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Trabalho de Grupo para a Exposição sobre Aristides de Sousa Mendes «O Justo» português 10 A: Pedro Madeira; José Costa; Rodrigo Antunes; Tiago Pereira - profª Ana Paula Rodrigues
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CONTEXTO HISTÓRICO
APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
A situação que mudou completamente a vida de Aristides de Sou-
sa Mendes ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial.
Esta guerra foi um conflito militar global que se estendeu desde
1939 a 1945. Envolveu a maioria dos países mundiais, incluindo todas
as grandes potências, que se organizaram em duas alianças militares
opostas: os Aliados e as Potências do Eixo. Foi marcada pelo número
muitíssimo elevado de mortes, derivadas dos constantes ataques con-
tra civis, incluindo o Holocausto. Estima-se que, ao todo, tenham resul-
tado desta Guerra entre 50 a 70 milhões de mortes.
O Holocausto foi
o genocídio ou assas-
sinato em massa de
cerca de 6 milhões de
judeus durante a Se-
gunda Guerra Mundial,
por meio de um siste-
ma constante de exter-
mínio étnico levado a
cabo pelo Estado Nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazis-
ta.
Ocorreu em todos os territórios ocupados pelos nazis, através de
uma rede de milhares de instalações que foram utilizadas para concen-
trar, manter, explorar e matar judeus e outras vítimas. Caracteriza-se
genocídio como sendo o assassinato deliberado de pessoas motivado
por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas ou políticas.
À medida que o nazismo foi crescendo, o número de refugiados
também aumentava. Judeus e outros opositores ao regime tinham fugi-
do da Alemanha com a subida de Hitler ao poder em 1933. Aristides de
Sousa Mendes começou a exercer o cargo de Cônsul Português em
Bordéus em 1938, estando a Segunda Guerra Mundial prestes a come-
çar.
À medida que o nazismo foi crescendo, o número de refugiados tam-
bém aumentava. Judeus e outros opositores ao regime tinham fugido da Ale-
manha com a subida de Hitler ao poder em 1933. Aristides de Sousa Mendes
começou a exercer o cargo de Cônsul Português em Bordéus em 1938, es-
tando a Segunda Guerra Mundial prestes a começar.
Aquando do início da Segunda Guerra Mundial, em Setembro de 1939,
apesar de Portugal ter assumido neutralidade, Salazar aliou-se a Hitler de
modo a evitar uma possível invasão nazi a Portugal. Este alinhamento levou
à promulgação da famosa Circular 14, na qual Salazar proíbe a concessão
de vistos a estrangeiros de origem indefinida, sem pátria, judeus e a outros
“indesejados”. Assim, nenhum diplomata português tinha a autorização para
passar vistos a judeus. O próprio Aristides foi avisado por Salazar para não o
fazer. Assim, começaram a surgir as primeiras dificuldades para Aristides.
CONTEXTO HISTÓRICO
CONTEXTO HISTÓRICO
No dia 14 de junho de 1940 as tropas nazis tomaram Paris e, no dia se-
guinte, Bordéus estava repleta de refugiados. Centenas de milhares de refugi-
ados tinham-se deslocado para esta cidade. Dirigiram-se para o Consulado
de Portugal, pois sabiam que um visto para Lisboa lhes abriria o caminho pa-
ra o mundo.
Como Cônsul Português em Bordéus, Aristides viu-se então rodeado
por milhares de refugiados que tentavam escapar dos horrores da máquina
de guerra nazista. Estas pessoas estavam desesperadas por conseguir um
visto que lhes permitisse sair de França. Um visto português permitiria a pas-
sagem segura através de Espanha para Portugal, onde aí poderiam ser livres
de viajar para outra qualquer parte do mundo.
É nesta altura que surge um dilema para Aristides de Sousa Mendes. O
que fazer? Obedecer às ordens do seu país, negando vistos para Portugal
aos refugiados que necessitavam deles? Ou deveria seguir a sua consciên-
cia, desobedecendo a Salazar, e
passar vistos que valiam a vida a
milhares de pessoas, sobretudo
judeus, mesmo que isso o pu-
desse vir a afetar?
Diz-se que Aristides pas-
sou 3 dias fechado no seu quarto
do Consulado, a refletir sobre es-
ta situação.
No dia 17 de junho, Aristides de
Sousa Mendes toma uma deci-
são. Este decidiu que iria salvar o maior número de pessoas que conseguis-
se, emitindo o máximo de vistos possível. "A partir de agora, darei vistos a to-
da a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião", “Vou salvá-los a to-
dos!”.
