconhecimento ............................................ 401

12.4.1 incapacidade das partes ou invalidade da convenção arbitral (CNi, art. V (1)(a)) ........................................................... 40112.4.2 Falta de notificação, ofensa ao contraditório ou à ampla defesa (CNi, art. V (1)(b)) ................................................ 40612.4.3 limites da matéria submetida à cláusula arbitral (CNi, art. V(1)(c)) ............................................................ 407

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24 arbitragem comercial

12.4.4 irregularidade da composição do tribunal Arbitral ou no

procedimento (art. V(1)(d)) .............................................. 407

12.4.5 Ausência de obrigatoriedade da sentença (art. V(1)(e)) .... 408

12.4.6 matéria não arbitrável segundo a lei do país em que se

tencione o reconhecimento (CNi, art. V (1)(c)) ............... 411

12.4.7 Contrariedade à ordem pública (CNi, art. V (2)(b)) ......... 412

12.5 Procedimento de reconhecimento e execução de sentenças arbitrais no brasil .......................................................................... 416

12.6 Considerações finais ..................................................................... 417

Bibliografia ............................................................................................. 418

reFerêNCiAS bibliogrÁFiCAS e mAteriAl De APoio .......... 419

ANeXoS – FoNteS Do Direito Do ComÉrCio iNterNACioNAl

e ArbitrAgem ComerCiAl iNterNACioNAl ........................... 429

Parte i Tratados e Convenções

1. Protocolo relativo a Cláusulas de Arbitragem, de 24 de setembro de 1923 (Decreto 21.187, de 22 de março de 1932) ................................. 431

2. Convenção de genebra sobre execução de Sentenças Arbitrais estrangeiras, de 26 de setembro de 1927 ............................................. 440

3. Convenção de Nova iorque sobre o reconhecimento e a execução de Sentenças Arbitrais estrangeiras, de 10 de junho de 1958 (Decreto 4.311, de 23 de julho de 2002) ............................................................. 443

4. Convenção europeia sobre Arbitragem Comercial internacional, de 21 de abril de 1961 .................................................................................... 453

5. Convenção de Washington para a resolução de Controvérsias relativas a investimentos entre estados e Nacionais de outros estados, de 1965 (iCSiD) ................................................................................... 460

6. Convenção interamericana sobre Arbitragem Comercial internacional, de 30 de janeiro de 1975 (Decreto 1.902, de 9 de maio de 1996) ....... 476

7. Convenção Interamericana sobre Eficácia Extraterritorial das Senten-ças e laudos Arbitrais estrangeiros, de 8 de maio de 1979 (Decreto

2.411, de 2 de dezembro de 1997) ....................................................... 480

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25sumário

8. Acordo de buenos Aires sobre Arbitragem Comercial internacional do mercosul, de 23 de julho de 1998 (Decreto 4.719, de 4 de junho de

2003) .................................................................................................... 484

9. Acordo de buenos Aires sobre Cooperação e Assistência Jurisdicio-nal em matéria Civil, Comercial, trabalhista e Administrativa entre estados-Partes do mercosul, a república da bolívia e a república do

Chile (Decreto 6.891, de 2 de julho de 2009) ...................................... 494

Parte ii outros instrumentos internacionais

relativos à arbitragem

1. lei-modelo da Comissão das Nações Unidas para Direito do Comér-cio internacional (Uncitral) sobre arbitragem comercial internacional

de 1985, modificada em 2006 .............................................................. 5022. regulamento de Arbitragem da Uncitral de 2010 ............................... 538

3. Comentários da Uncitral sobre a organização de procedimentos arbi- trais de 1996 ......................................................................................... 559

4. recomendações da Uncitral de 2006 sobre a interpretação do Artigo ii(2), e Artigo Vii(1), da Convenção de Nova iorque sobre o reco-

nhecimento e execução de Sentenças Arbitrais estrangeiras de 1958 581

5. regulamento de Arbitragem do Centro internacional para Solução de Controvérsias em investimentos – iCSiD de 1968 (revisado em

2010) .................................................................................................... 583

Parte iiiregulamentos institucionais, princípios,

diretrizes e códigos de conduta

1. regulamento de Arbitragem da Corte internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio internacional (CCi) de 2012 ............................. 602

2. regulamento do Centro internacional de Solução de Disputas da Associação Americana de Arbitragem de 2009 ................................... 645

3. regulamento de Arbitragem da Corte de Arbitragem internacional de londres (lCiA) de 1998 ...................................................................... 671

4. regulamento de Arbitragem do Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil-Canadá (CCbC) de 2012 ....................... 689

5. regulamento de Arbitragem da Comissão Chinesa de Arbitragem econômica e Comercial internacional (Cietac) de 2012 ..................... 704

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26 arbitragem comercial

6. IBA Guidelines on Conflicts of Interest in International Arbitration of 2004 ..................................................................................................... 7257. ibA rules on taking of evidence of 2010 .......................................... 742

Parte iVLeis internas relativas à arbitragem

1. lei brasileira de Arbitragem de 1996 (lei 9.307, de 23 de setembro de 1996) .............................................................................................. 754

2. lei Francesa de reforma da Arbitragem de 2011 (Decreto 2.011/1948 de 13 de janeiro de 2011) ..................................................................... 763

3. lei Portuguesa de Arbitragem Voluntária de 2011 (lei 63 de dezem- bro de 2011) ......................................................................................... 776

4. lei espanhola de Arbitragem de 2003 (com reforma de 21 de maio de 2011) .................................................................................................... 804

5. lei Federal de Arbitragem dos estados Unidos da América de 1925 – Federal Arbitration Act (Pub.l. 68-401) ............................................ 833

6. Código de Processo Civil italiano – livro Vi, título Viii (Da Arbitra- gem), com reforma pela lei 40, de 2 de fevereiro de 2006 ................ 8417. lei Suíça de Direito internacional Privado ......................................... 851

Parte Vminutas de cláusulas compromissórias e

convenções de arbitragem

1. Cláusulas modelo da lCiA – (london Court of international Arbitration) Future disputes ................................................................. 855

2. Cláusulas modelo da CAm-CCbC – (Centro de Arbitragem e mediação – Câmara de Comércio brasil-Canadá) .............................. 856

3. Cláusulas modelo da Cietac – (China international economic and trade Arbitration Commission) ........................................................... 8584. Cláusulas modelo da iCC – (international Chamber of Commerce) .. 859

5. Cláusulas modelo do iCSiD – (Centro internacional para a resolução de Conflitos sobre Investimentos) ........................................................ 861

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TABeLA De ABrevIATurAS e SIgLAS

AAA – American Arbitration AssociationAcica – Australian Centre for international Commercial Arbitration ADr – Alternative Dispute resolutionADrs – Alternative Dispute resolution SystemsAF – Arbitration FoundationASA – Arbitration Society of AmericaCAVCe – Court of Arbitration of the Vienna Commodity exchangeCCbC – Câmara de Comércio brasil-CanadáCCi – Câmara de Comércio internacionalCiArb – Chartered institute of ArbitratorsCiCA – Centro internacional de Conciliación y ArbitrajeCietac – China international economic and trade Arbitration Commission CiSg – United Nations Convention on the international Sale of goods CPA – Corte Permanente de ArbitragemDiAC – Dubai international Arbitration CentreDiS – Deutsche institution für Schiedsgerichtsbarkeitecosoc – economic and Social Council (United Nations)eU – european UnionFAA – United States Federal Arbitration Act Fosfa – Federation of oils, Seeds and Fats Associationgafta – grain and Feed trade Association HKiAC – Hong Kong international Arbitration CentreibA – international bar AssociationibDr – international bank for reconstruction and DevelopmentiCA – international Court of ArbitrationiCAC – international Commercial Arbitration CourtiCAl – international Cotton Association limited – iCC – international Chamber of CommerceiCDr – international Centre for Dispute resolution

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28 arbitragem comercial

iCSiD – international Centre for Settlement of investment DisputesimF – international monetary Fund JCAA – Japan Commercial Arbitration AssociationKCAb – Korean Commercial Arbitration boardlCiA – london Court of international ArbitrationlmAA – london maritime Arbitrators Associationlme – london metal exchange Nafta – North America Free trade AgreementNAi – Netherlands Arbitration institute omC – organização mundial do ComércioomPi – organização mundial da Propriedade intelectualoNU – organização das Nações UnidasPCA – Permanent Court of Arbitration Sakig – Court of Arbitration at the Polish Chamber of CommerceSCC – Stockholm Chamber of Commerce SiAC – Singapore international Arbitration CentreUN – United NationsUncitral – United Nations Commission on international trade lawUnidroit – International Institute for the Unification of Private Law / Instituto Internacional para Unificação do Direito PrivadoViAC – Vienna international Arbitral CentreWiPo – World intellectual Property organization

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2

AgeNDA gLoBAL DA ArBITrAgem ComerCIAL INTerNACIoNAL

e SuA CoNformAÇÃo INSTITuCIoNAL1

FaBrício Bertini Pasquot Polido2

1 o presente capítulo é resultado dos trabalhos de pesquisa realizados no grupo institucional «Direito Internacional Privado, Contratos Internacionais e Arbitragem: Interações e Conflitos», da Universidade Federal de minas gerais – UFmg; do grupo de estudos de Arbitragem e Contratos internacional do Comércio – AbCiNt – da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e do Núcleo de estudos em Arbitragem «Professor guido Soares», do Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil-Canadá (CAm-CCbC). Pela colaboração na atualização de dados de pesquisa, o autor agradece à Priscila bandeira lessa de Assis, da Faculdade de Direito da UFmg, participante da 20.ª edição do «Willem C. Vis international Commercial Arbitration» (2013), e integrante do grupo de estudos de Arbitragem Comercial internacional e Contratos internacionais da Universidade Federal de minas gerais – gACi-UFmg.2 Fabrício bertini Pasquot Polido é Professor Adjunto de Direito internacional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de minas gerais – UFmg. Professor do Corpo Permanente do Programa de Pós-graduação em Direito da UFmg. Doutor em Direito internacional pela Faculdade de Direito da USP e Pesquisador Visitante – nível pós-doutorado – do instituto max-Planck de Direito internacional Privado e Direito Comparado, Hamburgo (Alemanha). É advogado e árbitro, integrante do Painel de Árbitros e especialistas do Comitê de Controvérsias em Nomes de Domínio do Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil-Canadá (CCbC). Delegado brasileiro no Comitê de Direito internacional Privado e Propriedade intelectual do ilA – international law Association e da Associação Americana de Direito internacional Privado.

