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As Funções do Supervisor, do Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional: Possibilidades e Tendências
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As Funções do Supervisor, do Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional: Possibilidades e TendênciasProfa. Dra. Maria Luísa Sprovieri Ribeiro
As Funções do Supervisor, do Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional: Possibilidades e Tendências
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SUMÁRIO
A Função Supervisora no Brasil 3Caminhos que se entrecruzam: o supervisor, o coordenador e o orientador educacional 7Possibilidades e tendências: a função supervisora na gestão democrática 15Referências 17Sites Visitados 18
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A FUNÇÃO SUPERVISORA NO BRASIL
Quando se trata de escola, não é possível dizer que
uma função seja mais importante que outra. No entanto,
algumas adquirem uma dimensão maior por envolver atri-
buições de articulação e de formação. É o caso da função
supervisora que deve, ainda, revestir-se de um caráter
transformador.
Para reforçar essa nossa afirmação, vamos recordar o
último parágrafo da aula A coordenação do trabalho esco-
lar no sistema e na escola:
Mary Rangel (2003) afirma que a supervisão
educacional tem um sentido mais amplo, ultra-
passando as atividades da escola e refere-se aos
aspectos estruturais e sistêmicos da educação
em nível macro. Por sua vez, Naura Syria Cara-
peto (2002) considera o supervisor educacional
um agente articulador de práticas educativas vi-
sando à qualidade da formação humana para o
pleno exercício da cidadania. (Côrrea, 2009)
A escolha desse início de aula expressa nosso objetivo:
que você não só adquira conhecimentos a respeito da fun-
ção supervisora, mas reflita sobre a ação do coordenador,
do supervisor e do orientador educacional. Como ressal-
tam Frison & Abreu (2007), refletir
sobre o exercício de modelos de gestão de
orientação e supervisão educativa, é visualizar
um profissional comprometido com processos de
aprendizagem, estimuladores da construção de
conhecimentos e das competências necessárias
para pensar e agir com horizontes mais amplos.
Funções de planejamento, organização e reflexão
fazem parte de suas competências e para elas
busca inovações que lhe permitam, partindo do
real, criar/recriar sua prática.
Para entender essa função nos dias de hoje, vamos
traçar, na primeira parte desta aula, um breve histórico da
função supervisora no Brasil. Falamos em função super-
visora porque se aplica ao trabalho desenvolvido pelo su-
pervisor, pelo coordenador e pelo orientador educacional.
Antes de iniciarmos essa espécie de viagem no tempo,
vale ressaltar que a função supervisora modificou-se his-
toricamente. Se antes seu objeto de trabalho e suas ações
eram voltados para o controle e para a inspeção, hoje são
mais complexos e desafiadores, pois, como já dito e será
detalhado adiante, dizem respeito à formação, à orien-
tação, ao acompanhamento do trabalho pedagógico dos
professores no desempenho de suas tarefas.
Ao abordar a origem da supervisão pedagógica, Côrrea
(2009) aponta:
Etimologicamente, supervisão significa “visão
sobre”: função de, ação ou efeito de supervisio-
nar. Nesse sentido, aparece no cenário sócio-
-político-econômico e educacional como função
de controle, em que a racionalidade é o princípio
que fundamenta a garantia da execução do que
foi planejado. Para se chegar à origem da super-
visão educacional, é necessário uma abordagem
sobre a questão do trabalho no processo capi-
talista, pois, com o intuito de uma melhoria na
qualidade e na quantidade da produção, nasceu
na indústria a ideia de supervisão.
A partir do século XVIII, ocorreram inúmeras
inovações tecnológicas, que modificaram subs-
tancialmente a vida das sociedades humanas,
ocasionando mudanças significativas na organi-
zação econômica, com a passagem de um mo-
delo de economia agrária e artesanal para um
modelo de economia industrial. Como consequ-
ência, consolidaram-se novas formas de organi-
zação do trabalho produtivo em grandes centros
urbanos, gerando a necessidade de um trabalho
supervisionado, de modo a garantir a qualidade
e o sucesso da produção.
Espelhando-se na indústria, a supervisão
estendeu-se para outros segmentos da organi-
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zação social, chegando ao âmbito educacional.
Ao longo dos anos, a prática do supervisor edu-
cacional esteve voltada para a coordenação e
o controle da prática educativa, assim como a
interpretação dos significados das políticas edu-
cacionais, assegurando o cumprimento dos prin-
cípios e finalidades da educação.
Conforme Rolla (2006),
“Data de 1931 o primeiro registro legal so-
bre a atuação do Supervisor Escolar no Brasil.
Neste período estes profissionais executavam
as normas ‘prescritas’ pelos órgãos superiores,
e eram chamados de ’orientadores pedagógicos’
ou ‘orientadores de escola’, tendo como função
básica à inspeção (ANJOS, 1988).
Relacionando o que Anjos nos traz com a ori-
gem etimológica da palavra, torna-se possível
aproximar o surgimento deste profissional com a
função que por ele deveria ser exercida. Colocar-
-se em plano superior aos professores para ins-
pecionar, ‘garantir a execução de’, seriam suas
atribuições neste momento da história.
De acordo com Saviani (2003, p. 26), a fun-
ção de Supervisor Escolar surge: “(...) quando
se quer emprestar à figura do inspetor um papel
predominantemente de orientação pedagógica e
de estímulo à competência técnica, em lugar da
fiscalização para detectar falhas e aplicar puni-
ções (...).
