120
imagem capa preto e branco Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:1;Data:31 de Jul de 2014 13:41:26

Art22 # Origens e Cavucultura

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Catalogo do Ponto de Cultura Art.22 - Cavucultura - Rede do Espinhaço

Citation preview

Page 1: Art22  #  Origens e Cavucultura

imagem capa preto e branco

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:1;Data:31 de Jul de 2014 13:41:26

Page 2: Art22  #  Origens e Cavucultura

Associação de Ideias Ambientais e Ações Socioculturais Art22AIAASCA.

Ponto de Cultura Art22: origens e cavucultura. Belo Horizonte:AssociaçãoArt22, 2014.

OrganizaçãoVinícius de Carvalho Lage

Edição e TextosAIAASCA

Projeto GráficoGibran Muller

CapaDavi Alexandre. Tela: Art22 e o fragmento invisível / 2004

Vídeos e FotografiasArquivo Art22

RevisãoPriscila Borges e Marilene Rodrigues.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:1;Data:01 de Aug de 2014 16:41:49

Page 3: Art22  #  Origens e Cavucultura

PONTINHOS DE CULTURAAprendiz do Lúdico - 65

sumárioOCUPAÇÕES - FOMENTO

DE ESPAÇOS CULTURAIS - 26

CAVULCUTURA - 71

REDE DO ESPINHAÇO - 75

ENSAIOS PARA UMAPEDAGOGIA- 87

TEXTOS DE REFERÊNCIAE CITAÇÕES - 104

LEGENDA DAS FOTOS - 106

HISTÓRICO ART22 - 09

PONTO DE CULTURAART 22 - 36

INTRODUÇÃO - 07

AÇÃO GRIÔ SANTA LUZIA - 34

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:3;Data:31 de Jul de 2014 13:41:26

Page 4: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:4;Data:31 de Jul de 2014 13:41:27

Page 5: Art22  #  Origens e Cavucultura

7

INTRODUÇÃO

Entre as Serras da Cordilheira do Espinhaço, na bacia do Rio das Velhas, afluente do SãoFrancisco, está localizada a cidade de Santa Luzia / MG. Nascentes minerais de muitas eras;águas brotamde beira a beira. Cascalhos e barro - fórumde ouro e buraco aluvião - se estendemainfinito (...) interior. Santuários - templos da terra, faces de pedras pontiagudas, cristais; quartzosquânticos, paralelos; nióbio, ouro e diamante. Tele transporte por paragens de serra, onde a mataatlântica se converte em cerrado, acervo de flor - doce de leite. Serras tantas: Piedade, Curral,Itacolomy, Breu, Cipó. Estrada Real. Sinuosos vales transitam nos antigos mares de Bambuí.Afloram conchas e cachimbos, restos de cerâmica e mortalha. Povos de Luzia descobrem teusmantos rupestres ressurgindo insights. Tapuia - Krenak auê. Lançam-se ao vento astransmigrações culturais das eras e dos territórios. A chama da gruta acende-se, o oráculoanuncia aos povos a chegada de outras eras, simultaneamente.

Há cerca de 400 anos exploradores bandeirantes invadiram estas terras, tomando-a de assalto,embutindo sua cultura e forjando outra. Incrustadas emmontanhas, àmargemde rios e garimpos,vilas e cidades foram crescendo por tanta riqueza mineral. Santa Luzia foi um destes arraiais,ouríferos; local de garimpos, tropeiros, pousadas, teatros e cortes, escravos e índios.

No final do século XIX é construída a nova capital do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte -respondendo à demanda de crescimento do estado. Desde então Belo Horizonte cresceu devidoao grande fluxo de migrantes dos interiores para a capital, assim como de pessoas provindas deoutras partes do Brasil. Seus bairros, indústrias, comércios, ruas e avenidas se expandiram até asfronteiras das cidades centenárias e coloniais de Santa Luzia, Sabará e Nova Lima. A cidade deSanta Luzia, centenária nas barras do Rio das Velhas, sentiu os impactos desta populaçãocrescente que vinha trabalhar na capital mineira, mas buscava moradias mais baratas na regiãometropolitana.

Luzia. Santa Luzia. São Bené. Cristina e Palmital. Baronesa. São Cosme. Conquista. Grutas,Espinhaço. Mãe do Ouro, Mãe da Luz.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:2;Data:01 de Aug de 2014 16:41:49

Page 6: Art22  #  Origens e Cavucultura

E assim as avenidas começaram a traçar suas moradas, e logo os prédios, casas e barracostomariam o lugar das matas. Com a chegada de pessoas desabrigadas pelas enchentes de1979, no Rio Arrudas em Belo Horizonte, a região passou por um crescimento populacionaldesordenado. No inicio dos anos 1980 começou a implantação dos então maiores conjuntoshabitacionais daAmérica Latina - ConjuntosCristina e Palmital. O sonho da "casa própria" atraiumuitas pessoas e entrelaçou muitas culturas diferentes. Nesta década grupos de jovens dasigrejas, pessoas e associações iniciaram atividades organizativas em busca de uma cidademelhor. Podemos citar como importante instrumento de informação e reflexão o Jornal Estopim,a Capoeira de Rua do Palmital, as comunidades eclesiais de base, o movimento dos sem casa,os gruposUnlão eConsciênciaNegra, deSamba,BlackDance, as danças nas ruas e as grandesgincanas culturais que se faziam por aqui. Pelas ruas de buracos, terra e esgoto a céu aberto,também cortejavam reis e rainhas das resistentes guardas de Congado; estas mesmas ruasforam espaço de estabelecimento de terreiros e centros religiosos afrodescendentes. Outraslinguagens artísticas eram aplicadas pelas bases comunitárias ou pastorais como é o caso degrupos de teatro e musicais. Além, é claro, dos festivais undergrounds conduzidos pelosmovimentos punks, hippies, uma somaderivada da cultura rock and roll.

Ainda hoje a cidade não deu conta de resolver os problemas de infraestrutura consequentesdesse crescimento desordenado, e o Distrito de São Benedito enfrenta problemas como coletade lixo, transporte público, asfaltamento de ruas, ausência de espaços públicos de lazer, culturae arte, entre tantos outros relativos à urbanização não planejada. E o vetor norte da regiãometropolitana continua sendo alvo de mais crescimento populacional, ressaltado pelaconstrução do novo centro administrativo do governo de Minas Gerais, obras viárias eimplantação de outros conjuntos habitacionais se consolidaram. Por essas e outras transições, epelas rápidas transformações, ondas migratórias, sociais, culturais, virtuais, é que contamosesta história.

No final da década de 1950, o Distrito de São Benedito começou a ser formado. Diversasfazendas existentes na região foram transformadas em loteamentos. Possuindo uma grandeárea verde, o São Benedito tinha características interioranas, com umamaioria de população deimigrantes; povos que vinhamembusca de trabalho emelhores condições de vida.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:6;Data:31 de Jul de 2014 13:41:27

Page 7: Art22  #  Origens e Cavucultura

9

HISTÓRICOART22

Em 1990 os moradores do Distrito de São Benedito estabeleceram elos fortes com a própriacomunidade e isto veio a delinear trajetórias de vida marcantes, pessoas que se encontraramcada qual com seu acervo cultural, mas com muito em comum, principalmente a vontade deconstruir espaços para a arte e a cultura nesta região. Neste ano se articularam artistas, agentesculturais, educacionais, ativistas ambientais, possibilitando ligações permanentes e intercâmbiosde conteúdos. Aconteceram interlocuções entre educadores, militantes e artistas, dos quaispodemos citar os nomes de Alex Manso; Alexandre Rato; Alexandre Ribeiro; Cristiano Cançado;Evandro Nunes; Eduardo Martins; Evangely Rodrigues; Jairo Rodrigues; João Lima; JonnhyHerno; Klinger Teodoro; Lucimar Pacheco; Mestre Zuim; Paulo Nazaré; José Faria Julio; SuzaneDuarte; Vânia Diniz; Vinicius de Carvalho; Waldir Marques, Ronaldo Black; Wellington (Tom)Nascimento; ZéCarlos (Sind'eletro); dentre tantas outras pessoas.

"percebendo que em nossa comunidade existem vários artistas (poetas, compositores, músicos,dançarinos, atores, grafiteiros, desenhistas, etc.) produzindo trabalhos interessantes, mas um tantodesmotivados, pensamos então em criar com o auxílio da comunidade, das associações, das rádioscomunitárias e de outras entidades, uma mobilização a fim de promover eventos que possamenglobar o que chamamos de “expressão”, em todos os gêneros, sem limitação alguma". [CristianoCançadoRocha, 1999].

"os olhares mais atentos, que sondam os abismos, podem perceber soluços, rastros raquíticos depersonagens sem sombras. São artistas mergulhados no caos social, lutando contra a camisa deforça que enforca toda dança, deixando-os escrever apenas nas margens do caderno. Embargadodentro de um quarto, o artista descreve uma história de ausências generalizadas, pois vive semqualquer alicerce para abrir os cobertores e busca isoladamente brotar-se do asfalto. Nós, artistas,buscamos alguma mão elevada, mas não a encontramos; procuramos um palco que está semprenaufragado nas bocas de lobo; tentamos pintar uma janela fechada e além de tudo pensamos estarsós na guerrilha urbana, camponesa, total. No final temos notícias de suicídios artísticos, oumelhor,assassinatos calados, e o pior: abortos cometidos emclínicas burocráticas". [fanzine 2206 , 1999].

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:7;Data:31 de Jul de 2014 13:41:28

Page 8: Art22  #  Origens e Cavucultura

Estas aproximações localizadas aconteciam com a mesma frequência em que se ampliava amalha de acessos à cidade (parte alta), o que nos fez entrar em contato com as centenáriasarquiteturas, suas capelas, seu teatromunicipal. O contato entre a ParteAlta (como é chamado oCentro Histórico de Santa Luzia) com sua Parte Baixa e seus distritos (seus conjuntos, favelas ebairros populares), começou a existir de forma conflituosa. Neste tempo foi marcante a atuaçãodos núcleos de teatro da ParteAlta. Podemos citar nomes como Nélio Horta e Fernando Fabrini,que logo se fizeram presentes nas mobilizações comuns, populares. O Teatro Municipal, queantes era frequentado apenas pelos luzienses das famílias tradicionais, passa a receberespetáculos dos grupos de teatro, musica, dança afro, capoeira angola e dança contemporâneade outras partes da cidade.

Aos poucos fomos interagindo com simpatizantes e outros coletivos de artistas, como aAssociação dosArtistas eArtesãos deSanta Luzia (AASL). Nestes anos aconteceram inúmerasintervenções urbanas, poéticas e performances em vários espaços da cidade: escola, praças,eventos, etc. Em 1999 foi elaborado o texto intitulado “Quartefato”, em tom apaixonado, aluado;manifesto que foi apresentado aos segmentos da cidade.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:8;Data:31 de Jul de 2014 13:41:28

Page 9: Art22  #  Origens e Cavucultura

Destes trânsitos regionais e da proximidade e pertencimento identitário com a capital, maisespecificamente com o vetor norte de Belo Horizonte, se consolidaram outras expressões eparcerias. Outros espaços marcantes pela história e potencialidade de encontros culturais foram,e continuam sendo, o Centro deCultura Parque Lagoa doNado e a UFMG –Universidade Federalde Minas Gerais; são estes locais onde convergem pessoas de toda Grande Belo Horizonte. NaLagoa do Nado pudemos conviver com preciosos artistas, e entre eles muitos se engajaram nacaminhada associativista: Amilton Alves; Daniel Porto; Davi Alexandre; Grace Alves; MarcoLlobus; Priscila Borges; Thibau; Tiago Chapéu; Ricardo Evangelista; entre outros. Amigos,geraizeiros de outras genealogias, raízes e redes, somaram-se colaboradores das ações aqui noSão Bené: Carlos (Caca) Felipe de Oliveira; Francisco Cereno; Gustavo Fernandes; Laura daMatta Machado; Ludmila Benquerer; Roberta Lage; Roberto Soares; Thiago Araújo; VicenteJúnior; ViníciusMoreira, entre tantos.

Esta linha histórica aconteceu de forma circular econvergente, construída pelo acaso e coincidências.Redes de afetos e simpatias, proximidade entre oproduto domeio e o intuitivo, de forma simultânea e comnaturalidade. Mandalas foram desenhadas a partir doencontro de instituições parceiras e amigos-artistas.

Em 2001 fizemos a tentativa de manutenção de umlocal, denominado espaço cultural Concreto e Clorofila,na época casa de Johnny Herno e Luciana Rodrigues.Na casa iniciamos uma série de mobilizações epublicamos quarenta exemplares do zine 2206, livretode fotocópias que viria a culminar no atual Cabeça dePapel, e que ainda iria apontar o nome da AssociaçãoArt22. O comer junto, dormir, acordar, bater tambor.Sem início e semumfim.Pontos de reticências.

1111

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:9;Data:31 de Jul de 2014 13:41:28

Page 10: Art22  #  Origens e Cavucultura

"no muro úmido, o número 446referência par no código dos números

passeio pela ladeira de piche na métrica do bom pastor,sem as árvores urbanas que dividiam a mão direita e a mão esquerda

antes da encruzilhada, do percurso do rio, hoje canal, e do bosque que agora é praçasinto o cheiro da faixa amarela que divide a subida e a descida

sem a fileira de postes, permanece crescendoo arbusto na parede úmida do número 446

o concreto clorofila"Jonnhy Herno - mimese 2014

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:10;Data:31 de Jul de 2014 13:41:28

Page 11: Art22  #  Origens e Cavucultura

1313

"Durante o período de março a dezembro de 2003,

artistas do Art.22 e companheiros, além da margem

do barulho, ocuparam silenciosamente o espaço

ocioso. Ao lado do final das linhas dos ônibus

coletivos 2206C, 1205 e 5528, onde havia espaço

aberto comuma lona de circomontada, abandonada

e desgastando-se lentamente. Com olhos clínicos,

vivos e olhos da alma, esses artistas trataram de

fazer a criançada se esbaldar de divertimento

saudável, aprendizagem lúdica, noções de teatro,

contação de história, brincadeiras de roda,

percussão, artes plásticas e artes circenses. Num

local onde justamente termina e começa a jornada

do trabalhador assalariado. Onde palpita a rotina do

ir-e-vir casa-trabalho. Logo à frente já havia uma

padaria, já havia pão. Só faltava o circo". (Lopes de

La Rocha -Art.22, +/-10 anos: percalços, percurso e

persistência, 2010.Texto inédito).

MovimentoCircoSemLona

No ano de 2002 um projeto cultural chamado Universidade Livre do Circo (UNICIRCO), seinstalou na cidade de Santa Luzia. A ação que tinha o objetivo de trabalhar com cultura atravéslinguagem do circo na comunidade, não teve prosseguimento. Vimos mais um projeto social serdesviado. O projeto deixou abandonada uma lona circo em bom estado, além de algunscontêineres, no bairro Cristina C. Com carrinhos demão, vassouras, malabares, enxadas, pernasde pau, urucuns, violões, tambores e figurinos, resolvemos intervir sob a lona. E transmutamosaquilo que seria umdesvio, emumcaminho:

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:11;Data:31 de Jul de 2014 13:41:28

Page 12: Art22  #  Origens e Cavucultura

E o que seria isto? Novamente quem escreveu tomou uma torta na cara! Mas não! Reunimos a civilidade

dos milagres convictos nos inusitados que batem o cheiro do tambor. Temos por paciência a cravada dos

becos. O botijão subindo o morro. O socorrer das aliterações. O Hemisfério dos ciclos. O reboliço da

composição da favela. O jogar truco e apelar aos zelos; a infância. Com inflamações calmas e fricções do

frio e da fome. Entre os paradigmas multidimensionais e a dádiva permitida aos que praticam pela arte, a

SAUDAÇÃOÀVIDA.” [inCabeçadepapel nº 3 – especial circo sem lona, 2007].

Oespaço da Lona foi transformador de nossas vontades, regando nossas sementes-vidas para oflorescimento de todas as ações posteriores. Passamos a movimentar o espaço quase quediariamente. Durante novemeses, o universo da lona foi ocupado commuita brincadeira,música,atividades circenses, teatrais, poéticas e com oficinas de formação artística para a populaçãocarente de espaços de cultura e lazer.

“Sustento vital, acordar de manhã e assumirum lugar, portanto aqui estamos, uns senegando, outros afirmando, mais distantes oupresentes, de qualquer forma todosenvolvidos, no giro, na rotação do planeta (...)os lugares são abandonados, outros espaços,como a porta de casamesmo, entre o ponto deônibus e outro. E ao longo de anos a memóriase acostuma e nem se pergunta mais onde ocoletivo vai dar. 22's e 55's parecendo barcos,tabus de salvação para nos tirar destas ilhas,mas será que aqui, nestes nossos lugares,estamos tão ilhados assim (?).” [PalhaçoPindaíba]

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:12;Data:31 de Jul de 2014 13:41:29

Page 13: Art22  #  Origens e Cavucultura

15

Neste período o movimento Art22 se consolidou e encontrou outras pessoas fundamentais, entreelas: Andréia Cristina; Bruno Reis; Jana Diniz; Luiz Henrique de Sousa; Marcos Vinícius; além deoutros colaboradores já citados nesta história. Também nesta época começam a palpitar outrossaberes, como os ambientais, e a retomada de mobilização pela preservação da Mata do Raul einstalação de parque ecológico-cultural nesta área. Começamos a tomar as ruas commanifestações, cortejos populares e passeatas de palhaços, as chamadasPaiaciatas.

Porém, no início de 2004, quando todos se retiraram para as viagens de férias, a Lona foi retiradaentre vaias e repúdios comunitários, e dela nãomais tivemos notícias.

"Não arrancamos calorosos aplausos, masconseguimos algomais importante: emoçãoe encantamento. Os responsáveis pelainstalação do equipamento, com olhostambém vivos (diga-se de passagem, bemgrandes), com seus olhos de cifras e suainteligência de bolso, na calada do silêncio,retiraram a lona e, num gesto de injustiça,manifestaram a indiferença para com ainiciativa.Apaisagem do espaço perdeu suacor, as atividades cessaram naquele local,mas permanecem na memór ia doshabitantes que participaram e assistiram.Mais uma experiência nos fortaleceu."(Lopes de La Rocha - Art.22, +/-10 anos:percalços, percurso e persistência, 2010.Texto inédito).

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:13;Data:31 de Jul de 2014 13:41:29

Page 14: Art22  #  Origens e Cavucultura

Depois da remoção da lona, em 2004, os diversos artistas e agentes culturais se reuniram na

criação de três coletivos artísticos como intuito de desenvolver pesquisas e ações voltadas para as

linguagens das artes cênicas, da música, da produção em audiovisual e literatura, promovendo

uma híbrida vocação estética. OArt22 é, ao mesmo tempo, gerador e produto, de quatro coletivos

culturais principais: o grupo Alvorada Pé Vermei; a Iniciativa Luzia de Memórias, Mídias e Artes -

Ilummiar; a Organização Cênica de Amadores – OCA; e o Segmento Literário Cabeça de Papel.

Foi criado, ainda, um núcleo de produção de eventos e um núcleo ambiental. Estes grupos de

base, cada um dentro de sua linguagem artística particular, participaram ativamente da

constituição e continuidade do Art22, que, em contrapartida, possibilitou o surgimento e apoiou a

continuidade das ações dosmesmos.

Calendário fora do tempo ( )

germina vida expressiva de cada maracá-cascudo

Vivências pelos terreiros para o céu sô

auto in gestão multimídia:

teatrosliteraturasperformancesmúsicasvídeoscircosvisuais

...pontos de resistências...

17

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:14;Data:31 de Jul de 2014 13:41:30

Page 15: Art22  #  Origens e Cavucultura

CIRCO SEM LONAVicente Júnior

num circo mágico vitodo futuro surgiruma ciranda sorriruma cidade cantare todo artista que vêse encanta com o lugarcom a pessoas de láuma cidade nascervi o palhaço molamboa carreata no morroo violeiro do campoo velho pediu socorrobumba meu ônibus teme o Mala malabaristae o pipoca já vemsapateando na pistaeu sou artista do circo sem lonamas certa vez o poderque não queria ajudarficou sabendo da festano esquecido lugare pra tristeza de todosque brincavam na lonasó em lembrar me comovodeixaram circo sem lonaeu sou artista do circo sem lona

mas nem por isso acabouo sonho fica no ar

tem saltimbanco pra vire o circo continuar

laboratórios de ideiascom artes vem integraro circo pertence a todose só preciso embarcar.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:15;Data:31 de Jul de 2014 13:41:31

Page 16: Art22  #  Origens e Cavucultura

OCA - Organização Cênica deAmadores

Pra onde foi o palhaço e o artistacircense quando a lona sumiu?

O Movimento Art22 possui longo histórico deatividades de intervenção cênica, tendo seuinício embaixo de uma lona de circo, reunindoentre seus colaboradores artistas cênicos dasmais variadas linguagens: atores, palhaços,circences, brincantes, bailarinos. Desde oano de 2003 a reunião destes artistas cênicosjá foi identificada com variados nomes,atualmente denomina-se como Oca -OrganizaçãoCênica deAmadores.

Este grupo é responsável pela idealização eexecução doMovimento Circo SemLona; dasPaiaciatas; e de outros tantos cortejos eapresentações de rua em seus mais de dezanos de reunião. Neste período o gruporealizou uma série de cursos e oficinas emprogramas sociais; atividades de formação eapresentações artísticas; desenvolveud inãmicas lúd icas de br inquedos ebrincadeiras; consolidou parcerias comoutros grupos, entre eles o Coletivo dePalhaços de Belo Horizonte; tendo no ano de2005, participado do projeto Circo Miko, emtemporada de dois meses na cidade deParaty-RJ. A organização Cênica deAmadores foi responsável por muitosintercâmbios entre a Associação Art22 ecaravanas de artes deste universo..