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56 arbitragem comercial

2.1 iNtroDUÇÃo

Para qualquer profissional, especialista ou entusiasta do fascinante mundo da arbitragem comercial internacional, existirá sempre uma exigência fundamental, que é aquela de consolidar conhecimentos sobre as principais instituições dedicadas aos métodos alternativos de solução de litígios privados em escala transnacional, assim como suas regras e regulamentos de funcio-namento. Sem ingenuidade, e em pleno século XXi, a arbitragem continua a representar vantagens e desvantagens – econômicas, institucionais, competi-tivas e funcionais – para agentes econômicos privados atuantes no comércio internacional.

elas incluem desde os custos envolvidos, a especialidade dos árbitros, a flexibilidade e celeridade do procedimento, a maior ou menor concorrência nos mercados ou maturação do setor da indústria na qual atuam as empresas em controvérsia, assim como a própria cultura legal ou tradição jurídica dos advogados e árbitros envolvidos.

Destaca-se, ainda, a constante habilidade das partes de construir ambiente favorável para recomposição das relações comerciais internacionais entre elas preestabelecidas, em especial se consideradas as distintas estratégias de colaboração e cooperação nos mercados. Apesar de o fator adversarial repre-sentar um dos mais importantes componentes do procedimento que dá vida à arbitragem, parece ainda subsistir aquela função restaurativa genuína, como brilhantemente descrita no cenário – não menos idealista – então desenhado por berthold goldman na década de 1960 do século passado.3 Nas «fronteiras da lex mercatoria», a arbitragem representaria a instância contenciosa da regulamentação privada do comércio internacional, fazendo par indissoci-ável com os contratos internacionais – os quais o festejado professor francês considerava serem elementos integrantes do substrato material do Direito do Comércio internacional.

Do mesmo modo, a arbitragem comercial internacional é claramente uma das grandes expressões concretas do princípio da autonomia da vontade, axioma próprio de duas disciplinas irmãs nas vertentes internacionais do Direito – o Direito internacional Privado e o Direito do Comércio interna-cional. ele funcionaliza, como é sabido, tanto a escolha do direito material aplicável aos contratos internacionais4 quanto a escolha do foro arbitral

3 «Frontières du droit et lex mercatoria», Archives de la Philosophie du Droit, 1964: 177 e ss.; Posteriormente, GoldMan revisita o tema em «Nouvelles Réflexions sur la Lex Mercatoria», Études de Droit International en l’Honneur de Pierre Lalive – Festschrift Pierre Lalive, basel/Frankfurt a.m. 1993, p. 241 e ss.4 retomando a lição clássica e precisa de scoles, eugene e hay, Peter. Conflict of Laws. 5. ed. New York: West Publishing Co, 1982, p. 632-633: «Party autonomy means that the parties are free to select the law governing their contract, subject to certain limitations. They will

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57Fabrício bertini Pasquot Polido

para solução de litígios (e também das regras pertinentes ao procedimento correspondente).5 igualmente, a autonomia da vontade preserva a manifes-tação comportamental da «liberdade de alternativas» pelos particulares, sobretudo no que concerne à própria auto-regulamentação da vida privada internacional. enquanto princípio, ela nunca deixará de otimizar soluções destinadas a conferir maior previsibilidade, segurança e, ao mesmo tempo, justiça material para as partes no ambiente do comércio internacional – ora contratantes e litigantes –, a despeito de qualquer análise que se faça a partir de um viés predominantemente econômico.6

Desde a década de 1960, naquele engenhoso cenário descrito por goldman, no entanto, a crescente atividade de diversos agentes dedicados à prática da arbitragem comercial internacional – advogados, tribunais, câmaras e instituições arbitrais – foram aos poucos percebendo a necessidade de valorizar duplamente sua natureza contratual e adjudicatória ou jurisdicional. Assim como a cláusula compromissória e demais acordos de arbitragem materializam a essência contratual do mecanismo de solução de litígios aqui examinado, os procedimentos endereçados por regulamentos institucionais, tratados e convenções, leis internas e instrumentos não vinculantes (como leis-modelos, princípios e diretrizes) informam sua complexidade normativa.

em pleno século XXi, seria possível observar um ambiente fértil para muitas transformações favoráveis no quadro de desenvolvimento dos prin-cípios, instituições e procedimentos relativos à arbitragem comercial inter-

usually do so by means of an express choice-of-law clause in their written contract». (tradução livre: «A autonomia da vontade quer dizer que as partes são livres para selecionar o direito (material) disciplinando seus contratos, submetida a certas limitações. elas normalmente o fazem por meio de uma cláusula expressa de escolha de lei em seu contrato escrito»).5 Dentre todos, cf. gary Born, International commercial arbitration, vol. 1, the Hague/New York: Kluwer law international, 2009, p. 442-444. 6 Cf., por exemplo, a provocativa e interessante análise feita por giesela ruhl, «Party Autonomy in the Private international law of Contracts: transatlantic Convergence and Economic Efficiency». In: Eckart GottschalK, ralf Michaels, giesela rühl & Jan von hein (eds.). Conflict Of Laws In A Globalized World, Cambridge: Cambridge University Press, 2007 (observando que a autonomia da vontade se apresenta como «abordagem eficiente» para questões do direito internacional privado relativas aos contratos internacionais. As limitações existentes ao exercício desse princípio, no entanto, ocorreriam, principalmente, em setores caracterizados por falhas de mercados, assimetrias de informação e comportamento oportunista dos agentes, o que justificaria, segundo a autora, a limitação da escolha de lei aplicável aos contratos. Nesse sentido, normas imperativas do foro seriam justificáveis, portanto, para proteger as partes em determinados contratos). Existem, entretanto, certas limitações que não possuem justificativa econômica alguma (muito menos podem ser analisadas sob a ótica da teoria econômica), mas somente por opções de política legislativa. Aqui, a nosso ver, o princípio da autonomia da vontade restará sempre tensionado entre e liberdade de escolha, propriamente dita, do direito aplicável à relação jurídica contendo elemento de estraneidade (caso misto, multiconectado) e potenciais vetores axiológicos conflitantes, como a segurança jurídica, estabilidade ou justiça (e.g. incidência de normas imperativas do foro para proteção de partes vulneráveis).

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58 arbitragem comercial

nacional. trata-se de uma era de transição, que vem abandonando aquela visão estritamente centrada na capacitação técnica e prática da advocacia internacional (e.g. meramente de um ambiente de escritórios nas áreas do consultivo empresarial internacional e arbitragem) para um campo cada vez mais dinâmico e colaborativo, que sofre influência das mídias sociais, da academia e instituições de pesquisa, da diversidade cultural e os reflexos de crises econômicas sucessivas no contexto internacional.

esse quadro vem dispensar advogados ou árbitros reprodutores de teses, de recortes de decisões judiciais e arbitrais e de leis, ou mesmo de lições que já poderiam ter sido deixadas de lado. ele exige autênticos juristas inova-dores e críticos, muito mais sensíveis às demandas do comércio internacional. Não é suficiente, portanto, que advogados e árbitros transitem entre meros conhecimentos ou saberes jurídicos das famílias e tradições do common law, civil law e sistemas asiáticos – na divisão proposta classicamente por rene david,7 e ou reproduzam minutas de contratos nas distintas versões possíveis, com aparência de internacionalidade. A realidade pragmática, flexível e dinâ-mica do comércio internacional, a especialização e segmentação dos setores da indústria, serviços e tecnologias levam a horizontes mais desafiadores, compondo uma agenda própria para a arbitragem no contexto de solução de litígios empresariais transnacionais.

essa agenda, sem dúvidas, é hoje global, pois impõe a consolidação de mecanismos de efetividade da arbitragem comercial internacional a partir da aproximação da prática das instituições e centros de arbitragem em diferentes jurisdições e um compromisso gradual dos estados e organizações interna-cionais – aqui como clássicos sujeitos do Direito internacional – na tarefa de fazer valer as decisões proferidas no curso dos procedimentos arbitrais. isso é evidente, por exemplo, quanto aos mecanismos de execução de sentenças arbitrais em escala transnacional, caracterizados por atributos de efetividade e observância, e consolidados, com muito êxito, pela Convenção de Nova iorque sobre reconhecimento e execução de Sentenças estrangeiras de 19588). Nesse sentido, leis internas, tratados e convenções e mesmo instru-mentos não vinculantes se conjugam para assegurar, por exemplo, a preva-lência da aplicação de regras e princípios advindos de regulamentos das câmaras e instituições de arbitragem nos procedimentos e fortalecimento de mecanismos de reconhecimento e execução de sentenças arbitrais. esses são aspectos que funcionalizam a higidez e estabilidade do processo arbitral e de

7 Les grands systèmes de droit contemporains droit. Paris: Dalloz, 1964 (dividindo as tradições jurídicas em quatro grandes grupos e suas famílias (românico-germânica, common law, sistema socialista, hoje superado, e outros grupos – direitos indiano, africano, muçulmano e do extremo oriente).8 incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto 4.311/2002.

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seus resultados decisórios – as sentenças ou laudos arbitrais – compondo os litígios comerciais transnacionais.

resgatar esses fundamentos, portanto, deve ser sempre a tarefa de profissionais e estudiosos da arbitragem comercial internacional, cuidando para que os contornos dos mecanismos alternativos de solução de litígios privados (aqui também litígios empresariais) não se convertam em um palco de exagerada litigiosidade, de manobras protelatórias e ambiente propício para multiplicação de vícios e fetiches típicos da advocacia contenciosa judicial de determinado sistema jurídico doméstico.9 Para países como o brasil, que não desconheceu – ao contrário do que se difunde por ignorância- a prática da arbitragem ao longo do século XX,10 e somente dela passou a se beneficiar – no quadro das relações econômicas internacionais – após a entrada em vigor da lei 9.307/1996 e da adesão à Convenção de Nova iorque de 1958 sobe reconhecimento e execuções de Sentenças Arbitrais estrangeiras, essa é a mais importante recomendação.

o presente capítulo busca analisar alguns temas da agenda global da arbitragem comercial internacional, passando pela necessária consideração de seu perfil institucional. Na primeira parte, examina as relações entre a internacionalidade e a questão da «deslocalização» da arbitragem comercial internacional, além da análise dos ambientes institucionais (e.g. as câmaras e centros de arbitragem – CCi, lCiA, iCDr e CAm-CCbC – e procedimentos arbitrais. igualmente, enfatiza as recomendações que podem ser formuladas para os regulamentos dos centros de arbitragem, na atualidade, desde os meca-nismos de monitoramento de implementação das decisões arbitrais até as novas tendências normativas relativas à atuação dos árbitros, partes e advogados.

