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Slides sobre o romatismo.
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2º Ano
Literatura em Língua Portuguesa
1º Bimestre 2009
ARCADISMO
X
ROMANTISMO
ARCADISMO
O pintor francês Watteau é o grande intérprete do refinamento das elites francesas do século XVIII, antes da Revolução. Festas galantes, cenas campestres e referências pastoris constituem o seu universo temático, a exemplo dos textos do Arcadismo
Jardins do Palácio de VersallesParis - França
ARCADISMO
O QUE É?
O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito.
ARCADISMO
CARACTERÍSTICAS
O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.
• Fugere urbem (fuga da cidade) • Locus amoenus (lugar aprazível, ameno) • Aurea Mediocritas (mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas focalizadas pela razão) • Inutilia truncat (cortar o inútil - eliminar o rebuscamento barroco) • Neoclassicismo • Pseudônimos pastoris (fingimento poético para não revelar sua autoridade) • Carpe diem (aproveite o dia)
ARCADISMO
CARACTERÍSTICAS
RECREIOS CAMPESTRES NA COMPANHIA DE MARÍLIA
“OLHA MARÍLIA, AS FLAUTAS DOS PASTORESQUE BEM QUE SOAM, COMO ESTÃO CADENTES!OLHA O TEJO A SORRIR-SE! OLHA, NÃO SENTESOS ZÉFIROS BRINCAR POR ENTRE AS FLORES?
VÊ COMO ALI BEIJANDO-SE OS AMORESINCITAM NOSSOS ÓSCULOS ARDENTES!
EI-LAS DE PLANTA EM PLANTA AS INOCENTES,AS VAGAS BORBOLETAS DE MIL CORES!
NAQUELE ARBUSTO O ROUXINOL SUSPIRA,ORA NAS FOLHAS A ABELHINHA PÁRA,ORA NOS ARES SUSSURRANDO GIRA:
QUE ALEGRE CAMPO! QUE MANHÃ TÃO CLARA!MAS AH! TUDO O QUE VÊS, SE EU TE NÃO VIRA,MAIS TRISTEZA QUE A MORTE ME CAUSARA.”
MANUEL BOCAGE
ROMANTISMO
ROMANTISMO
O QUE É?
O ROMANTISMO SURGIU APÓS A REVOLUÇÃO FRANCESA E INFLUENCIOU O SÉCULO XIX.
ROMPENDO COM A POSTURA RACIONAL DA ESTÉTICA ÁRCADE, O MOVIMENTO INTERPRETA A REALIDADE PELO FILTRO DA EMOÇÃO. COMBINADA À ORIGINALIDADE E AO SUBJETIVISMO, A EXPRESSÃO DOS SENTIMENTOS DEFINE O PRINCÍPIOS DESSA PRODUÇÃO ARTÍTICA.
A ESTÉTICA ROMÂNTICA SUBSTITUI A EXALTAÇÃO DA NOBREZA PELA VALORIZAÇÃO DO INDIVÍDUO E DE SEU CARÁTER.
POUCO A POUCO, OS VALORES BURGUESES VÃO SENDO APRESENTADOS COMO MODELOS DE COMPORTAMENTO SOCIAL NAS OBRAS DE ARTE QUE COMEÇAM A SER PRODUZIDAS.
ROMANTISMO
CARACTERÍSTICAS
Neologismo, linguagem oral. Dicção mais solta e mais compatível com o gosto e o entendimento da burguesia e do povo.
Individualismo, imposição do "eu". Busca de aspectos selvagens da vida, como a paixão, a loucura, o ímpeto de revolucionar, o tédio, a morbidez.
Ruptura com a disciplina clássica. Formas fixas abandonadas misturando gêneros e formas. A epopéia é substituída pelo romance histórico. Preferência pelo conto, pela novela e pelo romance. No teatro, a tragédia e a comédia são substituídas pelo drama.
Predomínio da emoção. A freqüência do uso de recursos expressivos, como interjeições, pontos de exclamação, reticências, dupla pontuação e apóstrofes violentas, mostra a intensidade da emoção, o tumulto interior.
Religiosidade. Sugestões bíblicas e medievais.Idealização da mulher. Idealiza a mulher como anjo ou demônio.Idealismo, insatisfação. Conflito eu x mundo levando ao desejo de
evasão, vindo a morbidez, o tédio, o negativismo, o culto da solidão, o saudosismo, o gosto pelas ruínas.
Nacionalismo. Valorização do passado histórico (heróis reais ou lendários), da cultura local.
ROMANTISMO
CARACTERÍSTICAS
TRONCO DESPIDO
QUAL TRONCO DESPIDO DE FOLHA E DE FLORES, DOS VENTOS BATIDO NO INVERNO GELADO DE ARDENTES QUEIMORES NO ESTIO ABRASADO, DE NADA SENTIDO, QUE NADA ELE SENTE... ASSIM AO PRAZER, À DOR INDIF'RENTE, VÃO-ME AS HORAS DA VIDA COMPRIDA CORRENDO, VIVENDO, SE É VIDA TAM TRISTE VIVER.