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:16;Data:31 de Jul de 2014 13:41:32

Page 17: Art22  #  Origens e Cavucultura

O grupo aprofundou experiências, também,na dramaturgia clássica europeia e de outrasescolas do circo; nos estudos do teatrobrasileiro, sobre o teatro do oprimido e oteatro antropofágico. Reconheceu técnicasdistintas para aplicar em seu repertório: doteatro do objeto, teatro físico, teatro deboneco às performances contemporâneas.Atuou com suas cênicas em muitos espaçose eventos, como no Sarau de Poesia daLagoa do Nado e em outros eventos naUniversidade Federal de Minas Gerais. Ogrupo percorreu comunidades quilombolas egarimpeiras em parceria com o Núcleo deEstudo Social do Trabalho Humano(NESTH -UFMG ) . Enga j ou - se nasat iv idades lúdicas de br inquedos ebrincadeiras, percorrendo vilas-favelas deBelo Horizonte através de programassociais, como o programa Casa do Brincar(Pastoral da Criança- Prefeitura de BeloHorizonte).

Traçou uma longa trajetória por Pontos deCultura através do projeto Saber Popular naCordilheira do Espinhaço, oportunidade emque realizou uma imersão noCirco doCapão- Palmeiras / BA. Através do projeto dePontodeCulturaArt22 interagiu coma comunidadede Teatro Rural de Taquaraçu de Baixo

(Santa Luzia / MG), buscando auxiliar etomar aula com os antigos mestres dalocalidade. Manteve contato com outrostantosmestres das artes circenses, do teatrode rua e rural.

Mais recentemente, no segundo semestrede 2013, o grupo realizou apresentações epesquisas sobre a cênica indígena, noprojeto Outras Antropofagias Amazônicas,buscando referências na performancexamânica, nos saberes dos tricksters dealdeia, palhaços indígenas, heyokah -hotxuas, nas histórias e dramaturgias dedeuses, demiurgos e heróis ameríndios.

19

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:17;Data:31 de Jul de 2014 13:41:32

Page 18: Art22  #  Origens e Cavucultura

``ator sem texto; aprendemos a ser palhaço em frente à loja de colchão.Animamos festinha de bebê e devovô. Fomos aos sinais correr atrás de uma moeda. Subimos no picadeiro e apresentamos também napraça. Batemos becos e descemos vielas, nos guetos, quilombos e favelas. Rompantes, andarilhos,nômades, amadores. Feiras nordestinas e improvisos bufões. Riso que soma-se aos rizomas dos atores,palhaços, a brincantes e de folia, de boi janeiro, de cultura popular. Ervas medicinais na cena - palhaçoxamânico,mambembepajelança,"

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:18;Data:31 de Jul de 2014 13:41:34

Page 19: Art22  #  Origens e Cavucultura

AlvoradaPéVermei

O grupoAlvorada Pé Vermei teve inicio no ano de 2004, a partir do desenvolvimento de oficinasde percussão e construção de instrumentos para a comunidade do Conjunto Cristina e bairrosvizinhos. A partir do protagonismo de Gibran Muller, a ação agregou pessoas, como AndréVarogh; Camila e Dalila Varogh; Edyano Neves; Eduardo Douglas; Geston Machado; RenatinhaBaterista e sua irmã Nathaliane; Renato Zoya; Roberto Vambeto; Rômulo Silva; além de váriascrianças da comunidade. Desde então o coletivo vem criando espaços de fomento e formação,apresenta suas obras artísticas, aprofunda e divulga suas pesquisas sobre os ritmos e a culturapopular brasileira.

As atividades do Alvorada Pé Vermei possibilitaram a aproximação do Movimento Art22 com aGuarda de Moçambique Nossa Senhora da Guia, do bairro Asteca, com o Catopê daComunidade de Pinhões, com o Candombe da Mata do Tição e com o Batuque da Lapinha daSerra, assim como templos de umbandas e candomblés. O grupo desde então, passou aintegrar os cortejos populares, Festas doRosário, brincadeiras de boi e batuques.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:3;Data:01 de Aug de 2014 16:41:50

Page 20: Art22  #  Origens e Cavucultura

Aatuação do grupo teve crucial importância no sentido de potencializar as ações musicais dentrodoMovimentoArt22, sendo responsável, pelo contato com tantos outrosmúsicos, tais como BlackPio, Vicente Junior, Nádia Campos, SeuRibeiro, LineteMatias, Família Guiga, além deMestres damúsica popular, como Sr. Antônio e Sr. Luiz. Ao longo dos anos o Alvorada foi se desenvolvendomusicalmente e se estabelecendo enquanto grupo de apresentação, tendo comomarca autênticaa atuação coletiva, as brincadeiras e os ritos populares. O grupo subiu ladeiras e palcos, como noEncontro Minas MBP e Festival de Arte Negra/BH. Produziu com o Grupo Caçuá de Piaçabuçu /AL, oEspetáculoFolguedos daNascente aFoz.

Nestes anos de trabalho obteve como resultado a concepção e gravação do espetáculo Cawucoem formato DVD no ano de 2013, com apoio da Funarte/MinC. Em abril de 2014 representou oBrasil no Penang World Music Festival, na Malásia (com o apoio do Programa Música Minas),marcando demaneira primorosa seus 10 anos de existência.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:19;Data:31 de Jul de 2014 13:41:35

Page 21: Art22  #  Origens e Cavucultura

Atualmente este coletivo possui um grande acervo de imagens e vídeos sobre o Movimento eAssociação Art22 e sobre outros acontecimentos de cultura e arte de Santa Luzia, da capitalmineira e regiãometropolitana de BH, bem como de outras cidades do interior deMinas Gerais. Éresponsável pela produção de diferentes vídeos, institucionais e artísticos e alguns deles de formaaleatória estão presentes no espaçomultimídia deste catálogo.

A Iniciativa Luzia trabalha localmente com amobilização e articulação popular, propondo a criaçãode umcentro de referência de audiovisual, artes e tecnologias, para a cidade deSanta Luzia.

IniciativaLuzia deMemóriasMídias eArtes

A proposta da Iniciativa Luzia de Memórias, Mídias e Artes surgiu tão logo se percebeu anecessidade de registrar o que estávamos fazendo.Ogrupo organizou-se a partir da tendência detrabalho com o suporte do audiovisual artístico (cinema, TV, vídeo arte) , com as artestecnológicas, as novas referências de comunicação livre e o mídia-ativismo. Contou com aparticipação de Lucimar LimaPacheco,Daniel Barbosa, entre outros integrantes.Percebendo que estes acessos tecnológicos convergem também para a massificação deconteúdos; a Iniciativa surge com a proposta de formação de multiplicadores na área doaudiovisual e tecnologias aliados à criação artística. Mesmo com pouco acesso aos benstecnológicos, o coletivo conseguiu desenvolver ações de formação e foi responsável pelacaptação e armazenamento do acervo de imagens doArt22. Com a chegada de equipamentos deaudiovisual em2005, foram realizados três programas televisivos sobre os bens culturais deSantaLuzia. Na mesma época surge, também, a proposta de gravação do documentário É pra ontem,sobre a memória e a transformação social dos conjuntos habitacionais no Brasil, de forma maisespecífica dos conjuntos Cristina e Palmital, que no momento de suas construções foramconsiderados osmaiores da América Latina.

23

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:4;Data:01 de Aug de 2014 16:41:50

Page 22: Art22  #  Origens e Cavucultura

Durante este ciclo, continuamos a lançar nossa revista de literatura. Mais adiante, em 2004, o

Zine 2206 passa a ser publicado comoCabeça de Papel. Estes fanzines tinham publicação anual,

e nele se misturaram as diversidades estéticas, linguagens visuais e verbais. Mais umCabeça de

Papel era lançado, voantes folhas, que de mãos em mãos polarizavam ideias, sentimentos e

palavras. Com o projeto do Ponto de Cultura Art22, foi viabilizada a produção de 04 edições da

Revista Literária Cabeça de Papel. O Coletivo busca se credenciar enquanto selo editorial e dar

continuidade as publicações dos periódicos literários.

Movimento nos olhos de LuziaMarco Lobo

-Nas malhas das constelações, signos sugeremleituras por aspiração, um mapa em rede intricada,tramada e expelida pela força do primeiro grito dedeus holográfica a vontade de um ser, que. Arfasobre o sopro de seu desejo, propaga em todas aspartes o espirito querer gozar da vida, suasarfanteverdades. Mesmo que esta verdade apenas sejaprenuncio entre a foz e a inevitável mortalha dasaudade.

Neste eterno despertar dos beneditos, reclamam asvelas em procissão e, sinos repipocam por clamantesmãos dadas, que na ciranda do tempo, estendemuma sobre a outra, alimentando de sorrisos elágrimas esta dança frente à fogueira dos instantes.

Sop histór ias, derrotas, v i tór ias nesteramaconchegante céu de circo, onde sempre cabe maisum, outro parte, e assim gira girassol para colher doastro-mor, o ensejo de ousar sobre as amarras desteviver a inspiração de seu renascer.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:22;Data:31 de Jul de 2014 13:41:36

Page 23: Art22  #  Origens e Cavucultura

CabeçadePapel

Veículo de circulação literária; logo no início doMovimento Art22, mais precisamente no ano de2001, é posto em circulação o Zine 2006, fanzineou revista popular que tinha o objetivo de dar voza escritores da periferia. O nome fazia referênciaà linha de ônibus que atendia ao bairro - 2206. Aideia do fanzine surgiu a partir de uma cartaencontrada pelo poeta Cristiano Cançado. Nelahavia um texto, no qual uma desconhecidaexpressava a importância da poesia. Um textoque chamava escrita, palavras distribuídas deafeto - inscritas, erradas-em-acerto:

Enveredamos por at iv idades l i terár ias:performances, intervenções poéticas e rodas dehistórias em praças, saraus; artes orais.Fundamental para isso foi o Sarau de Poesia doCentro de Cultura Lagoa do Nado, que reuniapoetas de diversas regiões da cidade, literaturasdistintas e sintonizadas.

25

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:23;Data:31 de Jul de 2014 13:41:37

Page 24: Art22  #  Origens e Cavucultura

Ocupações - Fomento de espaços culturais

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:24;Data:31 de Jul de 2014 13:41:40

Page 25: Art22  #  Origens e Cavucultura

Quintal doBananal

Em 2005, conjuntamente com a Frente Cultural, ação coordenada por Gustavo Fernandes,

vivenciamos a implantação do Centro Cultural Quintal do Bananal, no bairro Bonanza. Foram seis

meses de atividades no espaço que era ocupado em modelo de comodato e realizadas ações,

eventos culturais, apresentações artísticas, etc.

A partir dessa contato estreito com a comunidade do bairro Bonanza diversas fluências e

influências desaguaram. Foi ali, na estrada do bananal, que neste tempo se intensificaram as

caminhadas ao CEEDUAPAZ / Alto Santo de Minas (Igreja do Santo Daime), presidida por Luiz

Roque eManoel Donizzet.

27

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:25;Data:31 de Jul de 2014 13:41:40

Page 26: Art22  #  Origens e Cavucultura

CasadaBanca

Ainda no ano 2005, mas desta vez no conjunto Cristina, em parceria com a Associação de

Capoeira El Shaday e aSociedadeArtística de São Benedito foi concebido oCentro Cultural Casa

da Banca. Tambémem sistema de comodato, e com a coordenação doMestre de Capoeira Zuim,

o espaço movimentou a Praça da Juventude, oferecendo oficinas, eventos e rodas de capoeira.

No Ano de 2006, foi a vez do Seu Ribeiro coordenar a ação. E ele vai além e levanta uma

apresentação do seu olhar sobre os desdobramentos desta iniciativa.

"Há mais de 35 anos morando no distrito

de São Benedito, tive a felicidade de

t e s t e m u n h a r a t r a n s f o r m a ç ã o

sociocultural e ambiental desse grande

aglomerado que hoje se consolidou como

o polo comercial do município de Santa

Luzia! Vi as primeiras ruas serem

pavimentadas e a construção do conjunto

habitacional denominado Cristina que foi o

es top im para a grande exp losão

demográfica da nossa região. Com a

chegada demilhares de novosmoradores,

a região passou por vários

capítulos em sua evolução proporcionando o surgimento de diversos grupos e movimentos sociais

agrupados sobre as mais diversas bandeiras, mas nenhum desses grupos e movimentos lograram tanto

êxito, do ponto de vista antropológico e organizacional como o que veio a ser conhecido e reconhecido

comoPonto deCulturaArt22.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:26;Data:31 de Jul de 2014 13:41:41

Page 27: Art22  #  Origens e Cavucultura

No início, dezenas de artistas, músicos, poetas,

pensadores, atores, brincantes e agentes culturais

começaram a se reunir motivados pelo mesmo desejo,

realizar atividades artísticas e culturais na região,

lançando mão da paupérrima infraestrutura local, como

os espaços oc iosos neg l i genc iados pe las

administrações publicas municipais, que não traçaram

um plano específico que desse suporte à produção

artística e cultural do município. Em pouco tempo, o

movimento começou a ganhar corpo e assim surgiu a

necessidade de se organizar e então surgiu a

Assoc iação de Ide ias Amb ien ta i s e Ações

SocioculturaisArt22.

Durante todo o processo que garantiu ao Art22 o

reconhecimento e consolidação de sua estrutura

quanto Ponto de Cultura, foram realizadas centenas de

ações integradas que vão desde passeatas,

intervenções, mostras, fóruns de culturas e seminários

a realizações de eventos fora do município de origem,

abarcando municípios de outros Estados brasileiros e

nações! Enfim, considerando a forma espontânea que

deu origem a esse processo de consolidação de um

movimento popular sociocultural e ambiental, cabe a

todos nós, membros da sociedade brasileira celebrar

agora com este livro a importância, vocação e sucesso

do Ponto de Cultura Art22”. - Alexandre Ribeiro da

Costa –SeuRibeiro29

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:27;Data:31 de Jul de 2014 13:41:43

Page 28: Art22  #  Origens e Cavucultura

ChácaradaArte

Em 2006 o Art22 ocupou, em regime decomodato, um espaço privado e ocioso nobairro Baronesa. Tratava-se de uma chácaraabandonada, cuja proprietária residia emoutro Estado. Através da intervenção denossos amigos, os irmãos Vinícius e Leila deCastro, que intercederam junto à proprietária,conseguimos a concessão do espaço pordois anos, em troca de serviços de benfeitoriae zeladoria.

Mãos a obra. Estávamos diante de umespaço completamente degradado. Incenso,tambor e fogueira nas noites depois doputirum. Chá de erva cidreira, manga, lichia,nas manhãs de faxina. Foram realizadosmutirões de reformas, conduzidos pelasrelações com meio ambiente e permacultura.Bioconstruímos palco, área de lazer, designerde aldeia. Revitalizamos nascentes,replantamos e roçamos. Começamos acavucar a terra para semear. Refizemoslinhas elétricas, telefônicas e cipós. Fizemosa corrida das toras. Milho, mandioca, alface,feijão e couve serviam pessoas de diversasfamílias. Gastronomia solo solar. Águamuita.

A chácara possuía um grande espaço, o quenos possibilitou formatar nosso fazer artísticopautado pelas ideias da cultura integral e pelarelação homem-natureza; pedagogiadesenvolvida em anos de tentativas deocupações, movimentos e mobilizaçõescomunitárias. O movimento no espaço eragrande, muita gente trabalhando comconsciência: Cristhofer Rocha, EdyanoNeves, Helbert Lima, Jaqueline LuanaFerreira, João do Circo, Joílson, MikhailPatrício, Tadeu Tunai, Tânia Machado, alémde todas as pessoas já citadas anteriormentenesta história, que contribuíram pararevitalizar o lugar. Colaborações inúmeras,mútuas e espontâneas. Chá - Chacra -Chácara. Neste espaçomantivemos umaboabiblioteca, uma oficina multiuso, salas paracursos, exposições, exibição de cinema eapresentações, além de área verderecreativa. Neste mesmo ano foi registrada aAssociação de Ideias Ambientais e AçõesSócioculturais Art22. O espaço tornou-se,também, sede da recém-reg is t radaAssociação e local de encontro de grupos epessoas das mais variadas vertentes dodesenvolvimento humano.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:28;Data:31 de Jul de 2014 13:41:43

Page 29: Art22  #  Origens e Cavucultura

3131

Realizamos eventos com temas relacionadosàs colheitas, como "O milho e os Maias" e "Ofeijão dos saberes". Recebemos a Guardade Moçambique Nossa Senhora da Guia, namostra Etnias da Arte em parceria com acomunidade Kolping São Benedito e comrepresentantes do movimento culturalafrodescendente. O Encontro da PresençaFeminina foi realizado no espaço, discutindoa participação damulher no campo da culturae da arte. Foram diversos Saraus de Poesia,história contada em documentário daAssociação de ImagemComunitária -AIC.

Rodas de Capoeira, dinâmicas corporais,yoga. Recebemos exposições de SandraRuas, David Alexandre, intervenções visuaisde Alexandre Rodrigues - AR e outrosgrafiteiros. Foram oferecidos cursos nasáreas de circo, teatro, música, artesanato,horta orgânica, palestras e debates. Tivemosinúmeras apresentações musicais das quaispodemos citar: Família Guiga, Seu Ribeiro eSamba Amigo. Além da contribuição demestres e pessoas comgrande sabedoria.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:29;Data:31 de Jul de 2014 13:41:44

Page 30: Art22  #  Origens e Cavucultura

RessaltaCristianoCançado:

"Exposições, fóruns, recitais poéticos,

espetáculos, performances e o criativo

Piscine (vídeos projetados no interior de

uma piscina vazia) fizeram sucesso. É

inegável que também nos deparamos com

dificuldades em mediar dissidências.

Tivemos de l idar com percepções

divergentes, diferentes necessidades,

emoções ambíguas e expectativas

diversas entre nós mesmos. Afinal,

diversidade não é apenas uma mistura de

cores. Passamos então a refletir e estudar

acerca do funcionamento do terceiro setor,

seus concei tos e inst rumentação

operacional".

Recebemos artistas e ativistas de diversosestados brasileiros; e de países como EstadosUnidos, México (Caravana Arco-Íris), Grécia,França, Israel, Índia, Espanha e de toda aAmérica do Sul. Mantivemos parceirias com oprograma Fica Vivo, CEAPA, Pro-Jovem,Escolas Públicas. Éramos, ainda, parceiros doPrograma de Redução de Danos, que com aatuação de Roberto Soares, desenvolveu noespaço um projeto piloto, que serviu demodelopara os usuários deste sistema.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:30;Data:31 de Jul de 2014 13:41:46

Page 31: Art22  #  Origens e Cavucultura

Foram dois anos de brincadeiras e trabalhosintensos; ao final nos despedimos do lugarsabidos do que era aprender. Aprender foi,portanto, nossa sabedoria.Alguns bonsmestresnos visitaram, dentre eles: Ailton Krenak, JoãoGuarani, SeuChico doAlto da Serra, Biriba, IvanDiniz, Grão mestre Dunga. E com a conclusãodo acordo nos retiramos do lugar. A experiênciahavia acontecido. Saímos com toda umapedagogia aplicada e um resultado imaterial ematerial que perduraria no conceito Cavuco –Cavucultura - método pedagógico prático eteórico, filho de ações coletivas e individuais;herdeiro de tantas outras influências eautonomias, permaculturas e ciber tecnologias,licença do mestre e clarividência do lúdico.Sendo este estudo a base para a nossa atuaçãoenquanto Ponto de Cultura e ainda suporteitinerante a semear outras unidades culturais.

3333

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:31;Data:31 de Jul de 2014 13:41:47

Page 32: Art22  #  Origens e Cavucultura

AÇÃOGRIÔ SANTALUZIA

A Ação Griô é uma rede de reconhecimento dosaberes orais existentes no Brasil através deações que interligam os mestres, as comunidadee as escolas. A Associação Art22, desde suacriação, transita no universo das sabedoriaspopulares e tradicionais. Formada por um grupode jovens inclinados a dialogar com a cultura dosmestres, das magias, do profano e do sagrado, oArt22 inicia sua trajetória neste campo de açõescom o projeto denominado: Sabedoria daOralidade, aprovado pelo Ministério da Culturano Edital Ação Griô em 2008, executado entre osanos de 2009 a 2011 no município de SantaLuzia.

Acreditando que os conhecimentos orais, emtransversalidade com os conceitos pedagógicosescolares, desconstroem a lógica de que aeducação se faz apenas no âmbito escolar, aAssociação Art22 fez uma parceria com a escolaMunicipal Santa Luzia por intermédio do projetoAção Griô. A instituição e a escola realizaramuma ação inovadora e avançada no município,criando dentro e fora da escola, espaçossignificativos para a realização do aprendizado.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:32;Data:31 de Jul de 2014 13:41:49

Page 33: Art22  #  Origens e Cavucultura

Assim, em um encontro formidável de educadoresde níveis variados, se fizeram presentes as mestrasOlga Rufino e Eva Aparecida da Guarda deMoçambique Nossa Senhora da Guia; HelenaCoutinho, benzedeira, vidente e líder comunitária doBonanza. Estas três mulheres preciosas trouxeramhistórias e enriqueceram o universo escolar. Osmestres Luiz e Antônio, músicos do cavaco e doviolão; Zuim da Capoeira; e João Lima, da hortaorgânica, tambémcompuseramogrupo demestres.

