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  • O Arquemetro

    CHAVE DE TODAS AS RELIGIESE DE TODAS AS CINCIAS

    DA ANTIGIDADE

  • Orelha do livro:

    Joseph-Alexandre Saint-Yves nasceu em 26 de maro de 1842, em Paris. Sua infncia foi infeliz, em virtude de conflitos com seu pai, que decide matricul-lo, aos 13 anos, na Colnia de Metrray, uma escola correcional criada por um conselheiro do Tribunal de Instncia de Paris, Frderic-Auguste Demetz. Este se tornou, para Saint-Yves, seu pai espiritual. De volta ao lar, sem melhora no relacionamento com o pai, este obriga o filho a alistar-se na Infantaria da Marinha. Graas interveno de Demetz, Saint-Yves tem a permisso paterna para prosseguir seus estudos na Escola de Medicina Naval de Brest, na qual permaneceu por trs anos, abandonando, aos 22 anos, os bancos escolares por motivos desconhecidos. Decide, ento, conviver com os exilados polticos do 2 Imprio na Ilha de Jersey, provavelmente para ter a oportunidade d conviver com seu grande dolo, Victor Hugo. L, conhece Adolphe Pelleport, cuja av, Virgine Faure, muito culta, havia sido ligada ao ocultista Fabre d'Olivet. ento que Saint-Yves passa a estudar toda a obra deste e de outros.

    http://groups.google.com.br/group/digitalsource

  • Dedicatria

    A meu querido Mestre

    O destino implacvel que acabou abruptamente com vossos dias terrestres nos proporcionou a perigosa honra de substituir, para a unio de vossos amigos, a unidade de vossa inteligncia, para a publicao de O Arquemetro. Se tivsseis vivido para assistir ao nascimento de vossa obra intelectual, tereis dedicado este trabalho ao Anjo que a presidiu e, mesmo estando do outro lado, ajudou na sua composio. E seria a vossa querida esposa, a esse esprito angelical descido Terra para iluminar, com todas as irradiaes de sua beleza e de sua espiritualidade, nosso pobre interno aqui embaixo, que a vossa obra teria rendido homenagem.

    Ento, nosso dever evocar no cabealho desta publicao, que vem de um piano duplo, a memria daquela que tem sido sua inspiradora no Mundo da Palavra viva.

    Dedicamos, pois, O Arquemetro Senhora Marquesa de Saint-Yves d'Alveydre, que est agora unida eternamente a vs em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e pela bondade de Maria, a Virgem de piedade e de luz.

  • ndiceLIVRO I

    Introduo Edio BrasileiraSaint-Yves d'Alveydre, o Homem e a MissoA SinarquiaAgharta, a Cidade EscondidaSaint-Yves d'Alveydre, o Revelador das MissesO CasamentoDecadncia FinanceiraO ArquemetroO Falecimento

    Introduo ao Estudo do ArquemetroAdvertnciaPrefcio

    Primeira ParteA Sabedoria do Homem e o PaganismoCAPTULO PRIMEIRO A Regresso MentalCAPTULO SEGUNDO O Erro TriunfanteCAPTULO TERCEIRO A Morte Espiritual

    Segunda ParteA Sabedoria de Deus e o Cristianismo CAPTULO PRIMEIRO A Estrada CAPTULO SEGUNDO A Verdade CAPTULO TERCEIRO A Vida

    CONCLUSO APNDICE I APNDICE II APNDICE III NOTAS REFERENTES TRADIO CABALSTICA

    LIVRO II

    Descrio e Estudo do ArquemetroCAPTULO PRIMEIRO Os Amigos de Saint-YvesCAPTULO SEGUNDO Explicaes PreliminaresCAPTULO TERCEIRO A Palavra e os Alfabetos O Planisfrio

    Arqueomtrico O Arquemetro Cosmolgico O Arquemetro Cosmolgico

    Descrio DetalhadaRevelador e Regulador dos Altos Estudos

    Descrio Detalhada

  • O Arquemetro e a ArquitcnicaCoroas de 360 Graus ou de 36 DecanatosA PalavraOs AlfabetosAlfabeto Morfolgico dos Primeiros PatriarcasDefinioDescrio Sumria da Circunferncia ao CentroCoroa de 360 graus. Transportador Numrico DiferencialCoroa Zodiacal da PalavraCoroa Planetria da PalavraTringulo do Verbo JesusTringulo de MariaEstrela Solsticial do VerboTringulo do terTringulo do Fogo DivinoEstrela dos Equincios do VerboCoroa Musical CosmolgicaCoroa Zodiacal AstralCoroa Planetria AstralCoroa Dodecagonal de Raios Crmicos CircunsolaresCoroa dos Raios BrancosCentro SolarResumo da Descrio SumriaDupla Coroa dos 360 Graus: O Tempo sem Limites, a EternidadeMundo Eterno da GlriaMundo Temporal dos Ciclos Astrais

    CAPITULO QUARTO Os Tringulos CelestesA Astronomia dos Templos Iniciticos da Antigidade

    Tringulo do Verbo, de Jesus Trgono da Terra do Princpio e da Imanncia Nele

    Significado das Letras As Letras Zodiacais Uma a Uma A Letra Planetria de Jesus As Letras Zodiacais Duas a Duas A Letra Planetria com as Zodiacais Duas a Duas As Letras Zodiacais Trs a Trs A Letra Planetria com as Zodiacais Trs a TrsA Letra Planetria com as Zodiacais Quatro a Quatro

    Tringulo de MariaTrgono das guas Vivas, da Origem e da Emanao Temporal dos Seres

    Significado das LetrasAs Letras Zodiacais IndividuaisA Letra Planetria B Sozinha e Combinada com as Zodiacais As Letras Zodiacais Duas a Duas As Letras Zodiacais Trs a Trs A Letra Planetria com as Zodiacais Quatro a Quatro

    Tringulo dos Santos Anjos Trgono do ter

    Significado das Letras

  • As Letras Zodiacais Uma a Uma As Letras Zodiacais Duas a Duas As Letras Zodiacais Trs a Trs

    Tringulo do Cordeiro ou do Carneiro Trgono do Fogo Revitalizador

    Significado das Letras As Letras Zodiacais Uma a Uma As Letras Zodiacais Duas a Duas As Letras Zodiacais Trs a Trs

    CAPTULO QUINTO O Arquemetro e a Tradio Oriental

    LIVRO III

    As Adaptaes do Arquemetro

    CAPTULO PRIMEIRO A Arquitetura Regra Musical do Marqus de Saint-Yves Aplicao da Regra Musical para a Arquitetura e as Formas Referncias Bblicas xodo

    CAPTULO SEGUNDO Arquitetura Parlante e Musical Arquemetro Arqueometria Musical das Lnguas Litrgicas Saudao Angelical O Padro Arquemetro Regulador Arquemetro Cromolgico Transportador de Graus Msica dos Sons Resumo Concluso Bibliografia

  • Introduo Edio Brasileira

    Saint-Yves d'Alveydre, o Homem e a MissoEduardo Carvalho Monteiro

    Em uma consulta aos dicionrios e enciclopdias brasileiras e francesas, rarssimas e econmicas referncias so encontradas para o termo "sinarquia".

    A mais famosa enciclopdia francesa, a Larousse du XX Sicle, edio de 1920, assim a define: Governo simultneo de vrios prncipes que governam diversas partes de um Estado.

    Podemos considerar uma definio pobre e simplista demais para o estudo do sistema elaborado por Joseph-Alexandre Saint-Yves, marqus d'Alveydre, uma obra complexa e incomum, concebida por um homem de grande saber ligado s Antigas Tradies. No pertencente a nenhuma escola ocultista, recluso e voltado a seus prprios estudos, ele deixou apenas alguns poucos e fiis discpulos alm de seu pensamento em vrias obras: Misso dos Judeus, Misso da ndia na Europa, Misso da Europa na sia, Misso dos Trabalhadores, A Frana Verdadeira e este O Arquemetro.

    A Sinarquia

    Trata-se, a Sinarquia, de um programa de ao e renovao poltica com uma anlise da realidade social segundo a qual a vida de cada comunidade humana, considerada como um organismo fechado, deve, para ser satisfatria, estar em sintonia e corresponder harmonicamente s trs funes principais que existem em cada ser humano.

    Analisadas por Saint-Yves, essas trs funes adquirem a dimenso de uma "biologia social":

    A primeira funo, que a base, corresponde ao corpo do homem e sua ''nutrio", tratando-se da "economia" da sociedade; a segunda funo social corresponde atividade, vontade e alma. Assegura as relaes entre os homens por via da legislao e da poltica; a terceira, o Esprito, diz respeito cincia, religio e ao ensino que deve guiar toda a atividade humana, pois eles visam s grandes metas dos homens.

    A partir desse esquema simples e insistentemente divulgado por Saint-Yves,

  • desenvolve-se a segunda idia essencial do sistema e trata de como cada uma dessas funes se deve apresentar para as Instituies especficas que as iro gerir e fomentar. De uma coexistncia harmoniosa, sem que uns dominem os outros, devero conviver os trs "poderes sociais".

    Da a definio mais apropriada para sinarquia: Governo de um Estado, autoridade exercida por vrias pessoas ou vrios grupos ao mesmo tempo.

    Agharta, a Cidade Escondida

    Sobressai tambm na obra de Saint-Yves a referncia a Agharta, a cidade escondida, na qual, desde tempos imemoriais, os iniciados da Padesa detm e perpetuam conhecimentos extraordinrios: Este nome, Agharta, significa inapreensvel pela violncia, inacessvel anarquia. Em snscrito, idioma muito utilizado por Saint-Yves na formulao de suas teorias, Agharta significa o impossvel de encontrar.

    Saint-Yves no foi o primeiro a falar de Agharta. Antes dele, Louis Jacolliot j se havia referido a ela em Historie ds Vierges (1875) a partir de uma tradio popular indiana. Em 1924, Ferdinand Ossendowski publica Animais, Homens e Deuses, que descreve sua viagem sia Central em 1920 e suas descries muito se aproximam das de Saint-Yves. Outros autores tambm falam de Agharta, como Raymond Bernard, em A Terra Oca; Andrew Tomas, em Shambhala, a Misteriosa Civilizao Tibetana; e o erudito cabalista Ren Gunon, em O Rei do Mundo. Os argumentos e semelhanas das idias desses autores nos levam a considerar seriamente a existncia de uma tradio antiqssima constituda pelo testemunho coletivo de toda uma populao asitica de que existe no mundo uma "Terra Santa", poderoso centro de irradiao csmica guardada por verdadeiras Escolas Iniciticas, s visitada at hoje por homens especiais e por seu chefe supremo, conhecido na ndia como Jagrat-Dwipa.

    Tendo visitado Agharta inmeras vezes em estados alterados de conscincia, Saint-Yves no revela onde ela se situa por razes de segurana: suficiente para os nossos leitores saberem que, em certas regies do Himalaia, entre 22 templos que representam os 22 arcanos de Hermes e as 22 letras de certos alfabetos sagrados, Agharta forma o Zero mstico, o impossvel de encontrar. Descreve-a, no entanto, aguando a curiosidade de seus leitores: O territrio sagrado de Agharta independente, sinarquicamente organizado e composto por uma populao que se eleva a um nmero perto de vinte milhes de almas.

    A sabedoria e a existncia de Agharta so transmitidas por revelao ao ocultista Saint-Yves, o qual traa o perfil da cidade que universitria por vocao, pois seus habitantes dedicam-se principalmente aos estudos e evoluo pessoal. Prossegue Saint-Yves:

    Reina nela uma tal justia que o filho do ltimo dos prias pode ser admitido

  • na Universidade sagrada; os delitos so reparados sem priso nem polcia. Fala-se nela, a lngua universal, o vattan. A organizao de Agharta circular; os bairros esto dispostos em crculos concntricos. Num desses crculos, habitam 5.000 panditas ou sbios: o seu nmero de 5.000 corresponde ao das razes hermticas da lngua vdica.

