Art i Go Psicologia a No Ma Listic A

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    Ressurge a Psicologia Anomalística

     A Psicologia Anomalística (PA) estuda as Experiências

     Anômalas (EAs), descritas pela Associação Americana

    de Psicologia (APA) e classicadas em duas categorias:

    incomuns e irregulares, como a sinestesia (modali-

    dades sensoriais cruzadas), e as relatadas por muitas

    pessoas, como as relacionadas à psi (como a telepatia

    e a precognição).

    Mas “anômalo” não é, necessariamente, disfunçãoou patologia. EAs podem ocorrer sem psicopatologia e

    até indicarem saúde psicológica acima da média1. E es-

    tas experiências anômalas são muito comuns. Cerca de

    50% das populações no mundo já relataram algum tipo

    de EA; no Brasil, este número sobe para mais de 80%2.

    Destacam-se experiências fora-do-corpo, de quase

    morte, alucinatórias, sinestésicas, de sonhos lúcidos,

    relacionadas à psi (de percepção extrassensorial e ex-

    tramotoras), de abdução por alienígenas, de curas anô-

    malas, místicas ou espirituais. No entanto, são evasivas

    e desaam a compreensão da realidade humana, repre-

    sentando lacunas no conhecimento cientíco.

     Assim, o campo da Psicologia Anomalística estuda

    estas e outras EAs, sem considerar, a priori, fenômenos

    anômalos causais relacionados a elas. Estuda também3:

    • Vieses cognitivos relacionados às EAs

    • Características de personalidade associados às cren-

    ças nestas experiências

    • Desenvolvimento, manutenção e função destas

    crenças

    • Estados alterados de consciência; estados

    dissociativos

    • Falsas memórias; a Psicologia da decepção e

    autoengano

    • Efeitos placebo; a Psicologia de leituras psíquicas e

    da superstição

    • A Psicologia das coincidências; alucinações

    • Distúrbios relacionados ao sono, incluindo a para-

    lisia do sono

    Fabio Eduardo da Silva (CRP-08/13866)é Psicólogo e atua no Inter Psi – Laboratório dePsicologia Anomalística e Processos Psicossociais daUniversidade de São Paulo e Instituto NeuroPsi, alémde ser colaborador da Comissão Científica do CRP-PR.

    • Experiências religiosas e crenças religiosas

    • A avaliação crítica de determinadas alegações

    paranormais

    Reconhecimento pela comunidade

    científica psicológica A PA é apresentada em vários livros-texto de Psicologia,

    como o Introduction to Psychology4

    , um dos mais utili-zados nas universidades norte-americanas e traduzido

    inclusive para o português. O livro para estudantes pré-

    -universitários do Reino Unido, Psychology the Student’s

    Textbook5, traz um capítulo de 38 páginas sobre a PA

    – a  Assessment and Qualications Alliance  a adicionou

    ao currículo da Psicologia Nível-A (principal curso de

    qualicação pré-universitária do Reino Unido), permi-

    tindo que cerca de 6.000 alunos por ano recebam for-

    mação na área antes de entrar na universidade.

    Outro marco do reconhecimento da PA é o livro

    Varieties of anomalous experience: examining the scientic

    evidence publicado pela APA em 20006 e traduzido para o

    português por Fátima Machado, com revisão técnica de

     Wellington Zangari.

    Um importante aspecto do reconhecimento da PA

    é que ela considera os relatos subjetivos de EAs como

    seus objetos de estudo. Machado2 fez um levantamento

    com 306 participantes, dos quais 82,7% indicaram ter

    vivido ao menos uma experiência anômala relaciona-

    da à psi. Os relatos são cruciais como objetos de estudo

    porque representam a interpretação das pessoas, indi-

    cando que as EAs afetam sobremaneira as suas vidas.

    Em complemento a essa perspectiva fenomenológica,

    a PA também se interessa em vericar se existem fe-

    nômenos anômalos nas experiências percebidas como

    anômalas (abordagem ontológica). Seriam falhas per-

    ceptivas ou de memória, ou ainda atribuições de causa-

    lidade equivocadas, ingênuas, baseadas nos repertórios

    culturais das pessoas que as relatam?

