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Artigo 5º da Constituição Federal Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Explicação ao caput : Brasileiros e estrangeiros “residentes” no Brasil – Essa infeliz expressão se formos levar ao pé da letra, excluiria os TURISTAS das garantias deste artigo. É necessário uma interpretação sistemática (no contexto, conjunta) para perceber que estão aí incluídos todos os estrangeiros, residentes ou não, primeiro porque o próprio artigo veda a distinção “de qualquer natureza”, pelo que não se pode distinguir por residência, e ainda o § 2° deste artigo garante o respeito, no Brasil, de direitos vindos de “tratados internacionais” (Um tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional , formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.) e neles está o dever de preservar a integridade de pessoas de outras nacionalidades que estejam no Brasil. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Explicação : Essa igualdade de sexo não é absoluta, já que pode ser excepcionada pela própria CF já que no próprio inciso consta que a igualdade é nos termos da desta constituição , como ocorre por exemplo na proteção especial do mercado de trabalho da mulher (art. 7° XX), no regime de aposentadoria (arts. 40 e 201) ou pela aplicação do princípio da igualdade material (impõe ao Poder Público a obrigação de oferecer instrumentos que permitam a inserção ou reinserção social, econômica e produtiva dos membros das chamadas “minorias sociais) , que legitimou, por exemplo, a exigência de um percentual mínimo de candidatas a cargos eletivos, nas convenções partidárias. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 1

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Artigo 5º da Constituição Federal

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Explicação ao caput: Brasileiros e estrangeiros “residentes” no Brasil – Essa infeliz expressão se formos levar ao pé da letra, excluiria os TURISTAS das garantias deste artigo. É necessário uma interpretação sistemática (no contexto, conjunta) para perceber que estão aí incluídos todos os estrangeiros, residentes ou não, primeiro porque o próprio artigo veda a distinção “de qualquer natureza”, pelo que não se pode distinguir por residência, e ainda o § 2° deste artigo garante o respeito, no Brasil, de direitos vindos de “tratados internacionais” (Um tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.) e neles está o dever de preservar a integridade de pessoas de outras nacionalidades que estejam no Brasil.

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Explicação: Essa igualdade de sexo não é absoluta, já que pode ser excepcionada pela própria CF já que no próprio inciso consta que a igualdade é nos termos da desta constituição , como ocorre por exemplo na proteção especial do mercado de trabalho da mulher (art. 7° XX), no regime de aposentadoria (arts. 40 e 201) ou pela aplicação do princípio da igualdade material (impõe ao Poder Público a obrigação de oferecer instrumentos que permitam a inserção ou reinserção social, econômica e produtiva dos membros das chamadas “minorias sociais) , que legitimou, por exemplo, a exigência de um percentual mínimo de candidatas a cargos eletivos, nas convenções partidárias.

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Explicação: Determina que somente a lei pode criar , transformar ou extinguir obrigações de fazer ou de não fazer, tornando pois inconstitucional os decretos executivos ou outros atos administrativos como instruções, resoluções ou portarias que pretendam obrigar.

HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS

Estrutura hierarquizada: a pirâmide representa a hierarquia das normas dentro do ordenamento jurídico - esta estrutura exige que o ato inferior guarde hierarquia com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a

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Constituição, sob pena de ser ilegal e inconstitucional - chamada de relação de compatibilidade vertical

CF

LEIS

ATOS

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Explicação: Crime de Tortura, nos termos da lei, constitui: a) constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, ou para provocar ação ou omissão de natureza criminosa ou em razão de discriminação racial ou religiosa; b) submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Esse inciso se alinha ao PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Tratamento desumano – É aquele que se tem por contrário à condição de pessoa humana. Tratamento dado a bicho.

Tratamento degradante – É aquele que diminui a condição de pessoa humana e sua dignidade.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Explicação: É o direito que a pessoa tem de exprimir, por qualquer forma e meio, o que pensa a respeito de qualquer coisa. Em outras palavras, é o direito de uma pessoa dizer o que quiser, de quem quiser, da maneira como quiser, no local em que quiser. Porém, a livre manifestação deverá ser limitada pela veracidade. No que toca à liberdade de imprensa, o limite seria o interesse público na informação. A liberdade de manifestação do pensamento não é uma garantia constitucional absoluta, tendo contra si limites morais e jurídicos.

A exigência constitucional de que a pessoa que manifesta identifique-se visa a dar concreção ao inciso V, possibilitando a quem reste eventualmente ofendida pela expressão buscar reparação judicial, civil e criminal, pelas vias adequadas.

