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XIII SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 06 a 08 de novembro de 2006 Avaliação Ergonômica das Vibrações na Atividade do Operador de Empilhadeiras em uma Indústria Fumageira André Luiz Moraes (UNISC) [email protected] Cristiano Machado da Silva (UNISC) [email protected] Jorge André Ribas Moraes (UNISC) [email protected] Elpídio Oscar Benitez Nara (UNISC) [email protected] Hélio Honnenmacher (UNISC) [email protected] Resumo: Este artigo apresenta um estudo sobre vibrações. Desenvolve a análise sob o ponto de vista da ergonomia na atividade laboral diária da função de operador de empilhadeiras em uma empresa do ramo fumageiro. Identifica e analisa os efeitos danosos à saúde dos trabalhadores expostos e propõe alternativas que eliminem ou atenuem os riscos desta exposição. Palavras chave: Vibrações, Ergonomia, Operador de Empilhadeira 1. Introdução Presentes em boa parte dos locais de trabalho, os veículos industriais são de grande utilidade no desenvolvimento de muitas atividades. No entanto, podem apresentar riscos, especialmente quando usados em condições inadequadas e/ou de forma incorreta. Na região pólo de Santa Cruz do Sul a indústria fumageira pode ser considerada uma das atividades de maior contratação de mão-de-obra especializada na operação de empilhadeiras. Assim, este artigo analisa o caso de uma das maiores indústrias de beneficiamento de fumo do mundo, situada em Venâncio Aires e com operações nas Américas, Europa, Ásia e África. Dessa forma, apresenta-se um estudo sobre a atividade de operador de empilhadeira, identificando os efeitos e origens das vibrações sob o ponto de vista da ergonomia, assim como propondo alternativas que possam eliminar ou reduzir a exposição. 2. Revisão Teórica O fenômeno da vibração e do isolamento de máquinas tem preocupado os engenheiros quanto ao desenvolvimento alternativas ergonômicas para as condições de trabalho do ser humano. Segundo Couto (1995), a ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar condições de trabalho às características do ser humano. Entre as profissões que são exercidas na posição sentada, a dos motoristas ou operadores é uma das que mais ocasionam desconforto corporal. Nesta profissão, em função da realização da tarefa que exige constantes inclinações, rotações e exposição a vibrações, determinados grupos musculares ficam contraídos por muito tempo e também há a repetição de vários movimentos em membros superiores e inferiores para comandar o veículo. Conforme Iida (1990), a vibração é qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum padrão determinado. Ele cita que a vibração é definida por três

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Avaliação Ergonômica das Vibrações na Atividade do Operador deEmpilhadeiras em uma Indústria Fumageira

André Luiz Moraes (UNISC) [email protected] Machado da Silva (UNISC) [email protected]

Jorge André Ribas Moraes (UNISC) [email protected]ídio Oscar Benitez Nara (UNISC) [email protected]

Hélio Honnenmacher (UNISC) [email protected]

Resumo: Este artigo apresenta um estudo sobre vibrações. Desenvolve a análise sob o pontode vista da ergonomia na atividade laboral diária da função de operador de empilhadeiras emuma empresa do ramo fumageiro. Identifica e analisa os efeitos danosos à saúde dostrabalhadores expostos e propõe alternativas que eliminem ou atenuem os riscos destaexposição.Palavras chave: Vibrações, Ergonomia, Operador de Empilhadeira

1. IntroduçãoPresentes em boa parte dos locais de trabalho, os veículos industriais são de grande

utilidade no desenvolvimento de muitas atividades. No entanto, podem apresentar riscos,especialmente quando usados em condições inadequadas e/ou de forma incorreta.

Na região pólo de Santa Cruz do Sul a indústria fumageira pode ser considerada umadas atividades de maior contratação de mão-de-obra especializada na operação deempilhadeiras. Assim, este artigo analisa o caso de uma das maiores indústrias debeneficiamento de fumo do mundo, situada em Venâncio Aires e com operações nasAméricas, Europa, Ásia e África. Dessa forma, apresenta-se um estudo sobre a atividade deoperador de empilhadeira, identificando os efeitos e origens das vibrações sob o ponto de vistada ergonomia, assim como propondo alternativas que possam eliminar ou reduzir a exposição.