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     A questão da existência ou não dos fenômenos

    anômalos é considerada através da replicação de

    estudos experimentais. Para tanto, usa-se o méto-

    do estatístico da metanálise, comum nas ciências

    sociais, do comportamento e médicas, amplamenteaceito para avaliar a replicabilidade de experimen-

    tos. As metanálises em PA têm sugerido que os fenô-

    menos anômalos relacionados à psi existem, geran-

    do forte controvérsia cientíca. Tais discussões têm

    também sido travadas em alguns dos mais impor-

    tantes periódicos prossionais da Psicologia, como

    o Psychological Bulletin8-9 e o Journal of Personality and

    Social Psychology10, ambos publicados pela APA.

    No Brasil, há publicações em revistas pros-

    sionais, como a Revista de Psiquiatria Clínica e o

    País Universidade Grupo de Pesquisa

    EUA  Universidade de Virginia Divisão de Estudos de Percepção

    Suécia West Georgia College Departamentos de Psicologia

    Universidade do Novo México Departamentos de Psicologia

     Alemanha Universidade de Saybrook Cátedra de Estudos da Consciência

     Austrália Universidade de Göteborg

    Itália Universidade de Lund Centro para Pesquisa da Consciênciae Psicologia Anômala (coordenado porEtzel Cardeña)

    Reino Unido Instituto das Áreas Fronteiriças da Psicologia e daSaúde Mental (IGPP, em Alemão) – Fundado peloPsicólogo e Médico Hans Bender (1907-1991)

    Universidade de Friburgo (mantém relações com o IGPP) Cátedra de Áreas Limítrofes da Psicologia

    Universidade Adelaide Unidade de Pesquisa em PA

    Universidade de Padova Unidade de Pesquisa em PA

    Universidade de York Unidade de Pesquisa em PA

    Universidade de Londres Centro de Estudos de ProcessosPsicológicos Anômalos

    Universidade de Northampton Centro de Estudos de ProcessosPsicológicos Anômalos

    Universidade de Coventry Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Hertfordshire Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Liverpool Hope Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Liverpool John Moores Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Nene Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Middlesex Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Manchester Núcleo de pesquisa em PA

    Universidade de Cambridge Núcleo de pesquisa em PA

    Boletim da Academia Paulista de Psicologia11, en-

    tre outras, e também dissertações e teses – alguns

    exemplos incluem Machado2 e Zangari12.

    Trabalhos científicos na área

    da Psicologia AnomalísticaÉ possível reetir sobre o reconhecimento da PA ob-

    servando os centros de pesquisa em universidades,

    viabilizando projetos de mestrado e doutorado.

    Conforme observa-se na tabela 1, os estudos em

    PA estão presentes em diversas universidades ao

    redor do mundo. A forte concentração destes es-

    tudos no Reino Unido pode ser associada ao traba-

    lho de Robert Morris (1942-2004), que em 19 anos

    orientou 27 doutorados em PA no Departamento de

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    Psicologia da Universidade de Edinburgh, sendo que 18

    desses pesquisadores migraram para outras universi-

    dades, nas quais ensinam e pesquisam PA.

     A Psicologia Anomalística no BrasilNo Brasil, destaca-se a USP, que desde 1972 tem opor-

    tunizado pesquisas de mestrado e doutorado nesta

    área. Recentemente, sob a orientação de Geraldo Paiva

    e Esdras Vasconcellos, novas dissertações e teses fo-

    ram conduzidas. Entre elas a tese de Fátima Machado2,

    que obteve a Menção Honrosa no Prêmio da Academia

    Paulista de Psicologia, uma das mais prestigiosas ins-

    tituições psicológicas do país, podendo indicar a “nor-

    malização” ou reconhecimento da PA no Brasil.

    Em 2008, o Psicólogo Wellington Zangari, pes-quisador com mestrado, doutorado e pós-doutorado

    em PA, ingressou como Professor no Departamento

    de Psicologia Social e do Trabalho, do Instituto de

    Psicologia da USP, marcando a história da PA, visto que

    passa a desenvolver pesquisas e orientar projetos rela-

    cionados às EAs em nível de pós-graduação, além de

    implantar disciplinas ligadas PA. Em 2009, Zangari cria

    o Inter Psi – Laboratório de Psicologia Anomalística e

    Processos Psicossociais na USP. Os trabalhos acadêmi-

    cos desenvolvidos pelos membros do Inter Psi, atual-mente em 15 pesquisadores, somavam 26 até o nal de

    2014, evidenciando surpreendente desenvolvimento.

