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As bem-aventuranças do diálogo Inter-religioso (Texto – uma adequação das bem-aventuranças sobre o ecumenismo) 1. Bem-aventuradas as pessoas que amam sua denominação - Não só as pessoas, mas também as denominações religiosas precisam ser valorizadas. O diálogo inter-religioso quer partilhar o que as denominações religiosas têm de bom. As melhores pessoas para um diálogo inter-religioso são aquelas que conhecem e amam com alegria a sua denominação religiosa, a comunidade onde vivem sua fé. São essas que têm o que dizer, que podem ajudar os outros a descobrir tudo de bom que aquela denominação religiosa pode trazer para a partilha com os irmãos e irmãs que crêem no evangelho. A partir desse amor à própria denominação é que podemos compreender melhor o amor que outras pessoas têm pela sua comunidade de fé. 2. Bem-aventuradas as pessoas que sabem dizer quem são sem desvalorizar o outro Denominações religiosas e pessoas têm necessidade de anunciar quem são, de proclamar o que crêem. Não seria lógico pedir a uma denominação ou a uma pessoa que se cale, que deixe de falar naquilo que acha importante para não ofender ou atrapalhar quem pensa diferente. As denominações religiosas que assumem uma postura de diálogo inter-religioso não deixam de anunciar suas próprias qualidades; até ganham uma qualidade a mais sendo fraternas no diálogo com as outras. 3. Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer as outras Não estamos acostumados a ouvir a história das outras denominações contadas por elas mesmas. Nossas informações quase sempre são de segunda mão e chegam através de escritos, palestras, pregações polêmicas que têm como objetivo mostrar o quanto nós estamos certos e os outros errados. Mesmo quando as informações em si estão corretas, o julgamento que delas se faz está marcado por um determinado ponto de vista, que pode não ser o único razoável, válido. Ouvir a mesma história, contada pela outra denominação religiosa, é fundamental para ampliar horizontes. Assim, se contribui para perder o medo e cultivar a espiritualidade do encontro, através da qual abrimos caminho para descobrir afinidades e criar uma ternura fraterna em relação aos sentimentos e realizações de outras pessoas. 4. Bem-aventuradas as pessoas de denominações diferentes que trabalham juntas por um mundo melhor Não existe nada mais universal do que os problemas e sofrimentos humanos. Os caídos neste mundo são muitos e as denominações religiosas são chamadas a prestar socorro. Como nesse serviço não se fazem dispu- tas religiosas, ele se torna um campo excelente para trabalho conjun- to. Denominações religiosas podem trabalhar juntas, tanto na ampla

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As bem-aventuranças do diálogo Inter-religioso(Texto – uma adequação das bem-aventuranças sobre o ecumenismo)

1. Bem-aventuradas as pessoas que amam sua denominação- Não só as pessoas, mas também as denominações religiosas precisam ser valorizadas. O diálogo inter-religioso quer partilhar o que as denominações religiosas têm de bom. As melhores pessoas para um diálogo inter-religioso são aquelas que conhecem e amam com alegria a sua denominação religiosa, a co-munidade onde vivem sua fé. São essas que têm o que dizer, que podem ajudar os outros a descobrir tudo de bom que aquela denominação religiosa pode trazer para a partilha com os irmãos e irmãs que crêem no evangelho. A partir desse amor à própria denominação é que podemos compreender melhor o amor que outras pessoas têm pela sua comunidade de fé.

2. Bem-aventuradas as pessoas que sabem dizer quem são sem desvalorizar o outroDenominações religiosas e pessoas têm necessidade de anunciar quem são, de proclamar o que crêem. Não seria lógico pedir a uma denominação ou a uma pessoa que se cale, que deixe de falar naquilo que acha importante para não ofender ou atrapalhar quem pensa diferente. As denominações religiosas que assumem uma postura de diálogo inter-religioso não deixam de anunciar suas próprias qualidades; até ganham uma qualidade a mais sendo fraternas no diálogo com as outras.

3. Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer as outras Não estamos acostumados a ouvir a história das outras denominações contadas por elas mesmas. Nossas informações quase sempre são de segunda mão e chegam através de escritos, palestras, pregações polêmicas que têm como objetivo mostrar o quanto nós estamos certos e os outros errados. Mesmo quando as informações em si estão corretas, o julgamento que delas se faz está marcado por um determinado ponto de vista, que pode não ser o único razoável, válido. Ouvir a mesma história, contada pela outra denominação religiosa, é fundamental para ampliar horizontes. Assim, se contribui para perder o medo e cultivar a espiritualidade do encontro, através da qual abrimos caminho para descobrir afinidades e criar uma ternura fraterna em relação aos sentimentos e realizações de outras pessoas.

4. Bem-aventuradas as pessoas de denominações diferentes que trabalham juntas por um mundo melhorNão existe nada mais universal do que os problemas e sofrimentos humanos. Os caídos neste mundo são muitos e as denominações religiosas são chamadas a prestar socorro. Como nesse serviço não se fazem disputas religiosas, ele se torna um campo excelente para trabalho conjunto. Denominações religiosas podem trabalhar juntas, tanto na ampla defesa de Direitos Humanos como nas atividades mais restritas de obra social (bazares beneficentes, mutirões de auxílio a comunidades carentes, educação para a cidadania, alfabetização...). Nesse encontro em torno do serviço, pessoas se educam umas às outras, partilham dons e exercitam a lealdade mútua.

5. Bem-aventuradas as pessoas que partilham dons e recursosExistem pessoas bem preparadas e talentosas produzindo material para promoção da vida e para o crescimento nas diferentes denominações religiosas. Evidentemente, nem sempre o que é produzido por uma denominação pode ser usado por outra sem criar problemas. É necessário um discernimento feito por gente capacitada. Porém, sempre que o conteúdo for compatível com o que cada denominação ensina, será muito bom aproveitar, dar a conhecer as produções vindas de outra denominação; essa variedade enriquece o trabalho e vai mostrando que não somos assim tão estranhos uns aos outros.

6. Bem-aventuradas as pessoas que sabem curar feridasHá pessoas que querem construir o diálogo inter-religioso e se decepcionam quando outra rejeita suas iniciativas de paz ou aproveita a brecha para agredir. Seria ingenuidade achar que basta um sorriso e um convite amável para corrigir séculos de conflitos. Não dá para esquecer o passado. Nem se deve fazer isso: a lembrança e a compreensão dos erros passados devem servir de alerta, para não repetirmos esse caminho. As feridas estão aí e necessitamos de perseverança e paciência para construir a confiança mútua. Por isso, a lealdade é fundamental. O diálogo inter-religioso se faz em jogo aberto, sem armadilhas, sem cartas escondidas na manga - mas também sem ingenuidade. O perdão e a reconciliação precisam ser mútuos, até porque as culpas estão em todos os lados. O que estamos querendo pode parecer

impossível a quem analisa a história de nossas divergências. Por isso mesmo, cada passo na direção da reconciliação é uma vitória da graça de Deus. Se não colocarmos obstáculos a essa graça, estaremos gritando ao mundo um potente testemunho da força em que cremos.

