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Ano 11 N o 46 Novembro/Dezembro/2010 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA O título acima, trecho da música “O Sal da Terra” (de Beto Guedes e Ronaldo Bastos), é bastante apropriado para sinteti- zar o balanço a seguir sobre o Jornal GAMBOA em 2010. O Grupo dos Amigos de Boa Nova (GAMBOA), em seus dez anos e meio de existência, nunca foi tão unido e eficaz quanto conseguiu ser este ano. Foi preciso apenas um chamado virtual, via e-mail, para surgirem vários nomes de boanovenses e/ou amigos de Boa Nova dispostos a colaborar finan- ceiramente para que este proje- to continuasse a existir. Afi- nal, num país onde ainda são escassos os projetos cul- turais mantidos pelo Po- der Público em todas as suas esferas, vê-los fun- cionando (por muito tem- po) é sempre uma tarefa árdua e marcada por ações voluntárias. Numa brincadeira alusiva ao G-20 (grupo das 20 nações mais ricas do mundo), nascia em fevereiro deste ano um grupo (que ultra- passou as 20 pessoas previstas no início) dis- posto a não deixar mor- rer este jornal, que virou si- nônimo de intercâmbio cultu- ral entre todos aqueles que amam Boa Nova. Para mantê-lo circulando bimestralmente demanda uma determinada receita, que vem sendo coberta por colaboradores fixos e esporádi- cos, com quantias diversas. Além das quatro edições previstas (inclusive a comemorativa de 10 anos, em maio), o G-20 pro- porcionou outras conquistas significativas: a amplia- ção da tiragem do GAMBOA (de 500 para mil exem- plares); a criação da sua versão virtual colorida e com duas páginas extras (que chega em dezembro à terceira edição); a confecção da camisa “Boa Nova – Diversidade Ambiental”; e o resgate do Jornal Sem Censura, que agora conta com todas as edições também em formato virtual (PDF). Indiretamente, os colaboradores também ajudaram a man- ter aceso o ideal que norteia o IAM (Instituto Adroaldo Mo- raes), que é o responsável legal pelo GAMBOA. O IAM vem se empenhando em respaldar projetos que levem mais educação e cultura a Boa Nova. Exemplo disso foi o Edital de Biblioteca Comunitária da Secretaria de Cultura do Esta- do da Bahia, para o qual foi selecionado com o projeto de “Um mais um é sempre mais que dois” apoio à estruturação da Sala de Leitura Paulo Andrade. Em- bora não tenha ficado entre os 23 contemplados, foi um dos habilitados por sua amplitude e consistência. O IAM também apoiou o documentário “Voo do Caçador”, que está sendo executado pela boanovense Cibele de Sá para o projeto Re- velando os Brasis (ver matéria à página 5). O GAMBOA agradece a todos os que colaboraram este ano com textos, fotos, pautas, ideias e apoio publicitário. Em especial, agradece aos seguintes mantenedores, sem os quais não conseguiríamos realizar os feitos de 2010: Adriano Perei- ra de Oliveira (Tapiraí-SP), Ana Karina Moraes Silva (Vi- tória da Conquista-BA), Anália Rosa da Silva (Salvador- BA), Andre Luís de Sá Brito – Deco (Boa Nova-BA), Ângela Cibele de Sá Brito (Boa Nova-BA), Azneth Moraes – Neth (Salvador-BA), Carlos Alberto Mo- raes – Kao (Itapetin- ga-BA), Edson Ribei- ro Luiz (Boa Nova- BA), Elson Lago (Ita- petinga-BA), Fernan- do Silva Lima (Salva- dor-BA), Gilberto Andrade (Jequié- BA), Maria das Graças Moraes – Gracinha (Salvador- BA), Itamar Mora- es (Salvador-BA), Jobson Silva Meira (Boa Nova-BA), José Renan Farias (Salvador-BA), J osé Roberto Moraes (Vi- çosa-MG), J urandi Rodrigues (Guarulhos- SP), Luiz Henrique Mo- raes (Boa Nova-BA), Marcelo Moraes (Salvador- BA), Marcos Moraes Brito (Salvador-BA), Marília Duarte Moraes (Salvador-BA), Moacyr Pres- tes Jr. (Vitória da Conquista-BA), Nelson Lago Duarte Sobri- nho (Jequié-BA), Nesmar Andrade da Silva (Ipiaú-BA), Paulo Andrade da Silva (Araraquara-SP), Renato Pedre- cal Jr. (Belo Horizonte-MG), Roberto Cerqueira (Salvador- BA), Sérgio Moraes (Salvador-BA), Sheyla Alencar (Boa Nova-BA), Sílvia Duarte Moraes (Boa Nova-BA), Sílvio Moraes (Itapetinga-BA), Sílvio Roberto Moraes (Vitória da Conquista-BA), Suzete Moraes de Santana (Fortaleza- CE) e Vanzye Fargom (Salvador-BA).

ARQUIVO - Jornal GAMBOA digital - Ed. 46 (nov/dez/2010)

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Esta edição traz, duas páginas a mais do que a impressa, sendo divulgada após a sua circulação em Boa Nova e em outras cidades. A ampliação facilita a inserção de outras matérias após o fechamento da edição.

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Ano 11 No 46 Novembro/Dezembro/2010 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA

O título acima, trecho da música “O Sal da Terra” (de BetoGuedes e Ronaldo Bastos), é bastante apropriado para sinteti-zar o balanço a seguir sobre o Jornal GAMBOA em 2010. OGrupo dos Amigos de Boa Nova (GAMBOA), em seus dezanos e meio de existência, nunca foi tão unido e eficaz quantoconseguiu ser este ano.

Foi preciso apenas um chamado virtual, via e-mail, parasurgirem vários nomes de boanovenses e/ou amigos de BoaNova dispostos a colaborar finan-ceiramente para que este proje-to continuasse a existir. Afi-nal, num país onde ainda sãoescassos os projetos cul-turais mantidos pelo Po-der Público em todas assuas esferas, vê-los fun-cionando (por muito tem-po) é sempre uma tarefaárdua e marcada por açõesvoluntárias.

Numa brincadeira alusivaao G-20 (grupo das 20nações mais ricas domundo), nascia emfevereiro deste anoum grupo (que ultra-passou as 20 pessoasprevistas no início) dis-posto a não deixar mor-rer este jornal, que virou si-nônimo de intercâmbio cultu-ral entre todos aqueles queamam Boa Nova. Para mantê-locirculando bimestralmente demandauma determinada receita, que vem sendocoberta por colaboradores fixos e esporádi-cos, com quantias diversas.

