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ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE DESEMPENHO MECÂNICO DE ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO EM FACE DA REAÇÃO ÁLCALI- AGREGADO NATAL-RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

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Page 1: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA

ANÁLISE DE DESEMPENHO MECÂNICO DE ELEMENTOS

DE CONCRETO ARMADO EM FACE DA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO

NATAL-RN

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Page 2: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

i

Arthur Leandro de Azevedo Silva

Análise de desempenho mecânico de elementos de concreto armado em face da

Reação Álcali-Agregado

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do Título de Bacharel

em Engenharia Civil.

Orientador: Edmilson Lira Madureira

Natal-RN

2016

Page 3: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

ii

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de

Informação e Referência

Silva, Arthur Leandro de Azevedo.

Análise de desempenho mecânico de elementos de concreto armado em face da Reação Álcali-Agregado /

Arthur Leandro de Azevedo Silva. - 2016.

46 f. : il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento

de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Edmilson Lira Madureira.

1. Engenharia civil - Monografia. 2. Concreto armado - Monografia. 3. Reação álcali-agregado – Monografia.

4. Método dos elementos finitos – Monografia. I. Madureira, Edmilson Lira. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624

Page 4: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

iii

Arthur Leandro de Azevedo Silva

Análise de desempenho mecânico de elementos de concreto armado em face da reação álcali-

agregado

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Aprovado em 18 de novembro, 2016:

___________________________________________________

Prof. Dr. Edmilson Lira Madureira – Orientador

___________________________________________________

Prof. Dr. Daniel Nelson Maciel – Examinador interno

___________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida – Examinador interno

___________________________________________________

Eng. Rodolfo Medeiros – Examinador externo

Natal-RN

2016

Page 5: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

iv

AGRADECIMENTOS

Faz-se necessário agradecer nominalmente àqueles que diretamente ou indiretamente,

participaram, de alguma forma, na elaboração deste trabalho. Assim, expresso aqui os meus

mais sinceros agradecimentos:

Ao meu orientador, Prof. Dr. Edmilson Lira Madureira, por toda a motivação e atenção

que me foi concedida.

Á minha família, a qual representa o alicerce principal para minha formação e definição

de ideais.

Aos meus amigos, que tornaram o percorrer do curso de graduação uma experiência

muito mais alegre e satisfatória.

A todos os profissionais, professores, colegas de pesquisa e estágio que, de alguma

forma, me estimularam a evoluir como profissional.

Page 6: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

v

RESUMO

ANÁLISE DE DESEMPENHO MECÂNICO DE ELEMENTOS DE CONCRETO

ARMADO EM FACE DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

Autor: Arthur Leandro de Azevedo Silva

Orientador: Dr. Edmilson Lira Madureira

Departamento de Engenharia Civil - UFRN

Natal, novembro de 2016

O objetivo deste trabalho é simular numericamente o comportamento de estruturas em

concreto armado afetadas pelo efeito deletério da reação álcali-agregado (RAA). Os modelos

analisados possuem diferentes combinações de armadura longitudinal, temperatura e

solicitações a compressão simples e a flexão simples. Os resultados obtidos demonstraram a

influência da reação na distribuição de tensões e deformações do elemento estrutural e podem

ser utilizados como base para a definição de medidas corretivas para a reação.

Para o cumprimento do trabalho proposto foi utilizado o software “Análise Constitutiva

não Linear”, ACnL, elaborado em linguagem automática FORTRAN, e estrutura algorítmica

baseada na aproximação por elementos finitos.

Palavras chave: Concreto armado, Reação álcali agregado, Método dos elementos finitos.

Page 7: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

vi

ABSTRACT

THE MECHANICAL ANALYSIS OF REINFORCED CONCRETE ELEMENTS

AFFECTED BY THE DELETERIOUS EFFECT OF THE ALKALI-AGGREGATE

REACTION.

Author: Arthur Leandro de Azevedo Silva

Supervisor: Dr. Edmilson Lira Madureira

Department of Civil Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil

Natal, November 2016

A finite element model for the deleterious effect of alkali-aggregate reaction (AAR) is

presented. The work performed in this project is directed to demonstrate the influence of the

AAR expansions in stress and strain distributions of structural elements (columns or beams)

and assist in the determination of rehabilitation actions.

For the accomplishment of this work, it was used the non-Linear Constitutive Analysis

algorithm (ACnL), built in the automatic language FORTRAN and based in the finite element

method.

Keywords: Reinforced concrete, Alkali aggregate reaction, Finite elements method.

Page 8: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

vii

ÍNDICE GERAL

1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 1

1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................................. 1

1.2 - OBJETIVOS ............................................................................................................................................... 1

1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................................................................... 1

1.2.2. Objetivos Específicos ........................................................................................................................ 1

1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................... 2

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................................................... 3

3.1. A reação álcali agregado no Brasil ........................................................................................................ 4

3.2. O processo químico da reação ............................................................................................................... 5

3.2.1. Reação Álcali-Sílica: ......................................................................................................................... 6

3.2.2. Reação Álcali-Carbonato: ................................................................................................................. 8

3.3. Fatores de influência .............................................................................................................................. 8

3.3.1. Temperatura ...................................................................................................................................... 8

3.3.2. Umidade ............................................................................................................................................ 9

3.3.3. Tamanho dos agregados .................................................................................................................. 10

3.3.4. Composição mineralógica ............................................................................................................... 10

3.3.5. Tensões confinantes ........................................................................................................................ 11

3.4. Modelos numéricos ............................................................................................................................. 13

3.4.1. Pietruszczak (1996) ......................................................................................................................... 13

3.4.2. Capra e Sellier (2003) ..................................................................................................................... 15

3 – MODELAGEM PROPOSTA ......................................................................................................................... 17

4.1. Comportamento mecânico do concreto ............................................................................................... 17

4.2. Comportamento mecânico do aço ....................................................................................................... 20

4.3. Comportamento expansivo da RAA .................................................................................................... 21

4.4. Degradação do concreto pela RAA ..................................................................................................... 24

4 – SUPORTE COMPUTACIONAL ................................................................................................................... 25

5 – MODELOS ANALISADOS ........................................................................................................................... 30

5.1. Pilar à compressão simples: ................................................................................................................. 31

5.2. Viga simplesmente apoiada ................................................................................................................. 32

6 – RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................................................................ 33

7 – CONCLUSÕES .............................................................................................................................................. 43

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 44

Page 9: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

viii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Thomas Stanton ao lado de uma ponte com sinais de deterioração por RAA .......... 3

Figura 2 - Fases da RAA. ........................................................................................................... 6

Figura 3 - Processo Químico da RAS. ....................................................................................... 7

Figura 4 - Efeitos da temperatura na expansão da RAA. ........................................................... 9

Figura 5 - Bordas de Reação. ................................................................................................... 10

Figura 6 - Ações de mitigação. ................................................................................................. 11

Figura 7 - Amostra em livre expansão. .................................................................................... 12

Figura 8 - Amostra confinada em 5 MPa ................................................................................. 12

Figura 9 - Amostra confinada em 10 MPa ............................................................................... 12

Figura 10 - Influência da concentração de álcalis na degradação do módulo de elasticidade 14

Figura 11 - Influência da concentração de álcalis na degradação da resistência a compressão

do concreto. .............................................................................................................................. 15

Figura 12 - Influência da umidade relativa nas expansões por RAA. ...................................... 16

Figura 13 - Curva tensão-deformação do concreto. ................................................................. 18

Figura 14 - Elementos tipo chapa Q8. ...................................................................................... 19

Figura 15 - Relação tensão-deformação do material aço. ........................................................ 20

Figura 16 - Elementos tipo treliça L3. ...................................................................................... 21

Figura 17 - Comparação do comportamento real e modelado das deformações por RAA. ..... 22

Figura 18 - Fator ponderador das expansões por RAA em função do confinamento. ............ 23

Figura 19 - Variação brusca do fator ponderador das expansões por RAA ............................. 23

Figura 20 - Estrutura lógica do programa ACNL. ................................................................... 26

Figura 21 - Seção transversal e malha de elementos do modelo de pilar. ................................ 31

Figura 22 - Seção transversal e malha de elementos do modelo de viga. ................................ 32

Figura 23 - Influência da temperatura nas expansões por RAA. ............................................. 33

Figura 24 - Influência da temperatura na degradação do concreto. ......................................... 33

Figura 25 - Forças absorvidas pela armadura devido às expansões por RAA. ........................ 34

Figura 26 - Tensão Normalizada em função do tempo. ........................................................... 36

Figura 27 - Restrição das deformações axiais pelas condições de contorno. ........................... 37

Figura 28 – Tensões geradas pela restrição nos apoios ............................................................ 37

Figura 29 - Influência do carregamento de flexão nas expansões por RAA. ........................... 38

Figura 30 - Efeito da armadura longitudinal nas deformações por RAA. ................................ 39

Page 10: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

ix

Figura 31 - Distribuição de tensões na direção “x” no caso 2 de vigas solicitadas ao

carregamento inicial. ................................................................................................................ 41