7. Bem-aventuradas as pessoas que ensinam crianças e jovens na espiritualidade da reconciliação do diálogo inter-religiosoNão iremos muito longe, a não ser que a reconciliação inter-religiosa passe a ser uma dimensão presente no ensino normal das denominações (na catequese, escolas dominicais, homilias, pregações, palestras, seminários...). É preciso que o diálogo inter-religioso faça parte do ensino como conteúdo e como clima perceptível na comunidade. Isso inclui, entre outras coisas: rever os textos usados, para corrigir o que for anti-diálogo inter-religioso; cuidar da linguagem para ir construindo boa vontade entre as denominações (falar das denominações como irmãs e não como concorrentes); promover intercâmbio, visitas, contatos entre pessoas das denominações que já estão em diálogo fraterno; falar dos bons exemplos, dos heróis e heroínas da fé, que existem nas diversas denominações; habituar jovens e crianças a participar de atos inter-religiosos; explicar com clareza e fidelidade as divergências sem fazer disso preparação para a guerra.

8. Bem-aventuradas as pessoas que vêem na diversidade uma riquezaMuitas pessoas reagem negativamente à proposta da busca da unidade porque pensam em unidade como "uniformidade". Se algum bem houve na separação das Igrejas, foi justamente a possibilidade de cada uma, no seu caminho histórico, ir descobrindo novas maneiras de viver e expressar o inesgotável mistério. Se aceitamos um mesmo Credo no essencial, não é ruim sermos diferentes no acessório; se isso não nos separar, não nos impedirá de nos sentirmos membros da mesma família.

9. Bem-aventuradas as pessoas que vivem a alegria da oração ecumênicaDiálogo inter-religioso se faz em oração. Nas situações particularmente difíceis, orar pode ser a única atitude possível, mas, nem mesmo quando tudo parece correr bem poderemos nos dispensar de colocar nas mãos de Deus o caminho do diálogo inter-religioso das nossas denominações religiosas. Um espaço de encontro é o Ensino Religioso. A oração deve vir sempre antes de qualquer discussão teológica. Gente capaz de se unir na oração se predispõe para a conversa com atitudes mais positivas e fraternas.

10. Bem-aventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias à vida de féO trabalho de demolir é para limpar o terreno e construir direito. Temos que demolir: as posturas arrogantes de donos da verdade, a fome de poder que muitas vezes paira acima das divisões e não permite que elas sejam superadas, os preconceitos que nos ensinaram, a ignorância diante dos sentimentos e dos valores das outras pessoas. Não seremos pessoas promotoras do diálogo inter-religioso sem o cultivo de algumas qualidades fundamentais. Entre elas estão: o respeito ao direito alheio, a paciência, a humildade na busca da verdade, a caridade fraterna, a lealdade, a reverência, a alteridade, o espírito de serviço, o amor, a solidariedade, o espírito de oração, o entusiasmo pela paz, a capacidade de discernir para descobrir o bem onde quer que ele se encontre, a ternura pelos irmãos e irmãs.

DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO E PAZ

ORAÇÃO

Senhor de todos os povos!Agradecemos a tua presença inspiradoraE solidária em nossas vidas.Presença que nos desafia a construirmos a pazSabemos que a paz é o teu sonho.É o nosso sonho.É a utopia das diferentes culturas.Acreditamos que a paz nasce em nossos corações.É condição humana.Está em nossas relações.

É a ponte para uma convivência sadia.Está presente na sociedade.É princípio de desenvolvimento pleno.Queremos experimentar a paz!Reafirmamos o nosso compromisso em manterO diálogo inter-religioso, fundamento da paz,A partir das diferentes compreensões religiosas.Que este diálogo nos faça mais solidários,E mais compreensivos,Menos preconceituosos e prepotentes,Dialogando construiremos a paz.Sabemos que ela está na base da sobrevivênciaDeste planeta, enriquecido pelas diferentesExperiências religiosas.Amém!!!

Como Se Faz o Ecumenismo

As bem-aventuranças da vida cristã ecumênica

Depois de conhecer a argumentação ecumênica, muita gente pergunta: - "E como é que se consegue, na prática, viver a fé de modo ecumênico?" Ecumenismo não se faz primordialmente com técnicas, estratégias. Depende muito mais de cultivar certo tipo de sentimentos, atitudes e espiritualidade. Por isso, optamos por usar, neste capítulo, um termo que pedimos emprestado a Jesus, tirado exatamente do discurso onde ele nos diz de quem é o Reino dos céus. Chamaremos de bem-aventurados aqueles e aquelas que sabem construir reconciliação e paz vivendo ecumenicamente a espiritualidade cristã. Pensamos em dois sentidos do conceito de bem-aventurança. Um diz respeito ao Reino, à salvação: bem-aventurados os que, fazendo a vontade de Deus, seguem e estimulam outros a seguir um caminho de salvação, de anúncio da Boa Nova. Os discípulos e discípulas de Jesus não terão autoridade para anunciar o evangelho se na prática estiverem exibindo rivalidade, incapacidade de construir paz e reconciliação entre si. O outro sentido tem a ver com o significado da própria palavra; bem-aventurado quer dizer "feliz". Sentimos que há mais alegria e felicidade na construção da paz do que na preparação para a guerra.

1. Bem-aventuradas as pessoas que amam sua Igreja

Não só as pessoas, mas também as Igrejas precisam ser valorizadas. O ecumenismo quer partilhar o que as Igrejas têm de bom. As melhores pessoas para um diálogo ecumênico são aquelas que conhecem e amam com alegria a sua Igreja, a comunidade onde vivem sua fé. São essas que têm o que dizer, que podem ajudar os outros a descobrir tudo de bom que aquela Igreja pode trazer para a partilha com os irmãos e irmãs que crêem no evangelho.

A partir desse amor à própria Igreja é que podemos compreender melhor o amor que outras pessoas têm pela sua comunidade de fé. Por causa desse amor é que podemos colocar como primeira regra ecumênica uma adaptação do grande mandamento referente ao próximo: não fazer a outra Igreja o que não gostamos que façam com a nossa. Poderíamos lembrar também algo parecido com as palavras de João na sua primeira carta: como posso entender, valorizar as Igrejas que ainda não conheço se não estou em paz e firme na Igreja que conheço? Nesse amor à nossa Igreja basearemos dois requisitos fundamentais para a prática ecumênica:

a) Estar bem formado (a) na sua própria denominação para poder representa-la adequadamente no diálogo: gente sem formação dará uma imagem distorcida da sua Igreja e gente que não está feliz em ser o que é pode comprometer o movimento ecumênico, fazendo com que ele apareça como espaço para misturar tudo e perder identidade. b) Saber colocar-se no lugar de outras pessoas, compreendendo seus sentimentos, para agir com delicadeza e não ferir os irmãos e irmãs justamente nesse terreno onde somos todos tão sensíveis.