Além das quatro edições previstas (inclusivea comemorativa de 10 anos, em maio), o G-20 pro-porcionou outras conquistas significativas: a amplia-ção da tiragem do GAMBOA (de 500 para mil exem-plares); a criação da sua versão virtual colorida e comduas páginas extras (que chega em dezembro à terceiraedição); a confecção da camisa “Boa Nova – DiversidadeAmbiental”; e o resgate do Jornal Sem Censura, que agoraconta com todas as edições também em formato virtual (PDF).

Indiretamente, os colaboradores também ajudaram a man-ter aceso o ideal que norteia o IAM (Instituto Adroaldo Mo-raes), que é o responsável legal pelo GAMBOA. O IAMvem se empenhando em respaldar projetos que levem maiseducação e cultura a Boa Nova. Exemplo disso foi o Editalde Biblioteca Comunitária da Secretaria de Cultura do Esta-do da Bahia, para o qual foi selecionado com o projeto de

“Um mais um ésempre mais que dois”

apoio à estruturação da Sala de Leitura Paulo Andrade. Em-bora não tenha ficado entre os 23 contemplados, foi um doshabilitados por sua amplitude e consistência. O IAM tambémapoiou o documentário “Voo do Caçador”, que está sendoexecutado pela boanovense Cibele de Sá para o projeto Re-velando os Brasis (ver matéria à página 5).

O GAMBOA agradece a todos os que colaboraram esteano com textos, fotos, pautas, ideias e apoio publicitário. Emespecial, agradece aos seguintes mantenedores, sem os quaisnão conseguiríamos realizar os feitos de 2010: Adriano Perei-ra de Oliveira (Tapiraí-SP), Ana Karina Moraes Silva (Vi-

tória da Conquista-BA), Anália Rosa da Silva (Salvador-BA), Andre Luís de Sá Brito – Deco (Boa Nova-BA),

Ângela Cibele de SáBrito (Boa Nova-BA),Azneth Moraes –Neth (Salvador-BA),Carlos Alberto Mo-raes – Kao (Itapetin-ga-BA), Edson Ribei-ro Luiz (Boa Nova-BA), Elson Lago (Ita-petinga-BA), Fernan-do Silva Lima (Salva-dor-BA), GilbertoAndrade (Jequié-BA), Maria dasGraças Moraes –Gracinha (Salvador-BA), Itamar Mora-es (Salvador-BA),Jobson Silva Meira(Boa Nova-BA),José Renan Farias(Salvador-BA), JoséRoberto Moraes (Vi-

çosa-MG), JurandiRodrigues (Guarulhos-

SP), Luiz Henrique Mo-raes (Boa Nova-BA),

Marcelo Moraes (Salvador-BA), Marcos Moraes Brito

(Salvador-BA), Marília DuarteMoraes (Salvador-BA), Moacyr Pres-

tes Jr. (Vitória da Conquista-BA), Nelson Lago Duarte Sobri-nho (Jequié-BA), Nesmar Andrade da Silva (Ipiaú-BA),Paulo Andrade da Silva (Araraquara-SP), Renato Pedre-cal Jr. (Belo Horizonte-MG), Roberto Cerqueira (Salvador-BA), Sérgio Moraes (Salvador-BA), Sheyla Alencar (BoaNova-BA), Sílvia Duarte Moraes (Boa Nova-BA), SílvioMoraes (Itapetinga-BA), Sílvio Roberto Moraes (Vitóriada Conquista-BA), Suzete Moraes de Santana (Fortaleza-CE) e Vanzye Fargom (Salvador-BA).

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2 Gamboa Novembro/Dezembro/10

Colaboraram nesta edição:Catiane Sampaio, Cibele de Sá, Creuza Sampaio, Dolores Sampaio, Edson Ribeiro,Eliene Sampaio, Géssica Lopes, Ilka Ferreira, Jamile Moraes, Luiz Moraes,Marialice Sampaio, Paulo Neuman, Sheyla Alencar, Vera Passos e Vera Sampaio

Expediente Jornal GAMBOA

Impressão: Tribuna Editora GráficaViçosa-MG

Editor/Jornalista Responsável:Roberto D´arte

Editoração e edição de imagem:Anderson Miranda

Endereço:Rua Vaz de Melo 40 - CentroViçosa-MG - CEP 36570-000E-mail: [email protected]

O GAMBOA está vinculado ao IAM(Instituto Adroaldo Moraes)E-mail: [email protected]

Os artigos assinados do Gamboa são de inteira responsabilidade de seus autores

Foi num clima de muita ale-gria e emoção que aconteceu dia4 de dezembro a minha despedi-da do Educandário São Lucascom a festa de encerramento doano letivo de 2010, com o tema“A Magia de Ser Criança”. De-pois que apresentei as Criançase a Equipe 2010, tiveram início asapresentações. Durante todaselas foi difícil segurar as lágrimas,mas quando chegou a hora dosagradecimentos, ou seja, momen-to emoção, não consegui contê-las, pois foi com elas que...

Agradeci e agradeço a Deuspor todos os desafios, obstácu-los, conquistas e momentos ines-quecíveis durante os quatro anosno Educandário São Lucas; a LuizHenrique, meu maravilhoso mari-do, que sempre me acompanhou,apoiou e participou de tudo; asfamílias – a minha, que mesmo delonge foi muito importante nestajornada e, em especial, meu irmãoBezerra, que sempre esteve dis-ponível e presente com ideias ealegrias; e a daqui – Dona Sílvia,tia Nina, Dalka, Simone, Marília eBeto (estes dois últimos, mesmode longe, muito contribuíram paraeste resultado). Além de um agra-decimento especial aos anjos aler-tas e sempre prontos para nos aju-dar: Adriano, Clécia, Marcinho,Edson e Carminha.

Também agradeci e certifiqueicom o Diploma de Carinho todosos que trabalharam comigo e con-tribuíram muito com o Educandá-rio. São eles: Letícia, Paula, So-raia, Marlene, Catiane, Sabrina,Juliana, Luciana Moraes, Lucia-na Ramos, Bianca, Vanessa, Fa-biana, Anielly, Kelly, Edna e Si-nho. Depois de tanta emoção,teve um agradecimento mais doque especial a Carine e Toinhopela confiança, pela credibilida-de e por acreditar que realmenteseríamos capazes de tocar de for-ma responsável a escola deles.

Nossas vidas, principalmen-te a minha, dividem-se em antese depois do Educandário SãoLucas. Pois foi nele que realizei,de certa forma, o meu sonho mais

Li e refleti sobre a matéria de Luiz Henrique Moraes e PauloRoberto Carneiro, publicada à página 2 da edição 45 do GAM-BOA. Concordo em pontos; afinal, meu direito começa quandotermina o seu. Mas onde começa o seu?

O principal direito é o de respeitar o limite de cada um. Que tipo defesta queremos? Boa Nova é uma cidade acolhedora e muito pacata;a festa que desejamos se reflete em uma cidade movimentada, compessoas diferentes, muita música e alegria. O silêncio não combinacom a famosa “festa de setembro”, como é chamada por muitos.

