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ISSN: 1982-3916 ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 5, Volume 9 | jan-jun de 2011. DOS ESTUDOS CULTURAIS AO NOVO CONCEITO DE IDENTIDADE FROM THE CULTURAL STUDIES TO THE NEW CONCEPT OF IDENTITY Alfrancio Ferreira Dias 1 RESUMO: A metodologia de compreensão aplicada nos estudos culturais nos chama a atenção para os impactos das relações sociais que se articulam entre cultura e o contexto social contemporâneo. Pensamos aqui, a introdução dos estudos culturais para os estudos das identidades como um processo desmitificação de uma cultura central. Assim, nesse trabalho lançamos o desafio de analisar a contribuição dos estudos culturais desde sua gênese para compreender o processo de mutação do conceito de identidades tácitas para identidades culturais. Palavras-Chave: Estudos culturais; Identidade; Globalização. ABSTRACT: The methodology of comprehension applied in the cultural studies draws attention to the impacts of social relations that are articulated between culture and contemporary social context. We think here, the introduction of cultural studies to the studies of identities as a process of demystification of a central culture. Thus, this work launched the challenge of analyzing the contribution of cultural studies from its genesis to understand the process of changing the concept of rigid identities to cultural identities. Keywords: Cultural Studies; Identity; Globalization. 1 QUESTユES INICIAIS A metodologia de compreensão aplicada nos estudos culturais nos chama a atenção para os impactos das relações sociais que se articulam entre cultura e nosso contexto social contemporâneo. Pensamos aqui, a introdução dos estudos culturais para os estudos das identidades como um processo desmitificação de uma cultura central a partir do “enraizamento econômico-político da cultura por meio de uma leitura genealógica” 1 Doutorando em Sociologia (NPPCS/UFS); Professor do Departamento de Ciências Humanas e Letras (UESB); [email protected].

[Artigo] Alfrancio Ferreira Dias - Dos Estudos Culturais Ao Novo Conceito de Identidade

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Estudos feministas

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    DOS ESTUDOS CULTURAIS AO NOVO CONCEITO DE IDENTIDADEFROM THE CULTURAL STUDIES TO THE NEW CONCEPT OF IDENTITY

    Alfrancio Ferreira Dias1

    RESUMO: A metodologia de compreenso aplicada nos estudos culturais nos chama aateno para os impactos das relaes sociais que se articulam entre cultura e o contextosocial contemporneo. Pensamos aqui, a introduo dos estudos culturais para os estudosdas identidades como um processo desmitificao de uma cultura central. Assim, nessetrabalho lanamos o desafio de analisar a contribuio dos estudos culturais desde suagnese para compreender o processo de mutao do conceito de identidades tcitas paraidentidades culturais.

    Palavras-Chave: Estudos culturais; Identidade; Globalizao.

    ABSTRACT: The methodology of comprehension applied in the cultural studies drawsattention to the impacts of social relations that are articulated between culture andcontemporary social context. We think here, the introduction of cultural studies to thestudies of identities as a process of demystification of a central culture. Thus, this worklaunched the challenge of analyzing the contribution of cultural studies from its genesis tounderstand the process of changing the concept of rigid identities to cultural identities.

    Keywords: Cultural Studies; Identity; Globalization.

    1 QUESTES INICIAISA metodologia de compreenso aplicada nos estudos culturais nos chama a ateno

    para os impactos das relaes sociais que se articulam entre cultura e nosso contexto socialcontemporneo. Pensamos aqui, a introduo dos estudos culturais para os estudos dasidentidades como um processo desmitificao de uma cultura central a partir doenraizamento econmico-poltico da cultura por meio de uma leitura genealgica

    1 Doutorando em Sociologia (NPPCS/UFS); Professor do Departamento de Cincias Humanas e Letras (UESB);[email protected].

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    (MATTELART e NEVEU, 2004, p. 10), na medida em que essa perspectiva pode nos liberar deantigas concepes centralizadoras da cultura, bem como da ideia de hegemonia cultural,visto que os debates tericos atuais mostram que a centralidade da cultura se transforma nocotidianamente. Segundo Hall (2003, p. 43):

    A cultura uma produo. Tem sua matria-prima, seus recursos, seutrabalho produtivo. Depende de um conhecimento da tradio enquantoo mesmo em mutao e de um conjunto efetivo de genealogias. Mas oque esse desvio atravs de seus passados faz nos capacitar, atravs dacultura, a nos produzir a ns mesmos de novo, como novos tipos desujeitos. Portanto, no uma questo do que as tradies fazem de ns,mas daquilo que ns fazemos das nossas tradies. Paradoxalmente, nossasidentidades culturais, em qualquer forma acabada, esto nossa frente.Estamos sempre em processo de formao cultural. A cultura no umaquesto de ontologia, de ser, mas de se tornar.

