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AS SENHORAS DA CASA DOS AÇORES DE SÃO PAULO: Saberes e fazeres na comemoração do Bicentenário da Imigração Açoriana no ES FABIENE PASSAMANI MARIANO 1 RESUMO O presente artigo tem o intuito de dar visibilidade ao grupo de mulheres imigrantes e suas descendentes, que atuam na realização de trabalhos socioculturais da Casa dos Açores de São Paulo. As experiências promovidas por essas mulheres fazem parte de um cenário significativo de valorização da memória açoriana, contribuindo para a construção da identidade cultural do grupo. Território de experiências luso-brasileiras, a Casa dos Açores de São Paulo iniciou suas atividades em junho de 1980, na região de Vila Carrão, reunindo as famílias de imigrantes açorianos, seus descendentes e simpatizantes, com o objetivo de manter e propagar as tradições religiosas e culturais dos Açores. Sabemos que as práticas de representação do patrimônio imaterial podem nos auxiliar na garantia de sobrevivência de antigas tradições e rituais e, a partir dessa prerrogativa, neste artigo será analisada a contribuição das senhoras da Casa dos Açores de São Paulo nas comemorações do Bicentenário da Imigração Açoriana no Espírito Santo no ano de 2012, através de um intercâmbio cultural entre a Prefeitura de Viana/ES e a Casa dos Açores de São Paulo para a realização de oficinas de gastronomia e artesanato açoriano, no município de Viana. PALAVRAS-CHAVE Açores; Imigrantes; Mulheres; Gastronomia; Artesanato. 1 Professora do Instituto Federal do Espírito Santo, Mestre em Teoria e História da Arte/Ufes, Doutoranda em História PPGHIS/Ufes.

AS SENHORAS DA CASA DOS AÇORES DE SÃO PAULO: FABIENE ... · Espírito Santo pelo Intendente Geral da Polícia do Rio de Janeiro, Paulo Fernandes Viana. As primeiras famílias açorianas

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AS SENHORAS DA CASA DOS AÇORES DE SÃO PAULO:

Saberes e fazeres na comemoração do Bicentenário da Imigração Açoriana no ES

FABIENE PASSAMANI MARIANO1

RESUMO

O presente artigo tem o intuito de dar visibilidade ao grupo de mulheres imigrantes e suas

descendentes, que atuam na realização de trabalhos socioculturais da Casa dos Açores de São

Paulo. As experiências promovidas por essas mulheres fazem parte de um cenário

significativo de valorização da memória açoriana, contribuindo para a construção da

identidade cultural do grupo. Território de experiências luso-brasileiras, a Casa dos Açores de

São Paulo iniciou suas atividades em junho de 1980, na região de Vila Carrão, reunindo as

famílias de imigrantes açorianos, seus descendentes e simpatizantes, com o objetivo de

manter e propagar as tradições religiosas e culturais dos Açores.

Sabemos que as práticas de representação do patrimônio imaterial podem nos auxiliar na

garantia de sobrevivência de antigas tradições e rituais e, a partir dessa prerrogativa, neste

artigo será analisada a contribuição das senhoras da Casa dos Açores de São Paulo nas

comemorações do Bicentenário da Imigração Açoriana no Espírito Santo no ano de 2012,

através de um intercâmbio cultural entre a Prefeitura de Viana/ES e a Casa dos Açores de São

Paulo para a realização de oficinas de gastronomia e artesanato açoriano, no município de

Viana.

PALAVRAS-CHAVE

Açores; Imigrantes; Mulheres; Gastronomia; Artesanato.

1 Professora do Instituto Federal do Espírito Santo, Mestre em Teoria e História da Arte/Ufes, Doutoranda em

História PPGHIS/Ufes.

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INTRODUÇÃO

É o tempo da travessia…

E se não ousarmos fazê-la…

Teremos ficado… Para sempre…

À margem de nós mesmos…

Fernando Pessoa

Figura 1 – Vista da cidade de Viana, Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Fonte: Site IBGE. Fotografia.Ano: 19--

O município de Viana/ES, localizado na Região Metropolitana da Grande Vitória, possui uma

área de 312,745 Km2 e uma população estimada em 74.499 habitantes. Carrega em sua

história, a singularidade de ter inaugurado a imigração europeia na capitania do Espírito

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Santo, pois, sua formação se deu a partir da instalação de famílias portuguesas (naturais do

arquipélago dos Açores2), incentivadas política e financeiramente pela Coroa Portuguesa.