É impossível realizar uma festa com o porte da realizada emBoa Nova sem uma boa atração e, claro, esperando também umaboa quantidade de pessoas. Isso também colabora, e muito, como reconhecimento de uma das melhores festas da região. Impor-tante salientar que esse período é muito esperado pelos jovens dacidade e também dos municípios vizinhos, pessoas normais, quecurtem esse tipo de “diversão” (som de carro).

Porém acredito que tudo precisa de limites. Concordo que poten-tes sons de carros SEM HORÁRIOS E LOCAIS adequados é umatremenda falta de respeito, mas o “acabar”, “finalizar” parece arbitrá-rio e nada democrático. Respeitar os moradores é fundamental. Creioem soluções para isso, sem anular o modo de diversão de cada um.Podemos chegar a um acordo que não fira tanto a paz e nem impeçatotalmente as pessoas que curtem esse tipo de movimento.

É um momento esperado por todos, uma vez no ano, um mo-mento de alegria, de dançar, de participar, mesmo que cada umtenha um modo de pensar diferente do outro. Cada um em seuespaço. A festa é para TODOS os gostos e não é uma festa parti-cular. Sei também que esse tipo de movimento está sendo limitadoem vários municípios, muitos adotam regras que agradam as duaspartes. Acho que em Boa Nova não deveria ser diferente. Deixobem claro que também não curto muito esse movimento de sonsde carro, mas a festa não é feita só para os que não gostam.Justamente por isso creio que medidas possam ser tomadas seminterferir no gosto de cada um.

Uma boa solução seria um local mais afastado do centro e comhorários determinados. Ou, claro, procurarmos uma maneira que possaagradar as duas partes. Volto a dizer que o proibir não é nada democrá-tico e é desnecessário, quando podemos tentar outras saídas.

(Jamile Moraes é diretora do CDC – Centro Digital deCidadania em Boa Nova)

Despedida do Educandário São Lucas

Luiz e Sheyla que estiveram à frente do educandário, durante a festa de despedida. Nela, alunose professores realizaram atividades educativo-culturais, com participação de seus familiares

querido, de ser Mãe, mesmo quemãe dos filhos dos outros, mãedo coração, mãe da educação...Uma mãe amiga, companheira,brincalhona, ouvinte, às vezesbriguenta e reclamona, impondolimites e exigindo sempre o me-lhor das crianças. Também foicom o Educandário que conhecipessoas maravilhosas com asquais convivi, trabalhando eaprendendo sempre, além de co-nhecer muita gente maravilhosa.

Foi assim que oficialmenteentreguei o Educandário São Lu-cas, não para ele fechar, ter umfim, mas para que outras pesso-as possam dar continuidade aeste sonho. Afinal de contas, elepode dar certo desde que se sin-tonizem os tempos, os interessese as responsabilidades de pais eescola, porque todos devemosquerer o melhor projeto de futu-ro para nossas crianças.

Por fim, esta é a verdadeiraMagia de Ser Criança, um dos pi-lares do Educandário São Lucasdurante estes quatro anos. A ma-gia de ser criança, para mim, é po-der vivenciar brincadeiras, músi-cas, emoções e conhecimentos,compatíveis com sua idade. Aomesmo tempo, com disciplina, li-mites, boas maneiras, respeito aospais, colegas, educadores, aosmais velhos e respeito a nossapátria. Assim, esperamos ter con-

tribuído para formação do carátere da personalidade de cada um

que nos marcou para sempre.Sheyla Alencar - diretora

“Nosso direito termina quandocomeça o dos outros”

Jamile Moraes

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Novembro/Dezembro/10 Gamboa 3

De acordocom os resulta-dos oficiais doCenso 2010 doIBGE (InstitutoBrasileiro de Ge-ografia e Estatís-tica), a populaçãode Boa Nova éde 15.389 habi-tantes. Este nú-mero é cerca de25% a menos doque em 2000,quando o municí-pio contava comuma populaçãooficial de 20.544pessoas.

Uma questãointrigante é sa-ber onde foramparar 5.155 “bo-anovenses” epor que eles fo-ram embora nointervalo de dezanos que sepa-ram o Censo de 2000 do atual. Ela mereceria um estudoacadêmico de um graduando de Geografia ou Sociologia,por exemplo.

Alguns municípios circunvizinhos a Boa Nova tambémperderam habitantes em dez anos. Dário Meira caiu de15.222 para 12.820; Manoel Vitorino, de 16.704 para 14.369;Mirante, de 13.666 para 10.505; Itagibá, de 17.191 para15.180; e Poções – o que teve a menor perda, passou de44.213 habitantes em 2000 para 44.010 em 2010.

Já os dois municípios que são referências para o Sudo-este baiano viram a sua população crescer, o que pode, emtese, explicar o “sumiço” dos habitantes de Boa Nova edemais municípios mencionados. Jequié passou de 147.202para 151.820 habitantes; e Vitória da Conquista, que passoude 262.494 para 295.277 habitantes.

Entre os dias 20 e 23 denovembro a pesquisadora eprofessora titular da UESB(Universidade Estadual do Su-doeste da Bahia), Dra. MariaLúcia Del Grande esteve emBoa Nova realizando estudossobre anfíbios (rãs, sapos epererecas). A pesquisadoraestava acompanhada de doisalunos do mestrado em Zoolo-gia da UESC (UniversidadeEstadual Santa Cruz), que de-senvolverão suas dissertaçõessobre anfíbios da Mata-de-Cipó e Caatinga do município.

Já no primeiro dia de tra-balho de campo, os resulta-dos impressionaram os pes-quisadores, seja pela abun-dância, seja pela localizaçãoonde algumas espécies foramencontradas. “Em Boa Novaencontramos espécies deMata Atlântica em áreas de

Onde foram parar5.155 “boanovenses”?

Pesquisadoresvisitam Boa Nova

para estudar anfíbiosCaatinga. Parece que aqui sefoge ao padrão da maioriadas regiões do Brasil”, dissea pesquisadora.

É bom lembrar que os anfí-bios são excelentes indicado-res de qualidade ambiental.Onde eles são encontrados éum bom indicativo de que oscorpos d´água estão limpos epreservados. Além disso, essesanimais são fundamentais nocontrole populacional de inse-tos. Na mata úmida da regiãodas Farofas foi encontrado umdos menores tipos de sapos doBrasil (gênero Proceratophris),com pouco mais de 1cm.