    Em seguida, encontra-se uma circunscrio solar de 365 bagwandas, depois outra de 21 Arquis negros e brancos. O crculo mais prximo do "centro misterioso" compe-se de 12 gurus, cada um deles com "7 nomes, hierogramas ou mentrams, de 7 poderes celestes, terrestres e infernais". Enfim, no centro, vive o soberano pontfice, o Brahatmah, e seus dois assessores, o Mahatma e o Mahanga.

    Note-se que Saint-Yves no designa o chefe supremo de Agharta por "Rei do Mundo", mas apresenta-o como "soberano pontfice". O carter pontificial refere-se ao chefe de uma hierarquia inicitica e o termo "pontfice", que significa "construtor de pontes", extrado de um ttulo manico dos Altos Graus em que o pontfice um fazedor de pontes entre os homens e o Grande Arquiteto do Universo, objetivo ltimo da verdadeira religio tomar a ligar, fazer a ponte com a Centelha Solar ou Crstica dentro de ns. Brahatma, o Sumo pontfice, significa "proteo das almas no Esprito de Deus"; os seus dois assessores so o Mahatma "representando a Alma Universal" e Mahanga, "smbolo de toda a organizao material do Cosmos, uma diviso hierrquica presente em outras Escolas de Mistrios representada pelo Ternrio, "esprito, alma e corpo", aplicada por Saint-Yves conforme a analogia constitutiva do Macrocosmo e do Microcosmo. Em snscrito, esses vocbulos referem-se a princpios e no so aplicveis a seres humanos seno na medida em que estes se encaixem nesses mesmos princpios e estejam ligados a funes e no a individualidades.

    Tambm, destaque-se a descrio do crculo misterioso formado por 12 gurus que representam a Iniciao suprema e correspondem zona zodiacal. Essa constituio est presente igualmente no "Conselho Circular" do Dalai-Lama, formado pelos doze grandes Namshahans, ou, no Ocidente, junto dos Cavaleiros da Tvola Redonda.

    Saint-Yves continua com sua descrio:Nas clulas subterrneas, estudam inmeros djiwas: o aluno sente l a

    invaso do Invisvel. Pouco a pouco, as vises santas iluminam o seu sonho ou os seus olhos abertos. Uma biblioteca de muitos milhares de quilmetros estende-se sob toda a sia, contendo apenas livros "gravados sobre pedra em caracteres indecifrveis ao homem vulgar". Impossvel desloc-los: "A memria deve conservar a sua imagem" -. No fim da iniciao, todo iniciado tem a capacidade de ver uma pirmide de fogo que se forma no espao etreo constituda pela "chama espiritual das almas" de Agharta, pirmide que rodeia "um anel de luz csmica".

    Esclarece ainda Saint-Yves, que Agharta a herana de uma antiga "dinastia solar" (Srya-Vansha), que residia outrora em Ayodhy, que podemos identificar como a mesma "Cidadela Solar" dos Rosacruzes ou a "Cidade do Sol" de Campanela, e que fazia remontar sua origem a Vaivaswata, o Manu do ciclo atual.

  • Saint-Yves mostra-se reservado quando se trata de falar de seus xtases msticos que parecem poder ser enquadrados na definio popular de "desdobramento astral", ou seja, viagens fora do corpo em que seu Esprito levado a Agharta e demais Escolas Iniciticas de Outras Dimenses ou quem sabe... no prprio plano Fsico da Terra, como quer fazer crer Saint-Yves d'Alveydre.

    Nas palavras do mstico Saint-Yves, o epopte1 recebe o segredo de acordar enquanto seu corpo dorme. Nos Mistrios, a terceira ou ltima parte dos ritos sagrados denomina-se "Epoptia" ou revelao, recepo dos segredos. Significa aquele grau de clarividncia divina em que a viso paralisa-se, tudo o que pertence Terra desaparece e a alma une-se livre e pura com seu Esprito ou Deus. Porm, o verdadeiro significado de tal palavra "superintendente, supervisor, inspetor, vigilante, mestre-de-obra e eqivale palavra snscrita evpta.

    Paulo, o Apstolo, usou para si mesmo o adjetivo "epopte", mostrando ter sido ele um Iniciado que recebeu o ltimo grau dos Mistrios.

    Ao tratar a si mesmo como um epopte, Saint-Yves parece estar falando de sua intimidade de Iniciado e faz uma confidencia sobre sua vivncia em estado alterado de conscincia: Envolvido num sudrio que lhe cobre a cabea, tapando hermeticamente as suas orelhas, os seus olhos e as suas narinas, e no deixando espao vazio seno na boca, os braos cruzados sobre o peito, ele oferece-se ao Anjo da Morte e abandona-se totalmente a Deus.

    Em 1893, em Versalhes, onde vivia, Saint-Yves d'Alveydre perde a esposa, transformando o quarto da falecida em cmara ardente, onde ia constantemente pedir conselhos sua alma. Barlet, seu discpulo e nico bigrafo, esclarece: Este gnero de comunicao no tinha nada de comum com o Espiritismo; ver-se-, a propsito das suas doutrinas, que ele condenou sempre energicamente as suas prticas. Ele no tinha nenhuma faculdade medinica e no se servia de nenhum mdium. Suas cerimnias, bastante mais sagradas, eram de um mundo completamente diferente. Esses atos, assim como as suas experincias de desdobramento, faziam parte desse saber secreto que Saint-Yves d'Alveydre nunca quis divulgar, afirmando: "Se publicasse tudo aquilo que sei, integralmente, metade dos habitantes de Paris ficaria louca; a outra metade, histrica".

    Foi a alma da sua mulher, durante um dos seus contactos com essa Outra Dimenso, que lhe inspirou a idia do Arquemetro, o instrumento de preciso das altas cincias e das artes correspondentes, e seu transferidor cosmomtrico, a sua bitola cosmolgica.

    Antes, porm, de entramos em detalhes do "Arquemetro", falemos um pouco mais sobre a existncia terrena de seu criador.

    Saint-Yves d'Alveydre, 1 Epopte (gr.): Um Iniciado. Aquele que passou por seu ltimo grau de Iniciao [So Paulo, ao aplicar a si

    prprio esta palavra (I Cornt., III, 10), declara-se um Adepto ou Iniciado, com faculdades para iniciar outrem].

  • o Revelador das MissesJoseph-Alexandre Saint-Yves nasceu em 26 de maro de 1842, em Paris, filho

    de Guillaume-Alexandre, mdico, com 36 anos, e Marie-Josephine Amouroux, com pouco mais de 18 anos, a 1 hora da madrugada, no domiclio familiar, no nmero 23 da Rua L' Echiquier, a poucos metros da Igreja Saint-Denis.

    Sua infncia foi infeliz, repleta de violentos conflitos com a autoridade paterna. Classificado como um revoltado indomvel, ele prprio assim se analisaria na maturidade: No colgio, tinha a triste honra de ser, entre os insubordinados, o mais insuportvel.

    Cansados de suas extravagncias, os pais matriculam-no, aos 13 anos, na Colnia de Mettray, uma escola correcional em Indre-et-Loire, perto de Thiers, criada por um conselheiro do Tribunal de Instncia de Paris, Frderic-Auguste Demetz (1799-1873), que, a partir de 1839, renunciara s suas funes para se consagrar infncia delinqente.

    Seu mtodo pedaggico baseava-se na inteno de recuperar jovens problemticos por meio de uma vida de trabalho no campo e vivendo num castelo. Definia sua instituio como uma sociedade paternal para a educao moral, agrcola e profissional dos jovens detidos com idade inferior a 16 anos, absolvidos em virtude do artigo 66 do Cdigo Penal por terem agido sem discernimento. Interessaram-se por essa iniciativa diversas figuras proeminentes da sociedade francesa: o conde de Gasparin, o banqueiro Franois Delessert; o duque Decazes, Rambuteau e outros.

    Dirigida por Demetz e Herman de Courtelles, a instituio, que tinha a extenso de 196 hectares (1855), recebia jovens das classes tanto ricas como pobres. Demetz soube to bem afinizar-se com Saint-Yves e educ-la, que este passa a lhe devotar grande admirao e a consider-lo seu pai espiritual.

    Esse ciclo de vida durou dois anos para Saint-Yves, que depois estudou com o cura de Ingrandes, o abade Rousseau, antes de voltar ao lar paterno. Sua relao com o pai no melhoraria com os anos de ausncia, e este obriga-o a alistar-se na Infantaria da Marinha. Uma interveno de Demetz fez o pai consentir que Saint-Yves prosseguisse seus estudos na Escola de Medicina Naval de Brest.

    Por razes que permanecem obscuras, aps trs anos de curso, aos 22 anos de idade, larga a Escola de Medicina e decide instalar-se junto aos exilados polticos do 2. Imprio na Ilha de Jersey, provavelmente para ter a oportunidade de conviver com seu grande dolo, Victor Hugo. Saint-Yves permaneceria hugoano fervoroso at o fim da vida. neste ambiente que conhece outro hugoano, Adolphe Pelleport, e freqenta assiduamente as casas de Auguste Desmoulins e Luc Desage, genros de Pierre Leroux.

    A sociedade local proporciona-lhe outros contatos que seriam importantes para seus futuros estudos. A av de Pelleport, Virgine Faure, muito culta, havia sido ligada ao ocultista Fabre d'Olivet, bastante citado por Demetz a seu discpulo Saint-Yves. Este tem, ento, a oportunidade de estud-lo junto a uma fonte fidedigna, atravs da

  • qual conhece toda a sua obra assim como autores clssicos, formando uma base cultural que muito lhe seria til mais tarde.

    Com a deflagrao da guerra de 1870, Saint-Yves volta Fiana e conhece a Comuna de Paris, que iria marc-lo profundamente e conduzi-lo a reflexes polticas e sociais, iniciando-se a a sua ambio em descobrir uma frmula poltica propcia a estancar a violncia nas relaes sociais.

    Seus projetos, no entanto, adormecem, visto que Saint-Yves teve de aceitar o trabalho de modesto funcionrio do Ministrio do Interior para poder ganhar seu sustento.

    O CasamentoPobre, solitrio, autor de alguns opsculos que passaram despercebidos,

    chegou a pensar em tornar-se um monge trapista. O destino reserva-lhe, no entanto, outros rumos. Ele conhece durante um sarau, num dos raros sales que freqentava, o de Paul Lacroix, na Biblioteca do Arsenal, Marie-Victoire de Risnitch, que, no ano de 1876, divorciara-se do conde Edouard Fiodorovitch Keller, senador e conselheiro privado do czar russo. A condessa rica, 50 anos de idade, e Saint-Yves, 36, afinizados em seus interesses pessoais e de estudos de ocultismo e cincias hermticas, apaixonam-se e consorciam-se em 1877 numa discreta cerimnia em Westminster, Inglaterra.

    Aps empreendimentos industriais fracassados, nos quais perde grandes somas, o casal adquire, em 1880, terras italianas ligadas ao ttulo do marqus de Alveydre, cuja honraria nobilirquica coube, pela transao, ao plebeu esposo de Marie-Victoire.

    Com a independncia financeira adquirida graas ao patrimnio da esposa, Saint-Yves passa a se dedicar apenas aos estudos ocultistas e tentativa de formular a sinarquia.

    Desenvolvendo seus dons sensitivos, Saint-Yves, assessorado por seu secretrio, Louis Cabrol, passa a ditar suas obras "numa espcie de xtase contnuo" denominados "Misses".

    Em 1882, surge Mission des Souvenirs par l'un d'eux, em doze captulos, correspondentes aos 12 signos do Zodaco, um ensaio no qual se apresenta como um Maquiavel que tinha escrito um novo livro de Estado: o do maquiavelismo da Luz.