2. Revisão TeóricaO fenômeno da vibração e do isolamento de máquinas tem preocupado os

engenheiros quanto ao desenvolvimento alternativas ergonômicas para as condições detrabalho do ser humano. Segundo Couto (1995), a ergonomia é um conjunto de ciências etecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seutrabalho, basicamente procurando adaptar condições de trabalho às características do serhumano.

Entre as profissões que são exercidas na posição sentada, a dos motoristas ouoperadores é uma das que mais ocasionam desconforto corporal. Nesta profissão, em funçãoda realização da tarefa que exige constantes inclinações, rotações e exposição a vibrações,determinados grupos musculares ficam contraídos por muito tempo e também há a repetiçãode vários movimentos em membros superiores e inferiores para comandar o veículo.

Conforme Iida (1990), a vibração é qualquer movimento que o corpo executa emtorno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular,quando não segue nenhum padrão determinado. Ele cita que a vibração é definida por três

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variáveis: a freqüência (Hz), a aceleração máxima sofrida pelo corpo (m/s²) e a direção domovimento, que é dada em três eixos (figura 1): x (das costas para frente), y (da direita paraesquerda) e z (dos pés à cabeça).

Figura 1: Eixos de propagação das vibraçõesFonte: UFSC - Ergonomia e Segurança Industrial

Ao contrário de outros agentes, em que o trabalhador é sujeito passivo, expondo-seaos riscos, no caso das vibrações, deve haver, caracteristicamente, o contato entre otrabalhador e o equipamento ou máquina que transmita a vibração.

Vendrame (2005), cita que a vibração consiste em movimento inerente aos corposdotados de massa e elasticidade, e também diz que o corpo humano possui uma vibraçãonatural. Se uma freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema, ocorre aressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvidapelo corpo, como conseqüência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpohumano possui diferentes freqüências de ressonância, conforme figura 2, a seguir:

Figura 2: Freqüência de ressonância do corpo humanoFonte: VENDRAME, 2005

O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. A sensibilidade àsvibrações longitudinais (ao longo do eixo z, da coluna vertebral) é distinta da sensibilidadetransversal (eixos x ou y, ao longo dos braços ou através do tórax). Em cada direção, asensibilidade também varia com a freqüência. Eis que, para determinada freqüência, aaceleração tolerável é diferente daquela em outra freqüência.

Para Grandjean (1998), entende-se por vibrações as oscilações mecânicas de umcorpo em estado de repouso, que são caracterizadas por variações regulares ou irregulares notempo. São designadas como oscilações mecânicas porque, em última análise, trata-se demudanças de posição.

De acordo com Vendrame (2005), as vibrações transmitidas ao corpo humano podemser classificadas em dois tipos, conforme a região do corpo atingida:

− vibrações de corpo inteiro: são de baixa freqüência e alta amplitude, situam-se na faixa de 1a 80 Hz, mais especificamente de 1 a 20 Hz. Estas vibrações são específicas para atividadesde transporte, como motoristas de caminhões, operadores de tratores, máquinas agrícolas,etc. e são normatizadas pela norma ISO 2631.

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− vibrações de extremidades (também conhecidas como segmentais, localizadas ou de mãos ebraços): são as mais estudadas, situa-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz, ocorrendo nos trabalhoscom ferramentas manuais e normatizadas pela ISO 5349.

O estudo de Pope (1996), concluiu que a vibração pode ser o maior fator de risco entremotoristas profissionais e que esses motoristas podem ter duas vezes mais hérnia de discoquando comparados aos demais. Ele explica que a incidência de lombalgia aumenta nostrabalhadores que permanecem sentados durante longo tempo. Cita que homens que gastammais da metade do dia de trabalho em um carro têm maior risco de apresentar hérnia de disco.

Vários estudos foram feitos sobre o efeito da vibração e postura no ser humano.Alguns tratam dos efeitos da vibração no corpo humano, enquanto outros fazem referência aosefeitos da vibração quando dirigimos um veículo motorizado. O efeito da postura na pressãosobre o disco intervertebral também é discutido. Estudos também sugerem que a combinaçãode vibração e posição sentada é particularmente prejudicial à coluna vertebral.