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

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Explicação: o direito de resposta é assegurado a quem for atingido na sua honra ou imagem pelo exercício do direito de expressão de outrem. Trata-se de uma cláusula de responsabilização, de uma limitação ao direito de manifestação das concepções por terceiros.

Direitos do atingido: 1) é o direito de resposta proporcional a ofensa. Essa proporcionalidade deve ser observada no meio e no modo. 2) Pedido de indenização em Juízo, pela ação cível própria.

Os danos indenizáveis são: 1) material – quantia de perda imediata e quantia representativa de perda futura, esperada. 2) moral – dano à pessoa, sentido e avaliado pela própria pessoa. 3) imagem – imagem física: dano à figura da pessoa, independente de dano à reputação. Imagem social – dano ao conjunto das características que compõem a reputação do indivíduo.

Os danos morais são acumuláveis com os danos materiais.

A prova do dano moral é a prática do ilícito donde resulta dor e sofrimento que causam tal dano.

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Explicação: Esse inciso assegura a qualquer pessoa no Brasil o direito de abraçar qualquer orientação religiosa que queira e de determinar-se pelas concepções ditadas pela sua consciência. Impede que ocorra qualquer prejuízo, privação ou redução de direitos à pessoa por conta de suas convicções religiosas ou de consciência.

Liberdade de crença – é conceito que se refere às convicções religiosas da pessoa, aos domínios de sua intimidade religiosa.

Liberdade de culto – designa direito às solenidades e aos ritos pelos quais a pessoa externa sua religiosidade.

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Explicação: O Poder Público é obrigado a permitir o atendimento espiritual em tais locais. Não poderá contudo destinar ajuda material ou financeira para isso. Essa assistência religiosa será prestada à conta da própria confissão religiosa ou do interessado.

Entidades civis de internação coletiva – hospitais, presídios, asilos, estabelecimentos educacionais e correlatos.

Entidades militares – quartéis, bases militares, embarcações militares, etc.

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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Explicação: A lei tem o poder de obrigar. Quem está sujeito à obrigação imposta pela lei deve cumpri-la ou estará sujeito à penas por ela impostas. Há, contudo, uma possibilidade de ocorrer negativa de cumprimento de obrigação legal sem que haja punição. Isso é possível se a pessoa obrigada declarar convicção religiosa, filosófica ou política para não cumprir a ordem legal. Essas alegações, chamadas escusa (Razão ou pretexto invocado para se eximir de uma obrigação ou ajuda) de consciência, liberam a pessoa da obrigação legal original, mas a sujeitam a outra, também criada por lei, chamada de prestação alternativa. Cumprindo essa prestação alternativa, não será privado de direitos; se novamente se recusar, terá os direitos políticos suspensos.

Hipóteses de aplicação de escusa de consciência – A convicção religiosa, filosófica ou política pode ser alegada contra: serviço militar obrigatório, o dever do voto, a participação em Tribunal do Júri, a sujeição a prova em concurso público em determinado dia ou horário, a atuação como mesário ou auxiliar eleitoral.

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Explicação: O conteúdo deste dispositivo invalida qualquer ato estatal, administrativo ou legislativo, que cause ou possa causar embaraço à expressão da atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação, como sujeição a licenças, a controle de conteúdo ou de temática. Alcança a produção de filmes, peças de teatro, livros, músicas, artes plásticas, textos em jornais e dos próprios jornais, livros e revistas, artigos científicos e correlatos.

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Explicação: Intimidade: A esfera secreta da pessoa; Vida privada: A casa onde mora; Honra: é a dignidade pessoal refletida na consideração alheia e no sentimento próprio da pessoa. Imagem: é a concepção de terceiros sobre a pessoa. Dano moral: É avaliado pela pessoa ofendida em relação a si mesma. O valor a ser pedido pelo dano moral como indenização será de acordo com a exposição pública da pessoa, a natureza do ato ofensivo, a capacidade econômica do ofensor, entre outros. Dano material: quantia de perda imediata e quantia representativa de perda futura, esperada. Dano à imagem: É avaliado pela pessoa ofendida em relação ao grupo social no qual se insere. Levará em conta a atividade da pessoa, sua exposição pública, o número de pessoas que com o ofendido tem contato. Pode ser imagem física ou imagem social (o conjunto das características que a definem socialmente).