(reportagem e redação de Ed-son Ribeiro Luiz – graduado e pós-graduado em Biologia e é membroda ONG SAVE Brasil, sediada emSão Paulo-SP e com projetos emexecução em Boa Nova)

Maria Lúcia, acompanhada do boanovense Josafá Sampaio (que atuoucomo guia para os pesquisadores) e seus alunos do mestrado

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4 Gamboa Novembro/Dezembro/10

Caro leitor, com esta coluna,gostaria de convidá-lo, a cadaedição do GAMBOA, a conhe-cer (pelo menos) uma família deave que ocorre em Boa Nova.Além de conhecê-las, faremosuma viagem na origem das pala-vras que as nomeiam e, por fim,estudaremos juntos um poucode taxonomia. Opa, Taxo o quê?Taxonomia é o ramo da Biologiaem que os cientistas dão nomesaos diferentes seres vivos, oschamados Nomes Cien-tíficos. Esses nomes sãoimportantes para quehaja uma padronizaçãomundial entre os pesqui-sadores na identificaçãocorreta das espécies.

Os nomes popula-res que damos às plan-tas e aos animais vari-am regionalmente. Opássaro conhecidocomo Coleirinha em BoaNova é conhecido emoutras partes do Brasilcomo Golinho, e em outras,como Brejal. Enfim, essa varia-ção popular na maneira de no-mear os seres vivos acaba ge-rando discordância ao se iden-tificar uma espécie. É por issoque existe a Taxonomia.

Outra curiosidade dessa ci-ência é que, na maioria das vezes,os nomes científicos são palavrasderivadas do latim, grego ou mes-mo das línguas indígenas, e es-tas, quando decifradas, remetema alguma característica da espé-cie. Exemplo: O Sabiá-laranjeira ouSabiá-bosteira tem o nome cien-

“Lavar roupa todo dia – que alegria” – Dona Maria, Dona Flor,Dona Luzia, Dona Argemira, Dona Augusta, Dona Lúcia, DonaSebastiana, Dona Carolina, Dona Joana, Dona Germina, Dona Ana...

É manhã de primavera e a correnteza do rio compõe nova edefinitiva canção. O sabão ainda não é em pó e é a pedra de anil quedeixa alvíssimo o lençol. Do alto o Altíssimo tece uma nova manhãpara as lavadeiras boanovenses!

Entre um “causo” e outro o tempo passa tão apressadamenteque a gente nem sente! “Causos” de homens que, no Alto do Cru-zeirão, viram “lobisomem” em noites de lua cheia e da Mãe D’águaque, com seu canto mavioso, seduz e leva para “outras águas”homens na flor da idade.

- Comadre Maria, você trouxe uma cachacinha temperada?- Oh, “tá” aqui, mulher!- Comadre Joana, quem você acha que ganha as eleições este

ano: Seu Menezes ou Seu Érico?- Sei não, comadre, a Caatinga “tá” em peso com Seu Érico,

Aves, Taxonomia e Folclore Popularpor Edson Ribeiro Luiz

tífico de Turdus rufiventris. Turdusvem do latim, que significa sabiá,rufi significa vermelho ou laranja eventris é igual a ventre, barriga. Sevocê reparar, este sabiá possui abarriga alaranjada.

Então, vamos conhecer a pri-meira família de aves que ocorre emBoa Nova? Pois bem, nesta ediçãodo GAMBOA conheceremos a Fa-

mília dos Jacus*. Estes animais sãoaves que se assemelham às nossasgalinhas domésticas, mas são sil-vestres e de ambientes florestais.Vivem a maior parte do tempo nosolo, mas possuem razoável capa-cidade de voos curtos. No Brasilesta família é representada por 22espécies diferentes! Em Boa Novaatualmente ocorrem duas varieda-des. O Aracuã é um nome popularde origem indígena tupi e que a po-pulação utiliza para identificar a es-pécie cientificamente conhecidacomo Ortalis guttata. Ortalis é umapalavra grega que significa frango

e guttata vem do latim guttatus, quesignifica pintado. O Aracuã possuio peito realmente com pintas escu-ras em sua plumagem acastanhada.Ele é comum tanto na Mata-de-Cipóquanto nas Matas do Valentim, gos-ta muito da frutificação do cinzal.Sempre canta de madrugada e finalda tarde em bandos de 4 a 10 indiví-duos, um canto repetitivo e alto que

os moradores da zona rural arreme-dam como se ave falasse “mola-faca, mola-faca, mola-faca”. Aquitambém ocorre a Jacupemba, co-nhecida na região como Jacu. Elapossui o nome cientifico de Pene-lope superciliaris. Superciliaris por-que possui uma faixa branca sobreo olho. Esta é uma ave menos co-mum, vive apenas nas matas maisfechadas do Rio do Chumbo, Fa-rofas e Timorante.

Outra curiosidade boanoven-se é a existência de uma localida-de rural conhecida como Jacutin-ga, nome este derivado de yacú-

tinga, que era a forma como osíndios guaranis chamavam umaespécie grande de Jacu quecertamente já deve ter ocorri-do em Boa Nova. Infelizmente,não existem registros recentesda Jacutinga em todo o estadoda Bahia. É uma ave especi-alizada em comer os coquinhosdo palmito-juçara; o desmata-mento, a retirada de palmitopara uso humano e a caça le-varam esta ave à extinção em

boa parte da área ondea mesma ocorria outro-ra. Muitos esforçospara a preservação des-ta espécie têm sido fei-tos na Serra do Mar doestado de São Paulo,uma das poucas áreasno Brasil onde se é pos-sível encontrarem Jacu-tingas.

* O nome jacu emBoa Nova tem outrosignificado histórico.Representa o cidadão

ou a cidadã que teve seu candi-dato derrotado nas urnas elei-torais. Tenho notado que essaespécie tem elevados picos po-pulacionais de quatro em qua-tro anos. Por conta disso (pranossa sorte) dificilmente seráconsiderada uma espécie ame-açada de extinção.

(Edson Ribeiro Luiz é gra-duado e pós-graduado em Bio-logia e é membro da ONGSAVE Brasil, sediada em SãoPaulo-SP e com projetos emexecução em Boa Nova)

O Aracuã e a Jacupemba sãoaves da família dos Jacus, encontradas em Boa Nova

Boa Nova: Rio de ChicoMendonça, outros tempos!

Paulo Neuman

mas dizem que a Mata inteira vota em Seu Menezes e dizem tam-bém que desta vez a “Sede” está em cima do muro!

- Comadre, eu acho que desta vez o “pau de resposta” vemmesmo é das urnas do “Areião” - dizem que lá só dá Seu Menezes!

- Que nada, comadre Maria, o “pau de resposta” vem é doValentim; e lá só dá Seu Érico!

- Sendo assim, só nos resta esperar! Traz mais um gole dessacachaça temperada, comadre Mariquinha!

- Também tem farofa de carne assada que comadre Geralda trouxe!- Eu só “tô” aqui de “bituca”, ouvindo “ocês falar” sobre as

eleições! Todo mundo só fala em Seu Menezes e Seu Érico, masse esquece que compadre Zé Balbino vem “correndo por fora”; aPiabanha “tá” em peso com ele, gente!