A origem da função supervisora no Estado de São Paulo
coincide com seu surgimento no Brasil. Cunha (2009) nos
apresenta um pouco dessa história:
A Supervisão de Ensino no Estado de São
Paulo tem sua origem nos anos 30, a partir do
início do processo de profissionalização do campo
do magistério, com a atribuição de inspecionar
os grupos escolares. Desde então, passou por
inúmeras transformações.
A partir da década de 1950, sob a denomina-
ção de Inspeção Escolar, passa a ter, de forma
sistemática, a função de mediação entre a es-
cola e a administração, desempenhando as ta-
refas de fiscalização, inerentes ao cargo, e as de
orientação pedagógica aos antigos professores
primários.
Mas é só nos anos 1970, no contexto das
reformas educacionais, que surge a figura ofi-
cial do agente de supervisão. Em um primeiro
momento, ele é denominado Supervisor Peda-
gógico pelo 1º Estatuto do Magistério de 1974 e
tem as suas atribuições definidas pelos Decretos
5586/75 e 7510/76. Tais decretos, ainda hoje e
apesar das diversas alterações sofridas, continu-
am em vigor.
Na segunda metade da década de 1970, face
à necessidade de garantir a implementação das
reformas educacionais em andamento, é instituí-
da, no âmbito estadual, a supervisão de sistema,
e o seu agente recebe a denominação de Super-
visor de Ensino, pela Lei Complementar 201/78,
que persiste até o presente.
Nos anos 1980, a supervisão alcança o mo-
mento de maior desenvolvimento profissional,
com a realização dos primeiros concursos públi-
cos, a criação do Sindicato- APASE, a realização
de Encontros Nacionais de Supervisores, a parti-
cipação em atividades junto a órgãos centrais e,
o mais importante, a realização de um trabalho
de formação em serviço das equipes escolares
de seus respectivos setores.
No entanto, a partir de meados dos anos de
1990, a supervisão inicia uma fase de perdas
profissionais, tendo sido afastada do processo
decisório e do processo de implementação de
medidas da reforma educacional em curso. Ain-
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da, passou a ser vista, apenas como mera exe-
cutora de tais medidas, sendo, por vezes, ex-
cluída, inclusive, do fluxo de informações entre
a Secretaria de Educação e as Escolas. Foram
intensificadas as tarefas com prazos a cumprir,
determinadas pelos órgãos centrais e reduzidos
os módulos das diretorias, concorrendo para a
ampliação dos setores de trabalho.
Nos períodos seguintes até o presente, pa-
receu haver uma certa disposição da SEE em
resgatar a ação supervisora, definindo-lhe um
perfil mais inovador e democrático, por meio do
Comunicado SEE de 30/07/2002 e da realização
de novos concursos públicos para o provimento
de cargos. Em 2007, o discurso passa a ser de
valorização da categoria, inclusive com a criação
de mais 300 cargos.
A supervisão paulista, ao longo de sua his-
tória, tem apresentado alternância no controle
do seu processo de trabalho. Para manter o seu
desenvolvimento profissional, o supervisor deve,
além de investir na sua própria formação, estar
disponível para uma ação compartilhada a partir
da assunção do compromisso com a qualidade
do ensino oferecido pelas escolas.
Os que criticam a interferência de órgãos internacionais
na área da Educação, vão notar que essas interferências
acontecem há muito tempo. Rolla (2006) nos mostra que:
(...) no final da década de 50 e início da dé-
cada de 60, em virtude do acordo firmado entre
Brasil e Estado Unidos da América para implan-
tação do Programa de Assistência Brasileiro-
-Americana ao Ensino Elementar, o PABAEE, o
Supervisor Escolar tem estritamente a função de
controlar e inspecionar.
O PABAEE tinha por objetivo ‘treinar’ os edu-
cadores brasileiros a fim de que estes garantis-
sem a execução de uma proposta pedagógica
voltada para a educação tecnicista, dentro dos
moldes norte-americanos. Alguns estados bra-
sileiros como Minas Gerais, Goiás e São Paulo
foram os principais ‘executores’ do Programa,
porém esta tendência influenciou a educação e
a função do Supervisor Escolar em todo o país.
Neste período a educação brasileira funda-
mentou-se basicamente no PABAEE e o material
elaborado pelos profissionais que trabalhavam
no programa era fonte para especialização e
aprimoramento dos docentes da época.
Inicialmente os técnicos do PABAEE acre-
ditavam que bastava investir na formação dos
professores através dos cursos ‘Normais’ para
garantir a execução das práticas impostas pelo
Programa. Posteriormente perceberam que o
preparo do Supervisor Escolar, com base nas
suas concepções tecnicistas, teria uma eficácia
maior, pois estes profissionais poderiam atuar:
“interferindo, diretamente no que ensinar, no
como ensinar e avaliar, educando professores e
alunos para uma organização racional dos meios.
organização escolar fundada na ordem, na disci-
plina e na hierarquia e cimentada na visão liberal
cristã” (GARCIA apud PAIVA, p. 40, 1997).
Os Supervisores desempenhavam um papel
de multiplicadores e inspecionavam a execução
das ideias impostas pelo PABAEE, assim, o pro-
grama passou a atingir um número maior de
professores e alunos. Long, um dos organizado-
res do programa, reforçando esta meta, conclui
que: “isso indica claramente que devemos tra-
balhar com pessoas que preparam professores,
em vez de trabalhar com professores regentes
de classes” (apud PAIVA, 1997, p. 48).