Figura 32 - Distribuição de tensões na direção “x” no caso 2 de vigas solicitadas pelo

carregamento inicial e expansões por RAA aos 8.000 dias. .................................................... 41

Figura 33 - Deslocamentos verticais por RAA aos 8.000 dias no caso 2 da tabela de vigas. .. 42

Page 11: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

x

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Estruturas hidráulicas afetadas pela RAA ................................................................. 5

Tabela 2 - Modelos de pilares analisados. ................................................................................ 31

Tabela 3 – Modelos de vigas analisados. ................................................................................. 32

Tabela 4 - Resultados obtidos para o modelo de pilar a compressão simples. ........................ 35

Tabela 5 - Resultados obtidos para o modelo de vigas à flexão simples. ................................ 40

Page 12: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

xi

SIMBOLOGIA

SÍMBOLO SIGNIFICADO

𝑨𝒐 Teor de álcalis inicial

𝐴2 Parâmetro de aceleração da reação

𝐴𝐸 Parâmetro de minoração do módulo de elasticidade

𝐴𝑓 Parâmetro de minoração da resistência

𝑩 Matriz geométrica

𝒅 Fator de degradação

𝑫 Matriz constitutiva

𝑬𝒐 Módulo de elasticidade inicial

𝜺𝑹𝑨𝑨 Deformação por RAA

𝑓𝑐𝑜 Resistencia à compressão do concreto

𝑓𝑐𝑡,𝑚 Resistencia média à tração do concreto

𝒈𝟐 Andamento da RAA com o tempo

𝒉 Função de forma

𝐻 Umidade relativa

𝐽 Matriz Jacobiana

𝐾 Matriz de rigidez

Page 13: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

1

1 – INTRODUÇÃO

1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A reação álcali-agregado (RAA) é um fenômeno físico-químico do qual resulta a

deterioração de estruturas de concreto armado. Representa temática relevante na atualidade, no

âmbito da engenharia civil, uma vez que é responsável por avarias em um grande número de

estruturas espalhadas pelo mundo inteiro. A RAA está associada à reatividade química entre os

íons álcalis, liberados pelo cimento no decorrer de sua hidratação, e minerais reativos da

constituição dos agregados do concreto. O produto da RAA é um gel que se precipita na solução

alcalina contida no interior dos poros da massa de concreto e se expande intensamente em face

da umidade, inicialmente, de forma livre, e, na medida em que o espaço vazio do interior do

poro vai sendo preenchido, gera pressão interna e esforços de tração na massa de concreto. Uma

vez que o material apresenta classe de resistência à tração muito pobre, o estado de tensões

decorrente do processo expansivo leva ao surgimento e propagação de fissuras, reduzindo assim

sua rigidez e capacidade resistente.

1.2 - OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Este trabalho se refere à simulação numérica da evolução do padrão de

desempenho mecânico de membros estruturais de concreto armado em face do efeito

expansivo associado à Reação Álcali-Agregado, com ênfase na avaliação da repercussão

da temperatura no seu potencial deletério e, por conseguinte, no declínio da capacidade

portante.

Para o cumprimento do objetivo proposto será utilizado o software “Análise

Constitutiva não Linear”, ACnL, para obtenção dos resultados, elaborado em linguagem

automática FORTRAN, e estrutura algorítmica baseada na aproximação por elementos

finitos, e procedimento iterativo incremental, sobre formulação ortotrópica não linear e

modelo termodinâmico de materiais porosos reativos, destinado ao cálculo das

deformações por RAA.

1.2.2. Objetivos Específicos

a) Estimar os tensões e deformações induzidas pelas expansões do gel da

reação álcali agregado.

b) Estimar a não linearidade física do concreto em função da reação álcali

agregado.

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2

1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO

O relato referente à elaboração do produto objeto deste trabalho está encerrado em

conteúdo expresso em texto, escrito mediante as normas concernentes ao acordo gramatical em

vigor, em cuja estruturação foi distribuído em sete capítulos, organizados conforme a seguinte

orientação:

Capítulo 1 a Introdução, Objetivos Gerais e Específicos.

Capítulo 2 “Revisão Bibliográfica” contendo a apresentação dos tipos de RAA, os seus

respectivos mecanismos químicos, os fatores de influência na reação e os modelos

numéricos que foram adotados na implementação do código computacional gerador dos

resultados.

Capítulo 3 “Modelagem Proposta” com a apresentação dos parâmetros de aproximação

adotados para a modelagem do comportamento físico dos materiais concreto, aço e do

efeito expansivo da RAA.

Capítulo 4 “Suporte Computacional” apresentando descrição sucinta do programa

ACnL, suas variáveis de entrada e os arquivos gerados para posterior processamento de

imagem e análise de resultados.

Capítulo 5 “Modelos Analisados” onde são apresentados os elementos estruturais

objeto da análise de que trata o trabalho.

Capítulo 6 “Resultados Obtidos” contendo a dissertação dos resultados numéricos

concernentes aos parâmetros mecânicos objeto da análise e os comentários pertinentes

à elucidação da resposta comportamental dos membros estruturais em face do efeito

deletério associado à reação em destaque.

E, Capítulo 7 onde são apresentadas as conclusões.

Page 15: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

3

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A existência da RAA foi primeiramente reportada por Stanton em 1940, mas

assumiu importância no âmbito da Engenharia Civil apenas na década de 80, em razão

da proliferação de seus efeitos danosos em estruturas de concreto armado erigidas no

mundo inteiro, resultando no seu aprofundamento científico com a realização de grande

volume de ensaios e concepção de diversos modelos matemáticos voltados para a

previsão de danos, a exemplo daqueles propostos por Léger, Farage, Pietruszczac, Capra

e Sellier, e Saouma. Os modelos numéricos representam base pertinente para o estudo

das providências adequadas à preservação da integridade estrutural e à restauração da

capacidade mecânica de estruturas acometidas dos efeitos da RAA.

Figura 1 - Thomas Stanton ao lado de uma ponte com sinais de deterioração por RAA

Fonte: U. S. Department of Transportation.

O efeito deletério decorrente da RAA depende de vários fatores que podem ser

diferenciados em fatores indispensáveis e fatores influentes. Os fatores indispensáveis

são os reagentes, no caso, os álcalis liberados pelo cimento em sua reação de hidratação,

o agente reativo da constituição mineralógica dos agregados, e, a água. Entre os fatores

influentes destacam-se a temperatura, a porosidade inicial do concreto e as tensões

confinantes. A diversidade de fatores influentes e a variabilidade de forma segundo as

quais cada um deles exerce a influência que lhe é inerente torna a análise numérica em

pauta laboriosa e complexa.

Page 16: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

4

A análise de membros estruturais afetados pela RAA pode ser realizada em

escalas distintas envolvendo a micromodelagem, a mesomodelagem e

macromodelagem.

Na micromodelagem é analisado o comportamento químico da reação,

considerando-se, principalmente, a influência dos parâmetros de balanceamento

químico e aqueles de importância no âmbito da fisico-química envolvida no processo.

Na mesomodelagem é analisado especificamente o comportamento do concreto,

afetado pela RAA, em situação de carregamento uniaxial e triaxial, Larive (1980) e

Multon (2004), destacando-se a influência das tensões confinantes na magnitude das

expansões decorrente da RAA e na taxa de deterioração do concreto.

Na macromodelagem é analisada a influência das alterações em termos de

campos de deslocamentos e de tensões, rigidez e resistência do concreto, no

desempenho mecânico de membros estruturais de concreto armado e sua repercussão

na resposta global da estrutura como um todo contínuo.

A análise articulada destes 3 modelos permite a quantificação do tempo

necessário para a estabilização química da reação, do grau e evolução da deterioração

do material, bem como a definição das providências mitigadoras adequadas ao elemento

estrutural, e, o cronograma de realização das intervenções que se fizerem necessárias,

que devem inclusive, levar em conta o regime de utilização da estrutura e operação de

elementos orgânicos vitais ao seu funcionamento em condições satisfatórias.

2.1. A reação álcali agregado no Brasil

De acordo com Couto (2008), os primeiros trabalhos sobre a potencialidade

reativa de agregados utilizados na composição do concreto datam da década de 60,

quando Heraldo Gitahy realizou estudos envolvendo materiais pozolânicos para o

complexo de Urubupungá, utilizando argila calcinada para a mitigação da RAA.

Posteriormente, vários outros casos foram diagnosticados em estruturas hidráulicas, e

as respectivas informações pertinentes, incluindo a cronologia da ocorrência,

encontram-se sumarizados na Tabela 1.

Page 17: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

5

Tabela 1 - Estruturas hidráulicas afetadas pela RAA

Fonte: Couto (2008).

2.2. O processo químico da reação

O efeito expansivo da RAA promove o empobrecimento das propriedades

mecânicas do concreto numa proporção tanto mais eminente quanto mais expressiva

for a reatividade química, com repercussão em escala proporcional maior no

comportamento mecânico da estrutura executada com o material, de modo a ser

relevante o entendimento dos processos químicos envolvidos na reação.