2.2 ArbitrAgem ComerCiAl iNterNACioNAl, qUAliFiCAÇÃo e iNterAÇÃo Com DireitoS eStAtAiS

2.2.1 Internacionalidade e conformação institucional da arbitragemComo questão técnica no Direito internacional Privado, ainda hoje existe

divergência quanto à determinação dos elementos subjetivos (partes) e obje-

9 Criticamente, cf. Basso, maristela, «mito e realidade do procedimento arbitral atual», Revista da Faculdade de Direito da FAAP, vol. 2, 2006, p. 159 e ss. 10 Cf., por exemplo, trabalhos referenciais de saMtleBen, Jürgen, «Arbitragem comercial no Direito internacional Privado brasileiro». Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor A. Ferrer Correia, vol. 1, Coimbra 1986 (Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra, número especial), p. 691 e ss.; idem, «Histórico da arbitragem no brasil até o advento da nova lei». in: casella, Paulo b., et alii (coord.), Arbitragem, A nova lei brasileira (9.307/1996) e a praxe interna-cional. São Paulo: editora ltr, 1997, p. 29-86; e soares, guido Fernando Silva, «Arbitragens comerciais internacionais no brasil: vicissitudes», Revista dos Tribunais, vol. 78, n. 641, 1989, p. 29 e ss; idem, «A arbitragem comercial internacional no direito brasileiro, nos termos da lei 9.307 de 23.09.1996: alguns aspectos», Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, vol. 96, 2001, p. 475 e ss.

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tivos (matérias envolvidas) na arbitragem comercial internacional, retornando-se, inclusive, à própria qualificação das relações jurídicas de direito material por ela endereçadas. isso se manifesta, primeiramente, pelas distintas formu-lações adotadas pelos direitos internos (leis e regulamentos internos relativos à arbitragem ou processo civil) em função do tratamento jurídico do tema.

Do ponto de vista normativo, portanto, a questão é transposta para quali-ficação (considerada como a precisa classificação ou subsunção, desde uma perspectiva de análise do Direito internacional Privado) da arbitragem como sendo «comercial internacional» e versando sobre litígio que põe em consi-deração direitos e obrigações que concretizam a partir de relações jurídicas caracterizadas pelo elemento empresarial.11 Para definições que os legisla-dores tenham em mente, esse elemento qualificador pode ser relevante, mas não é decisivo.

Por outro lado, de um ponto de vista estritamente prático, escritórios de advocacia e entidades dedicadas à arbitragem revelam distintas percepções e experiências nos procedimentos arbitrais para solução de litígios privados, tanto os estritamente ligados aos direitos internos como aqueles caracteri-zados pela presença de elementos de conexão que os tornam «internacionais». Nesses ambientes, em geral, quando se fala em arbitragem comercial inter-nacional, pretende-se dizer arbitragem entre empresas sediadas em distintos países estabelecendo a solução de litígios decorrentes de contratos internacio-nais ou outras formas de controvérsias empresariais.

o caráter internacional da arbitragem, como se sabe, também é eviden-ciado em outras modalidades e está intrinsecamente ligado àqueles elementos subjetivos e objetivos da relação jurídica pluriconectada e objeto do litígio. ele pode estar também associado, por exemplo, aos mecanismos de solução de litígios em matéria de investimentos, entre estados e investidores, a partir das fórmulas estabelecidas em tratados bilaterais ou acordos de proteção de investimentos. isso ocorre, por exemplo, em relação à arbitragem conduzida

11 Cf., por exemplo, BlacKaBy, Nigel e Partasides, Constantine, Redfern and Hunter on International Arbitration, 5. ed., New York: oxford Univ. Press, 2009, especialmente p. 8, em que se destacam três níveis de análise para determinação da internacionalidade da arbitragem – natureza do litígio; nacionalidade das partes e referências à sede da arbitragem (...«the word “international” has at least three different definitions when it comes to international arbitration. The first depends on the nature of the dispute. The second depends on the nationality of the parties. The third approach, which is that of the Model Law, depends on the blending of the first two, plus a reference to the chosen place of arbitration. This is significant, because the essential difference between domestic and international arbitration was recognised in the Model Law, which is expressly stated to be a law designed for international commercial arbitration»). Cf. também dolinGer, Jacob e tiBurcio, Carmem, Direito Internacional Privado: Arbitragem Comercial Internacional, rio de Janeiro: renovar, 2003, p. 91 e ss. (analisando os diversos critérios possíveis, como o local da sede do tribunal arbitral; da proximidade; nacionalidade ou domicílio das partes litigantes; e da própria lei aplicável à arbitral (lex arbitri)).

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pelo Centro de Solução de Controvérsias em matéria de investimentos – iCSiD ou CirD – ou a tribunais ad hoc, com base nas regras da Uncitral.12

De qualquer modo, questões relativas à qualificação da arbitragem inter-nacional tendem a ser relevantes quanto aos seguintes temas:

a) escolha da sede da arbitragem pelas partes e nacionalidade ou proce-dência da sentença arbitral;

b) escolha do tribunal arbitral ou entidade dedicada à arbitragem (e.g. câmaras e centros);

c) relação entre tribunais domésticos e tribunais arbitrais (para diversas matérias: constituição do tribunal arbitral, jurisdição; medidas cautelares e respectivo cumprimento);

d) reconhecimento e execução da sentença arbitral estrangeira;

Do ponto de vista de políticas legislativas domésticas, mais recente-mente, países vêm buscando consolidar modelos de modernização das leis de arbitragem, acompanhadas de respaldo institucional internacional, como a partir dos trabalhos da Uncitral e da CCi. entre elas, destacam-se técnicas legislativas que estabelecem regras amplas que não definem elementos – partes/sujeitos e objeto – da arbitragem comercial internacional, mas antes um «conceito geral» e previsão de aplicação analógica das normas relativas às arbitragens internas à arbitragem internacional.

12 esse seria, por exemplo, o critério a estabelecer a distinção entre arbitragens comerciais internacionais e arbitragens de investimentos, como descreve a doutrina. Criticamente, cf. Fouchard/Gaillard/GoldMan, International Commercial Arbitration, the Hague: Kluwer international, 1999, p. 42, formulando a seguinte opinião: «ICSID arbitrations usually involve economic disputes arising from an international contract between a state (or state-owned entity) and a foreign private undertaking. These arbitrations are therefore properly considered as “international commercial arbitrations.” This is not to say that ICSID does not retain certain specific features, especially as regards questions of jurisdiction and procedure. On substantive issues, however, ICSID has not led to the creation of a body of international development law distinct from that arising from ordinary international arbitration. The same will most likely be true, in the future, of arbitrations regarding state contracts and organized under other international treaties, which will generally be between a private investor (the claimant) and a defendant state».(tradução livre: «Arbitragens iCSiD geralmente envolvem disputas econômicas decorrentes de um contrato internacional entre um estado (ou entidade estatal) e uma empresa privada estrangeira. estas arbitragens são, portanto, corretamente consideradas como “arbitragens comerciais internacionais”. isso não quer dizer que iCSiD não retém algumas características específicas, especialmente no que respeita às questões de jurisdição e processo. Por questões de fundo, no entanto, iCSiD não tem levado à criação de um corpo de direito internacional de desenvolvimento distinta daquela decorrente de arbitragem internacional comum. o mesmo provavelmente será verdade, no futuro, de arbitragens sobre contratos com o estado e organizada de acordo com outros tratados internacionais, que geralmente será entre um investidor privado (o reclamante) e um estado reclamado».)

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entre os exemplos fornecidos, a lei Francesa de reforma da Arbi-tragem13 (13 de janeiro de 2011); a lei espanhola de Arbitragem de 2003 (com a reforma de 21.05.2011) e a lei Portuguesa de Arbitragem Voluntária (lei 63 de dezembro de 2011) caminham para essa conformação.

As leis francesa e portuguesa de arbitragem (ambas de 2011), em parti-cular, consideram respectivamente ser internacional a arbitragem que «põe em causa os interesses do comércio internacional».14

Ainda seguindo a tradição fortemente inspirada pela doutrina juspriva-tista internacional no campo da arbitragem, os seguintes critérios alternativos são considerados, pelo legislador francês, como definidores da competência do tribunal estatal de apoio («juiz de apoio») para o processo arbitral insti-tuído ou que se desenvolva na França, de acordo com o Art. 1505 do Código de Processo Civil francês:

«Art. 1505.-En matière d’arbitrage international, le juge d’appui de la procédure arbitrale est, sauf clause contraire, le président du tribunal de grande instance de Paris lorsque:

1.º L’arbitrage se déroule en France ou

2.º Les parties sont convenues de soumettre l’arbitrage à la loi de procé-dure française ou

3.º Les parties ont expressément donné compétence aux juridictions étatiques françaises pour connaître des différends relatifs à la procédure arbitrale ou

4.º L’une des parties est exposée à un risque de déni de justice.»15

13 lei Francesa de Arbitragem – Decreto 2.011-48, de 13 de janeiro de 2011 (altera os dispositivos do livro iV do CPC francês relativamente à arbitragem) http://www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000023417517&dateTexte=&categorieLien=id.14 Cf. Art. 1504 do Código de Processo Civil francês, com a redação dada pela lei Francesa de Arbitragem – Decreto 2011-48, de 13 de janeiro de 2011 («est international l’arbitrage qui met en cause des intérêts du commerce international»); e Artigo 49.1. da lei portuguesa da Arbitragem Voluntária de 2011 («Art. 49 Conceito e regime da arbitragem internacional: 1 – entende-se por arbitragem internacional a que põe em jogo interesses do comércio interna-cional. (...)»).Sobre o Artigo 49 da lei portuguesa de Arbitragem, o Professor Dário Moura vicente (in: Armindo r. Mendes et alii, Lei da Arbitragem Voluntária Anotada, Coimbra: Almedina/APA, 2012, p. 99) esclarece que a noção ampla de arbitragem comercial internacional compreende não apenas as arbitragens cujas partes se encontrem estabelecidas em estados distintos, «mas também aquelas que – embora apresentem conexões com um só país (v.g. por ambas as partes estarem nele estabelecidas e por as obrigações resultantes da relação material litigada deverem ser aí executadas) – versem sobre litígios emergentes de operações económicas que envolvam a circulação de produtos, serviços ou capitais através das fronteiras (designadamente por o respectivo objecto ser um bem transferido ou a transferir por uma das partes para outro país)».15 tradução livre:«Art. 1.505. em matéria de arbitragem internacional, o juiz de apoio ao processo arbitral será,