Ao Lermos Cunha (2009), vimos que ao falar
dos anos 1970, a autora faz referência ao contexto das
reformas educacionais, ressaltando essa década como um
marco. É de 1977 o documento Supervisão pedagógica e
orientação educacional: fatores da melhoria da qualidade
de ensino, que diz:
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É bastante recente a experiência brasileira de
supervisão escolar, desenvolvida como atividade
profissional com características próprias e
desempenhada por especialistas treinados para
tal.
Encontramo-nos, ainda, na fase de testes, de
busca de alternativas e de pesquisa em ação.
(BRASIL, 1977)
O mesmo documento apresenta a seguinte definição
de supervisão pedagógica:
Supervisão Pedagógica é um processo
técnico-pedagógico que visa a promoção e
manutenção da unidade da atuação docente com
vistas à realização dos objetivos educacionais
do estabelecimento de ensino, por meio de um
serviço planejado que possibilite a eficiência e a
eficácia da ação educativa. Sua finalidade básica
é a promoção da melhoria do sistema ensino-
aprendizagem. (BRASIL, 1977)
Como se pode observar, o debate sobre a função da
supervisão pedagógica não é exclusivo dos dias de hoje,
de há muito que se questiona qual o papel do profissional
que exerce essa função.
Quaglio (s.d.e.) faz considerações valiosas a respeito
da supervisão, as quais apresentamos com o objetivo de
encerrar este tópico e abrir caminho para o próximo. O
fato do autor ter tido como objeto de estudo a supervisão
escolar paulista, não diminui sua relevância.Trata-se de
um material que deve servir de reflexão, pois o conside-
ramos uma ponte entre um passado que é bem recente e
os dias de hoje.
A supervisão escolar, numa primeira fase do
seu desenvolvimento, era entendida como ins-
peção no sentido de fiscalização, relacionando-
-se mais aos aspectos administrativos, como por
exemplo, condições do prédio escolar, freqüên-
cia dos alunos e dos professores. Numa segunda
fase, a supervisão escolar ficou sendo entendida
como orientação imposta aos professores para
que se tornassem mais eficientes no exercício da
sua profissão. Numa terceira fase, a supervisão
escolar começou a ser entendida como treina-
mento e como guia, de acordo com as necessi-
dades das pessoas implicadas.
A supervisão escolar moderna passou a ser
entendida como orientação profissional e as-
sistência, dadas por pessoas competentes em
matéria de educação, quando e onde necessá-
rias, visando ao aperfeiçoamento da situação
total ensino - aprendizagem. Esse conceito de
supervisão escolar pode ser aplicado a todos os
níveis e fases do processo educacional. Ele tanto
se aplica a técnicos em educação, supervisores
e dirigentes, como a professores coordenadores
pedagógicos.
Na pedagogia tecnicista, predominante nos
sistemas escolares ainda hoje, uma forma alter-
nativa é a “supervisão escolar desejável”, onde
supervisores e professores são igualmente tra-
balhadores técnico- científicos, cabendo à super-
visão escolar a tarefa relevante de organizar os
educadores para a intervenção transformadora
da prática social.
A intervenção transformadora na prática so-
cial já se processa há muito tempo, mas o seu
sentido habitual tem sido o da conservação da
prática social existente. A “supervisão escolar
desejável” é aquela que integra no plano do sis-
tema escolar os educadores que agem de forma
integrada no plano político e social. É a supervi-
são escolar que orienta a prática educacional de
sujeitos politicamente orientados.
[...]
Pensar em um trabalho mais atual de ação
supervisora, envolvendo o professor designado
para a coordenação pedagógica como elemen-
to do sistema de supervisão escolar paulista, é
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acreditar na possibilidade de uma ação supervi-
sora mais eficiente que se apoiará, basicamente,
na participação e na comunicação efetiva e bila-
teral entre agentes de supervisão ( supervisores
de ensino, professores coordenadores ), oficina
pedagógica ( como assessora dos supervisores
de ensino), pessoal escolar e comunidade. Que-
ro me referir aqui àquela ação que fruto de um
trabalho persistente de participação em seu mais
alto nível numa sociedade, que consiste essen-
cialmente no desenvolvimento de um clima posi-
tivo de trabalho resultante da confiança mútua e
do desejo firme de vencer.
O trabalho dos agentes de supervisão, prin-
cipalmente do professor coordenador, passa ir
além do puro treinamento técnico, pois supõe a
compreensão crítica das implicações da própria
técnica, transformando – se os professores co-
ordenadores em intelectuais transformadores do
pessoal escolar. Dessa forma, em vez de serem
somente funcionários do Estado, cuja principal
função tem sido mediar as diferenças de ponto
de vista existentes entre os níveis hierárquicos
do sistema e o pessoal escolar de base, eles tor-
nam – se agentes mediadores efetivos, que têm
papel ativo no processo de transformação edu-
cacional.
Há necessidade de agentes de supervisão,
isto é, supervisores de ensino, professores co-
ordenadores pedagógicos, com visão ampla e
profunda sobre os problemas educacionais, que
implica necessariamente vivência, principalmen-
te em docência. São necessários profissionais
comprometidos com a causa educacional, que
além de sólidos conhecimentos sobre supervi-
são, estejam abertos para as descobertas, isto é,
longe de se apresentarem prontos e acabados,
tenham uma atitude de busca permanente.
CAMINHOS QUE SE ENTRECRUZAM: O SUPERVISOR, O COORDENADOR E O ORIENTADOR EDUCACIONAL
Como vimos na aula A coordenação do trabalho escolar
no sistema e na escola,. em nosso país, o profissional da
educação que atua nas funções de orientador e coorde-
nador pedagógico recebe vários nomes, já que a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96)
utiliza-se das nomenclaturas inspeção, supervisão e orien-
tação educacional para referir-se a esse profissional.