- Larga de bestagem! Logo não “tá” vendo, comadre Tonha,que a Piabanha, com “quatro gatos pingados” de eleitores, nãoelege nem um vereador, quanto mais o prefeito! Desta vez Zé Bal-bino, que é uma boa pessoa, eu sei, é carta fora do baralho! Umhomem “servidor”, mas desta vez ele dançou! Pra mim, vai darSeu Menezes! Domingo é a eleição e terça-feira a gente já devesaber quem é Jacu Baleado.

(Paulo Neuman é um poeta boanovense que reside em São Paulo-SP. Ele coordena o site interativo “Boa Nova Uma Utopia” - http://boanovaumautopia.ning.com, a comunidade do Orkut “Boa NovaUma Utopia” e o blog “Eu em Fragmentos de Ontem” – http://pauloneumam.blogspot.com)

Foto: Marcos Canuto Foto: Wagner Oliveira

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O documentário “O voo do caçador” conta comuma produtora de peso como aliado. A Santo For-te Imagem & Conteúdo, sediada em Salvador, édedicada a criação, formatação e produção de con-teúdos audiovisuais. Suas áreas de atuação são omercado publicitário e empresarial (vídeos institu-cionais, filmes publicitários, registros videográfi-cos de ações promocionais e eventos), o mercadotelevisivo (produção de programas e documentá-rios para TV, transmissões ao vivo etc.) e setorcultural e artístico (produção de vídeos de ficção edocumentários, curtas metragens, produção e au-toração de DVDs, produção de clipes musicais,transmissões ao vivo de shows etc.).

Entre seus clientes estão a Rede Bahia, a Petro-bras, o Sebrae, FIEB, Vale, TVE, TV Aratu, Janela doMundo, TAG, Carlinhos Brown, NEXTEL, TCA eEP Produções Culturais. Desde 2007 vem partici-pando de vários eventos nacionais e internacio-nais da área e conquistando prêmios, como o deMelhor Vídeo Experimental no Gramado Cine Vídeo2007, o Prêmio Porta Curtas no XI Festival Nacionalde Vídeo – Imagem em 5 Minutos e o Prêmio Braskemde Cinema (20min/35mm) e Prêmio Unicef do Festi-val de Bilbao Zinebi, na Espanha, com a produçãodo curta-metragem “10 Centavos”.

Especificamente para o Revelando os BrasisAno II (2008), a Santo Forte produziu os filmes“Dona Joana: Seus Ternos e Danças”, de DjenaneFerreira, e “Caminho de Feira”, de Abimael Bor-ges. A produtora pode ser melhor conhecida emseu site www.santoforte.com.

Filme conta comprodutora premiada

Novembro/Dezembro/10 Gamboa 5

Está lá como desta-que no site do Revelan-do os Brasis Ano IV(www.revelandoosbrasis.com.br)a informação de que odocumentário da boano-vense Ângela Cibele de SáBrito já fechou a etapa defilmagem. A sua história,intitulada “Outro Olhar: deCaçador a Observador deAves”, foi uma das 40 se-lecionadas em todo o Brasilpara participar da quartaedição deste projeto reali-zado pelo Instituto MarlinAzul em parceria com aSecretaria do Audiovisu-al do Ministério da Cultu-ra, com patrocínio da Pe-trobras. A personagemprincipal é o também bo-anovense Josafá Sampaiode Almeida.

Na edição passada oGAMBOA destacou quea boanovense esteve noRio de Janeiro na primei-ra quinzena de outubropara participar das Ofici-nas de Formação e Reali-zação Audiovisual, minis-trada na sede da Riofilme

Filme deboanovense entraem fase de edição

A equipe da produtora Santo Forte e boanovenses que participam do documentário

por professores e profis-sionais renomados do ci-nema e da comunicação.Nelas Cibele e os outros39 selecionados cursa-ram as disciplinas Intro-dução à Linguagem Au-diovisual, Roteiro, Dire-ção, Produção, Fotogra-fia, Som, Edição, Direçãode Arte, Mobilização, Di-reitos Autorais e Comu-nicação Colaborativa.

De volta a Boa Nova,com o roteiro do seu fil-me construído, ela mon-tou uma equipe de cola-boradores e partiu paraa etapa de filmagem, re-alizada em novembropela produtora SantoForte Imagem & Con-teúdo, de Salvador (con-tratada pelo projeto). Jácom seu nome definiti-vo – “O voo do caça-dor”, o documentárioentra agora na etapa deedição, que aconteceráem Salvador em meadosde janeiro de 2011.

Segundo Cibele, até omomento tudo tem sido

Cibele, na função de diretora, ao lado de Luiz Moraes (dir.) e de um integrante da produtora

muito intenso e enriquece-dor. “Com a etapa que fi-nalizamos, a de captaçãode imagens e sons, pudeperceber o quanto BoaNova é bonita e rica embiodiversidade. É por issoque quero mostrar essasimagens, não só para nós,boanovenses, mas tam-bém para todo o Brasil, jáque é essa a proposta doRevelando os Brasis.Como diz o professor ediretor de cinema SérgioSanz, o documentário temuma proposta perene, por-que se propõe a contaruma história real. Por isso,é preciso pensar no quequero dizer com essasimagens”, ressaltou.

Graduada em Teatropela UFBA e com largaexperiência como atriz,Cibele se diz encantadacom todo o processo derealização de um filme. “Euredescobri Boa Nova; écomo um mergulho emmim mesma. O contatocom a câmera instiga umolhar investigativo e reve-lador; poder criar ângulosem busca do plano ‘per-feito’, a luz ideal, contan-do com a sorte do tempo,

é fascinante! A equipe lo-cal arrasou na produção!Ter Luiz Moraes (diretor-executivo do IAM) comoaliado é a segurança de queo trabalho está indo no ca-minho certo. Por sua vez,a equipe da produtora San-to Forte foi essencial nes-te momento, pois são pro-

fissionais de alta qualida-de e ficaram encantadoscom a nossa Boa Nova.Cada vez mais me encan-to com a seriedade e ocompromisso social e cul-tural do Revelando os Bra-sis. É realmente uma ex-periência fantástica", com-pletou Cibele.

Um dos flagrantes da filmagem de “O voo do caçador”

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Noemia Sampaio San-tos – mulher de muita fé,coragem e determinação.Nascida a 27 de abril de1939, na zona rural do muni-cípio de Boa Nova, filha deTibúrcio Pereira Sampaio eEveraldina Francisca Sam-paio, esta grande mulher jácomeçou a sua vida enfren-tando a perda de sua mãe esendo criada por uma[má]drasta, que, entre ou-tras maldades, a obrigava afazer trabalhos exaustivos ea comer o que não gostava.