ALMEIDA GARRET
Estética clássica
Classe dominante : NOBREZA
As obras clássicas são povoadas por deuses, soberanos nobres, seres superiores, capazes de ações incomuns e maravilhosas.
Os herois clássicos geralmente pertencem a um mundo bem diferente do cotidiano.
Estética romântica
Classe dominante: BURGUESIA
As obras românticas são habitadas por mortais comuns. São jovens de classe média ou popular, que amam, odeiam, lutam para subir na vida.
Os herois romanescos podem ser deficientes físicos, marginais, doentes, viciados, bem reais.
Estética clássica
Condicionamento e objetivismo
O escritor clássico segue padrões pré-estabelecidos: formas e temas tradicionais do gênero lírico, forma fixa na epopéia, herois que representam valores sociais (Ulisses, Aquiles, Enéias).
Além disso, busca um elevado teor de verossimilhança. Procura o caráter universal, válido em qualquer tempo.
Estética romântica
Liberdade de criação e subjetivismo
O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre, adota herois grandiosos, geralmente personagens históricas que foram, de algum modo, infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados (Dante, Tasso, Camões).
Não há obediência à harmonia de formas. O disforme e o feio também podem ser artísticos. A concepção de beleza é relativa.
Estética clássica
Primado da razão
A obra resulta de uma construção por equilíbrio entre as partes, pela moderação, pela racionalidade, pela coerência interna.
Há um policiamento do texto, evitando excessos ou inconveniências.
Estética romântica
Primado do sentimento
A obra resulta da imaginação, da fantasia. Exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido.
Supervalorizam-se o amores, a virgindade, o sentimento nostálgico, o saudosismo, a melancolia, o sonho.
Estética clássica
Contemporaneidade
Representação da vida contemporânea à época do autor. A recorrência ao passado serve somente para captação de modelos, como os da arte greco-romana.
Estética romântica
Historicismo
Evasão no tempo, remetendo à Idade Média, berço das nações européias (medievalismo), ou evasão no espaço, para regiões selvagens, de povos não contaminados pela civilização.
Estética clássica
Otimismo
Concepção tão idealizada da realidade que sempre apresenta o seu lado bom e prazeroso.
Mesmo quando critica a sociedade, o objetivo do autor clássico é corrigir seus defeitos. Há um efeito moralizante na obra.
Estética romântica
Pessimismo
A impossibilidade de realizar o sonho absoluto do “eu” gera a melancolia, a angústia, a busca da solidão, a inquietude, o desespero, a frustração, que levam às vezes ao suicídio, refletindo a evasão na morte, solução definitiva para o mal-do-século.
Estética clássica
Culto ao real
Um dos princípios fundamentais da estética clássica é a verossimilhança.
As ações inventadas são tão vinculadas ao real que é possível dar crédito a elas.
Mesmo quando há episódios mitológicos, os mitos têm características humanas.
Estética romântica
Culto ao fantástico
O mundo romântico abre-se com facilidade para o mistério, para o sobrenatural. Representa com frequência o sonho, a imaginação. O que acontece na obra é impossível de ocorrer na realidade, pois é fruto de pura fantasia: não carece de fundamentação lógica, do uso da razão.
Estética clássica
Culto à cultura
O escritor clássico tem apreço pela tradição cultural, dela recebendo os modelos e as motivações para produzir.
Alimenta-se do passado e dos padrões culturais do presente, valorizando a ideologia vigente.
Estética romântica
Culto à natureza
O escritor romântico é fascinado pela natureza. É atraído pela força da paisagem: altas montanhas, florestas riachos, pássaros.
Privilegia o natural e o puro (idealização do índio)
•Processo crescente de industrialização •Importância da Revolução Francesa •Ascensão da burguesia •Oposição ao clássico •A literatura torna-se mais popular •Desenvolvimento de temas nacionais •Exaltação da natureza pátria •Criação do herói nacional (no Brasil o índio) •Exaltação do passado histórico: culto à Idade Média •Supervalorização das emoções pessoais •Egocentrismo •Fuga da realidade: álcool, doenças, suicídios, mortes.
Painel da época
ROMANTISMO PELO MUNDO:
Inglaterra: Lord Byron, Walter Scott, Mary Schelley
França: Musset, Lamartine, Chateaubriand, Victor Hugo, Alexandre Dumas (Pai), Alexandre Dumas (Filho).
Alemanha: Madame Staël, Goethe, Schiller
EUA: Edgar Allan Poe, Emily Dickinson
ROMANTISMO EM PORTUGAL (1825 a 1865)
Almeida Garrett: O ARCO DE SANT’ANA, CAMÕES, VIAGENS DE MINHA TERRA.
Alexandre Herculano: EURICO, O PRESBÍTERO;
Camilo Castelo Branco: AMOR DE PERDIÇÃO, AMOR DE SALVAÇÃO, O JUDEU.
