Arte Naval - Cap. 04

  • Upload
    luiz

  • View
    541

  • Download
    24

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    1/32

    CAPTULO 4

    EMBARCAES MIDAS

    SEO A EMBARCAES

    4.1. Generalidades Pelo nome de embarcaes midas, ou somenteembarcaes, designam-se todas as construdas para serem transportadas a bordodos navios e usadas para salvamento ou em diferentes servios.

    Os tipos de construo das embarcaes midas dependem do fim a queelas se destinam a bordo, mas suas caractersticas principais, especialmente asdimenses e o peso, so condicionadas tambm facilidade de sua arrumao noconvs e s manobras de iar e arriar.

    O nmero de embarcaes depende da classe do navio. Nos naviosmercantes, a Conveno Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana noMar exige um nmero suficiente de embarcaes de salvamento para todos ospassageiros e tripulao. Entretanto, nos navios de guerra, a funo principaldas embarcaes midas no o salvamento do pessoal, mas o servio donavio. Alm disto, em tempo de guerra, as embarcaes usualmente pertencentesao equipamento do navio so deixadas em terra, porque os espaos que ocupama bordo so necessrios utilizao dos armamentos e tambm porque podemconstituir perigo de incndio ou se desfazerem em estilhaos sobre o pessoal.

    Nos navios de guerra prontos para combate, a prtica usual manter-sesomente duas embarcaes no navio para fins de salvamento, ficando a seguranado pessoal em caso de abandono confiada s balsas e salva-vidas individuais queocupam muito menor espao.

    4.2. Classificao das embarcaes Nos navios, encontramos diversostipos de embarcaes midas que, de acordo com o tipo de construo, podem serclassificadas como lanchas, escaleres, baleeiras, botes, chalanas, embarcaesde casco semi-rgido e balsas salva-vidas. Cada uma delas tem caractersticasprprias e emprego especfico.

    a. Lanchas So embarcaes a motor, exigindo portanto maior porte,construo mais resistente e casco reforado para suportar o peso e o esforo depropulso dos motores. As lanchas recebem nome especial conforme o tipo deservio a que sedestinam:

    (1) vede-tas (fig. 4-1) Lanchas com

    cabine a r,para uso dosOficiais. So do-tadas de boa ve-locidade; Fig. 4-1 Vedeta

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    2/32

    ARTE NAVAL150

    (2) lanchas cobertas Dotadas de uma superestrutura ligeira para proteodo pessoal e da carga; e

    (3) lanchas abertas (fig. 4-2) De popa quadrada, servem para o transportede pessoal e servios pesados. Podem receber toldos. Possuem bancadas dispostasde um a outro bordo e podem transportar mantimentos, sobressalentes etc.; servemtambm paraespiar uma n-cora e outrosservios no mar.Lanchas maio-res, deste tipo,tomam o nomede bois ou lan-ches.

    b. Embarcaes de casco semi-rgido (fig. 4-3) As embarcaes decasco semi-rgido so de introduo mais recente em nossa Marinha. Apresentamvantagens significativas em relao s embarcaes tradicionais. Com casco emfibra de vidro e flutuadores de borracha inflveis, foram introduzidas a bordo com opropsito de contribuir para reduzir pesos altos a bordo e permitir o emprego deaparelhos de carga menos robustos e mais leves. Apresentam as seguintes vantagensquando comparadas s embarcaes tradicionalmente encontradas a bordo:

    so demanuseio mais rpido e fcil (so rapidamente retiradas do bero ecolocadas na gua);

    podem operar em condies piores de mar;desenvolvem velocidades superiores maioria das lanchas tradicionais; eapresentam boa manobrabilidade, alm de conferirem ao patro um amplo

    campo de viso em torno daembarcao.

    c. Escaleres (fig. 4-4) Soembarcaes, a remo ou a vela, deproa fina e popa quadrada. Possuem

    de 3 a 6 bancadas, podendo ser devoga (dois remos por bancada) oude palamenta (um remo porbancada). So particularmente teispara os servios leves no porto;

    Fig. 4-2 Lancha aberta

    Fig. 4-3 Embarcao de casco semi-rgido

    Fig. 4-4 Escaler, de voga

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    3/32

    EMBARCAES MIDAS 151

    d. Baleeiras So embarcaes, a remo, a vela ou a motor, com a proa e apopa mais ou menos iguais, finas e elevadas, com grande tosamento a meia-nau.Diferenciam-se do escaler por esta forma de popa, so em geral menores do que elee so mais leves que o escaler de mesmas dimenses. As de remo podem ser devoga ou de palamenta, estas ltimas com 10 ou 12 remadores. Em razo de suaforma, so muito seguras para o mar, tm geralmente boa marcha tanto a remocomo a vela, e so as mais prprias para aterrar numa praia, investir na barra de umrio etc. Todas as baleeiras tm forquetas e usualmente levam ainda uma forqueta ar para a esparrela. So as embarcaes mais usadas como salva-vidas, podendoneste caso ser a motor (fig. 4-5).

    Baleeiras salva-vidasAs balsas, por suas caractersticas essenciais de leveza e simplicidade de

    construo, no podem assegurar aos nufragos mais que uma proteo ocasionalem caso de emergncia. Portanto, elas permitem uma proteo eficiente apenas atripulantes e passageiros de navios que no naveguem escoteiro ou aos que estejamem guas onde se possa esperar por um socorro externo que no seja tardio.

    A proteo aos nufragos melhor assegurada por embarcaes de cascorgido e, entre estas, a baleeira o tipo preferido. Elas devem satisfazer os seguintesrequisitos: (1) boas qualidades nuticas, mesmo em mar grosso; (2) facilidade dearrumao a bordo e nas manobras de arriar e de iar; (3) mxima capacidade detransporte de passageiros em relao ao tamanho; (4) devem ser durveis, mesmo

    se expostas s piores condies atmosfricas; e (5) devem ser manobradas porpoucos homens.Esses requisitos especiais se opem, mas como o propsito prover a

    segurana do pessoal em caso de abandono do navio, o desenho de construo principalmente dirigido para os seguintes aspectos: (1) os passageiros devem ser

    Fig. 4-5 Baleeira a motor

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    4/32

    ARTE NAVAL152

    desembarcados com segurana; e (2) suas vidas devem ser asseguradas enquantoforem obrigados a permanecer na embarcao. Assim, a questo de arriar aembarcao e afast-la do costado deve prevalecer sobre a manobra de iar e sobrea boa arrumao a bordo. Da mesma maneira a flutuabilidade assegurada pelostanques de ar (fig. 4-6), permitindo baleeira uma reserva de flutuabilidade que aimpossibilite de ir a pique, a no ser em caso de avaria grave.

    A estrutura do cascodas baleeiras salva-vidas pode ser metlica, de madeiraou de fibra de vidro, sendo a primeira a mais empregada, por resistir a incndios epor apresentar maior durabilidade em face das diversas condies de clima etemperatura a que as embarcaes so submetidas. Nas baleeiras metlicas, asbancadas e algumas peas no estruturais podem ser de madeira.

    As principais objees ao casco metlico para a baleeira salva-vidas so: (1)se ficar cheia de gua ou emborcar, ela vai a pique, o que no acontece com a demadeira leve, que flutua em qualquer posio; isto foi solucionado com a colocaode tanques de ar, que, em tal caso, ainda tm a vantagem de tornar mais fcil traz-la posio direita; e (2) os tanques de ar dificultam a limpeza, a secagem da guadas chuvas e a pintura, por ficarem menos acessveis os espaos interiores; destemodo desenvolve-se facilmente a ferrugem. Baleeiras de alumnio com tanques dear de material plstico e baleeiras construdas inteiramente de materiais plsticoseliminam todos esses inconvenientes nos navios modernos, reduzindo ao mnimoas despesas de manuteno.

    Os tanques de ar, constitudos por caixas de metal ou de material plstico,concedem uma grande reserva de flutuabilidade, que caracterstica das baleeiras

    de salvamento.No sentido do comprimento, eles so distribudos de modo que se tenha 50%

    de sua capacidade na proa e na popa, e os outros 50% no meio da embarcao.No sentido da altura, a colocao dos tanques de ar interfere com a estabilidade

    da embarcao. Se muito altos, eles tendem a manter a embarcao na posiodireita, ou traz-la a esta posio se emborcar, mas obrigam a colocar as bancadasno alto, e se colocadas a meia-nau ocupam os lugares dos remadores e reduzem afacilidade de endireitar a baleeira quando emborcada, mas apresentam a vantagemde abaixar o centro de gravidade da embarcao, no somente por seu prprio

    peso, mas por permitirem a colocao das bancadas de tripulantes e passageirosmais em baixo.