    Outras instituições universitárias que também têm

    favorecido estudos das EAs incluem:

    a) UNICAMP, com a tese de Konrad Lindmeier14;

     b) UFJF com o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade,

    parte do Programa de Pós-Graduação em Saúde, coor-

    denado por Alexander Moreira de Almeida;

    c) Curso de Psicologia da ULBRA, Torres, com o

    Curso de Extensão em PA, e

    d) UNESC, Criciúma, também com Curso de

    Extensão em PA e ainda com a criação junto ao CNPq

    de um grupo de pesquisa em PA.

    Instituições não universitárias também têm colabo-

    rado com o desenvolvimento dessa área. As Faculdades

    Integradas Espíritas (FIES), em Curitiba, mantém cur-

    sos livres e de pós-graduação, e entre 2002 e 2014 sub-

    sidiou o Centro Integrado de Pesquisa Experimental,

    que fez e publicou estudos em PA, além de promover sete

    edições do Encontro Psi, evento cientíco internacional.

     As FIES oferece ainda um centro de orientação às pessoas

    que relatam EAs. Em Recife, há o Instituto Pernambucano

    de Pesquisas Psicobiofísicas, com cursos básicos e de pós-

    -graduação, pesquisas, orientação às pessoas com a EAs,

    congressos e simpósios.

    Relevância deste tema para a categoriaPodemos identicar a importância das experiências anôma-

    las entre as(os) Psicólogas(os) em diversos aspectos.

    Experiências Anômalas afetam processos

    clínicos ou psicoterapêuticos

    Psicoterapeutas e psicanalistas publicaram estudos/revisões

    com coleções de casos ou formulações teóricas sobre inte-

    rações anômalas no contexto e processo psicoterapêutico,

    estudos estes que parecem favorecer as EAs. Pesquisadores

    também avaliaram possíveis relações entre as EAs e aspec-

    tos psicopatológicos, sugerindo que:

    a) alguns tipos de EAs têm semelhanças com sintomas

    psicóticos, podendo haver diagnósticos equivocados e inter-

    venções inadequados/nocivos em ambos os casos;

     b) parecem existir situações em que tanto os sintomas

    psicóticos como EAs estão presentes;

    c) algumas EAs podem desencadear sintomas psicóticos;

    d) EAs podem também aparecer como consequência de

    problemas psicológicos e psiquiátricos;

    e) parecem existir variáveis que induzem tanto a EAs

    como transtornos mentais.

    Estudos desta área têm sido considerados para a ela-

     boração do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de

    Transtornos Mentais, na sigla em inglês). Etzel Cardeña,

    diretor do Centro de Investigação da Consciência e PA na

    Universidade de Lund, atuou como consultor do DSM-IV edo DSM-V e vários artigos, inclusive no Brasil, enfatizam

    a importância de um diagnóstico diferencial entre EAs e

    transtornos mentais15-16.

    EAs correlacionam-se com variáveis

    psicológicas ou de personalidade

    Crença em EAs, extroversão, estados modicados de cons-

    ciência, suscetibilidade hipnótica, propensão para fan-

    tasia, absorção, dissociação, abertura para experiências,

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    ansiedade, neuroticismo, autoconança, criativida-

    de e espontaneidade são algumas destas variáveis17-18.

    Estudos experimentais correlacionam dados com os

    polos Intuição-Sentimento-Percepção no MBTI, ins-trumento inspirado na teoria Junguana de Tipos, sen-

    do que o próprio Jung viveu várias EAs, estudou-as

    e propôs uma abordagem teórica integrativa para as

    mesmas, a Sincronicidade.

    EAs afetam a tomada de decisão e fazem as pessoas mu-

    darem atitudes, crenças e valores

    Para certas pessoas, esta mudança ocorre de forma

    fundamental2-17. Ainda, muitas pessoas que as vivem

    as consideram conitivas e traumáticas, indutivas deestresse19-20.

    EAs estão usualmente relacionadas a

    situações emocionalmente fortes

     Ao acessarmos a informação reagimos ao seu conte-

    údo e a sua forma (anômala) e a processamos cog-

    nitivamente. As reações podem incluir a negação,

    sensação de coincidência, naturalidade, a percepção

    do fato como um dom ou castigo divino e, em casos

    extremos, a eclosão de um processo desruptivo, quepode incluir “medo, pavor, quebra ou desestrutura da

    personalidade”20.

    Para auxiliar esses casos, abordagens psicoterapêu-

    ticas têm sido desenvolvidas, sugerindo que a Psicologia

    Clínica deve incluir tais demandas. Um exemplo é

    encontrado no Instituto das Áreas Fronteiriças da

    Psicologia e da Saúde Mental, Alemanha21.