Novaes [19--] relata que, por influência do Governador Rubim3, trinta casais de açorianos dos

que vieram aumentar a povoação branca do Brasil, foram encaminhados para a Capitania do

Espírito Santo pelo Intendente Geral da Polícia do Rio de Janeiro, Paulo Fernandes Viana. As

primeiras famílias açorianas chegaram à Capitania do Espírito Santo em novembro de 1812,

porém só foram encaminhadas para Viana (Sertão de Santo Agostinho) em fevereiro de 1813.

Para viabilizar a instalação desses imigrantes, houve distribuição de terras e outros incentivos

para o desenvolvimento da produção agrícola - especialmente para o cultivo de linho e trigo.

De acordo com a documentação existente nos acervos do Arquivo Público Estadual e do

Arquivo Público Municipal de Viana, os imigrantes açorianos que chegaram ao Espírito Santo

entre os anos de 1812 e 1814 eram naturais das Ilhas Terceira, São Miguel e Faial.

No ano de 2012, foi realizado no município de Viana, o projeto “Bicentenário da Imigração

Açoriana no Espírito Santo”, cujo objetivo principal estava centrado no reconhecimento e na

valorização da importante contribuição dos açorianos na formação da identidade cultural

capixaba, exaltando seus duzentos anos de história. Assim, foram desenvolvidas diversas

ações ligadas a esse tema, dentre os quais destacamos: a gravação do CD “Açorianidade

Capixaba” e seu lançamento nas cidades brasileiras de Viana/ES, Vitória/ES e São Paulo/SP e

na cidade portuguesa de Angra do Heroísmo, localizada na Ilha Terceira/Açores; a gravação

do Documentário “Açorianidade Capixaba”, que acompanhou a realização de duas Festas do

Divino Espírito Santo (sendo uma delas realizada em Viana e a outra na Ilha Terceira/Açores)

destacando as principais semelhanças e diferenças entre elas; O lançamento de um box

comemorativo, contendo os três livros escritos pelo escritor vianense Heribaldo Lopes

Balestrero, acompanhado de exposição sobre sua vida e obra na Casa da Cultura de Viana; A

2 O arquipélago de Açores é um território pertencente a Portugal, formado por nove ilhas, que juntas somam uma

área total de 2.333 Km2. Localizado no oceano Atlântico, os Açores ocupam uma posição intercontinental que

lhe confere uma centralidade muito peculiar e estratégica nas conexões entre o Velho e o Novo Mundo.

3 A nomeação de Francisco Alberto Rubim da Fonseca e Sá Pereira para o cargo de governador inaugura

historicamente o primeiro governo do Espírito Santo independente do governo da Bahia (1812-1819).

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realização de Oficinas de Gastronomia e Artesanato Açoriano, ministradas pelas senhoras da

Casa dos Açores de São Paulo (CASP), na cidade de Viana.

Neste artigo, iremos revisitar, especificamente, a realização das Oficinas de Gastronomia e

Artesanato Açoriano, realizadas por meio de um intercâmbio cultural firmado entre a

Prefeitura Municipal de Viana e a CASP, tendo como foco principal a importância do papel

desempenhado pelas senhoras imigrantes e descendentes, na manutenção e no

desenvolvimento da Casa dos Açores de São Paulo, subvertendo os valores patriarcais a que

foram submetidas durante o decorrer de suas vidas, alterando o cenário comum da dominação

do gênero masculino sobre o feminino e do espaço de atuação da mulher, que antes estava

restrito a sua própria casa.

IMIGRANTES AÇORIANOS EM SÃO PAULO

Ao analisarmos a imigração portuguesa sob a perspectiva nacional, podemos considerar três

momentos distintos, com objetivos diferenciados em relação à entrada de portugueses no

Brasil. Dessa forma, o primeiro momento ocorre entre 1888 e 1898, já na fase final da

escravidão, cujo objetivo da imigração estava pautado, principalmente, na transição do

trabalho escravo para o trabalho livre. O segundo momento ocorre entre os anos de 1904 e

1915, onde há uma confluência de fatores que estimulam a emigração de portugueses para o

Brasil, dentre os quais destacamos as dificuldades enfrentadas por Portugal, por ocasião da

crise política e econômica. A marcação do terceiro momento está localizada entre o final da 1ª

grande guerra que se estende até os anos 1930, ocorrendo posteriormente uma retomada no

pós 2ª grande guerra, até o início dos anos 60.