Tal decisão é confirmada num livro de autoria de Manuela Franco, onde
esta menciona um telegrama enviado por Aristides ao Ministério dos Negócios
Estrangeiros, em que Aristides confirma ter ordenado que se passassem vis-
tos “indiscriminadamente e de graça”.
Também o historiador Yehuda Bauer se referiu a esta ação do português no
seu livro “A History of the Holocaust”.
CONTEXTO HISTÓRICO
Yehuda escreve: “o Cônsul português em Bordéus, Aristides de Sousa
Mendes, concede vistos de trânsito a milhares de judeus refugiados, em trans-
gressão das regras do seu governo”. Yehuda considerou a ação de Aristides
como sendo “Talvez a maior ação de salvamento feita por uma só pessoa
durante o Holocausto”.
Assim, num curto espaço de tempo, Aristides passou no total 30.000 vistos, um
terço deles a judeus.
Este ato heroico de Aristides trouxe-lhe graves consequências. Foi seve-
ramente castigado por Salazar, sendo que este o
expulsou da sua carreira profissional e tirou-lhe os
rendimentos. Também a sua família foi altamente
prejudicada, como já foi referido anteriormente. A
atitude que tomou perante a situação com que se
deparou custou a Aristides um final de vida de mi-
séria.
REFLEXÃO
O ataque Nazi aos judeus foi terrível. Começaram por retirar os direitos
aos judeus e de seguida expropriaram-lhes os bens que possuíam. Colocaram
-nos em guetos, que tempos depois foram destruídos de modo a matar os ju-
deus. Por fim, criaram os campos de concentração, seguidos de campos de
extermínio. Estima-se que com o Holocausto tenham morrido cerca de 6 mi-
lhões de pessoas. Como foi referido atrás, os alemães criaram uma grande
quantidade de instalações e locais de modo a facilitar o seu terrível trabalho.
Destes locais destacam-se os guetos (locais onde as pessoas eram
mantidas até serem enviadas para os campos de extermínio) e os campos de
concentração e de extermínio. Nestes locais os nazis concentravam e manti-
nham os judeus, bem como outras pessoas que achavam que não mereciam
viver, em condições miseráveis. Nestes locais foram escravizadas, torturadas
e mortas milhões de pessoas! Todo este extermínio
em massa foi motivado pela diferença étnica que
existia entre os alemães e os judeus. Mas até que
ponto esta ação dos alemães, motivada por esta di-
ferença, tem alguma razão?
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Todos nós sabemos que no mundo existe uma grande Diversidade Cultu-
ral, isto é, existem várias culturas, cada uma diferente das outras. Pelo facto de
cada cultura ter a sua própria identidade, consegue-se distinguir de cada uma
das outras. A Identidade Cultural é definida pelo conjunto de todos os padrões
(religião, etnia, raça, tradições, etc.) que marcam a diferença e que caracteri-
zam cada cultura na sua essência. Na atualidade existem várias sociedades
multiculturais, em que pessoas de dife-
rentes culturas são capazes de coexistir e
interagir umas com as outras. O grande
problema é que quando existem diferen-
ças culturais podem ser tomadas duas
atitudes diferentes: uma delas é a aceita-
ção da diferença e a outra é a rejeição.
No caso dos Nazis, estes não aceitavam
a diferença que existia entre eles e os ju-
deus, ou seja, rejeitavam esta cultura.
Deste modo, afirmavam que aqueles que fossem judeus tinham uma cultura
inferior, errada e até perigosa. A atitude dos alemães foi uma espécie de atitu-
de etnocentrista.
O Etnocentrismo caracteriza-se por uma
cultura/etnia/raça avaliar as restantes a partir
de si própria, por vezes, pensando que é su-
perior às outras que a rodeiam.
O Etnocentrismo promove a discrimina-
ção, o preconceito e até o nacionalismo exa-
gerado. Esta discriminação pode ser exercida
enquanto discriminação racial, de género, de opção sexual, religiosa, etc.
Os nazis exteriorizaram o seu pensamento etnocentrista, ou seja, puse-
ram-no em prática. Daí resultou o Holocaus-
to. A atitude nazi foi de caráter desumano,
visto que ninguém tem o direito de afirmar
se outra pessoa é digna de viver ou não. To-
das as pessoas têm o direito à vida, ou seja,
é um direito universal.
ARTIGOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 1º - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os
outros em espírito de fraternidade.
ARTIGO 2º - Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberda-
des proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeada-
mente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política e
outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer
outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no es-
tatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade
da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou
sujeito a alguma limitação de soberania.
ARTIGO 3º - Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal.
ARTIGO 4º - Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escra-
vatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
ARTIGO 5º - Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos
cruéis, desumanos ou degradantes.
