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Instituto Federal do Maranhão – Campus de Imperatriz
Seminário de Física II – apresentação 30/11/2010
As Leis de Newton
Considerações sobre o nascimento da Mecânica Clássica
Vinicius Loiola Beserra [email protected]
Marcelo dos Santos Roxo [email protected]
Resumo. Neste trabalho abordaremos um pouco da biografia e da obra, limitada aqui a Mecânica
Clássica, daquele que é considerado uma dos maiores gênios da humanidade, Isaac Newton.
Falaremos ainda sobre o processo de como nasceu sua obra prima – Principia Mathematica –
Philosophia Naturalis, que entrou para a história da ciência, como um marco por romper de uma
vez por todas com a física aristotélica, unificando assim os Céus e a Terra, estabelecendo o método
cientifico experimental como fonte do saber cientifico. Para isso, Newton se apoiou sobre os
ombros de gigantes ao usar o método cientifico experimental de Galileu, deduzindo a partir das
Leis de Kepler a gravitação universal bem como sua expressão matemática, e ainda tendo como
base a filosofia de Descartes e Sir Francis Bacon.
Palavras-chave: Isaac Newton, Mecânica clássica, Revolução científica.
1. INTRODUÇÃO
Isaac Newton, matemático, astrônomo e físico. É considerado como uma das maiores mentes
cientificas que a ciência já teve. Com ele a ciência deu um pulo qualitativo e quantitativo. Newton
deixou importantes contribuições para ciência, entre elas o cálculo, o binômio de Newton, a
mecânica clássica e a ótica geométrica.
É tido como o primeiro grande unificador, uma vez que quebrou os paradigmas da mecânica
aristotélica, ao mostra que as leis da física têm um caráter universal, encerrando assim a dicotomia
entre o mundo supra lunar e sub lunar.
Sua mecânica clássica é ensinada a estudantes de todo o mundo, se constituindo na base do
currículo dos cursos da área de exatas que tem a Física como disciplina. É tido como aquele que deu
a física o caráter cientifico que temos até hoje em sua essência, tirando a da filosofia e
transformando a em um ramo da ciência. Criou uma teoria para a luz, encontrou a expressão
matemática da gravidade. Aventurou-se ainda pela alquimia e pela teologia e o conjunto de sua obra
nessas outras áreas é ainda maior do que na física. Nas próximas páginas, falaremos sobre a vida e
um pouco da obra de Isaac Newton.
2. DE WOOLSTHORPE A CAMBRIDGE
Isaac Newton foi um dos cientistas mais importantes da história da ciência, sendo chamado “o
gênio preeminente, o intelecto supremo da idade das luzes” (Brennan, 2000, p.24). Nasceu no ano
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de 1642 em Woolsthorpe, em Lincolnshire (cerca de cem quilômetros de Cambridge1). Era um bebê
prematuro, tão frágil e pequeno que sua mãe, Hannah Newton, temeu que ele não vivesse se quer
um dia. Porém Newton viveu, era ele predestinado a ser um dos maiores cientistas que a
humanidade ia conhecer.
Mas Newton não foi uma criança feliz. Sua mãe, viúva (o pai de Newton morrera dois meses
antes de seu nascimento), casou-se com Barnabas Smith, um reverendo de North Witham. Assim,
Newton foi deixado com sua avó materna. “Segundo alguns historiadores, essa separação
traumática pode ter sido a causa de suas tendências psicóticas, sentimentos de insegurança e do seu
não envolvimento com mulheres” (Antônio S. T. Pires, 2008, p.181). Isaac se tornou uma pessoa de
poucas palavras, muito tímido e nervoso; dedicou a maior parte de seu tempo ao estudo.
Newton teve sua educação formal iniciada em pequenas escolas. Com 13 anos foi enviado à
Grantham (cerca de 11 quilômetros de Woolsthorpe), onde passou estudar na King’s School. “Os
especialistas parecem pensar que Newton não havia estudado geometria antes de ingressar em
Cambridge. Newton chegara à faculdade com um conhecimento de matemática notavelmente
reduzido para quem haveria de inventar o cálculo apenas quatro anos depois de deixar a escola
secundária” (Brennan, 2000, p.29).
