Artigo Revista Santa Rita

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REVISTA SANTA RITA

ISSN 1980 1742

Ano 06 Nmero 11 Julho de 2011

2 Copyright by autores Todos os direitos desta edio esto reservados

REVISTA SANTA RITAAno 06, Nmero 11, Julho de 2011ISSN 1980-1742 Ficha TcnicaDiretor Geral da Faculdade de Cincias Econmicas e Administrativas Santa Rita de Cssia Diretor Acadmico Conselho Editorial Annunciato Storopoli Neto

Corpo Editorial

Editor Reviso Capa

Roberto Pepi Contieri Eduardo Satochi Uchida Ricardo Di Bartolomeo Helder de Jesus Dias Francisca Gorete Bezerra Seplveda Luiz Carlos Magno Noeli Merces Mussolini Ismar Vicente Cassio Marcos Vilicev Walter Montagna Filho Rafael Annunciato Neto Thais Rabello Leonardo da Vinci (1452 1519) Homem Vitruviano. Acessado em 12/12/2011,http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://cache2.allp ostersimages.com/p/LRG/20/2069/XD92D00Z/posters/leon ardo-da-vinci-o-homem-vitruviano-c1492.jpg&imgrefurl=http:/

Editorao

Rafael Annunciato Neto

Faculdade de Cincias Econmicas e Administrativas Santa Rita de Cssia Unidade Jaan: Avenida Jaan, 648 Jaan So Paulo SP CEP 02273 001 http://www.santarita.br Telefone (11) 2241 0777

Permitida a reproduo desde que citada a fonte

3Homem Vitruviano

TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO (TIC) NA ESCOLARafael Annunciato Neto

CapaLeonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci, Anchiano, 15 de abril de 1452 Amboise, 2 de maio de 1519, foi um polmata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemtico, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botnico, poeta e msico. ainda conhecido como o precursor da aviao e da balstica. Leonardo frequentemente foi descrito como o arqutipo do homem do Renascimento, algum cuja curiosidade insacivel era igualada apenas pela sua capacidade de inveno. considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses no tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para ns, e o homem em si misterioso e distante. Nascido como filho ilegtimo de um notrio, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina, em Vinci, na regio da Florena, foi educado no ateli do renomado pintor florentino, Verrocchio. Passou a maior parte do incio de sua vida profissional a servio de Ludovico Sforza (Ludovico il Moro), em Milo; trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou seus ltimos dias na Frana, numa casa que lhe foi presenteada pelo rei Francisco I. Leonardo era, como at hoje, conhecido principalmente como pintor. Duas de suas obras, a Mona Lisa e A ltima Ceia, esto entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos, e sua fama se compara apenas Criao de Ado, de Michelngelo. O desenho do Homem Vitruviano, feito por Leonardo, tambm tido como um cone cultural, e foi reproduzido por todas as partes, desde o euro at camisetas. Fonte: Wikipdia acessado em 29/06/2011.

O uso das novas tecnologias de informao e comunicao na educao tem potencial para ampliar o processo de ensino e aprendizagem, permitindo que a educao seja motivadora, diminuindo a evaso escolar e muitos conflitos entre professor e aluno. A escola, em particular as escolas pblicas, no sabe como us-los, em muitos casos no tem acesso banda larga e nem equipamentos em quantidade suficiente para seus alunos. Em vrios

pases desenvolvidos, tais como Estados Unidos, Inglaterra, Itlia etc. tem incentivado a adoo de computadores na educao com acesso amplo a internet, embora no tenham apresentado resultados excepcionais at o momento. O uso de tablets, multimdia, lousa e carteira digital, bem como outros equipamentos de apoio ao ensino tm mostrado que atraem os alunos acostumados com equipamentos eletrnicos (gerao game), pois transformam a sala de aula em um ambiente virtual em alguns momentos. Mas o grande desafio para os educadores o desenvolvimento de contedos que interagem com as tecnologias e com os alunos, fluindo o conhecimento de maneira natural e espontnea. Entretanto, a escola, a educao, os professores no podem se tornar refns dessas tecnologias em detrimento da formao de seus alunos que precisam saber pensar de forma autnoma, serem capazes de conduzir suas vidas e principalmente de serem crticos criativos e cidados conscientes e produtivos. No momento cedo para avaliar o uso das tecnologias da informao e comunicao em sala de aula, pois estamos engatinhando na utilizao no processo de ensino e aprendizagem. As escolas privadas esto investindo pesadamente, configurando-se em uma aposta embasada mais no marketing do que em resultados efetivos para a educao. Entretanto, os esforos nesta direo parecem estar gerando pequenos resultados animadores que aos poucos esto superando as dificuldades e estabelecendo novos caminhos para a educao, mas ainda no se sabe se a TIC ser uma revoluo ou mais uma ferramenta nas mos dos educadores.

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SUMRIO

ARTIGOS

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EDUCAO NUTRICIONAL COMO FERRAMENTA PARA REDUO DE SAL E LEO NO PREPARO DAS REFEIES DE UM ABRIGO NA CIDADE DE SO PAULO 13 AS RAZES DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO DO ANTIGO EGITO: A ORGANIZAO DAS CULTURAS DO SAARA E DO VALE DO NILO 21 ABORDAGEM DO IDOSO VTIMA DE TRAUMATISMO CRNIO-ENCEFLICO NO ATENDIMENTO DE EMERGNCIA ENSAIOS DIABETES MELLITUS GESTACIONAL EXERCCIO ILEGAL DA ODONTOLOGIA CRIME

30 39 39 46

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ARTIGOSA INCIDNCIA DE INFECO URINRIA EM MULHERES EM SITUAO DE RUA

Soraya El Hakin Professora da Faculdade de Cincias Econmicas e Administrativas Santa Rita de Cssia, Universidade do Grande ABC e do Centro Universitrio Uni SantAnna Doutora em Enfermagem Obsttrica Noeli Merces Mussolin Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Santa Rita de Cssia e Professora da Universidade do Grande ABC Mestre em Cincias e Biocincia aplicada Sade Aline Nishizawa Professora da Faculdade de Cincias Econmicas e Administrativas Santa Rita de Cssia e da Universidade do Grande ABC Especialista em Enfermagem Cardiovascular, em Centro Cirrgico e Docncia do Ensino Superior Marilice Nascimento dos Anjos Enfermeira RESUMO: A infeco urinria atinge ambos os sexos com uma incidncia bastante elevada e com uma grande diversidade clnica. Quando esta no tratada adequadamente, pode apresentar uma taxa de mortalidade significativa. A mulher mais suscetvel pelo fato da uretra ser mais curta em relao do homem e a proximidade do nus com o vestbulo vaginal e uretra. Este estudo objetiva avaliar a incidncia de infeco urinria entre as mulheres em situao de rua, moradoras de um albergue da cidade de So Paulo, usando como mtodo, um estudo descritivo exploratrio com abordagem quantitativa. Foram observados que a maioria das mulheres apresentou faixa etria entre 29 a 39 anos 4 (44,4%); ensino fundamental incompleto 5 (55,5%); etnia negra 5 (55,5%) e solteira 6 (66,6%). Na relao econmica, a maioria no trabalhava 7 (77,8%) e na relao familiar a maioria no mantinha contato com a famlia 7 (77,8%). Em geral, houve pouca alterao nos exames de urina como aumento dos leuccitos 1 (11,2%), presena de bactrias 2 (22,3%), clulas epiteliais 8 (88,8%), clulas epiteliais abundantes 1 (11,2%), muco 3 (33,4%) e cristais de oxalato de clcio 2 (22,3%). A maioria no apresentou infeco urinria e nem sinais e sintomas, talvez devido higienizao corporal diria obrigatria. No entanto, as mulheres relataram j terem passado por tal desconforto em algum momento de suas vidas. H necessidade de novos estudos em outros albergues com uma amostra maior. PALAVRAS-CHAVE: Sade da mulher; Infeco urinria; Mulheres em situao de rua. Title: The incidence of urinary infection in women in state street ABSTRACT: Urinary tract infection affects both sexes with a very high incidence and a large clinical diversity. When it is not treated properly, it can have a significantly high mortality rate. Women are more susceptible because their urethra is shorter in relation to the man's and because of the proximity between the anus, the urethra and the vaginal vestibule. This study aims to evaluate the incidence of urinary tract infection among women in the streets, living in a hostel in the city of So Paulo, using as a method a descriptive exploratory study with a quantitative approach. We

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observed that most women presented aged 29 to 39 years 4 (44.4%), elementary school 5 (55.5%), black ethnicity 5 (55.5%), unmarried 6 (66.6 %). In the economic aspect, the majority did not work 7 (77.8%) and in the familiar aspect, the majority had no contact with family 7 (77.8%). In general, there was little change in urine samples like an increase of leukocytes 1 (11.2%), bacteria 2 (22.3%), epithelial cells 8 (88.8%), epithelial cells an abundant 1 (11.2%), mucus 3 (33.4%) and crystals of calcium oxalate 2 (22.3%). Most did not show any signs or symptoms of urinary tract infection, perhaps due to the obligatory daily body hygiene. However, women reported having experienced said symptoms at some point in their lives. There is need for further studies in other hostels with a larger sample. KEYWORDS: Women's health. Urinary tract infection. Women in the streets.

1. INTRODUO A infeco urinria atinge ambos os sexos com uma incidncia bastante elevada nas diferentes faixas etrias, com uma grande diversidade clnica, variando desde uma bacteriria assintomtica at um quadro clnico exuberante, mas que exige a utilizao de mtodos especializados para o diagnstico correto. Quando a infeco urinria no tratada adequadamente pode apresentar uma taxa de mortalidade significativa (LENZ, 1994). A infeco urinria a invaso do trato urinrio, pode ocorrer entre a uretra e os rins. As mulheres so as mais afetadas com uma incidncia mdia estimada de 0,5 a 0,7 episdios por ano. A bacteriria assintomtica se refere bacteriria considervel em mulheres sem sintomas (NISHIURA; HEILBERG, 2009). H dois tipos de infeco urinria, a grave e a no grave. A grave pode ser chamada de complicada e um estado em que o aparelho urinrio foi rapidamente invadido por bactrias, produzindo alteraes inflamatrias residuais. A forma no complicada aquela que se instala no aparelho urinrio livre de alterao estrutural ou neurolgica (LENZ, 1994). A urina estril, porm existem fatores que facilitam a contaminao do trato urinrio, como obstruo urinria, corpos estranhos, doenas neurolgicas, fstulas gnito-urinrias e doenas do sistema digestrio, como tambm doenas sexualmente transmissveis. O ato de urinar voluntrio e indolor. A presena de alguns sintomas como dor, ardncia, dificuldade ou

urgncia para urinar, odor com filamentos de muco podem indicar infeco urinria (BUSATO, 2001). Lenz (1994) refere que a piria resultado da presena de leuccitos degenerados na urina e pode ser considerado um indicador de infeco urinria, j que em pacientes no infectados a piria ausente, pelo menos na infeco urinria sintomtica. Bacteriria significa a presena de microrganismos na urina, pois normalmente o aparelho urinrio estril, com exceo dos centmetros distais da uretra masculina e dos dois teros da uretra feminina onde encontramos a microbiota bacteriana composta por germes patognicos e no patognicos. Sabe-se que a mulher apresenta maior incidncia de adquirir infeco urinria devido uretra ser mais curta em relao do homem e a proximidade do nus com o vestbulo vaginal e uretra (HEILBER; SCHOR, 2003). O tipo mais comum de infeco urinria a cistite, que tem como significado, infeco da bexiga e a pielonefrite, infeco renal sendo essa a mais grave, porm a cistite tambm se destaca (MAGALHES et al, 2008). Histopatologicamente a cistite aguda caracterizada por uma inflamao limitada da camada da mucosa superficial da bexiga (HEILBERG; SCHOR, 2003). Na maioria das vezes as infeces urinrias so causadas pela bactria Escherichia coli que quando em contato com o trato urinrio tornam-se nocivas, causando grande sofrimento mulher (LENZ, 1994).

