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Deus existe? Por Tawa Anderson www.tawapologetics.blogspot.com Existe um Deus? 1 Como podes ter a certeza que Deus existe? Podes provar-me que Deus é real? A existência (ou não existência) de Deus faz alguma diferença significativa? Estava Nietzche correcto ao declarar: “Deus está morto!” ? Estas questões atingem o centro da existência humana, e exigem a nossa atenção pessoal e deliberação. Além disso, estas questões devem ser respondidas antes de examinarmos a verdade do Cristianismo. Em todo o caso, se não há Deus, então Jesus não é certamente Deus feito carne! Se não há Deus, não há fé cristã digna de ser considerada. Neste breve artigo, vou partilhar três pistas persuasivas (tradicionalmente chamadas argumentos ou evidências) que apontam para a existência de Deus. Não é apologética para o Cristianismo, mas sim para o teísmo básico – um argumento a favor do facto de Deus existir, não do facto do Deus cristão ser real.

Artigo 1 - Deus existe?

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Page 1: Artigo 1 - Deus existe?

Deus existe?

Por Tawa Anderson

www.tawapologetics.blogspot.com

Existe um Deus? 1 Como podes ter a certeza que Deus existe?

Podes provar-me que Deus é real? A existência (ou não

existência) de Deus faz alguma diferença significativa? Estava

Nietzche correcto ao declarar: “Deus está morto!” ? Estas

questões atingem o centro da existência humana, e exigem a

nossa atenção pessoal e deliberação.

Além disso, estas questões devem ser respondidas antes de

examinarmos a verdade do Cristianismo. Em todo o caso, se

não há Deus, então Jesus não é certamente Deus feito carne! Se

não há Deus, não há fé cristã digna de ser considerada. Neste

breve artigo, vou partilhar três pistas persuasivas

(tradicionalmente chamadas argumentos ou evidências) que

apontam para a existência de Deus. Não é apologética para o

Cristianismo, mas sim para o teísmo básico – um argumento a

favor do facto de Deus existir, não do facto do Deus cristão ser

real.

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A condição humana: porque Deus importa

Antes de considerar os argumentos que apontam para a

existência de Deus, contudo, quero, de forma breve, focar a

importância da existência de Deus. Para colocar isto de forma

franca: quais são as implicações se Freud estava certo – se Deus

é uma ilusão, uma projecção do subconsciente humano, uma

expressão de insegurança e de satisfação das vontades? 2

O livro de Eclesiastes, poeticamente, resume a vida sem Deus:

“Vaidade! Vaidade! Completa vaidade! Tudo é vaidade!” O

filósofo ateu Jacques Monod disse: “O homem, no fim de

contas, sabe que está sozinho na fria imensidão do Universo,

aparte do qual ele emergiu apenas por acaso.” O que é o

homem, na ausência de Deus? Um condenado e insignificante

membro de uma raça condenada e insignificante, num planeta

condenado e insignificante que vagueia pelo infinitamente

imensurável Universo. Qual é o nosso destino final? O nada. A

extinção. A humanidade sem Deus não é um bonito quadro. A

existência de Deus é importante.

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Então, surge a questão: Deus existe? Vamos observar as pistas

deixadas pelo espírito insaciavelmente religioso do homem, pela

origem e ajuste fino (fine-tuning) do Universo, e pela moralidade.

Pode o homem viver sem Deus? O argumento existencial

da religiosidade humana

Primeiro, consideremos a natureza e extensão da busca e da

experiência religiosa. Desde o alvorecer da história como a

conhecemos, o ser humano tem sido extraordinariamente

religioso. Cada cultura e civilização humana tem tido um

conceito do divino – deuses, deusas e seres espirituais. As

pessoas têm um implacável desejo de entender e tocar o divino.