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XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Explicação: Não é coincidência a proteção da intimidade e da vida privada no inciso X e da “casa”, nesse inciso XI. Buscou-se proteger o ambiente no qual a pessoa exercita sua vida privada na plenitude ou na maior extensão. Por conta disso, “casa”, para esses fins, é qualquer local no qual a pessoa tenha condições de praticar atos de vida privada, a salvo da curiosidade, da interferência ou do acesso de terceiros.

Ingresso na casa de terceiros:

1) Com consentimento do morador: a qualquer momento.

2) Sem consentimento do morador ou contra este:

a)A qualquer momento: em flagrante delito; desastre, prestação de socorro.

b) Somente durante o dia: por determinação judicial.

Dia civil: espaço de tempo entre 6h e 20h.

Dia Penal: Período de duração da luz solar.

Casa: - aposento de habitação individual; aposento de habitação coletiva; local de habitação temporária; local de trabalho, se de acesso restrito.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Explicação: correspondência – é toda mensagem escrita por via missiva (Carta, epístola), fax, e-mail, telegrama, ou qualquer outra via correlata. A proteção do sigilo de correspondência se assenta na proteção dos direitos de expressão, da intimidade, da vida privada e da comunicação.

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Explicação: Regra: liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão. Exceção: Exercício de trabalho, ofício ou profissão condicionado às exigências impostas por lei, fundamentadas no interesse público ou social no desempenho de certa atividade.

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XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Explicação: Todos: Qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, de qualquer idade.

Acesso à informação: abrange tanto informações relativas ao Poder Público quanto a pessoas físicas ou jurídicas privadas. O direito de ser informado, portanto, é bastante amplo.

Sigilo da fonte: significa proteção da pessoa que detinha a informação e que a liberou para conhecimento público ou geral.

Alcance do sigilo profissional: O sigilo profissional, que beneficia os exercentes de algumas profissões, como médicos, advogados, psicólogos e religiosos, tem alcance geral e se aplica a qualquer juízo, cível, criminal, administrativo ou parlamentar. Tais profissionais, portanto, não podem e não devem divulgar informações ou dados aos quais tiveram acesso em razão da ocupação profissional.

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Explicação: O que é? Direito de ir, vir e ficar. Direito de se deslocar.

Tempo de paz: significa tempo de normalidade democrática e institucional.

Bens: abrange todos os bens móveis da pessoa, brasileiro ou estrangeiro, mas não impede a tributação incidente sobre a entrada ou saída de tais bens do Brasil, desde que em padrões razoáveis.

A quem é assegurado? Como regra, aos brasileiros e estrangeiros no território nacional.

Âmbito: no território brasileiro, em tempo de paz.

Restrições: Poderá haver restrições em tempo de guerra, no caso de estado de sítio, além de outras, fixadas em lei, como as relativas ao combate ou a contenção de epidemias, e as tributárias.

Garantia correspondente: É a ação de hábeas corpus.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

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Explicação: É direito assegurado tanto a brasileiros quanto a estrangeiros, independentemente de idade ou capacidade civil.

Reunião: É eventual e temporária, sendo definida como um direito de ação coletiva que envolve a adesão consciente de duas ou mais pessoas com a finalidade de realização de um objetivo.

Condições: A reunião deve ser pacífica e não pode haver armas. O local escolhido deverá ser aberto ao público e apto a receber o evento.

Autorização: Não há necessidade. O Poder público poderá, contudo, impedi-la se constatar o caráter não pacífico ou a presença de armas.

Prévio aviso: Tem como objetivo possibilitar a reunião tomando medidas relativas ao trânsito e à segurança de prédios públicos.

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Explicação: Associação: união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. É toda coligação voluntária de algumas ou de muitas pessoas físicas, por longo tempo, com o intuito de alcançar alguma finalidade lícita.

Plena: Impossibilidade de lei ou regramento administrativo versando sobre o direito de associação para fins lícitos.

Condicionamento: A finalidade deve ser lícita, ou seja, amparada pela lei ou não contrária a ela.

Caráter paramilitar: uso de regramento de funcionamento semelhante ao adotado pelas estruturas militares, como rígida hierarquia, uso de uniforme, adestramento de combate, uso de armas.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Explicação: A plenitude de liberdade de associação para fins lícitos conduz ao direito de criá-las independentemente de autorização do Poder Público.