2. Bem-aventuradas as pessoas que sabem dizer que são sem desvalorizar o outro

Igrejas e pessoas cristãs têm necessidade de anunciar quem são, de proclamar o que crêem. Não seria lógico pedir a uma Igreja ou a uma pessoa que se cale, que deixe de falar naquilo que acha importante' para não

ofender ou atrapalhar quem pensa diferente. Igrejas que assumem uma postura ecumênica não deixam de anunciar suas próprias qualidades; até ganham uma qualidade a mais para proclamar: podem dizer que são Igrejas tão boas que sabem ser fraternas no diálogo com as outras.

Mas a identidade de cada pessoa ou Igreja não precisa, nem deve, ser afirmada pela negação ou pelo combate a outros cristãos que estejam trabalhando pelo Reino a seu modo. Isso não significa que vamos ocultar as diferenças. Existem muitas formas possíveis de falar do que nos separa. A informação pode ser clara e corre ta sem insinuar que o outro é diferente porque tem alguma especial má vontade. É como fazemos com as pessoas que amamos. Dizemos: "Não concordo com Fulano( a) nisso ou naquilo mas reconheço que ele(a) é uma boa pessoa" e às vezes, para provar isso e atenuar a má impressão da primeira afirmação, lembramos até uma ou outra qualidade da pessoa em questão) .

A pessoa que quer ser ecumênica cuida da linguagem que usa para se referir aos outros e às Igrejas, incluindo a sua própria. É fraterna quando se refere a outros; não é arrogante quando fala de sua própria denominação. A linguagem, nesse caso, não é só verbal: inclui expressões faciais, gestos, tom de voz, atitudes.

3. Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer as outras

Não estamos acostumados a ouvir a história das outras Igrejas contadas por elas mesmas. Nossas informações quase sempre são de segunda mão e chegam através de escritos, palestras, pregações polêmicas que têm como objetivo mostrar o quanto nós estamos certos e os outros errados. Mesmo quando as informações em si estão corretas, o julgamento que delas se faz está marcado por um determinado ponto de vista, que pode não ser o único razoável, válido. Ouvir a mesma história, contada pela outra Igreja, é fundamental para ampliar horizontes.

Outra coisa importante a fazer é conhecer os membros de outras Igrejas como pessoas, antes de pensar em qualquer tipo de rótulo. Vamos conversar sobre a vida, prestar pequenos favores uns aos outros, conhecer as alegrias, temores, afetos, realizações humanas dessas pessoas. Vamos descobrir excelentes pessoas nesse processo. E vamos perceber que essas pessoas são boas, inclusive, por causa de muitos valores que lhes chegaram através da Igreja a que pertencem. Em outras palavras: são boas também por causa da Igreja e não apesar de serem dessa Igreja que não é a nossa.

Assim se contribui para perder o medo e cultivar a espiritualidade do encontro, através da qual abrimos caminho para descobrir afinidades e criar uma ternura fraterna em relação aos sentimentos e realizações de outras pessoas. Falar de um amigo ou amiga de outra Igreja é muito diferente de comentar seja o que for a respeito de um rótulo sem rosto que identifica um grupo diferente de nós.

4. Bem-aventuradas as pessoas de Igrejas diferentes que trabalham juntas por um mundo melhor

Não existe nada mais universal do que os problemas e sofrimentos humanos. Ao dizer como se conquista a vida eterna, Jesus conta a história do samaritano que socorre um desconhecido machucado. E diz a quem o interrogara: Vai e faze tu o mesmo! Os caídos neste mundo são muitos e os discípulos e discípulas de Jesus são chamados a prestar socorro. Como nesse serviço não se fazem disputas teológicas, ele se torna um campo excelente para trabalho conjunto. Igrejas podem trabalhar juntas, tanto na ampla defesa de Direitos Humanos como nas atividades mais restritas de obra social (bazares beneficentes, mutirões de auxílio a comunidades carentes, educação para a cidadania, alfabetização...). Nesse encontro em torno da diaconia, pessoas se educam umas às outras, partilham dons e exercitam a lealdade mútua.

É interessante notar que, nessas atividades, é até bom que cada uma mostre claramente sua identidade. Num protesto público, por exemplo, é importante que a população saiba que Igrejas estão ali e veja que tipo de causa as está unindo. Dessa maneira, damos dois testemunhos ao mesmo tempo: defendemos o di reito dos injustiçados e mostramos que as Igrejas estão unidas quando se trata de dar prioridade aos valores do Reino.

5. Bem-aventuradas as pessoas que partilham dons e recursos na evangelizaçãoExistem pessoas bem preparadas e talentosas produzindo material para evangelização nas diferentes

Igrejas. Evidentemente, nem sempre o que é produzido por uma denominação pode ser usado por outra sem criar problemas. É necessário um discernimento feito por gente capacitada. Porém, sempre que o conteúdo for compatível com o que cada Igreja ensina, será muito bom aproveitar, dar a conhecer as produções vindas de outra Igreja; essa varie da de enriquece o trabalho e vai mostrando que não somos assim tão estranhos uns aos outros.

Muita coisa já é feita nesse sentido. Livros, revistas, canções, roteiros de círculos bíblicos têm sido produzidos e usados em colaboração ecumênica. No final deste livro elencamos algumas instituições onde essa partilha já é feita. Quem quiser se educar para a prática da vida cristã ecumênica deve conhecer e manter contato com o material que aí é divulgado.

Um marco importante nessa partilha de recursos é a tradução ecumênica da Bíblia, um material de estudo realizado com a colaboração de biblistas de diversas confissões cristãs e do judaísmo.

6. Bem-aventuradas as pessoas que sabem curar feridas

Há pessoas que querem ser ecumênicas e se decepcionam quando outra rejeita suas iniciativas de paz ou aproveita a brecha para agredir. Seria ingenuidade achar que basta um sorriso e um convite amável para corrigir séculos de conflito. Não dá para esquecer o passado. Nem se deve fazer isso: a lembrança e a compreensão dos erros passados devem servir de alerta, para não repetirmos esse caminho. As feridas estão aí e necessitamos de perseverança e paciência para construir a confiança mútua. Por isso, a lealdade é fundamental. Ecumenismo se faz em jogo aberto, sem armadilhas, sem cartas escondidas na manga - mas também sem ingenuidade.

E quando a outra pessoa não quer ser ecumênica? Uma regra básica deve ser respeitada: não se põe mais lenha na fogueira agredindo de volta. Se for preciso esclarecer divergências, ou até defender a Igreja de um ataque injusto, faça-se isso dentro do espírito de 1 Pe 3,15-16: "Estai sempre dispostos a justificar vossa esperança perante aqueles que dela vos pedem conta. Mas fazei-o com mansidão e respeito..." Se a outra pessoa não estiver de má fé, existe forte possibilidade de que ela comece a se perguntar se é justo ser agressiva com quem a trata tão bem.

O perdão e a reconciliação precisam ser mútuos, até porque as culpas estão em todos os lados. O que estamos querendo pode parecer impossível a quem analisa a história de nossas divergências. Por isso mesmo cada passo na direção da reconciliação é uma vitória da graça de Deus. Se não colocarmos obstáculos a essa graça, estaremos gritando ao mundo um potente testemunho da força do evangelho em que cremos.