Page 18: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

6

Para adequar o uso de agregados em estruturas de concreto, inibindo-se a reação

álcali-agregado, foram determinadas experimentalmente as concentrações de materiais

de elevado potencial reativo, quando em contato com a pasta do cimento. Esses

materiais são em sua maioria silicosos ou carbonáticos, os quais geram,

respectivamente, as classificações dos tipos de RAA em reação álcali-sílica (RAS) e

reação álcali-carbonato (RAC).

2.2.1. Reação Álcali-Sílica:

O processo químico da RAS vem sendo investigado desde 1940. Nela, os íons

hidroxila (OH-) e alcalinos (Na+ e K+), que foram dissolvidos na solução dentro dos

poros, tendem a reagir com a superfície mineralógica de agregados contendo sílica

reativa, silicatos ou quartzo. De acordo com a NBR 15577-1:2008, constituem exemplos

de sílica reativa: opala, tridimita, cristobalita, vidro vulcânico, entre outros. A RAS é o

tipo de reação álcali-agregado que mais rapidamente se desenvolve, tendo seu processo

químico dividido em três fases: iniciação, desenvolvimento e repouso, como pode ser

observado na Figura 2.

Figura 2 - Fases da RAA.

Fonte: Madureira (2007)

Na fase de iniciação ocorre o ataque de íons de hidroxila aos grupos de Silanol

(Si-OH) e Siloxano (Si-O-Si) dos agregados. A carga negativa dos íons hidroxila

desestabiliza as ligações desses dois grupos conforme as equações abaixo.

Page 19: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

7

e

Em seguida, os cátions ( ), dissolvidos na pasta de cimento, são

atraídos pelos íons de formando um gel alcalino conforme as equações:

e

Na fase de desenvolvimento, as soluções ativas dos fluídos nos poros infiltram-

se no gel produzido na fase de iniciação, provocando a sua expansão. A variação

volumétrica do gel da RAS tende a sofrer confinamento pela massa de concreto, o que

produz tensões radiais de tração.

Após a fase de desenvolvimento, verifica-se a fase de repouso na qual a matriz

de concreto tem sua expansão interrompida pela abertura de novos espaços através da

formação de fissuras, fazendo com que o gel volte para a condição de livre expansão.

A Figura 2 apresenta a quebra das ligações da sílica induzida pelos íons OH- e

posterior estabilização com os cátions (Na+ e K+).

Figura 3 - Processo Químico da RAS.

Fonte: Collins (2008)

Page 20: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

8

2.2.2. Reação Álcali-Carbonato:

A RAC foi descoberta por Swenson (1957) em agregados formados por

dolomitas argiláceas. Nesta reação, os cristais dos agregados ao serem ativados pelos

íons de hidroxila sofrem um processo de desdolomitização, formando-se Brucita e

carbonatos alcalinos como apresentado abaixo:

Como pode ser observado na equação acima, não há produção de gel expansivo

no fim da reação. As fissuras geradas pela RAC se devem à perda de aderência entre a

pasta de cimento e os agregados.

De acordo com a norma americana ACI 221.1R-98, são poucos os casos

encontrados de estruturas afetadas pela RAC. Isso se deve à rara susceptibilidade de

agregados a esse tipo de reação, além desses agregados também serem comumente

rejeitados por outros motivos quanto ao uso em estruturas de concreto armado.

Devido às dificuldades em acessar referências quanto a esse tipo de reação, este

trabalho se manterá focado nos efeitos e na modelagem da reação do tipo álcali-sílica.

2.3. Fatores de influência

De acordo com Madureira (2007), os fatores mais relevantes que influenciam na

RAA são a temperatura e a porosidade inicial do concreto. Fatores como umidade,

concentração de álcalis e agregados reativos determinarão a intensidade das expansões,

uma vez que eles são os reagentes propulsores da reação. Embora tensões confinantes

não exerçam influência na química da reação, elas terão influência quanto à propagação

de fissuras na matriz de concreto.

2.3.1. Temperatura

A temperatura exerce influência catalizadora na RAA. Com o aumento dela,

eleva-se a energia cinética das partículas envolvidas na reação e a solubilidade dos

reagentes em meio aquoso. Além disso, a viscosidade do gel produzido pela RAS

também é influenciada pela temperatura. Em temperaturas elevadas, ocorre a redução

da viscosidade do gel, permitindo que ele preencha com maior velocidade os espaços

(Dolomita) (Hidróxidos álcalis) (Brucita) (Álcali-Carbonato) (Calcita)

Page 21: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

9

gerados pela fissuração do concreto, acelerando, assim, o processo de deterioração do

elemento estrutural (ICOLD,1991).

Figura 4 - Efeitos da temperatura na expansão da RAA.

Fonte: Saouma (2006).

Na Figura 4 são apresentados resultados experimentais obtidos por Saouma

(2006) em que se observa nitidamente a redução do tempo de desenvolvimento da

reação com o aumento da temperatura. Devido a esse comportamento, a norma

americana ACI 221.1-R8 e a NBR 15577-1:2008 padronizaram métodos laboratoriais

utilizando-se elevadas temperaturas como forma de determinar a reatividade química de

agregados mais rapidamente.

2.3.2. Umidade

A necessidade de água para ocorrência da RAA é evidente, uma vez que as

estruturas mais susceptíveis à reação são pontes, barragens, pavimentações e elementos

de fundação, os quais comumente existe elevada umidade relativa.

Na química da reação, a água atua como solvente da solução alcalina, permitindo

a dissociação e transporte dos álcalis dissolvidos. Além disso, ela também é absorvida

pelo gel formado ao fim da reação, sendo responsável pela variação volumétrica do

mesmo. Assim, conclui-se que a disponibilidade de água nos poros de concreto é

fundamental tanto para a formação do gel, quanto para a ampliação das expansões.

Page 22: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

10

De acordo com a norma americana ACI 221.1-R8, para ambientes com umidade

relativa inferior à 80%, a reação álcali-agregado não apresentará expansões

consideráveis para afetar a eficiência estrutural do concreto.

2.3.3. Tamanho dos agregados

De acordo com Jurcut (2015), o tamanho dos agregados tem influência tanto na

velocidade da reação, como na amplitude das expansões. Através de ensaios

laboratoriais, foi comprovado que as expansões se tornam maiores com a redução do

tamanho dos agregados e atingem seu estágio de estabilização de forma mais rápida.

Isso se deve ao aumento da superfície de reação com a redução do tamanho dos

agregados.

Figura 5 - Bordas de Reação.

Fonte: Sobrinho (2012).

2.3.4. Composição mineralógica

A composição mineralógica da pasta de cimento Portland e dos agregados

utilizados na mistura apontam a concentração de reagentes que provocam a RAA. De

acordo com a norma americana ACI 221.1-R8, a amplitude das expansões do gel da

RAS é desprezível quando a concentração de álcalis na pasta de cimento é inferior à

0,40%, expressa na forma de oxido de sódio equivalente (𝑁𝑎2𝑂𝑒𝑞 = 𝑁𝑎2𝑂 +

0.658𝐾2𝑂).

A reatividade dos agregados, de acordo com a NBR 15577-1:2008, pode ser

determinada através de análise petrográfica, ou através de ensaios de expansão. Os

ensaios de expansão determinam o quão rápido o agregado tende a produzir o gel, assim

Page 23: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

11

como, a quantidade de álcalis necessária para ativar o processo da reação. A análise

petrográfica determina a composição química e propriedade geológica da rocha cujo

agregado se originou.

Nas situações em que for identificado o potencial reativo do agregado e ele não

puder ser substituído em obra por outro material, a NBR 15577-1:2008 apresenta

recomendações de medidas mitigadoras para que essa reatividade química seja

controlada. A Figura 6 apresenta uma lista de ações mínimas, moderadas e fortes para

essa mitigação.

Figura 6 - Ações de mitigação.

Fonte: NBR 15577-1:2008

2.3.5. Tensões confinantes

Ensaios experimentais demonstraram que as tensões de compressão reduzem as

expansões do gel na direção paralela ao carregamento confinante (Multon, 2016). O

comportamento mecânico do gel da RAA assemelha-se ao de um fluído

incompressível. Ao ser solicitado por cargas de compressão, ele tenderá a ampliar as

expansões em direções menos confinadas. Assim, a variação volumétrica do gel não é

alterada com carregamentos uniaxiais.

As Figuras 7, 8 e 9 mostram a alteração no padrão de fissuras induzidas por RAA

em diferentes intensidades de confinamento axial.

Page 24: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

12

Figura 7 - Amostra em livre expansão.

Fonte: Larive (1997)

Figura 8 - Amostra confinada em 5 MPa

Fonte: Larive (1997)

Figura 9 - Amostra confinada em 10 MPa

Fonte: Larive (1997)

Além do confinamento gerado por cargas externas à estrutura, as armaduras de

aço em elementos de concreto armado também induzem tensões de confinamento,

amplificando as expansões por RAA em direções menos confinadas.

