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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ARLEI PEREIRA
Monografia INTEGRAÇÃO DOS MODAIS DE
TRANSPORTE NO ESTADO DE SANTA CATARINA
ITAJAÍ 2009
ARLEI PEREIRA
Monografia INTEGRAÇÃO DOS MODAIS DE
TRANSPORTE NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Monografia desenvolvida para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientador: Osmar Luiz Espíndola
ITAJAÍ 2009
Agradeço a Deus pela perseverança, aos professores pela sabedoria e paciência, a Univali, em referência as organizações que fomentam a evolução humana e social promovendo o conhecimento, aos colegas de profissão pela compreensão, a minha família pela confiança, aos meus amigos pelo incentivo, e em especial a Irmã Maria Moser pela sua bondade e fé.
“O saber é a melhor ferramenta para operar em ambientes restritos”.
(Alain Ducasse.)
EQUIPE TÉCNICA
a) Nome do estagiário Arlei Pereira b) Área de estágio Monografia – Logística de Transporte c) Orientador de conteúdo Prof. Osmar Luiz Espíndola e) Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento
RESUMO
Atualmente, ouve-se falar com freqüência sobre a importância dos meios de transporte para o desenvolvimento do Brasil. Também, são destacadas diariamente a preocupação de empresários, politicos e especialistas com um possível apagão logístico que pode ocorrer no país se não forem tomadas providências urgentes para recuperar estradas, ferrovias, portos e toda a infra-estrutura de movimentação nacional. Para quem não tem conhecimento sobre o setor, fica a intrigante pergunta de qual o motivo que faz com que um país que investe tantos recursos nessa área esteja em situação tão delicada, considerando que é um país tipicamente exportador de produtos agroindustriais a pelo menos dois séculos. A matriz de transportes brasileira ainda apresenta características da época de sua implantação, com grande defasagem técnica e estrutural; muitas das rotas não são mais adequadas às necessidades atuais e se tornaram problemas devido aos conflitos gerados pela ocupação desordenada de seu entorno. A falta de regulamentação sobre algumas atividades também inibe investimentos. Mudanças no modo de transportar cargas podem tornar produtos mais competitivos, mantendo clientes e mercados. A utilização do container permite que uma carga seja transportada com mais rapidez, segurança e menores custos. O beneficio pode aumentar se for possível escolher qual o modal de transporte mais adequado à operação. No estado de Santa Catarina, é possível utilizar os benefícios da intermodalidade ainda que de forma restrita, porém, projeta-se um cenário animador com as obras que estão sendo realizadas atualmente e com a possibilidade de implantação de novos projetos viários nos próximos anos. Palavras-chave: Transporte. Integração. Santa Catarina.
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 01 – Sistema ferroviário no Brasil. 26
Gráfico 02 – Investimentos. 27
Gráfico 03 – Composição percentual das cargas. 35
Mapa 01 – Mapa das concessões ferroviárias. 28
Mapa 02 – Portos brasileiros atualmente atendidos pela cabotagem. 33
Mapa 03 – Estado de Santa Catarina. 44
Mapa 04 – Rodovias. 57
Mapa 05 – Malhas e unidades. 61
Mapa 06 – O futuro. 63
LISTA DE SIGLAS
AFRMM - Adicional de Fretes para a Renovação da Marinha Mercante.
ALL - América Latina Logística.
ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários.
ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres.
CDI - Companhia Docas de Imbituba.
CNT - Confederação Nacional do Transporte.
DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transportes.
FEPASA - Ferrovia Paulista S.A.
FERROBAN - Ferrovias Bandeirantes S.A.
FERRONORTE - Ferrovia Norte Brasil S.A.
ISO - International Standards Organization.
MERCOSUL - Mercado Comum do Cone Sul.
NOVOESTE - Ferrovia Novoeste S.A.
OTM - Operador de Transporte Multimodal.
PND - Plano Nacional de Desestatização.
Portonave S.A. - Terminais Portuários de Navegantes.
REDEX - Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação.
RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A.
SIE - Secretaria de Estado da Infra-Estrutura.
TECONVI - Terminal de Containers do Vale de Itajaí.
VARIG - Viação Aérea Riograndense.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................9 1.1 Objetivo geral .................................................................................................11 1.2 Objetivos específicos......................................................................................11 1.3 Justificativa .....................................................................................................12 1.4 Abordagem geral do problema .......................................................................13 1.5 Questões específicas .....................................................................................13 1.6 Pressupostos..................................................................................................14 2 METODOLOGIA ................................................................................................15 2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................15 2.2 Área de abrangência ......................................................................................15 2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................16 2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................16 3 TRANSPORTES ................................................................................................17 3.1 Conceito e Evolução Histórica........................................................................17 3.2 Transportes no Brasil......................................................................................22 3.2.1 Terrestre .....................................................................................................24 3.2.2 Aéreo ..........................................................................................................32 3.2.3 Aquaviário ...................................................................................................33 3.2.4 Matriz de transportes no Brasil ...................................................................35 4 FORMAS DE TRANSPORTE E UNITIZAÇÃO DE CARGAS ............................36 4.1 Unimodal ........................................................................................................37 4.2 Intermodal.......................................................................................................37 4.3 Multimodal ......................................................................................................39 4.4 Unitização.......................................................................................................40 4.5 Container ........................................................................................................42 5 PRINCIPAIS MODAIS DE TRANSPORTE E CONEXÕES INTERMODAIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA..............................................................................44 5.1 Importância dos terminais intermodais ...........................................................45 5.2 Modal Aquaviário............................................................................................46 5.2.1 Porto de Imbituba........................................................................................52 5.2.2 Porto de Itajaí..............................................................................................54 5.2.3 Porto de São Francisco do Sul ...................................................................55 5.3 Modal Rodoviário............................................................................................56 5.4 Modal ferroviário.............................................................................................59 5.4.1 América Latina Logística.............................................................................60 5.4.2 Ferrovia Tereza Cristina..............................................................................62 5.4.3 Criciúma terminal intermodal ......................................................................63 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................65 REFERÊNCIAS.........................................................................................................70 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS......................................................................72
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1 INTRODUÇÃO
A globalização, impulsionada por avanços nos setores de transportes,
comunicações e sistema financeiro, criou as condições necessárias para a expansão
do comércio internacional, aumentando consideravelmente a quantidade de
empresas que buscam a inserção de seus produtos em mercados externos.
No Brasil contemporâneo, esse processo se intensificou com a abertura
comercial do país, no inicio dos anos 90, e, como consequência, muitos setores
produtivos nacionais passaram a enfrentar uma forte concorrência de empresas e
produtos estrangeiros.
Esse novo cenário tem exigido ações efetivas na busca de melhoria contínua
dos produtos, tanto os voltados a mercados internos quanto os destinados à
exportação, e, as empresas que apostam em planejamento, desenvolvendo suas
potencialidades, têm maiores chances de manter a sua participação no mercado e,
até expandir sua atuação para mercados internacionais.
Alguns fatores afetam diretamente as operações de empresas que atuam no
comércio internacional, como barreiras comerciais, culturais e técnicas, o custo de
produção e despesas com transporte.
Grandes mudanças como a modernização de parques industriais e a
reformulação de processos produtivos, têm permitido a muitas empresas nacionais
desenvolver produtos adequados aos mercados internacionais, porém, a crescente
interdependência econômica dos paises também exige que haja paridade nos
preços ofertados ao cliente, independente da origem e destino do produto e de onde
ele esteja sendo negociado.
Os Investimentos em infra-estrutura e a busca por novas alternativas de
distribuição e de formas de comercialização podem contribuir decisivamente na
redução das despesas com escoamento das exportações, e na distribuição dos bens
importados e dos nacionais no mercado interno, resultando em um menor preço final
ao consumidor.
No contexto comercial atual, uma eficiente gestão dos processos produtivos e
o controle adequado das despesas de comercialização e distribuição, representam
uma grande vantagem às empresas na disputa por novos mercados.
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A atividade de transporte demanda um volume significativo de recursos para
deslocar os produtos do ponto de origem até os pontos de venda, tornando-se
decisivo para o sucesso de muitos setores econômicos, e, até do Comércio Exterior
de um país, podendo ser determinante na viabilização de operações se executado
com eficiência.
É imprescindível que empresários, especialistas, academia e agentes
públicos sejam capazes de identificar as principais necessidades do setor, e, de
forma coordenada, implantar soluções que possibilitem aos operadores atender de
forma efetiva a crescente demanda por escoamento e distribuição de cargas.
A crescente utilização do container verificada nos últimos anos no Brasil
aumentou drasticamente a necessidade de integração dos modais de transporte,
gerando uma valiosa oportunidade para debater projetos estruturais que corrijam
distorções, identifiquem tendências e priorizem a intermodalidade.
Atualmente, o setor de transporte enfrenta graves problemas, como a
precariedade da infra-estrutura viária e portuária e a falta de terminais intermodais
para apoio ao transporte de cargas, conseqüentes da falta de planejamento,
investimento e regulamentação do setor.
Problemas estruturais tratados há décadas com medidas paliativas no Brasil
contribuem para a baixa produtividade da maioria dos portos, a má conservação das
rodovias, a deterioração das ferrovias, a subutilização das hidrovias, e, a falta de
integração entre os modais de transporte em regiões estratégicas.
Atualmente, estão sendo realizadas importantes obras viárias no estado de
Santa Catarina, entre as quais podemos citar a duplicação do trecho sul da rodovia
BR 101, a construção de contornos ferroviários em Joinville e São Francisco do Sul,
e a obra de construção da via-expressa de acesso ao terminal Portonave.
Na área portuária, merece destaque a construção do terminal portuário de
Itapoá, o arrendamento de terminais a iniciativa privada nos portos de Imbituba, Itajaí
e São Francisco do Sul, além de expressivos investimentos na aquisição de
equipamentos portuários.
O anúncio do início das operações ferroviárias com containers pelo Criciúma
Terminal Intermodal em 2006 e pela América Latina Logística (ALL), em 2008
representa um significativo avanço na integração modal no estado.
Investimentos dessa ordem podem agregar competitividade ao transporte
logístico no estado de Santa Catarina, fortalecendo sua posição como alternativa
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para escoamento e distribuição de cargas para todo o Mercado Comum do Cone Sul
(MERCOSUL).
Para o sucesso dessas iniciativas, é essencial que haja um criterioso
planejamento e dimensionamento dos investimentos, antecipando tendências e
oportunidades, e também, identificando os prováveis gargalos que possam surgir
nas rodovias, ferrovias e portos nos próximos anos diante da perspectiva de
aumento do comércio internacional.
1.1 Objetivo geral
• Mostrar o panorama da integração dos modais de transporte de cargas
no estado de Santa Catarina.
1.2 Objetivos específicos
• Descrever o processo de formação da matriz de transportes no Brasil.
• Caracterizar as principais formas de transporte e de unitização de
cargas.
• Identificar os principais modais de transporte de carga e conexões
intermodais do estado de Santa Catarina.
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1.3 Justificativa
O transporte é a atividade principal do comércio exterior, por realizar o
importante papel da transferência das mercadorias entre os locais de produção e
consumo.
As empresas ou indivíduos contratantes de transporte para uma carga,
conhecidos como embarcadores no jargão comercial, buscam prestadores de
serviço que sejam competentes, estáveis e confiáveis, agregando principalmente
segurança, agilidade, economia, regularidade e flexibilidade ao negócio.
Um fator determinante na obtenção de bons resultados em uma operação em
muitos casos é a utilização da combinação de diferentes modais em uma mesma
operação de transporte.
Desta forma, o presente trabalho tem importância para os profissionais de
comércio exterior por abordar as implicações que cada escolha isolada, feita durante
uma negociação gera no contexto das atividades relacionadas ao Comércio Exterior
e transportes.
Para que uma negociação no âmbito do comércio exterior seja bem sucedida,
prestadores e contratantes devem entender exatamente quais as necessidades do
embarcador e consignatário, para que racionalizem a operacionalização do
processo.
Em qualquer operação é imprescindível que os intervenientes consigam lidar
com contingências, estando aptos a cessar ameaças aos resultados planejados, ou
com eventuais oportunidades, superando expectativas quando possível.
O tema é interessante para quem fomenta o comércio exterior, por tratar de
assuntos que estão diretamente relacionados à lucratividade do negócio, e pelo
conteúdo sobre fundamentos da atividade de transporte.
O trabalho tem valor para a universidade e para o acadêmico por reunir
informações sobre a integração dos modais de transpores do estado, alem de
explorar temas sobre planejamento logístico.
Quanto à viabilidade da pesquisa, foi traçado um programa de pesquisa
envolvendo bibliografias específicas, notícias e outras publicações de modo a
oportunizar maior entendimento sobre o tema.
13
1.4 Abordagem geral do problema
Atualmente as empresas brasileiras estão mais qualificadas e competitivas
devido à adoção de novas técnicas de produção e comercialização de seus
produtos.
A despesa com transporte poderá diminuir em relação ao custo total do
produto se houver engajamento do governo, instituições, iniciativa privada e
sociedade no planejamento e formulação de políticas de médio e longo prazo que
agreguem desenvolvimento e inovações ao sistema de transportes nacional.
Outras mudanças deverão ocorrer na forma de produzir e comercializar
produtos para enfrentar a concorrência, como também se buscará a redução de
despesas com transportes através da adoção das técnicas que tornem as operações
mais eficientes.
Obras importantes estão em andamento no estado de Santa Catarina para
melhorar a infra-estrutura viária e modernizar os portos e terminais intermodais,
possibilitando a redução de despesas com o transporte e a movimentação de
cargas.
Pretende-se conhecer o cenário que as obras em andamento formarão e as
perspectivas que essas obras criam para as operações de transporte de cargas no
estado, principalmente em relação à integração entre os modais de transporte.
1.5 Questões específicas
• Como ocorreu o processo de formação da matriz de transporte do
Brasil?
• Quais são as principais formas de transporte e unitização de cargas
existentes atualmente?
• Quais são os principais modais de transporte de carga e ligações
intermodais existentes no estado de Santa Catarina?