    Na prtica, colocam-se tanques de ar to altos quanto possvel, na proa e napopa; at a altura das bancadas e somente debaixo delas, a meia-nau. O centro degravidade da embarcao abaixado por meio de uma quilha bem pesada, de ferroou de chumbo. Deste modo torna-se a baleeira auto-endireitvel, combinando estavantagem, no caso de ela emborcar, com a estabilidade assegurada mesmo quandocom sua lotao completa.

    As baleeiras, assim como as balsas, dispem de linhas salva-vidas cabo

    preso em toda a cinta, de 60 em 60 centmetros, com caoilos a meio, para nele seagarrarem os nufragos.Alm do material referido em 4.2 g(palamenta das balsas), as baleeiras

    possuem em sua dotao: leme e cana do leme; remos em nmero suficiente, maisdois remos de sobressalente e um de esparrela, com fiel e forqueta para coloc-lo

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    5/32

    EMBARCAES MIDAS 153

    na popa; um jogo completo de forquetas ou toletes, com os respectivos fiis presos embarcao; uma ncora flutuante, um bartedouro, um balde, um croque e umalanterna, mastros e velas; e uma agulha de escaler.

    Requisitos das baleeiras salva-vidas dos navios mercantesA Conveno Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, as

    Sociedades Classificadoras e as leis de cada pas estabelecem regras, as maisminuciosas possvel, quanto ao tipo, lotao e nmero de embarcaes para cadanavio.

    Tudo o que dissemos anteriormente sobre as baleeiras salva-vidas aplica-ses embarcaes dos navios mercantes; mas so to variados os tipos existentes,to minuciosas as especificaes, que a descrio completa foge ao propsitodeste livro. Cada navio possui, nas instrues e nos desenhos, as particularidadesde suas embarcaes.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, estabeleceram-se novas exigncias paraas embarcaes de salvamento. De modo geral, os principais requisitos so:

    (1) a capacidade, em ps cbicos, e a lotao, em nmero de passageiros,devem ser marcadas em lugar bem visvel;

    (2) nenhuma embarcao de navios destinados a alto-mar deve ter menos de18 passageiros de lotao (180 ps cbicos de capacidade);(3) as embarcaes metlicas devem ter 1 1/2 p cbico de capacidade nos

    tanques de ar, para cada pessoa da lotao, alm da capacidade necessria paramant-las flutuando quando cheias de gua e com toda a dotao;

    Fig. 4-6 Baleeira salva-vidas

    - -

    GARLINDU DO MASTRO

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    6/32

    ARTE NAVAL154

    (4) todas devem ter equipamentos para usar remo de esparrela;(5) as embarcaes metlicas devem ter bujes com vlvulas de mola, e as

    de madeira podem ter, ou estes bujes ou bujes comuns presos com correntes;(6) navios de mais de 2.500 toneladas brutas, destinados a rotas onde devem

    se afastar mais de 200 milhas da costa, devem ter pelo menos uma baleeira amotor;

    (7) nos navios que devem ter mais de 13 baleeiras, uma delas h de ser amotor;

    (8) nos navios que devem ter mais de 19 baleeiras, duas delas sero a motor;(9) as baleeiras de maior porte, com lotao de 100 ou mais passageiros, se

    no forem a motor, devem ter propulso manual de hlice; e(10) as baleeiras a motor devem incluir na dotao um equipamento de

    navegao, uma pequena estao de rdio, e um holofote. A estao de rdio devepossuir equipamento que opere nas freqncias de socorro, com alcance no inferiora 50 milhas nas condies normais, de dia. A fonte de energia deve ter capacidadepara 6 horas de funcionamento contnuo, pelo menos. Quando a mesma fonte fornecerenergia ao rdio e ao holofote, deve ter capacidade suficiente para o bomfuncionamento de ambos.

    Nmero de baleeiras salva-vidas por navioNavios mercantes Devem ter um nmero suficiente de baleeiras para todos

    os tripulantes e passageiros.Navios de guerra Em tempo de paz: baleeiras salva-vidas e lanchas para 50

    a 100 por cento da lotao; balsas para os restantes.Lotao das baleeiras salva-vidas, por navioAdmite-se que sejam necessrios 10 ps cbicos do volume interior da

    embarcao para cada homem, a fim de mant-la em boas condies deflutuabilidade.

    Pode-se, tambm, determinar a lotao das embarcaes midas do seguintemodo: determina-se uma borda livre para a embarcao e vai-se embarcando opessoal em seus lugares prprios, at atingir a borda livre, a qual marcada nocostado. Considera-se tima a borda livre de 23 centmetros para embarcaes at9 metros de comprimento, e 30 centmetros para as de maior porte.

    Para determinar o peso que uma embarcao pode transportar, multiplica-sea lotao por 75 (peso mdio, em quilogramas, de cada pessoa).

    e. Botes So escaleres pequenos, mas de formas cheias, isto , tm umagrande boca em relao ao seu comprimento. So embarcaes de voga ecomumente guarnecidas por dois remadores; destinam-se aos trabalhos leves noporto.

    f. Chalanas So embarcaes de proa e popa quadradas, borda baixa efundo chato; servem para os servios de pintura e limpeza da linha-dgua e docostado do navio. Possuem forquetas, mas usualmente so impelidas por um remo

    livre. g. BalsasEmprego As balsas (fig. 4-7)so usadas quase exclusivamente para

    salvamento. Em razo de seu pequeno peso, facilidade de arrumao e de manobra,tiveram uso intensivo na ltima guerra, principalmente nos navios de combate.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    7/32

    EMBARCAES MIDAS 155

    Partes principais:(1) flutuador(fig. 4-7) Geralmente de forma elptica e forrado de lona;(2)estrado(fig. 4-7) De madeira, ocupando todo o espao interno do flutuador;

    serve de piso para o pessoal; e(3)linha salva-vidas(fig. 4-7) Cabo fino preso em todo o contorno da balsa,

    a intervalos iguais, com seios suficientes que o permitam flutuar, ficando a flutuaoassegurada por caoilos de madeira leve que se enfiam nele; a essa linha se agarramos nufragos ao se aproximarem da embarcao.

    Palamenta A palamenta de uma balsa amarrada por um cabo que tem cadaum de seus chicotes preso a um lado da balsa, de modo a poder ser usada em qualquerdos lados. As peas da palamenta que possam deteriorar-se so conservadas numacaixa estanque. A palamenta consta de: dois remos; uma boa de cabo de fibra, de 7 cm

    de bitola e 30 m de comprimento; um recipiente apropriado para espalhar leo no mar(cinco litros de leo, pelo menos); uma quartola; equipamento de foguetes, sinais luminosose fumaa; pequena farmcia; rao de emergncia, constando de bolacha, alimentosdesidratados etc.; e pequeno equipamento de pesca, incluindo uma faca.

    Material do flutuador:(1) balsa de madeira O flutuador de madeira extraleve, forrado de lona;

    emprega-se usualmente a pita ou outra madeira de balsa;(2) balsa de metal O flutuador um tubo de cobre, de seo circular e

    revestido de lona. Para assegurar a flutuabilidade, o tubo de cobre pode ser dividido

    em compartimentos ou cheio de cortia ou madeira extraleve. Esse tipo no deveser jogado de altura superior a cinco metros; e(3) balsa de borracha Constituda por um tubo de borracha mantido vazio e

    que, quando se desejar, pode ser cheio de ar ou de CO2mantido sob presso empequena ampola.

    Fig. 4-7 Balsa salva-vidas

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    8/32

    ARTE NAVAL156

    Arrumao a bordo So guardadas no convs, soltas, de modo a poderemflutuar se o navio afundar, ou so amarradas sobre a borda, de modo a serem jogadasna gua logo que se cortem as peias. Podem ser colocadas uma por cima da outrapara economia de espao.

    h. Balsas salva-vidas inflveis (fig. 4-8) Muito usadas atualmente, asbalsas inflveis so lanadas pela borda, podendo ser utilizadas pelos nufragosem poucos segundos. So acondicionadas no convs, em valises de lona ou emcofres plsticos, ficando assim protegidas da ao do tempo e dos borrifos domar. So infladas por fora de

    CO2contido numa pequena ampola presa ao

    fundo.Todo navio deve possu-las em quantidade suficiente para, pelo menos, toda

    sua tripulao e destacados, mais uma margem de segurana de 10%.