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As técnicas e opções de política legislativa acima ilustradas parecem superar a antiga tradição contratualista internacional que dominou as correntes doutrinarias da arbitragem comercial internacional no século XX. Simples-mente admitir que a arbitragem se torne «internacional» na medida em que partes estejam domiciliadas em distintos países, ou o objeto do litígio tenha conexão internacional (por exemplo, um contrato internacional de venda e compra ou de transferência de tecnologia), não parece ser suficiente. A natu-reza per se da relação jurídica material em controvérsia muito menos resolve os impasses trazidos com a prática, pois a própria distinção de modalidades da arbitragem internacional – se entre estados, se comercial ou de investimentos –, por exemplo, vai se tornando menos essencial diante dos interesses das partes em consideração.16

Por outro lado, o que aqui se chama de «conformação institucional da arbitragem comercial internacional», no entanto, envolve distintos perfis que igualmente informam o «caráter transnacional» do mecanismo de solução de litígios, superando a mera noção de internacionalidade:

i) perfil institucional da arbitragem e do procedimento levado a cabo para a solução da controvérsia apresentada, justificado pelas competências norma-tivas próprias dos centros e câmaras de arbitragem com atuação internacional;17

ii) perfil dos árbitros, suas especialidades e conhecimentos sobre as maté-rias objeto dos litígios comerciais internacionais, além do domínio de idioma,

salvo disposição em contrário, o presidente do tribunal de instância superior de Paris, desde que:1. A arbitragem seja conduzida na França ou2. As duas partes concordaram em se submeter a arbitragem à lei francesa3. As partes expressamente atribuíram competência aos tribunais do estado francês para conhecer dos litígios relativos à arbitragem ou4. Uma das partes esteja exposta a um risco de denegação de justiça.» 16 Criticamente, ver gary Born, International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 11 e ss.17 Pode-se afirmar que o perfil institucional da arbitragem comercial internacional se manifesta pela própria atuação dos centros e câmaras arbitrais na tarefa de elaboração normativa dos regulamentos de arbitragem e condução dos procedimentos. Classicamente, esse aspecto já havia sido descrito por Charles caraBiBer, «le développement de l’arbitrage sous les auspices des grands centres d’arbitrage», Droit social, 1956, p. 457 e ss; e criticado por berthold GoldMan (Recueil des Cours, vol. 109 (1963), p. 253 e ss.). goldman observava que o século XX vinha testemunhando a criação de inúmeros organismos, nacionais e internacionais, a consolidar regulamentos e procedimentos de arbitragem. A dita «institucionalização», contudo, não teria sido capaz de mudar radicalmente a natureza da arbitragem comercial internacional. De fato, parece que a emergência de centros de arbitragem, como a Corte internacional de Arbitragem da CCI, já na década de 1920 do século passado, apenas veio confirmar essa orientação: o caráter internacional da arbitragem comercial não deixou de existir; foi fortalecido pelo papel e competências desempenhados por instituições dedicadas à arbitragem. No ambiente do comércio internacional, a velocidade e complexidade dos negócios empresariais exigiriam respostas pela própria comunidade internacional dos atores privados, a partir de significativo grau de coesão e responsabilidade.

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das relações de contatos profissionais e maior ou menor inserção nas listas integradas às entidades de arbitragem;

iii) perfil, expertise e formação dos advogados envolvidos na represen-tação dos interesses das partes litigantes, espelhada na atuação de escritórios e participação em redes de colaboração e organizações ligadas à arbitragem, transitando em distintos ambientes e culturas jurídicas (eUA, Canadá, europa, América latina, África e Ásia, Austrália e Nova Zelândia);

Como se sabe, a arbitragem comercial internacional alcançou seus próprios padrões, para recordarmos as importantes lições doutrinarias da escola francesa (desde o entusiasmo de goldman, Kassis e Fouchard às críticas contundentes de rené David, Kahn e lagarde),18 e logrou fazer escolas e profis-sionalizar advogados e especialistas. em cada sistema normativo, no entanto, há semelhanças e distinções, que também se alteram em distintos painéis e sessões nas arbitragens conduzidas pelas mais importantes instituições, como a Corte Permanente de Arbitragem, a Corte internacional de Arbitragem da CCi, a London Court of International Arbitration, a Associação Americana de Arbitragem (AAA) a e mesmo arbitragens ad hoc, realizadas segundo as regras da Uncitral.

2.2.2 «Deslocalização» da arbitragem comercial internacional

A chamada «deslocalização» da arbitragem comercial internacional, como atributo que representa dado distanciamento do mecanismo e suas insti-tuições dos direitos domésticos (em suas respectivas ordens jurídicas estatais), foi sendo cada vez mais reforçada ao longo do tempo. Contudo, não sem controvérsia quanto à existência de uma «ordem jurídica arbitral» autônoma.19 o provincianismo no tratamento do direito estrangeiro pelos tribunais judiciais internos (aplicável potencialmente, por força das normas de Direito interna-cional Privado, em litígios privados internacionais), bem como a supremacia das normas processuais (códigos, leis e regulamentos em matéria de processo civil e comercial) da lex fori desgastaram a confiança das empresas quanto às soluções judiciais propostas para casos contenciosos no comércio.

É nesse passo, justamente, que a diversidade de interesses da comu-nidade dos comerciantes internacionais, em distintas tradições – culturais, negociais e empresariais –, caminham com diferentes «expectativas legais e

18 A meu ver, o melhor relato sobre o ambiente da arbitragem no Direito do Comércio interna-cional é feito por emmanuel Gaillard em duas de suas obras: «trente ans de lex mercatoria. Pour une application selective de la methode des principes generaux du droit», Journal du Droit International, vol. 122, n. 1, 1995, p. 5-30; e Aspects philosophiques du droit de l’arbitrage international, la Haye: martinus Nijhoff, 2008, especialmente p. 32 e ss.19 Gaillard, emmanuel, Aspects philosophiques du droit de l’arbitrage international, cit., p. 83 e ss.

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procedimentais».20 Por isso mesmo, a autonomia da vontade, como princípio elementar na construção da regulamentação substantiva e procedimental das relações privadas do comércio internacional, vem justificar a inclinação das partes para a escolha do direito material e do procedimento que devem guiar as soluções aos litígios.

outro aspecto que acentua essa tendência é a própria linguagem dos contratos internacionais, distintas da visão como juízes estatais visualizam e percebem o realismo das formas e meios do comércio em nível transnacional. Alguns fatores podem ser assim exemplificados, como: (i) a sofisticação técnica da estrutura e função dos contratos; (ii) a regência dos contratos pelos princípios e regras desvinculados das fontes normativas formais estatais (soft law); (iii) matéria/objeto contencioso de elevada tecnicidade; (iv) exigência de tempo para a tomada de decisão, especialmente no que concerne à intensi-dade e dedicação com que supostamente os árbitros devem dispensar para a apreciação dos casos que lhes são submetidos.21

Se for possível considerá-la fenômeno ou realidade, a deslocalização da arbitragem comercial internacional resume, justamente, o descolamento do processo arbitral e da sede da arbitragem, tanto do ponto de vista substantivo como procedimental, dos sistemas normativos domésticos dos estados. Como consequência, existe a mitigação da influência da jurisdição estatal sobre o procedimento para solução dos litígios privados com conexão internacional e o direito material a estes aplicáveis. em jogo também se encontra o velho embate entre as teorias contratualistas e teorias jurisdicionais da arbitragem. De acordo com as primeiras, enfatiza-se a autonomia da vontade das partes quanto à escolha da lei material aplicável ao litígio e a atribuição voluntária de competência ao árbitro (ou tribunal arbitral).22 As últimas, por sua vez, reforçam o poder do estado (com respaldo na soberania que lhe é intrínseca) em, residualmente, manter exercício de poder jurisdicional de controle, moni-torando e intervindo sobre certos procedimentos e decisões originados da arbitragem, os quais mantenham contatos com o ordenamento jurídico interno.

Diante da absoluta desnecessidade de radicalização em torno dessas vertentes (contratualista e jurisdicional da arbitragem), parecer existir um compromisso mínimo de coerência entre a preservação da autonomia da vontade e o escrutínio desejável do processo arbitral pelos ordenamentos esta-tais. ele se concretiza, fundamentalmente, em três níveis: (i) a preservação da

20 Cf. hanotiau, bernard, «international Arbitration in a global economy: the Challenges of the Future», Journal of International Arbitration, vol. 28, n. 2, 2011, p. 90.21 idem, p. 90-91.22 Nesse passo, expressões são a escolha de lei material aplicável ao litígio e do foro competente para apreciá-lo e solucioná-lo (por convenção expressa derrogando a jurisdição estatal e atribuindo aos árbitros a jurisdição arbitral propriamente dita, mediante cláusula compromissória ou acordos de arbitragem).

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higidez e efetividade das cláusulas compromissórias; (ii) a cooperação entre tribunais estatais e tribunais arbitrais e a atuação do juiz estatal no contexto de instrumentalidade do procedimento arbitral (e.g. adoção de medidas para instituição da arbitragem ou medidas cautelares); (iii) o reconhecimento e execução das sentenças arbitrais estrangeiras.

todos esses níveis se resumem, a nosso ver, em elementos de coorde-nação entre a arbitragem comercial internacional e os direitos internos (no limite, a própria jurisdição estatal), mitigando a artificialidade de que pode resultar a chamada «deslocalização». Sobre isso, deve o jurista sempre retornar à interação entre fontes – internas e internacionais – do Direito internacional Privado e Direito do Comércio internacional, examinando em que medida regimes jurídicos e normas se interrelacionam, com a finalidade de assegurar a observância e efetividade da arbitragem comercial internacional.23

Da mesma forma, o intenso desenvolvimento do comércio internacional nas últimas décadas, o fortalecimento de instituições dedicadas à resolução de litígios privados internacionais (e.g. mediação, arbitragem), as sucessivas crises econômicas no globo (em particular a crise financeira global desenca-deada em novembro de 2008) pressionaram à liberalização e convergência das normas relativas à arbitragem comercial internacional. entre elas destacam-se, especialmente, as fontes normativas institucionais, baseadas na prática e regulamentos das câmaras e centros de arbitragem – um domínio normativo próprio que dá vida aos mecanismos de regulação procedimental do conten-cioso internacional privado.