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Magalhes et al (2008) analisaram 1.550 uroculturas de mulheres acima de 18 anos aproveitando a demanda espontnea de um laboratrio privado situado na cidade de Recife (Pernambuco), entre o perodo de novembro de 2006 a maio de 2007 e observaram que 32,4% das amostras apresentaram crescimento bacteriano, sendo que os principais agentes isolados em ordem de frequncia foram Escherichia coli com 61,16%, seguida de Klebsiella pneumoniae com 12,75% e por ltimo Proteus Mirabilis positiva em 7,37% das amostras. Em outro estudo, realizado em um ambulatrio de clnica mdica do Hospital Universitrio (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre maro e junho de 1998, com mulheres na faixa etria de 16 a 50 anos, constatou-se que o germe mais encontrado foi a Escherichia coli (80%) seguido de Staphylococcus e Saprophyticus (16%) e Klebsiella sp (1,61%), Proteus Mirabilis (1,6%) e Enterobacter sp (0,8%) (DACHI et al., 2003). Nas duas pesquisas, o diferencial foi presena do Staphylococcus, no entanto, a Escherichia coli foi a mais significativa, seguido da Klebsiella. Embora as doenas acometam todas as classes sociais, algumas so prevalentes nas classes sociais menos favorecidas, sendo a infeco urinria predominante nessa classe social. A dificuldade econmica e a excluso social levam o indivduo a ter uma sade prejudicada. Ser morador de rua significa perder referncias da vida social que possua anteriormente, para adquirir um novo modo de vida, desenvolvendo formas especficas de sobreviver. A rua comea a ser espao de referncia, criando suas prprias relaes e a identificao com esse novo modo de vida, no limite da vulnerabilidade. A denominao de morador em situao de rua, segundo a Secretaria de Planejamento e Gesto do Estado de Minas Gerais (2005), dita como sendo um grupo populacional heterogneo constitudo por pessoas que possuem em comum a garantia da sobrevivncia por meio de atividades

produtivas desenvolvidas nas ruas, vnculos familiares interrompidos ou fragilizados e a no referncia de moradia regular. Esses indivduos por contingncia temporria ou permanente pernoitam em ruas pblicas como praas, caladas, marquises, galpes, lotes vagos, prdios abandonados e albergues pblicos. Apesar de existirem na literatura artigos que retratam a infeco urinria em mulheres, h poucos relatos sobre a infeco urinria entre mulheres em situao de rua. Dessa forma, surgiu o interesse em investigar a infeco urinria nesta populao, visto que tais mulheres apresentam higiene corporal prejudicada, alm de ms condies de sade do ponto de vista da promoo, preveno, tratamento e recuperao de sua sade. A avaliao da presena ou ausncia de infeco urinria em mulheres em situao de rua fornecer subsdios para uma ao efetiva em relao promoo e preveno da infeco urinria nesta populao especfica. Na situao das mulheres albergadas, esse trabalho alm de promover a educao em sade, poder ajudar na identificao de possveis infeces, tipo de bactria e tratamento. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Avaliar a incidncia de infeco urinria entre as mulheres em situao de rua que se encontram em um albergue na cidade de So Paulo. 2.2. Objetivos especficos Avaliar os resultados do exame de urina I. 3. MTODO 3.1. Tipo de Pesquisa Trata-se de um estudo descritivo exploratrio, com abordagem quantitativa. A pesquisa denominada desta forma porque busca a descrio e a explorao de fenmenos em cenrios naturais. Costuma ser denominada como pesquisa de campo (POLIT; HUNGLER, 1995).

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3.2. Local da pesquisa Foi realizado no Albergue e Centro de Servios Estao Bem Estar, localizado na Zona Sul de So Paulo. Esta instituio atende as pessoas em situao de rua oferecendo instrumentos que possibilitam a sada dessa situao, estimulando o processo de incluso social e a autonomia. Por dia, o albergue recebe cerca de 100 moradores; destes, 70 so moradores permanentes e de 20 a 30 vagas so destinadas a pernoites, entre mulheres e homens, que podem entrar no albergue a partir das 19:00 horas, tendo direito a tomar um banho e uma refeio e aps as 05:00 horas estes tem que se retirar e voltam para a dura realidade das ruas. O nmero de vagas insuficiente para a demanda principalmente na estao do inverno onde a procura por um abrigo aumenta consideravelmente. Os albergados contam com uma equipe multiprofissional composta por psiclogo, dois assistentes sociais, educadores, alm de uma enfermeira voluntria. 3.3. Populao e Amostra do Estudo A populao foi composta por mulheres que frequentam a instituio descrita anteriormente. O tipo de amostra foi por convenincia. Amostra por convenincia, ou amostragem acidental favorece o uso de pessoas mais convenientemente disponveis como sujeitos de um estudo (HUNGLER et al, 1995). 3.3.1. Critrios de Incluso Ser mulher; Apresentar condies de compreenso das questes formuladas; Ter o consentimento livre e esclarecido assinado pelo sujeito da pesquisa.

No concordar com a pesquisa e/ou se recusar a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.

3.4. Coleta de dados A coleta de dados foi realizada no ms de setembro de 2010, atravs de um instrumento de coleta de dados elaborado pelas pesquisadoras, com questes abertas e fechadas, que abordam dados socioeconmicos, clnicos e laboratoriais. Os exames de cunho laboratorial foram realizados em um laboratrio de origem privada, sem vnculo com o estudo, mediante solicitao de exame emitido pela enfermeira obstetra e financiados pelas pesquisadoras. A enfermeira obstetra pode se apropriar da responsabilidade de solicitar alguns exames laboratoriais no que se refere sade da mulher, sendo esse um protocolo de assistncia do Ministrio da Sade (BRASIL, 2006). Os parmetros de normalidade foram baseados nos valores de referncia do laboratrio em questo. 3.5. Procedimento de coleta de dados A coleta de dados foi realizada no perodo noturno (aps as 19 horas). Devido coleta de material humano, no foi possvel ser coletada a urina das mulheres que apenas pernoitavam. A entrevista foi realizada na sala da assistente social, pois o local de maior privacidade para tal procedimento. 3.6. Aspectos ticos O projeto foi encaminhado ao Comit de tica em Pesquisa do Centro Universitrio Uni SantAnna atendendo as exigncias ticas, tomando como referncia a resoluo n 196/96. Esta Resoluo incorpora, sob a tica do indivduo e das coletividades, os quatro referenciais bsicos da biotica: autonomia, no maleficncia, beneficncia e justia, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito comunidade cientfica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado sobre pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996).

3.3.2. Critrios de Excluso Ser homem; Apresentar incapacidade de fornecer dados consistentes por dficit cognitivo;

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4. RESULTADOS E DISCUSSOTabela 1 - Caracterizao dos dados socioeconmicos das mulheres moradoras em situao de rua. So Paulo, 2010.

N Idade 18 a 28 anos 29 a 39 anos 40 a 50 anos Acima de 50 anos Total Vnculo empregatcio Formal Informal No trabalha Total Escolaridade Analfabeta Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino mdio incompleto Ensino mdio completo Total Moradia Albergue Rua Total Estado civil Casada Separada Divorciada Solteira Tem companheiro Total Relacionamento familiar Tem contato com a famlia No tem contato com a famlia Total Etnia Branca Negra TotalFonte: Prpria (2010).

% 11,1% 44,4% 22,2% 22,3% 100,0%

1 4 2 2 9

-2 7 9 -5 2 1 1 9 9 --

-22,2% 77,8% 100,0% -55,5% 22,2% 11,1% 11,1% 100,0% 100,0% -100,0%

7 (77,8%); na relao familiar, a grande maioria no mantinha contato com a famlia _ 5 (55,5%). compreensvel que os moradores em situao de rua no permaneam com vnculo familiar, pois muitas vezes so membros da prpria famlia que dificultam a relao daqueles que esto na rua. Alguns estudos revelam que a maioria dos moradores em situao de rua, como tambm os de baixa renda so de etnia parda ou negra. Sabe-se que quanto maior a escolaridade, menor a vulnerabilidade de desemprego ou subemprego e essa situao de baixa escolaridade, encontrada nesse estudo, favoreceram que a populao permanecesse na rua. Sair da rua um custo emocional muito grande, pois o indivduo que est h muito tempo vivendo na rua, perde a sua identidade.Tabela 2- Distribuio das mulheres em situao de rua quanto ao resultado de urina tipo I. So Paulo, 2010.

Urina tipo 1 Densidade PH Glicose Corpos Cetnicos Hemoglobina Hemcias Leuccitos Clulas Epiteliais Cilindros Cristais Bactrias Outros Elementos Total

9 ---6 3 9 4 5 9 4 5 9 --66,6% 33,4% 100,0% 44,5% 55,5% 100,0% 44,5% 55,5%

Sem alterao 100% 100% 100% 100% 100% 100% 88,8% 88,8% 100% 77,7% 77,7% 66,6% 91,63%

Com alterao ------------------11,2% 11,2% ---22,3% 22,3% 33,4% 8,37%

Fonte: Clnica Fares (2010).

