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AS CORES E AS FORMAS DA PAISAGEM DO CAMPO: uma experiência estética no ensino da arte. Rosi Adriana Rosario Bueno 1 orientanda Maria Francisca Vilas Boas Leffer 2 orientadora RESUMO: Esse estudo refere-se ao trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Educação do Campo, da Universidade Tuiuti do Paraná, realizado em Tijucas do Sul, Paraná. O objetivo desse trabalho consiste em conhecer as possibilidades e a prática de extrair da natureza pigmentos do reino mineral e vegetal para as aulas de arte, de uma escola do campo, como forma estética da representação da natureza. São objetivos específicos: Explorar o meio ambiente de forma ecologicamente correta, usufruindo do mesmo para atividades artisticas; reconhecer e retirar diversos pigmentos da natureza; utilizar os pigmentos naturais em atividades de arte. A metodologia utilizada está focada em leituras bibliograficas, pesquisas na internet e na pesquisa de campo com exploração dos pigmentos minerais do entorno da escola; confecção de tintas para a realização de práticas de pinturas no local onde a escola de campo está inserida, principalmente, reconhecimento no entendimento da natureza. A pesquisa traz como suas principais referências bibliográficas, autores renomados que explicitam a educação no campo, bem como Paulo Freire; Forquine Neide Pelaez de Campos, que retrata assuntos como experiências e pesquisas de artes visuais. No termina deste trabalho com o tema: “As cores e as formas da paisagem do campo: uma experiência estética no ensino da arte”, o qual está diretamente sintonizado com a disciplina de arte e desenvolvido numa escola do campo, foi possível aprender a importância da valorização e reconhecimento da natureza, principalmente nos aspectos de aproveitá-la de forma sustentável na extração de matéria prima para nas aulas de arte. Palavras Chaves: Educação no campo, Arte, pigmentos naturais, Campestre. 1 INTRODUÇÃO Esse estudo refere-se ao trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Educação do Campo, da Universidade Tuiuti do Paraná, realizado em Tijucas do Sul, região metropolitana de Curitiba - Paraná. O objetivo desse trabalho consiste em conhecer as possibilidades e a prática de extrair da natureza pigmentos do reino mineral e vegetal para as aulas de arte, de uma escola do campo, como forma estética da representação da natureza. São objetivos específicos: Explorar o meio 1 Pedagoga, professora da Escola Rural Municipal Ermínio Cardoso, da comunidade Campestre de Tijucas do Sul, região metropolitana de Curitiba. Pós-graduada em Educação do Campo. 2 Professora da Universidade Tuiuti do Paraná, pedagoga e arte-educadora, mestra em arte-educação pela UFPR.

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AS CORES E AS FORMAS DA PAISAGEM DO CAMPO:

uma experiência estética no ensino da arte.

Rosi Adriana Rosario Bueno1 orientanda

Maria Francisca Vilas Boas Leffer2orientadora

RESUMO: Esse estudo refere-se ao trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Educação do Campo, da Universidade Tuiuti do Paraná, realizado em Tijucas do Sul, Paraná. O objetivo desse trabalho consiste em conhecer as possibilidades e a prática de extrair da natureza pigmentos do reino mineral e vegetal para as aulas de arte, de uma escola do campo, como forma estética da representação da natureza. São objetivos específicos: Explorar o meio ambiente de forma ecologicamente correta, usufruindo do mesmo para atividades artisticas; reconhecer e retirar diversos pigmentos da natureza; utilizar os pigmentos naturais em atividades de arte. A metodologia utilizada está focada em leituras bibliograficas, pesquisas na internet e na pesquisa de campo com exploração dos pigmentos minerais do entorno da escola; confecção de tintas para a realização de práticas de pinturas no local onde a escola de campo está inserida, principalmente, reconhecimento no entendimento da natureza. A pesquisa traz como suas principais referências bibliográficas, autores renomados que explicitam a educação no campo, bem como Paulo Freire; Forquine Neide Pelaez de Campos, que retrata assuntos como experiências e pesquisas de artes visuais. No termina deste trabalho com o tema: “As cores e as formas da paisagem do campo: uma experiência estética no ensino da arte”, o qual está diretamente sintonizado com a disciplina de arte e desenvolvido numa escola do campo, foi possível aprender a importância da valorização e reconhecimento da natureza, principalmente nos aspectos de aproveitá-la de forma sustentável na extração de matéria prima para nas aulas de arte.

Palavras Chaves: Educação no campo, Arte, pigmentos naturais, Campestre.

1 INTRODUÇÃO

Esse estudo refere-se ao trabalho de conclusão do Curso de Especialização

em Educação do Campo, da Universidade Tuiuti do Paraná, realizado em Tijucas do

Sul, região metropolitana de Curitiba - Paraná. O objetivo desse trabalho consiste

em conhecer as possibilidades e a prática de extrair da natureza pigmentos do reino

mineral e vegetal para as aulas de arte, de uma escola do campo, como forma

estética da representação da natureza. São objetivos específicos: Explorar o meio

1Pedagoga, professora da Escola Rural Municipal Ermínio Cardoso, da comunidade Campestre de Tijucas do Sul,

região metropolitana de Curitiba. Pós-graduada em Educação do Campo. 2 Professora da Universidade Tuiuti do Paraná, pedagoga e arte-educadora, mestra em arte-educação pela

UFPR.

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ambiente de forma ecologicamente correta, usufruindo do mesmo para atividades

artísticas; reconhecer e retirar diversos pigmentos da natureza; utilizar os pigmentos

naturais em atividades de arte. A metodologia utilizada está focada em leituras

bibliográficas, pesquisas na internet e na realização de atividades práticas no local

onde a escola do campo está inserida, principalmente na exploração,

reconhecimento e entendimento da natureza. A leitura e a observação do ambiente

são os principais instrumentos desta pesquisa.Foicoletado pigmentos naturais tanto

vegetais como minerais. A pesquisa traz como suas principais referências

bibliográficas, autores renomados que explicitam a educação no campo bem como

Paulo Freire, e Neide Pelaez de Campos que retrata assuntos como experiências e

pesquisas de artes visuais. Também buscou-se aprofundamento teórico sobre

escola e cultura segundo o livro de Jean Claude Forquin, o qual menciona a relação

de cultura na questão curricular da escola e sua contribuição para o processo de

ensino e aprendizagem.