Criação de cooperativas: deverá respeitar o que a lei vier a impor (como a obrigatoriedade de um Conselho Fiscal e a proibição de remunerar os cargos de comando) não sendo, portanto, de livre criação, pois deverá obedecer a uma lei que vai dispor sobre a criação dessas entidades.

Interferência estatal: a interferência estatal acarreta responsabilidade penal (abuso de autoridade), político-administrativa e civil.

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XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

Explicação: Suspensão compulsória de funcionamento: depende de decisão judicial não definitiva (cabe recurso) dada em antecipação de tutela ou liminarmente. Tem por objetivo acautelar a coletividade contra o funcionamento irregular, ilegal ou perigoso da associação.

Suspensão voluntária de funcionamento: É feita pelos próprios associados, na forma do estatuto da entidade. Terá a duração que for determinada pelos membros.

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

Explicação: O Ingresso em associação, a Permanência em associação e Saída da associação: é decisão da própria pessoa. OBS: esse inciso se aplica por extensão também aos sindicatos.

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Explicação: Autorização expressa: deve ser feita por documento nos autos do processo (judicial), atestando de maneira inequívoca que a associação está autorizada a atuar judicialmente em defesa dos direitos e interesses dos representados. A comprovação exige, além de previsão genérica estatutária, a ata da assembléia geral que conferiu à associação poderes específicos para a demanda. É necessário também a juntada de instrumento de mandato (procuração assinada pelo Presidente da associação) ou de ata da assembléia geral com poderes específicos, não bastando previsão genérica em seus estatutos. É desnecessária, finalmente, a expressa e específica autorização de cada um dos associados.

XXII - é garantido o direito de propriedade;

Explicação: direito de propriedade é a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que, injustamente, a possua ou detenha, segundo conceitua o Código Civil.

Extensão: A previsão genérica deste dispositivo abarca o direito à propriedade material (móvel e imóvel) e imaterial (imagem, marca, símbolo, autoral, invenção, criação industrial) e beneficia tanto brasileiros quanto estrangeiros, tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

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XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Explicação: Função social da propriedade: É um conceito que dá a esta um atributo coletivo, não apenas individual. Significa dizer que a propriedade não é um direito que se exerce apenas pelo dono de alguma coisa, mas também que esse dono exerce em relação a terceiros. Ou seja, a propriedade, além de direito da pessoa, é também um encargo contra essa (pessoa), que fica constitucionalmente obrigada a retribuir, de alguma forma, ao grupo social, um benefício pela manutenção e uso da propriedade.

Função social da propriedade urbana: O art. 182, § 2°, CF determina que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade previstas no Plano Diretor.

Função social da propriedade rural: O art. 186 determina que a propriedade rural cumprirá sua função social quando atender, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência fixados em lei, os seguintes requisitos: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Descumprimento da função social da propriedade: Pode levar à perda da propriedade, por desapropriação por interesse público, indenizada em títulos e não em dinheiro, exceto, no caso de imóvel rural, as benfeitorias úteis e as necessárias. Essa desapropriação paga em títulos é chamada de desapropriação-sanção (pena).

Desapropriação-sanção: Implica a perda da propriedade urbana mediante indenização em títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até doze anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. A emissão desses títulos depende de aprovação prévia do Senado Federal, tudo segundo o art. 182, § 4°, III. No caso de propriedade rural, a indenização será em títulos da dívida agrária (Os títulos da dívida agrária – TDA – são títulos mobiliários da dívida pública federal interna, decorrentes de desapropriações de imóveis rurais (art. 184, da Constituição Federal do Brasil), ou de aquisição amigável de imóvel rural pelo INCRA para fins de reforma agrária. Por ocasião da emissão, são custodiados junto à Caixa Econômica Federal – CEF – em sua gerência financeira – GEFIN  - em Brasília – DF. Tais valores fazem parte do sigilo bancário do detentor (proprietário), e somente por ele, ou por ordem judicial, podem ser consultados e movimentados. Seu valor nominal é atualizado no primeiro dia útil de cada mês, por índice calculado com base na Taxa Referencial (TR) referente ao mês anterior, podendo ter prazo de vencimento de 05 (cinco), 10 (dez), 15 (quinze), 18 (dezoito) ou 20 (vinte) anos, com taxa de juros de 1%, 2%, 3% ou 6 % ao ano, dependendo da área do imóvel ou a forma da desapropriação.), com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis em até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão. A sanção aparece na imposição, contra o expropriado, de não ser indenizado imediatamente, mas ao longo de anos.