2.3 AmbieNte iNStitUCioNAl DA ArbitrAgem ComerCiAl iNterNACioNAl

o incremento em número e capacitação das instituições dedicadas à resolução de controvérsias por mecanismos alternativos, como arbitragem e

23 observância e efetividade das normas do Direito do Comércio internacional, da «nova lex mercatoria» são atributos que se destacam no contexto dos contratos internacionais e das arbitragens comerciais internacionais. quanto aos contratos, esses atributos dizem respeito ao cumprimento e preservação das obrigações, boa-fé, previsibilidade e segurança, Na arbitragem, por seu turno, eles se justificam no respeito às cláusulas compromissórias e sua exequibilidade, assegurando que as partes prossigam quanto ao objetivo de arbitrar os litígios entre elas manifestado; e também na expectativa desejável de reconhecimento das decisões arbitrais nos sistemas domésticos. essa, aliás, representa uma pretensão universal materializada pelo regime da Convenção de Nova iorque de 1958, e hoje consagrada, a nosso ver, como princípio geral do Direito internacional Privado em matéria de reconhecimento e execução de sentenças estran-geiras. essa, aliás, representa uma pretensão universal materializada pelo regime da Convenção de Nova iorque de 1958, e hoje consagrada, a nosso ver, como princípio geral do Direito internacional Privado em matéria de reconhecimento e execução de sentenças estrangeiras. Sobre isso, cf. Polido, Fabrício. Direito processual internacional e o contencioso internacional privado. Curitiba: Juruá, 2013, p. 110 e ss.

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mediação, são fatores que acompanharam a elevação dos negócios internacio-nais, particularmente contratos internacionais do comércio nas décadas que sucederam o fim da Segunda Guerra Mundial e a consequente abertura dos mercados domésticos dos países do ocidente.

o cenário contextual examinado por berthold GoldMan,24 na década de 1960, refletia-se justamente na expectativa da comunidade de empresários internacionais de consolidar instâncias substantivas e processuais (conten-ciosas) específicas para um determinado domínio – o domínio do comércio internacional. A partir da intensificação das relações econômicas entre Estados e do aumento do volume e fluxo dos negócios transfronteiriços, acompanhou a arbitragem comercial internacional vertiginosa transformação e profissio-nalização. Não seria exagero, portanto, afirmar que dentro da disciplina do Direito do Comércio internacional, as arbitragens comerciais internacionais já constituem capítulo à parte e, como tais, têm sido tratadas pela literatura especializada como domínio próprio – o da comunidade arbitral internacional.

o caráter institucional dos mecanismos de resolução alternativa de lití-gios por meio de arbitragem está centrado, como visto no Capítulo 1, nos centros e câmaras especializadas, cujas atribuições e competências essenciais são, fundamentalmente, o gerenciamento, acompanhamento e secretariado dos casos/litígios/disputas submetidas a determinado tribunal arbitral ou corpo de árbitros.25 essas atribuições são estabelecidas pelos «regulamentos de arbitragem», que integram categoria autônoma das fontes normativas da arbitragem comercial internacional.

É importante observar que as câmaras e centros de arbitragem oferecem serviços às partes litigantes, indivíduos e empresas, e por tal natureza, estão vinculadas, igualmente, não apenas às normas estabelecidas em seus respec-tivos regulamentos, como também ao direito do estado no qual tenham sede ou estabelecimento (e.g. normas aplicáveis a contratos de prestação de serviços, responsabilidade civil etc.).

Desde a criação das primeiras entidades dedicadas à arbitragem comer-cial no início da década de 1920, os regulamentos tornaram-se uma das mais importantes expressões concretas da regulamentação normativa dos procedimentos e instituições da arbitragem internacional.26 eles têm sido, ao longo do desenvolvimento do Direito do Comércio internacional, elaborados, adotados e revisados, atualizados e transformados em função de demandas e

24 «Frontières du droit et lex mercatoria», cit., p. 177 e ss.25 Nessa linha, ver Capítulos 5, 6 e 7 da presente obra, p. 161, 197 e 249, respectivamente. 26 reforçando essa tese, cf. Charles caraBiBer, «le développement de l’arbitrage sous les auspices des grands centres d’arbitrage», cit., p. 457 e ss.

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necessidades dos principais interessados – partes, empresas e os centros de arbitragem.

em geral, como descrevem Born,27 redFern e hunter,28 os regula-mentos dos centros de arbitragem estabelecem, positivamente, o conjunto de normas – princípios e regras – aplicáveis aos procedimentos arbitrais a serem observados na solução dos litígios entre as partes, de acordo com o consenso por elas manifestado (i.e. o de se submeter à arbitragem segundo as regras e procedimentos de uma determinada instituição arbitral). essas normas, de origem institucional – porquanto estejam revestidas das próprias competên-cias e atribuições dos centros e câmaras – estabelecem o arcabouço proces-sual básico para desenvolvimento da arbitragem, dentre as quais destacam-se normas aplicáveis às seguintes matérias:

i) instituição da arbitragem e organização do cronograma a ser eventual-mente observado pelas partes e árbitros no curso do procedimento;

ii) escolha de árbitros pelo centro ou câmara em determinados litígios/controvérsias (e.g. quando o centro atua como autoridade designadora dos árbitros ou do tribunal);

iii) solução de questões variadas, como impugnação de árbitros; indicação da sede da arbitragem; pagamento de custas dos árbitros; e, em algumas situ-ações, o controle formal das sentenças arbitrais proferidas pelos árbitros ou tribunal arbitral a fim de reduzir qualquer risco de inexequibilidade do laudo em virtude de inobservância de requisitos formais (e.g. caso da Corte interna-cional de Arbitragem da CCi);

iv) funcionamento do corpo de secretários (dependendo do tamanho da instituição) e de órgãos de direção e decisão em matérias administrativas e regulamentares (como presidência e diretorias).

Paralelamente ao crescimento do número de litígios comerciais interna-cionais envolvendo empresas, fundamentalmente, no desenvolvimento histó-rico do Direito do Comércio internacional, houve fortalecimento do papel dos centros e câmaras de arbitragem, especialmente pelo aumento dos proce-dimentos arbitrais instaurados e de outras modalidades de ADrs. também houve uma expansão qualitativa da atuação dessas instituições.29

27 International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 10-11.28 BlacKaBy, Nigel e Partasides, Constantine, Redfern and Hunter on International Arbitration, 5. ed., cit., p. 53 e ss. («The rules of the arbitral institutions tend to follow a broadly similar pattern. They are formulated for arbitrations that are to be administered by the institution concerned; and they are usually incorporated into the main contract between the parties by means of an arbitration clause»).29 BlacKaBy, Nigel e Partasides, Constantine, Redfern and Hunter on International Arbitration, 5. ed., cit., p. 55 e ss.

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também é verdade que, nas últimas décadas, centros e entidades dedi-cados à arbitragem comercial acompanharam a ampliação de suas competên-cias procedimentais, materializadas na constante frequência de revisão e adap-tação dos regulamentos. Esse movimento tem se justificado para disciplinar certas matérias tipicamente concebidas na prática dos grandes contenciosos empresariais em escala transnacional, como por exemplo:

i) procedimento em arbitragens envolvendo pluralidades de contratos internacionais; contratos internacionais complexos; pluralidade de partes ou partes múltiplas (litisconsórcio ativo e passivo – multiparty arbitrations) e participação de terceiros;30

ii) nomeação de árbitros de emergência para concessão de cautelares arbi-trais antes da instauração da arbitragem;31

iii) fases e mecanismos procedimentais na arbitragem relativos a pedidos de cooperação pelos tribunais arbitrais aos tribunais estatais («juízes de apoio»);

iv) administração de litígios decorrentes de tratados de investimentos e acordos de livre comércio; e

v) simplificação de certos mecanismos para solução dos litígios, a partir de procedimentos expeditos ou procedimentos arbitrais especialmente concebidos para determinadas áreas do comércio (commodities, seguros, engenharia etc.).

Da mesma forma, centros e câmaras de arbitragem passaram por verda-deira ampliação de competências materiais, i.e., a intensa especialização profissional e legal em determinados segmentos (clusters) do comércio inter-nacional, em particular quanto à natureza do litígio e contornos dos contratos envolvidos e dos valores em causa.

esse aspecto se manifesta, por exemplo, nas seguintes áreas: (i) compra e venda de mercadorias agrícolas; (ii) compra e venda de minérios e aço; (iii) aquisição de aeronaves e embarcações; (iv) financiamento e leasing de aero-

30 Procedimentos arbitrais envolvendo múltiplas partes, atualmente consolidados como prática já conhecida pelos tribunais Arbitrais, têm sido endereçados, previamente, em cláusulas compromissórias e nos termos de instituição de arbitragem. Na verdade, as arbitragens de múltiplas partes permanecem instrumentalizadas pelo princípio da autonomia das partes, como bem analisado por okuma KazutaKe («Party Autonomy in international Commercial Arbitration: Consolidation of multiparty and Classwide Arbitration», Annual Survey of International & Comparative Law, vol. 9, 2003, p. 189 e ss.), formando mais uma das várias manifestações da arbitragem comercial internacional. tecnicamente, é importante observar que o Artigo 8.1 do regulamento da CCi de 2012 estabelece limites à integração de novas demandas ao contencioso arbitral envolvendo múltiplas partes após a assinatura ou aprovação da Ata de missão pela Corte. A nosso ver, trata-se de regra que busca evitar a desestabilização do objeto do litígio submetido à arbitragem, com restrita intervenção do árbitro ou tribunal arbitral quanto à admissão de novas demandas. Particularmente, também é mecanismo que impede o desvirtuamento do contencioso arbitral.31 ex. Artigo 29 do regulamento da CCi e seu Apêndice V.

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naves; (v) construção e engenharia; (vi) patrocínio, financiamento e gestão de eventos desportivos; (vii) propriedade intelectual e tecnologias da informação; (viii) transferência de tecnologias; (ix) seguros; (x) financiamentos bancários; (xi) exploração de petróleo e derivados; (xii) fornecimento de energia; (xiii) operações societárias: m&A e acordos de acionistas; (xiv) joint ventures; (xv) garantias contratuais fundadas em propriedade intelectual e procedimentos falimentares.