Analisando estes artigos é possível concluir que:
- Todos nascemos iguais e que tendo racionalidade e consciência devemos
agir uns para com os outros como irmãos;
- Todos os homens podem invocar os direitos e as liberdades presentes
nesta Declaração, bem como que ninguém será discriminado independente-
mente de qualquer fator inerente a si mesmo;
- Todos os seres humanos merecem viver, ser livres e seguros;
- A escravatura e a servidão, bem como a situação de uma pessoa enquanto
escravo ou servo, são proibidas;
- É proibida a tortura ou tratamentos impiedosos a qualquer ser humano.
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Posto isto, verifica-se que a ação Nazi foi totalmente contra o que se de-
fende nesta Declaração, nomeadamente
nestes primeiros cinco artigos. Os nazis
tiveram atitudes e ações horríveis e desu-
manas para com as vítimas do Holocaus-
to. Estes discriminavam, maltratavam, es-
cravizavam, torturavam, mas o mais gra-
ve de tudo, privaram milhões de pessoas
da vida. Na atualidade, todas estas ações
são proibidas, pelo que são consideradas
erradas.
Voltando à questão: Mas até que ponto esta ação dos alemães, motiva-
da por esta diferença, tem alguma razão? A ação dos alemães não tem razão
alguma, até pelo contrário, esta ação foi totalmente errada. O que fizeram foi
totalmente desumano e de uma crueldade extrema. Desde a forma de pensar
até ao modo como agiram, o facto dos nazis se acharem superiores aos ju-
deus, achando mesmo esta etnia perigosa ao ponto de os tratarem daquela
maneira e de lhes porem fim à vida, é completamente incorreto. Aliás, isso
confirma-se pelo facto de todas as ações exercidas pelos nazis sobre as víti-
mas do Holocausto estarem atualmente proibidas.
Aristides viu-se envolvido por milhares de judeus e refugiados. Deparou-
se com um grande problema que se traduzia pelo dilema que lhe surgiu ao ver
tantas pessoas a necessitar de ajuda. Precisava de tomar uma decisão em re-
lação ao que iria fazer. Aristides, tal como outro qualquer diplomata português,
tinha sido proibido, através da Circular 14, de conceder vistos a estas pesso-
as. No entanto, Aristides sabia que, caso não passasse os vistos de que estas
pessoas necessitavam, estas iriam acabar por ser colhidas pelos nazis.
Aristides tinha então um grande problema que necessitava de ser resol-
vido rapidamente. Refletiu durante algum tempo sobre o assunto e decidiu sal-
var tantas pessoas quanto conseguisse. Afirmava não poder consentir que to-
das aquelas pessoas morressem. Esta escolha foi responsável pelo salva-
mento de milhares de pessoas. Aristides afirmou: “Eu prefiro estar com Deus
contra os homens do que estar com os homens contra Deus”. Esta decisão
advém da própria consciência de Aristides.
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Apesar do dilema que lhe surgiu, este sabia que apenas tinha uma esco-
lha possível - a de salvar aquelas pessoas. Os ideais de Aristides guiaram a
sua consciência e fizeram-no agir da melhor forma. Apesar de saber que o seu
ato lhe iria trazer graves consequências, os seus valores éticos sobrepuseram-
se. Assim, apercebeu-se que o dilema que lhe tinha aparecido já nem sequer
existia, pois ele sabia que só poderia
fazer a escolha certa – a de salvar
aquelas pessoas. Foi como se tivesse
ouvido uma espécie de “voz” da sua
consciência que lhe indicava que teria
de agir daquela maneira. Aristides
disse: “Eu não poderia ter agido de
outra maneira e por isso aceito tudo o
que me aconteceu com amor.” Isto
mostra que tinha a consciência de
que estava a agir corretamente e de que valeu a pena ter-se sacrificado para
poder salvar milhares e milhares de pessoas.
No seu regresso a Portugal e com o processo disciplinar aberto contra
Aristides a sua vida foi ficando cada vez pior. A decisão inicial de “um ano de
inatividade com direito a metade do vencimento, devendo em seguida ser apo-
sentado” não foi respeitada, sendo que foi ficando cada vez com mais dificul-
dades económicas. Foi esta a pena de um homem cujo crime foi ter salvado
milhares de pessoas. O próprio Aristides elaborou a sua própria defesa, argu-
mentando que agiu em defesa dos valores éticos e humanitários. Nada disto
lhe valeu. Não se pode aceitar o critério segundo o qual um conjunto de nor-
mas estabelecidas é suficiente para avaliar a correção das ações humanas. É
preciso pensar na situação a nível ético, é preciso saber criticar e interrogar as
normas de modo a perceber qual seria a ação correta para a situação. É este
o papel da Ética.