    ModelosExistem diversos modelos, que variam conforme o fabricante. A maioria

    para 15 pessoas, existindo algumas maiores (para 20 ou 25 pessoas).Normalmente, so acondicionadas em casulos de fibra de vidro, de forma a

    ocupar reduzido espao a bordo, o que facilita seu emprego e instalao mesmo emnavios de pequeno porte. Os casulos so instalados em cabides prprios, nos

    conveses abertos. As balsas salva-vidas so fabricadas de acordo com as normasda Organizao Martima Internacional (IMO) e testadas para suportarem as condiesde mar aberto por tempo indefinido, proporcionando condies de sobrevivncia parao nmero de pessoas de sua lotao. Seus componentes bsicos so mostradosnafigura4-8.

    Fig. 4-8 Balsa pneumtica auto-inflvel classe I

    LINHA DE SEGURANA INTERNA

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    9/32

    EMBARCAES MIDAS 157

    Dotao

    ManutenoAs balsas salva-vidas devem ser revisadas a cada 18 meses. Os principais

    itens da reviso compreendem:(1) verificao do estado de porosidade do tecido (cmaras de flutuao e

    tubo de armao da cobertura);(2) teste hidrosttico da ampola de CO

    2;

    (3) substituio de itens do seu kit (pirotcnicos, raes slida e lquida,material de primeiros socorros); e

    (4) tratamento e pintura do casulo e teste dos aparelhos hidrostticos.As balsas, normalmente, possuem vida til de 12 anos, a contar da data de

    fabricao. Se porventura houver necessidade de reparos nas balsas, coletes inflveise botes pneumticos, os seguintes aspectos devem ser observados:

    (1) preparar a rea a ser reparada, verificando se a mesma no estcontaminada com leo, graxa ou outros agentes;

    (2) lixar o local a ser reparado; em seguida, remover os excessos de borrachalixada; e

    (3) cortar ao redor do furo e fixar o remendo, aplicando a cola com um pincel.No caso de balsas e botes, se o furo apresentar dimenses superiores a 20 cm,haver necessidade de se aplicar remendos externos e internos. Caso a situaopermita, inflar somente aps 24 horas da realizao do reparo. Em situao de

    emergncia, os furos devem ser bujonados.UtilizaoPara utilizao, basta calcar o pedal do aparelho hidrosttico, que

    responsvel pela fixao da cinta que prende a balsa ao bero (tendo antes apreocupao de verificar se o cabo de disparo est fixo estrutura do navio).

    someredrapmU sahlipmocarodazilanisanretnaL

    sortemidsoirvedsejuB )raoratelpmocerarap(launamabmoB

    augedseroteloC acimrtatnaM

    etnautulfarocn etnautulforA

    sorrocossoriemirpedlairetaM radarrotelfeR

    odaugedoomerarap(sajnopsE)aslabadroiretni

    ahlemrevalertseseteugof(socinctoriPsiaunamsohcaf,sadeuq-arpmoc

    )ajnaralsonegmufesohlemrev

    saidsrtarap,adilseadiuqloaR oazilitueaicnviverbosarapseurtsnI aslabadtikod

    onruidrodazilanisohlepsE acseparaptiK

    arap,adadnoderraatnopmoc(sacaF)aslabsonadrative

    arap(botnemavlasedsianisedalebaT)socinctoripsodoazilituaratneiro

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    10/32

    ARTE NAVAL158

    O cabo de disparo responsvel por acionar a ampola de CO2, que far

    com que a balsa infle; fornecido com comprimento entre 20 e 25 metros.Entre o cabo de disparo e a estrutura do navio instalado um fusvel, que umcabo de menor bitola, responsvel por liberar a balsa, caso o navio afunde e aliberao da mesma ocorra por presso hidrosttica, que passa a atuardiretamente no aparelho hidrosttico (a cerca de 5 metros de profundidade).Esse fusvel responsvel por liberar o cabo de disparo da balsa da estruturado navio.

    O cabo de disparo tambm utilizado como boa. Aps lanado o casulona gua (so necessrios, pelo menos, dois homens), o cabo ser colhido, atque seja encontrada uma certa resistncia, quando, ento, dever ser dado umpuxo forte para acionar a ampola de CO

    2, que inflar a balsa em cerca de 30

    segundos.Se o casulo estiver instalado em um convs muito elevado, maior que o

    comprimento do cabo de disparo, este deve ser aumentado, de modo a permitir achegada do casulo ao mar sem que ele fique pendurado pelo cabo de disparo.

    A balsa que ficar emborcada ao inflar pode ser desvirada, tracionando-seos tirantes existentes na sua parte inferior, e que a cruzam no sentido radial, daseguinte forma: um homem sobe sobre os flutuadores das extremidades e,mantendo os ps apoiados na borda, lana-se para trs, tracionando os tirantes.Para facilitar a faina, deve-se verificar a direo do vento, desvirando-se a balsaa seu favor (fig. 4-9).

    Fig. 4-9 Como desemborcar uma balsa inflvel

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    11/32

    EMBARCAES MIDAS 159

    4.3. Construo de embarcaes de madeira4.3.1. Construo do casco As embarcaes de ao tm geralmente o forro

    liso. As de madeira, porm, podem ter seu casco construdo de acordo com a disposiodo forro do costado, como apresentado abaixo:

    a. Costado liso (fig. 4-10a) Constitudopor tbuas dispostas em fiadas, da roda de proa aocadaste, sem se sobreporem, de modo que asuperfcie se apresente lisa (construo a topo). Ascosturas so calafetadas com estopa de algodoou linho. Se as tbuas forem finas demais paraagentar o calafeto faz-se correr sobre as costuras,pela parte interna, um sarrafo estreito; neste caso,s haver calafeto nas costuras das tbuas doresbordo e nas extremidades das fiadas do forro.

    Nas embarcaes de maior porte usa-se, algumasvezes, um outro forro interior, na parte interna dascavernas. Este tipo empregado nas lanchas ebaleeiras.

    b. Costado em trincado (fig. 4-10b) empregado sempre o trincado simples.Deste modo as fiadas de tbuas so cavilhadas s cavernas e umas s outras, ondeelas se sobrepem. A bainha inferior de cada fiada fica sempre por cima da fiadaimediatamente abaixo.

    Vantagens deste sistema: (1) mais resistente

    que o liso, pois as tbuas se suportam umas soutras nas bainhas; isto permite maior espaamentoentre as cavernas; e (2) as costuras no precisamcalafeto, pois a inchao das tbuas faz com queelas se adaptem bem s outras.

    Desvantagens: (1) as tbuas fendem-se maisfacilmente pelas costuras; (2) qualquer reparo nocostado torna-se mais difcil, pois tem-se que retirarmais de uma tbua para reparar uma s; e (3) para

    manter as condies de estanqueidade, este tipodeve ser posto na gua com maior freqncia, ou, se isto no for possvel, deve-se molharde vez em quando com uma mangueira.

    c. Costado em diagonal(fig. 4-10c) As tbuas so dispostas em diagonal,da quilha para a borda, fazendo umngulo de 45 com a quilha. H doisforros superpostos, cruzando-se asfiadas de tbuas, e entre os doisforros colocado um tecido

    impermevel gua; h poucascavernas. O forro interior inclinadoda quilha para vante, e o exterior daquilha para r. Esta construo forte, porm pesada e de reparo maisFig. 4-10c Construo em diagonal

    Fig. 4-10a Construo a topo

    Fig. 4-10b Construo emtrincado simples

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    12/32

    ARTE NAVAL160

    difcil em caso de avaria; empregada somente nas embarcaes de maior porte,por exemplo, as grandes baleeiras dos navios mercantes.

    Pode-se combinar os sistemas, liso e diagonal, ficando tambm a embarcaocom duas espessuras de forro, a interior em diagonal e a exterior a topo.

    4.3.2. Peas de construo de uma embarcao de madeira So asseguintes:

    Quilha (figs. 4-10c e 4-11) Pea de madeira forte, que correlongitudinalmente no fundo da embarcao; sobre ela so fixadas as cavernas, aroda de proa e o cadaste.

    Sobrequilha (figs. 4-10c e 4-11) Colocada em cima da quilha e em todocomprimento, servindo como reforo da estrutura do navio; nela se abrem as carlingaspara os mastros e os entalhes para os ps-de-carneiro das bancadas.

    Sobressano ou falsa quilha (fig. 4-11) uma quilha exterior, colocadapor baixo da quilha e servindo como proteo, e s vezes como bolina.