14
1.6 Pressupostos
• A atual matriz de transportes brasileira é inadequada para os tipos de
operações demandadas no país, em função da enorme defasagem
técnica e estrutural, resultantes da ausência de políticas contínuas e de
longo prazo além da falta de planejamento.
• Com o surgimento do container, o transporte da grande maioria das
cargas tornou-se mais seguro e ágil, aumentando a demanda por
formas alternativas de transporte. O predomínio dessas operações tem
caracterizado as trocas comerciais realizadas no estado de Santa
Catarina, podendo representar um importante diferencial competitivo
para as empresas locais.
• O estado de Santa Catarina tem uma infra-estrutura viária
diversificada, principalmente no litoral, mas a falta de integração dos
modais de transporte, a falta de incentivos a cabotagem e a
subutilização da ferrovia no interior impedem que exportadores,
importadores e distribuidores se beneficiem das vantagens da
intermodalidade no escoamento ou distribuição de suas cargas, o que
resulta na sobrecarga e deterioração das rodovias do estado. Além
disso, os terminais que conectam diferentes modais de transporte
estão concentrados apenas nas regiões portuárias do estado de Santa
Catarina.
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2 METODOLOGIA
Este capítulo apresenta a metodologia que será aplicada para o
desenvolvimento desta monografia, explorando aspectos pertinentes ao tipo de
pesquisa, à área de abrangência e apresentação das informações.
2.1 Tipo de pesquisa
Neste trabalho de pesquisa será utilizado o método qualitativo, que segundo
Richardson, (1999, p.88), “obtém medições que apresentam maior validade interna,
pois as observações não estruturadas permitem conhecer detalhes que os
instrumentos estruturados (questionários) não podem obter”.
O meio a ser utilizado será o bibliográfico, com pesquisa em livros, revistas,
periódicos especializados, artigos científicos em meio digital e sites oficiais de
empresas e entidades ligadas à respectiva área. Para Fachin, (1993, p. 102),
[...] a pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras. Tem como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa.
Quanto aos fins da pesquisa será de caráter descritivo, através de consulta
biográfica e digital.
2.2 Área de abrangência
Esta pesquisa se situa na área de comércio exterior e abordará temas
relacionados à logística de transportes, principalmente sobre os modos e as formas
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de transporte, a integração dos modais, a utilização do container e os aspetos
operacionais pertinentes.
2.3 Coleta e tratamento dos dados
Os dados utilizados para desenvolver a pesquisa serão coletados em obras
bibliográficas, artigos científicos, periódicos, sites de empresas, de órgãos públicos,
federações, sindicatos, etc.
2.4 Apresentação e análise dos dados
Os dados serão apresentados na forma explicativa textual e também serão
utilizados mapas e gráficos para auxiliar na interpretação dos dados.
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3 TRANSPORTES
Toda economia, independente de seu tamanho e complexidade, necessita de
um sistema de transportes que interligue os mercados produtores e consumidores.
Os transportes têm a função básica de proporcionar a elevação na disponibilidade de bens, ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira não estariam disponíveis para dada sociedade ou o estariam apenas a elevado preço. Têm, assim, a função econômica de promover a integração entre sociedades que produzem bens diferentes entre si. (CAIXETA-FILHO E GAMEIRO, 2001, p. 66).
A seguir serão apresentados os temas sobre a evolução da atividade de
transporte até a atualidade e o histórico da implantação do sistema de transportes
brasileiro.
3.1 Conceito e Evolução Histórica
O conceito de transporte pode ser entendido como o ato de levar objetos ou
pessoas de um local a outro, utilizando-se qualquer que seja o meio.
De acordo com Keedi e Mendonça (2003), Rodrigues (2004), e Vieira (2003)
essa ação é praticada pelo homem desde os primórdios da civilização com o objetivo
de levar consigo objetos necessários a sua sobrevivência ou que fossem de seu
interesse.
Ao longo do tempo com a evolução humana, os objetivos e a maneira de
transportar também evoluíram e ainda na antiguidade, o homem passou a utilizar
objetos como cestas, aumentando sua capacidade de transporte.
Entretanto, um passo mais avançado foi dado quando o homem começou a
utilizar animais domesticados como meio de transporte e também na tração de
equipamentos e engenhocas com essa finalidade.
Nessa época também começou a se utilizar objetos de madeira como meio de
transporte aquático, os quais logo evoluíram para jangadas, canoas e barcos, que
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inicialmente eram movidos a remo ou pela correnteza das águas, e posteriormente,
com o auxilio de velas, passaram a utilizar o vento como forca propulsora, dando
início ao conceito de transporte aquático.
Por muitos séculos as embarcações foram usadas principalmente com o
propósito militar, mas, com a expansão das fronteiras territoriais, o surgimento de
excedentes de produção e o aumento da população, os navios se tornaram uma
importante alternativa para o transporte de produtos, impulsionando o comércio
marítimo entre a Europa e o Oriente após o século XIII.
As inovações técnicas dos séculos XIII e XIV introduziram instrumentos que permitiam a aventura em alto-mar: além do leme axial, a bússola, portulanos (isto é, mapas antigos sem indicação de latitude ou longitude), cartas de navegação, etc. No início do século XIV, passou-se a usar a astronomia (latitude e longitude) para determinar a posição dos navios, principalmente entre os navegadores portugueses. A introdução da caravela consolidou o uso das rotas oceânicas, em lugar das rotas litorâneas. [...] O comércio marítimo deslocou-se: os Países-Baixos assumiram o controle de grande parte do mar do Norte, enquanto a península Ibérica orientava suas operações para a América. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 3822, v 16).
No final da Idade Média, a navegação de alto-mar e as travessias oceânicas
desempenharam papel fundamental na colonização do Novo Mundo, numa época
marcada pela organização de expedições com a finalidade de encontrar novas rotas
comerciais e descobrir novos territórios, o que ocasionou um significativo
aperfeiçoamento nas técnicas de navegação e nas próprias embarcações.
[...] processos rudimentares de transportes terrestres e aquaviários prevaleceram durante milênios. No entanto, com a Revolução Industrial, no século XVIII, que criou o trem e o barco a vapor, esses sistemas tomaram um grande impulso, atingindo um ritmo vertiginoso de desenvolvimento nos dois séculos seguintes. (KEEDI, MENDONÇA, 2003, p. 28).
O conceito mais moderno de navegação começou a delinear-se no início do
século XIX, após o americano Robert Fulton fazer a travessia do rio Hudson com
uma embarcação a vapor.
Por volta de 1820, foram construídos os primeiros navios de ferro, e, após
1860, são construídos os transatlânticos de aço.
No século seguinte surge a turbina, o óleo substitui o carvão como
combustível e todos os navios passam a ser equipados com rádio, mas, é após a II
Guerra Mundial que o transporte marítimo sofre a principal transformação, com o
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surgimento dos grandes navios especializados em diferentes tipos de carga, como
os porta containers, os navios tanque, os roll-on/roll-off, etc.
Contando com embarcações mais rápidas e maiores, os países
potencializaram as trocas comerciais, porém, no século XX o transporte marítimo
perdeu competitividade no mercado intercontinental de passageiros para o
transporte aéreo, mas, tornou-se líder absoluto em transporte de cargas.
Já o desenvolvimento do transporte ferroviário, foi impulsionado pelos
ingleses no século XIX com a necessidade de encontrar alternativas capazes de
oferecer maior capacidade e velocidade no transporte de cargas.
Essa necessidade surgiu com o aumento da produção, resultante da
Revolução Industrial que ocorreu desde a metade do século XVIII na Grã-Bretanha
que se espalhou pelas regiões a ela relacionadas após 1830.
Após o aparecimento da locomotiva, concebida em 1804 por Richard Trevithick, foi preciso esperar que a Rocket de George Stephenson conquistasse a vitória no concurso de Rainhill, em 1829, para que a locomotiva a vapor se tornasse o instrumento inconteste da tração ferroviária. A primeira grande linha especializada no transporte de passageiros e mercadoria foi inaugurada, em 1830, sobre os 58 km que separam Liverpool e Manchester, e marcou o começo do desenvolvimento das estradas de ferro em todo o mundo. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 2270, v 10).
Entre as evoluções mais importantes ocorridas no século XIX, estão os carris
de ferro fundido, que substituiu os trilhos de madeira, o motor de injeção a diesel e
as locomotivas elétricas, que substituíram a versão a vapor.
Rapidamente as ferrovias tornaram-se sinônimo de desenvolvimento, e, de
acordo com Larousse Bordas (1999), por volta de 1900, durante a colonização do
oeste, os Estados Unidos da América já contavam com mais de 300.000 km de vias
férreas, nas quais eram transportadas as riquezas do país, que, logo se tornou a
maior potencia econômica do mundo.
Na agricultura, a ferrovia possibilitou que gêneros perecíveis chegassem a
destinos distantes a tempo de serem consumidos, contribuindo para a ocupação e
desenvolvimento de regiões remotas e aumento da produção.
A ferrovia foi à invenção mais importante da Revolução Industrial, mas sua
importância ultrapassou a barreira comercial, e, obteve destaque na I e II Guerras
Mundiais, transportando armas e homens no campo de batalha.
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O transporte ferroviário foi dominante no meio terrestre até a metade do
século XX, quando começou a enfrentar a concorrência do transporte rodoviário que
requer menor investimento e oferece maior flexibilidade e rapidez nas operações.
Densas redes férreas constituídas por um núcleo de linhas principais, nas quais se enxertam vias secundarias, só existem nas regiões industrias (Europa, EUA, Japão). No restante do mundo, linhas isoladas percorrem imensos espaços e servem de ligação entre áreas produtoras no interior e portos exportadores, formando, eventualmente, redes locais nas regiões de maior concentração de atividades econômicas e de maior densidade demográfica. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 2270, v 10).
Essa condição sugere que a implantação de uma rede férrea só se sustenta e
justifica caso haja atividade econômica pujante em seu entorno, com uma demanda
continua por transporte, capaz de remunerar o alto investimento necessário em sua
instalação e manutenção.
O transporte rodoviário motorizado, por sua vez, surgiu em 1770, com o
veículo a vapor do engenheiro militar francês Joseph Cugnot, que no ano seguinte
lançou o segundo modelo, chamado fardier, para transporte de canhões e cargas
pesadas. Esses veículos são considerados os precursores do automóvel e da
locomotiva.
[...] os primeiros veículos automóveis terrestres utilizaram a força motriz do vapor no final do século XVIII e início do século XIX. Para a segunda metade do século XIX ficaram reservadas a concepção e aperfeiçoamento do motor a explosão, leve e de relação potência/peso elevada. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 541, v 3).
Após 1890 surgem inúmeras empresas automobilísticas na Europa e América
do Norte e as corridas automobilísticas aceleram as inovações que rapidamente são
incorporadas a todos os modelos.
Surge à indústria automobilística no final do século XIX, e também o
caminhão, que revolucionou o transporte terrestre e as trocas comerciais
intracontinente.
A Ford Motor Company, criada pelo norte americano Henry Ford, idealizou a
construção de automóveis em série nos arredores de Detroit, cidade que ainda hoje
é sede de muitas empresas da indústria automobilística.
Após a II Guerra Mundial a produção de automóveis intensificou-se e sua
utilização disseminou-se por todo o mundo.
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Atualmente existem grandes parques industriais no Japão, Estados Unidos,
Europa, Coréia do Sul, Taiwan e América Latina, porém, o setor enfrenta uma grave
crise, com perspectiva de grandes mudanças nos próximos anos.
As novas aplicações da física, engenharia, mecânica, etc., não se restringiram
a aplicações em veículos terrestres e aquáticos.
O transporte aéreo, conforme Larousse Bordas (1999) começou a ser
delineado no início do século XIX pelo engenheiro britânico George Cayley, ao
esboçar os princípios do funcionamento dos componentes essenciais do avião,
aplicados no final do século pelo francês Clement Ader em testes com motores a
vapor em máquinas voadoras, vislumbrando ao homem sair do chão a bordo de um
aparelho mais pesado que o ar.
Em 1906 o brasileiro Alberto Santos Dumont fez o primeiro vôo propulsado homologado da história, em 1919 foi implantada a primeira linha comercial, na Alemanha (Berlim-Leipzig-Weimar) e após a primeira linha internacional (Paris-Londres). Já em 1930, houve a primeira travessia aérea entre Europa e América do Sul, sendo que a primeira linha transatlântica regular foi inaugurada em 1939, por um avião Boeing 314. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 554, v 3).
Rapidamente a indústria aeronáutica tomou impulso e conquistou espaço
tanto no transporte de passageiros, quanto no de cargas.
A quantidade de vôos executados hoje, em todo o mundo e para qualquer parte permite que, praticamente, qualquer produto perecível ou não, possa ser transportado por este modo. Algumas vezes, os seus inconvenientes são as tarifas, bem mais altas que dos demais modos de transporte, mas que, para determinados produtos e destinos, é o único meio possível. A expectativa é que os custos de fretes aéreos sejam reduzidos, através do contínuo desenvolvimento tecnológico e da construção de grandes aeronaves, que possibilitem que produtos ora considerados inviáveis neste modo possam ser transportados por ele. (KEEDI E MENDONÇA, 2003, p. 29).
Dessa forma, foram lançadas as bases do sistema de transportes existente
atualmente, que tem o objetivo de fazer frente à crescente demanda, resultado do
desenvolvimento econômico, globalização e queda de barreiras comerciais.
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3.2 Transportes no Brasil
O descobrimento do Brasil tem ligação à necessidade dos europeus, no
século XIV, de estabelecerem uma rota alternativa para o extremo oriente e índias,
devido ao domínio hostil do império otomano sobre as rotas do mediterrâneo.
Os otomanos não impediam totalmente a passagem, porém essa somente era
possível mediante uma alta taxação, o que, na visão européia, somente fortalecia o
domínio mouro na região.
Para espanhóis e portugueses, foi o impulso que faltava para levar a frente
seus projetos de expedições marítimas. Esses, além do propósito de estabelecer
uma nova rota comercial com o oriente, tinham também, o objetivo de conquistar
novas terras que pudessem fornecer matérias-primas, metais preciosos e outras
riquezas.
