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    Reviso

    Sobrepeso e obesidade infantil um problema de sade pblica

    em escolares de norte a sul do pas

    Arlli Pmella Brasileiro Chaves*, Lizandra de Farias Rodrigues Queiroz*, Mariana de Almeida Abreu*, Ketsia Bezerra Medeiros**

    *Acadmicas de enfermagem do curso de Graduao em Enfermagem da Faculdade de Cincias Mdicas de Campina Grande (FCM), **Professora da Disciplina Patologia Geral da Faculdade de Cincias Mdicas de Campina Grande (FCM)

    ResumoAtualmente, a obesidade considerada um problema de sade pblica que acomete diversos pases ao redor do mundo. O presente trabalho objetiva traar um perfil da situao atual da obesidade infantil no Brasil, especificamente em alunos de escolas pblicas e privadas. Foi realizada uma extensa reviso da literatura, fundamentada em dados provenientes de artigos cientficos, sites e outras pesquisas relevantes sobre o tema. Verificou-se uma prevalncia significativa da obesidade infantil em todas as regies do pas, fato que preocupa a Sade Pblica e os profissionais diretamente envolvidos. O trabalho aborda, ainda, as medidas adequadas para se combater a obesidade infantil, uma vez que os problemas acarretados pelo excesso de peso englobam diabetes, distrbios cardiovasculares, doenas articulares e distrbios psicossociais, sendo necessrio o acompanhamento regular das crianas obesas por uma equipe multidisciplinar.

    Palavras-chave: obesidade, sade pblica, enfermagem.

    AbstractOverweight and child obesity a public health problem in schoolchildren from north to south of the countryNowadays, obesity is considered a public health problem that affects different countries around the world. This study aimed to delineate a profile of the current situation of childhood obesity in Brazil, specifically students of public and private schools. We performed an extensive literature review, based on data from scientific articles, websites and other relevant research about the topic. There was a significant prevalence of childhood obesity in all regions of the country, a fact that worries the Public Health and the professionals directly involved. The study also discusses the appropriate measures to combat childhood obesity, because the problems caused by overweight include diabetes, cardiovascular, joint and psychosocial disorders. Regular monitoring of these children by a multidisciplinary team is essential.

    Key-words: obesity, public health, nursing.

    Artigo recebido em 9 de novembro de 2010; aceito em 1 de dezembro de 2011. Endereo para correspondncia: Ketsia Bezerra Medeiros, Rua Des Rgulo Tinoco, 1319/1102B, 59022-080

    Natal RN, Tel: (84) 3616-8033, E-mail: [email protected]

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    ResumenSobrepeso y obesidad infantil un problema de salud pblica en escolares del norte al sur del pasActualmente, la obesidad es considerada un problema de salud pblica que afecta a diversos pases alrededor del mundo. El presente trabajo tiene como objetivo trazar un perfil de la situacin actual de obesidad infantil en Brasil, especficamente en alumnos de escuelas pblicas y privadas. Fue realizada una extensa revisin bibliogrfica, fundamentada en datos provenientes de artculos cientficos, sitios y otras pesquisas relevantes al tema. Se verific una prevalencia significativa de obesidad infantil en todas las regiones del pas, hecho que preocupa a la Salud Pblica y a los profesionales directamente involucrados. El trabajo aborda tambin las medidas adecuadas para combatir la obesidad infantil, porque los problemas acareados por el exceso de peso engloban diabetes, disturbios cardiovasculares, problemas en las articulaciones e disturbios psicosociales, siendo necesario el acompaamiento regular de esos nios por un equipo multidisciplinar.

    Palabras-clave: obesidad, salud pblica, enfermera.

    Introduo

    A obesidade, antes considerada uma condio caracterstica de pases desenvolvidos, atualmente ocorre tambm nos pases em desenvolvimento, necessitando ateno especial. Nos dias atuais, o ndice de pessoas obesas superior ao de algumas dcadas atrs, em decorrncia da mudana de h-bitos sofrida pela populao em geral. Observa-se um maior consumo de alimentos industrializados, devido a uma maior facilidade de acesso a estes, suplantando a ingesto de alimentos in natura [1,2].