Este artigo está dividido em cinco seções: começando com a História da

educação do campo no Brasil e seus subtítulos: Ranços e avanços da educação do

campo do momento presente; resumo histórico da educação da comunidade

campestre; a educação do campo no confronto com a arte: alguns pressupostos

teóricos e metodológicos sobre o ensino da arte;

2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO CAMPO NO BRASIL

No Brasil, a história de luta de educação no campo aindapassa por grandes

limitações e dificuldades. Constantemente as escolas rurais sofrem com as

arbitrárias politicas de fechamento, advindas daqueles que deveriam defender e

garantir o direito ao acesso á educação.

O modelo de escola do campo no Brasil segue o modelo urbano de

educação, ou seja, não segue os períodos de produção agrícolas, nem regionaliza o

conhecimento dentro dos limites e possibilidades que a realidade do homem do

campo pode oferecer.

Contudo, este modelo elitizado de educação surge nos primórdios do

descobrimento do Brasil. Desde a chegada de Pedro Alvares Cabral ao Brasil, em

1500, século VI. O objetivo dos portugueses não foi inicialmente de „‟educar„‟ os

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povos que aqui já existiam, mas de explorar as riquezas que a nova terra poderia

oferecer, inicialmente, o pau-brasil. Isso se dava através da catequização, ou seja,

alienação ao uso da ‟‟fé‟‟. Segundo Oliveira, (2010, p. 253), a catequização dos

índios esteve, dessa forma, sob a responsabilidade dos inacianos até o século XVIII.

A exploração dos nativos exigiria mão-de-obra, que por sua vez não

demandaria princípios culturais científicos para concretização da execução da 4ª

extração de madeira e outros produtos. Como forma de pagamento, os portugueses

ofereciam qualquer objeto sem grande valia, a pequenos enfeites, aos índios.

Este processo inicial demandou-se até 1534, quando o rei de Portugal inicia

o processo de capitanias hereditárias.

Assim, após a invasão, inicia-se o processo de concentração de terras, em

1534, quando o Rei de Portugal divide o Brasil em capitanias hereditárias,

distribuindo-as a amigos de Portugal.

A ação distributiva foi o inicio da concentração de terra por particulares através da compra e ilegal, da grilagem, da posse pela violência paramilitar, ou das negociações diretas com os poderes públicos. (BRANDÃO, 2003, p. 24)

Com o passar do tempo, a ambição dos portugueses começaram a

aumentar, inicia-se então, o processo de dominação de expulsão e extermínio dos

índios para que o governo português pudesse explorar a terra e tudo aquilo que

continha nela.“O efeito mediato da conquista foi a dominação e o extermínio, pela

guerra, pela escravização, pela doença de milhões de indígenas...” (CARVALHO,

2008, p. 18).

Com o extermínio e expulsão dos índios de seu território, a necessidade de

„‟mão-de-obra‟‟ volta a rondar os portugueses, dando inicio ao processo de

exploração dos negros africanos e de alguns outros imigrantes pobres vindos da

Europa e de regiões do Oriente.

Os escravos negros eram controlados com muito rigor pelos senhores do

engenho, que atribuíam poderes aos feitores para fiscalizar, açoitar, punir aqueles

que desobedeciam as ordens “superiores”, este processo durou cerca de 300 anos

no Brasil.

O passado humano não é um agregado de histórias separadas, mas uma soma unitária do comportamento humano, cada aspecto do qual se

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relaciona com outros de determinadas maneiras, tal como os atores individuais se relacionavam de certas maneiras (pelo mercado, pelas relações de poder e subordinação, etc.). (THOMPSOM, 1978, p. 50).

Somente com a promulgação da Lei 601 de 18 de setembro de 1850 com o

fim das leis de terras, que determinava que as terras devolutas (terras que foram

doadas pelo monarca português no período das capitanias hereditárias), do estado,

só poderiam ter novos donos mediante comercialização,e com o fim da escravidão

em 13 de maio de 1888, a escravidão no Brasil, finalmente, teve fim.

Com base neste contexto histórico, percebe-se que a história do Brasil é

marcada pela exclusão social, essa exclusão é de interesses de uma minoria que se

caracteriza desde os princípios básicos de garantias humanitárias, como a saúde e

educação, sendo estas, marcadas com menosprezo pelos governantes da elite

brasileira que sempre trataram a educação do campo como “rural”, ou seja, do

segundo plano.

[...] a educação do campo tem se caracterizado como um espaço de

precariedade por descasos, especialmente pela ausência de politicas públicas para

as populações que lá residem. Essa situação tem se repercutido nesta realidade

social, na ausência de estradas apropriadas para o escoamento da produção, na

falta de atendimento adequado a saúde, faltam de assistência técnica, na falta de

acesso a educação básica e superiores de qualidade... (PINHEIRO, 2011, p. 36)

Já no século XX, a partir de meados de 1930 passam a ocorrer alguns programas de

fato para as comunidades rurais, esses programas tinham como objetivo, evitar o

êxodo rural a partir de uma educação voltada para as necessidades campesinas, ou

seja, [...] os pedagogos ruralistas entendiam como sendo fundamental que se

produzisse um currículo escolar que estivesse voltado para dar respostas ás

necessidades do meio rural... (NETO, 2003, p. 11) sendo assim, seria possível

garantir a permanência do homem do campo na zona rural.

Na década de 1940, ainda se mantinham alguns programas tidos como ruralistas

pedagógicos, pois os grandes centros urbanos não possuía capacidade de absorver

tanta mão-de-obra. Esses programas baseavam-se nas ideias escola novistas, e

defendiam “uma escola que impregnasse o espírito brasileiro... “ (CALAZANS, 1993,

p. 18). Contudo, vale ressaltar que a educação por si só, não é capaz de garantir a

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permanência do individuo em seu lugar de origem, sem a existência de outros

programas que querem emprego, lazer, saúde e etc.