Foram realizadas inúmeras vivências com osestudantes, professores e coordenadorescertificando a importância da interlocução dasabedoria oral aos saberes formais. O projeto pilotofoi coordenado pelos mestres e mestras, porMarilene Rodrigues, griô aprendiz, e pelo Art22juntamente com a diretora Heliane Maria, asprofessoras, os estudantes e a equipe pedagógicada Escola Municipal Santa Luzia. A ação seestendeu para a Escola Estadual Murghi Ibraimlocalizada no Conjunto Cristina, com o apoio dadiretora Marilda; e também para o CESEC doPalmital tendo como parceiros professores,estudantes e os coordenadores João Neto eSilvania Colares. Os mestres de Santa Luziaparticiparam ainda do Projeto Radio Grio do PontodeCulturaGuaimbê -Pirinopolis -Goias 35

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:33;Data:31 de Jul de 2014 13:41:50

Page 34: Art22  #  Origens e Cavucultura

PONTO DE CULTURA ART22Art.22: Ônibus do transporte público que fazia o

itinerário do cento de BH, até a ZN; São Benedito,

Cristina, Baronesa,Asteca e Santa Luzia. 2241. 2240.

2209. 2211. 2208. 2209. 2210. 2215. 2207.

Art.22: Sugere artigo jurídico, lei em qualquer

regimento, estatutos, declarações da ONU, c.v, talibã,

farc, religiões, estatuto, regimento.Artigo.

Art.22: Gíria periférica a dizer: arteiros, artemporais,

os doidim, delirantes, alucinados, sem noção, gênios,

mendigos, amantes, médiunizados, seresteiros,

anarquistas, palhaços, artistas, lúcidos por demais.

Art.22: Dual, em parcelas de individualidades de

quatro. 2 + 2 = OITO. Dois patinhos na lagoa, yinyang.

Números, nomeação, numerologia. O oito deitado,

infinitamente um.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:34;Data:31 de Jul de 2014 13:41:51

Page 35: Art22  #  Origens e Cavucultura

OquesãoosPontosdeCultura?

Era a hora (...)

Pontos de culturas são ações culturaisdesenvolvidas pelas comunidades ereconhecidas pelos poderes públicos. Asações são selecionadas a partir de editalpúblico com intuito de fortalecer iniciativasculturais e impulsionar as atividades deorganizações culturais em todo país. OsPontos de Cultura fazem parte do ProgramaCultura Viva - Ministério da Cultura; no casodos Pontos de Cultura de Minas Gerais, emparceria com a Secretaria de Estado daCulturaMG.

Em 2010 celebramos o Convênio junto aSecretaria de Cultura do Estado de MinasGerais e Ministério da Cultura e assim nostornamosPonto deCulturaArt22.

O convênio firmado entre a Secretaria deEstado de Cultura de Minas Gerais e aAIAASCA, foi de R$ 180.000.00, divididosem 03 parcelas unicas de R$ 60.000.00 ano.A AIAASCA disponibilizou R$ 36.000,00comocontra partida.

O projeto aprovado constava de uma série deações que se justificavam pela falta depolíticas públicas para cultura no municípiode Santa Luzia. O projeto foi desenvolvidoemquatro ações principais:

37

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:35;Data:31 de Jul de 2014 13:41:52

Page 36: Art22  #  Origens e Cavucultura

Casa Biriba de Produções

Umdos objetivos propostos pelo projeto Ponto de CulturaArt22 foi a consolidação daCasaBiribade Produções enquanto espaço de difusão de ações culturais, a Casa tornou-se o centro degerenciamento das ações do projeto e sede daAIAASCA.As politicas publicas culturais emSantaLuzia acontecem, ainda hoje, de forma isolada. A região é carente de equipamentos de cultura(cinemas, teatro, bibliotecas, centros culturais). Esse fato tende a gerar um deslocamento de suagente a outras localidades (principalmente Belo Horizonte) impedindo o exercício pleno do direitoà cultura.

Santa Luzia tem uma população estimada em 213.345 habitantes (estimativa 2013- IBGE) e odistrito de São Benedito, onde se localiza a Casa Biriba, conta com um contingente majoritáriodessa população, sendo esta praticamente toda constituída de pessoas de baixa renda. Osprogramas de incentivo à cultura desenvolvidos pelos poderes públicos – municipais, estaduais efederais – ainda não reconhecemenemcontemplamnossa região.

bem antes do inicio do movi art22 o seuquintal floricultura já era ponto deencontro: palco de ensaios, espaço parareuniões de associações e partidospolíticos. Terreiro de batuques emcelebração à vida. Oca de tecerprojetos, fabricar e guardar obras einstrumentos de arte. Inclusive, emdé c ada s p a s s a d a s , c h e g ou adesdobrar-se num floras/bar de seletosfrequentadores. Espaço “verde-cinza-marrom”, onde as estantes com seuslivros dialogavam com jardins. Adisposição dos objetos e da mobília, oslivros e o ar do ambiente propiciavamdebates, palestras, ativismos, festas,amizades, reuniões, brincadeiras,sarais e serestas. Flores vivas (...)

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:36;Data:31 de Jul de 2014 13:41:53

Page 37: Art22  #  Origens e Cavucultura

27

A Casa funciona como raiz/rizoma de emissão e recepção de bens culturais (materiais e

imateriais). Neste espaço de produção cultural realizamos encontros sobre diversidade cultural,

saraus de poesia, seções de cinema, mostras musicais e de artes integradas. Desenvolvemos

consultoria a grupos, artistas e outras associações, além disso, o espaço disponibiliza o estúdio

audiovisual (Laboratório Digital). Consolidamos, também, um albergue (com duas acomodações)

para intercâmbios estético-culturais. Recebendo artistas e ativistas para residências artísticas,

das quais podemos citar: Erica Marques, Linete Matias, Luleta Orradre, Lucas Dalua, Daraína

Pregnolato, JasielMartins.

A Casa tem estrutura para pequenos eventos e vem promovendo muitas atividades, como os

lançamentos do livro Arena Virtual de Seu Ribeiro, o CD Funk - se Rock -se de Tom Nascimento,

DOCPaz noMundoCamará daAssociaçãoCultural Eu SouAngoleiro e apresentações de artistas

e grupos, como: Eric Duarte, SOS Periferia, Segredos da Cor (Música), Ronaldo Soul (Dança),

RobertoDraps (Performance),MaizéVerdade (Teatro).

3939

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:37;Data:31 de Jul de 2014 13:41:54

Page 38: Art22  #  Origens e Cavucultura

ACasa presta suporte técnico para criação do periódico literário "Cabeça de Papel", onde são veiculadas

poesias, contos, ensaios, charges, funcionando ainda, como veículo de divulgação das ações do Ponto

de Cultura. Abriga a biblioteca comunitária Art.22, que atende ao público das oficinas e comunidade em

geral, propondo atividades de incentivo à leitura, como, por exemplo, contações de histórias e saraus.

A Casa Biriba de produções recebeu oficinas de outros projetos premiados pela Associação e de

parceiros, legitimando sua importância embrionária de interação cultural, criando uma movimentação

positiva no espaço e parcerias para geração de produtos artísticos. Projetos recebidos no espaço: Do Zine

aoBlog - Prêmio InteraçõesEstéticas Funarte 2010 -Artista: Daniel Porto; Rede de estúdiosAuto-geridos -

Prêmio Tuxaua 2010 -Artista: Carlos Henrique G. Paulino; Folguedos deAlagoas eMinas Gerais - Prêmio

InteraçõesEstéticas Funarte 2011-Artista: LineteMatias

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:38;Data:31 de Jul de 2014 13:41:55

Page 39: Art22  #  Origens e Cavucultura

294141

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:39;Data:31 de Jul de 2014 13:41:58

Page 40: Art22  #  Origens e Cavucultura

Artenativa - Formação Artístico-CulturalEsta Ação trabalhou com a formação artística, de

público e difusão de saberes alternativos. O

trabalho nas oficinas foi orientado de forma a se

compreender o patrimônio cultural da cidade

histórica de Santa Luzia e suas regiões e distritos,

suas tradições remanescentes, como também

seus contornos urbanos e industriais recentes,

espalhados em bairros, vilas e favelas que

margeiam o município. As pessoas foram

convidados a fazer um levantamento dos bens e

dos agentes culturais das áreas de abrangência

do Projeto, promovendo uma mescla do

conteúdo estético e cultural de acordo com as

especificidades de cada trabalho proposto.Os resultados apresentados ao final de cada

módulo nos fóruns (Ação Chacaravana)

realizados em regiões da área de abrangência do

Projeto foram surpreendentes e significativos,

construídos a partir do patrimônio identificado em

cada comunidade específica. Por exemplo: uma

oficina realizada junto à comunidade de Pinhões

resultou na construção de instrumentos musicais

tendo o repertório pautado nas células rítimicas

do CATOPÊ cuja manifestação perpetua há mais

de 100 anos na região.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:5;Data:01 de Aug de 2014 16:41:51

Page 41: Art22  #  Origens e Cavucultura

4343

Foram implantadas oficinas artísticas, gratuitas

para todos públicos e situações socioculturais, nas

linguagens do Circo-Teatro, Música, Audiovisuale Arte Digital e ainda ações de Literatura para

formação de leitores. As oficinas se espalharam

pelos espaços e comunidades da cidade

conseguindo interagir e interligar saberes, pessoas

e artistas.Todas estas linguagens artísticas

estavam diretamente conectadas ao histórico da

Associação (conforme apresentado). Para tanto,

pedagogicamente, escolhemos dar ênfase aos

estudos, experiências e técnicas apresentadas

pelos grupos de base do Ponto de Cultura. Sendo

que a pedagogia do Curso de Circo-Teatro foi

elaborada a partir dos estudos do coletivo OCA

(Organização Cênica de Amadores), as oficinas de

músicas receberam as orientações pedagógicas e

linhas de pesquisas que foram abordadas a partir

da atuação do Alvorada Pé Vermei, assim como, a

oficina de audiovisual e artes digitais receberam o

apontamento da Iniciativa Luzia de Memórias

Mídias eArtes.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:41;Data:31 de Jul de 2014 13:42:00

Page 42: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circo-teatro

Propomos uma metodologia com oficinas eprofissionais que repassassem os conteúdos doteatro de rua, da cultura popular com referênciasdo circo-teatro e técnicas do teatro do oprimido.Tendo como foco o encontro com a historicidadedas artes cênicas na cidade, desde os períodoscoloniais até os dia de hoje. A cidade de SantaLuzia sempre foi paragem de companhias,circos pequenos.Além de ter seu teatro colonial,onde eram realizadas sessões de arte nacidade. Neste sentido o trabalho do teatrólogoFernando Fabrini, que conhece bem estastramas, foi primordial ao dar inicio à ação.Contamos com a participação também deThiago Araújo que trouxe diversos conteúdoscênicos do teatro popular. Para enfim,chegarmos à comunidade de Taquaraçu deBaixo, que possui o maior atrativo cênico dacidade. Esta Vila do Saber tem um longohistórico teatral, sendo que quase todos os seusmembros já atuaram nos bastidores do teatro.São quatro gerações com espaço próprio eúnico, feito de adobe, um antigo curral, na beirado rioTaquaraçu, afluente doRio dasVelhas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:42;Data:31 de Jul de 2014 13:42:01

Page 43: Art22  #  Origens e Cavucultura

No 1º ano foram oferecidas 120 horas deoficina, sendo que os três módulos foramfeitos na Igreja Nossa Senhora da Penha, noconjunto Palmital, atingindo umpublicomédiode 30 pessoas. Do segundo ano em diante asoficinas foram levadas para as comunidadede Taquaraçu de Baixo e Bonanza, ondeforam aplicadas 240 horas em 2 anos,atingindo um público de 80 pessoas e umasérie de ações de fortalecimento nestascomunidades.

Em Taquaraçu, a atriz Izabel, conhecida portodos como Bebel, foi responsável pelarealização das atividades com a comunidade,promovendo vários registros e resgatando asmemór ias dos ant igos e dos novosaprendizes. Foram feitos encontros comcrianças, jovens, adultos e idosos deTaquaraçu, fomentando o sonho de tornar a

localidade um centro patrimonial do teatro emSanta Luzia. E os resultados foram muitos:peças coletivas, monólogos, poesias,exposição, encontros entre crianças e a velhaguarda teatral, bem como a constituição deum acervo de documentários contendo osfestejos, os fazeres, a religiosidade e adiversidade cultural do lugar.

No bairro do Bonanza as atividades foramministradas pelo ator e contador de históriasMarcos (Tio Teto) nas dependências da Casada Mestra Helena; os trabalhos realizadoscom crianças e jovens entre 07 e 25 anos.Durante todo período foram construidascenas coletivas; Realização da Rádio Feira –intervenção cênico-musical, cortejos, cenascurtas na Casa Bir iba, workshops eperformance cênicas que contribuíam para aformação ampla dos envolvidos.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:43;Data:31 de Jul de 2014 13:42:02

Page 44: Art22  #  Origens e Cavucultura

Música

O projeto pedagógico das oficinas de música teve como fundamento o reconhecimento da artecomo importante catalisador de potenciais individuais e coletivos. Assim foram escolhidos paraorganizar estas oficinas profissionais com uma visão holística apurada acerca dos conceitos damúsica, do ritmo, do canto e do corpo. No 1º ano as atividades foram realizadas na ComunidadeKolpingSãoBenedito e contou com umacarga horária de120 horas divididas em03módulos, comuma média de 25 pessoas por etapa. O primeiro módulo, ministrado pelo artista e sonoplastaJohnny Herno, teve o nome de "Vamos afinar você" e foi o pontapé inicial para que os participantespudessem se envolver no campo criativo da música. Os módulos seguintes foram ministradospelos integrantes do grupo Alvorada Pé Vermei (Geston Machado e André Varogh) onde foramrepassadas técnicas de iniciação rítmica emusical.

No 2º ano as 120 horas de oficinas foram coordenadas pelo grupo Alvorada Pé Vermei nacomunidade quilombola de Pinhões, mais especificamente na E.E. Padre João de Santo Antônio,onde cerca de 60 crianças e jovens puderam aprimorar os conhecimentos musicais; elesconstruíram instrumentos musicais (caixas de folia, chocalhos, tarol, bumbos, dentre outros) epuderam também conhecer um pouco mais sobre a cultura afro brasileira e seus ritmos, danças efolguedos, deixandomais viva a tradição doCatopê da comunidade.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:44;Data:31 de Jul de 2014 13:42:03

Page 45: Art22  #  Origens e Cavucultura

Já no 3º ano as atividades foramministradas pelo músico Ronaldo Pio (Black Pio) na comunidadedoAsteca, junto à E.M.Marina Viana deCastilho, e contou com auxílio daGuarda deMoçambiqueNossa Senhora da Guia. Foram distribuidas 120 horas de atividades para um público de 40crianças, que passaram por aprendizados de técnica vocal, aulas de música com violão (prático eteórico), ensino percussivo e história da música tradicional e popular brasileira. Teve comoresultado uma brilhantemostramusical no evento realizado na escola..,Todos os laboratórios e temas abordados durante as oficinas musicais merecem destaque porfomentar no público envolvido formas e maneiras de experimentar e criar composições autorais,fazer e refazer leituras de ritmos populares como o samba, ijexá, moçambiques e outros. Em 03anos de formação essa oficina contou com suporte daCasa Biriba que disponibilizou instrumentosmusicais, estúdio de gravação e aparelhagem para todas as atividades realizadas nascomunidades.

4747

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:6;Data:01 de Aug de 2014 16:41:52

Page 46: Art22  #  Origens e Cavucultura

Audiovisual

Durante os três anos do Ponto de Cultura foram oferecidas 360 horas de oficinas nesta áreadivididas em 09 módulos e direcionadas a diferentes localidades (Conjunto Cristina – Baronesa -Parte Baixa - Sede). As oficinas tinham como objetivo capacitar os participantes para o uso deequipamentos e tecnologias da área e apurar o olhar para o registro do cotidiano e damemória daregião. Foi atingido umpúblico de aproximadamente 180 pessoas de variadas faixas etárias.

As oficinas tiveram como foco e corpus de pesquisa a memória comunitária e a história deocupação da região, bem como um histórico das várias lutas populares pela construção, naregião, de espaços públicos de cultura. No 1° ano os participantes foram incentivados a pesquisar,entre seus familiares, vizinhos e conhecidos, elementos para a construção de um documentário.Com orientação de Lucimar Pacheco e Daniel Barbosa, no espaço Casa Biriba, foi realizada aoficina de Introdução aoAudiovisual, que resultou na criação de três pequenos vídeos gerados porcada grupo de estudos da oficina.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:46;Data:31 de Jul de 2014 13:42:05

Page 47: Art22  #  Origens e Cavucultura

Em seguida, no 2° ano, tivemosWilton Vinícios na condução dos trabalhos, que foram realizados

junto aos jovens da Vila SantoAntônio, nas dependências do CAIC e na E. E. Tancredo Neves, no

bairro Baronesa; jovens em suamaioria tiveram aulas de fotografia, filmagem e edição. Durante a

experiência puderam expressar um novo olhar sobre os espaços, pessoas e comunidades em

que vivem, fazendo da tecnologia um instrumento valoroso.Aação culminou em uma bela mostra

de fotos na comunidade.

No 3° ano as atividades foram conduzidas pelos integrantes do ILUMMIAR com os participantes

do projeto Proerd (ensino integral) da E. E. Geraldo Teixeira da Costa, eles tiveram aulas de

filmagem, roteiro técnico, geração de conteúdo e produção, ação que resultou na criação do

programa ZICA SHOW - uma experiência acerca do protagonismo juvenil. As oficinas tiveram

suporte direto do núcleo ILUMMIAR e da Casa Biriba para produção e edição das obras criadas

nos laboratórios.4949

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:47;Data:31 de Jul de 2014 13:42:06

Page 48: Art22  #  Origens e Cavucultura

Artesdigitais emídias

As oficinas de mídias e artes digitais foramconfiguradas para exper imentar asferramentas e tecnologias disponíveis naCasa Biriba e de forma interativa com ostrabalhos da Casa, produzindo logomarcas,folders, pôsteres e artes digitais.

Nesta área o Ponto de Cultura selecionouprofissionais que, além da competência depassar conteúdos técnicos, tivessem asensibilidade de estabelecer diálogospossíveis entre tecnologia e arte, de forma anão sobrepor uma sobre a outra. Aexperiência foi inovadora, desafiante eresultou na assessoria e apoio à revistaCabeça de Papel, bem como ampliou odebate acerca do software livre, comosubsídio para reflexão sobre os meios decomunicação e manipulação das mídias.Conduziram os trabalhos destas oficinasVinicius Moreira e Wilton Vinicios. As oficinasforam realizadas apenas no 1º ano obtendo acarga horária de 36 horas com o público totalde 15 pessoas.

Durante os três anos de Ponto de Cultura

foram realizadas outras parcerias com outrosprojetos que tinham como metas executartrabalhos junto aos Pontos de Cultura. Oprojeto Imersão Digital, por exemplo,orientado por Nelson Pombo, proporcionouaos inscritos na oficina alguns acessos àiniciação digi tal ; que ao final foramdisponibilizadas e repassadas através dealgumas ferramentas, tais como: blogs,canais de mídia, estruturação de redes eartes gráficas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:48;Data:31 de Jul de 2014 13:42:07

Page 49: Art22  #  Origens e Cavucultura

Leitura eLiteratura

Durante o período do Ponto de CulturaArt22 foram

realizados saraus em diversas regiões da cidade.

Podemos citar atos realizados nos espaços

Kolping, Casa Biriba e Bar da Andréia, praças e

ruas da cidade. As rodas de artes orais e histórias

também estiveram presentes em todas as

atividades.

Na Casa Biriba montamos um pequeno acervo de

livros – biblioteca especializada em arte e cultura -

que atende a demandas de pesquisas aos

visitantes e usuários da Casa, à artistas e demais

comunitários. O Ponto de Cultura Art22 ainda

lançou 06 edições do periódico literário Cabeça de

Papel. A literatura está nas origens do Ponto de

Cultura e em parceria com a gráfica O Lutador e a

Fundação Fé e Alegria, foram distribuídos 10 mil

Cabeças de Papel, que contou com a contribuição

de vários escritores, poetas, artistas, textos e

imagens de variadas poéticas: Amilton Alves,

Evandro Nunes, OlegárioAlfredo, PatríciaAlhures,

Paulo Nazareth, Priscila Borges, Rogério Salgado,

Seu Ribeiro, dentre outros artistas de poética

verbais e visuais.

51

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:49;Data:31 de Jul de 2014 13:42:08

Page 50: Art22  #  Origens e Cavucultura

Chacaravana - FórunsdeCultura eMostrasArtísticas

Após tantas experiências de implantação de espaços de cultura em distintas regiões do municípiode Santa Luzia, a Associação compreendeu um dinamismo nômade, ser movente, presente noseu histórico de ações. A iniciativa parte, portanto, deste conceito estético-pedagógico: odispositivo de ser itinerante; presente nas culturas ancestrais ameríndias, africanas, ciganas, nasartes circenses,mambembes, nos cortejos de cultura popular, que reconta o início de formalizaçãoda Associação, quando esta iniciou suas atividades em uma lona de circo abandonada(UNICIRCO).