Júlio Dinis: AS PUPILAS DO SENHOR REITOR, OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA.
João de Deus: CAMPO DE FLORES e CARTILHA MATERNAL.
Antônio Feliciano de Castilho: A NOITE NO CASTELO e CIÚMES DO BARDO.
Soares Passos:O NOIVADO NO SEPULCRO.
ROMANTISMO NO BRASIL (1836 a 1881)
POESIA
PRIMEIRA GERAÇÃO – nacionalista, indianista e religiosa. Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
SEGUNDA GERAÇÃO – marcada pelo “mal do século”, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
TERCEIRA GERAÇÃO – formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão deste grupo é Castro Alves. Há também Sousândrade.
1ª GERAÇÃO1ª GERAÇÃO
NacionalismoNacionalismo
IndianismoIndianismo
• Gonçalves de MagalhãesGonçalves de Magalhães
Suspiros Poéticos e SaudadesSuspiros Poéticos e Saudades
● ● Gonçalves DiasGonçalves Dias
I-Juca PiramaI-Juca Pirama
Canção do ExílioCanção do Exílio
PRIMEIRA GERAÇÃO ESCAPISMO/ INDIANISMO/ NACIONALISMO
• Fuga para um mundo criado à base da imaginação, no qual se idealizavam:
a) o sobrenatural e a religião;
b) o amor e a mulher;
c) a natureza;
d) os lugares exóticos e distantes;
e) o passado (sobretudo o medieval);
f) a pátria;
g) o índio (Brasil).
FASE DE FORMAÇÃO
Grupo fluminense
• Sediado na capital do Império e protegido diretamente pelo próprio Imperador articulou-se em três revistas:
* Niterói*Minerva Brasiliense*Guanabara;
• A este grupo pertencem: Gonçalves de Magalhães, Manuel Araújo Porto Alegre, Joaquim Norberto de Sousa e Silva.
Grupo Maranhense
• Constituído por Sotero dos Reis, João Francisco Lisboa e Odorico Mendes, teve menor projeção. Contudo coube ao maranhense Gonçalves Dias o papel de consolidar o Romantismo identificando-se fortemente com o gosto poético nacional;
• Gonçalves Dias foi autor da primeira obra romântica de êxito- PRIMEIROS CANTOS
( 1846);Estes dois grupos têm em comum
resíduos do Classicismo. Mesmo assim , aproximam-se da nova literatura pelo tema indianista, pela melancolia, pela reabilitação da poesia religiosa
GONÇALVES DE MAGALHÃES( 1811/1882)
• Formou-se em Medicina em 1832, mesmo ano em que editou o volume Poesias;
• Em 1836 publica a revista Niterói, Revista brasiliense e Suspiros Poéticos e Saudades- volume nitidamente romântico;
• É considerado iniciador do Romantismo brasileiro;• Também fazem parte de sua obra: Olgiato( teatro) e A
Confederação dos Tamoios ( poesia épica);• Gonçalves de Magalhães foi apelidado de “ O Romântico
Arrependido”, pois ainda que teorizasse como romântico, propondo a primazia da imaginação, da emoção, continuava escrevendo sob severa disciplina clássica;
Apólogo: O Carro e o Burro Um touro, não amestradoNo exercício de carreiro,Num falso passo que deuPôs o carro no lameiro.
Conhecendo esse embaraço,Procurou sair de modo,Que ao menos salvasse a vida,Visto o carro estar no lodo.(...)Até que um burro já velho,Cheio de louca vaidade,Cuidou ser esse o momentoDe ganhar celebridade.
— A que vás lá? — Disse um dessesQue pastavam por aí:Deixa vir quem disso entenda;Que isso não é para ti. —
O Dia 7 de Setembro, em Paris Longe do belo céu da Pátria minha,Que a mente me acendia,Em tempo mais feliz, em qu'eu cantavaDas palmeiras à sombra os pátrios feitos;Sem mais ouvir o vago som dos bosques,Nem o bramido fúnebre das ondas,Que n'alma me excitavamAltos, sublimes turbilhões de idéias;Com que cântico novoO Dia saudarei da Liberdade?
Ausente do saudoso, pátrio ninho,Em regiões tão mortas,Para mim sem encantos, e atrativos,Gela-se o estro ao peregrino vate.Tu também, que nos trópicos te ostentasFulgurante de luz, e rei dos astros,Tu, oh sol, neste céu teu brilho perdes.(...)
Soneto à Vista dos Belos Quadros do Sr. Manuel de Araújo Porto-Alegre
Que mágico pincel, mimo de Apolo,Com muda locução, com vivas cores,Faz da Pátria passar os DefensoresDesde o pólo do Sul do Norte ao pólo?
Quem tanto esmalta o Brasileiro solo?Estes belos painéis, tão faladoresMais encantos possuem que os AmoresQuando da terna mãe se erguem do colo.
Rafael do Brasil, eu te saúdo.Tu serás entre nós das Belas ArtesUm novo vingador, um forte escudo.