A exploração portuguesa ao território americano e a colonização do Brasil
deu-se inicialmente pela ocupação do litoral com a instalação de vilas no litoral norte.
Com a introdução da cultura da cana de açúcar se geraram os recursos
necessários para que os portugueses se fixassem definitivamente no Brasil,
vendendo a produção de açúcar para o mercado externo.
Com uma costa coberta de florestas e habitada por povos nativos que
resistiam ao avanço português, a presença do colonizador limitou-se ao litoral nos
primeiros séculos.
Segundo a enciclopédia Larousse Bordas (1999), o caminho para o interior
estabeleceu-se inicialmente na região entre o Rio São Francisco e o Rio Parnaíba,
impulsionado pela pecuária, e pelas Entradas e Bandeiradas em direção ao oeste
com o objetivo de explorar o interior e localizar metais e pedras preciosas.
Apesar de não apresentar resultados imediatos, essas incursões abriram
caminhos que mais tarde levaram outros Bandeirantes a chegar às margens do Rio
Paraguai.
No final do século XVII foram encontradas as primeiras jazidas de ouro em
Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso e os Bandeirantes estabeleceram os primeiros
povoados permanentes no interior.
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Ainda de acordo com a enciclopédia Larousse Bordas (1999), a corrida em
busca do ouro fez com que o centro econômico e social da Colônia, situado, desde o
inicio da colonização no eixo Pernambuco-Bahia, fosse deslocado para o sudeste, e
em 1763, a capital mudou de Salvador para o Rio de Janeiro.
Com a cultura da cana de açúcar consolidada no nordeste, a pecuária
prosperando no interior da região norte e na região sul, e a descoberta de minas de
ouro no oeste, a Colônia experimenta pela primeira vez em sua história uma
articulação econômica entre as várias regiões.
O crescente povoamento do Brasil, sustentado por intensa imigração,
aumentou a necessidade de gêneros de consumo passando a impulsionar a
produção regular de produtos voltados para os mercados internos, que eram
transportados por gado nordestino e gaúcho criando interligações regionais.
No início do século XIX, com a chegada do príncipe D. João ao Brasil, um de
seus primeiros atos foi assinar a carta régia que abriu os portos do Brasil a todas as
nações amigas, possibilitando que a corte recebesse do exterior os produtos
necessários ao seu consumo.
Em meados do século XIX, sob o governo de D. Pedro II, o Brasil viveu um
ciclo de progresso baseado na lavoura cafeeira, na criação de algumas indústrias,
na criação de companhias de navegação, bancos, etc.
Entretanto, as divisões internas verificadas na primeira metade do século XIX
com ameaças separatistas fortaleceram no Governo Imperial a convicção da
necessidade de instrumentos que preservassem a unidade do país.
Uma importante evidência da visão integracionista de acordo com o
Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes (DNIT), foi à política de
incentivo a construção de ferrovias com Lei nº. 101, de 1835, que, oferecia a
concessão às empresas que se propusessem a construir estradas de ferro,
interligando o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.
24
3.2.1 Terrestre
O inicio do projeto ferroviário brasileiro deu-se com a Lei nº. 101, de 1835,
porém o incentivo não despertou o interesse desejado, pois as perspectivas de lucro
foram consideradas insuficientes para atrair investimentos.
Aos 30 de abril de 1854, era inaugurado o trecho inicial da primeira ferrovia construída no Brasil, a estrada de ferro Mauá, assim denominada por ter sido iniciativa do empresário Irineu Evangelista de Souza, Barão e depois Visconde de Mauá. O primeiro trecho da estrada com 14,5 km de extensão estabelecia ligação entre o porto de Estrela, no fundo da baía de Guanabara, à Estação Fragoso. Mais tarde seria inaugurado o trecho final, completando a ligação até a serra de Petrópolis. Desta forma, a ferrovia brasileira já nasceu como um exemplo perfeito de ligação multimodal. (FARIA, 2002, p. 81-82, apud JORNAL À TARDE, 1995).
Durante a maior parte da segunda metade do século XIX, a política do
Governo Imperial permitiu a construção de diversas ligações ferroviárias, porém,
com grande dispersão dos trechos e diversidade de bitolas, dificultando o transporte
contínuo na mesma composição ou modal.
Aproximadamente entre 1870 e 1930 as ferrovias brasileiras desempenharam um papel decisivo no escoamento de produtos agrícolas – sobretudo o café – do interior para os portos, articulando-se logisticamente com a navegação de longo curso. Os investimentos e a operação eram privados e independentes entre si, sendo implantadas com bitolas diferentes, não interligando os sistemas ferroviários regionais. (RODRIGUES, 2004, p. 57).
Até 1920 foram realizados investimentos significativos nesse modal que foi
implantado para atender a necessidade de transportar além da produção agrícola,
os minerais extraídos no interior do Brasil, em direção aos portos litorâneos.
No final de 1920, o Brasil já possuía uma extensão ferroviária de 28.553 quilômetros. Em 1948 tínhamos 35.623 quilômetros de ferrovias. Durante o regime militar o total das nossas ferrovias decresceu para 32.163 quilômetros, tendo atingido, em 1990, cerca de 29.000 quilômetros. Novas construções, como a Ferrovia Norte-Sul (Maranhão, Tocantins e Goiás), e a Ferronorte (São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) não alteram muito o panorama atual em face do ritmo das obras. Estão sendo construídas a cerca de duas décadas. (KEEDI, 2008, p. 146).
25
Com o crack da bolsa de Nova York em 1929, o preço do café, principal
produto de exportação brasileiro caiu drasticamente, e o mercado externo enfrentou
forte recessão econômica por um longo período que se estendeu além da II Guerra.
No entanto, com a indústria nacional em expansão e voltada a atender o
mercado interno, surge no Brasil, à necessidade de sistemas de distribuição mais
flexíveis e de instalação mais rápida e barata, o que começa a tornar as ferrovias
uma opção onerosa para a época.
Com o advento das rodovias, o inicio da produção de veículos rodoviários, o fechamento da economia brasileira em si mesma e o processo de substituição de importações, havia a necessidade de consolidar o mercado interno. Esse papel foi exercido pela acelerada expansão do sistema rodoviário, de implantação mais rápida e barata. (RODRIGUES, 2004, p. 41).
A década de 1940 marcou a acentuação do processo de estagnação do modo
ferroviário pela falta de investimentos, o que consolidou a migração de cargas para o
modo rodoviário.
Parte do mau desempenho das ferrovias foi atenuada na segunda metade do século XX com o desenvolvimento da siderurgia, já que esta incorporou novas e importantes cargas ao setor, como minério de ferro, calcáreo, carvão e produtos siderúrgicos semi-acabados e acabados. Isso, porém, não foi suficiente para reverter a precária situação financeira das ferrovias brasileiras. (KEEDI, 2008, p. 147).
Em 1957, o Governo Federal, com a finalidade de explorar, reequipar e
ampliar o tráfego decidiu pela unificação administrativa das 18 estradas de ferro
pertencentes à União, criando a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).
Durante a administração da RFFSA, as ferrovias formavam quatro sistemas
regionais, sendo os sistemas regionais Nordeste, Cento, Centro-Sul e Sul.
Em 1971 o Governo do estado de São Paulo unificou em uma só empresa as
estradas de ferro de sua propriedade através da Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA).
A década de 80, marcada pelo endividamento estatal, levou o governo a
planejar novamente a privatização da malha ferroviária, devido à incapacidade do
estado de investir os recursos necessários para recuperar a competitividade do
modal. Essa queda, verificada a partir do ano de 1981, acentuou-se até 1985, com
uma leve recuperação nos três anos seguintes.
26
Porém, após o ano de 1988 verificou-se nova queda no montante de recursos
públicos destinados ao setor ferroviário, chegando a um nível baixíssimo no ano de
1990.
Nos anos seguintes, os investimentos oscilaram entre uma leve recuperação
inicial e, posteriormente, uma queda gradual que culminou no ano de 1995 com o
fim do aporte de recursos públicos no setor sob a gestão da RFFSA, como revela o
gráfico 1.
Gráfico 01 – Sistema ferroviário no Brasil.
Fonte: Confederação Nacional do Transporte - CNT (2006 apud IPEA; SEST; RFFEA, p. 4).
A criação da RFFSA e a gestão estatal sobre as ferrovias durante três
décadas não resolveu as graves diferenças técnicas verificadas no setor, e, ainda
contribuiu para o sucateamento das vias e da frota.
Esses resultados negativos levaram o governo a planejar e implementar o
Plano Nacional de Desestatização (PND), na década de 1990, com o objetivo de
conceder a iniciativa privada o serviço de transporte ferroviário de cargas.
Após o PND, voltaram a ocorrer investimentos de recursos públicos e
privados no setor com o objetivo de recuperar a infra-estrutura ferroviária,
modernizar equipamentos e buscar soluções para as diferenças de bitolas
existentes.
27
A evolução desses investimentos pôde ser verificada imediatamente após as
concessões, no ano de 1997, sendo as concessionárias responsáveis pelo aporte de
um volume maior e crescente de recursos, exceto no ano de 1998, 2002, 2006 e
2008, quando investiram menos que no ano respectivamente anterior.
O governo voltou a destinar recursos ao setor ferroviário em 1997, e foi
responsável por um aporte significativo em relação ao total investido nesse ano,
seguido por uma importante redução nos dois anos seguintes, novo aumento nos
anos de 2000 e 2001, queda significativa até 2004 e novo aumento no volume de
recursos destinados nos anos seguintes. Essa evolução pode ser verificada no
gráfico 02.
Gráfico 02 – Investimentos.
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários - ANTF (2008 apud Ministério dos Transportes; DNIT e Associados ANTF. 2008, p. 3)
Os recursos investidos estão ajudando o setor ferroviário a recuperar as
condições operacionais, mas para atingir a qualificação técnica e a competitividade
necessária para oferecer economia aos transportadores e lucratividade aos
operadores, necessita de investimentos crescentes e contínuos ate que atinja a
capacidade de transporte ideal para o modal.
O repasse do controle operacional da malha ferroviária a iniciativa privada – na segunda metade da década de 90 – teve como uma de suas consequências investimentos significativos no setor de transporte ferroviário por parte das concessionárias, o que acarretou um aumento da
28
demanda pelo transporte ferroviário. Dessa forma, o transporte de cargas por meio do modo ferroviário passou a ser uma alternativa ao modo rodoviário, sendo esse fato perceptível na consolidação de importantes corredores ferroviários de transporte. Como principais resultados alcançados decorrentes do processo de desestatização, verificaram-se ganhos de desempenho operacional nas malhas concedidas, que pode ser comprovado, principalmente, devido ao aumento de produtividade do pessoal, das locomotivas e vagões, bem como na redução dos tempos de imobilização, do numero de acidentes e dos custos de produção. (CNT, 2007, p. 15).
Atualmente, o sistema ferroviário brasileiro é composto por doze malhas
concessionadas, onze delas administradas por concessionárias privadas, outra por
empresa pública, além de mais duas malhas industriais locais privadas, no estado do
Pará e uma estrada sob o controle do estado do Amapá.
A malha ferroviária nacional está distribuída em trechos regionais
denominadas Unidades de Negócios, conforme é possível verificar no mapa 01.
Mapa 01 – Mapa das concessões ferroviárias.
Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT (2009).
Um dos principais entraves para o setor atualmente é a baixa velocidade em
que opera a grande maioria das ferrovias, considerando que em trechos urbanos os
29
trens se deslocam a aproximadamente 5 quilômetros por hora por medida de
segurança.
Além de não atender a necessidade de prazos reduzidos de deslocamento
para muitos potenciais clientes, a lentidão provoca um aumento na taxa média de
ocupação da ferrovia, com necessidade de maior quantidade de equipamentos para
compensar, o que é extremamente prejudicial em um modal de alto custo fixo e
baixo custo variável.
O transporte ferroviário apresenta maior competitividade em distancias
superiores a 500 quilômetros, porém, não é dessa maneira que o modal é utilizado
atualmente no Brasil.
Essa dificuldade em estabelecer longos corredores é decorrente de vários
fatores, sendo um dos principais, a localização de muitos trechos ferroviários em
perímetros urbanos, causando conflito com as comunidades, os pedestres e
automóveis. Essa situação, além de retardar o deslocamento das composições,
torna a malha muito mais sujeita as depredações e a avarias, potencializando o risco
de graves acidentes.
O modelo de concessão adotado no Brasil, constituindo malhas regionais
desfavorece a utilização do sistema como um todo, devido a restrições de trafego
mútuo e direito de passagem impostas por regras estabelecidas em contratos atuais.
A divisão da ferrovia brasileira em malhas regionais – denominadas Unidades de Negócios - possibilitou a cada concessionária ter uma área exclusiva, uma verdadeira reserva de mercado, onde somente ela pode oferecer o transporte ferroviário. Somam-se a isto as dificuldades de circulação de cargas entre as concessionárias, impostas pelos acordos de trafego mutuo e direito de passagem. A falta de incentivo à concorrência, que a divisão em malhas regionais origina, é agravada pelos gargalos na infra-estrutura existentes desde o processo de concessão, o que resulta em velocidades operacionais baixas – inviabilizando as viagens longas de determinados produtos – devido aos traçados antigos das ferrovias, muito mais longos que as distancias rodoviárias. (CNT, 2007 p. 17).
Outra questão que afeta o desempenho do modal ferroviário é a pouca
integração com outros modais, devido à falta de terminais intermodais ao longo das
malhas, o que reprime a captação de cargas provenientes de diferentes regiões e
embarcadores que atuam na área de abrangência geográfica e econômica da
ferrovia.
Em 1999, o sistema ferroviário brasileiro foi responsável pelo transporte de
20% das cargas no Brasil, volume que em 2006 correspondeu a 24% do total
30
movimentado no país. Esse percentual ainda é baixo, se consideradas as
dimensões territoriais do Brasil.