Agostinho (354-430 d.C.) disse, “Os nossos corações não têm

descanso até que o achem em Ti [Deus].” Repara também que

aos nossos desejos naturais (p.e., fome, sede) corresponde

sempre algo que os vai satisfazer (p.e., comida, água). Isto

sugere que ao nosso desejo de conhecer e tocar Deus

corresponde algo real que vai satisfazer esse desejo – isto é,

Deus. Há, de facto, um espaço nos nossos corações que só

pode ser preenchido por Deus. 3

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O ser humano também tem sede de vida eterna, de persistir

além da morte física. Todas as culturas humanas expressam este

desejo (ex: as pirâmides do Egipto, o mundo espiritual das

religiões indígenas, a adoração/reverência aos ancestrais na

Ásia). Este anseio pela eternidade sugere que nós existimos para

mais do que apenas estes anos de vida. Finalmente, o ser

humano sempre procurou respostas às grandes questões da vida

– “de onde eu vim?”, “o que está errado comigo (e com o

mundo)?” e “como posso resolver isso?” Todos procuramos

respostas, todos queremos falhas para serem corrigidas e todos

ansiamos pela vida eterna.

Esta é uma parte da condição humana, porque fomos criados à

imagem de Deus (Génesis 1:26-27). 4

Os céus declaram a glória de Deus: o evidente argumento

da cosmologia 5

Em segundo lugar, considera a origem do nosso incrivelmente

vasto e majestoso universo. A nossa quadridimensional variedade

espácio-temporal 6 e toda a matéria física foi originada no Big

Bang há cerca de 13.7 mil milhões de anos. O que causou o Big

Bang? A causa tem que ser transcendente, isto é, fora do universo

físico em si (e, portanto, fora do tempo e espaço tal como os

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conhecemos). A causa também tem que ser pessoal (um

“fragmento” que não teve início não poderia causar nada). O Deus

da Bíblia é um Ser transcendente e pessoal que trouxe o Universo à

existência – como diz Génesis 1:1, “No princípio Deus criou os

céus e a terra.”

Alguém pode perguntar: “Se Deus fez o Universo, quem [ou o

quê] fez Deus?” Mas Deus, como causa transcendente e pessoal do

Universo, existe independentemente do tempo, e, como tal, não

tem princípio. Então, nada causou Deus; Ele sempre existiu. 7

Além disso, o nosso universo está ajustado (fine-tuned). É

governado por um dado número de constantes físicas e leis (ex:

gravidade, relatividade) que estão exactamente no ponto em que

permitem manter a vida na terra. Isto não é probabilidade

aleatória ou pura sorte, como alguns podem argumentar. Pelo

contrário, é evidência para um Ser transcendente que criou o

Universo (tempo, espaço e matéria) para que pudéssemos viver

e vir a conhecê-lO.

Page 6: Artigo 1 - Deus existe?

Então, da próxima vez que olhares as estrelas, lembra-te que os

céus declaram, de facto, a glória de Deus, e as estrelas anunciam

a obra das suas mãos (Salmos 19:1) – o nosso Universo aponta

para a existência de Deus. 8

O Bem & Deus: o argumento racional da moralidade

Em terceiro lugar, consideremos a nossa consciência de

moralidade – certo e errado. Algumas pessoas dizem que a

moralidade é relativa, que depende de cada indivíduo (correcto

para mim, errado para ti). Mas, no fundo, todos sabem que a

moralidade é objectiva – que algumas acções são verdadeiramente

erradas e outras são verdadeiramente correctas,

independentemente de se concordar ou gostar delas.

Reconhecemos as nossas atitudes erradas, e – correctamente –

sentimo-nos culpados acerca disso (ver Romanos 2:1-5).

Também sabemos que algumas coisas são erradas para todas as

pessoas, em todas as culturas e em todos os tempos – abuso de

crianças, violação, assassinato. Se alguém discorda, esmurra-os

até que admitam que é realmente errado que tu o faças!