Honra à Pátria não dão feroces Martes,Mas Artistas quais tu! Elmano, eis tudoPorque atroam do mundo as quatro partes.
A Tristeza
Triste sou como o salgueiroSolitário junto ao lago,Que depois da tempestadeMostra dos raios o estrago.De dia e noite sozinhoCausa horror ao caminhante,Que nem mesmo à sombra suaQuer pousar um só instante.Fatal lei da naturezaSecou minha alma e meu rosto;Profundo abismo é meu peitoDe amargura e de desgosto.À ventura tão sonhada,Com que outrora me iludia,Adeus disse, o derradeiro,Té seu nome me angustia.Do mundo já nada espero,Nem sei por que inda vivo!Só a esperança da morteMe causa algum lenitivo.
Adeus à Pátria
Adeus, oh Pátria amada,Terra saudosa, onde eu abri meus olhosPela vez prima ao sol americano;Onde nos braços maternais suspenso,O teu amor co'a vidaNo albor dos anos meus fruí gostoso.Oh margens do Janeiro,Eu me ausento de vós com mágoa e pranto!Adeus, brilhante céu da terra minha!Adeus, oh serras que vinguei difícil!Adeus, sombrias várzeas,Que vezes passeei meditabundo.Adeus, augustas torresDo templo, onde lavei-me do pecado!O som funéreo dos sagrados bronzesAinda vem magoar os meus ouvidos,E n'alma despertar-meTristíssimas, cruéis reminiscências.(...)
Invocação à saudade
Tu, que n'alma te embebes magoada,Melancólica dor, e gota a gotaVertes no coração tóxico acerbo,Que entorpece a existência, e a vida rala!Tu, tirana da ausência, que retratasEm fugitiva sombra, em negro quadroA imagem do passado;Que ao filho sempre a mãe anosa antolhas,A pátria ao peregrino, o amigo ao amigo,O esposo à esposa; e ao malfadado escravo,Que sem futuro pelo mundo vaga,Mostras a liberdade, e o lar paterno;E a cada simulacro que apresentas,Com farpado aguilhão rasgas o peitoDo triste que te sofre;E nos olhos sanguíneos, encovados,Não lágrimas destilas,Mas fel, só atro fel, bárbara, espremes.
Gonçalves Dias( 1823/1864)
• Mestiço, Gonçalves Dias forma-se em Direito com grandes dificuldades;
• Foi o primeiro poeta no Romantismo brasileiro a trazer, em nível artístico e altura épica, as tradições indígenas, personagens, ritos, lendas, ambiências;
• Explorou também o medievalismo com as Sextilhas de Frei Antão e seu lirismo amoroso;
Obras de Gonçalves Dias
• POESIA: Primeiros Cantos (1846), Segundos Cantos (1848), Sextilhas de Frei Antão (1848), Últimos Cantos (1851), Cantos (1857), Os Timbiras (1857);
• TEATRO: Patkull, Beatriz Cenci, Leonor de Mendonça, Boabdil;
• OUTROS GÊNEROS: Meditação (1845/6) - poema em prosa, Dicionário da Língua Tupi (1857), Brasil e Oceania (1852) – memória histórica;
• TRADUÇÃO: A Noiva de Messena (1863);
CARACTERÍSTICAS DA POESIA GONÇALVEANA
• Gonçalves Dias fundamentou as bases de uma poesia brasileira. Consolidou o Romantismo, incorporando à nossa literatura temas e formas que servirão de modelos aos demais períodos...
• A riqueza temática é expressa na multiplicidade de assuntos que versou: poesia indianista, lirismo amoroso, poesia religiosa, poesia saudosista;
• Gonçalves Dias por ter formação clássica, leva e expressa esta herança em seus poemas- disso decorre uma poesia meio-termo entre a rigidez, a sobriedade, o equilíbrio e o derramamento romântico;
• Outro aspecto presente em suas poesias são as expressividades rítmicas e melódicas;
TEMAS CENTRAIS
• POESIA INDIANISTA: O Indianismo expressa um ideal de homem brasileiro. É um índio mítico, lendário, inspirado no bom selvagem. Tem por modelo o cavaleiro medieval-herói, nobre, guerreiro, fiel aos deveres tribais;
• POESIA LÍRICO-AMOROSA: A lírica amorosa de Gonçalves Dias inspira-se no sentimentalismo e numa concepção eminentemente trágica do amor ( amar é chorar, sofrer e morrer);
• A LÍRICA NATURALISTA E SAUDOSISTA: É constante a atitude de contemplação da natureza como manifestação de Deus. A natureza é também refúgio e confidente do poeta, nos momentos de saudade, solidão e desalento.
• Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. De Primeiros cantos (1847)
NACIONALISMO INDIANISTA
Gonçalves Dias
Leito de folhas verdes
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos dos bosques rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre as flores.
Do tamarindo a flor abriu-se há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
Minha Vida e Meus Amores
Mon Dieu, fais que je puisse aimer!