100%

De acordo com a Tabela 1, a maioria das mulheres moradoras em situao de rua apresentou faixa etria entre 29 a 39 anos _ 4 (44,4%); ensino fundamental incompleto _5 (55,5%); etnia negra _ 5 (55,5%), a grande maioria solteira _ 6 (66,6%). Na relao econmica, a grande maioria no trabalhava _

Os dados da tabela acima mostram que os resultados dos exames de urina tipo I apresentaram apenas algumas alteraes como aumento dos leuccitos em 1 (11,2%); bactrias em 2 (22,3%), clulas epiteliais em 8 (88,8%), clulas epiteliais abundantes em apenas 1 (11,2%), muco em 3 (33,4%) e cristais de oxalato de clcio em 2 (22,3%). Ressalta-se que a mulher que apresentou aumento dos leuccitos foi medicada com antibitico prescrito pelo mdico e justifica-se que no foi realizada a urocultura por conduta

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mdica. Por outro lado, a presena de bactria no exame de uma das mulheres pode ser explicada pela contaminao de bactrias no canal vaginal. Dessa forma, neste caso, foi realizado o exame de Papanicolau para confirmar que a contaminao foi acidental no momento da coleta do material para anlise. As mulheres avaliadas, em sua grande maioria, no apresentaram em avaliao laboratorial, infeco urinria, embora a literatura traga que a condio socioeconmica desfavorvel da populao, leva condio de infeco do trato urinrio. No processo sade-doena dos moradores em situao de rua existem determinantes de sade bastante especficos. Isso porque esse morador vulnervel a um nmero maior de doenas por apresentarem higienizao e alimentao inadequadas e serem submetidos s alteraes climticas (ARISTIDIS et al., 2009). Talvez o fato das mulheres moradoras em situao de rua permanecerem no albergue cuja rotina diria inclua a higienizao corporal, fez com que elas no apresentassem infeco urinria. Outro fator que possa ter contribudo com a no infeco urinria seja o fato delas terem uma nutrio equilibrada, pois no referido albergue embora sejam apenas trs refeies, estas so bem distribudas, em relao s protenas, vitaminas, sais minerais e carboidratos, visto que o cardpio elaborado por uma nutricionista vinculada Prefeitura de So Paulo, que avalia as calorias necessrias para o indivduo adulto. interessante notar que embora as mulheres, na grande maioria, no apresentaram infeco urinria no albergue, ao se avaliar o Grfico 1 e 2, constata-se que a grande maioria j apresentou infeco urinria no decorrer de sua vida, fato esse semelhante aos estudos que referem a vulnerabilidade das mulheres de baixa renda terem a doena, como tambm outros riscos patolgicos. Segundo Hwang et al. (2009), a falta de recursos e apoio social leva o indivduo a ter vrios problemas de sade, sendo crnico, mental, vitimizao e abuso de drogas.

Grfico 1 - Caracterizao das mulheres em relao presena ou ausncia de infeco urinria anteriormente. So Paulo, 2010.

Fonte: Prpria (2010)

Grfico 2 - Distribuio das mulheres em relao frequncia das infeces urinrias prvias. So Paulo, 2010.

Fonte: Prpria (2010)

Pode-se observar no Grfico 1 e 2 que na grande maioria, as mulheres apresentaram infeco urinria pelo menos 1 vez no decorrer de sua vida, sendo representada por (66,6%). No entanto, 33,33% das mulheres apresentaram infeco urinria mais de trs vezes, fato de suma importncia, pois a recidiva da infeco urinria poder acarretar problemas renais. A infeco do trato urinrio alto (pielonefrite), que habitualmente se inicia como um quadro de cistite acompanhado de febre, geralmente superior a 38 C, de calafrios e de dor lombar, uni ou bilateral. Estes trs sintomas esto presentes na maioria dos quadros de pielonefrite. A dor lombar pode se irradiar para o abdmen ou para os flancos. A maioria dos pacientes com pielonefrite refere histria prvia de cistite, geralmente detectada nos ltimos seis meses (LOPES; TAVARES, 2005).

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Nesse estudo, diante da infeco urinria, 88,9 % das mulheres foram submetidas ao tratamento, porm no deixaram claro se esse tratamento foi realizado aps consulta mdica. A infeco do trato urinrio (ITU) a segunda infeco mais frequente na rea dos cuidados primrios de sade. Estima-se que cerca de 150 milhes de pessoas sofrem com essa doena no mundo, o que representa elevados custos sade. Mais de 60% das mulheres experimentam um episdio de infeco urinria em algum momento de sua vida (SEIJA et al, 2010).Grfico 3 - Sinais e sintomas de infeco urinria referidos pelas mulheres. So Paulo, 2010.

Fonte: Prpria (2010)

Pode-se observar no grfico 3 que a grande maioria das mulheres deste estudo (88,90%) no referiu sinais e sintomas de infeco urinria, porm estudos demonstram que a infeco urinria pode no apresentar sintomas da doena, nesse caso, podendo mascarar uma real infeco. Nesse estudo existe uma coerncia entre os sinais e sintomas de infeco urinria apresentadas com os exames laboratoriais. 5. CONSIDERAES FINAIS Trata-se de um estudo preliminar e os aspectos aqui discutidos so apenas um pequeno recorte de uma realidade muito mais ampla. Este estudo negou a hiptese inicial, pois no foi encontrada, na grande maioria, infeco urinria em mulheres em situao de rua, esse fato se deve provavelmente higienizao corporal diria obrigatria. O fato de o estudo ter negado a hiptese, no desmerece o trabalho e sim enriquece, pois d

a oportunidade de avaliar de forma mais profunda, em estudos posteriores, os reais motivos que levam mulheres to fragilizadas com a sade no obterem infeco urinria, mesmo sendo moradoras em situao de rua. Embora as mulheres no apresentassem infeco urinria, j passaram por tal desconforto em algum momento, sendo assim possvel reforar a necessidade de novos estudos com uma maior amostragem. O fato de o albergue abrigar um nmero pequeno de mulheres dificultou a coleta de dados. Os problemas de sade da populao em situao de rua so inmeros, principalmente em relao s mulheres que so muito mais frgeis e expostas a diversas situaes de vulnerabilidade ambiental. Os enfermeiros, no contexto geral, no esto preparados para o enfrentamento desta realidade, pois durante a formao acadmica, o graduando tem pouco acesso a essa populao. Os servios de sade ainda so de difcil acesso populao em situao de rua, muitas vezes invisveis aos olhos da sociedade e tambm dos profissionais de sade. So pessoas que tm direito cidadania e merecem a equidade e igualdade na sade como preconiza o Sistema nico de Sade (SUS). Na unio de foras e conhecimentos talvez seja possvel dar esperana e encontrar caminhos a muitos que esto sedentos de incluso para melhorar a qualidade de vida e de sade dessas pessoas, pois segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), sade no somente a ausncia de doena e sim um perfeito bem-estar fsico, mental e social. de extrema importncia um olhar mais voltado para os moradores de rua, pois existem poucos estudos referentes a doenas nestes. Espera-se que esta pesquisa possa ter colaborado com mais informaes sobre essa populao, contribuindo para que a realidade seja mudada. Trabalhar com moradores de rua assumir compromissos com a sade dos excludos, no sentido de conhecer suas reais necessidades, no apenas prestar os cuidados momentneos, mas de alguma forma apoiar e

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promover a sade de pessoas excludas socialmente. REFERNCIAS ARISTIDES, Jackeline Loureno; LIMA, Josiane Vivian Camargo. Processo sade doena da populao em situao de rua da cidade de Londrina: Aspectos do viver e do adoecer. Rev. Espao para sade, Londrina, v.10, n. 2, p.43-52, jun.2009. BRASIL. Conselho Nacional de Sade n.196 de 10 de outubro de 1996. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos. Disponvel em: www.conselho.sade.gov.br/resolucoes/re so_96.htm, acesso em 28/04/2010. BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de aes programticas e estratgicas. Manual Tcnico Pr-natal e Puerprio, Ateno Qualificada e Humanizada. Srie direitos sexuais e direitos reprodutivos caderno n 5. Braslia-DF. 2006. BUSATTO, Otto. Infeco urinria. So Paulo, 2001. Disponvel em www.abcdasaude.com.br, acesso em 01/03/2010. DACHI, Sidney Pereira; COUTINHO, Mrio Srgio Soares de Azeredo; STAMM, Ana Maria Nunes de Faria; NASSAR, Slvia Modesto. Fatores de risco para infeco urinria em mulheres um estudo de caso controle. Arquivos catarinenses de medicina, v.32, n. 1, 2003. HEILBERG, Ita Pfeferman; SCHOR, Nestor. Abordagem diagnstica e teraputica infeco do trato urinrio ITU. Rev. Assoc. Med. Bras, v. 49 n. 1, jan/mar, 2003. HUNGLER, Bernadette P.; BECK, Cheryl Tatano; POLIT, Denise F. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem. 3 ed. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995.

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EDUCAO NUTRICIONAL COMO FERRAMENTA PARA REDUO DE SAL E LEO NO PREPARO DAS REFEIES DE UM ABRIGO NA CIDADE DE SO PAULO

CASSIO MARCOS VILICEV Docente do curso de Enfermagem das Faculdades Santa Rita de Cssia e curso de Nutrio da Universidade Paulista Doutorando em Cincias DANIELA PIRONTI CIERRO Docente do curso de Nutrio da Universidade Paulista Especialista em Nutrio Daniela FAGIOLI Docente do curso de Nutrio da Universidade Paulista Mestre em Nutrio Igor MASSON Docente do curso de Nutrio da Universidade Paulista Doutor em Cincias ALINE MARTINELI Graduanda de Nutrio da Universidade Paulista NATHLIA PERRELA Graduanda de Nutrio da Universidade Paulista TASSIANA ROZON T Nutricionista RESUMO: A hipertenso arterial sistmica uma condio clnica multifatorial caracterizada por nveis elevados e sustentados de presso arterial. Em 2008, segundo o Banco de Dados do Sistema nico de Sade, 27% da populao residente na regio sudeste do Brasil era hipertensa e segundo a Sociedade Brasileira de Hipertenso, a Presso arterial elevada um dos principais fatores de risco para Acidente Vascular Cerebral. responsvel por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficincia renal terminal. O consumo de sdio alto na maioria dos pases, e aliado ao consumo excessivo de leos e gorduras tambm fator de risco para desenvolvimento de doenas cardiovasculares. O objetivo reduzir o sal e o leo no preparo das refeies elaboradas pelas cozinheiras de um abrigo na cidade de So Paulo. Os mtodos utilizados foram: selecionados dois abrigos (A e B) onde observou-se que a quantidade de sal e de leo utilizado pelas cozinheiras era muito superior ao recomendado. Foi calculado o valor recomendado de sal e de leo para 20 crianas e 9 adultos que almoam e jantam no local e ETA quantidade foi separada em um recipiente. As cozinheiras foram orientadas a usar somente a quantidade recomendada. Os resultados indicam que a cozinheira da casa B conseguiu reduzir a quantidade de sal para nveis bem prximos ao recomendado (9,7% a mais) e de leo para valores inferiores ao recomendado (7,6% a menos). A cozinheira da casa A, no apresentou reduo no segundo dia, e no terceiro dia, provavelmente devido escolha da preparao para fritura, aumentou o consumo de sal para 129,5% a mais que o recomendado. O mesmo aconteceu com o leo que ultrapassou 169,1% a recomendao. Conclui-se