    A soberania de que falava era sacerdotal, tal como ele prprio se considerava, um soberano, e dizia: Ainda que no tenha sangue judeu nas veias, tomo lugar entre os judeus, dirijo-me aos seus sbios talmudistas , aos seus cabalistas. Mission ds ouvrters (1882) , Mission des Juifs (1884), L France Vraie (1887), em 22 volumes baseados nos arcanos maiores do taro, completaram a sua teoria, a qual exps numa srie de conferncias pela Europa, proclamando a necessidade de uma anfictionia sinrquica europia. A sua poltica oculta separava a Autoridade do Poder e o Poder (o Impertum dos romanos), da Vontade popular para fazer dela a expresso de uma

  • sntese dos conhecimentos por reconciliao da cincia e da religio judaico-crist e reaproximao dos corpos docentes religiosos e civis. O seu sistema, longe de exaltar o despotismo esclarecido, limitava os poderes pessoais e subordinava-os frmula: Reinar servir.

    Mas a publicao de Mission des Juifs causou-lhe uma srie de problemas. A tal ponto esteve prximo das idias de Fabre d'Olivet, que Saint-Yves foi acusado de plgio. Eram obras diferentes, seguindo uma mesma linha de raciocnio, mas no Le Rappel, de 7 de julho de 1885, um certo Victor Meunier, tambm diretor do jornal Cosmos, o acusou de plgio das obras de D'Olivet: Histria Filosfica do Gnero Humano, A lngua Hebraica Restituda e Os Versos de Ouro de Pitgoras.

    Saint-Yves defendeu-se acanhadamente e ficou muito abalado com a publicao, em 1886, de um romance a respeito, Monsieur le Marquis, Histoire d'un Prophte, assinado por um tal Claire Vautier da pera, pseudnimo utilizado provavelmente por Camille Flammarion, famoso astrnomo e cientista.

    Seu prestgio junto aos ocultistas abalou-se. Oswald Wirth, secretrio e bigrafo de Stanislas de Guaita, ocultista de renome no seu tempo, escreve que este ltimo sentiu um cruel desencanto quando o autor da Misso dos Judeus foi desmascarado como plagirio de Fabre d'Olivet. No querendo fazer coro com os adversrios de Saint-Yves, Guaita calou-se, mas no pde deixar de confidenciar maliciosamente que, afinal, tudo o que bom em Saint-Yves de Fabre d'Olivet, e o resto Saint-Yves original, no que o amigo se mostrava to cruel como um inimigo, pois na opinio de outros ocultistas de prestgio, a obra do marqus de Alveydre era realmente singular.

    Talvez os contemporneos de Saint-Yves tenham sido rigorosos demais em seus julgamentos, visto ser o autor um continuador das idias de Fabre d'Olivet, e o conjunto de sua obra muito original em relao aos estudos ocultistas das escolas de Mistrios de ento. E, pelo contrrio, pode-se dizer que at mesmo Madame Blavatsky e outros teosofistas apoiaram-se neste conjunto da obra de Saint-Yves d'Alveydre para formular sua doutrina.

    Considerando-o, pois, um continuador da obra de Fabre d'Olivet, Saint-Yves reescreve, como seu mentor, a histria humana a partir dos mitos e das etimologias. Enquanto historiadores eminentes se Fixam na herana greco-romana da Europa, Saint-Yves ressalta a dupla influncia cltico-druida e judaico-crist na civilizao europia: "O Ciclo do Carneiro e do Cordeiro", sendo que o Carneiro Ram designado Cordeiro, o Cristo. Relata, ainda: O nome da Europa Ocidental era Vahara, o da Oriental era Kouru, exemplificando com a citao da herana dos nomes de regies e cidades como Var, Varsvia, Warszawa e pela palavra war, guerra, ou levantamento de Vahara. O carneiro representa, na ndia, o veculo de Agni.

    Consciente, pois, da importncia de sua obra, no se permitiu ao desnimo de continuar a escrever e, nos anos seguintes, iria publicar vrios livros, brochuras e poemas ufanistas destinados ilustrao do sistema sinrquico.

    Algumas idias pregadas por Saint-Yves, como j nos referimos, foram

  • absorvidas pela corrente teosfica, at mesmo antes do surgimento do segmento "sis", em 1887, de Blavatsky, sobre a existncia de Mahatmas, Mestres da Sabedoria, Invisveis, que habitavam geralmente lugares inspitos do Tibete e faziam parte da "Grande Loja Branca", da qual dirigiam de maneira oculta os destinos do mundo. Para isso muito contribuiu lady Caithness, duquesa de Pomar, editora da revista Aurora, na qual assinava artigos o abade Roca, fervoroso seguidor de Saint-Yves d'Alveydre.

    A duquesa de Pomar celebrizou-se na sociedade parisiense da poca pelas conferncias que organizava em seu castelo Rua Wagran, freqentadas por espiritualistas das mais variadas correntes.

    Em 1887, o marqus d'Alveydre conhece o prncipe Hardji Schariff, de Bombaim, um estranho personagem que se dizia brama-guru-pandita, do qual recebeu conhecimentos que o levaram a escrever Mission de la ndia en Europe. Arrependido de a ter escrito, ou prevenido pelos mestres que lhe fizeram as revelaes, Saint-Yves destruiu a edio toda da obra, receoso que fossem dizer dele: Este homem louco, mistificado ou mistificador. O nico exemplar que conservou ficou de posse de seu genro, Alxis Keller, aps sua morte. Este o doou posteriormente Sociedade dos Amigos de Saint-Yves, liderada pelo dr. Gerard Encausse, Papus, que, em 1910, reeditou a obra, qual se acrescentou a frase: E a primeira obra de Saint-Yves em que as experincias prticas de desdobramento tinham permitido ao autor penetrar nos santurios mais secretos da Terra para verificar os ensinamentos orais. Esses santurios ficavam em Agitaria, a cidade perdida.

    Foi Schariff que revelou a Saint-Yves o segredo de uma autoridade suprema no mundo, organizada de modo sinrquico e liderada por trs pontfices: Brahatmah, Mahatma e Mahanga.

    Saint-Yves tambm temia represlia desses pontfices, caso publicasse a obra. Como destaque, ressalte-se a advertncia aos ocidentais contida em seu texto: Se no fizerdes a sinarquia, vejo, daqui a um sculo, a vossa civilizao judaico-crist para sempre eclipsada, a vossa supremacia brutal para sempre domada por um renascer incrvel de toda a sia, ressuscitada, erguida, confiante, armada dos ps cabea e cumprindo, sem o vosso concurso e at contra vs, a promessa social dos abramidas, de Moiss, de Jesus Cristo e de todos os cabalistas judaico-cristos.

    Coincidncia ou no, China, ndia, Paquisto e Coria do Norte possuem, mais de cem anos depois dessa previso, um temido e ameaador arsenal atmico.

    Decadncia FinanceiraEm 1890, o marqus de Alveydre publica Mission des Souverains, uma

    epopia dedicada ao exrcito francs, e, em seguida, Joana d'Arc Victorieux.Por essa poca, a fortuna de sua esposa comea a minguar e eles mudam-se

    para Versailles, onde passam a viver mais modestamente no palacete da esposa de

  • Saint-Yves, na Rua Colbert, n 9.Um grande abalo, no entanto, viria atingir Saint-Yves ao perder sua adorada

    esposa, a quem ele chamara de Anjo da Minha Vida assim que a conheceu. Com a idade de 68 anos, ela falece em 7 de junho de 1895. Seu quarto, como j descrito, passa a ser uma cmara ardente, o qual Saint-Yves visita constantemente para homenagear e receber as inspiraes da esposa.

    Em 1894, oito anos aps a destruio da obra Misso na ndia, a biografia de Saint-Yves registra a visita de outro oriental, talvez mais poderoso que o primeiro. No se identificou, mas no recebeu grande ateno do ocultista que j estava contaminado pelo objetivo de conceber sua grande obra, ainda mais importante que o sistema sinrquico, e que ele chamaria de O Arquemetro, uma sntese concreta de todos os conhecimentos da Humanidade. No Arquemetro, est contida, segundo o Autor, a sntese das possibilidades religiosas, cientficas e estticas do homem.

    O ArquemetroO Arquemetro no foi um sonho s de Saint-Yves Alveydre. Raymond Lulle

    escreveu Ars Magna, em 1275, na qual expe sua ars generalis ou ars magna, arte combinatria para deduo e demonstrao lgica de todo saber, e a qual exerceu forte influncia sobre Leibniz, Nicolau de Cusa e Giordano Bruno.

    Athanasius Kircher, um amante das coisas egpcias, era considerado um cabalista e hermetista erudito e se esforou para empreender uma sntese entre o Cabalismo e do Hermetismo.

    Em seu estudo da Cabala em O Edipus Aegyptiacus, no captulo De allegorica & hieroglyphicae paralteia, Kircher tenta fazer uma sntese de todas as tradies msticas. Nesse sentido, ele um Pico delia Mirandola do sculo XVII, mas sua sntese abrange fontes desconhecidas de Mirandola, tais como o Mxico e o Japo, que haviam sido visitados pelas misses jesuticas.

    Pico delia Mirandola viajou em 1494 para Roma com suas novecentas teses ou questes extradas de todas as filosofias que ele dizia provar serem todas conciliveis umas com as outras.

    Francisco Sanches, que afirmava ter descoberto a raiz de todas as lnguas, construiu seu speculum archetypun, suscetvel de dar o sentido de todas as palavras imaginveis e a chave de iodos os sistemas musicais.

    O Arquemetro, em grego, significa "a medida do Arqueo" (antigo) de que falam os hermetistas, mas Saint-Yves prefere explicar o termo como provindo do snscrito Arka-Matra: Arka o Sol, emblema central do selo divino, sendo Ar a roda radiante da Palavra Divina e Ka, a matria primordial, enquanto que Matra a "medida Me por excelncia, a do Princpio". Significa ainda o sinai mtrico do Dom Divino, da Substncia em todos os graus proporcionais de suas equivalncias. O saber universal do Arquemetro, que se constitui no fundamento de todas as religies e cincias, une o Esprito, a Alma e o Corpo da Verdade, demonstrando na

  • observao pela experincia, a Unidade de sua Universalidade e em seu triplo estado social: ordens econmica, jurdica e universitria.

    O Arquemetro, como instrumento, um crculo de 360 dividido em zonas concntricas e em tringulos mveis de 12 sees de 30 cada, onde as letras hebraicas, rabes, snscritas, assim como uma misteriosa "lngua primordial", o vattan, juntamente com os signos zodiacais e planetrios, cores e notas musicais, formam um nmero indefinido de combinaes harmnicas. Esse instrumento de correspondncia universal serve a todos os campos de conhecimentos humanos e a chave de toda a Tradio Inicitica. Permite, por exemplo, aos arquitetos elaborarem formas a partir de um nome, uma cor, uma idia; ao poeta estabelecer relaes entre as letras e as cores, exprimindo o ideal perfeito da humanidade. Esclarece Saint-Yves: As relaes das letras e das cores, entrevistas intuitivamente por Rimbaud e os seus imitadores, so determinadas cientificamente pelo Arquemetro. Enfatiza tambm o seu criador, que o Arquemetro reintegra todas as medidas s unidades mtricas atuais: o metro e o crculo, ou seja, 103 mm e 360.

