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As minhas memórias da Escola Preparatória Júlio Dinis

As minhas memórias da escola preparatória

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As minhas memórias da escola preparatória

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Page 1: As minhas memórias da escola preparatória

As minhas memórias da Escola Preparatória Júlio Dinis

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Dia que foi dia ou a entrada para a escola preparatória

Era um dia de Novembro chuvoso … entrei no corredor, já grupos de raparigas conversavam e riam alto.

Como a maior parte de todas, eu era a primeira vez que ia à escola preparatória por isso não conhecia ninguém. Então encostei-me a um canto, vendo as outras divertindo-se. Entretanto, soou a sineta, anunciando a todas nós que a hora de entrada nas salas de aula respectivas era chegada.

Entrei e sentei-me na primeira carteira de vago que encontrei. Momentos depois a chegou a professora de português, deu-nos as boas vindas e conversou connosco.

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Quando tocou para a saída já todas nós nos conhecíamos através dos diálogos travados entre professora e alunas, por isso brincámos todas juntas, mas mesmo todas, sem excepção. Reparei, então, que conhecia embora de vista uma das minhas colegas de turma, morava no Calvário e até foi com a que mais simpatizei. Viria mais tarde a ser a minha companheira inseparável. A esse respeito recordo aqui uma frase de uma outra colega de turma, a Maria Antónia, que quando nos via juntas exclamava:

- Olhem as inseparáveis, vocês andam sempre juntas.Quando chegou a hora da despedida, todas pronunciámos

um “Até amanhã” risonho.Já não éramos aquelas raparigas tímidas que falavam com

receio, mas sim verdadeiras camaradas, prontas a ajudarem-se umas às outras nos transes mais difíceis.

E aquele dia chuvoso tornou-se num lindo dia cheio de sol. Fátima (11 anos)

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Reportagem da visita de estudo ao Museu Soares dos Reis

Dia 25 de FevereiroHoje nem parece um dia de Fevereiro, o sol que ainda

ontem estava escondido resolveu aparecer para nos saudar e nos seguir ao longo da nossa visita.

Acompanhavam-nos a Srª Drª Rosélia (professora de Francês) e a Srª Drª Amélia (professora de Moral).

Depois de percorrermos diversas salas onde pudemos admirar verdadeiras obras de artes plásticas, entrámos na sala onde estava a “Flor Agreste” e o esboço do “Conde Ferreira” de Soares dos Reis. Os nossos olhos ao verem a primeira, ficaram extasiados de tanta beleza e perfeição. A seguir, fomos à sala onde está o “Desterrado”, “Senhora Inglesa” e “História”.

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O Desterrado, sentado numa rocha, nu, saudoso da

Pátria distante, triste… Esta escultura parece que nos contagiou e sentimo-nos, também, tristes. Fomos andando sempre até que chegámos à sala das damas de companhia de D. Amélia e à sala de audiências desta. Então, aí, pudemos reconhecer móveis usados naqueles tempos e mais coisas todas dignas da nossa admiração.

Quando chegou a hora de nos virmos embora, ficamos desgostosas de nos termos de separar daquele magnífico museu, mas a ordem estava dada e não tivemos senão que obedecer.

Atravessámos as ruas movimentadas do Porto, sempre cantando, até que as casas, as ruas e por fim a nossa escola nos avisou que estávamos em Gondomar.

Fátima (12 anos)

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Reportagem sobre o passeio escolar do ano lectivo 69/70

Eram 8h e 30m, todas nós íamos apetrechadas com lanches saborosos.

Entrámos para a camioneta e dentro de cinco minutos começámos a gritar:

- Está na hora! Está na Hora!- Já passa da hora!...Enfim, lá partimos, foi-nos distribuído o itinerário o que

nem pudemos acabar de ler, pois começámos a cantar. Não minto se disser que algumas meninas nem sequer puseram os olhos naquele papelinho com letras comparado com a nossa alegria! Por isso ele foi guardado como preciosa relíquia.