    A ideia de Hall de passagem do ser para o tornar-se magnifica paracompreender que os estudos das identidades. A cultura um conjunto designificados/significantes que atravs das tradies desvia-se para uma nova forma desituar-se, produzir-se, no sentido mais amplo, num processo de metamorfose em que novosconceitos, compreenses e caminhos nos permitem o surgimento de novos sujeitos. Esseprocesso de metamorfose nos permite refletir sobre o caminho que percorremos perantenossas tradies e, se esse caminho esta sendo codificado a partir das intervenes docotidiano, pois o fazer pressupem reconstruir-se a partir de debates advindos dacontestao da tradio e a nova forma de pensar contemporaneamente a cultura.

    Nos dias atuais mais que nunca, o advento da globalizao tem trazido tona para odebate acadmico uma srie de indagaes sobre a cultura. Obviamente, esto sendotestados em efervescncia os modelos culturais tradicionais e, o processo de mutao dasidentidades, no sentido que vivenciamos efetivamente um processo de formao etransformao cultural sem mais limites de tempo e espao como bem disse Hall:

    As identidades, concebidas como estabelecidas e estveis, estonaufragando nos rochedos de uma diferenciao que prolifera. Por todo o

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    globo, os processos das chamadas migraes livres e foradas estomudando de composio, diversificando as culturas e pluralizando asidentidades culturais doa antigos Estados-nao dominantes das antigaspotncias imperiais e, de fato do prprio globo. Os fluxos no regulados depovos e culturas so to amplos e to irrefreveis quanto os fluxospatrocinados do capital e da tecnologia (HALL, 2003, p. 44).

    A estabilidade da identidade cultural passou a ser testada a partir do processomigratrio de culturas, possibilitada principalmente para diminuio da relaotempo/espao como to bem aborda o Antony Giddens em A Constituio da Sociedade.Nesse sentido, o processo migratrio encaixa de forma precisa para mostrar formas declassificao e como as identidades se constroem nesse processo. o que props apesquisadora Kathryn Woodward quando fez uma introduo conceitual sobre a relaoentre identidade e diferena, deu nfase ao aspecto da migrao para entender a formaoda identidade cultural, pois segundo ela, a migrao produz identidades plurais, mastambm identidades contestadas, em um processo que caracterizado por grandesdesigualdades (WOODWARD, 2007, p. 21). As tendncias das culturas se aproximaremdiminuindo a disparidade entre tempo e espao, se inicia a partir da flexibilizao dasrelaes sociais, bem como de uma modernizao das instituies trabalha por Giddens(2002).

    Essa relao prope um processo irreversvel de fluidez das culturas que vemdesenvolvendo o estreitamento das naes, pondo em evidncia o vinculo o homem com associedades, testando-os como seres que se localizam em meio a um campo social e culturalindefinido. Nesse sentido, Hall (2006) nos alerta sobre o papel da tecnologia para o cercoperante as identidades tcitas, nos mostrando como o impacto da globalizao estmutando as identidades culturais nacionais, raa, gnero, etnia, na medida em que osavanos da globalizao vm fragmentando as regulaes culturais das identidades a pontodo surgimento de uma crise de identidade.

    O processo de preocupao com as influncias e interferncias da globalizao nanoo de cultura uma das inquietaes mais relevantes nos debates das Cincias Humanasnas ltimas dcadas. As reflexes perpassam pela necessidade de repensar a cultura em

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    meio ao processo de globalizao, caminhando para entender a cultura como uma produode massa, fruto das intervenes que Mattelart (2004) chamou de indstrias culturais.