    Outro fator que contribua para o menor ndi-ce de pessoas obesas era a ausncia das tecnologias que hoje em dia esto largamente disponveis e que proporcionam certa comodidade fsica ao indivduo como controle remoto, escada rolante, elevador, automvel, etc. , de modo que os indivduos se mantinham sempre em atividade, exercitando-se em tarefas simples, como caminhar e subir escadas. Alm disso, as crianas eram mais estimuladas a realizar atividades fsicas, atravs de brincadeiras ao ar livre [2]. Tais atitudes preveniam naturalmente a obesidade e os problemas a ela relacionados, como diabetes, hipertenso, doenas coronarianas, respi-ratrias e problemas articulares.

    A obesidade passou, assim, a ser considerada uma epidemia mundial, sendo uma das questes decorrentes da modernidade que mais preocupa a sade pblica atualmente. Atinge, sem distino, todas as classes sociais e faixas etrias, o que torna imprescindvel a elaborao de estratgias que te-nham como objetivo a preveno desse mal.

    A manuteno do peso delicadamente or-questrada por uma interao entre mecanismos neurais, hormonais e qumicos que mantm o balan-

    o entre ingesto e gasto calrico [3]. Constata-se, portanto, a necessidade de uma dieta balanceada, aliada ao gasto calrico por meio de atividades fsicas adequadas.

    A infncia a fase na qual devem ser tomados os primeiros cuidados em relao obesidade, principalmente quando a criana j apresenta predisposio gentica, com grande risco de desen-volver a doena [2]. Para que os resultados sejam satisfatrios no tratamento da obesidade infantil que j se configura como uma questo de sade pblica necessrio que haja um bom entendi-mento e aceitao dos pais quanto patologia que o filho porta.

    O presente trabalho objetiva traar um perfil atual da obesidade infantil no Brasil, especificamente em alunos de escolas pblicas e privadas.

    Material e mtodos

    Trata-se de uma pesquisa bibliogrfica de natureza exploratria, fundamentada em artigos cientficos, livros e outras publicaes relevantes. Foram compilados estudos importantes e atuais, nas bases de dados Bireme e SciELO, utilizando-se como palavras-chave: sobrepeso, obesidade infantil, escolas pblicas, escolas privadas, enfermagem. A literatura foi extensivamente revisada no intuito de se traar um perfil da obesidade infantil no Brasil atravs de publicaes sobre a incidncia e a prevalncia do problema em escolas pblicas e privadas assim como sugerir medidas que possam efetivamente prevenir e controlar esse mal. Aps a busca bibliogrfica e a seleo das fontes, chegou-se ao total de vinte publicaes, entre livros e artigos cientficos, as quais embasam o presente trabalho.

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    Resultados e discusso

    A obesidade um distrbio do estado nutricio-nal caracterizado pelo acmulo de clulas adiposas no organismo em decorrncia de um balano ener-gtico desequilibrado, no qual h maior ingesto que gasto calrico. Dessa forma, torna-se um fator predisponente para doenas crnicas no-transmis-sveis, como diabetes e hipertenso arterial, alm de doenas articulares e distrbios psicossociais [4].

    O excesso de tecido adiposo, proveniente de causas exgenas, multifatorial: resulta de hbitos alimentares errneos, estilo de vida sedentrio, fatores psicossociais e culturais, condio socioeco-nmica e propenso gentica. Tais fatores explicam cerca de 95% dos casos de obesidade. As causas endgenas, que correspondem a apenas 5% dos casos, ocorrem por alteraes genticas especficas, disfunes neurolgicas, endcrinas e ingesto me-dicamentosa [5].