    Cavernas (figs. 4-10c e 4-11) Peas de madeira flexvel, recurvada, nasembarcaes leves, ou de madeira trabalhada nas embarcaes pesadas. Uma desuas extremidades presa em entalhes abertos na quilha, ficando a outra ligada aoalcatrate.

    Roda de proa (fig. 4-11) Pea da mesma madeira com que foi construdaa quilha, fixada no extremo de vante dela; d forma proa da embarcao, recebendoos entalhes para as extremidades das tbuas do forro. Geralmente forrada na suaface de vante por uma chapa ou barra de lato.

    Cadaste (fig. 4-11) tambm uma pea da mesma madeira que a quilha,e se fixa em seu extremo de r.

    Coral (fig. 4-11) Pea curva de madeira, que serve para prender a quilha roda de proa e ao cadaste; no primeiro caso recebe a denominao de coral daroda, e na segunda a de coral do cadaste.

    Contra-roda (fig. 4-11) um prolongamento do coral, formando o reforointerno da roda de proa.

    Contracadaste (fig. 4-11) Prolongamento do coral, formando um reforointerno para o cadaste.

    Painel de popa(fig. 4-4) Tambm conhecido com o nome de espelho, uma tbua de madeira grossa, cavilhada na parte superior do cadaste, formando apopa da embarcao de popa quadrada.

    Alefriz(fig. 4-11) Nome dado aos entalhes laterais praticados na quilha, rodade proa, cadaste ou painel de popa; servem para receber as tbuas do resbordo e ostopes de todas as outras que constituem o forro da embarcao na proa e na popa.

    Alcatrates (figs. 4-10c e 4-11) Peas de madeira colocadas de proa apopa, prendendo-se s extremidades superiores das cavernas; elas determinam otosamento da embarcao.

    Buarda (fig. 4-11) Pea de madeira, de forma curva, colocada na parteinterna da proa; serve para reforar a proa e para travamento dos topos dos alcatrates.

    Dormentes (figs. 4-10c e 4-11) Peas de madeira forte, situadas um poucoabaixo dos alcatrates, paralelamente a eles e tambm de proa a popa. So presoss cavernas e se destinam a suportar as bancadas da embarcao.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    13/32

    EMBARCAES MIDAS 161

    Braadeiras (figs. 4-10a, 4-10b e 4-11) So peas angulares de madeira,ferro ou bronze, que servem para prender as bancadas a bordo da embarcao oupara travamento de outras ligaes em ngulo.

    Bancadas (figs. 4-10a, 4-10b e 4-10c) Pranchas de madeira, dispostas de

    um bordo a outro, servindo para nelas sentarem os remadores e tambm paratravamento da embarcao; elas descansam as suas extremidades em entalhesabertos nos dormentes e so ligadas s braadeiras.

    Ps-de-carneiro (fig. 4-10c) So hastes de madeira colocadas verticalmenteno centro de cada bancada, para agent-la pela parte de baixo; suportam o pesodos remadores que se sentam nas bancadas, descansando a sua extremidadeinferior na sobrequilha.

    Carlinga (fig. 4-11) um entalhe quadrangular feito na sobrequilha paraagentar o p de um mastro; este entalhe pode ser realizado em uma pea de

    madeira ou de metal, ficando esta pea presa sobrequilha.Coxias Pranchas de madeira colocadas no plano longitudinal, entre asduas primeiras bancadas de vante e entre as duas ltimas de r; prendem-se sbancadas e tm um furo, ou enora, por onde enfurna o p do mastro que vai emecharna carlinga.

    Castelo(fig. 4-11) Tabuado na proa, que cavilhado aos dormentes, ficandono mesmo nvel das bancadas.

    Tbuas do resbordo (figs. 4-10a e 4-10b) So as duas primeiras tbuas docostado, de um e de outro bordo, presas ao alefriz da quilha; so de madeira mais

    forte do que as outras. A tbua que se lhe segue toma o nome de contra-resbordo.Escoas (figs. 4-10c e 4-11) Tbuas delgadas pregadas nas cavernasinteriormente, no fundo e no bojo da embarcao; impedem que os homens pisemnas tbuas do forro e nas cavernas, reforando ainda a construo.

    Costado o forro exterior da embarcao; formado por tbuas delgadas,cavilhadas na roda de proa, cavernas e cadaste ou no painel de popa.

    Falca (figs. 4-10a, 4-10b e 4-10c) a primeira tbua superior do costado; fixada ao alcatrate e serve para formar a borda da embarcao.

    Tabica (fig. 4-11) o sarrafo que se coloca por cima dos alcatrates ou da

    falca, de proa e popa, rematando a borda da embarcao.Tbuas da boca (fig. 4-11) So as primeiras tbuas do costado, logoabaixo da falca, tambm denominadas tbuas da cinta.

    Coces (fig. 4-12) Peas pequenas de madeira, pregadas verticalmentenos alcatrates que servem de reforo s aberturas nas falcas, podendo agentar aschumaceiras.

    Painis So forros internos, com moldura, que se colocam entre osdormentes e os alcatrates para embelezamento.

    Chumaceiras (fig. 4-12) So chapas de metal em forma de U que cobrem

    as aberturas das falcas, prendem-se aos coces e servem de apoio aos remos.Toleteiras (fig. 4-12) So peas de madeira ou metal, entalhadas e pregadassobre as tabicas das bordas ou sobre os alcatrates, nas embarcaes guarnecidascom remos e forquetas; tm um furo no centro, onde recebem as hastes das forquetas,ou toletes.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    14/32

    ARTE NAVAL162

    Bueiros So furos abertos nas tbuas do resbordo, junto quilha, servindopara o esgoto das guas, quando se ia ou encalha a embarcao; so tamponadoscom bujes de rosca, ou vlvulas automticas.

    Verdugos (fig. 1-32) So peas de madeira ou de metal, fixas exteriormenteao costado, no sentido longitudinal e logo abaixo das falcas, servindo de proteo aocostado.

    Paineiro o espao que fica na popa, tendo bancadas ao redor, e onde sesentam os passageiros. Geralmente, o assoalho do paineiro formado de seesde tbuas ou xadrez, chamadas quartis.

    Travesso Pea transversal de madeira forte, colocada a r da embarcaopor dentro do painel da popa e entalhada nos alcatrates ou nos dormentes; serve dereforo embarcao e tambm de apoio ao guarda-patro.

    Castanhas (fig. 4-10c) Pequenas peas de madeira com os entalhes parareceber os finca-ps, sendo geralmente fixas s escoas mais altas.

    Forquetas da palamenta So peas de ferro ou metal, em forma deforquilha e pregadas sobre as bancadas, uma a vante e outra a r da embarcao;nelas se guardam os mastros, vergas e demais peas da embarcao; em desuso.

    Casa do co o pequeno compartimento que fica por baixo do local ondese senta o patro.

    Garlindu Braadeira presa numa bancada ou no travesso; serve paraagentar um mastro ou o pau de toldo de r. O pau de toldo de vante passa geralmentepor uma abertura feita no castelo da embarcao, igual s enoras por onde enfurnamos mastros nas coxias.

    Tanques de ar (fig. 4-11)Tanques de lato ou ao galvanizado, completamentefechados a solda para se tornarem estanques; usados nas baleeiras salva-vidas.

    Armadoras (termo de arquitetura naval) So os sarrafos de madeiraque prendem as balizas exteriormente, no sentido de proa e popa, durante aconstruo da embarcao.

    Cunhos (fig. 4-11) Pequenas peas de metal, distribudas nos lugaresprprios, na parte interna da borda, e geralmente fixas aos alcatrates. Os cunhosservem para agentar os brandais dos mastros, as escotas das velas, as arridasdos toldos, e os fiis do leme.

    Arganus (fig. 4-11) Neles se engatam as pernadas dos estropos; asembarcaes que moram num par de turcos possuem quatro arganus, cravados:dois na quilha (um a vante e outro a r), um na roda de proa e outro no cadaste. Asembarcaes que so iadas por lana, tendo um s estropo, possuem apenasdois arganus, cravados na quilha.

    Olhais Fixos aos alcatrates, so cravados os olhais em que se passam astrapas dos estropos da embarcao.