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que o objetivo do estudo foi alcanado, uma vez que, ao menos em uma das casas, a quantidade de leo e sal nas refeies foi reduzida. Este fato mostra que, embora os programas de Educao Nutricional sejam fundamentais para a mudana de prticas no preparo das refeies, a aderncia aos mesmos individual e depende de vrios fatores, entre eles da periodicidade dos treinamentos e capacitaes com o envolvimento no s do nutricionista como tambm de outros profissionais. Palavras-chave: Educao alimentar e nutricional. Hipertenso. Capacitao. Comportamento alimentar. Title: Nutritional education as a tool for reducing salt and oil in meal preparation at a shelter in the city of So Paulo ABSTRACT: Introduction: Hypertension is a multifactorial clinical condition characterized by high and sustained levels of blood pressure. In 2008, according to the Database of the System Only de Health, 27% of the population who lived in southeastern of Brazil were hypertensive, and according to the Brazilian Society of Hypertension, high blood pressure is one of the biggest responsible for brain strokes. It's also responsible for 40% of heart attacks, 80% of all the effusion (strokes) and 25% of cases of end-stage (terminal) renal disease. The sodium intake is high in most countries, and combined with the excessive consumption of fats and oils it's also a risk factor for developing cardiovascular diseases. Objective: Reduce the salt and oil in the preparation of meals prepared by cooks from a shelter in the city of So Paulo. Methods: Two shelters were selected (A and B) where it was observed that the amount of salt and oil used by the cooks was much higher than recommended. We calculated the recommended amount of salt and oil for 20 children and 9 adults who lunch and dine at the same place. After that we put the amount of salt and oil that we calculated in a separate recipient. Then we made a challenge to the cooks, they had to use only the recommended amount. Results: The cook of shelter B was able to reduce their salt intake to levels very close to what is recommended (9.7% more) and oil below the recommended level (7.6% less). The cook of shelter A did not decrease the amount on the second day and on the third day, probably due to the choice of preparing fried food, salt intake increased to 129.5% above what is recommended. The same happened with the oil, which exceeded 169.1% to the recommendation. Conclusion: We conclude that the goal was achieved, since, at least in one of the houses, the amount of oil and salt at meals was reduced. This shows that although the programs of Nutritional Education are essential to changing practices in food preparation, adherence to them is individual and depends on several factors, including the frequency of training and capacity building not only with the involvement of a nutritionist as well as other professionals. Key-words: Food and nutrition education. Hypertension. Training. Feeding behavior. do Brasil apresentou hipertenso diagnosticada por um mdico e segundo a Sociedade Brasileira de Hipertenso, a PA elevada um dos principais fatores de risco para Acidente Vascular Cerebral (AVC), responsvel por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficincia renal terminal. As doenas do aparelho circulatrio so as principais causas de mortes em pases desenvolvidos e em desenvolvimento (MALTA: 2009). Em 2006, as doenas do aparelho circulatrio foram responsveis por 302.682 dos bitos totais (29,4%) e destes 36.687, ou seja, 3.6% foram causados pelas doenas hipertensivas e 6,9% por outras doenas cardiovasculares como Aterosclerose e Infarto

INTRODUO A hipertenso arterial sistmica (HAS) uma condio clnica multifatorial caracterizada por nveis elevados e sustentados de presso arterial (PA) acima de 140/90 mmHg. A HAS associa-se frequentemente a alteraes de outros rgos como o corao e os vasos sanguneos, alm de alteraes metablicas, com consequente aumento do risco de doenas cardiovasculares (DCV) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: 2006). Em 2008, segundo o Banco de Dados do Sistema nico de Sade (DATASUS: 2008), 27% da populao residente na regio sudeste

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Agudo do Miocrdio (MINISTRIO DA SADE: 2006). O consumo de sdio alto na maioria dos pases. O consumo mdio do brasileiro excede largamente o recomendado (SARNO: 2009) devido no s aos produtos industrializados como tambm ao sal de cozinha adicionado s refeies. Segundo estudo realizado por Tian et al (TIAN: 1996) a maior parte (53%) do sdio da dieta da populao chinesa provem do sal de adio. A educao nutricional (EN) tem um papel importante para a formao e consolidao de hbitos saudveis (SANTOS: 2005) e segundo Boog (BOOG: 1999) ela tem papel importante tambm na promoo da sade desde a infncia. A EN consiste na produo e divulgao de informaes para a populao que possa servir como subsdio para a tomada de decises conscientes. Para Santos (2005) essas informaes devem ser transmitidas da forma consistente, clara e deve-se fazer uso de todos os recursos tecnolgicos de comunicao disponveis, porm sem se esquecer do dilogo que considerado um dos elementos centrais das aes educativas e para o processo de mudanas das prticas alimentares da populao. Visto que o consumo excessivo de sal um dos fatores de risco para desenvolver hipertenso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: 2010) e aliado ao consumo excessivo de leos e gorduras tambm fator de risco para desenvolvimento de DCV (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: 2007) fica clara a importncia da conscientizao da populao para a reduo desses ingredientes nas refeies.

MATERIAIS E MTODOS Trata-se de um estudo transversal, realizado com uma cozinheira de cada casa, classificadas como A e B, de um abrigo localizado na Zona Leste da cidade de So Paulo. Para a realizao desse estudo foram consideradas as recomendaes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: 2010) e da Organizao Mundial da Sade (OMS) de 5 gramas (g) de sal, ou seja, 2g de sdio dirio para adultos. Para as crianas de 7 a 10 anos foi considerada a recomendao de 3g de sal por dia. O sal consumido no caf da manh, lanches e ceia foi calculado com o auxlio da Tabela Brasileira de Composio de Alimentos (TACO: 2006), onde cada 1g de sal contm 399,43 miligramas (mg) de sdio, conforme mostra a tabela abaixo.

Tabela1 - Clculo do sal consumido fora das refeies principais. Peso Sdio Sal Alimento Unidade (g) (mg) (g) Po Francs Bolacha gua e Sal 2 2 100 9 648 76 1,6 0,2

Total (g) 1,8 Fonte: Adaptada da Tabela Brasileira de Composio de Alimentos (TACO: 2006).

OBJETIVO Reduzir a adio de sal e leo no preparo das refeies por cozinheiras de um abrigo na cidade de So Paulo.

Foi considerado como ideal recomendado 3,2g de sal por adulto (5g recomendadas menos 1,8g consumidas) e 1,2g de sal por criana (3g recomendadas menos 1,8g consumidas). Como almoam e jantam 9 adultos (cozinheira, operacionais e coordenadoras) e 20 crianas, foi obtido como valor ideal recomendado, 52.8 gramas de sal. Para o leo de cozinha foi considerado a recomendao a recomendao da Pirmide Alimentar Brasileira (PHILLIP: 1999) em mililitros (ml) de 1 colher de sopa (8 ml) para adultos e da Pirmide Alimentar da Sociedade Brasileira de Pediatria (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA: 2006), de 1 colher de sobremesa (5 ml) por dia para crianas. De acordo com a Pirmide Alimentar da

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Sociedade Brasileira de Pediatria (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA: 2006), uma colher de sobremesa de manteiga (23 g) equivalente a 5 ml de leo e ambos consomem 12 g de manteiga diariamente, desta forma foi descontado 2,6 ml de leo provenientes da manteiga para o clculo da quantidade final. Foi considerado, portanto, 5,4 ml de leo (8 ml recomendado menos 2,6 ml consumido) para cada adulto e 2,4 ml de leo (5 ml recomendado menos 2,6 ml consumido) para cada criana e, totalizando 96,6 ml por dia de leo. Aps o clculo das quantidades, foi colocado o valor em g/ml de sal e leo em dois recipientes com o auxlio de uma balana de cozinha aferida da marca Framily com capacidade para 3 quilos (kg) apoiada em superfcie plana. Em seguida foi feito o desafio para as cozinheiras prepararem o almoo e o jantar usando somente a quantidade recomendada. Enquanto as cozinheiras preparavam a alimentao, foram transmitidas informaes referentes aos danos sade causados pelo excesso de sal e leo nas refeies como: hipertenso, dislipidemias, obesidade, hipercolesterolemia, aterosclerose, acidente vascular enceflico, enfarto do miocrdio, etc. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: 2006). Aps a realizao da atividade foi fixado na rea de preparao da refeio um informativo elaborado pelas autoras demonstrando a quantidade de sal e leo que deve ser usada em cada uma das preparaes considerando o nmero de adultos e crianas que almoam e jantam na casa, de acordo com a figura 1.

Fonte: Adaptada com informaes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Organizao Mundial da Sade , (OMS) Scientific Advisory Committee on Nutrition Salt and Health, Tabela Brasileira de Composio dos , Alimentos Pirmide Alimentar Brasileira e da Pirmide Alimentar da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Figura 1 Informativo demonstrando a quantidade de sal e leo que deve ser usada nas preparaes

RESULTADOS De acordo com os grficos 1 e 2, observase que no primeiro dia da aplicao da atividade, as duas cozinheiras no conseguiram preparar as refeies com as quantidades recomendadas de sal e leo. A cozinheira da casa A utilizou 180 ml de leo de cozinha (86,4% a mais que o recomendado) e 81,2 g de sal (53,8% a mais que o recomendado). A cozinheira da casa B utilizou 105 ml de leo (8,7% a mais que o recomendado) e 70,2 g de sal (32,9% a mais que o recomendado). Para o segundo dia, foi separado no mesmo recipiente a quantidade usada pelas cozinheiras no dia anterior e proposto que elas reduzissem ainda mais o uso. A cozinheira da casa A utilizou a mesma quantidade, enquanto a cozinheira da casa B utilizou 95 ml de leo (1,7% a mais que o recomendado) e 65,2 g de sal (23,5% a mais que o recomendado). No terceiro dia, foi novamente separado a quantidade usada pelas cozinheiras no dia anterior e novamente solicitado para que tentassem reduzir a adio desses ingredientes. O prato principal do dia era omelete, e a cozinheira da casa A preferiu fazer a preparao frita, portanto usou uma quantidade maior de leo sendo 80 ml de leo s para as omeletes e 180 ml para o restante das refeies, totalizando 260 ml de leo (169,1% a mais que o recomendado). Foi usada tambm uma quantidade maior de sal, 40 g s para as omeletes e 81,2 g para o restante da comida, totalizando 121,2 g (129,5% a mais que o recomendado). J a cozinheira da casa B preferiu fazer a preparao no forno e com isso reduziu ainda mais o consumo de leo para 89,3 g (7,6% a menos do que o recomendado) e de sal para 57,7 g (9,3% a mais que o recomendado).

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Grfico 1- Porcentual da quantidade de leo utilizado nas preparaes durante o perodo de 3 dias em um abrigo, So Paulo, 2011.

Grfico 2- Porcentual da quantidade de sal utilizado nas preparaes durante o perodo de 3 dias em um abrigo, So Paulo, 2011.