    Em resumo, o Arquemetro pode assim ser visto: a) um duplo crculo de 360 girando em sentido inverso de maneira que: 3 representa o Verbo; 6, o Esprito Santo e 360, o Universo definido; b) um Zodaco (12 portas) das Letras Modais, divididas na medida de 30. Cada porta contm sua letra morfolgica e o nmero tradicional desta letra em uma moldura de cor arqueomtrica correspondente; c) uma rea mvel chamada Planetrio das Letras, constitudo por XII ngulos; IV Tringulos Eqilteros, XII Letras, XII Nmeros, XII Cores e XII Notas. O Tringulo formado pelas letras IshO o Tringulo do Verbo (IphO); d) uma faixa zodiacal fixa (rosa) com 12 signos derivados das XII letras zodiacais; e) uma coroa azulada planetria astral mobilizada com seus VII signos diatnicos astrais (cinco repelidos). Note-se que a Astrologia arqueomtrica tem as suas prprias caractersticas e apresenta diferenas nos domiclios astrolgicos. Da mesma forma, os valores das letras do Alfabeto Hebraico no coincidem com os das letras Construtivas Evolutivas e Involutivas do Arquemetro, pois Saint-Yves utilizou-se de um conhecimento mais arcaico que a tradio judaica; f) uma pequena rea formada por XII ngulos de IV Tringulos Eqilteros que se cruzam sob o Tringulo Gerador Metrolgico; g) um crculo central (Centro Solar) que contm um Pentagrama Musical; uma nota (Mi) no centro comum; uma Letra Admica Ressurgente em forma de semi-crculo; V Linhas; XII Raios Brancos que formam VI Dimetros Brancos que passam pelo Centro a 30 um do outro sobre o crculo (30 x 12 = 360).

    A pretenso do autor do Arquemetro , pois, inscrever a medida do Verbo num instrumento material que, de acordo com Papus, precisamente aquele de que se utilizaram os antigos para a constituio de todos os mitos esotricos das religies. E o cnone da arte antiga em suas diversas manifestaes arquitetnicas, musicais, poticas e teognicas.

  • O FalecimentoEm 26 de junho de 1903, Saint-Yves d'Alveydre obtm a patente da inveno

    do Arquemetro, quando explicou como utiliz-lo para obter a estrutura musical de uma catedral ou a "arquitetura falante" de um canto. Essa primeira verso j continha uma introduo relatando a histria da formao do homem.

    Com sua morte, s 12 horas de 6 de fevereiro de 1909, em Pau, Frana, para onde se havia dirigido por motivo de tratamento de sade, as pesquisas sobre o Arquemetro pararam.

    Seu corpo foi levado para Versailles e sepultado junto ao da marquesa d' Alveydre, no Cemitrio Notre-Dame. O tmulo foi construdo segundo medidas obtidas com o Arquemetro e rodeado por belas rvores envolvendo uma cruz de seis pontas ornadas com letras hebraicas, que no se encontra mais l por ter-se partido. Este acidente teria acompanhado os sonhos de Saint-Yves d'Alveydre e se partido como suas idias?

    S o futuro poder responder se a Humanidade adotar um dia a sinarquia, "uma nova ordem social" e se se utilizar do Arquemetro, o cnone da arte antiga em suas diversas manifestaes arquitetnicas, musicais, polticas e teognicas.

    Barlet, bigrafo de Saint-Yves e Gro-Mestre da Ordem Rosacruz, cabalista, disse por ocasio de seu falecimento; Saint-Yves estar sempre conosco para nos inspirar e nos guiar. E acrescentou, dirigindo-se aos praticantes das mesas girantes: No se trata aqui de uma aluso aos procedimentos espritas de comunicao com a alma dos mortos, mas de uma presena mental. Tenho mesmo os motivos mais srios e, por

    conseqncia, o dever de afirmar que a alma de Saint-Yves repousa em paz numa regio que nos inacessvel e que toda a evocao desta alma, verdadeira profanao segundo as suas prprias teorias, teria sobretudo o efeito de perturbar perigosamente a do evocador.

    Eduardo Carvalho Monteiro Madras Editora

    Fontes:Sinarquia, a Nova Ordem Social que se Aproxima, Plnio A. Branco;A Sinarquia, ou o Velho Sonho de uma Sociedade Nova, Jean Saunier;Histria da Filosofia Oculta, Alexandrian;Glossrio Teosfico, Helena Blavatsky;Giordano Bruno e a Tradio Hermtica, Francis A. Yates;Vida y Obra de Ramon Lulle Filosofia y Mstica, Joaquim Xirau;Os Mestres do Esprito, especial da revista Planeta;O Rei do Mundo, Ren Gunon;La Mission de la ndia en Europa, Saint-Yves d'AIveydre.

  • A marquesa de Saint-Yves d'Alveydre(Condensa Keller)

    "O Anjo do Arquemetro"

    Saint-Yves d'Alveydre Conde Alex Keller

  • LIVRO I

    Introduo ao Estudo do Arquemetro

    1. O Arquemetro2. Sua reconstituio objetiva

    3. Solstcios e equincios da palavra do verbo4. Arqueometria das religies comparadas no incomparvel

    5. O Brahmanismo, inverso do Ishoarismo,6. O Protesto de Pho-e, de Zaratustra, do Proto-Budismo Gayna

    7. O Iohanismo dos Sobbhas e o Maometismo

  • Advertncia

    Faz apenas dois anos que nosso Venervel Mestre, abandonando o mundo visvel, franqueou a Porta das Almas para unir-se eternamente com o Verbo divino, a Alma angelical, que foi sempre, ainda que invisvel, o apoio de sua vida aqui na Terra.

    O desaparecimento deste luminoso gnio fez surgir de todos os cantos grande quantidade de discpulos, e no poderamos deixar de estar felizes por isso, se alguns deles, convencidos h pouco tempo e exagerando seu zelo de nefitos, no tentassem persuadir a si mesmos, e a outros, de que so os verdadeiros depositrios das supremas confidencias do Mestre e portadores dos seus mais ntimos pensamentos. intil acrescentar que todos conhecem a fundo o Arquemetro, porm sua descrio exata, que recebemos das prprias mos de seu inventor, ainda completamente indita.

    Alguns no hesitam em dar interpretaes cabalsticas a esse instrumento de interpretao.

    Outros, que no tm vergonha quando afirmam conhecer profundamente todos os segredos da cincia arqueomtrica, prometem grandiosas e ilusrias iniciaes que, com a graa de Deus, jamais acontecero, a no ser em sua exaltada imaginao. Por fim, outros apelam a Saint-Yves, divulgando a seus leitores divagaes de um anticlericalismo e de um antipapismo muito rudimentares e infantis, dignas, no mximo, de um subcomit eleitoral de uma pequena cidade ou de uma Loja de dcima ordem do G O , e as quais seriam suficientes para que seus autores, se o Mestre estivesse vivo, fossem castigados com uma das duras palavras que ele mantinha em segredo.

    Entre os espritos que leram e apreciaram sinceramente Saint-Yves, alguns se perguntaram por que seus amigos pareciam empenhar-se to pouco em defender sua memria. A explicao simples. Um ser como ele, cuja ausncia ser sempre sentida, no tem necessidade de defesa; at mesmo quando morto na Terra, suficientemente poderoso para defender-se, deixando atrs de si suficientes obras inditas para calar todos os impostores.

    Esta obra um magnfico exemplo disso. Ela foi publicada no momento certo, escolhido pelo Mestre, e responde como um trovo a todas as dementes calnias propagadas aps sua morte e encobertas com seu nome.

    Complemento e fecho das Misses, este livro uma verdadeira Introduo ao Estudo do Arquemetro. Nunca, em suas obras anteriores, Saint-Yves se havia dedicado tanto a revelar a base do seu pensamento ntimo; nunca, em qualquer outra, havia estudado os Mistrios to audazmente; jamais se havia revelado to completamente.

    No somente o gnio cristo renovador inspirado na Sinarquia que ns

  • reconheceremos; o verdadeiro sucessor dos antigos Nabis*, o ltimo Profeta. Uma chama terrvel corre em sua obra de Isaas moderno, to severa para os fariseus e escribas contemporneos como o filho de Ams o foi para os letrados e os sacerdotes de Jud. Muito aterradoras so suas vises referentes ao futuro da Frana e da Europa, cadas hoje na pior anarquia pag; muitas das quais infelizmente j se realizaram, outras esto em vias de acontecer, e, se ns no tivssemos escutado, da boca do Mestre, a leitura destas profecias mais de sete anos atrs, defronte ao mar infinito, que ainda lhes conferia maior amplitude e majestade, acreditaramos que elas foram escritas depois.

    Mas, ao mesmo tempo que descreve as iminentes catstrofes para os povos sujeitos s Leis implacveis dos Ciclos histricos, seu corao sangra ante essa fatalidade, que parece inevitvel e que, no entanto, poderia ser evitada. Ele exorta seus irmos humanos a abandonar o falso Caminho e a seguir a verdadeira Estrada, que vinha indicando h mais de vinte anos, e que ainda nos indica. Enfim, suplica-lhes que faam isso numa tentativa leal, por serem os nicos meios que podem opor-se ao Destino e salvar a Humanidade. E nesse sentido ele um verdadeiro homem, ao qual "nada do que humano lhe surpreende", e essa no a menor de suas qualidades, de seus ttulos, em nossa venerao e em nosso afeto profundo.

    Por volta de 1903, tal como o indicam certas aluses aos eventos de ento, foi elaborada a presente obra, que ns publicamos hoje. Notas dispersas e textos completos foram reunidos religiosamente, e agimos estritamente como simples coordenadores. Avisamos isso ao leitor para que compreenda que tivemos de interromper no apndice um fragmento escrito de uma forma e num estilo completamente diferente ao adotado no trabalho. E, se conservamos e publicamos esse fragmento inacabado, foi pela convico de que ser lido com prazer por todos aqueles que conheceram o Mestre e o estudaram um pouco, pois reconhecero nesse texto a sua fina ironia, esse esprito engenhoso e essa maravilhosa mistura de simplicidade e elegncia que colocava tanto charme e originalidade, e s vezes o imprevisvel, em suas conversaes mais elevadas e srias.

    No falaremos da obra quanto sua forma e diviso, pois acreditamos ser bastante clara, sobretudo agora que algumas pranchas do Arquemetro foram reproduzidas e difundidas por todos os lugares.

    OS AMIGOS DE SAINT-YVES

    * N. da T.: Nbhi (snsc.) Chefe. rei.

  • PrefcioOs Estudos Clssicos; sua Influncia. As Hierarquias dos Povos. A Astronomia Humana. Atenienses e Romanos; seu Carter Anrquico. Origem dos Gregos. Os Ciclos Antigos. As Metrpoles. A Proto-Sntese2 Verbal. O Paganismo Mediterrneo. As Invases. Apario de Pitgoras, A poca Atual Comparada de Pitgoras. Porque Escrevemos este Livro.

    Faz cinco sculos que nasceram os estudos clssicos, trs que usurpam cada vez mais os governos europeus, conduzindo-os a um prejuzo sucessivo, em proveito da Amrica e da sia. Desde os prncipes herdeiros, at os bolsistas dos colgios, h cada vez menos cristos, e, ao entrar nessas catacumbas invertidas, tornam-se cada vez mais pagos.

    As jovens geraes necessitam muito de uma segunda sada desta descida para os infernos, a sada deste pas (Frana) das Trevas, nas quais elas se afundam rosadas e saem plidas. O que falta uma comparao, um julgamento, uma iniciao em plena vida, a cura de verdadeira Humanidade, de ar celestial, de luz divina.

    Ao serem publicados estes estudos, j tnhamos seu esprito em suspeita. Nossos altos estudos nos fizeram descobrir a seqncia, apesar dessa anarquia, os Ensinamentos, o Princpio Universal do conhecimento e da sociologia de que as leis do Estado se constituram mais tarde no objeto de nossas demonstraes histricas.

    Existem hierarquias entre os povos; principalmente entre seus guias, de acordo com a sua Essncia original e o enxerto que estes povos possam trazer.