Desse modo, ressalta Côrrea (2009):
Encontramos o supervisor educacional, o
orientador pedagógico, o inspetor escolar e o co-
ordenador pedagógico, atuando de maneiras se-
melhantes, de acordo com as exigências locais.
Nesse momento da aula, vamos detalhar as funções
e apontar os aspectos que as diferenciam. Embora as di-
ferenças existam, há um fator de extrema relevância que
deve marcar a integração do trabalho do supervisor, do
coordenador e do orientador educacional: sua responsabi-
lidade na construção de uma escola de qualidade.
Sobre o supervisor pedagógico (ou supervisor educa-
cional, ou supervisor escolar) , vale reforçar o que nos
dizem Rangel (2003) e Carapeto (2002) apud Côrrea
(2009):
Mary Rangel (2003) afirma que a supervisão
educacional tem um sentido mais amplo, ultra-
passando as atividades da escola e refere-se aos
aspectos estruturais e sistêmicos da educação
em nível macro. Por sua vez, Naura Syria Cara-
peto (2002) considera o supervisor educacional
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um agente articulador de práticas educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno exercício
da cidadania.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo apresenta um perfil de supervisor que expressa, de maneira
geral, o que se exige desse profissional em todo o país:
1. Perfil do Supervisor de Ensino
Propositor e executor partícipe de políticas educacionais é, ao mesmo tempo, elemento de articulação e de mediação
entre essas políticas e as propostas pedagógicas desenvolvidas em cada uma das escolas das redes pública e privada,
exercendo, no sistema de ensino, as funções de:
1) assessorar, acompanhar, orientar, avaliar e controlar os processos educacionais implementados nos diferentes
níveis desse sistema;
2) retro-informar aos órgãos centrais as condições de funcionamento e demandas das escolas, bem como os efeitos
da implantação das políticas.
Fonte: Comunicado SEE de 30/07/2002
2. Onde e como atua o Supervisor de Ensino?
Como membro de Equipe de Supervisão, que compõe a estrutura básica da instância regional (Diretoria de Ensino),
é partícipe da definição de políticas públicas educacionais referentes à educação básica e educação profissional, atuando
junto aos órgãos formuladores dessas políticas, em nível central, regional e local, para:
• assegurar diretrizes e procedimentos que garantam o cumprimento dos princípios e objetivos da educação
escolar estabelecidos constitucional e politicamente,
• favorecer, como mediadores, a construção da identidade escolar por meio de propostas pedagógicas genuínas
e de qualidade.
Como membro de Equipe de Supervisão de instância regional:
1. atua como parte de um grupo, articulando-se com a Oficina Pedagógica e os demais setores da Diretoria;
2. realiza estudos e pesquisas, trocando experiências profissionais, aprendendo e ensinando em atitude participativa
e de trabalho coletivo e compartilhado;
3. participa da construção do plano de trabalho da Diretoria de Ensino, visando a:
3.1 promover o fortalecimento da autonomia escolar;
3.2 realizar processos de avaliação institucional que permitam verificar a qualidade do ensino oferecido pelas escolas;
3.3 formular propostas, a partir de indicadores, inclusive os resultantes de avaliações institucionais, para:
melhoria do processo ensino-aprendizagem;
• desenvolvimento de programas de educação continuada para o conjunto das escolas;
• aprimoramento da gestão pedagógica e administrativa, com especial atenção para a valorização dos agentes
organizacionais e para a adequada utilização dos recursos financeiros e materiais disponíveis em cada escola, de modo
a atender às necessidades pedagógicas e aos princípios éticos que norteiam o gerenciamento das verbas públicas;
• fortalecer canais de participação da comunidade.
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A seguir apresentamos a descrição do cargo de super-
visor educacional elaborada pela Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro:
Compreende os cargos que têm como atribui-
ção básica planejar, supervisionar, avaliar e re-
formular o processo ensino – aprendizagem, tra-
çando metas, estabelecendo normas, orientando
e supervisionando o cumprimento das mesmas
e criando ou modificando processos educativos.
Atribuições Típicas
• Desenvolver pesquisar de campo, promo-
vendo visitas, consultas e debates no sentido só-
cio – econômico educativo, para cientificar – se
dos recursos, problemas e necessidades de árca
educacional de sua responsabilidade de sua res-
ponsabilidade;
• Orientar o corpo docente no desenvol-
vimento de suas potencialidades profissionais,
assessorando – o técnica e pedagogicamente
para incentivar – lhe a criatividade, o espírito de
autocrítica, o espírito de equipe e a busca de
aperfeiçoamento;
• Avaliar o processo ensino – aprendiza-
gem, examinando relatórios ou participando de
conselhos de classe, para aferir a validade dos
processos de ensino;
• Participar da elaboração do projeto edu-
cacional da Unidade Escolar;
• Coordenar o processo de elaboração dos
planos de ensino;
• Promover a articulação entre os diversos
segmentos que atuam no contexto pedagógico e
dos diferentes componentes curriculares;
• Coordenar os debates sobre as bases teó-
rico – metodológicos do projeto pedagógico;
• Acompanhar o trabalho desenvolvido em
salas de aulas, oficinas, laboratórios etc., propon-
do alternativas de aproveitamento profissional;
• Participar da definição de estratégias que
visam a efetiva melhoria do desempenho das
turmas, dos alunos e dos profissionais envolvi-
dos no projeto pedagógico;
• Assessorar e acompanhar o trabalho es-
tatístico da secretaria escolar visando o controle
4. participa de Comissões Sindicantes, visando apurar possíveis ilícitos administrativos.