DISCUSSO A atividade de educao nutricional proposta se tratou de um desafio para a reduo do leo e do sal nas refeies, realizada com duas cozinheiras em um perodo de 3 dias em que foi separado em um recipiente a quantidade recomendada de leo e sal para o nmero de crianas e adultos que se alimentavam no local. A princpio ambas informaram ser impossvel cozinhar com a quantidade disponibilizada nos recipientes. Observou-se ento que a quantidade de leo e de sal que as cozinheiras usavam era muito superior do

que o recomendado para a faixa etria. No presente estudo foi encontrada em 3 dias uma mdia de consumo de sal de 5,1g por pessoa na casa A e de 4,02g de sal por pessoa na casa B, resultado pouco menor quando comparado ao estudo realizado por Costa e Machado (COSTA & MACHADO: 2010) com escolares da mesma faixa etria e suas famlias quando foi encontrado um consumo de 7,66g de sal por dia, mas justificvel devido ao fato de que as crianas do abrigo no tinham acesso dirio a alimentos industrializados ricos em sdio como salgadinhos, bolachas, etc. Ainda nesse mesmo estudo, verificou-se uma relao significativa (p= 0,02) entre o aumento do consumo de sal com o aumento da presso arterial sistlica dessas crianas, demonstrando a importncia da reduo do mesmo na alimentao. A cozinheira da casa B conseguiu reduzir a quantidade de leo para valores inferiores ao recomendado (7,6% a menos) e de sal para nveis bem prximos ao recomendado (9,7% a mais). A cozinheira da casa A, no apresentou reduo no segundo dia, e provavelmente devido escolha do preparo da omelete frita no terceiro dia, aumentou o consumo de leo de 86,4% a mais que o recomendado para 169,1% a mais que o recomendado. O mesmo aconteceu com o sal, que inicialmente ultrapassou 53,8% e no ltimo dia ultrapassou 129,5%, fora da recomendao. Quando as cozinheiras A e B foram questionadas sobre treinamentos anteriores, a cozinheira da casa A informou no t-lo recebido, informou que trabalhava h 2 meses no abrigo e fazia uso de suas experincias anteriores, isto , apenas aquelas adquiridas em casas de famlia. A cozinheira da casa B, como trabalhava mais tempo no abrigo, j havia passado por treinamentos anteriores no prprio local, portanto o seu melhor desempenho pode ser atribudo qualidade dos treinamentos obtidos, os quais, segundo Afonso et al (2009), facilitam a execuo do cardpio e a adeso s intervenes propostas. Existem tambm alguns estudos relacionando o uso maior de sal e leo com a classe social, segundo o observado por Garcia e Castro (2011), as famlias mais pobres

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consumiam diariamente 12,0 5,2 g de sal por pessoa enquanto as famlias de classe mdia consumiam 7,3 3,9 g de sal por pessoa. Tal diferena tambm foi encontrada com o leo, 43,5 25,0 ml por pessoa nas famlias mais pobres e 31,5 20,5 ml nas famlias de classe mdia. Molina et al (2003) concluiu em estudo que a ingesto de sal fortemente influenciada pelo nvel socioeconmico e pode, parcialmente, explicar a alta prevalncia de hipertenso arterial nas classes socioeconmicas mais baixas. Neste estudo, a mdia de consumo de leo foi inferior (9,7 ml e 5,9 ml por pessoa nas casas A e B respectivamente), porm no foi possvel comparar a classe social das cozinheiras j que no foi realizado nenhum questionrio socioeconmico. A EN um meio para a promoo da sade, pois faz com que a populao reflita sobre o seu comportamento alimentar, conscientize-se sobre a importncia da alimentao para a sade, permitindo assim a adoo de hbitos alimentares saudveis. Mello et al (2004) realizou um estudo comparando a eficcia do atendimento ambulatorial individualizado com a EN em grupo para as mudanas de hbitos alimentares e atividade fsica em crianas obesas, ambos apresentaram efeitos de magnitude semelhante, porm a EN foi 42,5% mais efetiva para reduo do colesterol total, alm de reduzir o consumo de refrigerantes de 20 para 16 pores mensais, aumentar o consumo de gua de 105 para 154 pores mensais e diminuir o consumo de sanduche + bauru + pizza + fast food de 24 para 11,5 pores mensais, concluindo por fim que o atendimento em grupo, em um programa de educao em nutrio e sade, foi to ou mais efetivo que o atendimento individualizado em um ambulatrio de referncia, firmando-se como alternativa de tratamento obesidade. Monteiro et al (2004) realizaram um estudo aliando a EN e o exerccio fsico para melhora da qualidade de vida de mulheres obesas no perodo de climatrio e aps a interveno observou a incluso de 6 novos itens do grupo das hortalias no padro alimentar, um aumento de 14% no consumo

de peixes magros, um aumento de 30% na preferncia por leites desnatados e outras mudanas de hbitos que os fizeram concluir que a associao da dieta com a EN mostrouse efetiva na promoo de mudanas no consumo habitual de alimentos. Sabe-se que os hbitos alimentares so formados na infncia (2000), sendo assim os pais e professores tambm so importantes nesse processo. O estudo realizado por Davano et al (2004) dividiu os professores em dois grupos e realizou com um grupo um trabalho de EN enfocando regras gerais para uma dieta balanceada, com nfase, principalmente, na diminuio de sal, de gordura saturada e de carboidratos simples e aumento da ingesto de fibras. Aps o final da pesquisa observou que 100% dos professores que participaram da EN relataram que consideravam como uma de suas obrigaes, o estmulo aos hbitos alimentares saudveis, contra 69,4% dos professores que no participaram.

CONCLUSO Conclui-se que o objetivo do estudo foi alcanado, uma vez que, ao menos em uma das casas, a quantidade de leo nas refeies foi reduzida para valores inferiores ao recomendado e o sal foi reduzido para valores bem prximos ao recomendado. Este fato mostra que, embora os programas de Educao Nutricional sejam fundamentais para a mudana de prticas no preparo das refeies, a aderncia aos mesmos individual e depende de vrios fatores, entre eles da periodicidade dos treinamentos e capacitaes com o envolvimento no s do nutricionista como tambm da equipe de educadores, coordenadores e outros profissionais.

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Educao Nutricional. Revista de Nutrio. Campinas, v.17, n.2, abr./jun. 2004.

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AS RAZES DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO DO ANTIGO EGITO: A ORGANIZAO DAS CULTURAS DO SAARA E DO VALE DO NILORicardo Di Bartolomeo Coordenador do curso de Administrao e Cincias Contbeis da Faculdade de Cincias Econmicas e Administrativas Santa Rita de Cssia e docente da Faculdade Oswaldo Cruz e Universidade Paulista Doutorado e Mestrado em Cincias Sociais, graduao em Administrao de Empresas Raphael Freire Santos Graduando em Administrao pela Universidade Paulista RESUMO: Este artigo busca elencar as razes do pensamento administrativo da extinta civilizao egpcia. No contedo desse estudo dever-se- constar as possveis migraes de habitantes primitivos de lugares prximos da regio mencionada, assim como influncias e teorias sobre o modelo de produo e tratamento entre as pessoas primitivas segundo material que a arqueologia pode fornecer sociedade. Ki-Zerbo (2010) ser o principal autor tido como referncia. PALAVRAS-CHAVE: Produo. Primitivo. Origem. Razes. Seixos. Ttulo: las races de lo pensamiento administrativo de lo antiguo egipto: la organizacin de las culturas em el shara y em el valle del Nilo. RESUMN: Lo artculo bsqueda las races del pensamiento administrativo de la extinta civilizacin egpcia. En el contenido de este estudio se apresenta las posibles migraciones de los habitantes primitivos de stios prximos de la regin mencionado, as cmo las influencias e las teorias sobre el modelo que la arqueologia puede proporcionar a la sociedad. Ki-Zerbo (2010) es el principal autor de referencia. PALABRAS CLAVE: Producin. Primitivo. Origen. Races. Guijarro. INTRODUO Maximiliano (2005:24) evidencia que existem formas de administrao desde os primeiros agrupamentos humanos. Meireles (2003) completa a ideia dizendo que a administrao sempre foi praticada ainda que no existissem teorias. Chiavenato (2004) ensina que a teoria atualmente conhecida para a administrao existe h pouco mais de 100 anos, mas assim como Meireles (2003) e Maximiliano (2005), defende sua prtica nos tempos remotos por mais simples que tenham sido. Coulter e Robbons (1998) acreditam que estudar as formas de administrao do passado ajuda a entender a evoluo das prticas administrativas a fim de melhorar cada vez mais as formas contemporneas. Alm disso, h uma grande contribuio de valor histrico perante a sociedade. A arqueologia, de acordo com Johnson (2000), uma cincia de grande importncia, pois o homem necessita conhecer seu passado, pesquisar as diferentes culturas das antigas sociedades para abstrair suas prprias concluses a respeito da realidade atual e at mesmo liberta e/ou libertar-se de antigas ideologias paradigmticas. Verdaderamente, pocas cosas em el mundo son obvias si se examinan de cerca aunque a muchos polticos les gustaria que lo veramos de outra forma. (JOHNSON, 2000:18)1. O autor acredita que os restos materiais so responsveis pelo mistrio e romantismo que atraem tantas pessoas para o estudo da arqueologia. Ki-Zerbo (2010) trata a pesquisa da histria Africana como uma iniciativa cientfica. O artigo encontra seu campo de estudos no continente africano onde se localiza o Egito. Contudo, o autor alerta para um grande problema referente ao estudo da frica, a saber, o baixo nvel de conhecimento sobre sua histria. Quantas genealogias mal feitas!