    Psicólogas(os) Sociais precisam conhecer as EAs

    Isto porque crenças e práticas de grupos modulam ocomportamento e a interpretação dessas experiências12,

    e elas podem também ser importantes na criação e ma-

    nutenção de certos cultos e crenças17.

    PA fez três contribuições à pesquisa experimental: 

     As principais contribuições que esta área de pesquisa

    fez ao longo da história foram:

    a) Os métodos “cegos” (duplo ou triplo) foram

    criados e aprimorados por pesquisadores de EAs no

    século XVIII;

     b) o uso da aleatorização é fruto da superação deproblemas metodológicos dessa área;

    c) lidando com a replicabilidade experimental, a PA

    contribuiu com os estudos de Metanálise, desenvolvi-

    dos por Rosental22.

     Ao considerar variáveis neuropsicológicas como ca-

    racterísticas ou medidas de EAs, a PA contribui para a

    compreensão do funcionamento do cérebro em geral

    e também em tópicos especícos de estudo, como por

    exemplo, a tomada de decisão13-23.

    Nos seus primórdios, a Psicologia estudava EAs e

    tais estudos foram decisivos para o desenvolvimen-

    to de conceitos de mentes subconscientes e de disso-

    ciação. Em seu nascimento a PA chamava-se Pesquisa

    Psíquica e estava ligada com a Psicologia. Após longo

    período de dissociação, a PA ressurge, resgatando este

    entrelaçamento histórico.

    Grupo Interdisciplinar de Estudos

    em Psicologia Anomalística(GIEPA) no CRP-PR

    O GIEPA integrou 18 participantes de diferentes

    áreas do conhecimento para encontros mensais,

    em que busca explorar a literatura sobre a área,

    com a leitura e síntese do livro Variedades da

    Experiência Anômala. Também promoveu, em

    28 de novembro de 2014, uma palestra abertacom os professores da USP, Wellington Zangari e

    Fátima Machado. Em 2015, além do estudo teó-

    rico, buscará realizar mais pesquisas. Você pode

    participar. Envie um e-mail para comissoes08@

    crppr.org.br e saiba mais!

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    1. CARDENÃ, E.; LYNN, S. J.; KRIPPNER,S. (Ed.). 2. ed. Varieties of anomalousexperience: examining the scientificevidence. Washington: APA, 2014.

    2. MACHADO, F. R. Experiênciasanômalas na vida cotidiana:

    Experiências extra-sensório-motorase sua associação com crenças,atitudes e bem-estar subjetivo. 2009.344p. Tese (Doutorado) - Institutode Psicologia. Universidade de SãoPaulo, São Paulo, 2009.

    3. FRENCH, C. What is AnomalisticPsychology? Anomalistic PsychologyResearch Unit, University of London.Disponível em: < http://www.gold.ac.uk/apru/what/ > Acesso em 2010.

    4. ATKINSON, R. L.; ATKINSON, R.C.; SMITH, E. E.; BEM, D. J.; NOLEN-

    HOEKSEMA, S. Introduction topsychology. 13. ed. Fort Worth:Harcourt College Publishers, 2000.

    5. HOLT, N.; LEWIS, R. A2 Psychology2008 AQA A Specification: TheStudent’s Textbook. Carmarthen:Crown House Publishing, 2009.

    6. CARDENÃ, E.; LYNN, S. J.; KRIPPNER,S. (Ed.). 1. ed. Varieties of anomalousexperience: examining the scientificevidence. Washington: APA, 2010.

    7. CARDENÃ, E.; LYNN, S. J.; KRIPPNER,S. (Ed.). 1. ed. Variedades da

    experiência anômala: análise dasevidências científicas. São Paulo:Atheneu, 2013.

    8. STORM, L., TRESSOLDI, P. E., DIRISIO, L. (2010). Meta-Analyses ofFree-Response Studies 1997-2008:Assessing the Noise Reduction Modelin Parapsychology. PsychologicalBulletin V. 136, p. 471–485, 2010.

    9. BÖSCH, H.; STEINKAMP, F.; BOLLER,E. Examining psychokinesis: theinteraction of human intention withRandom Number Generators - ameta-analysis. Psychological Bulletin,v.132, p. 497-523, 2006.

    10. BEM, D. J. Feeling the future:Experimental evidence foranomalous retroactive influenceson cognition and affect. Journal ofPersonality and Social Psychology, v.100, p. 407–425, 2011.

