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    Para onde sopram os ventos na Parquia

    DA MISSA PARA A MISSO

    Conrado Jos M. MacedoMaria Suzana F. A. Macedo

    A Igreja afirma que cada pessoa batizada torna-se coparticipante com Cristo no projeto

    salvfico de Deus: torna-se profeta, rei e sacerdote. Em virtude deste sacramento recebido

    pode tornar-se, ainda, discpula de Jesus Cristo. Partiremos, pois, deste ponto para

    caminharmos em nossa reflexo.

    Para que sejamos discpulos, sal da terra e luz do mundo necessrio que tenhamosa convico de um verdadeiro encontro com o amor de Deus em Cristo Jesus (EG n.120).

    Somos todos chamados santidade. Esta se reflete no dia-a-dia, nas coisas mais simples e

    rotineiras do cotidiano: na maneira como lidamos com a nossa famlia, com as pessoas que

    nos ajudam em casa ou no trabalho, com os amigos, e at com estranhos.

    A nossa vida na comunidade eclesial no exceo a este convite santidade, ao

    contrrio, ela alimento que nos ajuda na caminhada diria. O Beato Joo Paulo II nos

    convocava: da Missa para a misso. Misso de anunciar e, principalmente, testemunhar com

    a nossa vida, o Reino de Deus, a Boa Nova de Jesus Cristo.

    Contudo, para favorecer a nossa participao na Parquia e nas Pastorais necessrio

    que faamos uma constante revisita aos documentos da Igreja, sua Doutrina Social e

    estejamos atentos aos pronunciamentos do Papa. Precisamos, pois, de formao. Assim

    teremos maior conscincia e embasamento daquilo que podemos realizar em nossas

    comunidades. Tambm a formao bblica importante para que nos espelhemos nas palavras

    de Jesus e nas primeiras comunidades crists.

    Quando o Papa Francisco exorta a Igreja a uma renovao, isto inclui todos os seus

    fiis. Todos que queremos contribuir para a realizao do Reino j nesta caminhada, que,

    muitas vezes rdua. Precisamos sair do comodismo. Comodismo ao realizar as tarefas nas

    Pastorais como eram realizadas h vinte, trinta anos. Sim! isto o que muitas vezes ocorre e a

    Conrado, Engenheiro Civil, Suzana, Teloga, Mestra e doutoranda em Cincia da Religio. Ambos so

    Ministros Extraordinrios da Sagrada Comunho na Parquia da Catedral So Pedro de Alcntara, Petrpolis,RJ. Participaram do Movimento de Cursilho, do Encontro de Casais com Cristo (3 etapas) e coordenaram aPastoral da Famlia. Foram membros do Conselho Pastoral Paroquial e Conselho Administrativo Paroquial.

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    misso fica comprometida, pois, como nos alerta o Papa, deixamos de falar a linguagem do

    hoje, a linguagem dos jovens, a linguagem do nosso tempo.

    O que ocorre, em certos casos, que o oba-oba toma conta de alguns grupos ou

    movimentos. H que se ter momentos de festa, pois o cristo deve ser alegre; ele chamado

    para a festa, como assinala o Papa Francisco. Contudo, necessrio que a alegria seja

    sustentada por uma formao mais aprofundada do porqu ser alegre, do fundamento mesmo

    dessa alegria. Darmos razo da nossa f no permite que a festa se torne esvaziada de seu

    sentido que a vida no Cristo Ressuscitado.

    necessria, portanto, a converso constante de cada um de ns: leigos, diconos,

    consagrados, religiosos, sacerdotes, enfim, de todos que desejam ser discpulos de Cristo e

    colaborar com a obra salvfica de Deus. Os desafios que se nos impe a realidade de umaparquia pode refletir os vrios desafios que outras parquias encontram. Que possamos estar

    atentos s experincias de outras comunidades para aprendermos a superar os problemas que

    possam surgir em nossa prpria parquia.

    Dentro da parquia, no temos uma realidade nica constituda como um bloco

    monoltico. Compem-na pessoas diferentes, com dons diversos e culturas tambm

    singulares. O trabalho de acolhida nas comunidades deve ser cuidadoso, a fim de que esses

    fiis possam desenvolver seus dons, frutificando-os nas pastorais e possam assim fazer ecoaro anncio do Ressuscitado nos coraes das pessoas. O Papa Francisco, em discurso aos

    bispos da Repblica Tcheca, em 14 de fevereiro de 2014, sobre as comunidades, afirma:

    Que as comunidades crists sejam sempre lugares de acolhida, de debateaberto e pacato; so operadoras de reconciliao e de paz, estmulo para asociedade inteira na busca do bem comum e na ateno aos maisnecessitados; sejam operadoras da cultura do encontro.