Em meados das décadas de 1940 e 1950, período esse demarcado por uma série

de novos programas educacionais de caráter rápido e prático, sob a

responsabilidade do Ministério de Agricultura e pelo Ministério da Educação e Saúde

e por Organizações Americanas, mantinham o mesmo ideário, de manutenção e

permanência do homem do campo na zona rural. Somente em 1947, pensa-se em

melhorias para as pequenas comunidades rurais.

Vale destacar que esses programas educacionais, não eram pensados na

perspectiva do real, mas na ideologia do imaginário.

Toledo, (1995, p.63), destaca que:

A elite politica relegando a educação à esfera local contribuiu também para o descompasso entre as transformações que ocorriam na economia e a tradição não modificada da cultura. A falta de recursos para implantar a educação no âmbito local e a falta de uma politica centralizada que dessanova diretriz a educação, mantinham a crise causada pelo descompasso economia/cultura.

Se esses programas preparados pelas elites, já vinham prontos e acabados,

a tendência era negar a cultura e impor um modelo de cultura e conhecimento que

não condizia com a realidade dos educandos. Logo o resultado que se esperava era

divergente com a que era apresentado, ou seja, um grande déficit de aprendizagem

e evasão.

A outra forma de estudar o tema educação popular, ora desconsidera a discussão em torno do conceito e procura igualmente „‟ resgatar „‟ campanhas e reformas geradas e geridas pelo Estado, ora se apresenta mais voltada á construção de teorias explicativas de educação brasileira e menos limitada a recortes estreitos de fenômenos episódicos (BONTEMPI, 1995, p.68).

A maneira como se pensava a educação, limitava-se ao idealismo e as

possíveis possibilidades existenciais; a educação do campo nada mais é do que

uma educação popular que precisa ser pensada para um público especializado.

Por muitos anos, o projeto de educação no campo, foi uma imitação do

modelo urbano de escolarização, ou seja, um conjunto de saberes que não fazia

correlação com a realidade do homem do campo, pois os padrões pedagógicos

eram voltados á sociedade elitizada.

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De fato, a classe dominante não tem interesse na transformação histórica da escola. Ao contrário, estando ela empenhada na preservação de seu domínio, apenas acionará mecanismos de adaptação que evitem a transformação. (LOMBARDI, 2008, p.254).

A educação rural no Brasil, por motivos socioculturais, sempre foi relegada

ideologicamente ao elitismo, acentuada no processo educacional aqui instalado

pelos jesuítas e a interpretação política ideológica da oligarquia agrária,conhecia-se

popularmente na expressão “gente da roça não carece de estudar”. Isso é coisa de

gente da cidade. (LEITE, 1999)

Por outro lado, a educação no campo encontra-se marcada por uma

ideologia excludente, ou seja, para a sociedade burguesa, onde o acesso ao

conhecimento deveria existir apenas para um pequeno grupo que detinha o controle

do capital, pois, o filho do trabalhador do campo não podia ter acesso ao

conhecimento porque ele poderia rebelar-se contra a realidade que lhe era imposta.

Assim,o processo histórico da educação do campo sempre esteve atrelado

aos movimentos sociais e vem se desenvolvendo principalmente no interior do

movimento sem-terra- MST. No entanto, outros movimentos como quilombolas,

indígenas, caiçaras, comunidade de pescadores, pequenos agricultores, entre

outros, estão cada vez mais se integrando à luta pela educação em suas

comunidades.

Na próxima seção estaremos discutindo os ranços e avanços da educação

do campo.

2.1 RANÇOS E AVANÇOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO DO MOMENTO

PRESENTE.

Nos últimos trinta anos, não houve mudanças significativas no currículo escolar

voltado á educação do campo. A falta de comprometimento dos setores públicos, o

despreparo acadêmico e a ausência de uma estrutura educativa que justifique a

necessidade de um modelo de educação que valorize o sujeito do campo em sua

essência, tudo isso é resultado de nosso processo histórico formativo da sociedade

como um todo.

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Durante séculos não houve a preocupação, por parte dos responsáveis pelo sistema do ensino público com o currículo escolar do campo, principalmente nos municípios afastados dos grandes centros urbanos, onde não havia escola, fato que inviabiliza a possibilidade de se poder pensar uma escola do campo como um espaço de educação próprio para aqueles que vivem no campo.(BORGES, GHEDIN, 2007, 138).

Para Saviani (1998), o currículo deve ser construído com base nos valores

históricos e culturais de indivíduos ou sociedades que articulam estes processos

com o saber vindo das experiências do dia a dia.O currículo deve pôr o homem no

nível de sua época e que isto corresponde a desenvolver uma educação para o

futuro, que tome para si a orientação de forças que estão, e busque preparar as

jovens gerações para os que esperam.

É verdade que o currículo de escola formal, foi construído a partir dos

interesses da sociedade dominante a fim de manter o controle político-ideológico,

econômico e sociocultural da sociedade.

O currículo quando construído de acordo com uma historicidade que valorize

a regionalização e as condições sócias históricos do público alvo, contribui para a

mudança intelectual e valorizamos enfoques culturais dos sujeitos que formam uma

determinada sociedade, quando isto não ocorre, o resultado é proveniente das

atuais formas de dominação. Pistrak(2000), defende que a educação é mais que

ensino, para ele é preciso superar a visão de que escola é lugar apenas de ensino.

A seguir será feita uma reflexão sobre a educação na comunidade de

Campestre.

3 RESUMO HISTORICO DA EDUCAÇÃO DA COMUNIDADE CAMPESTRE

Segundo o Projeto Politico Pedagógico da Escola R. M. ErminioCardoso,por

volta de 1930 funciona em Campestre uma escola pequena, danificada pelos cupins

e cheia de goteiras. Essa era a situação da primeira escola que funcionou na

comunidade. Ficava na propriedade da igreja, região nordeste da comunidade.

A primeira professora era conhecida como “a mulher de Silvano”,este, um

guarda de um Posto Fiscal, em atividade na época, o nome dela era Lídia e lecionou

mais ou menos por 3 meses. A segunda foi Dona Tarsila do Nascimento.