Newton não era um aluno brilhante, até que se envolveu em uma briga com um colega:
(provavelmente Arthur Storer) o melhor aluno da escola. Newton resolveu vencê-lo
academicamente, tornou-se um leitor de tudo quanto chegava às suas mãos, subindo rapidamente ao
posto de melhor aluno. Quando terminou o ensino secundário, “aos 18 anos, Newton viajou cem
quilômetros ao sul, até a cidade universitária de Cambridge, para um novo mundo e uma nova
vida.” (Brennan, 2000, p.31).
O caminho de um futuro gênio, começou a ser traçado com mais veemência quando Newton
entrou no Trinity College, uma das universidades mais renomadas de Cambridge. Ingressou em
Trinity como “um estudante pobre que ganhava sua subsistência fazendo tarefas servis para
professores e alunos mais abastados” (Brennan, 2000, p.31), isto o tornou ainda mais fechado.
Começou a sua vida acadêmica como os muitos outros bacharelandos da época, estudando
Aristóteles e Platão, mas tinha grande interesse pelas obras que estavam sendo produzidas na época,
obras estas, que estavam revolucionando as ciências, quebrando vários paradigmas.
“Newton encontrou seu próprio caminho2, um caminho que o levou a René Descartes, Sir
Francis Bacon, Galileu Galilei e johannes Kepler. Há claros sinais de que eles, e não os cursos
oficiais, influenciaram profundamente o futuro cientista.” (Brennan, 2000, p.33). Newton começou
mergulhar profundamente em seus estudos indiviuais, lia sobre tudo, e seu pensamento ficou claro
com uma afirmação que ele fez escrevendo em seu caderno de anotações: “Amicus Plato amicus
Aristóteles magis amica veritas (Platão é meu amigo, Aristóteles é meu amigo, mas meu melhor
amigo é a verdade)” (Brennan, 2000, p.33).
1 Cambridge foi fundada pelo rei Henry III em 1231, já que as casas do vilarejo já não mais podiam acomodar a
grande quantidade de estudantes que para lá iam. 2 Em Cambridge os alunos tinha tutores e podiam escolher o que ler, Newton fez o seu próprio curriculum de
disciplinas. O tutor de Newton era Benjamin Pulleyn
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Newton anotava em seu caderno várias questões, questões essas que abrangiam todas as áreas
das ciências naturais e da teologia (Newton era muito religioso), procurava ele com isso estudar e
procurar resolver tais questões, ainda não comprovadas cientificamente na época. Estudou a
geometria de Descartes que o inspirou a realizar vários trabalhos em matemática. Para Newton, os
métodos usados por Descartes juntamente com os outros filósofos da época explicavam melhor a
natureza do que a filosofia de Aristóteles e Platão.
Newton recebeu seu diploma de bacharel em 1665, “encerrou-se, sem reconhecimento, a que
pode ter sido a mais notável carreira de graduação na história da universidade.” (Brennan, 2000,
p.35).
3. UM PROBLEMA DE ASTRODINÂMICA E O NASCIMENTO DO PRINCIPIA.
Principia Matemática – Philosophia Naturalis3, obra de Isaac Newton (1642-1727) é apontada
com um marco na história da Ciência e da Física, em particular. Com ela, Newton demoliu de uma
vez por todas qualquer resquício do pensamento Aristotélico, de que existiam leis físicas diferentes
para a Terra (mundo sublunar) e o Universo (mundo supra lunar4) embora Galileu já tivesse dado
importantes passos na implosão da mecânica de Aristóteles, este não conseguiu chega as três leis
unificadoras da mecânica.
Com o seu trabalho, Newton demonstrava que as leis que regem os astros5 são válidas também
para os fenômenos físicos que ocorrem na Terra. (Cherman, 2004, p. 52). Ocorrendo assim a
chamada primeira grande unificação.
Nessa época Halley, Hooke e Wren (1632-1723), discutiam qual seria a força que mantinha os
planetas em órbita. Eles deduziram a partir das leis de Kepler, que essa força (força da gravidade) é
proporcional ao inverso do quadrado da distância, embora nenhum deles tivesse a prova matemática
para isso.