Foi isto que Aristides fez: refletiu sobre as normas e percebeu que, etica-
mente, o que estava correto era passar os vistos e salvar as pessoas. Todos
os castigos que Aristides sofreu foram absolutamente injustos. Um homem que
salva 30 mil vidas não merece tal punição.
Aristides não obteve resposta e cerca de um mês depois voltou a escre-
ver. Desta vez Aristides apela à existência de uma resposta por parte do Pa-
pa: “Há muito que espero que uma palavra de Vossa Eminência possa conso-
lar o meu coração inquieto, mas essa palavra ainda não chegou”. Refere que
apenas quer que lhe confirme que fez o que estava certo aos olhos de Deus:
“Há muito que perdi a confiança na justiça terrena, não, porém, na justiça divi-
na (…) ”; “Se não andei mal em salvar os judeus das garras do anti-Cristo, fa-
ça-me Vossa Eminência a caridade de mo dizer…”. Aristides apenas queria
poder dizer aos seus filhos que foi justo e bondoso ao salvar os judeus, de
modo a estes poderem orgulhar-se de si: “…para que eu possa proclamar aos
meus filhos o bem e a justiça da minha conduta para que eles possam orgu-
lhar-se de seu pai que só quis cumprir a lei de Deus e seguir a sua consciên-
cia, como sempre.”
Muitas pessoas testemunharam de modo a confirmar a atitude tomada
por Aristides de Sousa Mendes. De seguida serão apresentados alguns teste-
munhos de pessoas que foram salvas por Aristides de Sousa Mendes.
O primeiro testemunho é de Rabbi Chaim Hersz Kruger. Aristides e Kru-
ger conheceram-se em Bordéus em maio de
1940. Aristides ofereceu vistos para Kruger e toda
a sua família. Kruger recusou-se a aceitar a me-
nos que todos os refugiados em Bordéus também
obtivessem vistos. Foi este ato moral protagoni-
zado por Kruger que levou Sousa Mendes a sal-
var milhares de pessoas do terror nazi. Kruger
deixou o seguinte testemunho:
“Este homem era um Justo entre as Na-
ções. Ele disse-me que também era um descen-
dente de judeus que tinham sido forçados a con-
verter-se na Idade Média. Nós escapámos de
Bruxelas para França, juntamente com milhares
de judeus que tinham sido expulsos de França e da Bélgica, que já estavam
sob o domínio nazi.
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Depois de muitos transtornos e problemas causados pelos Aliados, che-
gamos a Bordéus. Encontramos milhares de judeus nas ruas, que acampa-
vam na praça ao lado da sinagoga.
À noite, um grande carro conduzido por um motorista chegou e parou ao
nosso lado. O diplomata saiu e falou comigo. Ele convidou-me para ir com a
minha esposa e os meus cinco filhos para sua casa. Quando chegámos à sua
casa, ele disse-me que era o cônsul-geral de Portugal em França. Ele ofere-
ceu-nos a usar todos os confortos de sua casa, mas eu percebi que eu não
poderia fazer isso, porque aquelas pessoas que estavam nas ruas não podi-
am ser postas de parte (…). Agradeci-lhe pela sua bondade. Pela manhã, jun-
támo-nos aos refugiados e depois voltei para a casa dele e expliquei-lhe que
só havia uma maneira de nos ajudar – passando vistos para Portugal. En-
quanto conversávamos, o vice-cônsul ouviu o que tínhamos dito na língua
francesa, e avisou-o para não cair na armadilha de passar os vistos. Ele disse
-o em português, mas não resultou. Sr. Mendes disse-me que ele daria vistos
para minha família e para mim, mas que teria que pedir permissão ao seu mi-
nistério para os outros refugiados.
Eu tentei influenciá-lo a não ouvir seu
superior, e, em seguida, ele disse que
eu poderia anunciar aos refugiados que
qualquer um que quisesse ter um visto
poderia recebê-lo. Eu anunciei-o imedia-
tamente aos refugiados. (…) Ele sentou-
se durante todo o dia a assiná-los. Eu o
ajudei a colocar os selos nos passapor-
tes para depois ele assinar. Ele não co-
meu nem bebeu o dia inteiro (…) e den-
tro de um curto espaço de tempo passou
milhares de vistos, até que os agresso-
res se aproximaram e tivemos que fugir
por Espanha. Quando chegamos à fron-
teira espanhola, o Ministro dos Negócios
Estrangeiros Português já tinha decreta-
do que os vistos que o cônsul tinha emi-
tido eram inúteis.