Casando-se aos quator-ze anos para não ter queconviver com outra madras-ta, passa prematuramente aassumir a vida de dona-de-casa e mãe de família, en-frentando dificuldadesemocionais e materiais paracriar os doze filhos que tevecom José Jesus Santos,com quem vive até hoje.

Muito corajosa e de-terminada, essa supermãesempre enfrentou muitosdesafios pelo bem-estar efelicidade de seus filhos.Foi com o coração partidoe com muitas lágrimas quepermitiu – e ainda teve queconvencer seu marido apermitir – que a filha maisvelha, Marialice, realizas-se a sua vocação, indopara um convento (algodesconhecido para todos)em Salvador, aos 19 anos.

Foi também com o co-ração em pedaços e commuitas noites sem dormirque permitiu que os filhosPascoal e Florisvaldo (Nô),assim que alcançaram amaioridade, fossem em bus-ca de seus sonhos na gran-

À nossa musa inspiradora

Na primeira foto, Dona Noemia com suas filhas; e na segunda, com as filhas e netas

de cidade de São Paulo.Foi por acreditar no

poder de conquista e trans-formação pela educaçãoque, mesmo tendo de ficarlonge de sua filha ainda cri-ança, encaminhou Elienepara estudar na sede domunicípio e depois em Je-quié, que depois, comoprofessora leiga, alfabetizounão só os irmãos, mas tam-bém muitas crianças e adul-tos da região.

Foi com essa mesmacrença que no ano de 1979convenceu seu marido avender a fazenda e tudo oque tinham para vir morarna cidade, pois só assimas filhas poderiam darcontinuidade aos estu-dos, o que não foi nadafácil, pois apenas Elienetinha emprego fixo e o seumarido tinha que caminharléguas por dia para tirar o

sustento da família, traba-lhando na roça.

Hoje, aos 71 anos, asua única e grande queixaé não ter tido a oportuni-dade de estudar, pois gos-taria de ler muitos livrosreligiosos, conhecer e par-ticipar mais da sociedade.Segundo ela, a sua madri-nha queria levá-la paramorar com ela na cidade,para estudar, mas seu painão permitiu, alegandoque mulher não precisavadessas coisas e que ela iriaera escrever cartas paranamorados.

Como uma guerreira,Noemia transformou essafrustração em determina-ção e colocou como metaa educação de seus filhos,e para isso grandes foramas dificuldades, comotambém as trouxas de rou-pa que lavou. Hoje, a mes-

ma relata que o seu maiororgulho e sua maior alegriaé ver suas filhas formadas,trabalhando, procurandoestudar mais e ver comoos seus netos valorizamos estudos, pois ela acre-dita que o caminho para aliberdade, para “vencer navida”, é a educação.

Sem dúvida, essa mu-lher é exemplo de fé, cora-gem, força e determinação,não só para seus filhos,mas para todos que a co-nhecem. Participa ativa-mente dos movimentos re-ligiosos e, mesmo com asmuitas dores que os pro-blemas na coluna lhe cau-sam, sempre está dispostaa fazer os seus trabalhos,sejam as visitas aos doen-tes em toda a cidade, sejana arrumação da igreja, sejanas celebrações ou nosmomentos de oração.

Como mãe, continuauma leoa a defender osseus filhos e a ajudar naeducação de seus netos.E, juntamente com nossopai, continua sendo nos-so porto seguro, nossoaconchego, seja nos mo-mentos de festa ou de di-ficuldades.

Hoje, mães de família,depois de termos dadotanto trabalho e preocu-pação, reconhecemosque o nosso grande prê-mio é termos nascido devocês, pessoas íntegras,amorosas e que não me-diram esforços para nosfazer felizes.

Com muito amor e ad-miração, de suas filhas Ma-rialice Sampaio, ElieneSampaio, Maria DoloresSampaio, Creuza Sampaio,Vera Sampaio e CatianeSampaio – autoras do texto

SAVE Brasil (ONG que mantém projetosem Boa Nova) – www.savebrasil.org.br

Portal Boa Nova (site de divulgação domunicípio) – www.portal-boanova.blogspot.com

Nilton Fithas (cantor boanovense) www.niltonfithas.blogspot.com

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Novembro/Dezembro/10 Gamboa 7

O Mercado Cultural em BoaNova suscitou em muitas pesso-as de diferentes idades uma mis-tura de ritmos, cultura e sauda-de. Para o município, além degratificante, foi também de gran-de importância receber a carava-na cultural com suas interessan-tes apresentações teatrais e inusi-tados shows de grupos interna-cionais e nacionais, um som di-ferenciado e cheio de entusiasmo.

Tudo isso se intensifica com a“acolhida comunitária”, um mode-lo de hospedagem implantado parareceber os artistas e produtoresem casas, onde as famílias queacolhem os visitantes têm um con-tato de afeto e descobertas. É oaconchego e a receptividade fami-liar boanovense recebendo pessoas que pas-sam a fazer parte da nossa história.

Para os momentos que antecederam aoMercado Cultural foi formada uma equipegestora, que coordenou os preparativos eestabeleceu o contato direto com a produ-ção da Casa Via Magia (realizadora do pro-

Boa Nova na rota do X Mercado Cultural

SENAC e Município realizam cursos

Luiz Moraes com a turma do curso de Promoção e Vendas, e Maria Honedes com a turma do curso de Pintura em Tecidos

Através de um convênio firmado com a Secretaria Municipalde Assistência Social, o SENAC – Serviço Nacional de Aprendi-zagem Comercial promoveu em Boa Nova cursos voltados paraa comunidade. Sob a coordenação local de Isabel Araujo da Cruz,estes cursos aconteceram no final de novembro e início de de-zembro na sede e no distrito de Valentim.

O Valentim foi contemplado com os seguintes cursos: Tortas,Doces e Salgados (que teve como instrutora Maura Inácio e foi

direcionado para mães do projeto Pró-Jovem), Pintura em Teci-dos (que teve como instrutora Maria Honedes) e Redação paraConcursos (com Antonio Leonardo Resende como instrutor).

Boa Nova foi contemplada com os cursos de Promoção eVendas (tendo como instrutor Luiz Henrique Moraes e voltadopara alunos do curso de Gestão da FACE – Faculdade de Ciênci-as Educacionais) e também Pintura em Tecidos e Redação paraConcursos, com os mesmos instrutores do Valentim.

A décima edição do Mercado Cultural levou bom público para as apresentações musicais e para as peças de teatro

jeto) e o poder público municipal nas atri-buições inerentes a cada um. A sede do IAM(Instituto Adroaldo Moraes) foi o espaçodas reuniões e subdivisões dos grupos detrabalho, responsáveis por gerenciar a ali-mentação, a acolhida, sonorização, palco,espaços físicos, teatro e divulgação.