Apesar dos resultados positivos obtidos em 10 anos de concessões, o modal
ferroviário precisa continuar e intensificar a reestruturação para tornar-se
efetivamente uma alternativa funcional e de baixo custo, contribuindo para
equacionar a matriz de transportes nacional, ajudando a reverter às profundas
distorções verificadas atualmente.
O transporte rodoviário no Brasil, da mesma forma que o ferroviário, começou a ser
idealizado na primeira metade do século XIX.
Um claro exemplo dessas preocupações remotas com os transportes como um fator de desenvolvimento foi o Plano Rebelo, submetido ao governo imperial no ano de 1838, pelo engenheiro José Silvestre Rebelo. Concebido antes de o Brasil ter começado a construir as suas primeiras ferrovias, esse plano rodoviário propunha a construção de "três estradas reais que, partindo da capital do Império, atingissem o Sudeste, o Noroeste e o Norte do País". (GALVÃO, 1996, p. 4-5, apud Brasil, 1974, p.37).
Denominado Plano Rebelo, o mesmo não foi executado, uma vez que não
existia atividade econômica suficiente que justificasse tal investimento, porém, os
caminhos traçados por Rabelo são os mesmos por onde passam atualmente os
principais eixos rodoviários do país.
A opção rodoviária ganhou força somente depois que os governantes e
sociedade viram que a ferrovia por si só não seria capaz de promover o
desenvolvimento do interior como acontecera no oeste americano, e que sua
expansão e manutenção estavam além das possibilidades dos cofres públicos.
Na primeira metade do século XX, os esquemas viários de abrangência
nacional foram idealizados tendo como base às ferrovias, complementados por vias
fluviais e rodovias.
A partir de 1915, foram realizadas, por iniciativa do exército, obras rodoviárias no Sul do país e linhas que penetraram pela região Centro-Oeste, com destaque para o marechal Rondon, [...]. A região Nordeste também foi atingida pelo “desenvolvimentismo” da Republica Velha, que através de órgãos como a Inspetoria e o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca iniciou aí a construção de rodovias a partir de 1917. (LAROUSSE BORDAS, 1999, p. 5093, v 21).
No ano de 1920, o Brasil tinha uma rede de estradas de rodagem de
aproximadamente 50.000 km que quadruplicou até 1940, passou dos 500.000 km no
ano de 1960 e atualmente tem mais de 1.600.000 km.
31
Nesta época, começou a se definir a importância que cada modo assumiria no
Brasil, conforme relata Vieira (2003, p. 103), apud Ministério dos Transportes (1995).
O setor teve um forte desenvolvimento a partir dos anos 50, notadamente na década de 70, devido a uma estratégia adotada que o considerava peça fundamental para o desenvolvimento do país e que acabou gerando uma distribuição desequilibrada entre modos. Hoje essa matriz de transportes, predominantemente rodoviária, gera um aumento significativo dos custos de nossos produtos e, em muitos casos, é responsável direta pela falta de competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, pois se estima que, com um dólar, é possível transportar uma tonelada de mercadoria por 536 km na hidrovia, por 107,2 km na ferrovia e por somente 24 km na rodovia.
Com a implantação da indústria automobilística na segunda metade da
década de 1950, os investimentos passaram a priorizar a ampliação da malha
rodoviária, orientada ao mercado interno e com o propósito de atender a
necessidade de ligações inter-regionais.
Mecanismos de financiamento em forma de imposto sobre combustíveis,
lubrificantes, cargas, passageiros e outros, permitiram ao setor rodoviário
financiamento para a construção e manutenção de estradas durante um longo
período.
No início dos anos 70, época da conclusão da conexão rodoviária entre todas as regiões brasileiras, os interesses rodoviaristas robustecerem-se de tal forma que, contrariando os postulados clássicos do transporte de cargas, resultam na subseqüente ocupação de praticamente toda a malha viária com o transporte pesado, em detrimento de uma matriz de transportes mais racional. (RODRIGUES, 2004, p. 49-50).
Hoje, aproximadamente 5% das rodovias brasileiras estão sob controle do
Governo Federal, 15% dos Governos Estaduais e o restante é administrado pelos
municípios, sendo que as estradas que apresentam melhor nível de conservação
estão nas regiões Sul e Sudeste.
Porém, fatores como o alto preço do petróleo, a ausência de balanças de
fiscalização – ocasionando a deterioração acelerada das pistas de rodagem -, o
escasso investimento estatal em infra-estrutura, a concessão de parte das estradas
a iniciativa privada resultando em cobrança de pedágios são alguns dos grandes
desafios para o setor de transporte rodoviário.
32
3.2.2 Aéreo
O transporte aéreo comercial teve seu início no Brasil com a criação da
Viação Aérea Riograndense (VARIG), no ano de 1927.
O crescimento do transporte aéreo tanto no Brasil como no resto do mundo
tem sido vertiginoso nos últimos anos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o
transporte aéreo apresentou um crescimento substancial em função da
disponibilidade do excedente de material de guerra disponível para o transporte
aéreo permitindo o seu substancial desenvolvimento entre os países signatários da
Convenção de Chicago de 1944.
A participação do modal em comparação ao total do volume de cargas
transportado no Brasil é muito pequena, porém o alto valor agregado aos produtos
coloca o modal em destaque frente aos demais quando se fala de valores
financeiros.
No Brasil, Quanto ao valor, à exportação aérea representou cerca de 6% e a importação aproximadamente 25% de tudo o que o Brasil transacionou no mercado externo no ano de 2007. [...] São números que impressionam pela sua grandiosidade e pela idéia que se costuma fazer dele, de um transporte quase nulo e insignificante. (KEEDI, 2008, p. 122).
Com os avanços tecnológicos e desenvolvimento de novos materiais, o modal
aéreo tende a tornar-se cada vez mais importante no transporte de cargas.
É o transporte adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos
volumes ou com urgência na entrega.
O transporte aéreo possui algumas vantagens sobre os demais modais, pois
é mais rápido e seguro e são menores os custos com seguro, estocagem e
embalagem, além de ser mais viável para remessa de amostras, brindes, bagagem
desacompanhada, partes e peças de reposição, mercadoria perecível, animais, etc.
33
3.2.3 Aquaviário
O transporte de cabotagem foi o primeiro modo de transporte a ser utilizado
no Brasil, e era praticado entre as vilas instaladas ao longo da costa na realização
do comércio de produtos e materiais típicos das diferentes regiões.
Na década de 1930 a cabotagem foi muito utilizada no transporte de carga a
granel, período em que as ferrovias já se encontravam em situação precária e o
transporte rodoviário ainda não era o modo preponderante.
No mapa 02, é possível ver os portos brasileiros atendidos pela cabotagem,
que atualmente volta a ganhar espaço no Brasil, favorecida pelo esgotamento da
capacidade das rodovias e pelos entraves que impedem o estabelecimento de
trajetos longos nas ferrovias. No mapa 02 é possível visualizar o alcance das rotas
de cabotagem, que permitem atender uma parcela importante dos estados
brasileiros.
Mapa 02 – Portos brasileiros atualmente atendidos pela cabotagem.
Fonte: Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ (2003).
Já a navegação interior, durante os últimos séculos, foi responsável pelo
transporte de produtos extraídos e cultivados no interior em direção aos portos e de
34
gêneros de consumo no percurso inverso, abastecendo os povoados do interior
aonde as estradas não chegavam.
Porém, ressalta Galvão (1996) a navegação interior nunca foi objeto de uma
política de desenvolvimento contínuo, apesar de propostas ambiciosas como a do
engenheiro militar Eduardo José de Moraes, no ano de 1869, chamado de Plano
Moraes, que propunha a interligação de todas as bacias hidrográficas do país e
estas as ferroviárias e portos de cabotagem.
Segundo Keedi (2008), no inicio do século XX o governo brasileiro não
dispunha de recursos para investir no sistema portuário brasileiro, recorrendo a
empreendedores privados, que, em troca de concessões para exploração de
serviços portuários construíram instalações de terra e mar, atuando como
autoridades portuárias e co-proprietários dos portos.
Essa política mudou substancialmente nos anos de 1930, quando o estado brasileiro passou a apropriar-se novamente do controle dos nossos portos dentro de uma filosofia de maior participação na economia, que resultou no planejamento da atividade econômica nacional centralizada no governo federal. Essa política permaneceu até meados dos anos 90. (KEEDI, 2008, p. 62).
A lei de modernização dos portos, Lei 8.630/93, que permitiu a participação
de empresas privadas nas operações portuárias, ocasionou um significativo aporte
de capital em melhorias estruturais e modernização dos potros brasileiros,
resultando maior produtividade nos terminais.
Apesar dos avanços, os portos inda são afetados por problemas antigos,
como as filas para carga e descarga, o alto custo com as operações portuárias e a
burocracia.
Existe desde a década de 50 uma taxa denominada Adicional de Fretes para
a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), cobrado sobre os fretes marítimos
das importações brasileiras e transporte de cabotagem, criado com a finalidade de
ser aplicado na constituição de uma frota mercante nacional.
Mesmo com a finalidade definida em lei, desde a década de 80, o governo
federal tem destinado os recursos do AFRMM para a composição do caixa único da
União, prejudicando a competitividade do modal aquaviário, que é penalizado com
uma despesa que não gera benefícios para os usuários.
35
3.2.4 Matriz de transportes no Brasil
Ao longo da história, a formação da matriz de transportes brasileira sofreu
influencias e interferências de grupos econômicos, sociais e políticos, que
implementaram e executaram os seus projetos.
Muitos desses projetos não tiveram continuidade devido à alternância no
poder e a falta de políticas suprapartidárias, de âmbito nacional e longo prazo,
gerando uma matriz desequilibrada, conforme é possível ver no gráfico 03.
Gráfico 03 – Matriz de transportes atual e futura.
Fonte: CNT (2009).
O resultado de aproximadamente dois séculos de investimentos numa
infinidade de projetos com os mais variados focos são uma matriz de transporte que
em épocas distintas priorizou diferentes modais, mas que traz consigo o
desequilíbrio da falta de planejamento e da ausência de políticas de longo prazo.
A situação brasileira atual da matriz de transportes de cargas acarreta perda
de competitividade para as empresas nacionais, uma vez que a ineficiência dos
modais gera um elevado Custo País, se tornando um fator limitante para o
desenvolvimento regional e internacional do Brasil.
A falta de um planejamento e de investimentos do setor de transporte
nacional implica numa incapacidade de acompanhar a demanda nacional podendo
gerar um colapso deste sistema. Uma das principais causas da ineficiência da matriz
de transportes de carga brasileira está baseada no uso inadequado dos modais.
Existe uma sobrecarga no transporte rodoviário, em função dos baixos preços de
frete, o que acaba servindo como uma barreira ao uso dos demais modais.
36
4 FORMAS DE TRANSPORTE E UNITIZAÇÃO DE CARGAS
Este capítulo apresentará os conceitos de transporte unimodal, intermodal e
multimodal, abordando-os tanto no aspecto operacional que os caracteriza quanto à
questão jurídica que envolve o contrato de transporte.
Também será abordada a unitização de cargas, e, as vantagens da utilização
do container.
No que diz respeito à unitização, de acordo com Porto (2000), as embalagens
exercem funções de consumo, comercialização e de transporte. A importância da
embalagem de transporte, explica o autor, esta no fato de que a mesma
[...] atende às funções de deslocamento, manuseio e identificação do produto para efeitos de tributação e fiscalização e uso nos transportes. [...] A embalagem de transporte se caracteriza por modificar a relação peso/volume, a forma do produto, pela unitização, tornando-o uma unidade de carga maior, com forma geométrica definida e igual para todos os produtos. Dessa forma dá-se um tratamento uniforme a várias unidades de carga, quando da sua armazenagem em áreas de estocagem e colocação dentro dos meios de transportes. A embalagem possibilita um adequado manuseio do produto e, consequentemente, torna mais ágil a sua manipulação, permitindo, por exemplo, a utilização de meios mecanizados nessa operação. (PORTO, 2000, p.125, 126).
Relativo a forma em que é classificado o transporte, inicialmente deve se
considerar os modais que serão utilizados para levar a carga do ponto de origem ao
local de destino.
Um sistema de transportes é constituído pelo modo (via de transporte), pela forma (relacionamento entre vários modos de transporte), pelo meio (elemento transportador) e pelas instalações complementares (terminais de carga). (RODRIGUES, 2004, p.27). (grifo do autor).
Em uma operação que se utilize apenas um modal de transporte da origem ao
destino, é correto usar a denominação unimodal. Se ocorrer troca para veículo do
mesmo modal e sob o mesmo contrato de transporte, teremos uma operação de
transbordo.
Quando o transporte da carga é feito em mais um modal, entre a origem e o
destino, teremos uma operação de transporte intermodal ou multimodal, a qual será
definida exatamente, após definir o tipo de contrato de transporte.
37
A carga transportada por diferentes modais, com contratos individuais para
cada trecho, é classificada como transporte intermodal. Já a carga que seja
transportada por mais de um modal de transporte entre origem e destino com um
único contrato de transporte classifica-se como operação multimodal, sendo que o
responsável por essa operação diante do embarcador é o Operador de Transporte
Multimodal (OTM).
4.1 Unimodal
Nessa forma de transporte é utilizado apenas um modal para levar a carga da
origem ao destino. Segundo Keedi (2008), o transporte unimodal é bastante utilizado
no comércio entre paises fronteiriços ou não, que estejam no mesmo continente ou
em continentes ligados.
No Brasil, esse modo de transporte é muito utilizado em operações de
distribuição no mercado interno, e no escoamento das exportações para os países
sul-americanos, seja pela cultura predominante do modal rodoviário ou pela
escassez de outras opções.
Do ponto de vista econômico, operações unimodais agregam competitividade
ao produto quando comparadas as alternativas, ainda assim se mostrem mais
adequadas.
Porém, dispor de apenas um modo de transporte em uma região com
significativo potencial produtivo, pode comprometer decisivamente o
desenvolvimento da mesma.
4.2 Intermodal
No transporte intermodal, o fator de valor jurídico que determina a
responsabilidade civil sobre a operação, é, a emissão de um contrato específico de
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transporte para cada modal utilizado e o respectivo trecho percorrido, entre a origem
e o destino da carga.