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De onde vem a nossa consciência de moralidade objectiva? Talvez

a construamos enquanto indivíduos ou sociedades, de acordo

com os nossos próprios gostos. Se assim é, então o Holocausto

não foi mau, foi antes a expressão dos gostos morais da

Alemanha Nazi. Talvez a moralidade seja um produto da

evolução, influente na sobrevivência do homem. Se assim é,

aquilo que chamamos “errado” hoje, pode ser “certo” amanhã.

Qualquer das formas, a moralidade não é uma prescrição de

como nós nos devemos comportar, mas sim uma descrição de

como nós nos comportamos. Se os padrões de moralidade não

estão baseados em algo transcendente (isto é, em algo aparte da

humanidade), é impossível dizer (como todos fazemos) que

alguma coisa seja sempre moralmente errada (ou certa).

Posto de forma mais simples: se não há Deus, então o mal que

o homem faz não é mal, simplesmente é.

A moralidade objectiva vem do nosso Deus transcendente, que

declarou o que está certo e o que está errado (ex: Êxodo 20)

baseado no Seu carácter – na Sua santidade, justiça e amor.

Deus é a fonte do nosso conhecimento sobre o certo e o errado

– a pista da moralidade humana aponta para a existência de

Deus.

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Vem, vamos pensar juntos: um convite ao teísmo 10

Toquei brevemente em três pistas persuasivas que apontam

para a existência de Deus. Não tive tempo de explicar

totalmente os argumentos, mas dei sugestões de leituras

adicionais em cada área. Além disso, tem que ser reconhecido

que os argumentos não são provas conclusivas. Eu acho-os

fortes e persuasivos, mas se estás completamente fechado para

considerar a possibilidade da existência de Deus, então nenhum

deles te vai convencer. Se Deus não está no teu “conjunto de

opções de vida”, então não vais ser persuadido – não importa

que evidência ou argumento seja apresentado a favor de Deus.

Assim, quero concluir com um apelo pessoal: peço-te que não

feches a tua mente para a possibilidade de Deus. Considera as

pistas para Deus com a mente aberta; considera os próximos

artigos (que defendem a verdade do Cristianismo,

particularmente) com uma disposição de ser persuadido.

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1 Aqui, Deus é entendido simplesmente como um ser divino ou

transcendente – fora do espaço e tempo.

2 A propósito, penso que a negação moderna da existência de Deus é um

tipo diferente de satisfação das vontades – surge do desejo do homem de

ser autónomo, auto-suficiente e seguro do seu próprio poder.

3 Seguindo o argumento de C.S. Lewis, o argumento é algo assim:

a) Os seres humanos têm desejos/anseios naturais inegáveis.

b) Cada desejo/anseio do homem é satisfeito por algo na natureza.

c) Então, Deus tem que existir.

4 Para leituras adicionais, ver: Ravi Zecharias, “Can Man Live Without

God?”; William Lane Craig, “Reasonable Faith”.

5 Salmos 19:1 e seguintes

6 A Teoria das Cordas (na maioria) sugere que há mais do que quatro

dimensões – se apoias esta teoria, expande o número de dimensões de

acordo com isso. O princípio mantém-se.

7 William Lane Craig coloca o argumento assim:

a) Tudo o que vem a existir tem uma causa externa.

b) O Universo veio a existir.

c) Então, o Universo teve uma causa externa (fora do espaço e tempo), a

que chamamos de Deus.

8 Para leituras adicionais, ver: Lee Strobel, “The case for a Creator”; Norm

Geisler & Frank Turek, “I don’t have enough faith to be an atheist”.

9 Para leituras adicionais, ver: C. S. Lewis, “Mere Christianity”; Timothy

Keller, “The reason for God”.

10 Isaías 1:18

Page 10: Artigo 1 - Deus existe?

Original:

www.apologetics315.com

Tradução:

www.portal-cristao.blogspot.com

Título original: “Does God exist?” In “Is Christianity true? – 23 essays

exploring the truth of Christianity.” Traduzido por PortalCristão, 2012.

Usado com permissão de Apologetics315.