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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1.323
Novembro/2013
Turmalina
Artesãs tecem cultura no Vale do Jequitinhonha
O Vale do Jequitinhonha (MG) é uma região de grande
riqueza cultural. Os filhos do Vale contam e cantam suas
histórias através das danças, das músicas, das festas, das
cores, dos instrumentos e dos artesanatos. Inclusive os
artesanatos são os mais variados: pinturas, cerâmicas,
bordados, trabalhos em couro, madeira ou palha, entre
outras formas de arte. Diante de tanta diversidade, o
bordado em tecido de algodão ganha destaque no Alto
Jequitinhonha.A arte em tecido de algodão ganha
destaque por sua perfeição
Há muitos anos que a produção de peças artesanais faz parte da cultura local, e essa tradição tem sido passada
através das gerações. Antigamente, era comum o cultivo de algodão no quintal, as mães e avós o colhiam,
descaroçavam e fiavam para então criar variadas peças. Nos teares manuais, o algodão se transformava em
panos de prato, cobertores e roupas. As filhas aprendiam o ofício com as mães e davam continuidade à tradição.
ASTUR: geração de renda e preservação da cultura local
A fundação da ASTUR foi em 1992 e na época, contava
com a participação de 15 mulheres. Hoje são 38
associadas da área urbana e rural do município. O trabalho
artesanal é realizado por vários membros da família,
embora seja comum associar-se apenas uma pessoa. Em
sua maioria são donas de casa, mas existem algumas
mulheres que exercem outros trabalhos para além do lar.
Com o passar do tempo as tramas em algodão ganharam caprichosos bordados, feitos à mão. A arte se
consolidou e o que as mulheres produziam artesanalmente para o uso doméstico, ganhou destaque
como peças decorativas, e então, surgiu a oportunidade de comercializá-las. Foi assim em Turmalina,
município do Alto Jequitinhonha, onde o grupo de mulheres que já trabalhava individualmente, se
organizou e criou a Associação de Artesãos de Turmalina (ASTUR), com o objetivo de buscar meios
para comercializar os produtos, preservando a cultura local.
Da terra nasce o algodão,
das mãos das artesãs nasce a arte
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
Realização Patrocínio
As artesãs bordam o ponto cruz e dão acabamento com o crochê nos
tecidos de algodão tradicionalmente confeccionados nos teares pelas
tecelãs. São caminhos de mesa, toalhas para lavabo, tapetes, panos de
copa, capas de almofadas, redes, colchas, entre tantos outros itens. A
Prefeitura Municipal cedeu o espaço do Centro Cultural para as
associadas exporem suas criações, além disso, contribui com as
despesas de uma funcionária responsável pelas vendas.
Entre as importantes conquistas do grupo, destaca-se a aprovação de recurso
através do Fundo Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais para a
construção da sede da ASTUR. O espaço abriga a associação e permite o
aperfeiçoamento e repasse das técnicas, através dos cursos e oficinas para
formação de novos artesãos, ofertados gratuitamente. A associação
preocupa-se em garantir a continuidade da atividade que gera renda para
várias famílias. A Cáritas Brasileira também financiou um projeto, e este teve
As peças coloridas são características da região
O artesanato se apresenta como uma importante
atividade para a geração e complementação de renda.
Além disso, as artesãs o consideram uma forma de
terapia. Estarem reunidas em associação possibilita o
fortalecimento do grupo, pois além da arte que
produzem, compartilham também suas vidas. A cada
ponto as peças ganham formas e cores. Assim, o que
é criado com tanto carinho por essas mulheres, torna-
se ornamento para a vida de pessoas que se
encantam, valorizam essa bela arte e contribuem
para manter viva a cultura do Vale do Jequitinhonha. Orgulhosas, as artesãs exibem sua arte
A associação já tem mais de 20 anos, e ao longo desse tempo, os bordados já foram levados para feiras
de artesanato na região e em cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. As feiras
são espaços importantes para a comercialização e a divulgação dos trabalhos das artesãs. Alguns
parceiros que acreditam no trabalho da associação, como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas), EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), CAV (Centro de
Agricultura Alternativa Vivente Nica) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), colaboram para
que as artesãs possam estar presentes em alguns desses espaços. Atualmente o artesanato local tem
grande reconhecimento graças ao esforço de tantas mulheres. Elas ainda enfrentem desafios para o
escoamento das peças e o alto custo das viagens para as feiras, mas confiam no potencial do
artesanato, feito com tanta dedicação.
como objetivo promover o fortalecimento das atividades do grupo através da capacitação e aquisição
de matéria prima para produção das peças. As artesãs recebem o material comprado coletivamente e
tem o prazo de seis meses para devolver o recurso para ser utilizado em uma nova compra.