Com entusiasmo e determina-ção nos empenhamos na realizaçãodeste variado encontro cultural, quenesta edição de 2010, em sua déci-ma realização, trouxe a Boa Nova ogrupo coreano “Geomungo Factó-ry”, o austríaco “Matthias Loibner”,o músico paulista “Sapopemba” eas peças “Estórias de bichos” (doGrupo Via Magia) e “Umbiguidades”(de Iami Rebouças). Nos dias 29 e30/11 o evento aconteceu no distri-to de Valentim, e nos dias 30/11 e1o/12, em Boa Nova.

Almejamos que este evento façaparte do calendário anual de BoaNova e contamos com as pessoasque acreditam e se empenham emprol deste acontecimento. Estan-do a frente este ano Luiz Henri-

que, Edson Luiz, Ilka, Willian, Robson, Zai,George, Lene, Daniel, Celso, Ricardo, Ni-valdo Junior, Ana Nery, Caique, Jovane,Igor, Rafael, Isaac e Zenaide.

(texto de Ilka Mirian Ferreira – professorade Geografia em Boa Nova)

Momento de fusão musical entre os grupos que se apresentaram

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8 Gamboa Novembro/Dezembro/10

Ela disse: “o Natal tá chegando tão cedo. O Natal demoravatanto pra chegar...” E ela tem razão, a velocidade é a norma.Muito antes dela, o Buda já falava na Roda da Vida. Mal chega-mos a compreender os princípios que permitiriam aquietar asnossas mentes e logo partimos para acelerar a impermanênciada vida. Ainda não fincamos os pés no Ano Novo e já nos anun-ciam as novidades do próximo Reveillon Enchanté. Dizem serum fenômeno físico: aumento da frequência do campo magnéti-co do planeta. Acho que é mais que isso. Estamos nos impondoa rapidez dos modernos processadores eletrônicos, da circula-ção das informações e da imposição de novos consumos.

As tecnologias foram surgindo com uma promessa depermitir maior lazer aos homens, lhes dirigir para tarefasmais intelectuais, deixando para as máquinas os trabalhosrotineiros, perigosos e as simulações de experiências caras.No entanto, continuamos convivendo com analfabetos, indi-víduos que sobrevivem catando e carregando papelões comose fossem burros de carga e os que têm contato com a tec-nologia estão on-line nas férias e até no banheiro dentro daparanóia da pressa, do tempo que voa a uma velocidadecada vez mais rápida. E não há como culpar a máquina pelodestino que lhe foi dado neste mundo planejado, gerido evendido pelo homem e para o homem.

Torna-se difícil se lembrar do último caso de violência debala perdida matando inocente, de denúncia de corrupção dopresidente do Senado que não foi sequer apurado, julgado(imagine punido), de mulher que foi foco de algum escândaloe virou capa da Playboy, de doença de “origem” animal quesurgiu misteriosamente: foi a suína, aviária ou bovina?

E meu coração, que ainda tem em sua memória a músicade Chico Buarque: “Tô me guardando pra quando o carnavalchegar”, constata, em estado de choque, que estamos todoselétricos. E não é só na Bahia que vivemos eletrizados como opróprio carnaval. O carnaval já não chega, ele permeia o anotodo, invade as festas juninas, o dia das crianças, a virada doano, a parada gay, as passeatas dos sindicatos etc. Não sópara procurar novos mercados e diluir o exorbitante preço dosabadás, vendidos em doze suaves prestações mensais, mastambém para mascarar a vida em uma eterna festa hedonista.

E assim, os lares passam a imitar as lojas, que antecipamas comemorações do Natal se ornamentando com árvores,

Hoje aprendi que a vida não se limita. Quenada acontece por acaso e que os obstáculosa serem vencidos poderiam ser piores. O mun-do é uma bola de erros, o ser humano é movi-do pela emoção e nós não pensamos no que ofuturo nos reserva.

Te amo, mãe!27 de novembro de 2010

Vivendo eaprendendo!

Géssica Lopes (Gêba)

Eu tô só vendo... a barra do diasurgir... e voar (não posso parar!)

Vera Passos

Quem me vê sempre parado, distante,garante que eu não sei sambar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegarEu tô só vendo, sabendo, sentindo,

escutando e não posso falarTô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça da moça quepassa e não posso pegar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegarHá quanto tempo desejo seu beijo

molhado de maracujáTô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,pensando que eu vou aturar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegarE quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegarEu vejo a barra do dia surgindo,

pedindo pra gente cantarTô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar

guirlandas e bolas na noite do dia 12 de outubro. Na verda-de, tenta-se um hiato em que é feita certa pressão para im-portar o Halloween norte-americano, com vitrines cheiasde bruxas, caveira e abóboras plásticas em tons negros, ala-ranjados e roxos. Mas não há outra grande data de consu-mo até o fim do ano. Afinal, não fica bem vender correntese mordaças no NOVEMBRO NEGRO, não é mesmo? Comoconsciência não se compra em prateleira de supermercadoe esperança é um produto muito mais maleável à propagan-da, a solução é pularmos para a grande data que nos caiudos céus como uma estrela e o ano sempre novo que virá.

(Vera Passos é professora de Inglês e Matemática do IFBA –Instituto Federal da Bahia, é membro da Escola Lucinda de PoesiaViva, produz as peças artesanais do www.umaum.com.br e escreve

no www.verapassos.blogspot.com)

Quando oCarnaval Chegar

Chico Buarque

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Novembro/Dezembro/10 Gamboa 9

No dia 18/12/2010, apósdenúncia da comunidade, aAgência Sócio-AmbientalCYAVERD e Casa 3º Setor,organizações que atuam emdefesa do meio ambienteem Boa Nova e região, aci-onaram as Polícias Civil eMilitar, que, numa açãoconjunta, chegaram ao lo-cal, de propriedade de Agui-naldo Lima, localizada nodistrito de Valentim. Lá,constataram a seguinte si-tuação: um caminhão azul,de propriedade de GilmarLima, encontrava-se esta-cionado com uma carga demadeira nativa da mataatlântica coberta com lona;uma mini-serraria com ma-quinário para beneficia-mento e corte de madeira e58 mourões empilhados emespaço aberto (madeiratipo vinhático, nativa demata atlântica).

Após constatadas asirregularidades e os indíci-os de crime ambiental, fo-ram adotados as seguintesprovidências: apreensão domaquinário utilizado no pro-cessamento da madeira;apreensão do caminhão ecarga e encaminhamento àDelegacia de Boa Nova; enotificação de AguinaldoLima, através de seus fami-liares, já que o mesmo nãofoi encontrado, a compare-cer à Delegacia até segun-da-feira (21/12/2010) com amadeira empilhada no pátio.