No projeto do Ponto de Cultura Art22 a ação CHACARAVANA deu-se no formato de cursos efóruns de cultura itinerantes que transitaram por locais já conectados em trabalhos anteriores daAssociaçãoArt.22 na cidade de Santa Luzia. Estes diálogos foram construídos a partir da vivênciacultural nas localidades e propiciaram trocas de experiências, contribuindo para o fomento daspolíticas culturais da cidade, aproximando as linhas territoriais e ampliando a rede de conexões eas ações coletivas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:50;Data:31 de Jul de 2014 13:42:08

Page 51: Art22  #  Origens e Cavucultura

53

Os fóruns tiveram o objetivo de potencializar a cultura local e promover o diálogo cultural das váriasregiões de Santa Luzia (rural, colonial e urbana), tendo como perspectiva a intensificação e atransversalidade de conhecimentos.Anterior a sua realização aconteceu a identificação dos ativosculturais inscritos em seu trajeto através de visitas e conversas com as lideranças comunitárias;foram identificados mestres de cultura popular, grupos artísticos e tradicionais, associaçõesculturais, ativistas da cultura, etc.Foram realizados 09 fóruns e 03 mostras artísticas denominadas Bené de Luzia. Um circuitoitinerante fez o mapeamento das manifestações culturais, promoveu debates fomentadores dereflexões sobre as políticas de cultura no município e sobre outros campos dos estudos culturais.Durantes os Fóruns foram elaboradas cartas propositivas para o segmento cultural do município.Todos os documentos foram encaminhadas para o poder público competente e representantes do2º e 3º setor. Durante os fóruns aconteceram, reuniões avaliativas das ações do Projeto Ponto deCultura Art22.Tiveram ainda exibição de cinema, apresentações musicais, teatrais e dinâmicasdirecionadas à cultura do lúdico e à valorização do brincar. Os eventos foram realizados emespaços dentro das comunidades, constituindo-se em um instrumento efetivo de intercâmbio etrocas de conhecimentos e afetividades, entre a equipe do Ponto deCultura e comunitários, e entrepessoas de distintas regiões.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:51;Data:31 de Jul de 2014 13:42:09

Page 52: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circunferências (Fóruns) deCultura

Circunferência 01: ConjuntoCristina

Este primeiro Fórum teve como principio apercepção de uma série de diretrizes queiriam permear todo o itinerário das ações doPonto de Cultura Art22. Nele foi criado umconselho para avaliação do próprio Ponto deCultura. Mas fato realmente marcante foi oinicio da mobilização em torno da criaçãoParque e Centro Cultural do São Bené, naárea conhecida como Mata do Raul. Comoforma de organizar essa demanda antigademos início a um grande movimento pelaimplantação do Parque, atentos para anecessidade e urgência de termos nestaregião (onde convivem 100 mil pessoasaglomeradas em apartamentos) um espaçopara fruição cultural, artística e de convívio

ambiental.

O Fórum foi realizado na Escola EstadualRaul Teixeira Sobrinho, nas imediações dacitada Mata do Raul, sendo que foi destecolegiado de estudantes e de moradores davizinhança que partiu esta demanda.Assim, aproposta foi retirada como tema central dasmobilizações e ações do Ponto de Cultura,s e ndo e s t a be l e c i d a uma r ede deinterlocuções entre ativistas desta causa.Importante dizer que as articulaçõescontinuaram ocorrendo ao longo dos outrosencontros realizados posteriormente.

O Fórum teve ainda em sua agendaapresentações na Casa Biriba, onde houve afinalização dos primeiros módulos deoficinas. Houve um cortejo de brincadeiras eapresentações musicais. Foi atingido umpúblico aproximado de 200 pessoas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:52;Data:31 de Jul de 2014 13:42:10

Page 53: Art22  #  Origens e Cavucultura

55

Circunferência 02:ConjuntoPalmital

O que é cultura? No encontro do Conjunto Palmital a interrogação acerca do que é Cultura,redesenhou definições, desde o cuidado com a terra, aquilo que se cultiva e se cultua, atéchegarmos nas referências culturais deste conjunto habitacional que já foi considerado omaior daAmérica Latina. Na primeira noite realizamos exibição de vídeos produzidos na oficina deaudiovisual. O local escolhido foi a Praça daSavassi, coração doConjunto Palmital, contando comumpúblico aproximado de 150 pessoas.

No dia seguinte as ações aconteceram na sede da ASCOPA - Associação Comunitária doPalmital B – onde buscamos o debate de temas que dizem respeito à realidade cultural domunicípio e suas especificidades. Foram feitas, além das rodas de debates, vivências orientadaspelomulti-artistaRobertoDraps e pelo brincante JoséFaria.

No terceiro dia aconteceu aRádio Feira, na feirinha do Palmital. Tivemos apresentações de teatrocom o grupo OCA e vivência de coco alagoano, com a artista Linete Matias, do Ponto de CulturaOlha o Chico - Piaçabuçu – AL. Finalizamos com uma roda de capoeira comandada pelo MestreZuim. Contou com a participação de um público de cerca de 300 pessoas. Em relação àmobilização em torno do Parque ecológico e cultural, foram identificadas outras áreas de interessenomunicípio.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:53;Data:31 de Jul de 2014 13:42:11

Page 54: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circunferência 03: SãoBenedito

Este fórum teve como principal influência asexperiências de ocupações populares emespaços naturais já ocorridas emoutros lugares.Contamos com a presença do ativista ambientale cultural Izinho Benfica, que trouxe aexperiência de mobilização popular para aimplantação do Parque Lagoa do Nado em BeloHorizonte. Izinho decorreu sobre o históricodesta iniciativa popular que transformou oespaço em referência ambiental e cultural nacapital mineira. Trouxe importante colaboraçãoe motivação para a elaboração do projeto do 1ºParque do Municipal de Santa Luzia. Umaagenda de visitação na Mata foi criada comoforma de mobilizar e acionar outros agentespara a causa.

Realizado na Comunidade Kolping SãoBenedito, contou com um público de 30pessoas. Houve o ensaio performático doprojeto Bojo - Sonoridades e OralidadesArtísticas, roda de capoeira e participações dosgrupos do programa FicaVivo!, cortejo debrincadeiras nas ruas da comunidade evivências em “horta e agricultura urbana” com oSr. João Lima.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:54;Data:31 de Jul de 2014 13:42:12

Page 55: Art22  #  Origens e Cavucultura

57

Circunferência 04: Baronesa eLondrina

Aabertura deste chacra começou comaexibiçãode vídeos na comunidade da Vila Santo AntônionoCineCaixa d'água, contou coma presença deaproximadamente 70 pessoas. Na manhãseguinte foi apresentado um estudo realizadosobre a Mata do Raul e possíveis ações parapreservação e criação do parque ecológico, feitopor estudantes do curso técnico em MeioAmbiente, com orientação do geógrafo LucimarPacheco. A roda de conversa se formou com apresença de pessoas da comunidade,educadores e representantes de associações,um público de 30 pessoas. No mesmo diativemos uma roda de conversa em torno dacriação e implementação do Plano Municipal deCultura (atualmente implementado e em fase deexecução) representantes do;compareceramPoder Público Municipal, vários agentesculturais, artistas e produtores que dialogaramsobre as diretrizes do plano na cidade de SantaLuzia. No último dia as atividades foramdirecionadas para o público infantil, com umcortejo de brincadeiras e a Rádio Feira,realizados na quadra doCAIC.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:55;Data:31 de Jul de 2014 13:42:13

Page 56: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circunferência 05. Comunidade RuraldeTaquaraçudeBaixo

Em Taquaraçu de Baixo começamos o primeiro

dia de Encontro com uma linda encenação do

Grupo de Pastorinhas e um recital na Capela de

São Francisco de Assis , padroei ro da

Comunidade. Houve a exibição dos filmes

Taquaraçu de Baixo - Um povoado e suas

histórias e Poesia em Taquaraçu, realizados em

atividades formativas do Ponto de Cultura Art22.

. Um olhar sobre o rio e a cultura local, foi o tema

abordado na roda de conversa no segundo dia

do Fórum, onde foram apontadas as seguintes

diretrizes para serem contempladas no Plano

Municipal de Cultura de Santa Luzia: meio

ambiente e cultura; grupos tradicionais;

patrimônio material e imaterial. A roda de

conversa foi formada por representantes do

Grupo de Teatro e da associação comunitária

local. Tivemos ainda a apresentação da

performance teatral Maizé Verdade e contação

de histórias com os mestres. Cerca de 150

pessoas estiveramna 5ªcircunfêrencia.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:56;Data:31 de Jul de 2014 13:42:14

Page 57: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circunferência 06: Comunidade dePinhões

Realizado na comunidade quilombola de

Pinhões, aconteceu no mês da Consciência

Negra do ano de 2012. A E.E. Padre João S.

Antônio sediou o evento e assim junto aos

estudantes (ensino fundamental, médio e EJA)

foram feitos debates sobre a importância de se

respeitar as tradições e os costumes

tradicionais; tivemos também apresentações

de percussão dos participantes da Oficina de

Música, capoeira, teatro e exibição dos vídeos:

o Xadrez das Cores e Pinhões e Cultura, este

ú l t imo p roduz ido pe las c r i anças da

comunidade no projeto Pontinho de Cultura

Aprendiz do Lúdico. No primeiro dia de

atividades estiveram presentes cerca de 200

pessoas. No segundo dia foi realizada uma

bela roda de percussão na praça da

comunidade, com a participação da guarda de

Catopê em seguida realizamos uma roda de

conversa sobre os costumes e saberes da

comunidade de Pinhões, de onde foram tiradas

diretrizes para o fortalecimento da cultura e

para o PMCdeSanta Luzia. 59

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:7;Data:01 de Aug de 2014 16:41:53

Page 58: Art22  #  Origens e Cavucultura

Circunferência 07: Rio das Velhas -ParteBaixa

No Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Luzia o

debate se deu em torno dos desafios do Plano

Municipal de Cultura e o movimento cultural. A

partir dos entraves entre gestão pública e os

movimentos culturais e artísticos foram

abordados assuntos no âmbito dos direitos e

deveres do poder municipal. Neste fórum foi

elaborado um documento direcionado à

Secretaria Municipal de Cultura, pleiteando que

este Encontro e o referido documento, fossem

validados como pré-conferência, de forma que

os assuntos ali debatidos fossem levados à

pauta da Conferência Municipal de Cultura de

2013.

A importância da organização se reafirmou vista

a falta de informações dos agentes culturais,

grupos e artistas da cidade sobre o Plano

Municipal de Cultura. Assim foi diagnosticada a

total falta de interesse dos gestores públicos em

divulgar com transparência os acessos aos

quais a população temdireito.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:58;Data:31 de Jul de 2014 13:42:17

Page 59: Art22  #  Origens e Cavucultura

6161

Circunferência 08:Bonanza

Na Comunidade do Bonanza o Fórum foirealizado na Casa da Mestra Helena, guia(astral, firmeza, oráculo) comunitária etranscendente fortalecendo a chama violetadesta vivência forte e prospera da AssociaçãoArt22 em diversas ações. Na primeira noiteaconteceu uma mostra de cinema e logo apóstodos fizeram uma apreciação da lua cheiaatravés de um telescópio. Uma noite de pipoca,poesia e iluminação. Namanhã do segundo diativemos um bate-papo ao pé do fogão, ondedebatemos sobre a realidade da comunidade,as dificuldades de acessos aos equipamentosculturais e sobre a importância da MestraHelena, que faz de seu terreiro um quintal debênçãos, de lazer e encontro para acomunidade local e adjacências. O restante dodia foi enriquecido com um saboroso frangocom orapronobis fei to pelo músico egastrônomo Ronaldo (Black) Pio,que contribuibrilhantemente com o encontro. Participaramdesta atividade cerca de 40 pessoas.

Circunferência 09:Asteca

Um encontro de guardiãs e guardiões dacultura de raiz, com trajetórias magníficas afavor do patrimônio cultural, marcou acircunferência no bairro Asteca. Em SantaLuzia - MG, não existe nenhuma lei, programapublico que assegure e dissemine estesconhecimentos antropológicos, históricos afroindigénas, como referencia as Guardas doRosário, e assim, este Fórum veio para garantiro espaço de diálogo, visibilidade e afirmaçãodos Reinados enquanto patrimônio culturalbrasileiro. Realizado junto a Guarda deMoçambique Nossa Senhora da Guia, tivemosa presenças dos detentores da cultura afro-brasileira, da comunidade local e de grupostradicionais de Santa Luzia, com participaçãode umamédia de 50 pessoas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:59;Data:31 de Jul de 2014 13:42:17

Page 60: Art22  #  Origens e Cavucultura

MOSTRAS INTEGRAIS

AsMostrasCulturais tiveramo objetivo de proporcionar espaço de fruição artísticapara a população de Santa Luzia e, ainda, promover a circulação de grupos eartistas locais identificados durante os Fóruns de Cultura. Com a finalização dasatividades da primeira etapa do Projeto, em 2010, foi organizada a primeiraMostra Cultural Bené de Luzia, que contou com a exibição de documentários,intervenção cênica, apresentação de orquestramusical e um cortejo de palhaços -Paiaciata.

A segunda Mostra aconteceu em dois momentos: na primeira noite a açãoaconteceu naComunidadeKolping, no SãoBenedito, contando comuma roda deconversa sobre a necessidade de criação de uma rede de intercâmbio entre osagentes culturais da cidade e de outras partes do Brasil e comuma exibição de ummaking off dos trabalhos desenvolvidos pelo Ponto de Cultura no ano de 2012. Nosegundo dia foram apresentados os resultados finais das oficinas e, em seguida,realizados os shows doGrupo SOS Periferia, notável expressão do Rap luziense;grupo de samba Segredo da Cor; e grupo Alvorada Pé Vermei, apresentandocantigas e brincadeira populares de roda. Tivemos, também, a apresentaçãoteatralMaizéVerdade, da veteranaBebel, do teatro deCurral.

No ano de 2013 tivemos duas Mostras Culturais uma aconteceu na ComunidadedeTaquaracu de Baixo, onde demaneira primorosa foram apresentadas as peçasteatrais produzidas durante as oficinas, recital de poesias, contação de causos,danças e participação especial de mestres e mestras do teatro.Aoutra aconteceuna Casa Biriba e contou com a presença da comunidade que pode assistir asapresentações de Sarau Tropeiro, Paloma Leite, Ronaldo Black Soul e Cia eexibição emvídeo das ativdades nas oficinas artísticas.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:8;Data:01 de Aug de 2014 16:41:54

Page 61: Art22  #  Origens e Cavucultura

63

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:61;Data:31 de Jul de 2014 13:42:20

Page 62: Art22  #  Origens e Cavucultura

Desdobramentos

Dentre as ações, todas importantes, realizadas nosFóruns deCultura destacamos:

1. Ação pública para implantação do primeiro parque ambiental e cultural de Santa Luzia, na Matado Raul, localizada no Conjunto Cristina (foram criadas de redes sociais, visitas, caminhadas aoslocais, eventos, fóruns, encontros,mobilizações e passeatas).

2. Criação de um conselho orientador do Ponto de Cultura e de uma Comissão representativa noConselhoMunicipal deCultura deSanta Luzia.

3. Contribuição para a criação do Plano Municipal de Cultura, que possui como uma das metas acriação de centros culturais.

4. Promoção de intercâmbios entre comunidades, artistas, agentes de cultura, educadores dacidade, comacriação de uma redemunicipal de cultura.

5. Fortalecimento das ações de formação junto aoConselhoMunicipal deCultura deSanta Luzia

6.Realização de apresentações artísticas e geração de renda criativa.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:62;Data:31 de Jul de 2014 13:42:21

Page 63: Art22  #  Origens e Cavucultura

PPOONNTTIINNHHOO DDEE CCUULLTTUURRAA -- AAPPRREENNDDIIZZ DDOO LLÚÚDDIICCOO

6565

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:63;Data:31 de Jul de 2014 13:42:23

Page 64: Art22  #  Origens e Cavucultura

Os Encontros Temáticos, ou Formação deBrincantes, tiveram como objetivo a formação demultiplicadores da cultura lúdica e da valorizaçãoda brincadeira como componente essencial daformação de crianças e adolescentes. Teve comopúblico-alvo educadores, oficineiros de outrosprogramas, pais e familiares das crianças ligadosao projeto, e demais interessados na formação deb r i n c a n t e . F o r a m c o n v i d a d o s o seducadores/pesquisadores/brincantes CláudioFritas e Marilza Máximo para desenvolverencontros teóricos e práticos sobre temas derelevância ao projeto. Foram abordados, dentreoutros, os temas: Valorização da cultura lúdica; O

espaço da brincadeira na educação formal;

Formação do profissional brincante; Brinquedos

de ontem e hoje; A inserção da tecnologia no

universo lúdico da criança. Foram realizadasvivências a fim de ampliar nas pessoas acriatividade, a sensibilidade e, acima de tudo, aliberdade e o desprendimento da brincadeira. Oprojeto beneficiou 140 pessoas.

Premiada pelo Ministério da Cultura noedital Pontinhos de Cultura a AssociaçãoArt22 potencializou suas atividadesligadas à cultura da infância, percorrendoas comunidades de Santa Luzia comatividades artísticas, lúdicas, populares ede formação no ano de 2012. O ProjetoPontinho de Cultura Aprendiz do Lúdicopossibilitou formação para educadores,professores, gestores e instituições dacidade que trabalham com foco no públicoinfanto-juvenil. As crianças também forambeneficiadas nas oficinas deBrinquedos eBrincadeiras eBrincando comasMídias.

A iniciativa, prevista inicialmente para 04localidades do Município de Santa Luzia,foi no entanto, ampliada totalizando 09comun idades . Rea l i za ram-se 06encontros Temáticos em parceria com aFundação Fé e Alegria; 05 oficinas com opúblico infanto-juvenil; 06 Cortejos deBrincadeiras; 01 encontro de Brincantes;implantação de 03 brinquedotecas.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:64;Data:31 de Jul de 2014 13:42:23

Page 65: Art22  #  Origens e Cavucultura

6767

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:9;Data:01 de Aug de 2014 16:41:56

Page 66: Art22  #  Origens e Cavucultura

A oficina de Brinquedos e Brincadeiras traz os modos de brincar tradicionais. A importância

dessa atividade se assenta na necessidade de criação de momentos específicos para a

brincadeira. As crianças brincam, brincam nas ruas, em cima das lajes, mas nem sempre em

segurança, nem sempre orientadas ao respeito ao próximo, à preservação do MeioAmbiente, e à

cultura da paz. O brincante Faria (José Faria Júlio) apresentou às crianças possibilidades de

construção de brinquedos, de trabalho com as artes, além de noções de solidariedade, respeito

aos mais velhos e aos colegas, cuidado com os objetos, animais e meio ambiente. A oficina

Brincando com as Mídias foi executada por profissionais brincantes qualificados no trabalho

com o audiovisual. Hoje é inegável o apelo que a tecnologia tem sobre os jovens (vídeo games,

internet, redes sociais, fotografia, televisão), e não podemos lutar contra ela. Podemos, sim, nos

utilizar dela para construir conteúdos culturais e estéticos de qualidade, onde o lúdico e o universo

infantil estejam presentes. Durante a oficina foram produzidos trabalhos com fotografias, vídeos e

o documentário Aprendiz do Lúdico. Nas oficinas de Brinquedos e Brincadeiras e Brincandocom as Mídias foram beneficiadas 190 crianças e adolescentes de 02 a 14 anos, moradores das

periferias, comunidade quilombola e comunidade rural da cidade deSanta Luzia emMG.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:66;Data:31 de Jul de 2014 13:42:27

Page 67: Art22  #  Origens e Cavucultura

As Brinquedotecas tiveram o objetivo de criarespaços de qualidade para a brincadeira. Esteambiente prepara o mundo do "faz-de-conta“, edesvincula o valor do brinquedo ao seu valormonetário e ao sentimento de posse, já que tudodeve ser partilhado entre todos. É um local onde acriança se sente segura para criar e exercer seuspotenciaisl criativos. O adolescente também podese beneficiar da brinquedoteca, seja pelo uso dosjogos (que desenvolvem raciocínio e sociabilidade)seja pelo prolongamento das especificidades dainfância, impedindo sua entrada precoce na vidaadulta. Foram implantadas nas seguinteslocalidades: Casa Biriba (Conjunto Cristina), CasadaMestraHelena (Bonanza) eCasa doMestre Bené(Morro Santo Antônio). Para implantação dasmesmas foram adquiridos livros infantis ebrinquedos novos, com a proposta de priorizar jogospedagógicos e brinquedos artesanais. Nesta ação ébeneficiado, de forma crescente e contínua, umpúblico itinerante de crianças, adolescentes, pais e

1.Morro Santo Antônio/ bairro Baronesa - Casa do Mestre Bené. / 2.Comunidade do Palmital.- 2.1.Fundação Fé eAlegria.-2.2 Centro Cultural Calazans./3 Conjunto Cristina.- 3.1.Escola Estadual Murghi Hibraim.- 3.2.Casa BiribaArt22. /4.Bairro Baronesa - CAIC (Centro deAprendizagem e Integração de Cursos)./5.ComunidadeQuilombola dePinhões -Escola Padre João de Santo Antônio.- 6.Bairro Bonanza./ 6.1.Terreiro da Mestra Dona Helena.7,Comunidade Rural Taquaraçu de Baixo - Escola Municipal Dom Pedro II./ 8.São Benedito - Comunidade KolpingSãoBenedito./ 9.CentroHistórico deSanta Luzia - Solar daBaronesa.