7. Bem-aventuradas as pessoas que ensinam crianças e jovens na espiritualidade da reconciliação ecumênica

Não iremos muito longe, a não ser que a reconciliação ecumênica passe a ser uma dimensão presente no ensino normal das Igrejas (na catequese, escolas dominicais, homilias, pregações, palestras, seminários...). É preciso que o ecumenismo faça parte do ensino como conteúdo e como clima perceptível na comunidade. Isso inclui, entre outras coisas: rever os textos usados, para corrigir o que for anti-ecumênico; cuidar da linguagem para ir construindo boa vontade entre as Igrejas (falar das Igrejas como irmãs e não como concorrentes); promover intercâmbio, visitas, contatos entre pessoas das Igrejas que já estão em diálogo fraterno; falar dos bons exemplos, dos heróis e heroínas da fé, que existem nas diversas Igrejas; habituar jovens e crianças a participar de atos ecumênicos; explicar com clareza e fidelidade as divergências sem fazer disso preparação para a guerra.

Um ponto delicado nesse ensino é ajudar a discernir o que de fato é bom, em qualquer Igreja, a partir dos critérios do Reino de Deus. Ser ecumênico não significa engolir qualquer coisa, desde que venha com rótulo cristão. Sempre será necessário identificar abusos, manipulação da credulidade do povo e charlatanismos feitos em nome de Jesus. Mas, mesmo nesses casos, convém não fazer generalizações indevidas: joio e trigo podem estar misturados na mesma comunidade religiosa.

8. Bem-aventuradas as pessoas que vêem na diversidade uma riquezaMuitas pessoas reagem negativamente à proposta da busca da unidade porque pensam em unidade como

"uniformidade". Se algum bem houve na separação das Igrejas, foi justamente a possibilidade de cada uma, no seu caminho histórico, ir descobrindo novas maneiras de viver e expressar o inesgotável mistério cristão. Se aceitamos um mesmo Credo no essencial, não é mau sermos diferentes no acessório, se isso não nos separar, não nos impedir de nos sentirmos membros da mesma família.

A pessoa que quer ser ecumênica aprende a ter um novo olhar sobre a diversidade. Deixa de vê-la como motivo de polêmica e busca apreciá-la como possível contribuição para alargar o horizonte. É essa compreensão do valor da diversidade que permite que alguém celebre uma coisa boa que a sua Igreja por algum motivo não con-seguiu fazer mas que está sendo bem feita em outra Igreja cristã. A vitória é da família cristã, uma família onde os irmãos e irmãs não apenas se toleram mas se querem bem e se defendem mutuamente. Não avalia mos ainda suficientemente o impacto que teria sobre a opinião pública ver uma Igreja sendo solidária com a outra, neste mundo competitivo onde cada um tenta anular o outro a qualquer preço.

9. Bem-aventuradas as pessoas que vivem a alegria da oração ecumênica

“Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,5), diz Jesus. Ecumenismo se faz com ele, em oração. Em situações particularmente difíceis, orar pode ser a única atitude possível mas, nem mesmo quando tudo parece correr bem poderemos nos dispensar de colocar nas mãos de Deus o caminho ecumênico das nossas Igrejas.

Ocasião privilegiada para fazer isso é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que termina na festa de Pentecostes. A Semana oferece muitas possibilidades de encontro, com cultos em diferentes igrejas, partilha na organização dos celebrações, na pregação, nos cantos, na pequena confraternização que se costuma fazer no final. Quem participa tem dado testemunho da grande alegria que esse evento traz. O livrinho com o tema do ano pode ser encomendado no Conselho Nacional de Igrejas, CONIC. Começa a ser feito também um convite para que as Igrejas realizem juntas uma celebração de Advento. Para isso tem sido publicado anualmente pelo

CONIC um folheto com o título "Vamos juntos a Belém". Outros tipos de oração são recomendáveis: a prece pessoal de cada um (a) pela unidade; as celebrações

ecumênicas de formatura, ação de graças, datas cívicas; o grito profético que clama aos céus nos protestos contra violações de Direitos Humanos; a oração solidária feita com vizinhos e amigos de outras Igrejas em momentos de dor ou alegria; a oração pela paz do mundo, que inclui a reconciliação entre as Igrejas, e pode ser feita nos cultos normais de cada denominação.

A oração deve vir sempre antes de qualquer discussão teológica. Gente capaz de se unir na oração se predispõe para a conversa com atitudes mais positivas e fraternas.

10. Bem-aventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias à vida cristã ecumênica

Como fez com o profeta Jeremias (Jr 1,10), Deus nos convida para demolir e construir na busca da reconciliação ecumênica.

O trabalho de demolir é para limpar o terreno e construir direito. Temos que demolir: as posturas arrogantes de donos da verdade, a fome de poder que muitas vezes paira acima das divisões e não permite que elas sejam superadas, os preconceitos que nos ensinaram, a ignorância diante dos sentimentos e dos valores das outras pessoas.

Não vamos ser pessoas ecumênicas sem o cultivo de algumas qualidades fundamentais. Entre elas estão: o respeito ao direito alheio, a paciência, a humildade na busca da verdade, a caridade fraterna, a lealdade, o espírito de serviço, o amor prioritário aos valores do Reino, a solidariedade, o espírito de oração, o entusiasmo pela paz, a capacidade de discernir para descobrir o bem onde quer que ele se encontre, a ternura pelos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai.

Agora imagine uma pessoa com todas essas qualidades. Será eficiente na promoção da vida cristã ecumênica, mas será também, por acréscimo, um ser humano melhor, em todos os sentidos.

Por isso, poderíamos resumir, bem ao estilo de Jesus: "Bem-aventuradas as pessoas que buscam a vida cristã ecumênica porque construirão a paz no mundo e estarão a caminho da santidade."

Uma dinâmica para o uso deste capítulo em estudos de grupo

Escreva as 10 bem-aventuranças em faixas e deixe-as espalhadas pelo chão. As pessoas passearão pela sala e se agruparão espontaneamente formando sub-grupos ao redor de cada uma das faixas. Cada sub-grupo conversará sobre a bem-aventurança que lhe coube, dando opiniões, citando exemplos concretos, fazendo questionamentos. Em plenário, cada sub-grupo se confrontará com o texto do capítulo e fará seus acréscimos, sugestões, ressalvas etc..., conforme o que tiver sido conversado. Ao final, todos formam uma grande roda ao redor das faixas e transformam em oração o que tiver sido refletido.