Acerca da produção historiográfica sobre a imigração e dos trabalhos que investigam os

ibéricos e, em particular os portugueses:

Alguns destes estudos buscam ultrapassar as interpretações centradas nas

referências expulsão-atração que sustentaram as interpretações econômico-

demográficas, priorizam-se novos aspectos que focalizam as relações culturais, os

vínculos estabelecidos, as redes de sustentação nos países de saída e de

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acolhimento, os sonhos e expectativas construídos no processo de imigração

(MATOS, 2013:35)

Existem algumas controvérsias quanto aos motivos gerais da emigração açoriana para o

Brasil. Matos (2013) destaca entre os principais: as limitações do território (solo vulcânico e

catástrofes naturais); as dificuldades econômicas (crises cíclicas cerealíferas,...); as questões

sociais e familiares (aumento demográfico); o tipo predominante de propriedade, sua

exploração e atraso tecnológico. Todos esses fatores aliados a tensões políticas, fugas do

recrutamento militar; poucas oportunidades de trabalho e baixos salários; frágil expressão do

setor comercial e industrial; crises no setor alimentício e o desejo de “fazer a América”.

De acordo com Matos (2013), durante a segunda metade da década de 50, no governo de

Juscelino Kubitschek, o Brasil tinha a maior colônia de portugueses no estrangeiro. Os

imigrantes passaram a se organizar em associações, que foram de extrema importância para o

governo português, que se utilizava das mesmas para fazer propaganda do regime salazarista4

nesses ambientes. As Casas Regionais, como é o caso da Casa dos Açores de São Paulo,

também eram práticas associativas dos imigrantes portugueses e funcionavam como uma

forma de manutenção dos laços, estabelecimento de redes e resistência cultural.

Em São Paulo, os açorianos se estabeleceram principalmente na região de Vila Carrão. Eles

optaram por se localizarem nas proximidades dos centros urbanos devido às oportunidades

geradas a partir do processo de urbanização. Apesar da existência de uma grande

concentração de trabalhadores, o que gerava uma concorrência considerável, eles também se

dedicaram ao comércio, à prestação de serviços e ao desenvolvimento de outros tipos de

ofícios. Assim como em outras localidades, a prescrição de papéis diferenciados de atuação

dos gêneros no modelo familiar patriarcal parece ter atravessado os séculos e o Atlântico,

principalmente no que diz respeito ao fator econômico. A figura da mulher açoriana como

cuidadora do marido, do lar e dos filhos foi, durante muito tempo, replicada em grande parte

4 O regime salazarista vigorou em Portugal entre os anos de 1933 e 1974. Trata-se do Estado Novo português,

que recebe este nome em referência a Antônio de Oliveira Salazar, que ocupou a chefia do governo durante a

maior parte desse período. Em geral, caracterizou-se como um período autoritário, nacionalista, tradicionalista e

corporativista.

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dos lares de imigrantes e seus descendentes, materializada na antiga crença de que a mãe

deveria dedicar-se integralmente à criação dos filhos e aos cuidados da casa.

Sobre o cotidiano das mulheres imigrantes portuguesas e suas experiências em diversas

atividades e ocupações, Matos (2013) afirma que, prioritariamente, elas preferiam funções

que lhes permitissem conciliar com o papel de mãe e esposa, realizando serviços no próprio

lar, por exemplo: bordadeiras, floristas, costureiras, engomadeiras, Também se destacaram

como donas de pensões, fornecedoras de refeições, nas atividades comerciais de pequeno

porte e também no comércio de alimentos, tais como açougues, cafés, botequins, restaurantes.