Como agente de supervisão junto às unidades escolares atua, numa relação de parceria e companheirismo, como
articulador e elemento de apoio à formulação das propostas pedagógicas das escolas, orientando, acompanhando
e avaliando a sua execução, prevenindo falhas, redirecionando rumos, quando necessário, e orientando as equipes
escolares na organização dos colegiados e envolvimento da comunidade, com ênfase na avaliação educacional e na
adoção de programas de formação continuada.
3 - Quais são suas responsabilidades e seus compromissos?
Como agente de supervisão, é co-responsável pela qualidade do ensino oferecido pelas escolas resultante da
implementação das políticas educacionais centrais, regionais e locais, devendo:
• identificar os pontos possíveis de aperfeiçoamento ou de revisão encontrados nos processos de formulação e
ou execução das diretrizes e procedimentos decorrentes dessas políticas;
• avaliar os impactos dos programas e das medidas implementadas;
• propor alternativas de melhoria, superação ou correção dos desajustes detectados às respectivas instâncias;
• buscar, em conjunto com as equipes escolares, soluções e formas adequadas ao aprimoramento do trabalho
pedagógico e à consolidação da identidade da escola. Fonte: http://cei.edunet.sp.gov.br/subpages/projetos/supervisores.htm#1
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do desempenho de alunos profissionais da esco-
la, analisando seus resultados e encaminhando
medidas com vistas à melhoria do processo pe-
dagógico.
Ao traçar o perfil do supervisor e descrever o cargo,
os dois materiais apresentam pontos relevantes da função
supervisora. Dentre eles, destacamos: assessorar, orientar
e avaliar.
Com relação ao coordenador pedagógico, por ter sido
objeto de estudo na aula A coordenação do trabalho esco-
lar no sistema e na escola, não será detalhado nesta aula.
No entanto, consideramos relevante, até mesmo em razão
do próximo tópico em que o trabalho integrado entre su-
pervisor, coordenador e orientador educacional será abor-
dado, rever o que nos diz Libâneo (2001) sobre o papel do
coordenador pedagógico:
O coordenador pedagógico ou professor co-
ordenador supervisiona, acompanha, assessora,
avalia as atividades pedagógico-curriculares. Sua
atribuição prioritária é prestar assistência peda-
gógico-didática aos professores em suas respec-
tivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho
ao trabalho interativo com os alunos. Há lugares
em que a coordenação restringe-se à disciplina
em que o coordenador é especialista; em outros,
a coordenação se faz em relação a todas as dis-
ciplinas. Outra atribuição que cabe ao coordena-
dor pedagógico é o relacionamento com os pais
e a comunidade, especialmente no que se refere
ao funcionamento pedagógico-curricular e didá-
tico da escola e comunicação e interpretação da
avaliação dos alunos.
Trataremos agora do orientador educacional e para ini-
ciar vejamos um pouco da história da Orientação Educa-
cional:
A Orientação Educacional tem sua história
de desenvolvimento atrelada à da Psicologia,
que data do século XVI e procurava através de
psicotécnicas traçar aptidões correlacionadas a
atividades específicas (Grinspun, 1992). Seu de-
senvolvimento como função específica dentro do
contexto escolar se dá no rastro dos avanços da
Psicologia; no entanto, é preciso considerar que
a noção sempre se fez presente na Educação,
tendo em vista que a educação em si se propõe
à orientação do ser. Até a década de 1920, a
Orientação Educacional no Brasil constituía-se de
atividades esparsas e isoladas, em que se fazia
presente o cunho de aconselhamento, ligado a
uma moral religiosa. A partir da década de 1920,
com o desenvolvimento urbano-industrial, houve
a necessidade de formação para essa nova reali-
dade de trabalho. O ensino profissional foi sendo
implementado e, com ele, a Orientação Educa-
cional, serviço que poderia adotar uma linha de
aconselhamento vocacional.
As leis orgânicas de 1942 a 1946 são marcos
no desenvolvimento da Orientação Educacional:
a preocupação com a qualificação profissional
se atrelava à redefinição político-econômica em
curso, comprometendo os diferentes setores da
economia com a formação do seu trabalhador, o
que desembocou na criação do Senai e do Se-
nac. Nesse contexto, a Orientação Educacional
ganhou visibilidade e foi legalmente instituída,
tornando-se obrigatória no ensino secundário,
primando aí pela orientação vocacional. (FRAN-
GELLA, 2008)
O Decreto nº 72.846/73, de 26 de setembro de 1973,
que regulamenta a Lei nº 5.564/68, de 21 de dezembro de
1968, prevê o exercício da profissão de Orientador Educa-
cional. Na Lei 5.692/71, a Orientação Educacional passou
a ser obrigatória no Ensino Fundamental e Médio, à época,
denominados como 1º e 2º Graus, para desempenhar fun-
ções específicas na orientação de educandos/estudantes,
dentro do objetivo da qualificação para o trabalho e da
sondagem de aptidões.