    Com o advento da modernidade, acompanhamos a massificao das culturasintroduzidas pela indstria cultural, num fluxo acelerado de informaes que num processonatural modifica as identidades, na medida em que novas formas de pensar e de existnciaso atributos indispensveis para o convvel no mundo social. Antony Giddens j naapresentao da obra Modernidade e Identidade nos alertava para essa realidade, poissegundo ele a modernidade altera radicalmente a natureza da vida social cotidiana e afetaos aspectos mais pessoais de nossa existncia (GIDDENS, 2002, p. 09). essa forma dealterao rpida e incontrolvel do meio social cotidiano que concretiza a ideia de quequando se altera os aspectos individuais, tambm se fragmenta as identidades antesestveis. Nesse sentido, quando Giddens verifica as questes da globalizao numa esferaglobal nos mostra o caminho para entender as influncias e interferncias que amodernidade intensifica. Segundo ele,

    A modernidade deve ser entendida num nvel institucional; mas astransformaes introduzidas pelas instituies modernas se entrelaam demaneira direta com a vida individual e, portanto, com o eu. Uma dascaractersticas distintivas da modernidade, de fato, a crescenteinterconexo entre os dois extremos da extenso e da intencionalidade:influncias globalizantes de um lado e disposies pessoais do outro(GIDDENS, 2002, p. 09).

    A dualidade uma presena marcante no entendimento da globalizao, no sentidode que a relao instituies/identidade pessoal, vida individual/coletiva, influnciasglobalizantes/disposies pessoais se mesclam numa relao direta de aproximao doscondicionantes: micro e macro, individual e coletivo, local e global como apontava Giddens.Nesse sentido, faz-se necessrio, refletir sobre a influncia da globalizao nas identidadesculturais, no sentido de que a globalizao tambm um processo de complexidades e comvrias contradies, na medida em que a cultura pode ser vista como uma mediao polticaque segue na uma anlise da cultura como prtica social de poder. Entretanto, a influncia

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    do processo de globalizao prope um conjunto de estruturas da identidade individual que influenciada pela modernidade atravs das instituies, mas que tambm construdacom a internalizao, no sentido mais amplo de reconhecer o eu. A relao do eu semodifica a partir da ideia de que o eu no uma entidade passiva, determinada porinfluncias externas; ao forjar suas auto-identidades, independente de quo locais sejam oscontextos especficos da ao, os indivduos contribuem para (e promovem diretamente) asinfluncias sociais que so globais em suas consequncias e implicaes (GIDDENS, 2002, p.09).

    Se acompanharmos esse espao social de identidades pessoais no mais passivas nasociedade moderna e, a partir disso, tentar traar um objeto de anlise na qual tente ver asidentidades como um campo marcado pelas diferenas. Qual o significado da fluidez dasidentidades? Como testar as ditas antigas identidades para compreender o sentido dasnovas? As identidades so frutos de modificaes resultantes de interaes sociais? Assim,nesse trabalho lanamos o desafio de analisar a contribuio dos estudos culturais desde suagnese para compreender o processo de mutao do conceito de identidades tcitas paraidentidades culturais.

    GNESE DOS ESTUDOS CULTURAISOs estudos culturais surgem a partir do repensar a cultura, do processo de

    redescobrir as culturas nacionais e formas novas de articulao dessas culturas. Embora, jse tinha voltado o olhar para as questes culturais em vrios momentos da histria, seu eixocentral fundava-se inicialmente no entendimento dos processos de organizao ereorganizaes das sociedades, as tenses nacionais, vindouras de uma nova visointelectual a partir da segunda guerra mundial.

    Podemos qualificar, portanto, a emergncia dos Cultural Studies como a deum paradigma, de um questionamento terico coerente. Trata-se deconsiderar a cultura em sentido mais amplo, antropolgico, de passar deuma reflexo centrada sobre o vnculo cultura-nao para uma abordagemda cultura dos grupos sociais. Mesmo que ela permanea fixada sobre umadimenso poltica, a questo central compreender em que a cultura de

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    um grupo, e inicialmente a das classes populares, funciona comocontestao da ordem social ou, contrariamente, como modo de adeso srelaes de poder (MATTELART, 2004, p. 13-14).

    A amplitude de se imaginar a cultura num sentido plural em que a abordagem dacultura como identidade das naes se fragmente para subdivises culturais de pequenosgrupos dentro de um determinado espao. Um espao, embora poltico, com contestaessociais, a partir da no aceitao de grupos marginalizados em aderir s relaes de poderestabelecidas por uma padronizao da cultura-nao. certo que dessas contestaes degrupos marginalizados, ainda pode-se acrescentar para o debate, a disseminao decomponentes culturais ligadas ao gnero, etinicidade, ao conjunto das prticas deconsumo (MATTELART, 2004, p. 15), que de forma generalizada est ganhando umaabrangncia global. Questes de cunho identitrias como etinicidade e gnero, ligadas snecessidades de consumo trazem consigo a necessidade de um processo interligado derupturas, na medida em que nesses contextos existem tambm como apontava Hall (2003,p. 57) uma proliferao subalterna da diferena. Para ele, o surgimento da questomulticultural produziu uma radicalizao diferenciada de reas centrais da vida ecultura.