Como Se Faz o Ecumenismo

As bem-aventuranças da vida cristã ecumênica

Depois de conhecer a argumentação ecumênica, muita gente pergunta: - "E como é que se consegue, na prática, viver a fé de modo ecumênico?" Ecumenismo não se faz primordialmente com técnicas, estratégias. Depende muito mais de cultivar certo tipo de sentimentos, atitudes e espiritualidade. Por isso, optamos por usar, neste capítulo, um termo que pedimos emprestado a Jesus, tirado exatamente do discurso onde ele nos diz de quem é o Reino dos céus. Chamaremos de bem-aventurados aqueles e aquelas que sabem construir reconciliação e paz vivendo ecumenicamente a espiritualidade cristã. Pensamos em dois sentidos do conceito de bem-aventurança. Um diz respeito ao Reino, à salvação: bem-aventurados os que, fazendo a vontade de Deus, seguem e estimulam outros a seguir um caminho de salvação, de anúncio da Boa Nova. Os discípulos e discípulas de Jesus não terão autoridade para anunciar o evangelho se na prática estiverem exibindo rivalidade, incapacidade de construir paz e reconciliação entre si. O outro sentido tem a ver com o significado da própria palavra; bem-aventurado quer dizer "feliz". Sentimos que há mais

alegria e felicidade na construção da paz do que na preparação para a guerra.

1. Bem-aventuradas as pessoas que amam sua IgrejaNão só as pessoas, mas também as Igrejas precisam ser valorizadas. O

ecumenismo quer partilhar o que as Igrejas têm de bom. As melhores pessoas para um diálogo ecumênico são aquelas que conhecem e amam com alegria a sua Igreja, a co-munidade onde vivem sua fé. São essas que têm o que dizer, que podem ajudar os outros a descobrir tudo de bom que aquela Igreja pode trazer para a partilha com os irmãos e irmãs que crêem no evangelho.

A partir desse amor à própria Igreja é que podemos compreender melhor o amor que outras pessoas têm pela sua comunidade de fé. Por causa desse amor é que podemos colocar como primeira regra ecumênica uma adaptação do grande mandamento referente ao próximo: não fazer a outra Igreja o que não gostamos que façam com a nossa. Poderíamos lembrar também algo parecido com as palavras de João na sua primeira carta: como posso entender, valorizar as Igrejas que ainda não conheço se não estou em paz e fir-me na Igreja que conheço? Nesse amor à nossa Igreja basearemos dois requisitos fundamentais para a prática ecumênica:

c) Estar bem formado (a) na sua própria denominação para poder representa-la adequadamente no diálogo: gente sem formação dará uma imagem distorcida da sua Igreja e gente que não está feliz em ser o que é pode comprometer o movimento ecumênico, fazendo com que ele apareça como espaço para misturar tudo e perder identidade. d) Saber colocar-se no lugar de outras pessoas, compreendendo seus sentimentos, para agir com delicadeza e não ferir os irmãos e irmãs justamente nesse terreno onde somos todos tão sensíveis.

2. Bem-aventuradas as pessoas que sabem dizer que são sem desvalorizar o outro

Igrejas e pessoas cristãs têm necessidade de anunciar quem são, de proclamar o que crêem. Não seria lógico pedir a uma Igreja ou a uma pessoa que se cale, que deixe de falar naquilo que acha importante' para não ofender ou atrapalhar quem pensa diferente. Igrejas que assumem uma postura ecumênica não deixam de anunciar suas próprias qualidades; até ganham uma qualidade a mais para proclamar: podem dizer que são Igrejas tão boas que sabem ser fraternas no diálogo com as outras.

Mas a identidade de cada pessoa ou Igreja não precisa, nem deve, ser afirmada pela negação ou pelo combate a outros cristãos que estejam trabalhando pelo Reino a seu modo. Isso não significa que vamos ocultar as diferenças. Existem muitas formas possíveis de falar do que nos separa. A informação pode ser clara e correta sem insinuar que o outro é diferente porque tem alguma especial má vontade. É como fazemos com as pessoas que amamos. Dizemos: "Não concordo com Fulano( a) nisso ou naquilo mas reconheço que ele(a) é uma boa pessoa" e às vezes, para provar isso e atenuar a má impressão da primeira afirmação, lembramos até uma ou outra qualidade da pessoa em questão) .

A pessoa que quer ser ecumênica cuida da linguagem que usa para se referir aos outros e às Igrejas, incluindo a sua própria. É fraterna quando se refere a outros; não é arrogante quando fala de sua própria denominação. A linguagem, nesse caso, não é só verbal: inclui expressões faciais, gestos, tom de voz, atitudes.

3. Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer as outras

Não estamos acostumados a ouvir a história das outras Igrejas contadas por elas mesmas. Nossas informações quase sempre são de segunda mão e chegam através de escritos, palestras, pregações polêmicas que têm como objetivo mostrar o quanto nós estamos certos e os outros errados. Mesmo quando as informações em si estão corretas, o julgamento que delas se faz está marcado por um determinado ponto de vista, que pode não ser o único razoável, válido. Ouvir a mesma história, contada pela outra Igreja, é fundamental para ampliar horizontes.

Outra coisa importante a fazer é conhecer os membros de outras Igrejas como pessoas, antes de pensar em qualquer tipo de rótulo. Vamos conversar sobre a vida, prestar pequenos favores uns aos outros, conhecer as alegrias, temores, afetos, realizações humanas dessas pessoas. Vamos descobrir excelentes pessoas nesse processo. E vamos perceber que essas pessoas são boas, inclusive, por causa de muitos valores que lhes chegaram através da Igreja a que pertencem. Em outras palavras: são boas também por causa da Igreja e não apesar de serem dessa Igreja que não é a nossa.

Assim se contribui para perder o medo e cultivar a espiritualidade do encontro, através da qual abrimos caminho para descobrir afinidades e criar uma ternura fraterna em relação aos sentimentos e realizações de outras pessoas. Falar de um amigo ou amiga de outra Igreja é muito diferente de comentar seja o que for a respeito de um rótulo sem rosto que identifica um grupo diferente de nós.

4. Bem-aventuradas as pessoas de Igrejas diferentes que trabalham juntas por um mundo melhor

Não existe nada mais universal do que os problemas e sofrimentos humanos. Ao dizer como se conquista a vida eterna, Jesus conta a história do samaritano que socorre um desconhecido machucado. E diz a quem o interrogara: Vai e faze tu o mesmo! Os caídos neste mundo são muitos e os discípulos e discípulas de Jesus são chamados a prestar socorro. Como nesse serviço não se fazem disputas teológicas, ele se torna um campo excelente para trabalho conjunto. Igrejas podem trabalhar juntas, tanto na ampla defesa de Direitos Humanos como nas atividades mais restritas de obra social (bazares beneficentes, mutirões de auxílio a comunidades carentes, educação para a cidadania, alfabetização...). Nesse encontro em torno da diaconia, pessoas se educam umas às outras, partilham dons e exercitam a lealdade mútua.

É interessante notar que, nessas atividades, é até bom que cada uma mostre claramente sua identidade. Num protesto público, por exemplo, é importante que a população saiba que Igrejas estão ali e veja que tipo de causa as está unindo. Dessa maneira, damos dois testemunhos ao mesmo tempo: defendemos o direito dos injustiçados e mostramos que as Igrejas estão unidas quando se trata de dar prioridade aos valores do Reino.