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[...] Quantas sequncias que parecem absurdas porque o trecho precedente do filme foi cortado! (KI-ZERBO; 2010; 42). Note-se que para o autor a ignorncia da histria africana contribui para uma sociedade alienada, pois os males que acometem a frica hoje, assim como todas as venturas que a se revelam, resultam de inmeras foras impulsionadas pela histria. (KI-ZERBO 2010: 33) O presente artigo enfocar um estudo do perodo pr-histrico do Saara e do Vale do Nilo, lugares muito importantes para um incio investigao das razes da administrao do Antigo Egito. Ki-Zerbo (2010) elenca inmeras descobertas arqueolgicas sobre culturas e indstrias das vrias regies ao redor do Egito. O artigo se limita a identificar as culturas descobertas e detalhar suas principais caractersticas da pr-histria at a primeira dinastia da histria do Egito. Espera-se, com isso, abrir o campo de estudo sobre as formas de organizao desses povos. A metodologia utilizada se baseia em material bibliogrfico unicamente, portanto, conforme Gil (2002), o artigo caracteriza-se por bibliogrfica e de carter exploratrio, visto que para o autor essa classificao relaciona-se com o aprendizado e o relacionamento de informaes. Dencker e Vi (2001) estabelecem que a pesquisa tambm terica quando ela busca e relaciona fatos, caracterstica tambm do presente estudo. Cita-se a clebre frase de Pinsky (2010:99), a saber, o passado que no nos incomoda, no nos estimula e no nos toca de alguma forma, no merece ser estudado. Cardoso (1987) evidencia que o povo egpcio mstico e forte, tendo alcanado a longevidade e a continuidade, e por isso merece ser estudado. 1. O DESERTO DO SAARA E AS CULTURAS DESCOBERTAS NA REGIO O Deserto do Saara uma regio rida de 8,6 milhes de km, sendo um dos lugares com menor higrometria no planeta Terra. H grande diferena de temperatura entre dia e noite e abundncia de areia. Em contraste a isso, durante a sua histria o Saara foi coberto

por vegetao e fauna, assim como rios e lagos, tendo sido povoado durante vrios perodos.Figura 1: frica no Planeta Terra (Guia Geogrfico)

Fonte: http://www.africaturismo.com/mapas/globo.html; acessado em 14/06/2011

Conforme observao de Cardoso (1987) povos migraram para o Nilo durante o lento processo de formao do Saara, foram encontradas ferramentas de slex2 nessa regio. De acordo com Ki-Zerbo (2010) o deserto saariano, diferentemente do quadro atualmente conhecido, foi coberto por vegetao e fauna, tendo sido povoada h muitos anos. Seus habitantes teriam deixado o lugar por questes de sobrevivncia. Os vestgios encontrados nos locais de explorao indicam que essas culturas so muito antigas. O Saara forneceu poucos elementos (...). Entretanto, os que foram encontrados indicam a antiguidade bastante remota do homem. (KI-ZERBO, 2010:664) Segundo o autor citado, arquelogos encontraram terraos em margens de antigos rios da regio. Em determinados lugares foram encontrados seixos3 lascados, prova dos primeiros utenslios utilizados pelos povos primitivos. Essa cultura esteve presente em toda a extenso do Saara. Posteriormente foram encontrados bifaces, ferramentas mais evoludas se comparado com os seixos. Mais uma vez no foram identificados fsseis humanos4, portanto, no se sabe qual evoluo tcnica e humana por trs desses artefatos. Os primeiros bifaces foram anunciados pelos ltimos seixos lascados. (KIZERBO, 2010:668) Tais caractersticas pertencem ao perodo denominado Paleoltico Inferior do Saara. Cardoso (1987) explica que a lenta transformao ambiental e climtica do

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Saara possibilitou a migrao dos povos para o Vale do Nilo. No perodo Paleoltico, portanto, foram encontradas inmeras peas de slex a margem do rio semelhante a vrios encontrados pelo territrio saariano. Para Ki-Zerbo (2010) o biface estava entre os principais objetos encontrados na Europa e no Saara. No perodo Chellense era grosseira, evoluindo para peas elegantes, equilibradas, perfeitamente lascadas e bem-acabadas, como as de Micoque. (KI-ZERBO, 2010:668). O lascamento com o percutor mole5 feito de osso ou de madeira foi essencial para A evoluo das ferramentas. Uma tcnica chamada pelos estudiosos de levalloisiense permite a fabricao das bifaces, permitindo tambm o aparecimento das indstrias Broukkou e Timbrourine. Uma indstria Acheulense foi encontrada em Tihodaine com restos animais. Essa indstria considerada evoluda, pois talhava em ossos ou em madeira. As jazidas erg de Admer e uede Tafassasset foram descobertas prximo ao Tihodaine. A cultura pode ser estudada por todo o deserto, pois o Acheulense cobre toda a superfcie do Saara. (KI-ZERBO, 2010: 667). A cultura norte-africana Ateriense, segundo Ki-Zerbo (2010), instala-se no lugar da cultura anterior Musteriense, difundindose por vrias reas pelo sul da frica. Foram encontrados vestgios na Tunsia, Marrocos, Arglia, Saura, Tidikelt, Mauritnia, Hoggar, Tihodaine, Adrar Bous, Fezzan, Zumri, Kharga (no Egito). Convencionou-se situar os Aterienses no perodo Paleoltico Terminal. O ateriense foi uma cultura desenvolvida e predominantemente caadora, tendo sido uma indstria migrante. Segundo Ki-Zerbo (2010) o povoamento no Saara pelo povo neoltico obteve origens distintas do qual no h como detalhar, e se espalharam por toda a regio. Para o autor (apud CHAMLA, 1968) houve no Saara mestiagem entre negros e, de origem mesoriental, entre brancos chamados mediterrnicos.O povoamento do Saara est longe de ser homogneo. Se se considerar uma sequncia no estabelecimento dos grupos humanos, a onda mais antiga parece ser a que, formada s

margens do Nilo, na altura de Cartum e Esh Shaheinab, realizou um movimento de leste para oeste ao longo dos grandes lagos. (KI-ZERBO, 2010:672-673)

Essa civilizao se caracteriza pela produo e decorao da cermica, diviso do trabalho especializado, produo de ferramentas para triturao e cozimento de alimentos. Eles eram caadores-pescadorescoletores; estes primeiros so neolticos de origem sudanesa. Para o sul da frica, identificado em Guin, houve o neoltico guineense, de origem da frica Central. Tambm pelo sul, posteriormente, identificado o neoltico de tradio capsiense. Diferentemente da sudanesa, sua cermica no to ornamentada, contudo a pedra polida por essa populao muito bem trabalhada. Em Adar Bous foi identificada uma cultura chamada tenerense. Caracteriza-se por armaduras em flor de ltus, discos, raspadores cncavos, serra e machados com garganta. Esta no pode ser considerada neoltica saariana clssica, pois no sudans ou capsiense. No pode ser considerado um Neoltico saariano clssico, pois esse termo se aplica mais especificamente s fcies sudanesas e capsienses, que cobrem a maior parte do Saara. (KI-ZERBO, 2010:676) Para Ki-Zerbo (2010) o neoltico observado do V milnio a. C. at primrdios do I milnio da Era Crist. Os lagos pouco a pouco desaparecem, a rea cada vez mais se modifica e a flora se degrada. Os homens saarianos emigram para outras localidades. Os lagos do Saara do perodo neoltico eram conjuntos isolados onde neolticos sudaneses ali se desenvolviam. Para o autor no h fatos comprobatrios, apesar de gros fossilizados encontrados no Saara, de que os povos haviam praticado agricultura; no mximo pode-se verificar que os mesmos foram criadores. A desertificao mencionada anteriormente, praticamente concluda at I milnio antes de Cristo, desfavorece a hiptese de agricultura (salvo lugares cultivveis como o Egito), alm de tal cultura exigir o sedentarismo e no acampamentos nmades como o caso dos neolticos. Os

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neolticos do Tassili nAjjer desenvolveram a criao de gado. 2. A PR-HISTRIA DO VALE DO NILO E AS CULTURAS DESCOBERTAS NA REGIO De Acordo com Ki-Zerbo (2010), s margens do Nilo se encontram os primeiros traos da origem da humanidade. Em Sudo, Tebas e Adeimah (Alto Egito) foram encontrados seixos lascados provenientes dos primeiros homens habitantes da regio, chamada cultura Olduvaiense. O perodo Old Stone Age, segundo o autor, possui bifaces de extremidades estreitas, sendo encontradas pela extenso de Sudo at o Egito, provavelmente provenientes dos seixos lascados difundidos por todo o continente. Na Nbia egpcia, podem ser encontrados em terraos do Nilo vestgios da cultura Achaulense, assim como no Egito, em Tebas. Em terra egpcia podem ser observado machados originadas de bifaces melhor trabalhados. Essa cultura vem depois do olduvaiense. O nvel olduvaiense, (...), sucedido por um Acheulense que apresenta triedros, bifaces grosseiros e tambm seixos lascados. No nvel seguinte, h bifaces mais evoludos e peas protolevalloisienses. (KIZERBO, 2010:717) De acordo com Ki-Zerbo (2010), o perodo da cultura Middle Stone Age voltou a utilizar a lasca ao invs dos bifaces por conta das condies de vida. A indstria Ateriense foi identificada na Nbia egpcia, deserto lbio, com uma fauna diversificada. O autor define que, no Egito, essa indstria _ predominantemente levalloisiente _ encontrada em estado puro (osis do leste). H uma indstria egpcia que no foi encontrada em outro territrio da frica, qual seja, a numerosa Jebel-Suhan, caracterizada pelo uso de ncleos lascados pela tcnica levalloisiense, com planos de percusso bipolares, que depois de usados foram retrabalhados em uma das extremidades para dar origem a um raspador cncavo. (KIZERBO, 2010:721) A transio do perodo Middle Stone Age para o perodo Late Stone Age acontece diferententemente no vale do Nilo do que na

Europa e no restante da frica conforme o autor, pois nos outros lugares caracterizado por mudana bruta e rpida no meio ambiente que desfavoreceram determinadas relaes e favoreceram novas comunicaes. O prximo perodo foi o Epipaleoltico. Nele, segundo Ki-Zerbo (2010), houve tcnicas diferenciadas utilizadas para destacamento de lascas e produo de lminas, e de tales facetados. Para o autor, o cerne do desenvolvimento das primeiras civilizaes que fez uma marcao importante na histria do homem no planeta Terra o perodo Neoltico e Pr-Dinstico. Povos nmades e seminmades tomaram o caminho da formao das sociedades. No Egito esse processo foi mais centralizado, enquanto que no Sudo, o autor denomina que houve pequenos principados independentes. (KIZERBO, 2010:726). Os habitantes do Nilo mudaram do hbito nmade para o sedentarismo, caracterstica fundamental para a formao de uma civilizao. O habitat fixo determinou o uso da cermica, a domesticao e a criao de gado, a agricultura e a multiplicidade de utenslios que visam satisfazer s necessidades crescentes dos homens. (KI-ZERBO, 2010:726) O Cartumiense considerado at o momento, a cultura mais antiga do perodo estudado no Sudo. As provas encontradas sobre o sedentarismo desse povo so as cabanas cercadas, a produo de cermica em massa e a utilizao de ms. Tambm foram encontrados arpes de ossos, piles de pedra, moedores, percutoresi e discos com um furo central. O ocre vermelho era usado para pintura do corpo. Os mortos eram enterrados dentro das casas, de lado, e o rituais costumavam mutilar os vivos. Na fauna podia encontrar bfalos, camundongos, antlopes, hipoptamos, gatos selvagens, porcosespinhos, crocodilos e peixes. A cultura derivada da anterior a Shaheinabiense, ao sul da Sexta Catarata. Caracteriza-se pelos machados feitos de ossos, pela cermica (cermica) especial e pelas goivas7. Esse povo era caador de bfalos, antlopes, girafas e facocheiros (javaliafricano) e domesticavam a cabra-an.