“Os baixos rendimentos e a necessidade de complementação de renda impulsionavam as

imigrantes à realização de atividades ocasionais, importantes alternativas pela possibilidade

de combinar os afazeres domésticos com o trabalho remunerado”. (MATOS, 2013:85)

Mesmo na atualidade, ainda existe, na divisão do trabalho dentro do ambiente doméstico,

antigos estereótipos. A tradicional distinção entre os papéis do pai e da mãe ainda está muito

presente na família nuclear: a mãe é a responsável pelo cuidado com os filhos e a casa,

enquanto o pai, além de provedor do sustento, assume também responsabilidades em questões

disciplinares e relacionadas à autoridade. As tarefas domésticas ainda são delegadas

predominantemente ao gênero feminino, mesmo que a mulher também exerça atividade

remunerada fora de casa e contribua, de forma igualitária ou superior ao homem, no

orçamento familiar. Infelizmente, a contribuição da mulher no sustento econômico é muitas

vezes desconsiderada, enquanto o trabalho doméstico continua sendo negligenciado e

desvalorizado em nosso contexto social. À mulher é conferida uma posição complementar ao

homem no que diz respeito ao trabalho, mesmo que, em muitos casos, sejam elas as reais

provedoras do sustento dos seus lares.

Sobre a condição da mulher imigrante portuguesa:

De uma forma ou outra, no campo e nas cidades, nas fábricas e nos domicílios, nas

ruas, mercados e pequenos negócios; como amas, lavadeiras e serviçais, as

mulheres portuguesas se fizeram atuantes. Traziam a experiência do trabalho árduo

reproduzindo-o em outro contexto, presentes nos relatos de memória (MATOS,

2013: 94)

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No caso particular da Casa dos Açores de São Paulo, em relação às mulheres imigrantes e

suas descendentes, cabe destacar que elas desempenham um papel fundamental na

manutenção da instituição: atuam na tomada de decisões junto à diretoria, na organização dos

eventos, participam de atividades ligadas à gastronomia, ao artesanato e ao Grupo Folclórico

da CASP, enfim, contribuem efetivamente para a preservação e divulgação de suas tradições

culturais.

SABERES E FAZERES AÇORIANOS EM VIANA

As oficinas de gastronomia e artesanato açoriano foram realizadas por meio de uma parceria

estabelecida entre a Prefeitura de Viana/ES e a Casa dos Açores de São Paulo - CASP, com o

apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE/ES, por

ocasião da comemoração dos duzentos anos da chegada dos primeiros imigrantes açorianos ao

Espírito Santo. Tendo em vista que a imigração açoriana nessa localidade ocorreu nos anos

iniciais do século XIX – entre 1812 e 1814 e, depois desse processo imigratório, não existem

registros da chegada de outros grupos numerosos e organizados de açorianos na localidade,

muitas de suas tradições se perderam ou se transformaram e, atualmente na região, as famílias

descendentes de açorianos desconhecem receitas, utensílios e outros costumes de seus

antecessores. A mais relevante exceção para esta afirmação ocorre em relação à realização da

Festa do Divino Espírito Santo - tradição religiosa e cultural - herança da imigração açoriana,

que se repete anualmente, desde o ano de 1817, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da

Conceição, em Viana.

Com o objetivo de propiciar à comunidade local e, especialmente aos envolvidos com a

realização da Festa do Divino Espírito Santo em Viana, os saberes e fazeres da gastronomia

tradicional dos açores e também, do artesanato açoriano relacionado à simbologia do Divino

Espírito Santo, as oficinas foram programadas e executadas. Foram disponibilizadas

gratuitamente para a comunidade local, com inscrições limitadas a, aproximadamente, quinze

pessoas por curso. As vagas foram ocupadas quase que exclusivamente por mulheres, acima

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de quarenta anos de idade, residentes nas regiões mais próximas à sede da cidade, católicas e

frequentadoras da Festa do Divino Espírito Santo. As exceções ocorreram com relação à

oficina de gastronomia, por ocasião da participação de cozinheiros de restaurantes instalados

no município de Viana. Nesse caso, o objetivo deles estava no aprendizado de um prato típico

da gastronomia açoriana, como forma de atendimento diferencial e atração de novos clientes.