5. Bem-aventuradas as pessoas que partilham dons e recursos na evangelizaçãoExistem pessoas bem preparadas e talentosas produzindo material para

evangelização nas diferentes Igrejas. Evidentemente, nem sempre o que é produzido por uma denominação pode ser usado por outra sem criar problemas. É necessário um discernimento feito por gente capacitada. Porém, sempre que o conteúdo for compatível com o que cada Igreja ensina, será muito bom aproveitar, dar a conhecer as produções vindas de outra Igreja; essa varie da de enriquece o trabalho e vai mostrando que não somos assim tão estranhos uns aos outros.

Muita coisa já é feita nesse sentido. Livros, revistas, canções, roteiros de círculos

bíblicos têm sido produzidos e usados em colaboração ecumênica. No final deste livro elencamos algumas instituições onde essa partilha já é feita. Quem quiser se educar para a prática da vida cristã ecumênica deve conhecer e manter contato com o material que aí é divulgado.

Um marco importante nessa partilha de recursos é a tradução ecumênica da Bíblia, um material de estudo realizado com a colaboração de biblistas de diversas confissões cristãs e do judaísmo.

6. Bem-aventuradas as pessoas que sabem curar feridasHá pessoas que querem ser ecumênicas e se decepcionam quando outra rejeita

suas iniciativas de paz ou aproveita a brecha para agredir. Seria ingenuidade achar que basta um sorriso e um convite amável para corrigir séculos de conflito. Não dá para esquecer o passado. Nem se deve fazer isso: a lembrança e a compreensão dos erros pas-sados devem servir de alerta, para não repetirmos esse caminho. As feridas estão aí e necessitamos de perseverança e paciência para construir a confiança mútua. Por isso, a lealdade é fundamental. Ecumenismo se faz em jogo aberto, sem armadilhas, sem cartas escondidas na manga - mas também sem ingenuidade.

E quando a outra pessoa não quer ser ecumênica? Uma regra básica deve ser respeitada: não se põe mais lenha na fogueira agredindo de volta. Se for preciso esclarecer divergências, ou até defender a Igreja de um ataque injusto, faça-se isso dentro do espírito de 1 Pe 3,15-16: "Estai sempre dispostos a justificar vossa esperança perante aqueles que dela vos pedem conta. Mas fazei-o com mansidão e respeito..." Se a outra pessoa não estiver de má fé, existe forte possibilidade de que ela comece a se perguntar se é justo ser agressiva com quem a trata tão bem.

O perdão e a reconciliação precisam ser mútuos, até porque as culpas estão em todos os lados. O que estamos querendo pode parecer impossível a quem analisa a história de nossas divergências. Por isso mesmo cada passo na direção da reconciliação é uma vitória da graça de Deus. Se não colocarmos obstáculos a essa graça, estaremos gritando ao mundo um potente testemunho da força do evangelho em que cremos.

7. Bem-aventuradas as pessoas que ensinam crianças e jovens na espiritualidade da reconciliação ecumênica

Não iremos muito longe, a não ser que a reconciliação ecumênica passe a ser uma dimensão presente no ensino normal das Igrejas (na catequese, escolas dominicais, homilias, pregações, palestras, seminários...). É preciso que o ecumenismo faça parte do ensino como conteúdo e como clima perceptível na comunidade. Isso inclui, entre outras coisas: rever os textos usados, para corrigir o que for anti-ecumênico; cuidar da linguagem para ir construindo boa vontade entre as Igrejas (falar das Igrejas como irmãs e não como concorrentes); promover intercâmbio, visitas, contatos entre pessoas das Igrejas que já estão em diálogo fraterno; falar dos bons exemplos, dos heróis e heroínas da fé, que existem nas diversas Igrejas; habituar jovens e crianças a participar de atos ecumênicos; explicar com clareza e fidelidade as divergências sem fazer disso preparação para a guerra.

Um ponto delicado nesse ensino é ajudar a discernir o que de fato é bom, em qualquer Igreja, a partir dos critérios do Reino de Deus. Ser ecumênico não significa engolir qualquer coisa, desde que venha com rótulo cristão. Sempre será necessário identificar abusos, manipulação da credulidade do povo e charlatanismos feitos em nome de Jesus. Mas, mesmo nesses casos, convém não fazer generalizações indevidas: joio e

trigo podem estar misturados na mesma comunidade religiosa.

8. Bem-aventuradas as pessoas que vêem na diversidade uma riquezaMuitas pessoas reagem negativamente à proposta da busca da unidade porque

pensam em unidade como "uniformidade". Se algum bem houve na separação das Igrejas, foi justamente a possibilidade de cada uma, no seu caminho histórico, ir descobrindo novas maneiras de viver e expressar o inesgotável mistério cristão. Se aceitamos um mesmo Credo no essencial, não é mau sermos diferentes no acessório, se isso não nos separar, não nos impedir de nos sentirmos membros da mesma família.

A pessoa que quer ser ecumênica aprende a ter um novo olhar sobre a diversidade. Deixa de vê-la como motivo de polêmica e busca apreciá-la como possível contribuição para alargar o horizonte. É essa compreensão do valor da diversidade que permite que alguém celebre uma coisa boa que a sua Igreja por algum motivo não conseguiu fazer mas que está sendo bem feita em outra Igreja cristã. A vitória é da família cristã, uma família onde os irmãos e irmãs não apenas se toleram mas se querem bem e se defendem mutuamente. Não avaliamos ainda suficientemente o impacto que teria sobre a opinião pública ver uma Igreja sendo solidária com a outra, neste mundo competitivo onde cada um tenta anular o outro a qualquer preço.

9. Bem-aventuradas as pessoas que vivem a alegria da oração ecumênica“Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,5), diz Jesus. Ecumenismo se faz com ele,

em oração. Em situações particularmente difíceis, orar pode ser a única atitude possível mas, nem mesmo quando tudo parece correr bem poderemos nos dispensar de colocar nas mãos de Deus o caminho ecumênico das nossas Igrejas.

Ocasião privilegiada para fazer isso é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que termina na festa de Pentecostes. A Semana oferece muitas possibilidades de encontro, com cultos em diferentes igrejas, partilha na organização dos celebrações, na pregação, nos cantos, na pequena confraternização que se costuma fazer no final. Quem participa tem dado testemunho da grande alegria que esse evento traz. O livrinho com o tema do ano pode ser encomendado no Conselho Nacional de Igrejas, CONIC. Começa a ser feito também um convite para que as Igrejas realizem juntas uma celebração de Advento. Para isso tem sido publicado anualmente pelo CONIC um folheto com o título "Vamos juntos a Belém".

Outros tipos de oração são recomendáveis: a prece pessoal de cada um (a) pela unidade; as celebrações ecumênicas de formatura, ação de graças, datas cívicas; o grito profético que clama aos céus nos protestos contra violações de Direitos Humanos; a oração solidária feita com vizinhos e amigos de outras Igrejas em momentos de dor ou alegria; a oração pela paz do mundo, que inclui a reconciliação entre as Igrejas, e pode ser feita nos cultos normais de cada denominação.