Após esses flagrantesfoi feito um Boletim deOcorrência na Delegacia ea madeira do caminhão foidescarregada no pátio daPrefeitura para guarda atéque o processo fosse anali-sado pelo Ministério Públi-co e se decidisse sobre o

Crime ambientalApreensão de madeira nativa do Parque Nacional

de Boa Nova traz desdobramentos inusitados

A minisserraria onde foi apreendida a madeira

O maquinário apreendido e a madeira na garagem da Prefeitura, sendo contada e identificada

58 mourões empilhados em espaço aberto

O caminhão com a carga de madeira

seu destino final. Segundoo relatório da CYAVERD, osdenunciados informaramque a madeira apreendidaera de propriedade de umsenhor conhecido comoEdvaldo Comarca e que te-

ria sido retirada das propri-edades dos senhores Veãoe Carlos Rocha (ambas asfazendas localizadas na re-gião da Piabanha, na áreado Parque Nacional deBoa Nova criado em julho

deste ano por Decreto Fe-deral), e que teriam comodestino final o depósito docomerciante Willian San-de, em Boa Nova.

Essa seria mais umaação bem sucedida e maisuma vitória do movimentode defesa do meio ambien-te em Boa Nova e por ummodelo sustentável de de-senvolvimento para o mu-nicípio se não fosse o queocorreu posteriormente.Num ato até então desco-nhecido, o Executivo Mu-nicipal liberou a madeira,permitindo que esta fosseconduzida ao depósito docomerciante Wiliam Sande.

O fato gerou uma inter-venção do IMA (Institutodo Meio Ambiente), órgãoligado ao Governo do Es-tado da Bahia, que fez asnotificações devidas e de-terminou que a madeirafosse entregue a um novofiel depositário até que oMinistério Público avalie ocaso e dê um destino justopara o material apreendidoe proceda os encaminha-mentos legais cabíveis, fa-zendo jus à Lei 9.605/98 re-lativa a crimes ambientais.

Diante do relatado fica

uma questão até então semresposta: por que a Prefei-tura liberou a madeira apre-endida antes do desfecholegal? O posicionamentodos ambientalistas locais éde que, num momento emque Boa Nova se consoli-da nacionalmente como ummunicípio focado em açõessócio-ambientais de largoalcance e começa a dar osprimeiros passos rumo aoecoturismo, o ExecutivoMunicipal deu um péssimoexemplo, principalmentepor ser um governo eleitopelo Partido Verde.

Certa de que estas ques-tões serão esclarecidas omais breve possível para quenão paire qualquer dúvidasobre a lisura dos atos aquirelatados, a equipe editorialdo GAMBOA deixa o espa-ço aberto para que todos oscitados na matéria possamse manifestar, exercendo,assim, o direito de respostaassegurado pela Constitui-ção Federal.

Vale salientar que a de-fesa do meio-ambiente é umpapel de todo cidadão, quenão pode se omitir e se ca-lar. A propósito, o Conse-lho Municipal de MeioAmbiente e Recursos Hídri-cos de Boa Nova já se en-contra implantado e deve servisto como a instância ade-quada para os encaminha-mentos dessas e outrasquestões ambientais. Por-tanto, exerça a sua cidada-nia, participe, sugira pautas,cobre dos conselheirosuma postura independente,denuncie crimes ambien-tais, pois só assim evitare-mos que essas questõesvoltem a ocorrer em nossomunicípio.

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Como foi anunciado na edi-ção passada do GAMBOA, oSem Censura (jornal alterna-tivo que circulou em Boa Novade agosto de 1987 a julho de1990) se encontra digitalizadoe disponível para velhos e no-vos leitores. Iniciativa do IAM(Instituto Adroaldo Moraes),esta digitalização tem comoobjetivo resgatar a memória deum capítulo recente da histó-ria de Boa Nova, visto princi-palmente sob a ótica dos jo-vens secundaristas e univer-sitários da época.

Mantendo as característi-cas originais do Sem Censura(inclusive todos os defeitosde diagramação e impressãoem gráfica), a digitalização das16 edições foi feita de duasformas: em PageMaker (pró-pria para impressão, mas comtamanho inviável para envioatravés de e-mail) e em PDF.Por ser mais leve (embora commenos qualidade em relaçãoao PageMaker), este últimoformato é o que se encontradisponível para os internau-tas. As edições podem ser so-licitadas através dos [email protected]

(Roberto D’arte)e [email protected]

(Luiz Moraes).

Contemplada com o Progra-ma Nacional Ciranda da Cultura,Boa Nova recebeu no dia 30 denovembro a Ciranda do Cinema,realizada no distrito de Penachi-nho. O programa é uma iniciativada Confederação Nacional daAgricultura e Pecuária do Brasil(CNA) e do Serviço Nacional deAprendizagem Rural (SENAR).

O evento, que contou com apresença de crianças, jovens, adul-tos, produtores rurais, representan-tes de associações, dirigentes es-

O blog acima traz uma sé-rie de trabalhos produzidos nosegundo semestre deste anopelos alunos do Emc@mpo -projeto de Ensino Médio noCampo, desenvolvido desde2009 pela Secretaria de Esta-do da Educação da Bahia, ten-do como base a intermedia-ção tecnológica de aulas, viasatélite, com mediador em salade aula. Em Boa Nova o proje-to acontece numa parceria en-volvendo o Colégio EstadualDr. Edivaldo Machado Boa-ventura e a Secretaria Munici-pal de Educação. As ativida-des expostas neste blog foramorganizados pela mediadoraÂngela Brito na Escola Muni-cipal Luiz Viana, no distrito deValentim. Acesse o endereço: www.angelaemcampo.blogspot.comO

Sem Censura: digitalizado e disponível

Penachinho foi palco daCiranda do Cinema

Um grande público prestigiou a Ciranda do Cinema no Penachinho

colares, professores e comercian-tes, visa proporcionar mais integra-ção social, educacional e cultural.O grande público presente assis-tiu ao filme “Dois filhos de Fran-cisco”, que conta a história de umtrabalhador rural que, com perse-verança e amor, venceu os maisdiversos obstáculos em busca dafelicidade dos filhos – a dupla ser-taneja Zezé de Camargo e Luciano.Como em qualquer sessão de ci-nema, os presentes ganharam pi-poca e refrigerante.

O Programa Nacional Cirandada Cultura foi realizado em BoaNova em parceria com a PrefeituraMunicipal, através da Secretaria deAgricultura e Expansão Econômi-ca, e com o Sindicato Patronal dePoções. Ele teve apoio das Secre-tarias Municipais, Escola Munici-pal Sebastião Rodrigues dos San-tos e Vital Soares, Associações lo-cais, Conselho Municipal de De-senvolvimento Rural Sustentável(CMDRS), Conselho Municipal doFUMAC – PCPR e Igreja Católica.