Ao todo, foram oito senhoras da Casa dos Açores de São Paulo que atuaram no Projeto,

executado em agosto de 2012, a saber: Eulália de Oliveira Arruda Reis, Eliana dos Anjos

Sousa Pimentel, Venilde Rosa Pereira de Oliveira, Maria da Conceição Cabral dos Reis,

Hercília Brunassi, Ilda Maria Salvador dos Reis, Maria Ana de Sousa Salvador Soares e

Margarida Rosa de Medeiro. Os custos referentes às passagens aéreas, hospedagens, traslados,

alimentação e materiais para as oficinas, ficaram a cargo do convênio firmado com o

SEBRAE-ES. Todos os participantes inscritos receberam, gratuitamente, apostilas com os

conteúdos trabalhados nas aulas e também todos os materiais necessários para o aprendizado

dos pratos e das peças artesanais. A oficina de gastronomia priorizou os ensinamentos dos

pratos tradicionais açorianos, especialmente aqueles que ainda são servidos nos rituais

sagrados e profanos da Festa do Divino Espírito Santo nos Açores. Entre os pratos trabalhados

na oficina destacamos o cozido açoriano, a alcatra, a massa sovada, o feijão assado, o bolo

levedo e as malassadas.

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Figura 2 – Preparo da Massa Sovada da Ilha de São Miguel. Fonte: apostila de gastronomia açoriana, elaborada pela Casa dos Açores de São

Paulo. Fotografia. Ano: 2012

A oficina de artesanato, por sua vez, objetivou o ensinamento e a produção de souvenires

relacionados à simbologia da Festa do Divino Espírito Santo, sendo esses utilizados como

objetos de culto ou devoção, comércio ou divulgação.

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Figura 3 – Preparo dos souvenires (mini bandeiras e almofadas) do Divino Espírito Santo. Fonte: apostila de artesanato açoriano, elaborada

pela Casa dos Açores de São Paulo. Fotografia. Ano: 2012

Foram confeccionados diversos modelos de “Bandeiras do Divino” em miniatura,

almofadinhas e “Capas do Divino” para serem penduradas nos retrovisores internos dos

veículos ou nas portas das residências (vide figura 3). Tais objetos são utilizados como

amuletos e carregam a ideologia da proteção divina àqueles que os possuem.

Com o objetivo de investigar os resultados dessa ação junto aos participantes das oficinas,

foram selecionadas duas testemunhas, com características bastante peculiares em relação às

tradições açorianas e à vivência em Viana, atuação na comunidade e objetivos na participação

das oficinas. As entrevistas foram por mim realizadas, no ambiente escolhido pelas depoentes,

na cidade de Viana. Uma delas foi a Senhora Anamaria Lima Macarineli, natural de Muniz

Freire, casada, mãe de três filhos, cozinheira, que escolheu ser entrevistada no seu local de

trabalho. Sobre sua participação na Oficina de Gastronomia Açoriana, Anamaria comenta:

[...] deveria ter uma continuidade porque foi muito bom, muito proveitoso o curso

que elas deram e que não parasse só naquele curso ali. Eu acho assim: quem

participou daquele curso ali, fez aquele curso, de gastronomia é pra continuar, pra

fazer essas coisas que nós aprendemos lá pra colocar nas barracas. E a gente não

vê isso. Então aprendeu, parou ali, ficou ali. Eu acho que deveria fazer e botar lá na

Festa pra vender ou pra expor lá o que nós aprendemos. Eu falei mesmo: o único

ano que eu tirei férias, que eu aproveitei minhas férias, foi fazer esse curso. Falei

mesmo, foi a melhor coisa que me aconteceu, porque eu não tiro férias. Eu tirei

férias justamente nesse período pra fazer esse curso (MACARINELI, Anamaria

Lima. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016. LEMM. Ufes).

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Questionada sobre os aspectos positivos e negativos da realização das oficinas, Anamaria

acrescenta: Uma coisa que posso dizer que foi negativo, eu tenho certeza que não foi. Eu acho

que, independente de quem estava ali, teve um bom proveito. Nós colhemos bons

frutos. Eu mesma sou uma que tenho vontade de continuar, porque eu amei o curso

delas, eu amei. A gente se sentiu em casa, mesmo com elas falando enrolado. A

gente “entendia elas” falando o português delas, e foi muito prazeroso. Eu acho

que deveria se trazer mais vezes, não parar só naquele. Porque trouxe aquele ano e

acabou, não trouxe mais. Devia continuar porque foi muito bom. Eu tenho certeza

de nós não deixamos má impressão pra elas não. Eu tenho certeza de que elas

gostaram de todos nós. [...] a gente via alegria no rosto delas. Eu espero que elas

tenham gostado de cada de um nós que passou por lá (MACARINELI, Anamaria

Lima. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016. LEMM. Ufes).