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Nessa época também lecionaram alguns professores particulares, dentre

eles: Manoel Cardoso, Sebastião Buava, José Cardoso, Oridia F. Souza, Francisco

M. L. Camargo e Pedro do Valle.

Em 15 de março de 1942, D. Alice Ferreira de Melo começou a lecionar na

escolinha. A partir de 1943 até 1951 lecionou em um paiol da família dos Ferreiras.

Foi aí que a escola passou a se chamar Escola Isolada do Campestre.

Em 1953, pelo aumento do número de alunos foi feita uma reforma nessa

escola e construída outra, ao lado da casa de D. Alice, na região Oeste de

Campestre, também chamado de Campestrinho.

Quanto ao sistema de ensino, até 1962 a avaliação era através só do exame

final. Era obrigatório o uso de guarda-pó, não existiam deveres de casa e o lanche

era trazido pelos alunos e repartido em sala com os demais colegas. A limpeza do

quadro-negro e da sala era dever da professora.

Em 1971, a escola de Campestrinho foi denominada Escola Rural Municipal

Dom Pedro ll, e a de Campestre Escola Rural Municipal Ermínio Cardoso. Foram

professoras destas escolas: Alzira F. Melo Cruz, Ida Zaclikevics, Amélia Bueno dos

Santos, Terezinha F. de Melo Cruz, Dinacir Zen, Maria Nilza da Rocha, Leidinir

Camargo, Francisca das Graças Bueno, Terezinha F. de Melo, Antonieta da

Trindade Farias e Érico Cardoso Bueno, que lecionou o MOBRAL à noite sob a luz

de velas.

No ida 24 de junho de 1985 juntaram as duas escolas, ao lado da igreja,

prevalecendo o nome da Escola Rural Municipal Ermínio Cardoso, construída numa

área de aproximadamente 2.000 m².

Em 1998, através do projeto de Nuclearização, juntou-se a esta escola a

Escola Rural Municipal Tiradentes, da localidade de Cangoéra. Do mesmo modo,no

ano seguinte juntou-se a Escola Rural Municipal Gonçalves Dias, de Papanduva de

Rio Negro.

No ano de 2000 a escola passou a atender à modalidade de educação

infantil com isso foi criado o nome fantasia Pré-escola Raio de Luz a uma das salas

de aulaseparada do bloco de alvenaria. Nesse local ofertava-se o nível lll de

educação infantil.

Em 2002 a escola passou a ter direção sendo Claudemir Pereira da Rocha o

seu primeiro diretor.

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Em 2005, a escola passou a ter coordenação pedagógica própria, a

professora Margarete Gomes, foi à primeira coordenadora. No ano seguinte o diretor

Claudemir assumiu também esta função, e em 2007 teve novamente uma

coordenação pedagógica exclusivamente exercida pela professora Marisol Pilar

Farias.

Em 2007 implantou-se na escola o ensino fundamental de nove anos.

3.1 CARACTERÍSTICAS E EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO CAMPESTRE

A escola situa-se na rua principal s/n° na Comunidade de Campestre no

município de Tijucas do Sul, PR. Atende os alunos das comunidades vizinhas como

Cangoéra, Papanduva do Rio Negro, Salto da Boa Vista, Taquaroca, Tropeiraba.

Os moradores das comunidades atendidas pela escola (pais de alunos) são

na sua maioria (95%) agricultores, possuem baixa escolaridade, em média (4ª série

do Fundamental) e não tem renda fixa, inclusive a maioria das famílias é

comtemplada com Programas do Governo: Bolsa Escola, Bolsa Família, Leite das

Crianças e outros.

Predomina nessas comunidades a religião Católica Apostólica Romana,

atingindo cerca de 90% dos moradores.

Outra característica das comunidades são as tradições religiosas mantidas

ainda nos dias atuais. Como exemplo, a tradição dos Reis Magos que ocorre no

período de 25 de Dezembro a 06 de Janeiro de cada ano. Nesse tempo grupos de

homens se caracterizam de Reis e visitam as famílias arrecadando dinheiro para a

capela Senhor Bom Jesus situada em Campestre; outro fato religioso que ocorre

com menor frequência é a dança do Fandango, também conhecida como Dança de

São Gonçalo. Acontecem ainda em algumas casas ou propriedades particulares as

festas Juninas com danças de quadrilha, fogueira e comidas típicas. E

tradicionalmente ocorrem as festas das igrejas em louvores aos seus padroeiros.

A Escola Rural Municipal Ermínio Cardoso, desenvolve diversos projetos

anuais e permanentes em parceria com outras instituições e com as famílias, como

por exemplo: Projeto Árvore da Vida, Projeto Bônus da Escola, Projeto Tudo envolve

Saúde e Projeto Adote um Leitor. Para conseguir realizar tais projetos foi preciso

firmar várias parcerias com empresas e empresários interessados em contribuir com

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a educação. São parceiros de nossa Entidade: Empresa Confloresta, Mineração

Tabatinga, Forte fértil, Loterias Bonetti.

A comunidade tem um perfil bastante participativo quanto aos eventos

realizados na escola, entre eles: Páscoa, Dia das Mães, Mutirão do Meio Ambiente,

Dia dos Pais, folclore, concursos e outros.

Sempre que necessário os pais são convocados e em reunião conjunta

elaboram os planos de ação para melhoria da escola.

Quando se inicia a vida escolar, o professor é um referencial para a criança,

além disso, é aquele que sabe o que ela ainda não aprendeu. Daí a importância

desta responsabilidade. Muitas vezes um gesto, um olhar ou um comentário, pode

ter uma influência muito grande na vida do aluno, negativa ou positiva, mas

certamente significativa. Faz-se necessário então, que o professor, respeite as

capacidades, trajetórias de vida e limitações de cada aluno, que compreenda as

suas dificuldades e particularidades, ajudando-o a superar os obstáculos que

enfrentará durante toda sua vida. Afinal, é na escola que a criança adquire

confiança, dá continuidade ao processo de socialização iniciado na família que

aprimora as relações sociais, e nelas a comunicação, se fortalecendo para a vida

adulta.