    Jazentes Nas lanchas, peas resistentes que suportam os motores.Monelha Chumao feito de cabo ou de couro, cheio de estopa, que se

    prega no bico de proa ou no verdugo das embarcaes, servindo de defensa; algumasbaleeiras salva-vidas possuem em toda a cinta um cabo grosso com monelhas. Ospaus de contrabalano e os picadeiros onde assentam as embarcaes tambmlevam monelhas.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    15/32

    Fig. 4-11 Peas de construo

    Tbuas da cinta

    Tbuas do bojo

    AlmofadasGovernaduras

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    16/32

    ARTE NAVAL164

    4.4. Propulso das embarcaes midas Conforme a propulsoempregada, as embarcaes midas podem ser a motor, a vela ou a remos.

    Normalmente, as embarcaes utilizadas nos navios so de propulso a motor,que pode ser fixo (localizado no interior da embarcao) ou removvel (instalado forada embarcao, como o motor de popa dos botes). Os motores fixos podem sercentrais, caso em que se acoplam ao hlice por meio de um eixo longo ou derabeta, instalados no interior do casco, na popa. Neste ltimo caso, a embarcaono possui leme, e as mudanas de rumo so obtidas mediante o giro do conjuntodo hlice em torno de um eixo vertical ( semelhana dos motores de popa).

    Existem outros tipos de propulso que no so de uso freqente nasembarcaes midas encontradas a bordo, como a propulso a jato de gua (idnticoao utilizado emjet sky) ou com o hlice sobre a embarcao, girando no ar, como osistema utilizado nos hovercrafte nas embarcaes de fundo chato empregadasem reas pantanosas.

    4.5. Palamenta das embarcaes midas o conjunto dos objetosusados no servio comum da embarcao. Da palamenta, chama-se a atenopara os seguintes itens:

    Leme (figs. 4-11 e 4-12) Pea de madeira, utilizada no governo daembarcao; geralmente constitudo de uma s tbua, e as suas partes principaisso madre, cabea e porta do leme. a porta que oferece resistncia gua;cabea a parte de cima, onde emecha a cana do leme; madre a parte mais avante, onde ficam as governaduras.

    Cana do leme(fig. 4-12)Barra de madeira ou de ferro, que se coloca nacabea do leme, pela qual se pode moviment-lo, e assim governar a embarcao.

    Meia-lua (fig. 4-12) Pequena pea de madeira ou de ferro, em forma demeia-lua, usada nas baleeiras ou botes, para o mesmo fim que a cana do leme; temuma abertura a meio, para emechar na cabea do leme, e nas extremidades furospara os gualdropes, que ficam seguros por quem governa o leme.

    Governaduras (fig. 4-12) Conjunto de machos e fmeas de lato ou ferro,pelos quais se fixa o leme ao cadaste ou ao painel de popa, permitindo o movimentodele em torno do eixo vertical. O macho constitudo de uma perna e um brao, e a

    fmea de um olhal e um brao; para cada leme so colocados dois pares degovernaduras: um dos machos colocado na parte inferior do cadaste ou do painelde popa e o outro na parte superior da madre; as fmeas ficam colocadas, uma naparte inferior da madre e a outra na parte superior do cadaste.

    Fiis do leme (fig. 4-12) Constitudos por uma linha de barca ou cabo fino,que se agenta pelo seio, por meio de duas pinhas, para que no recorra, em umfuro na porta do leme. Os seus chicotes tm alas que se prendem em dois cunhosna borda da embarcao. Os fiis do leme servem para evitar que o leme v ao fundose ficar descalado por qualquer motivo; pode-se ainda governar o leme por eles, em

    caso de emergncia quando se perder ou avariar a cana do leme ou a meia-lua. Ofiel deve ser sempre passado, logo que se calar o leme. Caso seja perdido o leme deuma embarcao e se queira fazer um outro, tem-se uma regra prtica para calculara rea da porta: multiplica-se o calado a meio, quando a embarcao est carregada,pelo comprimento entre perpendiculares, e este produto pelo coeficiente 0,065.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    17/32

    EMBARCAES MIDAS 165

    Fig. 4-12 Palamenta

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    18/32

    ARTE NAVAL166

    Fig. 4-12 Palamenta (continuao)

    GOVERNADURAS

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    19/32

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    20/32

    ARTE NAVAL168

    extremos do toldo, chamam-se cabees e agentam as alas ou fiis que amarramo toldo. Os extremos dos cabees e das fasquias devem ser forrados de couro. Asarridas so os pedaos de linha de barca ou arrebm presos aos extremos dasfasquias e que se amarram nos cunhos prprios, na borda da embarcao, a fim demanter o toldo em posio horizontal.

    Paus de toldo(figs. 4-11 e 4-12) So dois, geralmente de forma cilndrica,e servem para agentar o toldo a vante e a r; o de vante enfurnado num furo abertoa meio do castelo, e o de r numa braadeira fixa ao travesso. Os ps dele emechamem entalhes feitos na sobrequilha, e as suas cabeas so torneadas, tendo umpequeno rebaixo, onde se passa a ala ou o fiel dos cabees.

    Sanefas (fig. 4-12) So protees laterais contra o sol, a chuva e o mar,colocadas na parte de r e nos lados, fechando o paineiro da embarcao at aaltura do verdugo; so geralmente de brim, podendo ser cosidas ao toldo ou no, ese prendem borda por meio de pequenas alas, fiis ou ilhoses.

    Pau da flmula e da bandeira (fig. 4-11) Mastros destinados,respectivamente, para a flmula ou o pavilho e para a Bandeira Nacional. O pau daflmula fica a vante e o da bandeira a r; o primeiro deve ser ligeiramente mais baixoque o segundo (cerca de dois palmos).

    Quartola ouancoreta(fig. 4-12) Espcie de barril de madeira, pequeno ede seo elptica; contm 10 a 30 litros de gua potvel, tendo uma torneira laterale um orifcio com bujo em cima, para encher. So colocados em descansoschamados beros.

    Agulha Pequena agulha magntica, porttil, seca ou molhada, chamada

    usualmente agulha de escaler. Usada em tempo de cerrao ou quando a embarcaotiver de se afastar do navio. Deve ser conservada longe de qualquer influnciamagntica.

    Boa Cabo destinado a amarrar a embarcao ou a servir em caso dereboque. Sua bitola depende do porte da embarcao; amarrado por um doschicotes, com lais de guia ou ala de mo, ao arganu de proa, ficando o outrochicote livre. A boa deve ter um comprimento duas ou trs vezes maior que o daembarcao, e tem o chicote enrabichado; quando no estiver sendo utilizada deveser aduchada no castelo.

    Boa de viagem Denomina-se boa de viagem a uma boa mais comprida,permanentemente instalada (em viagem) entre a lancha no bero (ou no turco) e onavio e destinada a facilitar as manobras de iar e arriar a embarcao com o naviocom pequeno seguimento AV, ou mesmo fundeado em local com correnteza (queso as condies usuais da faina). A ala passada na lancha e o chicote amarradoem um cunho ou cabeo por ante AV do bero (ou do turco), de tal modo que segurea embarcao flutuando na altura do bero (ou do turco) independentemente dacorrenteza, facilitando a manuteno de posio para a retirada e colocao dosgatos de escape das catarinas nos arganis da lancha.

    A boa deve ser longa e passada em um cabeo o mais AV possvel, demodo a exercer um esforo sobre a lancha em um sentido quase que paralelo aonavio (deste modo, a lancha tambm ficar paralela ao costado). Obviamente, acurvatura do costado deve ser levada em conta na escolha do ponto de fixao daboa.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    21/32

    EMBARCAES MIDAS 169

    conveniente marcar o comprimento de cabo necessrio, por meio de ummerlim amarrado ao ponto em que a boa ser amarrada ao navio, de modo afacilitar a preparao da embarcao por ocasio da preparao para o mar. Ascaractersticas da instalao indicaro a convenincia de mant-la j fixada com onavio em viagem.

    Em navio que costuma iar a sua lancha com uma velocidade expressiva, conveniente utilizar uma boa adicional amarrada popa da embarcao e a umcabeo ou cunho situado a uma boa distncia a r da posio de iamento. Estaboa impede que a lancha seja projetada para vante no instante em que deixar agua, uma vez que a boa de viagem, esticada em razo do esforo de trao,tender a retornar a seu comprimento original.

    Xadrez (fig.4-12) Xadrez de madeira, dividido em sees chamadasquartis e destinado a assoalhar o paineiro. Os quartis tambm podem ser demadeira lisa, no havendo xadrez neste caso.

    Almofadas (fig. 4-12) Acolchoados de lona ou couro, cheios de palha oucrina, usados em algumas lanchas para as bancadas do paineiro.