S.Beuve
Quando, no albor da vida, fascinado
Com tanta luz e brilho e pompa e galas,
Vi o mundo sorrir-me esperançoso:
Meu Deus, disse entre mim, oh! Quanto é doce.
Quanto é bela esta vida assim vivida!
Agora, logo, aqui, além, notando
Uma pedra, uma flor, uma lindeza,
Um seixo da corrente, uma conchinha
À beira-mar colhida!
Foi esta a infância minha;
a juventude
Falou-me ao coração:
- amemos, disse,
Porque amar é viver.
I-Juca Pirama (IV)
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Deprecação
Tupã, ó Deus grande! Cobriste o teu rosto
Com denso velame de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!
Tupã, ó Deus grande! Teu rosto descobre:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande mudança.
Anhangá impiedoso nos trouxe de longe
Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.
Se se morre de amor
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração – abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes.
Isso é amor, e desse amor se morre!
Marabá
E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
A quem nas direi?
O ramo d’acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:
Jamais um guerreiro da minha arasóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!
Não me deixes!
Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava...
“Ai, não me deixes, não!”
“Comigo fica ou leva-me contigo
“Dos mares à amplidão,
“Límpido ou turvo, te amarei constante;
“Mas não me deixes, não!”
E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
“Ai, não me deixes, não!”
2ª GERAÇÃO
Segunda GeraçãoByroniana/Indiviadualista/
Mal- do- século/Ultra-Romântica
• Caracteriza-se pela exasperação do subjetivismo; pelo exagero do sentimentalismo, da imaginação;
• A morte, o pessimismo, o tédio à vida; o escapismo através do álcool, da fantasia, do intelectualismo livresco; a saudade, o erotismo idealizado ou reprimido povoam a poesia desses jovens.
• Sentimento de derrota diante da vida (mal-do-século) expresso em:
a) ceticismo;
b) ironia;
c) sarcasmo; d) spleen;
e) satanismo e desejo de morte.
LEMBRANÇA DE MORRER
No more! O never more!SHELLEY
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,Que o espírito enlaça à dor vivente,Não derramem por mim nem uma lágrimaEm pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impuraA flor do vale que adormece ao vento:Não quero que uma nota de alegriaSe cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédioDo deserto o poento caminheiro...Como as horas de um longo pesadeloQue se desfaz ao dobre de um sineiro...
(...)
Álvares de Azevedo
Obras:• Lira dos Vinte Anos;• O Poema do Frade e Conde Lopo;• Macário;• A Noite na Taverna;
“Se eu morresse amanhã viria ao menosFechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreriaSe eu morresse amanhã!”
Características das obras • Idéias íntimas;• A poesia cerebral;• Erotismo- amor se realiza somente no
plano da fantasia;• Os presságios da morte.
“Descansem o meu leito solitárioNa floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:- Foi poeta – sonhou e amou na vida.”
Álvares de AzevedoÁlvares de Azevedo
Colégio Militar de Santa MariaColégio Militar de Santa Maria
Manuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoTrajetória de vida:
nasceu em São Paulo no dia 12
de setembro de 1831
passa a morar no Rio de Janeiro
por toda sua infância
em 1835 acontece a morte de seu
irmão mais novo, o que o deixa
profundamente abalado
em 1847 volta a São Paulo para
estudar Direito, onde ganha fama
por suas produções literárias
adoeceu de tuberculose pulmonar e não
concluiu o curso
foi então, passar um tempo na fazenda
de sua avó, onde pressente a morte e
resolve não voltar a São Paulo
sofreu uma queda de cavalo, o que fez
com que um tumor na fossa ilíaca
piorasse significativamente (o que
geraria o real motivo de sua morte)
Às 17 horas do dia 25 de abril de 1852,
no Rio de Janeiro, Falece Manuel
Antônio Álvares de Azevedo
Colégio Militar de Santa MariaColégio Militar de Santa Maria
Manuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de Azevedo
Escritor da segunda geração
romântica, contista, dramaturgo,
poeta e ensaísta brasileiro.
Influências: Lord Byron, François-
René e Alfred de Musset
Características:
-"binomia“: aproximar extremos
- subjetivismo
- melancolia
- ironia
- forte sarcasmo
Temas comuns:
- Amor: idealizado por virgens misteriosas (nunca reais)
- Busca pela morte: significado de fuga, única maneira de libertação
Colégio Militar de Santa MariaColégio Militar de Santa Maria
Manuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de Azevedo
Obras principais: os contos do livro “Noite na Taverna” (1855)
a peça de teatro “Macário” (1855)
o livro de poesias “Lira dos Vinte Anos” (1853)
dividida em três partes:
1ª e a 3ª da Face Ariel: um poeta ingênuo, casto e inocente
2ª da Face Caliban: poemas irônicos e sarcásticos
O PASTOR MORIBUNDO
CANTIGA DE VIOLA
A existência doloridaCansa em meu peito: eu bem seiQue morrerei...Com tudo da minha vidaPodia alentar -se a florNo teu amor!