2.3 A EDUCAÇÃO DO CAMPONO CONFRONTO COM A ARTE: ALGUNS

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS SOBRE O ENSINO DA ARTE

Neste sentido, começamos a nos questionar como nossas crianças estão

sendo ensinadas, será que estamos formando indivíduos confiantes em si mesmos?

Criativas? Direcionaremos nosso olhar para arte, mais especialmente para quando a

criança inicia sua vida escolar, começa a ter uma vida social; até então, o seu

convívio se restringia apenas aos seus familiares. Quando entra na escola se depara

com pessoas, comportamentos e regras que até esse momento não faziam parte de

sua vida. Por este motivo, o início de sua vida escolar é sempre muito difícil,

exigindo compreensão e afeto dos profissionais que vão recebê-lo.

Portanto, é importante que esse profissional esteja comprometido com o

educar e cuidar dessa criança, transmitindo-lhe confiança proporcionando momentos

de prazer é descontração, e através do lúdico criar situações de aprendizagem.

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Do mesmo modo que existe na escola um espaço destinado para a alfabetização na linguagem das palavras e dos textos orais e escritos, é preciso haver cuidado com a alfabetização nas linguagens da arte. É por meio delas que poderemos compreender o mundo das culturas e o nosso eu particular (MARTINS, 1998, p.14).

Quando levamos a arte para dentro da sala de aula, é impressionante o

fascínio causado nas crianças, que mesmo sem conhecimento demonstram grande

interesse pelas cores, formas, sons, movimentos, enfim, tudo o que envolve o fazer

artístico despertando, sentimentos, valores, ideias, confiança, autoestima e

facilitando a socialização.

Segundo os parâmetros curriculares nacionais.

O ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem limitada, escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida. (BRASIL, 1997, p.19)

Desde quando nascem às crianças entram em contato com o mundo das

artes através das imagens, sons e pessoas que o rodeiam, à medida que cresce vão

interagindo em diversos lugares e com as várias formas de arte.

A escola é um dos lugares onde a criança começa a ter contato com esse

mundo, onde cores, gestos, movimentos, texturas, músicas, etc. Começam a fazer

parte do seu cotidiano. Nesse sentido, a arte na educação tem extrema importância,

pois, oportunizarão as crianças a aquisição de novos conhecimentos, habilidades e

sabores para a ampliação de suas sensibilidades.

Para além de abordagens técnicas e descontextualizadas sobre a cultura, a

arte, como elemento cultural, “oferecem oportunidades de experimentações e

vivências, assim como a divulgação e a manutenção desse precioso tesouro”.

(MORIM, 2003, p.57)

Paulo freire (1996) destaca

A importância do reconhecimento da identidade cultural tanto no ato de ensinar quanto no ato de aprender, como fator que contribui na prática educativa-crítica para o sujeito, assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar. (FREIRE, 1996, p. 46)

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No entanto, arte é uma forma de expressar cultura. Ela é fruto de sujeitos

que expressam uma visão do mundo, visão que está atrelada a concepções,

vivências aspectos, tempo e princípios. “O ensino da arte constituirá componente

curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma a promover

o desenvolvimento cultural dos alunos.” (Artigo 26 da LDB 9394/96). A função da

Arte na escola não prevê a formação de artistas, mas sim o desenvolvimento de um

trabalho em que o objeto de estudo é a própria arte, envolvendo as diferentes

linguagens artísticas: arte visual dança música e teatro.

Da antiga Educação Artística para o Ensino de Arte, é necessário à

educação contemporânea, ressaltando que a arte é conhecimento, trabalho e

expressão da cultura humana que em sua forma de produção e reprodução cultural

deve ser compreendida dentro do contexto e dos interesses de suas culturas de

origem e apreciação.

Nesse sentindo, a proposta de Arte está articulada por temas e saberes de

forma sistemática, que subsidiam a construir suas respostas. Essas situações

pedagógicas estabelecem relações entre temas e saberes que articulam diferentes

pontos de vistas e dimensões que dissolvem os limites entre a arte “alta” cultura e o

popular, possibilitando a integração de saberes da arte universal e brasileira, para

contemplar artistas, saberes e a dinâmica cultural envolvendo todas as regiões

brasileiras.

Forquin(1993)ressalta os entendimentos de currículo segundo Denis Lawton:

Existe entretanto uma outra perspectiva possível na teoria de currículo, além desta abordagem em termos de objetivos inspirada por uma preocupação “operacional”: trata-se da abordagem em termos de cultura, da abordagem a partir de contextos culturais no interior dos quais emergem e se institucionalizam os currículos. (LawtonD. 1981, p.111).

Arte é conhecimento elaborado historicamente, que traz cultura à visão

particular do artista de olhar crítico e sensível sobre o mundo. Portanto, esta

proposta considera fundamental o ensino da arte à educação dos sentidos,

concebido como conhecimento, que vai possibilitar o trabalho e expressão de

cultura. O trabalho sistemático com o conhecimento vai possibilitar o

desenvolvimento dos aspectos cognitivo, perceptivo, criativo e expressivo nas

15

linguagens visual, musical, cênica e do movimento, por meio da fruição, da

apresentação e da reflexão do fazer e da sua inserção no tempo.

As atividades propostas na área de Arte servirão para ajudar os educandos

a desenvolverem modos interessantes, imaginativos e criadores de fazer e de

pensar sobre a arte, exercitando seus modos de expressão e comunicação.

A arte nos faz bem e está ultimamente ligada ao desenvolvimento emocional

do individuo. A troca de ideias de experiências faz com que busquemos uma

fundamentação baseada na dia-a-dia como descoberta do nosso envolvimento com

a arte.

A função educativa da arte ajuda a criança a apreciar a beleza do mundo

como também auxilia a confiança em suas próprias habilidades, anima-as a usarem

o lazer construtivamente e contribui para um bom relacionamento familiar (diálogo).

Faz com que a criança elabore seus próprios pensamentos estruturando melhor

suas ideias e interpretando-as.