    Como regidos por uma astronomia humana, esses Guias reaparecem de era em era, de povo em povo, iluminando as trevas, removendo os obstculos e guiando os rumos das coletividades.

    Eles desenlaam, por um tempo mais ou menos longo, de acordo com a natureza de seu ambiente, as deformaes intrincadas, dando-lhes um sentido geral e uma recrudescncia de destinos. Eles vm no momento certo para cumprir uma das funes que descrevemos3, as quais se atraem e se arrastam, como um sistema gravitacional.

    Sendo a Teocracia o grau mais alto, os povos so sempre visitados, no momento certo, por um Guia de uma hierarquia da primeira Ordem, que tambm possui seus graus: Orfeu, Numa, Pitgoras. So convidados a participar como expoentes mximos da vida social e da civilizao para encontrar sua prpria paz, bem como para servir de exemplo Humanidade.

    Nossas Misses provam que ningum admirou tanto como ns os grandes homens de todos os tempos e, conseqentemente, os ancestrais greco-latinos. Porm, no podemos dizer o mesmo dos atenienses e dos romanos, oponentes declarados

    2 Proto-sntese: A primeira sntese realizada na Terra.3 Ver nota dos Amigos de Saint-Yves em Mission des Juifs (Misso dos Judeus).

  • dessas notveis individualidades. Realmente, entre todos os relatos histricos, nunca tivemos maiores opositores ao Organismo Supremo do que os atenienses e os romanos. O carter humano nunca teve de se defrontar com uma individualidade to catica, incoerente, essencialmente anarquista, uma massa banal e individualista e conseqentemente mais rebelde.

    A trepidante atomicidade nunca foi menos suscetvel de uma coeso molecular que no fosse outra que a presso sob a fora das coisas, representada pelas foras armadas. um atoleiro civil permanente, dedicado ao regimento militar ou invaso armada.

    ento que, para a proteo momentnea desses ambientes, reaparece um Guia da segunda Ordem, uma estrela secundria da Astronomia humana. Chama-se Alexandre e Csar; e para que a desordem civil no o devore ali mesmo, seu chefe de Estado-Maior o faz devorar o mundo.

    A primeira Ordem era social; a segunda, poltica, Uma cria, a outra conserva o que existe, porm somente modifica o exterior. A podrido intelectual e social permanece internamente.

    Foi por isso que tudo se desmoronou no Baixo Imprio Romano Bizantino; pois era a continuao das atividades da Babilnia. A Europa foi concedida como um feudo a essa recordao velha, mas no animado como em uma novela de aventuras e de escndalos. Graas a Deus, no esta a norma da longa Histria universal, mas uma srie seqencial de decadncias, tais como as ondulaes da serpente. Os atenienses e os romanos no eram originalmente naturais dessas regies, mas refugiados decadentes de outras, eram quase estrangeiros nessas cidades, especialmente na Grcia e na Itlia.

    A Arqueologia entre os modernos, a Mitologia entre os antigos uma vez que, sob a ordem das Universidades Sacerdotais indo-egpcias. a Histria, bem como as outras Cincias, no era escrita em forma clara, mas envolta em enigmas , os Livros sagrados, enfim, nos permitiram abrir os vus das idades remotas4.

    No teremos jamais a suficiente venerao sobre as duas Pennsulas que atraem a nosso continente as cadeias montanhosas dos Blcs e dos Alpes. Em cada passo que percorremos, podemos dizer: "Sta viator, heroem calas!*". Onde o viajante no v somente um pobre heri espalhado na histria ancestral, quase recente, so as necrpoles das Idades hericas e, mais ainda, as Metrpoles dos Ciclos patriarcais que esto debaixo dos seus ps.

    Quando Filipe da Macednia respondia com uma doce ironia arrogncia dos embaixadores do Peloponeso: "Quantos verdadeiros gregos existem entre vocs?", dava-lhes, sem que percebessem, uma pequena lio de Histria, sabendo melhor que eles que os Graios, os Totemistas de Gruya, eram epirotas celta-eslavos e que a prpria Grcia antiga era eslava e pelasga, at a invaso dos revolucionrios exploradores da sia: Yonijas e Yavanas de Manu, Yavanim de Moiss. Um Larto

    4 . Nota dos Amigos de Saint-Yves d'Alveydre, loc. cit,* N. do T.: "Pare, viajante, teus ps esto sobre o p de um heri!". Epitfio inscrito pelo conde d'Enghien na lpide de seu grande oponente, o general Mercy, morto em 1645 na Guerra dos 30 Anos.

  • etrusco e um Numa teriam podido igualmente dizer aos Levantinos do Tber: "Quantos verdadeiros italianos existem entre vocs?".

    De fato, os verdadeiros gregos eram eslavos dos Blcs; os verdadeiros italianos eram celto-eslavos que tinham descido dos montes Alpes ocidentais e orientais. Todos faziam parte da imensa confederao dos Pelasgos de Harakala, e antes disso, de Rama de Moiss e dos brmanes, o Baco dos greco-latinos, e antes ainda do primeiro Ciclo dos patriarcas.

    Esses governantes de rios, de mares, de terras inundadas, esses domadores dos animais e da natureza selvagem eram sacerdotes, sbios, engenheiros militares, lavradores e fundadores de cidades como nunca mais se viu.

    Os Aryas5, agrupados em dodecpolis, estendiam-se desde a Itlia at a Grcia, desde os Blcs at o Cucaso, desde a Turida at as plancies da Tartria, desde o Ir dos Ghiborim at o Hebyreh dos Nephilim*. e do Aryavarta** inteiro.

    "Oh Hebyreh, residncia da pura lei no Aryavarta." Assim falava o primeiro Zoroastro6, 28 sculos antes de nossa era, 12 sculos antes de Moiss. Este ltimo cita fielmente o Heber do Hebyreh, mencionando-o na sua linhagem entre os patriarcas que consideram como ancestrais os hyksos, aos que Maneton chama de prias do Egito. Os brmanes, no que concerne ndia, dizem a mesma coisa que Maneton, porm Zoroastro quem explica tudo.5 Arya (snsc): "Santo": "Nobre" ou de rua nobre. Nome da raa (ariana) que invadiu a ndia no perodo vdico. Esse nome tornou-se epteto de uma raa e nossos orientalistas, privando os brmanes hindus de sua origem, transformaram os europeus em rias. No Esoterismo, os quatro Aryas, caminhos ou graus de desenvolvimento espiritual ou "evoluo em santidade", denominados "os quatro frutos" que levam ao estado de Arhat, so: Zrotapatti (aquele que entrou na corrente), akrdagamin (que deve retornar vida apenas uma vez), Anagamin (que no deve retornar vida) e Arhat (venervel, o quarto grau de perfeio). Portanto, so as quatro classes que correspondem a esses quatro sendeiros e verdades.* N. do T.: Gigantes, tits, anjos cados.** N. do T.; Antigo nome da ndia do Norte.6 Zoroastro, verso grega de Zaratustra (Zend.) Grande legislador e fundador da religio conhecida como: Masdeismo, Magismo ou Parsismo, ou Culto do Fogo e s foras imanentes do Sol representadas pelo Deus Mitra. A data do ltimo Zoroastro desconhecida e, talvez por esta razo, Xanto de Lydia, o primeiro escritor grego a mencionar esse grande legislador e reformador religioso, situe-o cerca de 600 anos antes da guerra de Tria. Porm, esta data tambm incerta. Aristteles e Eudxio assinalam uma data no menor a 6000 anos antes dos dias de Plato, e Aristteles no fazia afirmaes sem estar bem fundamentado. Beroso disse que ele foi rei da Babilnia cerca de 2200 anos a.C, porm, tambm no temos certeza das fontes originais deste, pois se elas eram os manuscritos de Eusbio, este costumava alterar as datas tanto nas tbuas sincrnicas egpcias como na cronologia caldia. Haug d a Zoroastro uma antigidade no menor que 1000 anos a.C. e Bunsen (Deus na Histria, tomo I, livro III, cap. VI, p. 276) diz que Zarathustra Spitama viveu no tempo do rei Vistaspa, ou seja, 3000 anos antes de nossa era, e o descreve como "uma das mais poderosas inteligncias e um dos maiores homens de todos os tempos"'. Com as datas acima e com a extino da lngua zenda, cujos principais conhecimentos foram traduzidos para a lngua pelvi (que, segundo Darmosteter, caiu em desuso na poca dos sassnidas), nossos sbios e orientalistas determinaram por conta prpria a data hipottica para a idade do santo profeta Zurthust. Porm, os anais da Sabedoria Oculta do as datas exatas dos treze Zoroastros mencionados no Dabistan. Seus ensinamentos, especialmente os do ltimo (divino) Zoroastro, difundiram-se desde a Bactriana at os Medos e da, sob o nome de Magismo, incorporado pelos adeptos astrnomos da Caldia, influenciaram os ensinamentos msticos das doutrinas mosaicas, embora talvez fosse a base teolgica da moderna religio dos parses. Como Manu e Vyasa na ndia, Zaratustra um nome genrico dos grandes reformadores e legisladores da Antigidade. A hierarquia comeou com o divino Zaratustra no Vendidad e terminou com o grande, porm mortal, homem que portava tal ttulo e que hoje est perdido para a Histria.Conforme demonstrado por Dabistan, existiram muitos Zoroastros ou Zaratusfras. Segundo HPB em sua Secret Doctrine, Vol. II, o ltimo Zoroastro foi o fundador do Templo do Fogo de Azarcksh, muitos sculos antes dos registros histricos.

  • Somente na Itlia, podem-se citar as Metrpoles destes zodacos de cidades, as Argytas, grandiosamente belas, como Tebas e Mnfis, to antigas quanto a Babilnia e Nnive, e que testemunham a mesma cincia que ilumina as cidades universitrias do norte do ndia, tais como Kai, querida pelos caldeus, e Tirohita, amada pelos sacerdotes egpcios. Assim, na prpria Europa, o declnio social antediluviano cai como um vu mais opaco, at a vinda do Redentor.

    Porm, se o levantamos prega por prega, o vu rasgado por Jesus, Verbo Encarnado, atenua-se permitindo revelar, e depois resplandecer, a luz da civilizao primordial, o Imprio universal dos aryas e dos rutas,7 a Teocracia indo-europia e egpcia de Ishva-Ra e de OshiRi, de Jesus, Verbo-Criador; Jesus Rex patriarcarum, dizem com razo as nossas ladainhas.

    "No princpio era o Verbo", diz o discpulo que Jesus amava e para o qual o Mestre nada ocultava. No possvel determinar mais claramente o Ciclo da proto-sntese governamental, a era primordial na qual o Verbo Criador, adorado sob seu verdadeiro nome, foi profetizado como o Verbo Encarnado, como o Salvador do Estado social decado.

    Quando se produziu o Paganismo mediterrneo, o sab dos burgueses escravistas, foram as Sociedades regulares da Europa, da sia, da frica, suas Universidades, seus Templos que no deixaram de protestar contra os Sofistas, os falsos democratas, os polticos e os retricos rebeldes a qualquer ordem e a toda paz social.

    Roma e Atenas foram banidas da Humanidade, como a Babilnia, Tiro e toda a podrido intelectual e moral da Jnia.