    O crescimento da parquia deve levar em conta a realidade concreta singular dos seus

    paroquianos. Paulo Suess assinala que:

    A constituio pastoral Gaudium et Spes assumiu o discurso indutivo,partindo da vida concreta da humanidade, de suas alegrias e esperanas,tristezas e angstias (cf. GS 1). A transformao da parquia tem de levarem conta essa vida concreta da humanidade, seus horrios e itinerrios,

    seu lazer e trabalho, seus espaos de vida e suas redes de comunicao.1

    1SUESS, Paulo. No tenhais medo! Da dificuldade de construir a nova parquia, p. 19. Vida Pastoral. SoPaulo: Paulus. Janeiro-fevereiro de 2014ano 55n. 294, p. 17-26.

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    A Parquia constituda por vrias comunidades, com seus contextos diferenciados e

    possui um Conselho Pastoral Paroquial (CPP) e um Conselho Administrativo Paroquial

    (CAP) composto, geralmente, por membros de cada comunidade. Tambm dentro de cada

    uma delas existe um Conselho cujos membros buscam, em sintonia com a Parquia, levar

    adiante o projeto de evangelizao e formao bblico-teolgica. Discutem problemas

    especficos e procuram solues adequadas sua realidade.

    As Assembleias Pastorais da Parquia, envolvendo tambm as comunidades, so

    convocadas anualmente. O ideal que tenham a participao do maior nmero possvel de

    paroquianos para que os assuntos sejam discutidos por todos e possveis solues ou

    alternativas sejam adotadas para as diversas temticas.

    Quanto pastoral urbana, percebemos que ela no tem, ainda, resultados to positivosquanto os trabalhos realizados nas comunidades localizadas nos bairros. Estas tendem a

    tornar-se uma grande famlia, o que mais difcil acontecer no centro urbano. Poderamos

    elencar inmeras dificuldades: talvez a frieza dos prdios mantenham as pessoas isoladas em

    seus apartamentos e distanciadas do contato mais prximo com os outros; talvez o morador,

    aps um dia exaustivo de trabalho, s queira entrar, fechar a porta e esquecer o que est do

    lado de fora; talvez as pessoas tenham medo de receber em seus apartamentos outras pessoas,

    estranhas, que vm falar de uma realidade ainda distante para muitos. Seriam muitos talvez.

    Porm, o que interessa que este um dos grandes desafios para uma pastoral urbana.

    A pastoral no centro da cidade mereceria um olhar atento e, quem sabe, a criao de

    novas alternativas forma como nos dirigimos s pessoas que a vivem. O Papa Francisco, ao

    falar sobre a renovao eclesial, assinala que A parquia no uma estrutura caduca;

    precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes

    que requerem a docilidade e a criatividade missionria do Pastor e da comunidade(EG 28).

    Outro detalhe que nos deve colocar em busca de formao e estudos sobre a nossa f o pblico ao qual nos dirigimos. A globalizao nos coloca diante da informao, cada vez

    mais rpida e, por certo fragmentada. As pessoas procuram assim estudar mais, ler mais e ter

    um conhecimento mais amplo do mundo que as cerca, pois, este mundo est muito prximo e

    mais familiar atravs da Internet. A nossa linguagem deve, portanto, estar tambm atualizada

    para que nos faamos entender e ser ouvidos pelos outros.

    Nos vrios segmentos, dentro da Parquia, encontramos pessoas muito antenadas

    com o que acontece no mundo. Tm uma sede de conhecimento muito grande e querem

    aprofundar a f. Se a Parquia no lhes d a chance deste aprofundamento, corre o risco de

    que essas pessoas se desinteressem da comunidade. No se desinteressam do Evangelho, nem

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    de Jesus, nem de Deus, mas sim daquele grupo especfico. No lhes falta a f, mas o

    embasamento e a formao. Ser que no buscam em outros espaos o que lhes falta em nossa

    parquia?

    A Igreja no o lugar dos poucos bons, mas o lugar em que todos ns, bons em

    muitos momentos e pecadores em tantos outros, buscamos a diretriz para a nossa caminhada

    de f em busca da Realidade que um dia desejamos ver face a face, sem vus.