Segundo Iida (1990), as vibrações são particularmente danosas ao organismo nasfreqüências mais baixas, de 1 a 80Hz. Elas provocam lesões nos ossos, juntas e tendões. Asfreqüências intermediárias, de 30 a 200Hz, provocam doenças cardiovasculares, mesmo combaixas amplitudes e, nas freqüências altas, acima de 300Hz, o sintoma é de dores agudas edistúrbios neurovasculares.

Grandjean (1998) comenta que as vibrações têm numerosos efeitos fisiológicos,sendo um deles sobre a visão. O efeito adverso das vibrações sobre a visão é de grandeimportância, já que o desempenho de motoristas de tratores, caminhões, máquinas deconstrução e outras máquinas diminuem, aumentando, assim, o risco de acidentes. Asvibrações reduzem a acuidade visual e deixam as imagens tremidas e borradas.

A primeira publicação internacional que estabeleceu limites de exposição a vibraçõesnessa faixa foi a norma ISO 2631, de 1978, que apresentava valores máximos de vibraçõessuportáveis para tempos de um minuto a doze horas de exposição.

− conforto reduzido;

− proficiência reduzida pela fadiga;

− limite de exposição compatível com a saúde.

Atualmente, a nova ISO 2631, de 1997, que trata de vibrações do corpo inteiro,aplicável a este trabalho, não apresenta limites de exposição à vibração, limitando-se a definirum método para a avaliação de exposição à vibração de corpo inteiro, bem como indicar osprincipais fatores relacionados para se determinar o nível exposição à vibração que sejaaceitável. No entanto, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists - ACGIHutiliza como base a norma ISO 2631 de 1985 e não a última versão de 1997. Na versão de 1985a norma definia três tipos de limites, os quais foram excluídos na versão atual. Porém, noprefácio da norma atual é citado que os limites anteriores eram seguros e preveniam efeitosindesejáveis.

Para estabelecer seu limite de tolerância, a ACGIH utilizou a experiência de váriosestudos, chegando à conclusão de que os limites da ISO 2631 não eram suficientementeseguros; assim, optou por adotar os limites de proficiência reduzida por fadiga, que equivale àmetade do limite de exposição.

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Os limites de tolerância da ACGIH para vibrações de corpo inteiro referem-se aosníveis e tempos de exposição para os quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possaser repetidamente exposta, com o risco mínimo de dores ou efeitos adversos nas costas, ouincapacidade para operar adequadamente veículos terrestres.

Existem diversas providências que podem ser adotadas para reduzir o problema devibrações, entre essas, incluem-se: eliminar ou reduzir a fonte das vibrações; isolar a fontepara que o trabalhador não tenha contato direto com ela; fazer a manutenção regular dasmáquinas; conceder pausas e proteger o trabalhador.

Conforme o Anexo 8 da NR-15, as atividades e operações que exponham ostrabalhadores, sem proteção adequada, às vibrações localizadas ou de corpo inteiro, serãocaracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho(SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, 2005).

3. MétodoAtravés da perspectiva qualitativa de pesquisa, esse trabalho se iniciou com uma

detalhada pesquisa de dados, pela averiguou da literatura existente e legislação aplicável sobrevibrações. Após, foi utilizada a observação direta com o uso de máquina fotográfica digital,entrevista do tipo informal. Em seguida, foi aplicado questionário em dois operadores deempilhadeira, como pode ser verificado no anexo A. Um deles, operador experiente, há dozeanos na função, enquanto que o outro estava a pouco tempo desenvolvendo essas tarefas.Observou-se a atividade laboral destes profissionais, identificando especialmente os efeitosdas vibrações sobre eles e em que momento ocorria.

4. Resultados/Discussões4.1 DemandaO problema ficou delimitado da seguinte forma:

a) local: empresa do ramo fumageiro, situada em Venâncio Aires - RS.

b) população: operadores de empilhadeiras.

Pode-se dizer que nas indústrias fumageiras há grande utilização deste profissional,especialmente nas áreas de estocagem e movimentação de fumo cru e de produto processado.