Como se pode observar, essa legislação é dos anos
1970, período do Regime Militar. Diante disse é esclarece-
dor o que apontam Silva & Colli (2007)
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A Orientação Educacional, conforme estabe-
lece Noma (1989), se desenvolve em meio à cri-
se na sociedade, ou seja, quanto maior a crise,
maior a responsabilidade da escola de integrar
o indivíduo a mesma. Quando a sociedade bur-
guesa perde os seus valores universais, a escola
assume a função de formar o indivíduo na Edu-
cação Moral e Cívica, Educação Sexual, Educa-
ção Religiosa, Educação sobre Trânsito, Higiene
e Saúde, entre outros. A educação é regida con-
forme as necessidades da sociedade burguesa
e assim, a escola passa a reproduzir o indivíduo
de forma que este se torna alienado, passivo,
carente de conhecimentos e socialmente mar-
ginalizado, enfim, se a sociedade desintegra, a
escola assume o compromisso de formá-lo inte-
gralmente.
Transcrevemos abaixo o Decreto que regulamenta
a profissão de orientador educacional
Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973
Regulamentada a Lei nº 5.564, de 21 de de-
zembro de 1968, que provê sobre o Exercício da
Profissão de Orientador Educacional
O Presidente da República, usando da atri-
buição que lhe confere o artigo 81, item III, da
Constituição, Decreta:
Art. 1º Constitui o objeto da Orientação Edu-
cacional a assistência ao educando, individual-
mente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º
e 2º graus, visando o desenvolvimento integral e
harmonioso de sua personalidade, ordenando e
integrando os elementos que exercem influência
em sua formação e preparando-o para o exercí-
cio das opções básicas.
Art. 2º O exercício da profissão de Orientador
Educacional é privativo:
I - Dos licenciados em pedagogia, habilita-
dos em orientação educacional, possuidores de
diplomas expedidos por estabelecimentos de en-
sino superior oficiais ou reconhecidos.
II - Dos portadores de diplomas ou certifica-
dos de orientador educacional obtidos em cursos
de pós-graduação, ministrados por estabeleci-
mentos oficiais ou reconhecidos, devidamente
credenciados pelo Conselho Federal de Educa-
ção.
III - Dos diplomados em orientação educacio-
nal por escolas estrangeiras, cujos títulos sejam
revalidados na forma da legislação em vigor.
Art. 3º É assegurado ainda o direito de exer-
cer a profissão de Orientador Educacional:
I - Aos formados que tenham ingressado no
curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71, na
forma do art. 63, da Lei nº 4.024-61, em todo o
ensino 1º e 2º graus.
II - Aos formados que tenham ingressado no
curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71 na
forma do artigo 64, da Lei nº 4.024, de 20 de
dezembro de 1961, até a 4º série do ensino de
1º grau.
Art. 4º Os profissionais, de que tratam os ar-
tigos anteriores, somente poderão exercer a pro-
fissão após satisfazerem os seguintes requisitos:
I - Registro dos diplomas ou certificados no
Ministério da Educação e Cultura;
II - Registro profissional no órgão competen-
te do Ministério da Educação e Cultura.
Art. 5º A Profissão de Orientador Educacional,
observadas as condições previstas neste regula-
mento, se exerce na órbita pública ou privada,
por meio de planejamento, coordenação, su-
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pervisão, execução, aconselhamento e acompa-
nhamento relativos às atividades de orientação
educacional, bem como por meio de estudos,
pesquisas, análises, pareceres compreendidos
no seu campo profissional.
Art. 6º Os documentos referentes ao campo
de ação profissional de que trata o artigo an-
terior só terão validade quando assinados por
Orientador Educacional, devidamente registrado
na forma desse regulamento.
Art. 7º É obrigatório a citação do número do
registro de Orientador Educacional em todos os
documentos que levam sua assinatura.
Art. 8º São atribuições privativas do Orienta-
dor Educacional:
a) Planejar e coordenar a implantação e fun-
cionamento do Serviço de Orientação Educacio-
nal em nível de:
1 - Escola;
2 - Comunidade.
b) Planejar e coordenar a implantação e fun-
cionamento do Serviço de Orientação Educacio-
nal dos órgãos do Serviço Público Federal, Muni-
cipal e Autárquico; das Sociedades de Economia
Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do edu-
cando, incorporando-o ao processo educativo
global.
d) Coordenar o processo de sondagem de
interesses, aptidões e habilidades do educando.
e) Coordenar o processo de informação edu-
cacional e profissional com vista à orientação
vocacional.
f) Sistematizar o processo de intercâmbio das
informações necessárias ao conhecimento global
do educando.
g) Sistematizar o processo de acompanha-
mento dos alunos, encaminhando a outros es-
pecialistas aqueles que exigirem assistência es-
pecial.
h) Coordenar o acompanhamento pós-esco-
lar.
i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da
Orientação Educacional, satisfeitas as exigências
da legislação específicas do ensino.
j) Supervisionar estágios na área da Orienta-
ção Educacional.
l) Emitir pareceres sobre matéria concernente
à Orientação Educacional.
Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educa-
cional as seguintes atribuições:
a) Participar no processo de identificação das
características básicas da comunidade;
b) Participar no processo de caracterização
da clientela escolar;
c) Participar no processo de elaboração do
currículo pleno da escola;
d) Participar na composição caracterização e
acompanhamento de turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recu-
peração dos alunos;
f) Participar do processo de encaminhamento
dos alunos estagiários;
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g) Participar no processo de integração esco-
la-família-comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da
Orientação Educacional.
Art. 10. No preenchimento de cargos públi-
cos, para os quais se faz mister qualificação de
Orientador Educacional, requer-se, como condi-
ção essencial, que os candidatos hajam satisfei-
to, previamente, as exigências da Lei nº 5.564,
de 21 de dezembro de 1968 e deste regulamen-
to.
Art. 11. Este Decreto entrará em vigor na
data de sua publicação, revogadas as disposi-
ções em contrário.