É possível, assim, constatar que o próprio desenvolvimento dos instru-mentos do comércio internacional, particularmente no Pós-guerra, ao lado da adoção do Acordo gAtt 47 (e, futuramente, a criação da organização mundial do Comércio em 1994), também esteve embasado no aperfeiçoa-mento das arbitragens comerciais internacionais. A conformação institucional dos mecanismos de solução de litígios transnacionais, a partir da emergência e consolidação dos centros e câmaras de arbitragem, é uma das principais expressões nessa direção.

os próximos itens analisam – de modo descritivo e ilustrativo – algumas dessas importantes instituições.

2.3.1 Corte Internacional de Arbitragem da CCI

Criada em 1923, em Paris, a Corte internacional de Arbitragem da CCi é uma das mais antigas instituições dedicadas à arbitragem privada transnacional e mais prestigiadas no segmento empresarial em nível global.32 É importante destacar que a Corte não é um tribunal em sentido estrito, nem parte integrante de um sistema judicial.33 ela é uma entidade que administra procedimentos arbitrais, vale dizer, procedimentos que conduzem a resolução de litígios por árbitros ou tribunais arbitrais. A Corte internacional de Arbitragem da CCi, portanto, tem competências de gerenciamento de arbitragens, nos termos de seus regulamentos internos.

Como tantas outras instituições arbitrais, a CiA-CCi conta com um corpo de árbitros de várias nacionalidades e formações no campo do Direito, além de uma Secretaria permanente, que mantém um corpo de funcionários adminis-

32 Sobre isso, cf. Born, International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 12-13.33 Cf. gary Born, International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 12-13, assim esclarecendo: «The ICC’s International Court of Arbitration is responsible for most significant administrative decisions in ICC arbitrations. The ICC Court is not, in fact, a “court,” and does not itself decide substantive legal disputes or act as an arbitrator. Rather, the ICC Court acts in a supervisory and appointing capacity under the ICC Rules». tradução livre: «A Corte interna-cional de Arbitragem da CCi é responsável pela maior parte das decisões administrativas em arbitragens CCi. A Corte não é, de fato, uma “corte”, e não decide controvérsias substantivas nem age como árbitro. Pelo contrário, a Corte atua em seus poderes de supervisão e nomeação (de árbitros), segundo normas do regulamento de Arbitragem».

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trativos. A última versão do regulamento de Arbitragem da CCi é de 2012,34 tendo entrado em vigor em 1.º de janeiro de 2013. Portanto é o regulamento aplicável para novos procedimentos a serem iniciados ou instaurados pelas partes em controvérsia na atualidade.

Ainda no campo da arbitragem comercial internacional, a Corte inter-nacional de Arbitragem da CCi apresenta certas características e atributos funcionais diferenciados, com base na disciplina consolidada ao longo de décadas por suas regras de funcionamento e regulamentos de arbitragens. Dentre eles, destacam-se os seguintes:

«(i) mecanismo controle prévio (ex ante) das sentenças arbitrais. A Corte internacional de Arbitragem da CCi atua diretamente na tarefa de aprovar as sentenças proferidas de acordo com o regulamento, sem afetar a liberdade dos árbitros, podendo chamar-lhes a atenção para certos aspectos materiais. trata--se de uma espécie de mecanismo de escrutínio institucional para assegurar que os laudos arbitrais atendam a todos os requisitos mínimos de prolação (exame de forma), tornando-os menos propensos à impugnação pelas partes e anulação pelos tribunais nacionais;35

(ii) celebração da «Ata de Missão» (Terms of Reference): documento que especifica a lista contendo o resumo ou síntese dos argumentos e pedidos submetidos à arbitragem; a identidade das partes; o local em que a arbitragem é conduzida; normas aplicáveis; e outras informações relativas à produção de provas e cronograma do procedimento.36 Do ponto de vista prático, trata-se de instrumento textual que assegura às partes litigantes uma espécie de marco delimitador do objeto do contencioso e de como ele se desenvolverá. isso porque cada uma delas saberá, desde o início do procedimento, quais os parâ-metros de condução da arbitragem pelo tribunal;37

(iii) gestão de procedimentos arbitrais por membros da Secretaria com formação jurídica. os integrantes da Secretaria da Corte internacional de Arbitragem encarregados da administração dos casos são advogados, com prática precedente no campo da solução de controvérsias e com fluência em diversos idiomas de condução das arbitragens. Ainda que a sede da CiA-CCi

34 iCC rules of Arbitration of 2012. Disponível em: http://www.iccwbo.org/Products-and-Services/Arbitration-and-ADr/Arbitration/iCC-rules-of-Arbitration/.35 Cf. Artigos 33-35 do Novo regulamento de Arbitragem da CCi de 2012. Na própria concepção da CCi, o controle ex ante das sentenças arbitrais seria uma forma de conferir proteção às partes (um nível adicional de proteção), pois aquelas não são objeto de revisão, como seriam as sentenças judiciais em duplo grau de jurisdição. enquanto mecanismo institucional previsto no regulamento de Arbitragem da CCi, é provável que o controle desempenhado pela Corte também seja um dos atrativos para as empresas atuantes no comércio internacional, como mesmo indicador de confiança no tratamento dos litígios privados transnacionais. 36 Cf. Artigo 23 do regulamento de Arbitragem da CCi. 37 Cf. Moses, margaret, The Principles and Practice of International Commercial Arbitration, 2. ed., New York: Cambridge, 2012, p. 11.

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72 arbitragem comercial

esteja localizada em Paris, sua Secretaria monitora, organiza e administra os procedimentos arbitrais em escala global.»

recentes indicadores quantitativos apontam para substancial aporte dos casos submetidos à arbitragem comercial internacional conduzida pela CCi. Desde a criação em da Câmara e das primeiras atividades relativas à resolução de litígios arbitrais, foram mais de 17.000 casos. em 2010, a Corte contabi-lizou 793 casos, envolvendo 2.145 partes de 140 países.38 em 2011, foram apresentados 796 casos, envolvendo 2.293 partes de 139 países. Alguns outros interessantes números:

Litígios envolvendo empresas e entes da Administração Pública e/ou terceiro sector: em 10,2% dos casos, pelo menos uma das partes era entidade estatal, pública ou paraestatal;

Sede da arbitragem: em 63 países diferentes em todo o mundo;Nacionalidade dos árbitros: 78 nacionalidades diferentes, entre árbitros

nomeados nos procedimentos ou confirmados sob as regras do Regulamento de Arbitragem da CCi;

Valores em arbitragem: Apenas em 22,7% dos casos, o valor em disputa não excedeu um milhão de dólares.

Laudos arbitrais: 508 laudos arbitrais proferidos (2011).

2.3.2 London Court of International Arbitration (LCIA)

Criada originalmente em 1892 como «Câmara de Arbitragem da Cidade de londres», a Corte de Arbitragem internacional de londres também se destaca no ambiente da arbitragem institucional internacional, conduzindo e administrando procedimentos entre partes de diferentes nacionalidades. trata-se, sem dúvidas, da mais antiga instituição arbitral conhecida, pois a CiA-CCi somente iniciou suas atividades no campo da resolução de litígios privados após sua fundação em 1923.39

A lCiA também não é um tribunal, nem está integrada a determinado sistema judicial doméstico. ela é composta de 35 (trinta e cinco)membros

38 Cf. «relatório de estatísticas» no Boletín de la Corte Internacional de Arbitraje de la CCI vol. 22/n.1 (2011): Litígios envolvendo empresas e entes da Administração Pública e/ou terceiro sector: em 10% dos casos, pelo menos uma das partes era entidade estatal, pública ou paraestatal; Sede da arbitragem: em 53 países diferentes em todo o mundo; Nacionalidade dos árbitros: 73 nacionalidades diferentes, entre árbitros nomeados nos procedimentos ou confirmados sob as regras do Regulamento de Arbitragem; Valores em arbitragem: em 24,1% dos casos, o valor em disputa não excedeu um milhão de dólares; Laudos arbitrais proferidos: 479 (2010).39 Segundo o Prof. gary Born, International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 14, a lCiA tem se esforçado, nos últimos anos, a superar as percepções e impressões de que seria exclusivamente uma instituição inglesa, apesar de claramente estar identificada a estilo próprio (inglês) em relação à abordagem processual e redação dos laudos.

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73Fabrício bertini Pasquot Polido

escolhidos com base na representação proporcional entre especialistas em arbitragem comercial (seis deles necessariamente de nacionalidade do reino Unido). Como pessoa jurídica de direito privado constituída sob as leis inglesas, a lCiA tem poderes autônomos para disciplinar os procedimentos arbitrais administrados sob seus órgãos e aplicar as regras de seu regulamento de Arbitragem.

os dispositivos do regulamento de Arbitragem da lCiA («lCiA rules») atualmente em vigor (1998)40 estabelecem a competência da Corte de indicar os árbitros dos tribunais a serem constituídos nos procedimentos;41 decidir sobre casos questionando a indicação, além de controlar os custos implicados nas arbitragens.42

A Secretaria da LCIA, com competências administrativas, é chefiada por uma espécie de Secretário-escrivão, e encontra-se sediada no International Dispute Resolution Centre (iDrC) de londres. Sua função principal é a de gerenciar e monitorar as arbitragens em curso, com significativa flexibilidade de acordo com as normas do regulamento de Arbitragem.43 As atribuições administrativas da Secretaria não se restringem à condução da arbitragem apenas, ou de outras modalidades de mecanismos alternativos de solução de litígios (como a mediação ou outros serviços de resolução de litígios). também desempenha atividades de monitoramento e administração de casos submetidos à arbitragens ad hoc regidas segundo as regras da Uncitral, inclu-sive com oferta de locais para a realização das audiências.

Diferentemente de muitos regulamentos de arbitragem institucional, as regras da lCiA buscam detalhar certos aspectos dos poderes dos árbitros em um tribunal arbitral constituído, como, por exemplo, o de ordenar a produção de provas e a constituição de garantias bancárias, destinadas a assegurar a valores pecuniários que serão objeto de indenização pela parte sucumbente, relativos a honorários e custas de advogados.44

40 lCiA Arbitration rules, effective as of 1 January 1998. Disponível on-line em: http://www.lcia.org/Dispute_resolution_Services/lCiA_Arbitration_rules.aspx.41 Arts. 5.3, 5.4 e 5.5 do regulamento de Arbitragem da lCiA. Segundo os Artigos 1.1(e) e 2.2.(d) do regulamento, as partes, tanto no requerimento de instituição de arbitragem (se reclamante) como na reposta (se demandada), poderão indicar os árbitros para um tribunal, caso não tenham previamente estabelecido que a arbitragem seja conduzida por árbitro único. Pelo artigo 5.5, a Corte, individualmente, também tem poderes para indicar árbitros, mas sempre observando o método ou os critérios para a seleção já acordado entre as partes.42 Art. 28.1 do regulamento de Arbitragem da lCiA. 43 informações em http://www.lcia.org/lCiA/organisation.aspx (com referência à seguinte passagem: «Every case is monitored, but the level of administrative support adapts to the needs and wishes of the parties and the tribunal, and to the circumstances of each case»).44 Favoravelmente a essa análise, cf. Born, gary, International commercial arbitration, vol. 1, p. 14-15.