4.2 Análise da tarefaDe acordo com a descrição de cargos, estes profissionais são responsáveis por cumprir asseguintes atividades:

− Executar carga e descarga de caminhões e/ou contêineres com a empilhadeira, paraexportação e/ou transferência de fumo de unidades ou depósitos;

− Remover máquinas, equipamentos, ferragens em geral, entulhos e sucata resultante dasatividades do setor de manutenção, liberando espaço para a instalação de novosequipamentos;

− Transportar contentores vazios, para reforma e conserto, no setor de manutenção;

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− Transportar embalagens desmontadas para montagem e posterior uso paraacondicionamento do produto processado;

− Carregar e descarregar caminhões com caixas, contentores e material de embalagem.

4.3 Condições de trabalhoOs departamentos de Recebimento de Fumo Cru e de Armazenagem utilizam no período

de safra aproximadamente 75 operadores de empilhadeiras. Estes exercem atividades nos maisvariados locais da empresa, abrangendo uma área superior a 70 mil metros quadrados (depósitosda empresa). Durante a atividade de carga e descarga dos diversos materiais, os operadorestransitam por pavilhões com piso em bom estado de conservação, com pouca ou quase nenhumasaliência que possa comprometer a operação de empilhadeira. Essa afirmativa se pode observarpela figura 3. Para acesso a alguns pavilhões e durante a troca de cilindros de gás, hánecessidade do operador transitar no pátio da empresa, cujo piso é constituído deparalelepípedo. A figura 4 demonstra a empilhadeira circulando no lado externo da empresa emparalelepípedo, sendo que a velocidade empregada em alguns casos é elevada.

Figura 3 – Piso do ambiente interno Figura 4 – Piso em área externa – Paralelepípedo

Fonte: Foto do Pesquisador Fonte: Foto do Pesquisador

A empresa possui setor específico para manutenção dos veículos industriais e osoperadores realizam periodicamente verificações (check-list) nas suas máquinas antes dearrancar com as mesmas. Quando evidenciada alguma irregularidade, a empilhadeira ésubmetida imediatamente à manutenção.

Para os dois operadores entrevistados, as condições de trabalho podem melhorar, pois aofinal da jornada relataram que se sentem um pouco cansados. Exercem exclusivamente aatividade de Operador de Empilhadeira e trabalham no primeiro turno, realizando horas-extrascom pouca freqüência.

Quanto à adequação do posto de trabalho, entendem que o assento e os amortecedoresestão em condições inadequadas. Os demais itens foram mencionados como satisfatórios ouadequados.

Em suas respostas afirmaram não utilizar acessórios para adequação do posto detrabalho. Apesar de terem recebido treinamento para o desempenho de suas funções, relataramque não houve nada específico quanto a posturas adequadas na operação da empilhadeira.Consideram seu estado de saúde atual bom e nunca precisaram ser afastados da empresadevido a problemas de saúde relacionados às atividades que desempenham.

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4.4 Análise de outros fatores organizacionaisAtravés dos questionários aplicados verificou-se que eventualmente ocorre a

execução de horas extras, especialmente no setor de recebimento do fumo. Observou-se aindaque durante a jornada normal de trabalho (8 horas diárias) não há rodízio de funcionários e aspausas ocorrem entre uma carga e outra, ou durante os intervalos. Os funcionários têm jornadamáxima de 6 horas contínuas, intervalo com duração de 1 hora e 45 minutos e complementoda jornada com outras 2 horas.

Durante a jornada, o operador trabalha na posição sentada, às vezes por um longoperíodo de tempo. Efetua diversas alterações de postura, especialmente o giro do pescoço paraa operação do veículo com carga (olhar para trás), estando, desta forma, sujeito a apresentaralguma patologia de coluna vertebral e lombalgia, conforme demonstrado na figura 5. Estas,aliás, foram às regiões do corpo de maior incidências de dores, conforme respostas obtidas noquestionário.

Figura 5 – Movimento durante a operação do veículo com carga altaFonte: Foto do Pesquisador

Observou-se ainda exigência de uma combinação de coordenação visual, auditiva,psicomotora, raciocínio rápido e precisão durante a movimentação do veículo no trânsitointerno da empresa.

4.5 Análise das condições ambientaisComo este artigo se limita a avaliação da exposição a vibrações, outros riscos

ambientais como iluminamento, ruído, temperatura, exposição a monóxido de carbono, etc.não foram abordados, embora estes tenham sido constatados e verificados que os mesmosinterferem diretamente na atividade do operador de empilhadeira.