Descrição dos locais onde foram realizadas as atividades:

6969

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:67;Data:31 de Jul de 2014 13:42:28

Page 68: Art22  #  Origens e Cavucultura

Os Cortejos de Brincadeiras foram ações mobilizadoras pelas ruas divulgando e informandosobre a importância do brincar . Beneficiaram em torno de 260 pessoas, entre crianças eadolescentes, artistas, arte educadores, músicos, mestres e comunidades de área quilombola, docentro e periferias deSanta Luzia.

O Encontro de Brincantes consistiu em reunir os atores ligados ao universo das brincadeiras,tendo o objetivo de apresentar os resultados finais e debater com a população aspectosimportantes da cultura da infância e da valorização do brincar. Participaram 25 pessoas, entre

c on t a do r e s de h i s t ó r i a s ,brincantes, artistas, mestres,professores e gestores deinstituições ligadas ao universoda infância e juventude. OEncontro foi realizado noSolar daBaronesa, no Centro Histórico deSanta Luzia.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:68;Data:31 de Jul de 2014 13:42:29

Page 69: Art22  #  Origens e Cavucultura

7171CAVUCULTURA

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:69;Data:31 de Jul de 2014 13:42:31

Page 70: Art22  #  Origens e Cavucultura

Certa vez um homem nos perguntou qual era a nossa profissão. Uma grande cobra reluziu naestrada às beiras do rio Tanque, afluente do Santo Antônio/Doce. Respondemos quetrabalhávamos conforme a demanda. Se era para plantar, agente plantava; se era para cantar,agente cantava; bater laje na favela, subir lona no fim de tarde, pescar quando é lua, dançarquando é vento, viajar quando for luz. Ohomementão respondeu: pois então vocês são cavucos.Aquele que faz tudo, auxiliar de peão, o servidor. Serventes de ofícios, acumuladores desabedoria, que por inocência e humildade não sabem a grandeza daquilo que fazem - umaprendiz eterno.

“Uma agricultora sanfoneira e que ainda faz o pão, prepara a medicina dosvegetais, ensina cerimônia... Um griô, um brincante, cozinheiro comunitário,atuante nos segredos das folias, eletricista de energias sutis, um auxiliar de tudoquanto pode, um aprendiz... Uma poeta, artista oral, senhora do mel, tecelã deestrelas, escultora de panelas de barro, caverna e oráculo, aprendiz... Um ator,artesão das estradas, ummecânico dos nômades, ser polivalente, um pau pra todaobra.. umservidor dos saberes, umcavuco".

Daí em diante a palavra ficou recorrente nos dialetos dos grupos. Muitos adicionaram o vocábuloaos seus atributos diários do fazer cultural. No espaço Chácara da Arte mantido por dois anospela Associação Art22, as práticas foram chamadas de cavucas, e o conceito utilizado nosmutirões na roça, nas revitalizações da terra ,nas rodas de oralidade, no dia a dia das pedagogiascoletivas empreendidas naquele lugar. A Associação Projeto Presente (Ponto Cultural eAmbiental da Serra do Cipó) utilizou o termo Cavuco em seus trabalhos, fazendo estudos nasabedoria das grutas e nascentes da região das Serras, através de uma série de açõesarticuladas por Vinicius Moreira. A Rede Catitu Cultural, adotou o termo e viabilizou, em 2009, oprojeto Cavuco –Avoz do saber e ofícios na periferia, que sob a coordenação geral de FernandoFabrini, trabalhou com Mestres e Aprendizes de Belo Horizonte. Entre estas e outras paragens,em tantas cidades e vilas, estivemos em parceria com o Projeto Manuelzão - UFMG emcaravanas ambientais e atividades como o FestiVelhas (Festival Cultural eAmbiental do Rio dasVelhas), desde o inicio do projeto.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:70;Data:31 de Jul de 2014 13:42:31

Page 71: Art22  #  Origens e Cavucultura

7373

Nos conectamos também à Jardins Produções, participando das primeiras edições do eventoVozes de Mestre, ampliando a rede de mestres e cultura popular. O conceito foi usado, nasimersões do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Educação Social (IBDES) e do NESTHUFMG - Núcleo de Estudos Sociais do Trabalho Humano, em circuito de mobilização emcomunidades quilombolas, garimpeiras, ribeirinhas e altaneiras presentes na Cordilheira doEspinhaço, Minas Gerais. O emprego de práticas metodológicas, baseadas no conceito deCavuco nestes distintos trabalhos levou a formulação do projeto Pontão de Cultura CavucoPluriétnicoSemovente, que atualmente chamamosdeRededoEspinhaço.

"O caráter multiplicitário do projeto em tela reconhece a inestimável contribuição da culturaafro-brasileira, contemplando ações em grande número de comunidades quilombolas.Contudo, a pluralidade embutida na figura do CAVUCO não restringe - se a uma única matrizcultural, mas emerge como expressão de sínteses criativas das várias matrizes étnico -culturais que lhe dão suporte. O termo CAVOUCO remete a 'cavoucar', indicando a gênesedos fluxos semoventes que fixaram registros no território do PONTÃO. Daí a aproximaçãoetimológica nos indicar a proximidade com a atividade da agricultura, registros do pau-de-cava, cavucar sementeira; minerária: cavoucar, fazer buraco na mina para colocação dedinamite ou abrir cova para onde escorre a água, tal como atualmente encontramos nasBARRAGINHAS (verdadeiras tecnologias sociais permaculturais para contenção da água dachuva e umidificação do terreno) construídas por moradores e regiões de baixa pluviosidadeno Vale do Jequitinhonha. No posto mais avançado das “línguas boas”, caboucar indica apotência das sínteses disjuntivas e conectivas que uma aproximação com manifestaçõesculturais que pululam no Pontão. A transversalidade com as ações de promoção epreservação do patrimônio cultural são justificadas impulsionaram o sentido original emdireção ao devir CABOCLO REIBEIRINHO, permitindo particularmente em função daSERRA DO ESPINHAÇO, que divide as terras do mato-a-dentro e do SERTÃO DASGERAIS, ou seja, da mata atlântica a leste e do cerrado e suas veredas a oeste, guardandovestígios de águas passadas e presentes, como afloramentos calcários, fósseis de plantas eanimais, grutas ricas em espeleotemas, destacando-se as nascentes e confluências deverdadeiras caixas d'água do país, como os rios atualmente designados São Francisco, Docee Jequitinhonha, que abastecem grandes bacias hidrográficas e garantem a biodiversidade ea dinâmica planetária". (Projeto Pontão de Cultura CAVUCO / PLURIETNICOSERMOVENTE – texto: ViniciusMoreira e Júlio Jader).

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:71;Data:31 de Jul de 2014 13:42:31

Page 72: Art22  #  Origens e Cavucultura

Assim, podemos dizer que há uma influência contemporânea da análise a partir da avaliação dosregimes de construção de conhecimento, subjetividade, inventividade e transformação, pelaebulição criativa desenvolvida no esquizodrama, na catarse, transe. Daí o Cavuco - homem dascavernas - cava suas memórias do futuro e as traduz de profecias do passado, presente. Garimpatoda estrutura institucional (familiar, religiosa, capital, industrial, etc.) e está integrado em uma redede sabedorias infindas. Salta dos etéreos, práticas de aberturas das percepções, e sua relação como mundo desenrolea-se em vários novelos. São inúmeros conteúdos que se integram no espíritodo cavuco e nos espíritos irmãos (bichos, plantas, lua, sol). Estudo amplo que habilita os iniciados acompreender os princípios da energia e suas fontes imateriais imanentes. Quando o senhor dosofícios - o cavuco - abre as cortinas do conhecimento, ele interliga universos inteiros, realidadesmoleculares, em uma cadeia infinita de inventividade cósmica, ordenando seu corpo com anatureza; em comunhão.Ao capinar o seu roçado e investigar o vento, ele sintoniza a semelhançaspresente em tudo e transforma em expressão (arte, cultura popular,etc.) as relações suprimidaspelo poder e suas formas de domínio. O conceito foi alinhando-se à noção de educação e culturaintegral, ao trabalho comaarte, aos saberes ambientais, ao respeito aosmestres de sabedorias, aotrabalho coletivo, à formação de redes e às vivências culturais de diversas ordens. Nesse sentidopassamos nesse momento ao relato de experiências empreendidas e à tentativa de teorizaçãometodológica, naquilo que passaremos a chamar dePedagogiaCavuca¹.

¹ Importante dizer que este relato e a tentativa de sistematização pedagógica, implicam emmuitas vozes, na atuaçãode diversos agentes, instituições parceiras, amigos colaboradores, não sendo ação exclusiva do Art22, masconstrução compartilhada entre muitas pessoas, grupos e entidades. Dessa forma, as reflexões aqui apresentadasnão estão de nenhuma forma finalizadas, cabendo a todos os colaboradores o processo de reformulação erenovação constante destaPedagogiaCavuca.

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:10;Data:01 de Aug de 2014 16:41:57

Page 73: Art22  #  Origens e Cavucultura

7575

A ressurgência deste termo Cavuco articulou uma rede informal de pessoas e organizaçõesempenhadas no desenvolvimento de ações (culturais, artísticas e ambientais) nas terras daCordilheira do Espinhaço (Reserva da Biosfera pela Unesco). A Cordilheira do Espinhaço é umacadeia demontanhas que se estende desde oQuadrilátero Ferrífero emMinasGerias, até o Estadoda Bahia, na Chapada Diamantina. O Espinhaço resguarda grande variedade de recursos naturais,tendo em sua influência importantes Unidades de Conservação, como o Parque Nacional da Serrado Cipó, o Parque Nacional das Sempre Vivas, o Parque Estadual do Itacolomi, o Parque Estadualda Serra do Rola Moça, o Parque Estadual do Rio Preto, entre outros. É morada de comunidadestradicionais e variados saberes culturais: congados, capoeiras, marujadas, folias, folguedos de boi,raizeiros, parteiras, tropeiros, produtores de cachaça, tocadores de sino, xamãs, artesões de artesdistintas, produtores de queijo, poetas populares, eremitas. Filhos de lapa, lajeados, nascentesd'água, mães da luz, Luzia. Nações fincadas em cavernas, moradas do cerrado atlântico descendoágua.

A região passa por um processo de transformação geológica e política causada pela mineração,turismo e ocupação urbana em suas serras. Muitas comunidades tradicionais estão ameaçadaspela chegada destes investimentos que transformam toda a cosmologia e hábitos culturais locais.Dentre estas VILAS DO SABER podemos citar: Tabuleiro, Lavras Novas, Macacos, Milho Verde,Lapinha daSerra, CardealMota (Serra doCipó), entre outras.

Em 2009 foi viabilizado, pelo Ministério da Cultura no edital Tuxaua, o projeto Saber Popular naCordilheira do Espinhaço. O projeto possibilitou o fortalecimento da Rede, através de trocas deexperiências e vivências entre pessoas, grupos e comunidades conectadas pela Chacaravana.Uma caravana que visitou seguintes Pontos de Cultura na Cordilheira do Espinhaço: Chacrinha dosPretos (Belo Vale/MG) Quilombo da Mata do Tição (Jaboticatubas/MG), Cor Tição (BeloHorizonte/MG), Art22 (Santa Luzia/MG), Tapera Real (Conceição do Mato Dentro/MG), Raízes doSertão - São Gonçalo do Rio das Pedras (Serro/MG), Centro deArtesanato da Região de Januária(Januária/MG), Circo do Capão (Palmeiras/BA), Grão de Luz eGriô (Lençóis/BA) eOlha o Chico nafoz doRio São Francisco (Piaçabuçu/AL). Neste percurso foram tantas ações realizadas, trocas desaberes, mutirões, oficinas, rodas de conversa, apresentações artísticas, brinquedos ebrincadeiras, plantios, ritos, performances, exibição de filmes e registro audiovisual. Cavucagemd'semear:

Rede do Espinhaço

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:73;Data:31 de Jul de 2014 13:42:33

Page 74: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:74;Data:31 de Jul de 2014 13:42:35

Page 75: Art22  #  Origens e Cavucultura

77

Chácara é uma área verde pequena com casa de campo. - Chácara daArte Chacra Base.. Pelasserras e trovoadas deste janeiro vamos sair pelas interdisciplinaridades de conceitos: Cavuco.percorrendo a translúcida aprendizagem pela cordilheira do Espinhaço: Chacaravana - espaço decultura nômade - integral - chacras percorridos por cobra coral. Chacaravana – agriculturaandante, familiar/celeste - economia solidária.Meridianos de energia (...)

Esta é uma jornada em nossos trabalhos, com a incursão de tuxauas, agentes múltiplos:Brincantes que levam sementes para trocar, tocar. Atores no rio rito da rua, do picadeiro, semfronteira espacial. Meninos de ofíciosmultimídia conectados e sãomuitas vilas que nos permitemconectar as transmissores dos saber pelas linhas etéreas. Virtuais - registros áudio visuaisdurante o trajeto - memória e clarividência presentes. Plantio no salto, sobressalto em tabu.Bailarinos para plantar. No percurso, rios encontram rios - ideogramas em nuvens. Ir ao rito maistarde; candombe, brinquedo, boi, pajelança ou teatro. Palhaçaria sagrada. Cada cidade e vila;cada ponto de cultura - seusmestres e guias.

As introspecções de água, ebulições harmônicas, banhar. Minha tapera é casa de contar história,ali na frente é nossa agricultura, é boa igual angu com couve. Desce mais um folia de reis com asuníssonas oitavas dos sentidos. Vamos para a roda de conversa que omestre da estrada convidounas ruas daqui, em São Gonçalo do Rio da Pedras. Diamantina, desce secando o jequi, cantar umcoco na praça d'manhã.Vereda sinuosa de buritizais quartzos. Acompanhar o rio São Franciscopelas baixadas do Peruaçu - cantar com marujo de Januária.. O caleidoscópio extraterreno eintraterreno das grutas deMontalvania e os bonecosmísticos, pernas e retratos na gruta capela deBomJesus da Lapa.

Abordagens e performance; é hora de arrumar os figurinos do circo, antes de tomar banho nafumaça do Capão. Chapada de Diamantina. Chacra - circunferências oumeridianos de energias;Rupestres sentidos surgem nas travessias. Vento de borboletas campanárias. circunferênciascom as comunidades. Passar pelo significante Grão de Luz e Griô e sua pedagogia afluente e foz.Viajar segunda-feira Feira de Santana. Ervas medicinais e formas de plantio: hora de tomar o chá.Das canoas deSergipe atravessar paraPiaçabuçu nasAlagoas... ir a foz, olhar oChico... Opara

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:75;Data:31 de Jul de 2014 13:42:35

Page 76: Art22  #  Origens e Cavucultura

Outra contribuição relevante para a articulação da Rede foi o projeto Macuco – um pássaro quereaprende a voar, concedido aMarileneRodrigues, no edital doMinCTuxaua 2010.

``Projeto Macuco - um pássaro que reaprende a voar prevê a constituição de uma rede de diálogos eações entre coletivos de mulheres no que se refere à cultura e à arte, uma maneira de garantir que amulher seja protagonista de seu próprio fazer cultural. Além disso, prevê a sistematização deelementos da cultura intimamente (e historicamente) ligados às funções sociais da mulher. Saberesantigos, de manipulação das plantas, do trabalho artesanal, do parto natural, e que vêm sendodesprezados como “coisas de mulher” e vistos como indignos de serem realizados pela “mulhermoderna”. Com isso, essa sabedoria, que hámilênios esteve resguardada pelasmãos dasmulheres,correm risco de se perder para sempre. É necessário resgatar na ancestralidade a importância damemória e da cultura da mulher e fortalecer os vínculos quebrados pelos processos destrutivosdeixados pela discriminação e pelos preconceitos registrados emnossa sociedade.´´

Foram inspiradores os vôos doMacuco nesta rota pelas terras fecundas, férteis e secas dasMinasGerais. Os percursos pelos lugaresmapeados por esta ação teve comomarco emcomumas vidasunipotentes de mulheres simples, guerreiras, amáveis, tolerantes e mães em sua maioria. Oprojeto circulou trocando presentes simbólicos como pano de prato, farinha de mandioca,sabonetes artesanais, colares e outras especiarias dos costumes cotidianos. Em cadacircunferência foram escritas cartas relatando as trajetórias das vidas, os sonhos, as alegrias, astristezas e mil e uma outras sutilezas, superações e adversidades. Sua rota foi pelo Vale doJequitinhonha iniciando sua visita na cidade de Minas Novas no Quilombo Macuco, e seguiu paraos quilombos urbanos Vila doAcabaMundo, Comunidade Flor do Cascalho, bairros VendaNova eSaudade emBelo Horizonte.As trocas aconteceram ainda nosQuilombosMato doTição ,Açude(Jaboticatubas) e Pinhões (Santa Luzia). Uma experiência que proporcionou o encontro de váriospovos, pelos relatos descritos e depoimentos colhidos, resultante de uma rede fortificante dosfazeres e saberes do universo feminino.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:76;Data:31 de Jul de 2014 13:42:36

Page 77: Art22  #  Origens e Cavucultura

7979

Boi daRede

Ovilarejo da Lapinha da Serra - distrito de Santana doRiacho / MG - está localizado ao pé do Picoda Lapinha, segundo ponto mais alto da Serra do Cipó, e possui cerca de 400 moradores.Localizada em uma região de intensas belezas naturais, a comunidade tradicional passa pormudanças de suas estruturas sociais, ocasionadas, principalmente, pelo avanço do turismo eurbanização local. Desde o ano de 2002 realizamos junto com a comunidade o Boi da Rede,folguedo que reúne as pessoas para brincar, cantar e dançar nas passagens de ano dacomunidade.

O folguedo realizou-se durante 10 anos na Lapinha e contou com a participação de pessoas dacomunidade, como o músico e liderança local Vilmar Aparecido, Mestre Juquinha, Dona Lina, ZéPaulo, Sr Zinho, Dona Geralda, Rafael e mais um tanto demeninos e meninas. O Boi manteve-secom o apoio e participação constante da 2F7 ProduçõesArtísticas e da Iá Cultural produções. Em2012 foi aprovado o projeto Boi da Rede Berra, Berra,Viga lume! no edital Microprojetos Bacia doRio São Francisco (Funarte / MinC).Aação, realizada entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013,contou com oficinas nas comunidades, hospedagem comunitária, produção de adereços efigurinos do folguedo.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:77;Data:31 de Jul de 2014 13:42:37

Page 78: Art22  #  Origens e Cavucultura

Seminário doSaberPopular

Outra articulação da Rede do Espinhaço foi a realização do Seminário do Saber Popular. Trata-sedo encontro dos mestres e aprendizes de saberes presentes na Cordilheira do Espinhaço;momento para troca de experiências sobre a cultura tradicional brasileira, principalmente no quese refere aomodo de vida dos povos tradicionais e do patrimônio imaterial do qual são detentores.Tem o objetivo de fortalecer as conexões em rede das comunidades de sabedoria popular naregião geográfico-cultural da Cordilheira do Espinhaço interligando coletivos de cultura inseridosneste território, seus respectivos grupos e pontos de cultura, no que se refere ao saberpopular/ancestral.

O Primeiro Seminário do Saber Popular foi viabilizado a partir do Prêmio Areté (MinC) e realizadopelaAssociaçãoArt22 emparceria comaAssociaçãoProjeto Presente e aRedeCatitu Cultural emnovembro de 2009, na comunidade quilombola de Pinhões, Santa Luzia / MG. O Encontro reuniumestres e aprendizes da Ação Griô Santa Luzia, Ação Griô Serra do Cipó, Projeto Cavuco BeloHorizonte e Tuxauas de outras localidades mineiras (Vale do Jequitinhonha e Zona da Mata) e aprópria comunidade quilombola dePinhões.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:78;Data:31 de Jul de 2014 13:42:38

Page 79: Art22  #  Origens e Cavucultura

8181

EncontrodosPovosdoEspinhaço

Asegunda edição doSeminário doSaber Popular recebeu como subtítulo Encontro dosPovos doEspinhaço, e foi realizada na comunidade rural da Lapinha da Serra, distrito de Santana doRiacho / MG, com recursos do Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais. Aconteceram,durante os cinco dias de evento, oficinas de construção de instrumentos, danças populares, debrinquedos e brincadeiras, de vídeo, apresentações artísticas com conteúdos de cultura popular,palestras, rodas de oralidades com mestres, educadores e comunidade, exibições de filmes efeira de produtos regionais. Importantes rodas de conversa foram construídas na praça, escola,quintais, igrejas e casas da Lapinha a partir dos temas: Reserva da Biosfera do Espinhaço;Lapinha - preservação e paisagemcultural; Ressurgências dos saberes indígenas; Comunidadesquilombolas; Cultura do lúdico e educação integral; Capoeira patrimônio cultural brasileiro; Apermacultura e amedicina das plantas; Benzedeiras e parteiras - ofícios tradicionais femininos.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:79;Data:31 de Jul de 2014 13:42:39

Page 80: Art22  #  Origens e Cavucultura

Abrilhantando o seminário aconteceram apresentações dos grupos culturais: Guarda deCaboclinhos do Serro; Guarda de Moçambique Nossa Senhora da Guia e Guarda de Catopé dePinhões, ambas de Santa Luzia; Batuque da Lapinha, Boi da Rede e Grupo Batuque nos Pés, deSantana do Riacho; Boi da Manta – Irmandade dos Atores de Pândega, de Lagoa Santa;Candombe do Matição, de Jaboticatubas; Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário deDores de Guanhães; Roda de Capoeira da Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, de BeloHorizonte. Nas apresentações artísticas tivemos a presença musical de Nádia Campos, DonaJandira, Sarau Tropeiro, Trio Lapinhô; Cia de dança Baobá e apresentação teatral da comunidadede tradição do teatro rural deTaquaraçu deBaixo

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:80;Data:31 de Jul de 2014 13:42:41

Page 81: Art22  #  Origens e Cavucultura

8383

Participaram do encontro os Pontos de Cultura: Chacrinha dos Pretos (Belo Vale); Quilombo daMata do Tição (Jaboticatubas); Art22 (Santa Luzia); Tapera Real (Conceição do Mato Dentro);Bem-te-vis ( Itatiaia); Museu da Oralidade (Três Corações); Raízes do Sertão de São Gonçalo doRio das Pedras (Serro). Contamos com a presença de grandes mestres dos quais podemos citar:Tuxaua Aílton Krenak, liderança indígena; Mestre João Angoleiro e Mestre Zuim da Capoeira;Mestre João Lima da alimentação natural; Mestras Helena e Piedade (benzedeiras); MestreGuerino, capitão do Catopé; Mestras Jovelina e Vilma, artesãs da Flor do Cerrado; Mestre Dirceudo Congado; Mestre Thibal escultor, Professor Ulisses - medicina integral e todos os mestres daLapinha: SeuZinho, Seu Juquinha, SeuMundinho,DonaGeralda,Dona Lina; entre outros.