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XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Explicação: Desapropriação: é a forma de aquisição de bens pelo poder público para incorporar esse bem ao patrimônio público, indenizando, como regra o ex-proprietário. Assim, desapropriar ou expropriar é transferir compulsoriamente bens privados para o domínio público.

Necessidade pública: indispensabilidade do bem para, por exemplo, o traçado de uma ferrovia, transposição do rio São Francisco.

Utilidade pública: conveniência da desapropriação, a apontar entre os bens desapropriáveis, o mais adequado a critério do poder público. É exemplo a escolha de imóvel para sediar posto de saúde, hospital, praça, etc.

Interesse social: decorre do desatendimento da função social da propriedade, como ocorre no caso de desapropriação para reforma agrária de imóvel que descumpra a função social da propriedade rural.

Indenização justa: é a que equivale ao valor real de mercado do imóvel desapropriado.

Indenização prévia: Deve ocorrer antes da perda definitiva da propriedade particular ao Poder Público (imissão definitiva na posse).

Forma de indenização: Em geral, deve ser feita em dinheiro.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Explicação: A iminência vem da possibilidade clara e imediata de ocorrência do evento. O proprietário não perde a propriedade, mas apenas precisa tolerar a ocupação e utilização temporária do bem pelo Poder Público. A indenização será posterior ao fim da ocupação do bem, condicionada à existência e demonstração do dano.

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Explicação: Pequena propriedade rural: o Tamanho que caracterizará a pequena propriedade rural para fins dessa proteção constitucional será definido em lei federal (Estatuto da Terra e Lei n° 8.629/1993).

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Trabalhada pela família: Não poderá haver empregados permanentes envolvidos nas atividades de produção rural.

Penhora: significa a troca da propriedade pelo valor do débito.

Débitos decorrentes da atividade produtiva: A proteção só cobre débitos contraídos para financiar a atividade produtiva no estabelecimento rural.

Meios de financiar o desenvolvimento: Como o acesso ao crédito na rede bancária privada fica dificultado pela proibição constitucional de utilização da pequena propriedade em garantia, lei federal deverá impor aos bancos oficiais a abertura de linhas de crédito para tais propriedades.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Explicação: Obras protegidas: além das óbvias, como livros, artigos, pareceres, e conferencias, também estão protegidos pelo direito autoral programas de computados, adaptações e traduções; textos de obras literárias, artísticas e científicas; conferências e sermões; composições musicais e obras de desenho, pinturas e gravuras.

Autor: é a pessoa criadora da obra literária, artística ou científica.

Direitos morais e patrimoniais do autor: Entre os direitos morais, estão o de reivindicar a autoria da obra e ser citado como autor, e, entre os patrimoniais, os de utilização, fruição e disposição da obra.

Duração dos direitos patrimoniais: Perduram por setenta anos, contados de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento. Sobre obras audiovisuais e fotografias, o prazo será de setenta anos, contados de 1° de janeiro do ano subseqüente ao da sua divulgação.

Transferência dos direitos: A legislação permite a transferência dos direitos do autor a terceiros. O prazo máximo será de cinco anos, salvo se houver estipulação contratual escrita.

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

Explicação: Obra coletiva: pode ser uma peça de teatro, um filme, uma novela, uma atividade desportiva coletiva. As pessoas que participam da realização dessas obras têm direito constitucional de receber remuneração por essa participação, na medida dela.

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b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

Explicação: Fiscalização – É firmado aqui o direito de tais participantes de obras coletivas, ou respectivas associações ou representações sindicais, fiscalizar o resultado econômico das obras de que participarem, de forma a não haver burla no cálculo do direito autoral a que fazem jus.

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

Explicação: Como o progresso tecnológico e sua importância para a humanidade dependem, em grande medida, de se conhecer determinados inventos e, partindo deles, obter inventos melhores pela utilização da tecnologia, o constituinte resolveu impor uma proteção apenas temporária, para que o inventor, através do recebimento de royalties (Na atualidade, royaltie é o termo utilizado para designar a importância paga ao detentor ou proprietário ou um território, recurso natural, produto, marca, patente de produto, processo de produção, ou obra original, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou comercialização do referido produto ou tecnologia. Os detentores ou proprietários recebem porcentagens geralmente pré-fixadas das vendas finais ou dos lucros obtidos por aquele que extrai o recurso natural, ou fabrica e comercializa um produto ou tecnologia, assim como o concurso de suas marcas ou dos lucros obtidos com essas operações. O proprietário em questão pode ser uma pessoa física, uma empresa ou o próprio Estado.), seja remunerado pelo seu talento e atividade intelectual empregados na invenção. Depois desse prazo, contudo, o invento cai no domínio comum, para acesso de qualquer pessoa.