A outra depoente, Senhora Felícia Pimentel Vieira, natural de Viana, descendente de

açorianos, viúva, mãe de três filhas, professora aposentada, preferiu ser entrevistada em sua

própria residência.

Figura 4 – Procissão da “Festa do Divino” na cidade de Viana. Imperadores: Sr. Theodomiro Pery Miranda e Srª Felícia Pimentel Vieira.

Fonte: Acervo Familiar. Fotografia. Autor desconhecido. Data provável: 1968.

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As duas entrevistadas se denominam católicas, devotas do Espírito Santo e frequentadoras da

“Festa do Divino” em Viana, porém cabe ressaltar, que a Senhora Anamaria iniciou sua

relação com a Festa do Divino Espírito Santo quando se mudou com a família para Viana, há

aproximadamente 24 anos, enquanto a Senhora Felícia, é frequentadora desde a infância, já

atuou como Imperatriz do Divino5e, há algum tempo, trabalha na realização da festa todos os

anos, organizando a barraca de pastéis e caldo de cana:

Meus pais participavam da festa, ajudavam em tudo. Desde a construção das

barracas. Eram barracões de palha que faziam, pra fazer a gastronomia pra servir

na festa. Então, não era nada cobrado, eles angariavam as coisas, carne, todas as

coisas da roça e faziam aquelas comidas, e então distribuíam durante o dia inteiro

na festa. Isto, enquanto eu era menina, né? Que meus pais participavam. Eles eram

bem antigos aqui. Desde que minha mãe nasceu... em 1902, então participou muito

tempo. Ela valorizava muito, então a Festa do Espírito Santo aqui era um “dia

santo”, ninguém fazia nada. Todo mundo era envolvido com a festa. Depois que eu

me tornei adulta, aí eu já participava, não... já tinha mudado completamente. Houve

um período que praticamente acabou... acabou e que ninguém queria mais se

envolver. Muitas pessoas saíram da igreja católica, foram pra outras religiões e

praticamente acabou (VIEIRA, Felícia Pimentel. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016.

LEMM. Ufes).

Ao ser questionada sobre a existência algum motivo especial, a Sra. Felícia relatou:

“teve”, porque ninguém queria ajudar. Porque não havia, assim, retorno. Porque

uns, por exemplo, os fazendeiros, doavam os animais, mas ninguém queria, por

exemplo, ganhava um boi. Ninguém queria ir lá, matar, aprontar pras pessoas fazer

a comida. Então, isso se tornou um ponto difícil. Aí eles optaram pra fazer, dar o

boi e aí eles faziam leilão. Aí não havia mais comida. Eles davam o boi, faziam o

leilão e o dinheiro era todo revertido para a igreja. Daí as pessoas não comiam

mais de graça. Faziam comida, mas aí já não era mais pra doação. Isso já na minha

parte de adulto (VIEIRA, Felícia Pimentel. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016.

LEMM. Ufes).

Acredita que a festa perdeu muito com isso, perdeu a essência da partilha e relembrou que

naquela época também eram feitos saquinhos de pano com doces de banana, mamão e outras

frutas para doação aos participantes da festa como se fosse um presente. Segundo ela, quando

a comida ainda era oferecida de forma gratuita na festa, não existia um local específico onde

5 A Festa do Divino Espírito Santo é organizada pelo casal de Imperadores – Imperador e Imperatriz do Divino,

com o apoio de coordenadores da Igreja Matriz N. Sra da Conceição. Os interessados se candidatam e a escolha

é feita por meio de sorteio, realizado no Domingo de Pentecostes, indicando os organizadores da festa do

próximo ano.

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todos se juntavam no preparo dos alimentos e sim, que cada um preparava os alimentos em

suas próprias casas e levavam para a igreja no dia da Festa:

No dia do Espírito Santo, no domingo, eles faziam um barracão de palha, coberto

de palha, onde tudo que era feito nas casas eles serviam lá. Isso na época dos meus

pais, né?!. Aí tinha a missa 10h, a missa solene e depois todo mundo era só

envolvido ali. Todo mundo partilhava, era todo mundo (VIEIRA, Felícia Pimentel.

Depoimento, Viana, 01 fev. 2016. LEMM. Ufes).