    Druths celto-kmricos, droths celto-eslavos, volas escandinavos, vells germnicos, lartos da Itlia e da Ibria, profetas do Egito, nabis de Israel, magos da Prsia e da Caldia, brathmas manvicos, rishis vdicos, lamas do Tibete, xams tartaros e mongis, por toda a parte o mesmo antema contra o Edom8 e o Yavan de Moiss, contra os Yavanas e o Mlektas de Manu.97 Ruta/s (snsc): Nome de uma das ltimas ilhas da Atlntida que foi destruda sculos antes de Poseidnia, a."Atlntida" de Plato. (Ruta, em snscrito, significa tambm "grito".) Antigo povo que habitava a ilha de Ruta situada num continente do Oceano Pacifico.8 Edom (hebr.): Reis edomitas, podem representar as Raas Razes. Um mistrio escondido na alegoria dos sele Reis de Edom, "que reinaram na terra de Edom, antes que ali reinasse qualquer rei sobre os filhos de Israel" (Gnese, XXXVI, 31).A Cabala ensina que este reino era instvel, porque ali "as foras estavam desequilibrada" , O mundo de Israel uma imagem da condio dos mundos que passaram a existir subseqentemente ao perodo posterior ao do estabelecimento do equilbrio. Por outro lado, a filosofia esotrica oriental ensina que os sete Reis de Edom no so uma imagem de mundos fenecidos ou de foras em desequilbrio, mas smbolo das sete Raas Razes da humanidade, quatro das quais desapareceram, a quinta estamos passando e as duas ltimas ainda esto por vir. Na linguagem oculta, os vus esotricas indicam, tal como est explcito no Apocalipse de So Joo, no cap. XVII. 10. que diz: "E so sete Reis; os cinco caram e um (a quinta Raa) subsiste e o outro (a sexta Raa-Me) ainda no veio..." Se todos os sete Reis de Edom tivessem perecido como mundos de "foras desequilibradas", no poderiam existir o quinto e os outros por chegar. Na Cabala Revelada*, lemos: "Os sete Reis morreram e suas possesses foram destrudas". e uma nota ao p. da pgina reafirma tal observao, dizendo: "Estes sete Reis so os Reis edomitas". * Futuro lanamento da Madras Editora.9 Manu (snsc): Grande legislador hindu. O nome deriva da raiz snscrita man. "pensar" na humanidade; porm, realmente, significa Swayambhuva, o primeiro dos Manus, que surgiu de Swayambhu. "aquele que existe por si mesmo" e , portanto, o Logos ou o progenitor da humanidade. O Cdigo ou Livro de Leis de Manu (Manava-dhurma-shastra) atribudo a este grande legislador, ao qual, para diferenci-lo dos outros Manus, foi dado o nome de Manu

  • Se Alexandre, o Grande, no tivesse destrudo tantas obras sagradas dos masdeistas, a verdade e a filosofia o apontariam nos anais da Histria com o ttulo de "Grande Vndalo".

    Finalmente se levanta o justiceiro do Norte, o grande Ase10 de Asgard,11 Frighe filho de Fridolf, e o furor secular dos povos ruge com ele. Metade druida e metade budista, ergue-se Vodan sobre seu pavs,12 armado com as doze espadas de seus Apstolos. Adota o nome de Trismegisto Boreal para reunir sob sua divindade militante toda a Europa do Norte, do Centro, do Leste e suas reservas: Og, Gog e Magog, at o corao da Alta sia.

    Depois, essa multido de homens amontoados lentamente rola sobre a civilizao de Satans. Realizando a profecia de Cristo, a Roma pag, sem saber, vinga o cu devorando Jerusalm; a Europa vinga a Terra entregando Roma vazia aos pontfices de Jesus Cristo.

    Permanece Bizncio, onde todas as pestilncias de Roma e de Atenas tinham-se fundido para corromper os Brbaros e os Cristos. Ento, surge o Vodan do Sul, e Maom sopra o Coro, a Sunna e o Djehad nas trombetas humanas do Isl. O que a raa das neves no pde terminar realizado pela raa das chamas e dos carves: rabes, turanianos, turcomanos e osmanelitas.

    A Europa atual sofre os mesmos destinos. Provoca todos ao mesmo tempo, quando troca o Esprito Vivo pelo Esprito Morto, o Esprito Cristo pelo Pago.

    E se as energias humanas no so suficientes para conduzi-la ao seu Princpio, Jeov liberar as energias dos elementos sobre este novo Adamah e sobre sua Atlntida.

    De bom grau ou pela fora, pelo Filho ou pelo Pai, a Cristandade voltar ao Esprito Santo.

    Seis sculos antes que N. S. Jesus Cristo, na sombria escurido do Paganismo mediterrneo, que sucede celestial claridade da sntese rfica,13 no perodo

    Swayambhuva.10 Ash (hebr.): Fogo fsico ou simblico. Essa palavra pode ser escrita de outras maneiras: Ase, As, Aish e Esch.11 Asgard (esc): Residncia ou reino dos deuses escandinavos; situado "acima da casa dos Elfos de Luz", porm no mesmo plano do Joel unheim. residncia dos Jotus, gigantes perversos conhecedores da magia, com os quais os deuses viviam em constantes lutas. Os deuses do Asgard so idnticos aos Suras (deuses hindus) e os Jotuns so iguais aos Asuras. So semelhantes tambm aos deuses e tits gregos, que representam os poderes benficos e malficos das foras da natureza. 12 Pavs (ital.); Escudo grande e largo que cobria lodo o corpo do soldado. Bandeira, galhardete.13 Orfeu (Orpheus, em grego): "Escuro". Na mitologia filho de Eagro e da musa Calope. A tradio esotrica o identifica com Arjuna. filho de Indra [discpulo mstico de Krishna ]. Percorreu o mundo estabelecendo mistrios e ensinando s naes a sabedoria e as cincias. A lenda de Orfeu diz que perdeu a esposa Eurdice e a encontrou no Hades [mundo inferior], que um ponto de semelhana com a histria de Arjuna, que vai ao Ptla (Hades ou inferno, porm, na realidade, aos antpodas ou Amrica) onde encontra Ulp. filha do rei Nga e com ela se casa. Orfeu tinha a pele escura; segundo os gregos, eles nunca tiveram uma cor de pele muito bonita. Sabemos, por Herdoto. que Orfeu trouxe seus mistrios da ndia, e, segundo a cincia oficial, so anteriores aos caldeus e aos egpcios. Sabe-se ainda que, no tempo de Pausnias, havia uma famlia sacerdotal que, como os brmanes faziam com os Vedas, transmitia de gerao a gerao todos os Hinos rficos. ao ouvido do nefito, confiando em sua memria. (Doutrina Secreta. III, 297). Orfeu. msico virtuoso, tocava a citara, que recebeu dos deuses, qual acrescentou duas cordas s sete que possua anteriormente. Tinha tal destreza em locara lira, que seus acordes amansavam as feras. Era vegetariano rigoroso, levava uma vida absolutamente sem carne. Entre os primeiros monumentos cristos encontrava-se s vezes a figura de Orfeu rodeada de animais ferozes e domsticos, bem no meio dos profetas e santos, atrados pelo som de sua lira. Nos primeiros tempos do Cristianismo, o insigne cantor da Trcia era objeto de uma singular venerao e culto

  • anrquico consecutivo revoluo dos sudras14 em favor da burguesia escravista e do clero agnstico; com toda a altura de um Epopt, sobressai um homem, Pitgoras, que lembra a um patriarca do Antigo Testamento que merece muito mais do que tudo o que foi dito sobre ele, e que, por este motivo, mencionamos nos cabealhos deste livro, destinado a preparar a inteligncia e a compreenso para o uso do instrumento de preciso que torna experimental a Revelao Universal do Verbo, a Sabedoria Divina.

    Acontece h 25 sculos de distncia da nossa poca, quando o estado mental europeu apresenta uma identidade notvel como a de Pitgoras. No momento em que este empreende sua Misso de Europa, sntese rfica de recuperao da proto-sntese patriarcal ou verbal, tinha quase desaparecido, afogada pela onda invasora do Paganismo dos letrados asiticos e jnicos. Da mesma forma, em nossos dias, o Cristianismo, ofuscado desde a sua concordata no sculo IV e totalmente privado de sua mestria desde o Renascimento, cede lugar por todos os lados ao Humanismo neopago.

    Pitgoras, sua poca, sua obra e suas concluses nos oferecem uma base slida para o estudo que empreendemos e a exposio dos meios cientficos a serem usados para levantar o Estado social decado e restabelecer a sntese que o grande filsofo tentou em vo reconstituir.

    Agora, ento, desde o nosso vigsimo ano, tnhamos resolvido ser o Pitgoras do Cristianismo, suplantado desde o Renascimento pelo esprito pago. Da, vinte anos depois, nossas quatro misses entre os pagos modernos, e nossa ao em Paris, Bruxelas, Roma e outros lugares, e, neste testemunho em verdade, contamos somente com Deus e com a sua ajuda de campo: o tempo.

    E agora, em plena velhice, lanando um olhar retrospectivo sobre a longa trajetria de nosso dever cumprido, vemos, com uma grande paz de esprito e de conscincia, que no nos desviamos da Verdade nem em nossos livros, nem nos nossos atos pblicos ou privados. Ela plaina sobre o desconhecimento e sobre a calnia, mais alta do que o desprezo, to alta quanto a piedade divina, para estes infelizes cegos, que so conduzidos vendados ao Inferno humano que haver de engoli-los.

    esta mesma caridade que, apesar do mais cruel dos lutos, da idade e da doena, faz-nos terminar a obra, cuja composio foi prometida ao divino Mestre e executada com a sua ajuda.

    A glria disso se deve to-somente a Jesus Cristo, e nele, sua Alma Angelical que nos uniu e que quis que a prpria morte no nos possa separar. Assim, antes de ter a indescritvel alegria de implantar neste planeta nosso carto de visita com P. P C, estamos felizes de saudar a gloriosa memria de Pitgoras com o mesmo respeito que tnhamos em nossa juventude.

    dos prprios santos Padres da Igreja (Martigny, Dict. des antiq. Chrt.).14 Shdra ou Sdra ou S'udra (snsc): A "casta dos servidores", que surgiu do p da Divindade. [Servo, criado, indivduo da quarta classe, inferior; indivduo dedicado servido e aos ofcios mais vis]. A ltima das quatro castas que saram do corpo de Brahm.

  • PRIMEIRA PARTE

    A Sabedoria do Domem e o Paganismo

    Omnis homo mendax Samos CXVI, II.

    CAPTULO PRIMEIRO

    A Regresso MentalDA SNTESE VERBAL UNIVERSAL FILOSOFIA INDIVIDUAL

    A INSTRUO PAG E A EDUCAO CRIST

    Definio do Paganismo. Seu Carter. Sua Essncia a Anarquia. A Vontade Humana Erigida em Princpio. A Trimurti de Krishna. Os Sudras. A Mentalidade da Terceira Casta. Sua Rejeio pelos Corpos Religiosos. O Milenar Paganismo do Mediterrneo. O Paganismo Domina o Clero e a Instruo h mais de Quatro Sculos. Instruo Exclusivamente Pag. A Educao Religiosa Reduzida Catequizao. Desequilbrio em Pavor do Paganismo. O Ser e o Possuir. Frinia e o Arepago. O Paganismo Experimental na Criana. O Pai e a Me; seu Papel. A Escola da Vida. Onde Encontrar o Esprito de Vida? A Riqueza. A Evoluo Pag da Criana, O Sacerdote; seu Papel. O Catecismo A Universidade. A Possesso Pag.

    O Paganismo um estado mental e governamental que vai da gema rvore silvestre.

    Sua frmula : Primo mihi et sequere naturam. Sempre sintomtico, no de uma evoluo, mas de uma revoluo. Vem de uma instruo corrompida, fruto de uma educao viciosa. Uma como a outra, como o possuir e o ser, e ser corrupto, seja por si mesmo ou seja por seu intermdio, corrompe tudo at mesmo o verdadeiro possuir, principalmente o falso.

    Seu carter ser filosfico e poltico, anti-religioso e anti-social. filosfico e

  • anti-religioso porque subordina a razo universal individual, a dois critrios: objetivo da primeira, e subjetivo da segunda. poltico e anti-social porque essa subverso do entendimento provm da suplantao da vontade, e porque tende a tomar por todos os meios a Legalidade para fazer oposio Legitimidade.