    Parece-nos que a questo central para o surgimento dos estudos culturais seriauma forma de pensar a cultura de forma diferente, visto que no decorrer de algumasdcadas percebe-se um movimento de pesquisar sobre as principais caractersticas emobilizaes a cerca da introduo na academia atravs das mais variadas pesquisas compertinentes contribuies tericas, bem como os impactos que essas pesquisas estocausando numa perspectiva mais unificada ou global.

    Duas questes muito interessantes sobre a introduo dos estudos culturais soabrotadas por Armand Mattelart. A primeira visa reconstruir trabalhos e debates. Porreflexo, trata-se de pr fim a um provincianismo francs que leva a fechar o cenho ao meroenunciado do misterioso termo, Cultural Studies (MATTELART, 2004, p. 16). E a segundaseria compreender as metamorfoses da noo de cultura na ltima metade do sculo XX

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    (MATTERLART, 2004, p. 17). Nessa perspectiva, a primeira ideia de Matterlart que emboraos textos franceses sobre cultura necessariamente tenham que serem debatidos de formacriteriosa, no se pode ignorar sua importncia, haja vista suas contribuies para osdebates cientficos na contemporaneidade no que se refere cultura. Na sua segunda ideia,Matterlart nos mostra que vlido compreender as transformaes na sociedade,questionando o funcionamento dos modos das culturas no processo de globalizao comominimizao de esteretipos das massas. muito interessante os dois aspectos deMatterlart para entender o progresso do debate sobre o termo Estudos Culturais,primeiramente a partir dos franceses que depositaram uma ateno minuciosa ao advento,embora nos mostre a necessidade de se analisar as novas contribuies cientficas sobrecultura.

    Sobre o olhar nos debates sobre os estudos culturais, Stuart Hall j nos alertavapara a forma multidisciplinar do entendimento de seu surgimento, no sentido de que para oautor a busca de origens tentadora, mas ilusria. Em matria intelectual princpiosabsolutos so extremamente raros (2006, p. 15, nossa traduo) o que disso desenvolvemalgumas continuidades e rupturas, novas formas de refletir sobre os efeitos externos einternos das intervenes, que segundo o autor, na maioria das vezes, aponta o trabalhopara uma reorganizao de um conjunto de problemas ou campo de investigao.

    No entender de Hall, os problemas tericos ou o campo investigativo dos estudosculturais um espao multidisciplinar, que aponta para uma ambiguidade, de um lado suafase inicial que no absoluta, por outro, sua continuidade que no inalterada. Assim,no basta o interminvel desdobramento da tradio, to raro histria das ideias, nemtampouco o absolutismo da ruptura epistemolgica, (...) Ao invs disso, o que se percebe um desenvolvimento desordenado, porm irregular (HALL, 2003, p. 123). Parece-nos que osestudos culturais surgem da contingncia tradio/modernidade, ou seja, a partir dosdesdobramentos dos aspectos tradicionais, que testados tornaram-se no mais rgidos, bemcomo dos problemas que se pode verificar nos aspectos de sua continuidade. Nesse sentido,

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    O que importa so as rupturas significativas em que velhas correntes depensamento so rompidas, velhas constelaes deslocadas, e elementosnovos e velhos so reagrupados ao redor de uma nova gama de premissas etemas. Mudanas em uma problemtica transformam significativamente anatureza das questes propostas, as formas como so propostas e amaneira como podem ser adequadamente respondidas. Tais mudanas deperspectiva refletem no s os resultados do prprio trabalho intelectual,mas tambm a maneira como os desenvolvimentos e as verdadeirastransformaes histricas so apropriados no pensamento e fornecem aoPensamento, no sua garantia de correo, mas suas orientaesfundamentais, suas condies de existncia. por causa dessa articulaocomplexa entre pensamento e realidade histrica, refletida nas categoriassociais do pensamento e na contnua dialtica entre poder econhecimento, que tais rupturas so dignas de registro (HALL, 2003, p.123).