Esse tipo de transporte destaca Keedi (2003), “é uma operação comum para
destinos onde não há disponibilidade de transporte por modal único, ou por interesse
logístico, quando um transporte por mais de um modal pode apresentar-se mais
vantajoso do que um transporte direto”.
Esse é um tipo de transporte que aumenta o risco de disputas jurídicas em
caso de avaria da carga, uma vez que pode haver dificuldade em identificar o
responsável por eventual dano, fator que acarreta um maior prêmio na contratação
do seguro.
Nesse caso, o recomendado é que sejam tomadas todas as precauções
possíveis para definir exatamente o limite das responsabilidades do vendedor e do
comprador quanto aos riscos do transporte, fazendo as ressalvas necessárias nos
documentos.
Segundo Keedi (2003), havendo necessidade de indenização, “no caso de
problemas com a carga, como danos e avarias, o embarcador recorre apenas contra
o transportador responsável pelo transporte naquele momento”.
Caso o embarcador tenha recomendado a contratação de seguro, ele pode
acionar diretamente o segurador, deixando que esse proponha ação contra o
transportador.
Outra dificuldade comum nessa forma de operação é a perda de conexão do
modal transportado para o posterior, uma vez que transportadores individuais não
atuam com a mesma sinergia que transportadores sob o mesmo comando.
Keedi (2003), ainda ressalta que “essa operação pode ser realizada
diretamente pelos próprios embarcadores, ou por intermédio, por exemplo, de
transitários de carga, [...], mas sempre em nome do embarcador e com emissão de
conhecimentos de transporte pelo transportador contratado”.
A intermodalidade é bastante utilizada no Brasil, devido a sua extensão
territorial, ao fato de muitos operadores serem especializados em um modal de
transporte apenas, a divisão das malhas ferroviárias para diferentes concessionárias
sem acordo de utilização mútua e diversidade de bitolas, além de outros.
39
4.3 Multimodal
A operação de transporte multimodal é aquela em que a carga é transportada
em mais de um modal, mas com um único contrato de transporte, sendo o OTM o
responsável pela entrega da carga.
É necessário que não se perca de vista que a multimodalidade implica em que, juntamente com ela, esteja andando a intermodalidade. Enquanto o dono da carga está realizando uma operação multimodal, recebendo um documento de transporte único, o OTM está envolvido numa operação intermodal. Isso ocorre porque ele terá de contratar os modos de transporte independentes para levar a carga de seu ponto inicial ao seu destino final, substituindo o dono da carga. Isso implica em dizer que ele receberá de cada transportador um documento de transporte independente e será o embarcador de cada um deles. (KEEDI, 2001, p 82).
Um importante fator para a efetiva utilização do transporte multimodal foi à
intensificação do uso do container, considerando que a manipulação da mercadoria
gera riscos de avaria, e esse equipamento além de facilitar a movimentação entre
veículos, ajuda a proteger a carga.
No Brasil, as criações da figura jurídicas do OTM com Lei 9.611/98,
regulamentada pelo Decreto 3.411/00, têm o objetivo de centralizar em um único
agente especializado as operações de transporte para empresas que pretendam
utilizar as vantagens oferecidas pelos diferentes modos de transportes.
[...] no caso de qualquer problema com a carga, o OTM responde sozinho por ela perante o seu embarcador. Assim, é ele quem terá o direito de recorrer contra os seus transportadores subcontratados. (KEEDI, 2003, p 48-49).
Em operações de importação e exportação para outros continentes, é
praticamente impossível transportar mercadorias porta a porta por um único modal,
fator que impõe dificuldade ao embarcador pela complexidade da operação, que
envolve vários agentes, legislações diferentes em outros países e muitas vezes falta
informação e conhecimento específico no setor por parte do embarcador.
O OTM é um prestador especializado em operações que envolvem o
transporte porta a porta, sendo que muitos atuam com consolidação de cargas,
obtendo ganho de escala, uma vez que ao negociar o transporte de cargas de vários
40
embarcadores lhe colocam em posição de vantagem para negociar preços e prazos.
Para realizar essas operações pode
[...] utilizar-se de veículos próprios para a operação, bem como de transportadores subcontratados para o transporte da carga. Nesse caso, o OTM será o embarcador desses subcontratados. É uma operação diferente daquelas que ocorre com a utilização de operadores logísticos, como os transitários de carga, visto que estes são apenas contratados terceirizados do dono da carga, e não transportadores. (KEEDI, 2008, p 51).
Para o embarcador é mais seguro entregar a mercadoria a um único
responsável pelo transporte, tornando mais fácil o ressarcimento por eventual dano,
já que o responsável é previamente definido no contrato.
Sistemas multimodais, em que os diferentes modos operados funcionam com
eficiência, podem promover a integração competitiva entre os pólos produtores e
consumidores ou desses e os locais de exportação ou importação.
Conforme Leib (1978) apud CAIXETA-FILHO E GAMEIRO, 2001, p 77-78
Por causa de características diferentes entre os modos alternativos, como custos e outros aspectos qualitativos, pode ser economicamente desejável que entre a origem e o destino de determinada mercadoria sejam utilizados mais de um modo de transporte, com o uso das vantagens inerentes a cada um deles, o que resulta num serviço de menor custo e/ou de melhor qualidade.
A utilização mais efetiva do OTM é prejudicada por questões indefinidas
quanto a pagamento de impostos e cobrança de seguros, e o vultoso capital social
exigido para o credenciamento do operador.
4.4 Unitização
A carga constituída em um fardo fechado com determinado número de
embalagens previamente cheias corresponde a uma carga unitizada.
Segundo Keedi e Mendonça, (2003, p 35), a unitização tem “o objetivo de
facilitar o manuseio, movimentação, armazenagem e transporte da carga, fazendo
com que a sua transferência, do ponto de origem até o seu destino final, possa ser
41
realizada tratando o total de volumes envolvidos em cada unitização como apenas
um volume”.
Outro benefício que pode ser atingido com esse método é a segurança da
operação de movimentação da carga que pode ser realizada em qualquer
equipamento adequado a essa operação.
Ainda conforme os autores surgem outras vantagens resultantes da
unitização de cargas:
[...] redução do número de volumes a manipular; menor número de manuseios da carga; menor utilização de mão de obra; possibilidade do uso de mecanização; melhoria no tempo de operação de embarque e desembarque; redução de custos de embarque e desembarque; redução de custo com embalagens; diminuição das avarias e roubos de mercadorias; redução do custo de seguro das mercadorias; incentivo da aplicação do sistema door-to-door (porta a porta); padronização internacional dos recipientes de unitização.
A unitização é uma tendência irreversível, e poderá se estender a maioria dos
tipos de cargas destinadas ao comércio exterior, resultando em maior
competitividade para os produtos, principalmente pela diminuição das avarias e
rapidez nas operações.
Existe diferença entre o recipiente para unitização de carga e a unidade de transporte de carga, sendo o primeiro o equipamento utilizado para acondicionar a mercadoria, neste caso o container, e o segundo consiste no próprio veículo transportador, que é utilizado para transportar o equipamento com a carga já unitizada e que pode ser especializado de acordo com o tipo de container (KEEDI, MENDONÇA, 2003, p 36).
Atualmente os principais recipientes utilizados para unitizar cargas são o
container, o pallet, e o big bag, sendo essas, consideradas as melhores formas para
unitização.
O pallet é uma estrutura que tem por principais finalidades, a acomodação da
carga, funcionando como uma base de apoio, e, possibilitar a movimentação
mecânica do lote, por equipamentos como as empilhadeiras.
Sua apresentação em geral é no formato quadrado ou retangular, com
superfície simples, dupla, no formato de uma caixa ou com mais de um pavimento,
esses em casos específicos devido a peculiaridades da carga.
A estrutura do pallet de superfície dupla apresenta separação por vigas,
resultando em um vão que possibilita a entrada dos garfos da empilhadeira, e o de
superfície única, é somente montado sobre vigas, mas tem a mesma utilização. O
42
pallet com entradas para garfos nos quatro lados diminui o tempo de movimentação
da carga.
Segundo keedi (2003), o pallet ideal é o que atende adequadamente a
operação a que é destinado, viabilizando-a, pois é pouco comum que o mesmo
retorne ao local de origem.
O big bag, considerado um container flexível com alças, de capacidade para
até duas toneladas, feito de polipropileno, têm a função de unitização mais voltada a
cargas do tipo granéis sólidos, soltos ou ensacados. Essa utilização diminui os riscos
de ruptura da embalagem.
Sua característica principal é, segundo Keedi (2003), a facilidades de
manipulação tanto no ensacamento, armazenagem e manipulação, além de ser
reutilizável, pela facilidade de retorno, já que é dobrável e leve.
O autor ainda explica que o big bag, por ser impermeável, pode ser
armazenado em pátios abertos e transportado em qualquer modal, devido a sua
configuração e praticidade.
4.5 Container
Constitui-se um facilitador do transporte, agregando segurança, rapidez e
proporcionando redução de custos, além de ser capaz de transportar grande volume
de mercadoria a longa distância.
Segundo a International Standards Organization (ISO), o container é um cofre de carga móvel, ou seja, provido de dispositivos que permitem a sua manipulação; dotado de marcas e sinais de identificação; com volume interno de, no mínimo, 1 m3. O material de construção mais utilizado na fabricação de containers é o aço, que tem como vantagens seu custo relativamente baixo e sua alta resistência. Entretanto, existem também containers de alumínio e de madeira com fibra de vidro, que tem como principal vantagem seu peso reduzido e como desvantagem sua maior fragilidade (VIEIRA, 2003, p 63).
A utilização do container tem contribuído decisivamente para o aumento do
transporte multimodal e o desenvolvimento de avançados equipamentos de
43
movimentação agregando segurança, rapidez e redução de custo e avarias nas
operações.
Keedi e Mendonça (2003), explicam que as ações de unitização, de
movimentação, de embarque e desembarque de qualquer que seja o produto,
devem seguir o princípio de agilidade no escoamento e nesse sentido é
indispensável que portos, armazéns e terminais de containers estejam adaptados a
esse tipo de equipamento.
Após muitas mudanças, os containers chegaram aos padrões atuais,
tornando-se modulares e com medidas padronizadas proporcionando fácil
adaptação ao meio transportador.
44
5 PRINCIPAIS MODAIS DE TRANSPORTE E CONEXÕES
INTERMODAIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Neste capítulo será apresentada uma síntese dos principais características
dos modais de transporte do estado de Santa Catarina e as conexões intermodais
formadas pelo encontro de suas vias.
Devido ao tema principal desse trabalho tratar da integração física dos modais
de transporte, transpondo a questão jurídica que classifica os contratos em
intermodais ou multimodais, o termo “intermodal” e suas variações serão adotados
em todas as situações que descrevam relações ou operações entre diferentes
modais de transporte, com o objetivo de facilitar o entendimento da matéria.
Segundo Porto (2000), e Keedi (2001), os modais de transporte são o aéreo,
o aquaviário, o ferroviário e o rodoviário, sendo que, Rocha (2003) e Rodrigues
(2004) acrescentam a essa lista o modal dutoviário.
Em Santa Catarina o sistema viário é composto por vias marítimas, malha
ferroviária, rodovias, aerovias, e gasoduto. No mapa 03, é possível visualizar a
localização de parte dessa estrutura.
Mapa 03 – Estado de Santa Catarina.
Fonte: Ministério dos Transportes, (2009).
45
As conexões formadas pelo encontro das vias dos modais rodoviário,
ferroviário e marítimo serão evidenciadas no desenvolvimento desse capítulo, bem
como a localização de terminais que possibilitem a transferência de cargas entre os
modais.
5.1 Importância dos terminais intermodais
Com o aumento da utilização do container, ocorreu uma revolução na maneira
de transportar mercadorias, tornando as operações mais ágeis, seguras e
econômicas. Porém, os benefícios podem ser ainda maiores quando for possível
utilizar a intermodalidade no escoamento e distribuição de cargas.
Para que seja possível alcançar o máximo dos benefícios que a
intermodalidade e o container podem oferecer, são necessários terminais
especializados em operações com esse tipo de equipamento nos locais onde se
conectam diferentes modais de transporte.
Terminais de containers são recintos fechados, com uma ou mais portas de acesso controladas e que dispõem de todos os meios necessários à gestão da carga. Quanto à infra-estrutura, os terminais de containers devem possuir suficientes áreas de depósito, com separação de mercadorias perigosas e um número adequado de tomadas para containers frigoríficos (reefer). Devem apresentar também armazéns de carga e descarga; escritórios centrais informatizados; meios adequados de manipulação de carga e oficinas de manutenção de equipamentos (trailers, gruas e outros). (VIEIRA 2003, p. 77).
Normalmente, os terminais de containers são instalados em áreas portuárias
e retro-portuárias, regiões industriais, fronteiras ou em confluências entre diferentes
modos de transporte.
A importância da intermodalidade para o desenvolvimento de uma região
produtiva ou uma nação é evidenciada por Keedi (2001) ao afirmar que
O Comércio Exterior está estruturado em muitas variáveis, sendo uma delas, de valor fundamental, o transporte de bens vendidos, comprados ou trocados. Através dos modais de transporte, aliados as diversas outras variáveis como armazenagem, movimentação, tempo, qualidade, preço, etc., realizam-se a transferência desses bens de seu ponto de origem até o seu ponto de destino, atividade hoje largamente conhecida como logística de transporte. Uma logística de transporte montada adequadamente,
46
baseada em variáveis importantes do processo como as mencionadas no parágrafo anterior, pode representar para a empresa a lucratividade ou prejuízo na atividade exportadora ou importadora e, conseqüentemente, a sua manutenção, incremento ou retirada do jogo das trocas internacionais (KEEDI 2001, p. 22).
A carga containerizada que chega ou sai de um terminal proveniente de
exportação ou de importação, esta sujeita a operações de carregamento ou
descarga, transbordo ou transferência entre diferentes modos de transporte, além de
movimentações no pátio do terminal enquanto aguarda a sua destinação.