Do coração nos refolhosSolta um ai! num teu suspiroEu respiro...Mas fita ao menos teus olhosSobre os meus... eu quero-os verPara morrer!
O PASTOR MORIBUNDO
CANTIGA DE VIOLA
A existência doloridaCansa em meu peito: eu bem seiQue morrerei...Com tudo da minha vidaPodia alentar -se a florNo teu amor!
Do coração nos refolhosSolta um ai! num teu suspiroEu respiro...Mas fita ao menos teus olhosSobre os meus... eu quero-os verPara morrer!
Guarda contigo a violaonde teus olhos cantei...E suspirei!Só a idéia me consolaQue morro como vivi...Morro por ti!
Se um dia tu’alma puraTiver saudades de mim,Meu serafim!Talvez notas de ternuraInspirem o doudo amorDo trovador!
Guarda contigo a violaonde teus olhos cantei...E suspirei!Só a idéia me consolaQue morro como vivi...Morro por ti!
Se um dia tu’alma puraTiver saudades de mim,Meu serafim!Talvez notas de ternuraInspirem o doudo amorDo trovador!
Colégio Militar de Santa MariaColégio Militar de Santa Maria
Poema retirado da primeira parte do livro de poesias:
“Lira dos 20 anos”, de Álvares de Azevedo
Saudades
A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso:
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso!
Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e de esperança!
descansa hoje o coração desbota, esfria,
E do peito no túmulo descansa!
Pálida sombra dos amores santos,
Passa quando eu morrer no meu jazigo;
Ajoelha-te ao luar e canta um pouco,
E lá na morte eu sonharei contigo.!
A minha mãe
És tu, alma divina, essa Madona
Que nos embala na manhã da vida,
Que ao amor indolente se abandona
E beija uma criança adormecida;
No leito solitário é tu quem vela
Trêmulo o coração que a dor anseia,
Nos ais do sofrimento inda mais bela
Pranteando sobre uma alma que pranteia.
E se pálida sonhas na ventura
O afeto virginal, da glória e do brilho,
Dos sonhos no luar, a mente pura
Só delira ambições do teu filho!
Ideias íntimas
XIV
Parece que chorei... Sinto na face
Uma perdida lágrima rolando...
Satã leve a tristeza! Olá meu pajem,
Derrama no meu copo as gotas últimas
Dessa garrafa negra...
Eia! bebamos!
És o sangue do gênio, o puro néctar
Que as almas de poeta diviniza,
O condão que abre o mundo das magias!
Vem, fogosa cognac! É só contigo
Que sinto-me viver. Inda palpito,
Quando os eflúvios dessas gotas áureas
Filtram no sangue meu correndo a vida,
Casimiro José Marques de Abreu 1839/1860
• A saudade da pátria longínqua, da infância, da família, foi-lhe tema constante, na voga já iniciada por Gonçalves de Magalhães e que terá seus melhores momentos em Gonçalves Dias;
• A temática amorosa em que a figura da virgem entre o amor e o medo é constante. É marcada pela sensibilidade espontânea e pulsões eróticas de um estro adolescente.
• Obras: Primaveras, Carolina, Camila, Camões e o Jau.
MEUS OITO ANOS
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O ceu – um manto dourado,
A vida – um hino d’amor!
Amor e Medo
Quando eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
“Meu Deus!, que gelo, que frieza aquela!”
Como te enganas! meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela eu moço; tens amor eu medo!...
Juriti
Na minha terra, no bulir do mato,
A juriti suspira:
E como arrulo dos gentis amores,
São os meus cantos de secretas dores
No chorar da lira.
De tarde a pomba vem gemer sentida
À beira do caminho;
- Talvez perdida na floresta ingente –
A triste geme nessa voz plangente
Saudades do seu ninho.
Sou como a pomba e as vozes dela
É triste o meu cantar;
- Flor dos trópicos – cá na Europa fria
Eu definho, chorando noite e dia
Saudades do meu lar.
Minh’alma é triste
Minh’alma é triste como a flor que morre
Pendida à beira do riacho ingrato;
Nem beijos dá-lhe a viração que corre,
Nem doce canto o sabiá do mato!
E como a flor que solitária pende
Sem ter carícias no voar da brisa,
Minha’alma murcha, mas ninguém entende
Que a pobrezinha só de amor precisa!
Amei outrora um amor bem santo
Os negros olhos de gentil donzela,
Mas dessa fronte de sublime encanto
Outro tirou a virginal capela.
Oh! Quantas vezes a prendi nos braços!
Que o diga e fale o laranjal florido!
Se mão de ferro espedaçou dois laços
Ambos choramos mas num só gemido!
Dizem que há gozos no viver d’amores,
Só eu não sei em que o prazer consiste!
Eu vejo o mundo na estação das flores...
Tudo sorri – mas minh’alma é triste!