A relação da arte com a nossa vida é de 100%. Essa ideia éassegurado

porque está centrada na valorização e no desenvolvimento dos sentidos. São os

sentidos desenvolvidos que vão pensar produzir e sentir a Arte. A relação do homem

com a arte é uma questão de necessidade e que a partir dessas relações e

compreensões é que o homem formula conceitos e constrói significados.

De fato é a partir de múltiplas vivências artísticas que o homem passa a

construir diversas maneiras de convívio com a Arte, a qual se torna uma

necessidade de vida, um estilo de ver, escutar, pensar e sentir.

Com base nesse convívio fundamentado no desenvolvimento dos sentidos é

que crescem as primeiras noções e relações e de inter-relações de significados e

conceitos estabelecidos na educação através da Arte. O processo criativo está

relacionado às vivências que o professor deve passar para produzir subjetivamente

conceitos e significados que passarão a ser compreendidas, asseguradas e

transmitidas por ele. Logo, todas as manifestações pedagógicas devem ser sentidas,

assimiladas e vivenciadas. Antes e primeiramente pelo professor, para depois, então

dar sequência aos conteúdos ou aos conhecimentos que se acredita e faz-se

importante nessa caminhada com os alunos.

A arte também é uma transmissão cultural, pois segundo Jean Claude

Forquim (p.18. 1993):

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A concepção da cultura como acumulação e cristalização de toda a experiência humana, a concepção da educação como recepção das novas gerações no interior do mundo, tradição ativa e transmissão de uma herança, a consciência moderna opõe sua experiência e sua exigência histórica da mudança.

3 A ARTE E SUAS REPRESENTAÇÕES NA NATUREZA – DA PRÉ-HISTÓRIA

AOS DIAS DE HOJE - AS CORES DOS PIGMENTOS NATURAIS

Conhecer o passado e refletir sobre o contemporâneo, acredita-se que seja

uma ação necessária para que se possa entender e compreender o contexto em que

está inserido. Analisar e entender o seu tempo possibilita antever o possível devir

que permeia as ações do presente. No passado distante, conhecer o seu espaço

limitava-se as vivências de uma comunidade. O homem, desde os primórdios da

história, sempre se relacionou com o meio e construiu conhecimento através das

percepções sensoriais e racionais. Vivências subjuntivas, observação do mundo a

sua volta e experiências diretas com a matéria possibilitaram aprender os

fenômenos. Sem intermediações, o conhecimento dava-se diretamente com a

matéria, de forma imediata.

A partir da pré-história, da era paleolítica, podemos observar a utilização de

retirada de pigmentos da natureza para confecção de tintas. Em um primeiro

momento, as pinturas rupestres, até o preparo das mais famosas tintas existentes no

planeta.

Primeiramente os desenhos das cavernas e as pinturas para adornar o

corpo, são feitas com o objetivo de tentar controlar ou aplacar as forças da natureza.

Os símbolos e desenhos encontrados tinham significados sobrenaturais e mágicos.

PROENÇA (2005).

Segundo Strickland (1999, p. 4) os artistas das cavernas utilizavam carvão

para desenhar formas encontradas na natureza enquanto a tonalidade era obtida

pela pigmentação da terra. A tinta utilizada era torrões de vermelho, amarela

amassados até virarem pó e colocados na superfície dos desenhos com pincéis ou

eram soprados com ossos ocos. Os desenhos eram figuras de animais.

Na arte moderna podemos observar uma forte tendência à busca de

demonstrar a natureza nas obras de arte, diferentes pigmentos de cores, e várias

misturas para obtenção de novas cores.

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4 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA ARTE

Realmente, construir uma concepção não pode ter fundamentos exclusivos

priorizando uma ideia única em que se aponte para uma só conformidade ou uma só

direção. A construção de uma concepção deve estar firmada em um único ponto: a

pesquisa.

A pesquisa é o centro das contribuições e construções de concepções

teóricas. E, é através da pesquisa que o homem se vale pela busca de

conhecimentos, pela ansiedade da descoberta, pelo valor, pela divulgação das

novas ideias e pela revelação e domínios de conceitos.

A arte está fundamentada nas relações de comunicação da humanidade. A

arte é um fenômeno de um contínuo renovar, que nunca se esvazia, renova-se a

cada dia pelas mãos do artista pelo olhar público, pelo sentimento mútuo e pela

trilogia da comunicação do artista: sentimento, obra e público.

Segundo o texto de Neide Pelaez de Campos, baseado na concepção de

(Pound, 1976, p.63) o caminho da construção humana e da formação docente

através da estética é uma possibilidade e uma real necessidade. “ as artes nos

fornecem os melhores dados de que dispomos para determinar que tipo de criatura

é o homem. Como nossa maneira de tratar o homem deve ser determinada pelo

conhecimento ou concepção que deles tenhamos, as artes fornecem dados para a

ética.

É importante salientar que o professor, para construir acessos ao mundo da cultura e conquistar informação para Aprender a Ser, precisa desenvolver potencialidades as quais lhes permitirão interpretar o mundo natural ou construído. Nesse processo, a obra de arte tem função especial pela natureza humana dos conteúdos. O homem e as suas inter-relações são matérias primas da arte. A apreciação da obra de arte, ou seja a leitura da obra é um conhecimento construído, sistematizado ou não, mas exige sempre a presença do leitor diante da imagem. (CAMPOS, 2002, p.98).

O desenho de uma criança tem seu valor próprio, livre de mensagem,

modelo ou padrões que atribuídos a ela. Ou seja, tudo o que fazemos, satisfazendo

ou não, têm seu calor. Para a criança, as relações com a arte são vividas

praticamente vinte e quatro horas por dia.

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A palavra criança nas suas derivações e sinônimos quer dizer: criação,

criatividade, criar, inventar, fazer de novo, inovar e fazer diferentes quantas vezes

quiser. Éclaro que tudo isso acontecerá se a escola promover abertura para que as

crianças sejam afetivamente crianças vivendo o mundo lúdico das produções de

seus sentimentos.