O aumento desse tipo de operações tem gerado a necessidade de
adequação e modernização dos terminais existentes, aquisição de novos
equipamentos, ampliação das áreas de armazenagem, construção de vias de
acesso exclusivo para terminais localizados em centros urbanos, informatização e
mecanização de processos, etc.
Dentro dessa perspectiva, os terminais de container são um importante
componente da infra-estrutura de apoio ao transporte, podendo ser considerados ao
lado do container, o principal elemento da intermodalidade.
5.2 Modal Aquaviário
No modal aquaviário, o transporte fluvial é realizado em rios e canais e o
lacustre em lagos e represas. O transporte marítimo é o que ocorre nos mares e
oceanos, sendo que a navegação em águas costeiras é denominada cabotagem.
A navegação de longo curso, que atinge o alto mar, ocorre entre diferentes
paises e é responsável pelo transporte internacional de cargas.
Já a navegação costeira é a que ocorre no âmbito internacional quando
próxima ao continente. Também é considerada costeira a navegação de cabotagem
empregada no transporte nacional entre portos marítimos ou marítimo e fluvial do
mesmo país. Já a navegação entre dois portos fluviais é denominada navegação
interior.
A navegação marítima de longo curso, realizada em mares e oceanos,
destaca-se por ser o principal meio utilizado no transporte internacional de cargas.
47
O modal aquaviário é o mais competitivo para o transporte da maioria das
cagas, exceto as que necessitam chegar com rapidez ao destino.
As principais vantagens de transportar cargas pelo modal aquaviário são os
baixos fretes em relação aos outros modais e a grande capacidade de volume.
Como desvantagem do modal aquaviário pode-se citar freqüentes
congestionamentos nos portos, a necessidade de embalagens resistentes, a pouca
integração com os outros modais e a distância de muitos dos importantes centros de
produção e consumo.
Os portos são estratégicos para o exercício da soberania nacional, servindo como locais de aplicação da política tributária governamental para viabilizar o modelo econômico adotado pelo país. [...] Os portos são ainda os pontos nodais de integração e transferência entre os modais de transporte terrestre e marítimo, possuindo adicionalmente a função de amortecer o impacto da chegada e da saída das cargas no fluxo do sistema viário local, por meio de armazenagem temporária, regulando assim os processos de consolidação de cargas (exportação) e de distribuição física (importação). (RODRIGUES 2003, P. 145).
Um porto pode abrigar terminais portuários distintos, porém localizados na
mesma área de porto organizado, sob a jurisdição da mesma Autoridade Portuária,
como ocorre no Complexo Portuário de Itajaí.
“O terminal portuário é a unidade menor em que são divididos os portos, e
que é administrada independentemente por um operador portuário ou, quando a
administração é estatal, pela União, pelo Estado ou Município. Pode ser composto
por um ou mais berços de atracação. São normalmente especializados em tipos de
carga ou navio”. (KEEDI e MENDONÇA, 2003).
Quanto à classificação dos portos, no que se refere à infra-estrutura,
capacidade de geração de cargas e posição em relação às rotas internacionais,
devem predominar dois ou três tipos básicos de terminais portuários, sendo os
regionais ou alimentadores, os de movimentação e os concentradores de carga.
Os terminais regionais, que são os de menores dimensões, deverão atender
aos navios de menor porte denominados navios distribuidores, levando a carga ao
seu ponto final de consumo em determinada região, no litoral de um estado ou do
país.
Os terminais de movimentação deverão atuar na transferência de carga para
outros navios ou servindo de alimentadores para a região na qual se localizam.
48
Já os terminais portuários que recebem uma maior concentração de cargas
para posterior distribuição para outros portos internacionais, atendem ao perfil de
portos concentradores de carga.
Os terminais concentradores de containers servirão como referência para um
país ou até um continente inteiro, porém, o alto custo da implantação, a necessidade
de condições naturais muito favoráveis e de um grande volume de cargas deve
limitar o surgimento desse tipo de terminais.
Esses terminais podem vir a surgir em rotas de grande densidade de tráfego
marítimo, ligando os principais pólos produtores mundiais a grandes mercados
consumidores.
Somente no ano 2000 alguns poucos terminais portuários brasileiros especializados em containers começaram a ter condições de receber e operar porta-containers de 4ª geração, [...] capacidade para até 4.300 Twenty Equivalent Unit (TEU). Em alguns países já começam a ser comuns os porta-containers para até 90.000 toneladas e capacidade para até 8.400 TEU. (RODRIGUES, 2004, p 92).
Para que operem com eficiência, os terminais portuários precisam de cais
acostável que permita a operação simultânea de mais de uma embarcação, área
com grande capacidade para armazenagem, equipamentos de movimentação de
médio e grande porte, tomadas de energia para containers reefer, entre outros
requisitos.
Além destes, existem outros fatores que afetam as operações dos terminais
portuários como vias-expressas de acesso aos portos, estacionamentos para os
transportadores e serviços integrados dos órgãos intervenientes no local.
O transporte dos containers da porta de entrada até o pátio do terminal, na exportação, e do pátio do terminal ate a porta de saída, na importação, geralmente é realizado pelos próprios veículos dos transportadores contratados pelos usuários (exportador ou importador). Já a transferência do container do pátio ao cais e vice-versa, nas operações de carga e descarga do navio, é feita com veículos do terminal. Na prática, nas operações de descarga de mercadorias de importação, os containers não chegam a ser descarregados ao cais; eles são transferidos diretamente da grua do cais ao trailer do terminal. O mesmo ocorre no caso da exportação, em que os cofres são transbordados diretamente do trailer ao navio atracado, não sendo, portanto, descarregados ao cais. (VIEIRA 2003, p. 79).
49
No estado de Santa Catarina, o modal aquaviário é composto pelas vias
marítimas que acessam os portos de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul, todos
voltados ao transporte nacional e internacional de cargas através da cabotagem e do
longo curso respectivamente, além do porto lacustre de Laguna, voltado a atividade
pesqueira.
Em breve, entrará em operação o porto de Itapoá, atualmente com as obras
de construção em andamento. A perspectiva é que esse terminal portuário disponha
da maior profundidade entre os portos catarinenses, com boas chances de se tornar
um porto concentrador de cargas.
Recentemente, foi inaugurada a primeira hidrovia do estado de Santa
Catarina, que liga o município de Joinville ao Oceano Atlântico, em São Francisco do
Sul, sendo esse o único trecho fluvial que compõe o modal aquaviário no estado,
porém, sua utilização inicial será para o transporte de passageiros.
Os tipos de linhas que atendem a um porto na navegação de longo curso são
as linhas regulares ou não-regulares.
Segundo Keedi e Mendonça (2003), Vieira (2003) e Rodrigues (2004), o
transporte marítimo de linha regular, denominado serviço liner, é aquele realizado
em rotas preestabelecidas, com portos e escalas fixas.
Já nas linhas não-regulares, os navios operam de acordo com a conveniência
dos armadores ou embarcadores, e predomina o transporte de granéis. Essas
linhas, os navios podem ser afretados, quando atendem a uma viagem estabelecida
em beneficio de um ou mais embarcadores, ou, tramps, em que os navios não
obedecem a uma rota regular, pegando cargas nos mais variados portos.
Com a expansão do comércio internacional, aumentou significativamente a
quantidade de produtos sendo transportados pelas mesmas rotas, o que possibilitou
a divisão das cargas em grupos distintos.
A carga pode ser dividida em duas categorias, a granel e carga geral, podendo ser sólida, liquida, gasosa, seca, refrigerada, congelada, etc. e pode ser embarcada e transportada de três maneiras, a granel (bulk), individualmente (breakbulk) ou agrupada (unitizada). (KEEDI 2008, p. 53).
A divisão por tipo de cargas também estimulou a especialização dos navios.
Entre os principais estão os porta-containers, os roll-on/roll-off, os navios-tanque ou
petroleiros e os graneleiros. Com esses tipos de navios, pode-se transportar quase
tudo o que se possa produzir atualmente.
50
A especialização dos navios, esta levando muitos terminais portuários a
reestruturação, visto que
[...] todo esse processo de desenvolvimento e especialização na navegação gerou uma tendência, claramente observada nos últimos vinte anos, de aumento do tamanho dos navios e redução do número de escalas por parte das companhias marítimas, com o objetivo de garantir maiores economias de escala na operação de suas frotas. Isso, por outro lado, fez aumentar a concorrência e a especialização portuária, surgindo os conceitos de hub e feeder. Um porto hub corresponde a um porto centralizador de cargas, preparado para operar com containers de forma eficiente e a baixo custo. Um porto feeder é um alimentador do porto principal. (VIEIRA 2003, p. 36).
Os portos catarinenses em atividade não apresentam profundidade para
receber grandes navios atualmente, o que por hora os impede de pleitear a posição
de hub port.
É necessário frisar que as companhias marítimas, proprietárias de navios porta-containers de grande porte e, portanto, com custos fixos elevados, analisarão, no momento de escolher os portos onde farão escala, fatores como rapidez nas operações e tarifas portuárias, além do potencial de geração de cargas de importação e exportação do porto e sua situação geográfica. Daí decorrem os conceitos de hinterland e vorland, que se referem às áreas de influencia terrestre e marítima do porto respectivamente. O hinterland de um porto determina o potencial gerador de cargas (tanto de origem, quanto de destino) da região onde o porto está situado e o vorland corresponde a sua situação geográfica, ou seja, o maior ou menor afastamento do porto em relação as principais rotas de navegação. (VIEIRA 2003, p. 37).
No que diz respeito à geração de cargas, todos os portos catarinenses tem
potencial para crescer, devido à proximidade que estão dos centros industriais e
produtores. Quanto à localização geográfica, estão um pouco distantes do eixo das
grandes rotas de navegação, localizadas mais ao norte.
Obviamente, esses conceitos não poderão ser analisados de forma isolada. Há ainda um terceiro ponto a ser considerado na analise das possibilidades de um porto: o seu umland. Esse conceito refere-se às condições do porto em si, sua estrutura, seus recursos, suas tarifas e a qualidade dos serviços que presta. Aqueles portos que, na conjunção dos três conceitos expostos anteriormente e de outros de ordem política e econômica, não apresentarem condições de atuar como centralizadores de carga (hubs) poderão atuar como feeders ou alimentadores do porto principal, no transporte de cabotagem. Obviamente, essa situação não se apresenta de forma tão rígida, podendo um porto feeder atuar como porto principal em alguns tráfegos específicos. (VIEIRA 2003, p. 36-37).
51
Nesse sentido, a cabotagem pode ser uma importante alternativa para muitos
portos, que tem profundidade inferior a 12 metros, o que os limita a receber navios
de médio porte.
Essa utilização tem se verificado atualmente nos portos de Itajaí e
Navegantes, como alternativa operacional devido ao assoreamento causado pela
enchente de novembro de 2008, que para não cessarem totalmente as operações,
tem recebido navios de pequeno porte conhecidos como “navios feeders”,
movimentando cargas de exportação em sistema de cabotagem com outros portos
do sul e sudeste brasileiro (Informativo dos Portos, 2008).
A tendência de redefinição das rotas internacionais e da posição que cada
porto ocupara no cenário global ocorrera em curto prazo, devido à construção de
navios cada vez maiores para substituir e ampliar a frota existente.
A idéia hoje predominante é que os navios de longo curso atraquem apenas nos principais portos, chamados de concentradores de cargas ou hub-ports. O abastecimento desses portos ou a distribuição deles para os menores vem sendo feito pelo que se convencionou chamar de feeder service, ou seja, transbordo via cabotagem (RODRIGUES 2004, p. 84).
Além da função de apoio à navegação de longo curso, entre as regiões de
paises com uma longa costa navegável, como é o caso do Brasil o transporte de
cabotagem pode ser utilizado para a distribuição de produtos e matérias-primas no
mercado interno.
Atualmente são poucas as empresas que atuam na navegação de cabotagem
no Brasil. As linhas regulares atendem principalmente o trecho Santos-Manaus, e
com uma freqüência menor, existem rotas que alcançam o porto de Rio Grande, no
extremo sul.
Além das barreiras estruturais que devem ser ultrapassadas, quando se fala
em cabotagem no Brasil,
[...], outros fatores entram em cena, como: o custo do transporte marítimo (incluindo-se ai as diferenças nos custos de tripulação e nas cargas tributárias entre as bandeiras de distintas nacionalidades); os elevados custos de alguns portos brasileiros e, também, fatores de ordem política, como a natural pressão exercida pelo modal rodoviário; fatores de ordem econômica, ligados a questões de desenvolvimento e fatores de ordem social como, por exemplo, a geração de empregos. [...] De qualquer modo, a cabotagem volta a ser uma opção interessante, principalmente em trajetos longos e para cargas de baixo valor agregado. Por exemplo, em transportes entre o sul do país e a região nordeste, computados todos os itens de custo, a diferença entre o modal rodoviário e a cabotagem pode chegar a 40%. E acredita-se que, em longo prazo, com o aumento e a
52
modernização dos navios na rota; a redução de custos decorrente do processo de modernização portuária e o incremento de custos no modal rodoviário (principalmente pedágios, combustíveis e investimentos para renovação da frota), a cabotagem possa ser também uma alternativa em trajetos um pouco mais curtos. (VIEIRA 2003, p. 91).
O transporte aquaviário também ocorre na forma de navegação fluvial, em
rios, e lacustre, denominada navegação interior ocorrendo nos cursos d'água, lagos
e canais.
No Brasil a rede lacustre é pouco significativa e está localizada no extremo
Sul do país onde se encontram as lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira.
No Rio Grande do Sul localiza-se a principal via de transporte fluvial e lacustre
do país, formada pelos rios Taquari e Jacuí, ligados à lagoa dos Patos e Mirim pelo
canal de São Gonçalo.
A navegação fluvial, realizada por embarcações de médio e grande porte é
realizada principalmente nos rios de planície com longos cursos navegáveis como o
Amazonas e seus maiores afluentes, o rio Paraguai e o rio Parnaíba. O rio São
Francisco também apresenta um longo trecho navegável de Pirapora (MG) a
Juazeiro (BA).