Este encontro teve a parceria das seguintes instituições: Associação dos Amigos da Lapinha,Instituto EcoVida São Miguel, Rede Catitu Cultural, Instituto Pé de Urucum. Estiveram presentesainda: Iphan / MG, representado na pessoa de Corina Moreira, que apresentou resultados doInventário de Referências Culturais da Serra do Cipó; ComissãoMineira de Folclore, na pessoa doprofessor Moreira; Cedefes, que contribuiu nas discussões sobre as comunidades quilombolas.Contou com o apoio das prefeituras de Santana doRiacho, Lagoa Santa, Dores deGuanhães e deBeloHorizonte através da suaFundaçãoMunicipal deCultura.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:81;Data:31 de Jul de 2014 13:42:41

Page 82: Art22  #  Origens e Cavucultura

O Seminário utilizou do sistema de hospedagem solidária, acomodando as pessoas nas casasdos moradores revertendo esse recurso diretamente para comunidade, o mesmo acontecendocom a alimentação. Com foco na educação cultural e no patrimônio imaterial, todos forambeneficiados moradores e interessados participando da programação proposta. Estas açõeseducativas apontaram vários desdobramentos, como: vídeos; encontros menores; publicaçõessobre o patrimônio cultural nasSerras doEspinhaço; formação demultiplicadores da temática nascomunidades; requerimento de Registros de patrimônio cultural; implantação do Centro deTradição da Lapinha (espaço para preservação da cultura local). O encontro possibilitou aconvivência intensa entre todos os participantes. Pudemos simbolizar o momento de comerjuntos, de cantar, dançar, brincar, dialogar e dormir em uma rede de sonhos comuns, Durante oseminário foram vivenciados os conceitos de ecologia integral, potencializando o acervo cavuco.Estas ações convergempara que outro encontro seja realizado, atentos às tantas confluências depautas, temáticas, simpatias, formações, sociabilidade e esperanças de reencontros, ancestrais,ascendentes.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:82;Data:31 de Jul de 2014 13:42:43

Page 83: Art22  #  Origens e Cavucultura

8585

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:83;Data:31 de Jul de 2014 13:42:45

Page 84: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:84;Data:31 de Jul de 2014 13:42:46

Page 85: Art22  #  Origens e Cavucultura

8787

EnsaioparaumaPedagogia

Na atualidade muitas discussões têm sido realizadas em torno do processo de ensino e aprendizagem, eestas discussões envolvem inúmeras orientações pedagógicas, bem como a relação entre educaçãoformal x educação informal. Também é recorrente a reflexão sobre omodo como a educação deixou de ser,em determinado momento histórico, responsabilidade da família ou da comunidade, para se tornarresponsabilidade exclusiva dos centros formais de ensino. As escolas brasileiras seguem os ParâmetrosCurriculares Nacionais, que dizem respeito aos conteúdos que devem ser trabalhados em cada faixaescolar. Mas, se estes Parâmetros dizem o quê ser ensinado, todavia não dizem o modo. Dentro dasescolas nos deparamos com uma diversidade de relações sociais, culturais, religiosas, que causamdivergências, demonstrando que as práticas pedagógicas devem sempre levar em consideração assituações que se apresentam em cada caso específico. O modo pelo qual o processo educativo acontecenos centros formais de ensino nem sempre leva em conta essa diversidade, e o resultado são alunosdesmotivados e uma crise na educação formal que já dura anos, e pra qual a sociedade brasileira ainda nãoencontrou solução.

Atenta a este fato, a sociedade tem investido em um tipo de educação desenvolvido nos meios populares,em espaços comunitários, igrejas, ONGs, e o objetivo principal destas iniciativas não formais é diminuir osaltos índices de violência, marginalização e consumo entre crianças, jovens e adultos, por meio de açõesintencionais e organizadas por profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Estes profissionaisbuscam discutir o meio sociocultural, sistematizar processos e integrar movimentos coletivos e isoladosnos diferentes espaços, a fim de minimizar a realidade de exclusão social em que vive grande parte dapopulação brasileira (negra, indígena, periférica, rural, exclusão de gênero e orientação sexual).Aprincipalconsequência tem sido a valorização de uma aprendizagem que aconteça ao longo de toda a vida, voltadapara uma formação continuada e capaz de movimentar o prazer de aprender, de construir, como também,de reunir experiência pessoal e coletiva.

Percebendo que na maioria dos espaços de educação formal o processo de aprendizagem aparecefragmentado e isolado da vida real, reunimos, desde o ano de 2006, vários profissionais como arte-educadores, artistas, pedagogos, psicólogos, agentes culturais, mestres de ofícios e pessoas dacomunidade para consolidar práticas pedagógicas existentes e estabelecer novas discussões envolvendodiferentes áreas do conhecimento, promovendo outro modo de aprendizado, interdisciplinar e integral,valorizando não somente os conteúdos escolares, mas outras sabedorias, presentes na relação entre aspessoas e inseridos nos fazeres da vida cotidiana (cozinhar, plantar, costurar, fazer verso, rodar peão).

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:85;Data:31 de Jul de 2014 13:42:46

Page 86: Art22  #  Origens e Cavucultura

Neste instante todos somos aprendizes, sem tempo, apenas

amantes da vida que vibra como a semente dos raios. Brinca-

se como o eterno aprendiz da canção. O aprendiz de tudo que

se possa observar, contemplar.

Assim, chegamos ao conceito de Cavucultura – ou Pedagogia Cavuca – uma pedagogia queentende cultura em seus múltiplos sentidos: político, antropológico e produtivo. No período daChácara daArte desenvolvemos umametodologia de trabalho que integrava omeio ambiental e acultura, apreendendo educação (formação) em sentido amplo e integral. Foi neste período queconceituamos o nosso exercício cultural como Cavucultura. De forma muito autônomadesenvolvemos nossas atividades (mutirões de trabalho, plantio e colheita, oficinas culturais,consultoria e construção partilhada de projetos, ações de fruição artística, mobilizaçõescomunitárias, atividades de incentivo à leitura) e nos vimos diante da aspiração de configurarneste microcosmo de nossas relações humanas, uma despretensiosa erudição popular;propondo um conceito próprio, derivado de tantas outras fontes (da pedagogia da autonomia dePaulo Freire e da pedagogia waldorf de Rudolf Steiner, dos estudos da permacultura, da ecologiaintegral e de outras ferramentas pedagógicas), mas que não tem a aspiração de figurar entre asoutras correntes de pensamento pedagógico. Apenas nos sentimos livres e capazes de assumirnossa experiência de formaabreviada neste ensaio.

Ao longo de nossa trajetória presamos pelo diálogo com a rede formal de ensino, trabalhandosempre em interlocução com as escolas. Entre 2009 e 2012 fomos parceiros da Escola MunicipalSanta Luzia, no projeto Ação Griô; Em 2009 firmamos parceria com a Escola Estadual RaulTeixeira da Costa Sobrinho para desenvolvimento do projeto Agente Escola Viva e mantivemos aparceria através da mobilização para criação do Parque Ecológico na Mata do Raul; Desde onosso início temos trabalhado com as escolas públicas no desenvolvimento de oficinais,apresentações artísticas, e formação de educadores. A partir de 2010 consolidamos a parceriacom a Iá Cultural no desenvolvimento de oficinas artísticas em dezenas de escolas públicas dasperiferias deBeloHorizonte.

AARART

ARTEMPORAL

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:86;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 87: Art22  #  Origens e Cavucultura

89

Realizamos estes trabalhos nas vilas, na cidade, no campo e partilhamos vivencias nosespaços de formação, formais e informais. Para cada contexto, acumulamos experiências,realizadas e avaliadas de forma positiva, e que podem contribuir para a construção de outrossistemas de aprendizagem, revitalizando contextos sociais, educacionais e biopolíticosestagnados e corrompidos. Sabemos da índole da sistematização dos conceitos, que podemotivar o enrijecimento das práticas em uma fórmula única, mágica. Mesmo assim, apontamosaqui algumas tags, práticas que circulamos commaior frequência.

Trabalhos coletivos e individuais, conhecer o grupo, debater, estudar, trocar informações,cuidar do espaço, trabalhar os diferentes temas geradores, ampliar a pesquisa, rodízio detarefas que integram o coletivo em ações comuns, mutirões, instalações, ocupações,performances coletivas, ritos de brinquedo e agricultura, puxiruns, estudos coletivos eapresentações, dinâmicas de grupo. Agricultura, plantar, colher e comer junto. Nomadismo,viajar, caravana, peregrinar, circular, travessias e caminhadas, retiros, acampamentos,andanças, cortejos, passeatas, caminhadas culturais. Corpo presente, capoeira, yoga,sensibilizações corporais. Multireligiosidade – xamanismo, religiosidades afrodescendentes,indígenas, brasileiras, catolicismo popular, meditações. Aprender com o outro e ensinar, rodasde oralidades, orientações através do espírito lúdico e da sabedoria do mestre, jogos, troca deexperiências, rede de sonhos, vivências holísticas, preguiça, educação ambiental.Autoeducação. Arte, mostras artísticas, arte educação, objetos, apresentações, textos,canções, produções. Rede, residências artísticas, intercâmbio de conhecimentos,circunferências, fóruns. Lúdico, brincadeira e brinquedo, imersões, palhaçaria sagrada, rito eperformance. Fratrimônio, cultura popular, mídia-livre, software aberto, redução de danos,transdisciplinaridade, servidor.Aprendiz.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:87;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 88: Art22  #  Origens e Cavucultura

CosmoeNatureza; -) relação íntimacomossaberes ambientais

Entendemos que o modo de vida de uma comunidade está intimamente ligado ao meio naturalonde ela vive; os recursos naturais disponíveis e as condições de degradação/preservaçãodeterminam a qualidade de vida das pessoas. O homem contemporâneo tem a pretensiosapostura de se colocar acima da natureza, e cada dia mais tem se apartado do convívio com osoutros seres vivos, recluso em cidades, o ser humano, capitalista, industrial e urbano, promove oextermínio da variedade vegetal e animal presente emnosso planeta.

Cuidar do ambiente onde vivemos é cuidar da própria saúde. Por isso a discussão sobre apreservação da biodiversidade e sobre a ecologia integral deve estar sempre presente quandofalamos de formação humana. O primeiro passo é aquilo que se chama de ecologia pessoal, queé a tomada de consciência individual da responsabilidade no atual processo de consumopredatório. A ecologia pessoal se refere também aos cuidados com o corpo (alimentaçãosaudável, atividades corporais, respiração correta, ciclos de descanso e trabalho) e aos cuidadoscom as emoções e a espiritualidade, em um equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Estescidadãos conscientes poderão se unir para criar relações humanas menos conflituosas esoluções para a preservação do ambiente natural e relação de respeito comosoutros seres vivos.

Trata-se de termos a natureza como inspiração. Relaciona-se ao ato de plantar a própria comida,buscando uma experiência íntima com terra, com o meio natural e com a alimentação livre deagrotóxicos, evidenciando a importância de criação de hortas comunitárias; uma maneira deestimular a compreensão do ciclo da produção de alimentos e suas enseadas culturais, osalimentos tradicionais, os cantos de plantio, os usos culturais das plantas. Relaciona-se, também,à diminuição do consumo e desperdício, em reflexões sobre a produção de energia e matériasprimas, no descarte dos nossos resíduos.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:88;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 89: Art22  #  Origens e Cavucultura

9191

Consequentemente investimos, ao longo dos anos, no desenvolvimento de oficinas, palestras,vivências, estudos teóricos e práticos que privilegiassem as relações da cultura com os climas eestações do ano, com os astros e sua influência na vida cotidiana, com os cursos de água; enfim,atividades que evidenciavam a influência do meio natural no modo de vida da população dequalquer lugar. Difundimos as noções de consolidação de tecnologias comunitárias, de manejoecológico, de economia solidária, agricultura familiar, turismo solidário e sustentável. Buscamosatividades que integrasse meio ambiente e saúde, passando pelos cuidados com o corpo, empráticas físicas emeditativas.

As ações empreendidas estimularam muitas pessoas na tomada de consciência pessoal, naformação de grupos, no trabalho coletivo e no aprendizado constante. Ativamos nossa teia derelações: humanas, com a flora e a fauna. Toda a vida, da lagarta a borboleta, da meteorologia aoplantio, a natureza nos ensina.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:89;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 90: Art22  #  Origens e Cavucultura

MultireligiosidadeRitos ediversidadecultural

Arar a terra-viva e achar um tatu-gente indo morar na árvore-espírito. Revoada de ventos trazempovos das nuvens, vai chover.

Uma das práticas frequentes da Pedagogia Cavuca diz respeito ao contato com a diversidade

cultural e com a multireligiosidade, na medida em que nos coloca diante de referências distintas,

contribuindo para o respeito e o entendimento da diferença, no que tange aos aspectos físicos,

simbólicos, filosóficos e espirituais. Essa percepção se baseia no princípio de que compartilhando

as referências culturais, sabedorias e sistemas de ideias dos diferentes sujeitos, podemos

construir saberes coletivos e promover a transformação do indivíduo. Através das expressões

religiosas, populares, presentes no Brasil – traduzidas nos cultos, ritos e relações com o meio

ambiente, como é caso dos terreiros de umbandas, candomblés, candombes, catolicismo popular,

práticas religiosas ameríndias e orientais - entramos em contato com saberes que operam com a

noção de sustentabilidade, conhecimento e respeito à natureza, liberdade de expressão religiosa,

respeito à diferença e convivência pacífica.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:90;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 91: Art22  #  Origens e Cavucultura

Assim, adotamos uma prática poliritualística, reconhecendo as redes de sabedoria e rituais comoespaços de aprendizagem e de vivência cultural de gastronomias, músicas, oralidades, danças,preceitos, etc. Integramos a esta prática multireligiosa os estudos antropológicos do rito e osestudos culturais. Compreendemos as variadas ciências espirituais como instrumento deliberdade, e não como forma de dominação da consciência; como entendimento vital ao serhumano no que tange ao conhecimento das emoções, energia, sentimentos, pensamentos,sonhos, sensações e transcendência. O estudo comparado dos ritos e religiões nos trazem umacervo de ensinamentos e práticas comuns que contribuem para o equilíbrio do indivíduo. Práticasetéreos/corporais presentes nas milenares Capoeira Angola, Yoga, assim como em outrastécnicas meditativas, ciências da cura, e no acervo cultural - de músicas, literaturas eperformances dos ritos. O aprendiz passa a cavucar a própria origem e a si conhecer, e estesestudos sobre o ser interior, expandem-se ao processo autoeducativo, ao entendimento do seuuniverso imaterial e cósmico. Aprender passa pela paciência e a calma de ambientações evivências holísticas, harmonizantes, inspiradas na educação biocêntrica, na biodança, vitalismo eoutras experiências corpóreas e de transcendência.

9393

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:91;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 92: Art22  #  Origens e Cavucultura

PatrimônioCultural -Mestres,Aprendizes eSaberesPartilhados

O conceito de Cavuco está intimamente ligado às dimensões da cultura imaterial, aos saberes deofícios, culinários, aos fazeres manuais, ao xamanismo popular, à lida com a terra, leituras dossinais da natureza, às formas de expressão artísticas populares, ao universo encantado da culturapopular; àquilo que tem sido chamado de patrimônio cultural imaterial. Todavia entendemos que aadoção dos termos material e imaterial; popular e erudito - entre outros dualismos - criamdicotomias que muitas vezes prejudicam a compreensão. A Pedagogia Cavuca parte, então, dopressuposto filosófico de que as polaridades coexistem, e dessa forma o subjetivo e o objetivo, omaterial e o imaterial devem ser tratados como elementos complementares. Neste sentido acriptografia cavuca nos enreda pela quebra das dualidades, entre elas as interfaces de mestre eaprendiz e ensino e aprendizagem.

Nas relações humanas percebemos o quanto os saberes e as afetividades coletivas, sentimentos,intuições, clarividências e memórias, e até mesmo medos e frustrações estão entrelaçados. Ocuidado com as emoções individuais contribui para o equilíbrio do grupo. Percebemos, também,que o conhecimento se constrói na partilha de saberes. APedagogia Cavuca propõe a construçãocoletiva dos processos culturais, e passa tanto pela arte quanto pela ação cultural, educacional epolítica. A cavucultura, em conformidade com outros tantos estudos no campo da educação eformação humana, percebe o aprendiz (de qualquer idade) como um ser multidimensional: por umlado agente da construção de seu próprio conhecimento, e por outro influenciado por um conjuntode valores socialmente construídos. Ainda que ele (o aprendiz) se constitua através de influênciasexteriores, ele é ao mesmo tempo determinado pelas suas próprias dimensões. Sabemos que,dialeticamente, o desenvolvimento humano se situa entre a transcendência e a permanência, entreo contínuo equilíbrio e desequilíbrio na construção do conhecimento; e essa dimensão éfundamental para se compreender aquilo que temos chamado de Pedagogia Cavuca.Entendemos, também, que a formação/educação acontece no contato, na troca de experiências, eque a linha entre Mestre e Aprendiz nunca foi tão tênue, aparecendo mesmo revertida nas maisdiferentes situações.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:92;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 93: Art22  #  Origens e Cavucultura

Trata-se de valorizar aquilo que todos nós temos de conhecimento, que trazemos em nossabagagem de vida, em nossa bagagem ancestral. Da criança ao velho, do velho à criança, todossomosMestres eAprendizes, uns comosoutros.

Importante falar, ainda, da transmissão oral e da valorização dos conhecimentos tradicionais. Emuma sociedade capitalista, cada vezmais urbanizada emecanizada, vivemos ummomento onde oúnico saber válido é aquele inscrito em livros, proferido nas salas das universidades ou que recebaa prerrogativa de científico. Isso implica que grupos prioritariamente “ágrafos”, como os povosindígenas e as comunidades isoladas, tenham seu conhecimento desvalorizado frente ao mundocontemporâneo; implica, também, que os saberes de nossos avós sejam jogados para o ladocomo “conversa de velho”; implica, ainda, que aquelas sabedorias antigas, baseadas naobservação e na relação próxima com o ambiente natural, sejam consideradas não-científicas. APedagogia Cavuca, em oposição, opera com a valorização dos conhecimentos tradicionais ecompreende a dinâmica das rodas de conversas, das contações de histórias, dos bate-paposinformais, como instrumentos de ensino e aprendizagem.

9595

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:93;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 94: Art22  #  Origens e Cavucultura

Cavuco:mododeofício e engajamentoTrabalhocoletivo euniãodeconhecimentos teóricos epráticos

Experimentamos muitas técnicas de aprendizagem e percebemos o sucesso daquelas quetrabalhavam com a dimensão do trabalho coletivo e da união de conhecimentos teóricos epráticos. Entendemos também o conceito de cavuco em sua natureza principal de mestre deofícios, o que não o aparta do fazer artístico e inventivo; pois não há diferença entre construir umjardim e pintar um quadro ou esculpir uma ciência. O arado que cria vincos na terra é como aferramenta do escultor, não tem função menor. A sabedoria e a arte circulam em todos os ofícios.Assim, o ato de construir uma canoa, um telhado, uma horta, de fiar uma renda, pode se configurarcomo momentos de aprendizado aplicado e vivência cultural. O que quer dizer que, ao mesmotempo em que o avô ensina ao neto a lida com a enxada na roça, ensina sobre os astros e osperíodos da colheita, sobre os costumes dos antepassados, ensina os cantos e os ritos de capina.

Esses saberes são construídos pela experiência e incorporam-se à experiência individual sob aforma de hábitos e habilidades, do saber fazer. Nesse sentido os conteúdos orais, sensitivos,memoriais, estão sempre alinhados às práticas, às vivências em grupo, ao trabalho coletivo comoelemento transformador; a agricultura em bando, varrer é uma limpeza de si e do espaço. Daí aimportância dos trabalhos comunitários, da realização de pequenos mutirões, onde todos osindivíduos de determinado grupo se reúnem para realizar tarefas em benefício de todos,estimulando o sentimento de pertencimento ao grupo, criando, ao mesmo tempo,responsabilidades em relação ao trabalho bem feito. Essa dimensão cria contraponto eresistência à dinâmica da sociedade contemporânea, onde compramos tudo pronto, e todos osprodutos de consumo são produzidos longe de nossos olhos, por mãos de pessoasdesconhecidas, que trabalhampelo salário ou para o lucro, semdignificação do trabalho.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:94;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 95: Art22  #  Origens e Cavucultura

Ao compreender o trabalho coletivo, o processo de engajamento e autonomia se efetiva, o sujeito

passa a transformar constantemente seu ambiente social, através de ativismos e ações

engajadas. Cavucar, aqui, significa uma pedagogia de construção dos conhecimentos culturais

que se manifestam de forma individual e coletiva, trabalhar pesado para conhecer a si mesmo.