Page 25: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

13

2.4. Modelos numéricos

Embora a RAA tenha sido reportada em caráter pioneiro em 1940, ainda não há

consenso quanto ao modelo numérico capaz de descrever o efeito da RAA em

elementos estruturais de concreto, assim como, sobre quais parâmetros devem ser

considerados, devido à elevada complexidade do fenômeno.

As seguir são apresentados alguns modelos destinados à simulação numérica da

RAA.

2.4.1. Pietruszczak (1996)

Modelo numérico desenvolvido para a simulação dos efeitos mecânicos da RAA

utilizando o acoplamento das expansões progressivas do gel com a degradação das

propriedades mecânicas do concreto.

O módulo de elasticidade do concreto é então calculado em função das

expansões induzidas pela RAA, sendo representada pela seguinte equação:

𝐸 = 𝐸𝑜[1 − (1 − 𝐴3)𝑔2

𝜖]

Onde 𝜖 representa a expansão volumétrica limite do gel, 𝑔2 a expansão

volumétrica do gel em um determinado instante de tempo, sendo calculado pela

equação:

𝑔2 = 𝜖𝑡

𝑡 + 𝐴2

𝐸𝑜 é o módulo de elasticidade do concreto em seu estado integro, A2 e A3 são

fatores que influenciam na velocidade da reação e na amplitude da deterioração do

módulo de elasticidade, respectivamente.

De forma análoga, a capacidade resistente do concreto é calculada de acordo

com a seguinte equação:

𝑓𝑐 = 𝑓𝑐𝑜[1 − (1 − 𝐴4)𝑔2

𝜖]

Onde 𝑓𝑐𝑜 é resistência característica a compressão do concreto em seu estado

integro e 𝐴4 uma constante que depende da concentração de 𝑁𝑎20𝑒𝑞. Como a

capacidade resistente do concreto à tração é calculada em função de 𝑓𝑐𝑜, a degradação

por RAA afetara proporcionalmente o seu valor.

Em Pietruszczak (1996) são atribuídos valores de A2, A3 e A4 para as

concentrações de 𝑁𝑎20𝑒𝑞 iguais a 1,08% e 0,68%. Através de ensaios laboratoriais, nas

Page 26: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

14

amostras contendo concentração de álcalis equivalentes em 1,08% foram obtidos os

valores de A3=0,3 e A4=0,8. Para a concentração em 0,68% foram obtidos os valores de

A3 = 0,7 e A4 = 0,9. Em ambas as concentrações o valor de A2 é mantido igual a 200

dias, sendo um fator que terá influência na velocidade da degradação, e não em sua

amplitude.

Esta formulação não leva em consideração os efeitos da temperatura no processo

químico da RAS. Huang e Pietruzczac (1999) refinaram o modelo para que fosse

considerado a magnitude de tensões confinantes, concentração de álcalis e da

temperatura.

De acordo com Madureira (2007), A vantagem desse modelo é a riqueza da

formulação proporcionada pela teoria da plasticidade, e a aplicabilidade das equações

de degradação do material à mecânica do contínuo. Sua desvantagem é a robustez da

formulação e a ausência de vínculo direto entre a previsão de danos e a realidade do

quadro de fissuração do material danificado.

Nas Figuras 10 e 11 é expresso graficamente a variação da degradação das

propriedades mecânicas do concreto com o tempo e com a concentração de álcalis

presentes na pasta de cimento Portland.

Figura 10 - Influência da concentração de álcalis na degradação do módulo de elasticidade

Fonte: Autor.

Page 27: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

15

Figura 11 - Influência da concentração de álcalis na degradação da resistência a compressão do

concreto.

Fonte: Autor.

Como forma de mitigar os efeitos deletérios pela RAA, a NBR 15577:2008

limita o teor de álcalis do concreto a valores de 3kg/m3 de Na2Oeq quando existe

reatividade potencial do agregado comprovada laboratorialmente através de análise

petrográfica ou ensaios de expansão.

2.4.2. Capra e Sellier (2003)

Modelo para a simulação da RAA em que o concreto é tratado como um material

ortotrópico dependente de um fator “d” referente ao grau de degradação do concreto,

seja por porosidade inicial ou por processos induzidos de fissuração.

O fator “d” representa a razão entre a superfície de descontinuidades do concreto

com a superfície total da seção em análise. Com este fator, é traçada a relação de tensões

aparentes (σapp) e tensões efetivas (σeff) pela seguinte equação:

𝜎𝑒𝑓𝑓 =𝜎𝑎𝑝𝑝

1 − 𝑑

O modelo acopla os comportamentos mecânico e químico da RAS ao estabelecer

uma dependência em seu procedimento de cálculo da pressão gerada pelo gel com o

volume de gel produzido em cada instante de tempo. O consumo de álcalis “A(t)” na

reação é descrito pela reação química:

𝐴(𝑡) =[𝑁𝑎2𝑂𝑒𝑞](𝑡𝑜) − [𝑁𝑎2𝑂𝑒𝑞](𝑡)

[𝑁𝑎2𝑂𝑒𝑞](𝑡)

Page 28: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

16

Quanto à influência da umidade relativa, o modelo numérico de Capra e Sellier

considera uma brusca variação de amplitude máxima do gel com a variação da umidade

relativa. Assim, aplica-se sob o valor de pressão gerada pelo gel da RAA um fator de

redução “RH” que varia exponencialmente (à oitava potência) em função da umidade

relativa, conforme Figura 12.

Figura 12 - Influência da umidade relativa nas expansões por RAA.

Fonte: Capra e Sellier (2003).

A vantagem desse modelo é que ele apresenta uma formulação completa

detalhada, incluindo correlações entre as grandezas fenomenológicas e a cinética da

reação além de um critério de danos pautado nos postulados da análise de probabilidade.

Entretanto, a diversidade de parâmetros envolvidos dificulta sua utilização para fins

práticos.

Page 29: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

17

3 – MODELAGEM PROPOSTA

3.1. Comportamento mecânico do concreto

Sob solicitação de carregamento biaxial, o concreto comporta-se como material

ortotrópico, podendo apresentar propriedades físicas diferentes em cada direção. A

formulação proposta por Kwak e Filippou (1990), a qual foi utilizada neste trabalho,

aproxima esse comportamento com base em equações semelhantes àquelas empregadas

em solicitação uniaxial, tomando-se, porém, como referência, as deformações

equivalentes “𝜀𝑒𝑖”, que para cada um dos planos principais são dadas por:

𝜀𝑒𝑖 = 𝜀𝑖 + 𝐷𝑖𝑗𝜀𝑗/𝐷𝑖𝑖

Onde “i” e “j” são as direções dos planos principais e os parâmetros “D” são os

elementos da matriz constitutiva do material, cuja formulação é composta pelos

módulos de elasticidade em cada direção “Ei”, coeficiente de Poisson “v” e o módulo

de deformação tangencial “G”, sendo expresso conforme equação:

𝑫 =1

1 − 𝑣2∙ |

𝐸1 √𝐸1. 𝐸2 0

√𝐸1. 𝐸2 𝐸2 0

0 0 (1 − 𝑣2). 𝐺

|

Para o comportamento do concreto solicitado a carregamento unidirecional por

compressão foi adotado o modelo proposto por Hognestad (1951), onde a relação

tensão-deformação do concreto é regida pelas seguintes equações:

𝜎 = 2.𝜎𝑝

𝜀𝑝(1 −

𝜀

2.𝜀𝑝) . 𝜀 para 𝜀𝑝 < 𝜀 < 0

𝜎 = 𝜎𝑝 (1 −3

20∙

𝜀−𝜀𝑝

𝜀𝑐𝑢−𝜀𝑝) para 𝜀𝑐𝑢 < 𝜀 < 𝜀𝑝

Para o comportamento do concreto solicitado a carregamento unidirecional por

tração foi utilizado o modelo de fissuras distribuídas, conforme apresentado em Rashid

Page 30: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

18

(1968). A deformação última do concreto fissurado é calculada conforme os critérios da

CEB-FIB model 90, sendo expressa pela equação:

𝜀𝑜 =2 ∙ 𝐺𝑓

𝑓𝑡

Onde “𝐺𝑓” é a energia do fraturamento por unidade de área do concreto. Os

módulos de elasticidade tangencial e secante foram calculados conforme prescrito no

CEB-FIB model 90, através das equações:

𝐸𝑐𝑖 = 5600√𝑓𝑐𝑘

e

𝐸𝑐𝑠 = 0,85 ∙ 𝐸𝑐𝑖

A Figura 13 representa graficamente a curva tensão-deformação do concreto

após combinação de todas as formulações citadas anteriormente.

Figura 13 - Curva tensão-deformação do concreto.

Fonte: Autor.

A resistência a tração pode ser inserida como variável de entrada no modelo, ou

calculada conforme procedimento de cálculo da NBR 6118:2003, através da equação:

Page 31: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

19

𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3𝑓𝑐𝑘2/3

Quanto aos critérios de discretização dos modelos analisados, utilizou-se para o

concreto o elemento do tipo chapa composto por 8 nós e 2 graus de liberdade, conforme

a Figura 14.