Sobre a oficina de artesanato e a motivação dos visitantes e fiéis que querem comprar

lembranças que tenham uma relação com o local visitado, no caso de Viana, que tenham

relação com a festa do Divino Espírito Santo, a Sra. Felícia comenta:

Foi muito válido esse curso de artesanato. Coisa que não conhecíamos. Então, pra

fazer lembranças justamente. Eu já me propus e até já falei com o padre, a gente

poderia fazer botar lá pra vender. Eu não vou cobrar nada. Vou comprar pra fazer

e colocar lá pra vender, pra ajudar à Igreja. Então ele me disse: Dona Felícia, no

momento, não, porque nós não temos espaço para expor. Porque estava fazendo

aquela construção lá (Centro Pastoral). Ele disse que pode deixar! Que quando

acabar a construção, vai ter uma sala, somente para isso. Com mostruário, com

vidro, pra expor todo material de lembrança, do Espírito Santo. Não só do Espírito

Santo, mas tudo relacionado à Viana, a Igreja. Porque a Igreja (Matriz N. Sra da

Conceição) é um símbolo. A Igreja de Viana é um marco, você vê, todo papel da

prefeitura, é timbrado com a igrejinha de Viana. É patrimônio. O ponto negativo

das açorianas que vieram estar conosco aqui foi o período. Pouco, né?! Foi muito

corrido, né?! E quando você estava prestando atenção numa coisa, já estava

fazendo outra. E tinha que trazer a massa preparada de um dia para o outro. Então,

se fosse mais tempo, poderia ter feito toda a massa ali, junto conosco, aí iria

aprender muito mais. O ponto negativo pra mim foi só esse. O prazo, período, foi

muito pouco, pra ensinar muita coisa. Tinha muita coisa boa pra aprender (VIEIRA,

Felícia Pimentel. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016. LEMM. Ufes).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A alimentação, além de uma necessidade biológica atrelada à sobrevivência, também está

relacionada às tradições culturais e construções simbólicas. Cabe ressaltar a diferença

conceitual entre o gosto e o paladar, dessa forma, o primeiro se apresenta atrelado ao sentido

de sabor e o segundo às experiências vivenciadas e transmitidas. Acerca da importância da

mulher nesse processo, acrescenta: “Enquanto construção cultural e histórica, o gosto é

resultado de uma educação culinária que, por sua vez, se inscreve na educação geral, cabendo

destacar a importância do papel feminino na formação do gosto e na transmissão dos hábitos.”

(MATOS, 2013: 218).

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O gosto constitui um dos elementos da memória, possuindo também um sentido cultural, onde

o pertencimento e o reconhecimento entre os membros de uma mesma comunidade se realiza

por meio dos usos e costumes na reprodução dos sabores que agradam a esse grupo

específico. Nesse processo, são muitos estímulos que se interpelam: visuais, olfativos e

gustativos, e até afetivos.

A memória dos sabores da meninice se mantém presente por toda a vida, os aromas

e sabores dos pratos da infância são inesquecíveis [...] Testemunho de um passado

que, apesar dos anos, não se perde, sobrevive e até resiste, que emerge como

campainhas da memória, revivendo sabores marcantes, percepção dos ingredientes,

dos aromas acentuados, como do cravo e da canela, que impregnam os corredores

das reminiscências, constituindo-se em memórias afetivas que levam na busca de

tempos perdidos, dos momentos de carinho, das demonstrações de afeição ou da

espera ansiosa pela data festiva com suas guloseimas (MATOS, 2013: 218).

A introdução dos gostos e sabores é feita ainda na infância e, geralmente, esse papel compete

à mãe ou à pessoa responsável pelo preparo dos alimentos. Transferem-se para os filhos os

hábitos e também a formação do gosto. Nesse sentido, exalta-se a importância das senhoras

açorianas frente à Instituição CASP, na condição de mulheres imigrantes, mães, donas de casa

que subverteram a ordem de um papel secundário na estrutura familiar patriarcal e hoje se

destacam no desenvolvimento de diversas ações. Ainda sobre esta questão, enfatizando a

realização das Oficinas de Gastronomia e Artesanato Açoriano em Viana, onde se evidencia o

amor dessas mulheres às tradições açorianas, a Sra. Felícia faz um paralelo com o papel

desempenhado pelas mães:

[...] Você já viu do que uma mãe é capaz? Quando uma mãe quer uma coisa pra

salvar um filho, pra salvar a família, ela faz de tudo. Ela remove montanhas. Então

essas mulheres vieram pra cá, eu acho que elas são como as mães dessa associação.