A oração deve vir sempre antes de qualquer discussão teológica. Gente capaz de se unir na oração se predispõe para a conversa com atitudes mais positivas e fraternas.

10. Bem-aventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias à vida cristã ecumênica

Como fez com o profeta Jeremias (Jr 1,10), Deus nos convida para demolir e construir na busca da reconciliação ecumênica.

O trabalho de demolir é para limpar o terreno e construir direito. Temos que

demolir: as posturas arrogantes de donos da verdade, a fome de poder que muitas vezes paira acima das divisões e não permite que elas sejam superadas, os preconceitos que nos ensinaram, a ignorância diante dos sentimentos e dos valores das outras pessoas.

Não vamos ser pessoas ecumênicas sem o cultivo de algumas qualidades fundamentais. Entre elas estão: o respeito ao direito alheio, a paciência, a humildade na busca da verdade, a caridade fraterna, a lealdade, o espírito de serviço, o amor prioritário aos valores do Reino, a solidariedade, o espírito de oração, o entusiasmo pela paz, a capacidade de discernir para descobrir o bem onde quer que ele se encontre, a ternura pelos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai.

Agora imagine uma pessoa com todas essas qualidades. Será eficiente na promoção da vida cristã ecumênica, mas será também, por acréscimo, um ser humano melhor, em todos os sentidos.

Por isso, poderíamos resumir, bem ao estilo de Jesus: "Bem-aventuradas as pessoas que buscam a vida cristã ecumênica porque construirão a paz no mundo e estarão a caminho da santidade."

Uma dinâmica para o uso deste capítulo em estudos de grupo Escreva as 10 bem-aventuranças em faixas e deixe-as espalhadas pelo chão. As

pessoas passearão pela sala e se agruparão espontaneamente formando sub-grupos ao redor de cada uma das faixas. Cada sub-grupo conversará sobre a bem-aventurança que lhe coube, dando opiniões, citando exemplos concretos, fazendo questionamentos. Em plenário, cada sub-grupo se confrontará com o texto do capítulo e fará seus acréscimos, sugestões, ressalvas etc... conforme o que tiver sido conversado. Ao final, todos formam uma grande roda ao redor das faixas e transformam em oração o que tiver sido refletido.

Oração do Educador

Com meus alunos, tomo consciência de minha responsabilidadee de minhas limitações como educadore com eles,procuro a resposta. Sei que esta resposta só será verdadeira

Se for abertura e serviço.Sei que vivo num mundo complexo,Apressado, poluído, egoísta...Por isso quero ser simples, calmo, aberto.

No diálogo constante e amoroso com meus alunos,

procuro a libertação do meu egoísmopara me comunicar, para valorizaros que são motivo de minha vocação.

Para uma melhor integração dos homens entre si e com a Transcendência, quero fazer da ciência um diálogo; da minha aula, um lar;

dos meus alunos, amigos;de minha vida, um dom.

Trago nos olhos e no coração,o nome, a família, o mundo de cada um.

Como agente da história que soude mim dependerá deixarum mundo um pouco melhor,de mim dependerá a participação

de meus alunos na construção do paraíso, que começa aqui, agora e sempre. Amém.

Parabéns! Felicidades!

Oração do EducadorCom meus alunos, tomo consciência de minha responsabilidadee de minhas limitações como educadore com eles,procuro a resposta.

Sei que esta resposta só será verdadeira Se for abertura e serviço.

Sei que vivo num mundo complexo,Apressado, poluído, egoísta...Por isso quero ser simples, calmo, aberto.

No diálogo constante e amoroso com meus alunos,

procuro a libertação do meu egoísmopara me comunicar, para valorizaros que são motivo de minha vocação.

Para uma melhor integração dos homens entre si e com a Transcendência, quero fazer da ciência um diálogo; da minha aula, um lar;

dos meus alunos, amigos;de minha vida, um dom.

Trago nos olhos e no coração,o nome, a família, o mundo de cada um.

Como agente da história que soude mim dependerá deixarum mundo um pouco melhor,de mim dependerá a participação

de meus alunos na construção do paraíso, que começa aqui, agora e sempre. Amém.

Parabéns! Felicidades!

Oração Inicial

Senhor Criador de todas as coisas que recebe tantos nomes e gestos de devoção.Estamos nos desafiando a construir uma outra caminhada a partir do Ensino Religioso. Temos o propósito de dialogar com todos que assumem a ousadia de serem educadores.Queremos estar em diálogo com os educandos, seus pais e com suas tradições religiosas.Abra nosso coração para dialogar e compreender o diferente.Temos consciência de nossas imperfeições, sabemos dos nossos limites.Ajuda-nos a vencer o preconceito, a intolerância, a prepotência.Auxilia-nos a olhar mais além, porém com os pés em nossa realidade.

Esteja conosco nesta ousadia de dialogar, conviver e aprender com a diversidade.Abra nossa mente ao conhecimento religioso.Sabemos que está presente no entusiasmo daqueles que amam o ser humano acima de qualquer estereótipo.Mas que têm a sua identidade religiosa e fazem desta um princípio de entendimento.Sabemos que está no sangue dos que lutam por justiça, dos que combatem toda a opressão e discriminação, seja qual for a sua origem.Ajuda-nos a despojar-nos do preconceito.Queremos como educadores, estar na defesa da maioria desfavorecida, dos desprezados pela sociedade da opulência e do esbanjamento.Queremos ser solidários como tantos líderes religiosos ousaram ser. Queremos que esta solidariedade esteja em nosso íntimo. Que ela habite em nós.Ajuda-nos a fazer a experiência da solidariedade.Temos a esperança de que podemos melhorar a educação, a família, a sociedade. Cremos que isto não é ilusão, mas é motor da ação educativa.Temos a esperança de que é possível construir um mundo melhor, o melhor de todos.Reforce nossa esperança e compromisso com o novo.Também somos responsáveis pelas gerações que estão em nossas mãos. Temos esta consciência.Sabemos que é um compromisso imenso. O cidadão do futuro depende também de nós. Somos responsáveis pelas nossas escolas.Queremos que elas sejam espaços de vida, cidadania e liberdade.Dê-nos coragem de assumir o nosso papel de educadores.Trabalhamos com a diversidade religiosa. Encontramos com alunos e professores que seguem diferentes crenças. Somos desafiados a dialogar com o diferente. Somos desafiados a respeitá-los. Antes de tudo são nossos irmãos.Faça-nos tolerantes e solidários frente à diversidade religiosa.Nossas religiões podem nos fazer melhores. Permita que nos deixemos transformar pelo seu espírito e pela sua ação misteriosa que se manifesta nas diferentes religiões.Abra nosso coração ao mistério da fé.Agradecemos-lhe pelas transformações que tem acontecido em nossas escolas, com os nossos educadores.Agradecemos a capacidade que nos dá, na busca do diálogo e do entendimento, do crescimento intelectual e humano.Senhor.Permita que o seu espírito nos inspire na confiança, no diálogo e no crescimento mútuo. Que a nossa religião, a nossa experiência de fé nos conduza ao seu regaço, passando pelos nossos irmãos e vivenciando com eles a fraternidade. Que a partilha das vivências e das experiências religiosas abra o nosso espírito ao mistério do outro e ao mistério da sua ação em nosso meio. Amém!