Com base na observação realizada, a exposição a vibrações é freqüente durante aoperação do veículo. A vibração aparece devido ao movimento das partes que oscilam, giramou se alternam durante a operação do veículo.

As movimentações em áreas com paralelepípedos submetem os operadores a maioresníveis vibracionais, enquanto nos ambientes internos esta exposição é minimizada em funçãodas condições do pavimento/piso. A maioria das empilhadeiras possui assento adequado, comregulagem de altura e apoio para região lombar e costas, porém constatou-se que algunsassentos possuem ainda formas inadequadas que podem comprometer a musculatura posturaldo operador, além de não possuir regulagens. A figura 6 mostra o assento da empilhadeiraconstituído de regulagem para altura e para distâncias dos pedais de controle do veículo.

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Figura 6 – Assento com regulagem.Fonte: Foto do Pesquisador

5. Recomendações

− Conforme Leão (2005), a fim de amenizar os efeitos adversos da exposição a vibrações, ostrabalhadores deverão ser aconselhados a evitar a exposição contínua, pela introdução depausas de 10 minutos por hora contínua de exposição. Treinamentos sobre a posturaadequada a ser adotada no posto de trabalho e exames periódicos são medidas quecomplementam o controle;

− Recomenda-se a substituição dos assentos sem regulagem por assentos com regulagem dealtura e apoio lombar e para costas;

− Para minimizar os efeitos das vibrações, recomenda-se intensificar com os operadores eequipe de manutenção a importância da verificação e acompanhamento do check-list deinspeção do veículo, especialmente observando-se a manutenção dos sistemas de suspensãodos veículos e calibragem adequada do pneu;

− Sugere-se um estudo da empresa para verificar a viabilidade de colocar asfalto na áreaexterna, em substituição ao paralelepípedo. Esta medida, além de minimizarsignificativamente os efeitos das vibrações também tem repercussão positiva namanutenção do veículo;

− Recomenda-se implantar espelhos retrovisores nos veículos e treinar os operadores para ouso adequado, minimizando os efeitos causados pelo giro do pescoço durante amovimentação de cargas;

− Na análise dos questionários, verificou-se que os funcionários queixaram-se de doreslocalizadas (membros inferiores e superiores, região lombar e pescoço) e formigamentos.Recomenda-se estudar a adoção de programas de treinamento e preparação antes e após ajornada de trabalho (ginástica laboral), para melhorar as condições musculares, diminuindoo risco de lesões por sobrecarga de atividades.

6. ConclusãoA vibração aparece como um importante agente físico que provoca desconforto e em

alguns casos enfermidades em trabalhadores da indústria. Na engenharia de segurança, osproblemas da vibração já começam a ficar evidentes devido ao aumento de reclamações defuncionários durante o exercício do trabalho quando realizam tarefas que envolvam este risco.

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É importante mencionar que este artigo não traz estudos conclusivos sobre a análiseergonômica da função de Operador de Empilhadeira, uma vez que não compreendeu amostrarepresentativa da população nas respostas ao questionário e na observação in loco. Entretanto,as informações obtidas e as recomendações servem de indicativos para a melhoria das condiçõesde trabalho do profissional em questão e para um estudo mais detalhado acerca do assunto.

A prevenção das vibrações ainda é uma questão nebulosa e em alguns casos difíceisde acontecer, especialmente por não haver limites claros de tolerância. Isso ocorre, porexemplo, no caso das vibrações de mãos e braços, em que estão envolvidos vários efeitos, taiscomo o vascular, o neurológico e o músculo-esquelético.

No entanto, é importante que profissionais e empresas estejam preocupados com esterisco e busquem alternativas para reduzir a vibração, inclusive por meio de soluçõesergonômicas, como através da aquisição de ferramentas ou equipamentos com baixos níveisde vibração, preservando a saúde do trabalhador.

7 ReferênciasCOUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao Trabalho. Manual técnico da máquina humana. V.1, 353p. BeloHorizonte: Ergo, 1995.

GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas,1998.

IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. Edgard Blücher Ltda. São Paulo, 1990.