Luís Nicolau Fagundes Varela 1841- 1875
• Boêmio e envolvido pela literatura e por questões sociais da época. Depois da morte do filho, a quem dedicou O CÂNTICO DO CALVÁRIO, seu melhor poema, teve uma vida marcada pela decadência física, pelo álcool e pela inadaptação social;
• A natureza, sempre presente em sua poesia, serve-lhe de amparo e inspiração, chegando mesmo a um forte sentimento religioso em Anchieta ou Evangelho nas Selvas;
• A dualidade cidade versus campo, natureza versus civilização encontram nele uma expressão significativa no âmbito dos dilemas românticos.
Obras:Noturnos;O Estandarte Auriverde;Vozes da América;Cantos e Fantasias;Cantos Meridionais;Cantos do Ermo e da Cidade;Anchieta ou Evangelho nas Selvas;Cantos Religiosos;Diário de Lázaro
CÂNTICO DO CALVÁRIO
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. – Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,
O porvir de teu pai! – Ah! No entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! – Crença, já não vives!
Noturno
(...)
Quero morrer! Este mundo
Com seu sarcasmo profundo
Manchou-me de lodo e de fel!
Minha esperança esvaiu-se,
Meu talento consumiu-se
Dos martírios ao tropel!
Quero morrer! Não é crime
O fardo que me comprime
Dos ombros lançá-lo ao chão;
Do pó desprender-me rindo
E, as asas brancas abrindo,
Perder-me pela amplidão
A voltaA casa era pequenina,Não era? Mas tão bonitaQue teu seio inda palpitaLembrando dela, não é?Quero voltar? Eu te sigo.Eu amo o ermo profundoA paz que foge do mundoPreza os tetos de sapé.Bem vejo que tens saudades.Não tens? Pobre passarinho!De teu venturoso ninhoPassaste à dura prisão!Vamos, as matas e os camposEstão cobertos de flores.Tecem mimosos cantoresHinos à bela estaçãoE tu mais bela que as flores...Não cores... aos almos cantosAjuntarás os encantosDe teu gorjeio infantil.
Escuta filha a estas horasQue a sombra deixa as alturas,Lá cantam as saracurasJunto aos lagos cor de anil...Os vaga-lumes em bando Correm sobre a relva fria,Enquanto o vento ciciaNa sombra dos taquarais;E os gênios que ali vagueiamMirando a casa deserta,Repetem de boca aberta:Acaso não virão mais?Mas nós iremos, tu queres,Não é assim? Nós iremos,Mais belos reviveremosOs belos sonhos de então.E, à noite, fechada a porta,Tecendo planos de glórias,Cantaremos mil históriasSentados junto ao fogão.
Luís José Junqueira Freire 1832/1855
• Os temas religiosos são mesclados com o temor da morte, com a solidão revoltada, com a sensualidade indomável;
• Sua poesia tende a confundir-se, tal a liberdade de construção de seus versos, com a prosa ritmada;
• Usa constantemente interrogações sobre o valor da vida, do pecado e da morte.
• Obras: Inspirações do Claustro; Contradições Poéticas.
Soneto
Arda de raiva contra mim a intriga, Morra de dor a inveja insaciável; Destile seu veneno detestável A vil calúnia, pérfida inimiga.Una-se todo, em traiçoeira liga, Contra mim só, o mundo miserável. Alimente por mim ódio entranhável O coração da terra que me abriga.Sei rir-me da vaidade dos humanos; Sei desprezar um nome não preciso; Sei insultar uns cálculos insanos.Durmo feliz sobre o suave riso De uns lábios de mulher gentis, ufanos;E o mais que os homens são, desprezo e piso.
Que lindos olhosQue estão em ti!Tão lindos olhosEu nunca vi...Pode haver belosMas não tais quais;Não há no mundoQuem tenha iguais.São dois luzeiros,São dois faróis:Dois claros astros,Dois vivos sóis.
Olhos que roubamA luz de Deus:Só estes olhosPodem ser teus.Olhos que falamAo coração:Olhos que sabemDizer paixão.Têm tal encantoOs olhos teus!— Quem pode mais?Eles ou Deus?
Teus Olhos
Sonho
Era um bosque, um arvoredo,Uma sagrada espessura,— Mitológica pinturaQue o romantismo não faz.Era um sítio tão formoso,Que nem um pincel romano,Nem Rubens, nem TicianoCopiariam assaz.Ali pensei que sonhavaCom a donzela que me inspira,Que põe-me nas mãos a lira,Que põe-me o estro a ferver;Que me acalenta em seu colo,Que me beija a vasta crente,Que me obriga a ser mais crenteNo Deus que ela julga crer.