Frangella (2008) aponta que
a criação das associações de supervisores e
orientadores data da década de 1970. Inseridos
numa concepção tecnicista da Educação,
caberia a eles o controle sobre o processo que
se desenvolve na escola, de forma a assegurar
sua eficiência; enredavam-se cada vez mais em
atividades de cunho burocrático.
Nos anos 1980, ressalta Frangella (2008), as fun-
ções de supervisor e orientador ficaram descaracterizadas,
acrescentando que
encontramo-nos hoje num momento de bus-
ca por uma reconceitualização do que vem a ser
orientador. A busca por uma ressignificação des-
ses papéis no contexto escolar e na formação
docente revela a importância dessas funções no
cotidiano escolar. Isso é percebido no Projeto de
Lei 838/07, do deputado Marcos Montes (DEM-
-MG), em tramitação na Câmara, que obriga as
instituições de pré-escola, ensino fundamental e
ensino médio com 300 ou mais alunos a manter
um profissional da educação de nível superior
habilitado em Orientação Educacional. Escolas
menores poderão dividir o tempo do mesmo
profissional.
Contudo, é preciso ter em vista que esse mo-
vimento é recente; ainda hoje, a visão do que
vem a ser orientação está atrelada aos signifi-
cados construídos historicamente: o de um pro-
fissional que atua sobre um outro. Essa visão,
ainda tão presente no cotidiano escolar, indica
caminhos de uma hierarquização do trabalho no
cotidiano escolar a partir da condição de ser pos-
suidor ou não de alguns conhecimentos. Nesse
modelo, o orientador, ao se debruçar sobre esse
cotidiano em desenvolvimento, analisa-o e o al-
tera, como se só ele fosse capaz de enxergar as
dificuldades encontradas e de propor alternati-
vas a elas.
A partir do que aponta o parágrafo acima, faz-se
necessário pensar no desempenho da função do orienta-
do no contexto da gestão democrática, como veremos no
próximo tópico. Como subsídios para essa reflexão apre-
sentamos o texto abaixo, de Silva & Colli (2007), que trata
do papel do orientador no contexto atual.
A Orientação Educacional no contexto atual
tem o papel de mediar de forma articulada e ex-
plícita deixando transparecer o real do deseja-
do; entre o contexto e a cultura escolar; entre
o concreto e o simbólico; entre as realidades e
as representações sociais, a partir disso, fazer a
prática. Grinspun (2003), apresenta alguns ques-
tionamentos referentes ao papel desempenhado
pelos Orientadores Educacionais que proporcio-
na uma reflexão quanto às respostas enfrenta-
das pelos dilemas que a Orientação Educacional
enfrenta. A autora indaga que:
• Por que? Para que? A quem? Como e
quando se orienta?
• A Orientação Educacional deve ser ofere-
cida para todos os alunos ou apenas para aque-
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les que apresentam mais dificuldades/desajustes
na Escola?
• Como romper barreiras (com o aluno,
para o aluno) dentro e fora da escola?
• Quem deve fazer Orientação Educacional
na escola?
• Como trabalhar os aspectos pedagógicos
quando se apresentam muitos aspectos psicoló-
gicos que deveriam ser atendidos?
• Como fazer numa escola em que há pou-
cos orientadores para o número de alunos?
• É possível uma Orientação Educacional
com pouco contato com os alunos?
• O professor pode fazer Orientação Educa-
cional – afinal ele também não se relaciona com
o aluno?
• Qual é a “fórmula” de sucesso para uma
Orientação Educacional bem-sucedida na esco-
la? Quais os “ingredientes” dessa fórmula?
Afinal, por que ainda se fala em Orientação
Educacional na Escola? (GRINSPUN, 2003, p.72).
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POSSIBILIDADES E TENDÊNCIAS: A FUNÇÃO SUPERVISORA NA GESTÃO DEMOCRÁTICA
No vídeo de apresentação desta aula, falamos em ar-
ticulação, formação e transformação. Neste terceiro tópi-
co, vamos estabelecer relações entre essas atribuições da
função supervisora, alguns dos princípios da gestão demo-
crática, em especial, o trabalho coletivo, e a qualidade de
ensino.
É consenso que não se pode alcançar um ensino de
qualidade sem a participação de todos. Nesse contexto,
adquire relevância a tarefa do profissional que exerce a
função supervisora.
O coordenador e, em muitos casos, o orientador edu-
cacional. está todos os dias na escola. É no contato direto
com professores, alunos, funcionários, pais e comunidade
que se desenvolve seu trabalho.
O supervisor é, geralmente, o educador da Secretaria
de Educação, cuja responsabilidade é dar suporte a direto-
res e coordenadores para que estes exerçam melhor suas
tarefas.
Ao tratar da coordenação e supervisão, GanzeLi (s.d.e)
ressalta:
Fica claro que a escola deve oportunizar ao
educando processos de aprendizagens que lhe
assegurem a transmissão do saber acumulado
pela sociedade, como também lhe garantir a
possibilidade de construção de novos saberes.
Deve ainda proporcionar formas para o exercício
de sua cidadania e, por fim, qualificá-lo para o
mundo do trabalho.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional, Lei nº 9394/96, reafirma os fins constitu-
cionais para a educação e indica em seu Art. 3º
os princípios que devem nortear o ensino, en-
tre eles: “VIII – gestão democrática do ensino
público, na forma desta Lei e da legislação dos
sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de
qualidade, XI – vinculação entre educação esco-
lar, o trabalho e as práticas sociais”.