25O Shaheinabiense tem caractersticas similares s de um dos estgios do Faiumiense egpcio, como por exemplo, o uso de plainas, goivas, arpes, cabeas de maas, amazonita e fogueiras escavadas na terra. Ele se liga ao Pr-Dinstico Antigo do Egito pela cermica lisa e a de bordas negras do Alto Egito. (KI-ZERBO, 2010: 727-728)

H sepulturas no stio de Kadero e, para o autor, os pontos em comum com o oeste (Tibesti) so sugeridos pela amazonita, a goiva e a cermica com decorao incisa; a cabraan liga-o com o noroeste. (KI-ZERBO, 2010: 728). Na Nbia, no foram encontradas as culturas mencionadas anteriormente. O autor elenca trs hipteses, quais sejam, particularidade na conjuntura ecolgica, raridade de stios ou localidade pouco explorada. Todavia Ki-Zerbo (2010) diz que existe uma afinidade entre a Nbia egpcia e o perodo Pr-Dinstico do Egito, inclusive com Badariense. Em Eneiba, Sebua, Shellal e Khor Abu Daoud aparecem o Nagadiense I, enquanto que em Abu Simbel, Khor Daoud, Sebua, Bahan e Ohemhit aparecem o Nagadiense II. O contato entre Nbia e Egito enfraqueceu-se a partir da primeira dinastia, mas as indstrias nbias mantiveram at o perodo do Novo Imprio do Antigo Egito caractersticas pr-histricas.No Egito, diferentes condies geogrficas e ambientais fizeram evoluir dois grupos culturais distintos, que se desenvolveram paralelamente em territrio egpcio, no sul e no norte. Eles preservaram esta, independncia de culturas, at que o pas foi unificado sob a primeira dinastia. O uso do cobre desempenha um papel secundrio, pois ele se verificou no sul muito antes que no norte, por causa da proximidade de pequenos depsitos desse mineral, suficientes para uso limitado. (KI-ZERBO, 2010:729)

enterrados junto com o morto, vasos, utenslios e enfeites da pessoa. Para Ki-Zerbo (2010: 730) o Badariense, civilizao brilhante especialmente no Mdio Egito, aparece em Badari, Mostajedda, Matmar e Hmamih. Os vasos da cermica so encontrados nas cores vermelha, marrom, cinza e alguns so vermelhos com as bordas negras. Puderam ser resgatados tambm vasos de marfim e tigelas e copos de basalto. Utenslios lticos incluem armaduras bifaciais, cabeas de flechas e demais objetos lamelares. Dessa poca j podem ser identificadas estatuetas para rituais, principalmente as de mulheres e de hipoptamos. Os povos dessa cultura j praticam o cultivo de trigo, cevada e de linho, domesticavam o boi e o carneiro. Alimentavam-se de gazelas, avestruzes e tartarugas. A cultura Negadiense I do Alto Egito pde ser encontrada em Hmamih e Mostagedda abaixo do Badariense do Mdio Egito Nbia. A cermica encontrada apresenta as cores vermelha, marrom e preta. Os vasos tm uma base cnica. H flechas cncavas, facas, machados polidos, ferramentas de lamear e maas.O uso do cobra aumenta cada vez mais. Em geral, guardavam-se as provises em depsitos cavados na terra; no entanto, em Mostagedda e Deir el-Medineh elas eram guardadas em vasos. No que diz respeito aos costumes funerrios, os mortos eram enterrados em tmulos retangulares, deitados de lado e com as pernas encolhidas, a cabea apontada para o sul e o rosto para oeste; h exemplos de inumaes mltiplas e de corpos desmembrados. (KI-ZERBO, 2010: 731)

Segundo Ki-Zerbo (2010), o Alto Egito, tambm chamado de grupo cultural do sul, foi uma civilizao avanada. Muitos cemitrios e outros vestgios foram encontrados referente a essa cultura. A cultura Tasiense encontrado no Mdio Egito em Tasa, Badari, Mostagedda e Matmar. A cermica caracterizada principalmente por tigelas escuras de base estreita. Os vasos caliciformes so predominantemente africanos. H machados polidos grandes, raspadores, facas, furadores dentre outros instrumentos. Seus tmulos eram ovais e retangulares, sendo

Aps a Negadiense I desenvolve-se a cultura Negadiense II, estendendo-se desde o Gerzeh at o sul da Nbia egpcia. Verifica-se uma modificao no trabalho com a cermica pois foi encontrada com decorao rosa e marrom. Os vasos so bojudos e perdero, mais tarde, suas alas. Foram encontradas facas de pedras bifendidas, pontas, alfinetes e machados. H estatuetas de osso e de marfim. As paredes das covas dos funerais agora so revestidas com madeira, lama ou com tijolos, mostrando evoluo dessa cultura sobre as anteriores.

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O Baixo Egito, tambm denominado por grupo cultural do norte, possui caractersticas diferentes do Alto Egito. Trs pontos so identificados por Ki-Zerbo (2010) a respeito, a saber, a extenso habitacional da regio, a cermica monocromtica e o sepultamento de corpos dentro das prprias casas. A mais antiga indstria identificada dentro desse estudo o Faiumiense B, pertencente ao Neoltico pr-cermico. Foram encontrados nessa indstria arpes de ossos, lamelas e piles. O Faiumiense C, indstria entre o Faiumiense B e o Faiumiense A, apresenta goivas e pontas de flechas bifaciais, podendo haver ligao com o Saara, visto que tais instrumentos se parecem com os encontrados em osis de Siwa, Lbia, no deserto ocidental do Saara. O Faiumiense A deixa uma cermica lisa e polida nas cores vermelha marrom e preta. A cermica compreende copos, xcaras, selha8 e vasos. A tcnica bifacial mais avanada nessa cultura, sendo as flechas com bases cncavas ou triangulares, armaduras de foices, pontas, machados polidos e cabea de maas. Alfinetes, furadores e outras pontas eram feitas de osso. Como foram encontradas em Sudo, no Faiumiense A tambm puderam ser observadas fogueiras cavadas. Armazns com cestos enterrados que eram utilizados para armazenagem de trigo, cevada, linho e outros. A alimentao constitua basicamente de porco, tartaruga, cabra, boi e hipoptamo. A cultura Merindiense est oeste do delta do Nilo. A cermica, tambm monocrmica, tinha pratos, tigelas, copos e bilhas, alm de conchas e vasos com ps. Anzis, agulhas, esptulas, dentre outros, so feitos de ossos e marfim. Segundo Ki-Zerbo (2010), as habitaes passam por trs estgios. No primeiro, as casas no passavam de cabanas frgeis e espaosas de formato oval sustentada por estacas. Em um segundo estgio, elas ento passam a ser menores e mais resistentes. Desenvolvem-se, no terceiro estagio, para casas com formato oval e paredes de argila comprimida. As covas eram ovais e os mortos enterrados em direo prpria casa. Os animais domesticados eram o porco, o carneiro, a cabra e o co. A alimentao se baseava em hipoptamo, crocodilo e tartaruga.

A cultura Omariense A foi encontrada prximo a Heluan e particularidade do Egito, proveniente do norte.A Omariense A, outra cultura do grupo do norte, apareceu perto de Heluan, entre os restos de uma vasta regio habitada com mais de 1 km de extenso, na entrada de Uadi Hof. Um anexo dessa aldeia pr-histria ergue-se sobre um planalto, no topo de uma falsia abrupta, exemplo nico no Egito. (KI-ZERBO, 2010:734)

Embora a cermica dessa cultura seja igualmente mocrmica, Ki-Zerbo (2010) evidencia que tal produto possui uma qualidade superior se comparado com as culturas anteriores. Foram identificados dezessete tipos diferentes de vasos lisos ou polidos. As cores predominantes so vermelho, marrom e preto. Mesmo que a indstria ltica de slex bifacial no apresente novidades, a indstria lamelar era particularmente diferente do resto do Egito, sendo facas de dorso arqueado, proximidades das pontas aparadas, cabo na base e de entalhe duplo. Tambm foram descobertos contrapesos para redes de pesca, tambm encontrados no Cartumiense, no Faiumiense e no Saara nigeriano. Os anzis so produzidos a partir de cifres. Haviam cabras, lesmas, bovinos, porcos, antlopes, ces, hipoptamos, avestruzes, tartarugas e peixes. O cultivo prevalecia como anteriormente: cevada, linho e trigo. Alfas, tamargas, tamareiras e sicmoros faziam parte da vegetao. As casas podiam ser ovais ou redondas (as primeiras eram sustentadas por estacas, enquanto que as segundas normalmente eram enterradas no cho). Os mortos eram sepultados em vasos de barro com a cabea virada para o sul e o rosto para o oeste. Um dos cadveres, provavelmente o de um chefe, segurava um cetro de madeira (o cetro Ams) com uma forma conhecida no norte do pas na poca faranica (aproximadamente -3300?). (KI-ZERBO, 2010:735) A cultura posterior a Amariense B, diferindo-se na indstria e nas prticas funerrias. Ao contrrio da cultura anterior, o cemitrio localizava-se em um lugar mais afastado da aldeia e um amontoado de pedras significava a sepultura do indivduo. No h regras de alinhamento dos corpos.

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A cermica no apresenta inovaes profundas, mas a indstria ltica caminha em direo divergente. Baseado na tcnica laminar, ele compe-se de pequenas facas, de raspadores de dimenses reduzidas, chatos e arredondados, e tambm de pequenas talhadeiras. (KI-ZERBO, 2010:735) Recentemente descoberta, a cultura Meadiense prxima a necrpoles de Meadi e Helipolis, Cairo, muito diferente das demais detalhadas, sendo uma cultura secundria no grupo do norte. A cermica dessa cultura no to refinada quando da omariense, foram encontradas nas cores marrom, negro e, algumas vezes, vermelho ou branco. Podemse encontrar vasos ovides alongados, vasos com anis circulares em sua base e, raramente, vasos com decorao marrom, importados do sul do Negadiense II. Os vasos bojudos so evidncia do contato entre o Nilo e a Palestina. Os vasos tubulares de basalto so muito parecidos aos encontrados no Alto Egito pela cultura Negadiense I. Tambm importadas do Negadiense I foram as facas bifendidas em forma de U. Para Ki-Zerbo (2010) um ponto a ser lembrado refere-se ao fato de a cultura meadiense ter utilizado o cobre em alta escala, sendo a precursora nesse ato perante as culturas da pr-dinastia no pas. Houve explorao dos povos do Nilo sobre seus vizinhos no sul do deserto oriental. O cobre tomou uma importncia grande para os habitantes do vale do Nilo. Os medienses faziam contato com os depsitos do Sinai, fato comprovado pelas caractersticas comuns com as culturas do leste. Pode-se incluir na vegetao o rcino. Baines e Mlek (1996) confirmam tal hiptese e acreditam que a escrita do perodo dinstico primitivo egpcio tenha recebido influncias da Mesopotmia, visto que trocas comerciais j aconteciam na poca entre Egito, Palestina e sul do Sinai. A fauna era composta por bovinos, peixes, tartarugas, hipoptamos, cabras, porcos e carneiros. Foram encontrados vestgios de cabanas ovais e abrigos pelas estacas cravadas no cho, assim como cabanas retangulares de tijolos com degraus. Havia vasos enterrados que serviam como silos. As sepulturas eram distantes das aldeias e nunca retangulares, sendo ovais para preservar o corpo em

decbito lateral, com a cabea em direo ao sul e o rosto ao leste. Junto aos corpos eram enterrados vasos. As gazelas tambm eram sepultadas nesse cemitrio com vasos, sendo esse animal considerado sagrado. Ces, encontrados enterrados, er am provavelmente os guardies do alm. Essa cultura no sucedeu imediatamente Omariense; ela apareceu no fim do Negadiense I e prosseguiu seu desenvolvimento at quase o fim do Negadiense II do Alto Egito. (KI-ZERBO, 2010: 737). Para Baiens e Mlek (1996:30) No vale do Nilo, as mais antigas culturas neolticas, sedentrias e produtoras de alimentos so as do Tasiano e do Badariano (...) que podem no ter sido, de fato, separadas (cerca de 4500 a.C.) De acordo com os autores a cultura africana do norte possua caracterstica uniforme at 10000 a. C., perodo terminal da era glacial. O meio ambiente em especial as alteraes climticas, fizeram tal uniformidade desaparecer, dando nfase na formao do Egito. provvel que tenha havido trocas em toda esta regio e que no houvesse uma autoridade poltica central. (1996:30) 3. AS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DO PERODO PR-DINSTICO DO ANTIGO EGITOFigura 2: Localizao do Egito na frica (Guia Geogrfico)