    Suas crises histricas so peridicas, crnicas em sua causa ontolgica, e esse estado mrbido natural ao esprito humano decado, privado de seus dois verdadeiros critrios: a cincia e a Vida, que estudaremos mais adiante.

    Ousou levantar seu prprio sistema de Filomania,15 com o nome de Filosofia ou at mesmo de Teosofia; sua essncia a anarquia, e esta : Fiat voluntas mea! a vontade do homem. Fazer disso um princpio e coloc-lo numa balana com um ou muitos derivados da palavra Providncia e Destino no reconhecer princpio algum. como criar trs deuses, dos quais dois ficam sobrando, e essa , realmente, a essncia intelectual do Paganismo, tendo o politesmo como o grau mais alto.

    Fabre d'Olivet, sobre o qual voltaremos a falar depois, seguindo outros autores, atribuiu esta doutrina a Pitgoras, porm essa nunca foi a doutrina desse grande homem. Ele conhecia bem a fundo a Trimurti,16 pela qual, sob diversos nomes, na ndia, na Caldia, no Egito, haviam substitudo Krishna Trindade Patriarcal da Proto-sntese referida por So Joo.

    Independentemente da concesso que o fundador do Brahmanismo atual tenha querido fazer, cinco mil anos atrs, ao estado mental dos letrados sudras, nunca pretendeu dizer que Brahma, Shiva e Vishnu no fossem outra coisa que a personalizao dos trs Poderes de um s e mesmo Deus Criador, Transformador e Conservador, e essa mesma Trade no mais do que a inverso desejada da Trindade anterior, que descuide desde o princpio eterno at a origem temporal das Hierarquias Criadoras,17 dos seres e das coisas; do Universo Divino ao Universo 15 Filomania: Produo excessiva de folhas e/ou documentos.16 Trimurti (snsc): Trindade indiana, constituda por: Brahma (o Criador), Vishnu (o Conservador) e Shiva (o Destruidor), simbolizando as trs faces da natureza.17 Hierarquias Criadoras (As Doze): Ocupam-se da construo do Universo, em guiar os homens (seus irmos menores) no caminho da evoluo e cm comandar o desenvolvimento das foras espirituais no Universo material. Segundo as tradies indianas, no ciclo evolutivo que estamos, tomaram parte somente sete Hierarquias, que afetam, em nossa partcula de Divindade, a poro de Ishvara (Bhagavad-Gita, XV, 7) e o Jivatma, o Ser vivente cuja natureza espiritual superior parle integrante de uma dessas Hierarquias. A primeira Hierarquia formada pelos Senhores do Fogo ou Hlitos gneos Amorfos, Chamas Divinas, Fogos Divinos, Lees do Fogo, da Vida etc que constituem a vida e o corao do Universo.O Atma (Vontade Csmica) pertence a este plano; por meio dele passa o raio de Paramatma, que desperta o Atma na Mnada ou tambm o Esprito puro do homem. A segunda Hierarquia composta por seres de dupla natureza, as "dplices unidades", Fogo e ter, o discernimento manifestado, a sabedoria do sistema; o Buddhi csmico que desperta o Buddhi na Mnada humana, que a intuio pura. A terceira Hierarquia, a do Mahat ou Manas csmico, composta pela Trade, Fogo, ter e gua, a atividade csmica, que tambm deixa parte de sua essncia na Mnada do homem medida que este vai descendo. Estas so as Hierarquias Criadoras arpicas [sem forma], que moram na matria ainda muito sutilizada para tomar uma forma limitada na matria, em que se misturam e compenetram com as outras formas. Manas o mental abstrato.A quarta Hierarquia a das Mnadas humanas, que, contudo, ainda no deixaram o seio do Pai Supremo, onde permanecemos verdadeiramente inseparveis d'Ele, embora no labirinto de matria nos parea estarmos separados e distintos. Essa Hierarquia tambm chamada de Hierarquia dos Jivas imortais.A quinta Hierarquia a do Makara, que tem por smbolo o pentgono. Apresenta o duplo aspecto espiritual e fsico da Natureza, o positivo e o negativo, que sempre esto em luta recproca (dos opostos); so os turbulentos, os rebeldes das mitologias, os nascidos do Corpo de Trevas, que, por sua evoluo, pertencem a este Universo. So seres de grande poder e sabedoria espirituais, mas que ocultam em seu interior o germe, a essncia do ahamkara, daquela

  • Astral; da Biologia para a Fisiologia; do mundo das espcies para o embriogenia dos indivduos; da involuo para a evoluo.

    A mentalidade desta terceira casta usurpadora, dos sete sudras, correspondia apenas ao ensino primrio antigo e a uns poucos fragmentos do secundrio. Sua ganncia homicida tinha invadido e aniquilado o Estado social das duas pennsulas, suas metrpoles contemporneas de Nnive e da Babilnia, a Aliana Templria dos eslavo-arianos, argianos, aqueus e dos pelasgos indianos reconstituda por Orfeu, o Ribhou dos Vedas. Eles tinham fechado seus sentidos correspondentes aos graus superiores da Revelao, tanto no Direito religioso como na Ontologia.

    Com raras excees iriam expiar, de metrpole em metrpole, o preo das mais rudes provaes, suas anatematizadas origens de yavanas, de mlechtas, de pinkshas, de Sudras e de revolucionrios hyksos.

    Foi isso o que Pitgoras fez durante mais de vinte anos, outros dizem que so quarenta. O postulante era admitido, depois de todas as purificaes fsicas, morais, intelectuais e espirituais, aos corpos eruditos religiosos, mantendo-o por um longo perodo de observao antes de reabrir nele os sentidos ntimos da graa e da vida superior. Na maioria dos casos, eles somente revelariam isso aos internos.

    Quanto massa instruda, degenerada do Verbo rfico dentro de sua prpria verbosidade, estava mais longe da Verdade, que a Vida, que seus ltimos escravos. E assim que nunca viram na sua Filosofia mais que sua prpria Filomania de desafio, de casustica, de uma dialtica sem fim, de uma anarquia mental e governamental. E, apesar de tudo, essa plebe intelectual se transformou na classe dirigente, permanecendo sempre curiosa, ao mesmo tempo que profanadora da perdida Sofia.

    De Pitgoras a Hirocles se estende todo um horizonte entre os estudos greco-latinos secundrios e os superiores, onze sculos se passam contra sessenta, que contam a Histria melhor documentada de nossa humanidade terrestre, j que ela, exceto nos Livros sagrados, no ultrapassa seis mil anos.

    Faz quatro sculos que este Paganismo milenar a favor da escravido, da burguesia anti-social, o nico que impera na mentalidade da populao e dos dirigentes governamentais, bem como em todas as Universidades europias, tanto sacerdotais como laicas.

    faculdade auto-ativa necessria evoluo humana. So o produto da primeira cadeia planetria.A sexta Hierarquia formada pelos nascidos do corpo de Brahma, denominado Corpo de Luz. Neste plano de devas, brilham gloriosos os Pitris dos Devas, chamados de Agnichvattas ou "os sxtuplos Dhyanis". Eles fornecem tudo ao homem, exceto o Alma e o corpo fsico, por isso so chamados de "doadores dos cinco princpios intermedirios do homem ". Guiam a Mnada para que tenha seus tomos inter-rela-cionados com os princpios do "plasma quntuplo ". So produtos da segunda Cadeia Planetria. Nesta Hierarquia se encontram includas as grandes hostes dos Devas e os mais elevados espritos da Natureza ou elementares do reino mdio. A stima Hierarquia consiste nos seres que conhecemos com o nome de Pitris lunares, nascidos do corpo de Brahma, chamado Crepsculo ou Sandhya. Seu trabalho em relao evoluo fsica do homem idntico ao dos Pitris Agnichvattas no que se refere evoluo intelectual. Fazem tambm parte dessa Hierarquia os agentes dos Pitris na tarefa que lhes encomendada. Esses agentes so as vrias cortes de Devas, os espritos menores da Natureza ou elementais do reino inferior, encarregados de formar os corpos fsicos dos homens. Tambm entram nessa Hierarquia os "espritos dos tomos", as sementes de evoluo ou kalpas futuros. Estas ltimas Hierarquias so as criadoras npicas (que possuem forma).Das doze Hierarquias, cinco j transpuseram o campo visual dos maiores e mais desenvolvidos Mestres de nosso mundo; quatro passaram para alm da liberao e uma est ainda nos umbrais.

  • Tanto o Clero como a Instruo, cuja diferena trataremos em outra ocasio, usam o mesmo clich da anarquia em tantos livros quantos so os educandos. Estes, por sua vez, consentem em tudo: arte e vida, cincia, legislao, poltica e costumes. Mas, quanto mais longe vamos, mais diminui o modelo da imitao, estril e mortal, do gnio cristo da nossa raa nesta era.

    Cada pessoa instruda, alfabetizada dessa forma, desde o prncipe herdeiro de um trono at o ltimo bolsista que estuda nos seminrios ou nos liceus, recebem a mesma instruo vulgar, fruto da mesma mentalidade banalizada. A educao difere um pouco nas casas onde o verdadeiro esprito cristo est mais arraigado. Mas essa possibilidade cada vez mais rara, podemos dizer que at mesmo uma exceo, principalmente em razo da discrepncia das fortunas, da erradicao das existncias, da anarquia econmica, fruto desse sistema clssico, incapaz de governar o mundo que procura governar. Em todo caso, a instruo e a educao religiosa so limitadas para todos, indistintamente, pura e simples catequizao.

    Colocando-se esses fatos numa balana, eles nos mostram que pendem a favor do Paganismo, com uma enorme diminuio em detrimento do Cristianismo. ento a demagogia intelectual dos pagos, fracamente temperada com uma pitada de Cristianismo, que predomina tanto nos tronos europeus como em todas as ctedras de instruo, incluindo os elevados estudos das religies comparadas, ponto culminante dessa anarquia.

    No necessrio ser um grande clrigo para ver como resultado que a luz dos mistrios do Pai e do Esprito Santo est totalmente ausente, desde os mais baixos aos mais elevados escales dessas hierarquias laicas. Ao mesmo tempo, a luz contida nos mistrios do Filho, pontfice e Rei do Universo, Verbo Criador, Encarnado, Ressuscitado e Glorificado, completamente obscurecida por esse Paganismo mental e governamental.

    Porm, a Instruo foi feita para a vida, e no o contrrio. Da mesma forma, a lei foi feita para o homem, e no o homem para a lei, de acordo com as palavras de So Paulo.

    O mtodo do Verbo sempre aquele que formula em todas as coisas da vida, e se trata aqui da vida social. A educao prima, pois, sobre a instruo, porque a primeira aponta ao ser e segunda ao ter. Uma essencial, a outra auxiliar. Mas o carter do esprito clssico o de substituir com suas tagarelices ao Verbo e suplantar o espiritual para usurpar o temporal. Quer ser ao mesmo tempo a razo que ensina e a razo de Estado, cabea e braos seculares. , pois, exclusivo da educao, porque a imitao poltica dos pagos exclusiva do ser, e no leva mais a uma possesso demonaca.

    Podemos possuir bilhes e no sermos nada. A pessoa pode no ter nada e ser de um valor incalculvel. Assim, o valor da instruo depende do erro que se faz dela, como a fortuna, o talento e a beleza.

    Quando os helenistas do Arepago absolvem Frinia de todos os seus crimes, porque ela deixa cair suas vestes at os ps, Tmis18 marca nas costas esses javalis da 18 Tmis: Filha do Cu e da Terra, deusa da justia. representada sempre com a balana na mo e os olhos

  • Vnus terrestre, para o carro de triunfo do chacineiro romano. o sistema penitencirio que substitui a ausncia de educao. Tal o Mistrio: preciso que a vida social devore a morte ou todas as causas da mortalidade coletiva. E assim que, mil anos depois de Zoroastro, Moiss repete: "Nosso Deus um fogo devorador". A histria militar, desde a Babilnia at nossos dias, no mais do que o longo e doloroso comentrio dessa no menos terrvel palavra.