    Obesidade infantil

    Problema anteriormente detectado quase ex-clusivamente em adultos, a obesidade acomete, cada vez mais frequentemente, a faixa etria infantil. Tal distrbio na infncia indica fortemente sua continui-dade na idade adulta, estando associado, inclusive, com o risco aumentado de doena cardiovascular [6].

    Vrias so as complicaes associadas obesida-de. Crianas obesas costumam apresentar problemas ortopdicos, respiratrios, endcrinos e metabli-cos, cardiovasculares, gastrintestinais, neurolgicos e psicossociais [4]. Tais problemas tendem a se agravar na vida adulta, gerando gastos para a sade pbli-ca, pois os tratamentos dos distrbios associados obesidade so bastante onerosos.

    Durante a infncia, hbitos alimentares sau-dveis devem ser estabelecidos, para que a criana tenha um bom crescimento e desenvolvimento, entretanto a negligncia de alguns pais e educado-res desfavorece essa condio, contribuindo para a predisposio obesidade e a doenas crnicas, que podem comprometer a sade na fase adulta.

    Fatores relacionados com o desmame precoce, a renda familiar, o acesso a uma alimentao predo-minantemente industrializada, o desconhecimento sobre nutrio, a influncia da mdia, as condies habitacionais, entre outros, contribuem para o agra-vamento desse quadro. A obesidade infantil j pode ser considerada uma epidemia mundial e reflexo

    do estilo de vida sedentrio, aliado a uma dieta desequilibrada: baixo consumo de frutas e verduras e largo consumo de alimentos industrializados e altamente calricos [7].

    O cardpio preferido por crianas e adoles-centes privilegia uma dieta hipergordurosa, hiper-calrica e pobre em fibras. Alm disso, a facilidade de acesso a alimentos prontos ou de preparo rpido proporciona um consumo amplo e inadequado [5].

    Para que crianas obesas no prolonguem essa condio durante a fase adulta e desenvolvam complicaes, imprescindvel que o diagnstico e o tratamento sejam realizados ainda na infncia. A famlia pode colaborar com a equipe de sade na realizao do diagnstico, observando a dieta e a rejeio a atividades fsicas.

    Medidas preventivas

    A prevenoda obesidade deve comear pre-cocemente, de modo que os pais no devem forar seus filhos a comer nem tampouco o alimento deve ter o valor de recompensa em troca de uma atitude esperada.

    Quando o problema for o excesso de alimento, vrias estratgias devero ser aplicadas no intuito de diminuir a ingesto calrica, com o objetivo de ganhar peso com menor velocidade e apropri-lo altura e idade.

    Aliada a uma alimentao balanceada, neces-sria a prtica de exerccios fsicos de forma regular, como caminhadas, natao ou qualquer outro espor-te, desde que a criana se sinta motivada a pratic-lo, pois somente ocorrer a reduo de peso quando a perda calrica for superior ingesto. A modifica-o do comportamento tambm necessria, uma vez que a criana contempornea est trocando as brincadeiras ativas, como futebol, esconde-esconde e pular corda por videogame, computador e televi-so, o que as torna cada vez mais sedentrias e com grandes riscos de se tornarem obesas [8].

    A perda de peso no deve ter valor apenas est-tico, deve ser considerada principalmente como uma medida para reduzir a morbidade e a mortalidade. Isso deve ser feito atravs de mudanas comporta-mentais, especialmente no modo de se alimentar, no horrio das refeies, nos intervalos entre elas, na sequncia da ingesto de alimentos, na composio destes e na atividade fsica [9].

    Medidas de preveno devero ser implanta-das tanto nos lares como nas escolas. Para isso,

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    necessrio que os pais tenham informaes sobre como proceder para evitar que seus filhos se tornem obesos e para que as escolas sirvam uma alimenta-o adequada, agradando ao paladar das crianas. As escolas podem tambm promover palestras de conscientizao, gincanas, e devem dispor de grande variedade de esportes.