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A cantar chegámos a S. João da Madeira. Dentro de poucos minutos pusemo-nos a caminho da próxima paragem que seria em Oliveira de Azeméis no parque de La Salete. Avistámos neste parque uma paisagem maravilhosa que ficámos esquecidas a admirá-la. Passemos por lá e …. Voltámos á camioneta desta vez com destino a Aveiro.

Sempre a cantar, cheias de boa satisfação, chegámos a Aveiro onde demorávamos cerca de duas horas. Lá almoçámos. Era quem mais queria despachar os alimentos do saco para fora , oferecendo uns aos outros, não fossemos chegar a casa com alguma coisa.!

Depois visitámos a Barra e a Costa Nova com o seu lindo farol, mas aonde não pudemos subir até tão alto.

O parque de Aveiro com o seu lago com as suas árvores frondosas parecia que nos diziam:

- Admira melhor estas águas tingida de verde, dá um passeio de barco e admira tido quanto te rodeia. Já reparaste em quantos tons de verde há aqui?

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O tempo passava , tivemos que deixar o parque com grande tristeza.

Em Espinho, onde parámos de novo o que aproveitámos para comer qualquer coisa.

Chegámos ao Porto, era já noite.Ao atravessarmos o rio, pela ponte D. Luís, pudemos

ver a luz da iluminação pública reflectir para o rio um tom cor de tijolo que misturado com o preto que àquela hora já se notava, tornava o rio Douro belo e o espectáculo ainda mais belo.

Chegámos a Gondomar por volta das 20 horas e 30 minutos, sempre cantando, embora todas já estivéssemos roucas.

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É assim, mocidade nunca se cansa e sempre o seu olhar reflecte alegria e juventude.

É pena que a mocidade passe com o decorrer dos anos.

É assim, tudo o que é belo passa, também aquele dia maravilhoso, tanto em camaradagem, convívio e paisagens, passou. ( Fátima, 12 anos)

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FESTA FINAL DE ANO Nove de Junho, realizava-se na Escola Industrial e

Comercial de Gondomar, com a colaboração da Escola Preparatória Júlio Dinis a festa do final do ano lectivo de 1969/70.

Dias antes, tinha sido convidada para recitar um a poesia da minha autoria, à minha escolha. Aconselhada pela Drª Adelina Natércia (professora de História), escolhi uma poesia que tinha feito na aula de Português e que tinha vindo no “Cruzeiro” da escola.

Recebi aplausos calorosos que foram para mim as maiores graças do ano.

Contente e aplaudida, vim para casa feliz.

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Participação no jornal da Escola Industrial e Comercial de Gondomar, onde o 2º ano tinha algumas aulas.

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DesilusãoTambém lembro, hoje, aquele dia menos feliz, mas

próprio do tempo em que se vivia, em que eu levei calças para a escola. Ia felicíssima. Custou-me tanto convencer o meu pai a deixar comprá-las, mas finalmente conseguira. No entanto, numa das aulas uma funcionária

chama-me ao Diretor, Carlos Moreira. Por que seria? O Diretor não achava próprio uma menina vestir

calças. Em casa tudo bem. Na escola, não! Toda a felicidade caiu por terra.

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Escola é

... o lugar que se faz amigos.

Não se trata só de prédios, salas, quadros,

Programas, horários, conceitos...

Escola é sobretudo, gente

Gente que trabalha, que estuda

Que alegra, se conhece, se estima.

O Diretor é gente,

O coordenador é gente,

O professor é gente,

O aluno é gente,

Cada funcionário é gente.

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E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um se comporte

Como colega, amigo, irmão.

Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”

Nada de conviver com as pessoas e depois,

Descobrir que não tem amizade a ninguém.

Nada de ser como tijolo que forma a parede,Indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,

É conviver, é se “amarrar nela”!

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Ora é lógico...

Numa escola assim vai ser fácil: Estudar, trabalhar, crescer,

Fazer amigos, educar-se, ser feliz

É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.

(Paulo Freire)