    A observao prtica e a experincia direta do Paganismo esto diariamente ante os nossos olhos. As pessoas, na infncia e adolescncia, passam pela famlia, depois ficam sob o crivo do estado poltico, usurpador do estado social e do seu poder de ensino. A instruo pblica, assim erradicada, a Arvore da Morte, cujas razes esto no ar; o esprito anda com a cabea baixa. Obtm da sociedade, representada pela famlia, uma moeda corrente de ouro vivo de boa e verdadeira cunhagem, marcada com J. C. (Jesus Cristo), e, por uma transformao inversa, recebe em troca uma moeda de cobre, tambm marcada com J. C, porm falsa (pois representa Julio Csar, pontfice e imperador dos pagos).

    A criana uma pgina em branco, sobre a qual podemos escrever tudo, sobre o cu ou sobre o Inferno. uma pequena e querida arvorezinha silvestre humana, na qual podem ser enxertadas todas as flores das rvores do Paraso. sua direita, existe um Anjo de Luz invisvel, mas, esquerda, h um Demnio preto. O Anjo contribui com os sete dons que irradiam do Esprito Santo Universal; o Demnio contribui com os sete dons tenebrosos do auto-esprito individual.

    Temos, ento, desde o bero, uma luta entre a revoluo crist e a reao pag, e essa batalha invisvel travada entre a Luz e as Sombras visvel na criana.

    Somente quando se prope realizar algum empreendimento, torna-se um indivduo encantador, por exemplo: um verdadeiro sans-culotte (patriota da revoluo francesa), que se considera o nico, o bom, aquele que pode ser amado. Que faz, a sua maneira, a declarao dos direitos humanos... individualmente. Isso de imediato significa para sua jovem compreenso que os deveres so para os pais; porm, o Anjo est ao seu lado!

    Como cativante ver eclodir essas belas manifestaes da primeira idade, esses esboos do livre pensamento, da liberdade de conscincia, da livre ao com todas as suas conseqncias, do pote de balas degustadas secretamente, at as elicas e as meias estragadas. Porm, o Anjo faz um sinal: a religio e a sociedade esto ali! Jesus representado pelo pai; a Igreja, pela me; pois a profundidade do lao conjugai mede todo o comprimento da vida eterna. Assim, bem-aventurada a me, pois o Santo Esprito de Jesus vive nela, que com gosto assume todos os deveres do amor aos quais todos os jovens tm direito desde que nascem. E seu amor no quer asas, to pesadas! No quer liberdade, nem pensamentos, nem conscincia, nem ao; quer apenas todas as correntes; seus fardos, como so leves!

    Assim como o Divino Mestre, que lava os ps dos apstolos, ela se dedica por

    vendados. Como se recusa a casar com Jpiter, este a submeteu contra sua vontade, e dela teve duas filhas: a Lei e a Paz. Jpiter colocou a sua balana no nmero dos doze Signos do Zodaco. Alguns representam-na com uma espada na mo. Tambm se deu o nome de Tmis a Carmenta. me de Evandro.

  • completo celestial servido, pequena rvore silvestre bem-amada. Jesus disse: "Aquele que quer ser o primeiro entre vocs, que seja vosso primeiro criado". Essas palavras do grande Pai Celestial s podem ser compreendidas pelas mes, porque elas possuem uma compreenso celestial: a do corao.

    Insuflando-lhes seu esprito na alma e na vida dos seus filhos, ela quer que o seu rebento se tome a mais bonita das rosas do Paraso humano e divino. Porm, no atual alvoroo deste mundo e principalmente do seu esprito, poucas jovens conseguem libertar-se dessa serfica escravido, e menos ainda conseguem resguardar seu clarividente amor, com os olhos vendados pela sua prpria idolatria. a que comea o perigo temido pelo Anjo e aguardado pelo Demnio.

    O bero, e depois o pequeno leito, o centro da eterna epopia pica da vida. Este pequeno ser sorridente a maior e a mais grave das coisas que interessam ao mesmo tempo ao cu e Terra, todo o presente, todo o futuro terrestre e celestial, no s de uma famlia mas de uma sociedade.

    por isso que o divino Mestre permitiu que se deixassem aproximar dele as crianas, e por isso que ele disse: "O Reino dos Cus para os que so semelhantes s crianas". Parecer-se com as crianas saber escutar e entender. A criana, bem como a mulher, possui a verdadeira compreenso: a do corao; a criana escuta tudo o que a pessoa diz, mas s entende por meio do exemplo. Tambm o educador tem de praticar o que prega; caso contrrio, ele s est instruindo sem educar, o que bem pior do que deixar na ignorncia. Pior, pois a escola da vida o nico ensino verdadeiro; todas as Universidades juntas no valem uma nica humilde lio de vida.

    O pequeno obreiro tem essa escola entre seus pobres pais, e por isso que ele ultrapassa em grandeza de corao todas as classes eruditas de origem universitria. Dos sete dons negros do auto-esprito, apenas possui os dois ltimos; por essa razo, no possui nada prprio, ou apenas poucas coisas, exceto suas afeies que so os bens de ser, mais do que ter, e os nicos verdadeiros.

    Porm, a educao no deve limitar-se a saber viver no mundo, pois ento seria simplesmente o saber de parecer e no o de ser, que o verdadeiro saber da vida. O ltimo sem o primeiro est embalsamado em grande profundidade; o primeiro sem o segundo um pote de pomada: perfumado na superfcie; embaixo apenas rano.

    Encontra-se hoje em dia essa essncia, esse esprito da vida? Raramente na alma dos Instrudos; todavia existe um pouco dessa essncia entre os seres que possuem dedicao ou disciplina voluntria, sacerdotes e soldados de vocao; muitos entre as pessoas pobres, entre os que levam o peso do dia sem a certeza do amanh, entre os cavalheiros do trabalho, que sobre suas costas carregam todo o peso do Paganismo contemporneo. Porm, isso no dever durar por muito tempo, graas aos eruditos, mendigos do sufrgio universal, esses cavalheiros da indstria poltica.

    " mais difcil um rico entrar no Reino de Deus que um camelo passar pelo buraco da agulha", disse Jesus. (O Buraco da Agulha era o nome de uma das portas da baixa Jerusalm.) A riqueza tudo o que a pessoa tem de prprio, comeando pela instruo; e, quando esta falsa, quando a pessoa no acredita que a simples

  • detentora responsvel ante Deus, no lhe vale nada, no lhe serve a riqueza nesse caso mais que para carregar o peso do Eu e infl-lo. Quando o Nosso Senhor nos recomenda a simplicidade do esprito, entende ser a disponibilidade para a reflexo da vida, do corao para a cabea; mas se a cabea est entupida de coisas inteis ou nocivas, ela a maior contestadora, e sua reflexo estar fechada incidncia.

    por isso que no deveria haver qualquer instruo, salvo a elementar, ou toda a instruo possvel dirigida simplicidade, para a unidade, para a humildade da razo individual antes da incidncia do Verbo-Deus na reflexo universal do homem.

    Assim se manifestaro as trs raas da verdadeira hierarquia terrestre e celestial, porm no devemos nos antecipar sobre o que haver de vir, e voltemos pequena criana mimada para a qual lhe difcil a entrada para o Reino dos Cus. A mulher na igreja a nica educadora, o homem no Senhor o nico educador. A criana que no sente esta manifestao de amor e de sabedoria se torna o dono da idolatria paterna e materna. Pouco a pouco, seu pequeno raciocnio subordina o grande, sua pequena vontade domina a mdia, a pequena planta acaba suplantando todo o jardim e o jardineiro do den19 conjugal. De ano em ano, a mente da criana se colocar dentro de uma caixa de brinquedos para defender-se, uma arca de No cheia de dolos, toda uma filosofia pag para seu uso, e ter transformado rapidamente essa filosofia em imposies governamentais, primeiro com afeto e cortesia, depois quebrando tudo. O presente fica escurecido, o futuro ser negro. O Demnio ri, a me chora, pois perde cada vez mais o controle das coisas e no sabe mais a quem recorrer. Em vo, invoca o brao da justia paterna; ocorrendo a imposio de disciplinas, castigos, tapas, surras, uso do chicote, todo o arsenal da sabedoria de Salomo se mostra impotente l onde a sabedoria desarmada do Evangelho teria conduzido tudo com perfeio.

    O Anjo reza; corifeu20 das sete virtudes sociais, a piedade religiosa a me da piedade dos filhos. O sacerdote vem socorrer a sacerdotisa materna. Conta com a ternura dela, porm lhe acrescenta a doce gravidade das primeiras duas raas, as do sacrifcio, a sacerdotal e a real. Irradia de si o alento do Esprito Santo que exorciza o Esprito do Ego e no qual se retifica a mentalidade da criana rebelde. A me coloca seus joelhos acima de seu modelo, a Igreja; a catequizao retoma sua obra indecisa, para no dizer comprometida. Comea a implantao divina no ponto em que haveria podido ter xito quando o Verbo, por meio dos lbios maternais, ensinava a Palavra na sua fonte divina: a orao e o prprio Deus Vivo davam sua resposta por meio da jovem mulher com sorrisos, carcias, beijos, luz e calor da vida.

    O catecismo o ensinamento primrio do Evangelho, o melhor que poderia existir. Mas, onde est, !, o ensinamento secundrio; o da segunda raa, superior ao primeiro? So indispensveis nas idades viris, nas fases iniciticas da vida, iniciao e conduo dos indivduos, e, para as suas Fraternidades, bem como para as Ordens de suas raas, para a conduo das sociedades.

    19 den (Hebr.): Paraso terreno segundo a Bblia. Lugar de delcias, stio aprazvel.20 Corifeu: Indivduo caudilho, chefe, lder de uma classe, partido ou profisso, Diretor ou regente dos coros nas tragdias.

  • O Evangelho no possui mais do que uma nica Luz, a da Vida Eterna, mas essa Luz tem muitos graus, da vela lmpada, da lmpada Lua, da Lua ao Sol vivente das existncias e de seus espritos.

    Logo aps a primeira comunho, quando o infante sai pelas portas de ouro da Igreja, abertas sobre a Cidade de Deus, as portas de bronze do Universo se abrem, engolem-no e voltam a se fechar. Completada sua educao da vida, que est apenas comeando quando a instruo da morte vem soprar por cima. Por trs das grades vigiadas pelo carcereiro, a criana vai descendo novamente os graus que tinha acabado de subir, mudando novamente sua alma e seu esprito. Ento, os outros graus do abismo se abriro ante esse jovem, que passa da puberdade para sua plena virilidade; a mente da sua alma sente pouco a pouco pesar sobre ela o esprito glacial, a morte; as polticas que ensinam aos mercenrios do governo, em lugar do esprito clido da vida; o social de todas as dedicaes gratuitas.

    O enxerto novamente murcha, a arvorezinha silvestre retoma seus direitos, a seiva dos sentidos usurpa a do corao, e, como no mais exorcizado, o jovem esprito se levanta rebelando-se ou se debilita na constrio.

    Mas aparece aqui a lanterna mgica do Paganismo que comea as projees, suas evocaes e, , suas reencarnaes morturias, sobre uma atenta turma de jovens mdiuns, almas vi ventes: Homero, Horcio, Virglio, Demstenes, Ccero, e depois todas as saturnais do individualismo filosfico e dos polticos, dos sofistas e dos retricos, toda a Licantropia21 burguesa da loba romana, toda a Aigotropia medocre do macho caprino grego.

    Que possesso infernal