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74 arbitragem comercial

estatísticas recentes da lCiA apontam para relativa oscilação no número total de casos submetidos à arbitragem segundo as regras de seu regulamento. entre 2009 e 2010, houve um aumento de 9% sobre biênio anterior. em 2011, especificamente, 224 casos foram submetidos à instituição, com uma redução de 9% no número de arbitragens entre 2009 e 2011.45 No ano seguinte, 265 casos foram levados à lCiA, representando um acréscimo de 18,3%, se comparado ao mesmo período em 2011. De acordo com dados da Secre-taria, permanece diversificada a natureza dos litígios arbitrados: contratos de exploração de petróleo e gás; operações de venda de mercadorias e de ativos empresariais; joint ventures; construção, engenharia e projetos de infraes-trutura; contratos envolvendo agentes das telecomunicações, empréstimos e outros contratos financeiros; seguros; contratos de consultoria e prestação de serviços; comercialização de emissões de carbono e leasing de aeronaves.46

A lCiA vem expandindo, nos últimos anos, suas atividades para outras regiões, considerando a crescente participação de empresas sediadas em países integrantes de organizações regionais e acordos de livre-comércio, sobretudo na Ásia e oriente médio, tais como os exemplos oferecidos pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), o Conselho para a Unidade econô-mica Árabe (CUeA). Assim, foram constituídas novas entidades, como a lCiA Índia, sediada em Nova Delhi, e a DiFC-lCiA Arbitration Center em Dubai.47

2.3.3 International Center for Dispute resolution – American Arbitra-tion Association (AAA)

em 1996 foi criado, sob os auspícios da Associação Americana de Arbitragem – AAA48 – o Centro internacional para resolução de Disputas (iCDr), com o objetivo de expandir os serviços daquela organização na área da arbitragem comercial internacional.

45 Cf. lCiA, Director general’s report 2011, p. 2. Disponível em: http://www.lcia.org/lCiA/Casework_report.aspx (último acesso em 30.06.2013).46 lCiA, registrar’s report 2012. Disponível em: http://www.lcia.org/lCiA/Casework_report.aspx (último acesso em 30.06.2013).47 Cf. informações em http://www.lcia.org/lCiA/overseas.aspx (último acesso em 30.06.2013).48 A AAA foi criada em 1926 (três anos após a iCC), com sede em Nova York, e possui mais de 40 escritórios regionais em todo os estados Unidos, revelando-se como a mais importante instituição arbitral naquele país. Segundo informações da entidade, ela administra mais de 60.000 arbitragens ou outras formas de resolução alternativa de disputas a cada ano, em diferentes segmentos da indústria. gary Born, International commercial arbitration, vol. 1, cit., p. 14, observa, contudo, que apenas poucos dos litígios submetidos à arbitragem AAA são genuinamente «internacionais», e assim comenta: «Embora seus métodos para a identificação de controvérsias “internacionais” sejam muitas vezes questionados, a AAA reivindica uma quantidade de casos de cerca 400 internacionais por ano»).

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75Fabrício bertini Pasquot Polido

A exemplo das atribuições de outras instituições arbitrais, como a Corte internacional de Arbitragem da CCi e a london Court of international Arbi-tration, o iCDr conta com um corpo administrativo para gerenciar procedi-mentos arbitrais, promover o controle de custas relativas à arbitragem, ofere-cendo igualmente uma lista de aproximadamente 650 árbitros especializados. As regras para solução de litígios privados por arbitragem segundo o iCDr integram o regulamento de 2009,49 o qual parece dar forma a um dos proce-dimentos mais flexíveis para condução de arbitragens em litígios comerciais transnacionais.

Segundo o regulamento, o iCDr atual como administrador da arbi-tragem, dotado de funções de gestão e controle dos procedimentos arbitrais ali instituídos, além de intermediar os contatos entre as partes – requerentes e requeridos – nas arbitragens.50 Nos últimos anos, a instituição veio experi-mentando significativo crescimento no número de litígios internacionais apre-sentados, alcançando, em 2010, a cifra de 888 casos submetidos à arbitragem, em distintos segmentos do comércio internacional. esse número representaria aumento de 6% sobre 2009 e 26% em relação a 2008.51 o Centro publicou estatísticas mais recentes, que apontam para 994 casos submetidos em, 2011, com incremento de 12% em relação à 2010.52

o iCDr tem ampliado, igualmente, a cooperação com outras instituições arbitrais, em particular na América latina, Ásia e oriente médio, com olhos justamente nos mercados emergentes.53

2.3.4 outras instituições dedicadas à arbitragem comercial interna-cional

As últimas cinco décadas foram marcadas pelo intenso engajamento de associações de direito privado voltadas para proteção de interesses de comerciantes internacionais e outros sujeitos no contexto de regulamentação do comércio em escala transnacional, concorrendo com a criação de centros de arbitragem e solução negocial de controvérsias entre particulares. Assim, consolidou-se simultaneamente uma série de centros de arbitragem intensa-

49 iCDr, International Dispute Resolution Procedures: Including Mediation and Arbitration Rules, amended and effective as of June 1, 2009, and fee schedule amended and effective as of June 1, 2010. Disponível em http://www.adr.org/aaa/faces/aoe/icdr.50 Cf. Arts. 1(c), iCDr rules. 51 ICDR International Arbitration Reporter, issue i, p. 3.52 Cf. material veiculado em iCDr, International Centre for Dispute Resolution Achieves Significant Caseload Increase for 2011, 1st march 2012. Disponível em http://www.adr.org/aaa/ShowProperty?nodeId=/UCM/ADRSTG_014036&revision=latestreleased.53 informações institucionais em http://www.adr.org/aaa/faces/aoe/icdr.

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76 arbitragem comercial

mente atuantes na solução de litígios privados, tanto de natureza doméstica como internacional.

Alguns deles merecem destaque, no presente Capítulo, como o instituto de Arbitragem da Câmara de Comércio de estocolmo;54 a Corte europeia de Arbitragem, em estrasburgo;55 instituto Alemão de Arbitragem (DiS);56 instituto de Arbitragem dos Países baixos (NAi);57 o Centro internacional de Arbitragem de Viena (ViAC); Centro de Arbitragem internacional de Cingapura (SiAC);58 e a Comissão de Arbitragem econômica e Comercial internacional da China (Cietac). todas elas vêm ganhando enorme destaque nos últimos anos, sobretudo pelas modificações em seus regulamentos e no ambiente menos desfavorável para arbitragens envolvendo partes chinesas.

em outros casos, organizações internacionais e agências especializadas das Nações Unidas têm se dedicado a estabelecer mecanismos de solução de litígios privados, como exemplifica o Centro de Arbitragem e Mediação da organização mundial da Propriedade intelectual. A omPi adotou regula-mentos de arbitragem para resolução de conflitos envolvendo áreas das novas tecnologias de informação, mídias digitais e direitos de propriedade intelec-tual.59

organizações não-governamentais envolvendo interesses de empresas atuantes em determinados segmentos do comércio internacional também têm especializado serviços de arbitragem para solução de litígios privados, como, por exemplo: (i) a grain and Feed trade Association – gAFtA, de londres;60 (ii) international Cotton Association limited, em liverpool; (iii) Corte de Arbitragem da bolsa de mercadorias de Viena;61 (iv) london mari-time Arbitration Association – lmAA; (v) Federation of oils, Seeds and Fats Association – Fosfa; e (vi) london metal exchange (lme).

2.3.5 CAm-CCBC e a experiência da arbitragem comercial internacional

o Centro de Arbitragem e mediação da Câmara de Comércio brasil--Canadá foi criado em 1979 por um grupo de advogados e de professores ligados à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, com o objetivo de difundir a cultura da arbitragem no brasil, sobretudo como internacional-

54 Arbitration institute of the Stockholm Chamber of Commerce: http://www.sccinstitute.com.55 european Court of Arbitration: http://cour-europe-arbitrage.org.56 Deutsche institution für Schiedsgerichtsbarkeit: http://www.dis-arb.de/de/.57 Netherlands Arbitrage instiute: http://www.nai-nl.org.58 Singapore international Arbitration Centre: http://www.siac.org.sg/.59 WiPo Arbitration and mediation Center: http://www.wipo.int/amc/en/.60 http://www.gafta.com/arbitration.61 Court of Arbitration of the Vienna Commodity exchange: http://en.wienerborse.at/.

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RefeRências BiBliogRáficas

e MateRial de apoio

coletânea da academia da Haia de direito internacional – Recueil des Cours

Balladore Pallieri, Giorgio, 1935: «L’arbitrage privé dans les rapports internatio-naux». Recueil des Cours, vol. 51, p. 287-403.

Borel, Eugène, 1935: «Les voies de recours contre les sentences arbitrales». Recueil des Cours, vol. 52, p. 1-104.

CaraBiBer, Charles, 1950: «L’arbitrage international entre gouvernements et particu-liers». Recueil des Cours, vol. 76, p. 217-318.

____, 1960: «L’évolution de l’arbitrage commercial international». Recueil des Cours, vol. 99, p. 119-231.

Fadlallah, Ibrahim, 1994: «L’ordre public dans les sentences arbitrales». Recueil des Cours, vol. 249, p. 369-430.

Fernández rozas, José Carlos, 2001: «Le rôle des juridictions étatiques devant l’arbitrage commercial international». Recueil des Cours, vol. 290, p. 8-224.

Gaillard, Emmanuel, 2007: «Aspects philosophiques du droit de l’arbitrage interna-tional». Recueil des Cours, vol. 329, p. 49-216.

Goldman, Berthold, 1963: «Les conflits de lois dans l’arbitrage international de droit privé». Recueil des Cours, vol. 109, p. 347-485.

GriGera naón, Horacio A., 2001: «Choice-of-law problems in international commer-cial arbitration». Recueil des Cours, vol. 289, p. 9-395.