    Atribuies da Enfermagem

    O enfermeiro desempenha um importante papel na preveno e no tratamento das crianas obesas, desde o reconhecimento precoce da obe-sidade at a orientao aos pais sobre as formas de preveno, incentivando-os a interagir com seus filhos, a fim de minimizar o problema.

    O profissional de enfermagem deve atuar nas escolas, orientando a respeito de uma nutrio adequada, atravs de jogos e palestras educativas. O propsito dessa educao encorajar pais e res-ponsveis a adotar prticas que possam promover a sade da criana, alm de orientar a atividade fsica, incentivar brincadeiras e caminhadas. Desse modo, as crianas devem ocupar-se com hbitos mais sau-dveis, diminuindo o sedentarismo e a vontade de estar sempre comendo [10].

    Cabe ao profissional de enfermagem o acom-panhamento do crescimento da criana, atravs de avaliao antropomtrica, nutricional, da capaci-dade fsica e dos hbitos alimentares, bem como do risco de se tornar obeso. Caso a patologia j esteja instalada, ele deve focar o aconselhamento acerca dos benefcios do tratamento por uma equi-pe multidisciplinar, a fim de evitar consequncias desfavorveis [10].

    Perfil epidemiolgico da obesidade infantil em escolares nas diversas regies do pas

    Foi possvel verificar, atravs da reviso da li-teratura pertinente, uma incidncia ascendente da obesidade infantil em escolares de diversas cidades brasileiras, confirmando a dimenso e a gravidade do problema.

    Numa pesquisa realizada na cidade de Feira de Santana, Bahia, com 699 crianas, foi possvel detectar o sobrepeso em 9,3% da populao estu-dada e a obesidade em 4,4%. A obesidade estava presente em 2,7% das crianas de escolas pblicas e em 7% das que frequentavam escolas de ensino privado [11].

    Em Salvador, Bahia, foram analisados 387 alunos, entre 5 e 10 anos, sendo 66% estudantes de escolas pblicas. Nas escolas particulares, observou--se uma prevalncia de obesidade (30%), em rela-o s escolas pblicas (8%), e constatou-se maior percentual de obesos com mais de 7 anos, e a idade com predominncia de obesos foi 9 a 10 anos [12].

    Na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, pesquisadores aferiram o peso e a altura de 3.721 crianas na faixa etria de 2 a 6 anos, de escolas e cre-ches pblicas e de escolas da rede privada. Os autores observaram a prevalncia de sobrepeso em cerca de um quarto dos escolares dentre os quais 13,9% eram do sexo masculino e 10,8% do feminino.Foi detectado o excesso de peso em 19,7% dos alunos da rede pblica e em 32,5% da rede privada [13].

    Outro estudo avaliou 230 crianas em duas escolas particulares de Recife, sendo 108 (47%) meninos e 122 (53%) meninas. Os autores encon-traram 52 crianas com sobrepeso (22,6%) e 26 crianas obesas (11,3%). Do sexo masculino, foram encontradas 19 crianas com sobrepeso (17,6%) e 14 obesas (13%). J do sexo feminino, 33 crianas ti-nham sobrepeso (27%) e 12 obesidade (9,8%) (14).

    Na regio Norte do pas, numa pesquisa sobre o estado nutricional de 1.057 crianas com idade entre 7 e 10 anos, de baixo nvel socioeconmico, foi observado que 7,0% apresentavam sobrepeso e 3,0% eram obesas [15]. J em Londrina, Paran, observou-se sobrepeso em estudantes de alto nvel socioeconmico. O estudo foi realizado com 411 escolares, entre os quais 19,7% dos meninos e 17,3% das meninas apresentavam sobrepeso [16].

    Em Florianpolis, numa pesquisa com 1.362 escolares, 41,6% de escolas estaduais, 38,9% de es-colas municipais e 19,5% de escolas particulares, foi detectado excesso de peso em 12,9% dos estudantes de escolas pblicas e 18,4% de escolas privadas [17].