Patente da invenção: o prazo é de 20 anos.

Patente de modelo de utilidade: o prazo é de 15 anos.

Invenção: É patenteável a invenção que atenda aos requisitos da novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Marca: São sinais distintivos visualmente perceptíveis.

XXX - é garantido o direito de herança;

Explicação: Herança é o patrimônio do falecido, o conjunto de seus direitos e deveres. Com a morte do titular, chamado por alguns de “de cujus” e por outros de autor da herança, esse conjunto se transfere, no momento exato do falecimento, aos herdeiros legítimos e testamentários do morto.

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Herdeiros legítimos: estão definidos no código civil, entre outros, os filhos. São os automaticamente habilitados à herança.

Herdeiros testamentários: São definidos em testamento pelo detentor dos bens e direitos a serem legados.

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;

Explicação: Competência: O inventário e a partilha de bens situados no Brasil são de competência da autoridade judiciária brasileira, não importando se o titular dos bens é estrangeiro ou brasileiro e se reside ou não no Brasil.

Lei mais favorável: Incumbe ao cônjuge brasileiro ou aos filhos brasileiros a escolha da lei mais favorável a reger a sucessão de bens de estrangeiro existentes no Brasil. Logo, poderá ser aplicada a lei brasileira ou a lei estrangeira, a critério dos sucessores.

Critério: o principal critério de escolha da lei mais favorável será a tributação incidente sobre a transmissão dos bens do patrimônio do falecido para o do sucessor brasileiro.

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Explicação: Consumidor: é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final.

Produto: é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Serviço: é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, de crédito e secundárias, salvo as decorrentes de caráter trabalhista.

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Explicação: todos: brasileiros e estrangeiros.

Órgãos públicos: federais, estaduais, distritais e municipais.

Interesse particular: É interesse individual, da própria pessoa, sobre si mesma ou outro, de seu exclusivo interesse.

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Interesse coletivo: designa interesse de um grupo determinado, como contribuintes, consumidores, aposentados.

Interesse geral: é interesse difuso, titularizado por todos; não individualizável.

Responsabilização: será civil, criminal e administrativa.

Restrições: alcança informações militares, sigilosas ou de interesse estratégico.

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

Explicação: É exercido por meio de requerimento. Pode ser utilizado por qualquer pessoa, brasileiro ou estrangeiro. É exercido para defender direitos (como o de construção ou de vigilância sanitária ou epidemiológica) ou contra ilegalidade ou abuso de poder de autoridade pública ou preposto. Pode ser usado para apresentar queixas, sugestões, pedidos, representações ou requerimentos ao Poder Público. Deve ser formal.

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Explicação: É estruturada para ser exercida perante repartições públicas compreendidas: delegacias de polícia, órgãos do Poder Judiciário, Mesas do Legislativo, secretarias do Ministério Público.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Explicação: Princípio: Amplo acesso à jurisdição. Inafastabilidade da jurisdição. Direito à Jurisdição.

Ameaça de lesão a direito: permite à pessoa a provocação do poder geral de cautela do judiciário (poder de proteção) para fazer parar a ameaça e para preservar a integridade do direito.

Lesão a direito: Permite o acesso à jurisdição para fazer parar a lesão e recompor o direito lesado.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Explicação: Direito adquirido: è aquele que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de seu titular pelo aperfeiçoamento de algum ato que o confere, e, do domínio dessa pessoa, não pode ser retirado.

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Ato perfeito: É aquele que reúne sujeito capaz (com capacidade civil plena, a partir dos 18 anos), objeto lícito (o que se está fazendo deverá ser plenamente permitido por lei e não expressamente proibido por ela) e forma prescrita ou não proibida em lei.

Coisa julgada: É a decisão judicial que não cabe mais recurso.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Explicação: Há duas definições: Juízo ou tribunal criado para julgar um fato depois de esse fato ter ocorrido. Juízo ou tribunal que não assegure, em dado processo, as garantias constitucionais das partes.