Fonte: http://www.africaturismo.com/mapas/globo.html; acessado em 14/06/2011

Segundo Ki-Zerbo (2010) a ligao que se faz atualmente entre o Alto e o Baixo Egito atravs do reinado de Mens, rei fundador da primeira dinastia, pode ser atestada por escavaes que apontam tal ligao desde o perodo Neoltico. O autor afirma que as

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diferenas ultrapassavam a geografia da regio, pois o cotidiano das pessoas deu origem a duas grandes culturas com razes diferentes no aspecto ambiental e geogrfico. O grupo do sul surgiu ao longo do estreito corredor do Nilo, cercado por duas falsias ridas. O grupo do norte delineou-se no vasto leque do frtil delta de horizontes do frtil delta de horizontes sem fim. (KI-ZERBO, 2010:737-738) O grupo do norte se assemelhou bastante nas questes bsicas, diferenciando-se apenas em detalhes de cada cultura. Por sua vez, o grupo do sul anunciava diferenas mais acentuadas. O norte, para o autor, apresenta maior desenvolvimento no aspecto urbano, mas ambos os grupos formaro mais tarde o Grande Egito. Baines e Mlek (1996) trazem o conceito dos nomos, limitaes geogrficas governadas pelos seus respectivos senhores. Lobo (1979:49) chama a ateno de que travavam entre si contnuas lutas, at que um deles, aps ter absorvido vrios outros, passou a formar uma grande nao, com vasto territrio sob um governo nico. A cermica no norte, segundo Ki-Zerbo (2010) praticamente no era decorada, apresentando o padro de cores vermelho, marrom e preto em sua maioria. Ao contrrio, o sul apresenta decorao mais rica e vasos com bordas negras. Os instrumentos de slex eram aperfeioados no sul e melhor acabados do que no norte. O autor evidencia que o Baixo Egito era mais desenvolvido no campo econmico, enquanto que o Alto Egito apresentava avanos no campo da arte e j prenunciavam o vasto perodo faranico. Posteriormente, a unificao dos grupos norte e sul deram a grandeza do Egito tal qual conhece-se atualmente. O uso do slex, material abundante na regio, perdurou durante toda a histria faranica. O slex tambm foi utilizado desde a primeira dinastia at o Novo Imprio para a fabricao para as pontas de flechas dos guerreiros. importante ressaltar aqui que o domnio do trabalho em slex realmente alcanou seu apogeu sob as primeiras dinastias, como o testemunham as extraordinrias facas ditas de sacrifcio dos tmulos reais de Abidos, no Alto Egito, e de Saqqara e Heluan, perto do Cairo; a perfeio com que so elaboradas e o seu tamanho so impressionantes. Os vestgios de

habitaes dessa poca revelaram todo um instrumental domstico em slex e somente alguns objetos de cobre, encontrados em Hieracmpolis e em El-Kab, no Alto Egito, e em Uadi Hammamat, no deserto oriental. (KI-ZERBO, 2010: 739)

CONSIDERAES FINAIS Os estudos do deserto do Saara possibilitaram descobertas sobre vrias culturas existentes nessa rea. De acordo com Cardoso (1987) ocorreram migraes de povos do Saara para o Vale do Nilo. Instrumentos encontrados s margens do mesmo so semelhantes aos descobertos no restante do continente, comprovando tal hiptese. O deserto conhecido tal qual atualmente era muito diferente no perodo pr-histrico. Segundo Ki-Zerbo (2010) havia rios, fauna e vegetao, mas ao longo dos anos essa situao sofreu mudanas e obrigou os povos nmades a procurarem outras localidades. Poderiam ser encontrados s margens dos lagos rinocerontes, crocodilos, hipoptamos, elefantes, zebras, girafas, bfalos e o javali-africano. As guas abrigavam sirulos, tartarugas e percas do Nilo. Ainda havia caprinos, antlopes e outros animais pelos pastos. Os seixos lascados foram os primeiros utenslios utilizados pelos primitivos do Saara, evoluindo depois para as bifaces. Ki-Zerbo (2010) afirma que no h como identificar detalhadamente a origem dos povos o Saara, visto que os mesmo apareceram de muitos lugares ao redor. No houve, portanto, homogeneidade entre esses habitantes. Os neolticos saarianos do Tassili nAjjer realizaram a criao de gado, mas no h evidncias favorveis do desenvolvimento da agricultura, principalmente pelo fato dos povos serem nmades e pelo clima da regio desertificar-se cada vez mais.O apaixonante estudo do passado do Saara est ainda engatinhando. Oferece aos especialistas e aos homens de boa vontade uma oportunidade excepcional que urge aproveitar das ltimas reservas naturais faa desaparecer para sempre a possibilidade de desvendar o mistrio dos problemas que decididamente dizem respeito ao passado do homem. (KI-ZERBO, 2010:683)

Para Ki-Zerbo (2010) a cultura olduvaiense aporta o homem mais primitivo do vale do

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Nilo de que tem notcia, descoberto pelos instrumentos lticos. Tebas forneceu vestgios das mais antigas fases do perodo Old Stone Age, mas o autor evidencia que as raas humanas ainda no foram desvendadas. A cultura Middle Stone Age pode ser encontrada em grande parte do vale do Nilo, e poucos fragmentos de ossos humanos foi encontrado. A cultura ateriense considerada pelo autor como quase contempornea, tendo sido espalhada muito tarde pela regio. De Late Stone Age at o Epipaleoltico tm-se muitos dados imperfeitos.Houve progressos inegveis no que diz respeito ao Neoltico (termo que no tem um sentido preciso no Egito) e ao Pr-Dinstico ao longo do vale do Nilo. Assim, no Egito, os stios do grupo cultural do sul revelaram uma copiosa documentao obtida principalmente nos cemitrios. (KI-ZERBO, 2010:741)

As culturas estudadas no Egito, tanto do norte quanto do sul, tinham semelhantes caractersticas quanto cermica, com as cores vermelho, marrom e negro predominante. Porm algumas diferenas entre ferramentas e modos de tratamento dos mortos podem ser evidenciadas. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BAINES, John e MLEK, Jaromir. O Mundo Egpcio. Deuses, Templos e Faras. V. 1. Trad. Maria Emilia Vidigal. Rio de Janeiro: Edies del Prado, 1996. CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito Antigo. 6 Ed. So Paulo: Editora Brasiliense, 1987.

CHIAVENATO, Idalberto. Administrao nos Novos Tempos. 2 Ed Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. COULTER, Mary; ROBBINS, Stephen. Administrao 5 Ed Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 Ed So Paulo: Atlas, 2002. GUIA Geogrfico. frica no Planeta Terra. Disponvel em: Acesso em 14/06/2010. ________________. Localizao do Egito na frica. Disponvel em: Acesso em 14/06/2011. JOHNSON, M. Teora Arqueolgica: Uma Introduccin. Trad. J. Ballart Barcelona: Ariel, 2000. KI-ZERBO, J. Histria Geral da frica, I: Metodologia e Pr-Histria da frica. 2 Ed. Rev. Braslia: UNESCO, 2010. LOBO, Haddock. Histria Universal. V. 1. So Paulo: Editora Egria, 1979. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administrao: da Revoluo Urbana Revoluo Digital. 5 Ed So Paulo: Atlas, 2005. MEIRELES, Manuel. Teorias da Administrao: Clssicas e Modernas. So Paulo: Futura, 2003. PINSKY, James. As Primeiras Civilizaes. 24 Ed So Paulo: Contexto, 2010.

Notas de Fim Verdadeiramente, poucas coisas no mundo so bvias quando examinadas, ainda que para muitos polticos fosse melhor que a vssemos sob outra tica. Traduo nossa. 2 Rocha sedimentar silicata, um tipo de mineral. 3 Fragmentos de rocha (no caso, dos antigos rios conforme mencionado). 4 Um fssil encontrado no Chade no pode provar que esse ancestral tenha sido produtor de bifaces. 5 Ferramenta utilizada para lascar. 6 Instrumento usado para lascar. 7 Instrumento cortante para o entalhamento da madeira. 8 Espcie de vasilha.

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ABORDAGEM DO IDOSO VTIMA DE TRAUMATISMO CRNIO-ENCEFLICO NO ATENDIMENTO DE EMERGNCIANoeli Merces Mussolin Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Santa Rita de Cssia e Professora da Universidade do Grande ABC Mestre em Cincias e Biocincia aplicada Sade Magnlia Moreira da Silva Professora da Universidade do Grande ABC Enfermeira Especialista em Cuidados ao Paciente Crtico RESUMO: A proposta deste estudo constitui-se em lanar um olhar crtico atento a um fenmeno que vem afligindo ao longo da ltima dcada os indivduos em idades avanadas e, ao mesmo tempo, elucidar quais os conhecimentos necessrios aos profissionais da rea de sade responsveis no enfrentamento deste agravo no atendimento de emergncia. Trata-se da ocorrncia de traumatismo crnio-enceflico na terceira idade, por representar um grave problema de sade pblica. A partir deste reconhecimento, realizou-se um levantamento de publicaes que abordam o atendimento de emergncia ao idoso vtima de traumatismo crnio-enceflico, elucidando os procedimentos que subsidiam o enfermeiro na execuo das manobras e proporcionem conforto ao paciente, considerando, porm, os aspectos funcionais e fisiolgicos do processo de envelhecimento. A fim de alcanar o objetivo proposto, foi considerado pertinente o desenvolvimento de uma pesquisa bibliogrfica sistemtica, do tipo exploratria-descritiva de artigos cientficos, complem