Para o desenvolvimento da criatividade, os momentos de vivências criativas

precisam ser constantemente exercitados e levados a uma atenção: o de criar. A

criatividade pode ser pré-elaborada, estudada, sistematizada e contínua. Isto porque

as atividades que desenvolvem a criatividade precisam ser reconhecidas como

ferramentas que vão basear os momentos de criação. Logo,os materiais envolvidos

devem ser lúdicos, atrativos e representativos, para que possa gerar ideias, tanto

para o pensamento divergente que é o criativo quanto para o pensamento

convergente que é o pensamento crítico.

Entendemos que a criatividade mesmo sendo um fenômeno, muitas vezes,

do acaso da criação artística, deve ser trabalhada e implementada em toda sala de

aula, independente da forma sistematizada para chegar ao processo criativo que é o

pensar, o sentir, o agir, como também, sobrepor os instrumentos aplicativos que são

o mínimo para ajudar e levar uma criança a criar prazerosamente.

É necessário crer efetivamente que a força motriz que deve gerar uma

educação de qualidade passe pela dimensão do amor, do compromisso do

envolvimento, da dedicação e de uma intensa criatividade.

A seleção e a ordenação dos conteúdos gerais de Arte têm como

pressupostos a elaboração dos conteúdos em Artes visuais, teatro e dança e no

conjunto, procuram a formação artística e estética do aprendiz e a sua participação

na sociedade.

Nas Artes Visuais é fundamental exercitar a leitura dos significados das

obras, pois o objetivo da atividade de apreciação e produção artística é a

interpretação e a criação de significados. As Artes Visuais, além, de formas

tradicionais (pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, artefato, desenho

industrial), incluem outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e

transformações estéticas a partir da modalidade (fotografia, artes gráficas, cinema,

televisão, vídeo, computação. desempenho).

Cada uma destas visualidades é utilizada de modo particular e em várias

possibilidades de combinações entre imagens, por intermédio das quais os alunos

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podem expressar-se e comunicar-se entre si de diferentes maneiras.A escola deve

colaborar para que os alunos passem por um conjunto amplo de experiências de

aprender e criar, articulando percepções, imaginação, sensibilidade, conhecimento e

produção artística pessoal e grupal.

Também a Música é importante aprender a ouvir para reconhecer, analisar,

classificar, memorizar, e compreender composições dos mais diversos gêneros e

formas. Ouvir, discriminar e conhecer os elementos formadores do som é importante

no processo de audição musical. Apenas ouvir uma música não é suficiente para

compreender seu significado; portanto, para tal trabalho é necessário, por exemplo,

intenção do compositor com sua obra, o gênero da composição, como foram

trabalhadas sua melodia, sua dinâmica ou andamento. A produção musical pode ser

individual ou coletiva, através da expressão vocal e instrumental, de forma

improvisada o seguindo uma grafia musical.

No teatro é fundamental que o aluno tenha acesso aos diversos tipos de

representações realizadas na escola, e que possa analisar e interpretar textos,

tomando como ponto de partida os gêneros artísticos e o estudo dos elementos

formais para representação. Poderá também confeccionar fantoches, elaborar

cenários, criar sonoplastias, etc.

Ao assistis qualquer tipo de representação teatral é necessário ressaltar e

analisar os elementos teatrais. Por exemplo, questionar e discutir questões como: o

gênero é comédia? Qual o tema da representação? Qual é o personagem principal?

Que tipo de cenário foi utilizado? Através desses questionamentos os alunos

poderão compreender melhor a realidade humana, expressa nessas manifestações

artísticas.

Na dança a arte faz parte das culturas humanas e sempre integrou o

trabalho, as religiões e as atividades de laser. Os povos sempre privilegiaram a

dança, sendo esta um bem cultural e uma atividade inerente à natureza do homem.

A atividade da dança na escola pode desenvolver nas crianças, a

compreensão de sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento

de como seu corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior

inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade.

Ao planejar as aulas, o professor deve considerar o desenvolvimento motor

da criança, observar suas ações e habilidades naturais, estimular o aluno a

reconhecer ritmos corporais e extremos, explorar o espaço, inverter sequências de

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movimento, explorar sua imaginação, desenvolver seu sentido de forma e linha e se

relacionar com os outros alunos buscando dar forma e sentido às suas pesquisas de

movimento. Esses são elementos básicos para introduzir o aluno na linguagem da

dança.

A atitude do professor em sala de aula é importante para criar clima de

atenção e concentração, sempre que perca a alegria. É preciso dar condições para o

aluno criar confiança para explorar movimentos, para estimular a inventividade e a

coordenação de suas ações com a dos outros alunos.

Os conteúdos abordados deverão ser trabalhados de forma gradativa,

buscando ampliar e aprofundar os conteúdos, respeitando o nível de compreensão

em que o aluno encontra-se.

5 METODOLOGIA

Para este trabalho foram desenvolvidas a pesquisa bibliográfica e a

pesquisa de campo.

Para melhor entendimento e aprofundamento teórico realizou-se a pesquisa

bibliográfica de diferentes autores com referência ao tema proposto.

Posteriormente para o levantamento de dados da pesquisa de campo,

pensando no aprofundamento maior para as aulas de arte (prática), tornou-se

necessário estruturá-lo metodologicamente. Elaboraram-se estratégias que

propiciaram condições para vivenciar situações de aprendizagem em contato direto

com a terra para a formação de tinta extraída da natureza, tendo como tema: As

cores e as formas da paisagem do campo: uma experiência estética no ensino da

arte.

A pesquisa de campo se deu primeiramente por uma pesquisa exploratória

para o reconhecimento do universo a ser pesquisado. E assim aconteceu:

PRIMEIRO MOMENTO: Na manhã do dia 26 de agosto de 2014, esteve na

Escola R. M. Ermínio Cardoso, minha orientadora professora Maria Francisca, para

juntos darmos inicio as nossas atividades de pesquisa, com a turma de 19 alunos do

5º ano do ensino fundamental, que foram também nossos agentes pesquisadores.

Eles estavam juntos para o levantamento dos dados e das experiências. Conforme

Figura 1.Esse primeiro contato da minha orientadora com os alunos, se deu pela

necessidade de propor a eles uma pesquisa sobre os pigmentos minerais e vegetais

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existentes no entorno da escola e de outras partes da comunidade de Campestre,

para posterior produção artística.