GuGGenheim, Paul, 1932: «Les mesures conservatoires dans la procédure arbitrale et judiciaire». Recueil des Cours, vol. 40, p. 645-793.

hanotiau, Bernard, 2002: «L’arbitralité». Recueil des Cours, vol. 296, p. 25-253.

harCher, Dominique, 1999: «Principes et pratique de procédure dans l’arbitrage, commercial international». Recueil des Cours, vol. 279, p. 51-194.

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Anexos

FONTES DO DIREITO DO

COMÉRCIO INTERNACIONAL E

ARBITRAGEM COMERCIAL INTERNACIONAL

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1

Protocolo relativo a cláusulas de arbitragem, de 24 de setembro de 1923

decreto 21.187, de 22 de marÇo de 1932

Promulga o Protocolo relativo a cláusula de arbitragem, firmado em Genebra a 24 de setembro de 1923.

Parte I

tratados e Convenções

O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil.

Tendo aprovado o Protocolo relativo a cláusula de arbitragem, assinado em Genebra a 24 de setembro de 1923, na Quarta Assembleia da Liga das Nações; e havendo-se efetuado o depósito do instrumento brasileiro de ratificação do dito Protocolo nos arquivos do Secretariado da Liga das Nações, a 5 de fevereiro último.

Decreta que o referido Protocolo, apenso por cópia ao presente decreto, seja executado e cumprido tão inteira-mente como nele se contém.

Rio de Janeiro, 22 de março de 1932, 110.º da Independência e 44.º da Repú-blica.

GETULIO VARGASA. de Mello Franco

Getulio Dornelles Vargas, Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil:

Faço saber aos que a presente Carta de ratificação virem que entre os Estados Unidos do Brasil e vários outros países representados na Quarta Assembleia da Liga das Nações, foi concluído e assinado, pelos seus respectivos plenipotenciários, aos 24 de setembro de 1923, em Genebra, o Protocolo relativo a cláusulas de arbi-tragem, do teor seguinte:

(Tradução oficial)

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Parte II

OutrOs InstrumentOs InternacIOnaIs relatIvOs à arbItragem

1

Lei-ModeLo da CoMissão das Nações UNidas para direito do CoMérCio iNterNaCioNaL (UNCitraL) sobre arbitrageM CoMerCiaL iNterNaCioNaL de 1985, ModifiCada eM 2006

UNITED NATIONS COMMISSION

ON INTERNATIONAL TRADE LAW

UNCITRAL Model Law onInternational Commercial

Arbitration1985

With amendmentsas adopted in 2006

Vienna, 2008

Contents

Resolutions adopted by the General Assembly

General Assembly Resolution 40/72 (11 December 1985)

General Assembly Resolution 61/33 (4 December 2006)

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503Parte II – OutrOs InstrumentOs InternacIOnaIs

part one

UNCITRAL MODEL LAW ON INTERNATIONAL COMMER-CIAL

ARBITRATION Chapter i. general provisions

Article 1. Scope of applicationArticle 2. Definitions and rules of

interpretation Article 2A. International origin and

general principles Article 3. Receipt of written commu-

nications Article 4. Waiver of right to object Article 5. Extent of court intervention Article 6. Court or other authority

for certain functions of arbitration assistance and supervision

Chapter ii. arbitration agreement

Article 7. Option I Definition and form of arbitration agreement

Option II Definition of arbitration agreement

Article 8. Arbitration agreement and substantive claim before court

Article 9. Arbitration agreement and interim measures by court

Chapter iii. Composition of arbitral tribunal

Article 10. Number of arbitrators Article 11. Appointment of arbitrators Article 12. Grounds for challenge Article 13. Challenge procedure Article 14. Failure or impossibility to

act Article 15. Appointment of substitute

arbitrator Chapter iV. Jurisdiction of arbitral tribunal

Article 16. Competence of arbitral tribunal to rule on its jurisdiction

Chapter iV a. interim measures and preliminary orders

Section 1. Interim measures Article 17. Power of arbitral tribunal

to order interim measures Article 17 A. Conditions for granting

interim measures Section 2. Preliminary orders Article 17 B. Applications for prelimi-

nary orders and conditions for granting preliminary orders

Article 17 C. Specific regime for preliminary orders

Section 3. Provisions applicable to interim measures and preliminary orders

Article 17 D. Modification, suspen-sion, termination

Article 17 E. Provision of security Article 17 F. Disclosure Article 17 G. Costs and damages Section 4. Recognition and enforce-

ment of interim measures Article 17 H. Recognition and enforce-

ment Article 17 I. Grounds for refusing

recognition or enforcement Section 5. Court-ordered interim

measures Article 17 J. Court-ordered interim

measures Chapter V. Conduct of arbitral proceedings

Article 18. Equal treatment of parties Article 19. Determination of rules of

procedure Article 20. Place of arbitration

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504 arbitragem comercial – anexos

Article 21. Commencement of arbitral proceedings

Article 22. Language Article 23. Statements of claim and

defence Article 24. Hearings and written

proceedings Article 25. Default of a party Article 26. Expert appointed by

arbitral tribunal Article 27. Court assistance in taking

evidence Chapter VI. Making of award and termination of proceedings

Article 28. Rules applicable to substance of dispute

Article 29. Decision-making by panel of arbitrators

Article 30. Settlement Article 31. Form and contents of

award Article 32. Termination of proceedings Article 33. Correction and interpreta-

tion of award; additional awardChapter VII. Recourse against award

Article 34. Application for setting aside as exclusive recourse against arbitral award

Chapter VIII. Recognition and enforcement of awards

Article 35. Recognition and enforce-ment

Article 36. Grounds for refusing recognition or enforcement

Part Two

EXPLANATORY NOTE BY THE UNCITRAL SECRETARIAT ON THE

MODEL LAW ON INTERNA-TIONAL COMMERCIAL ARBI-TRATION

A. Background to the Model Law 1. Inadequacy of domestic laws 2. Disparity between national laws B. Salient features of the Model Law 1. Special procedural regime for

international commercial arbitration 2. Arbitration agreement 3. Composition of arbitral tribunal 4. Jurisdiction of arbitral tribunal 5. Conduct of arbitral proceedings 6. Making of award and termination

of proceedings 7. Recourse against award 8. Recognition and enforcement of

awards Part Three

“Recommendation regarding the inter-pretation of article II, paragraph 2, and article VII, paragraph 1, of the Convention on the Recognition and

Enforcement of Foreign Arbitral Awards, done in New York, 10 June 1958”, adopted by the United Nations Commission on Interna-tional

Trade Law on 7 July 2006 at its thirty-ninth session

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Parte III

regulamentos InstItucIonaIs, PrIncíPIos, dIretrIzes e códIgos de conduta

1

Regulamento de aRbitRagem da CoRte inteRnaCional de aRbitRagem da CâmaRa de

ComéRCio inteRnaCional (CCi) de 2012

REGULAMENTOS DE ARBITRAGEM E DE ADRCâmara de Comércio Internacional (ICC)

38, Cours Albert 1er, 75008 Paris, Françawww.iccwbo.org© Câmara de Comércio Internacional 2003, 2011

Todos os direitos reservados. Este trabalho coletivo é de iniciativa da Câmara de Comércio Internacional a qual possui todos os direitos assim definidos pelo Código Francês de Propriedade Intelectual. Nenhuma parte desta publicação pode ser repro-duzida ou copiada de qualquer forma ou por qualquer meio, ou traduzida, sem a autorização prévia e por escrito da Câmara de Comércio Internacional.

Os Regulamentos contidos nesta publicação foram traduzidos em muitos idiomas diferentes. Contudo, as versões

nos idiomas inglês e francês são as únicas oficiais.

ICC, o logotipo da ICC, CCI, o logo-tipo da CCI, International Chamber of Commerce (incluindo as traduções em Espanhol, Francês, Português e Chinês), World Business Organisation, International Court of Arbitration, ICC International Court of Arbitration (incluindo as traduções em Espanhol, Francês, Alemão, Arabe e Português) são todas marcas registradas da CCI, registradas em diversos países.

Concepção: Further™

furthercreative.co.uk

Impresso na França em Setembro 2011 por Imprimerie de l’Orangerie, Trappes (78).

Dépôt légal septembre 2011

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Parte IV

LeIs Internas reLatIVas à arbItragem

1

Lei BrasiLeira de arBitragem de 1996

Lei 9.307, de 23 de setemBro de 1996

Dispõe sobre a arbitragem.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Capítulo i

disposições gerais

art. 1.º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbi-tragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

art. 2.º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.

§ 1.º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.

§ 2.º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

Capítulo ii

da Convenção de arbitragem e seus efeitos

art. 3.º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim enten-dida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

art. 4.º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

§ 1.º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.

§ 2.º Nos contratos de adesão, a cláu-sula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir

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Parte V

Minutas de cláusulas coMProMissórias e conVenções de arbitrageM

1

Cláusulas Modelo da lCIa (London Court of InternatIonaL arbItratIon)

future dIsputes

I. Future disputes

for contracting parties who wish to have future disputes referred to arbitration under the LCIa rules, the following clause is recommended. Words/spaces in square brackets should be deleted/completed as appropriate.

“any dispute arising out of or in connection with this contract, including any question regarding its existence, validity or termination, shall be referred to and finally resolved by arbitration under the LCIa rules, which rules are deemed to be incorporated by reference into this clause.

the number of arbitrators shall be [one/three].

the seat, or legal place, of arbitra-tion shall be [City and/or Country].

the language to be used in the arbi-tral proceedings shall be [ ].

the governing law of the contract shall be the substantive law of [ ].”

II. existing disputes

If a dispute has arisen, but there is no agreement between the parties to arbitrate, or if the parties wish to vary a dispute resolution clause to provide for LCIa arbitration, the following clause is recommended. Words/spaces in square brackets should be deleted/completed as appropriate.

“a dispute having arisen between the parties concerning [ ], the parties hereby agree that the dispute shall be referred to and finally resolved by arbi-tration under the LCIa rules.

the number of arbitrators shall be [one/three].

the seat, or legal place, of arbitra-tion shall be [City and/or Country].

the language to be used in the arbi-tral proceedings shall be [ ].

the governing law of the contract [is/shall be] the substantive law of [ ].”

fonte: www.lcia.org/dispute_resolution_services/LCIa_recommended_Clauses.aspx

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174 bibliografia

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Sílvia Bueno de Miranda • Sílvia Cristina Salatino Thiago Alves Ferreira dos Santos • Thiago Rodovalho