Também nesse mesmo período Robert Hooke escreveu a Newton uma carta na qual o convida a
comentar sobre um método criado por aquele, para descrever movimentos curvilíneos. Sua ideia
básica era dividir o movimento de um corpo que é atraído para centro em duas componentes de
força: uma inercial e outra radial.
Em 1679, Hooke teria proposto em outra carta a Newton um problema no qual ele pergunta que
tipo de órbita teria um corpo que sofresse atração para o centro, e se a força de atração variasse
inversamente com o quadrado da distância. Newton, responde a Hooke que desconhece seu método
de análise de um objeto em movimento circular, propondo a Hooke outro problema6, não
respondendo ao cientista holandês sobre a questão da força de atração, chamada hoje de força da
gravidade.
Como nos afirma (Cherman, 2004, p.51), o Principia foi fruto do aprimoramento de um
trabalho anterior de Newton, chamado de Do movimento dos corpos em órbita, em latim De Motu.
Ao que tudo indica esse trabalho foi a resposta de Newton ao problema proposto por Hooke, sobre a
“força de atração” na carta escrita em 1679. Esse trabalho foi apresentado a Edmund Halley (1656-
1742), por Newton, depois que esse foi visitado por aquele em Cambridge, que o colocou a par da
3 O que chamamos hoje de Física, na época era chamado de Filosofia natural, pois a Física era tida como um ramo
da filosofia. Newton foi o responsável por essa separação da física da filosofia. 4 No mundo sublunar estava a Terra e no supra lunar o Sol, a Lua e as estrelas, este último era considerado
perfeito, em oposição a Terra, lugar da imperfeição. 5 A área dedicada ao estudo dos movimentos dos astros se chama astronomia dinâmica
6 Para maiores detalhes favor consultar o artigo de Penha Cardoso Dias, RBEF, v.28, n. 2, p. 229 O problema
proposto por Newton
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discussão sobre a força que move os planetas, que existia entre Halley, Wren e Hooke. Newton não
somente apresentou a Halley a solução do problema (veja na equação 1, a solução matemática), de
que a:
órbita elíptica pressupunha uma força proporcional ao inverso do quadrado da distância,
como também invertia e generalizava o problema, demonstrando que tal força implicava
um movimento segundo uma cônica (elipse, parábola, hipérbole), de acordo com a
velocidade do corpo em órbita. (Cherman, 2004, p.51)
Mediante esse fato, Halley incentivou Newton a expandir seu trabalho, o que levou três anos.
Do fruto do aprimoramento desse trabalho, nasceu o que chamamos de Princípios Matemáticos da
Filosofia Natural, também conhecida como Philosophia Naturalis – Principia Matematica.
4. UMA VISÃO DA GERAL DA PRINCIPIA
A Mecânica Clássica ou Newtoniana é uma teoria do movimento baseada nas ideias de massa7
e força e nas leis que relacionam estes conceitos físicos a quantidades cinemáticas. Os fenômenos
da mecânica clássica podem ser descritos usando-se as três leis, que chamamos de Leis de Newton.
Mas antes de falamos das três leis da dinâmica8 se faz mister fala que a revolução efetuada por
Newton também seu deu no campo da semântica. Newton abre o Principia com uma série de
definições. A primeira delas é a de massa: “A quantidade de matéria é a medida da mesma, obtida
conjuntamente a partir de sua densidade e volume” (Newton, 1667, p.39). É Importante que
percebamos aqui que Newton usou o termo “quantidade de matéria” e não massa, como utilizarmos
hoje.
O livro Principia de Newton pode ser dividido em seis partes. Oito definições entre as quais
temos: massa, quantidade de movimento, força de inércia, força centrípeta, que ao final de cada
uma são seguidas um breve escólio9.
A estrutura do Principia de Newton segue um padrão clássico: definições e axiomas, seguidos
de proposições e de suas demonstrações. Essa estrutura é típica das obras de geometria grega, mas
difere da exposição clássica em dois aspectos. O primeiro é que existe um apelo ao uso do método
dos limites também chamado de “o método da primeira e última razões de quantidade” (Newton,
1667, p.71). O segundo é que ele vinculava a validade das preposições à evidência da
experimentação e da observação crítica. (Cohen & Smith, 2004, P.60)
Em sua obra, Newton não define tempo, espaço, lugar e movimento por serem, segundo ele
bem conhecidos de todos, mas no escólio da definição III, ele faz seus comentários sobre o tempo, o
espaço, movimento absoluto e o lugar. (Newton, 1667, p.44).
5. VIS INSITA E A VIS INERTIAE
A razão pela qual Newton criou ele um novo conceito de massa, foi porque, segundo os
experimentos feitos por Richer10
e Halley mostraram que o peso de um corpo varia com a latitude
7 O termo massa hoje em dia reúne em um só termo a massa gravitacional e a massa inercial
8 O termo dinâmica como conhecemos hoje foi cunhado por Leibniz. Newton preferia o termo mecânica racional
9 Escólio, palavra de origem latina que quer dizer comentário, seria o equivalente a nota de rodapé
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terrestre. Até então os conceitos de massa utilizados na época, era o de extensão, termo cunhado por
Leibniz, e peso, termo usado por Galileu Galilei.
É importante esclarecemos a diferença entre massa e peso. Por exemplo, imaginemos uma
pessoa. O peso dela vai depende da intensidade do campo gravitacional. E a intensidade desse
campo depende da massa de onde vai estar a pessoa. Assim uma pessoa, na Lua pesar menos do que
se estivesse na Terra, pois a Lua em contraste com a Terra tem menos massa e no espaço essa
mesma pessoa não terá peso, embora em todas as três situações ela continue a ter a mesma massa.
A segunda dessas definições feita por Newton é de quantidade de movimento: “A quantidade
de movimento é medida do mesmo, obtida conjuntamente a partir da velocidade e da quantidade de
matéria.” (Newton, 1667, p.39). Essa expressão é escrita na forma matemática na equação 2.
(2)
A terceira definição é sobre o conceito de inércia de Newton na qual ele afirma: “A vis ínsita,
ou força inata da matéria, é um poder de resistir, através do qual todo o corpo, no que depende dele,
mantém seu estado presente, seja ele de repouso ou de movimento uniforme em linha reta”.
(Newton, 1667, p.40).
Segundo (Cohen & Smith, 2004, P.60) o termo usado por Newton, vis ínsita, não foi criado por
ele. Essa terminologia lhe era familiar devido as suas leituras. Entre elas podemos citar um
dicionário filosófico da época11
Lexicon Philosophicum de Rudolph Glocenius. Segundo esse autor
“vis ínsita é “poder natural”, uma força que tanto pode ser ínsita (inerente ou natural) ou violenta”
(COHEN & SMITH, 2004, p.60)
Embora Newton, der a sua definição de força de inércia, foi Galileu Galilei (1564-1642) em seu
livro Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo, publicado em 1632, que a concebeu
enquanto ideia.
No livro, que foi escrito em forma de diálogo (uma influência de Platão12
), três personagens,
Filippo Salviati, que representa o próprio Galileu, Simplício representando as idéias aristotélico-
ptolomaicas e Giovanni Sagredo, uma espécie de mediador, trocam diálogos sobre as idéias da
física vigentes na época.
O livro pode ser dividido em quatro partes ou jornadas. A primeira jornada fala sobre a
concepção geral do universo. Nessa primeira parte Galileu refutar as ideias de que haveria
diferentes leis para os fenômenos ocorridos na Terra (mundo sublunar) e no universo (mundo supra
lunar).
A segunda parte descreve as idéias que mostram que a Terra é imóvel. Galileu tentar derrubá-
las. A terceira faz um exame dos fenômenos celestes confirmam o movimento da Terra em torno do
Sol. O quarto mostra o problema das marés, que segundo ele seriam impossíveis sem o movimento
de rotação da Terra.
10
Para maiores detalhes consulta o artigo de Wilson Lopes, Revista Brasileira de Ensino de Física, v.25, n.3:
p.561-568, dez. 2008. 11
No Brasil temos a obra de Abbagnano Dicionário de Filosofia 12
Uma das maiores obras de Platão, A República Livro VII foi escrita em forma de diálogo, para maiores detalhes
consultar a obra de Marilena Chauí, Filosofando.
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É na segunda jornada que Galileu13
demonstrar a existência da inércia. O argumento
aristotélico existente na época era de que se uma moeda fosse deixada do alto do mastro de um
navio ela cairia fora do mesmo.
Galileu demonstrou através da experimentação cientifica que a moeda cairá ao pé do mastro.
Podemos fazer a seguinte experiência, pegue uma bola ou moeda e comece a andar em linha reta.
Em algum momento da caminha deixe o objeto que está segurando cair. Você verá que ele cairá na
base de seus pés.
Isaac Newton transformou a ideia de Galileu na Lei da Inércia, também conhecida como a 1a
Lei de Newton. Essa Lei vai de encontro à ideia da física aristotélica de que um corpo tende a
permanecer em movimento devido ao fato de que sempre existirá uma força, atuando sobre este
corpo, dando assim continuidade ao movimento.
Na verdade o que acontece é que uma vez que uma força14
seja exercida sobre objeto material
(uma bola, um carro, uma pessoa sobre patins), ela continuará em movimento devido a essa
qualidade inerente a matéria: a inércia.
O próprio Newton em seu livro nos afirma que o termo mais apropriado para essa propriedade
seria vis inertiae (Newton, 1667, p.40).
6. AS TRÊS LEIS UNIFICADORAS DA MECÂNICA CLÁSSICA
A primeira lei de Newton também conhecida como Lei da Inércia afirma que: “Todo corpo
continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em Linha reta, a menos que ele seja
forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele15
.”
A primeira Lei de Newton pode ser observada na vida diária, embora passe despercebida.
Podemos exemplificar isso no carro parado (repouso) na rua. Quando o motorista entra e dar a
partida ele o coloca em movimento que se dar segundo uma reta.
A segunda lei, (ver equação 2) nos afirma que: “A mudança de movimento é proporcional à
força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida.”
(2)
Essa lei é expressa hoje da seguinte maneira: “A resultante das forças aplicadas a um ponto
material é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida”
No caso da segunda Lei de Newton, imaginemos três astronautas. Eles resolvem fazer uma
experiência empurrando um deles em direção ao outro astronauta, conforme pode ser visto na figura
1. Quando o astronauta empurra seu companheiro ele também sofrerá uma ação contrária a que ele
exerceu sobre seu colega. Mas ai teremos um problema. À medida que eles se empurram uns aos
outros, tenderam a se afastar e chegará um momento em que a distância entre eles será tal que não
haverá mais a possibilidade de continuar a experiência, além de ser perigoso, pois se correr o risco
de se ficar perdido no espaço.
13
Galileu desfez várias das afirmações feitas por Aristóteles, entre elas a de que corpos pesados cairiam mais
rápido do que corpos leves 14 Uma importante constatação da Lei da Inércia é o Teorema do impulso 15
Se não existisse atrito entre a borracha do pneu de um carro e a superficie tocada, o veiculo poderia se manter
em movimento para sempre
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A terceira lei de Newton nos afirma que: “A toda ação há sempre oposta uma reação igual ou,
as ações mutuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.”
(Newton, 1667, p.41).
De todas as três leis enunciadas por Newton a única para a qual ele apresentou evidências
experimentais foi à última. Essas evidências foram tiradas de experimentos quantitativos
envolvendo a colisão entre corpos rígidos de diferentes tipos de massas.
7. UMA CRÍTICA A MECÂNICA CLÁSSICA
A Mecânica clássica de Newton ainda traz outras implicações. As leis de Newton são válidas
em um sistema de coordenadas inerciais. Esse sistema tem as estrelas fixas como parâmetro, isso
serve para fenômenos cuja velocidade estamos habituados no cotidiano, fenômenos esses cujas as
velocidades sejam bem inferiores a da luz (v<<c), nesse caso a massa é constante. Já de acordo com
a teoria da relatividade de Einstein (1879-1955) a massa é função da velocidade, ou seja quanto
maior a velocidade maior a massa16
. A teoria de Einstein nos diz que nada pode viajar com uma
velocidade superior a da luz no vácuo. Nesse caso o principio da ação da e reação de Newton
(terceira lei) falha a quando o aplicarmos a forças de campo que estão a grandes distâncias. Nesse
caso os movimentos de ação e reação não são simultâneos, levando-se um determinado tempo para
propagação da interação.
8. SOBRE OS OMBROS DE GIGANTES
A célebre frase dita por Newton, nos mostra como o conhecimento cientifico é construído. Esse
conhecimento se dar de forma dinâmica e ao mesmo estruturado. É como um edifício no qual
primeiro se lançam os alicerces, depois as pilastras e vigas e por último vem às paredes. Podemos
dizer que o que Newton fez foi absorver as ideias de Galileu Galilei, Johannes Kepler René
Descartes, Sir Francis Bacon.
De Galileu, Newton legou o método experimental, método esse que Galileu descreveu em seu
livro “O Ensaidor”. Nesse livro Galileu lança os fundamentos do método cientifico moderno, que
tem a seguinte estrutura, segundo nos afirma (Rocha, 2002, p.85):
16
Recomendamos a leitura do livro “Física Conceitual” de Paul G. Hewitt, John Suchocki, Leslie A. Hewitt.
Figura 1. Experiências feitas por astronautas demonstrando a Terceira Lei de Newton, também
conhecido como princípio da ação e reação Crédito: Física Conceitual - Paul G. Hewitt, John
Suchocki, Leslie A. Hewitt
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As causas de um fenômeno, postas pelo pensamento na forma de hipóteses (...),
devem sempre ser verificadas pela observação.(...)17
O método galileano é, no entanto,
racional, pois é a inteligência que descobre as conexões necessárias à formulação de leis
matemáticas, além de corrigir e ampliar o alcance da observação sensível
Joahnnes Kepler (1571–1630) viveu em uma época em que os dogmas aristotélicos fixavam a
Terra como o centro do Universo18
. Ele trabalhou como assistente de Tycho Brahe, um astrônomo
dinamarquês, que tinha grandes possessões e levava uma vida nababesca19
. Kepler teve que espera
até a morte de seu mestre para ter acesso completo a suas observações. Segundo (SAGAN, 1980
,p45) “Tycho foi o maior observador de seu tempo, e Kepler o maior teórico.
Brahé tinha um gênio difícil e deu uma tarefa árdua para Kepler. Analisar a órbita de Marte.
Kepler prometeu que em oito dias o faria, mas levou oito anos, até que um dia ele teve uma intuição
de que a órbita de Marte é uma elipse e não um círculo20
. Assim ele pode deduzir as três leis de
Kepler que regem os movimentos dos astros.
Kepler ainda chegou a deduzir que haveria uma força que emanava do Sol, mas atribuiu a essa
força um caráter religioso. Segundo (Sagan, 1980 ,p56) foi a partir daí que Newton deduziu a
gravidade e a compreensão da Astronomia dinâmica.
René Descartes, matemático, deu como contribuição a matemática, a geometria analítica.
Descartes foi uma das leituras de Newton em Cambridge, com ele nasceu o pensamento moderno
(Giles, 1979, p. 62). Em seu livro Discurso, Descartes afirma o princípio da duvida metódica, como
uma forma de se chegar ao conhecimento. De Sir Francis Bacon, Newton legou o raciocínio
indutivo21
, e ao que nos parece a aversão pelo dogma estabelecido, pois quem buscava o
conhecimento deveria, “...começar com dados concretos, preferivelmente encontrados por meio de
experimento, e raciocinar indutivamente e a partir desses dados para chegar a conclusões reais,
gerais e empiricamente apoiadas.” (Brennan, 2000, p.24)
9. CONCLUSÃO
Diante dos fatos expostos acima, podemos concluir que, a obra de Newton representa o ápice
de uma revolução cientifica e filosófica na maneira de ver e conceber o mundo. Isaac Newton soube
aproveita o que havia de melhor em sua época, trazendo com isso grandes contribuições para a
física, a matemática e a filosofia, ainda que nessa de uma forma indireta.
Sua obra é a base teórica dos cursos de Física no ensino médio ao redor do mundo, bem como
de cursos superiores na área das ciências exatas. Seu grande trunfo foi mostra que a natureza tem
leis e que essas leis podem ser generalizadas, e colocadas em notação matemática.
17
Para maiores detalhes o leitor poderá consulta a obra: “Origens e Evolução das ideias da Física, EDUFBA, p.
84-85 18
Quem ousasse desafiar os preceitos da mecânica aristotélica corria o risco de ser queimando pela igreja católica. 19
A vida nababesca de Tycho durou até a morte do Rei sueco Frederico II. Rodolfo II lhe cedeu o castelo de
Benatek, na Eslováquia. 20
Um dos grandes paradigmas da ciência aristotélica era a de que o circulo era uma figura perfeita e por isso os
astros em seu movimento descreviam círculos. 21
O raciocínio indutivo vai do particular para geral, enquanto que o dedutivo do geral para o particular. Sobre a
indução e a dedução o leitor poderá consulta a obra “Introdução a Filosofia, de Thomas Ramson Giles, E.P.U., 1979.
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10. AGRADECIMENTOS
Agradecemos em primeiro lugar a Deus, Criador do Universo, das ciências e da Física em
particular, ao professor Bosco pela oportunidade em poder escrever este artigo, aos nossos
familiares e amigos pelo incentivo e apoio.
REFERÊNCIAS
BRENNAN, Richard P. Gigantes da física: uma História da física moderna através de oito
biografias. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2000.
CHERMAN, Alexandre. Sobre os ombros de gigantes: Uma História da Física. Rio de
Janeiro: J.Zahar, 2004.
COHEN, I. Bernard SMITH, George E, The Cambridge Companion to Newton. Cambridge
University Press, 2004
GILES, Thomas Ramson. Introdução à Filosofia: Terceira edição revista e ampliada. E.P.U.,
São Paulo, 1979.
GUARDELLI, Daniel. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. Florianópolis, v. 16, n. 1,
1999. Disponível em < www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/viewFile/6875/6335>
acesso em: 10/10/2010.
MILTON, Simon. The Cambridge Encyclopædia of Astronomy. Crown Publishers, New
York, 1977.
NEWTON, I. Principia - Princípios Matemáticos de Filosofia Natural. EDUSP, São Paulo,
2000, livro 1. Tradução de T. Ricci; L. G. Brunet; S. T. Gehring e M. H. C. Célia.
PIRES, Antônio S.T. Evolução da ideias da Física. Livraria da Física Editora, 2008, 2a
edição.
ROCHA, José Fernando. Origens e Evolução da Ideias da Física. EDUFBA, 2002.
SAGAN, Carl. Cosmos. Balatine Books, 1985
TIPLER, Paul. A. Physics for Scientists and Engineers. New York: Worth Publishers, 1999,
Volume 1.
HEWITT, Paul G; SUCHOCKI, John, HEWITT, Leslie A. Conceptual Phyisical Science,
Addison Wesley Longman, 1999,
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Abstract. In this paper we will talk a little about the life and masterpiece of Isaac Newton, limited
here to classical mechanics, who is considered one of the greatest minds of mankind, Isaac Newton.
We will talk about the process of how Principia Mathematica – Philosophia Naturalis, his
masterpiece was designed, and that came to science history like a hallmark for breaking once at all
with the aristotelics physics, unifying in this way Earth and Heaven, establishing the experimental
scientific method as a source of scientific knowledge. To this, Newton had the support of giants like
Galileu from who he used the experimental scientific method, Johann Kepler from who he deducted
the Law of Universal Gravitation as well its mathematical expression, and till having as basis for
his thinking the philosophy of Sir Francis Bacon and Descartes
Keywords: Isaac Newton, classic mechanics, Scientific Revolution