Uma gestão escolar que se proponha a re-
almente alcançar o que está estabelecido nos
preceitos constitucionais terá necessariamente
de construir novas formas de conceber a prática
política-pedagógica da organização escolar; isso
implica em transformar as relações de trabalho
no âmbito interno da escola, bem como entre
essa e os órgãos centrais da educação, o que en-
volve a prática de supervisão e coordenação es-
colar, cujos profissionais têm sido responsáveis
pela articulação entre as macro políticas educa-
cionais e as práticas desenvolvidas no interior da
escola.
Incorporar, na escola, os agentes educacio-
nais que trabalham nos órgãos centrais faz-se
necessário, pois almejamos uma transformação
na gestão escolar que transcenda os limites da
unidade escolar. A escola pertence a uma de-
terminada rede escolar, portanto submete-se a
regras comuns a essa rede. Existem espaços de
autonomia para a unidade escolar, porém auto-
nomia relativa (Barroso, 2001). A participação da
supervisão e coordenação pedagógica visa exa-
tamente favorecer a ampliação dos espaços de
autonomia da unidade escolar. Todas as escolas
possuem um conjunto de normas que organi-
zam a sua estrutura e o seu funcionamento; à
supervisão cabe, entre outras tarefas, avaliar as
consequências dessas normas e orientações na
qualidade do ensino das unidades escolares.
Faz-se necessário apontar que o trabalho integrado en-
tre supervisor, coordenador e orientador educacional deve
estar inserido na concepção da gestão democrática, o que
significa que deve estar integrado, também, à prática co-
letiva.
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Diante disso, acreditamos da máxima relevância e o
que refletir sobre o que apontam Silva & Colli (2007):
O exercício de confrontar as idéias no gru-
po com propósitos de transformar o processo
educativo, conforme afirma Bruno (1998), exi-
ge a compreensão do que foi explícito, implica
na publicação dos desejos, ou seja, quando se
organiza de forma coletiva o que deve ser trans-
formado objetivando a melhora na qualidade de
educar, implica na realização do que se propõe
tornando explícito os desejos, as convicções.
Aquilo que era idéia de uma pessoa, passa a ser
de muitos e poderá ser transformada.
Quanto ao trabalho coletivo na escola, Muri-
beca (1994) destaca que, é necessário abordar
algumas questões, ou seja, analisar as relações
existentes entre sociedade e educação, na qual
identifica-se como a sociedade se organizou ao
longo da história.
Neste tópico, acreditamos ser relevante falar das
reuniões pedagógicas, que muitos podem conhecer pelo
nome de Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC).
Ainda que façam referência apenas ao orientador, o tex-
to de Silva & Colli (2007) sobre reunião pedagógica é re-
levante, pois onde se lê orientador, pode-se acrescentar
coordenador e, em alguns casos, supervisor. Apoiadas em
Torres, as autoras apontam que:
[...] as reuniões pedagógicas tem se tornado
um espaço privilegiado para Orientador Educa-
cional e professores refletirem suas práticas, e
buscarem respostas a um novo saber em um
novo tempo. Mas essas reuniões tem sido alvo
de crítica, pelos próprios educadores, na qual
não se priorizam debates para as mudanças de
propostas a serem trabalhadas, nem o diálogo,
nem algo que venham de encontro à união des-
ses educadores, buscarem revitalizar ações no
sentido de ampliar as possibilidades no que se
diz ao envolvimento do coletivo, para a busca
de novas propostas de uma real transformação.
A autora salienta sobre a importância da Reu-
nião Pedagógica, na qual pode ser construído
projetos pedagógicos, e para isso depende da
veracidade dos envolvidos nesses encontros. O
Orientador Educacional é responsável junto com
a equipe pedagógica em organizar e conduzir es-
sas atividades. Nesse intuito, a autora apresenta
alguns caminhos: as reuniões devem acontecer
semanalmente, organizadas e sistematizadas
pelo Orientador Educacional ou equipe peda-
gógica com duração de duas a três horas em
média. E são para discussão pedagógica/educa-
cionais, como disciplina, avaliação, planejamen-
to, metodologia e problemas de aprendizagem e
essas reuniões podem ser aproveitadas para dar
avisos, distribuir materiais, discutir problemas de
caráter geral como problemas no prédio da esco-
la como por exemplo goteiras, salas sem janelas,
vidros quebrados, entre outros.
Os encontros dos coordenadores pedagógi-
cos com os professores, conforme discute Torres
(2005), não tem sido para fazerem uma intera-
ção e reflexão do trabalho realizado. Mas ape-
nas para resolver problemas e dificuldades da
prática. Esses problemas sempre existirão, po-
rém deve-se refletir e analisar coletivamente na
busca de um saber coletivo para os problemas
enfrentados na escola. Deve-se priorizar uma
discussão coletiva sistematizada, planejada nas
reuniões pedagógicas (TORRES, 2005).
Para terminar esta aula, fazemos nossas, e espe-
ramos fazer sua, as palavras de Silva & Colli (2007):
[...] há necessidade de tomarmos medidas
de forma emergencial nos posicionando como
educadores e compreender a realidade na qual
está posta e na qual nos imposicionam a realizar.
Portanto, devemos colocar na prática uma Teoria
Pedagógica coesa com os objetivos educacionais
propostos pela escola, imbuída numa concepção
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crítica da educação, na luta constante de uma
prática coletiva transformadora.
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Perfil do supervisor.
h t t p : / / w w w. f a e t e c . r j . g o v. b r / d i v r h / i n d e x .
php?option=com_content&view=article&id=101&Item
id=46
Divisão de Recursos Humanos da Secretaria de Ciência
e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.
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