    11. ZANGARI, W. Experiências

    anômalas em médiuns de Umbanda:uma avaliação fenomenológica eontológica. Bol. - Acad. Paul. Psicol.,São Paulo, v. 27, n. 2, dez. 2007 .

    12. ZANGARI , W. Incorporandopapéis: uma leitura psicossocialdo fenômeno da mediunidadede incorporação em médiuns deumbanda, 2003. Tese (Doutorado)- Instituto de Psicologia daUniversidade de São Paulo, SãoPaulo, 2003.

    Reflexões iniciais As anomalias em foco na PA (que abrangem outras

    áreas do conhecimento) podem ser percebidas como

    incômodas, pois evidenciam vácuos na nossa com-

    preensão sobre o ser humano, seu ambiente e as

    múltiplas interações entre eles. A própria PA pode

    ser sentida como incômoda, por sua “nomenclatura

    anômala”, por estudar experiências que despertam

    preconceito no meio acadêmico, ou por estudá-las

    por meio de métodos que integram o “ceticismo e a

    crença”, o qualitativo e o quantitativo, o fenomeno-

    lógico e o ontológico, o social e o (neuro)biológico.

    Mas, como pensava William James, nenhuma

    Psicologia é abrangente se não incluir a varieda-

    13. SILVA, F. E. Um hipotéticoefeito antecipatório anômalopara estímulos aparentementeimprevisíveis poderia afetar atomada de decisão humana? Tese deDoutorado, Instituto de Psicologia,

    Universidade de São Paulo, SãoPaulo, 2014.

    14. LINDMEIER, K. Avaliaçãoexperimental da interferência deimagens-símbolos arquetípicasno fenômeno de clarividência emsujeitos portadores e não-portadoresde epilepsia. 1998. 152 f. Tese(Doutorado) - Faculdade de CiênciasMédicas. Universidade Estadual deCampinas, Campinas, 1998.

    15. MENEZES Jr. A, MOREIRA-ALMEIDA A. Diagnóstico diferencialentre experiências espirituais e

    transtornos mentais. Rev Psiq Clín.2009; 36(2):75-82.

    16. MARTINS L.B., ZANGARI, W.Relações entre experiênciasanômalas tipicamentecontemporâneas, transtornosmentais e experiências espirituais.Rev Psiq Clín. 2012;3 9(6):198-202.

    17. ALVARADO, C. S.; ZINGRONE, N.L. Anomalías de interacción conel ambiente: el estudio de losfenómenos parapsicológicos. RevistaPuertorriqueña de Psicología, v. 11, p.

    99-147, 1988.

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    19. MONTANELLI, D. G.; PARRA,A. Conflictive psi experiences:

    a survey with implications forclinical parapsychology. In: THEPARAPSYCHOLOGICAL ASSOCIATIONANNUAL CONVENTION, 43., 2000,Freiburg. Proceedings of PresentedPapers... Freiburg: ParapsychologicalAssociation, 2000. p. 178-190.

    20. PALLÚ, T. R. Orientación enparapsicología: reacciones a psi. In:ENCUENTRO PSI, 3., 1998, BuenosAires. Actas e trabajos presentados…Buenos Aires: Instituto de psicologíaparanormal, 1998. p. 82-85.

    21. BELZMERK, M. Clinicalparapsychology: today’s implications,tomorrow’s applications. In: UTRECHTII: CHARTING THE FUTURE OFPARAPSYCHOLOGY, 2., 2008, Utrecht.Abstracts paper sessions... Utrecht: HetJohn Bormanfonds & ParapsychologyFoundation, 2008. p. 14-15.

    22. WATT, J. 2005 Presidential address:Parapsychology’s contributions toPsychology. Journal of Parapsychology,Durham, v. 69, 2 p. 15-231, 2005.

    23. BIERMAN, D. Non consciousprocesses preceding intuitive decisions.5o Simpósio da Fundação Bial: aquém ealém do cérebro, 109-126, 2004.

    de das experiências diferentes daquelas ditas nor-

    mais1. A PA nos mobiliza para novos estudos e

    métodos, para questionar conhecimentos prévios

    (nossas bases). Enm, injeta movimentos trans-formadores na Psicologia e também em outras

    áreas, com as quais se integra e modica.

    O movimento é essencial em nós, é condição de

    nosso crescimento e realização. A PA nos convida a

    inovar, expandir, e perceber que o que hoje recebe

    o nome de anômalo, amanhã, talvez, seja parte de

    nossas crenças e práticas.

    Mas, estamos apenas iniciando... ou talvez,

    ressurgindo.