Figura 14 - Elementos tipo chapa Q8.

Fonte: Autor.

Page 32: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

20

3.2. Comportamento mecânico do aço

O aço foi considerado elástico, para deformações inferiores àquela

correspondente à tensão de escoamento, e, perfeitamente plástico a partir deste tal

ponto. Para fins de modelagem numérica tal comportamento foi simulado mediante sua

aproximação a uma curva constitutiva simplificada composta de duas retas

consecutivas, a primeira de inclinação igual ao módulo de elasticidade do material

estendendo-se da condição descarregada até o ponto correspondente ao limite de

escoamento do aço, e a segunda, iniciando a partir esse último ponto, com inclinação

próxima de zero, estendendo-se até o ponto correspondente à ruptura das barras de aço,

simula o escoamento do material. Esta pequena inclinação do segundo trecho é

considerada para prevenir demandas associadas à instabilidade numérica. O módulo de

elasticidade do aço foi considerado igual a 210 GPa.

Figura 15 - Relação tensão-deformação do material aço.

Fonte: Autor.

Quanto ao critério de discretização para o aço, foram utilizados elementos

lineares do tipo treliça, onde só existe rigidez na sua direção axial. Cada elemento é

composto por três nós e dois graus de liberdade.

Page 33: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

21

Figura 16 - Elementos tipo treliça L3.

Fonte: Autor.

3.3. Comportamento expansivo da RAA

A simulação numérica das deformações decorrentes do efeito expansivo da

reação álcali-agregado foi realizada a partir da formulação termodinâmica de materiais

porosos reativos proposta por Capra e Sellier (2002). Tal formulação considera o

acoplamento entre as deformações e a cinética da reação química, e que a expansão do

concreto tem início, apenas, a partir do instante em que o gel passa a exercer pressão

interna nos poros, de modo que é escrita conforme a equação:

𝜀𝑅𝑎𝑎 = 0 para 𝐴 < 𝐴𝑜

𝑒

𝜀𝑅𝐴𝐴 =𝜀𝑜

𝐴𝑜(𝐴 − 𝐴𝑜) para 𝐴 > 𝐴𝑜

Onde “A” é o teor de álcalis que está sendo consumido na reação; “Ao” é o valor

de “A” ao início da expansão do concreto, e, “𝜀𝑜” é a parcela de deformação a ser

deduzida, com o objetivo de considerar a defasagem dos inícios das expansões do “gel”

e da matriz de concreto, figura 17.

Page 34: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

22

Figura 17 - Comparação do comportamento real e modelado das deformações por RAA.

Fonte: Madureira (2007)

Para consideração da influência catalizadora da temperatura, foi adotado o

modelo proposto por Capra e Bournazel (1998), que relaciona a variação das expansões

por RAA em cada instante de tempo com a lei de Ahrrenius, conforme a equação:

𝜀𝑢(𝑡, 𝑇) =𝜀𝑜

𝐴𝑜(1 − 𝐴𝑜 − 𝑒(𝑘𝑜𝑒−𝐸𝑎/𝑅𝑇)𝑡)

Onde “𝑬𝒂” é a energia de ativação da reação, “𝑻” é a temperatura e “𝒌𝒐” é a

constante da cinética da reação.

Para consideração da dependência das deformações por RAA em relação às

tensões confinantes foi utilizado o critério proposto por Charlwood (1994), Figura 18,

apresentando 3 comportamentos:

i. RAA em expansão livre:

𝜀𝑔 = 𝜀𝑢 para tensões confinantes menores que 0,3 MPa

ii. RAA em expansão parcialmente restringida:

𝜀𝑔 = 𝜀𝑢 ∙ [1 − 0,3 ∗ log (𝜎𝑖/0,28)] para 0,3𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝜎𝑖 ≤ 8,0𝑀𝑃𝑎

iii. RAA em expansão totalmente restringida:

𝜀𝑔 = 0 para tensões confinantes maiores que 8,0 MPa

Page 35: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

23

Figura 18 - Fator ponderador das expansões por RAA em função do confinamento.

Fonte: Autor.

Para a consideração do efeito da umidade, foi adotado modelo proposto por

Poole (1992), representado pela equação:

𝐹(𝐻) = 𝐻8

Assim, considera-se que para valores de umidade relativa inferiores a 60% a

reação álcali agregado não irá ocorrer.

Figura 19 - Variação brusca do fator ponderador das expansões por RAA

com o aumento da umidade relativa.

Fonte: Autor.

Page 36: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

24

3.4. Degradação do concreto pela RAA

Para simulação da perda de resistência e redução do módulo de elasticidade do

concreto, utiliza-se formulação semelhante àquela apresentada em Pietruszczak (1996),

ajustando-se, entretanto, seu desenvolvimento no tempo com o desenvolver da RAA.

Assim, as funções de decaimento do módulo de elasticidade e capacidade resistente do

material resultaram na forma:

𝐸 = 𝐸𝑜 [1 − (1 − 𝐴𝐸)(1 −1

1 − 𝐴𝑜𝑒−(𝑘𝑜𝑒

−𝐸𝑎𝑅𝑇)𝑡)]

e

𝑓𝑐 = 𝑓𝑐𝑜 [1 − (1 − 𝐴𝑓)(1 −1

1 − 𝐴𝑜𝑒−(𝑘𝑜𝑒

−𝐸𝑎𝑅𝑇)𝑡)]

Onde 𝐸𝑜 e 𝑓𝑐𝑜 são os módulos de elasticidade e resistência característica do

concreto em seu estado integro. 𝐴𝐸 e 𝐴𝑓 são fatores de intensidade de decaimento, os

quais foram obtidos experimentalmente por Pietrusczak (1996) para concretos com

teores de álcalis equivalentes iguais a 1,08% e 0,68%.

Page 37: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

25

4 – SUPORTE COMPUTACIONAL

O método dos elementos finitos é uma ferramenta eficaz e comumente utilizada

para análise da mecânica estrutural. Neste trabalho, adotou-se o programa Análise

Constitutiva não Linear (ACnL), cujo código computacional é oriundo de um programa

automático produzido por Bathe (1982), chamado STAP.

O ACnL foi escrito em linguagem computacional FORTRAN com base na teoria

da elasticidade e no método dos elementos finitos. O programa permite a análise de

estruturas discretizadas em elementos do tipo chapa e treliça com carregamentos

paralelos ao plano de tensões. O modelo também considera a não linearidade física do

concreto e simula efeitos reológicos (fluência e RAA).

O programa tem como variáveis de entrada as propriedades geométricas de cada

tipo de elemento (chapas de concreto e treliças de aço), propriedades físicas dos

materiais (capacidade resistente, coeficiente de Poisson, quantidade de álcalis no

concreto), condições de contorno (apoios, teor de umidade, temperatura), intervalos de

discretização (tamanho dos elementos, dos intervalos de tempo, parâmetros de

controle, número de incrementos de carga) e composição dos carregamentos (direção

e magnitude). Todas essas variáveis de entrada são definidas pelo usuário antes do

início do programa ACnL através do pré-processador numérico GERDATB7. A

estrutura lógica do programa é apresentada na Figura 20.

Na fase de início do programa, são gerados todos os arquivos de armazenamento

de dados (escalares, vetores e matrizes) referentes às variáveis utilizadas ao longo dos

procedimentos matemáticos e para o armazenamento dos arquivos de saída. Ao fim do

programa, os arquivos de saída serão enviados a pós-processadores gráficos para

melhor visualização e análise dos resultados.

No Sub-Módulo I o programa gerará a malha de elementos finitos, o

carregamento, os elementos juntamente com os parâmetros relevantes de seus

materiais, e a matriz deformação-deslocamento, também conhecida como geométrica,

que é armazenada no array ”B”. É realizado, inclusive, o cálculo do carregamento nodal

consistente associado ao peso próprio, conforme a expressão:

𝑅𝐵 = ∫ 𝐻𝑇 . 𝑓𝐵 . 𝑑𝑉

𝑉

Page 38: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

26

Onde “ 𝑓𝐵” representa a força gravitacional por unidade de volume, que é o peso

específico do concreto. “𝐻𝑇” é o vetor das funções de interpolação e “𝑉” é o volume

da estrutura em análise.

Figura 20 - Estrutura lógica do programa ACNL.

Fonte: Rodrigues (2014).