    O trabalho intelectual de Stuart Hall para analise da origem e continuidade, riscos econtingncias dos estudos culturais impressionante, na medida em que deixa de lado essedebate essencialista para um olhar mais amplo, mais global de se entender os novosacontecimentos, as novas demandas e problemas sociais. Ao preocupa-se com as rupturassignificativas, Hall destaca a importncia de mostrar os benefcios desse processo derompimento pensamentos tericos modificados, antigas perspectivas deslocadas, relaesmais ntima de reagrupamento de elementos antigos e atuais para as novas dimensessociais ao invs de retermos demasiadamente a relao novo/velho. A metamorfose doprocesso de mudana prope transformaes significantes nas mias variadas no eixo centraldas problemticas, refletindo diretamente nas formulaes das questes, na modificao deaplicaes das questes e, em especial, nas novas formas de resolues dos problemas.

    As mudanas ou rupturas significativas que Hall destaca intensifica a verificao nosnovos contornos do trabalho intelectual, novas maneiras pensarem as transformaesperceptveis na histria e as novas formas de pensamento para a existncia. Nesse sentido,ao invs de d nfase a articulao entre origem e continuidade, Hall mostra que aarticulao entre pensamento e realidade, poder e conhecimento so em suas palavrasdignas de registo.

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    Para Hall (2003), os estudos culturais iniciam-se seus primeiros passos nos anosseguintes de 1950, como uma problemtica distinta, mas no inovadora para seu tempo, namedida em que outros estudos j apontavam para as discusses sobre cultura. possveldestacar nesse perodo os dois livros que ajudaram a marcar o novo terreno As utilizaesda cultura, de Hoggart, e Cultura e sociedade 1780-1950, de Williams so ambos, demaneiras distintas, trabalhos (em parte) de recuperao (HALL, 2003, p. 124).

    Sobre as duas obras, Hall nos afirma que:

    O livro de Hoggat teve como referncia o debate cultural h muitosustentado nas discusses acerca da sociedade de massa, bem como natradio do trabalho intelectual identificado com Leavis e a revista Scrutiny.Cultura e sociedade reconstruiu uma longa tradio definida por Williamscomo aquela que, em resumo, consiste do registro de um nmero deimportantes e contnuas reaes a ... mudanas em nossa vida, econmicae poltica e que oferece um tipo especial de mapa pelo qual a naturezadas mudanas pode ser explorada (2003, p. 124).

    Embora em pocas diferentes, pode-se perceber que os autores iniciam uma analiseda cultura como espao social. Ao imaginar as utilizaes da cultura dentro de umasociedade de massa, Hoggat constitua um espao de discusses sobre a massificao dasidentidades dentro de um meio social, ou seja, um espao de crtica que visava repensarvalores, sentidos e significados, a padronizao de valores. Em Cultura e sociedade, Williamstem como ideia a unificao de sociedade e cultura, na medida em que era preciso analisaras significativas reaes no processo de mudanas sociais, econmicas e polticas, bem comouma forma de analisar mais profundamente a metamorfose dessas mudanas.

    As leituras de sociedade apresentadas por Hoggart, Williams e Thompson iniciam,de certa forma, o debate sobre cultura, ou seja, um espao hbrido de formao de noesculturais para responder as questes postas pela sociedade. Como eram ideias emformao, Hall nos afirma que os autores,

    Quer fossem histricos ou contemporneos em seu foco, eles prpriosconstruram respostas s presses imediatas do tempo e da sociedade emque foram escritos, ou eram focalizados ou organizados por tais respostas.

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    Eles no apenas levaram a cultura a srio, como uma dimenso sem aqual as transformaes histricas, passadas e presentes, simplesmente nopoderiam ser pensadas de maneira adequada (...) eles foraram seusleitores a atentar para a tese de que, concentradas na palavra cultura,existem questes diretamente propostas pelas grandes mudanashistricas que as modificaes na indstria, na democracia e nas classessociais representam de maneira prpria e s quais a arte respondetambm, de forma semelhante (HALL, 2003, p. 125).

    Na maneira nova de responder as questes colocadas perante a sociedade e,tambm aos seus tempos surgiu um processo de influncias, na medida em que se apontapara a direo de que dentro do debate cultural acumulam-se tambm uma gama dequestes sociais. A mutao da sociedade a partir da relao com o tempo pressuperespostas rpidas para o advento das modificaes dos variados segmentos da sociedade,em especial, as das classes sociais. Nesse sentido, todo esse discurso que foi ao longo dotempo iniciado, implicou num movimento de efervescentes rupturas com as concepestradicionais.