• Condoreira• Abolicionista
Castro AlvesCastro AlvesESPUMAS FLUTUANTESESPUMAS FLUTUANTES
OS ESCRAVOSOS ESCRAVOS
SousândradeSousândradeO GUESAO GUESA
Qorpo santoQorpo santoMATEUS E MATEUSA, AS RELAÇÕES NATURAISMATEUS E MATEUSA, AS RELAÇÕES NATURAIS
3ª GERAÇÃO
TERCEIRA GERAÇÃOREFORMISMO
•Desejo de reformar a sociedade:
a) luta por ideais humanitários;
b) defesa dos fracos e oprimidos;
c) concepção da literatura como forma de participação social (literatura engajada: no Brasil, condoreirismo).
•Principais Autores: Castro Alves, Sousândrade e Qorpo Santo.
A Terceira Geração- A Poesia Condoreira ou Social.
•A crise do 2° Reinado, a Campanha Abolicionista, os ideais republicanos, galvanizaram a inteligência brasileira da década de 1860/70, propiciando o aparecimento de uma modalidade de poesia pública- social- de uma poesia de comício, destinada a empolgar as assembléias, os comícios em praça pública;
Castro Alves – “ O Abolicionista” 1847/ 1871.
Obras:POESIA: Espumas Flutuantes; A Cachoeira de Paulo Afonso; Os Escravos- Navio Negreiro e
Vozes da África;
TEATRO: Gonzaga ou a Revolução de Minas;
Características centrais
• Podem-se identificar duas vertentes centrais na poesia de Castro Alves: a LÍRICA e a SOCIAL ( patriótica e abolicionista);
• POESIA LÍRICA: Esta poesia caracteríza-se em duas espécies: a amorosa e a naturalista representada em Espumas Flutuantes;
● Poesia Social- abolicionista
• Contida na obra Os Escravos e no longo poema narrativo A Cachoeira de Paulo Afonso, onde o drama do escravo, mais que uma realidade presente, é concebido como um episódio de um drama mais amplo, o do próprio destino humano, preso aos desajustamentos da História;
• Castro Alves não foi o introdutor do tema do escravo na poesia brasileira, mas se tornou o poeta por excelência do escravo, ao lhe dar não só um brado de revolta, mas uma atmosfera de dignidade lírica, em que seus sentimentos podiam encontrar amparo;
Eu sou como a garça tristeQue mora à beira do rio,As orvalhadas da noiteMe fazem tremer de frio.
Me fazem tremer de frioComo os juncos da lagoa;Feliz da araponga erranteQue é livre, que livre voa.
Que é livre, que livre voaPara as bandas do seu ninho,E nas braúnas à tardeCanta longe do caminho.
Canta longe do caminho.Por onde o vaqueiro trilha,Se quer descansar as asasTem a palmeira, a baunilha.
Tem a palmeira, a baunilha,Tem o brejo, a lavadeira,Tem as campinas, as flores,Tem a relva, a trepadeira,
Tem a relva, a trepadeira,Todas têm os seus amores,Eu não tenho mãe nem filhos,Nem irmão, nem lar, nem flores.
Castro Alves
Cantiga de Escrava
NAVIO NEGREIRO (fragmento)
Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri!
(...)
Canção do boêmio
(“Recitativo da Meia hora de cinismo”)
Comédia de Costumes Acadêmicos
Que noite fria! Na deserta rua
Tremem de medo os lampiões sombrios.
Densa garoa faz fumar a lua.
Ladram de tédio vinte cães vadios.
Nini formosa! por que assim fugiste?
Embalde o tempo à tua espera conto.
Não vês, não vês? ... Meu coração é triste
Como um calouro quando leva ponto.
A passos largos percorro a sala
Fumo um cigarro, que filei na escola...
Tudo no quarto de Nini me fala.
Embalde fumo... Tudo aqui me amola.
Diz-me o relógio cinicando a um canto
“Onde está ela que não veio ainda?”
Diz-me a poltrona “por que tardas tanto?
Quero aquecer-te, rapariga linda”.
Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade)
Em O GUESA, ultrapassa os limites da compreensão imediata de seu tempo e estrutura um universo novo, por meio de uma percepção diferente da realidade e do uso atrevido dos recursos de linguagem. Seu pensamento incluía uma república livre e comunitária que conservasse a inocência do nativo latino-americano.
O Guesa
Quando as estrelas, cintilada a esfera,
Da luz radial rabiscam todo o oceano
Que uma brisa gentil da primavera,
Qual alva duna os alvejantes panos,
Cândida assopra, - da hora adamantina
Velando, nauta do convés, o Guesa
Amava a solidão, doce bonina
Que abre e às doiradas alvoradas reza.
(...)
Cordilheira eternal! Eternos, grandes
Altares! – alva transparente névoa!
Há no assombroso pélago dos Andes
Íris estranho; e um qual-poder, sem trégua.
José Joaquim de Campos Leão
(Qorpo Santo)
Gaúcho dedicado ao teatro, foi alvo de zombaria e desprezo na sua época, tendo que montar uma tipografia própria para conseguir editar seus textos. Sua obra MATEUS E MATEUSA, AS RELAÇÕES NATURAIS faz violenta e desabusada crítica de costumes em um tom de farsa insuportável para o seu tempo.