Deste modo os processos de aprendizagem passam a reconfigurar a urbanidade, o espaço

público, as possibilidades de uso sustentável das energias, etc. Trabalho pesado, furar fossa,

bater laje, trabalho braçal. Levantar uma lona de circo, costurar uma rede, agricultura da

imaginação. Sementeira de si e prana de todos -Haux.

Apartir desta perspectiva dos ofícios como geradores do bem estar coletivo, a Pedagogia Cavuca

está fortemente marcada pelo engajamento dos estudantes e agentes culturais nos processos de

construção políticas. Adotamos as práticas de fóruns temáticos, assembleias, conferências,

seminários, como forma de fazer aflorar a participação comunitária em ações do bem comum. Os

direitos perpassam passeatas, ocupações e apoio às outras manifestações populares.

Cavucagem é antes de tudo uma intervenção sobre a realidade material, sobre a física dos

sentidos; interação comobjetos de ofícios.9797

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:95;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 96: Art22  #  Origens e Cavucultura

O lúdicoeoaprendiz -Aaprendizagem lúdica

Nos tempos atuais, onde adultos se vêem presos a uma rotina extenuante de trabalho, pouco tempo sobra

para o riso, para a partilha, para a vivência lúdica com o outro. Isso aponta para outro aspecto fundamental

em que se baseia a Pedagogia Cavuca, que é a dimensão da cultura do lúdico: do brincar, do deixar-se

encantar, dinâmica vivenciada tanto por crianças quanto por adultos, sem distinções etárias.As práticas da

cultura popular lúdica (as rodas, os folguedos, os improvisos poéticos, o comer junto) são vivenciadas,

reconectando sentimentos em uma perspectiva quase ritual, do religare, retomando momentos onde a

comunidade se reunia para divertimentos coletivos, e brincadeira não era apenas “coisa de criança”.

Na perspectiva da cavucultura é de extrema importância a vivência de elementos lúdicos da cultura popular,

como brincadeiras de boi, folias, brinquedos e brincadeiras da infância e tradições orais, artes do circo e

seus conteúdos nômades. Vivenciamos o estado de risco do palhaço, os elementos de bonecas e

bonecos, imaginar que está sendo deveras apalhaçado por qualquer trem, qualquer coisa; bombinhas da

favela em dia de bente altas, papagaio, barquinho de enxurrada. Este estado de risco reside em acreditar.A

imaginação.Adotamos práticas que utilizam a linguagem artística conjuntamente à dimensão do sonho, do

imaginar, do lúdico, que não impõe barreiras de idade, mas que, de qualquer maneira, encontra na criança

seu grande mestre. Dessa forma trabalhamos com a perspectiva do corpo livre (forma de expressão no

mundo), que pode ser vivenciada através da dança, do teatro, do circo e da brincadeira (pular, correr, rolar).

Através da música trabalhamos com as noções de ritmo, dos sons, da voz que não quer (e nem deve) se

calar, brincadeiras de bater nas mãos (pirulito que bate-bate, pirulito que já bateu), de estralar os dedos, e

de coordenação (cabeça, ombro, joelho e pé). Podemos citar ainda a linguagem poético-literária,

desenvolvida por meio de tantas formas orais: contos, trovas, parlendas, contação de histórias, num ninho

de mafagafos, tinham sete mafagafinhos, quem os desmafagafizar, bom desmafagafizador será, trava

línguas.

E naturalmente compreende-se a presença do sutil e do silêncio como um bom brinquedo. O silêncio

permite que a imaginação e a criação aconteçam, e, dessa maneira o universo lúdico se expõe com maior

essencialidade.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:96;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 97: Art22  #  Origens e Cavucultura

ArtEducação

O fazer estético, artístico, a educação através da arte, e o fazer artístico como processo educativo,são aspectos importantes nesta cavucultura, e práticas frequentes em nossos trabalhos.Compreendemos a arte enquanto instrumento de formação e ampliação da consciência; lugar daimaginação e da catarse; da invenção criativa e científica; sentimento, fé, brinquedo e jogo,invenção de inventar. Resultado de um encantamento, da admiração e do desejo de expressão.Entendendo arte educação não apenas no sentido de repasse de técnicas artísticas, mas nosentido de elemento transformador; aprendizagem capaz de realizar a conexão entre nossomundo interior e exterior; de expressar nossas abstrações e subjetividades; de criar novosparâmetros de entendimento sobre as opressões dos mercados, cultural, econômico; depossibilitar o desenvolvimento de percepções cognitivas, sensoriais, instintivas e emocionais.Sendo uma forma de compreensão hibrida, o conceito cavuco reconhece as artes do dia a dia e aarte-educação como uma arte de conduta. A arte, então, se configura em um lugar da rotina, daretina, alémdos olhos, dos sentidos.Aeducação torna-se então umato de arte diário.Nossa cavucagem se estabeleceu, também, enquanto reunião de coletivos de artistas para odesenvolvimento de trabalhos de natureza estética, nas linguagens do teatro, da música, doaudiovisual e da poesia. O conceito Cawuco foi empregado por vários fazedores artísticos, emoficinas, laboratórios e residências artísticas.

99

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:97;Data:31 de Jul de 2014 13:42:47

Page 98: Art22  #  Origens e Cavucultura

Poesia de roçar palavra. Oralidade. O virtual nas fragrâncias da perfomance. A plataforma conceitual

deste teatro popular, na sacada das cênicas. Abstrato Florescente do realismo na quebrada. Uns

transcendentes. Surrealuz: Art22 e o fragmento do invisível. Composições musicais analisadas como

compostos cavucos. Música cavuca. Intervenções multimídias. Híbrido. Contemporâneo (...) forma de

tempo - simultaneidade. artemporal. O corpo e o espaço imparcial, des'spaço. Espeleotemas sinfônicos

reverberam em tuas grutas. Esta essência multipolar de sons sonsos. Fanzine, elemento móbile,

pequenininho de fazer margem. Teatro popular: um personagem pedagógico adentra a cena do palhaço.A

vanguarda é a necessidade de comer o pão e o circo. Arte de orações orgânica - conteúdos minimalistas.

Entoando mídias sonoras. Ar temporal. Estética cavouca vulcânica, de registros e poeiras. Tuas danças

rupestres nas paredes do corpo A imanência poética do observador tatu-bolinha. Os sentimentos de

gratidão aos mensageiros e aos outros harmonizadores. Luzes auríferas voam nos céus, mudam de

lugares, nascem da cachoeira. Solta dos oráculos o teu cordão de prata. Vai transitar por essas regiões

intraterrenas, comcéuestrelado do interior extraterreno.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:98;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 99: Art22  #  Origens e Cavucultura

Nomadismo - a reconfiguraçãodos territóriosmentais

Naarte cavuca há umgrande afeto como itinerante, o andante, nômade.O homem, desde temposimemoriais, é regido por ciclos (da lua, das estações, da migração dos outros animais) e em suasandanças pelo território se guiou pelos elementos naturais (os astros, as formações rochosas, ocurso dos rios). Seguindo as trilhas marcadas por passos de tantos tropeiros, artistasmambembes e ciganos, peregrinos e viajantes, adotamos o ideal do ser caminhante, eatravessamos vilas, vias, currais, igrejas, becos, rios. Estas andanças, itineranças, percorreramas matrizes étnicas brasileiras em um desenrolar de músicos, artistas mambembes, nascomunidades, entre crianças, passarinhos, assobios e lavadeiras.

As energias circulam. Absorvem outras interações sutis. Pensar; asas raízes esomas - rizomas. A sustentabilidade do efêmero. Irmos atrás da memória eencontramos a clarividência.

Na contemporaneidade são muitas as influências ao processo de estagnação das populações,principalmente dos centros urbanos. O modo operante sedentário da maioria da população,estabelecida, sintonizada nas variantes do consumo e industrialização humana, e que poucoconhece do seu entorno, tendo pouca ou nenhuma condição para o deslocamento. Existemmuitos dispositivos implantados em nossos territórios vibracionais, antenas de TV, aparelhoscelulares, cartões magnéticos, que interferem diretamente em nosso campo energético. Osexcessos de estímulos desregulam nosso relógio biológico e desalinham a naturalidade da vida.Bombardeados de tecnologias somos levados a uma instância de mecanização da vida, onde aarmadura da competição e da sobrevivência tornam-se armadilhas. Estando o corpo, amente e oespírito enclausurados nomundo das ilusões consumistas, a humanidade se afasta dos aspectosnaturais da existência e somatiza no corpo doenças que são resultado destas permissividades eestagnação. 101101

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:99;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 100: Art22  #  Origens e Cavucultura

É nosso objetivo pedagógico resgatar e valorizar a relação do homem com o ambiente natural, com essa

cultura ancestral de relação com a Terra em seu movimento. As viagens em bando ou solitárias são

atividades de ruptura com o sistema, promovendo, ao mesmo tempo, o realinhamento com os meridianos

do planeta. Nesse sentindo impulsionamos o intercâmbio de artistas e fazedores culturais de regiões

distantes, estimulando a hospedagem solidária e a residência artística.Avançado nos conceitos da cultura

permanente que estabelece vínculos com o território, relacionamos a harmonia com a efemeridade, com a

viagem, e a ciência nômade torna-se um modelo de vida sustentável, de menor impacto ambiental.

Descarta a necessidade de posses e as grandes alterações nos ambientes naturais e compartilha o

aprendizado sem o apego ao resultado ou a um tipo de produto. Este exercício possibilita, também, a

superação da noção de territorialidade e fronteiras e impede a formação de falsos conceitos patrióticos

difundidos emprol da soberania dosEstadosNacionais e emdetrimento das populações.

Como desdobramento destas caminhadas estamos em processo de criação de um Centro de

Aprendizagem Nômade – Chacaravana. Caravana circular de pessoas e instrumento de intercâmbio e

trocas de experiências entre agentes da cultura no Brasil.AChacaravana prevê o suporte de um veículo de

transporte e a composição de uma equipe de técnicos/artistas (tuxauas e cavucos); com o objetivo de

percorrer localidades que chamamos Vilas do Saber, que são os pequenos distritos resguardados no

tempo, que possuem ainda a marca da ancestralidade; preciosos saberes que já desapareceram nos

espaços urbanos. A expectativa é que a Caravana circule temporadas em comunidades desenvolvendo

uma programação baseada nas práticas frequentes anteriormente comentadas: fóruns de cultura,

mutirões, apresentações e oficinas artísticas, folguedos, brinquedos e brincadeiras populares, rodas de

conversa e partilha de saberes, vivências gastronômicas e festivas, consultorias a ações culturais. Circular

chacra.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:100;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 101: Art22  #  Origens e Cavucultura

OMOSAICODAPEDRA

Amáquina se rende às mãos e às vozes. A aristocracia e o “cidadão transformador” se olham olho porolho. Os direitos humanos se veem nos costumes e para além das leis constitucionais. A cultura serevive, se repensa e se situa no espaço social e político. A Cultura agora é VIVA. Temas, propostas,redes, teias, ações, agendas, planos, estratégias, táticas, artistas, ativistas se coagulam em diversossolos da imaginação e da vida. Conhecer-se, reconhecer e conviver como outro agora é tão importantequanto elaborar medidas e realizar plenárias, seminários e congressos. Quem são os antagonistas?Quem irá compensar as injustiças que atrapalhamnossos sonos?ComooCapital irá reconhecer essasvelhas- novas riquezas que brotam dos pés das montanhas, do cerrado, das florestas e da beira domar?

O Poder oficializa o que já vinha sendo realizado para se apresentar, de certa forma, como parte doespontâneo transnacionalismo e tempero nacional. “Harmonias Poéticas” e “Harmonias Econômicas”.Economia solidária. Conceitos em bio-construção. As reivindicações dão lugar às discussões. Muitaagitação teórica e prática, e por vezes romântica, embora os interesses político-econômicos emateriais se apresentemnítidos.

A todas as essas discussões e questionamentos, o coletivo art.22 e a AIAASCA se faz presente eparticipante. Instigamos práticas de acesso, de atitudes e de pensamentos. Identificamos: antes determos a nossa cara frente ao mundo, conquistamos a coragem de nos olhar no espelho.Caracterizamo-nos mais pelo aspecto de trocas espontâneas do que pelo caráter organizacional eassociativo. Somos hoje um coletivo cujos objetivos ultrapassam o interesse de estabelecer vínculosidentificáveis, pois cada um é livre para organizar suas linguagens e suas subjetividades; cada um élivre para trabalhar ao ritmo de sua escolha, trilhar seus próprios caminhos e trocar segundo suavontade e capacidade.Afinal, a nova área denominada “economia criativa” tem suas dificuldades, alémde inúmeras lacunas e desafios. Há quem considere que as condições de trabalho na esfera dacriatividade são precárias. Emuitas vezes são.

Respeitamos uns aos outros. Buscamos abertura, espontaneidade e compreensão ante asdivergências para crescermos como profissionais e pessoas. Cada associado e simpatizante expõe oseu pensamento e se posiciona no tocante à cultura, ciência, política, religião etc. Há entre nós oprimado do diverso e do plural. Tudo que sonhávamos há dez anos. Hoje temos a sensação de que tudoainda está apenas começando...

Lopes de LaRocha103103

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:101;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 102: Art22  #  Origens e Cavucultura

TEXTOSDEREFERÊNCIAECITAÇÕES

ANDRADE, Oswald de. In: Piratininga ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha. Revista deAntropofagia,Ano 1,No. 1,maio de 1928.

BLAVATSK,Helena.Adoutrina secreta: cosmogênese. Vol. 1. SãoPaulo: Pensamento, 1995.

BOAL,Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: CivilizaçãoBrasileira, 1975.

BRETON,André.Manifesto surrealista. 1924.

CAPRA, Fritjof.- O tao da física: umparalelo entre a físicamoderna e omisticismooriental. SãoPaulo: Cultrix, 1990.-Ateia da vida: umanova compreensão científica dos sistemas vivos. SãoPaulo: Cultrix, 2004.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34,1995.

ENGELS, Friedrich eMARX,Karl.Manifesto comunista. 1848.

FREIRE,Paulo.- Pedagogia doOprimido.Rio de Janeiro: Paz eTerra, 2005.- Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SãoPaulo: Paz eTerra, 2009.

GUATTARI, Félix.- Revoluçãomolecular: pulsações políticas do desejo. SãoPaulo: Brasiliense, 1985.-Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis / RJ: Vozes, 1996.

HOLANDA,SérgioBuarque de.Raízes doBrasil. SãoPaulo: Companhia das Letras, 2006.

LABATE,BeatrizCaiuby.-Ouso ritual da ayahuasca.Campinas:Mercado das Letras, 2002.-Areinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos.Campinas:Mercado das Letras, 2004.

LA ROCHA, Lopes de.Art.22, +/-10 anos: percalços, percurso e persistência.Texto inédito.

MOLLISON,Bill. Introduccion a la permacultura.

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:102;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 103: Art22  #  Origens e Cavucultura

PACHECO, Lílian. Pedagogia griô: reinvenção da roda da vida. Lençois/BA:Grãos de Luz eGriô, 2006.

RIBEIRO, Darcy. Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,2002.

STEINER,Rudolf. Os doze sentidos e os sete processos vitais. SãoPaulo:Antroposófica, 1996.

VERGER,Pierre.Orixás, deuses iorubas naÁfrica e noNovoMundo. Salvador: Corrupio, 2002.

105105

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:103;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 104: Art22  #  Origens e Cavucultura

Página 09Brincadeira do Boi nas ruas do distrito SãoBenedito - Santa Luzia -MG -3 º FórumChacaravana doPonto deCultura (2012).

Página 10Teatro Municipal de Santa Luzia - Minas Gerais(2012).

Página 11Divulgação do Espaço Concreto e Clorofila na E.E. Raul Teixeira da Costa- Conjunto Cristina C,Santa Luzia -MG (2001).

Página 13Criança participante do projeto Circo sem Lona -ConjuntoCristinaC, Santa Luzia -MG (2003).

Página 14Oficina de teatro do projeto Circo sem Lona -ConjuntoCristinaC, Santa Luzia -MG (2003).

Página 15Fotos 01 e 02Oficina de teatro do projeto Circo sem Lona -ConjuntoCristinaC, Santa Luzia -MG (2003).

Página 16De cimapara baixoFoto 01 - Crianças participantes da palhaciata napraça da Juventude (2004).Foto 02 - Atividades na lona de circo comcrianças, jovens e adultos da comunidade(2003).Foto 03 -Palhaciata pelas ruas (2003).Foto 04 - Crianças da Creche Nossa Senhora daPaz brincando de ciranda na praça da Juventude- Palhaciata (2005).Foto 05 - Da esquerda para a direita, Andresa,Letícia, Evangely e Andrei participantes do CircoSemLona - (2004).Foto 06 - Aquecimento para a Palhaciata noespaço onde tinha a lona de circo (2005).Foto 07 - Criança participante de projeto naPalhaciata comViolino (2003).Foto 08 - Vicente Junior e Thiago Chapéucaracterizados de palhaço naPalhaciata (2003).Foto 09 - Palhaciata com alunos da E.E. Raul T.daCostaSobrinho (2005).Todas as fotos deste pagina foram feitas no Conj.Cristina - Santa Luzia -MG.

LEGENDA DAS FOTOS

Documento:catalogo ponto e cultura - OK.pdf;Página:104;Data:31 de Jul de 2014 13:42:48

Page 105: Art22  #  Origens e Cavucultura

107107

Página 17De cimaparaBaixo.Foto 01 - Oficina de Teatro com FernandoFabrinni. (2003)Foto 02 -Apresentação Teatral Oficina de TeatrocomFernandoFabrinni (2003).Foto 03 - Garoto Picolé no Bumba meu Ônibus(2003).Todas as Fotos tiradas debaixo da Lona deCirco-Conj. Cristina - Santa Luzia-MG.

Página 18Daesquerda para a direitaFoto 01 - Apresentação teatral na comunidadeCuri - Santarem -PA.(2012).Foto 02 - Boi Bumbá nas ruas do São Benedito,cortejo do Fórum Chacaravana - Santa Luzia -MG. (2012.)

Página 19Apresentação teatral na comunidade Curi -Santarem -PA.(2012).

Página 20A p r e s e n t a ç ã o d o O C A - P r o j e t oQuaquaraquaquá - Praça Duque de Caxias -SantaTereza - BeloHorizonte -MG. (2011).

Página 21GrupoAlvoradaPéVermei no cortejo doRosário,ruaDireita. Santa Luzia -MG. (2006).

Página 22Apresentação do Grupo Alvorada Pé Vermei noPenangWordMusic - Penang - Malásia (2014).

Página 23Daesquerda para a direita.Foto 01 -Câmera emAção .Foto 02 - Daniel Logam e José Farias filmandonas ruas doConjuntoCristina.Foto 03 - Daniel Porto filmando e entrevistandoRoberto Draps - Projeto do Zine ao Blog, no sededoPonto deCulturaArt 22.Foto 04 - Janelas tradicionais dos prédios doConjuntoCristina.Foto 05 - Bugigangas a venda Feira da Savassi -Palmital.Foto 06 - Câmeras fotográficas antigas a vendanaFeira daSavassi - Palmital.Foto 07 - Barraca de Camelo no ConjuntoCristina.Foto 08 - Bugigangas a venda Feira da Savassi -Palmital.As fotos de 01 a 04 e a 07 foram tiradas noConjunto Cristina, as fotos 05,06 e 08 noConjuntoPalmital emSanta Luzia -MG. (2012) .

Documento:correções.pdf;Página:9;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 106: Art22  #  Origens e Cavucultura

Página 24CapadoZineCabeça dePapel (2005).

Página 25Capa da Edição especial ( Mata do Raul) daRevistaCabeça dePapel (2012).

Página 26Vivência de Ioga no Centro Cultural Chácara daArte (2006).

Página 27Daesquerda para direita.Foto 01 - Crianças na vivência de BrincadeirasCantadas na festa de Inauguração do CentroCulturalQuintal doBananal (2005).Foto 02 - Frente do Centro Cultural Quintal doBananal - Bonanza - Santa Luzia -MG. (2005).

Página 28Biblioteca instalada dentro da Banca de JornaisCentro Cultural Casa da Banca - Conj. Cristina -Santa Luzia -MG. (2005).

Página 29Fachada do Centro Cultural Casa da Banca Conj.Cristina - Santa Luzia -MG. (2005).

Página 31Plantação de Milho na Chácara da Arte - SantaLuzia -MG. (2007).

Página 32De cimaparaBaixoFotoGrande 01 - Vivência deYoga (2007).Da esquerda para direita - fotos pequenas.Foto 02 - Placa daChácara daArte (2006).Foto 03 - Quadros da oficina de artes visuaisexpostos naChácara daArte. (2007)Foto 04 - Vivência deYoga (2007).Foto 05 - Apresentação de Nadia Campos -Evento pelas águas doRioSãoFrancisco (2006).Foto 06 - Filmagem Inauguração da Chácara daArte (2006).Foto 07 - Apresentação de Kaká - EventoInauguraçãoChácara daArte (2006).Foto grande 08 - Reunião na Conferencia daChácara daArte (2006).Todas as fotos feitas emSanta Luzia -MG.