    Para Hall (2006), os autores Hoggart, Williams e Thompson influenciaram o estudosobre a cultura longe de suas concepes tradicionais, espalhando-se por traz de um censode cio do perodo, no qual se sustentava as distines existentes entre o texto e o contexto,para mover os argumentos dentro de um campo mais geral de processos poltico-histricose de prticas sociais. Embora esse processo de influncia dessas rupturas no foi um espaode localizar-se e de situar-se precisamente dentro de um campo disciplinar, ou autorescaminharam para a quebra das estruturas disciplinares existentes de cada poca, quesegundo Hall (2006, p. 20) eles foram para um momento definidos como sociolgicos emum censo perdido, sem ser claro, sociologia prpria.

    Parte-se da premissa que a partir da ideia de ver a cultura, bem como a forma deestud-la longe de conceptualizaes tradicionais era necessria um espao novo deinvestigao, pois todos os estudiosos que adentravam mais fortemente na imagem decultura de prticas sociais no possuam um campo de investigao estruturado. A quebrado disciplinamento conceptual possibilitou um campo disciplinar fragmentado, muito

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    embora, esses pesquisadores no processo de gnese intelectual estivessem prximos, ou atmesmo, includos ao que comumente chamamos hoje de socilogos.

    Com o espao de investigao diferenciado a partir da analise do termo culturano mais numa perspectiva tradicional, mas sim, com uma ideia de que a sociedadeperpassava por modificaes amplas nos aspectos econmico-histrico-culturais, tambm,necessariamente necessitavam de respostas urgentes ou ao seu tempo. Fez surgir desseespao de debate o movimento de ruptura com a sociologia, tendo em vista que a sociologiano estimulava essa perspectiva analtica, salvos alguns casos.

    Hall (2006) contribui com essa ideia, no sentido de que alguns elementos dentro dasociologia propriamente dita foram, tambm, questes de preocupaes nesse mesmoperodo com algumas tematicas que semelhavam. Nesse sentido, o autor mostra o dotrabalho do Instituto de Estudos de Comunidade com exemplo, como tambm uma maiorpreocupao com a idia de comunidade que poderiam ser considerados como uma espciede comparao, no mbito da sociologia, da preocupao emergente com culturas emoutros lugares.

    A construo do movimento de ruptura com a sociologia deu-se ao percebergrandes espaos de discusses sociolgicas no centralizava a ateno para essas questesculturais, como por exemplo, a sociologia britnica no estava predisposta a fazerperguntas dessa ordem. Esse foi o perodo (1950) de sua massiva dependncia das teorias emodelos americanos. Mas a sociologia americana em sua metodologia estruturalfuncionalista foi teoricamente, incapaz de tratar com essas questes (HALL, 2006, p. 20).

    Outro aspecto importante que merece destaque nesse debate que a partir daruptura com a sociologia, uma nova dimenso de cultura surgiu, na medida em que a partirdesse ponto, os estudos culturais no mais uma colnia dependente intelectual. Ele temuma direo, um objeto de estudo, um conjunto de temas e questes, uma problemticadistinta (HALL, 2006, p. 26). Parecenos ento, que o processo de metamorfose doentendimento do termo cultura necessariamente, se afastou das pr-definies decultura, para apontar para a anlise das novas questes e reformulaes. O estudo dacultura se expandiu num fluxo distante de significados dos valores tradicionais.

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    O impacto do Movimento Feminista com as questes de gnero e as questes deraa embora no sejam objetos centrais dessa discusso d uma grande contribuio paraa estabilidade dos estudos culturais, visto que foi possvel observar que as cincias humanas,no h muito tempo, vm sofrendo uma ampliao na maneira de problematizar ascategorias de anlise, as maneiras de abordar e revolver as questes sociais, com as quais omovimento feminista tem contribudo de forma relevante, desde primeiro momento em quese instaurou como campo intelectual. Os estudos feministas buscam, inicialmente, avisibilidade das prticas sociais e polticas das mulheres, na tentativa de reescrever um novoprocesso social para superar os fatos da histria.

    O estudo de identidade e representaes de gnero tm consolidado uma novavertente terica inovadora, tendo em vista que o gnero um modo contemporneo deorganizar normas passadas e futuras, um modo de nos situarmos e, por meio dessas normas,um estilo ativo de viver nosso corpo no mundo (CASTELES, 1999, p. 273) e, tambm, porseu carter pedaggico que desnaturaliza o padro e aponta a construo do masculino edo feminino como um processo cultural (CARDOSO E GOMES, 2007, p. 08).