Então, elas abraçaram essa associação sendo mães, porque, como mães, elas estão

abraçando ali, e todo mundo que chega para aprender, elas consideram como um

filho. Então ela quer ensinar aquelas outras pessoas como se fossem os filhos. E se

aquelas pessoas estão ali para aprender, ela tem certeza de que não vai morrer

aquilo ali. Vai multiplicar cada vez mais. Eu achei fantástica a vinda delas aqui.

Gente! Como elas ensinavam as coisas, elas queriam que aprendêssemos tudo! Uma

coisa que era impossível. Porque elas estão acostumadas a fazer aquilo, é a vida

delas. Então elas ensinavam aquilo numa rapidez. Então, nós estávamos ali, leigos

no assunto. A gente queria aprender, mas não era pouca inteligência, pouca

sabedoria não. Era o tempo! E era muita coisa diferente! Então eu acho que essas

mulheres são pessoas abençoadas. Que elas vieram aqui e continuam lá só com essa

finalidade: de multiplicar aquilo, porque, se elas vieram aqui e nós vamos

continuar, tenho certeza de que não vai morrer essa tradição. Que já tem lá

fazendo... nós aqui fazendo um pouquinho. Elas têm certeza, de que a sementinha

que elas plantaram aqui, vai vingar, vai crescer e vai dar bons frutos (VIEIRA,

Felícia Pimentel. Depoimento, Viana, 01 fev. 2016. LEMM. Ufes).

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As receitas tradicionais estão vinculadas a uma ideia de boa comida, de vestuário, de costume.

Geralmente refletem os códigos econômicos através da escolha dos ingredientes, aos hábitos

familiares relacionados a gosto, temperatura de comida, tempero, consistência, formas de

servir, entre outros. A alimentação revela nossas origens e nossa identidade. Quando há o

deslocamento, por ocasião de um processo imigratório, ocorre também um processo de

mudanças e apropriações necessárias de hábitos, vivências e sabores.

Os laços afetivos de pertencimento a uma mesma cultura foram primordiais para o

desenvolvimento das Oficinas de Gastronomia e Artesanato Açoriano em Viana. A

preocupação com a manutenção das tradições, bem como a divulgação dos saberes e fazeres,

propiciaram que esta iniciativa se consagrasse como uma atividade de sucesso na avaliação de

todos os envolvidos no processo. Um passo foi dado. Ainda há muito que fazer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil. 1914-1940. São Paulo: USP, 1999.

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CAVALCANTI, V. Ribeiro. S., BARBOSA, Claudia F. e CALDEIRA, B.M.S. Ética do

cuidar e relações de gênero? Práticas familiares e representações da divisão do tempo.

Estudos de Sociologia, Araraquara, v.17, n.32, p.189-204, 2012.

DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. 2. ed.

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FRANCO, Sebastião Pimentel & NADER, Maria Beatriz & SILVA, Gilvan. Ventura da

(Orgs.). História, mulher e poder. Vitória, 2006.

MARTUSCELLO, Carmine. Família e conflito conjugal. Rio de Janeiro: Francisco Alves,

1992.

MATOS, Maria Izilda Santos de. Portugueses: Deslocamentos, Experiências e Cotidiano –

São Paulo séculos XIX e XX. Bauru, SP: Edusc, 2013.

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OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Nós e eles: relações interculturais entre brasileiros e imigrantes.

Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2008.

PINSKY, Carla Bassanezi e PEDRO, Joana Maria. Nova história das mulheres no Brasil.

São Paulo: contexto, 2012.

SAMARA, Eni de Mesquita. As mulheres, o poder e a família: São Paulo, século XIX. São

Paulo: Marco zero,1989.

SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp,

1998.

Entrevistas:

MACARINELI, Anamaria Lima. (Depoimento, Viana, 01 fev. 2016). Vitória, Ufes /LEMM.

VIEIRA, Felícia Pimentel (Depoimento, Viana, 01 fev. 2016).Vitória, Ufes /LEMM.

Sites Consultados:

<http://www.ibge.gov.br. Acesso em 05 de janeiro de 2016.

<http://www.casadosacores.com. Acesso em 06 de janeiro de 2016.

<http://www.viana.es.gov.br. Acesso em 06 de janeiro de 2016.