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

Explicação: Tribunal do Júri: Os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados, são julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento será feito por 7 pessoas comuns do povo, em geral não conhecedoras de direito. Esse tribunal é presidido por um juiz de carreira, chamado juiz-presidente, a quem incumbe transformar a decisão dos jurados em sentença, por vinte e um jurados, dos quais sete sorteados formarão o conselho de sentença. A escolha dos membros do Tribunal do Júri é feita por sorteio, dentre as pessoas que constem do alistamento eleitoral do Município.

a) a plenitude de defesa;

Explicação: Plenitude de defesa: É a garantia que o acusado tem de usar todos os meios legais de prova para se inocentar, desde que a prova lhe aproveite.

b) o sigilo das votações;

Explicação: Impõe que os jurados, ao decidirem sobre os quesitos terão de faze-los sozinhos, com base no que entenderam de tudo o que foi dito pela acusação, pela defesa e pelas testemunhas. Não poderão se comunicar com ninguém enquanto fazem isso, nem quebrar o sigilo de sua decisão.

c) a soberania dos veredictos;

Explicação: seu conteúdo impõe dizer que o Juiz-Presidente, ao fixar a sentença do acusado, deverá respeitar tudo o quanto decidido pelos jurados. Se por exemplo, o júri negar a tese da legítima defesa, o juiz não poderá reconhecê-la na sentença.

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Explicação: O tribunal do júri tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, que são o homicídio, tentado ou consumado.

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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Explicação: princípio da anterioridade da lei penal. Como o crime nada mais é do que uma conduta humana punível, nenhuma conduta humana será considerada crime se uma lei anterior ao fato (e não ao julgamento) que a preveja como crime. Essa lei anterior também precisa fixar a pena. Logo, antes da data em que o fato aconteceu, é preciso que haja uma lei estabelecendo que aquela conduta seja punível e como será punível, sem o que não se poderá falar em crime. Esse entendimento encontra exceção no inciso XL deste artigo 5°, quanto à retroatividade da lei penal mais benéfica. Formalmente, então, crime é a descrição de uma conduta acompanhada de sanção, pelo que o delinqüente não viola a lei penal, mas ao contrário, a realiza, incorrendo por isso na sanção a ela imposta. Ex: Art. 121 do Código Penal - Matar alguém: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Explicação: A lei penal que pode retroagir para beneficiar o réu pode ser a que define crimes, penas e elementos penais (como o Código penal), a que disciplina o processo (como o código de processo penal) ou a que rege a execução da pena (como a lei de execução penal). Como qualquer uma delas pode retroagir para beneficiá-lo.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Explicação: O objetivo do inciso é que a lei venha a estabelecer punições para toda e qualquer conduta com fundamento discriminatório, quer cometida por particular, quer pelo Estado. O dispositivo é na verdade, um reforço da garantia de igualdade perante a lei.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Explicação: O racismo é resultante de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Crime inafiançável: É crime que não admite fiança, e fiança é um pagamento, em dinheiro ou em equivalente monetário, que a pessoa faz ao Poder Judiciário para poder responder ao processo em liberdade provisória. A condição de inafiançável do crime de racismo, assim, impõe que, se quem o praticou estiver preso, preso vai ficar até o final do processo.

Crime imprescritível: É crime que não sofre prescrição, e prescrição é um prazo dentro do qual o Estado tem o poder para encontrar, processar, punir e executar a pena do criminoso. Crime imprescritível é pois, o crime em relação ao qual a justiça jamais perde o poder de punir o seu autor. Em outros termos,

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o decurso do tempo não opera qualquer efeito sobre a punibilidade do crime imprescritível.

Reclusão é pena privativa de liberdade.

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Explicação: Crime inafiançável: é crime que não admite fiança.

Graça: É medida de clemência ou indulgência (perdão) específica, e ocorre através de iniciativa do condenado, sendo concedida exclusivamente a esse. Considera as condições pessoais do preso, como bom comportamento. A concessão de graça é competência do Presidente da República (art. 84, XII, da CF).

Anistia: É um ato de clemência de iniciativa do Poder Público, por meio do qual os delitos cometidos pelo apenado são desconsiderados, e vem prevista em lei, a qual deverá determinar o arquivamento dos processos pendentes e a suspensão das execuções penais relativas aos delitos anistiados. A anistia, por isso, é vista como lei penal de efeito retroativo. A concessão da anistia é de competência do Poder Legislativo, antes, durante ou após o processo e a condenação.

Terrorismo: Conceito de difícil extração, já que é permeado (Fazer passar pelo meio) com elementos políticos e legais complexos. Numa aproximação poder-se-ia falar em atos de pessoas ou grupos, de fundo violento, contra pessoas ou bens, sob motivação política e religiosa.