    Panos do paineiro Panos de brim branco, cortados de acordo com aforma do paineiro para cobrir as bancadas e os encostos.

    Capachos Capachos de coco para cobrir o assoalho do paineiro; usadosalgumas vezes tambm na bancada onde pisam os passageiros ao embarcar.

    Farol Nas embarcaes a remo de menor porte, usa-se um farol de vidrosbrancos ou uma lanterna de iluminao Dietz. Nas embarcaes a motor o farol uma pequena lanterna tendo duas faces laterais de vidro e uma face a r de lato;

    esta ltima tem na parte interna um refletor e na externa uma ala ou gancho demetal para prend-la ao pau de toldo de vante da embarcao. Os vidros tm ascores de acordo com as luzes de navegao, verde e encarnado.

    Lanterna Lanterna de luz branca, usada a r para ser mostrada como luzde alcanado, quando outra embarcao de maior velocidade se aproximar nestadireo.

    Defensas (fig. 8-112 a 8-114) Podem ser confeccionadas em sisal, couro,plstico ou borracha. As defensas so usadas, temporariamente, para proteger ocostado das embarcaes por ocasio das manobras de atracao e desatracao.

    As embarcaes de bordo no as mantm no costado quando esto navegando(exceo: conjunto de defensas cilndricas horizontais rosrio confeccionadasespecificamente para fixao aos verdugos das lanchas; trata-se de trabalhomarinheiro que confere um bom aspecto embarcao).

    Baldes Geralmente de menores dimenses que os empregados para oservio geral do navio. Servem para baldear a embarcao, e alguma vezes substituemo bartedouro. O balde deve ter fiel na ala e o chicote do fiel preso borda ou a umabancada, para no ir a pique se escapulir da mo.

    Bartedouro ou vertedouro (fig. 4-12) Pea de madeira em formato decolher destinada a retirar gua do fundo da embarcao; encontra-se em desuso.

    Capa Cobertura de lona impermeabilizada que envolve a parte superior daembarcao a fim de preserv-la durante as viagens ou no porto.

    Capuchana Cobertura do motor das embarcaes.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    22/32

    ARTE NAVAL170

    Coletes salva-vidas Em nmero suficiente para a guarnio da lancha epassageiros. A guarnio da lancha e o pessoal envolvido na manobra de arriar eiar a embarcao utilizam coletes de flutuabilidade permanente. Opcionalmente, aguarnio da lancha poder utilizar coletes que inflem automaticamente.

    Ancorote (fig. 10-3c) Pequena ncora destinada a fundear a embarcao.Extintor Utilizado para combater princpios de incndio.Bia salva-vidas A mesma utilizada nas anteparas dos navios, com o

    propsito de auxiliar um homem que porventura caia no mar.Pirotcnicos Utilizados para sinalizao.Equipamento de salvatagem Basicamente, o mesmo existente nas balsas

    salva-vidas. As raes slidas e lquidas so dimensionadas em funo da capacidadeda lancha, a fim de permitir a sobrevivncia de seus ocupantes em caso de abandono.Deve ser conferida uma especial ateno validade de tais itens. Uma boa prtica inspecion-los cada vez que as balsas salva-vidas forem encaminhadas para reviso.

    Caixa de primeiros socorros Contendo o mesmo material dokitexistentenas balsas salva-vidas.

    Bandeira Nacional, flmulas e pavilhes As lanchas devem possuirBandeira Nacional, flmulas e pavilhes a serem usados de acordo com o preconizadono Cerimonial da Marinha. Recomenda-se, ainda, que as lanchas possuam umcroqui ou carta nutica de seu porto-base, o que ser til, principalmente, quandonecessitar navegar em baixa visibilidade ou no perodo noturno.

    Luzes de navegao Para uso noturno ou em baixa visibilidade, conformeprevisto no RIPEAM (luzes dos bordos, de mastro e de alcanado).

    Sinos para sinalizao sonora Utilizados nas condies de baixa visibilidade.4.6. Cuidados com as embarcaes midasA guarnio das embarcaes midas responsvel pelo seu equipamento.

    Perdas ou danos ao material devem ser informados imediatamente ao patro daembarcao e ao oficial de servio. Alguns cuidados, apresentados a seguir, devemser observados para a manuteno do material:

    verificar constantemente o estado e a validade da palamenta da embarcao;reparar ou informar pequenos danos imediatamente (isto economizar tempo

    em futuros reparos);arejar os coletes salva-vidas aps tempo mido ou quando forem molhados;manter o motor de popa em uma base segura, peado de maneira que o jogo

    do navio no ocasione danos ao equipamento; emanter o material livre de sujeira, corroso e ferrugem.As embarcaes so o espelho do asseio e cuidado observado na unidade a

    que pertencem. Deve-se exigir a manuteno da tradio de boa apresentaomarinheira das embarcaes midas, sendo recomendado:

    (1) que a lancha, terminado seu servio, como exerccios e condues, sejalogo iada, baldeada e limpa;

    (2) iar a chalana logo que terminar o servio para o qual foi arriada;(3) evitar que as embarcaes fiquem atracadas por longo perodo ao portal

    dos navios ou s escadas do cais (devem ficar ao largo ou amarradas ao surriola,atracando somente quando preciso e pelo tempo necessrio); e

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    23/32

    EMBARCAES MIDAS 171

    (4) manter a guarnio completa a bordo das embarcaes em servio, quandoafastadas do navio, e quando atracadas ao cais ou a outro navio (o patro no podeausentar-se da embarcao).

    Quanto apresentao, as falhas mais freqentes observadas nas lanchasso: capas sujas e mal arrumadas, paineiros sujos e maltratados; croques e demaispalamentas sujos; suportes para a palamenta faltando ou com a fixao folgada,guarnio displicente ou mal apresentada.

    Lanchas pouco utilizadas tendem a falhar nos momentos em que se precisadelas. Assim, recomenda-se arri-las periodicamente para teste e adestramentodas suas guarnies. Tais adestramentos permitiro qualificar um maior nmero depessoal na sua conduo.

    A experincia indica que as falhas de manuteno dos turcos constituem acausa preponderante, juntamente com as deficincias de adestramento, nosproblemas encontrados nas fainas de arriar ou iar uma lancha. Imagine os problemas

    que adviro se, em um local isolado e sem possibilidade de auxlio externo, o seunavio no puder recolher a embarcao.

    mandatrio cumprir as rotinas de manuteno dos turcos e das lanchas,especialmente os testes de carga dos turcos, olhais e acessrios da estao demanobra da lancha.

    Recomenda-se incluir o assunto Navegao Bsica no adestramento dos patresdas lanchas, a includa a conduo de embarcaes utilizando a agulha magntica.

    Recomenda-se ainda, antes de despachar embarcaes para terra,particularmente quando se trata de rea fora do porto-base do navio, que o patro

    seja instrudo quanto aos perigos navegao existentes no local.4.7. Amarretas e ancorotesa. Amarreta As amarretas so empregadas nas embarcaes que tenham

    aparelho de suspender. O comprimento usual das amarretas de 90 metros (50 braas).

    TABELA DE AMARRETAS PARA EMBARCAES

    AHNILANOTNEMIRPMOCSORTEMME,AUG'D

    MEATERRAMAADALOTIBSADAGELOP

    rotomaseacrabmE

    80 8/3

    11 61/7

    41 2/1

    71 61/9

    alevseacrabmE

    8 61/5

    1 8/3

    41 61/7

    71 61/9

    -

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    24/32

    ARTE NAVAL172

    Nas demais embarcaes usam-se boas de cabo de manilha, de acordocom a tabela a seguir. Os tamanhos maiores so indicados para as lanchas eembarcaes de maior porte. Onde a boa ficar coando sobre a borda, deve-seproteger com um pedao de lona.

    O comprimento da boa depende dos locais onde habitualmente deva serfundeada a embarcao; usualmente, 40 a 75 metros. O filame deve ser 5 a 7 vezeso fundo; para embarcaes mais leves e em condies normais de tempo e mar,usa-se o filame menor. Se houver pouco espao para permitir o uso do filame indicado,

    ele pode ser reduzido, mas se deve empregar um ancorote mais pesado.b. Ancorote Se a embarcao tem aparelho de suspender e amarreta, usa-

    se um ferro patente. Nas demais embarcaes, o ferro tipo almirantado mais comum.Nas ncoras tipo almirantado, considera-se timo o peso de 15 a 20 quilogramas paraembarcaes at 7,5 metros de comprimento na linha-dgua; para embarcaesmaiores, calcula-se o peso do ferro na base de 3 quilogramas por metro de comprimentona linha-dgua. As ncoras de tipo patente devem ser 25 a 40 por cento mais pesadas.A figura 4-13 apresenta como amarrar os cabos de fibra aos ancorotes.