Figura 1

Alunos do 5º ano Fonte: foto tirada pela pesquisadora

SEGUNDO MOMENTO: Nesse mesmo dia fomos àsaibreira,mais oumenos

3 km da escola, um lugar onde se encontra um barranco com variedades de ocres.

Foram analisadas as possibilidades da coleta de diversas cores de pigmentos

contidas naquele barranco.

TERCEIRO MOMENTO: Outro ponto visitado foi a Paraná Mineração –

Mineração Tabatinga, local no Município de Tijucas do Sul onde se extrai o minério

caulim e argila, muito usado para atividades artísticas. Foi possívelidentificar e

analisaras cores argilosas ali existentes e conhecer a produção dessa mineradora.

Figura 2.

Todos os conteúdos estavam sendo coletados para uma transposição

didática junto aos alunos, isto é, buscar conteúdos do seu entorno para uma

sistematização de ensino e a aprendizagem como forma de dar conta do objetivo da

pesquisa que era “Conhecer as possibilidades e a prática de extrair da natureza

pigmentos do reino mineral e vegetal para as aulas de arte, de uma escola do

campo, como forma estética da representação da natureza”.

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Figura 2

Encontro com o engenheiro da mineradora Fonte: Foto tirado no espaço da mineração

Na manhã do dia 26 de agosto de (2014), esteve na Escola R. M. Ermínio

Cardoso, a professora orientadora Maria Francisca, para juntos darmos inicio as

nossas atividades de pesquisa sobre pigmentos minerais, com a turma de 19 alunos

do 5º ano do ensino fundamental. Com eles, fomos a um barranco que existe no

entorno da escola.

QUARTO MOMENTO: Começa-se o trabalho retirando da natureza pigmentos para

preparação detintas. Esse foi o momento da garimpagem das cores do barranco.

Conforme Figura 3-A e 3-B.

Figura 3-A

Extraindo do barranco os pigmentos minerais Fonte: fotografia tirada perla pesquisadora.

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Figura 3-B

Garimpando pigmentos coloridos – ocres Fonte: foto tirada pela pesquisadora

QUINTO MOMENTO: um olhar estético para terra – a preparação e produção da

tinta.O processo para transformar a terra em pigmentos colorísticos. Desta forma, a

experiência nos mostra que quando fabricar tintas naturais, devemos seguir os

seguintes passos:

1º PASSO: retirar terra de barrancos de diferentes lugares para diferentes cores.

2º PASSO: A terra é retirada e misturada com água, deve formar um mingau, depois

é coada num peneira, e colocada para decantar. Aqui entrou conteúdos de ciências

quando a professora explicou a questão da decantação.

Figura 4

Momento da decantação Fonte: foto tirada pela pesquisadora

3º PASSO: Tirar o excesso da água do recipiente em que foi feita a decantação; o

pigmento já está pronto para ser usado.

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4ºPASSO: preparação da tinta. Coloca-se junto a esse pigmento um pouco de cola

branca para servir de aglutinante.

5º PASSO: Para o preparo da tinta temperada deve-se misturar o pigmento com

gema de ovo (tirar a película da gema e colocar um fungicida, podendo ser óleo de

cravo).

Assim, podemos sensibilizar os alunos e iniciar discussões sobre as cores e

as formas de natureza. Pois é uma realidade que começamos a compreender

melhor o mundo.

Depois da tinta preparada, os alunos iniciaram suas atividades pintando um

painel,quando puderam desenhar e pintar usando sua criatividade, conforme figura

5. Esse painel permaneceu em destaque na escola, por alguns dias.

Figura 5

Pintando o painel com tinta de terra Fonte: foto tirada pela pesquisadora.

Assim, pudemos desenvolver junto a esses alunos um olhar sensível em

relação às coisas da natureza e conhecer as possibilidades e a prática de extrair da

natureza pigmentos do reino mineral para as aulas de arte de uma escola do campo.

como forma estética da representação da natureza.

6CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este trabalho com o tema: “As cores e as formas da paisagem do

campo: uma experiência estética para o ensino da arte”, o qual está diretamente

sintonizado com a disciplina de arte e desenvolvido numa escola do campo, foi

possível aprender a importância da valorização e reconhecimento da natureza,

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principalmente nos aspectos de aproveitá-la de forma sustentável na extração de

matéria prima para aproveito nas aulas de arte de forma interdisciplinar.

Na fundamentação teórica da pesquisa percebeu-se a necessidade de

atividades práticas e reconhecimento do espaço onde a escola esta inserida, pois

muitas coisas que estavam ao nosso lado e não eram perceptíveis quanto à sua

utilidade.

A descoberta de novas possibilidades de realizar a arte vivenciada pelos

alunos foi um ponto que deve ser ressaltado, pois se percebeu a interação e relação

com a natureza local, de onde conclui-seque a prática deve andar lado a lado com

as teorias, para que a produção humana tenha sentido.

A escola é um espaço de difusão de saberes. Por isso, é tão valioso

desenvolver nela e principalmente na escola do campo, um trabalho voltado para a

produção artística com conteúdos interdisciplinares voltados à educação ambiental,

visto que a arte é uma representação da natureza. Essa natureza nos mostra a sua

forma e nós a transformamos por meio da produção criativa.

No final deste trabalho ficou um questionamento: os educadores precisam de

mais orientação no que diz respeito ao trabalho pedagógico sobre a arte e o meio

ambiente, pois há ainda muito que se analisar e aprender a respeito desse tema.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA

CAMPOS, N.P. A construção do olhar estético – critico do educador. Florianópolis: UFSC, 2002.

FORQUIN, J. Escola e cultura: as bases sociais e epistemologicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Medicas, 1993

PEREIRA, F.R. Artes nos anos iniciais: a expressão corporal nas atividades de educação física e capoeira. Curitiba, 2005

ROCHA, C.P. Campestre um lugar que tem história. Tijucas do Sul, 2010.

PARANÁ, Tijucas do Sul. Projeto politico pedagógico da escola rural municipal Erminio Cardoso. 2007.

SUDUL, F.C. Arte e meio ambiente. Universidade Tuiuti do Parana. Curitiba, 2006.