LEÃO, R. D. PERES, C. C. Noções sobre DORT, Lombalgia, Fadiga, Antropometia, Biomecânica eConcepção do Posto de Trabalho. Disponível em http://www.celuloseonline.com.br/imagembank/. Acesso em14 jul. 2005

POPE M. H, MORESAVAGE, D., Epidemic and aspects of etiological behind pain in vibreationatmospheres – modern aspects modernization, Clinical biomechanics, 1996

SANTOS, N. Ergonomia e Segurança Industrial. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA,Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas. Apresenta material sobre Ambientes de Trabalho.Disponível em http://www.eps.ufsc.br/ergon/. Acesso em 09 jun. 2005

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO - Manuais de legislação Atlas. 56a ed. São Paulo, Atlas. 2005.

VENDRAME, A. C. Segurança do Trabalho, Saúde e Meio Ambiente. Disponível emhttp://www.vendrame.com.br/artigos.htm. Acesso em 05 jun. 2005

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ANEXO A: Este questionário tem a finalidade de obter informações sobre as condições de trabalhoda função de operador de empilhadeira, sob o ponto de vista ergonômico, avaliando o risco físicovibrações.

QUESTIONÁRIOI. DADOS PESSOAIS:1. Nome: ___________________________________________________ 2. Idade:____________3. Há quanto tempo trabalha nesta empresa? [ ] anos [ ] meses4. Há quanto tempo trabalha na função de operador de empilhadeira? [ ] anos [ ]meses

II. CONDIÇÕES DE TRABALHO1. Qual é seu turno de trabalho? [1] 1º Turno [2] 2º Turno [3] 3º Turno 2. Existem pausas no seu trabalho? [1] sim [2] nãoQuais?_________________________________________

3. Você realiza horas extras? [1] sim [2] não Em caso afirmativo, quantas horas porsemana?______

4. Você exerce outra atividade além de operador? [1] sim [2] nãoQual?__________________________

5. Com relação às condições de trabalho, você afirma que:[1] são adequadas [2] poderiam melhorar [3] não são adequadas

6. Você recebeu treinamento da empresa para exercer sua função? [1] sim [2] não

7. Ao final da jornada de trabalho você se sente?[1] bem [2] um pouco cansado [3] cansado [4] muito cansado [5] exausto

8. Você sente dor ou desconforto em função do seu trabalho? [1] sim [2] nãoEm caso afirmativo, há quanto tempo você sente dor ou desconforto?________________________

9. Em relação à adequação do seu posto de trabalho, a empilhadeira, você acha que:a) Volante: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequadob) Assento: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequadoc) Marcha: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequadod) Pedais: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequadoe) Retrovisores: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequadof) Amortecedores: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequado

10. Você usa algum acessório para adequar seu posto de trabalho?[1] almofada no assento [2] acessório em todo o assento[3] almofada no encosto [4] não utiliza

11. Você recebeu algum tipo de treinamento ou orientação para adoção de posturasadequadas na realização do trabalho? [1] sim nesta empresa [2] sim em outra empresa [3] não

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III. CONDIÇÕES DE SAÚDE1. Como você classifica seu estado de saúde atual?[1] ótimo [2] bom [3] regular [4] ruim [4] péssimo

2. Você já foi dispensado do trabalho devido a problemas de saúde relacionados ao seutrabalho?[1] nenhum [2] até 9 dias [3] de 10 a 24 dias [4] de 25 a 99 dias [5] mais de 100

3. Você sente dores nas articulações (juntas)?[1] não [2] Sim. Ao iniciar o trabalho [3] Sim. Durante o trabalho

[4] Sim. Ao final do trabalho [5] Sim. Sempre

4. Você sente dores na coluna?[1] não [2] Sim. Ao iniciar o trabalho [3] Sim. Durante o trabalho

[4] Sim. Ao final do trabalho [5] Sim. Sempre

5. Você sente dormência em alguma parte do corpo?[1] não [2] Sim. Ao iniciar o trabalho [3] Sim. Durante o trabalho

[4] Sim. Ao final do trabalho [5] Sim. Sempre

6. Sente cãibras?[1] não [2] Sim. Ao iniciar o trabalho [3] Sim. Durante o trabalho

[4] Sim. Ao final do trabalho [5] Sim. Sempre

7. Sente dores lombares?[1] não [2] Sim. Ao iniciar o trabalho [3] Sim. Durante o trabalho

[4] Sim. Ao final do trabalho [5] Sim. Sempre