    ,OACRABMEADOTNEMIRPMOCSORTEMME,AUG'DAHNILAN

    ME,OBACODAICNREFNUCRICSADAGELOP

    5,7 2-2/11

    9 2/12-2

    5,01 3-2

    21 3-2/12

    51-5,31 2/13-2/12

    81-5,61 4-2/13

    12-5,91 2/14-2/13

    Fig. 4-13 Como amarrar os cabos de fibra aos ancorotes

    -

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    25/32

    EMBARCAES MIDAS 173

    4.8. ncora flutuante oudrogue (fig. 4-14) Saco de lona, de forma cnica,tendo na base um p-de-galinha onde se fixa um cabo de reboque. rebocado coma boca voltada para a embarcao, de modo que, enchendo-se de gua, ofereceresistncia bastante para obrigar a manter o rumo, se a vaga vem da popa, impedindoque a embarcao atravesse ao mar. Tem uma retinida presa ao vrtice, para recolh-lo a bordo, a qual tambm serve para governar a embarcao. Utilizado, tambm,para fazer com que a embarcao deriva aproe a vaga, e neste caso deve serlanado proa. Pode ser empregado numa embarcao rebocada, para govern-labem.

    Para embarcaes at 8 metros, o tamanho usual 0,60 m para dimetro daboca e 1,35 m de comprimento. Para embarcaes maiores, dimetro da boca iguala 0,75 m e comprimento de 1,60 m. Deve fazer parte da dotao de todas asembarcaes salva-vidas. particularmente til na propulso a vela, servindo nosomente para manter o rumo como para reduzir o caimento da embarcao.

    SEO B ARRUMAO DAS EMBARCAESE TURCOS

    4.9. Arrumao das embarcaes a bordo

    a. Navios de guerra As embarcaes podem ser conduzidas iadas nosturcos ou no convs, descansando sobre picadeiros. prefervel t-las sempre nospicadeiros, a fim de resguard-las do mar e, em certos casos, para no dificultar asatracaes do navio.

    Quando as embarcaes aparelham em turcos, para fins de salvamento,mantm-se pelo menos uma baleeira de servio, que deve estar sempre pronta aarriar, com os turcos disparados; sendo possvel, ser melhor uma embarcao decada bordo. As embarcaes escolhidas para este fim devem ser as que moraremmais a r.

    Nos navios de grande porte as embarcaes podem ser conduzidas umadentro da outra, com picadeiros apropriados, ambas peadas diretamente ao convs,para melhor segurana. Isto permite economia de espao no convs. A embarcaoque fica por cima naturalmente a menor, e se for de salvamento deve permanecerpronta a arriar, com seus estropos j passados.

    Fig. 4-14 ncora flutuante

    - -

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    26/32

    ARTE NAVAL174

    Os porta-avies levam suas embarcaes nos contrafeitos, de modo a ficaremclaros o costado e o convs de vo; nesses navios, as embarcaes tambm podemser conduzidas na primeira coberta, para onde so levadas por picadeiros sobre carros.

    sempre necessrio que cada embarcao esteja bem colocada sobre ospicadeiros e bem peada, no convs, ou nos turcos se est iada. Isto importante,principalmente quando o navio for para alto-mar.

    Nos picadeiros de macaco (fig. 1-52), estes devem ser ajustados de acordocom a forma da embarcao. No caso de uma embarcao suportando outra, opicadeiro desta adaptado de modo tal que seu peso seja exercido na sobrequilhada embarcao de baixo.

    b. Navios mercantes As embarcaes so conduzidas, nos picadeiros ounos turcos, mas estes nunca so mantidos para fora do costado. Elas devem serarriadas no menor tempo possvel e exige-se que possam ser arriadas com o navioadernado at 15 graus.

    Os picadeiros devem ter a metade de fora rebatvel, ou no ter essa metade,a fim de que as embarcaes possam ser levadas para fora sem necessidade deiar mais. As peias devem ter gato de escape para que sejam facilmente soltas.

    So exigidas escadas de quebra-peito desde o convs onde os passageirosdevam embarcar at a linha-dgua do navio leve. Para as fainas de abandono, foramusadas intensivamente na ltima guerra redes salva-vidas colocadas no costado poronde o pessoal descia em muito menor tempo.

    Nos navios de passageiros, onde embarcaes fiquem a mais de 30 metrosde distncia do passadio, exigem-se fonoclamas para dar as ordens de manobra

    na faina de arriar. Em tais navios, se as embarcaes forem transportadas a maisde 6 metros de altura da linha-dgua, as talhas devem ser de cabo de ao, e amanobra de arriar mecnica. Em cada bordo deve haver uma embarcao salva-vidas pronta para arriar.

    4.10. Turcos, lanas e guindastes As embarcaes so iadas e arriadaspor meio de turcos, lanas ou guindaste. Os turcos so quase sempre aparelhadosaos pares, servindo apenas s embarcaes que neles moram; somente as chalanase botes pequenos podem ser manobrados por um turco singelo.

    As lanas e os guindastes podem servir a todas as embarcaes que moramem picadeiros prximos.

    Os turcos permitem uma manobra mais rpida de arriar, e por isto so osnicos aparelhos usados para as embarcaes dos navios mercantes, nos quaisno se faz objees ao espao que elas ocupam.

    Nos modernos navios de guerra, onde os espaos junto borda so quasesempre necessrios aos sistemas de direo de tiro e a outras manobras, as lanase os guindastes podem ser preferidos aos turcos.

    Disparar um turco moviment-lo para fora.4.11. Tipos de turcosa. Turco comum (fig. 4-15) Constitudo por um ferro redondo (macio) ou

    por um tubo que recurvado na parte superior e gira em torno de seu prprio eixovertical. Sua construo simples, mas exige muitos homens para as manobras de

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    27/32

    EMBARCAES MIDAS 175

    disparar e recolher; estas manobras sofeitas movendo-se um turco de cada vez,porque a distncia entre os turcos menorque o comprimento da embarcao.Chama-se balano, distncia entre acabea de um turco e seu eixo.

    Nos turcos comuns, a embarcaopode ser conduzida em picadeiros (turcospara dentro) ou nos turcos (turcosdisparados).

    Nomenclatura dos turcos co-muns Os turcos comuns so desmon-tveis podendo ficar o convs com-pletamente safo. Suas partes principais

    so:Cabea (fig. 4-15) Extremidade

    superior, que termina num olhal onde engata o aparelho de iar.Curva (fig. 4-15) Parte superior, curva; possui, a meia altura, uma roldana

    sobre a qual labora o tirador da talha durante a manobra de arriar; para iar, otirador no deve laborar nela, porque isto s servir para aumentar a resistncia deatrito.

    P (fig. 4-15) Parte inferior, que descansa em um cachimbo de ferro,fixado ao costado em altura conveniente. Um pouco acima do cachimbo, e

    aproximadamente no nvel da borda do navio, fica a palmatria, aro de ferro queagenta o turco na posio vertical. No cachimbo o turco trabalha sobre um mancalde esfera, que reduz o atrito resultante de seu prprio peso.

    Aparelho dos turcos comuns Para aparelhar os turcos comuns sonecessrias as seguintes peas:

    Talhas ouestralheiras Constituem o aparelho de iar propriamente dito,e cujo tirador vai dar volta em um cunho colocado sobre o prprio turco ou sobre oconvs, ao p dele (arts. 9-14b a 9-14e).

    Patarrases (fig. 4-16) Cabos de ao em nmero de trs, o patarrs de

    vante, o do meio, e o de r, servindo para agentar os turcos na posioconveniente. O patarrs do meio liga as cabeas dos dois turcos. Os patarrasesde vante e de r terminam em mos comsapatilho, aos quais se fixam cabos defibra (fiis) para dar volta nos olhaiscolocados junto borda, no convs, paravante e para r dos turcos,respectivamente. Esses fiis podem sersubstitudos por macacos.

    Andorinhos ouretinidas de guia(fig. 4-17) Cabos de fibra, em nmero dequatro ou seis, amarrados a intervalosiguais no patarrs do meio; neles, oshomens se seguram quando a embarcao

    Fig. 4-15 Turco comum

    Fig. 4-16 Embarcaomida no turco

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    28/32

    ARTE NAVAL176

    arriada guarnecida, o quese faz em mar grosso.