O programa utiliza-se da formulação isoparamétrica cujo fundamento é

expressar os deslocamentos dos pontos localizados no interior através de funções de

forma. Essas funções representam equações polinomiais utilizadas para realizar

interpolações entre os nós de cada elemento para determinação do comportamento dos

pontos intermediários. Diante de tal filosofia, as coordenadas “x” e “y” de um ponto

qualquer de um elemento, são dadas mediante a equação:

𝑥 = ∑ ℎ𝑖𝑥𝑖

𝑛

𝑖=1

𝑒

𝑦 = ∑ ℎ𝑖𝑦𝑖

𝑛

𝑖=1

Page 39: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

27

Onde “𝑥𝑖” e “𝑦𝑖” são coordenadas cartesianas e os termos “ℎ𝑖” representam

funções de forma para cada um dos “n” nós de cada tipo de elemento, conforme

representado nas Figuras 14 e 16. De maneira análoga, os deslocamentos “𝑢𝑖” e “𝑣𝑖”

serão determinados por:

𝑢 = ∑ ℎ𝑖𝑢𝑖

𝑛

𝑖=1

𝑣 = ∑ ℎ𝑖𝑣𝑖

𝑛

𝑖=1

As matrizes de forma são utilizadas para determinar o comportamento dos

pontos entre os nós de cada elemento. Para os elementos de treliça as funções de forma

são expressas conforme as equações:

ℎ1 =1

4(1 + 𝑟)(1 + 𝑠)

ℎ2 =1

4(1 − 𝑟)(1 − 𝑠)

ℎ3 =1

4[(1 − 𝑟)(1 − 𝑠) + (1 + 𝑟)(1 + 𝑠)]

Para os elementos de chapa as funções de forma são expressas conforme as

equações:

ℎ1 =1

4(1 + 𝑟)(1 + 𝑠) −

1

2(ℎ5 + ℎ8)

ℎ2 =1

4(1 − 𝑟)(1 + 𝑠) −

1

2(ℎ5 + ℎ6)

ℎ3 =1

4(1 − 𝑟)(1 − 𝑠) −

1

2(ℎ6 + ℎ7)

ℎ4 =1

4(1 + 𝑟)(1 − 𝑠) −

1

2(ℎ8 + ℎ7)

ℎ5 =1

2(1 − 𝑟2)(1 + 𝑠)

ℎ6 =1

2(1 − 𝑠2)(1 − 𝑟)

ℎ7 =1

2(1 − 𝑟2)(1 − 𝑠)

ℎ8 =1

2(1 − 𝑠2)(1 + 𝑟)

Onde “r” e “s” representam os valores no sistema de coordenadas naturais, aos

quais variam de -1,0 a 1,0.

Através da derivação das funções de forma na direção de cada grau de liberdade,

é obtida a matriz geométrica “B” que é utilizada posteriormente na obtenção das

deformações, esforços e a matriz de rigidez de cada elemento.

Para os elementos de treliça a matriz constitutiva é representada na forma:

𝑩 =1

J[1

2(−1 + 2𝑟)

1

2(1 + 2𝑟) −2𝑟]

Page 40: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

28

Para os elementos de chapa a matriz constitutiva é representada na forma:

𝑩 =1

J[

ℎ1,𝑟 0 ℎ2,𝑟

0 ℎ1,𝑠 0

ℎ1,𝑟 ℎ1,𝑠 ℎ2,𝑟

… … …

0 ℎ8,𝑟 0

ℎ7,𝑠 0 ℎ8,𝑠

ℎ7,𝑠 ℎ8,𝑟 ℎ8,𝑠

]

Onde cada um dos pares “ℎ𝑖,𝑟” e “ℎ𝑖,𝑠” representam as derivadas das funções de

forma em relação às coordenadas naturais “r” e “s”. “J” é matriz Jacobiana e é dada por:

𝐉 = [

𝜕𝑥

𝜕𝑟

𝜕𝑦

𝜕𝑟𝜕𝑥

𝜕𝑠

𝜕𝑦

𝜕𝑠

]

Após a formação das matrizes geométricas “B”, é realizado o cálculo da matriz

de rigidez de cada elemento, para posterior composição da matriz de rigidez global da

estrutura em análise. O cálculo da matriz de rigidez de cada elemento é realizado

conforme a equação:

𝑲𝑖 = ∫ 𝑩𝑖𝑇 . 𝑫𝑖 . 𝑩𝑖 . 𝑑𝑣

𝑉

Embora cada elemento tenha a matriz de rigidez com dimensões 16x16 para

elementos de placa e 6x6 para elementos de barra, o programa os armazena em arrays

contendo a mesma dimensão da matriz de rigidez global da estrutura. Assim, a matriz

de rigidez global é calculada através da equação:

𝑲𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = ∑ 𝑲𝑖

𝑛

𝑖=1

Onde “n” representa o número total de elementos em que a estrutura original foi

discretizada.

Na sequência, o programa resolve o sistema de equações de equilíbrio, de acordo

com as condições de contorno e carregamentos peso próprio e incrementos da

sobrecarga. A resolução dessas equações permite que o programa armazene os valores

de deslocamentos dos pontos nodais e, por conseguinte, as deformações e tensões nos

pontos de integração dos elementos.

Page 41: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

29

A última etapa realizada pelo programa é referente a simulação dos efeitos

reológicos considerados. Embora o programa tenha a capacidade de considerar o efeito

da fluência sobre estruturas de concreto armado, o presente trabalho só adotou nos

modelos analisados os efeitos reológicos referentes ao comportamento expansivo da

reação álcali agregado.

Assim, através da formulação apresentada no capítulo 3 deste trabalho, foi

realizado o cálculo das expansões geradas pela RAA e adicionadas a cada ponto nodal

um carregamento equivalente conforme a equação:

∆𝑷𝑅𝐴𝐴,𝑖 = ∫ 𝑩𝑖𝑇𝑫𝑖∆𝜺𝑅𝑎𝑎𝑑𝑉

𝑉

Além deste incremento de carga pelas expansões, é realizado novamente o

cálculo da matriz constitutiva considerando a degradação do concreto conforme modelo

apresentado por Pietruszczak (1996). Com esse novo incremento de carregamento e

novas propriedades físicas do concreto, é realizado o mesmo procedimento apresentado

anteriormente para obtenção das deformações e distribuição de tensão em cada

elemento.

Por fim, o processamento de dados é concluído e são gerados arquivos adaptados

para pós-processamento gráfico e análise de resultados. Os pós-processadores utilizados

foram o NLPOS e o PROJECT1.

Os procedimentos de validação do software utilizado, através de comparação à

modelos analíticos, podem ser encontrados em Correia (2014), não sendo abordados

aqui devido a sua extensão e fuga do tema principal deste trabalho.

Page 42: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

30

5 – MODELOS ANALISADOS

Neste tópico serão apresentados os elementos estruturais escolhidos para a simulação

numérica no programa ACnL. Em cada tipo de elemento estrutural será analisado a influência

de diferentes parâmetros no seu coeficiente de segurança global. Através de cada análise, será

estimada a perda de capacidade resistente, as deformações por RAA e a variação da distribuição

de tensões em toda a malha da estrutura discretizada, sendo por fim apontados os casos de

temperatura, armadura longitudinal e tensão do carregamento solicitante em que se atingiu o

estado de ruína do elemento estrutural.

Os elementos escolhidos para serem analisados neste trabalho foram pilares solicitados

à compressão simples e vigas solicitadas a flexão simples.

Os resultados obtidos na análise de pilares à compressão simples demonstrarão a

influência das tensões confinantes nas deformações por RAA na direção paralela ao

carregamento aplicado. Comparando-se os 36 casos de pilares, obtêm-se a influência da

temperatura no tempo necessário para que a RAA tenha início, assim como, o tempo necessário

para estabilização do processo de degradação do material concreto.

Os resultados obtidos na análise de vigas à flexão simples permitirão que seja observada

a influência dos esforços de tração nas deformações por RAA. Além disso, será medida a

influência das expansões geradas pela RAA na distribuição de tensões do elemento estrutural.

Em todos os elementos analisados foi adotado valor de resistência característica à

compressão do concreto igual a 25MPa e coeficiente de Poisson igual a 0,16. Nas Figuras 21 e

22 são apresentadas as dimensões de cada modelo de elemento estrutural, assim como, os tipos

de carregamento, condições de contorno e número de elementos na malha discretizada. Nas

tabelas 2 e 3 são apresentados os diferentes fatores de influência analisados em cada modelo.

Quanto às concentrações de álcalis que serão utilizadas para estimar as expansões por

RAA em estado livre e o potencial de deterioração do concreto, foram utilizados os valores

obtidos através de ensaios experimentais por Pietruzczak (1996) para a concentração de álcalis

equivalentes (𝑁𝑎2𝑂𝑒𝑞) igual a 1,08%. Assim, os parâmetros utilizados para estimar a

degradação do módulo de elasticidade (𝐴𝐸) e da resistência (𝐴𝑓) foram iguais a 0,4 e 0,3. No

que se refere ao comportamento das expansões por RAA, foi considerado um fator de

deformação volumétrica (𝜀𝑜) igual a 0,1% para um período de 10.000 dias. A concentração

inicial de álcalis a ser consumida para o início das expansões (𝐴𝑜) foi mantida em 0,3.

Page 43: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

31

4.1. Pilar à compressão simples:

Figura 21 - Seção transversal e malha de elementos do modelo de pilar.

Fonte: Autor

Tabela 2 - Modelos de pilares analisados.