Um grande projeto em implantação é o Tietê-Paraná, em São Paulo, que visa
possibilitar o escoamento da produção de vários municípios paulistas pela hidrovia
através da conexão rodoviária e ferroviária.
Uma maior utilização da navegação fluvial brasileira é dificultada pelas
barreiras naturais como corredeiras e quedas d’água, mas principalmente pela falta
de políticas que contemplem projetos viários para essa finalidade.
5.2.1 Porto de Imbituba
No porto marítimo de Imbituba, localizado no litoral sul do estado de Santa
Catarina, em uma enseada aberta a 90 quilômetros ao sul de Florianópolis,
predomina a movimentação de graneis sólidos, mas o porto também opera com
graneis líquidos e cargas gerais, inclusive congelados e carga rodante.
53
Trata se de um porto com ligação intermodal rodo-marítimo e marítimo-
ferroviária, ligando as rotas de cabotagem e longo curso a Ferrovia Teresa Cristina
(FTC) e a SC 435.
O acesso rodoviário pela SC 435 acessa a BR 101, possibilitando a ligação
no sentido sul passando pelo município de Passo de Torres e seguindo ao estado do
Rio Grande do Sul.
No sentido norte, através da Br 101, é possível chegar às regiões da Grande
Florianópolis, Vale do Itajaí e região Nordeste, essas últimas, também servidas pelos
portos de Itajaí e São Francisco do Sul, respectivamente.
Na altura do município de Laguna, através da BR 101, é possível acessar a
SC 475, que passa pelo município de Urubici e chega a BR 282, ligando o porto ao
oeste catarinense.
A ligação ferroviária do porto de Imbituba pela FTC, denominado corredor
Imbituba segue em direção a região carbonífera no sul do estado, até o município de
Forquilinha, passando por importantes cidades, como Tubarão e Criciúma.
A importância da ferrovia para o porto está na ligação que ela faz com os
municípios do pólo cerâmico, com conexão intermodal rodo-ferroviário com o
Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (REDEX) Criciúma
Terminal Multimodal, na cidade de Criciúma, possibilitando o desembaraço de
mercadorias destinadas à exportação no terminal.
A FTC é uma ferrovia isolada do restante das malhas do Brasil, sendo que a
possibilidade mais provável de conexão é a concretização do projeto de implantação
da ferrovia Litorânea, ligando esta à malha da ALL, em São Francisco do Sul.
O porto, que é administrado pela empresa de capital privado Companhia
Docas de Imbituba (CDI), recentemente formalizou contrato de arrendamento de
parte de suas instalações ao Grupo Santos Brasil, maior operador portuário da
América Latina. As obras previstas em contrapartida pela concessão devem
impulsionar o volume de movimentação de carga geral em container no porto, em
face dos vultosos investimentos previstos em infra-estrutura e equipamentos.
54
5.2.2 Porto de Itajaí
O complexo portuário do Itajaí-Acú, situado a 110 quilômetros ao norte de
Florianópolis, abrange os terminais Braskarne, Trocadeiro, Dow Química, Terminal
Portuário de Itajaí S.A. (TEPORTI) Terminais Portuários de Navegantes
(PORTONAVE S.A.), Terminal de Containers do Vale de Itajaí (TECONVI), que
recentemente teve sua infra-estrutura fortemente afetada por uma grande enchente.
O terminal mais afetado fisicamente foi o Teconvi, localizado na margem Sul,
com a destruição de um dos berços de atracação e comprometimento da estrutura
de outro, porém, comercialmente, todos os terminais foram afetados com o
assoreamento do canal navegável do rio prejudicando o acesso das embarcações.
Com exceção do terminal privado Dow Química que opera com graneis
líquidos, prevalece à movimentação de carga geral e carga refrigerada em container
no porto, sendo que o terminal Braskarne, é especializado em cargas frigorificadas
(reefer).
Esse é um porto com conexão intermodal rodo-marítimo, fazendo ligação
entre as rotas de cabotagem e de longo curso com acesso por via urbana a rodovia
BR 101, BR 282 e SC 486 e a ligação intermodal ocorre no cais dos terminais que
compõem o complexo portuário.
O complexo portuário de Itajaí está estrategicamente localizado na foz do rio
Itajaí-Acú, com fácil acesso através da BR 470 à região do Vale do Itajaí, além do
entroncamento com a BR 116 que o liga as regiões do Planalto Norte e Planalto
Serrano e a conexão com a BR 282, em direção a região Oeste do estado.
O porto também esta a poucos quilômetros da BR 101, que margeia o litoral,
e acessa as regiões da Grande Florianópolis, região Sul e estado do Rio Grande do
Sul, nesse sentido, e região Nordeste e estado do Paraná no sentido norte.
Outro acesso importante é a SC 486, que inicia na BR 101, passa pela região
de Brusque e segue até o município de Bom Retiro, encontrando-se com a BR 282,
próximo a divisa entre as regiões do Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Planalto
Serrano.
55
O porto de Itajaí é administrado pelo município desde o ano de 1997, sendo
gerido pela Superintendência do Porto de Itajaí, autarquia municipal da Prefeitura de
Itajaí.
O grande desafio atualmente é recuperar a infra-estrutura e reatar as
parcerias comerciais que foram comprometidas recentemente pela forte enchente.
Enquanto a Superintendência exerce o papel de órgão regulador e cada vez
mais se afasta das atividades operacionais, a iniciativa privada atua mediante
concessão ao operador portuário Teconvi, prática que tende a ser ampliada, com a
licitação da concessão de mais uma área do porto.
Essa perspectiva foi apontada pelo então superintendente do porto de Itajaí,
Sr. Antonio Ayres dos Santos Junior, durante uma palestra a estudantes dos cursos
de Comércio Exterior na Univali, em marco de 2009.
5.2.3 Porto de São Francisco do Sul
No norte do estado catarinense, localizado no na baía da Babitonga e situado
190 quilômetros ao norte de Florianópolis, está o porto de São Francisco do Sul,
estruturado para operar cargas gerais em containers, graneis sólidos e líquidos.
O porto dispõe de ligação intermodal rodo-marítimo e marítimo-ferroviária,
conectando as rotas de cabotagem e longo curso a BR 280 e a malha ferroviária da
ALL.
O acesso rodoviário é pela BR 280 que encontra a BR 101 a 35 quilômetros,
e a BR 116 na altura do município de Mafra, no Planalto Norte, e segue em direção
ao município de Mafra, com ligação ao estado do Paraná.
A conexão intermodal marítimo-ferroviário ocorre no porto e a malha
ferroviária segue pelo corredor São Francisco em direção ao planalto norte
catarinense, atravessando as principais regiões produtoras do estado do Paraná e
chegando aos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
56
5.3 Modal Rodoviário
O transporte rodoviário utiliza como vias as estradas de rodagem, que podem
ser pavimentadas ou em leito natural, ligando praticamente todos os municípios
brasileiros.
Sua principal característica é a flexibilidade, que permite a coleta e entrega de
mercadorias no sistema porta a porta sem a necessidade de transporte auxiliar.
Outro fator relevante é a grande disponibilidade de locais que servem como terminal
para carga e descarga, permitindo operações em praticamente qualquer ponto do
Brasil.
A utilização mais eficaz do modal rodoviário para o transporte de cargas se dá
em distâncias curtas ou médias, de até 500 quilômetros, e para cargas que
necessitem transporte rápido, pela grande disponibilidade de prestadores.
Também merece destaque o fato do modal permitir a associação a outros
modais pouco flexíveis, exercendo função complementar no transporte intermodal.
No Brasil, o transporte de cargas pelo modal rodoviário é predominante pela
flexibilidade e rapidez de entrega, mas a ausência de alternativas em muitas rotas
ajuda a manter esse cenário.
A principal desvantagem do transporte rodoviário é a baixa capacidade
transportada por unidade, porém problemas como o alto consumo energético,
despesas com pedágios e manutenção causada pela má conservação das estradas
e a alta incidência de roubos de carga têm afetado sensivelmente seu custo.
Atualmente, cargas com perfil mais adequado para o modal ferroviário,
hidroviário e cabotagem estão sendo transportadas no modal rodoviário falta de
rotas dos outros modais que atendam a maioria das regiões do Brasil.
O estado de Santa Catarina possui poucas rodovias federais, principalmente
na ligação das regiões portuárias com o extremo oeste, região que faz divisa com o
MERCOSUL, conforme é possível verificar no mapa 04.
57
Mapa 04 – Rodovias.
Fonte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS, p. 22, (2008).
Apenas a rodovia federal BR 282 atravessa o estado de Santa Catarina no
sentido leste-oeste. Considerando-se do ponto de vista da intermodalidade, é
possível estabelecer uma ligação aéro-rodoviária com o aeroporto internacional de
Florianópolis, único no estado que opera com cargas.
Partindo do município de Palhoça na região da Grande Florianópolis, a BR
282 atravessa a região do Planalto Serrano, onde se conecta com a SC 486 e a SC
475, provenientes de Itajaí e Laguna, respectivamente. Ainda no Planalto Serrano,
cruza com a BR 116 e com a malha ferroviária da ALL próximo a Lages, recebe o
fluxo da BR 470 na altura do município de Campos Novos, e segue em direção a
região Oeste.
A partir desse ponto, a BR 282 é a principal ligação viária com o extremo
oeste catarinense, com uma conexão rodo-ferroviária na altura do município de Erval
do Oeste, onde encontra o braço oeste da ferrovia ALL, desativado por questões
econômicas.
Seguindo no sentido oeste, a BR 282 passa por Chapecó, São Miguel do
Oeste e finalmente chega ao município de Paraíso, na divisa com a Argentina.
58
Trata se uma rodovia de mão dupla e pista simples, com movimento intenso
onde trafegam de veículos de carga e de passeio. É com certeza, a ligação viária
que mais necessita de investimentos no sistema de transporte do estado, agora que
os portos e a BR 101 receberam significativos investimentos.
No sentido norte-sul, existem quatro rodovias federais que cortam o estado,
sendo a principal, a BR 101, situada no litoral e que liga Santa Catarina ao sul, ao
sudeste e nordeste do Brasil. No trecho catarinense, a rodovia é duplicada da divisa
do Paraná até o município de Palhoça, e no trecho restante está em obras de
duplicação.
Deslocando-se pela BR 101 no sentido norte-sul, é possível acessar o porto
de São Francisco do Sul e as regiões Nordeste e Planalto Norte do estado pela BR
280 e pela ferrovia ALL, de Guaramirim a Porto União.
Seguindo pela BR 101, em direção ao sul, na altura do município de Itajaí, é
possível acessar o complexo portuário de Itajaí, as regiões do Vale do Itajaí e
Planalto pela BR 470, e a região Oeste pela conexão da BR 282 em Campos Novos.
Ainda no município de Itajaí, partindo da BR 101 em direção a região do
Planalto Serrano, se destaca a SC 486, que leva ao município de Bom Retiro e a BR
282.
Na região do Planalto catarinense, a rodovia BR 116 corta o estado no
sentido norte-sul, desde o município de Mafra, passando pela região de Curitibanos
e Lages e mais adiante ligando o estado ao Rio Grande do Sul, em direção a
Vacaria. Essa rodovia é acompanhada paralelamente, em toda a sua extensão, pelo
braço central da ferrovia ALL. Com muitos trechos urbanos, apresenta mão dupla
com pista única em sua totalidade.
A BR 153, rodovia com pista simples e sentido duplo também atravessa o
estado de Santa Catarina de norte a sul, com inicio em território catarinense no
município de Porro União, passando por Irani e chegando a Concórdia, na região
Oeste próximo a divisa com o Planalto.
As outras rodovias federais que atravessam o estado no sentido norte-sul são
a BR 153 e BR 163, no extremo-oeste, de Campo Erê a Palmitos e da região de São
José do Cedro a Itapiranga, respectivamente. A BR 153 está em obras de
pavimentação em seu trecho norte.
59
As rodovias estaduais e municipais desempenham a importante função
complementar na ligação entre municípios ou estes e as rodovias federais. Em geral,
apresentam baixa quilometragem.
Merece destaque ainda a SC 477 que partindo da BR 470 de Timbó, no Vale
do Itajaí interliga esta a BR 116 e a malha ferroviária da ALL em Papanduva, no
Planalto Serrano, e alcança a Br 280 em Canoinhas.
Recentemente, o governo federal concedeu a empresas privadas trechos da
BR 101 e BR 116 para conservação e recuperação em troca do direito de cobrar
pedágios.
Na BR 116, já estão funcionando as três praças de pedágio e na BR 101,
duas estão em funcionamento a outras duas deverão ser ativadas ainda neste ano.
5.4 Modal ferroviário
O modal ferroviário utiliza vias no meio terrestre e tem como principais
características positivas o baixo consumo de energia e ausência de problemas de
congestionamento e poluição, além da capacidade de transportar grandes volumes
de carga, mas, existem fatores negativos como a pouca flexibilidade, o alto
investimento para implantação e o tempo de deslocamento das cargas.
A utilização desse modal é apropriada para viagens de média e longa
distância e para transporte de cargas de baixo valor agregado.
Segundo Faria, (2002, p 19), “bem planejada, entretanto, a ferrovia
proporciona uma facilidade extraordinária, compensando o tempo de percurso com a
redução do número de viagens e com o baixo custo unitário de transporte”.
Alternativas como a utilização do transporte combinado rodo-ferroviário ou
marítimo-ferroviário pode torná-lo atrativo para movimentação de cargas
containerizadas de maior valor agregado e a presença de terminais adaptados com
tomadas reefer ao longo da ferrovia podem viabilizar o transporte de cargas
perecíveis.
60
Para que seja eficiente e efetivo, o modal ferroviário necessita de demanda de
transporte suficiente que justifique a implantação e manutenção em uma
determinada região.
Cada modal de transporte apresenta características específicas, com
diferenças que vão desde os veículos utilizados para transporte, a flexibilidade das
rotas, o preço por tonelada transportada, até o investimento necessário para
implementação ou expansão, entre outras.