    Cabos de cabeo Dois cabos singelos de fibra,cada um amarrado cabeade um turco. Apresentam asseguintes utilidades num parde turcos: (1) estando arriadaa embarcao e havendo cor-renteza, facilitam as mano-bras de engatar e desengataras talhas; (2) o pessoal podeembarcar por eles, com a em-barcao arriada no mar; e (3)agentam o peso da embar-cao, que deixa de ser exer-cido sobre as talhas, durantea manobra de recolh-la aopicadeiro e enquanto ela forconduzida iada nos turcos(neste ltimo mister resguar-dam-se os cabos das talhas).

    Pau de contrabalano Verga de madeira forte, presa horizontalmente nos

    dois turcos, na altura em que deve ficar o verdugo da embarcao; contra ele queas fundas atracam a embarcao para ficar bem peada. O verdugo, e no a borda daembarcao, que deve encostar no pau de contrabalano. Ele no necessrioquando a embarcao for transportada sobre os picadeiros; pode levar uma ou duasmonelhas. Quando a embarcao fica muito alta, coloca-se uma escada de quebra-peito, do convs ao pau de contrabalano.

    Fundas Feitas de lona ou gaxetas de cabo; tm uma das extremidades amarradas cabeas dos turcos e a outra dando volta em olhais na borda do navio, prximo aos psdos turcos. As fundas se cruzam por fora da embarcao e servem para pei-la no pau decontrabalano, no permitindo que ela balance ou possa bater de encontro aos turcos.

    Estropos (fig. 4-18) Os estropos das embarcaes so constitudos porduas pernadas de corrente ou cabo de ao forte, ligados a um arganu e tendo nosoutros chicotes os gatos que vo engatar nos arganus da quilha, da roda ou docadaste da embarcao. Ao arganu do estropo prendem-se ainda duas outraspernadas de menor resistncia, que tomam o nome de trapas; as trapas vo engatarem olhais por dentro da falca e servem para no deixar a embarcao ficar adernadadurante a manobra de iar ou arriar. Elas podem ser de cabo, pois no suportam opeso da embarcao, o qual deve ser sempre exercido sobre a quilha.

    Nas embarcaes iadas por um par de turcos so necessrios dois estropos,que em geral no so iguais: o de vante engata suas duas pernadas nos arganusda roda e da quilha, e o de r engata nos arganus da quilha e do cadaste; nessesestropos, tanto as duas pernadas como as trapas so geralmente de corrente.

    Fig. 4-17 Concepo artstica Fainade arriar a baleeira

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    29/32

    EMBARCAES MIDAS 177

    Nas embarcaes iadas por guindaste, lana ou um s turco, o estropo ums, as duas pernadas engatam sempre em arganus da quilha, e as trapas so engatadasna borda, a meia-nau. Como h necessidade desses estropos serem mais compridos,eles podem ter as pernadas de cabo de ao terminando numa corrente curta, cujo gatovai ento passar no arganu da quilha; as trapas devem ser de cabo de ao.

    b. Turco de rebater (fig. 4-19) Semelhanteem construo ao tipo comum, mas em vez de girarem torno de seu eixo vertical, rebatido para dentro,movendo-se em torno de um eixo horizontal no pdele, paralelo ao costado. A embarcao conduzida nos turcos. usado em navios de guerrae mercantes.

    c. Turco quadrantal (fig. 4-20) O turco recolhido ou disparado inclinando-se sobre um setordentado que constitui seu p e engraza numacremalheira.

    d. Turco rolante(fig. 4-21) constitudopor dois braos montados com rodetes sobre duascalhas (trilhos). Estas so paralelas e dispostas numplano perpendicular ao costado no navio. O turco Fig. 4-19 Turco de rebater

    Fig. 4-20 Turco quadrantal Wellin

    Fig. 4-18 Estropo para embarcaes pesadas (iadas por lana ou guindaste)

    PERNADAS DE CABO DE AO

    TRAPAS

    PERNADAS DECORRENTE

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    30/32

    ARTE NAVAL178

    disparado por gravidade, sob aodo peso da embarcao. Omovimento de disparar dado poruma alavanca que solta o freio dosarilho onde est enrolado o prpriocabo que ia a embarcao. Nesteprimeiro movimento, o brao e aembarcao descem sobre a calhae, depois de ficar o turco disparado,a embarcao desce mais um poucoat ficar no nvel do convs ondedevem embarcar os passageiros.Um segundo movimento da alavancado freio permitir que a embarcao

    seja arriada ao mar. o tipo mais empregado nos navios mercantes, por apresentar as seguintes

    vantagens: (1) A manobra de arriar feita por um s homem; (2) O brao permitearriar a embarcao com o navio adernado em ngulo maior do que o mnimo de15 graus exigido por lei; (3) A embarcao conduzida nos turcos mas a umaaltura de mais de 1,80 m sobre o convs, permitindo ser usado o espao que ficalivre neste; (4) So dispensadas as talhas, e os cabos dos dois turcos podemser enrolados em um s sarilho; isto permite arriar a embarcao sempre naposio horizontal; e (5) A embarcao pode permanecer na altura do convs

    onde embarca o pessoal, e fica junto ao costado qualquer que seja a banda donavio.

    e. Turco articulado por gravidadeGeneralidadesEste equipamento foi projetado para lanar e receber embarcaes de 36

    completamente carregadas (EDVPs). Duas embarcaes podem ser acomodadasuma sobre a outra entre as partes dianteira e traseira dos braos do turco; umaterceira embarcao pode ser alojada ao lado do navio e suspensa pelas catarinas(estando o turco disparado para fora). Este tipo de turco utilizado na Marinha do

    Brasil nos NDD da Classe Cear.Modo de operaoSo necessrios trs homens para operar o turco; um para controlar o guincho

    e um em cada estrutura do turco para operar os braos de travamento das catarinas.O seguinte procedimento deve ser seguido:

    a. Arriamento da primeira embarcao Braos do turco na posioinicial; mecanismos de travamento na posio de travado ; e sistema desligado.

    distribuir os homens em suas funes;alimentar o sistema;

    certifique-se de que o guincho est bem talingado embarcao;comece a iar os cabos at as catarinas travarem no strongback; libere o guincho intermitentemente at ambos os braos do turco

    comearem a se mover em direo ao interior do navio, para facilitar a retirada dobrao de travamento;

    Fig. 4-21 Turco rolante

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    31/32

    EMBARCAES MIDAS 179

    libere os braos de travamento e o freio manual do guincho para que osbraos do turco sejam disparados para fora. Aplique suavemente o freio manualquando os braos do turco estiverem prximo ao final de seu percurso;

    neste ponto, a catarina ser liberada automaticamente do strongback. Aembarcao pode ser parada em qualquer altura utilizando-se o freio manual;

    quando a embarcao chegar ao nvel da gua, deixe correr o cabo o suficientepara facilitar a liberao dos ganchos da catarina que esto talingados na embarcao.Caso necessrio, o operador pode pagar cabo, usando o volante manual do guinchoe mantendo o freio manual iado para evitar o choque das catarinas com a embarcao;

    os ganchos devem ser soltos simultaneamente, mas em nenhum caso o devante pode ser solto antes do de r.

    b. Iando os cabos sem pesolibere a alavanca do freio e ice os cabos at a catarina encaixar no strongback; econtinue a iar os braos do turco. Quando os braos estiverem prximos

    de sua posio inicial, pare os guinchos vagarosamente, at todas as chaveslimitadoras estarem acionadas; os braos do turco sero travados automaticamente.

    c. Arriando a segunda embarcaorepetir instrues de operao dos subitens do item a); eaps retornar com os cabos vazios, os braos de travamento podem voltar

    para a posio de travado com a finalidade de evitar uma possvel coliso com osbraos do turco em caso de mau tempo.

    4.12. Aparelhos de escape (fig. 9-24) Quando se arria uma baleeira salva-

    vidas com mar grosso, h necessidade de afast-la imediatamente do costado donavio. Entretanto, em tais condies, mais difcil desengatar os gatos de tipocomum. Por isto, as baleeiras dos navios mercantes possuem gatos de escapeespeciais, que so desengatados por meio de um aparelho de tipo patente. Emgeral, esses aparelhos constam de uma alavanca acionando um eixo colocado nofundo da embarcao, o qual em seu movimento comanda simultaneamente os doisdispositivos que soltam os gatos, abrindo-os.

  • 7/25/2019 Arte Naval - Cap. 04

    32/32

    ARTE NAVAL180