Fonte: Autor

20,0

40,0

Temperatura (°C) As/Ac (%) σc (MPa) Caso

2,00 1

4,00 2

6,00 3

8,00 4

2,00 5

4,00 6

6,00 7

8,00 8

2,00 9

4,00 10

6,00 11

8,00 12

2,00 13

4,00 14

6,00 15

8,00 16

2,00 17

4,00 18

6,00 19

8,00 20

2,00 21

4,00 22

6,00 23

8,00 24

2,00 25

4,00 26

6,00 27

8,00 28

2,00 29

4,00 30

6,00 31

8,00 32

2,00 33

4,00 34

6,00 35

8,00 36

Largura (cm)

Altura (cm)

Modelo Estrutural: Pilar

0,94%

2,36%

25,0

50,0

100,0

0,60%

0,94%

2,36%

0,60%

0,94%

2,36%

0,60%

Page 44: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

32

4.2. Viga simplesmente apoiada

Figura 22 - Seção transversal e malha de elementos do modelo de viga.

Fonte: Autor

Tabela 3 – Modelos de vigas analisados.

Fonte: Autor.

20,0

60,0

Temperatura (°C) As/Ac (%) σc (MPa) Caso

2,00 1

4,00 2

6,00 3

8,00 4

2,00 5

4,00 6

6,00 7

8,00 8

2,00 9

4,00 10

6,00 11

8,00 12

2,00 13

4,00 14

6,00 15

8,00 16

1,57%

25,0

0,40%

0,63%

1,00%

Modelo Estrutural: Viga

Largura (cm)

Altura (cm)

Page 45: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

33

6 – RESULTADOS OBTIDOS

5.1. Pilar à compressão simples

As Figuras 23 e 24 comparam o andamento das expansões por RAA e do

processo de degradação da resistência do concreto em diferentes casos de temperatura

(0°C, 25°C, 50°C, 75°C e 100°C). Os resultados obtidos evidenciam que a temperatura

teve influência catalisadora da reação, antecipando a fase de inicialização em

temperaturas mais elevadas e acelerando o processo de deterioração.

Figura 23 - Influência da temperatura nas expansões por RAA.

Fonte: Autor.

Figura 24 - Influência da temperatura na degradação do concreto.

Fonte: Autor.

A análise da influência do percentual de armadura demonstrou que as barras de

aço restringem as deformações por RAA ao longo de sua direção longitudinal com

intensidade proporcional a área de sua seção transversal (Figura 25).

Page 46: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

34

Figura 25 - Forças absorvidas pela armadura devido às expansões por RAA.

Fonte: Autor.

Assim, ao mesmo tempo em que as expansões do gel induzem esforços de tração

em todo volume do elemento estrutural, as barras de aço restringem as deformações

por RAA em sua direção longitudinal, gerando tensões de confinamento sob a massa

de concreto. A diferença de inclinação entre cada reta da Figura 25 deve-se à inibição

das deformações por RAA com o aumento da tensão de confinamento gerada pelo

carregamento inicial.

A Tabela 4 apresenta a variação na distribuição de tensões no concreto e na

armadura longitudinal gerada pelas expansões da RAA. Não houve grande acréscimo

de tensões no concreto em todos os casos analisados, mas a redução das propriedades

físicas do concreto (módulo de elasticidade e resistência a compressão) levou a

estrutura a ruptura em alguns casos.

Comparando-se os deslocamentos induzidos pelo carregamento inicial com os

gerados pelas expansões da RAA chega-se à conclusão que a armadura longitudinal

não apresenta grande acréscimo de rigidez sob o elemento estrutural. Sendo assim

solicitada por pequenas cargas que se mantém muito distantes da tensão de escoamento

do material aço.

Como pode ser observado na Figura 24, nos modelos analisados houve uma

redução de aproximadamente 70% da capacidade resistente do concreto aos 8.000 dias.

Assim, em todos os casos analisados em que a tensão de compressão foi superior à 30%

do valor de resistência característica à compressão (30% de 25 MPa) o elemento

estrutural terá grande probabilidade de atingir a ruptura frágil por esmagamento do

concreto.

Page 47: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

35

Tabela 4 - Resultados obtidos para o modelo de pilar a compressão simples.

Fonte: Autor.

Casoσc,t=0

(MPa)

σc,t=8.000 dias

(MPa)

σs,t=0

(MPa)σs,t=8.000 dias

(MPa)

δCarga

(mm)

δRAA

(mm)

1 -1,94 -2,04 -17,95 1,73 -0,256 0,283

2 -3,83 -3,88 -36,16 -26,02 -0,516 0,146

3 -5,72 -5,74 -55,15 -50,56 -0,789 0,067

4 -7,60 -7,60 -75,04 -74,37 -1,070 0,011

5 -1,89 -2,03 -17,45 2,16 -0,249 0,282

6 -3,72 -3,80 -35,12 -24,87 -0,502 0,148

7 -5,56 -5,59 -53,50 -48,66 -0,766 0,071

8 -7,38 -7,39 -72,69 -71,65 -1,040 0,017

9 -1,68 -2,06 -15,52 3,78 -0,223 0,278

10 -3,32 -3,32 -31,10 -20,48 -0,448 0,153

11 -4,94 -5,04 -47,16 -41,43 -0,681 0,084

12 -6,54 -6,59 -63,75 -61,41 -0,921 0,035

13 -1,94 -2,05 -17,95 1,73 -0,256 0,283

14 -3,83 -3,89 -36,16 -26,02 -0,516 0,146

15 -5,72 -5,74 -55,15 -50,56 -0,789 0,067

16 -7,60 -7,60 -75,04 -74,37 -1,070 0,011

17 -1,94 -2,05 -17,45 2,16 -0,249 0,282

18 -3,83 -3,81 -35,12 -24,87 -0,502 0,148

19 -5,72 -5,60 -53,50 -48,66 -0,766 0,071

20 -7,60 -7,40 -72,69 -71,65 -1,040 0,017

21 -1,94 -2,09 -15,52 3,78 -0,223 0,278

22 -3,83 -3,54 -31,10 -20,48 -0,448 0,153

23 -5,72 -5,06 -47,16 -41,43 -0,681 0,084

24 -7,60 -6,59 -63,75 -61,41 -0,921 0,035

25 -1,94 -2,06 -17,95 1,73 -0,256 0,283

26 -3,83 -3,89 -36,16 -26,02 -0,516 0,146

27 -5,72 -5,75 -55,15 -50,56 -0,789 0,067

28 -7,60 -7,60 -75,04 -74,37 -1,070 0,011

29 -1,94 -2,06 -17,45 2,16 -0,249 0,282

30 -3,83 -3,82 -35,12 -24,87 -0,502 0,148

31 -5,72 -5,60 -53,50 -48,66 -0,766 0,071

32 -7,60 -7,39 -72,69 -71,65 -1,040 0,017

33 -1,94 -2,12 -15,52 3,78 -0,223 0,278

34 -3,83 -3,56 -31,10 -20,48 -0,448 0,153

35 -5,72 -5,07 -47,16 -41,43 -0,681 0,084

36 -7,60 -6,60 -63,75 -61,41 -0,921 0,035

Tabela de dados: Pilar

Page 48: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

36

A Figura 26 apresenta a variação da tensão normalizada para todos os casos de

pilares em que foi adotado um percentual de armadura igual à 0,60% (casos: 1, 2, 3, 4,

13, 14, 15, 16, 25, 26, 27 e 28). Observa-se que em todos os casos onde a tensão

confinante ultrapassou 7,5 MPa, a estrutura atingiu a ruptura do concreto (Tensão

Normalizada maior ou igual a 1).

Figura 26 - Tensão Normalizada em função do tempo.

Fonte: Autor.

5.2. Viga à flexão simples

Pela análise dos dados gerados nos 16 casos de vigas, observou-se que a RAA

apresenta um comportamento bem mais complexo quando combinada a esforços de

flexão.

Nestes elementos o efeito reológico da reação álcali agregado teve grande

influência na distribuição de tensões. Como forma de facilitar a compreensão desta

influência sob os diagramas de tensões, ela foi dividida em 3 parcelas:

i. Acréscimo de tensões devido às condições de contorno:

Nos 16 modelos de vigas as condições de contorno restringiram as

deformações axiais por RAA. Dessa forma, no lugar de deformações ao

longo da direção longitudinal, as expansões por RAA passam a ser

confinadas pelos elementos de apoio, resultando em esforços normais de

compressão.

A figura 27 compara os deslocamentos horizontais de uma estrutura

afetada por RAA em estado livre de expansão e em situação com restrição

de deslocamento nos apoios.

Page 49: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

37

Figura 27 - Restrição das deformações axiais pelas condições de contorno.

Fonte: Autor.

Para demonstrar a magnitude deste comportamento, foram estimadas as

tensões por RAA em viga de geometria igual à apresentada na Figura 22, sem

considerar a influência de peso próprio ou qualquer carregamento externo.