    Em uma creche na cidade de So Paulo foi realizado um estudo com 208 crianas de 0 a 5 anos, sendo 44,2% do gnero feminino e 55,8% do masculino. Desse total, 23,6% pertenciam faixa etria de 0 a 2 anos e 76,4% tinham entre 2 e 5 anos. Analisando-se a faixa etria e o gnero, constatou--se a prevalncia de obesidade no sexo masculino, apresentando resultados de 53,1% entre 0 e 2 anos completos e 56,6% entre 2 e 5 anos [18].

    Na tentativa de estabelecer uma correlao entre alteraes de peso e presso arterial, pesqui-sadores realizaram um estudo com escolares de ensino fundamental (6 a 11 anos) numa escola

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    O fato de haver mais crianas com sobrepeso que crianas obesas em quase todos os estudos de certa forma um resultado positivo, uma vez que o sobrepeso mais fcil de reverter que a obesidade. Entretanto, importante considerar que o sobrepeso constitui uma etapa anterior obesidade; ou seja, se a criana com sobrepeso no for precocemente tratada, poder tornar-se obesa. necessrio acom-panhamento regular dessa criana por uma equipe multidisciplinar, incluindo mdico, enfermeiro, nutricionista, psiclogo, educador fsico e, sobretu-do, familiares. de suma importncia a conscienti-zao de pais e responsveis, atravs da divulgao dos problemas ocasionados pela obesidade, para que a populao tenha cincia da importncia da preveno.

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    municipal do noroeste paulista. Os achados mos-traram que 36,5% da populao estudada estava com o ndice de massa corprea alterado, sendo 10,1% com sobrepeso e 23% com obesidade. Alm disso, 4,7% apresentaram presso arterial limtrofe, e 9,5% hipertenso. Aps anlise dos resultados, as autoras verificaram uma correlao positiva entre peso, IMC e a presso arterial, indicando que, quanto maior o peso e o IMC, maiores os nveis pressricos [19].

    Num extenso estudo realizado em 78 escolas (28 pblicas e 50 particulares) da cidade de Santos, So Paulo, foram avaliadas 10.822 crianas de 7 a 10 anos de idade, sendo 7.983 de escolas pblicas e 2.839 de escolas privadas. Quanto ao gnero, 5.211 eram meninos (48,2%) e 5.611 meninas (51,8%). O resultado geral mostrou 15,7% de sobrepeso e 18% de obesidade. No sexo masculino, foram encontra-dos 14,8% e 20,3% para sobrepeso e obesidade, respectivamente. J no sexo feminino, 16,6% para sobrepeso e 15,8% para obesidade [20].

    Verifica-se, portanto, que o problema do sobrepeso e da obesidade atinge crianas nas mais diversas faixas etrias e, indistintamente, de ambos os gneros, assim como alunos de escolas pblicas e de escolas privadas, em todas as regies do pas. Entretanto podem ser notadas algumas diferenas e particularidades. As regies do pas que mais con-centram sobrepeso/obesidade so a Sul e a Sudeste, refletindo o poder aquisitivo maior, em relao s regies Norte e Nordeste. Outro fato que chama a ateno uma maior concentrao de crianas com sobrepeso/obesidade nas escolas privadas. Esse fato est relacionado, obviamente, com o maior acesso desses sujeitos a uma maior quantidade de alimen-tos, especialmente industrializados e provenientes de fast-foods.

    Concluso

    O aumento da obesidade infantil patente em todas as regies do Brasil, fato que preocupa a Sade Pblica e os profissionais diretamente envolvidos, uma vez que estes exercem um papel fundamental e determinante na deteco precoce, na preveno e no tratamento do problema. Os problemas acar-retados pela obesidade so bastante onerosos para o governo, o que implica uma premente necessidade de interveno precoce, para, assim, condicionar--se uma vida adulta mais saudvel e diminuir-se o contingente de indivduos acometidos por esse mal.

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