Mandantes: pessoa ordenadora da conduta.

Executor: quem executa a conduta criminosa.

Omissão criminalmente relevante: Ocorre em relação à pessoa cuja conduta omissiva possibilitou o crime ou facilitou a sua realização.

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Explicação: A ação de grupos armados contra a ordem constitucional configura golpe de estado.

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(1ª Parte do inciso) (2ª Parte)

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,/ podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Explicação: Personalização da pena. Responsabilização pessoal.

A única pessoa que pode sofrer condenação criminal é o próprio criminoso, o agente do crime, não podendo a punição criminal ser estendida a terceiros.

A segunda parte do inciso fala dos efeitos civis (dinheiro) da sentença penal condenatória, que é a imposição de reparar o dano causado pelo criminoso, geralmente nos crimes contra o patrimônio, como o roubo, o furto ou a apropriação indébita. Condenado o criminoso por um desses crimes contra o patrimônio, e o criminoso falecendo após a condenação e antes de devolver à vítima o que dela tirou, essa vítima poderá buscar a reparação do dano contra o espólio (conjunto de bens e direitos do morto).

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

Explicação: Princípio: individualização da pena.

a) privação ou restrição da liberdade;

Explicação: a privação é a perda total da liberdade, pela reclusão ou pela detenção. A restrição de liberdade é uma diminuição da liberdade.

b) perda de bens;

Explicação: significa o Estado retirar os bens para reparar à vítima ou a si próprio (O Estado – dano ao patrimônio público, por exemplo). Também ocorre perda de bens com a tomada, pelo Poder Público, de objetos utilizados no crime, de bens que constituam ameaça pública e de bens pessoais que hajam sido adquiridos por enriquecimento ilícito, por atividade criminosa ou por improbidade administrativa.

c) multa;

Explicação: É a imposição de uma penalidade pecuniária (em dinheiro) de um valor a ser pago pelo preso em favor do Estado (o Estado irá destinar esse dinheiro para um fundo específico).

d) prestação social alternativa;

Explicação: É a condenação a fazer alguma coisa em benefício da sociedade, como forma de reparar todo ou parte de seu crime. Ex: pintar as paredes de uma escola.

e) suspensão ou interdição de direitos;

Explicação: É a suspensão temporária de fazer algo, como no caso do motorista que atropela e mata um pedestre, sendo que dirigia embriagado. São interdições de direitos e proibição de exercício de cargo, função ou atividade política e de mandato

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eletivo, a proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do serviço público, a suspensão da autorização para dirigir veículos e a proibição de freqüentar determinados lugares, como por exemplo, bares.

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

Explicação: A pena de morte consiste em extinguir a vida do condenado. É constitucional a aplicação dessa pena, porém, nos casos em que o Brasil esteja oficialmente em guerra com outro País, por ter sido agredido e tendo respondido a essa agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou por ele referendado (art. 5°, XLVII, combinado com o art. 84, XIX). São crimes puníveis com essa pena drástica a deserção, a espionagem e a traição.

b) de caráter perpétuo;

Explicação: Por toda a vida do condenado.

c) de trabalhos forçados;

Explicação: Sujeição do preso a um trabalho para cuja execução se exija excepcional esforço físico ou mental, um esforço fora do comum.

d) de banimento;

Explicação: Expulsão de brasileiro do Brasil, ou seja, condenar um brasileiro a viver fora do nosso País.

e) cruéis;

Explicação: Depende ainda de definição, muito embora a crueldade já exista no Código Penal, como agravante, e na Lei de Contravenções Penais, como delito. A lei deverá dizer quais são tais penas e se serão consideradas também sofrimentos mentais, além de físicos.

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

Explicação: É uma espécie de desdobramento do princípio da individualização da pena, pelo qual o preso deverá ter regime carcerário diferenciado em razão do sexo e idade e, também do tipo de crime cometido, para impedir por exemplo, a convivência de presos e presas, de jovens com criminosos experientes no mundo do crime e de autores de pequenos furtos com criminosos de alta periculosidade.

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Explicação: A submissão do preso ao cumprimento da pena que lhe tenha sido imposta somente autoriza a autoridade pública a zelar pela correta e integral aplicação dessa pena, não permitindo quaisquer outros atos atentatórios da dignidade da integridade física do detido.

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L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVlI - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

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LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

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LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á habeas-data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

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b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-corpus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

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§ 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

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