Assim, a restrição da deformação axial por RAA resultou em tensões de

compressão na ordem de 4,0 MPa .

Figura 28 – Tensões geradas pela restrição nos apoios

Fonte: Autor.

Page 50: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

38

ii. Acréscimo de tensões pelo carregamento de flexão:

Como foi observado nos modelos de pilares, as tensões de compressão

tendem a inibir as expansões por RAA na direção paralela ao confinamento.

Quando uma seção de concreto é solicitada a um carregamento de flexão, os

esforços normais variam de acordo com a distância da linha neutra. Assim,

uma estrutura solicitada a flexão simples irá ter expansões por RAA maiores

no bordo tracionado (expansão livre) do que no bordo comprimido (expansão

confinada). Essa diferença de expansões resultará em esforços de momento

fletor, os quais intensificarão as tensões geradas pelo carregamento de

flexão.

A Figura 29 compara os deslocamentos verticais por RAA de uma viga

com e sem solicitação de carregamento externo a flexão.

Figura 29 - Influência do carregamento de flexão nas expansões por RAA.

Fonte: Autor.

Page 51: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

39

iii. Acréscimo de tensões pela assimetria de rigidez do elemento estrutural:

As barras de aço no bordo inferior dos modelos de viga geram uma não

homogeneidade de rigidez axial, uma vez que o aço possui módulo de

elasticidade bem superior ao do concreto. Dessa forma, no bordo inferior as

expansões por RAA tendem a sofrer restrição pela armadura longitudinal.

Assim, o bordo superior tenderá a sofrer maiores expansões por RAA

(expansões livres) do que o bordo inferior (expansões confinadas). Essa

variação nas expansões tenderá a gerar esforços de flexão ao longo da viga,

se opondo ao carregamento inicial sob a estrutura.

A Figura 30 compara os estados deformados de uma estrutura

homogênea e uma estrutura reforçada em seu bordo inferior, ambas afetadas

pelo efeito expansivo da RAA.

Figura 30 - Efeito da armadura longitudinal nas deformações por RAA.

Fonte: Autor.

A tabela 5 apresenta os resultados dos 16 modelos de vigas obtidos através do

processador ACnL. Devido ao comportamento descrito nas Figuras 28, 29 e 30, a

condição inicial de carregamento à flexão simples foi alterada para uma solicitação à

flexo-compressão, havendo consideráveis alterações em sua distribuição de tensões e

deslocamentos.

Page 52: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

40

Tabela 5 - Resultados obtidos para o modelo de vigas à flexão simples.

Fonte: Autor.

As Figuras 31 e 32 comparam a distribuição de tensões na direção “x” do caso 2

da tabela de vigas na sua condição inicial e após 8.000 dias sob influência dos efeitos

reológicos. Devido ao aumento da tensão de compressão ao longo da linha neutra e ao

redor dos apoios, conclui-se que a RAA induziu esforços axiais de compressão sob o

elemento estrutural. Tal comportamento pode ser atribuído às condições de contorno

que estão restringindo as deformações axiais por RAA. Observa-se também a redução

dos esforços de compressão no bordo superior e a redução dos esforços de tração nas

barras de aço do bordo inferior (Tabela 5), caracterizando assim um esforço de

momento fletor induzido pelas expansões da RAA, contrário ao carregamento inicial.

Casoσc,t=0

(MPa)

σc,t=8.000 dias

(MPa)

σs,t=0

(MPa)σs,t=8.000 dias

(MPa)

δCarga

(mm)

δRAA

(mm)

1 -1,93 -2,99 18,60 1,14 -1,05 0,47

2 -4,09 -2,81 30,90 -12,23 -2,38 2,08

3 -5,99 -4,72 73,95 39,79 -3,62 1,90

4 -7,93 -6,60 107,66 59,10 -4,93 1,63

5 -1,89 -3,18 18,05 4,22 -1,05 0,34

6 -3,96 -3,05 42,81 -5,01 -2,38 1,80

7 -5,74 -4,50 68,89 24,52 -3,62 1,76

8 -7,50 -6,49 95,92 60,44 -4,93 1,43

9 -1,81 -3,54 16,86 9,92 -1,05 0,13

10 -3,74 -3,22 38,99 -1,62 -2,38 1,57

11 -5,30 -4,31 59,05 22,27 -3,62 1,70

12 -6,79 -5,91 80,74 55,53 -4,93 1,43

13 -1,69 -3,64 14,97 12,54 -1,05 0,10

14 -3,47 -3,21 34,77 0,18 -2,38 1,32

15 -4,88 -4,19 51,49 16,20 -3,62 1,56

16 -6,25 -5,55 68,47 38,38 -4,93 1,36

Tabela de dados: Viga

Page 53: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

41

Figura 31 - Distribuição de tensões na direção “x” no caso 2 de vigas solicitadas ao carregamento

inicial.

Fonte: Autor.

Figura 32 - Distribuição de tensões na direção “x” no caso 2 de vigas solicitadas pelo

carregamento inicial e expansões por RAA aos 8.000 dias.

Fonte: Autor

Quanto à análise da segurança dos modelos analisados após a estabilização da

RAA, houve maior frequência no número de casos em que a estrutura atingiu um valor

de tensão normalizada superior a 1,0 (casos 2, 4, 6, 8, 10 e 16). Isso se deve a

combinação do efeito deletério da RAA, reduzindo a capacidade resistente do concreto,

com o acréscimo de tensões induzidas pelas expansões do gel.

A Figura 33 apresenta os deslocamentos verticais gerados pelas expansões por

RAA. Como a viga possui 6,0 metros de comprimento e os deslocamentos verticais por

RAA estão próximos de uma unidade de milímetro, os deslocamentos verticais gerados

pelas expansões terão ínfima influência na distribuição de tensões do elemento

estrutural.

Page 54: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

42

Figura 33 - Deslocamentos verticais por RAA aos 8.000 dias no caso 2 da tabela de vigas.

Fonte: Autor.

Foram consideradas as mesmas concentrações de álcalis adotadas nos modelos

de pilares. Assim, em todos os 16 casos de viga analisados a capacidade resistente do

concreto a compressão e a tração foi reduzida em 70% aos 8.000 dias. Com isso, em

qualquer situação que os esforços ultrapassassem 30% da resistência característica a

compressão do concreto (25 MPa), resultando numa elevada probabilidade de ruína do

material.

Essa maior influência dos efeitos reológicos sobre a distribuição de tensões em

estruturas solicitadas a carregamento de flexão demonstra a importância do

acoplamento das expansões por RAA com as tensões de confinamento sob a estrutura.

Page 55: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

43

7 – CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentado a simulação numérica do comportamento mecânico de

elementos de concreto armado afetados pela reação álcali agregado, com base no método dos

elementos finitos e no modelo termodinâmico de materiais porosos.

Os casos analisados estimaram numericamente a magnitude dos esforços e

deslocamentos produzidos pela expansão do gel da RAA em elementos estruturais do tipo pilar

solicitado à compressão simples, e viga, solicitada à flexão simples.

Foi identificada uma pequena influência da RAA na distribuição de tensões nos modelos

de pilares solicitados à compressão simples. Embora as deformações axiais por RAA sejam

reduzidas com o aumento das tensões confinantes, a deterioração das propriedades físicas do

concreto não foi afetada, impactando sob a integridade destes elementos estruturais. Devido a

influência da degradação do concreto no coeficiente de segurança global, recomenda-se a

implementação de um modelo que acople a fissuração do concreto à degradação induzida pela

RAA, para que seja estimada a influência das tensões confinantes e armaduras transversais na

minoração deste efeito de deterioração das propriedades mecânicas do concreto.

Ainda nos modelos de pilares, foi observada a influência da temperatura na cronologia

do processo químico da RAA. Através do modelo proposto, pode-se estimar a partir de qual

período ocorrerá o início das expansões e o tempo necessário para a estabilização de sua

reatividade química. Com essas duas informações, podem ser fixadas as periodicidades para

intervenções corretivas, voltadas à preservação do desempenho mecânico dos elementos

estruturais.

Os modelos solicitados à flexão tiveram grande alteração em sua distribuição inicial de

tensões após os efeitos reológicos da RAA. Foram identificados 3 fatores que contribuem para

essas alterações, sendo eles a restrição de deslocamentos axiais pelas condições de contorno, a

influência das tensões confinantes nas regiões comprimidas pelo carregamento de flexão e a

função de atirantamento da armadura longitudinal, que inibe as expansões por RAA no bordo

reforçado.

O código computacional utilizado neste trabalho se mostrou promissor para a análise de

efeitos reológicos em estruturas de concreto armado. Como sugestões para trabalhos futuros,

pode-se implementar a utilização de armaduras transversais e com elas acoplar a influência da

resistência a tração do aço no processo de fissuração e deterioração das propriedades mecânicas

do concreto.

Page 56: ARTHUR LEANDRO DE AZEVEDO SILVA ANÁLISE DE …

44

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Procedimento. NBR 6118, ABNT, Rio de Janeiro. 2007.

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