Para a implementação de um modal de transporte em uma região, são
analisados desde aspectos naturais e geográficas, ambientais, econômicos, legais,
até questões culturais.
De acordo com a Secretaria de Estado da Infra-Estrutura (SIE), o estado de
Santa Catarina possui uma malha ferroviária com 1.356 quilômetros de extensão
explorados pelas concessionárias, FTC, com 164 quilômetros, e ALL com 1.201
quilômetros, dos quais 581 estão em operação atualmente.
5.4.1 América Latina Logística
A ALL obteve a concessão da malha sul da RFFSA, que abrange as malhas
dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul. De acordo com a CNT
(2007)
[...] a movimentação feita para o porto de São Francisco do Sul provem, em sua maior parte de outros estados. O porto de Mafra é um entroncamento da malha ALL, mas lá não é realizado transbordo. Os trens que por lá transitam chegam carregados de outras localidades. Soja e farelo de soja são transportados por ferrovia das regiões norte e centro do Paraná. A ALL, costumeiramente faz o sentido inverso – de retorno – levando a carga do porto para outras localidades. Normalmente é transportado trigo para Curitiba e Ponta Grossa e cevada para Pestana (RS).
O mapa 05 mostra a abrangência da malha da ALL, interligando os estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo.
61
Mapa 05 – Malhas e unidades.
Fonte: ALL (????).
Uma medida de grande relevância para o corredor ferroviário de São
Francisco do Sul, é a construção de contornos ferroviários em Jaraguá do Sul,
Joinville e São Francisco do Sul, que, conforme a CNT (2007),
[...] representarão um impacto positivo a vida das comunidades limítrofes, proporcionando a redução dos riscos de acidentes e o aumento do desempenho operacional dos trens, bem como eliminará o excesso de passagens de nível.
As conexões nacionais da ALL chegam aos estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, possibilitadas pela aquisição em 2006 do controle acionário indireto
das concessionárias, Ferrovias Bandeirantes S.A. (FERROBAN), Ferrovia Norte
Brasil S.A. (FERRONORTE), e Ferrovia Novoeste S.A. (NOVOESTE). A ALL
também controla malhas ferroviárias na Argentina.
62
5.4.2 Ferrovia Tereza Cristina
A FTC, com sua malha localizada no sul de Santa Catarina atua no transporte
de carvão mineral com destino ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda.
Com 164 km de extensão, opera quase que na totalidade com carvão, sendo
apenas 1% das cargas destinadas à exportação pelo Porto de Imbituba.
A Ferrovia Tereza Cristina SA é a concessionária da malha ferroviária sul catarinense. Iniciou suas atividades em 1º de fevereiro de 1997 e, desde então, vem promovendo investimentos na recuperação e manutenção de vagões, locomotivas e via permanente, novas tecnologias e sistemas de comunicação.
Além do carvão mineral, a FTC transporta containers com destino à
exportação pelo Porto de Imbituba.
Uma nova perspectiva surge com a possibilidade da implantação da ferrovia
litorânea, que poderá conectar a malha da FTC a ALL em Araquari, e
consequentemente ao sistema ferroviário nacional. Essa possibilidade é ilustrada no
mapa 06, assim como o projeto da ferrovia do frango, que deve ligar o litoral ao
oeste catarinense.
63
Mapa 06 – O futuro. Fonte: FTC (2009).
Atualmente, a malha da FTC passa por doze municípios do sul do Estado de
Santa Catarina, sendo Imbituba, Laguna, Capivari de Baixo, Tubarão, Sangão,
Jaguaruna, Içara, Criciúma, Siderópolis, Morro da Fumaça, Urussanga e
Forquilhinha.
5.4.3 Criciúma terminal intermodal
O Criciúma Terminal Multimodal, localizado no município de Criciúma, é um
entreposto de exportação, com ligação ferroviária até o porto de Imbituba através da
FTC.
64
O Terminal rodo-ferroviário está posicionado estrategicamente no maior pólo
cerâmico do Brasil. O local oferece serviços de recepção de carga, armazenagem,
separação de lotes, estufagem de containers, controle de estoque e monitoramento
24 horas, além de ser autorizado pela Receita Federal a operar como REDEX.
A prestação dos serviços aduaneiros, no REDEX, é condicionada ao
cumprimento da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 114 de 31
de dezembro de 2001.
O recinto não-alfandegado de zona secundária, onde se processar o despacho [...], é denominado Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (REDEX). A prestação de serviços aduaneiros, no REDEX, fica condicionada ao cumprimento do disposto nas normas gerais estabelecidas para o despacho aduaneiro de exportação. (IN/SRF nº 114/01, Art. 2o, § 2º).
Os serviços de fiscalização aduaneira, no REDEX, serão prestados em
caráter eventual ou em caráter permanente, quando a demanda justificar a adoção
desta medida.
Com o inicio das operações do terminal de containers do operador portuário
Santos Brasil em Imbituba, o REDEX de Criciúma deve assumir uma posição de
destaque na exportação de produtos na região, devido à agilidade do desembaraço
na região produtora.
65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentam-se nesta etapa, as considerações finais, contemplando o objetivo
geral e focalizando o que propunham os objetivos e as questões específicas que
motivaram o desenvolvimento desta monografia.
Uma nação, para se desenvolver econômica e socialmente, e fortalecer a
soberania precisa estar estruturada em todos os aspectos considerados relevantes
nos dias atuais.
A globalização, fenômeno econômico e cultural intensificado nas últimas
décadas se intensificou nas ultimas décadas com o desenvolvimento dos
transportes, das comunicações e das finanças internacionais.
Dentro desse contexto, explica-se a importância dos transportes na atual
conjuntura mundial. Qualquer país que queira se beneficiar das oportunidades
criadas pelos mercados globais, através de suas empresas, deve estar preparado
para competir em igualdade com os atores internacionais.
Dispor de uma infra-estrutura que agregue competitividade aos negócios
nacionais, é uma das prerrogativas que devem ser atendidas, entre muitas outras. A
soma de qualificações nas diversas atividades que compõe o universo
mercadológico irá determinar quem prevalecerá no comércio internacional, à medida
que diminuem as barreiras e reservas de mercados.
O Brasil tem muitos problemas que afetam as operações tanto das empresas
que atuam no mercado interno como as voltadas aos mercados externos, até porque
uma empresa não precisa atuar no Comércio Exterior para sentir os efeitos da
concorrência global. Outras empresas nacionais ou internacionais vão até o seu
mercado para competir com produtos.
O que se verificou no estudo da constituição da matriz de transportes
brasileira é preocupante.
O modal rodoviário predomina no transporte de cargas, inclusive nas
situações em que tecnicamente é considerado altamente ineficiente ou até inviável.
Parte das consequências dessa ação predatória é visível no dia-a-dia, em
rodovias destruídas pelo excesso de peso transportado por caminhões com média
de idade superior a 15 anos de uso e em precárias condições de manutenção.
66
A falta de balanças de pesagem é um dos principais motivos que contribuem
para a manutenção dessa prática desleal e arbitrária.
A sobre jornada de trabalho dos motoristas associada à baixa remuneração
dos mesmos favorece a distorção do preço do frete rodoviário, com efeitos negativos
sobre o transporte de cabotagem e ferroviário, e, ainda, aumenta consideravelmente
o número de acidentes nas rodovias.
O modal ferroviário, além de enfrentar a concorrência desleal dos caminhões
acumula outros problemas, a começar pelos entraves estruturais, com
características herdadas de um sistema implantado aos poucos ao longo de
décadas para atender núcleos isolados de produção e que apresenta grandes
diferenças técnicas que não foram superadas até hoje.
As invasões ao entorno das ferrovias geram um dos mais graves e difíceis
problemas enfrentados pelas concessionárias, poder público e sociedade no setor.
Além de dificultar o trafego das composições, ocorrem graves acidentes,
depredações, e lentidão no transporte.
A regulação do setor também deve ser revista, especialmente nas malhas que
já conseguiram melhorias de produtividade, a fim de estabelecer regras
estabelecendo tarifas que permitam a utilização mutua e o direito de passagem entre
concessionárias, já que o modelo de privatização criou malhas regionais que
acabaram impondo obstáculos ao tráfego de longa distância em que o trem é mais
indicado.
Quanto à navegação de cabotagem, são vários os fatores que inibem a
prática efetiva dessa modalidade de transporte.
O AFRMM cobrado sobre o valor do frete já constitui num obstáculo imenso,
ao qual se acrescenta a falta de terminais portuários, já insuficientes para atender os
navios de longo curso, a alta carga imposta pela legislação trabalhista em relação
aos operadores de bandeira internacional, com suas tripulações regidas por regras
menos onerosas.
Com relação às hidrovias, a exploração efetiva do potencial navegável desse
modal está distante do ideal, visto que a legislação ambiental que já é rígida sinaliza
a imposição de mais restrições. Para que sejam exploradas em larga escala, as
hidrovias precisam de terminais de apoio em terra, e muitas obras de adequação dos
rios e canais, o que além de exigir vultosos recursos, enfrenta enorme rejeição de
67
setores da sociedade, como pode se ver na questão da transposição das águas do
Rio São Francisco.
Somente o entendimento entre os diferentes setores interessados e o
fortalecimento das organizações responsáveis pela gestão desses setores pode
resultar no comprometimento com políticas de longo prazo, contínuas e equilibradas,
capazes de superar os obstáculos existentes atualmente.
Apesar dos problemas crônicos verificados na matriz de transporte do Brasil,
algumas práticas têm se disseminado no setor proporcionando resultados muito
positivos.
A utilização do container e as facilidades que esse equipamento proporciona
para o desenvolvimento de um planejamento logístico mais criterioso no transporte
de cargas são notórias.
Se executado por profissionais qualificados, capazes de identificar e mensurar
as possibilidades para o transporte de uma carga, o planejamento logístico pode
resultar em racionalização significativa dos recursos empregados no escoamento e
distribuição de produtos.
Para se obter o melhor desempenho possível no transporte de uma
determinada carga, devem-se considerar as principais características da mesma, e
as necessidades do embarcador decorrentes de sua negociação com o comprador,
para após, verificar qual modal permite obter os resultados esperados.
Quanto mais modais houver ligando centros de produção aos de consumo,
menores serão as despesas com transporte, pois corredores logísticos adequados a
uma maior generalidade de cargas beneficiam uma parcela maior de usuários desse
sistema, tornando seus produtos competitivos em novos mercados.
Ao avaliar alternativas para o transporte de uma carga, deve-se considerar a
infra-estrutura viária, a integração com outros modais, o modo de funcionamento dos
terminais que serão utilizados e, entre outros fatores, os aspectos legais
relacionados à operação.
Os terminais que realizam essas operações devem ser especializados na
transferência das cargas entre os veículos transportadores e estar localizados em
pontos de conexão viária entre os diferentes modais de transporte.
São necessários aos operadores que atuam nesses locais, conhecimentos
sobre diferentes tipos de carga, veículos transportadores, equipamentos de
68
unitização de carga, entre outras competências, minimizando os riscos a que ficam
expostos à carga, os equipamentos e os trabalhadores durante a movimentação.
No estado de Santa Catarina, é baixa a oferta desse tipo de operação, sendo
que a maior parte dos terminais existentes está localizada nas áreas dos portos
organizados, fazendo a ligação entre o modal aquaviário ao terrestre, pelas rodovias
e ferrovias catarinenses.
Fora da região portuária foi identificado apenas um terminal intermodal,
localizado no município de Criciúma. Trata-se de um REDEX que atende a demanda
por transporte do pólo cerâmico, através da FTC, com destino ao porto de Imbituba.
Os terminais intermodais portuários estão sendo readequados para o novo
perfil de operações, com grande ênfase para cargas containerizadas, o que pode ser
considerado um grande avanço com ótimos resultados competitivos para o mercado
local.
Porém, o aumento da capacidade operacional portuária em Santa Catarina
trará a tona muito em breve as graves deficiências em que operam o modal
ferroviário e principalmente o rodoviário.
As ferrovias, apesar de estarem em situação estrutural razoável, pouco
contribuem para o equilíbrio da matriz de transportes do estado, pois contam com
pouquíssimos terminais que as conectem com as rodovias, ficando a sua utilização
mais restrita ao transporte do carvão mineral no sul, pela FTC, e ao transporte de
granei sólidos pela ALL, no corredor de São Francisco, beneficiando principalmente
os estados do Paraná e São Paulo.
A intenção de construir a ferrovia litorânea é louvável, porém deve-se levar
em conta que a duplicação da BR 101 está em fase final nessa rota, além do fato de
que a utilização mais racional do transporte ferroviário se dá em trajetos superiores a
500 quilômetros.
Não fosse a situação crítica das ligações entre a região portuária e o oeste do
estado, certamente à implantação da ferrovia litorânea seria uma obra de grande
relevância no momento atual, porém, considerando a urgência da ampliação da
capacidade operacional do corredor leste-oeste, o projeto da ferrovia do frango
torna-se prioritário, tanto do ponto de vista de retorno econômico quanto na questão
da segurança dos usuários.
Outra opção que pode contribuir para equacionar o fluxo de cargas em
direção ao oeste de Santa Catarina é a construção de um trecho ferroviário a partir
69
do município de Porto União, dando continuidade ao ramal da ALL que ligaria a
região ao porto de São Francisco do Sul e Paranaguá.
No tocante as rodovias, o principal problema é o estado de conservação,
afetado pelo excesso de trafego pesado e falta de manutenção.
Essa questão somente será resolvida quando houver um maior equilíbrio na
matriz de transporte, medida que deve vir acompanhada de um maior controle do
peso transportado nos caminhões.
Quanto ao transporte aquaviário no âmbito estadual, à medida que pode
favorecer o equilíbrio da matriz de transporte é a utilização da cabotagem, o que
poderia ser viabilizado com políticas do governo estadual de desoneração tributária
sobre tais operações, bem como uma maior flexibilidade e agilidade dos órgãos
intervenientes e responsáveis pela anuência ambiental.
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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS
Nome do estagiário Arlei Pereira
Orientador de conteúdo Prof. Osmar Luiz Espíndola
Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimeto