15
16/9/2014 As Lições da Revolução http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 1/15 MIA > Biblioteca > Lénine > Novidades As Lições da Revolução V. I. Lénine Julho de 1917 Transcrição autorizada Escrito: em fins de Julho; o posfácio em 6 (19) de Setembro de 1917. Primeira Edição: Publicado em 12 e 13 de Setembro (30 e 31 de Agosto) de 1917, nos n° 8 e 9 do jornal Rabótchi. Assinado: no n.° 8, N-kov, no n.° 9, N. Lénine. O posfácio foi publicado em 1917 na brochura: N. Lénine, As Lições da Revolução, Petrogrado, Editora Pribói. Fonte: Obras Escolhidas em Três Tomos, 1977, Edições Avante! - Lisboa, Edições Progresso - Moscovo. Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t. 34 pp. 53-69. Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo , agosto 2007. Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante! " - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1977. Qualquer revolução significa uma viragem brusca na vida de massas imensas do povo. Se esta viragem não amadureceu, não pode dar-se uma verdadeira revolução. E tal como qualquer viragem na vida de qualquer indivíduo lhe ensina muitas coisas, lhe faz viver e sentir muitas coisas, assim a revolução dá a todo o povo, em pouco tempo, as lições mais profundas e preciosas. Durante a revolução, milhões e dezenas de milhões de homens aprendem em cada semana mais do que num ano de vida habitual e sonolenta. Pois numa viragem brusca da vida de todo um povo vê-se com especial clareza quais são as classes do povo que perseguem tais ou tais objectivos, de que forças dispõem, com que meios actuam. Todo o operário, soldado, camponês consciente deve meditar atentamente nas lições da revolução russa, sobretudo agora, no fim de Julho, quando se tornou claramente visível que a primeira fase da nossa revolução terminou com um fracasso. I

As Lições Da Revolução

Embed Size (px)

DESCRIPTION

tá ok

Citation preview

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 1/15

    MIA > Biblioteca > Lnine > Novidades

    As Lies da RevoluoV. I. Lnine

    Julho de 1917

    Transcrio autorizada

    Escrito: em fins de Julho; o posfcio em 6 (19) de Setembro de 1917.Primeira Edio: Publicado em 12 e 13 de Setembro (30 e 31 de Agosto) de 1917, nos n8 e 9 do jornal Rabtchi. Assinado: no n. 8, N-kov, no n. 9, N. Lnine. O posfcio foipublicado em 1917 na brochura: N. Lnine, As Lies da Revoluo, Petrogrado, EditoraPribi.Fonte: Obras Escolhidas em Trs Tomos, 1977, Edies Avante! - Lisboa, EdiesProgresso - Moscovo.Traduo: Edies "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lnine, 5. ed. emrusso, t. 34 pp. 53-69.Transcrio e HTML: Fernando A. S. Arajo, agosto 2007.Direitos de Reproduo: Direitos de traduo em lngua portuguesa reservados porEdies "Avante!" - Edies Progresso Lisboa - Moscovo, 1977.

    Qualquer revoluo significa uma viragem brusca na vidade massas imensas do povo. Se esta viragem noamadureceu, no pode dar-se uma verdadeira revoluo. Etal como qualquer viragem na vida de qualquer indivduo lheensina muitas coisas, lhe faz viver e sentir muitas coisas,assim a revoluo d a todo o povo, em pouco tempo, aslies mais profundas e preciosas.

    Durante a revoluo, milhes e dezenas de milhes de homensaprendem em cada semana mais do que num ano de vida habitual esonolenta. Pois numa viragem brusca da vida de todo um povo v-se comespecial clareza quais so as classes do povo que perseguem tais ou taisobjectivos, de que foras dispem, com que meios actuam.

    Todo o operrio, soldado, campons consciente deve meditaratentamente nas lies da revoluo russa, sobretudo agora, no fim deJulho, quando se tornou claramente visvel que a primeira fase da nossarevoluo terminou com um fracasso.

    I

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 2/15

    Com efeito, vejamos o que procuravam alcanar as massas de operriose camponeses ao realizar a revoluo. Que esperavam elas da revoluo? sabido que esperavam liberdade, paz, po, terra.

    E o que vemos hoje?

    Em vez da liberdade comea-se a restaurar a anterior arbitrariedade.Implanta-se a pena de morte para os soldados na frente[N114], so levadosaos tribunais os camponeses por se apoderarem por iniciativa prpria dasterras dos latifundirios. So saqueadas as tipografias dos jornais operrios.So fechados sem julgamento os jornais operrios. Os bolcheviques sopresos, muitas vezes sem que contra eles se formule sequer acusaoalguma, ou formulando acusaes claramente caluniosas.

    Objectar-se-, talvez, que as perseguies aos bolcheviques noconstituem um atentado liberdade, pois s so perseguidas pessoasdeterminadas por acusaes determinadas. Mas esta objeco umaevidente e manifesta mentira; pois como possvel saquear uma tipografiae fechar jornais por delitos de determinadas pessoas, mesmo que essasacusaes estejam provadas e reconhecidas pelo tribunal? Outra coisa seriase o governo reconhecesse como criminoso, por meio de uma lei, todo opartido dos bolcheviques, a sua prpria orientao, as suas opinies. Mastodos sabem que o governo da livre Rssia no podia fazer nem fez nadasemelhante.

    O que principalmente evidencia o carcter calunioso das acusaescontra os bolcheviques que os jornais dos latifundirios e capitalistasinvectivavam com raiva os bolcheviques pela sua luta contra a guerra,contra os latifundirios e contra os capitalistas, e exigiam abertamente apriso e a perseguio dos bolcheviques j quando nenhuma acusaocontra nenhum bolchevique tinha sido ainda inventada.

    O povo quer a paz. Mas o governo revolucionrio da livre Rssiareiniciou a guerra de conquista na base dos mesmos tratados secretosestabelecidos pelo ex-tsar Nicolau II com os capitalistas ingleses efranceses, no interesse da pilhagem de outros povos pelos capitalistasrussos. Estes tratados secretos continuam no publicados. O governo dalivre Rssia limitou-se a subterfgios, e no props uma paz justa a todosos povos.

    No h po. A fome aproxima-se novamente. Toda a gente v que oscapitalistas e os ricos enganam vergonhosamente o tesouro com osfornecimentos de guerra (a guerra custa agora ao povo 50 milhes derublos por dia), obtm lucros inauditos com os preos altos, eabsolutamente nada se faz para um controlo srio da produo e da

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 3/15

    distribuio dos produtos pelos operrios. Os capitalistas tornam-se cadavez mais insolentes, pem os operrios na rua, e isto no momento em queo povo sofre de falta de mercadorias.

    Numa longa srie de congressos, a imensa maioria dos camponesesdeclarou alta e claramente que considera a propriedade latifundiria daterra como uma injustia e um roubo. E o governo, um governo que sechama a si prprio revolucionrio e democrtico, continua h meses aenganar os camponeses e a ench-los de promessas e adiamentos. Durantemeses os capitalistas no permitiram que o ministro Tchernov publicasseleis sobre a proibio da compra e venda da terra. E quando por fim foipromulgada essa lei, os capitalistas levantaram uma campanha infame ecaluniosa contra Tchernov, e prosseguem esta campanha at hoje. Ogoverno chegou a um tal descaramento na defesa dos latifundirios quecomea a levar a tribunal os camponeses por se apoderarem das terraspor iniciativa prpria.

    Engana-se os camponeses, persuadindo-os a aguardar a AssembleiaConstituinte. Mas os capitalistas continuam a adiar a convocao destaassembleia. Agora, quando, sob a presso das exigncias dos bolcheviques,esta convocao foi marcada para o dia 30 de Setembro, os capitalistasgritam abertamente que um prazo curto, impossvel, exigem oadiamento da convocao da Assembleia Constituinte... Os membros maisinfluentes do partido dos capitalistas e latifundirios, do partido dosdemocratas-constitucionalistas ou partido da liberdade do povo, Pninapor exemplo, pregam sem rodeios o adiamento da convocao daAssembleia Constituinte at ao fim da guerra.

    Esperai pela terra at Assembleia Constituinte. Esperai pelaAssembleia Constituinte at ao fim da guerra. Esperai o fim da guerra at vitria completa. Eis onde isto acaba. Os capitalistas e latifundirios, tendoa sua maioria no governo, zombam descaradamente dos camponeses.

    II

    Mas como possvel que isto acontea num pas livre, depois do derru-bamento do poder tsarista?

    Num pas no livre o povo governado por um tsar e por um punhadode latifundirios, capitalistas e funcionrios que ningum elegeu.

    Num pas livre o povo governado s por aqueles que ele mesmodesignou para isso. Nas eleies o povo divide-se em partidos e,geralmente, cada classe da populao forma o seu prprio partido, porexemplo, os latifundirios, os capitalistas, os camponeses, os operrios,

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 4/15

    formam partidos prprios. Por isso nos pases livres o governo do povorealiza-se por meio de uma luta aberta dos partidos e por meio dos acordosque estabelecem livremente entre si.

    Depois do derrubamento do poder tsarista, em 27 de Fevereiro de 1917,a Rssia foi governada durante cerca de quatro meses como um pas livre,isto , pela luta aberta de partidos formados livremente e por meio deacordos estabelecidos livremente entre eles. Para compreender odesenvolvimento da revoluo russa preciso, portanto, antes de maisnada, estudar quais eram os partidos principais, os interesses de queclasses eles defendiam, quais eram as relaes de todos esses partidosentre si.

    III

    Depois do derrubamento do regime tsarista, o poder de Estado passoupara as mos do primeiro Governo Provisrio. Ele era formado porrepresentantes da burguesia, isto , dos capitalistas, aos quais se tinhamunido tambm os latifundirios. O partido dos democratas-constitucionalistas, o principal partido dos capitalistas, ocupava o primeirolugar como partido dirigente e governante da burguesia.

    O poder no foi parar casualmente s mos deste partido, apesar deno terem sido os capitalistas, naturalmente, mas os operrios e oscamponeses, os marinheiros e os soldados, que lutaram contra as tropastsaristas, que derramaram o seu sangue pela liberdade. O poder foi parar smos do partido dos capitalistas porque esta classe tinha nas mos a forada riqueza, da organizao e do saber. Depois de 1905, e sobretudodurante a guerra, a classe dos capitalistas e dos latifundirios a eles aliadosalcanou na Rssia os maiores xitos no que se refere sua organizao.

    O partido dos democratas-constitucionalistas foi sempre monrquico,tanto em 1905 como de 1905 a 1917. Depois da vitria do povo sobre atirania tsarista, este partido declarou-se republicano. A experincia dahistria mostra que os partidos dos capitalistas, quando o povo vencia amonarquia, consentiam sempre em serem republicanos apenas parasalvaguardar os privilgios dos capitalistas e a sua omnipotncia sobre opovo.

    Em palavras, o partido dos democratas-constitucionalistas defende aliberdade do povo. De facto, defende os capitalistas, e todos oslatifundirios, todos os monrquicos, todos os cem-negros, passaramimediatamente para o seu lado. A prova disto so a imprensa e as eleies.Todos os jornais burgueses e toda a imprensa cem-negrista depois darevoluo cantam em coro com os democratas-constitucionalistas. Todos os

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 5/15

    partidos monrquicos, que no se atrevem a agir abertamente, apoiaramnas eleies, por exemplo em Petrogrado, o partido dos democratas-constitucionalistas.

    Depois de se apossarem do poder governamental, os democratas--constitucionalistas orientaram todos os seus esforos no prosseguimento daguerra de conquista e de rapina comeada pelo tsar Nicolau II, que tinhaconcludo tratados de rapina secretos com os capitalistas ingleses efranceses. Nesses tratados era prometido aos capitalistas russos que, emcaso de vitria, poderiam apoderar-se de Constantinopla, da Galcia, daArmnia, etc. Mas quanto ao povo, o governo dos democratas-constitucionalistas limitou-se a ocas justificaes e promessas, adiandotodas as decises sobre os assuntos mais importantes e de maior urgnciapara os operrios e camponeses at Assembleia Constituinte, nomarcando prazo para a sua convocao.

    Aproveitando a liberdade, o povo comeou a organizar-seautonomamente. A principal organizao dos operrios e camponeses, queconstituem a esmagadora maioria da populao da Rssia, eram osSovietes de deputados operrios, soldados e camponeses. Estes Sovietescomearam a formar-se j durante a Revoluo de Fevereiro e, algumassemanas depois dela, na maioria das grandes cidades da Rssia e emmuitos distritos, todos os elementos avanados e conscientes da classeoperria e do campesinato estavam j unidos em Sovietes.

    Os Sovietes foram eleitos de modo inteiramente livre. Os Sovietes eramas verdadeiras organizaes das massas do povo, dos operrios ecamponeses. Os Sovietes eram as verdadeiras organizaes da imensamaioria do povo. Os operrios e camponeses, vestidos com o uniformemilitar, estavam armados.

    desnecessrio dizer que os Sovietes podiam e deviam tomar nas suasmos todo o poder de Estado. At convocao da Assembleia Constituinteno deveria existir no pas outro poder seno o dos Sovietes. S ento anossa revoluo se tornaria uma revoluo verdadeiramente popular,verdadeiramente democrtica. S ento as massas trabalhadoras, queaspiram realmente paz, que no tm realmente nenhum interesse numaguerra de conquista, teriam podido comear a aplicar decidida e firmementeuma poltica que poria fim guerra de conquista e conduziria paz. Sento os operrios e camponeses teriam podido pr um freio aoscapitalistas, que obtm na guerra lucros fabulosos e que levaram o pas runa e fome. Mas nos Sovietes apenas uma pequena parte dos deputadosestava ao lado do partido dos operrios revolucionrios, dos sociais-democratas bolcheviques, que exigiam a entrega de todo o poder de Estadoaos Sovietes. A maior parte dos deputados dos Sovietes estava ao lado dos

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 6/15

    partidos dos sociais-democratas mencheviques e dos socialistas-revolucionrios, que eram contra a entrega do poder aos Sovietes. Em lugarde eliminar o governo da burguesia e substitu-lo por um governo dosSovietes, estes partidos defendiam o apoio ao governo da burguesia e oacordo com ele, a formao de um governo em conjunto com ele. Nestapoltica de acordos com a burguesia dos partidos dos socialistas-revolucionrios e dos mencheviques, nos quais a maioria do povo confiava,reside o contedo fundamental de todo o curso do desenvolvimento darevoluo durante todos os cinco meses decorridos desde o seu incio.

    IV

    Vejamos, antes de mais nada, como se desenvolveu essa poltica deacordos dos socialistas-revolucionrios e mencheviques com a burguesia, edepois procuraremos explicar a circunstncia de que a maioria do povoconfiou neles.

    V

    A poltica de acordos dos mencheviques e socialistas-revolucionrioscom os capitalistas teve lugar, duma forma ou doutra, em todos os perodosda revoluo russa.

    No prprio fim de Fevereiro de 1917, mal o povo triunfou e foiderrubado o poder tsarista, o Governo Provisrio dos capitalistas incluiuKrenski na sua composio, como socialista. Na realidade, Krenskinunca foi socialista, foi apenas trudovique, e s se inscreveu nossocialistas-revolucionrios em Maro de 1917, quando isso j no eraperigoso nem desvantajoso. Atravs de Krenski, como vice-presidente doSoviete de Petrogrado, o Governo Provisrio dos capitalistas preocupou-seimediatamente em atrair para si e domesticar o Soviete. O Soviete, isto ,os socialistas-revolucionrios e mencheviques nele predominantes, deixou-se domesticar, aceitou, imediatamente depois de ser constitudo o GovernoProvisrio dos capitalistas, apoi-lo na medida em que ele cumprisseas suas promessas.

    O Soviete considerava-se como o rgo encarregado de controlar efiscalizar os actos do Governo Provisrio. Os chefes do Soviete criaram achamada comisso de contacto, isto , uma comisso para contacto, paraligao com o governo[N115]. Nesta comisso de contacto os chefessocialistas-revolucionrios e mencheviques do Soviete mantinham-seconstantemente em conversaes com o governo dos capitalistas, vindo aocupar, propriamente falando, a posio de ministros sem pasta ou

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 7/15

    ministros no oficiais.

    Esta situao manteve-se durante todo o ms de Maro e quase todo oms de Abril. Os capitalistas actuavam por meio de protelaes esubterfgios, procurando ganhar tempo. Durante este perodo, o governodos capitalistas no deu um s passo minimamente srio para desenvolvera revoluo. O governo no fez absolutamente nada at para cumprir a suatarefa imediata e directa, para convocar a Assembleia Constituinte, nolevou a questo aos rgos locais, nem sequer criou uma comisso centralpara a preparao deste assunto. O governo no tinha seno umapreocupao: renovar secretamente os tratados internacionais de rapina,que o tsar conclura com os capitalistas da Inglaterra e da Frana, refrear omais cautelosa e dissimuladamente possvel a revoluo, prometer tudo eno cumprir nada. Os socialistas-revolucionrios e mencheviquesdesempenhavam na comisso de contacto o papel dos tolos a quem sealimenta com frases pomposas, com promessas, com os volte amanh.Os socialistas-revolucionrios e mencheviques, como o corvo da conhecidafbula, rendiam-se s adulaes e sentiam-se felizes ouvindo os capitalistasassegurar que tinham os Sovietes na mais alta estima e que no dariam umpasso sem eles.

    Na verdade ia passando o tempo e o governo dos capitalistas no faziaabsolutamente nada pela revoluo. Mas contra a revoluo teve tempo,entretanto, de renovar os tratados secretos de rapina, ou melhor, de osconfirmar e reanimar mediante negociaes complementares e nomenos secretas com os diplomatas do imperialismo anglo-francs. Contra arevoluo teve tempo, entretanto, de lanar os alicerces de umaorganizao contra-revolucionria (ou pelo menos uma aproximao) dosgenerais e oficiais do exrcito de operaes. Contra a revoluo teve tempode comear a organizao dos industriais, fabricantes e empresrios que,sob a presso dos operrios, eram forados a fazer concesso apsconcesso, mas que comeavam ao mesmo tempo a sabotar (arruinar) aproduo e a preparar a sua paralisao, esperando para isso o momentopropcio.

    Mas a organizao dos operrios e camponeses avanados nos Sovietesprogredia constantemente. Os melhores elementos das classes oprimidassentiam que o governo, apesar do seu acordo com o Soviete de Petrogrado,apesar da grandiloquncia de Krenski, apesar da comisso de contacto,continuava a ser um inimigo do povo, um inimigo da revoluo. As massassentiam que, se no vencessem a resistncia dos capitalistas, estavamirremediavelmente perdidas a causa da paz, a causa da liberdade, a causada revoluo. A impacincia e a exasperao cresciam nas massas.

    VI

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 8/15

    Esta rebentou em 20-21 de Abril. O movimento eclodiuespontaneamente, no preparado por ningum. O movimento dirigia-se tonitidamente contra o governo que um regimento avanou mesmo armado ese apresentou diante do palcio Marinski para prender os ministros.Tornou-se para todos claro at evidncia que o governo no podiamanter-se. Os Sovietes podiam (e deviam) tomar o poder nas suas mossem a menor resistncia de qualquer lado. Em vez disso, os socialistas-revolucionrios e mencheviques apoiaram o governo dos capitalistas que seafundava, enredaram-se ainda mais com a poltica de acordos com ele,deram passos ainda mais funestos que conduziam runa da revoluo.

    A revoluo ensina todas as classes com uma rapidez e profundidadeque no se verificam nunca em tempo normal, pacfico. Os capitalistas,melhor organizados, mais experientes em matria de luta de classes e depoltica, aprenderam mais rapidamente do que os outros. Vendo que aposio do governo era insustentvel, recorreram a um mtodo que, nodecorrer de toda uma srie de decnios, desde 1848, foi praticado peloscapitalistas de outros pases para enganar, dividir e enfraquecer osoperrios. Este mtodo o chamado ministrio de coligao, isto , oministrio conjunto de unidade formado por burgueses e trnsfugas dosocialismo.

    Nos pases em que a liberdade e a democracia coexistem h mais tempocom o movimento operrio revolucionrio, na Inglaterra e na Frana, oscapitalistas aplicaram muitas vezes e com grande xito este mtodo. Oschefes socialistas, entrando no ministrio da burguesia, sempre foramtestas-de-ferro, bonecos, biombos dos capitalistas, instrumentos paraenganar os operrios. Os capitalistas democratas e republicanos daRssia puseram em prtica este mesmo mtodo. Os socialistas-revolucionrios e mencheviques deixaram-se imediatamente enganar, e em6 de Maio o ministrio de coligao, com a participao de Tchernov,Tseretli e C.a, era um facto.

    Os simplrios dos partidos socialista-revolucionrio e mencheviqueexultavam, banhando-se enfatuadamente nos raios da fama ministerial dosseus chefes. Os capitalistas esfregavam as mos de prazer, tendo obtido, napessoa dos chefes dos Sovietes, ajudantes contra o povo, tendo obtido asua promessa de apoiar as aces ofensivas na frente, isto , o reinicioda guerra imperialista de rapina, que j estivera a ponto de serinterrompida. Os capitalistas conheciam toda a presunosa impotnciadestes chefes, sabiam que as promessas por parte da burguesia emrelao ao controlo e mesmo organizao da produo, em relao poltica de paz, etc. nunca sero cumpridas.

    Assim aconteceu. A segunda fase no desenvolvimento da revoluo, de

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 9/15

    6 de Maio at 9 ou at 18 de Junho, confirmou plenamente os clculos doscapitalistas quanto facilidade de enganar os socialistas-revolucionrios emencheviques.

    Enquanto Pechekhnov e Skbelev se enganavam a si prprios e aopovo com frases altissonantes de que tomariam 100% dos lucros aoscapitalistas, de que a sua resistncia estava quebrada, etc, os capitalistascontinuavam a fortalecer-se. Nada, absolutamente nada, foi feito, narealidade, durante todo este tempo, para dominar os capitalistas. Osministros vindos dos trnsfugas do socialismo revelaram-se mquinasfalantes para desviar os olhos das classes oprimidas, enquanto todo oaparelho de direco estatal se encontrava de facto nas mos da burocracia(do funcionalismo) e da burguesia. O famigerado Paltchnski, vice-ministroda Indstria, era o representante tpico deste aparelho de governo, queentravava quaisquer possveis medidas contra os capitalistas. Os ministrospairavam e tudo continuava como dantes.

    Em particular, o ministro Tseretli foi utilizado pela burguesia para lutarcontra a revoluo. Mandaram-no apaziguar Cronstadt, quando osrevolucionrios da chegaram a tal ousadia que se atreveram a destituir ocomissrio nomeado[N116]. A burguesia abriu nos seus jornais umacampanha incrivelmente raivosa, maldosa e barulhenta de mentiras,calnias e incitamentos contra Cronstadt, acusando-a do desejo deseparar-se da Rssia, repetindo esta e outras tolices em milhares detons, aterrorizando a pequena burguesia e os filisteus. Tseretli, o maistpico representante desses filisteus aterrorizados e obtusos, foi de todos oque mais honestamente mordeu o anzol da campanha burguesa, detodos o que mais zelosamente esmagou e reprimiu Cronstadt, nocompreendendo o seu papel de lacaio da burguesia contra-revolucionria.Acabou por ser um instrumento da execuo de um acordo com aCronstadt revolucionria, segundo o qual o comissrio em Cronstadt noseria nomeado pura e simplesmente pelo governo, mas eleito no local econfirmado pelo governo. Em miserveis compromissos destes gastavam otempo os ministros que haviam desertado do socialismo para a burguesia.

    L onde nenhum ministro burgus podia aparecer em defesa do governoperante os operrios revolucionrios ou nos Sovietes, aparecia (maisexactamente: era enviado pela burguesia) um ministro socialista,Skbelev, Tseretli, Tchernov, etc, que cumpria conscienciosamente atarefa da burguesia, fazia tudo para defender o ministrio, isentava deculpas os capitalistas, enganava o povo com a repetio de promessas,promessas e mais promessas, com conselhos para esperar, esperar eesperar.

    O ministro Tchernov ocupava-se, em especial, em traficar com os seus

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 10/15

    colegas burgueses: mesmo at ao ms de Julho, at nova crise depoder aberta depois do movimento de 3-4 de Julho, at sada dosdemocratas--constitucionalistas do ministrio, o ministro Tchernov ocupou-se constantemente da causa profundamente popular, interessante e til depersuadir os seus colegas burgueses a que dessem o seu acordo pelomenos proibio da compra e venda de terras. Esta proibio foraprometida do modo mais solene aos camponeses no Congresso (Soviete) deDeputados Camponeses de Toda a Rssia em Petrogrado[N117]. Mas apromessa no passou de promessa. Tchernov no pde cumpri-la, nem emMaio nem em Junho, at ao prprio momento em que a onda revolucionriada erupo espontnea de 3-4 de Julho, coincidindo com a sada dosdemocratas-constitucionalistas do ministrio, deu a possibilidade de aplicaressa medida. Mas mesmo ento essa medida foi uma medida isolada,incapaz de introduzir uma sria melhoria na luta do campesinato contra oslatifundirios pela terra.

    Entretanto, na frente, o democrata revolucionrio Krenski, filiado ltima hora no partido dos socialistas-revolucionrios, cumpria com xito ecom brilho a tarefa contra-revolucionria imperialista de reiniciar a guerraimperialista de rapina, tarefa que Gutchkov, odiado pelo povo, no podiacumprir. Krenski embriagava-se com a sua prpria eloquncia, osimperialistas incensavam-no, jogavam com ele como se fosse um peo dexadrez, adulavam-no, divinizavam-no tudo isto porque servia comlealdade e honestidade os capitalistas, esforando-se por que as tropasrevolucionrias concordassem com o reinicio da guerra, que se travava emcumprimento dos tratados do tsar Nicolau II com os capitalistas daInglaterra e da Frana, para que os capitalistas russos obtivessemConstantinopla e Lvov, Erzerum e Trebizonda.

    Assim decorreu a segunda fase da revoluo russa, de 6 de Maio at 9de Junho. A burguesia contra-revolucionria fortaleceu-se e reforou-se soba cobertura e sob a proteco dos ministros socialistas, preparando aofensiva tanto contra o inimigo de fora como contra o de dentro, isto ,contra os operrios revolucionrios.

    VII

    O partido dos operrios revolucionrios, o partido bolchevique,preparava uma manifestao para 9 de Junho, em Petrogrado, a fim de darexpresso organizada ao descontentamento e indignao irresistivelmentecrescente das massas. Os chefes socialistas-revolucionrios emencheviques, enredados em acordos com a burguesia e ligados pelapoltica imperialista da ofensiva, sentiram-se aterrorizados, vendo queperdiam influncia sobre as massas. Ergueu-se uma gritaria geral contra a

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 11/15

    manifestao, gritaria na qual se uniam desta vez os democratas-constitucionalistas contra-revo-lucionrios com os socialistas-revolucionriose mencheviques. Sob a sua direco, em resultado da sua poltica deacordos com os capitalistas, definiu-se completamente, tornou-seextremamente evidente, a viragem das massas pequeno-burguesas para aaliana com a burguesia contra--revolucionria. Nisto reside o significadohistrico, nisto reside o sentido de classe da crise de 9 de Junho.

    Os bolcheviques cancelaram a manifestao, no tendo o menor desejode lanar os operrios numa luta desesperada, naquele momento, contra osdemocratas-constitucionalistas, os socialistas-revolucionrios emencheviques unidos. Porm, estes ltimos, para conservar ainda umderradeiro resduo de confiana das massas, viram-se obrigados a convocaruma manifestao geral para o dia 18 de Junho. A burguesia estava fora desi de raiva, vendo nisto, com razo, a vacilao da democracia pequeno-burguesa para o lado do proletariado, e decidiu paralisar a aco dademocracia com a ofensiva na frente.

    Com efeito, em 18 de Junho registou-se um triunfo extraordinariamentepatente das palavras de ordem do proletariado revolucionrio, das palavrasde ordem do bolchevismo, entre as massas de Petersburgo, em 19 de Junhofoi anunciado solenemente pela burguesia e pelo bonapartista(1*) Krenskio comeo da ofensiva na frente precisamente em 18 de Junho.

    A ofensiva significava de facto o reinicio da guerra de rapina nointeresse dos capitalistas e contra a vontade da imensa maioria dostrabalhadores. Por isso, ofensiva estava ligado inevitavelmente, por umlado, um gigantesco reforo do chauvinismo e a passagem do poder militar(e, por conseguinte, tambm estatal) para uma camarilha militar debonapartistas, e, por outro lado, a passagem violncia contra as massas, perseguio dos internacionalistas, supresso da liberdade de agitao,s prises e fuzilamentos daqueles que so contra a guerra.

    E se o dia 6 de Maio amarrou os socialistas-revolucionrios emencheviques com uma corda carruagem triunfal da burguesia, o dia 19de Junho prendeu-os com cadeias como servidores dos capitalistas.

    VIII

    A exasperao das massas, como natural, cresceu com maior rapideze fora devido ao reinicio da guerra de rapina. Em 3-4 de Julho deu-se aerupo da sua indignao, erupo que os bolcheviques tentaram conter e qual, naturalmente, deveriam esforar-se por imprimir a forma maisorganizada possvel.

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 12/15

    Os socialistas-revolucionrios e mencheviques, como escravos daburguesia, acorrentados pelo seu senhor, concordaram com tudo: tantocom a chamada das tropas reaccionrias a Petrogrado como com orestabelecimento da pena de morte, com o desarmamento dos operrios edas tropas revolucionrias, com as prises, as perseguies, osencerramentos de jornais sem julgamento. O poder, que a burguesia nogoverno no podia tomar inteiramente e que os Sovietes no queriamtomar, o poder caiu nas mos da clique militar, dos bonapartistas, apoiadosem tudo, naturalmente, pelos democratas-constitucionalistas e pelos cem-negros, pelos latifundirios e capitalistas.

    De degrau em degrau. Uma vez posto o p no declive da poltica deacordos com a burguesia, os socialistas-revolucionrios e mencheviquesforam deslizando irresistivelmente at ao fundo do abismo. A 28 deFevereiro prometeram no Soviete de Petrogrado um apoio condicional aogoverno burgus. A 6 de Maio salvaram-no do colapso e deixaram-seconverter em seus servidores e defensores, dando a sua concordncia ofensiva. A 9 de Junho uniram-se burguesia contra-revolucionria nacampanha de dio desenfreado, mentiras e calnias contra o proletariadorevolucionrio. A 19 de Junho deram consentimento ao reinicio, j efectivo,da guerra de rapina. A 3 de Julho concordaram com a chamada das tropasreaccionrias: era o comeo da entrega definitiva do poder aosbonapartistas. De degrau em degrau.

    Este fim to vergonhoso dos partidos dos socialistas-revolucionrios edos mencheviques no casual mas o resultado, muitas vezes confirmadopela experincia da Europa, da situao econmica dos pequenosproprietrios, da pequena burguesia.

    IX

    Toda a gente observou, naturalmente, como os pequenos proprietriosfazem o possvel e o impossvel para serem algum, para chegarem a serverdadeiros proprietrios, para se elevarem posio do proprietrioslido, posio da burguesia. Enquanto imperar o capitalismo, para opequeno proprietrio no h outra sada: ou passa ele prprio para aposio dos capitalistas (o que possvel, no melhor dos casos, s para umem cada cem pequenos proprietrios), ou passa situao do proprietrioarruinado, do semiproletrio e depois do proletrio. Assim acontecetambm na poltica: a democracia pequeno-burguesa, particularmente nafigura dos seus chefes, arrasta-se atrs da burguesia. Os chefes dademocracia pequeno-burguesa entretm as suas massas com promessas eafirmaes sobre a possibilidade de acordo com os grandes capitalistas. Nomelhor dos casos, obtm dos capitalistas, durante um curto perodo,

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 13/15

    Visite o MIA no Facebook

    concessezinhas para uma pequena camada superior das massastrabalhadoras, enquanto em tudo o que decisivo, em tudo o que importante, a democracia pequeno-burguesa se encontra sempre na caudada burguesia, como o seu apndice impotente, como um instrumentosubmisso nas mos dos reis da finana. A experincia da Inglaterra e daFrana confirmou isto muitas vezes.

    A experincia da revoluo russa, quando os acontecimentos, sobretudosob a influncia da guerra imperialista e da crise profundssima por elacriada, se desenvolveram com uma rapidez extraordinria, esta experinciade Fevereiro a Julho de 1917 confirmou de modo particularmente vivo, demodo evidente, a velha verdade marxista da posio vacilante da pequenaburguesia.

    A lio da revoluo russa : no h, para as massas trabalhadoras,salvao das frreas tenazes da guerra, da fome, da escravizao peloslatifundirios e capitalistas, seno na ruptura completa com os partidos dossocialistas-revolucionrios e mencheviques, na clara conscincia do seupapel de traidores, na renncia a qualquer poltica de acordos com aburguesia, na passagem resoluta para o lado dos operrios revolucionrios.Os operrios revolucionrios so, se os camponeses pobres os apoiarem, osnicos que esto em condies de quebrar a resistncia dos capitalistas, delevar o povo conquista da terra sem indemnizao, plena liberdade, vitria sobre a fome, vitria sobre a guerra, a uma paz justa e duradoura.

    POSFACIO

    Este artigo foi escrito, como se deduz do seu texto, nos fins de Julho.

    A histria da revoluo em Agosto confirmou plenamente as afirmaesdo artigo. Alm disso, em fins de Agosto a insurreio de Kornlov [N118]imprimiu revoluo uma nova viragem, demonstrando palpavelmente atodo o povo que os democratas-constitucionalistas, em aliana com osgenerais contra-revolucionrios, aspiram a dispersar os Sovietes e arestaurar a monarquia. Que fora ter esta nova viragem da revoluo?Conseguir ela pr fim funesta poltica de acordos com a burguesia? Ofuturo prximo o dir . . .

    N. Lnine 6 de Setembro de 1917

    Compartilhe este texto:

    Incio da pgina

    Notas de rodap:

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 14/15

    (1*) Chama-se bonapartismo (do nome dos dois imperadores franceses Bonaparte) a umgoverno que procura parecer no partidrio, aproveitando-se de uma luta extremamenteaguda dos partidos dos capitalistas e dos operrios entre si. Servindo de facto oscapitalistas, esse governo engana, mais que ningum, os operrios com promessas epequenas esmolas. (retornar ao texto)

    Notas de fim de tomo:

    [N114] Em 12 (25) de julho o Governo Provisrio introduziu a pena de morte na frente.Foram institudos nas divises "tribunais militares revolucionrios, cujas sentenas eramexecutadas imediatamente depois de serem publicadas. (retornar ao texto)

    [N115] A Comisso de Contacto foi formada por deciso do Comit Executivo conciliador doSoviete de Petrogrado de 8 (21) de Maro para exercer influncia e controlar aactividade do Governo Provisrio. Na realidade, ajudou o Governo Provisrio a utilizar aautoridade do Soviete de Petrogrado para disfarar a sua prpria poltica contra-revolucionria e contribuiu para afastar as massas da luta revolucionria activa pelapassagem do poder para os Sovietes. A Comisso de Contacto foi suprimida em meados deAbril de 1917 e as suas funes passaram para o Bureau do Comit Executivo. (retornar aotexto)

    [N116] Em 17 (30) de Maio de 1917o Soviete de Cronstadt aprovou uma resoluo sobre aabolio do cargo de comissrio do governo e sobre a tomada da plenitude do poder peloSoviete.A imprensa dos socialistas-revolucionrios e dos mencheviques e tambm a imprensaburguesa lanaram uma furiosa campanha contra o Soviete de Oonstadt, declarando que aRssia estava a desmoronar-se, que o pas cara no caos e na armadilha, etc.O Soviete de Deputados Operrios e Soldados de Petrogrado, e depois tambm o GovernoProvisrio, com o propsito de liquidar o incidente, enviaram a Cronstadt delegaes suaschefiadas, a primeira por Tchkhedze, Gots e outros, e a segunda pelos ministros Skbeleve Tseretli. Estes ltimos conseguiram persuadir o Soviete de Cronstadt a umcompromisso, segundo o qual o comissrio seria eleito pelo Soviete e aprovado peloGoverno Provisrio. Alm disso, foi adoptada uma resoluo de carcter poltico geral naqual o Soviete de Deputados Operrios e Soldados de Cronstadt declarava que reconhecia aautoridade do Governo Provisrio, mas acrescentava que isto no exclui, naturalmente, ascrticas e o desejo de que a democracia revolucionria crie uma nova organizao do podercentral e transfira todo o poder para o Soviete de Deputados Operrios e Soldados. Aresoluo terminava com um protesto decidido contra as tentativas de atribuir aosbolcheviques de Oonstadt a inteno de separar Cronstadt do resto da Rssia. (retornarao texto)

    [N117] Trata-se do Primeiro Congresso de Deputados Camponeses de Toda a Rssia,realizado em 4-28 de Maio (17 de Maio-10 de Junho) de 1917, em Petrogrado. Ossocialistas-revolucionrios, que tomaram a iniciativa de organizar o Congresso,influenciaram grandemente a eleio dos delegados nas localidades. A maioria noCongresso pertencia tambm aos socialistas-revolucionrios. O Congresso transformou-seem arena de uma luta tenaz entre os bolcheviques e os socialistas-revolucionrios paraganhar as massas camponesas. Desenvolveu-se uma luta particularmente aguda quandoda discusso do problema principal do congresso: a questo agrria. V. I. Lnine, no seudiscurso e no projecto de resoluo apresentado em nome da fraco bolchevique, propsque se declarasse a terra propriedade de todo o povo e se iniciasse imediatamente aentrega das terras dos latifundirios aos camponeses, sem aguardar que se convocasse aAssembleia Constituinte.Mas os dirigentes socialistas-revolucionrios conseguiram que o Congresso aprovasse asresolues redigidas por eles. As decises do Congresso exprimiam os interesses dos

  • 16/9/2014 As Lies da Revoluo

    http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/07/licoes.htm 15/15

    Incluso 09/02/2006ltima alterao 08/05/2009

    kulaques, isto , da burguesia rural. (retornar ao texto)

    [N118] Insurreio de Kornlov: levantamento armado contra-revolucionrio da burguesia edos latifundirios em Agosto de 1917, dirigido pelo comandante-chefe do Exrcito, ogeneral tsarista Kornlov. Os conspiradores tinham por objectivo apoderar-se dePetrogrado, aniquilar o Partido Bolchevique, dissolver os Sovietes, estabelecer no pas umaditadura militar e preparar a restaurao da monarquia. Na conspirao tomou tambmparte o chefe do Governo Provisrio, Krenski, mas quando comeou a revolta, temendoser varrido juntamente com Kornlov, afastou-se deste ltimo e denunciou-o comoamotinado contra o Governo Provisrio.A revolta comeou em 25 de Agosto (7 de Setembro). Kornlov lanou contra Petrogrado o3." corpo de cavalaria. Dentro de Petrogrado preparavam-se para a aco as organizaescontra-revolucionrias kornilovistas.O Partido Bolchevique encabeou a luta das massas contra Kornlov, no deixando aomesmo tempo, como o exigia Lnine, de desmascarar o Governo Provisrio e os seuscmplices mencheviques e socialistas-revolucionrios. Os operrios, soldados e marinheirosrevolucionrios de Petrogrado, respondendo ao apelo do CC do Partido Bolchevique,ergueram-se na luta contra os revoltosos. Foram imediatamente criados destacamentos daGuarda Vermelha dos operrios da capital. Numa srie de locais formaram-se comitsrevolucionrios. O avano das tropas kornilovistas foi detido. A agitao bolcheviqueconseguiu provocar a desmoralizao. A insurreio de Kornlov foi esmagada pelos oper-rios e camponeses, dirigidos pelo Partido Bolchevique. O Governo Provisrio, sob a pressodas massas, viu-se obrigado a emitir uma ordem de priso a Kornlov e dos seus sequazese a entreg-los justia por revolta. (retornar ao texto)