    A Diocese de Petrpolis estabeleceu diretrizes pastorais para o binio 2014-2016 em

    que destaca as cinco urgncias para a evangelizao. Extramos alguns trechos dessas

    urgncias:

    1 a Igreja em estado permanente de misso: todas as comunidades, pastorais emovimentos da parquia so convidados a sair do comodismo e ir em direo s pessoas para

    pregar o Evangelho. uma misso que deve ser cumprida permanentemente e no apenas em

    algumas ocasies. Esta sada em direo ao outro deve envolver o Bispo, sacerdotes e fiis

    leigos, ou seja, todos aqueles que esto envolvidos no meio eclesial.

    2 a Igreja: casa de iniciao vida crist: as diretrizes pastorais chamam ateno

    especial para a catequese que se encontra, muitas vezes, desatualizada, ultrapassada e

    ineficaz. Convida toda a parquia a repensar, juntamente com os catequistas, os mtodos de

    catequese que possam levar os catequizandos a um encontro ntimo com Aquele que o

    Senhor. Que gere em cada um o esprito missionrio.

    3 Igreja: lugar de animao bblica da vida e da pastoral : A Sagrada Escritura a

    Palavra de Deus mais profunda e ntima que Ele nos disse, pois, nela encontramos o prprio

    Cristo. Assim, a Bblia deve ser o livro por excelncia apresentado ao povo de Deus e quegera transformao de vida, conduzindo Vida. A formao de grupos ou escolas bblicas

    uma forma de aprofundamento da Palavra de Deus.

    4 Igreja: comunidade de comunidades: o documento das diretrizes assinala que as

    nossas parquias no podem ser ajuntamento de pessoas, pois a f nasce d a experincia

    com o Deus Trino. Um Deus que comunidade e que nos convida a vivermos em

    comunidade. A f no deve ser um mero produto de consumo pessoal.No devemos deixar

    que o individualismo e o subjetivismo tomem conta da nossa vida de f e obstaculize nossas

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    relaes com nossos irmos. Nossa vida crist se fortalece em comunidade. O documento

    incentiva, desta forma, a implantao de novas comunidades nos bairros.

    5 Igreja a servio da vida plena para todos: as diretrizes apontam o caminho da vida,

    contrrio cultura da morte to propagada hoje: eutansia, aborto, pobreza e excluso, tortura,

    escravido etc. Aquele que segue o Deus da vida no pode calar-se diante das foras do mal

    que penetraram em nossa sociedade. A participao dos cristos nos meios polticos e nas

    pastorais sociais um fator de grande relevncia para ajudar a gerar nas pessoas e nas

    comunidades o cuidado com o outro e com a vida, vendo Cristo em cada uma das pessoas

    necessitadas de aconselhamento e de ajuda, mesmo material, que muitas vezes se faz

    necessria e urgente.

    Concluindo

    Diante de tudo o que foi refletido e das propostas assinaladas, pensamos que, se

    colocadas em prtica, principalmente, em sintonia com a Exortao Evangelli Gaudium do

    Papa Francisco, podero suscitar novo ardor na participao dos fiis nas diversas pastorais e

    nas decises da parquia e suas comunidades, pois, eles experienciam o dia a dia dacaminhada comunitria. Se nos deixarmos guiar pelo Esprito Santo, alaremos voos cada vez

    mais altos e seremos capazes de levar a Boa Nova do Reino, a Palavra Viva a todos, sem

    imp-la, mas, em dilogo saudvel, respeitoso e frutuoso, pois Deus quem agir atravs de

    cada um de ns.

    Peamos ao Pai Celeste que tenhamos a coragem de realizar mais pela nossa parquia,

    comunidades e por todas as pessoas que necessitam de uma palavra de vida. Que saibamos

    dar a nossa resposta positiva a Deus. Que bebamos da verdadeira gua que sacia a sede: agua de Deus e possamos nos transformar em cntaros transbordando para todos os sedentos,

    como ns, essa gua Viva.

    Referncia Bibliogrfica

    PAPA FRANCISCO. Exortao apostlicaEvangelii Gaudium. So Paulo: Loyola, 2013.

    SUESS, Paulo. No tenhais medo! Da dificuldade de construir a nova parquia. Vida

    Pastoral. So Paulo: Paulus. Janeiro-fevereiro de 2014ano 55n. 294, p. 17-26.