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Foi na véspera do Sabbath (sexta à noite). Pedimos aos guardas de
fronteira para que pudéssemos atravessar a fronteira em trânsito através de
Espanha. Enquanto estávamos ali, implorando aos guardas de fronteira, o
cônsul apareceu e disse-nos para esperar enquanto ele iria falar com eles.
Uma ou duas horas mais tarde, foi ele quem nos abriu o portão...
Fui para Lisboa com a minha família e aí Mendes visitou-nos. Ele contou-nos
que tinha sido demitido por causa da sua ajuda, mas que estava contente, e
se milhares de Judeus estavam a sofrer por causa de um católico, um
católico poderia sofrer por todos os Judeus. Ele disse que o aceitou com
amor.”
O testemunho que se segue é de Guy
Vermeersch. Guy era de uma família belga
que teve de sair do país aquando do ataque
alemão a Bruxelas. Foi salvo por Aristides
quando tinha apenas 7 anos. Deixou o se-
guinte testemunho:
“Graças à sua documentação, deram-
me a oportunidade de aprofundar a vida
exemplar do herói Sr. Sousa Mendes. Devo
expressar a minha admiração pelos riscos
que ele tomou para salvar a vida de outros
seres humanos, muitos deles judeus e que,
sem a sua intervenção, certamente não teri-
am escapado do inferno do extermínio. Nun-
ca nos deveremos esquecer. Eu enviarei to-
das as informações para a atenção dos
meus filhos, para que estes fatos históricos significativos possam ser transmi-
tidos às gerações que ainda estão por vir.”
Agora é apresentado o testemunho de Ilja Dijour. A família Dijour passou
para Portugal graças aos vistos de Aristides e posteriormente, em Outubro de
1940, partiu para Nova Iorque no navio Excalibur. Ilja Dijour era advogada e
uma representante da HIAS (the Hebrew Immigrant Aid Society). Deixou o se-
guinte:
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
Agora é apresentado o testemunho de Ilja Dijour. A família Dijour passou
para Portugal graças aos vistos de Aristides e posteriormente, em Outubro de
1940, partiu para Nova Iorque no navio Excalibur. “ (…) O Cônsul Mendes de-
sobedeceu às ordens do seu governo e emitiu mais de 10.000 vistos a refugi-
ados judeus gratuitamente. Ao fazer isso, ele salvou a vida não só daqueles
10.000, mas abriu a porta para um fluxo maciço de muitos milhares de refugia-
dos de guerra para Lisboa. Fê-lo sob a influência de um jovem rabino polaco
vindo de Bruxelas para Bordéus, com a sua esposa e cinco filhos. Primeira-
mente, o Cônsul Mendes ofereceu hospitalidade ao rabino durante a noite,
porque de outra forma a família teria que dormir na rua. Mas, durante esta noi-
te trágica, as conversas entre o rabino e o Cônsul avivaram a consciência
adormecida de um judeu cujos antepassados foram convertidos à força há
cerca de 500 anos atrás. Eu conhecia tanto o rabino como o Cônsul pessoal-
mente. Fui testemunha do cenário descrito num livro de um dos filhos de Men-
des. Esther e eu também beneficiámos desses vistos portugueses que deter-
minaram o nosso futuro.”
DOCUMENTOS COMPROVATIVOS DA AÇÃO DE
ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Existem vários documentos e
testemunhos de pessoas que confir-
mam a ação de Aristides de Sousa
Mendes. Como documentos foram en-
contrados passaportes, telegramas e
os vistos passados às pessoas salvas
por Aristides. Foram também elabora-
das as listas de Aristides, onde se en-
contram compilados os nomes de to-
das as pessoas, até ao momento con-
firmadas, que Aristides salvou.
REFLEXÃO/TESTEMUNHOS
PROVAS
Visto passado por Aristides a Henri Untermans
De seguida encontram-se imagens de alguns dos passaportes das pes-
soas salvas por Aristides, dos telegramas trocados com Salazar a fim da con-
firmação dos vistos, de uma parte das listas de Aristides e também dos vistos
que este passou às pessoas que salvou.
PROVAS
Telegrama enviado por Salazar a Aristides
a negar os vistos à família Bacaleinic Telegrama enviado por Aristides a Salazar a favor
da família Henricot
Tel
egra
ma
env
iad
o p
or
Ari
stid
es a
Sal
azar
a f
avo
r d
a fa
míl
ia U
nte
rmans
10º A - PEDRO MADEIRA; JOSÉ COSTA;
RODRIGO ANTUNES; TIAGO PEREIRA