    A ideia do gnero empregada nos estudos culturais conduz as questes de gneropara a dualidade masculino e feminino. Nesse sentido, a valorizao do gnero tributriado trabalho emprico que manifesta as diferenas de consumo e de apreciao entrehomens e mulheres em matria de televiso ou de bens culturais (MATTELART, 2004, p.69). A hierarquia assim colocada como uma forma organizadora dos modelosclassificatrios, como um modo de organizar o mundo, baseado no princpio do valor, queconfere significado s diferenas de valores de gneros distintos. Ento, desponta,geralmente, um discurso gerador de justificativas biolgicas sobre a fragilidade feminina,necessrias poltica sexual de separao das esferas pblica e privada.

    Como no notar o quanto os personagens e comportamentos analisadospela literatura sobre as subculturas so quase sempre masculinos, comono se interrogar sobre uma forma de conivncia macho em certasdescries da cultura operria? Wills e seu modo de falar de boyzinhos

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    so hoje atacados na literatura feminista sobre a escola (MATTELART, 2004,p. 69).

    A importncia das pesquisas de gnero tem fortalecido a construo de novas basestericas para anlise da sociedade. Dessa forma, a diversidade dessas teorias dialoga comuma sociedade em transformao que no pode estar arraigada somente aos conceitosuniversais de cultura. A preocupao de gnero passa a ser investigar novas construessociais, inseridas em contextos culturais.

    Os estudos de gnero sua condio intelectual, j que o gnero esta testando oque se aproxima e o que se distancia do discurso legitimado por uma identidade. Nessesentido, as representaes de identidade de gnero so usadas como aglutinadoras daidentidade artsticas e de posies sociais. Assim, estuda-se a representao da mulher, porexemplo, a partir de uma relao social, afastando-se das concepes tradicionais quepregam o fixo e hegemnico para a identidade de gnero, pois como uma relao socialprtica, o gnero pode ser entendido somente atravs de um exame detalhado demasculino e feminino e das consequncias de ser atribudo ao um outro gnero dentro deprticas concretas (FLAX, 1991, p. 230).

    As discusses sobre a temtica das relaes de gnero visam a desenvolver umprocesso de crtica e reformulao nas abordagens tericas, como tambm, a produo doconhecimento atravs das prticas investigativas. O caminho do pensamento feministaperpassa pela visibilidade das prticas sociais e polticas das mulheres, na tentativa dereescrever um novo processo histrico que pudesse superar os fatos da histria, onde asmulheres, de forma global, ocupavam a posio de subalternas no exerccio do poder. Epode-se dizer que o sistema capitalista possibilitou esse processo de reconfigurao dasquestes concernentes ao gnero, j que as relaes sociais, de modo geral, j vinhamsofrendo transformaes. A posio que a mulher passa a ocupar na sociedade, a partir da obviamente, de modo paulatino, tem em vista aes como: expanso, competio,explorao, acumulao e, sobretudo, igualdade entre os gneros.

    A partir desses aspectos, pode-se perceber o quanto o movimento feminista com aperspectiva de analise sobre a varivel gnero contribuiu para o desenvolvimento da

  • 164 DOS ESTUDOS CULTURAIS AO NOVO CONCEITO DE IDENTIDADEFROM THE CULTURAL STUDIES TO THE NEW CONCEPT OF IDENTITY

    ISSN: 1982-3916ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 5, Volume 9 | jan-jun de 2011.

    perspectiva dos estudos culturais. Segundo Hall (2006, p. 39), o feminismo tem, portanto,alterado radicalmente o terreno dos estudos culturais. Tambm trouxe novas reasconcretas de investigao, novos sites de investigao para dentro da agenda dos estudosculturais, bem como reformulando-as j existentes.

    O CONCEITO DE IDENTIDADEAs rupturas com os modelos tradicionais de entender a sociedade contriburam

    para reformulaes das abordagens tericas para a anlise das prticas sociais (novasdemandas e questes sociais, a incluso a varivel gnero e raa, o movimento de migrao)foram aspectos relevantes para o surgimento de estudos sobre a cultura de formadiferenciada. Essa construo de um espao separado da sociologia propriamente dita fezemergir alguns espaos de estudos sobre a cultura, como podemos exemplificar com oCentro para Estudos Culturais Contemporneos na Universidade de Birmingham que iniciouo estudo da cultura a partir de uma forma nova de pensar a cultura com a participao ativado Stuart Hall que pode ser representado pela figura a seguir:

    Fonte: Woodward (2007, p. 69)Na apresentao da obra Da Dispora: identidades e mediaes culturais, Liv Sovik

    nos afirma que o pensamento de Stuart Hall passa por convices democrticas e pelaaguada observao da cena cultural contempornea. A maioria de sues textos responde auma conjuntura especfica, incluindo a um momento da discusso terica sobre a cultura

    Identidade

    Representao Produo

    ConsumoRegulao

  • ALFRANCIO FERREIRA DIAS 165

    ISSN: 1982-3916ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 5, Volume 9 | jan-jun de 2011.