Prece de União entre as religiõesThomas Merton - monge trapista “Deus, nós somos um Contigo. Tu nos tornaste unos Contigo. Tu nos ensinaste que se nos abrirmos uns aos outros, Tu estarás entre nós.Ajuda-nos a preservar essa abertura, e lutar por ela com todo nosso coração.Ajuda-nos a entender que não pode haver nenhum entendimento onde há rejeição mútua.Oh, Deus, ao aceitarmos uns aos outros de todo o coração, total e completamente, aceitamos a Ti, e Te agradecemos, e Te adoramos, e Te amamos com todo nosso ser, porque nosso ser é o Teu Ser, nosso espírito está enraizado em Teu Espírito.Preenche-nos com amor, e nos mantém unidos pelos laços do amor agora que partimos em direções diferentes, unidos nesse espírito que Te torna presente no mundo, e que Te faz a testemunha da realidade última, que é o Amor.

O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém”.

Prece de União entre as religiõesThomas Merton - monge trapista “Deus, nós somos um Contigo. Tu nos tornaste unos Contigo. Tu nos ensinaste que se nos abrirmos uns aos outros, Tu estarás entre nós.Ajuda-nos a preservar essa abertura, e lutar por ela com todo nosso coração.Ajuda-nos a entender que não pode haver nenhum entendimento onde há rejeição mútua.Oh, Deus, ao aceitarmos uns aos outros de todo o coração, total e completamente, aceitamos a Ti, e Te agradecemos, e Te adoramos, e Te amamos com todo nosso ser, porque nosso ser é o Teu Ser, nosso espírito está enraizado em Teu Espírito.Preenche-nos com amor, e nos mantém unidos pelos laços do amor agora que partimos em direções diferentes, unidos nesse espírito que Te torna presente no mundo, e que Te faz a testemunha da realidade última, que é o Amor.O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém”.

Prece de União entre as religiõesThomas Merton - monge trapista “Deus, nós somos um Contigo. Tu nos tornaste unos Contigo. Tu nos ensinaste que se nos abrirmos uns aos outros, Tu estarás entre nós.Ajuda-nos a preservar essa abertura, e lutar por ela com todo nosso coração.Ajuda-nos a entender que não pode haver nenhum entendimento onde há rejeição mútua.Oh, Deus, ao aceitarmos uns aos outros de todo o coração, total e completamente, aceitamos a Ti, e Te agradecemos, e Te adoramos, e Te amamos com todo nosso ser, porque nosso ser é o Teu Ser, nosso espírito está enraizado em Teu Espírito.Preenche-nos com amor, e nos mantém unidos pelos laços do amor agora que partimos em direções diferentes, unidos nesse espírito que Te torna presente no mundo, e que Te faz a testemunha da realidade última, que é o Amor.O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém”.

Prece de União entre as religiõesThomas Merton - monge trapista “Deus, nós somos um Contigo. Tu nos tornaste unos Contigo. Tu nos ensinaste que se nos abrirmos uns aos outros, Tu estarás entre nós.Ajuda-nos a preservar essa abertura, e lutar por ela com todo nosso coração.Ajuda-nos a entender que não pode haver nenhum entendimento onde há rejeição mútua.Oh, Deus, ao aceitarmos uns aos outros de todo o coração, total e completamente, aceitamos a Ti, e Te agradecemos, e Te adoramos, e Te amamos com todo nosso ser, porque nosso ser é o Teu Ser, nosso espírito está enraizado em Teu Espírito.Preenche-nos com amor, e nos mantém unidos pelos laços do amor agora que partimos em direções diferentes, unidos nesse espírito que Te torna presente no mundo, e que Te faz a testemunha da realidade última, que é o Amor.O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém”.

Prece de União entre as religiões - Thomas Merton - monge trapista

Prece feita por ele no encerramento da Primeira Conferência Inter-religiosa de Cúpula em Calcutá, 1968.

Comentário inicial:“Teremos que criar uma nova linguagem de oração. E essa nova linguagem tem que vir de algo que transcende todas nossas tradições, e brota da proximidade do amor. Temos que partir, agora, conscientes do amor que nos une independentemente de nossas diferenças”....

A PRECE:“Deus, nós somos um Contigo. Tu nos tornaste unos Contigo. Tu nos ensinaste que se nos abrirmos uns aos outros, Tu estarás entre nós.Ajuda-nos a preservar essa abertura, e lutar por ela com todo nosso coração.Ajuda-nos a entender que não pode haver nenhum entendimento onde há rejeição mútua.

Oh, Deus, ao aceitarmos uns aos outros de todo o coração, total e completamente, aceitamos a Ti, e Te agradecemos, e Te adoramos, e Te amamos com todo nosso ser, porque nosso ser é o Teu Ser, nosso espírito está enraizado em Teu Espírito.Preenche-nos com amor, e nos mantém unidos pelos laços do amor agora que partimos em direções diferentes, unidos nesse espírito que Te torna presente no mundo, e que Te faz a testemunha da realidade última, que é o Amor.O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém”.

Retirado do livro “Speaking of Silence – Christians and Buddhists on the Contemplative Way” Ed. Paulist Press, 1987, pag. 224.

Sermão da Montanha do diálogo religioso

e)Quando entrares num diálogo inter-religioso não penses, de antemão, no que deves crer;f)Quando deres testemunho da tua fé, não te defendas a ti mesmo nem defendas teus interesses concretos, por mais sagrados que possam aparecer. Faze como os pássaros do céu, que cantam e voam e não defendem nem a sua música nem a sua beleza;g)Quando dialogares com alguém, observa teu interlocutor como uma experiência reveladora, como se olhasses – ou deverias olhar - os lírios do campo;h)Quando iniciares um diálogo intra-religioso, procura arrancar primeiro a trava do teu olho antes de tirar a palha do olho do teu próximo;i)Bem-aventurado sejas quando não te sentires auto-suficiente enquanto estiveres dialogando;j)Bem–aventurado sejas quando confiares no outro porque confias em Mim;k)Bem-aventurado sejas quando afrontares incompreensões de tua comunidade ou de outros por causa da tua fidelidade à verdade;l) Bem-aventurado sejas quando mantiveres tuas convicções sem as apresentar como normas absolutas;m)Ai de vós, teólogos e acadêmicos, que desprezais o que os outros dizem porque considerais incômodo ou não suficientemente, cientifico;

10-Ai de vós, profissionais das religiões, se não escutai o grito dos pequenos;11-Ai de vós, autoridades religiosas, porque impedis a mudança e a (re) conversão;12-Ai de vós, gente religiosa, porque monopolizais a religião e sufocais o Espírito que sopra onde quer e Como quer. Com carinho – 02/07/09. M.Inês

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