Página 33De cimapara baixoFoto 01 - Reunião na Conferencia da Chácara daArte (2006).Foto 02 - Mulheres no Encontro da PresençaFeminina (2006).

Documento:correções.pdf;Página:10;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 107: Art22  #  Origens e Cavucultura

109109

Foto 03 - Reunião na Conferencia da Chácara daArte (2006).Foto 04 - Espaço daChácara daArte (2007).Todas as fotos feitas emSanta Luzia -MG.

Página 34De cimapara baixo.Foto 01 - Alunos da E.M. Santa Luzia vistam a hortado Mestre João na Comunidade Kolping SãoBenedito (2010).Foto 02 -Alunos do EJAda E.M. Santa Luzia visitama sede da Guarda de Moçambique Nossa Senhorada Guia com a presença da Mestra Olga - Asteca(2009).Foto 03 - Alunos do EJA da E.M. Santa Luziaensaiando com o Mestre Luiz em sala de aula(2009).Todas as fotos feitas emSanta Luzia -MG.

Página 35De cimapara baixo.Foto 01 - Mestres do Projeto Ação Grio Santa Luziavisitam a comunidade do Mestre Juquinha, LapinhadaSerra - Santa doRiacho -MG. (2011).Foto 02 - Mestre na sede do Grupo de Capoeira ElShaday do Mestre Zuim em Santa Luzia - MG.(2009).Foto 03 - Mestre de Santa Luzia participando doencontro da Radio Grio na Sede do Ponto de CulturaGuaimbê -Pirinopolis - GO. (2012).

Página 36Prédios do Conjunto Cristina - Santa Luzia -MG.(2012).

Página 37Mosaico de Fotos do Projeto Circo sem Lona -ConjuntoCristina - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 38Espaço externo da Casa Biriba de Produções -ConjuntoCristina - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 39Daesquerda para a direitaFoto 01 - Apresentação do grupo Segredo da Cor -Mostra Artística do Ponto de Cultura Art 22 - CasaBiriba de Produções - Conjunto Cristina - Santa Luzia-MG. (2012).Foto 02 - Apresentação do grupo de Teatro MaizéVerdade e Oficina de Circo Teatro do Ponto deCultura - MostraArtística do Ponto de CulturaArt 22 -Casa Biriba de Produções - Conjunto Cristina - SantaLuzia -MG. (2012).Foto 03 -Apresentação de Seu Ribeiro - Lançamentodo Livro Arena Virtual - Casa Biriba de Produções -ConjuntoCristina - Santa Luzia -MG. (2011)

Página 40Foto grande 01 -Atividade doProjeto doZine aoBlog-Casa Biriba de Produções - Conjunto Cristina - SantaLuzia -MG. (2011).Foto grande 02 - Ensaio do Grupo Alvorada PéVermei e Linete Mathias - Projeto Folguedos deAlagoas e Minas - Casa Biriba de Produções -ConjuntoCristina - Santa Luzia -MG. (2011).Fotos pequenas - Áreas internas da Casa Biriba deProduções - Conjunto Cristina - Santa Luzia -MG.(2011)..

Documento:correções.pdf;Página:11;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 108: Art22  #  Origens e Cavucultura

Página 41Muro da Casa Biriba de Produções grafitado peloArtista Alexandre (Rato) - Conjunto Cristina - SantaLuzia -MG. (2014).

Página 42De cimapara baixoFoto 01 -Aluno da oficina de Áudio Visual tirando foto -CaiCBaronesa - - Santa Luzia -MG. (2012).Foto 02 - Alunos da oficina de Musica construindoinstrumentos - Pinhões - Santa Luzia -MG (2012).Foto 03 - Oficina de Musica no São Benedito - SantaLuzia -MG. (2011).Foto 04 - Oficina de Circo Teatro - Bonanza - SantaLuzia -MG. (2013).

Página 43De cimapara baixoFoto 01 - Cortejo da Oficina de Circo e Teatro -Bonanza - Santa Luzia -MG. (2013).Foto 02 - Oficina de Áudio Visual na E.E. GETECO -ParteBaixa - Santa Luzia -MG. (2013).Foto 03 - Afinando os instrumentos da oficina deMusica na E.E. Padre João - Pinhões - Santa Luzia -MG. (2013).Foto 04 - Ensaio da oficina de Circo e Teatro no TeatrodeCurral São Francisco deAssis - Taquaraçu deBaixo- Santa Luzia -MG. (2012).

Página 44De cimapara baixoFoto 01 - Palhaços na Mobilização para a oficina deCircoTeatro - Palmital.Foto 02 - Cortejo da oficina deCirco Teatro nas ruas doSãoBenedito (2012).Foto 03 - Vivência na oficina deCircoTeatro (2012).Todas as fotos feitas emSanta Luzia -MG.

Página 45Daesquerda para a direit.aFoto 01 - Alunos da oficina de Circo Teatro visitam ocurral do mestre Valter para recolher causos para

apresentação - Taquaraçu de Baixo - Santa Luzia -MG. (2012).Foto 02 - Alunos da oficina de Circo Teatro visitama fazenda onde começou os primeiros ensaios deteatro da comunidade - Taquaraçu de Baixo -Santa Luzia -MG (2012).

Página 46Aula da oficina de Musica na Comunidade KolpingSãoBenedito - Santa Luzia -MG. (2011).

Página 47Daesquerda para a direita.Fo to pequena 01 - A lunos cons t ru indoinstrumentos na oficina de Musica - Pinhões -Santa Luzia -MG. (2012).Foto grande 02 - Apresentação de encerramentoda oficina de Musica na feira de cultura da E.M.MarinaVianna - Santa Luzia -MG. (2013).Foto grande 03 - Black Pio professor da oficina deMusica tocando e cantando para os alunos daoficina de Musica na E.M. Marina Viana - SantaLuzia -MG. (2013).Foto pequena 04 - Oficina de Musica, construçãode instrumentos - Pinhões - Santa Luzia - MG.(2012).

Documento:correções.pdf;Página:12;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 109: Art22  #  Origens e Cavucultura

111111

Página 48Daesquerda para a direita.Foto 01 - Professor Lucimar com os alunos daOficina de Áudio Visual na Casa Biriba deProduções - Santa Luzia -MG. (2010).Foto 02 - Reunião para criação de roteiros oficinade Áudio Visual na Casa Biriba de Produções -Santa Luzia -MG. (2010).

Página 49Daesquerda para direita.Foto grande 01 - Alunos da oficina de Áudio Visualaprendendo técnicas de filmagens e fotografias -CAICBaronesa - Santa Luzia-MG. (2012).Foto pequena 02 - Alunos da oficina de ÁudioVisual aprendendo técnicas de fotografias - CAICBaronesa - Santa Luzia-MG. (2012).Foto grande 03 - Alunos da oficina de Áudio visualgravando programa Zica Show, na E.E. GETECO -Santa Luzia -MG. (2013).Foto pequena 04 - Alunos da oficina de Áudiovisual aprendendo a trabalhar com a câmerafilmadora, na E.E. GETECO - Santa Luzia - MG.(2013).

Página 50Imagens de editoriais da revista Cabeça de Papelcriados nas oficinas deArteDigital (2010 e 2011).

Página 51Capas da revistaCabeça dePapel (2010 e 2011).

Página 52 e 53Cartazes deDivulgação dos FórunsChacaravana (2011 a 2013).

Página 54Foto 01 e 02 - Participantes do Fórum em visita aMata do Raul - Conj. Cristina - Santa Luzia MG.(2010).

Página 55Daesquerda para a direita.Foto 01 - Apresentação do OCA e oficina de CircoTeatro (Rádio Feira) na Praça da Savassi - Palmital -Santa Luzia -MG. (2011).Foto 02 - Roda de conversa dos participantes dofórum na ASCOPA do Palmital - Santa Luzia - MG.(2011).

Página 56De cimapara baixo.Foto 01 - Cortejo do Fórum nas ruas do SãoBenedito.Foto 02 -Todos os participantes doFórum.Foto 03 -Grande roda de conversa dos participantesdoFórum.Todas as fotos foram tiradas no São Benedito emSanta Luzia -MG. (2011).

Página 57De cimapara baixo.Foto 01 - Roda de conversa com educadores eativistas.Foto 02 - Roda de brincadeiras como brincante JoséFarias.Foto 03 - Roda de conversa debatendo sobre acriação doParque naMata doRaul.Todas as fotos foram tiradas no CAIC - Londrina -Santa Luzia -MG. (2012).

Documento:correções.pdf;Página:13;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 110: Art22  #  Origens e Cavucultura

Página 58De cimapara baixo.Foto 01 - Apresentação do grupo de Pastorinhasdentro da Igreja São Francisco de Assis naabertura do fórum.Foto 02 - Platéia na apresentação da oficina deCirco Teatro na E.M. Dom Pedro II, atividade dofórum.Foto 03 - Exibição de Documentário sobre acomunidade para os participantes do fórum etoda a comunidade.Todas as fotos foram tiradas em Taquaraçu deBaixo - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 59De cimapara baixo.Foto 01 - Encontro com professores ecomunidade dePinhões.Foto 02 -Apresentação daOficina deMusica.Foto 03 - Representantes do Ponto de Cultura eMestres lideres doCatopê.Todas as fotos foram tiradas em Pinhões - SantaLuzia -MG. (2012).

Página 60De cimapara baixo.Foto 01 -Roda deBrincadeiras comcrianças.Foto 02 - Roda de Conversa com liderançascomunitárias.Foto 03 - Sarau de Poesias na abertura do fórumnoespaço cultural daAndréiaTodas as fotos foram tiradas na Parte Baixa -Santa Luzia -MG. (2013).

Página 61Dadireita para esquerdaFoto 01 - Black Pio eMestra Helena no fogão delenha preparando orapronobis com frango -Bonanza - Santa Luzia -MG. (2013).Foto 02 - Encontro commestres do congado nasede da Guarda de Moçambique NossaSenhora da Guia - Asteca - Santa Luzia - MG.(2013).

Página 63De cimapara baixo, da esquerda para a direitaFoto 01 - Cantora Luna. - Foto 02 - Ronaldo SouBlack.Foto 03 - Sarau Tropeiro. - Foto 04 - SOSPeriferia.Foto 05 - Paloma Leite. - Foto 06 - Roda decirando compalhaçoPindaíba.Todas fotos foram tiradas durante as mostrasculturais do Ponto de Cultura na Casa Biriba -Santa Luzia -MG. (2012 e 2013).

Página 64Daesquerda para a direitaFoto 01 - Audiência Publica na CâmaraMunicipal de Santa Luzia para implantação doParque daMata doRaul - Santa Luzia. (2012).Foto 02 - Lançamento do Plano Municipal deCultura de Santa Luzia -CKSB - São Benedito -Santa Luzia -MG. (2012).

Documento:correções.pdf;Página:14;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 111: Art22  #  Origens e Cavucultura

113113

Página 65Crianças no alto do Morro Santo Antonio, oficina debrincadeiras do projeto Pontinhos de Cultura -Baronesa - Santa Luzia -MG. (2011).

Página 66Encontro de formação de educadores no Projeto Fé eAlegria realizada pelo projeto Pontinhos de Cultura -Palmital - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 67De cimapara baixo, da esquerda para a direita.Foto 01 - Roda de brincadeiras cantadas comCláudioFritas - Formação de Educadores CAIC - Baronesa -Santa Luzia -MG. (2012).Foto 02 - Exposição de livros com temas ligados aeducação cultura do lúdico,criança, pedagogia naformação de educadores - CAIC - Baronesa - SantaLuzia -MG. (2012).Foto 03 - Roda com educares da E.M Padre João -Pinhões - Santa Luzia -MG. (2012).Foto 04 - Roda com a Socióloga Vânia Diniz - CentroCultural Calazas - Palmital - Santa Luzia -MG.(2012).Foto 05 - Apresentação dos resultados do ProjetoPontinhos deCulturaAprendiz do Lúdico - CasaBiribadeProduções - Santa Luzia -MG. (2012).Foto 06 - Roda com educadores e o Brincante Farias -Palmital - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 68Daesquerda para a direita.Foto 01 - Oficina Brincando com Mídias - do ProjetoPontinhos de Cultura Aprendiz do Lúdico - Pinhões -Santa Luzia -MG. (2012).Foto 02 - Oficina Brinquedos e Brincadeiras - doProjeto Pontinhos de Cultura Aprendiz do Lúdico -Taquaraçu deBaixo - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 69Foto 01 - Cortejo no encontro de brincantes na ruaDireita - Santa Luzia -MG. (2012).Foto 02 - Cortejo nas ruas de Pinhões - Santa Luzia-MG. (2012).Foto 03 - Criança brincando com pião na mão -Pinhões - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 70Foto 01 - Espaço brinquedoteca Casa Biriba deProduções - Conj. Cristina - Santa Luzia - MG.(2013).Foto 02 - Espaço brinquedoteca Casa do MestreBene -Baronesa - Santa Luzia -MG. (2012).

Página 74Panorâmica da rua onde esta localizado a sede doPonto deCulturaArt 22 aCasa Biriba de Produções- Santa Luzia -MG. (2013).

Página 76Montagem de fotos tiradas na Cordilheira doEspinhaço - Santana doRiacho -MG.

Página 78Daesquerda para a direitaFoto 01 - Encontro com as mulheres dacomunidade Quilombola Macuco - Minas Novas -MG. (2011).Foto - Famíl ia Rodr igues no terreiro nacomunidade Quilombola Macuco - Minas Novas -MG.(2011).

Documento:correções.pdf;Página:15;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 112: Art22  #  Origens e Cavucultura

Página 79Da esquerda para a direita.Foto 01 - Garoto Rafael ( guardião do Boi daRede) ao fundo de mascara Mestre Juquinha -Lapinha da Serra - Santa do Riacho - MG.(2004-2005).Foto 02 - Brincadeira do Boi da Rede na frenteagachado Décio Marques (in memória) Juquinha- Lapinha da Serra - Santa do Riacho - MG.(2004-2005).

Página 80Da esquerda para a direita.Foto 01 - Roda de Abertura do 1° Seminário doSaber Popular.Foto 02 - Cortejo de abertura do 1° Semináriodo Saber Popular, ao centro de camisa branca,bermuda e caixa de folia vermelha Elci Lage"Biriba" (in memória) que homenageamos com onome da sede da AIAASCA e o Ponto deCultura Art 22 a Casa Biriba de Produções.Todas as fotos tiradas em Pinhões - Santa Luzia- MG. (2009).

Página 81Participantes do Seminário do Saber Popular -Encontro dos Povos do Espinhaço - Lapinha daSerra - Santa do Riacho - MG. (2013).

Página 82Da esquerda para a direita.Foto 01 - Apresentação teatral Maizé Verdade,de chapéu Mestre Zinho (in memória).Foto 02 - Marujada Nossa Senhora do Rosárioda cidade de Dores de Guanhães - MG.

Foto 03 -Guarda deMoçambiqueN.S. daGuia dacidade deSanta Luzia -MG.Foto 04 - Encontro dos bois da Manta (LagoaSanta) boi daRede (Lapinha daSerra).Todas as fotos tiradas no Seminário do SaberPopular - Encontro dos Povos do Espinhaço -Lapinha daSerra - Santa doRiacho -MG. (2013).

Página 83Roda de conversa sobre a cordilheira doespinhaço no Seminário do Saber Popular -Encontro dos Povos do Espinhaço - Lapinha daSerra - Santa doRiacho -MG. (2013).

Página 84Vivência Matinal com Ailton Krenac debaixo doPico do Breu no Seminário do Saber Popular -Encontro dos Povos do Espinhaço - Lapinha daSerra - Santa doRiacho -MG. (2013).

Página 85Foto 01 - SeuRibeiro eCecíliaRibeiroFoto 02 - BlackPio eAlvoradaPéVermei.Todas as fotos tiradas no Seminário do SaberPopular - Encontro dos Povos do Espinhaço -Lapinha daSerra - Santa doRiacho -MG. (2013).

Página 86Foto 01 - Roda de Benzedeiras ao centro DonaPiedade batizando as crianças.Foto 02 - Alimentos daFeirinha da Lapinha.Todas as fotos tiradas no Seminário do SaberPopular - Encontro dos Povos do Espinhaço -Lapinha daSerra - Santa doRiacho -MG. (2013).

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:11;Data:01 de Aug de 2014 16:41:57

Page 113: Art22  #  Origens e Cavucultura

Consultoria e projetosGibran Muller, Marilene Rodrigues, Vinicius

de Carvalho Lage, Priscila BorgesGestão Administrativa e JurídicaGibran Müller, Marilene Rodrigues

Consultoria pedagógicaRose Mary de Carvalho (em memória),

Priscila BorgesZeladores da Residência Artística Casa

BiribaVinicius de Carvalho, Arthur Lage, GibranMuller, Marilene Rodrigues, André Varogh.

Diretoria AIAASCA(2010-2014)

Gibran Muller Carvalho Lage

Priscila Maria de Barros Borges

Marilene Rodrigues dos Santos

Jana Ferreira Diniz

Rômulo Teodoro da Silva

Andréia Cristina de Souza Garcia

(2006/2010)

Gibran Muller Carvalho Lage, Cristiano

Cançado Rocha, Eduardo Douglas, Daniel

Marcos Barbosa, Bruno Reis ,Carlos Felipe

EQUIPE TÉCNICADOPONTODECULTURA

Monitoresdoscursos:AudiovisualLucimar LimaPachecoDaniel LoganWiltonViniciosTeatroFernandoFabriniThiagoAraújoVinicius deCarvalhoIzabelMarques - BebelMúsicaGestonMachadoAndreVaroghJonnhyHernoRonaldoPioArte digitalViniciusMoreiraWiltonViniciosEditorCabeçadePapelVinicius deCarvalho

115115

Documento:correções.pdf;Página:17;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 114: Art22  #  Origens e Cavucultura

CONTATOS

Rua João de Sá, 551, Conjunto Cristina C,Santa Luzia / MG, CEP: 33110-210

Tel.: (31) 3063-6183Email: [email protected]

Canais na Internet:

Associação Art22http://aiaasca.blogspot.com.br/

http://pt-br.facebook.com/aiaasca.art22http://youtube.com/aiaasca

Projeto Saber Popularna Cordilheira do Espinhaço

http://cordilheiratuxaua.blogspot.com.br

Rede do Espinhaçohttp:// www.rededoespinhaco.com

Catálogo impresso em Junho de 2014Fontes utilizadas: Arial e Batang

Documento:correções.pdf;Página:18;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 115: Art22  #  Origens e Cavucultura

117117

Documento:correções.pdf;Página:19;Data:31 de Jul de 2014 15:43:25

Page 116: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:12;Data:01 de Aug de 2014 16:41:57

Page 117: Art22  #  Origens e Cavucultura

119119

Para criar este catálogo, muitas dúvidas apareceram, muitas perspectivas históricas e sociais, culturais eestéticas poderiam encaminhar para tantas linhas de discurso. Tentamos abranger o maior número deagentes significantes para formação doArt22.Mas ainda faltavam tantos que estiverampresentes de formamarcante em nossa trajetória. O livro foi contado de forma que pudéssemos acompanhar odesenvolvimento das atividades, mas os encontros destas pessoas aconteceu de formas e em locaisdiversos, locais de arte, cultura e formação de BH e região metropolitana . Além de agradecer aos que jáforam citados neste catálogo, temosmuito a agradecer a todos que compuseram esta história e para tanto,agradecemos aos tantos:

alex manso helena e alexandre ribeiro dulce cristiano cançado vicente junior thiago araujo laura da matamachado letícia e tayna da mata machado sonia araujo lourival andrade fernando goulart grace alvescecília elcy lage biriba rosemary de carvalho cassandra de carvalho amiltonmatos isabela costa franciscosereno andréia cristina tullaci pimenta marco lobo sonia e alessandra meneses lorena anastácio jaquelineluana vinícius moreira tânia e geston machado helbert eduardo douglas daniel logan leopoldina barbosaludmila benquerer gabriel ribeiro lino e jana dona helena natália seu joão mestre zuim nélio horta seu luizseu antônio fernando fabrini jonnhy herno luciana rodrigues yuri alessandra matos maroca davi alexandredaniel porto lizziane melo bruno reis ronaldo pio andré varogh edyano neves roberto soares marilenerodrigues vinicius de carvalho suzane duarte gibran muller arthur lage cícero borges priscila borgesevangely rodrigues lucimar lima vania ivan diniz carlos felipe de oliveira joílson eva dona olga josé fariamarilza fritas helianamaria silvana colaresmarilda joão neto seu bene domorro santo antônio ângela bebelvambeto wesley alves raouni luan giordane ze carlos camila dalila varogh gilmar machado alexandre ratoseu juquinha e dona lina vilmar aparecido luiz roque manoel donizzet guerino thibau ricardo evangelistasueli silva nadia campos aninha geovana jardim anaua miguel benjamim francisco joão lua ismael rochagustavo fernandes felipe ericamarques adriano rômulo teodoro renato zoia leila castro vinícius leitão

Documento:CORREÇÕES.pdf;Página:13;Data:01 de Aug de 2014 16:41:57

Page 118: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:correções.pdf;Página:22;Data:31 de Jul de 2014 15:43:26

Page 119: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:correções.pdf;Página:23;Data:31 de Jul de 2014 15:43:26

Page 120: Art22  #  Origens e Cavucultura

Documento:correções.pdf;Página:24;Data:31 de Jul de 2014 15:43:26