    (SOVIK, 2003, p. 11). Os estudos de Hall viso o deslocamento das estruturas e os processoscentrais da sociedade e a estabilidade das identidades no mundo social.

    Hall (1997, p. 10) aponta-nos trs concepes diferenciadas de identidades muitorelevantes que reflete o processo intelectual de mudana do conceito de identidade fixaspara uma identidade mais plural:

    A identidade do sujeito do Iluminismo baseava-se numa concepo dapessoa humana como um indivduo totalmente contrato, unificado,dotado das capacidades de razo, de conscincia e de ao, cujocentro consistia num ncleo interior;

    A identidade de sujeito sociolgico refletia a crescente complexidade domundo moderno e a conscincia de que este ncleo interior do sujeitono era autnomo e auto-suficiente;

    A identidade do sujeito ps-moderno conceptualizado como notendo uma identidade fixa, essencial ou permanente.

    As reflexes de Stuart Hall (1993) sobre as identidades e perfis de personagenscentrais da anlise da cultura se sustentam na ideia de que as identidades esto sempre emprocesso de formao, de modo que no se pode falar em identidades fixas, inalteradas.Afirma ainda que, embora a noo de identidade esteja relacionada a pessoas que separecem, sentem a mesma coisa ou chamam a si mesmas pelo nome, estes soreferenciais insuficientes, que no satisfazem aos pressupostos necessrios compreensoadequada do fenmeno da identidade. Como um processo, assim como uma narrativa oubem como um discurso, a identidade sempre vista da perspectiva do outro (HALL, 1993,p. 45). Esta uma formulao fundamental, porque nos leva considerao de que asidentidades s podem ser vislumbradas no que tm a dizer sobre si e sobre o seu outro, narelao com o outro.

    evidente que nenhuma prtica social concreta no a pura expresso oumanifestao de uma relao social nica. Nessa linha de reflexo, o conhecimento dacultura, aparentemente banal, pode-se constituir em um ponto de referncia, hoje urgente,para que se possa refletir, no campo das cincias humanas, sobre o carter histrico ecultural desses processos, com o fim de gerar procedimentos democrticos. Para Hall (1997),

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    a cultura tem a ver com os significados partilhados, num conjunto de prticas; a linguagem o meio privilegiado com que se d sentido a tudo isso. Sustenta que o dilogo possibilita aconstruo de uma cultura de entendimentos partilhados, por conseguinte, a interpretaodo mundo.

    Neste sentido, interessante acompanhar a reflexo de Hall (1997) acerca daconstruo de representaes sociais, de como se materializam no mundo das ideias, pois,para o autor, h uma associao direta entre representao, cultura e linguagem.

    REFERNCIASCARDOSO, Ana Leal. GOMES, Carlos Magno (Org.). Do imaginrio s representaes naliteratura. So Cristvo: Editora UFS, 2007.FLAX, Jane. Ps-modernismo e relaes de Gnero na teoria feminina. In: HOLANDA, HelosaBuarque de. Tendncias e Impasses o feminino como crtica da cultura. Rio de Janeiro:Rocco, 1994.GIDDENS, Antony.Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Zaltar, 2002.GIDDENS, Antony. A Constituio da Sociedade. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes, 2009.HALL, Stuart. Da Dispora: identidades e mediaes culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.HALL, Stuart. Old and new identities, old and new ethnicities. In: KING, Anthony D. (Ed.).Culture globalization and the world-system. Londres, LacMilan, Nova York: State Universityof New York, 1993.HALL, Stuart. Identidades culturais na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DP&, 1997.MATTELART, Armand. Introduo aos Estudos Culturais. So Paulo: Parbola Editorial, 2004.WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferena: uma introduo terica e conceitual. In:SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e Diferena: a perspectiva dos estudos culturais. 7 ed.Petrpolis: Vozes, 2007.SOVIK, Liv. Apresentao: para ler Stuart Hall. In: HALL, Stuart. Da Dispora: identidades emediaes culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

    Recebido: 15/09/2011Aceito: 01/10/2011